Lição .06.12.09 - Mordomia Financeira. O Dízimo.doc ... · PDF fileMordomia Financeira: O Dízimo Œ Rev. Hermisten Œ 04/12/09 Œ 2/8 quisedeque tipificava, apontando assim, para

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  • Mordomia Financeira: O Dzimo1

    INTRODUO: As Igrejas histricas vivem um dilema. O receio de ser confundida como mais uma entidade financista que explora a f ingnua do povo arrancando-lhe a dignida-de e o pouco dinheiro que resta, faz com que se omita de tratar sobre aspectos de grande importncia da vida crist. Talvez o mais evidente seja sobre a mordomia fi-nanceira, o dzimo. Com o medo da aparncia do mal, camos no mal da omisso que envolve a responsabilidade de ensinar todo o desgnio revelado de Deus. Deste modo, a Igreja tem corrido o srio risco de deixar de usufruir muitas bn-os de Deus pelo simples fato de temer ser confundida com as seitas que fazem

    um uso equivocado de determinado ensino bblico. Como se tornou comum em nos-so pas, entre outras exploraes, a explorao religiosa, fazendo com que os fiis entreguem s igrejas seus bens como forma de negociar com Deus, ns, s vezes incorremos no erro de no falar de dzimo e ofertas em nossas igrejas, deixando as-sim, de tratar deste maravilhoso ensinamento bblico, to abenoador para o povo de Deus. Vamos ao estudo.

    1) O DZIMO NO ANTIGO TESTAMENTO: O Dzimo no Antigo Testamento est sempre relacionado com a f em Deus, e com a separao da dcima parte de certas possesses para usos especiais, de a-cordo com a ordem de Deus.

    A) Entre os Patriarcas:

    Abrao dizimou os despojos da guerra entregando-o a Melquisedeque (Gn 14.20). importante observar que no h nenhuma explicao do fato nem se men-ciona qualquer lei que obrigasse Abrao a dar o dzimo. No entanto, a evidncia que essa prtica fazia parte da vida religiosa de Abrao. Outro ponto importante, que Melquisedeque era um tipo de Cristo (Hb 7.4,8,17). Portanto, Abrao neste ato no estava simplesmente honrando a Melquisedeque, mas, a Cristo, a Quem Mel-

    1 Estudo ministrado na Escola Dominical da Igreja Presbiteriana em So Bernardo do Campo, SP., no

    dia 6 de dezembro de 2009.

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    quisedeque tipificava, apontando assim, para o carter eterno do Seu sacerdcio.2 Jac se dispe a dar o dzimo. A sua atitude foi espontnea como resultado da sua experincia com Deus em Betel (Gn 28.18-22). provvel que nessa poca o dzimo fosse um elemento espordico na tradio religiosa dos patriarcas, ligado necessidade de retribuir a Deus as suas ddivas, como na vitria de uma batalha, ou no sucesso de uma jornada importante.

    B) Na Lei de Moiss:

    Aqui o dzimo passa a exercer papel de grande relevncia. Podemos observar cinco pontos importantes com respeito ao dzimo: 1) O povo deveria dar os dzimos de todos os produtos da terra e dos rebanhos (Lv 27.30). Vemos tambm aqui um fim espiritual pedaggico: Para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias (Dt 14.22-23). 2) Os dzimos pertencem ao Senhor (Lv 27.30). Contudo, o seu propsito ime-diato era o sustento dos levitas que no teriam outra herana entre os filhos de Is-rael , em troca dos servios prestados na Congregao. Por sua vez, os levitas da-vam o dzimo dos dzimos ao sacerdote (Nm 18.21-32; Dt 12.12,19; 14.27). 3) Outro propsito dos dzimos era o auxlio aos necessitados o estrangeiro, rfo, a viva que assim no ficariam desamparados na terra de Israel (Dt 14.28-29; 26.12-13). 4) Ainda outro propsito dos dzimos era a celebrao de uma refeio cultual pelas famlias do povo de Deus, juntamente com os levitas de suas respectivas ci-dades (Dt 12.7,12). Certamente, nessa refeio seria consumida apenas uma parte dos dzimos. Para evitar que os deuses cananitas fossem honrados na poca da cei-fa, insiste-se que toda cerimnia religiosa associada com a colheita e com o dzimo seja celebrada no lugar determinado por Deus e no num santurio pago (Dt 12.13,14; 14.23). Sculos depois, Deus recrimina o povo de Israel pela sua insensi-bilidade espiritual em entender que era Ele mesmo Quem lhe dava bens e fartura nas colheitas, no baal, a quem atribuam estas bnos, retribuindo-as com culto idlatra: Israel vide luxuriante, que d o fruto; segundo a abundncia do seu fruto, assim multiplicou os altares; quanto melhor a terra, tanto mais belas colunas fizeram (Os 10.1); Eu ensinei a andar a Efraim; tomei-os nos meus braos, mas no atina-ram que eu os curava (Os 11.3). Ela, pois, no soube que eu que lhe dei o gro, e o vinho, e o leo, e lhe multipliquei a prata e o ouro, que eles usaram para Baal (Os 2.8/2.4). O povo preferia crer nos deuses cananitas, por serem em geral deuses da fertilidade. 5) Havia duas maneiras diferentes de se entregar o dzimo: a) Anualmente: Anualmente o dzimo era levado ao lugar determinado por

    2 Vd. Boanerges Ribeiro, Terra da Promessa, So Paulo: O Semeador, 1988, p. 60; Joo Calvino,

    Exposio de Hebreus, So Paulo: Paracletos, 1997, in. loc.

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    Deus para o culto (Dt 12.5,11; 14.22-23). No caso dos gros e dos frutos, podiam ser substitudos por um equivalente monetrio; Porm, mais um quinto do valor de-veria ser adicionado (Lv 27.31). Contudo, os dzimos dos gados e dos rebanhos no podiam ser remidos (Lv 27.32-33). b) Trienalmente: A cada trs anos, h um direcionamento diferente do d-zimo, que ento era utilizado para os necessitados de cada cidade ao invs de ser levado ao santurio central. O dzimo permanece nas diferentes cidades de Israel sendo entregue aos levitas e aos necessitados da cidade para seu sustento (Dt 14.28-29; 26.12-15). Contudo, quando o povo fosse ao santurio central a fim de adorar, deveria fazer a sua confisso perante Deus, indicando ter cumprido fielmente a ordem divina. (Cf. Dt 26.13-15).

    C) Perodo Posterior ao Pentateuco:

    O povo constantemente quebrava a Lei; Deus ento o disciplinava e levantava homens para promoverem reformas em Israel. A infidelidade na prtica do dzimo sempre esteve ligada a derrocada espiritual de Israel. Podemos mencionar alguns fatos: 1) A Reforma de Ezequias teve como um dos elementos caractersticos, o res-tabelecimento dos dzimos e ofertas, tendo o povo de Israel e de Jud superado s expectativas (2Cr 31.4-12). 2) O povo quando volta do exlio babilnico renova sua aliana com Deus, pro-metendo entregar seus dzimos e ofertas (Ne 10.37-38; 12.44-47; 13.10-12). 3) A Repreenso de Deus (Ml 3.6-12). Aps o Cativeiro o povo voltou e recons-tituiu a sua vida, os muros e o templo. Promessas foram cumpridas, votos foram fei-tos e renovados. Contudo, o tempo passou, o conforto, ainda que mesclado com al-guns dissabores, faz com que nos esqueamos das angstias do passado. Malaqui-as reflete um tempo posterior (c. 440 a.C.) quando o povo j se esquecera da fideli-dade aliana de Deus. Os lderes do povo Esdras, Neemias tinham morrido e parecia que nada de novo acontecia. Deus se esquecera do Seu povo? Era uma pergunta comum. Neste contexto a religiosidade nem sequer era aparente; o desca-so era visvel: ofereciam a Deus po imundo (Ml 1.7); animal cego, coxo, enfermo, dilacerado (Ml 1.8,13). A f se esfriara, o povo perdera a dimenso da realidade da presena e do poder de Deus. neste contexto que nos deparamos com a profecia de Malaquias. Aqui Deus mostra como este abandono tem reflexos na vida familiar. A aliana tem como ingrediente incondicional a fidelidade. Deus mostra que o povo de Jud o desonrava (Ml 1.6; 2.2): Nos seus pensamentos (1.7; 2.17); Nos sacrif-cios e ofertas (1.7,8); Nas palavras (1.2,13; 2.17; 3.13-15); Abandono da Lei e da Instruo (2.6-9;3.7); Parcialidade (2.9); Profanaram a aliana (2.8,10,11); Viso precipitada de Deus (2.17; 3.14,15); Infidelidade nos dzimos e ofertas (3.8-10) 2) O SIGNIFICADO DO DZIMO: O dzimo baseia-se no fato de Deus ser o proprietrio da terra e o originador de todas as bnos (Lv 25.23; Sl 24.1; 100.3). Ao entregar o dzimo o israelita reco-

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    nhecia que Deus era o dono da terra e de seus frutos (1Cr 29.11,14) e, o melhor de-ve ser dado a Deus (1Sm 2.29; Ml 1.6-14). O homem sempre responsvel diante de Deus pelo que possui. Para recordar ao homem esta responsabilidade, Deus estabeleceu certas leis com respeito: a) Ao tempo: Ex 20.10; Lv 25.11. b) entrega do primognito: Ex 13.11-13; 22.29. c) A propriedade: Lv 25.25-28. A no entrega do dzimo considerava-se como roubar a Deus (Ml 3.8,10), ou seja, roubar-lhe o devido reconhecimento de que tudo pertence a Ele (Cf. Sl 50.1-23). Deus ordenou ao povo de Israel que Lhe oferecesse os primeiros frutos de

    milho, como uma mostra solene de que lhe era ilegtimo gozar de uma bn-

    o que primeiramente no houvesse sido oferecida a Ele.3 Como j vimos, os dzimos serviam para o sustento dos levitas e o socorro aos necessitados de Israel; por isso, devem ser olhados prazerosamente como uma o-portunidade que Deus nos concede de participar na obra de Deus e na Sua preocu-pao para com os pobres e necessitados. Entregar o dzimo traria a bno divina (Dt 14.28-29; 26.14-15); ret-lo, traria maldio (Ml 3.8-10). 3) O DZIMO NO NOVO TESTAMENTO: Na realidade, no encontramos nenhuma instruo no Novo Testamento da-da Igreja com respeito ao dzimo. Todavia, a prtica mencionada e incentivada nos moldes da Lei. Devemos tambm nos lembrar que esta instituio fazia parte da vida cotidiana do judeu, no sendo uma instituio nova ou caduca; o que precisava ser feito e foi, era insistir quanto ao esprito que deveria acompanhar essa prtica. Paulo, ainda que no se referindo especificamente ao dzimo, ensinou que o cris-to deve contribuir conforme tiver proposto em seu corao (2Co 9.7) e, de acordo com a sua prosperidade (1Co 16.2). A contribuio pa