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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS Listeria monocytogenes EM VEGETAIS FRESCOS, CONGELADOS E PRONTOS PARA O CONSUMO E RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS VANESSA DE VASCONCELOS BYRNE Salvador - BA 2014

Listeria monocytogenes EM VEGETAIS FRESCOS, … · Listeriose. Toxinfecção alimentar. ABSTRACT Despite the consumption of fresh vegetables and minimally processed to be considered

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE FARMÁCIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DE ALIMENTOS

Listeria monocytogenes EM VEGETAIS FRESCOS,

CONGELADOS E PRONTOS PARA O CONSUMO E

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS

VANESSA DE VASCONCELOS BYRNE

Salvador - BA 2014

VANESSA DE VASCONCELOS BYRNE

Listeria monocytogenes EM VEGETAIS FRESCOS,

CONGELADOS E PRONTOS PARA O CONSUMO E

RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS

Orientadora: Profª Dra. Rogeria Comastri de Castro Almeida

Dissertação apresentada à Faculdade de Farmácia da Universidade Federal da Bahia, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos, para obtenção do título de Mestre

Salvador - BA 2014

Sistema de Bibliotecas - UFBA

Byrne, Vanessa de Vasconcelos.

Listeria monocytogenes em vegetais frescos, congelados e prontos para o consumo e

resistência a antimicrobianos / Vanessa de Vasconcelos Byrne. - 2014.

72 f. : il.

Orientadora : Prof.ª Drª Rogeria Comastri de Castro Almeida.

Dissertação (mestrado) - Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Farmácia, 2014.

1. Listeria monocytogenes. 2. Alimentos - Contaminação. 3. Listeriose. 4. Segurança

alimentar. I. Almeida, Rogeria Comastri de Castro. II. Universidade Federal da Bahia.

Faculdade de Farmácia. III. Título.

CDD - 579.37

CDU - 579.67

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela vida e oportunidade de ter me trazido até aqui;

Ao meu “pequeno grande homem”, Guilherme, pelo simples fato de existir em minha vida tornando os meus dias mais belos e serenos;

Ao meu esposo, Fernando, que sempre me incentivou e deu forças nos momentos mais difíceis, ajudando-me a alcançar esse objetivo;

À professora Rogeria pela orientação e contribuição na formação da minha vida acadêmica;

Ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), nos nomes de Caroline Passos e Cleide Guedes, pela parceria na utilização das instalações da instituição no desenvolvimento da pesquisa;

Ao Instituto Oswaldo Cruz de Manguinhos, RJ, na pessoa do Dr. Ernesto Hofer pelas identificações sorológicas das cepas;

A todos os amigos e familiares que compreenderam e respeitaram a minha ausência em diversos momentos;

Enfim, a todos que cruzaram o meu caminho ao longo dessa caminhada e que de alguma forma contribuíram com a realização desse sonho.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL.......................................................................................... OBJETIVOS .......................................................................................................... GERAL................................................................................................................... ESPECÍFICOS....................................................................................................... ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO.........................................................................

12 14 14 14 15

CAPÍTULO 1: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.......................................................... 1 VEGETAIS.......................................................................................................... 1.1 NOVOS HÁBITOS ALIMENTARES.............................................................. 1.2 VEGETAIS FRESCOS.................................................................................. 1.3 VEGETAIS MINIMAMENTE PROCESSADOS............................................. 1.4 EFEITO DA TEMPERATURA NOS VEGETAIS........................................ 2 Listeria monocytogenes.................................................................................. 2.1 HISTÓRICO E IDENTIFICAÇÃO.................................................................. 2.2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS........................... 2.3 LISTERIOSE................................................................................................. 2.4 OCORRÊNCIA DE Listeria monocytogenes EM ALIMENTOS..................... 2.5 REGULAMENTAÇÃO SOBRE L. monocytogenes EM ALIMENTOS........... 2.6 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE Listeria monocytogenes............................ 2.6.1 Métodos Convencionais ...................................................................... 2.6.2 Métodos Rápidos................................................................................... 2.6.2.1 Meio Ágar Listeria Ottaviani Agosti – ALOA................................... 2.7 SUSCEPTIBILIDADE DE L. monocytogenes A

ANTIMICROBIANOS..................................................................................... 2.7.1 Antibióticos ......................................................................................... REFERÊNCIAS......................................................................................................

16 16 16 17 18 20 21 21 22 27 28 31 32 33 35 36 38 39 42

CAPÍTULO 2: OCORRÊNCIA DE Listeria monocytogenes EM VEGETAIS .... OCCURRENCE OF Listeria monocytogenes IN VEGETABLES…………..…… RESUMO………………………………………………………………………………… ABSTRACT……………………………………………………………………………… 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 2 MATERIAL E MÉTODOS................................................................................... 2.1 MATERIAL .................................................................................................... 2.1.1 Microrganismo de referência .............................................................. 2.1.2 Grupos de alimentos analisados......................................................... 2.1.3 Antimicrobianos.................................................................................... 2.1.4 Origem dos isolados bacterianos....................................................... 2.2 METODOLOGIA............................................................................................ 2.2.1 Desenho e local de estudo.................................................................. 2.2.2 Amostragem........................................................................................... 2.2.3 Ocorrência de Listeria monocytogenes..............................................

53 53 54 55 56 58 58 58 58 58 58 59 59 59 60

2.2.4 Avaliação da resistência a antimicrobianos........................................ 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................ 3.1 OCORRÊNCIA DE L. monocytogenes EM VEGETAIS................................ 3.2 RESISTÊNCIA A ANTIMICROBIANOS........................................................ 4 CONCLUSÃO..................................................................................................... REFERÊNCIAS......................................................................................................

61 63 63 66 69 70

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2

Tabela 1: Antibióticos Antibióticos utilizados no estudo....................................59

Tabela 2: Isolados de L. monocytogenes submetidos à avaliação da

resistência/susceptibilidade aos antibióticos ....................................................63

Tabela 3: Ocorrência de Listeria monocytogenes em vegetais frescos,

congelados e prontos para o consumo (saladas)..............................................64

Tabela 4: Resistência/susceptibilidade de isolados de Listeria monocytogenes

aos antimicrobianos...........................................................................................67

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 1

Figura 1: Flagelos peritríquios do gênero Listeria .............................................23

Figura 2: Prova de motilidade – formato de “guarda-chuva”.............................24

Figura 3: Colônias típicas de Listeria monocytogenes em Ágar ALOA ............38

LISTA DE ABREVIATURAS

L. ivanovii – Listeria ivanovii

L. monocytogenes – Listeria monocytogenes

L. seeligeri – Listeria seeligeri

L. inoccua – Listeria inoccua

LISTA DE SIGLAS

AES - Advanced Encryption Standard AFNOR - Association Française of Normalization AIDS - Acquired Immunodeficiency Syndrome ALOA - Ágar Listeria Ottaviani Agosti ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária APHA - American Public Health Association BAM - Bacteriological Analitycal Manual BHI - Brain Heart Infusion BPA - Boas Práticas Agrícolas CAMP - Christie, Atkins e Munch-Petersen CDC - Centers for Diseases Control and Prevention CE – Comunidade Europeia CLSI - Clinical Laboratory Standards Institute DI – Dose Infectante ECSC - European Commission Scientific Committee FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations FDA - Food and Drug Administration HC - Health Canada ICMSF - International Commission on Microbiological Specifications for Foods IFPA - International Fresh-Cut Producers Association ILSI - International Life Sciences Institute ISO - International Organization for Standardization LPM - Ágar Cloreto de Feniletanol Moxalactam MG - Ágar Mueller Hinton MOX - Ágar Oxford Modificado NMP - Número Mais Provável OXA - Ágar Oxford PAL - Ágar Palcam RDC - Resolução da Diretoria Colegiada SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial SIM - Sulfeto Indol Motilidade TSA - Ágar tríptico de soja UFC – Unidades Formadoras de Colônia USDA - United States Department of Agriculture VMP - Vegetais Minimamente Processados WHO – World Health Organization

RESUMO

Apesar do consumo de vegetais frescos e minimamente processados ser considerado saudável, a ocorrência de surtos de toxinfecções alimentares associados a esses produtos demonstra que os mesmos não são seguros microbiologicamente, pois podem veicular microrganismos patogênicos. A impossibilidade de aplicação de conservantes químicos e tratamentos térmicos que reduzem consideravelmente a presença de patógenos em alimentos, torna esses produtos mais susceptíveis a contaminação. Dentre os patógenos de origem alimentar associados a vegetais, destaca-se a Listeria monocytogenes, bactéria ubíqua que apresenta como principal característica a sobrevivência e multiplicação em temperaturas de refrigeração. A doença causada pelo microrganismo, a listeriose, acomete principalmente pessoas de grupos de risco, ou seja, gestantes, idosos, crianças e pacientes imunodeprimidos. Diversas combinações de antibióticos podem ser utilizadas no tratamento da listeriose, sendo que a crescente resistência do microrganismo aos mesmos já se torna preocupante. O presente estudo teve como objetivo avaliar a ocorrência de L. monocytogenes em vegetais frescos, congelados e prontos para o consumo e a resistência das cepas isoladas a antibióticos. Um total de 99 amostras de vegetais foi avaliado para a ocorrência de L. monocytogenes, sendo 33 de vegetais frescos, 33 de vegetais congelados e 33 de vegetais prontos para o consumo (saladas prontas). Os resultados demonstraram que 4,04% das amostras apresentavam contaminação pela bactéria. Dessas, 3,03% pertenciam ao grupo dos vegetais frescos e 9,09% pertenciam ao grupo dos vegetais prontos para o consumo. Os vegetais congelados não apresentaram a contaminação. As cepas isoladas pertenciam ao sorotipo 4b. Quanto à resistência aos antibióticos, os testes de sensibilidade mostraram que 80% dos isolados de L. monocytogenes foram sensíveis aos oito antibióticos utilizados. Os resultados também demonstraram que duas amostras de vegetais prontos para o consumo (saladas) estavam contaminadas com L. monocytogenes resistente à penicilina e tetraciclina. Palavras-chave: Vegetais. Listeriose. Toxinfecção alimentar.

ABSTRACT

Despite the consumption of fresh vegetables and minimally processed to be considered healthy, the occurrence of outbreaks associated with these products show a hazard from microbiological, as they may be the vehicle for transmission of pathogens. The impossibility of applying chemical preservatives and heat treatments, which considerably reduces the pathogenic microorganisms in these products, makes them more susceptible to contamination. Among the food-borne pathogens associated with vegetables, there is the Listeria monocytogenes, a ubiquitous organism, that present as main characteristic the survival and multiplication in refrigerated temperatures. The disease caused by it, Listeriosis, affects mainly people in risk group, such as pregnant women, older age, children and immunocompromised patients. Several combinations of antibiotics may be used in the treatment of listeriosis, with the increasing resistance of the microorganism have the same becomes disturbing. The present study aimed to evaluate the occurrence of L. monocytogenes in raw, frozen and ready-to-eat vegetables and the antibiotic resistance of the isolates. To evaluate the occurrence of L. monocytogenes, a total of 99 samples of vegetables were analyzed, including 33 samples of fresh vegetables, 33 of frozen vegetables and 33 of ready-to-eat vegetables (salads). The results demonstrated that 4.04% of the samples were contaminated with bacteria. Of these, 3.03% belonged to the group of fresh vegetables and 9.09% belonged to the group of ready-to-eat vegetables (salads). None of sample group of frozen vegetables showed contamination. The strains isolated belonged to serotype 4b. Antimicrobial resistance profiling showed that 80% of the isolates were sensitive to eight antibiotics used. L. monocytogenes isolated from two samples of vegetables ready-to-eat were resistant to penicillin and tetracycline.

Keywords: Vegetables. Listeriosis. Food poisoning.

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INTRODUÇÃO GERAL

A segurança dos alimentos é cada vez mais um assunto relevante no

cotidiano dos consumidores. Está relacionada com a presença de perigos

químicos, físicos e microbiológicos nos gêneros alimentícios, os quais podem

surgir em qualquer etapa da cadeia alimentar, constituindo um risco para a

saúde pública. A produção e o consumo de alimentos são indispensáveis em

qualquer sociedade, o que leva a necessidade de um rigoroso controle de

qualidade nos produtos que são oferecidos para a população. O controle deve

aplicar-se desde a produção primária, através das Boas Práticas Agrícolas

(BPA) nas plantações até o consumo do produto final.

Os vegetais frescos e os vegetais minimamente processados fazem

parte da dieta humana em todo o mundo. A busca por uma alimentação mais

saudável e ao mesmo tempo mais rápida tem favorecido o consumo desses

produtos. O fato de não serem submetidos a tratamentos que reduzam

consideravelmente os perigos microbiológicos, estes alimentos, essenciais a

uma dieta equilibrada e rica em nutrientes, são potenciais veículos de

transmissão de microrganismos patogênicos (DE ROEVER, 1998;

VISWANATHAN et al., 2001).

Para inibir a multiplicação microbiana e garantir uma conservação

adequada, os vegetais necessitam ser estocados em temperatura de

refrigeração. Porém, tal situação favorece o crescimento de microrganismos

patógenos psicrotróficos, como Listeria monocytogenes que representa grande

importância em saúde pública (DE ROEVER, 1998; GANDHI et al., 2007).

Listeria monocytogenes é uma bactéria ubíqua, podendo ser encontrada

na água de irrigação, no solo e no adubo utilizado nas plantações. Além disso,

é uma bactéria saprófita, que participa na decomposição da matéria orgânica

vegetal. Mediante estes fatos, é possível encontrá-la nos vegetais (BEUCHAT,

1998).

Por ser ubíqua, a bactéria é largamente distribuída no ambiente,

incluindo o ambiente de processamento de uma grande variedade de

alimentos. Isso faz com que os seres humanos estejam frequentemente em

contato com ela (GANDHI et al., 2007; SAUDERS et al., 2007). Nas últimas

13

décadas a bactéria tem emergido como um importante patógeno de toxinfecção

alimentar (WARRINER et al., 2009; TODD et al., 2011). Surtos associados a

uma grande gama de alimentos processados têm sido reportados

(CARPENTIER et al, 2011; TODD et al., 2011).

A doença causada pela L. monocytogenes, a listeriose, é uma infecção

alimentar que acarreta um quadro clínico severo, tem um período de incubação

longo e apresenta alta taxa de letalidade em pessoas pertencentes ao grupo de

risco: idosos, gestantes, crianças e pacientes imunodeprimidos (ROCOURT et

al., 1997). Surtos de listeriose humana são muitas vezes associados com

produtos prontos para o consumo que são consumidos sem cozimento prévio

(NORTON, 2002).

O tratamento da listeriose consiste na administração de antibióticos e

aminoglicósidios (CONTER et al., 2009). Pesquisas recentes têm demonstrado

a resistência e multirresistência do microrganismo aos antibióticos comumente

utilizados no tratamento de listeriose, o que é um fato preocupante.

Mediante o exposto e considerando a importância da L. monocytogenes

para a saúde pública, o presente estudo teve como objetivo verificar a

ocorrência do microrganismo em amostras de vegetais e a resistência dos

isolados a antibióticos comumente utilizados no tratamento da doença.

14

OBJETIVOS

GERAL

Verificar a ocorrência de Listeria monocytogenes em amostras de

vegetais frescos, congelados e prontos para o consumo comercializados na

cidade de Salvador, BA e avaliar a resistência dos isolados de Listeria

monocytogenes a antimicrobianos.

ESPECÍFICOS

● Verificar a ocorrência de Listeria monocytogenes em amostras de

vegetais frescos, vegetais congelados e vegetais prontos para o consumo;

● Identificar os sorotipos das cepas isoladas de Listeria monocytogenes;

● Comparar a frequência de isolamento entre os grupos de amostras:

vegetais frescos, vegetais congelados e vegetais prontos para o consumo;

● Avaliar a resistência das cepas de Listeria monocytogenes isoladas

aos antibióticos cefoxitina, ciprofloxacina, eritromicina, estreptomicina,

oxacilina, penicilina, tetraciclina e vancomicina.

15

ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO

Este estudo organiza-se em dois capítulos, sendo o primeiro de revisão

da literatura, com abordagem de temas relacionados à mudança dos hábitos

alimentares salientando o aumento no consumo de vegetais, as características

do microrganismo, Listeria monocytogenes, a sua ocorrência em alimentos e

resistência a antibióticos.

O segundo capítulo, em forma de artigo, avalia a ocorrência de Listeria

monocytogenes em amostras de vegetais frescos, vegetais congelados e

vegetais prontos para o consumo, identificando os sorotipos e comparando a

frequência de isolamento entre os grupos de vegetais investigados. Avalia

também a resistência dos isolados aos antimicrobianos comumente utilizados

na medicina humana.

16

CAPÍTULO 1: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1 VEGETAIS

1.1 NOVOS HÁBITOS ALIMENTARES

Nas últimas décadas, foi possível observar mudanças nos hábitos

alimentares em diversos países, o que reflete a complexidade dos modelos de

consumo e dos fatores que os determinam (PINHEIRO, 2001). Tais mudanças

afetam a qualidade dos alimentos produzidos e industrializados. Na tentativa de

adequar a alimentação ao ritmo acelerado do dia-a-dia, as escolhas e os

hábitos de consumo passaram a apontar para alimentos mais condizentes com

o novo estilo de vida, fazendo com que fossem incorporados hábitos de

consumo rápido e prático (FLANDRIN et al., 1996; OLIVEIRA, 1997; ABREU et

al., 2001; SOUZA et al., 2002).

Nesse contexto, observa-se que na contemporaneidade, a alimentação é

caracterizada pelo estilo de vida moderno, marcado pela escassez de tempo

para preparo e consumo de alimentos, o que leva à emergência de alimentos

do tipo fast food. Em contrapartida, uma parte da população desperta para os

aspectos da saúde, optando por uma alimentação mais saudável, associada ao

consumo de produtos que não tenham sofrido profundas alterações em sua

composição química e valor biológico agregados (PEREIRA et al, 2001;

CAMPOS, 2004).

A busca por uma alimentação saudável aliada à conveniência conduziu

ao aumento da produção e disponibilização de vegetais minimamente

processados para consumo imediato. A agroindústria de alimentos

processados, prontos para o consumo, tem se esforçado para preparar,

manusear e entregar produtos frescos, saudáveis e seguros para o consumidor

(BEUCHAT, 2002; VANETTI, 2004).

Segundo Sato et al. (2007), a emergência do mercado para esses

produtos deveu-se a diversos fatores, tais como: o acesso cada vez maior das

mulheres ao mercado de trabalho, a necessidade de conveniência pela falta de

17

tempo dos consumidores, e o aumento da renda real dos trabalhadores com a

estabilização da inflação.

Quando se pensa em frutas e hortaliças minimamente processadas,

evoca-se, além da praticidade e da comodidade desses produtos, as novas

exigências sociais do cotidiano de mulheres, homens, crianças, jovens, adultos

e idosos. Considera-se também a oferta de alimentos frescos prontos para o

consumo, seguros e nutritivos; portanto, com funções utilitárias fundamentais

para uma vida mais longa, prazerosa e saudável (SEBRAE, 2008).

1.2 VEGETAIS FRESCOS

O apelo por alimentos frescos, de baixas calorias, saudáveis, nutritivos e

de alta qualidade é cada vez maior. Consumidores vêm modificando seus

hábitos alimentares e, cada vez mais, tornam-se conscienciosos da relação

entre dieta e prevenção de doenças. Agências governamentais e organizações

americanas vêm recomendando o incremento no consumo de vegetais, frutas e

cereais na dieta da população para prevenção e promoção da saúde. Esses

produtos hortícolas frescos apresentam diversidade de cores, formatos,

texturas e sabores, além das características nutricionais imprescindíveis à

preservação da saúde (MAISTRO, 2001).

Nos vegetais frescos em geral, a contaminação ou presença de

microrganismos patogênicos pode ocorrer em diferentes etapas, desde a sua

produção no campo até o consumo final. Na etapa de produção agrícola,

plantio, colheita e transporte, a contaminação pode ser oriunda do ar, do solo

contaminado, da água de irrigação, dos vetores, do adubo orgânico, de fezes

de animais, da manipulação humana, entre outros (BEUCHART, 1996; IFPA,

2013).

Segundo Moretti (2007), a adoção de Boas Práticas Agrícolas (BPA) é

indispensável para a obtenção de matéria-prima de boa qualidade,

principalmente considerando-se os riscos de contaminação por produtos

químicos e de natureza microbiológica.

Como a maioria dos vegetais possui pH superior a 4,5 e, portanto,

favorável à multiplicação microbiana, as temperaturas de estocagem e de

comercialização são os fatores determinantes da segurança destes produtos.

18

Destaca-se então, a possibilidade da presença de patógenos psicrotróficos

ubíquos, como Listeria monocytogenes. Essa bactéria é capaz de contaminar

os alimentos por várias vias; consegue formar e sobreviver em biofilmes; é um

microrganismo psicrotolerante e, por esse motivo, mesmo estando o alimento

armazenado sob refrigeração, a bactéria continua a multiplicar-se, podendo

alcançar níveis perigosos, representando uma grande preocupação em saúde

pública (DE ROEVER, 1998; CONCEPCIÓN et al., 2007; GANDHI et al., 2007).

1.3 VEGETAIS MINIMAMENTE PROCESSADOS

Segundo a International Fresh-Cut Producers Association (IFPA, 2013),

produtos minimamente processados são definidos como qualquer fruta ou

hortaliça, ou ainda qualquer combinação delas, que foi alterada fisicamente a

partir de sua forma original, embora mantenha o seu estado fresco.

Independentemente do tipo, ele é selecionado, lavado, descascado e cortado,

resultando num produto 100% aproveitável que, posteriormente, é embalado ou

pré-embalado com vistas à comercialização.

Nos Estados Unidos da América (EUA), hortaliças minimamente

processadas são comercializadas desde 1970. No Brasil, o processamento

mínimo de frutos e hortaliças foi introduzido na década de 90 por empresas

atraídas pela nova tendência, encontrando-se atualmente em franca expansão.

Esse mercado tem sido impulsionado pelas mudanças no perfil demográfico

brasileiro. Dentre essas mudanças pode-se destacar o crescimento da

participação feminina no mercado de trabalho e o aumento no número de

pessoas morando sozinhas, o que diminuiu o tempo disponível para o preparo

de refeições, consolidando assim um perfil específico de consumidor. Essa

linha de produtos representa economia de tempo, conveniência e redução de

lixo gerado (CHITARRA, 1998; MORETTI, 2007; SATO et al., 2007; SILVA et

al., 2009).

A demanda por vegetais minimamente processados, por serem naturais

e saudáveis, tem aumentado e a necessidade de torná-los estáveis e seguros

representa um desafio para pesquisadores e processadores. O aumento do

19

tempo entre o processamento e o consumo poderá contribuir para maiores

riscos de doenças veiculadas por estes alimentos (ALZAMORA et al., 2000).

Segundo Oetterer et al. (2006), o sucesso desta técnica depende, no

entanto, das condições higiênico-sanitárias em todas as etapas envolvidas na

produção desses vegetais, com objetivo de garantir a qualidade do produto,

prolongar a vida útil e manter o mesmo frescor apresentado pelos produtos in

natura.

Os conceitos de qualidade e de segurança alimentar são inseparáveis

do conceito de produtos minimamente processados e devem figurar entre seus

principais apelos, independente da grande força motivacional dos aspectos

práticos e convenientes desses produtos. Além disso, o processamento mínimo

de hortaliças e frutas, pela sua proposta conceitual, deve garantir as

propriedades nutritivas e organolépticas originais dos produtos in natura

(SEBRAE, 2008).

Para que os vegetais minimamente processados tenham um período de

validade maior e permaneçam conservados, faz-se necessário que depois de

embalados e rotulados, eles sejam armazenados em câmaras providas de

isolamento térmico e com máquinas produtoras de frio capazes de mantê-los

refrigerados à temperatura variando de 2°C a 5°C (SEBRAE, 2008).

O controle rigoroso da temperatura em todas as etapas da produção é

essencial para a manutenção da qualidade do produto minimamente

processado (NASCIMENTO et al., 2003).

Após serem processados, os produtos minimamente processados

devem apresentar atributos de qualidade, como o frescor, aroma, cor e sabor,

mantendo o máximo de suas características nutritivas e sensoriais. No entanto,

observa-se que não é fácil preservar os atributos naturais dos vegetais, uma

vez que o processamento, frequentemente, provoca lesões mecânicas nos

tecidos, levando a perda de água e alterações de cor (escurecimento ou

descoloração). Além disso, há formação de um fluido rico em minerais,

açúcares, vitaminas e outros nutrientes que favorecem o crescimento

microbiano. Em função disso, eles são classificados como produtos altamente

perecíveis (CHITARRA; CHITARRA, 2005; SOARES; GERALDINE, 2007).

Como mencionado anteriormente, o processamento mínimo de vegetais

envolve a manipulação dos tecidos vivos, portanto, para sua conservação

20

devem ser monitorados parâmetros como respiração, transpiração, produção

de etileno, características sensoriais – inerentes de cada variedade ou cultivar

– e suscetibilidade ao ataque de microrganismos. Dessa forma, o

processamento requer a aplicação de tecnologia adequada e o conhecimento

da fisiologia de cada matéria prima (OETTER et al., 2006).

Por apresentaram-se ainda em estado fresco, os vegetais minimamente

processados, na maioria das vezes, não necessitam de preparo subsequente

para o consumo (SANTOS et al., 2010).

Apesar dos processamentos terem por objetivo preservar a qualidade

sensorial, nutricional e microbiológica dos produtos, conservando-os por mais

tempo, tais etapas podem não ser eficientes para eliminar a contaminação

microbiológica dos vegetais minimamente processados e, além disso, o

armazenamento sob refrigeração pode favorecer o crescimento de

psicrotróficos patogênicos e microrganismos deteriorantes (RODRIGUES et al,

1999; AGUADO et al., 2004; GLEESON; O’BEIRNE, 2005).

De acordo com De Roever (1998) os patógenos de importância para os

vegetais minimamente processados são: Shigella spp., Escherichia coli

O157:H7, Escherichia coli enterotoxigênica, Vibrio cholerae, Bacillus cereus,

vírus da Hepatite A e Listeria monocytogenes.

1.4 EFEITO DA TEMPERATURA NOS VEGETAIS

A temperatura é um dos fatores ambientais que mais influencia no

desenvolvimento e na atividade metabólica dos microrganismos. A refrigeração

inibe o crescimento dos microrganismos termófilos e de muitos mesófilos,

porque eles têm a temperatura ótima superior às empregadas nesse processo,

entretanto, o mesmo não é observado para os microrganismos psicrófilos ou

psicrotróficos (ORDÓÑEZ, 2005). Ainda, segundo Ordóñez (2005), o efeito

conservador do frio baseia-se na inibição total ou parcial dos principais agentes

responsáveis pelas alterações nos alimentos: o crescimento e a atividade dos

microrganismos, as atividades metabólicas dos tecidos vegetais após a

colheita, as enzimas e as reações químicas.

21

Em se tratando de congelamento, o objetivo dessa prática é reter, tanto

quanto possível, e no mais alto grau, as propriedades dos vegetais ou outros

produtos alimentícios. Entretanto, ao descongelar o alimento ocorrem

mudanças irreversíveis que tornam o produto descongelado bem diferente do

produto fresco, principalmente quanto à sua textura. Geralmente há

rompimento das células dos tecidos, devido à formação de cristais de gelo. A

extensão dos danos depende muito do produto. Durante o descongelamento o

produto se torna muito mais flácido e perde bastante água (SILVA et al., 2007).

Durante muitos anos, pensou-se que alimentos refrigerados eram

seguros do ponto de vista microbiológico, considerando que as temperaturas

inferiores a 5°C inibiriam o crescimento da maioria dos microrganismos

patogênicos de interesse para os alimentos. Contudo, comprovou-se que

alguns são capazes de proliferar-se em temperaturas de refrigeração (3°C a

10°C), como: Aeromonas hydrofila, Clostridium botulinum, Yersinia

enterocolitica, Vibrio parahaemolyticus, Plesiomonas shigelloides e Listeria

monocytogenes (ORDÓÑEZ, 2005).

2 Listeria monocytogenes

2.1 HISTÓRICO E IDENTIFICAÇÃO

Listeria monocytogenes é uma bactéria conhecida dos cientistas já há

muitos anos. Suas características de patógeno intracelular vêm atraindo

estudos desde que Murray et al., relataram, em 1924, o primeiro isolamento de

um microrganismo que foi responsável por uma leucocitose mononuclear típica

em coelhos. Eles descreveram uma infecção espontânea entre os coelhos e

cobaias de laboratório no biotério da Universidade de Cambridge, no Reino

Unido, e denominaram o agente de Bacterium monocytogenes, em virtude da

infecção ser caracterizada por uma monocitose (MURRAY et al., 1926;

SALAMANO et al., 2005).

Em 1927, Pirie estudando uma epizootia em roedores na África do Sul,

isolou do fígado dos animais uma bactéria que recebeu a denominação de

Listerella hepatolytica, em homenagem ao cientista e cirurgião britânico lorde

22

Joseph Lister. Contudo, considerando ser parecido com o agente isolado pelos

autores ingleses e como já existia um gênero vegetal chamado Listerella,

finalmente, em 1940, o microrganismo foi denominado de forma definitiva como

Listeria monocytogenes. Entretanto, somente em 1948 a bactéria foi incluída no

Manual Bacteriológico Determinativo de Bergey (BREED; MURRAY, 1948;

HOFER et al., 2005).

Nyfeldt, em 1929, foi quem confirmou o primeiro isolamento do

microrganismo em indivíduos infectados. A partir desse ano, casos esporádicos

e pontuais de listeriose foram identificados, os quais estavam associados a

indivíduos que tiveram contato com animais doentes, caracterizando-a como

uma doença de caráter ocupacional. Já na década de 1980, outros surtos

foram relatados, agora ligados à ingestão de alimentos contaminados. A partir

daí, o interesse pela pesquisa da bactéria aumentou rapidamente entre

pesquisadores, indústrias e agências reguladoras (FARBER; PETERKIN,

1991).

O gênero Listeria pertence à família Listeriaceae, à ordem Bacillaceae, à

classe Bacilli e ao filo Firmicute (NCBI, 2010).

2.2 CLASSIFICAÇÃO E CARACTERÍSTICAS BIOQUÍMICAS

L. monocytogenes foi a primeira espécie reconhecida do gênero Listeria,

mas atualmente são consideradas oito espécies. L. monocytogenes e Listeria

ivanovii são patogênicas para o homem e/ou animais, Listeria seeligeri é

avirulenta. Quanto as outras cinco espécies, Listeria innocua, Listeria

welshimeri, Listeria grayi, Listeria marthii e Listeria rocourtiae são saprófitas

(BREED et al., 1948; GOPAL et al., 2010).

As espécies citadas podem ser divididas em dois grupos, quando

inoculadas em ágar sangue: hemolíticas, que produzem enzimas que lisam as

hemácias formando uma zona clara ao redor da colônia e as não hemolíticas,

que dissolvem as hemácias, e, portanto, não formam este halo. As espécies

hemolíticas são L. monocytogenes, L. ivanovii e L. seeligeri (BILLE et al.,

2003).

23

No gênero Listeria, apenas as espécies L. ivanovii e L. monocytogenes

são consideradas virulentas. Embora haja relatos de infecções humanas

causadas por L. ivanovii e L. seeligeri, somente determinadas linhagens de L.

monocytogenes conseguem vencer os mecanismos de defesa do trato

gastrentérico, sobreviver aos ataques do sistema imune, aderir às células

epiteliais e multiplicar/difundir para enterócitos, hepatócitos, células endoteliais

e dendríticas, alcançando a submucosa intestinal, fígado, baço, cérebro e

placenta. Assim, somente L. monocytogenes é considerada consistentemente

patogênica a humanos (POYART et al., 1996; BREHM et al., 1996;

LOESSNER et al., 1997).

São 14 as sorovariedades de L. monocytogenes descritas com base nos

antígenos somáticos e flagelares e identificadas pelo esquema alfa-numérico

(1/2a, 1/2b, 1/2c, 3a, 3b, 3c, 4a, 4ab, 4bx, 4b, 4c, 4d, 4e, 7). Dentre essas,

cabe destacar os sorotipos 1/2a, 1/2b e 4b, responsáveis por 90% dos casos

de listeriose humana. Estas estirpes são, na sua maioria, quase todas isoladas

de alimentos, sendo que o sorotipo 4b é identificado em 50% destes

(MCLAUCHLIN, 1990; SEELIGER, 1996; VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001).

As bactérias do gênero Listeria são encontradas na forma de bastonetes

curtos, com diâmetro de 0,4 a 0,5 µm e comprimento de 0,51 a 2,0 µm; são

Gram positivas, anaeróbias facultativas e possuem flagelos peritríquios (Figura

1), os quais promovem motilidade ao microrganismo (LOGUERCIO et al.,

2001). Esse comportamento ocorre somente em faixas restritas de temperatura

(20°C a 25°C). Nessa faixa de temperatura, a colônia segue a linha da picada

e, em seguida, distribui-se sobre o meio semi-sólido, lembrando o formato de

um “guarda-chuva” (Figura 2) (FARBER; PETERKIN, 1991; HOLT et aI., 1994;

ROCOURT, 1999).

24

Figura 1: Flagelos peritríquios do gênero Listeria. Fonte: University of Wisconsin-Madison Department Bacteriology. Kenneth

Todar (2003).

Figura 2: Prova de motilidade – formato de “guarda-chuva”. Fonte: Instituto Pasteur (2004).

A bactéria é desprovida de cápsula e não forma esporos. É importante

ressaltar que, para uma bactéria que não forma esporos, ela resiste bem aos

efeitos deletérios do congelamento, dessecamento e aquecimento. Assim,

demonstra ser um microrganismo que revela particularidades em relação a

capacidade e resistência de multiplicação que a torna ainda mais perigosa à

saúde (UHITIL et al., 2004).

25

Muitos fatores podem ser apontados como determinantes para o

crescimento, multiplicação e sobrevivência de Listeria em alimentos, dentre

eles: temperatura, pH, atividade de água, concentração salina, nitrito de sódio,

conservantes e atmosfera (KASNOWSKI, 2004).

Como a maior parte das bactérias, L. monocytogenes cresce a valores

de pH próximo à neutralidade, entretanto, estudos relatam crescimentos da

bactéria a pH entre 4,3 e 9,6. Tal característica favorece o crescimento em

vegetais, pois estes apresentam pH na faixa de 4,2 e 6,5, como é o caso do

tomate e brócolis, respectivamente (SALAMINA et aI., 1996; TIENUNGOON et

al., 2000).

Ainda apresenta reação da catalase positiva e oxidase negativa;

expressa ββββ -hemolisina, produzindo uma zona de clareamento em ágar

sangue, que não se estende muito para fora da região da colônia (FARBER;

PETERKIN, 1991; HOLT et aI., 1994). Produz ácido por fermentação da

glicose, frutose, manose, galactose, celobiose, maltose, melezitose, trealose e

ramnose, sem formação de gás; hidrolisa esculina, salicina, amigdalina e

hipurato de sódio; apresenta teste vermelho de metila positivo; produz amônia

a partir da arginina; reage negativamente para produção de sulfeto de

hidrogênio, indol e nitrato redutase; liquefaz gelatina; hidrolisa amido e ureia;

reduz telurito, e é parcialmente inibida por 0,02% de azida e cianida (JAY,

1996).

A diferenciação laboratorial entre espécies de Listeria pode ser realizada

através da observação de hemólise em ágar-sangue, do teste de CAMP

(Christie, Atkins e Munch-Petersen), e da produção de ácidos a partir de

açúcares (QUINN et al., 2007).

Quando observado ao microscópio, em cultura fresca, o patógeno

apresenta uma forma isolada. As células jovens, por vezes, apresentam uma

morfologia que pode facilmente confundir-se com diplococos ou cocos. Este

organismo pode apresentar, ainda, uma formação em paliçada, ou em arranjos

na forma de “V” ou de “Y”. As culturas frescas são sempre Gram positivas, ao

contrário das menos jovens, que ao fim de dois a cinco dias apresentam uma

coloração Gram negativa (RYSER et al., 2001).

A L. monocytogenes tem a capacidade de crescer a temperaturas entre

1 e 45ºC, o que favorece o seu desenvolvimento nos alimentos, embora a sua

26

temperatura ótima de crescimento esteja entre 30 e 37 ºC. Em função disso, a

bactéria tem a capacidade de multiplicar-se consideravelmente em alimentos

armazenados sob refrigeração por um longo período de tempo, antes do

consumo. Porém, o seu crescimento, a essas temperaturas, é fortemente

afetado pelo pH do meio (BEUCHAT, 1998).

Ainda, de acordo com Germano e Germano (2008), L. monocytogenes

tem como característica peculiar à capacidade de multiplicação em temperatura

de refrigeração e a tolerância a repetidos ciclos de congelamentos e

descongelamentos. Essa característica psicrotrófica depende da integridade

celular e de um sistema de transporte energético resistente ao frio, que

estimula o metabolismo sob baixas temperaturas, propiciando altas

concentrações de substratos intracelulares e uma fase de adaptação

prolongada em temperaturas de refrigeração.

A tolerância ao frio contribui para a disseminação do microrganismo nos

produtos alimentares refrigerados. Dessa forma, o uso de baixas temperaturas

durante o processamento dos alimentos e durante o seu armazenamento, a

longo prazo, é ineficaz para o combate à proliferação desta bactéria, embora

seja um bom método para controlar outros patógenos alimentares (OLIVEIRA,

1993).

Com relação à concentração de sal, a L. monocytogenes pode

multiplicar-se em até 10% de NaCl, e o limite máximo de atividade de água

(Aa) pode ser considerado baixo, em se tratando de microrganismos

patogênicos (0,93) (ROCOURT et al., 2007).

A presença da bactéria tem sido relatada em muitos alimentos crus,

como verduras e legumes não cozidos; também pode ser encontrada em

alimentos processados que se contaminaram durante ou após o

processamento, tais como queijos macios, frios de delicatessen, produtos de

peixes defumados e alimentos prontos para o consumo. Acredita-se que de 1%

a 10% da população seja portadora intestinal desse patógeno (SAUDERS et

al., 2007).

27

2.3 LISTERIOSE

A doença provocada pela L. monocytogenes, listeriose, é considerada

uma doença de grande preocupação para a saúde pública devido à gravidade

da enfermidade, e às altas taxas de mortalidade (30%) (ROCOURT et al.,

2003).

A listeriose ganhou importância como enfermidade de origem alimentar

para humanos no início dos anos 1980, quando foram iniciadas pesquisas em

decorrência de surtos de listeriose humana ocorridos naquela década, ligados

ao consumo de diversos alimentos contaminados (FARBER; PETERKIN, 1991;

COBB et al, 1996; SAUDERS et al., 2007).

Existem duas formas de listeriose associada a L. monocytogenes: a

forma invasiva e a não invasiva. A forma invasiva ocorre principalmente em

pessoas do grupo de risco para a doença (LUNDÉN et al., 2004).

Segundo Hof (2003) são consideradas pessoas do grupo de risco, os

idosos acima de 70 anos, crianças, recém-nascidos, alcoólatras, diabéticos,

anêmicos, gestantes, pacientes com câncer, AIDS, lúpus ou leucemia, bem

como indivíduos submetidos a transplantes.

A forma invasiva da doença corresponde à disseminação da infecção no

sistema nervoso central e pode resultar em meningite. Em gestantes, a

infecção é mais frequente no terceiro trimestre, geralmente assintomática ou

com sintomas parecidos com os da gripe; porém, para o feto ou recém-nascido

as consequências são mais graves, incluindo parto prematuro, aborto, morte

fetal, meningite, septicemia e hidrocefalia. O tempo médio de incubação para

esta forma da doença é de 30 a 90 dias (ROCOURT et al., 1997; CRESPO et

al., 1999; DIMAIO, 2000; LACIAR et al., 2000; VÁZQUEZ-BOLAND et al., 2001;

COLODNER et al., 2003).

A L. monocytogenes em adultos pode provocar tropismo pelo sistema

nervoso central, causando meningite e meningoencefalite. Em pacientes

imunossuprimidos, a presença da bactéria na corrente sanguínea é mais

frequente e pode ser precedida por infecções focais como osteomielite,

pneumonias, endocardites, hepatite e peritonite além de outras patologias

(KERR, 1988; CRESPO et al., 1999; HOFER, 2001).

28

A listeriose não invasiva pode provocar gastrenterites com febre. O

período de incubação é bastante menor, do que na listeriose invasiva, sendo

necessárias apenas 18 a 20 horas até ao surgimento dos primeiros sintomas

(SALAMINA et al., 1996; DALTON et al., 1997).

A doença, embora seja considerada de origem alimentar, pode também

ser transmitida por outras vias: via ocular, respiratória e urogenital. Os casos de

listeriose cutânea, conjuntivite e pneumónica têm sido verificados em

indivíduos que têm contato direto com animais infectados. A infecção

transplacentária e a transmissão a partir do canal vaginal durante o nascimento

também pode ser a causa de infecções perinatais e neonatais (GAHAN;

COLLINS, 1991).

2.4 OCORRÊNCIA DE Listeria monocytogenes EM ALIMENTOS

A principal forma de transmissão da listeriose é o consumo de alimentos

contaminados (WHO, 1988). Uma diversidade de alimentos de origem vegetal

e animal têm sido relacionados a casos esporádicos de listeriose no mundo.

Além disso, a L. monocytogenes é capaz de crescer e sobreviver tanto em

alimentos crus, quanto em alimentos processados (MCLAUCHLIN et al., 1990).

A maioria dos casos diagnosticados concentra-se na Europa e nos

Estados Unidos. Recentemente, o número de casos informados vem

aumentando, provavelmente devido a um melhor diagnóstico laboratorial,

juntamente com um aumento da população susceptível, alta prevalência da

bactéria no ambiente e hábitos de manuseio, preparo e armazenamento

inadequados dos alimentos (CRESPO et al., 2003 citados por KASNOWSKI,

2004).

Em 1981 ocorreu o primeiro surto de listeriose de origem alimentar

comprovado e documentado em Nova Escócia, Canadá, com 41 doentes

(sendo 34 perinatais e sete adultos) e 11 mortes. O alimento implicado como

veículo de transmissão foi uma salada preparada com repolho; este estava

contaminado porque foi cultivado a partir do uso de adubo in natura (fezes)

proveniente de ovinos que estavam infectados por L. monocytogenes

(LOGUERCIO et al., 2001).

29

Em 1983, 49 pacientes no Estado de Massachusets, nos Estados

Unidos, adquiriram listeriose. Sete casos ocorreram em fetos ou crianças e 42

em adultos imunossuprimidos, com taxa de letalidade de 29% (14 pessoas)

(FLEMING et al., 1985).

Dois anos depois, na Califórnia, em 1985, ocorreu um surto de listeriose

atingindo 67% da população de risco. 305 casos foram notificados, com 105

mortes. O alimento causador do surto foi um queijo macio do tipo mexicano. L.

monocytogenes 4b foi isolada dos pacientes, do alimento ingerido e da planta

de processamento do queijo (LINNAN et al., 1998). Nesse mesmo ano, nos

Estados Unidos, foram confirmados 94 casos de listeriose, dos quais 37

acometidos eram neonatos e suas mães. Os alimentos implicados no surto

foram: queijo tipo Mexicano, sorvete e iogurte; e a taxa de letalidade foi de 31%

(MASCOLA et al., 1989).

Um caso esporádico de listeriose materno-fetal foi relatado em 1986 em

Ankara, na Turquia, onde a gestante consumiu carne de frango cozida, sem

prévio reaquecimento, em uma salada armazenada por três dias em

refrigerador. A infecção da mãe resultou no aborto de um feto de 23 semanas

de vida e L. monocytogenes 4b foi isolada da carne de frango, do feto e do

sangue materno (KERR et al., 1988).

Na parte ocidental da Suíça foi registrado um surto de listeriose humana,

no período de 1983 a 1987. O veículo da bactéria foi o queijo do tipo Vacheun

Mont d’Or. Esse surto resultou em 122 casos com 34 óbitos (BILLE et al, 2003).

Entre os anos de 1987 a 1989, no Reino Unido, houve um aumento

considerável na incidência de listeriose, subindo de aproximadamente 100

casos por ano para cerca de 300 em 1989 (MCLAUCHLIN, 1991). Nesse

período, relatou-se uma contaminação associada à ingestão de um patê

preparado a partir de emulsão de carnes, óleo, algumas especiarias e outros

ingredientes, com identificação do sorotipo 4b em amostras do produto

(MCLAUCHLIN, 1993).

Um surto de listeriose ocorreu em 1992 na França, com 279 casos, 63

mortes e 22 abortos, tendo sido identificada L. monocytogenes no alimento

ingerido, língua de porco mal cozida, que desencadeou uma contaminação

cruzada em produtos de delicatessen. Também nesse mesmo ano foi relatado

30

outro surto, tendo como veículo mexilhões comercializados na cidade de Nova

Zelândia. Os sorotipos isolados foram 1/2a e 4b (DEVER et al., 1993).

Entre junho de 1998 a abril de 1999, uma manteiga contaminada foi o

veículo de um novo surto de L. monocytogenes em um hospital universitário na

Finlândia. Os isolados de L. monocytogenes provenientes dos pacientes, das

amostras de manteiga, dos equipamentos e do ambiente de processamento

apresentaram o mesmo perfil. A maioria dos casos estava relacionada a

indivíduos imunossuprimidos, hospitalizados na Helsniki University Central

Hospital. A manteiga contaminada também foi vendida a outros hospitais

centrais e para o comércio varejista da região (LYYTIKÄINEN et al., 2000).

Entre 2000 e 2001 foi descrito, na Carolina do Norte, EUA, listeriose

veiculada por queijo do tipo Mexicano Foram diagnosticados 12 casos: um

homem imunossuprimido de 70 anos de idade e 11 mulheres (idade média de

18-28 anos), sendo que destas dez estavam grávidas. A infecção resultou em

cinco abortos, três nascimentos prematuros e dois recém-nascidos infectados.

A última mulher apresentou um quadro de meningite. Cepas de L.

monocytogenes 4b foram isoladas dos pacientes, do leite cru e do queijo

(BOGGS, et al., 2001; MACDONALD et al., 2005).

O consumo de queijo maturado, produzido a partir de leite submetido a

tratamento térmico insuficiente, foi o responsável por um surto de listeriose no

Canadá em 2002 que acometeu 17 pessoas (GAULIN et al., 2003).

Em 2005, no nordeste da Suíça, um surto de listeriose acometeu 10

pessoas. Eram oito pacientes imunossuprimidos, ocasionando oito óbitos e

duas mulheres grávidas que tiveram aborto séptico. Todos os casos foram

causados por L. monocytogenes 1/2a. O veículo da contaminação foi um queijo

macio do tipo “tomme” (BILLE et al., 2003).

Em 2007, foi relatado um surto de listeriose em Massachusetts, Estados

Unidos, envolvendo cinco pessoas, e resultando na morte de três idosos. O

alimento associado foi leite pasteurizado adquirido de um laticínio local (CDC,

2008).

Recentemente, nos EUA, listeriose humana atribuída ao consumo de

melão foi reportada pelo Center for Disease Control and Prevention (CDC,

2011). Também, peixe defumado, produtos marinados cozidos, produtos

31

cárneos, e vegetais foram relatados como contaminados com L.

monocytogenes (MELONI et al., 2009).

2.5 REGULAMENTAÇÃO SOBRE L. monocytogenes EM ALIMENTOS

A dose mínima infectante (DI) de L. monocytogenes é ainda

desconhecida, devido à impossibilidade de se realizar pesquisas com

voluntários saudáveis, à variação da suscetibilidade e condição imunológica do

hospedeiro e à variabilidade na virulência do patógeno. Outra dificuldade em se

estabelecer a DI é que os dados coletados de surtos de listeriose podem não

representar a real contaminação do alimento incriminado. Devido ao tempo

entre a exposição e o início dos sintomas, pode haver multiplicação, morte ou

injúria da bactéria no alimento, ou mesmo não haver mais o alimento disponível

(BARANCELLI et al., 2011). Porém, informações sobre a população de L.

monocytogenes em alimentos contaminados envolvidos em surtos indicam que

populações entre 103 e 104 UFC/g em alimento foram responsáveis pelo

desencadeamento da doença (DUFFY et al., 1999).

Estudo realizado na Finlândia indica que a exposição da população de

risco a doses baixas (0,3 Número Mais Provável (NMP/g) de L.

monocytogenes, por períodos prolongados, pode também levar ao

desenvolvimento da doença (MAIJALA et al., 2001).

Outros dados (FAO/WHO, 2004) sugerem que contagens menores do

que 102 UFC/g em alimentos não são infectantes, mas não excluem essa

possibilidade. Assume-se que menos do que 1.000 células possam causar a

doença em populações susceptíveis (UNITED, 2003).

A maioria dos países possui regulamentação específica para o controle

de L. monocytogenes nos alimentos. Os Estados Unidos possuem a legislação

mais rígida, considerando a política de “Tolerância Zero”, de modo que a

presença do microrganismo em 25g de qualquer alimento pronto para o

consumo é considerada como inaceitável, caracterizando-o como impróprio

para o consumo (JAY, 2000; CHEN et al., 2003).

Já na comunidade europeia, alimentos prontos para o consumo devem

apresentar contagem de L. monocytogenes inferior a 100 UFC/g. Este critério é

32

aplicado para todo o período de vida útil do alimento. Ainda, na comunidade

europeia, existe também o critério de ausência de L. monocytogenes em 25 g

do alimento na saída do processamento e também ausência em 25 g ou 25 ml

no produto para alimentos destinados a lactentes e para fins medicinais

(REGULAMENTO CE N° 1441, 2007).

Na Dinamarca tolera-se que duas a cinco amostras de alimentos prontos

para o consumo possam conter entre 10 e 100 UFC/g de L. monocytogenes,

mas nenhuma amostra poderá exceder a 100 UFC/g (EUROPEAN

COMMISSION SCIENTIFIC COMMITTEE, 1999).

No Canadá, alimentos prontos para o consumo que não tenham sido

associados a surtos de listeriose e que não permitam o crescimento de L.

monocytogenes durante 10 dias sob refrigeração, podem conter até 100 UFC/g

do microrganismo sem se constituir uma infração legal (FARBER; HARWIG,

2003).

Na Grã Bretanha, padrões foram determinados para alguns alimentos

prontos para o consumo estabelecendo grupos baseados no número de L.

monocytogenes presentes. Quando o microrganismo não é detectado em 25 g,

o alimento é considerado satisfatório; entre 102 e 103 UFC/25g é considerado

insatisfatório, e acima de 103 UFC/25g o alimento é considerado inaceitável

(JAY, 2000).

No Brasil, os padrões microbiológicos para alimentos, estabelecidos pela

Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), através da Resolução da

Diretoria Colegiada (RDC) número 12, de 2 de janeiro de 2001, exigem a

ausência de L. monocytogenes em 25 g, em cinco amostras do produto de um

mesmo lote, somente para os queijos de média, alta a muito alta umidade. Para

os demais produtos prontos para o consumo não são contemplados limites

específicos para essa bactéria (BRASIL, 2001).

2.6 MÉTODOS DE DETECÇÃO DE Listeria monocytogenes

De modo geral, as espécies do gênero Listeria multiplicam-se em quase

todos os meios bacteriológicos não seletivos, tais como Triptona de soja e

33

Caldo de infusão de cérebro e coração. A dificuldade de isolamento ocorre

muitas vezes quando a bactéria está presente em pequeno número na amostra

e está contaminada por outra microbiota competitiva. Existe uma ampla

variedade de meios seletivos para o isolamento de Listeria a partir de amostras

não estéreis como alimentos, amostras do meio ambiente, amostras clínicas e

de fezes. Além disso, têm sido desenvolvidos vários protocolos para detectar L.

monocytogenes nos vários tipos de amostras (WAGNER; MCLAUCHLIN,

2008).

2.6.1 Métodos Convencionais

Os métodos convencionais recebem essa denominação porque foram

desenvolvidos há muitos anos e desde então vêm sendo empregados como

métodos oficiais na maioria dos laboratórios brasileiros e também em outros

países. Esses métodos estão descritos em publicações consideradas de

referência, internacionalmente aceitas (GREGHI, 2005).

Segundo Franco e Landgraf (2005), entre essas publicações destacam-

se o Bacteriological Analitical Manual (1992) publicado em conjunto pela United

States Food and Drug Administration (FDA) e Association of Official Analytical

Chemists International (1992), o Compendium of Methods for the

Microbiological Examination of Foods, inicialmente editado pela American

Public Health Association (APHA) e na edição mais recente por Vanderzant e

Splittstoesser (1992), e o Microrganisms in foods- their significance and

methods of enumeration (1978), publicado pela International Commission on

Microbiological Specifications for Foods (ICMSF).

Os métodos convencionais para isolamento de Listeria spp. a partir de

alimentos são complexos e demorados, sendo geralmente necessários cinco a

sete dias para obtenção do resultado, envolvendo procedimentos de pré-

enriquecimento e/ou enriquecimento, semeadura em meios seletivos

diferenciais e caracterização bioquímica e sorológica (GERMANO; GERMANO,

2008).

Nos últimos anos, inúmeros métodos de detecção de Listeria spp. em

alimentos foram desenvolvidos, sendo mais amplamente difundidos e utilizados

34

o método da United States Food and Drug Administration (FDA), descrito no

capítulo 10 do Bacteriological Analitycal Manual (BAM) com aplicação para

todos os alimentos e o método do United States Department of Agriculture

(USDA) descrito no capítulo 8.04 do Microbiology Laboratory Guidebook, com

aplicação para carnes vermelhas, aves, ovos e amostras ambientais

(HITCHINS, 2003; USDA/FSIS, 2005; SILVA et al., 2007).

Para os métodos da FDA utiliza-se o caldo de enriquecimento para

Listeria (LEB) a 30°C por 48h, semeadura de superfície no Ágar Oxford (OXA)

a 35°C e 48h e Ágar Tripticase de Soja e Extrato de Levedura (TSA-YE) a 30°C

por 24-48h. Já o método da USDA utiliza enriquecimento primário em Caldo

Universidade de Vermont (UVM) a 30°C por 24h, seguido de enriquecimento

secundário em Caldo Fraser a 35°C por 24-48h e semeadura de superfície no

Ágar Oxford Modificado (MOX) a 35°C por 24-48h (SILVA et al., 2007).

Além dos métodos da FDA e USDA, sobressai também o método do

Health Protection Branch (HPB) do Canadá, utilizado para todos os tipos de

alimentos e amostras ambientais. Ele é baseado no enriquecimento primário

em caldo LEB a 35°C por 24h no enriquecimento secundário em Caldo Fraser

a 35°C por 24 e 48h e na semeadura de superfície no Ágar Oxford (OXA) a

35°C por 24 e 48h, Ágar Cloreto de Feniletanol Moxalactam (LPM) a 35°C por

24-48h, Ágar Oxford Modificado (MOX) a 35°C por 24-48h e Ágar Palcam

(PAL) a 35°C por 24-48h. Tais métodos avaliam apenas a presença ou

ausência de Listeria spp. em amostras (WARBURTON et aI., 1991).

Segundo Ryser e Donnelly (2001), o método de plaqueamento direto,

sugerido pela American Public Health Association (APHA), no capítulo 36 do

Compendium of Methods for the Microbiological Examination of Foods tem a

seguinte aplicação: enumeração em alimentos “in natura” (leite cru, carnes

cruas, pescado cru e vegetais não processados) e em ambiente industrial, nos

quais as células não sofreram injúria subletal. Nesse caso, a técnica do

Número mais Provável (NMP) aumenta a complexidade da análise em pelo

menos nove vezes, para um NMP utilizando-se três tubos. Essa é a única

forma de obter dados quantitativos quando os números de L. monocytogenes

são inferiores a 50 UFC/g. Esse método também utiliza caldos de

enriquecimento primários e secundários, seguidos de semeadura em meios

sólidos seletivos recomendados pela FDA e USDA (BUCHANAN, 1990).

35

Segundo Bruhn et al. (2005), os meios de enriquecimento empregados

para a pesquisa de L. monocytogenes podem facilitar a multiplicação de L.

innocua em detrimento a L. monocytogenes. Assim, muitas vezes a obtenção

de resultados negativos não refletem a realidade, pois o microrganismo pode

apresentar-se injuriado, não conseguindo se recuperar no caldo de

enriquecimento, ou pode estar em números inferiores à microbiota

acompanhante, e com isto não ser detectado.

Os métodos convencionais para caracterização de um determinado

microrganismo são baseados na observação da capacidade deste

microrganismo de realizar determinadas reações bioquímicas. Em geral, estas

reações são realizadas em tubos de ensaio e podem representar um volume de

trabalho muito grande, e a um custo bastante elevado (FRANCO; LANDGRAF,

2005).

Tendo em vista as dificuldades e morosidade encontradas para o

isolamento de L. monocytogenes por semeadura em meio sólido em placa,

diversos autores têm trabalhado no desenvolvimento de técnicas mais rápidas

e precisas, que envolvem sempre uma ou mais etapas de enriquecimento e

meios de cultura seletivos (DENDER, 1988).

2.6.2 Métodos Rápidos

As indústrias de alimentos precisam detectar Listeria com rapidez

necessária para poder implementar e avaliar programas preventivos de

qualidade microbiológica e atender à legislação vigente. A presença de

qualquer espécie de Listeria nos alimentos e superfícies envolvidas com o

processamento de alimentos é uma possível indicação de que cepas

patogênicas do microrganismo possam estar envolvidas (BARBALHO, 2002).

Ainda que alguns estudos demonstrem a eficiência dos métodos

convencionais de análises microbiológicas para a detecção de patógenos e de

procedimentos que melhoram a adequação da técnica, a busca por métodos

rápidos, sensíveis e seguros para a detecção de patógenos em alimentos é

36

uma área de pesquisa essencial para enfrentar a agilidade que o mercado atual

exige (MATA, 2009).

Técnicas modernas de análises economizam tempo, além de serem

reprodutíveis e confiáveis. Dentro de uma economia globalizada, essas

técnicas constituem uma ferramenta importante que agiliza a obtenção de

resultados e possibilita que lotes de alimentos sejam fornecidos ao consumo

em um tempo menor, representando assim, diminuição das perdas e gastos no

armazenamento de produtos alimentícios (MALORNY et al., 2003).

Embora confiáveis e considerados oficiais, os métodos convencionais de

detecção de microrganismos em alimentos demandam muito tempo para

obtenção dos resultados. Além disso, devido a fatores ambientais, variações na

expressão gênica dos microrganismos podem ocorrer e afetar o poder

discriminatório dos testes bioquímicos. Outro problema na metodologia

convencional são as células viáveis não-cultiváveis, que não são detectadas na

metodologia convencional (FARBER et al., 2001; MALORNY et al., 2003;

MARIN et al., 2006).

Os métodos rápidos surgiram a partir da década de 70, como

consequência da necessidade de se abreviar o tempo necessário para

obtenção dos resultados analíticos e melhorar a produtividade laboratorial.

Além desses objetivos, esses métodos visam também à simplificação do

trabalho e a redução dos custos. Para alguns métodos, a essas vantagens

aliam-se outras como maior sensibilidade e especificidade que os métodos

convencionais (FRANCO; LANDGRAF, 2005).

Diversas técnicas baseadas em substratos enzimáticos fluorogênicos

e/ou cromogênicos, têm sido desenvolvidas e envolvem a capacidade de

detectar a presença de enzimas específicas com o emprego de substratos

apropriados. A incorporação de tais substratos permite a detecção,

enumeração e identificação de forma direta em placa de isolamento ou em

caldo, evitando o uso de subculturas e testes bioquímicos para estabelecer a

identificação de certos microrganismos (MANAFI, 2000).

2.6.2.1 Ágar Listeria Ottaviani Agosti – ALOA

37

O ágar Listeria Ottaviani Agosti (ALOA™) é um meio rápido de

isolamento, cromogênico, usado para identificação laboratorial de L.

monocytogenes baseado na detecção de fosfatidilinositol específico da

atividade da enzima fosfolipase C da L. monocytogenes (HITCHINS, 2003).

O meio utiliza o princípio básico da adição dos agentes seletivos

inclusive cloreto de lítio, ceftazidina e polimixina para reduzir o

desenvolvimento de microrganismos competidores. A esculina é substituída por

um substrato cromogênico e um substrato enzimático (lipase) que resulta em

um aparecimento de colônia azulada típica. A combinação cromogênica X-

glucosidase é somada com o substrato para a detecção da β- glucosidase, que

é comum para toda as espécies de Listeria, resultando nas colônias de

coloração azul (VLAEMYNCK et al., 2000) (Figura 4).

O ALOA é um meio seletivo e diferencial para o isolamento de Listeria

spp. e identificação presuntiva de L. monocytogenes em amostras de

alimentos. Como já mencionado, o meio contém cloreto de lítio e uma mistura

equilibrada de antimicrobianos e antifúngicos para minimizar o crescimento de

outros microrganismos contaminantes (VLAEMYNCK et al., 2000).

O uso do Ágar ALOA Listeria é recomendado pela Association Française

de Normalisation (AFNOR), AES 10/3-09/00 e foi validado pela International

Organization for Standardization (ISO) 16140:2003.

Segundo Aurora (2008) as fosfolipases de L. monocytogenes são

determinantes essenciais de patogenicidade e a atividade de PI-PLC é

expressa somente para L. monocytogenes e L. ivanovii patogênicas, e tem sido

utilizada como marcador para diferenciação entre espécies de Listeria

patogênicas e não patogênicas. Desta forma, o ágar ALOA tem demonstrado

excelentes resultados na diferenciação de L. monocytogenes de outras

espécies de Listeria não patogênicas.

38

Figura 4: Colônias típicas de Listeria monocytogenes em ágar ALOA. Fonte: Vlaemynck et al., (2000).

2.7 SUSCEPTIBILIDADE DE Listeria monocytogenes A ANTIMICROBIANOS

Uma vasta gama de fármacos é ativa contra L. monocytogenes, mas no

paciente, geralmente, encontra-se uma eficiência inferior. Este fato pode ser

devido a fatores como: a incidência da doença em pacientes

imunocomprometidos ou em faixas etárias específicas, em que a

susceptibilidade a antibióticos é diferente do comum; a localização da bactéria

no interior das células do hospedeiro (nomeadamente nos macrófagos)

dificultando a atuação do antibiótico; diagnóstico tardio que implica o início do

tratamento adequado também tardio; ou muitos dos antibióticos utilizados são

apenas bacteriostáticos. O conjunto destes fatores pode contribuir para a

elevada taxa de mortalidade descrita em infecções por L. monocytogenes

(HOF, 1991; JONES et al., 1995).

Com a exceção da resistência natural in vitro às antigas quinolonas,

fosfomicinas e a um largo espectro de cefalosporinas, Listeria spp. são

largamente susceptíveis às classes de antibióticos clinicamente relevantes

contra as bactérias Gram-positivas. A primeira estirpe resistente de L.

monocytogenes foi descrita em 1988. Desde então tem ocorrido um aumento

do número de descrições de estirpes resistentes isoladas de alimentos, animais

e humanos (POYART et al., 1990; CHARPENTIER, 1999).

Os estudos na última década têm demonstrado evidências do surgimento

de Listeria spp., incluindo L. monocytogenes, resistentes a vários antibióticos

tais como ácido nalidíxico, ampicilina, cefalosporina, cefotaxime, cefalotina,

39

clindamicina, cloranfenicol, eritromicina, estreptomicina, flumequina,

gentamicina, kanamicina, lincomicina, meticilina, oxacilina, penicilina G,

rifampina, rifampicina, sulfonamida, sulfametazol-trimetoprim, tetraciclina,

teicoplanina, vancomicina (CHARPENTIER et al., 1999; LIN et al., 2006;

CONTER et al., 2009; REIS et al., 2011; ALTUNTAS et al., 2012; GELBÍČOVA

et al., 2012). Embora seja rara, a resistência à tetraciclina é o fenótipo de

resistência mais frequentemente descrito em Listeria spp. de diferentes origens

(BERTRAND et al., 2005).

A terapia de escolha para o tratamento da listeriose consiste na

administração de ampicilina ou penicilina G combinados com um

aminoglicósidio, classicamente a gentamicina. A associação de trimetoprim

com uma sulfonamida, como o sulfametoxazol com co-trimoxazol, é

considerada como a segunda escolha de terapia, geralmente administrada nos

casos de doentes alérgicos aos antibióticos da classe β-lactâmicos

(CHARPENTIER, 1999; CONTER et al., 2009). A existência de resistência e

multirresistência a antibióticos comumente utilizados no tratamento de listeriose

é uma grande preocupação para a área médica e consequentemente para a

saúde pública.

2.7.1 Antibióticos

● Cefoxitina

A cefoxitina faz parte do grupo das cefamicinas, relacionada com a

penicilina. É um antibiótico β-lactâmico e pode ser utilizada no tratamento da

listeriose humana. Porém, apresenta melhores resultados quando utilizadas

contra bactérias Gram-negativas (JONES et al., 1995). ● Ciprofloxacina

A ciprofloxacina, uma quinolona, tem uma boa absorção a nível celular e

dos tecidos. No entanto, nem sempre demonstra bons resultados em testes de

susceptibilidade em L. monocytogenes, pois apresenta melhores resultados em

bactérias Gram-negativas (HOF, 1991; JONES et al.,1995).

40

● Eritromicina

A eritromicina tem uma boa atividade in vitro e há também casos de

sucesso como monoterapia em pacientes, principalmente no tratamento de

grávidas infectadas (JONES et al., 1995).

● Estreptomicina

A estreptomicina apresenta bons resultados no tratamento da listeriose,

porém quando administrada sozinha os resultados não são muito eficientes

(HOF, 1991; JONES et al.,1995).

● Oxacilina

Pertencente à classe da penicilina, é um composto ativo contra Listeria

monocytogenes, porém estudos recentes mostram crescente resistência do

microrganismo ao fármaco (SOUZA, 2005).

● Penicilina

A penicilina é um antibiótico eficaz na inibição de L. monocytogenes,

como já citado por diversos autores. As penicilinas estáveis na presença de

cloxacilina, dicloxacilina, meticilina, nafcillin e oxacilina possuem um espectro

predominantemente contra bactérias Gram-positivas (HOF, 1991; JONES et

al.,1995).

O espectro de atividade da penicilina também inclui bactérias Gram-

negativas, que não produzem ß-lactamase, algumas das quais são fastidiosas.

As aminopenicilinas (ampicilina e amoxicilina) são ativas contra outras espécies

de Gram-negativos, incluindo alguns membros das Enterobacteriaceae. As

carboxipenicilinas (carbenicilina e ticarcilina) e ureidopenicilinas (mezlocilina e

piperacilina) possuem um espectro contra Gram-negativos consideravelmente

ampliado, incluindo atividade contra muitas Pseudomonas e Burkholderia spp.

(CLSI, 2012).

● Tetraciclina

41

A tetraciclina tem boa atividade contra a L. monocytogenes. Geralmente

é usada no tratamento onde existe alergia do paciente a outros antibióticos. Ela

inibe a síntese proteica em nível ribossômico das bactérias Gram-negativas e

Gram-positivas. Os organismos suscetíveis à tetraciclina são considerados

sensíveis também a doxiciclina e minociclina (CLSI, 2012).

● Vancomicina

A vancomicina é o agente indicado para o tratamento de infecções

bacterianas Gram-positivas nos pacientes alérgicos à penicilina, sendo útil na

terapia de infecções causadas por cepas bacterianas Gram-positivas

resistentes aos agentes ß-lactâmicos. Além disso, também é utilizada em

pacientes grávidas (JONES, 1995; CLSI, 2012).

Segundo Jay (2005), mesmo com o uso destes fármacos, a terapia com

antimicrobianos para listeriose não é inteiramente satisfatória, uma vez que

pacientes imunodeprimidos e hospedeiros comprometidos (gestantes, idosos e

crianças) são mais difíceis de tratar do que hospedeiros sadios.

42

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53

CAPÍTULO 2: OCORRÊNCIA DE Listeria monocytogenes EM VEGETAIS COMERCIALIZADOS EM SALVADOR, BA, E RESISTÊNCIA DOS ISOLADOS A ANTIMICROBIANOS

OCCURRENCE OF Listeria monocytogenes IN VEGETABLES COMMERCIALIZED IN SALVADOR, BRAZIL, AND THE ANTIMICROBIAL RESISTANCE OF ISOLATES

Vanessa de Vasconcelos Byrnea, Rogeria Comastri de Castro Almeidab

aMestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciência de Alimentos (PGALI), Faculdade de Farmácia, Universidade Federal da Bahia (UFBA).

bProfessora do Departamento de Ciência dos Alimentos, Escola de Nutrição, UFBA.

54

RESUMO

Embora o consumo de vegetais frescos e minimamente processados seja considerado saudável, surtos relacionados ao consumo desses produtos são frequentemente relatados. Entre os microrganismos de toxinfecção alimentar afetando os vegetais, se encontra a Listeria monocytogenes, um microrganismo ubíquo que exibe a habilidade de sobreviver e multiplicar-se a temperaturas de refrigeração. A doença causada por esse microrganismo conhecida como listeriose, afeta principalmente pessoas de grupo de risco, como gestantes, idosos, crianças e pacientes imunodeprimidos. Várias combinações de antibióticos podem ser usadas no tratamento da listeriose, mas o aumento de resistência da bactéria a essas drogas tem trazido algumas mudanças. Esse estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de L.

monocytogenes em vegetais frescos, vegetais congelados e vegetais prontos para o consumo (saladas prontas) e avaliar a resistência dos isolados da bactéria aos antimicrobianos. A ocorrência de L. monocytogenes foi investigada em 99 amostras, incluindo 33 vegetais frescos, 33 vegetais congelados e 33 vegetais prontos para o consumo (saladas prontas). Os resultados alcançados demonstraram que 4.04% das amostras apresentaram contaminação pela bactéria, sendo 3,03% dos vegetais frescos e 9,09% dos vegetais prontos para o consumo (saladas prontas). As cepas isoladas pertenciam ao sorotipo 4b. Os testes de resistência/susceptibilidade mostraram que 80% dos isolados foram susceptíveis aos antibióticos usados. L. monocytogenes isolada de duas amostras de vegetais prontos para o consumo (saladas) apresentaram resistência aos antibióticos penicilina e tetraciclina. A presença do patógeno nos vegetais, principalmente prontos para o consumo é um dado preocupante, demonstrando a necessidade de readequação das boas práticas agrícolas e de manipulação, assim como a utilização de métodos eficazes de limpeza e sanitização no processamento mínimo dos vegetais, na perspectiva do oferecimento de alimentos seguros para o consumidor.

Palavras-chave: Vegetais. Listeriose. Antibióticos.

55

ABSTRACT

Although the consumption of fresh and minimally processed vegetables is considered healthy, outbreaks related to the contamination of these products are frequently reported. Among the food-borne pathogens, affecting vegetables is Listeria monocytogenes, a ubiquitous organism that exhibits the unique ability to survive and multiply at refrigerated temperatures. The disease caused by this organism, known as listeriosis, mainly affects those in high-risk groups, such as pregnant women, the elderly, children and immunocompromised patients. Several combinations of antibiotics may be used in the treatment of listeriosis, but the increasing resistance of the microorganism to these drugs has presented a challenge. This study aimed to evaluate the occurrence of L.

monocytogenes in raw, frozen and ready-to-eat vegetables as well as the antimicrobial resistance of isolates. The occurrence of L. monocytogenes was investigated in 99 samples, including 33 raw vegetables, 33 frozen vegetables and 33 ready-to-eat vegetables. The results showed that 4.04% of the samples were contaminated with bacteria. Of these, 3.03% were raw vegetables, and 9.09% were ready-to-eat vegetables. The strains isolated belonged to serotype 4b. Antimicrobial resistance profiling showed that 80% of the isolates were susceptible to the antibiotics used. The L. monocytogenes isolated from two samples of ready-to-eat vegetables were resistant to penicillin G and tetracycline. The presence of this pathogen in vegetables, mainly in ready-to-eat, is concern and demonstrated the importance in the adoption of good agricultural practices and handling, and claim for use of effective methods to cleaning and sanitizing in the process of minimally processed vegetables, to offer safe food to the consumer.

Keywords: Vegetables. Listeriosis. Antibiotics.

56

1 INTRODUÇÃO Acompanhando a tendência mundial no âmbito da alimentação,

observa-se a procura por uma alimentação mais saudável atrelada a uma vida

mais prática, o que vem gerando o aumento no consumo de vegetais,

principalmente os prontos para o consumo.

Atualmente, o consumidor procura por produtos saudáveis, saborosos e

que não demandem tempo para o preparo. Dessa forma, os vegetais prontos

para o consumo conseguem atender a esse público, pois são produtos que, na

grande maioria, não necessitam de preparo antes do consumo.

Apesar dos vegetais representarem um importante componente de uma

alimentação saudável, a ocorrência de microrganismos patogênicos nesse tipo

de alimento é um dado preocupante.

Para assegurar a qualidade e estabilidade durante a vida de prateleira,

os vegetais necessitam de temperatura de refrigeração, o que favorece o

desenvolvimento e crescimento de microrganismos psicrotróficos, como a

Listeria monocytogenes.

O crescimento deste microrganismo é particularmente importante

quando se trata de vegetais, pois esses produtos apresentam características

físico-químicas que permitem o crescimento microbiano e, também, porque são

refrigerados por longos períodos de tempo.

Listeria monocytogenes é uma bactéria ubíqua, podendo ser encontrada

na água de irrigação, no solo e no adubo utilizado nas plantações. Além disso,

é uma bactéria saprófita, que participa na decomposição da matéria orgânica

vegetal. Mediante estes fatos, é possível encontrá-la nos vegetais (Beuchat,

1998).

A doença causada pela L. monocytogenes, a listeriose, é uma infecção

alimentar que acarreta um quadro clínico severo; tem um período de incubação

longo e apresenta alta taxa de letalidade em pessoas pertencentes ao grupo de

risco: idosos, gestantes, crianças e pacientes imunodeprimidos (Rocourt et al.,

1997).

O primeiro surto bem documentado de listeriose de origem alimentar

ocorreu em 1981 na América do Norte, em Nova Escócia, Canadá, com 41

57

doentes e 11 mortes. O alimento apontado como veículo de transmissão foi

uma salada contendo repolho; este foi contaminado a partir de fezes de ovelha

que estavam infectadas por L. monocytogenes e que foram usadas como

adubo (Loguercio et al., 2001).

Recentemente, um novo surto envolvendo a bactéria foi relatado pelo

CDC. Entre os meses de agosto a outubro de 2011 no Colorado, EUA, L.

monocytogenes foi isolada de melão fatiado na residência de um paciente

durante a investigação do surto. O paciente relatou ter ingerido melão antes de

adoecer. O caso foi o ponto inicial para a pesquisa do microrganismo em

melões em estados vizinhos. Um total de 147 pessoas foram infectadas no

surto, os casos foram notificados ao CDC de 28 estados (CDC, 2011).

Uma vasta gama de antibióticos são utlizados no tratamento da

listeriose, porém nem sempre o resultado é positivo em função da faixa etária

ou do estado de saúde em que o paciente se encontra, necessitando de

cuidados especiais. Nessa população, a taxa de mortalidade pode chegar a

30% (Charpentier, 1995).

No Brasil, não temos ainda relato de surtos envolvendo o patógeno e a

legislação brasileira não preconiza a quantidade limite para a presença de L.

monocytogenes em vegetais. Ainda, devido à fragilidade do sistema de

vigilância epidemiológica brasileiro, não existem relatos de surtos associados

ao consumo de vegetais envolvendo a bactéria. Nesse contexto, observa-se a

importância de pesquisas que retratem esse assunto e forneçam informações

para os órgãos de vigilância sanitária e epidemiológica.

Esse estudo teve como objetivo verificar a ocorrência de L.

monocytogenes em vegetais frescos, congelados e prontos para o consumo

comercializados em Salvador, BA, e avaliar a resistência dos isolados da

bactéria a antimicrobianos comumente utilizados no tratamento da listeriose.

58

2 MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 MATERIAIS 2.1.1 Microrganismos de referência

� Listeria monocytogenes SCOTT A (sorotipo 4b), ATCC 15313

� Staphylococcus aureus ATCC 33591

2.1.2 Grupos de alimentos analisados Vegetais Frescos - alface, brócolis, repolho branco, repolho roxo e rúcula.

Vegetais Congelados - seleta de legumes (ervilha, cenoura, vagem e milho),

ervilha e brócolis.

Vegetais Prontos para o Consumo (Saladas Prontas) - alface, tomate, cenoura,

repolho branco, repolho roxo e beterraba.

2.1.3 Antimicrobianos

Os discos de antibióticos utilizados nesse estudo estão descritos na

Tabela 1.

2.1.4 Origem dos isolados bacterianos

Um total de quatro isolados de L. monocytogenes oriundos de vegetais

frescos (1 amostra) e vegetais prontos para o consumo (3 amostras) foram

caracterizados através de teste de resistência/susceptibilidade antimicrobiana.

59

Tabela 1. Antibióticos utilizados no estudo.

2.2 MÉTODOS

2.2.1 Desenho e local de estudo

Trata-se de um estudo de corte transversal de caráter exploratório e

experimental que foi desenvolvido no Laboratório de Microbiologia de

Alimentos do SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – unidade

Dendezeiros, Salvador, BA e no Laboratório de Zoonoses do Departamento de

Bacteriologia do Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de

Janeiro, RJ.

2.2.2 Amostragem

No período de outubro de 2013 a janeiro de 2014, 99 amostras de

vegetais foram colhidas na rede de supermercados de Salvador, BA. Destas,

33 eram de vegetais frescos, comercializados em temperatura ambiente, 33 de

vegetais congelados e 33 de vegetais prontos para o consumo (saladas

prontas), comercializados sob refrigeração.

60

2.2.3 Ocorrência de Listeria monocytogenes

A investigação da ocorrência de L. monocytogenes foi realizada de

acordo com a metodologia recomendada por Becker et al. (2006).

Para o isolamento, aproximadamente 250 g de cada vegetal foram

colhidos, acondicionados em sacos plásticos estéreis, codificados e

transportados em isopor contendo gelo para o laboratório de análises.

Posteriormente, 25 g de cada amostra de vegetal foram pesadas em cabine de

fluxo laminar (Labconco Corporation, Labconco Purifier Class IIb, Total

Exhaust, modelo 36210-04, certificada ISO 9002; Kansas City, MO, USA) e

homogeneizados com 225 mL de caldo Fraser ½ concentração em

homogeneizador do tipo stomacher (240 bpm; ITR model 1204, series 126; São

Paulo, SP, Brasil) para o pré-enriquecimento. Após incubação por 24 horas a

30ºC, uma alíquota de 0,1 ml foi transferida para a superfície do ágar ALOA e,

com o auxílio de uma alça de Drigalski, espalhada na superfície da placa. Em

seguida, as placas foram incubadas a 35ºC por 48 horas. Três a cinco colônias

típicas de cor verde azulada com formação de halo foram retiradas das placas,

purificadas em ágar tríptico de soja (TSA) e submetidas aos testes para

confirmação.

Uma cepa de Listeria monocytogenes Scott A (sorotipo 4b; ATCC

15313) foi usada como controle positivo e um meio não inoculado como

controle negativo, para cada uma das etapas da análise.

● Coloração de Gram: Foram preparados esfregaços em lâmina para a

verificação das características morfotintoriais das colônias isoladas. Culturas

apresentando bastonetes Gram positivos, em arranjo individual ou em forma de

paliçada, foram consideradas presuntivas para o microrganismo.

● Produção de Catalase: Com o auxílio de uma pipeta, gotas de peróxido de

hidrogênio a 3% foram adicionadas sobre a cultura. Culturas catalase positiva

foram consideradas presuntivas para a presença do microrganismo.

61

Provas bioquímicas:

● Teste de Motilidade: As colônias suspeitas foram ativadas em TSA e

inoculadas no Meio Sulfeto Indol Motilidade (SIM) por picadas no centro, até

uma distância de 1 cm do fundo do tubo. Os tubos foram incubados a 25oC por

sete dias, observando-os diariamente. Culturas demonstrando migração típica,

ou seja, espalhando-se na parte superior do meio e mantendo-se restritas à

picada no fundo do tubo, lembrando o formato de um guarda-chuva, indol e

sulfito negativas, foram consideradas presuntivas para a presença do

microrganismo.

● Teste de Fermentação de Carboidratos (xilose): Utilizou-se como meio o

Caldo Púrpura Base para Carboidratos. A solução do carboidrato xilose foi

esterilizada por filtração em membrana de 0,45 µm e foi adicionada ao meio-

base estéril. A viragem da coloração originalmente púrpura para amarela,

devido à produção de ácido, indica ausência da bactéria, pois a mesma não

fermenta a xilose.

Caracterização sorológica:

Para identificação sorológica das espécies de L. monocytogenes

isoladas dos vegetais, foi utilizada a técnica baseada na aglutinação “O” e “H”,

conforme recomendações de Donker-Voet (1959) e Seeliger e Hohne (1979).

2.2.4 Avaliação da resistência a antimicrobianos

A resistência/susceptibilidade dos isolados de L. monocytogenes a oito

antibióticos foi avaliada pelo método de Kirby-Bauer ou disco difusão (Bauer,

1966). Tal método baseia-se na inibição do crescimento microbiano pelo

antibiótico, que é visualizado pela formação de um halo claro em volta da

colônia. O tamanho do halo formado é medido em milímetros, indicando

resistência/susceptibilidade do agente ao antibiótico (breakpoints). Nesse

estudo, uma cepa padrão de Staphylococcus ATCC 33591 foi usada como

controle positivo para os testes, conforme recomendação do Clinical Laboratory

62

Standards Institute (CLSI) (2012), uma vez que ainda não existem critérios

estabelecidos para Listeria spp. Em vários estudos, o tamanho do halo formado

para Staphylococcus aureus são utilizados para interpretação do teste (Conter

et al., 2009; Davis et al., 2009; Chen et al., 2010).

Inicialmente, os isolados de L. monocytogenes (Tabela 2) foram

ativados em caldo tríptico de soja (TSB) com 0,6% de extrato de levedura a

37°C por 24h. Em seguida, uma alçada foi estriada em placas de ágar tríptico

de soja (TSA) e as placas foram incubadas a 35 ± 2°C por 24h. Com o auxílio

de uma alça de platina bacteriológica flambada, colônias foram retiradas das

placas de TSA e suspensas em 5 ml de solução salina estéril (NaCl 0,85%) até

o alcance do padrão de turbidimetria de 0,5 pela escala de McFarland (c.a. 108

UFC/ml). Em seguida, um suabe estéril foi embebido na suspensão, retirado o

excesso e semeado de forma suave em todas as direções da placa contendo

ágar Mueller Hinton (MH), de forma a abranger toda a superfície. Após a

secagem do inóculo nas placas, os discos de antibióticos foram colocados na

superfície com o auxílio de pinças flambadas. Uma leve pressão foi exercida

com a ponta da pinça para que ocorresse uma boa adesão dos discos nas

placas. As placas foram incubadas a 34 ± 2°C por 24h e, passado esse

período, realizada a leitura dos testes, para detectar a resistência ou

susceptibilidade a determinado antibiótico, de acordo com o tamanho dos halos

formados ao redor do disco, em milímetros.

Conforme mencionado acima, a cepa de Staphylococcus aureus (ATCC

33591) foi usada como controle positivo para cada passo da análise Os

isolados foram testados contra um painel de oito agentes antimicrobianos:

penicilina G (PEN) (10 IU), eritromicina (ERI) (15 µg), tetraciclina (TET) (30 µg),

oxacilina (OXA) (1 µg), cefoxitina (CEF) (30 µg), vancomicina (VCM) (30 µg),

estreptomicina (STR) (10 µg) e ciprofloxacina (CIP) (5 µg).

63

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Ocorrência de Listeria monocytogenes em vegetais

Nesse estudo foi detectada a presença de L. monocytogenes em

vegetais frescos e em vegetais prontos para o consumo (saladas),

demonstrando risco no consumo desses alimentos.

Tabela 2. Isolados de L. monocytogenes submetidos à avaliação da resistência/susceptibilidade aos antibióticos.

N° de isolados

Origem Amostra

1 Vegetais frescos

Alface

3

Vegetais prontos para

consumo

Repolho roxo, repolho branco, alface e beterraba

(2 amostras)

Alface, beterraba e repolho roxo (1 amostra)

Total 4

Das 99 amostras analisadas, L. monocytogenes foi isolada de quatro

amostras (4,04%), sendo um isolamento proveniente de vegetal fresco (3,03%)

e 3 isolamentos de vegetais prontos para o consumo (9,09%) (Tabela 3).

A alface foi o único vegetal fresco contaminado pelo microrganismo,

enquanto dois tipos diferentes de saladas apresentaram-se contaminadas.

Nenhuma amostra de vegetal congelado apresentou a contaminação.

Os quatro isolados recuperados das amostras de vegetais frescos e de

vegetais prontos para o consumo foram identificados como L. monocytogenes

pertencente ao sorotipo 4b.

Em uma amostra de salada preparada com alface, beterraba e repolho

roxo foi isolada a espécie não patogênica, Listeria innocua, sorotipo 6a.

64

Tabela 3. Ocorrência de Listeria monocytogenes em vegetais frescos, congelados e prontos para o consumo (saladas).

Grupo de Vegetais Amostras

Positivas

Origem

N %

Frescos 1 3,03 Alface (1 amostra)

Congelados 0 0,00 -

Prontos para o consumo

(saladas)

3 9, 09 Repolho roxo, repolho branco,

alface e beterraba (2 amostras)

Alface, beterraba e repolho

roxo (1 amostra)

TOTAL 4 4,04%

A presença de L. monocytogenes em vários tipos de vegetais frescos ou

prontos para o consumo tem sido documentada em vários países.

No Brasil, a ocorrência de L. monocytogenes em vegetais tem sido

relatada em muitos estudos por vários pesquisadores. Os resultados

encontrados no presente trabalho demonstram níveis mais altos de detecção

de L. monocytogenes em saladas do que aqueles previamente relatados por

Porto et al. (2001) (3,2%); Froder et al. (2007) (0.55%); Oliveira et al. (2011)

(3.7%); Sant’Ana et al. (2012) (3.1%); Maistro et al. (2012) (1,74%).

Em outros países, também vários resultados têm sido reportados para a

presença de L. monocytogenes em vegetais. Em Santiago (Chile), a bactéria foi

isolada de 10,2% das amostras de saladas (Cordono et al., 2009); na Malasia,

de 22.5% das amostras de saladas (Ponniah et al., 2009); na Espanha, de

4.18% dos vegetais (Moreno et al., 2012); e na Alemanha, em apenas quatro

amostras de 1001 vegetais investigados (Schwaiger et al., 2011).

65

Jamali et al. (2012) analisaram 396 amostras de alimentos prontos para

o consumo, onde 170 foram de saladas e vegetais. Dessas, 25 (14,1%) foram

confirmadas para a presença de L. monocytogenes.

Sabe-se que saladas prontas necessitam de temperatura de refrigeração

para sua conservação e armazenamento, o que favorece a sobrevivência e

multiplicação de L. monocytogenes devido a sua característica psicrotrófica.

Tais resultados demonstram que as técnicas de limpeza, higienização e

manipulação utilizadas no preparo dos vegetais prontos para o consumo ou

vegetais minimamente processados não foram eficientes para garantir um

produto inócuo para o consumidor.

Considera-se também que por tratar-se de uma mistura de vegetais,

existe uma maior probabilidade de contaminação, pois vários vegetais são

manipulados durante todo o processo, criando mais oportunidades para a

introdução e dispersão de L. monocytogenes.

Quanto à não detecção do microrganismo nos vegetais congelados,

analisa-se que, provavelmente, tal resultado seja em função da etapa do

branqueamento utilizada para inativação enzimática antes do congelamento.

Como o branqueamento é um tratamento térmico, possivelmente cepas de L.

monocytogenes, caso presentes, foram eliminadas ou reduzidas a níveis não

detectáveis.

Quanto à sorotipagem das cepas, observa-se a frequência do sorotipo

4b isolado no presente estudo e em outros estudos, como no trabalho

conduzido por Sant’Ana et al. (2012) e Moreno et al. (2012). É importante

mencionar que o sorotipo 4b é o mais implicado nos surtos de toxinfecção

alimentar por L. monocytogenes.

Como pode ser observado em alguns estudos mencionados

anteriormente, a frequência da ocorrência do microrganismo nos vegetais

prontos para o consumo foi próxima à do presente estudo. Já para os vegetais

frescos, a ocorrência verificada foi inferior à encontrada por Moreno et al.

(2012) que também estudou esse grupo de vegetais. No grupo dos vegetais

congelados, o presente estudo também demonstrou percentagem de

isolamento da bactéria inferior aos estudos mencionados, já que nenhuma

amostra foi positiva para L. monocytogenes.

66

A presença de L. monocytogenes em vegetais, verificada no presente

estudo, e em outros estudos reportados por vários autores é preocupante,

considerando que os casos de listeriose estão aumentando em nível mundial,

em muitos casos devido à contaminação cruzada de alimentos processados

(Moreno et al., 2012). Nesse contexto, as Boas Práticas Agrícolas e Boas

Práticas de Fabricação devem ser atendidas para garantir um alimento seguro

para os consumidores.

3.2 Resistência a antimicrobianos

Em se tratando da resistência bacteriana aos antimicrobianos, verifica-se

que o tema é pesquisado por diversos autores, devido à grande importância do

uso desses fármacos na medicina humana e também na veterinária. À medida

que os antimicrobianos vão sendo utilizados indiscriminadamente, aumenta-se

o número de bactérias resistentes às drogas mais utilizadas na terapia

humana.

A terapia de escolha para o tratamento da listeriose consiste na

administração de ampicilina ou penicilina G em combinação com um

aminoglicósidio, classicamente a gentamicina. A associação de trimetoprim

com uma sulfonamida, como o sulfametoxazol com co-trimoxazol, é

considerada como a segunda escolha de terapia, geralmente administrada nos

casos de doentes alérgicos aos antibióticos da classe β-lactâmicos

(Charpentier, 1999; Conter et al., 2009). A existência de resistência e

multirresistência aos antibióticos comumente utilizados no tratamento de

listeriose é uma grande preocupação para a saúde pública.

Os resultados obtidos no presente estudo podem ser observados na

Tabela 4.

67

Tabela 4. Resistência/susceptibilidade de isolados de Listeria monocytogenes aos antimicrobianos.

Todos os isolados de L. monocytogenes estudados nesta pesquisa

apresentaram-se sensíveis aos antimicrobianos cefoxitina (CEF), ciprofloxacina

(CIP), eritromicina (ERI), estreptomicina (EST), oxacilina (OXA) e vancomicina

(VAN). Entretanto, verificou-se a presença de dois isolados que apresentaram

resistência a tetraciclina (TET) e a penicilina G (PEN), que são drogas

indicadas para o tratamento da listeriose (Jay, 2005).

Em contraste, aos resultados relatados por Kovacevic et al. (2012),

todos os isolados foram susceptíveis a CIP. Outros estudos têm demonstrado

resultados similares àqueles do presente trabalho (Davis e Jackson, 2009;

Safdar e Armstrong, 2003; Troxler et al., 2000). Entretanto, as diferenças de

resultados entre os estudos podem ser atribuídas às metodologias empregadas

para determinar a resistência (em geral, microdiluição em caldo versus disco

difusão, diferença de meios, dentre outros).

Quanto à resistência aos antibióticos, o estudo conduzido por Korsac et

al. (2012) na Polônia com 471 amostras de alimentos demonstrou resultado

semelhante ao do presente estudo, ou seja, os autores encontraram resistência

de um isolado de L.monocytogenes à tetraciclina. Também dados semelhantes

foram relatados por Chen et al. (2013) que investigaram isolados de L.

monocytogenes de 10 amostras de alimentos vendidos no varejo do sul da

China. Os resultados do estudo apontou que 2,7% dos isolados foram

resistentes à tetraciclina e 8,1% à penicilina.

Detalhando o trabalho conduzido por Kovacevi et al. (2012) os autores

demonstraram que todos os isolados de Listeria spp. foram resistentes à

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cefoxitina e ao ácido nalidíxico e que os isolados de L. monocytogenes foram

resistentes a clindamicina, estreptomicina e amicacina.

Gómez et al. (2014) investigaram a resistência/susceptibilidade de

isolados de L. monocytogenes a 20 antibióticos e observaram resistência a um

ou dois antibióticos em 71 isolados (34,5%). Multirresistência aos antibióticos

testados foi encontrada pelos autores em seis isolados de L. monocytogenes

(2,9%). Ainda, segundo os autores, o fenótipo resistente à oxacilina foi o mais

comumente observado, e foi identificado em 100% dos isolados de Listeria

investigados. Uma prevalência média de isolados resistentes a clandomicina e

prevalência baixa de isolados resistentes à tetraciclina também foram relatadas

pelos autores. Concluindo, os autores afirmam que todos os isolados foram

sensíveis aos antibióticos de escolha para o tratamento da listeriose.

Os isolados do presente estudo não demonstraram multirresistência aos

antibióticos.

Apesar dos resultados de alguns estudos indicarem uma certa

tranquilidade na terapia com antibióticos para tratamento da listeriose, é

importante considerar o aparecimento de cepas multiresistentes e também a

possibilidade de aquisição de resistência por cepas de L. monocytogenes

isoladas dos alimentos. Ainda, segundo Jay (2005), mesmo com o uso destes

fármacos, a terapia com antimicrobianos para listeriose não é inteiramente

satisfatória, uma vez que pacientes imunodeprimidos e hospedeiros

comprometidos (gestantes, idosos e crianças) são mais difíceis de tratar do que

hospedeiros sadios.

69

4 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados desse estudo e com os relatados por

diversos autores, observa-se que a ocorrência de L. monocytogenes em

vegetais prontos para o consumo é frequente. Esse fato constitui um risco para

a população, especialmente para o grupo de risco, gestantes, idosos, crianças

e pacientes imunodeprimidos, pois esses produtos, na sua maioria, são

consumidos após a compra, sem nenhum tratamento prévio que elimine o

perigo microbiológico.

A existência de isolados de L. monocytogenes resistentes à penicilina e

tetraciclina utilizadas nesse estudo representa um problema para a escolha da

terapia na medicina humana, por se tratarem de antibióticos frequentemente

utilizados no tratamento da listeriose.

Os resultados desse estudo servem de alerta para as autoridades de

saúde pública, indicando a necessidade de reforçar as normas na produção,

preparo e comercialização dos vegetais, na perspectiva de oferecer alimentos

não apenas nutritivos, mas também seguros para os consumidores.

70

REFERÊNCIAS

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