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Livro Cura interior para a família

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No mundo em que vivemos, abordar a Cura Interior no âmbito da família é de extrema necessidade. Diante dos problemas enfrentados, é comum pais e mães afirmarem: “Se tivéssemos tido alguma orientação, teríamos evitado tantos problemas, e agido de forma bem diferente”.Adquira em nossa loja: lojapalavraeprece.com.br

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  • Pe. Isac Isaas Valle

    CURA INTERIOR PARA A FamliaUma abordagem luz da F e da Cincia

  • Copyright Palavra & Prece Editora Ltda., 2013.Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode serutilizada ou reproduzida sem a expressa autorizao da editora.

    Fundao Biblioteca NacionalDepsito Legal na Biblioteca Nacional,

    conforme Decreto no 1.825, de dezembro de 1907.

    Coordenao editorialJlio Csar Porfrio

    Reviso e diagramaoEquipe Palavra & Prece

    CapaSrgio Fernandes Comunicao

    Imagem: ShutterstockFoto do autor: Arquivo pessoal

    ImpressoProl Grfica e Editora

    ISBN: 978-85-7763-287-9

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    Valle, Isac Isaas Cura interior para a Famlia : uma abordagem luz da F e da Cincia / Isac Isaas Valle. 1. ed. So Paulo : Palavra & Prece, 2013.

    ISBN 978-85-7763-287-9

    1. Cincia 2. Cura pela F 3. F 4. Palavra de Deus (Teologia) 5. Psicologia religiosa I. Ttulo.

    13-12686 CDD-234.131

    ndices para catlogo sistemtico1. Cura interior : Cristianismo 234.131

    PALAVRA & PRECE EDITORA LTDA.Parque Domingos Luiz, 505, Jardim So Paulo, Cep 02043-081, So Paulo, SP, Brasil

    Tel./Fax: +55 (11) 2978.7253E-mail: [email protected] / Site: www.palavraeprece.com.br

  • SumrioIntroduo ..................................................................................................................... 9

    I PARTE O CASAL CRISTO NO PLANO DE DEUS ..................................... 15Introduo ..........................................................................................................................17A Famlia, Instituio Divina ..........................................................................................17

    1: O Ato Criativo, de vontade divina. .................................................................182 O homem e a mulher, criados por Deus .........................................................203 Jesus e o Matrimnio .........................................................................................21

    O sentido Cristo do Matrimnio ..................................................................................24Os Sete Sacramentos ...............................................................................................25A Vocao ao Matrimnio .....................................................................................26

    O casal Cristo: Educador e Formador de Conscincias ............................................45

    II PARTE OS FILHOS, NO SEU CRESCIMENTO E MATURIDADE ......... 51Introduo ..........................................................................................................................53O Mistrio de nossa concepo .......................................................................................53Nossa gestao e nascimento: Beleza, grandeza e sensibilidade ...............................57

    A Gestao ................................................................................................................57O Nascimento ..........................................................................................................60

    A Infncia, a Puberdade e a Adolescncia (Momentos decisivos da vida) ..............71

    III PARTE OS FILHOS, NA IDADE JOVEM E ADULTA ............................... 83Introduo ..........................................................................................................................85A Importncia dos Pais, junto aos filhos Jovens ..........................................................85A idade da Juventude, e seus desafios ............................................................................88

    O desafio das mudanas internas .........................................................................89Mudanas do mundo exterior ...............................................................................91Desejo de um futuro melhor e feliz ......................................................................92

    Os Jovens, na escolha da sua profisso e vocao ........................................................93

  • IV PARTE A FAMLIA, COMO A IGREJA A V! ............................................ 97Introduo ..........................................................................................................................99A Famlia : Escola de Sociabilidade e de Humanismo ............................................100A Famlia: Santurio da Vida ........................................................................................101A Famlia: Igreja Domstica ..........................................................................................103

    Palavra Conclusiva ................................................................................................... 109

    Orao ........................................................................................................................ 115

    Bibliografia geral ....................................................................................................... 123

  • Agradecimentos

    Minha gratido ao nosso Arcebispo Metropolitano D. Eduardo B. S. Rodrigues, pelas consideraes nossa obra, e pelo Imprimatur. Tambm agradeo, com reconhecimento, ao Pe. Joo Carlos Orsi, Censor Eclesistico, e Presidente do Tribunal Interdiocesano de Sorocaba, pelo Nihil Obstat que concedeu presente obra!

    Mais uma vez, quero agradecer ao Mdico Dr. Reynaldo Russo Ayres e Psicloga Dra. Ldia Maurino pela leitura e apreciao desta obra. Tais leigos, com toda sua expe-rincia familiar podem, de forma mais completa e abran-gente, avaliar nossas consideraes, apresentando sugestivas contribuies.

    O cultivo de nosso mundo interior, a observao de nossa constituio, em sua trplice dimenso: fsica, psicolgica e espiritual-religiosa enfim, matria e esprito que nos cons-tituem seres humanos e a busca de luz sobre nosso mistrio humano que nos levou a elaborar este estudo. Sabemos, por experincia e Revelao divina que Deus nos quer saud-veis, e com vida plena disse Jesus (Jo 10,10).

    E, para isso, Ele oferece a si mesmo: nos Sacramentos mormente na Eucaristia e Reconciliao (Sacramentos de Restaurao); na Sua Palavra, na qual nos ajuda a superar as tribulaes da vida, pela Unio ntima com Ele, vivendo em

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    Sua Graa, pela vida de Comunidade Eclesial; na alegria do dom do Esprito, nosso Consolador e Intercessor, que nos fortalece, consola e nos anima nas fraquezas e tribulaes.

    Refletiremos sobre: O Casal Cristo, no Plano de Deus (I parte). Os filhos no seu crescimento e desenvolvimento (na concepo, gestao, nascimento, crescimento etc.: II parte). E estes: Na idade Jovem e Adulta (III parte). Por fim: A Famlia, como a Igreja a v (IV parte), e como a descreve, a considera em seus Documentos oficiais (designando a Fam-lia, com termos j clssicos, como: Escola de Sociabilidade, como Santurio da Vida, e qual: Igreja Domstica).

    Dedico esta obra minha Famlia, na qual nasci, cresci e na qual senti o chamado ao Sacerdcio, e ali recebi todo apoio e incentivo; e Comunidade de So Guilherme (de Sorocaba), na qual exercemos nosso Ministrio Sacerdotal, e na qual tanto crescemos, no cuidado dedicado aos irmos, em seus sofrimentos, quanto em suas alegrias.

    Por fim: Que meus pais e irmos, que esto j na glria do Pai me abenoem em meu trabalho sacerdotal, enquanto aguardamos, na F e na Esperana aquele reencontro e abrao de durao eterna!

    Pe. ISAC ISAAS VALLESacerdote da Comunidade de So Guilherme,

    Sorocaba, So Paulo38 Ano Sacerdotal

  • Introduo

    Depois de estudar e falar sobre Cura Interior (CI), em tantos encontros da Renovao Carismtica Catlica (RCC), temos constatado a necessidade de nos dedicarmos a este tema, agora, no seio da Famlia. No atendimento pastoral notvel a abordagem de problemas relativos vida familiar, os quais incidem, decisivamente, no equilbrio pessoal, na obteno da felicidade familiar e conjugal qual os esposos desejam tanto.

    O tema da Cura Interior, no mbito da Famlia essen-cial, nos nossos dias. Pois as grandes revolues que estamos vivendo, seja no mbito pessoal, social, eclesial, e das comu-nicaes em toda a mdia terminam por incidir tambm sobre a Famlia e seus valores, sempre vividos, at aqui.

    Se bem que o tema da Cura Interior em si algo novo para muitos de ns, e v-lo, agora, aplicado vida familiar um aspecto ainda mais novo e surpreendente e, consequen-temente, desconhecido para muitos. Pois, em muitos casos, o que temos constatado a necessidade que os pais tm da Cura Interior, para se relacionarem melhor entre si, e com seus filhos.

    O tema de nosso trabalho como que uma sequncia de assuntos que temos desenvolvido, ultimamente. Nessa linha de Cura Interior (doravante, simplesmente, CI) este nosso quinto trabalho. O que mais nos levou a este trabalho foi

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    o fato de se ouvir, constantemente, que se tivssemos tido alguma orientao, teramos evitado tantos problemas, e agido de forma bem diferente afirmaram pais e mes!

    Assim, essa falta de boa informao que nos levou a escrever um livro que possa, dentro dos limites de tudo o que humano, oferecer aos pais um momento de reflexo sobre sua vocao santidade (pelo caminho da vocao matrimo-nial), sobre a harmonia conjugal, e de como podem educar os filhos, de forma saudvel e madura.

    Os pais, de fato, podero crescer em sua autoanlise, e se conhecer melhor, revendo as prprias falhas em sua educa-o, e compreendendo melhor os condicionamentos emocio-nais trazidos da infncia, os quais podem condicionar ati-tudes impulsivas e autoritrias na educao dos filhos, e no relacionamento conjugal.

    Tudo nos leva a admitir que a vida pessoal, dentro do Matrimnio (ou at na vida Sacerdotal e Consagrada) deve, constantemente, sofrer ajustes, encontrar formas de equil-brio interior, de reflexo pessoal sobre nossos pensamentos e atos, e de se redescobrir o sentido dos sofrimentos e das alegrias da vida, dentro do mbito de nossa maturidade e realizao pessoal.

    Na vocao da Famlia, torna-se ainda mais necessria a preocupao e ateno que se deve dar Cura Interior. Seja para com os pais, seja em sua relao com os filhos, com os demais familiares etc. Os desajustes pessoais e conjugais sempre refletiro, de forma negativa e destruidora sobre o inconsciente dos filhos. E os ganhos neste campo psico-lgico, por parte dos pais sempre redundar em benefcio aos filhos.

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    Cura interior para a Famlia

    A CI para a Famlia quer ser um momento de nossa refle-xo, de como podemos melhorar nossa posio que temos dentro dessa comunidade bsica na qual nascemos a Fam-lia na qual crescemos e nos desenvolvemos nos aspectos fsico, emocional, intelectual, espiritual e social, os quais nos compem, e em torno dos quais gravitamos nossa existncia.

    Por vezes, temos boas relaes fora do ambiente de nossa Famlia (no mbito dos amigos, no trabalho, na vida social etc.); e, contudo, nossa relao familiar nem sempre to calma, tranquila e harmoniosa, quanto esta fora do lar. fcil ser bom e compreensivo para com os outros; mas, tra-balhar essa bondade, essa pacincia e esse bom humor dentro de casa bem mais complexo; mesmo assim possvel, e deve ser buscado com todas as foras.

    Todos ns necessitamos de CI nesse crculo familiar, por mais incrvel que possa parecer. As necessidades humanas, bsicas para nosso desenvolvimento e maturidade humana e espiritual nem sempre podem ter sido satisfeitas, de forma adequada e plena. Por vezes j trazemos de longe (seja desde no tero materno ou de nossa infncia) algum con-flito familiar, alguma violncia fsica ou verbal entre os pais, ou qualquer desajuste grave entre eles que, em determinado momento, eclodem dentro de ns, como tambm fases de carncias emocionais, pelas quais se tenha passado! Indepen-dente da idade que tenhamos, tais conflitos se manifestam em insatisfaes, desequilbrios, inseguranas afetivas, difi-culdades de aceitao de si mesmos, incapacidades diante dos desafios da vida, divises internas, distores das ima-gens dos pais, no nosso Inconsciente etc.

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    Para muitos, na vida familiar em seu incio esto os grandes conflitos que trazem hoje, quanto as grandes ale-grias e realizaes pessoais. H sempre alguma coisa a ser curada nas relaes familiares, pois onde est o ser humano, ali sempre estar presente a dimenso do limite, da imper-feio e da carncia e por conseguinte a necessidade de se rever e aprimorar o que ficou falho, em nossa formao humano-afetiva. As coisas boas, boas lembranas, momentos de realizaes e felicidades (nossas ou de nossa Famlia) ns tambm os temos arquivados no Inconsciente, e com facili-dade trazemos tona da conscincia.

    E esses, obvio, no necessitam de cura. Basta ver a facili-dade com que deles nos conscientizamos. Mas, com muita dificuldade e dor que buscamos abordar os momentos trau-mticos, empurrados l dentro do Inconsciente, e os repri-mimos de tal modo que seu acesso se torna muito difcil e penoso, quando possvel! De um ou outro modo, temos resis-tncia cura e s transformaes internas.

    Hoje, podemos dizer, estamos tendo uma conscincia mais profunda e ampla de como viver nossa vida familiar, dentro das diferenas de idades, de mentalidades, de psico-logias, de influncias e respostas que podemos dar aos con-flitos, quando estes surgem, nos relacionamentos familiares.

    Deve-se dizer, de forma a-pririca, que uma vida conju-gal-familiar exige, necessariamente, uma constante busca de crescimento pessoal, luz do que a Cincia nos indica, e do que a F nos prope. Para ns, cristos, se impem, hoje, a capacidade de se conhecer melhor nossa Psique (de homem/mulher criana/Jovem), e de como podemos viver a vida de forma sadia e feliz.

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    Cura interior para a Famlia

    No se administra ou se acompanha bem o momento do crescimento de seus filhos e a relao com estes sem levar em conta o Psiquismo Humano da idade, e a relao entre Cons-ciente e Inconsciente. Os filhos, com as suas mentalidades e conscincias ainda em formao, educao e crescimento sofrem a influncia do meio ambiente em que vivem, e at mesmo da mdia que, diariamente metralha informaes, atitudes pessoais, e comportamentos que incidem de forma determinante na psicologia infanto-juvenil.

    Isso ocorre porque a criana e o Jovem ainda esto sob a forte presso das influncias externas, e no armazenaram, ainda, no Inconsciente respostas aos conflitos, reflexes cr-ticas diante o que lhes apresentado. Por vezes, eles absor-vem o que veem e o que ouvem; e isso se torna determinante dentro deles causando, muitas vezes, o choque de mentali-dades, ou de geraes como costumamos dizer.

    Mas, essa constante reviso das atitudes familiares: as dos pais entre si; e as destes em relao aos filhos etc., devem ser uma preocupao constante. Rever a prpria vida familiar, ter uma viso crtica (construtiva) do que no se coaduna com os valores perenes do amor, da Famlia, da unidade e fidelidade matrimonial, da transparncia nas relaes rec-procas, no dilogo e respeito mtuos nestas delicadas e pro-fundssimas relaes o caminho seguro para se construir uma Famlia, na sua plena realizao!

    Veremos, tambm, neste trabalho, o pensamento da Igreja sobre a vida, sobre o Matrimnio em sua preparao e cele-brao, e o que decorre dessa unio do homem e da mulher, sob o olhar da F. So muitos os livros e as publicaes sobre a Famlia humana. A Igreja sempre levou em altssima

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    considerao a instituio familiar, querida por Deus, qual primeira forma de reunio de pessoas, e a qual foi instituda e abenoada por Ele. Cabe Igreja, em sua misso recebida do Cristo oferecer meios para que os casais que se unem no Senhor tenham todas as Graas necessrias para a sua san-tificao, por meio desta vocao santidade, pela via Con-jugal e familiar.

    Nosso trabalho, longe de ser exaustivo apenas uma con-tribuio pequena aos nossos Grupos de Orao da RCC, s pessoas que participam de nossos encontros de reflexo sobre Cura Interior, aos pais e Famlias de nossas comuni-dades paroquiais. Todos ns necessitamos de CI! Isso no novidade para ningum, a essa altura da nossa vida e de nos-sas consideraes.

    Que este nosso trabalho, fruto de nosso esforo pastoral, no atendimento de crianas, Jovens e casais traga algum bem aos leitores, levando-os a rever sua prpria vida, assumindo novas atitudes e melhorando suas relaes afetivas, no seio das Famlias.

  • I P A R T E

    O CASAL CRISTO NO PLANO DE DEUS

    1. A Famlia, Instituio Divina.

    2. O sentido Cristo do Matrimnio.

    3. O Casal Cristo: Educador e Formador de Conscincias.

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    Cura interior para a Famlia

    IntroduoAntes de falarmos da Cura Interior, propriamente dita, no

    contexto da vida familiar queremos, sim, discorrer sobre o Casal Cristo, do ponto de vista do Criador. Como podemos refletir, luz da Teologia do Matrimnio Cristo sobre o sen-tido da vida do casal, e da vida dos filhos que, porventura, nasam dessa unio? De onde vem a Famlia? Para onde esta vai? Qual sua importncia nesse mundo em tamanhas e rpi-das mudanas, que acabam por afetar a instituio mais ori-ginal, a Famlia? Como entender o que se passa em ns, nos filhos, na Sociedade, na Igreja de modo que tudo possa servir para nosso crescimento e felicidade? Quais desafios encon-tramos para a instituio familiar, hoje?

    Vejamos, inicialmente, o Casal Cristo, no plano de Deus. Como o casal foi pensado por Deus Criador? Como essa primeira e mais fundamental clula da sociedade foi vista por Jesus e pela Igreja?

    A Famlia, Instituio DivinaSegundo o relato bblico da Criao, Deus criou o homem

    e a mulher (Gn 1,27; Sb 2,23; Eclo 15,14; 32,17); e os criou Sua imagem e semelhana (Gn 1,27). Os detalhes ali des-critos deste ato criativo divino devem ser lidos atravs da simblica bblica, para que se compreenda a doutrina, a revelao divina contida no estilo literrio usado, para a des-crio do comeo do mundo e da Criao.

    Vejamos alguns princpios bblicos.

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    1: O AtO CriAtivO, de vOntAde divinADe fato, em Gnesis 1,1 se l que Deus criou o Cu e a

    terra! O Autor dessas palavras bblicas quer nos passar a doutrina que afirma ser Deus, o Autor da Criao. Lembra-mos das afirmaes do Papa Joo Paulo II, tecendo conside-raes sobre a criao do homem-mulher, cujos contedos so: Os mistrios do eterno gerar pertence vida ntima de Deus. [Em Gnesis]... gerar de natureza totalmente divina sem conotaes de masculino-feminino. O mesmo se diz da Paternidade divina em Deus: esta livre de qualquer cono-tao da corporeidade prpria humana. O Antigo Testamento se dirige a Deus a um Pai e falava a Deus como a um Pai. Assim [...], o modelo absoluto de toda a gerao dos seres humanos no mundo deve ser procurado em Deus1. Esta a concepo bblica da Criao, seja do mundo como sado das mos de Deus, por Sua livre vontade e iniciativa, quanto do homem pice de todo o criado!

    Para os gregos, a ideia de Deus (em Plato, por exemplo) que este cria por um princpio metafsico que Lhe intrn-seco. Ou seja, cria por ser Deus. O ato criativo est inscrito no ser divino.

    Contudo, para concepo bblica da Criao, Deus cria porque quer criar e neste ato, participar Sua beleza e Sua gl-ria e no impulsionado por um princpio Metafsico, pre-sente em Sua natureza divina.

    Essa concepo, segundo os autores M. Flick e Z. Alsze-ghy (Telogos Jesutas)2 estava influenciada pela ideia plat-nica, segundo a qual h uma necessidade interna a esse ser divino, Infinitamente Bom, a produzir uma obra a mais

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    Cura interior para a Famlia

    perfeita possvel. Esse Ser Divino, sumamente Bom e perfeito (na concepo platnica) cria por ser esse mesmo Ser divino (no por que quer criar...), a diferena da concepo bblica.

    Deus quer participar a Sua bondade e beleza na Criao, na qual Ele deixa Suas pegadas, Seus sinais criativos (Rm 1,18ss). Nada Ele ganha com esse ato. E nada lhe acrescen-tado. pura iniciativa divina querer que o mundo exista. E nada O impulsiona ao ato criativo, a no ser Sua librrima vontade criativa e participativa de Sua beleza e bondade. E Ele cria pela Palavra: Ele diz, e logo tudo existe, se faz!

    Em Gnesis 1, temos uma ordenao do mundo em sete dias (com uma conotao de organizao Cosmolgica, acen-tuada), no final da qual Deus descansou! Ele contemplou que tudo era bom... Nesta escala da Criao, o homem e mulher esto no cimo do Universo criado; somente a eles dito serem imagem e semelhana divina (Gn 1,26-27). Esta descrio bblica, dedicada especialmente criao do ser humano confere ao homem uma particular dignidade no mbito da Criao mesma, a qual no pode ser impunemente violada. (Sobre tal dignidade tambm fala do Salmo 8,6ss provavelmente um estado mais antigo, arcaico da mesma tra-dio de Gnesis), afirma Alberto Soggin, em sua obra3.

    O homem e mulher tambm so criaturas de Deus, sados de suas mos criadoras, sados da vontade divina, portanto, seres dependentes de Deus, em tudo! Tal dependncia humanizar o ser humano em suas relaes, em sua vida, atos quanto em sua posio diante de toda a Criao!

    Para o autor Gerhard Von Rad4: Em Gnesis 1: O homem o vrtice de uma pirmide cosmolgica: Nesta Redao (dita Sacerdotal: P), o interesse cosmolgico muito maior;

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    enquanto que em Gnesis 2,4bss o homem o centro em torno do qual Deus edifica Sua obra (e no a ponta da pir-mide, como em Gnesis 1).

    Nesta linha, lembramos o autor Jean Mouroux, da Escola Francesa de Espiritualidade (dos anos 60), o qual comea o captulo X de sua obra5 com uma citao de So Francisco de Sales (*1567 | 1622) que, a respeito da Criao, assim se expressou de forma to elevada:

    O homem a perfeio do Universo; o esprito a perfeio do homem; o amor, a perfeio do esprito. E a Caridade, a perfeio do amor!

    Ora, estas palavras expressam a grandeza do homem com relao a toda a Criao, e sua especial referncia a Deus, qual Sua imagem e semelhana! De fato, h algo por demais maravilhoso no ser humano, no encontrado em nenhum outro ser criado. Deus cria o homem e a mulher depois de ter criado tudo o que os precede, para que ambos tenham o senhorio sobre toda a criao. o que veremos, a seguir!

    2 O hOmem e A mulher, CriAdOs pOr deusEm Gnesis 2, que um relato bem mais antigo em sua

    composio (que Gnesis 1), e esta elaborao final se situa por volta do Sculo X, a.C., e traz, tambm, em forma sim-blica, a criao humana. Deus tira o homem da terra, e lhe sopra o hlito da vida, e se torna um ser vivente (Gn 2,7).

    Viemos da terra, somos parte da matria criada por Deus, mas com um hlito, um sopro de vida dado por Deus. Muitos autores veem aqui no somente o princpio da vida, mas o

  • Este livro no termina aqui...

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