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1 LIVRO: A LEI KANDIR E O ENFRAQUECIMENTO DOS MUNICIPIOS

livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

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LIVRO: A LEI

KANDIR E O

ENFRAQUECIMENTO

DOS MUNICIPIOS

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SUMÁRIO:

GLOSSÁRIO:

Prefácio:

INTRODUÇÃO:

CAPITULO 1: O espírito da Lei Kandir

1.1 Um breve diagnóstico das exportações brasileiras

CAPITULO 2: Um espírito que assombra os Estados e os Municípios

CAPITULO 3: A soma dos fatores: Perda de arrecadação e

pagamento das dívidas

CAPITULO 4: Um desestímulo a industrialização

BIBLIOGRAFIA:

ANEXO: Lei Kandir, atualizada.

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PREFÁCIO:

Falar sobre um tema tão presente na vida das pessoas, mas ao

mesmo tempo tão desconhecido, me soa como um desafio.

Afinal, como dizer que uma lei criada para diminuir impostos no

Brasil, um dos países que mais castiga seus cidadãos com uma das

maiores cargas tributárias do mundo, acaba sendo ruim para a

sociedade?

Mas o livro, que é uma abordagem da lei Kandir sob a ótica dos

Municípios, é um facilitador para quem se dispõe a enfrentar tal

desafio.

Temos aqui um estudo sério da AMM, Associação Mato-Grossense dos

Municípios, entidade que representa com muita responsabilidade os

anseios dos entes federativos que mais sofrem com os efeitos da lei

Kandir, e que na presidência do meu amigo Meraldo Sá, prefeito de

Acorizal, parece disposta a estudar as raízes dos problemas que

prejudicam a causa municipalista.

Na grande maioria dos Municípios brasileiros, os serviços públicos

básicos são oferecidos com péssima qualidade, basta ver as filas nos

hospitais, os alunos sem transporte escolar e as escolas que ao invés

de promover uma educação enriquecedora, produzem e reproduzem

desigualdades sociais.

O que a lei Kandir faz é diminuir os tributos dos produtos primários e

semi-elaborados para exportação. Mas faz isso tirando arrecadação

dos Estados e Municípios, que cada vez estão mais fracos, com

menos capacidade sequer para oferecer serviços públicos de

qualidade, quanto mais investir em recuperação de suas ruas, pontes

e estradas.

Estamos vendo alguém fazer cortesia com o chapéu alheio. Se a

União criou a lei Kandir para equilibrar a balança de pagamentos do

país, deveria ter feito isso cortando só os impostos que ela arrecada.

Mas não, tirou dos outros dois entes federativos. Além disso, desde

1996 até hoje, quando ela foi criada, a carga tributária no país

continua crescendo, e de maneira que penaliza com maior rigor os

mais pobres.

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Como a lei Kandir tira os impostos apenas para os produtos primários

e semi elaborados e que são exportados, isso quer dizer que se

alguém vender carne “in natura” para o exterior não paga tributos,

mas a carne que fica vendida aqui no Brasil paga. Isso não penaliza o

cidadão brasileiro?

Se não bastasse isso tudo, a lei Kandir é como um tapa na cara da

industrialização da região produtora no Brasil, já que produto

industrializado seja para exportação ou para o mercado interno

continua pagando impostos.

E por falar em industrialização, quando imaginamos cenários futuros

para nossa economia e sociedade, fica no ar uma lembrança de como

o Brasil foi construído. O livro que a AMM nos brinda é uma reflexão

que passeia pela história, ao nos alertar que vemos muitas das

riquezas naturais do Brasil sendo vendidas, mas sem industrializar, o

que acaba transferindo os empregos, os tributos e seus valores

agregados para algum país do exterior.

Assim é a história econômica do Brasil desde a chegada dos primeiros

portugueses. Os Estados que conseguiram escapar desta triste sina,

como São Paulo, são os que mais se desenvolveram no país.

Com exemplos positivos é possível se imaginar outro país daqui para

diante. Um lugar onde suas riquezas se transformem em renda,

oportunidades e serviços públicos de qualidade para a população.

O livro que critica a lei Kandir, com tantos dados e comparações, é

um mergulho na estrutura das exportações no Brasil. Uma reflexão

para que o brasileiro não se contente com um “oba-oba” de que

somos campeões em produção disso e daquilo.

De que adianta tantos navios deixarem os portos brasileiros, com

milhares de toneladas de nossa riqueza, mas quando um cidadão vai

ao pronto socorro de sua cidade, se depare com filas, desrespeito e

não veja refletido, na solução dos seus problemas, os efeitos de um

país que se vangloria em exportar as riquezas de seu solo.

José Geraldo Riva

Presidente da Assembléia Legislativa de Mato Grosso

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GLOSSÁRIO:

ICMS: Imposto sobre circulação de mercadorias e serviços.

IBGE: Instituto brasileiro de geografia e estatística.

IPCA: Índice nacional de preços ao consumidor amplo.

LRF: Lei de Responsabilidade Fiscal.

IGP-DI: Índice geral de preços- disponibilidade interna.

STN: Secretaria do tesouro nacional.

CPI: Comissão parlamentar de inquérito.

TJLP: Taxa de juros de longo prazo.

FGV: Fundação Getúlio Vargas.

IBRE: Instituto brasileiro de economia.

BNDES:Banco nacional de desenvolvimento econômico e social.

FOB: Free on board. ( O pagamento do frete feito pelo destinatário)

IPEA: Instituto de pesquisas econômicas aplicadas.

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INTRODUÇÃO:

Quando o governo Fernando Henrique Cardoso sancionou a lei

Kandir, em 1996, ele mirava melhorar a competitividade de nossos

produtos primários para exportação, o que serviria para diminuir os

impactos nocivos na economia das chamadas âncoras, a cambial e a

monetária, adotadas em seu governo.

Pode se dizer que a mira de FHC estava um tanto quanto torta,

porque mesmo que tenha, de alguma forma, atingido sua meta ela

acertou em cheio mesmo foram às finanças de alguns Estados e

Municípios, e serviu como desestímulo a industrialização da produção

primária no Brasil.

Desde sua implantação, os Estados e os Municípios vêm perdendo

arrecadação. Para 2011, a União incorporou ao orçamento apenas R$

3,9 bilhões para compensar os Estados e Municípios por conta da lei

Kandir. Porém, apesar das dificuldades metodológicas conforme

veremos no capítulo 2, a estimativa é que entre a diferença do que

poderia ser arrecadado de ICMS dos produtos primários e semi

elaborados e a compensação do governo federal, ainda reste um

déficit de R$ 16 bilhões aos Estados e aos Municípios em 2011.

O ICMS é um imposto arrecadado pelos Estados, mas os Municípios

ficam com 25% dele. E como na repartição do montante de tributos

arrecadados no Brasil, os Municípios já ficam com a menor parte, o

fato de a União manter a lei Kandir, sem a devida compensação,

ajuda a aniquilar a capacidade financeira da grande maioria dos

Municípios brasileiros.

Para ampliar os debates sobre o tema, e mostrar que o país pratica

uma política econômica contrária ao movimento de diminuir o

chamado “custo Brasil,”o presente trabalho vai nos mostrar que dos

países do chamado BRICs (Brasil, Russia, India e China) apenas o

Brasil tem uma moeda valorizada com relação ao dólar, o que, até

como conseqüência de uma política de juros altos e altíssima carga

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tributária, afeta em muito a competitividade dos produtos brasileiros

para exportação.

Nesse sentido abordaremos, ainda que rapidamente, o reflexo dessa

política adotada pelo Brasil na crise mundial dos alimentos que

assombra o mundo.

Uma das conclusões mais importantes do livro é podermos dizer que,

se o país ainda mantém competitividade no comércio exterior,

mesmo com as péssimas estradas, ferrovias, hidrovias e portos e

ainda com um cambio valorizado, juros e carga tributária alta, é

porque nosso solo e nosso agricultor são abençoados e,

principalmente, porque os Estados e os Municípios pagam a conta.

Aos cofres dos Estados recai ainda outra carga pesada. Eles

desembolsaram juntos em 2010, R$ 34 bilhões para pagar a dívida

que têm junto ao governo federal. Ainda assim, o estoque devido

aumentará em R$ 22 bilhões. Ou seja, nem os juros estão sendo

pagos. Essa contradição se explica pelos indexadores da dívida

pública serem mais do que altos, o que torna muitos casos

impagáveis.

A conflituosa relação entre os entes federados no Brasil, vista por

esses dois aspectos: limitação do poder de tributar (com a lei Kandir)

e um endividamento que sangra os cofres dos Estados e das capitais

brasileiras, também ajuda a explicar o principal motivo pelo qual os

serviços públicos vivem crises, que muitas vezes beiram o caos.

E o caos se estabelece nos municípios, onde as pessoas moram. Por

isso, a maior parte das criticas recai no prefeito, que é o agente

político com funções executivas com quem o cidadão mais tem

oportunidades de se encontrar. Na verdade, o cidadão não precisa

mesmo saber se as responsabilidades são da União, dos Estados ou

dos Municípios, ele paga impostos (e põe paga impostos nisso), por

esse motivo ele quer ter os serviços mínimos prestados e com

qualidade.

O livro aborda também o golpe no processo de industrialização nos

Estados produtores primários, que também é uma conseqüência da

lei Kandir. Evidentemente, se no Brasil exportar o produto primário

ou semi-elaborado é uma atividade desonerada de tributos, ao passo

que o industrializado gera alta carga tributária, o caminho mais

interessante para o capital é manter aqui apenas a estrutura ligada a

produção primário-exportadora.

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Quando a Associação Mato-Grossense dos Municípios se lançou no

estudo do tema lei Kandir, ela foi provocada pela preocupação dos

prefeitos que se deparam com um constante aumento de

responsabilidades e uma queda relativa nas receitas de seus

Municípios. A ausência de um movimento forte de industrialização em

Mato Grosso, e a população pedindo para que o prefeito "de um jeito"

e traga novas indústrias com seus empregos e renda, também foi

inspiração para o presente livro

Os problemas abordados aqui parecem comuns a todo país, e suas

conseqüências se agravam nos Estados com forte dependência

econômica da produção primária. E como a origem dos problemas

parece ser a mesma: os efeitos nocivos da lei Kandir, o livro procura

ser válido para todo o país, não se limitando a abordar Mato Grosso.

Também nos cabe a consciência de que, não tendo a profundidade de

um estudo acadêmico, ele é antes um grito de angústia dos agentes

políticos diante de um sistema federativo injusto e que pune o

cidadão, com a acelerada queda na qualidade dos serviços públicos.

Como conclusão, ou como sugestão de modificação na lei Kandir,

orientamos que o governo federal crie um modelo de tributação

transitório, autorizando os Estados a tributar os produtos primários e

semi-elaborados, porém com alíquotas menores para, num período

de cinco anos, chegar à tributação cheia de cada Estado. Ou seja, um

Estado que pratica uma tarifa média de 12% no ICMS começa a

tributar os produtos primários e semi elaborados em 2%, e assim

sucessivamente para, em cinco anos, chegar aos 12%

Por outro lado, os produtos primários que passam por um processo

de industrialização maior, os chamados manufaturados, sejam

beneficiados com reduções nas alíquotas para que no prazo dos

mesmo cinco anos, a atual alíquota seja reduzida em 40%, passando

de 12% para 7,2%.

Acreditamos que precisamos repensar e, de alguma forma, mudar o

pacto federativo, afinal um pacto só é justo quando as partes têm

autonomia e são independentes. Os Municípios brasileiros ainda

buscam seu grito de independência.

Meraldo Figueiredo de Sá

Prefeito de Acorizal - Mato Grosso

Presidente da AMM- Associação Mato-Grossense dos Municípios

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CAPITULO 1: O espírito da Lei Kandir

É bem verdade que a Lei Kandir foi concebida como instrumento para

disciplinar o funcionamento do ICMS. Mas, na prática ela foi aprovada

porque o governo brasileiro buscava desesperadamente diminuir os

efeitos negativos da política de estabilização econômica provocados

pelas âncoras cambial, que valorizava o real, e monetária, que

elevava a taxa de juros.

Só com a articulação do governo Fernando Henrique Cardoso, que

convenceu rapidamente os Estados oferecendo-lhes um chamado

seguro receita que garantia repasses automáticos em caso de queda

de arrecadação, a lei Kandir passou sem grandes dificuldades pelo

congresso nacional.

O deputado federal Antonio Kandir, o autor da lei complementar 87

de 1996, estimava que por conta da sua lei, a economia cresceria

1,5% a mais do que o PIB a cada ano seguinte à sua implantação.

Como um tipo de espiral positivo, que atrairia mais investimentos,

mais renda, e por aí adiante, utilizando a desoneração das

exportações de produtos não manufaturados e a permissão das

empresas receberem o crédito de ICMS na aquisição de máquinas,

equipamentos e material de consumo, como o instrumento de

impulso para nossa economia.

Com efeito, o Brasil consegue segurar ou evitar que dispare ainda

mais o preço final dos produtos primários e semi-elaborados, ao

desonerá-los do ICMS. Mas é muito provável que conseguiria uma

competitividade maior se melhorasse a logística nos Estados

produtores, como Mato Grosso, que convive com péssimas estradas e

poucas ferrovias e hidrovias.

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Custos logísticos. Grãos

Vermelho: mais caro US$ 110,00 a tonelada (custo até o porto mais próximo)

Azul escuro: mais barato US$ 20,00 a tonelada (custo até o porto mais próximo)

Fonte: Aprosoja/Agroconsult 2011

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Como vemos, o custo do transporte de grãos para o porto mais

próximo da maior região produtora do país, o Centro Oeste, é mais

que cinco vezes mais caro do que uma região próxima do litoral, isso

sem contar que os próprios portos no Brasil praticam um preço acima

dos concorrentes Argentina e Estados Unidos.

Além disso, se o Brasil não tivesse um cambio que valorizasse tanto o

real com relação ao dólar, nossa produção, não apenas a primária

mas todo nosso comércio exterior, seria muito mais competitiva.

Porque um real mais caro deixa os produtos automaticamente mais

caros no exterior.

Fonte: Banco Mundial, ano base 2010.

Podemos perceber claramente que dos países do chamado BRICs

(Brasil, Rússia, Índia e China) apenas o Brasil tem uma moeda

valorizada com relação ao dólar. Se o país mantém competitividade

no comércio exterior, com péssimas estradas, ferrovias, hidrovias e

portos e com um cambio valorizado, é porque nosso solo e nosso

agricultor são abençoados e porque os Estados e os Municípios

pagam a conta.

Entretanto toda a sociedade ajuda a pagar parte da conta. Afinal,

uma das causas do cambio valorizado é em razão do Brasil continuar

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adotando uma política de juros altos. Isso também afeta diretamente

o setor produtivo, encarecendo toda a cadeia financeira. Neste

sentido, se juntando as nossas enormes deficiências de logística e

infra-estrutura, o chamado “Custo Brasil” ainda é muito alto, e a lei

Kandir fica sendo como a única medida efetiva que o país adotou

para conter esse indicador que inibe o aceleramento de nossas

exportações.

Taxa de juros, países do BRICs, últimas alterações até março 2011

País em %

Brasil 11,75

Rússia 8

Índia 6,75

China 6,06 FONTE: Banco Mundial, elaboração Prodata

Mas se a lei Kandir guardava o espírito de diminuir nossa carga

tributária, o país precisa rever esse efeito, já que o Brasil ainda

mantém uma das maiores cargas tributárias do mundo, além de

tributar, com maior severidade, a população mais pobre que paga

(sem saber) tributos indiretos por quase tudo que consome.

O quadro abaixo deixa claro que os possíveis efeitos positivos da lei

Kandir, que seria diminuir nossa carga tributária, não chega para a

população em geral. Quando voltamos a fazer comparação com os

países do BRICs, percebemos que temos uma carga muito superior.

Vejamos a comparação:

Carga tributária com relação ao PIB, Países do BRICs

País Em % 2010

Brasil 34

Rússia 23

China 20

Índia 12 FONTE: Banco Mundial, elaboração Prodata

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As comparações com os países do BRICs foram feitas porque são os

nossos maiores concorrentes em termos de mercado global. Embora

quando se fala em exportação de soja, é verdade que competimos

diretamente com Argentina e Estados Unidos. Mas se queremos

compreender melhor o espírito de competitividade do Brasil,

acreditamos que é melhor uma comparação com os BRICs.

E é preciso entender essa competitividade, com a China por exemplo

que é nosso grande comprador de produtos primários, para

dimensionarmos o porquê se fala em aumento do preço dos

alimentos no mundo, que vem provocado crises profundas, como a

dos países do oriente médio, como o Egito e a Líbia.

Naturalmente o Brasil não é o único responsável pela crise no preço

dos alimentos mundial. Mas a parcela do país fica clara no seu

esforço em atender a demanda exterior por alimentos, sobretudo da

China e dos países europeus, se dedicando muito em manter os

preços dos produtos primários competitivos, o que melhora sua

balança comercial e de pagamentos.

Mas como para isso, o esforço do governo brasileiro se limita em

manter os efeitos da lei Kandir, o preço real das commodities não

tem baixado, ao contrário, pois a soma dos outros fatores é maior do

que a “economia” conseguida com a lei Kandir.

Ou seja, não adianta só desonerar a produção primária. Ao manter

um cambio alto, juros altos, logística cara e, para piorar, não

proteger os agricultores de práticas hostis de algumas tradings, que

praticam verdadeira agiotagem na relação de compra e venda das

commodities, a conseqüência é que o país com o maior potencial

agrícola do mundo, o Brasil, tem contribuído com o aumento

internacional no preço dos alimentos. Essa crise tem levado a fome e

se faz notória pelos protestos que se iniciam pelo oriente médio.

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1.1 Um breve diagnóstico das exportações

brasileiras

O Ipea divulgou um relatório “ O comércio internacional e

sustentabilidade socioambiental no Brasil” onde os autores afirmam

que para o país alcançar o nível de uma economia sustentável- do

ponto de vista social e ambiental- precisa rever seu papel no mercado

externo.

O estudo conclui que, o fato do Brasil ter uma economia internacional

baseada em fornecimento de commodities e produtos com pouca

tecnologia, resulta em impactos negativos do ponto de vista social e

ambiental.

O estudo do Ipea ressalta que a exportação de produtos intensivos

em recursos naturais ao mesmo tempo que produz riquezas resulta

em uma série de problemas, sobretudo para os mais pobres. Os

problemas vão desde o uso extensivo de agrotóxico e seu possível

impacto na saúde, até os estragos feitos nas rodovias pelo uso

excessivo dos caminhões como meio de transporte de grãos.

Com efeito, como veremos nos gráficos a seguir, o aumento das

exportações brasileiras se baseou em produtos de baixa tecnologia,

embora nossa pauta de exportações apresente também produção de

alta tecnologia, como os aviões.

Os números deixam claro que o Brasil depende, cada vez mais, de

suas exportações para a China. Outra observação importante é a

participação destacada das chamadas tradings, que consolidaram sua

grande relevância no rol das principais empresas exportadoras.

Por outro lado, a se julgar pela participação das exportações

brasileiras no total de exportações mundiais, ainda temos um

desempenho tímido, embora em crescimento. Assim, os números

abaixo fortalecem as teses de que a)os produtos primários são

fundamentais para o equilíbrio de nossa balança comercial, mas b)

para que o Brasil aumente significativamente seu desempenho como

exportador mundial, precisa agregar tecnologia e industrialização a

suas exportações.

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Balança comercial Brasil em US$ 1.000 FOB

Ano Exportações Variação% Importação Variação% Saldo 1998 51.139.862 --- 57.763.476 --- -6.623.614

1999 48.012.790 -6,11 49.301.558 -14,65 -1.288.768

2000 55.118.920 14,8 55.850.663 13,28 -731.743

2001 58.286.593 5,75 55.601.758 -0,45 2.684.835

2002 60.438.653 3,69 47.242.654 -15,03 13.195.999

2003 73.203.222 21,12 48.325.567 2,29 24.877.655

2004 96.677.497 32,07 62.835.616 30,03 33.841.882

2005 118.529.184 22,6 73.600.376 17,13 44.928.809

2006 137.807.470 16,26 91.350.841 24,12 46.456.629

2007 160.649.073 16,58 120.617.446 32,04 40.031.627

2008 197.942.443 23,21 172.984.768 43,42 24.957.675

2009 152.994.743 -22,71 127.722.343 -26,17 25.272.400

2010 201.915.285 31,98 181.648.676 42,22 20.266.610

Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Principais empresas exportadoras

rancking Empresa 2010 Participação 2009 Participação2 variação

US$ FOB US$ FOB 10/set

1 VALE S.A. 24.042.781.096 11,91 10.826.433.667 7,08 122,07

2 PETROLEO BRASILEIRO S A PETROBRAS

18.186.702.049 9,01 12.306.670.273 8,04 47,78

3 BUNGE ALIMENTOS S/A 4.300.622.399 2,13 4.343.907.952 2,84 -1

4 EMBRAER S.A. 4.159.977.026 2,06 4.053.295.804 2,65 2,63

5 SAMARCO MINERACAO S/A 3.213.635.043 1,59 1.460.715.184 0,95 120

6 CARGILL AGRICOLA S A 3.028.022.863 1,5 2.335.561.435 1,53 29,65

7 ADM DO BRASIL LTDA 2.630.964.968 1,3 2.769.509.959 1,81 -5

8 BRASKEM S/A 2.470.749.533 1,22 1.893.475.277 1,24 30,49

9 SADIA S.A. 2.286.365.828 1,13 1.873.175.779 1,22 22,06

10 BRF - BRASIL FOODS S.A. 2.127.147.259 1,05 1.505.734.731 0,98 41,27

11 ARCELORMITTAL BRASIL S.A.

2.030.003.659 1,01 1.691.355.303 1,11 20,02

12 SHELL BRASIL LTDA 1.936.304.635 0,96 836.992.021 0,55 131,34

13 VOLKSWAGEN DO BRASIL LTDA

1.758.955.565 0,87 1.479.429.138 0,97 18,89

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14 LOUIS DREYFUS COMMODITIES BRASIL S.A.

1.755.284.845 0,87 1.536.609.752 1 14,23

15 JBS S/A 1.734.411.196 0,86 863.755.687 0,56 100,8

16 COPERSUCAR-COOPERATIVA DE PRODUTORES DE CANA-DE

1.626.027.326 0,81 1.036.988.365 0,68 56,8

17 FIBRIA CELULOSE S/A 1.579.258.035 0,78 409.808.539 0,27 285,36

18 MERCEDES-BENZ DO BRASIL LTDA.

1.547.767.255 0,77 1.233.811.272 0,81 25,45

19 COMPANHIA BRASILEIRA DE METALURGIA E MINERACAO

1.547.585.594 0,77 939.012.728 0,61 64,81

20 GENERAL MOTORS DO BRASIL LTDA

1.468.163.948 0,73 861.798.960 0,56 70,36

21 FORD MOTOR COMPANY BRASIL LTDA

1.351.017.043 0,67 812.264.746 0,53 66,33

22 ALUNORTE ALUMINA DO NORTE DO BRASIL S/A

1.307.774.373 0,65 1.173.638.913 0,77 11,43

23 BAHIA SUL CELULOSE S.A. 1.248.031.748 0,62 921.420.839 0,6 35,45

24 FIAT AUTOMOVEIS SA 1.229.069.231 0,61 871.365.618 0,57 41,05

25 USINAS SIDERURGICAS DE MINAS GERAIS S/A. USIMIN

1.118.912.933 0,55 574.258.336 0,38 94,84

26 CATERPILLAR BRASIL LTDA

1.085.761.408 0,54 490.097.755 0,32 121,54

27 RENAULT DO BRASIL S.A 1.068.096.114 0,53 577.317.492 0,38 85,01

28 AMAGGI EXPORTACAO E IMPORTACAO LTDA

1.067.164.761 0,53 1.404.931.381 0,92 -24,04

29 SEARA ALIMENTOS S/A 1.062.445.517 0,53 986.424.123 0,64 7,71

30 GERDAU ACOMINAS S/A 1.018.877.218 0,5 565.957.160 0,37 80,03

31 NACIONAL MINERIOS S/A 1.003.195.222 0,5 676.611.858 0,44 48,27

32 MINERVA S.A. 998.252.891 0,49 734.386.491 0,48 35,93

33 ALBRAS ALUMINIO BRASILEIRO S/A

898.310.885 0,44 712.685.794 0,47 26,05

34 NOBLE BRASIL S.A. 855.431.314 0,42 395.061.861 0,26 116,53

35 MULTIGRAIN S.A. 812.259.646 0,4 635.555.939 0,42 27,8

36 PETROBRAS DISTRIBUIDORA S A

806.647.520 0,4 553.994.318 0,36 45,61

37 COSAN S/A INDUSTRIA E COMERCIO

803.541.283 0,4 756.018.617 0,49 6,29

38 MARFRIG FRIGORIFICOS E COMERCIO DE ALIMENTOS LT

783.350.769 0,39 426.196.494 0,28 83,8

39 COOPERATIVA AGROPECUARIA MOURAOENSE LTDA

771.380.134 0,38 706.864.186 0,46 9,13

40 SUCOCITRICO CUTRALE LTDA

769.991.989 0,38 676.255.908 0,44 13,86

41 DEMAIS EMPRESAS 98.425.043.214 48,75 84.085.393.150 54,96 17,05

Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Page 17: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

17

Totais das exportações brasileiras por valor agregado US$ 1.000 FOB

Ano Básicos Industrializados Semimanufaturados Manufaturados Operações Total

A+B A B especiais

1998 12.976.630 37.506.851 8.120.091 29.386.759 656.381 51.139.862

1999 11.827.714 35.312.933 7.981.817 27.331.116 872.142 48.012.790

2000 12.564.214 41.057.953 8.499.144 32.558.809 1.496.754 55.118.920

2001 15.349.157 41.200.952 8.243.720 32.957.232 1.736.484 58.286.593

2002 16.959.138 42.033.927 8.965.475 33.068.453 1.445.588 60.438.653

2003 21.186.281 50.708.651 10.944.949 39.763.702 1.308.290 73.203.222

2004 28.528.571 66.570.282 13.432.830 53.137.453 1.578.644 96.677.497

2005 34.723.705 81.323.200 15.962.531 65.360.669 2.482.279 118.529.184

2006 40.280.500 94.545.598 19.522.658 75.022.940 2.981.372 137.807.470

2007 51.595.635 105.742.766 21.799.871 83.942.894 3.310.673 160.649.073

2008 73.027.660 119.755.774 27.073.161 92.682.613 5.159.009 197.942.443

2009 62.156.087 88.042.608 20.502.083 67.540.525 2.796.047 152.994.743

2010 90.147.293 107.993.373 28.207.419 79.785.954 3.774.619 201.915.285

Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Page 18: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

18

Principais países destino das exportações brasileiras

Rancking País 2010 Participação 2009 Participação2 Variação

US$ FOB % US$ FOB % 10/set

1 CHINA 30.785.906.442 15,25 21.003.886.286 13,73 46,57

2 ESTADOS UNIDOS 19.307.295.562 9,56 15.601.628.031 10,2 23,75

3 ARGENTINA 18.522.520.610 9,17 12.784.966.502 8,36 44,88

4 PAISES BAIXOS (HOLANDA) 10.227.723.216 5,07 8.150.135.304 5,33 25,49

5 ALEMANHA 8.138.465.358 4,03 6.174.959.596 4,04 31,8

6 JAPAO 7.140.831.782 3,54 4.269.694.690 2,79 67,24

7 REINO UNIDO 4.634.526.237 2,3 3.726.539.179 2,44 24,37

8 CHILE 4.258.362.263 2,11 2.656.793.690 1,74 60,28

9 ITALIA 4.235.337.908 2,1 3.016.154.168 1,97 40,42

10 RUSSIA, 4.152.040.877 2,06 2.868.561.150 1,87 44,74

11 ESPANHA 3.893.772.760 1,93 2.663.708.775 1,74 46,18

12 VENEZUELA 3.853.971.840 1,91 3.610.339.282 2,36 6,75

13 COREIA DO SUL 3.760.122.477 1,86 2.658.290.692 1,74 41,45

14

MEXICO 3.715.465.125 1,84 2.675.888.299 1,75 38,85

15 FRANCA 3.576.423.818 1,77 2.905.454.953 1,9 23,09

16 PROVISAO DE NAVIOS E AERONAVES

3.569.963.804 1,77 2.613.934.498 1,71 36,57

17 INDIA 3.492.350.604 1,73 3.415.040.261 2,23 2,26

18 BELGICA 3.476.931.953 1,72 3.137.962.944 2,05 10,8

19 ARABIA SAUDITA 3.098.779.807 1,53 1.952.775.781 1,28 58,69

20 SANTA LUCIA 2.743.846.833 1,36 2.434.211.310 1,59 12,72

21 PARAGUAI 2.547.907.945 1,26 1.683.902.379 1,1 51,31

22 CANADA 2.321.096.157 1,15 1.712.171.748 1,12 35,56

23 COLOMBIA 2.196.082.529 1,09 1.801.053.432 1,18 21,93

24 IRA 2.120.942.515 1,05 1.218.107.183 0,8 74,12

25 PERU 2.020.560.291 1 1.489.062.914 0,97 35,69

26 EGITO 1.967.533.716 0,97 1.443.980.525 0,94 36,26

27 EMIRADOS ARABES UNIDOS

1.855.027.564 0,92 1.771.988.435 1,16 4,69

28 TAIWAN (FORMOSA) 1.737.680.151 0,86 961.025.096 0,63 80,82

29 HONG KONG 1.721.935.348 0,85 1.865.298.411 1,22 -7,69

30 INDONESIA 1.662.902.121 0,82 1.150.617.214 0,75 44,52

31 DEMAIS PAÍSES 35.178.977.722 17,42 29.576.610.077 19,33 18,94

Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Page 19: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

19

Principais produtos exportados

Rancking descrição 2.010 participação 2.009 participação variação

US$ FOB % US$ FOB % 10/set

1 MINERIOS DE FERRO NAO AGLOMERADOS 21.353.877.790 10,58 10.582.192.295 6,92 101,79

2 OLEOS BRUTOS DE PETROLEO 16.293.240.040 8,07 9.350.878.764 6,11 74,24

3 OUTROS GRAOS DE SOJA,MESMO TRITURADOS 11.035.209.981 5,47 11.412.997.151 7,46 -3,31

4 ACUCAR DE CANA,EM BRUTO 9.306.850.558 4,61 5.978.586.359 3,91 55,67

5 MINERIOS DE FERRO AGLOMERADOS 7.558.004.219 3,74 2.664.711.381 1,74 183,63

6 CAFE NAO TORRADO,NAO DESCAFEINADO,EM GRAO

5.181.628.351 2,57 3.761.266.767 2,46 37,76

7 BAGACOS E OUTS.RESIDUOS SOLIDOS,DA EXT 4.672.688.072 2,31 4.591.662.147 3 1,76

8 PASTA QUIM.MADEIRA DE N/CONIF.A SODA/SULFATO,

4.430.470.699 2,19 3.073.129.255 2,01 44,17

9 PEDACOS E MIUDEZAS,COMEST.DE GALOS/GALINHAS,C

3.530.791.032 1,75 2.885.588.479 1,89 22,36

10 OUTS.ACUCARES DE CANA,BETERRABA,SACAROSE 3.454.832.107 1,71 2.399.232.130 1,57 44

11 CARNES DESOSSADAS DE BOVINO,CONGELADAS 3.368.559.542 1,67 2.648.531.001 1,73 27,19

12 OUTROS AVIOES/VEICULOS AEREOS,PESO>15000KG,VA

3.036.489.921 1,5 3.107.866.131 2,03 -2,3

13 AUTOMOVEIS C/MOTOR EXPLOSAO,1500<CM3<=3000,AT

2.994.166.213 1,48 2.111.517.687 1,38 41,8

14 CARNES DE GALOS/GALINHAS,N/CORTADAS E M PEDACO

2.254.395.921 1,12 1.926.680.502 1,26 17,01

15 "FUEL-OIL" 2.194.023.601 1,09 1.462.570.536 0,96 50,01

16 FUMO N/MANUF.TOTAL/PARC.DESTAL.FLS.SECAS,ETC.

2.189.161.408 1,08 2.386.448.123 1,56 -8,27

17 MILHO EM GRAO,EXCETO PARA SEMEADURA 2.122.167.536 1,05 1.258.599.893 0,82 68,61

18 CONSUMO DE BORDO - COMBUSTIVEIS E LUBRIF 2.044.057.918 1,01 1.561.220.341 1,02 30,93

19 OUTROS PRODS.SEMIMANUF.FERRO/ACO,C<0.25%,SEC.

1.926.447.795 0,95 1.186.517.186 0,78 62,36

20 OURO EM BARRAS,FIOS,PERFIS DE SEC.MACICA 1.786.056.585 0,88 1.384.098.109 0,9 29,04

21 ALUMINA CALCINADA 1.715.993.517 0,85 1.297.961.904 0,85 32,21

22 FERRONIOBIO 1.556.668.696 0,77 1.060.222.381 0,69 46,82

23 CONSUMO DE BORDO - COMBUSTIVEIS E LUBRIF. 1.525.784.983 0,76 1.049.809.580 0,69 45,34

24 OLEO DE SOJA,EM BRUTO,MESMO DEGOMADO 1.190.189.522 0,59 1.040.868.766 0,68 14,35

25 ALUMINIO NAO LIGADO EM FORMA BRUTA 1.109.211.927 0,55 1.013.459.970 0,66 9,45

26 OUTRAS CARNES DE SUINO,CONGELADAS 1.099.508.272 0,54 982.741.804 0,64 11,88

27 AUTOMOVEIS C/MOTOR EXPLOSAO,1000<CM3<=1500,AT

1.075.471.633 0,53 782.397.853 0,51 37,46

28 ALCOOL ETILICO N/DESNATURADO 1.013.212.990 0,5 1.337.909.795 0,87 -24,27

29 FERRO FUNDIDO BRUTO NAO LIGADO,C/PESO<=0.5% D

971.091.130 0,48 1.089.647.934 0,71 -10,88

30 TERMINAIS PORTÁTEIS DE TELEFONIA CELULAR 943.729.471 0,47 1.366.969.870 0,89 -30,96

31 ALGODAO SIMPLESMENTE DEBULHADO,NAO CARDADO

807.229.938 0,4 674.038.224 0,44 19,76

Page 20: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

20

32 OUTROS SUCOS DE LARANJAS,NAO FERMENTADOS 750.830.678 0,37 596.712.157 0,39 25,83

33 OUTRAS PARTES E ACESS.P/TRATORES E VEICULOS

747.245.007 0,37 593.405.623 0,39 25,92

34 OUTROS MINERIOS DE COBRE E SEUS CONCENTRADOS

717.882.147 0,36 467.870.782 0,31 53,44

35 SUCOS DE LARANJAS,CONGELADOS,NAO FERMENTADOS

685.530.847 0,34 706.131.149 0,46 -2,92

36 OUTS.CALÇADS.SOL.EXT.BORR./PLÁST.COURO/NAT. 661.660.456 0,33 653.937.751 0,43 1,18

37 OUTROS TUBOS FLEXIVEIS DE FERRO OU ACO 649.202.049 0,32 400.219.581 0,26 62,21

38 CHASSIS C/MOTOR P/VEICS.AUTOMOVEIS TRANSP 632.698.317 0,31 454.862.629 0,3 39,1

39 OUTROS BOVINOS VIVOS 632.557.375 0,31 419.522.109 0,27 50,78

40 MOTOCOMPRESSOR HERMETICO,CAPACIDADE<4700 FRIG

620.453.495 0,31 471.363.627 0,31 31,63

41 OUTS.COUROS/PELES,INT.BOVINOS,PREPARS.ETC. 591.392.273 0,29 414.477.441 0,27 42,68

42 OUTROS GRANITOS TRABALHADOS DE OUTRO MODO

575.982.101 0,29 433.035.769 0,28 33,01

43 CARNES DE OUTS.ANIMAIS,SALGADAS,SECAS,ETC. 553.459.136 0,27 506.795.715 0,33 9,21

44 PNEUS NOVOS PARA AUTOMOVEIS DE PASSAGEIRO 549.121.244 0,27 465.914.385 0,3 17,86

45 PAPEL FIBRA MEC<=10%,40<=P<=150G/M2,FLS.LADO<

545.390.626 0,27 457.456.517 0,3 19,22

46 OUTRAS PARTES E ACESS.DE CARROCARIAS P/VEIC

536.121.795 0,27 389.571.317 0,25 37,62

47 CAFE SOLUVEL,MESMO DESCAFEINADO 535.038.237 0,26 460.599.189 0,3 16,16

48 OUTROS TRATORES 529.540.773 0,26 447.116.616 0,29 18,43

49 SULFETOS DE MINERIOS DE COBRE 519.859.142 0,26 335.142.066 0,22 55,12

50 TRATORES RODOVIARIOS P/SEMI-REBOQUES 517.556.586 0,26 191.745.035 0,13 169,92

51 PREPARACOES ALIMENTICIAS E CONSERVAS,DE BOVIN

498.224.182 0,25 649.071.524 0,42 -23,24

52 BLOCOS DE CILINDROS,CABECOTES,ETC.P/MOTORES D

486.252.876 0,24 216.751.186 0,14 124,34

53 CARNES DESOSSADAS DE BOVINO,FRESCAS OU REFRIG

484.743.070 0,24 367.193.493 0,24 32,01

54 OUTROS MOTORES DE EXPLOSAO,P/VEIC.CAP.87,SUP.

484.535.238 0,24 232.054.858 0,15 108,8

55 CAIXAS DE MARCHAS P/VEICULOS AUTOMOVEIS 481.721.910 0,24 238.090.019 0,16 102,33

56 OUTROS VEICULOS AUTOMOVEIS C/MOTOR EXPLOSAO,

470.937.686 0,23 286.729.610 0,19 64,24

57 PREPARACOES ALIMENTICIAS E CONSERVAS 465.104.250 0,23 489.547.673 0,32 -4,99

58 OUTROS POLIETILENOS S/CARGA,D>=0.94 460.071.695 0,23 425.683.519 0,28 8,08

59 OUTROS SILICIOS 459.758.779 0,23 344.118.303 0,22 33,6

60 OUTROS NIVELADORES 452.655.344 0,22 229.679.519 0,15 97,08

61 OUTROS PNEUS NOVOS PARA ONIBUS OU CAMINHOES

436.763.841 0,22 400.373.805 0,26 9,09

62 OUTROS VEICULOS AUTOMOVEIS C/MOTOR DIESEL, 434.910.149 0,22 216.532.011 0,14 100,85

63 OUTROS "BULLDOZERS" E "ANGLEDOZERS", 401.723.338 0,2 199.841.914 0,13 101,02

64 CHASSIS C/MOTOR DIESEL E CABINA,5T<CARGA<=20T

391.339.620 0,19 240.605.639 0,16 62,65

65 "GASOLEO" (OLEO DIESEL) 383.489.986 0,19 543.982.842 0,36 -29,5

66 AVIOES A TURBOJATO,ETC.2000KG<PESO<=7000KG,VA

376.626.501 0,19 257.089.752 0,17 46,5

67 POLIETILENO LINEAR,DENSIDADE<0.94,EM FORMA 374.320.637 0,19 284.331.160 0,19 31,65

68 TORNEIRAS E OUTROS DISPOSITIVOS P/CANALIZACOE

371.789.609 0,18 363.338.103 0,24 2,33

69 OUTRAS GASOLINAS 365.613.002 0,18 964.785.835 0,63 -62,1

70 OUTS.MAD.COMP.FOLHEADA,ESPESS.Ñ SUP.A 6MM 360.456.412 0,18 278.808.331 0,18 29,28

71 OUTROS MINERIOS DE MANGANES 352.535.599 0,17 182.270.253 0,12 93,41

Page 21: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

21

72 OUTRAS MADEIRAS PERF. ETC., NÃO CONIFERAS 350.131.902 0,17 283.760.463 0,19 23,39

73 ENERGIA ELETRICA 346.841.650 0,17 1.096.087.173 0,72 -68,36

74 FUMO N/MANUF.TOTAL/PARC.DESTAL.FLS.SECA 342.335.921 0,17 420.893.048 0,28 -18,66

75 SUCOS DE LARANJA NAO CONG.C/VALOR BRIX<=20 338.397.355 0,17 316.324.926 0,21 6,98

76 CATODOS DE COBRE REFINADO/SEUS ELEMENTOS 330.313.420 0,16 417.703.923 0,27 -20,92

77 CHASSIS C/MOTOR DIESEL E CABINA,CARGA>20T 316.862.443 0,16 161.951.084 0,11 95,65

78 PASTA QUIMICA DE MADEIRA,PARA DISSOLUCAO 316.263.010 0,16 235.706.625 0,15 34,18

79 CARROCARIAS P/VEIC.AUTOMOV.TRANSP>=10PESSOAS

308.453.476 0,15 244.504.868 0,16 26,15

80 LITORINAS (AUTOMOTORAS) 307.188.140 0,15 7.590.036 --- ---

81 POLIPROPILENO SEM CARGA,EM FORMA PRIMARIA 304.960.213 0,15 318.559.244 0,21 -4,27

82 OUTS.FREIOS E PARTES,P/TRATORES/VEÍCS.AUTS. 297.348.428 0,15 244.502.600 0,16 21,61

83 OUTS.ETERES ACICLICOS E SEUS DERIVADOS 295.235.126 0,15 194.855.664 0,13 51,51

84 OUTROS AVIOES A TURBOELICE,ETC.7T<PESO<=15T,V

294.461.234 0,15 56.319.674 0,04 422,84

85 VEICULOS AUTOMOVEIS P/TRANSP>=10 PESSOAS,C/MO

293.195.763 0,15 218.619.880 0,14 34,11

86 OUTRAS PARTES P/AVIOES OU HELICOPTEROS 291.736.472 0,14 262.904.007 0,17 10,97

87 PRODS.SEMIMANUFAT.DE FERRO/ACO,N/LIGADOS, 287.379.875 0,14 288.359.130 0,19 -0,34

88 CAULIM 275.277.175 0,14 252.903.711 0,17 8,85

89 PREPARACOES ALIMENTICIAS E CONSERVAS,DE PERU

269.246.136 0,13 259.225.413 0,17 3,87

90 FERROSSILICIO CONTENDO PESO>55% DE SILICIO 263.142.332 0,13 206.578.756 0,14 27,38

91 BENZENO 262.356.121 0,13 185.768.166 0,12 41,23

92 OUTS.AVIOES A TURBOJATO,ETC.7000KG<PESO<=1500

261.342.225 0,13 438.582.887 0,29 -40,41

93 OUTS.CALÇ.COBR.TORNOZ.PART.SUP.BORR.,PLÁST. 259.753.533 0,13 187.076.968 0,12 38,85

94 TRANSFORMADOR DE DIELETRICO LIQUIDO,POT>10000

258.195.350 0,13 366.293.047 0,24 -29,51

95 MOTOR ELETR.CORR.ALTERN.TRIF.75KW<POT<=7500KW

253.025.997 0,13 278.185.933 0,18 -9,04

96 MOVEIS DE MADEIRA P/QUARTOS DE DORMIR 251.893.182 0,12 233.730.799 0,15 7,77

97 EIXOS D/TRANSM.C/DIFERENCIAL P/VEÍCS.AUTOMS. 251.889.513 0,12 163.044.607 0,11 54,49

98 PARTES DE OUTROS MOTORES/GERADOR 251.434.688 0,12 517.353.953 0,34 -51,4

99 OUTROS LADRILHOS,ETC.DE CERAMICA,VIDRADO 249.790.374 0,12 236.110.259 0,15 5,79

100 MEDICAMENTO CONTENDO INSULINA,EM DOSES 248.861.050 0,12 113.373.391 0,07 119,51

101 DEMAIS PRODUTOS 49.251.665.855 24,39 34.405.673.515 41.080.791.445 26,85

Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Page 22: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

22

Participação das exportações brasileiras nas exportações mundiais

Ano Participação

%

2000 0,88

2001 0,97

2002 0,96

2003 0,99

2004 1,08

2005 1,16

2006 1,17

2007 1,18

2008 1,26

2009 1,26 Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Page 23: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

23

Estados exportadores. 2010

Estado Valor em Participação

US$ milhões %

São Paulo 52.293 25,9

Minas Gerais 31.224 15,46

Rio de Janeiro 20.022 9,92

Rio Grande Sul 15.382 7,62

Paraná 14.176 7,02

Pará 12.835 6,36

Espírito Santo 11.954 5,92

Bahia 8.886 4,4

Mato Grosso 8.451 4,19

Santa Catarina 7.582 3,76

Goiás 4.045 2

Mato Grosso Sul 2.962 1,47

Maranhão 2.920 1,45

Ceará 1.269 0,63

Amazonas 1.119 0,55

Pernambuco 1.112 0,55

Alagoas 971 0,48

Rondônia 427 0,21

Amapá 353 0,17

Tocantins 344 0,17

Rio Grande Norte 285 0,14

Paraíba 218 0,11

Distrito Federal 153 0,08

Piauí 129 0,06

Sergipe 77 0,04

Acre 21 0,01

Roraima 12 0,01 Fonte: Ministério do desenvolvimento, indústria e comércio exterior.

Page 24: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

24

CAPITULO 2: Um espírito que assombra os Estados

e os Municípios

Há vários estudos apontando as perdas dos Estados e municípios em

decorrência da Lei Kandir desde que foi implantada. Acreditamos,

porém, que é muito difícil chegar a um valor preciso, já que calcular o

valor correto das exportações e suas correções monetárias usando

um indicador possivelmente impreciso, como o caso do IPCA, pode

alterar o montante final, para mais ou para menos.

Também não podemos desconsiderar os créditos de ICMS aos

exportadores quando buscamos o montante das perdas que os

Estados e Municípios sofreram e ainda vão sofrer. De qualquer forma,

se tomarmos as estimativas das exportações de produtos primários e

semi elaborados para 2011, baseados nos números do Ministério do

desenvolvimento, Indústria e comércio exterior, e aplicarmos uma

alíquota de 13% referente ao ICMS chegaremos a um valor próximo

dos R$ 22 bilhões.

O certo é que o governo federal inseriu no seu orçamento de 2011

apenas R$ 3,9 bilhões como compensação aos Estados e aos

municípios por conta da lei Kandir.

Se quisermos rigor nos números, não poderemos apontar exatamente

quanto os Estados e os Municípios perderão ou deixarão de arrecadar

em 2011, mas podemos imaginar, baseados nos dados acima, um

montante próximo dos R$ 16 bilhões(Os R$ 22 bi, menos os créditos

de ICMS e menos os R$ 3,9 bilhões da compensação). Sendo assim,

os Municípios brasileiros deixarão de receber R$ 4 bilhões neste ano.

De qualquer forma, pelo que vimos do perfil das exportações

brasileiras, com grande participação de produtos primários e semi-

elaborados, como é o caso da soja em grãos, os Estados que mais

dependem dessas commodities são os mais afetados, e por

conseqüência os Municípios que o constituem. Um cálculo aproximado

que fazemos indica que o Mato Grosso do Sul perderá R$ 400 milhões

em 2011. Com isso os Municípios do Estado deixaram de receber R$

100 milhões. Já segundo o tribunal de contas do Pará, o Estado

Page 25: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

25

perdeu R$ 21,5 bilhões desde 1996. Por esse cálculo, os Municípios

paraenses deixaram de receber mais de R$ 5 bilhões.

A população brasileira percebe muito bem que os serviços públicos

sofrem constantes quedas de qualidade em seu fornecimento, ano

após ano. O que as pessoas não compreendem, e nem precisariam, é

que os Municípios, os Estados e a União convivem em um sistema

federativo marcado por profundas incongruências e contradições, que

sequer deixa claro as responsabilidades constitucionais de cada um.

Por exemplo: o transporte escolar é responsabilidade de quem? Ora,

tal discussão teórica em nada interessa a Marquinhos, um garotinho

de nove anos, morador da zona rural de Colniza, cidade que fica a

mais de mil quilômetros da capital de Mato Grosso, Cuiabá.

A escola mais próxima de Marquinhos fica há 18 quilometros. As

estradas são muito esburacadas e na época da chuva tem atoleiros,

sem contar as pontes caídas. O Estado de Mato Grosso repassa, para

garantir o transporte escolar, R$ 1,80 por aluno ao mês(checar), mas

o menor valor que um transportador aceita receber por aqueles lados

é R$ 4,00. Se a prefeitura não pagar o restante, Marquinhos ficará

sem aula.

As prefeituras poderiam apresentar diversos exemplos semelhantes

ao do transporte escolar. Também poderiam demonstrar que, por

muitas vezes, para uma prefeitura pagar diferenças como essa,

incorre em ilegalidades contábeis.

Todos sabem que as pessoas moram nos Municípios. Também não é

novidade que na repartição do montante de tributos arrecadados no

Brasil os municípios ficam com a menor parte (aproximadamente:

14% Municípios, 27% Estados e 59% União), por isso quando a União

não dá viabilidade financeira aos Municípios, como ao manter a lei

Kandir sem a devida compensação, ela ajuda a aniquilar a capacidade

financeira da grande maioria deles.

Falamos dos Municípios, mas os Estados também sofrem por conta de

um modelo federativo que concentra a capacidade tributária no poder

central. É claro que os Estados com maior dependência da produção

primária, são os que mais sofrem com a desoneração tributária

desses produtos primários, mas sempre há os que não concordam

que a lei Kandir seja algo ruim.

Page 26: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

26

Os argumentos principais de quem defende a lei Kandir, são

principalmente dois. O primeiro é o já comentado alívio tributário

para o setor produtivo que é uma medida de proteção ao produtor

rural, uma ação de governo mundialmente utilizada. O segundo é que

mesmo nestes Estados, onde o produtor rural não paga o ICMS de

sua mercadoria exportada, ele compra o combustível que toca o

campo, ele paga energia elétrica, enfim, como dizem os que

defendem a lei Kandir, "não é o fim do mundo".

Mas a lei Kandir vai além em sua concepção, pois prevê que os

Estados são obrigados a repassar para o setor produtivo créditos do

ICMS relativos à compra de mercadorias para uso e consumo, como

papel e combustível e uma parcela da energia elétrica e serviços de

comunicação.

Essa medida, embora louvável do ponto de vista do setor produtivo e

principalmente das indústrias, atinge novamente todos os Estados da

federação e, claro os Municípios. Se tal compensação ocorresse em

2011, Mato Grosso perderia 16,1% de sua arrecadação de ICMS, algo

em torno de R$ 625 milhões por ano. O Estado de São Paulo teria

que repassar mais que R$ 7 bilhões para indústria. Além das perdas

dos outros Estados. No entanto, o prazo para essa devolução foi

prorrogado para 2020.

Page 27: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

27

CAPITULO 3: A soma dos fatores: Perda de

arrecadação e o pagamento das dívidas.

Mesmo que o propósito deste livro não seja falar sobre o

endividamento dos demais entes federativos com a União, ao

falarmos que a Lei Kandir tira grande parte do poder de arrecadação

dos Estados e dos Municípios, entendemos como bastante elucidativo

a compreensão de que as dificuldades dos Estados e Municípios não

param por aí.

Os Estados desembolsaram R$ 34 bilhões em 2010 para pagar a

dívida que têm junto ao governo federal. Ainda assim, o estoque

devido aumentou em R$ 22 bilhões.

Tal como os financiamentos habitacionais difíceis de pagar, estão os

contratos de refinanciamento da dívida dos Estados pelo Tesouro Nacional, que foram assinados a partir de meados dos anos 90. Neles

está previsto que o saldo das dívidas renegociadas deve ser reajustado anualmente pela variação do IGP-DI, acrescido de 6% de

juros.

Vejamos a principal conclusão do estudo de João Casaroto na CPI da dívida pública que a Câmara dos deputados realizou em 2010:

"Esta situação é politicamente explosiva já que cada vez mais toma vulto o espírito subnacionalista dos brasileiros, o que,

definitivamente, não combina com as restrições orçamentárias a que estão expostos os Estados Federados e muito menos com a

desproporcional concentração de poder nas mãos da União.

...alguns números.

Enquanto que o valor IGP/DI+6 teve uma variação de 366%,

a) a variação da arrecadação do ICMS foi de 231% (uma diferença

de 134%);

Page 28: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

28

b) a variação do IGP/DI – sem juros – foi de 175% (uma diferença de 191%, de exclusiva responsabilidade dos juros de 6% a.a. –

os juros superam o próprio índice);

c) a variação da TJLP foi de 147% (uma diferença de 218%); e

d) a inflação medida pelo IPCA foi de 98% (uma diferença de

267%).

É bom lembrar que:

a) o IGP/DI, largamente utilizado pelos bancos comerciais, é apurado pelo IBRE, da FGV, ambas instituições privadas, que

põe e dispõe sobre as variáveis deste índice;

b) existe um sério agravante que é o fato de a União poder direcionar via formulação da política econômica – que, é

necessário salientar, tem suas linhas traçadas com

antecedência -, o comportamento do índice de correção pactuado, o IGP/DI.

c) o IPCA é o índice utilizado pelo Banco Central para a fixação das

metas de inflação e é o índice que se reflete na arrecadação do ICMS, imposto que dá condições para que os Estados cumpram

com suas obrigações constitucionais; e

d) a TJLP é um dos mais altos índices utilizados pelo BNDES em seus empréstimos, onde encontramos alguns com custos nulos

e outros praticamente nulos como os de aquisição de equipamentos nacionais que é de 4,5% a.a., taxa fixa, sem

qualquer correção, sem qualquer indexador.

Page 29: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

29

Como a TJLP também é usada pela União em programas de recuperação fiscal, Refis, estamos diante do seguinte paradoxo

institucional:

- para o contribuinte sonegador, classificado pela legislação pátria

como criminoso, cobrança de valores bem inferior a inflação; e

- para os Estados, formadores da União e que não concorreram para o agravamento de suas finanças, cobrança de valores e condições de

reles operação bancária comercial.

Estes dados demonstram, de maneira insofismável, que a União transformou a sua imprescindível decisão de política econômica em

uma lucrativa aplicação financeira que exacerbou a dependência dos Estados Federados. Parte de um astuto plano de aprofundamento de

seu poder hegemônico, pois dívida impagável é dívida supressora de autonomia."

O curioso é que o governo federal não abre a discussão para rever os contratos de refinanciamento alegando não poder descumprir a LRF. Ou seja, não se pode afetar o equilíbrio fiscal. Mas só pode mesmo

chamar de equilíbrio o da União, já que em muitos Estados e Municípios há muito tempo eles estão ameaçados, quando não

perdidos e podem ser chamados de desequilíbrios.

Segundo a STN, os Estados devem a União algo em torno de R$ 390

bilhões e os municípios, as capitais, mais R$ 58 bilhões. Apenas Mato Grosso pagou mais de R$ 570 milhões só com os encargos e juros da

dívida em 2010 e mais de R$ 290 milhões para amortização. O Estado de Goiás pagou mais de R$ 1 bilhão.

Como o pagamento das dívidas é uma obrigação que não se questiona aqui, porque se entende que é o dever do agente político

honrar com os financiamentos e empréstimos feitos mesmo em gestões passadas, acreditando se que justamente para construir as

bases logística, de infra-estrutura e de serviços públicos nos Estados, é questionável sim a forma de indexar e atualizar os valores do

endividamento.

A insensibilidade do governo federal quanto as questões endividamento dos Estados e Municípios e a desoneração do ICMS

por conta da lei Kandir, que se traduz em constantes declarações de ministros e até presidentes, que tais assuntos não estão na pauta,

Page 30: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

30

por que ferem o princípio de equilíbrio fiscal da LRF e podem

prejudicar a competitividade de nossas exportações, respectivamente, têm desequilibrado o pacto federativo no Brasil.

Page 31: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

31

CAPITULO 4: Um desestímulo a industrialização

Vamos imaginar a imagem de uma caravela, vindo pro Brasil, com

espelhos e outras mercadorias que seriam trocadas por madeira, ouro

e muita riqueza.

Ao mesmo tempo, vamos imaginar os barcos ingleses em direção ao

que viria a ser os Estados Unidos, com famílias, que ficariam para

sempre naquele país.

Lá, nasciam as colônias de povoação. Aqui, as colônias de exploração.

Nos Estados Unidos, as primeiras levas de imigrantes, além de

explorar as riquezas naturais, como vemos nos filmes de "bang-

bang”, também se dedicaram a indústria de transformação. Em

poucos anos já exportavam para a Inglaterra desde arados até

armamentos. O Brasil, por séculos, importou quase tudo

industrializado.

E o Brasil sempre foi um grande exportador de matéria prima. A

principio, mercadorias como o ouro, o diamante e a madeira saiam

daqui, em bruto, indo para os centros mais urbanizados e dali, pro

exterior, onde seu valor aumentava em mais de 100 vezes, em

alguns casos.

Esse modelo econômico, com característica típica de colonização,

ainda perdura por muitos Estados Brasileiros. Os Estados com grande

dependência da produção primária são grandes exportadores de

mercadorias que ganham preços muito maiores lá fora.

Tal processo estava em reversão até 1996, quando a Lei Kandir

chegou e subverteu tudo. Naturalmente até hoje diversas indústrias

se instalam nas cidades produtoras, mas o processo de

industrialização ainda é bastante incipiente, e o fato da lei Kandir

desonerar os produtos primários e semi elaborados de tributação,

enquanto os produtos industrializados são pesadamente tributados,

tem segurado um fluxo grande de indústrias que se instalariam

próximas das regiões produtoras.

O mundo globalizado já não guarda mais distancia. É claro, que

problemas estruturais, como energia e estradas, são empecilhos para

a industrialização, mas a política tributária é a principal força que

Page 32: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

32

pode barrar um crescente processo de migração de indústrias para as

regiões produtoras.

Para tentar amenizar a falta de atrativos tributários, as políticas

municipais e estaduais de incentivo para as indústrias de

transformação, por exemplo, são medidas por vezes desesperadas.

Para a atração dessas indústrias, muitas vezes frigoríficos, curtumes,

avícolas, têxteis e até mesmo de farelo e óleo de soja, com ofertas de

isenção tributária por longos anos, ou doação de terrenos que as

prefeituras acabam comprando a "duras penas", além de outras

ações que faz com que, do ponto de vista da arrecadação de tributos

direta, a chegada de uma indústria em determinadas cidades, não

seja algo tão compensatório para a comunidade.

Temos então a chamada guerra fiscal que, como vemos, também tem

grande parte de sua origem provocada pela lei Kandir.

Mas as maiores plantas industriais em alguns setores econômicos,

como no complexo soja, estão se instalando fora daqui. A Argentina

tem sido o destino de muitas indústrias de farelo e óleo de soja, e no

continente europeu, principal destino de nossa produção de grãos de

soja, assim como na China, estão as grandes indústrias que

transformam a matéria prima recolhida aqui.

Para efeito de estatística, no entanto, alguns Estados mostram que a

industrialização esta aumentando a ritmo alucinante. Quando se trata

de Estado grande produtor primário tem ocorrido uma má

interpretação das estatísticas: Por exemplo, com relação a madeira,

que passa por um simples processo de serragem, portanto sendo

considerada semi-elaborada (para algumas bases estatísticas já é

considerada industrializada), mas vai realmente ser industrializada,

ou transformada em móveis ou afins, em outros Estados ou no

exterior. O mesmo "modus-operandis" se observa com outras

comodities.

Naturalmente algumas ações de Estado podem intervir nessa

realidade, mesmo com o peso da lei Kandir. Investir na educação

talvez seja a melhor trincheira de resistência a um modelo antigo que

insiste em não agregar valores a nossa produção.

A educação transforma, dentre outras riquezas, a mão de obra em

mão de obra especializada. Essa é a lógica desse mundo em

constante transformação: A educação transforma

Page 33: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

33

Os países que saíram da condição de exportadores de matéria prima,

para de produtos industrializados na ultima metade do século 20

fizeram isso, como a Coréia do Sul e o Japão.

A história do homem é pela luta em dominar tecnologias que

explorem a riqueza natural. Por isso é preciso também priorizar a

relação com o meio ambiente de forma sustentável, e impedir a

exploração desenfreada de nossas riquezas sejam extrativas ou

cultiváveis.

Por isso é preciso pensar uma nova organização de nação, com um

pacto federativo que permita que os entes cooperem entre si, com a

obsessão por dar qualidade nos serviços públicos e que equalize as

desigualdades sociais e regionais.

Page 34: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

34

BIBLIOGRAFIA:

-GARCIA, M. G. P. (1997). “A Macroeconomia do Dólar Futuro”. Resenha BM&F, 118,

37-45.

----------------------, E VALPASSOS, M. V. F. (1999). “Capital Flows, Capital Controls and

CurrencyCrisis: the case of Brazil in the Nineties”. Em: Larrain, F. ed., Capital Flows,

Capital Controls, and

----------------------, E OLIVARES LEANDRO, G. A. (2000). “O Prêmio de Risco da Taxa

de Câmbiono Brasil durante o Plano Real”. Texto para discussão no. 409, Departamento

de Economia PUC-Rio,Rio de Janeiro.

- Refazimento dos contratos da dívida dos estados com a União: Uma

Imposição política e técnica - João Pedro Casarotto - CPI da Dívida

Pública - Câmara dos Deputados – Brasília – Fev/2010 Página 9

- Luis Nassif on line. Site do Ipea.

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35

ANEXO:

LEI KANDIR ATUALIZADA

LEI COMPLEMENTAR Nº 87, DE 13 DE SETEMBRO DE 1996

Dispõe sobre o Imposto dos Estados e do

Distrito Federal sobre Operações

Relativas à Circulação de Mercadorias e

sobre Prestações de Serviços de

Transporte Interestadual e

Intermunicipal e de Comunicação, e dá

outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA,

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir o imposto sobre

operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e

as prestações se iniciem no exterior.

Art. 2º O imposto incide sobre:

I - sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por

pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto,

qualquer que seja a sua finalidade;

II - prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por

qualquer via, de pessoas, bens, mercadorias ou valores;

Page 36: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

36

III - prestações onerosas de serviços de comunicação, por qualquer meio,

inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição

e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços não

compreendidos na competência tributária dos Municípios;

V - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços sujeitos ao

imposto sobre serviços, de competência dos Municípios, quando a lei complementar

aplicável expressamente o sujeitar à incidência do imposto estadual.

§ 1º O imposto incide também:

I - sobre a entrada de mercadoria ou bem importados do exterior, por

pessoa física ou jurídica, ainda que não seja contribuinte habitual do imposto,

qualquer que seja a sua finalidade; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº

114, de 16/12/2002)

II - sobre o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado

no exterior;

III - sobre a entrada, no território do Estado destinatário, de petróleo,

inclusive lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, e de energia

elétrica, quando não destinados à comercialização ou à industrialização, decorrentes

de operações interestaduais, cabendo o imposto ao Estado onde estiver localizados o

adquirente.

§ 2º A caracterização do fato gerador independe da natureza jurídica da

operação que o constitua.

Art. 3º O imposto não incide sobre:

I - operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua

impressão;

II - operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive

produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados, ou serviços;

III - operações interestaduais relativas a energia elétrica e petróleo, inclusive

lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando destinados à

industrialização ou à comercialização;

IV- operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou

instrumento cambial;

Page 37: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

37

V - operações relativas a mercadorias que tenham sido ou que se destinem

a ser utilizadas na prestação, pelo próprio autor da saída, de serviço de qualquer

natureza definido em lei complementar como sujeito ao imposto sobre serviços, de

competência dos Municípios, ressalvadas as hipóteses previstas na mesma lei

complementar.

VI - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de

propriedade de estabelecimento industrial, comercial ou de outra espécie;

VII - operações decorrentes de alienação fiduciária em garantia, inclusive a

operação efetuada pelo credor em decorrência do inadimplemento do devedor;

VIII - operações de arrendamento mercantil, não compreendida a venda do

bem arrendado ao arrendatário;

IX - operações de qualquer natureza de que decorra a transferência de

bens móveis salvados de sinistro para companhias seguradoras.

Parágrafo único. Equipara-se às operações de que trata o inciso II a saída

de mercadoria realizada com o fim específico de exportação para o exterior, destinada

a:

I - empresa comercial exportadora, inclusive "tradings" ou outro

estabelecimento da mesma empresa;

II - armazém alfandegado ou entreposto aduaneiro.

Art. 4º Contribuinte é qualquer pessoa, física ou jurídica, que realize, com

habitualidade ou em volume que caracterize intuito comercial, operações de

circulação de mercadoria ou prestações de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem

no exterior.

Parágrafo único. É também contribuinte a pessoa física ou jurídica que,

mesmo sem habitualidade ou intuito comercial: (Parágrafo único com redação dada

pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

I - importe mercadorias ou bens do exterior, qualquer que seja a sua

finalidade; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

II - seja destinatária de serviço prestado no exterior ou cuja prestação se

tenha iniciado no exterior;

Page 38: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

38

III - adquira em licitação mercadorias ou bens apreendidos ou

abandonados; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de

16/12/2002)

IV - adquira lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos derivados de

petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não destinados à

comercialização ou à industrialização. (Inciso com redação dada pela Lei

Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

Art. 5º Lei poderá atribuir a terceiros a responsabilidade pelo pagamento do

imposto e acréscimos devidos pelo contribuinte ou responsável, quando os atos ou

omissões daqueles concorrerem para o não recolhimento do tributo.

Art. 6º Lei estadual poderá atribuir a contribuinte do imposto ou a

depositário a qualquer título a responsabilidade pelo seu pagamento, hipótese em que

assumirá a condição de substituto tributário. (“Caput” do artigo com redação dada

pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

§ 1º A responsabilidade poderá ser atribuída em relação ao imposto

incidente sobre uma ou mais operações ou prestações, sejam antecedentes,

concomitantes ou subseqüentes, inclusive ao valor decorrente da diferença entre

alíquotas interna e interestadual nas operações e prestações que destinem bens e

serviços a consumidor final localizado em outro Estado, que seja contribuinte do

imposto.

§ 2º A atribuição de responsabilidade dar-se-á em relação a mercadorias,

bens ou serviços previstos em lei de cada Estado. (Parágrafo com redação dada pela

Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

Art. 7º Para efeito de exigência do imposto por substituição tributária,

inclui-se, também como fato gerador do imposto, a entrada de mercadoria ou bem no

estabelecimento do adquirente ou em outro por ele indicado.

Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:

I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou concomitantes,

o valor da operação ou prestação praticado pelo contribuinte substituído;

II - em relação às operações ou prestações subseqüentes, obtida pelo

somatório das parcelas seguintes:

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39

a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto

tributário ou pelo substituído intermediário;

b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos

cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;

c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações ou

prestações subseqüentes.

§ 1º Na hipótese de responsabilidade tributária em relação às operações

ou prestações antecedentes, o imposto devido pelas referidas operações ou

prestações será pago pelo responsável, quando:

I - da entrada ou recebimento da mercadoria, do bem ou do serviço; (Inciso

com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

II - da saída subseqüente por ele promovida, ainda que isenta ou não

tributada;

III - ocorrer qualquer saída ou evento que impossibilite a ocorrência do fato

determinante do pagamento do imposto.

§ 2º Tratando-se de mercadoria ou serviço cujo preço final a consumidor,

único ou máximo, seja fixado por órgão público competente, a base de cálculo do

imposto, para fins de substituição tributária, é o referido preço por ele estabelecido.

§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou

importador, poderá a lei estabelecer como base de cálculo este preço.

§ 4º A margem a que se refere a alínea c do inciso II do caput será

estabelecida com base em preços usualmente praticados no mercado considerado,

obtidos por levantamento, ainda que por amostragem ou através de informações e

outros elementos fornecidos por entidades representativas dos respectivos setores,

adotando-se a média ponderada dos preços coletados, devendo os critérios para sua

fixação ser previstos em lei.

§ 5º O imposto a ser pago por substituição tributária, na hipótese do inciso

II do caput, corresponderá à diferença entre o valor resultante da aplicação da alíquota

prevista para as operações ou prestações internas do Estado de destino sobre a

respectiva base de cálculo e o valor do imposto devido pela operação ou prestação

própria do substituto.

§ 6º Em substituição ao disposto no inciso II do caput, a base de cálculo em

relação às operações ou prestações subseqüentes poderá ser o preço a consumidor

final usualmente praticado no mercado considerado, relativamente ao serviço, à

mercadoria ou sua similar, em condições de livre concorrência, adotando-se para sua

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40

apuração as regras estabelecidas no § 4º deste artigo. (Parágrafo acrescido pela Lei

Complementar nº 114, de 16/12/2002)

Art. 9º A adoção do regime de substituição tributária em operações

interestaduais dependerá de acordo específico celebrado pelos Estados interessados.

§ 1º A responsabilidade a que se refere o art. 6º poderá ser atribuída:

I - ao contribuinte que realizar operação interestadual com petróleo,

inclusive lubrificantes, combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, em relação às

operações subseqüentes;

II - às empresas geradoras ou distribuidoras de energia elétrica, nas

operações internas e interestaduais, na condição de contribuinte ou de substituto

tributário, pelo pagamento do imposto, desde a produção ou importação até a última

operação, sendo seu cálculo efetuado sobre o preço praticado na operação final,

assegurado seu recolhimento ao Estado onde deva ocorrer essa operação.

§ 2º Nas operações interestaduais com as mercadorias de que tratam os

incisos I e II do parágrafo anterior, que tenham como destinatário consumidor final, o

imposto incidente na operação será devido ao Estado onde estiver localizado o

adquirente e será pago pelo remetente.

Art. 10. É assegurado ao contribuinte substituído o direito à restituição do

valor do imposto pago por força da substituição tributária, correspondente ao fato

gerador presumido que não se realizar.

§ 1º Formulado o pedido de restituição e não havendo deliberação no

prazo de noventa dias, o contribuinte substituído poderá se creditar, em sua escrita

fiscal, do valor objeto do pedido, devidamente atualizado segundo os mesmos critérios

aplicáveis ao tributo.

§ 2º Na hipótese do parágrafo anterior, sobrevindo decisão contrária

irrecorrível, o contribuinte substituído, no prazo de quinze dias da respectiva

notificação, procederá ao estorno dos créditos lançados, também devidamente

atualizados, com o pagamento dos acréscimos legais cabíveis.

Art. 11. O local de operação ou da prestação, para os efeitos da cobrança

do imposto e definição do estabelecimento responsável, é:

I - tratando-se de mercadoria ou bem:

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41

a) o do estabelecimento onde se encontre, no momento da ocorrência do

fato gerador;

b) onde se encontre, quando em situação irregular pela falta de

documentação fiscal ou quando acompanhado de documentação inidônea, como

dispuser a legislação tributária;

c) o do estabelecimento que transfira a propriedade, ou o título que a

represente, de mercadoria por ele adquirida no País e que por ele não tenha

transitado;

d) importado do exterior, o do estabelecimento onde ocorrer a entrada

física;

e) importado do exterior, o do domicílio do adquirente, quando não

estabelecido;

f) aquele onde seja realizada a licitação, no caso de arrematação de

mercadoria ou bem importados do exterior e apreendidos ou abandonados; (Alínea

com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

g) o do Estado onde estiver localizado o adquirente, inclusive consumidor

final, nas operações interestaduais com energia elétrica e petróleo, lubrificantes e

combustíveis dele derivados, quando não destinados à industrialização ou à

comercialização;

h) o do Estado de onde o ouro tenha sido extraído, quando não

considerado como ativo financeiro ou instrumento cambial;

i) o de desembarque do produto, na hipótese de captura de peixes,

crustáceos e moluscos;

II - tratando-se de prestação de serviço de transporte:

a) onde tenha início a prestação;

b) onde se encontre o transportador, quando em situação irregular pela

falta de documentação fiscal ou quando acompanhada de documentação inidônea,

como dispuser a legislação tributária;

c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese do inciso XIII

do art. 12 e para os efeitos do § 3º do art. 13;

III - tratando-se de prestação onerosa de serviço de comunicação:

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42

a) o da prestação do serviço de radiodifusão sonora e de som e imagem,

assim entendido o da geração, emissão, transmissão e retransmissão, repetição,

ampliação e recepção;

b) o do estabelecimento da concessionária ou da permissionária que

forneça ficha, cartão, ou assemelhados com que o serviço é pago;

c) o do estabelecimento destinatário do serviço, na hipótese e para os

efeitos do inciso XIII do art. 12;

c-1) o do estabelecimento ou domicílio do tomador do serviço, quando

prestado por meio de satélite; (Alínea acrescida pela Lei Complementar nº 102, de

11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

d) onde seja cobrado o serviço, nos demais casos;

IV - tratando-se de serviços prestados ou iniciados no exterior, o do

estabelecimento ou do domicílio do destinatário.

§ 1º O disposto na alínea c do inciso I não se aplica às mercadorias

recebidas em regime de depósito de contribuinte de Estado que não o do depositário.

§ 2º Para os efeitos da alínea h do inciso I, o ouro, quando definido como

ativo financeiro ou instrumento cambial, deve ter sua origem identificada.

§ 3º Para efeito desta Lei Complementar, estabelecimento é o local,

privado ou público, edificado ou não, próprio ou de terceiro, onde pessoas físicas ou

jurídicas exerçam suas atividades em caráter temporário ou permanente, bem como

onde se encontrem armazenadas mercadorias, observado, ainda o seguinte:

I - na impossibilidade de determinação do estabelecimento, considera-se

como tal o local em que tenha sido efetuada a operação ou prestação, encontrada a

mercadoria ou constatada a prestação;

II - é autônomo cada estabelecimento do mesmo titular;

III - considera-se também estabelecimento autônomo o veículo usado no

comércio ambulante e na captura de pescado;

IV - respondem pelo crédito tributário todos os estabelecimentos do

mesmo titular.

§ 4º (VETADO)

§ 5º Quando a mercadoria for remetida para armazém geral ou para

depósito fechado do próprio contribuinte, no mesmo Estado, a posterior saída

considerar-se-á ocorrida no estabelecimento do depositante, salvo se para retornar ao

estabelecimento remetente.

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43

§ 6º Na hipótese do inciso III do caput deste artigo, tratando-se de serviços

não medidos, que envolvam localidades situadas em diferentes unidades da Federação

e cujo preço seja cobrado por períodos definidos, o imposto devido será recolhido em

partes iguais para as unidades da Federação onde estiverem localizados o prestador e

o tomador. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em

vigor a partir de 1/8/2000)

Art. 12. Considera-se ocorrido o fato gerador do imposto no momento:

I - da saída de mercadoria de estabelecimento de contribuinte, ainda que

para outro estabelecimento do mesmo titular;

II - do fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias por

qualquer estabelecimento;

III - da transmissão a terceiro de mercadoria depositada em armazém geral

ou em depósito fechado, no Estado do transmitente;

IV - da transmissão de propriedade de mercadoria, ou de título que a

represente, quando a mercadoria não tiver transitado pelo estabelecimento

transmitente;

V - do início da prestação de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal, de qualquer natureza;

VI - do ato final do transporte iniciado no exterior;

VII - das prestações onerosas de serviços de comunicação, feita por

qualquer meio, inclusive a geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a

retransmissão, a repetição e a ampliação de comunicação de qualquer natureza;

VIII - do fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:

a) não compreendidos na competência tributária dos Municípios;

b) compreendidos na competência tributária dos Municípios e com

indicação expressa de incidência do imposto de competência estadual, como definido na

lei complementar aplicável;

IX - do desembaraço aduaneiro de mercadorias ou bens importados do

exterior; (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

X - do recebimento, pelo destinatário, de serviço prestado no exterior;

Page 44: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

44

XI - da aquisição em licitação pública de mercadorias ou bens importados

do exterior e apreendidos ou abandonados; (Inciso com redação dada pela Lei

Complementar nº 114, de 16/12/2002)

XII - da entrada no território do Estado de lubrificantes e combustíveis

líquidos e gasosos derivados de petróleo e energia elétrica oriundos de outro Estado,

quando não destinados à comercialização ou à industrialização; (Inciso com redação

dada pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

XIII - da utilização, por contribuinte, de serviço cuja prestação se tenha

iniciado em outro Estado e não esteja vinculada a operação ou prestação subseqüente.

§ 1º Na hipótese do inciso VII, quando o serviço for prestado mediante

pagamento em ficha, cartão ou assemelhados, considera-se ocorrido o fato gerador do

imposto quando do fornecimento desses instrumentos ao usuário.

§ 2º Na hipótese do inciso IX, após o desembaraço aduaneiro, a entrega,

pelo depositário, de mercadoria ou bem importados do exterior deverá ser autorizada

pelo órgão responsável pelo seu desembaraço, que somente se fará mediante a

exibição do comprovante de pagamento do imposto incidente no ato do despacho

aduaneiro, salvo disposição em contrário.

§ 3º Na hipótese de entrega de mercadoria ou bem importados do exterior

antes do desembaraço aduaneiro, considera-se ocorrido o fato gerador neste

momento, devendo a autoridade responsável, salvo disposição em contrário, exigir a

comprovação do pagamento do imposto. (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar

nº 114, de 16/12/2002)

Art. 13. A base de cálculo do imposto é:

I - na saída de mercadoria prevista nos incisos I, III e IV do art. 12, o valor da

operação;

II - na hipótese do inciso II do art. 12, o valor da operação, compreendendo

mercadoria e serviço;

III - na prestação de serviço de transporte interestadual e intermunicipal e

de comunicação, o preço do serviço;

IV - no fornecimento de que trata o inciso VIII do art. 12;

a) o valor da operação, na hipótese da alínea a;

b) o preço corrente da mercadoria fornecida ou empregada, na hipótese da

alínea b;

V - na hipótese do inciso IX do art. 12, a soma das seguintes parcelas;

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45

a) o valor da mercadoria ou bem constante dos documentos de

importação, observado o disposto no art. 14;

b) imposto de importação;

c) imposto sobre produtos industrializados;

d) imposto sobre operações de câmbio;

e) quaisquer outros impostos, taxas, contribuições e despesas aduaneiras;

(Alínea com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de 16/12/2002)

VI - na hipótese do inciso X do art. 12, o valor da prestação do serviço,

acrescido, se for o caso, de todos os encargos relacionados com a sua utilização;

VII - no caso do inciso XI do art. 12, o valor da operação acrescido do valor

dos impostos de importação e sobre produtos industrializados e de todas as despesas

cobradas ou debitadas ao adquirente;

VIII - na hipótese do inciso XII do art. 12, o valor da operação de que

decorrer a entrada;

IX - na hipótese do inciso XIII do art. 12, o valor da prestação no Estado de

origem.

§ 1º Integra a base de cálculo do imposto, inclusive na hipótese do inciso V

do caput deste artigo: (Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar nº 114, de

16/12/2002)

I - o montante do próprio imposto, constituindo o respectivo destaque

mera indicação para fins de controle;

II - o valor correspondente a:

a) seguros, juros e demais importâncias pagas, recebidas ou debitadas, bem

como descontos concedidos sob condição;

b) frete, caso o transporte seja efetuado pelo próprio remetente ou por

sua conta e ordem e seja cobrado em separado.

§ 2º Não integra a base de cálculo do imposto o montante do Imposto

sobre Produtos Industrializados, quando a operação, realizada entre contribuintes e

relativa a produto destinado à industrialização ou à comercialização, configurar fato

gerador de ambos os impostos.

§ 3º No caso do inciso IX, o imposto a pagar será o valor resultante da

aplicação do percentual equivalente à diferença entre a alíquota interna e a

interestadual, sobre o valor ali previsto.

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46

§ 4º Na saída de mercadoria para estabelecimento localizado em outro

Estado, pertencente ao mesmo titular, a base de cálculo do imposto é:

I - o valor correspondente à entrada mais recente da mercadoria;

II - o custo da mercadoria produzida, assim entendida a soma do custo da

matéria-prima, material secundário, mão-de-obra e acondicionamento;

III - tratando-se de mercadorias não industrializadas, o seu preço corrente

no mercado atacadista do estabelecimento remetente.

§ 5º Nas operações e prestações interestaduais entre estabelecimentos de

contribuintes diferentes, caso haja reajuste do valor depois da remessa ou da

prestação, a diferença fica sujeita ao imposto no estabelecimento do remetente ou do

prestador.

Art. 14. O preço de importação expresso em moeda estrangeira será

convertido em moeda nacional pela mesma taxa de câmbio utilizada no cálculo do

imposto de importação, sem qualquer acréscimo ou devolução posterior se houver

variação da taxa de câmbio até o pagamento efetivo do preço.

Parágrafo único. O valor fixado pelo autoridade aduaneira para base de

cálculo do imposto de importação, nos termos da lei aplicável, substituirá o preço

declarado.

Art. 15. Na falta do valor a que se referem os incisos I e VIII do art. 13, a

base de cálculo do imposto é:

I - o preço corrente da mercadoria, ou de seu similar, no mercado

atacadista do local da operação ou, na sua falta, no mercado atacadista regional, caso

o remetente seja produtor, extrator ou gerador inclusive de energia;

II - o preço FOB estabelecimento industrial à vista, caso o remetente seja

industrial;

III - o preço FOB estabelecimento comercial à vista, na venda a outros

comerciantes ou industriais, caso o remetente seja comerciante.

§ 1º Para aplicação dos incisos II e III do caput, adotar-se-á sucessivamente:

I - o preço efetivamente cobrado pelo estabelecimento remetente na

operação mais recente;

Page 47: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

47

II - caso o remetente não tenha efetuado venda de mercadoria, o preço

corrente da mercadoria ou de seu similar no mercado atacadista do local da operação

ou, na falta deste, no mercado atacadista regional.

§ 2º Na hipótese do inciso III do caput, se o estabelecimento remetente

não efetue vendas a outros comerciantes ou industriais ou, em qualquer caso, se não

houver mercadoria similar, a base de cálculo será equivalente a setenta e cinco por

cento do preço de venda corrente no varejo.

Art. 16. Nas prestações sem preço determinado, a base de cálculo do

imposto é o valor corrente do serviço, no local da prestação.

Art. 17. Quando o valor do frete, cobrado por estabelecimento pertencente

ao mesmo titular da mercadoria ou por outro estabelecimento de empresa que com

aquele mantenha relação de interdependência, exceder os níveis normais de preços

em vigor, no mercado local, para serviço semelhante, constantes de tabelas

elaboradas pelos órgãos competentes, o valor excedente será havido como parte do

preço da mercadoria.

Parágrafo único. Considerar-se-ão interdependentes duas empresas

quando:

I - uma delas, por si, seus sócios ou acionistas, e respectivos cônjuges ou

filhos menores, for titular de mais de cinqüenta por cento do capital da outra;

II - uma mesma pessoa fizer parte de ambas, na qualidade de diretor, ou

sócio com funções de gerência, ainda que exercidas sob outra denominação;

III - uma delas locar ou transferir a outra, a qualquer título, veículo

destinado ao transporte de mercadorias.

Art. 18. Quando o cálculo do tributo tenha por base, ou tome em

consideração, o valor ou o preço de mercadorias, bens, serviços ou direitos, a

autoridade lançadora, mediante processo regular, arbitrará aquele valor ou preço,

sempre que sejam omissos ou não mereçam fé as declarações ou os esclarecimentos

prestados, ou os documentos expedidos pelo sujeito passivo ou pelo terceiro

legalmente obrigado, ressalvada, em caso de contestação, avaliação contraditória,

administrativa ou judicial.

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48

Art. 19. O imposto é não-cumulativo, compensando-se o que for devido em

cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços de

transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação com o montante cobrado

nas anteriores pelo mesmo ou por outro Estado.

Art. 20. Para a compensação a que se refere o artigo anterior, é assegurado

ao sujeito passivo o direito de creditar-se do imposto anteriormente cobrado em

operações de que tenha resultado a entrada de mercadoria, real ou simbólica, no

estabelecimento, inclusive a destinada ao seu uso ou consumo ou ao ativo

permanente, ou o recebimento de serviços de transporte interestadual e

intermunicipal ou de comunicação.

§ 1º Não dão direito a crédito as entradas de mercadorias ou utilização de

serviços resultantes de operações ou prestações isentas ou não tributadas, ou que se

refiram a mercadorias ou serviços alheios à atividade do estabelecimento.

§ 2º Salvo prova em contrário, presumem-se alheios à atividade do

estabelecimento os veículos de transporte pessoal.

§ 3º É vedado o crédito relativo a mercadoria entrada no estabelecimento

ou a prestação de serviços a ele feita:

I - para integração ou consumo em processo de industrialização ou

produção rural, quando a saída do produto resultante não for tributada ou estiver

isenta do imposto, exceto se tratar-se de saída para o exterior;

II - para comercialização ou prestação de serviço, quando a saída ou a

prestação subseqüente não forem tributadas ou estiverem isentas do imposto, exceto

as destinadas ao exterior.

§ 4º Deliberação dos Estados, na forma do art. 28, poderá dispor que não

se aplique, no todo ou em parte, a vedação prevista no parágrafo anterior.

§ 5º Para efeito do disposto no caput deste artigo, relativamente aos

créditos decorrentes de entrada de mercadorias no estabelecimento destinadas ao

ativo permanente, deverá ser observado: (“Caput” do parágrafo com redação dada

pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

I - a apropriação será feita à razão de um quarenta e oito avos por mês,

devendo a primeira fração ser apropriada no mês em que ocorrer a entrada no

estabelecimento; (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em

vigor a partir de 1/8/2000)

II - em cada período de apuração do imposto, não será admitido o

creditamento de que trata o inciso I, em relação à proporção das operações de saídas ou

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49

prestações isentas ou não tributadas sobre o total das operações de saídas ou prestações

efetuadas no mesmo período; (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 102, de

11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

III - para aplicação do disposto nos incisos I e II deste parágrafo, o

montante do crédito a ser apropriado será obtido multiplicando-se o valor total do

respectivo crédito pelo fator igual a 1/48 (um quarenta e oito avos) da relação entre o

valor das operações de saídas e prestações tributadas e o total das operações de

saídas e prestações do período, equiparando-se às tributadas, para fins deste inciso, as

saídas e prestações com destino ao exterior ou as saídas de papel destinado à

impressão de livros, jornais e periódicos; (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº

102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000 e com redação dada pela Lei

Complementar nº 120, de 29/12/2005)

IV - o quociente de um quarenta e oito avos será proporcionalmente

aumentado ou diminuído, pro rata die, caso o período de apuração seja superior ou

inferior a um mês; (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em

vigor a partir de 1/8/2000)

V - na hipótese de alienação dos bens do ativo permanente, antes de

decorrido o prazo de quatro anos contado da data de sua aquisição, não será admitido,

a partir da data da alienação, o creditamento de que trata este parágrafo em relação à

fração que corresponderia ao restante do quadriênio; (Inciso acrescido pela Lei

Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

VI - serão objeto de outro lançamento, além do lançamento em conjunto

com os demais créditos, para efeito da compensação prevista neste artigo e no art. 19,

em livro próprio ou de outra forma que a legislação determinar, para aplicação do

disposto nos incisos I a V deste parágrafo; e (Inciso acrescido pela Lei Complementar nº

102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

VII - ao final do quadragésimo oitavo mês contado da data da entrada do

bem no estabelecimento, o saldo remanescente do crédito será cancelado. (Inciso

acrescido pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

§ 6º Operações tributadas, posteriores a saídas de que trata o § 3º, dão ao

estabelecimento que as praticar direito a creditar-se do imposto cobrado nas

operações anteriores às isentas ou não tributadas sempre que a saída isenta ou não

tributada seja relativa a:

I - produtos agropecuários;

II - quando autorizado em lei estadual, outras mercadorias.

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50

Art. 21. O sujeito passivo deverá efetuar o estorno do imposto de que se

tiver creditado sempre que o serviço tomado ou a mercadoria entrada no

estabelecimento:

I - for objeto de saída ou prestação de serviço não tributada ou isenta,

sendo esta circunstância imprevisível na data da entrada da mercadoria ou da

utilização do serviço;

II - for integrada ou consumida em processo de industrialização, quando a

saída do produto resultante não for tributada ou estiver isenta do imposto;

III - vier a ser utilizada em fim alheio à atividade do estabelecimento;

IV - vier a perecer, deteriorar-se ou extraviar-se.

§ 1º (Revogado pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

§ 2º Não se estornam créditos referentes a mercadorias e serviços que

venham a ser objeto de operações ou prestações destinadas ao exterior ou de

operações com o papel destinado à impressão de livros, jornais e periódicos.

(Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar nº 120, de 29/12/2005)

§ 3º O não creditamento ou o estorno a que se referem o § 3º do art. 20 e

o caput deste artigo, não impedem a utilização dos mesmos créditos em operações

posteriores, sujeitas ao imposto, com a mesma mercadoria.

§ 4º (Revogado pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

§ 5º (Revogado pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

§ 6º (Revogado pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

§ 7º (Revogado pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

§ 8º (Revogado pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

Art. 22. (VETADO)

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51

Art. 23. O direito de crédito, para efeito de compensação com débito do

imposto, reconhecido ao estabelecimento que tenha recebido as mercadorias ou para

o qual tenham sido prestados os serviços, está condicionado à idoneidade da

documentação e, se for o caso, à escrituração nos prazos e condições estabelecidos na

legislação.

Parágrafo único. O direito de utilizar o crédito extingue-se depois de

decorridos cinco anos contados da data de emissão do documento.

Art. 24. A legislação tributária estadual disporá sobre o período de

apuração do imposto. As obrigações consideram-se vencidas na data em que termina o

período de apuração e são liquidadas por compensação ou mediante pagamento em

dinheiro como disposto neste artigo:

I - as obrigações consideram-se liquidadas por compensação até o

montante dos créditos escriturados no mesmo período mais o saldo credor de período

ou períodos anteriores, se for o caso;

II - se o montante dos débitos do período superar o dos créditos, a

diferença será liquidada dentro do prazo fixado pelo Estado;

III - se o montante dos créditos superar os dos débitos, a diferença será

transportada para o período seguinte.

Art. 25. Para efeito de aplicação do disposto no art. 24, os débitos e

créditos devem ser apurados em cada estabelecimento, compensando-se os saldos

credores e devedores entre os estabelecimentos do mesmo sujeito passivo localizados

no Estado. (“Caput” do artigo com redação dada pela Lei Complementar nº 102, de

11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

§ 1º Saldos credores acumulados a partir da data de publicação desta Lei

Complementar por estabelecimentos que realizem operações e prestações de que tratam

o inciso II do art. 3º e seu parágrafo único podem ser, na proporção que estas saídas

representem do total das saídas realizadas pelo estabelecimento:

I - imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no

Estado;

II - havendo saldo remanescente, transferidos pelo sujeito passivo a outros

contribuintes do mesmo Estado, mediante a emissão pela autoridade competente de

documento que reconheça o crédito.

Page 52: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

52

§ 2º Lei estadual poderá, nos demais casos de saldos credores acumulados

a partir da vigência desta Lei Complementar, permitir que:

I - sejam imputados pelo sujeito passivo a qualquer estabelecimento seu no

Estado;

II - sejam transferidos, nas condições que definir, a outros contribuintes do

mesmo Estado.

Art. 26. Em substituição ao regime de apuração mencionado nos artigos 24

e 25, a lei estadual poderá estabelecer:

I - que o cotejo entre créditos e débitos se faça por mercadoria ou serviço

dentro de determinado período;

II - que o cotejo entre créditos e débitos se faça por mercadoria ou serviço

em cada operação;

III - que, em função do porte ou da atividade do estabelecimento, o

imposto seja pago em parcelas periódicas e calculado por estimativa, para um

determinado período, assegurado ao sujeito passivo o direito de impugná-la e

instaurar processo contraditório.

§ 1º Na hipótese do inciso III, ao fim do período, será feito o ajuste com

base na escrituração regular do contribuinte, que pagará a diferença apurada, se

positiva; caso contrário, a diferença será compensada com o pagamento referente ao

período ou períodos imediatamente seguintes.

§ 2º A inclusão de estabelecimento no regime de que trata o inciso III não

dispensa o sujeito passivo do cumprimento de obrigações acessórias.

Art. 27. (VETADO)

Art. 28. (VETADO)

Art. 29. (VETADO)

Art. 30. (VETADO)

Page 53: livro lei kandir e o enfraquecimento dos municípios

53

Art. 31. Nos exercícios financeiros de 2003 a 2006, a União entregará

mensalmente recursos aos Estados e seus Municípios, obedecidos os montantes, os

critérios, os prazos e as demais condições fixadas no Anexo desta Lei Complementar.

(“Caput” do artigo com redação dada pela Lei Complementar nº 115, de 26/12/2002)

§ 1º Do montante de recursos que couber a cada Estado, a União

entregará, diretamente: (“Caput” do parágrafo com redação dada pela Lei

Complementar nº 115, de 26/12/2002)

I - setenta e cinco por cento ao próprio Estado; e

II - vinte e cinco por cento aos respectivos Municípios, de acordo com os

critérios previstos no parágrafo único do art. 158 da Constituição Federal.

§ 2º Para atender ao disposto no caput, os recursos do Tesouro Nacional

serão provenientes: (“Caput” do parágrafo com redação dada pela Lei Complementar

nº 115, de 26/12/2002)

I - da emissão de títulos de sua responsabilidade, ficando autorizada, desde

já, a inclusão nas leis orçamentárias anuais de estimativa de receita decorrente dessas

emissões, bem como de dotação até os montantes anuais previstos no Anexo, não se

aplicando neste caso, desde que atendidas as condições e os limites globais fixados

pelo Senado Federal, quaisquer restrições ao acréscimo que acarretará no

endividamento da União;

II - de outras fontes de recursos.

§ 3º A entrega dos recursos a cada unidade federada, na forma e condições

detalhadas no Anexo, especialmente no seu item 3, será satisfeita, primeiro, para

efeito de pagamento ou compensação da dívida da respectiva unidade, inclusive de

sua administração indireta, vencida e não paga junto à União, bem como para o

ressarcimento à União de despesas decorrentes de eventuais garantias honradas de

operações de crédito externas. O saldo remanescente, se houver, será creditado em

moeda corrente. (Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar nº 115, de

26/12/2002)

§ 4º A entrega dos recursos a cada unidade federada, na forma e condições

detalhadas no Anexo, subordina-se à existência de disponibilidades orçamentárias

consignadas a essa finalidade na respectiva Lei Orçamentária Anual da União, inclusive

eventuais créditos adicionais. (Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar nº

115, de 26/12/2002)

§ 4º-A (Parágrafo acrescido pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000,

em vigor a partir de 1/8/2000 e revogado pela Lei Complementar nº 115, de

26/12/2002)

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54

§ 5º Para efeito da apuração de que trata o art. 4º da Lei Complementar nº

65, de 15 de abril de 1991, será considerado o valor das respectivas exportações de

produtos industrializados, inclusive de semi-elaborados, não submetidas à incidência

do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações

de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, em 31 de

julho de 1996. (Parágrafo com redação dada pela Lei Complementar nº 102, de

11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

Art. 32. A partir da data de publicação desta Lei Complementar:

I - o imposto não incidirá sobre operações que destinem ao exterior

mercadorias, inclusive produtos primários e produtos industrializados semi-elaborados,

bem como sobre prestações de serviços para o exterior;

II - darão direito de crédito, que não será objeto de estorno, as

mercadorias entradas no estabelecimento para integração ou consumo em processo

de produção de mercadorias industrializadas, inclusive semi-elaboradas, destinadas ao

exterior;

III - entra em vigor o disposto no Anexo integrante desta Lei

Complementar.

Art. 33. Na aplicação do art. 20 observar-se-á o seguinte:

I - somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao uso ou

consumo do estabelecimento nele entradas a partir de 1º de janeiro de 2020; (Inciso

com redação dada pela Lei Complementar nº 138, de 29/12/2010)

II - somente dará direito a crédito a entrada de energia elétrica no

estabelecimento: (Inciso com redação dada pela Lei Complementar nº 102, de

11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

a) quando for objeto de operação de saída de energia elétrica; (Alínea

acrescida pela Lei Complementar nº 102,de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

b) quando consumida no processo de industrialização; (Alínea acrescida

pela Lei Complementar nº 102,de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

c) quando seu consumo resultar em operação de saída ou prestação para o

exterior, na proporção destas sobre as saídas ou prestações totais; e (Alínea acrescida

pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

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55

d) a partir de 1º de janeiro de 2020 nas demais hipóteses; (Alínea acrescida

pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000 e com

nova redação dada pela Lei Complementar nº 138, de 29/12/2010)

III - somente darão direito de crédito as mercadorias destinadas ao ativo

permanente do estabelecimento, nele entradas a partir da data da entrada desta Lei

Complementar em vigor.

IV - somente dará direito a crédito o recebimento de serviços de

comunicação utilizados pelo estabelecimento: (Inciso acrescido pela Lei Complementar

nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

a) ao qual tenham sido prestados na execução de serviços da mesma

natureza; (Alínea acrescida pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a

partir de 1/8/2000)

b) quando sua utilização resultar em operação de saída ou prestação para o

exterior, na proporção desta sobre as saídas ou prestações totais; e (Alínea acrescida

pela Lei Complementar nº 102, de 11/7/2000, em vigor a partir de 1/8/2000)

c) a partir de 1o de janeiro de 2020 nas demais hipóteses. (Alínea com

redação dada pela Lei Complementar nº 138, de 29/12/2010)

Art. 34. (VETADO)

Art. 35. As referências feitas aos Estados nesta Lei Complementar

entendem-se feitas também ao Distrito Federal.

Art. 36. Esta Lei Complementar entra em vigor no primeiro dia do segundo

mês seguinte ao da sua publicação, observado o disposto nos artigos 32 e 33 e no

Anexo integrante desta Lei Complementar.

A N E X O

(Redação dada pela Lei Complementar nº 115, de 26/12/2002)

1. A entrega de recursos a que se refere o art. 31 da Lei Complementar nº

87, de 13 de setembro de 1996, será realizada da seguinte forma:

1.1. a União entregará aos Estados e aos seus Municípios, no exercício

financeiro de 2003, o valor de até R$ 3.900.000.000,00 (três bilhões e novecentos

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56

milhões de reais), desde que respeitada a dotação consignada da Lei Orçamentária

Anual da União de 2003 e eventuais créditos adicionais;

1.2. nos exercícios financeiros de 2004 a 2006, a União entregará aos

Estados e aos seus Municípios os montantes consignados a essa finalidade nas

correspondentes Leis Orçamentárias Anuais da União;

1.3. a cada mês, o valor a ser entregue aos Estados e aos seus Municípios

corresponderá ao montante do saldo orçamentário existente no dia 1 o, dividido pelo

número de meses remanescentes no ano;

1.3.1. nos meses de janeiro e fevereiro de 2003, o saldo orçamentário, para

efeito do cálculo da parcela pertencente a cada Estado e a seus Municípios, segundo

os coeficientes individuais de participação definidos no item 1.5 deste Anexo,

corresponderá ao montante remanescente após a dedução dos valores de entrega

mencionados no art. 3 o desta Lei Complementar;

1.3.1.1. nesses meses, a parcela pertencente aos Estados que fizerem jus

ao disposto no art. 3 o desta Lei Complementar corresponderá ao somatório dos

montantes derivados da aplicação do referido artigo e dos coeficientes individuais de

participação definidos no item 1.5 deste Anexo;

1.3.2. no mês de dezembro, o valor de entrega corresponderá ao saldo

orçamentário existente no dia 15.

1.4. Os recursos serão entregues aos Estados e aos seus respectivos

Municípios no último dia útil de cada mês.

1.5. A parcela pertencente a cada Estado, incluídas as parcelas de seus

Municípios, será proporcional aos seguintes coeficientes individuais de participação:

AC 0,09104% PB 0,28750%

AL 0,84022% PR 10,08256%

AP 0,40648% PE 1,48565%

AM 1,00788% PI 0,30165%

BA 3,71666% RJ 5,86503%

CE 1,62881% RN 0,36214%

DF 0,80975% RS 10,04446%

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57

ES 4,26332% RO 0,24939%

GO 1,33472% RR 0,03824%

MA 1,67880% SC 3,59131%

MT 1,94087% SP 31,14180%

MS 1,23465% SE 0,25049%

MG 12,90414% TO 0,07873%

PA 4,36371% TOTAL 100,00000%

2. Caberá ao Ministério da Fazenda apurar o montante mensal a ser

entregue aos Estados e aos seus Municípios.

2.1. O Ministério da Fazenda publicará no Diário Oficial da União, até cinco

dias úteis antes da data prevista para a efetiva entrega dos recursos, o resultado do

cálculo do montante a ser entregue aos Estados e aos seus Municípios, o qual,

juntamente com o detalhamento da memória de cálculo, será remetido, no mesmo

prazo, ao Tribunal de Contas da União.

2.2. Do montante dos recursos que cabe a cada Estado, a União entregará,

diretamente ao próprio Estado, setenta e cinco por cento, e aos seus Municípios, vinte

e cinco por cento, distribuídos segundo os mesmos critérios de rateio aplicados às

parcelas de receita que lhes cabem do ICMS.

2.3. Antes do início de cada exercício financeiro, o Estado comunicará ao

Ministério da Fazenda os coeficientes de participação dos respectivos Municípios no

rateio da parcela do ICMS a serem aplicados no correspondente exercício, observado o

seguinte:

2.3.1. o atraso na comunicação dos coeficientes acarretará a suspensão da

transferência dos recursos ao Estado e aos respectivos Municípios até que seja

regularizada a entrega das informações;

2.3.1.1. os recursos em atraso e os do mês em que ocorrer o fornecimento

das informações serão entregues no último dia útil do mês seguinte à regularização, se

esta ocorrer após o décimo quinto dia; caso contrário, a entrega dos recursos ocorrerá

no último dia útil do próprio mês da regularização.

3. A forma de entrega dos recursos a cada Estado e a cada Município

observará o disposto neste item.

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58

3.1. Para efeito de entrega dos recursos à unidade federada e por uma das

duas formas previstas no subitem 3.3 serão obrigatoriamente considerados, pela

ordem e até o montante total da entrega apurado no respectivo período, os valores

das seguintes dívidas:

3.1.1. contraídas junto ao Tesouro Nacional pela unidade federada

vencidas e não pagas, computadas primeiro as da administração direta e depois as da

administração indireta;

3.1.2. contraídas pela unidade federada com garantia da União, inclusive

dívida externa, vencidas e não pagas, sempre computadas inicialmente as da

administração direta e posteriormente as da administração indireta;

3.1.3. contraídas pela unidade federada junto aos demais entes da

administração federal, direta e indireta, vencidas e não pagas, sempre computadas

inicialmente as da administração direta e posteriormente as da administração indireta.

3.2. Para efeito do disposto no subitem 3.1.3, ato do Poder Executivo

Federal poderá autorizar:

3.2.1. a inclusão, como mais uma opção para efeito da entrega dos

recursos, e na ordem que determinar, do valor correspondente a título da respectiva

unidade federada na carteira da União, inclusive entes de sua administração indireta,

primeiro relativamente aos valores vencidos e não pagos e, depois, aos vincendos no

mês seguinte àquele em que serão entregues os recursos;

3.2.2. a suspensão temporária da dedução de dívida compreendida pelo

subitem 3.1.3, quando não estiverem disponíveis, no prazo devido, as necessárias

informações.

3.3. Os recursos a serem entregues mensalmente à unidade federada,

equivalentes ao montante das dívidas apurado na forma do subitem 3.1, e do anterior,

serão satisfeitos pela União por uma das seguintes formas:

3.3.1. entrega de obrigações do Tesouro Nacional, de série especial,

inalienáveis, com vencimento não inferior a dez anos, remunerados por taxa igual ao

custo médio das dívidas da respectiva unidade federada junto ao Tesouro Nacional,

com poder liberatório para pagamento das referidas dívidas; ou

3.3.2. correspondente compensação.

3.4. Os recursos a serem entregues mensalmente à unidade federada

equivalentes à diferença positiva entre o valor total que lhe cabe e o valor da dívida

apurada nos termos dos subitens 3.1 e 3.2, e liquidada na forma do subitem anterior,

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serão satisfeitos por meio de crédito, em moeda corrente, à conta bancária do

beneficiário.

4. As referências deste Anexo feitas aos Estados entendem-se também

feitas ao Distrito Federal.