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9 Tenha um Coração de Pai. Extraído do livro. MULTIPLICANDO DISCÍPULOS – WAYLON B.MOORE – JUERP 1981. Seja pai, e não possuidor. Seja atendente, e não senhor. — Lao Tsé HÁ MUITOS BEBÊS espirituais em nossas igrejas, mas há poucos pais ou mães espirituais assumindo responsabilidade por eles. Paulo disse que confiava que Deus iria amadurecer aqueles que ele salvara (veja Fil. 1:6). Qual era a razão para a sua confiança? Como pai espiritual, ele sempre orava pelos seus filhinhos em Cristo (veja Fil. 1:3,4), e ele os amava, dizendo: "Tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração" (Fil. 1:7; o grifo é meu). Os que desejam multiplicar-se através do mundo precisam ser amorosamente responsáveis pela vida dos outros, da mesma forma como um pai, ou mãe, o é para com um filho.

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9 Tenha um Coração de Pai .

Extraído do livro. MULTIPLICANDO DISCÍPULOS – WAYLON B.MOORE – JUERP 1981.

Seja pai, e não possuidor. Seja atendente, e não senhor.

— Lao Tsé

HÁ MUITOS BEBÊS espirituais em nossas igrejas, mas há poucos pais ou mães espirituais assumindo

responsabilidade por eles.

Paulo disse que confiava que Deus iria amadurecer aqueles que ele salvara (veja Fil. 1:6). Qual era a razão para a sua confiança? Como pai espiritual, ele sempre orava pelos seus filhinhos em Cristo (veja Fil. 1:3,4), e ele os amava, dizendo: "Tenho por justo sentir isto a respeito de vós todos, porque vos retenho em meu coração" (Fil. 1:7; o grifo é meu).

Os que desejam multiplicar-se através do mundo precisam ser amorosamente responsáveis pela vida dos outros, da mesma forma como um pai, ou mãe, o é para com um filho.

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Paulo ministrava tanto como mãe quanto como pai para os novos cristãos de Tessalônica (veja I Tess. 2:7,11). A única maneira pela qual um pai, ou mãe. consegue treinar é de pessoa-a-pessoa. Uma criança de três anos de idade tem necessidades diferentes de outra de dez anos. Semelhantemente, as necessidades espirituais na igreja podem ser supridas de maneira mais satisfatória por cuidado e treinamento individual.

Não é fácil ser um pai fazedor de discípulos. Há um preço pessoal a ser pago em amor e disciplina, ao se trabalhar com uma alma que viverá por toda a eternidade. Uma vez aceita essa tarefa das mãos de Cristo, um relacionamento de discipulado de pai para filho algumas vezes perdura por toda a vida, crescendo, até ser uma comunhão de colaboração madura.

Alcançar outra vida e fazer nela um depósito permanente da graça de Deus é um privilégio tão grande que toda a igreja devia estar correndo para conseguir esta oportunidade! Porque, quando um investimento espiritual é feito em outra vida, você participa de toda a glória das recompensas espirituais que serão colhidas através da vida, para sempre. Paulo referiu-se a isto quando escreveu aos cristãos em crescimento que ele treinara, dizendo: "Na verdade vós sois a nossa glória e o nosso gozo" (I Tess. 2:20).

Temos uma quádrupla responsabilidade como pais, ou mães, espirituais: de amar, alimentar, proteger e treinar os nossos discípulos.

O PAI (OU MÃE) AMA OS SEUS FILHOS ESPIRITUAIS

"Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros" (João 13:35). A motivação soberana, em todo o ministério de Cristo aos seus discípulos, era o amor; e deve ser a característica mais reconhecível de cada um de nós, como discípulos do século vinte.

Nem sempre Jesus aprovou as atitudes ou desejos dos seus discípulos, mas ele sempre aceitou-os e amou-os como indivíduos. Na sua presença, os discípulos sentiam liberdade e conforto. Eles sabiam que ele era diferente. Quando os inimigos de Cristo disseram que ele era amigo de publicanos e pecadores, sem querer eles chamaram a atenção para o amor que ele tinha pelos outros.

Amor é uma atitude que se dedica a satisfazer as mais profundas necessidades de outra pessoa, não importa qual seja o preço. Paulo disse aos presbíteros em Éfeso: "Não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos" (At. 20:20). Ele lembrou aos tessalonicenses: "De boa vontade desejávamos comunicar-vos... as nossas próprias almas, porquanto vos tomastes muito amados de nós" (I Tess. 2:8). Da mesma forma como Cristo se deu em amor por nós, o nosso amor precisa expressar-se em renunciarmos a nós mesmos e aos nossos direitos, para ajudar os outros.

Esta entrega amorável em favor das necessidades dos outros muitas vezes requererá que enfrentemos alguns problemas frontalmente. Paulo recordou aos efésios um problema difícil que havia no meio deles: "Não cessei noite e dia de admoestar com lágrimas a cada um de vós" (At. 20:31). Que amor ousado foi necessário que Paulo tivesse, para poder admoestar constante e carinhosamente, até o problema ser enfrentado e vencido!

Nem sempre tem acontecido isso comigo, e pode ser também que não com você. Algumas vezes tenho evitado uma confrontação particular em amor. Tenho tido medo de hesitação para amar suficientemente algumas pessoas, ao ponto de enfrentá-las, mostrar-lhes o seu pecado, e procurar humildemente levá-las ao arrependimento e restauração. Porém, não deve ser assim. "Nisto conhecemos o amor: que Crista deu a sua vida por nós; e nós devemos dar a vida pelos irmãos" (I João 3:16).

"Dar a nossa vida" significa considerarmo-nos mortos para o pecado e vivos para Cristo diariamente, de forma que nos tornemos os canais vivos de seu amor (veja João 17:26). Amor é o teste do controle do Espírito em nossa vida (veja Gál. 5:22), e resulta em uma aproximação aos outros, que torna mais certa a multiplicação através deles. Este amor pelos nossos discípulos significa, todavia, "não fazer convertidos às nossas maneiras de pensar, mas fazer discípulos de Jesus".

Há anos eu disse a um diácono de minha igreja que ele tinha o dom de pastorear, e devia pensar seriamente em entrar no pastorado. Durante esse período algumas coisas desagradáveis aconteceram, e ele abandonou a igreja. Várias pessoas vieram interrogar-me a respeito, mas recusei-me firmemente a dizer algo negativo a respeito dele, e continuei a crer que ele poderia servir a Cristo em um ministério mais amplo. E continuei também orando fervorosamente por ele.

Com o passar dos anos, ele respondeu ao chamado de Deus para um pastorado de tempo integral, e agora está desempenhando um ministério dinâmico. Recentemente, encontramo-nos pela primeira vez, depois de vários anos. Ele disse: "Grande parte do que uso, que realmente funciona, e que tem mudado a minha vida, recebi de seu ministério, Pastor." Nunca há prejuízo quando amamos!

O verdadeiro amor de Paulo pelos seus filhos espirituais brilha através das páginas de II Coríntios. A despeito de ter sido mal-entendido e acusado falsamente, Paulo prosseguiu. Em certo ponto, com seu coração explodindo de amor pelos cari/ílios, ele exclamou: "Eu de muito boa vontade gastarei, e me deixarei gastar pelas vossas almas. Se mais abundantemente vos amo, serei menos amado?" (II Cor. 12:15). O poder para

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amar nunca depende de pessoas ou de coisas: origina-se de um relacionamento com o Espírito Santo (veja Rom. 5:5). O seu fruto é o amor (veja Gál. 5:22). Falta de amor revela falta de um relacionamento íntimo com o Espírito Santo. Se você permitir que o Espírito Santo lhe dê poder para amar os outros, seu amor retornará nos seus relacionamentos de discipulado. Você alcançará seus alvós através do amor.

O PAI (OU MÃE) ALIMENTA SEUS FILHOS ESPIRITUAIS

Ao resumir os seus três anos em Éfeso, em Atos 20, Paulo lembra como ele constantemente alimentou os discípulos com a palavra de Deus: "Não me esquivei de vos anunciar coisa alguma que útil seja, ensinando-vos" (At. 20:20); "Não me esquivei de vos anunciar todo o conselho de Deus" (At. 20:27).

A princípio, a criança é alimentada pelos outros; mais tarde, ela começa a se alimentar, e finalmente, quando adulta, passa a alimentar outros. Um dos alvos primordiais do fazedor de discípulos é ensinar o discípulo a se alimentar, de forma que ele possa, mais tarde, alimentar também outros. Aqui estão algumas das maneiras pelas quais você pode ajudá-lo a aplicar a palavra de Deus à sua vida:

Alimente-o Ensinando-lhe a Hora Tranqüila

Daniel 6:10,11 é um modelo eficiente de uma hora tranqüila com Deus, pois diz onde Daniel orava, quando ele orava e por que orava.

Um lugar definido — Precisamos de um lugar para estar sozinhos com o Senhor, livres de distrações. Se a sua casa não é silenciosa, talvez algum lugar fora dela funcione melhor para você: em seu carro, estacionado em uma rua tranqüila; andando pela vizinhança, de manhã bem cedo; ou mesmo correndo sozinho. Mas seja o que for que você escolha, tenha a certeza de que entrou no seu recolhimento, no lugar de devoção privada, diariamente (veja Mat. 6:6).

Um tempo definido — Encontrar-se com Deus de manhã era o hábito de Cristo (veja Mar. 1:35). Esta é a melhor hora para muitas pessoas, porque constitui uma boa preparação para o dia cheio que se prenuncia. Para obter vitória em se levantar para se encontrar com o Senhor, marque um encontro com ele na noite anterior. Dez minutos de comunhão com Deus de manhã são melhor do que nada; é melhor começar com um período curto e permitir que ele cresça naturalmente. O seu período se estenderá à medida que você ansiar por conhecê-lo melhor e experimentá-lo na sua vida.

Um conteúdo definido — Uma hora tranquila é um tempo de alimentação espiritual para o crente. Você enche a sua mente e o seu espírito com a presença de Deus, alimentando-se com a sua Palavra, enquanto ele fala com você. Depois, você conversa com ele em oração.

Prepare-se na noite anterior. Deixe prontos sua Bíblia, materiais devocionais e caderno. A Bíblia e a literatura devocional são o seu alimento. Use o caderno para registrar novos pensamentos e pedidos de oração. Escreva também as respostas que recebeu às suas orações.

Alimente-o Ensinando-lhe Como Fazer Anotações de Sermões.

Esquecemo-nos de cerca de 90% do que ouvimos. Fazendo anotações dos sermões, cortamos esta porcentagem de perda em pelo menos a metade. Uma forma rápida de ensinar um discípulo como se alimentar é ajudando-o a aprender como fazer anotações de cada mensagem que é transmitida do púlpito.

As anotações dos sermões devem ser de tamanho uniforme, cada semana. Devem incluir o nome do orador, data, título do sermão, passagem ou passagens bíblicas, referências, um esboço do conteúdo e algumas sentenças específicas. As anotações podem ser arquivadas segundo o livro da Bíblia usado, ou segundo o assunto. Assim, elas permanecerão disponíveis para meditação, para estudo, ou para serem usadas na preparação de suas próprias palestras devocionais.

Ensine seu filho espiritual a descobrir a lição principal do sermão, e depois, como aplicar as verdades básicas às situações de sua vida. Os membros da congregação são tão responsáveis por sair da igreja com o sermão quanto o pregador por prepará-lo. E ambos têm diante de Deus a responsabilidade de vivê-lo!

Alimente-o Ensinando-lhe Como Ler a BíbliaLembramo-nos apenas de um pouco mais do que a metade do que lemos (60 a 80%), de forma que é

imperativo que façamos anotações para melhorar a nossa retenção. Enquanto o discípulo lê, aqui estão algumas coisas específicas que ele pode procurar, fazendo anotações acerca do texto:

A lição principal

O que a passagem ensina a respeito de Deus Pai, Filho e Espírito Santo

Um versículo que resuma a passagem

Uma ordem para ser obedecida

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O que Deus está ensinando agora mesmo, desta passagem

É importante que o discípulo leia toda a Bíblia, para se dar conta de sua unidade. Ler livros específicos de uma assentada é especialmente valioso para satisfazer as necessidades individuais. Marque, como tarefa, leituras regulares, com o alvo de que a leitura da Bíblia se torne um hábito de uma vida inteira. Ajude o seu discípulo encorajando-o e testando-o, para ver como ele está tirando proveito da leitura.

Alimente-o Ensinando-lhe Métodos de Estudo BíblicoSe o discípulo aprender como estudar a Bíblia por si mesmo, ele se tornará livre e capacitado para

"comer a Palavra" sempre que desejar, em vez de ficar dependendo de outrem para a sua comida espiritual essencial. Quando estiver ensinando métodos de estudo, faça com que o discípu lo gaste um mínimo de vinte minutos diariamente em sua tarefa de casa.

Quatro métodos de estudo, especialmente, resultam em crescimento dinâmico. São meditação por versículo, em que um versículo é estudado em profundidade; análise por capítulo, em que um livro é estudado capítulo por capítulo; estudo por palavra, em que palavras específicas, como gozo, amor ou paz, são estudadas; e estudo de personagens, em que as pessoas da Bíblia são analisadas. A riqueza destes quatro tipos de estudo pessoal alimenta e prepara o leigo para encontrar a vontade de Deus para toda a sua vida.

Aqui estão algumas sugestões do meu plano favorito de estudo bíblico: a análise por capítulo. Requer apenas Bíblia, papel e caneta. Sugira, ao discípulo, pelo menos quatro coisas:

Paráfrase — Usando as suas próprias palavras, escreva o que o capítulo revela. Isto ajudá-lo-á a entendê-lo plenamente, apropriar-se desse capítulo, fazendo-o seu.

Perguntas — Escreva qualquer coisa, a respeito do texto, que você não tenha entendido. E, também, relacione perguntas que você acha que outras pessoas podem fazer, para as quais você achou a resposta. Isto ajuda muito quando você começa a ensinar a outros. Apresente uma referência bíblica como base para a resposta a essas perguntas, sempre que possível.

Referências — Encontre uma referência (outro versículo que contenha uma verdade relacionada, ou semelhante, em outra porção da Bíblia) para cada versículo do capítulo que estiver considerando. Dessa forma, a Bíblia se torna o seu próprio comentário (o melhor), explicando e esclarecendo cada passagem estudada.

Aplicação — Depois de orar, escreva uma aplicação pessoal baseada em um versículo do capítulo em foco. Explique o que você vai fazer, com forças recebidas de Deus, para aplicar I essa passagem à sua vida diária. Seja específico. Por exemplo, ao invés de escrever: "Vou orar mais na semana que vem", o que é genérico demais, escreva: "Tenho pecado por falta de oração; na semana que vem orarei pelo menos dez minutos por dia." Examine-se e fiscalize-se, para ter a certeza de que cumpriu o que decidiu. O fato de você aplicar fielmente a Palavra de Deus em sua vida vai ajudá-lo a se tornar praticante, e não apenas ouvinte da palavra.

Salmos 1, Salmos 23 e livros curtos do Novo Testamento, como Filemom, Filipenses e I Tessalonicenses, são excelentes porções para um discípulo que está começando a aprender como estudar a Bíblia. Uma ou duas semanas geralmente são um bom período para cada capítulo.

Depois que você tiver ensinado o seu discípulo como estudar a Bíblia, não se esqueça de ensinar-lhe como ensinar a outros. Em todo o seu discipulado, tenha em mente o alvo foral de multiplicar fazedores de discípulos — aqueles que estão treinados e aptos para transmitir o que aprenderam.

Alimente-o Ensinando-lhe a Decorar Passagens BíblicasA memorização de passagens bíblicas resulta em muitas bênçãos e maior poder. O discípulo pode

vencer a tentação e andar vitorioso sobre qualquer pecado (veja Sal. 119:11). Ele pode ter uma vida frutífera e de sucesso (veja Sal. 1:2,3). Ele descobrirá novos interesses na Bíblia, e maior compreensão. A sua capacidade de ensinar será aumentada (veja Col. 3:16). Ele experimentará um novo poder para testemunhar, e verá resultados positivos (veja I Ped. 3:15). Ele conhecerá melhor a vontade de Deus para a sua vida, à medida que mais luz brilhar no seu caminho (veja Sal. 119:105). Ele poderá experi -mentar maior crescimento em sua fé, nova alegria e um espírito mais positivo em sua vida diária (veja Sal. 119:103). Ele poderá orar com nova certeza. O aprendizado de promessas da Bíblia aumenta a ousadia na oração (veja João 15:7).

Todas estas bênçãos, e muitas mais, resultarão da memorização de textos bíblicos, por parte do discípulo, se esta fizer-se acompanhar de meditação para a sua aplicação.

Como decorar um versículo — Sua atitude faz diferença. Ao aprender os versículos, você tem a ajuda do Espírito Santo para "guiá-lo em toda a verdade". Você "pode todas as coisas" naquele que o fortalece (Fil. 4:13; o grifo é meu). Ele lhe dará poder para aprender, se você lhe pedir para fazê-lo.

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1. Depois de ter escolhido um versículo, leia-o no contexto da Bíblia. Ler o capítulo que inclui o versículo em questão o ajudará a entendê-lo. Leia esse versículo cuidadosamente várias vezes, em voz alta. Se outra pessoa já não o fez, decida qual é o tópico do versículo.

2.Aprenda o versículo nesta ordem: o tópico, a sua referência (onde se encontra na Bíblia), o primeiro trecho do versículo e a sua referência novamente. Repita isso várias vezes. Depois comece de novo, sempre iniciando com a referência, adicione outro trecho do versículo e termine com a referência. Continue pouco a pouco, até aprender todo o versículo.

3.Recapitule o versículo durante o dia; use, para isso, momentos de folga . Digamos: na hora das refeições, enquanto está viajando ou esperando, e antes de dormir. Peça a alguém para verificar a sua memorização. Repita o versículo diariamente, durante várias semanas. Depois disso, revise-o semanalmente.

4.Comece decorando dois versículos por semana.

5.Medite sobre cada versículo que aprender. Ore, usando-o. Peça a Deus uma experiência, com esse versículo, em sua vida. Cada versículo contém algo para você conhecer, parar, começar ou compartilhar. O propósito final de cada versículo é identificá-lo com Cristo, em Sua vontade, conhecê-lo melhor e multiplicar a sua glória.

O PAI (OU MÃE) PROTEGE OS SEUS FILHOS ESPIRITUAIS

Satanás planejou a destruição sistemática dos discípulos de Cristo, mediante amargura, desânimo, impaciência e outros pecados. Embora as tragédias sejam milhares, o poder para resistir aos violentos ataques de Satanás está disponível instantaneamente, quando nos apropriamos da própria vida de Cristo. "Maior é aquele que está em vós do que aquele que está no mundo" (1 João 4:4).

Cristo deu o exemplo de como nós, os pais espirituais, na função de protetores, devemos agir, quando disse a Pedro: "Eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, fortalece teus irmãos" (Luc. 22:31,32).

Proteção Contra a TentaçãoTrês tentações básicas, que Satanás usa para nos levar a pecar, encontram-se em I João 2:15,16:

—Não ameis o mundo, nem o que há no mundo. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não vêm do Pai, mas, sim, do mundo."

A concupiscência da carne — A concupiscência ou cobiça começa apenas com um olhar. "Dirijam-se os teus olhos para a frente, e olhem as tuas pálpebras diretamente diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, e serão seguros todos os teus caminhos. Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal" (Prov. 4:25-27).

Ajudar os discípulos significa observar a sua conduta para com o sexo oposto. Palavras honestas e francas a esse respeito, ditas em amor, precisam ser compartilhadas tanto com os discípulos (e discípulas) casados como com os solteiros, para que aprendam como devem se precaver: "guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as .fontes da vida" (Prov. 4:23).

A concupiscência dos olhos — A vontade de ter dinheiro e o desejo de possessões são igualmente destrutivos para os discípulos. Ambos são resultado de uma concentração iníqua nos cuidados deste mundo.

O dinheiro não é mau em si mesmo; usado corretamente, ele pode ser um meio de ministério eficiente para um grande número de pessoas. Contudo, o amor a ele é mau.

"Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se transpassaram a si mesmos com muitas dores" (I Tim. 6:9,10).

"Não podeis servir a Deus e às riquezas" (Mat. 6:24).

A chave é não se deixar possuir pelo dinheiro. Verifique se o seu discípulo tem o dinheiro sob controle, ou se o dinheiro o tem sob controle. Observe as suas motivações nos negócios. Observe quanta energia ele dedica a obter dinheiro. Quais são as suas prioridades? Ele tem tempo para o Senhor, para sua família e para o seu ministério na igreja? Observe como ele gasta e como economiza. A respeito de que ele fala? Compartilhe princípios sadios acerca da direção das finanças, para ajudar o seu discípulo a não fazer dívidas, pois isto lhe dará mobilidade e o libertará para ouvir o chamado de Deus.

Intimamente relacionado com o desejo de ter dinheiro está o desejo de ter propriedades. Devemos perguntar-nos: De quanto realmente precisamos, para as necessidades básicas da vida? "Tendo,

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porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes" (I Tim. 6:8). Tudo o mais é extra: casas, carros e diplomas universitários. Agradeça a Deus os extras, mas não coloque o seu coração neles.

Alguns missionários tiveram que sair do Vietnã, e receberam notícia disso duas horas antes. Eles têm algo a compartilhar a respeito da "perda de todas as coisas" (Fil. 3:8). O pouco que levaram com eles revelou o seu senso de valores. Alguns levaram retratos de família, ou outro objeto sentimental portátil, mas não muito mais do que isso.

Esses missionários podem testificar experimentalmente que não devemos acumular para nós tesouros "onde a traça e a ferrugem os consomem, e onde os ladrões minam e roubam", mas ajuntar "tesouros no céu" (Mat. 6:19,20).

Pense em todas as suas possessões. De que você realmente necessita? Você pode passar sem o quê? Agora, mentalmente, entregue a Deus o direito que você tem sobre todas essas coisas. Quando fizer isso, as coisas perderão qualquer domínio sobre você, e você as usará com a consciência de que elas são de Deus, e não suas.

A soberba da vida — As tentações para sermos soberbos muita vezes se manifestam através de um desejo excessivo de reconhecimento próprio. Quando Satanás não pode deter um homem com a impureza, nem pegá-lo na armadilha do dinheiro, ele cochicha: "Você precisa de mais apreciação. Você fez um bom trabalho, mas ninguém reconhece." Muitos soldados perderam a batalha de multiplicar discípulos "porque amaram mais a glória dos homens do que a glória de Deus" (João 12:43). Tome cuidado com orgulho ferido, azedume, zanga, amargura em seus discípulos. Grande parte disso tem a raiz no desejo de obter glória pessoal.

O desejo de ser apreciado e honrado é natural; contudo, é um luxo que poucos podem aspirar. "Fale pouco, sirva a todos, prossiga", é um moto devastador para o orgulho humano. Lembre-se que o Senhor é o recompensador de todos os que o buscam. Ele mesmo é a nossa última recompensa (veja Gên. 15:1).

A soberba da vida pode também ter a forma de competição excessiva. Queremos ser o melhor que pudermos, diante do Senhor, de forma que o agrademos em tudo o que fazemos. Enquanto uma competição sadia pode promover o nosso desejo de excelência, uma concentração demasiada em nós mesmos pode enevoar a nossa visão das necessidades dos outros. Precisamos ter em mente as palavras de Paulo aos filipenses: "Nada façais por contenda ou por vanglória, mas com humildade, cada um considere os outros superiores a si mesmo, não olhe cada um somente para o que é seu, mas cada qual também para o que é dos outros" (Fil. 2:3,4).

Proteção Através da DisciplinaQuando as advertências de Deus não são ouvidas, e o discípulo peca, o pai espiritual precisa discipliná-lo.

Este é um ministério essencial na igreja. "Antes exortai-vos uns aos outros todos os dias, durante o tempo que se chama hoje, para que nenhum de vós se endureça pelo engano do pecado" (Heb. 3:13; o grifo é meu).

A passagem-mestra a respeito de disciplina é Hebreus 12:5-13. Devemos disciplinar os que estão sob o nosso encargo; não devemos punir! O alvo da punição é parar um hábito ou ofensa, mas o objetivo da disciplina é a restauração da comunhão com Deus.

Ser sincero e franco para com os outros quanto aos pecados deles é uma questão delicada, mas necessária. A repreensão e exortação não são apenas urna forma rápida de recuperação e crescimento espiritual, mas também demonstram um amor raro, da parte do repreensor; poucas pessoas estão dispostas a arriscar o rompimento de uma amizade devido à disciplina.

Paulo usa várias palavras para descrever essa confrontação amorosa: encarrega, admoesta, repreende, reprova, corrige, exorta e até consola. Se um pai espiritual permite que o discípulo continue desobedecendo à Palavra, sem repreendê-lo em amor, está falhando no exercício de amor genuíno nesse relacionamento.

Disciplina em amor é fator essencial agora, para que os discípulos venham mais tarde a crescer, amando a pureza e procurando viver uma vida piedosa. Pequenas sementes de pecado produzem grandes árvores, que bloqueiam a luz solar dos propósitos de Deus. Uma falha em corrigir e disciplinar os nossos filhos naturais enquanto são jovens significa que aqueles "pequenos" defeitos futuramente crescerão, tornando-se grandes problemas. O mesmo acontece em nossos relacionamentos com os nossos filhos espirituais. Corrija a desobediência rapidamente. "Porquanto não se executa logo juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para praticar o mal" (Ed. 8:11).

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Anos depois, os que foram repreendidos amorosamente olharão para o passado com alegria, porque Deus os amou suficientemente para tocar as suas vidas permanentemente, através de alguém que se importou com eles o suficiente para discipliná-los. "O que repreende a um homem achará depois mais favor do que aquele que lisonjeia com a língua" (Prov. 28:23; o grifo é meu).

Como admoestar em amor — Quando estiver falando com os discípulos a respeito do pecado em suas vidas, faça-o à luz de I Coríntios 13 e Gálatas 6:1-3. Quando o Espírito o levar a confrontar o discípulo, aqui estão algumas regras básicas para admoestação.

1. A Palavra de Deus é sempre a base para qualquer admoestação. É imperativo que saibamos que a ofensa praticada é claramente contrária às Escrituras (veja Tito 2:1). 2 .-Use de discrição. A hora certa é essencial. Algumas vezes plano de Deus é que usemos a sua verdade: "A discrição do homem fá-lo tardio em irar-se, e a sua glória está em esquecer ofensas" (Prov. 19:11).

3. O disciplinador precisa cumprir os requisitos de Gálatas 6:1: "Vós que sois espirituais". Precisamos ser controlados pelo Espírito Santo. Precisamos ter vitória em nossos corações sobre a área de culpa revelada na vida de outrem.

4. Não somos chamados para confrontar qualquer pessoa que encontrarmos, que tenha um problema de pecado. Ganhar o coração da pessoa é a chave para conseguir uma reação positiva; mas isso leva tempo. E, também, não somos os pais espirituais de todo mundo.

5. A admoestação precisa ser razoável, dada de maneira amorosa, como partindo de um irmão mais velho, e deve expressar compaixão e ternura (veja II Cor. 2:4).

6. A admoestação a outra pessoa precisa ser feita com brandura (veja Gál. 6:1). Lembre-se de que o mesmo pode acontecer a você algum dia — ou já pode ter acontecido. Fale cuidadosamente, e com um coração humilde.

7. Faça-o particularmente (veja Prov. 25:9 e Mat. 18:15).

8. Faça-o com perseverança. Não se permita ficar cansado ou desanimado. Seja persistente, porém não importuno. Uma vez resolvido, dê o assunto por encerrado (veja Prov. 13:19 e 28:23).

A responsabilidade do pai (ou mãe) espiritual de treinar o seu filho reflete o propósito básico deste livro. Revise todos os capítulos a respeito de treinamento, e prepare um plano básico de treinamento hem seu, para o seu discípulo, não algo que seja inflexível, mas algo que contenha os temas essenciais do discipulado. Quando se deve apresentar ao discípulo esses temas essenciais e como ensiná-los são coisas que vão variar de pessoa para pessoa, mas todos os temas básicos devem ser incluídos no treinamento de cada indivíduo.

PERGUNTAS PARA ESTUDO E DISCUSSÃO

1. Por que a comparação entre pais físicos e espirituais é usada tão amplamente nas Escrituras? O que podemos aprender disso? (veja I Cor. 4:15,16; II Cor. 12:14,15; Gál. 4:19; II Tim 1:2; Tito 1:4; III João 4).

2. Qual das quatro responsabilidades do pai espiritual para com as pessoas que ele está treinando é a mais usada, e qual é a menos usada em sua

a)classe de Escola Bíblica Dominical

b)culto de adoraçãoc)treinamento da igrejad)treinamento pessoal da parte de outra pessoa?

3.- O que pode ser feito agora dentro da sua comunidade para estimular uma reação amorosa para com cada novo membro da igreja ou novo convertido?

4.- Discuta algo que você achar útil, tirado da sua experiência com a hora tranqüila esta semana.5. Como pode você encorajar outra pessoa em seu contato diário com Deus?

6. Discuta a possibilidade de

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a) fazer anotações dos sermões e compartilhá-las em família

b) fazer a análise de um capítulo da Bíblia em grupo, como Salmos 1 e Salmos 23.

7. Discuta as três áreas de tentação que podem destruir os discípulos em crescimento. Como pode você ajudar alguém que conhece a experimentar vitória em uma dessas áreas?