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Livro - PED - Alfabetizacao e Letramento.pdf

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    Ensino a Distncia

    DisciplinaAlfabetizao e Letramento

    AutorRaquel Usevicius Hahn

    Design / DiagramaoTina Perrone

    Guilherme Cruz da Silveira

    Atendimento ao Aluno EADDDG 0800.0514131DDG: 0800.6426363

    E-mail: [email protected] Canoas:

    Av. Farroupilha, 8001 Prdio 11 2 andar - Corredor central - Sala 130 Canoas/RSAtendimento de segunda-feira a sexta-feira: Manh/Tarde/Noite: Das 8:00hs s 22:30hs

    Atendimento aos sbados: Manh: 8:00hs s 12:00hs

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    Apresentao Geral do contedoA Escola dos Esquecidos1

    primeira vista a escola no agrada. Uma casa simples, muito pequena.Abriga quatro salas de aula, uma secretaria e um projeto de banheiro para os professores e funcionrios. ...

    A sala de aula do ponto de vista fsico repugnante. O espao pequeno, a porta no se fecha totalmente. A nica janela comporta uma plateia nem sempre agradvel dos que nela fi-cam como se nada estivesse passando dentro da sala.

    A iluminao muito fraca. O cho empoeirado e sujo. O pedao de eucatex re-vestido de verde, sem moldura, ao qual se d o nome de quadro negro est apoiado sobre duas mesas.

    Mas algo ilumina este ambiente. o brilho dos olhos dos meninos que frequentam esta sala.

    Os gestos so tmidos, as suas falas parcas.Mas a resistncia e a perseverana em permanecer na escola revelam o desejo de aprender que os move e ao mesmo tempo os imobiliza diante do fracasso. Rostos que no consigo esquecer.

    Este livro tem por objetivo fundamentar os estudos desenvolvidos na disci-plina de Alfabetizao e Letramento do Curso de Pedagogia da Universidade Lute-rana no Brasil. Esta disciplina se prope a estudar os conceitos de alfabetizao e letramento nas perspectivas histrica, social e cultural. Assim como o processo de aquisio e desenvolvimento da linguagem escrita e as prticas pedaggicas.

    O livro est dividido em dez captulos. Iniciaremos fazendo uma reflexo inicial sobre a alfabetizao: analisando o mapa do analfabetismo no Brasil e os indicadores do alfabetismo funcional. A seguir iniciaremos uma viagem pela histria da alfabetiza-o. Estudaremos a histria da escrita, a histria dos livros e da leitura convidando o leitor a refazer a sua histria em relao ao seu processo de alfabetizao.

    No captulo trs estudaremos sobre os mtodos de alfabetizao e as suas implicaes na educao apresentado algumas curiosidades sobre cada mtodo. No captulo quatro discutiremos sobre dois conceitos fundamentais: Alfabetizao e Letramento. Ser discutido tambm sobe a importncia do letramento digital. Nesse captulo com o intuito de auxiliar o autor organizamos um glossrio com os principais conceitos. No captulo cinco iremos estudar sobre a Psicognese da Lngua Escrita, a pesquisa de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky que representa um marco e um divisor de guas na histria e nas prticas de alfabetizao desenvol-vidas a partir da divulgao dos resultados da pesquisa.

    1 Crnica escrita por Raquel Usevicius Hahn a partir da pesquisa ao desenvolvida no mestrado. HAHN, Raquel Usevicius. O Processo de Construo da Professora Alfabetizadora no Cotidiano Escolar. Salvador, 1997. Dissertao de (Mestrado) UFBA.

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    Professoras Autoras: Raquel Usevicius Hahn

    Doutoranda na rea de Informtica da Educao PGIE/UFRGS. Mestre em Educao na rea de formao de professores PGEDU/UFBa. Especialista em Alfabetizao em Classes Populares. GEEMPA/RS. Graduada em Pedagogia FACED/UFRGS. Coordenadora de Ensino e Professora do Curso de Pedagogia da ULBRA.

    No captulo seis o foco ser a construo do conhecimento sobre a escrita tendo com eixo bsico a linguagem. Em sequencia no captulo sete iremos es-tudar as prticas de oralidade e leitura. No captulo oito as prticas de escrita. No captulo nove os aspectos lingusticos da alfabetizao e no captulo dez as prticas pedaggicas de alfabetizao e letramento. Salientamos que no final de cada captulo temos as atividades, que so compostas de cinco exerccios, com o objetivo de autoestudo para o aprofundamento e reviso de cada tema proposto.

    O objetivo principal deste livro o estudo e aprofundamento dos conheci-mentos sobre a Alfabetizao e o Letramento. Sabemos que a aprendizagem da linguagem oral e escrita ocorre simultaneamente, mas para fins didticos separa-mos os estudos em captulos fazendo sugesto de vrias atividades. No entanto, temos clareza que o professor o autor e o principal protagonista da sua prtica pedaggica e aos poucos ele ir construindo as suas lies.

    Tambm temos claro que: a alfabetizao universal de crianas e adultos continua sendo um desafio. A alfabetizao constitui um direito fundamental, uma necessidade bsica de aprendizagem e a chave para aprender a aprender, condio indispensvel para o exerccio pleno da liberdade, que constitui o bem supremo de ser na vida.

    Finalizamos essa introduo tendo conscincia que ainda h muito por fazermos em nosso pas para atingirmos uma alfabetizao para todos, com qua-lidade. E cito a concluso do meu trabalho de mestrado que at hoje me inspira em estudar, aprender e ensinar sobre a alfabetizao.

    Aps a festa de encerramento do trabalho de campo 2 a professora ainda continuou em aula com os alunos por mais 15 dias. Ela transformou o perodo de recuperao em aulas normais para todos. Dos 16 alunos que acompanharam a pesquisa at o final, 14 obtiveram notas azuis na quarta unidade e com isso foram aprovados para a segunda srie.Nas muitas conversas que tivemos, eles falavam sempre em tomar a lio, e hoje sei que eles me deram muitas lies.A lio da resistncia, da perseverana e da esperana.

    2 Crnica escrita por Raquel Usevicius Hahn a partir da pesquisa ao desenvolvida no mestrado. HAHN, Raquel Usevicius. O Processo de Construo da Professora Alfabetizadora no Cotidiano Escolar. Salvador, 1997. Dissertao de (Mestrado) UFBA.

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    SUMRIO

    1. Reflexes Iniciais sobre Alfabetizao

    2. Histria da Alfabetizao

    3. Mtodos da Alfabetizao

    4. Alfabetizao e Letramento

    5. Psicognese da Lngua Escrita

    6. Construo do Conhecimento Sobre a Escrita

    7. Prticas de Oralidade e Leitura

    8. Prticas de Escrita

    9. Aspctos Lingusticos da Alfabetizao

    10. Prticas Pedaggicas de Alfabetizao e Letramento

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    ALFABETIZAO E LETRAMENTO

    Captulo 1Reflexes Iniciais sobre Alfabetizao

    Todos os problemas de alfabetizao comearam quando se decidiu que escrever no era uma profisso, mas uma obrigao, e que ler no era uma marca de sabedoria, mas de cida-dania. Emilia Ferreiro, 2009.

    Neste captulo iremos propor algumas reflexes iniciais sobre a Alfabetizao. Iniciaremos refletindo sobre o nosso prprio processo de alfabetizao. A seguir estuda-remos sobre o Analfabetismo no Brasil e analisaremos os principais resultados do INAF Indicador Nacional de Alfabetismo no Brasil e suas implicaes com a alfabetizao.

    Pensando em voz alta...

    Todos que esto realizando este curso e fazendo esta disciplina foram alfabetiza-dos. Eu gostaria de propor neste momento que cada um fizesse uma viagem no tempo e tentasse trazer a memria os seus anos iniciais de escolarizao. Com que idade en-trou na escola? Como foi essa experincia? Voc consegue lembrar-se do primeiro livro que leu? Ou da primeira palavra que escreveu? Lembra-se da sua professora? E do seu caderno? (algum ainda tem um exemplar guardado). E dos livros? Como eram os livros usados na escola. (lembra-se do nome de algum). E sobre o seu nome. Voc sabe por que ganhou este nome? Quem lhe deu? Qual o significado! Se ainda no souber esta uma tima oportunidade de descobrir.

    E na sua famlia quando era criana existia o hbito da leitura. Algum lia para voc? E hoje, voc l para os seus filhos e/ou sobrinhos. Ao refletirmos sobre o nosso prprio processo de alfabetizao muitas coisas nos veem a mente e passamos a ter presente que este foi um momento de muitas expectativas e muito marcante nas nossas vidas e ainda hoje para todos aqueles esto em processo de alfabetizao. Comeo com esta reflexo inicial para paramos e pensarmos em conjunto. Ser que o problema da alfabetizao uma questo de mtodo? Por que temos tantos analfabetos no Brasil e no mundo ainda hoje no sculo XXI? Eu me atrevo a dizer que a educao uma questo de cultura e de valor. Voc j parou para refletir como repre-

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    sentada na nossa televiso brasileira a escola, a educao, a sala de aula (com exceo das propagandas do MEC). Costumamos observar situaes de leitura nas nossas novelas? E nos desenhos infantis? Eu s me recordo do desenho da Bela e a Fera onde a Bela uma leitora vida e na casa da Fera existe uma biblioteca enorme (lugar preferido pela Bela). E nos filmes brasileiros observamos situaes de escrita e leitura?

    Nos filmes estrangeiros sobre qualquer temtica observamos que sempre que uma criana vai dormir algum l para ela (o pai, a me, a tia, a av, o padastro, etc). Ou seja, essas crianas tm modelos de leitores e escritores. Se os nossos filhos no nos veem como modelos de leitores e escritores eles no daro importncia para isso. O que ns lemos diariamente? Jornais, revistas, e-mail, folhetos, etc. Qual o nosso livro mais marcante? Temos um livro de cabeceira? O que escrevemos diariamente?

    Outro dado muito relevante apresentado por Emlia Ferreiro sobre os povos do livro. Na histria da nossa civilizao percebemos que trs povos se alfabetizaram antes do surgimento da escola. A comunidade judaica que tem a Tor (Antigo Testamento) como um livro de muito valor e que diariamente nas famlias judaicas realizada a lei-tura. A comunidade rabe que tem no Alcoro um livro sagrado que d o norte para as suas vidas e memorizado pelas crianas assim que aprendem a falar e a comunidade Protestante que tem por hbito a leitura diria da Bblia inclusive nos seus cultos. Ou seja, para essas comunidades a leitura um valor e uma prtica que passa de gerao a gerao.

    Mapa do Analfabetismo no Brasil

    Estudaremos este assunto a partir de um documento que foi produzido pelo INEP3 que apresenta um pouco da histria do Brasil em relao alfabetizao, assim como vrios indicadores. Sabemos que o Brasil um pas plural, com muitas diferenas re-gionais e intra-regionais. Existiram vrias propostas de combate ao analfabetismo de cunho salvacionistas que geralmente fracassaram. Infelizmente este um problema que possui uma longa histria no nosso Pas. No Brasil colnia havia um grande nmero de comerciantes ricos que no sabiam ler (ALMEIDA: 2000, p.37). Vamos apresentar e uma tabela com a taxa de analfabetismos da populao de 15 anos ou mais no perodo de 1900 a 2000.

    3 INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Ansio Teixeira. http://www.publicacoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9D0-42DC-97AC-5524E567FC02%7D_MAPA%20DO%20ANALFABETISMO%20NO%20BRASIL.pdf

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    Analisando essa tabela observa-se que a taxa de analfabetismo na populao de 15 anos ou mais caiu continuamente ao longo do sculo passado, saindo de um patamar de 65,3% em 1900 para chegar a 13,6% em 2000, mas ainda temos um longo caminho para erradicar o analfabetismo no Brasil.

    Percebemos que o Brasil tem atualmente plenas condies (recursos econmicos e qualificao docente) para enfrentar o desafio de alfabetizar quase 13 milhes de analfabetos. E tambm precisamos estar atentos ao conceito de analfabetismo, o mes-mo sofreu alteraes ao longo desse perodo.

    O IBGE4 nas suas pesquisas considera alfabetizada a pessoa capaz de ler e escre-ver pelo menos um bilhete simples no idioma que conhece, mas atualmente adotado o conceito de analfabeto funcional, que inclui todas as pessoas com 15 anos ou mais, com menos de quatro sries de estudos concludas. Usando este segundo conceito o n-mero de analfabetos funcionais no Brasil de 30, 5 milhes de pessoas o que representa 20,4% da populao brasileira. As regies Norte (25,3%) e Nordeste (30,9%) registram os maiores percentuais de analfabetos funcionais. Na regio Sudeste o percentual foi 14,9%, na regio Sul 15,7% e na regio Centro-Oeste 18,2%.

    Outro dado que as pesquisas revelam que no Brasil, 35% dos analfabetos j fre-quentaram a escola. Entre as razes para o fracasso nesta rea temos escolas de baixa qualidade, trabalho precoce, baixa escolarizao dos pais, despreparo da rede de ensi-no para lidar com essa populao, etc.

    Percebemos tambm que to antigas quanto o analfabetismo no Brasil so as ten-tativas de erradic-lo. Assim, podemos citar, entre outros:

    4 IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica. http://www.ibge.gov.br

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    Campanha de Educao de Adolescentes e Adultos (1947, Governo Eurico Gaspar Dutra); Campanha Nacional de Erradicao do Analfabetismo (1958, Governo Juscelino Ku-

    bitschek); Movimento de Educao de Base (1961, criado pela Conferncia Nacional de Bispos

    do Brasil-CNBB); Programa Nacional de Alfabetizao, valendo-se do Mtodo Paulo Freire (1964, Go-

    verno Joo Goulart); Movimento Brasileiro de Alfabetizao (Mobral) (1968-1978, Governos da Ditadura

    Militar); Fundao Nacional de Educao de Jovens e Adultos-Educar (1985, Governo Jos

    Sarney); Programa Nacional de Alfabetizao e Cidadania-Pnac (1990, Governo Fernando

    Collor de Mello); Declarao Mundial de Educao para Todos (assinada, em 1993, pelo Brasil em

    Jomtien, Tailndia); Plano Decenal de Educao para Todos (1993, Governo Itamar Franco); Programa de Alfabetizao Solidria (1997, Governo Fernando Henrique Cardoso). Brasil Alfabetizado (2003, Governo Luis Incio Lula da Silva e Dilma Russeff).

    Esse grande nmero de experincias nos indica que a erradicao do analfabe-tismo uma meta possvel, mas que exigir um grande esforo nacional, a exemplo do que ocorreu em outros pases, inclusive mais pobres que o Brasil e que conseguiram extingui-lo.

    Sabemos tambm que hoje no Brasil, h um grande nmero de experincias que com metodologias diversificadas tem tido sucesso na alfabetizao de seus jovens e adul-tos. No podemos deixar de nos referir tambm difuso do mtodo criado por Paulo Freire, nas dcadas de 1960 e 1970, que ajudou a erradicar o analfabetismo no mundo.

    Mais recentemente o governo federal vem propondo o Pacto Nacional da Alfabeti-zao na Idade Certa. Esta iniciativa surgiu a partir do compromisso do Plano de Desen-volvimento da Educao, O PDE 2007, firmado por todos os estados e municpios com o governo federal e meta do novo Plano Nacional de Educao. O Pacto Nacional pela Al-fabetizao na Idade Certa um compromisso formal assumido pelos governos federal, do Distrito Federal, dos estados e municpios de assegurar que todas as crianas estejam alfabetizadas at os oito anos de idade, ao final do 3 ano do ensino fundamental.

    INAF Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional

    Iremos aprofundar um pouco mais o conceito de Alfabetismo Funcional apresentan-do os estudos do INAF. O INAF - Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional pesquisa os nveis de alfabetismo funcional da populao brasileira adulta. Tem como objetivo prin-

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    cipal oferecer informaes qualificadas sobre as habilidades e prticas de leitura, escrita (letramento) e matemtica (numeramento) dos brasileiros entre 15 e 64 anos de idade.

    O indicador foi criado em 2001 e pesquisa a capacidade de leitura, escrita e cl-culo da populao brasileira adulta. A partir de 2007, a pesquisa passou a ser bienal, trazendo simultaneamente as habilidades de letramento e numeramento e mantendo a anlise da evoluo dos ndices a cada dois anos.

    A definio de analfabetismo vem, ao longo das ltimas dcadas, sofrendo re-vises significativas como reflexo das prprias mudanas sociais. Em 1958, a UNESCO definia como alfabetizada uma pessoa capaz de ler e escrever um bilhete simples, rela-cionado sua vida diria. Vinte anos depois, a UNESCO sugeriu a adoo dos conceitos de analfabetismo e alfabetismo funcional. Portanto, considerada alfabetizada funcio-nalmente a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita e habilidades matemticas para fazer frente s demandas de seu contexto social e utiliz-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida.

    Dividido em quatro nveis o INAF classifica a populao brasileira de acordo com suas habilidades em leitura/escrita (letramento) e em matemtica (numeramento).

    Os nveis de alfabetismo funcional so:

    Analfabeto- Corresponde condio dos que no conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras e frases ainda que uma parcela destes consiga ler nmeros familiares (nmeros de telefone, preos etc.);

    Rudimentar - Corresponde capacidade de localizar uma informao explcita em textos curtos e familiares (como um anncio ou pequena carta), ler e escrever nme-ros usuais e realizar operaes simples, como manusear dinheiro para o pagamento de pequenas quantias ou fazer medidas de comprimento usando a fita mtrica;

    Bsico - As pessoas classificadas neste nvel podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois j leem e compreendem textos de mdia extenso, localizam in-formaes mesmo que seja necessrio realizar pequenas inferncias, leem nmeros na casa dos milhes, resolvem problemas envolvendo uma sequncia simples de operaes e tm noo de proporcionalidade. Mostram, no entanto, limitaes quando as operaes requeridas envolvem maior nmero de elementos, etapas ou relaes; e

    Pleno - Classificadas neste nvel esto s pessoas cujas habilidades no mais impem restries para compreender e interpretar textos em situaes usuais: leem textos mais longos, analisando e relacionando suas partes, comparam e avaliam informa-es, distinguem fato de opinio, realizam inferncias e snteses. Quanto matem-tica, resolvem problemas que exigem maior planejamento e controle, envolvendo percentuais, propores e clculo de rea, alm de interpretar tabelas de dupla entrada, mapas e grficos.

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    Os nveis analfabeto e rudimentar so considerados analfabetos funcionais. E os nveis bsico e pleno so considerados funcionalmente alfabetizados. Desse modo po-demos observar que o ndice de analfabetos funcionais da populao de 15 a 64 anos vem diminuindo: em 2001 representava 37% da populao e em 2011 representa 27% da populao. Enquanto que o ndice dos funcionalmente alfabetizados vem crescendo em 2001 era de 61% e em 2011 de 73%. Entretanto isto ainda muito preocupante, pois, somente 26% da populao brasileira de 15 a 64 anos considerada plenamente alfabetizada.

    Se passarmos a olhar os ndices mundiais a situao tambm muito preocupan-te. A humanidade ingressou no sculo XXI com um bilho de analfabetos no mundo (en-quanto em 1980 eram 800 milhes). Segundo os dados da UNESCO temos 960 milhes de analfabetos, dos quais dois teros so mulheres; mais de 100 milhes de crianas das quais 60 milhes so meninas sem acesso a educao bsica no mundo.

    Conclumos com nosso mestre:O importante do ponto de vista de uma educao libertadora, e no bancria, que, em qualquer dos casos, os homens se sintam sujeitos de seu pensar, discutindo o seu pensar, sua prpria viso do mundo, manifestada implcita ou explicitamente, nas suas sugestes e nas de seus companheiros. (Freire, 1987, p. 120)

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    Recapitulando

    Neste primeiro captulo iniciamos as reflexes iniciais sobre alfabetizao pen-sando em voz alta e desvelando o nosso prprio processo de alfabetizao. Foi apre-sentado o Mapa do Analfabetismo no Brasil contando um pouco da histria do nosso Pas nessa rea e aprofundado as estatsticas atravs dos estudos e pesquisas desenvolvidos pelo INAF. muito importante termos presente o conceito de Alfabetismo Funcional, ou seja, considerada alfabetizada funcionalmente a pessoa capaz de utilizar a leitura e escrita e habilidades matemticas para fazer frente s demandas de seu contexto social e utiliz-las para continuar aprendendo e se desenvolvendo ao longo da vida. E precisa-mos ter em vista que somente 26% da populao brasileira de 15 a 64 anos considerada plenamente alfabetizada. Ainda temos um longo caminho pela frente.

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    1. A partir da leitura do primeiro captulo Reflexes Iniciais sobre a Alfabetizao analise as afirmaes abaixo:

    I. Todas as propostas de combate ao analfabetismo de cunho salvacionistas tive-ram sucesso.

    II. Em 1960 a taxa de analfabetismo no Brasil era de 39,7%.III. O nmero de analfabetos funcionais no Brasil de 30, 5 milhes de pessoas o que

    representa 20,4% da populao brasileira.IV. As regies Norte e Nordeste registram os menores percentuais de analfabetos

    funcionais.

    Esto corretas:

    a) apenas I e II. b) apenas I e III.c) apenas II e III. d) apenas III e IV. e) apenas I, III e IV.

    2. Considerando os estudos do INAF Indicador Nacional de Analfabetismo Funcional no Brasil, assinale as alternativas corretas:

    a) O INAF tem como objetivo principal objetivo oferecer informaes qualificadas sobre as habilidades e prticas de leitura, escrita e matemtica dos brasileiros entre zero e 18 anos de idade.

    b) Em 1958, a UNESCO definia como alfabetizada uma pessoa capaz de ler e escre-ver um bilhete simples, relacionado sua vida diria.

    c) O nvel analfabeto corresponde capacidade de localizar uma informao expl-cita em textos curtos e familiares.

    d) Os nveis de alfabetismo funcional so: Analfabeto, Rudimentar, Bsico e Pleno.e) O nvel rudimentar corresponde condio dos que no conseguem realizar tare-

    fas simples que envolvem a leitura de palavras e frases.

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    3. Considerando os estudos sobre a evoluo do Indicador de alfabetismo da populao de 15 a 64 anos (2001-2002 a 2011), complete com 1 ou 2.

    1) VERDADEIRO2) FALSO

    O ndice de analfabetos funcionais da populao de 15 a 64 anos vem dimi-nuindo: em 2001 representava 39% da populao e em 2011 representa 27% da populao.Somente 46% da populao brasileira de 15 a 64 anos considerada plenamente alfabetizada.Os nveis analfabeto e rudimentar so considerados analfabetos funcionais. O ndice dos funcionalmente alfabetizados vem crescendo em 2001 era de 59% e em 2011 de 91%. Os nveis bsico e pleno so considerados funcionalmente alfabetizados.

    4. Outro dado que as pesquisas revelam que no Brasil, 35% dos analfabetos j fre-quentaram a escola. Entre as razes para o fracasso nesta rea temos:

    I. escolas de alta qualidade;II. baixa escolarizao dos pais;III. trabalho precoce;IV. incentivo a educao de jovens e adultos em todo o pas;V. despreparo da rede de ensino para lidar com essa populao.

    Esto corretas as afirmativas:

    a) I, II e IV. b) I e III.c) II, III e IV. d) I, III e V. e) II, III e V.

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    5. Percebemos tambm que to antigas quanto o analfabetismo no Brasil so as tenta-tivas de erradic-lo. Existiu um grande nmero de experincias que nos indicaram que a erradicao do analfabetismo uma meta possvel. Entre as experincias de-senvolvidas ao longo da histria temos que:

    a) O Movimento de Educao de Base (1961, criado pela Conferncia Nacional de Bispos do Brasil-CNBB) foi a primeira experincia desenvolvida no Brasil.

    b) O Movimento Brasileiro de Alfabetizao (Mobral) (1968-1978) valeu-se do Mto-do Paulo Freire.

    c) O Programa Nacional de Alfabetizao e Cidadania-Pnac (1990) foi desenvolvido no Governo Fernando Henrique Cardoso.

    d) O Programa Brasil Alfabetizado iniciou no Governo Luis Incio Lula da Silva.e) O Programa de Alfabetizao Solidria foi desenvolvido no Governo Jos Sarney.

    Gabarito: 1. c / 2. b, d / 3. 1, 2, 1, 2, 1 / 4. e / 5. d

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    Alfabetizao e Letramento

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ALMEIDA, Jos Ricardo Pires de. Histria da Instruo Pblica no Brasil, 1500-1889. So Paulo: PUC. Braslia: MEC-Inep 2000, (Edio original em francs de 1889).BRASIL ALFABETIZADO.http://portal.mec.gov.br/index.php?Itemid=86&id=12280&option=com_contentCURTO, Llus Maruny. Alfabetizao: pensamento e diversidade. In: Ptio: Revista Pedaggica. Ano 4. n 14 ago/out 2000. p.19-20.FERREIRO, Emilia. Passado e Presente dos Verbos Ler e Escrever. 3. ed. So Paulo: Cortez, 2009.FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. INAF - Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional. http://www.ipm.org.br/ipmb_pa-gina.php?mpg=4.02.00.00.00&ver=porINEP/MEC Mapa do Analfabetismo no Brasil. http://www.publicacoes.inep.gov.br/arquivos/%7B3D805070-D9D0-42DC-97AC-5524E567FC02%7D_MAPA%20DO%20ANALFABE-TISMO%20NO%20BRASIL.pdf PACTO NACIONAL PELA ALFABETIZAO NA IDADE CERTA http://pacto.mec.gov.br/TEIXEIRA, Ansio. Educao no privilgio. 3. ed. So Paulo: Cia. Editora Nacional, 1971.

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    ALFABETIZAO E LETRAMENTO

    Capitulo 2Histria da Alfabetizao

    A mais bsica de todas as necessidades de aprendizagem continua sendo a alfabetizao. Emlia Ferreiro

    Neste captulo iremos conhecer a histria da escrita, a histria do livro e a his-tria da leitura tendo como pano de fundo a histria da alfabetizao. Vamos convid--los para fazerem uma viagem! Existem muitos materiais e fontes histricas sobre estes temas. Fiquem a vontade para aprofundarem as pesquisas nesta temtica.

    Histria da Escrita

    A histria da humanidade se divide em duas imensas eras: antes e depois da escrita. O surgi-mento da escrita um marco importante por demarcar a separao entre a pr-histria e a histria iniciando o registro dos acontecimentos. A lei escrita substituiu a lei oral, o contra-to escrito substituiu a conveno verbal, a religio escrita se seguiu a tradio legendria. HIGOUNET (2003, p.10)

    Iniciaremos a histria da escrita a partir de alguns fatos historicamente comprova-dos. A escrita surgiu do sistema de contagem feito com marcas em cajados ou ossos, usado provavelmente para contar o gado numa poca em que o homem j possua rebanhos e domesticava animais. Esses registros passaram a ser usados nas trocas e vendas, represen-tando a quantidade de animais ou de produtos negociados. Para isso, alm dos nmeros era preciso inventar smbolos para os produtos e para os nomes dos proprietrios.

    Os pastores vendiam ovelhas, cabras e compravam cereais e outros produtos, mas a medida que s compras e as vendas foram aumentando, ficava cada vez mais difcil memorizar o que tinha acontecido: quantos sacos de trigo e quantas ovelhas tinham, quanto tinham pago por eles, etc. Desse modo, para poderem controlar as trocas co-merciais, passaram a anotar todos os dados. Isso aconteceu h cerca de 5000 anos, na Sumria, uma regio do Oriente Mdio onde hoje fica o Iraque.

    O primeiro sistema de anotao utilizado se baseava em contas, uma srie de pe-dras de argila com diversas formas. Essas contas tinham alguns desenhos, como listras,

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    ou cruzes; os desenhos e as formas serviam para distinguir umas das outras. Cada conta representava uma quantidade determinada de algo. Por exemplo, um losango podia representar um rebanho de cabras. Se um pastor pagava por um rebanho de cabras, guardava-se uma conta em forma losango em uma caixa que correspondia a este pastor. Assim, podia-se saber se ele j tinha pagado pelo rebanho que comprou.

    As contas eram usadas nos templos, lugar onde eram feitas as trocas comerciais, onde os impostos eram cobrados e onde era realizada a contabilidade. Esses sistemas de anotao so os precursores da escrita. As contas eram guardadas em caixas que tambm eram feitas de argila. Mas os encarregados de fazer os clculos no podiam saber quantas pedras havia no interior da caixa de argila sem abri-la. Para no ter de abri-las todas as vezes que precisavam conhecer seu contedo, comearam a marcar ou imprimir nas laterais as contas que estavam dentro das caixas. Dessa maneira sabiam quantas pedras havia no seu interior. Mais tarde bastava fazer as impresses em um pe-dao de argila: em vez de guardar uma conta com forma de losango para cada rebanho de cabras, apenas imprimiam um losango em uma tabuinha de argila. Assim, comearam a usar essas tabuinhas quadradas ou retangulares em vez de caixas e pedras.

    A contabilidade foi ficando cada vez mais complexa e tornou-se necessrio regis-trar mais informaes. Desse modo comearam a fazer marcas com um pedao de uma planta parecida com o bambu, chamada junco. Essas marcas eram feitas ao lado de cada conta, o que representava uma determinada quantidade, para especificar a que se referia. Foi necessidade de registrar as trocas comerciais e pessoais que fez com que os povos inventassem a escrita. As contas impressas representavam a quantidade e as marcas os objetos aos quais se referiam. Com o tempo as contas representariam os nmeros e os sinais seriam as letras.

    O mais antigo sistema de escrita

    O sistema mais antigo de escrita que conhecemos foi desenvolvido na Sumria. Utilizavam tabuinhas de argila que seguravam com a mo esquerda, enquanto escreviam com a direita. Os primeiros sinais da escrita Sumria tinham formas de desenhos e, por isso, so chamados signos pictogrficos. Os signos pictogrficos so os que se baseiam em desenhos para representar coisas reais.

    O sistema sumrio foi evoluindo at que comearam a realizar marcas estilizadas sobre as tabuinhas de argila. Essas marcas tinham uma forma parecida com uma cunha e, por esta razo, esta forma de escrever foi chamada de Sistema Cuneiforme. Na es-crita cuneiforme, cada palavra era representada por um signo. Em um determinado momento a escrita sumria chegou a ter 600 signos.

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    Os hierglifos egpcios

    Um pouco mais tarde que os sumrios, por volta do ano 3000 a.C., os egpcios desenvolveram outro sistema de escrita: o Sistema Hieroglfico. Seu nome vem do grego e significa escrita dos deuses. Trata-se de um tipo de escrita que era considerada uma arte. Os signos eram desenhos feitos com muito cuidado e imitando a natureza. Neste sistema os sinais grficos representavam palavras, parte de palavras ou sons.

    A inveno do Alfabeto

    Sculos depois da inveno da escrita sumria e egpcia foi inventado outro siste-ma: o alfabtico. O alfabeto comeou a ser usado pelos Fencios na regio da Sria, no Oriente Mdio. Tratava-se de um sistema de escrita com 22 letras que no mais repre-sentava palavras, mas sons. Alguns pesquisadores acreditam que os Fencios copiaram a ideia de escrever dos Egpcios. Segundo esses pesquisadores, o alfabeto surgiu inspirado nos hierglifos egpcios, mas com uma diferena muito grande: no sistema fencio, s eram representados os sons das palavras e no toda a palavra como entre os egpcios e os sumrios.

    Os fencios representavam um som por meio do desenho de um objeto cujo nome comeava por esse som. Usaram esse mtodo para suas letras: a letra aleph queria dizer boi; a letra bet significava casa, a letra gimel significava camelo, etc. As escritas fencias antigas influenciaram todas as escritas alfabticas posteriores.

    Ao longo do tempo, o sistema fencio simplificou muito os signos e instituiu uma srie de normas de escrita. Por exemplo, estabeleceu uma ordem para as letras, isto um abecedrio. O abecedrio dos fencios o mesmo que usamos at hoje. Por exem-plo, nosso abecedrio comea pelas letras A, B e C; estas letras tem sua origem nas letras do abecedrio fencio, que eram aleph, bt e gimel. O alfabeto acabou sendo um sistema de escrita mais fcil de aprender que o Sumrio e o Egpcio, razo pela qual se expandiu rapidamente e foi adotado por diversas lnguas.

    O Alfabeto Grego

    O alfabeto grego foi uma adaptao da escrita fencia a lngua grega. Os gregos conheceram o alfabeto fencio graas as suas relaes comerciais, mas no se limitaram a copi-lo. O principal problema com que se depararam foi que o alfabeto fencio que representava as slabas, usava s um sinal para cada uma delas e esse sinal correspondia a consoante da slaba, mas no vogal. Para adapt-la a lngua grega, foi necessrio representar tambm as vogais. Os gregos tomaram alguns sinais fencios que no ser-viam para sua lngua e os utilizaram como vogais. Assim, a primeira letra do alfabeto fencio, a letra Aleph, passou a ser a vogal a; a letra het passou a ser a vogal e, etc.

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    Quando no encontravam sinais no alfabeto fencio inventavam outros novos. Alm de representarem as vogais, tambm acrescentaram novas letras do alfabeto, que ainda se mantm at hoje.

    O Alfabeto Latino

    Os primeiros povos a adotar o alfabeto grego e us-lo para escrever sua lngua foram os etruscos, um povo que habitava a pennsula Itlica. Pouco depois, os romanos imitaram os etruscos e comearam a escrever com esse alfabeto. Acreditava-se que o uso da escrita entre os primeiros romanos era apenas uma questo de prestgio. Por isso os primeiros romanos que aprenderam a escrever foram os mais poderosos e os mais ricos. Utilizavam a escrita para decorar objetos valiosos, como taas e objetos de cer-mica, e sobre eles punham o nome do proprietrio ou arteso que os criou. Assim como os gregos, os romanos fizeram adaptaes no alfabeto grego e criaram o Latim, elimi-nando ou acrescentando letras. Com a expanso do Imprio Romano por grande parte do continente Europeu, houve uma difuso do latim e da escrita dos romanos, o chamado Alfabeto Latino. As lnguas como o portugus, o espanhol, o francs e o italiano, usam o alfabeto latino. Outras lnguas europeias como o alemo e o ingls, no so de origem latina, mas tambm adotaram a alfabeto latino.

    Fases da Histria da Escrita

    Sintetizando o que estudamos at o momento podemos dizer que a Histria da Escrita passou por trs fases como veremos a seguir:

    a) FASE PICTRICA: a escrita representada atravs de desenhos ou pictogramas. Os pictogramas no esto associados a um som, mas imagem do que quer representar. Consistem em representaes bem simplificadas dos objetos da realidade. ex.: pin-turas rupestres.

    b) FASE IDEOGRFICA: se caracteriza pela escrita de desenhos especiais chamados ide-ogramas. Esses desenhos foram ao longo de sua evoluo perdendo alguns dos traos mais representativos das figuras retratadas e tornaram-se uma simples conveno da escrita. Ex. escrita egpcia e chinesa.

    a) FASE ALFABTICA se caracteriza pelo uso de letras. Estas tiveram sua origem nos ideogramas, mas perderam o valor ideogrfico, assumindo uma nova funo de escri-ta: a representao puramente fonogrfica. O ideograma perdeu seu valor pictrico e passou a ser simplesmente uma representao fontica.

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    Organizao dos Sistemas de Escrita

    Observamos que existem trs sistemas de escrita: o alfabtico, o silbico e o lo-gogrfico. O sistema Alfabtico: representa os sons da lngua. As letras de nosso sistema de escrita so sinais que representam os sons das palavras. Assim a palavra BONECA escrita BONECA e cada letra corresponde a um som individual /B/O/N/E/C/A/. Um sis-tema desse tipo chamado alfabtico.

    No sistema silbico os sinais representam as slabas da fala, ou seja, as palavras so escritas usando-se um sinal para cada slaba. A este sistema, d-se o nome de sil-bico. Atualmente um dos sistemas utilizados no Japo.

    E no sistema logogrfico os signos representam a palavra. Nesse sistema de escri-ta os sinais no representam sons, mas palavras completas, isto , cada palavra tem o seu signo. O mesmo acontece no teclado dos computadores. Ex.: $; @; &; etc.

    As formas de escrita no novo Mundo

    Em 1492 quando os espanhis chegaram nas Amricas observaram que os seus ha-bitantes tinham muitas formas de representao grfica e de comunicao: a dos Maias na Amrica Central, a dos Astecas nas regies do norte do Mxico, a dos Mistecas no cen-tro do Mxico e a dos Incas no Peru. Os Quipus do Peru: eram um conjunto de cordas com ns de diferentes cores e texturas, colocados em posies diferentes. Os conhecimentos sobre nmeros, fatos e ritos eram anotados pelo indgenas nos Quipus. A escrita maia muito semelhante s escritas sumrias e egpcias.

    A escrita impressa

    No ano de 1436, na Alemanha, um joalheiro chamado Johannes Von Gutemberg inventou a prensa, tambm chamada imprensa. A ideia do alemo Gutenberg foi mode-lar separadamente cada uma das letras do alfabeto, como se fossem fichas. Assim cada ficha formava uma letra em relevo. Essas fichas chamadas tipos mveis, se combinavam, formando uma palavra e, depois, uma frase e assim sucessivamente at compor um texto. Essa inveno possibilitou que pudessem ser feitas muitas cpias de um mesmo livro, no sendo mais necessrio copi-los a mo. Os manuscritos anteriores a inveno de Gutenberg so chamados Cdices. E os primeiros livros impressos so chamados In-cunbulos.

    Instrumentos e suportes da escrita

    Conforme relata HIGOUNET (2003) toda escrita traada sobre um suporte com o auxlio de um instrumento manejado mais ou menos habilmente por um gravador ou por

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    um escriba, seja fazendo incises, com um estilete, seja como um produto colorante. Toda escrita apresenta uma srie de caracteres que lhe so prprios e que pertencem a um grupo social, lngua e a poca da qual ela expresso, mas tambm ao registro do material subjetivo, natureza do instrumento, mo e aos hbitos do escriba.

    A pedra sempre foi o suporte por excelncia das escritas monumentais. Os hier-glifos egpcios, as inscries hititas, os fragmentos de Biblos, os caracteres monumen-tais gregos e latinos so gravados na pedra dura ou, vez por outra, incisos em relevo.

    A escrita dita cuneiforme da Sumria era traada em tabuletas de argila fresca, depois cozidas no forno. Os mais antigos caracteres Chineses eram gravados no bronze ou no casco de tartaruga. No tempo de Maom os rabes usavam muitos ossos de camelo.

    O uso de materiais menos duros e perecveis tem, em geral, dado as escritas for-mas mais livres e mais cursivas. Foram utilizados: madeira, casca de rvores, folhas de palmeira, tela, seda, peles de animais e tabuletas de cera. O couro tambm foi um dos primeiros suportes das escritas arbicas.

    O papiro, o pergaminho e o papel so os registros materiais subjetivos da escrita mais comuns desde o princpio da nossa era. O papiro foi utilizado sobretudo na Anti-guidade, o pergaminho na idade mdia, o papel, de origem Chinesa foi introduzido no Ocidente atravs do mundo rabe, a partir do sculo XI. A fabricao do papiro foi mo-noplio do Egito at o sculo VII. A inveno do pergaminho atribuda aos habitantes da ilha de Prgamo.

    Todos os papeis na idade mdia eram fabricados com trapos de cnhamo ou linho. O uso do papiro (e do pincel) modificou profundamente o traado das letras nos antigos alfabetos semticos. Na China, a descoberta do papel (e do pincel) teve como conse-quncia a transformao dos caracteres, cujo desenho se afastou dos objetos que eles representavam. Discute-se na histria da escrita romana se a passagem do rolo (rotulus) de papiro ao caderno ou ao livro (codex) de pergaminho provocou ou no a grande me-tamorfose do sculo III. O material que usamos para escrever exerce uma importante influencia na variao das formas grficas.

    A HISTRIA DOS LIVROS

    A palavra livro, que vem da forma latina lber; designava a camada externa da casca das rvores. Os livros nem sempre tiveram o formato atual. Foi durante a idade mdia que passaram a ter um aspecto parecido ao de hoje. Antigamente os livros eram escritos a mo. A partir da inveno de prensa no sculo XV, foi possvel imprimir livros em grande quantidade, tornando-os acessveis a um maior nmero de pessoas.

    Na Antiguidade se escreviam breves anotaes comerciais. Com exceo dos do-cumentos comerciais, apenas os sacerdotes poderiam escrever livros, porque se acredi-tava que a escrita era um dom concedido pelos deuses. Essas pessoas eram as nicas que tinham permisso para ler os Livros Sagrados. Assim, durante a idade mdia na Europa,

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    os monges foram encarregados de copiar essas obras mo. (No filme O Nome da Rosa de Jean- Jacques Annaudd possvel observar este relato). Esses monges eram chama-dos copistas. J nos pases do Oriente os encarregados de copiar e ilustrar os livros no eram os monges, mas, sim algumas famlias. E todos os seus membros deviam dedicar-se a esse trabalho.

    Alm dos livros religiosos, tambm comearam a ser escritos tratados cientficos e filosficos, que tinham por objetivo analisar e explicar o Universo e as Leis da Natureza.

    HISTRIA DA LEITURA

    Assim como acontece com os livros, as maneiras de se ler e escrever tambm tem uma histria: antes as pessoas no liam como lemos hoje. No comeo da Idade Mdia as palavras eram escritas juntas, sem separao entre uma e outra, e eram lidas em voz alta. Alm disso, naquela poca os livros eram muito grandes e eram chamados livros de bancos (eram grandes e pesados).

    Eram poucas pessoas que liam os livros, pois na Idade Mdia, s algumas sabiam ler. Nos mosteiros, os monges se reuniam para ouvir a leitura dos livros sagrados e rea-lizavam uma leitura pblica.

    At o sculo XIX s algumas pessoas sabiam ler, pois eram poucos os que podiam estudar. Na Europa a partir dessa poca o nmero de mulheres que sabia ler tambm aumentou, e em alguns pases todas as crianas passaram a ser obrigadas a ir a escola. Nas fbricas, na Europa, os trabalhadores tinham um tempo de descanso dedicado leitura pblica.

    Os primeiros livros infantis e juvenis publicados foram os contos de fada e os romances de aventura. (Perrault, Andersen, Irmos Grimm e Jlio Verne na Europa e Monteiro Lobato no Brasil)

    A leitura nas escolas no sculo XIX

    No sculo XIX, as crianas s frequentavam a escola durante dois ou trs anos. L aprendiam a ler com a ajuda de um alfabeto com desenhos. Cada letra era acom-panhada pelo desenho de um objeto, de uma pgina, de uma planta ou de um animal cujo nome comeava com aquela letra. As crianas aprendiam todas as letras seguindo a ordem alfabtica. Liam-se trs tipos de livros: religiosos e contos de fadas e fbulas.

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    As Bibliotecas

    A palavra biblioteca vem da palavra grega biblio que quer dizer livro e teca quer dizer armrio. Na Antiguidade os Gregos j podiam ler em suas bibliotecas ou pedir emprestados os livros, que eram feitos em rolos. Na Idade Mdia somente os sbios e os estudantes das universidades poderiam entrar nas bibliotecas.

    N sculo XVIII na poca do Iluminismo comearam a serem construdas muitas bibliotecas. A Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro fundada em 1810 foi primeira bi-blioteca pblica criada no Brasil.

    As Bibliotecas mais importantes: Biblioteca Britnica de Londres com mais de 10 milhes de livros impressos, 120 mil

    manuscritos, 100 mil ilustraes e mais e 3000 papirus. Biblioteca do Congresso em Washington nos Estados Unidos exerce um papel impor-

    tante na preservao dos materiais impressos e na pesquisa de mtodos de armaze-namento de informao.

    Biblioteca Franois Mitterand, em Paris, inaugurada em 1997, tem em seus acervo 12 milhes de volumes.

    No Brasil alm da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro temos a Biblioteca Mario de Andrade em So Paulo.

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    Recapitulando

    Neste segundo captulo viajamos pela histria da escrita, do livro e da leitura. muito importante termos presente essa histria, pois ela se relaciona diretamente com a alfabetizao. J est comprovado que a escrita comeou de maneira autnoma e in-dependente na Sumria, por volta de 3.300 a.C. E muito provvel que no Egito foi por volta de 3000 a.C., e na China por volta de 1500 a.C. Os Maias da Amrica Central tam-bm inventaram um sistema de escrita provavelmente por volta do incio da era Crist.

    Na Antiguidade, os alunos alfabetizavam-se aprendendo a ler algo j escrito e depois copiando. Comeavam com palavras e depois passavam para textos famosos que eram estudados exaustivamente. O trabalho de leitura e cpia era o segredo da Alfa-betizao. Muitas pessoas aprendiam a ler sem ir para a escola, j que no pretendiam tornarem-se escribas.

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    Atividades

    1. Sculos depois da inveno da escrita sumria e egpcia foi inventado outro sistema: o alfabtico. O alfabeto comeou a ser usado pelos Fencios na regio da Sria, no Oriente Mdio. Podemos afirmar que:

    a) tratava-se de um sistema de escrita com 22 letras que representava palavras.b) a letra aleph queria dizer vaca; a letra bet significava porta, a letra gimel

    significava camelo. c) os fencios representavam um som por meio do desenho de um objeto cujo nome

    comeava por esse som.d) as escritas fencias modernas influenciaram todas as escritas alfabticas poste-

    riores.e) o alfabeto grego foi uma adaptao da escrita egpcia a lngua grega.

    2. A partir da leitura do segundo captulo Histria da Alfabetizao analise as afirma-es abaixo:

    I. O sistema mais antigo de escrita que conhecemos foi desenvolvido na Sumria. II. Os primeiros sinais da escrita Sumria tinham formas de desenhos e, por isso, so

    chamados signos ideogrficos.III. Os signos pictogrficos so os que se baseiam em desenhos para representar coi-

    sas reais.IV. Os egpcios desenvolveram o sistema cuneiforme.V. Na escrita cuneiforme, cada palavra era representada por um signo.

    Esto corretas:

    a) Apenas I, II e III. b) Apenas I, III e V.c) Apenas II, III e V. d) Apenas I, III e IV. e) Apenas II, IV e V.

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    3. Considerando os estudos sobre a origem do Alfabeto, assinale as alternativas corre-tas:

    a) Os gregos conheceram o alfabeto fencio graas as suas relaes comerciais.b) No alfabeto fencio para representar as slabas, usava-se s um sinal para cada

    uma delas e esse sinal correspondia somente a vogal da slaba. c) A primeira letra do alfabeto fencio, a letra Aleph, passou a ser a vogal a; a

    letra het passou a ser a vogal e.d) Os primeiros povos a adotar o alfabeto grego e us-lo para escrever sua lngua

    foram os romanos.e) Os romanos utilizavam a escrita para decorar objetos valiosos, como taas e ob-

    jetos de cermica.

    4. Considerando os estudos sobre as fases da histria da escrita, complete com 1 ou 2.

    1) VERDADEIRO2) FALSO

    Na fase pictrica a escrita caracteriza pela escrita de desenhos especiais cha-mados ideogramas.A fase ideogrfica se caracteriza pelo uso de letras.Existem trs sistemas de escrita: o alfabtico, o silbico e o logogrfico.No sistema silbico os sinais representam as slabas da fala, ou seja, as palavras so escritas usando-se um sinal para cada slaba. E no sistema logogrfico os signos representam os sons da lngua.

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    5. Conforme relata HIGOUNET (2003) toda escrita traada sobre um suporte com o auxlio de um instrumento manejado mais ou menos habilmente por um gravador ou por um escriba, seja fazendo incises, com um estilete, seja como um produto co-lorante. A partir dos estudos sobre os instrumentos e suporte da escrita temos que:

    I. a escrita dita cuneiforme da Sumria era traada sobre o couro de animais.II. os mais antigos caracteres Chineses eram gravados no bronze ou no casco de

    tartaruga.III. o papiro foi utilizado sobretudo na idade mdia.IV. toda escrita apresenta uma srie de caracteres que lhe so prprios e que per-

    tencem a um grupo social.V. a pedra sempre foi o suporte por excelncia das escritas monumentais.

    Esto corretas as afirmativas:

    a) I, II e IV. b) I, III e V.c) II, IV e V. d) I, III e IV. e) II, III e V.

    Gabarito: 1. c / 2. b / 3. a, c, e / 4. 2, 2, 1, 1, 2 / 5. c

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    Alfabetizao e Letramento

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizao sem ba, b, bi, b, bu. So Paulo: Scipione, 1998.COLL, Csar e TEBEROSKY, Ana. Aprendendo Portugus: contedos essncias para o ensino fundamental de 1 a 4 srie. So Paulo: tica, 2000.HIGOUNET, Charles. Histria Concisa da Escrita. 10 ed. So Paulo: Parbola, 2003.

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    ALFABETIZAO E LETRAMENTO

    Capitulo 3Mtodos da Alfabetizao

    Enfim consegui familiarizar-me com as letras quase todas. A me exibiram outras vinte e cinco, diferentes das primeiras e com os mesmos nomes delas. Atordoamento, preguia, desespero, vontade de acabar-me. Veio o terceiro alfabeto, veio o quarto, e a confuso se estabeleceu, um horror de quiproqus. Quatro sinais com uma s denominao. Se me habituasse s maisculas, deixando as minsculas para mais tarde, talvez no me embru-tecesse. Jogaram-me simultaneamente maldades grandes e pequenas, impressas e manus-critas. Um inferno. Resignei-me e venci as malvadas. Duas, porm se defenderam: as mi-serveis dentais que ainda hoje causam-me dissabores quando escrevo. Graciliano Ramos

    Neste captulo iremos estudar sobre os Mtodos de Alfabetizao. Aqui no temos a inteno de defender ou criticar qualquer mtodo, mas sim de apresentar os princi-pais mtodos de alfabetizao utilizados no Brasil. muito importante que percebamos que cada mtodo foi criado em um contexto especifico baseado nas concepes e teo-rias de educao vigentes em cada poca. Por muito tempo se imaginou que a resposta para a alfabetizao seria encontrar o melhor mtodo. Hoje sabemos que no existe um mtodo milagroso nem a receita de alfabetizao. Concordamos com Madalena Freire quando ela afirma:

    Assim como cada criana tem que reinventar o conhecimento para faz-lo seu, cada profes-sor precisar construir sua prpria maneira de trabalhar.

    Mtodos Tradicionais de Alfabetizao

    Podemos afirmar que existem dois tipos fundamentais de mtodos tradicionais de alfabetizao: os mtodos sintticos e os mtodos analticos. De um modo geral os mtodos sintticos partem de elementos menores que a palavra, ou seja, partem da letra, da relao letra-som, ou da slaba para chegar palavra. Os mtodos analticos tm como ponto de partida: unidades maiores da lngua, como a palavra, a frase, ou um conto. E temos tambm os mtodos mistos ou eclticos que usam os princpios dos dois mtodos e podem se chamados de analtico-sintticos. A seguir iremos apresentar cada um deles.

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    Mtodo Sinttico

    O Mtodo Sinttico historicamente foi o primeiro a ser utilizado. Tinha-se como ponto de partida o alfabeto para a soletrao e a silabao, seguindo uma ordem hie-rrquica crescente de dificuldades, desde a letra at o texto. As matrizes metodolgicas sintticas so soletrao, silabao e mtodos fnicos.

    O mtodo sinttico preocupa-se, fundamentalmente, na correspondncia entre o oral e o escrito, entre o som e a grafia. Outro ponto importante para esse mtodo estabelecer a correspondncia a partir dos elementos mnimos, num processo que consiste em ir das partes para ao todo. Os elementos mnimos da escrita so as letras. Durante muito tempo se ensinou a pronunciar as letras, estabelecendo-se as regras de sonorizao da escrita no seu idioma correspondente.

    O mtodo fontico desenvolveu-se mais tarde, sob a influncia da lingustica, tendo como ponto de partida o oral. A unidade mnima do som da fala o fonema. Desse modo o processo, ento, consistia em iniciar pelo fonema, associando-o a sua represen-tao grfica. necessrio que o sujeito seja capaz de isolar e reconhecer os diferentes fonemas de seu idioma, para poder a seguir, relacion-los aos sinais grficos.

    Como a nfase esta colocada na anlise auditiva para se separar os sons e estabe-lecer as correspondncias grafema-fonema (letras-som), estabelecem-se duas questes como prvias: a) que a pronuncia seja correta para evitar confuses entre os fonemas, e b) que as grafias de formas semelhantes sejam apresentadas separadamente para evitar confuses visuais entre as grafias.

    Um princpio relevante nesse mtodo ensinar um par de fonema-grafema por vez, sem passar ao seguinte enquanto a associao no esteja bem fixada. Na aprendi-zagem est em primeiro lugar a mecnica da leitura (decifrado do texto) que posterior-mente dar lugar leitura inteligente (compreenso do texto lido), culminando com uma leitura expressiva, onde se junta entonao.

    Ou seja, nesse mtodo inicialmente a aprendizagem da leitura e da escrita uma questo mecnica: trata-se de adquirir a tcnica para o decifrado do texto. Porque se concebe a escrita como a transcrio grfica da linguagem oral, como sua imagem, ler equivale a decodificar o escrito em som.

    As cartilhas e os livros de iniciao a leitura nada mais so do que a tentativa de conjugar todos esses princpios: evitar confuses auditivas e/ou visuais; apresentar um fonema (e seu grafema correspondente) por vez; e finalmente trabalhar com os casos de ortografia regular. As slabas sem sentido so utilizadas regularmente, o que acarreta a consequncia inevitvel de dissociar o som da significao e, portanto, a leitura da fala. Ao enfatizar as discriminaes auditivas e visuais e a correspondncia fonema-grafema, o processo de aprendizagem da leitura visto simplesmente como uma associao entre respostas sonoras a estmulos grficos.

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    Exemplos de Mtodos Sintticos

    A seguir iremos apresentar alguns exemplos de Mtodos Sintticos com uma breve explicao para cada um.

    Soletrao: Carta do A, B, CEsse mtodo prprio de um tempo em que a maioria da populao era analfabe-

    ta. No havia muitas exigncias sociais em termos de leitura. A soletrao no tinha por objetivo dirigir a ateno do aprendiz para o significado, muito menos formar leitores, pois s trabalhava com letras soltas. O mtodo baseia-se na associao de estmulos visuais e auditivos, valendo-se apenas da memorizao como recurso didtico.

    Ba, b, bi, b, bu - SilabaoEsse mtodo tem por caracterstica uma nfase excessiva nos mecanismos de

    codificao e decodificao. Apresenta um apelo excessivo a memria e a no compre-enso. Um dos exemplares desse mtodo a Cartilha da Infncia (Gualhardo). Nessa cartilha depois de mostrar as vogais e os ditongos so apresentadas as slabas va-ve-vi--v e vu, embaralhando-as nas duas linhas seguintes (ve-va-vo-vu-vi, etc). Seguindo-se palavras formadas de trs letras (vai, viu, vou) e finalmente onze vocbulos contendo as slabas estudadas. Cada lio se completava com algumas frases sem ligao entre si, escritas sem a maiscula na palavra inicial e sem pontuao: vo-v viu a a-ve, a a-ve vi-ve e voa, vo-v v o o-vo e outras do gnero. Esse modelo se repete nas trinta e duas lies da cartilha, que j tem mais de trezentas edies.

    Observamos que a ordem de apresentao dos contedos proposta pelo autor ainda hoje largamente seguida em muitos manuais: primeiro as cinco letras que repre-sentam as vogais, depois os ditongos, em seguida as slabas formadas com as letras v, p, b, t, l, j, m, n. As chamadas dificuldades ortogrficas aparecem do meio para o fim da cartilha, incluindo os dgrafos, as slabas travadas (terminadas por consoantes), as letras g, c, z, s e x.

    Mtodos Fnicos

    Esse mtodo privilegia a dimenso sonora da lngua. As palavras alm de terem um ou mais significados, so formadas por sons, denominados fonemas. Os fonemas so as unidades mnimas do som da fala, representados na escrita pelas letras do alfabeto. Ensinam-se os alunos a produzirem oralmente os sons representados pelas letras e uni-los para formar palavras. Parte-se de palavra curtas, formados por apenas dois sons repre-sentados por duas letras, para depois estudar palavras de trs letras ou mais. A nfase ensinar a decodificar os sons da lngua, na leitura e codific-los, na escrita. Os dois m-todos fnicos mais conhecidos so: o Mtodo da Abelhinha e a Casinha Feliz.

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    Mtodo Analtico ou Global

    O mtodo analtico do ponto de vista histrico iniciou depois do mtodo sinttico com a Cartilha Maternal de Joo de Deus. Essa cartilha apresentava j uma forte ten-dncia do privilegio da escrita sobre a leitura. Ela chamava ateno para o fato que se devem ler palavras inteiras e no letras ou slabas. Seu mtodo comeava sempre com uma leitura coletiva e depois individual e finalmente os exerccios de escrita. Outros exemplos so a Cartilha do Povo de Loureno Filho e o famoso Teste do A, B, C (1934). As matrizes metodolgicas so palavrao, setenciao e mtodos de contos.

    Edouard Clararde e Ovide Decroly, psiclogos e educadores europeus, apoiaram--se na psicologia da forma para defender inovaes na prtica educativa. Decroly pro-ps ensinar a ler com textos naturais, frases ligadas ao contexto da criana, ou mesmo palavras significativas. Enfatizava a compreenso do significado desde a etapa inicial da alfabetizao, e no a capacidade de decodificar ou de dizer o texto em voz alta. Ao contrrio dos mtodos sintticos, a alfabetizao deveria comear por unidades amplas como histrias ou frases para chegar ao nvel da letra e do som, mas sem perder de vista o texto original e seu significado.

    No mtodo analtico a leitura um ato global e ideovisual. Decroly afirmava que no esprito infantil as vises de conjunto precedem a anlise. Para este mtodo o im-portante o reconhecimento global das palavras ou frases; a anlise dos componentes uma tarefa posterior. No importa qual seja a dificuldade auditiva daquilo que se aprende, posto que a leitura seja uma tarefa fundamentalmente visual. Por outro lado, se postula que necessrio comear com unidades significativas para a criana (por isso a denominao ideovisual). A seguir iremos apresentar alguns exemplos de mtodos analticos ou globais.

    Mtodos de Contos

    um dos mtodos globais mais antigos. Foi aplicado pela primeira vez nos Estados Unidos (sculo XIX). O mesmo consiste em iniciar o ensino da leitura a partir de pequenas histrias adaptadas, ou especialmente criadas pelo professor. Aps a apresentao da histria completa, o texto desmembrado em frases ou oraes, que a criana aprende a conhecer globalmente e a repetir, numa espcie de pr-leitura. A seguir, vem etapa do reconhecimento de palavras. E depois a etapa da diviso em slabas. O processo envolve anlise das partes maiores (o texto, as frases) para chegar s partes menores (palavras, slabas).

    Lcia Casasanta foi a maior divulgadora do mtodo no Brasil (principalmente em Minas Gerais) e descrevia as etapas do mtodo do seguinte modo: fase do conto; fase da setenciao; fase das pores de sentido; fase da palavrao; fase da silabao ou dos elementos fnicos. Esse mtodo no previa a utilizao do livro didtico. Um dos

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    livros que foi produzido baseado neste mtodo e ficou muito conhecido foi O livro de Lili. (Anita Fonseca (1942)

    Mtodo ideovisual de Decroly

    Baseia-se nas ideias de Rosseau, John Dewey, Kilpatrick e Claparde. O respeito personalidade da criana, a seus interesses, a seu ritmo natural e a modos peculiares de ver o mundo esto entre os seus princpios. Decroly props que o ensino se desen-volvesse por centros de interesse. Nos centros de interesse a criana passava por trs grandes fases de pensamento: observao, associao e expresso. O autor defendia a leitura como inseparvel das atividades de expresso, de observao e de criao. Experimentou um mtodo de aprendizagem de leitura que punha em jogo a funo de globalizao. Essa funo, que explicava a capacidade da criana de captar as formas globalmente era a justificativa para iniciar a aprendizagem por frases (unidades de sentido) em lugar de letras (elementos grficos isolados e sem significado). Vale a pena salientar que as primeiras experincias pedaggicas de Decroly foram feitas com crian-as com necessidades especiais (viso, audio entre outras). O mtodo deovisual ou de Decroly foi adaptado por educadores de escolas regulares. Nesse mtodo as frases que servem como ponto de partida so tiradas de histrias, canes, parlendas ou poesias, ou mesmo produzidas e lustradas pelas crianas.

    Mtodo Natural de Freinet

    Para Freinet a inteligncia, o gesto e a sensibilidade desenvolviam-se atravs da livre expresso, do trabalho manual e da experimentao. Sua Pedagogia preconiza o estimulo a reflexo, a criatividade, o trabalho, a cooperao e a solidariedade.

    Freinet condenava taxativamente o uso das cartilhas e estimulava as crianas a escreverem textos livres, que eram lidos para os colegas; a turma escolhia a composio que seria impressa pelas prprias crianas num equipamento manual.

    O autor afirma no seu livro O Mtodo Natural (Freinet, 1977, p. 57):

    Pelo mtodo natural, a criana consegue ler, sem lio especial, e sem o b a ba, pela vida, pelo meio escolar, e social, servida e refletida pela imprensa, pela correspondncia, pelo desenho, e pela expresso sob todas as suas formas. Suprimimos assim as fastidiosas sesses de repetio que os educadores usam tanto com os alunos; dominamos o sentimento de im-potncia da criana que aprende muito cedo a traduzir em textos impressos o seu prprio pensamento.

    O mtodo natural tem por objetivo que a criana se familiarize com a escrita por imerso na escrita, medida que interage com textos, ouve histrias, desenha, faz tentativas de escrita. Ela aprende a ler lendo e a escrever escrevendo. Esse ensino deve desenvolver-se em situaes sociais de uso da leitura e da escrita.

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    Mtodo Paulo Freire

    Esse mtodo prope uma alfabetizao a partir das palavras-chave: o mtodo da palavrao que tem por objetivo o ensino das primeiras letras a partir de palavras--chave, destacadas de uma frase ou texto mais extenso. As palavras destacadas so desmembradas em slabas, as quais, recombinadas entre si, formam novos vocbulos.

    A metodologia proposta por Paulo Freire parte da palavrao. Essa metodologia tem uma relevncia significativa na escolha das palavras geradoras (palavras-chave). Es-sas palavras que so apresentadas aos adultos analfabetos so pesquisadas no universo vocabular deles prprios. E devem estar relacionadas com temas geradores de discusso sobre aspectos da vida poltica e social do Brasil e, alm disso, proporcionar a produo e um grande nmero de palavras novas (pela combinao de slabas das palavras cha-ve). Freire criou a expresso crculo de cultura para identificar ao mesmo tempo o lugar onde se dava a alfabetizao de adultos e o novo modo de conduzi-la.

    A alfabetizao nessa perspectiva tem como pressuposto: incorporar a leitura de mundo dos educandos como ponto de partida para a leitura da palavra. O ponto de chegada da alfabetizao (saber ler e escrever) esta associado a elaborao de novos projetos de sociedade e a organizao de espaos de participao popular. Essa prtica educativa denomina-se alfabetizao como ao cultural.

    Mtodo Misto ou Ecltico

    Buscando conciliar os dois mtodos tradicionais da alfabetizao (sintticos e analticos) passaram-se a utilizar: mtodos mistos ou eclticos (analtico-sinttico ou vice-versa) que eram considerados mais rpidos e eficientes.

    Com o passar do tempo apareceram mais obras que seguiam o mtodo misto ou ecltico. As cartilhas misturavam estratgias do mtodo sinttico e do mtodo anal-tico. Ex.: A cartilha Caminho Suave (1948), de Branca Alves de Lima, com o perodo preparatrio.

    Curiosidades

    A seguir, a ttulo de curiosidade para complementar os estudos referentes his-tria da alfabetizao apresentaremos as primeiras obras de alfabetizao que surgiram na Europa:

    a) John Hus (1374-1415) props uma ortografia padro para a lngua tcheca. ABC de Hus que consistia em um conjunto de frases de cunho religioso, cada qual iniciando com uma letra diferente.

    b) 1525 Wittenberg. A Cartilha do ABC

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    c) 1658 - Jan Amos Komensky (Comnius). O mundo sensvel em gravuras foi a primeira cartilha com gravuras.

    d) 1702 So Joo Batista de La Salle. Escreveu a conduta das escolas Crists. O ensino era dividido em lies, cada uma tendo trs partes: uma destinada aos alunos prin-cipiantes, outra aos mdios e a terceira aos avanados. A primeira lio era a tbua do alfabeto; a segunda, a tbua das slabas; a terceira, o silabrio; a quarta, o segundo livro para aprender a silabar e a soletrar; a quinta (ainda no segundo livro) cuidava da leitura para quem j sabia silabar perfeitamente, etc. No terceiro livro, os alunos aprendiam a ler com pausas. Para ensinar ortografia, o professor mandava os alunos copiarem cartas modelos e documentos comerciais para aprender ao mes-mo tempo, coisas utis para a vida.

    e) Ensino Mtuo (Jos Hamel) surgiu aps a Revoluo Francesa. Nesse tipo de ensino aplicado um mtodo de alfabetizao em que os alunos aprendem em aulas de 15 minutos, estudando exerccios fceis e em coro ao redor de lousas colocadas nas paredes da sala. O ensino nitidamente coletivo, sendo dado para as classes e no mais para ateno individual.

    f) Escolas para crianas ou Escolas Infantis foram criadas por Robert Owen g) Friedrich Froebel fundou o primeiro Jardim de Infncia em 1837.

    CARTILHAS DA LNGUA PORTUGUESAJoo de Barros (1540) escreveu a gramtica portuguesa mais antiga, publicada

    em 1540. Junto com a gramtica publicou a Cartinha5 de Joo de Barros Mtodo volta-do para a decifrao da escrita.

    A Cartinha de Joo e Barros trazia o alfabeto em letras gticas (que eram as de impren-sa na poca); depois vinham as taboas ou tabelas, com todas as combinaes de letras, que eram usadas para escrever todas as slabas das palavras da lngua portuguesa. Em seguida, havia uma lista de palavras cada qual comeando com uma letra diferente do alfabeto e ilustrada com desenhos. (BUESCO, 1971. In: CAGLIARI, 1998, p. 22)

    A Cartinha de Joo de Barros no era um livro para ser usado na escola, uma vez que a escola naquela poca no alfabetizava. O livro servia igualmente para adultos e crianas. Para se alfabetizar a pessoa decorava o alfabeto, tendo o nome das letras como guia para sua decifrao, decorava as palavras-chaves, para por em prtica o princpio acrofnico6.

    A Cartilha do A,B,C seguia o mesmo esquema da Cartinha do Joo de Barros. O Mtodo Portuguez para o ensino do ler e do escrever (1850) de Antonio Felicia-

    5 O nome Cartinha ou Cartilha tem haver com carta no sentido de esquema, mapa de orientao.6 O principio acrofnico foi uma das melhores ideias que apareceram nos sistemas de escrita: alm de permitir uma grande simpli- O principio acrofnico foi uma das melhores ideias que apareceram nos sistemas de escrita: alm de permitir uma grande simpli-ficao no nmero de letras, trazia de forma bvia como se devia proceder para ler e escrever. Uma vez identificada a letra pelo nome, j se tinha um som para ela. Juntando as letras das palavras em sequencia, tinha-se a pronuncia de uma dada palavra o que, feitos os devidos ajustes, dava o resultado final de sua pronncia: e, pronunciando o significado vinha automaticamente. (CAGLIARI, 1998, p. 16)

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    no de Castilho empregava os alfabetos picturais ou icnicos. O Mtodo Castilho (segunda edio). Castilho apresentava tambm textos narrativos para ensinar o uso das letras, fazendo uma lio para cada uma delas e para os dgrafos.

    A Cartilha Maternal ou arte da leitura de Joo de Deus. No Brasil depois da grande influencia da Cartilha Maternal (1870) de Joo de

    Deus, apareceram inmeras outras.

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    Recapitulando

    Neste terceiro captulo apresentamos os principais mtodos de alfabetizao uti-lizados no Brasil. Uma das estratgias foi apresent-los do ponto de vista histrico para termos sempre presente o contexto social, poltico e educacional em que foram criados e utilizados.

    Assim sendo, podemos dizer que a Revoluo Francesa trouxe grandes novidades para a escola. E uma delas foi responsabilidade com a educao das crianas, introdu-zindo a alfabetizao como matria escolar.

    Diante dessa nova realidade, as antigas cartilhas sofreram uma grande modifica-o. Com a escolarizao o processo educativo da alfabetizao precisava acompanhar o calendrio escolar. O estudo foi dividido em lies, cada uma enfatizando um fato. O ensino silbico passou a dominar o alfabtico. O mtodo do b, b, bi, b, bu comeava a aparecer. Com poucas modificaes superficiais esse tipo de cartilha iria ser o modelo dos livros de alfabetizao.

    A moda das escolas que ensinavam as crianas a ler e a escrever espalhou-se pelo mundo. Apesar da escola se encarregar pela alfabetizao, os alunos que frequentavam essas escolas pertenciam a famlias com certo status na sociedade. O povo simples e pobre continuava fora da escola.

    No Brasil at as primeiras dcadas do sculo XX, a escolarizao dos que frequentavam a escola pblica no passava do segundo ou do terceiro ano.

    As primeiras cartilhas escolares at cerca de 1950 ainda davam nfase a leitura. Achavam importante ensinar o abecedrio. A leitura era feita atravs de exerccios de decifrao e de identificao de palavras, por meio das quais os alunos aprendiam as relaes entre letras e sons, seguindo a ortografia da poca. Havia um cuidado com a fala (e sobretudo com a pronuncia), voltado para o padro social, trazido para a escola atravs de textos de autores famosos. Copiava-se muito, e os modelos eram sempre os bons autores.

    Na dcada de 50 quando a escola comeou a se dedicar alfabetizao dos alunos pobres, carentes de recursos materiais e culturais na vida familiar, que empregavam dialetos diferentes da fala culta. A nfase passou a ser dada a produo escrita pelo aluno e no mais a leitura. O importante agora era aprender a escrever palavras. Em lugar do alfabeto, apareceram as palavras-chave, as slabas geradoras e os textos elaborados apenas com as palavras j estudadas numa ordem crescente de dificuldade. Completadas todas as letras o aluno comeava o seu livro de leitura. Agora tambm programado de maneira a ter dificuldades crescentes, libertando aos poucos o aluno da cartilha e levando-o a ler autores de textos infantis. Essa cartilha j trazia em si o esquema de todas as outras cartilhas que apareceram depois, at recentemente,

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    caracterizando a alfabetizao pelo estudo da escrita e usando como tcnica o monta desmonta do mtodo do ba, b, bi, b, bu.

    A partir da utilizao de todos estes mtodos tinha-se a iluso que estava dando certo, mas no foi bem assim. O caminho suave proposto pelo mtodo misto no era to suave. Muitos alunos tinham dificuldade em seguir o processo escolar de alfabetizao, E as reprovaes na primeira srie tornaram-se frequentes.

    At o advento do ciclo bsico na dcada de 80, a mdia de reprovao na primeira srie era cerca de 50%. Diante dessa realidade, muitos alunos abandonavam a escola, no conseguindo superar essa barreira inicial: outros desistiam logo depois, e apenas, uns poucos, cerca de 10% conseguiam concluir a ltima srie do ginsio (o que corresponderia ao nono ano do ensino fundamental hoje).

    Ao concluirmos este captulo queremos reafirmar que educao um direito, e que todas as pessoas tm o direito de aprenderem a ler e a escrever. Por isso to importante conhecermos as principais iniciativas que j existiram no sentido de alfabetizarmos a populao brasileira. No captulo quatro iremos estudar sobre o Letramento que apresenta um novo olhar sobre a alfabetizao. E no captulo cinco estudaremos sobre a Psicognese da Alfabetizao que um dos principais estudos nesta rea e que de certa maneira revolucionou a alfabetizao.

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    1. Existem dois tipos fundamentais de mtodos tradicionais de alfabetizao: os mto-dos sintticos e os mtodos analticos. Assim sendo, podemos afirmar que:

    a) os mtodos sintticos partem de elementos menores que a palavra.b) o Mtodo Analtico historicamente foi o primeiro a ser utilizado. c) os mtodos mistos ou eclticos tm como ponto de partida: unidades maiores da

    lngua, como a palavra, a frase, ou um conto.d) as matrizes metodolgicas analticas so soletrao, silabao e mtodos fnicos.e) as matrizes metodolgicas sintticas so palavrao, setenciao e mtodos de

    contos.

    2. A partir da leitura do terceiro captulo Mtodos de Alfabetizao analise as afirma-es abaixo:

    I. O mtodo de contos um dos mtodos sintticos mais antigos. II. No mtodo analtico a leitura um ato global e ideovisual.III. O mtodo fontico desenvolveu-se mais tarde, sob a influncia da lingustica,

    tendo como ponto de partida a grafia.IV. O mtodo sinttico preocupa-se, fundamentalmente, na correspondncia entre o

    oral e o escrito, entre o som e a grafia.V. O mtodo sinttico do ponto de vista histrico iniciou depois do mtodo analtico

    com a Cartilha Maternal de Joo de Deus.

    Esto corretas:

    a) apenas I e II. b) apenas III e V.c) apenas II e V. d) apenas II e IV. e) apenas IV e V.

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    3. Considerando os estudos sobre os Mtodos de Alfabetizao, assinale as alternativas corretas:

    a) Freinet condenava taxativamente o uso das cartilhas e estimulava as crianas a escreverem textos livres.

    b) Os dois mtodos fnicos mais conhecidos so: o Mtodo da Abelhinha e a Casinha Feliz.

    c) A metodologia proposta por Paulo Freire parte da silabao.d) O mtodo de silabao BA, be, bi, b, bu tem por caracterstica uma nfase ex-

    cessiva nos mecanismos de codificao e decodificao.e) Lcia Casasanta foi a maior divulgadora do mtodo sinttico no Brasil.

    4. Considerando os estudos sobre os Mtodos de Alfabetizao, complete com 1 ou 2.

    1) VERDADEIRO2) FALSO

    A soluo para acabarmos com o fracasso da Alfabetizao no Brasil encontrar o melhor mtodo para alfabetizar.Os mtodos mistos ou eclticos so essencialmente sintticos.O Mtodo Sinttico tinha como ponto de partida o alfabeto para a soletrao e a silabao.O mtodo analtico ou global iniciou com a Cartilha Maternal de Joo de Deus. No mtodo analtico ou global o importante o reconhecimento global das pa-lavras ou frases.

    5. Neste terceiro captulo apresentamos os principais mtodos de alfabetizao uti-lizados no Brasil. Uma das estratgias foi apresent-los do ponto de vista histrico para termos sempre presente o contexto social, poltico e educacional em que foram criados e utilizados. A partir de todos este estudo podemos afirmar que:

    a) No Brasil at as primeiras dcadas do sculo XX, a escolarizao dos que frequen-tavam a escola pblica passava do segundo ou do terceiro ano.

    b) As primeiras cartilhas escolares at cerca de 1950 ainda davam nfase a escrita. c) Na dcada de 50 quando a escola comeou a se dedicar alfabetizao dos alunos

    pobres a nfase passou a ser dada a produo escrita pelo aluno e no mais a leitura.

    d) O caminho suave proposto pelo mtodo misto ajudou a acabar com as reprova-es na primeira srie.

    e) At o advento do ciclo bsico na dcada de 80, a mdia de reprovao na primei-ra srie era cerca de 75%.

    Gabarito: 1. a / 2. d / 3. a, b, d / 4. 2, 2, 1, 1, 1 / 5. c

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    REFERENCIAS BIBLIOGRFICAS

    CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizao sem ba, b, bi, b, bu. So Paulo: Scipione, 1998.CARVALHO, Marlene. Alfabetizar e Letrar: um dilogo entre a teoria e a prtica. Petroplis: Vozes, 2005.FARIA, Dris Santos (org.). Alfabetizao: Prticas e Reflexes Subsdios para o Alfabetizador. Braslia: Editora da Universidade de Braslia. 2003.FERREIRO, Emilia, TEBEROSKY, Ana. Psicognese da Lngua Escrita. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1999. FREINET, Clestin. O Mtodo Natural: a aprendizagem da lngua. Lisboa: Estampa, 1977.

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    ALFABETIZAO E LETRAMENTO

    A Alfabetizao no um luxo nem uma obrigao: um direito. Um direito de meninos e meninas que sero homens e mulheres livres, cidados e cidads de um mundo onde as dife-renas lingusticas e culturais sejam consideradas uma riqueza e no um defeito.Emilia Ferreiro, 2009.

    No basta apenas saber ler e escrever, preciso tambm saber fazer uso do ler e do escrever, saber responder as exigncias da leitura e da escrita que a sociedade faz constantemente.Magda Soares

    Visualizamos, desde o incio, a alfabetizao inicial como um acesso cultura escrita.Emilia Ferreiro

    Neste captulo iremos estudar sobre os conceitos de Alfabetizao e Letramento. Afinal de contas o que alfabetizao? E o que letramento? Voc j parou para pensar sobre isso? Uma pessoa pode no saber ler e escrever, ser analfabeto, mas ser, de certa forma letrada?

    Como temos visto at o momento a alfabetizao um tema complexo e multifacetado, pois est relacionado com diversas reas. Para conseguirmos atender a toda esta complexidade muitas pesquisas tem sido realizadas. Na dcada de 80 tivemos a divulgao da pesquisa sobre a Psicognese da Lngua Escrita que revolucionou totalmente a concepo de alfabetizao mudando radicalmente o foco do ensino para a aprendizagem tendo como ponto de partida os processos de pensamento do sujeito que est sendo alfabetizado.

    Nesta dcada tambm vimos surgir no nosso Pas os estudos sobre o letramento, inclusive o emprego desta palavra muito recente. A principal divulgadora dos estudos nesta rea Magda Soares. E o letramento tem como pano de fundo a dimenso sociocultural da lngua escrita e do seu aprendizado.

    Como vocs j perceberam em Educao geralmente existe vrias teorias para explicar um mesmo fenmeno e nem sempre elas convergem entre si. Desse modo assistimos um debate acirrado no campo educacional sobre a Alfabetizao e o Letramento. Vrios estudiosos, entre eles, Emlia Ferreiro, defendem que no

    Capitulo 4Alfabetizao e Letramento

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    Alfabetizao e Letramento

    preciso utilizar outra palavra para definir a Alfabetizao. Pois, a Alfabetizao, por si s, j pressupe um conceito bem abrangente. E temos outro grupo de estudiosos e pesquisadores, inclusive a Magda Soares, que defendem a importncia de utilizar o termo Letramento para completar o sentido da Alfabetizao. Por isso, hoje vemos muitos livros utilizando em seus ttulos a palavra Alfabetizao ligada ao Letramento.

    E o nosso objetivo nesse captulo apresentar os conceitos de alfabetizao e letramento e o debate atual que ocorre em funo de toda esta temtica.

    Conceito de Alfabetizao

    Iremos apresentar alguns conceitos de Alfabetizao7: que foram recomendados na Conferencias Internacionais de Alfabetizao patrocinadas pela UNESCO e nos permite visualizar as mudanas de nfase nesse conceito. 1948: O alfabetismo definido como a capacidade de ler e escrever um texto em al-

    guma lngua. 1951: O alfabetizado considerado uma pessoa capaz de ler e escrever, com compre-

    enso, uma breve e simples exposio de fatos relativos vida cotidiana. 1965: Longe de se constituir um fim em si mesmo, a alfabetizao deve ser concebida

    com a finalidade de preparar o homem para desempenhar um papel social, cvico e econmico que transcenda os limites de uma alfabetizao rudimentar reduzida ao ensino na leitura e da escrita.

    1975: A alfabetizao no s um processo que leva ao aprendizado das habilidades de leitura, escrita e aritmtica, mas sim uma contribuio para a liberao do homem e para o seu pleno desenvolvimento.

    1980: O conceito de alfabetizao se esfora por introduzir a ideia de que a aprendiza-gem da leitura e da escrita deve se vincular ao mximo possvel a realidades concretas seja de ordem cotidiana, tcnica, econmica, poltica ou cultural dos alfabetizandos.

    1990: A alfabetizao vista em termos amplos, consistindo no conhecimento e nas habilidades bsicas necessrias a todos num mundo em rpida transformao, como direito humano fundamental e como capacidade necessria em si e um dos alicer-ces das demais habilidades necessrias para a vida.

    2000: As alfabetizaes, como conceito plural contemporneo, implicam tambm a aceitao dos caminhos da educao formal e no-formal, assim como da educao presencial e da educao a distncia. Alm disso, aconselhvel a diversificao de pblicos que apresentam caractersticas e necessidades diferentes: adolescentes e jovens, meninas e mulheres, trabalhadores, etc.Tambm o seu enfoque precisa ser integrado e, ao mesmo tempo, flexvel para articular-se a todos os aspectos da vida, para alm da comunicao tanto oral como escrita, tendo uma viso da linguagem como totalidade (falar, escutar, ler e escrever).

    7 Conceitos recomendados nas Conferencias Internacionais de Educao patrocinadas pela Unesco no perodo de 1948 a 2000.

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    Alfabetizao e Letramento

    Conforme podemos perceber o conceito de alfabetizao se modificou e ampliou ao longo das dcadas. Na dcada de 40, a conceituao de alfabetizado se restringia as habilidades de codificar e decodificar a leitura e a escrita. J na dcada de 50 o conceito ultrapassou a simples ideia de codificao e decodificao. Agora necessrio que o allfabetizado compreenda o que l e escreve. Nos anos 60 e 70, a ideia de alfabetizao passa a abranger alm da leitura, escrita, interpretao e a preparao do homem para desempenhar seus papeis na sociedade contribuindo para sua liberao e seu pleno desenvolvimento. Na dcada de 80 o conceito abrange as concepes anteriores e introduz a ideia de que a aprendizagem da leitura e da escrita deve se vincular ao mximo possvel a realidades concretas dos alfabetizandos.

    Na dcada de 90 o conceito se amplia um pouco mais e visto como indispensvel para a incluso de todos no mundo atual e em rpida transformao. No sculo XXI alm de incluir as definies anteriores percebe-se a necessidade da flexibilidade tanto quanto a modalidade de ensino presencial ou a distancia como trabalhar em diferentes espaos formais e no formais atingindo todo o tipo de pblicos possveis.

    Percebemos tambm que as mudanas nas concepes de alfabetizao decorrem das transformaes sociais que repercutem na escola. Na dcada de 80 temos a contribuio das pesquisas de Emilia Ferreiro e Ana Teberosky sobre a Psicognese da Lngua Escrita que representam um marco na mudana de enfoque na alfabetizao. (no captulo 5 iremos estudar sobre a Psicognese). A escrita passa a ser vista como representao da linguagem, e no mais como um cdigo de transcrio grfica de unidades sonoras.

    Nesta dcada tambm o processo de aprendizagem da leitura e da escrita passa a ser objeto de pesquisa de vrias reas, como: a psicolingustica, a sociolingustica e a lingustica que tem por objeto entender o processo de alfabetizao em um contexto de uso e funes sociais.

    Hoje sabemos que no basta ser alfabetizado (ter adquirido o cdigo escrito e as habilidades de leitura). preciso estar alfabetizado, isto , saber fazer usos sociais dos diferentes tipos de material escrito, compreend-los, interpret-los e extrair deles informao. preciso ser e estar alfabetizado.

    Conceito de Letramento

    Quando comeamos a associar a concepo de alfabetizao com os usos sociais que o alfabetizando far em seu cotidiano surgiu necessidade de associarmos a alfabetizao o conceito de letramento.

    Como surgiu a palavra letramento e o que ela quer dizer? Soares (2006) apresenta o conceito de letramento com o sentido que usado hoje. Esse conceito vem da verso para o Portugus da palavra da lngua inglesa literacy. Etimologicamente, a palavra literacy vem do latim littera (letra), com o sufixo cy, que denota qualidade, condio,

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    Alfabetizao e Letramento

    estado fsico de ser. Ou seja: literacy o estado ou condio que assume aquele que aprende a ler e a escrever.

    Para melhor entendermos este conceito precisamos ter em mente que a escrita traz consequncias sociais, culturais, polticas, econmicas, cognitivas, lingusticas, quer para o grupo social em que seja introduzida, quer para o indivduo que aprenda a us-la.

    Soares (2006) coloca que a palavra letramento ainda no est dicionarizada, porque foi introduzida muito recentemente na lngua portuguesa. Tem se conhecimento que a palavra letramento apareceu pela primeira vez no livro de Mary Kato8. Sabemos que o termo letramento surgiu porque apareceu um fato novo para o qual precisvamos de um nome. A partir de vrias consideraes Soares (2006, p. 39) apresenta o significado da palavra letramento:

    Letramento o resultado da ao de ensinar e aprender as prticas sociais de leitura e es-crita. O estado ou condio que adquire um grupo social ou um individuo como consequncia de ter-se apropriado da escrita e de suas prticas sociais.

    Conforme a autora (2006, p. 39) ter-se apropriado da escrita diferente de ter aprendido a ler e a escrever, aprender a ler e escrever significa adquirir uma tecnologia, a de codificar e decodificar a lngua escrita; apropriar-se da escrita tornar a escrita prpria, ou seja, assumi-la como propriedade.

    Soares (2006) esclarece tambm que uma pessoa alfabetizada no necessariamente uma pessoa letrada. Uma pessoa alfabetizada aquela que saber ler e escrever. Uma pessoa letrada, que vive em estado de letramento, aquela que sabe ler e escrever e que usa socialmente a leitura e a escrita pratica a leitura e a escrita e responde adequadamente as demandas sociais de leitura e escrita.

    Uma das maneiras de se diferenciar a alfabetizao do le