203

Livro Vocacional - Criação e trajetória

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Núcleo Vocacional: Criação e Trajetória (2008)

Citation preview

  • parceria: realizao

  • So Paulo - Brasil - 2008SP SMC DEC Departamento de Expanso Cultural

  • 2005

  • 20082007

  • AS ABORDAGENS SOMTICAS NOS PROJETOS DE INICIAO E FORMAO ARTSTICA EM DANA CONTEMPORNEAAna Terra

  • MEDIAR E OUVIRMediar qualquer debate mesmo uma tarefa delicada. Essa mxima conhecida principalmente no que diz respeito a um debate pblico; nesse caso, no raro o mediador pode ser considerado o vilo da histria e receber improprios como estes: O cara no deixa os palestrantes terminarem sua idia! ou S fala besteira! ou ainda Pra que mediador? s deixar as pessoas falarem!. Alm de ter ouvido frases desse teor, eu mesmo j proferi algumas opinies parecidas em debates que assisti e, pior, tambm fui criticado de maneira semelhante em alguns dos quais mediei.Pensando nisso, comecei a me preparar com certo receio para a tarefa de mediar a mesa Interpretao-Caminhos no evento Encontros, da ao Vocacional Apresenta, do Projeto Teatro Vocacional, com grupos no-profissionais da cidade: Qual a validade da minha ao? Teria competncia para isso? No seria melhor que eles prprios conduzissem sua discusso?.Mas ao respirar melhor, voltei a raciocinar. O ato do encontro para debater questes de uma comunidade, seja ele de natureza profissional ou no, com intuito poltico ou artstico, no uma prtica, digamos, predominante. Hoje, alm de trabalharmos muito, boa parte de nosso tempo reservado, a gosto ou contragosto, para assimilar imagens, reproduzi-las publicamente e fazer delas algo concreta ou mentalmente consumvel, tudo sem muita discusso, aparentemente sem neuras e que viva o fugaz! Sendo assim, nesse excitante marasmo, um debate certamente algo importante, e qui tambm o seja um mediador, que um ser que estimula o pensamento e a reflexo coletivos.

    Com essa razovel justificativa, j estava psicologicamente pronto para desenvolver melhor uma proposta de mediao. Procurei referncias, pensei em estratgias. No dia do evento, houve em primeiro lugar um relato das experincias de alguns dos grupos participantes e depois

    todos se dividiram em mesas, com temas diversos relativos prtica teatral. Para a minha mediao, decidi adotar como provocao inicial uma frase de Patrice Pavis, em seu Dicionrio de Teatro: A interpretao do ator varia de um jogo regrado e previsto pelo autor e pelo encenador a uma transposio pessoal da obra, uma recriao total pelo ator, a partir dos materiais sua disposio. No primeiro caso, a interpretao tende a apagar-se a si mesma para fazer com que apaream as intenes de um autor ou de um realizador (...). No segundo caso, ao contrrio, a interpretao torna-se o local onde se fabrica inteiramente a significao (...)(PAVIS, 2001: 212).Mas logo ao comear a ler a frase para eles, num tardio e cinematogrfico lapso de lucidez, comecei a pressentir que os termos de Pavis poderiam soar complicados para quem est comeando a fazer teatro ou no tem uma vivncia terica mais constante. Terminada a frase, silncio. Ento, logo em seguida, segundos depois, num surpreendente e contemporneo lance de rapidez, decidi rever a frase com palavras mais usuais e todos entenderam: At que ponto o ator s obedece ao autor e ao diretor, ou ao contrrio, consegue ser tambm um criador, assim como os outros artistas do grupo?. Logo comearam a se pronunciar. Alvio. Ufa, pensei, parece que no comecei de maneira equivocada. Durante a conversa, na medida do possvel, fui transferindo o foco de ateno de minhas prprias dvidas sobre conduo de debates para o prazer de ouvi-los. Havia muita coisa para ouvir e observar: jovens com vontade de se posicionar, de desenvolver uma ao coletiva que diga respeito s pessoas, de relatar experincias artsticas significativas para eles e sua comunidade, de aprender coisas novas... alm do prprio contedo das falas, revelador dos diversos caminhos do teatro paulistano. Fui anotando o que podia...

    Walmir Pavam

    144

  • Estavam presentes representantes dos seguintes grupos: Artemanha, P di Pano, JALC, Vital. Os representantes do grupo Artemanha eram Thaiane, Cntia, Emerson e Patrcia; do P di Pano, Bruno; do Vital, Luciene; do JALC, Cassio. Alm disso, participaram tambm nossas colegas artistas-orientadoras Patrcia Rezende e ngela Barros, esta responsvel pela anotao das principais discusses levantadas pela mesa, e contriburam bastante para a conversa. A partir da citao inicial e das falas deles, eu e as artistas-orientadoras fomos levantando questes derivadas, que estimularam a verticalizao da discusso e ao mesmo tempo, estabeleceram paralelos entre falas aparentemente no relacionadas: Que formas de criao o ator pode ter? Quais os limites da sua criao? Qual o papel da improvisao? Qual a relao entre interpretao e encenao? O que o ator precisa estudar e pesquisar para ser de fato um criador? At que ponto obedecer a um diretor no faz de um ator um criador? Relato aqui algumas colocaes dos debatedores:J fazia teatro, mas nunca tinha visto nenhuma pea, s assistia novelas. Como podia fazer o que no conhecia? Quando comecei a ver peas, percebi que diferente estar no palco e ver na TV; a energia diferente.O ator pode fazer diferente do que est no texto.Fizemos uma pea musical sem falas sobre a cidade.A diretora passa o texto para cada um, ns lemos primeiro e vemos se todos concordam em fazer a pea. Da, cada um escolhe qual personagem gostou e fazemos um teste: uma leitura dramtica para escolha do personagem. Ela no escolhe sozinha, o grupo d opinies do que ficou melhor para cada um.Durante os ensaios, altera nossa maneira de atuar.Depois que o diretor apresenta uma proposta de tema, cada um pesquisa um pouco do assunto, e discute teoricamente

    com o grupo, defendendo uma posio.Os povos antigos se sentavam em crculos para conversar e discutir. O teatro assim tambm, porque todos se vem, e voc pode discordar, respeitando.O palco em arena aproxima mais o pblico do ator.No s fao o que o diretor diz, vou buscar no enredo, entender o que se passa na histria, procurar referncias. Eu ainda no sei o que fao para interpretar. Sou muito tcnico, perfeccionista, fico atento a cada movimento da minha ao, fico muito preso. Eu observo no dia-a-dia pessoas que podem me inspirar para o personagem, no fico muito preso ao corpo. Pessoas tm impresses diferentes sobre o mesmo tema e sobre o personagem. ngela Barros ressaltou lucidamente a importncia de observar o mundo e ler teatro peas e teoria para a formao do ator. Mas ao final, fiquei com a impresso de que algumas idias poderiam ter sido mais desenvolvidas. Ou que eu poderia ter me manifestado um pouco menos, talvez. De novo a questo: o debate e a mediao valeram para algo? Resposta: claro que sim, desde que eu pare de pensar de maneira imediatista principalmente porque o Projeto Teatro Vocacional prope a pesquisa teatral continuada e de longo prazo. As descobertas sero certamente levadas aos grupos, instigaro outras pesquisas e amadurecero no tempo certo. Alm disso, deu para perceber que a interpretao no apenas uma questo tcnica do teatro, tambm uma forma de rever atos humanos, porque essas pessoas, ao compararem diferentes formas de criar cenas e personagens, refletem tambm sobre sua condio e sobre o mundo.

    E, pensando bem, tambm no d para desprezar o olmpico Pavis, que no final das contas, remexido e realocado, foi o fator terico propulsor para a discusso de uma boa parte do teatro realizado hoje em So Paulo.

    145

  • 166

  • 167

  • 170

  • 172

  • 173

  • 174

  • 175

  • 176

  • 177

  • 182

  • 196

  • 197

  • ARTISTAS QUE ATUARAM COMO COORDENADORES E ARTISTAS-ORIENTADORES NOS PROJETOS DO NCLEO NO PERODO DE 2005 A 2008:

    Adriana DhamAdriana GerizaniAdriana Guidotte Adriana MaculAdriano de CarvalhoAdriano FagundesAldiane Dalla CostaAlberto CohonAlejandra SaizAlex de SouzaAlexandre RibeiroAline FerrazAmilcar FarinaAna AndreattaAna Chiesa Yokoyama Ana Cludia CsarAna Flvia ChrispinianoAna GuasqueAna Paula Port Ana Roxo Anabel AndrsAnelise ScattaloAnderson AnastcioAndr BellidoAndr Blumesnchein Andr Collazi Andr Correa Andr Luis Madureira Andrea Yonashirongela BarrosAnglica Reny Anie Welter Antnio Salvador

    Brbara Arajo Brbara CamposBebeto Von BuettnerBernadeth AlvesBeto Amorim Breno Backspin Caco MattosCcia GoulartCamila CapparelliCamilo Brunelli Carlos SilvaCarmen SoaresCarolina PizzolanteCssio SantiagoCtia Pires Ceclia Schucman Csar NegroCida AlmeidaCindy Quaglio Claudia AlvesCludia GonalvesClaudia PolastreCleber SamClia Plcido Cleyde Fayad Cris LozanoCris MachadoCristiana GimenezCristina vila Cuca Bolaffi Daniela Biancardi Daniela DiniDaniela Schitini

    Daniela SmithDarlene MarquesDbora Maral Dbora Penna Ded PachecoDenise Pereira RachelDinah Feldman Donizeti MazonasEdnia Amarins Edson dos Santos Edu Silva Eduardo ParisiEduardo S Eliana Cavalcante Eliana Monteiro Elisa BandElisa RossinElisabeth FirminoEvinha SampaioElvis Freitasnio GonalvesEnoque Santos rica Montanheiro rica MonteiroErnandes ArajoErry-GEstelamare dos Santos Evill Rebouas Fabiana Villas-BoasFbio Farias Fabio KatzFbio VillardiFabola Camargo

    Fabrcio dos SantosFausto Brunini Felipe Alves Lima Felipe GuimaresFelipe SoaresFernando FariaFilipe Brancalio Flvia Bertinelli Flip Couto Francis Paulino Gabriela FloresGeraldine QuagliaGilda Maria Gira de Oliveira Giselle RamosGloriete Luz Guilherme MarbackHenrique GuimaresIngrid KieferIpojucan PereiraIrani CippicianiIvan DelmantoIvanildo PiccoliIvo AlcntaraJaqueline ObrigonJefferson Ribeiro J Pereira Jonas Golfeto Jonaya de CastroJos FerroJos Guilherme Jos LeonelJosefa Pereira

  • Jlia SalaroliJuliana Arajo Juliana Monteiro Juliana Ramos Juliana Rocha Juliane PimentaJunia PedrosoJunior GonalvesKely de CastroLara Dau Vieira Leonardo Antunes Lgia Borges Lgia Botelho Lilih CuriLina AgifuLindberg FernandesLvia SabagLiz MantovaniLuana SantannaLuciana de CarvalhoLuciana Ramanzini Luciana SchwindenLuciana SemensattoLuciano Gentile Lus Ferron Luiz Cludio CndidoMalu BazanManuel BoucinhasMara HellenoMarcela Schereiner Marcelo BragaMarcelo Correia Marcelo de Andrade

    Marcelo ReisMarcelo RomanholiMrcia MaddaloniMarcio GreykMrcio MartinsMarcus Silva (in memorian)Marcus SimonMaria ngela de AmbrosisMaria Stela Tobar Mariana DuarteMariana Leite Marlia Adamy Marko ConcMartha Dias Matteo BonfittoMaurcio BaraasMelissa PanzuttiMoacyr FerrazMorgana Ndia De Lion Natacha Dias Nei GomesNelli SampaioNilson MunizNirvana Marinho Nora Toledo Odair Prado Paco AbreuPatrcia Cicogna Patrcia Gifford Patrcia Resende Patrcia Werneck

    Paula Klein Paula Salles Paulina Caon Paulo Barcellos Paulo Celestino Paulo FariaPedro Felcio Pedro Peu Penha PietrasPerla FrendaPricles Martins Priscila Gontijo Ramiro MurilloRaquel AnastsiaRay MouraRegina Campos Rgis Santos Rejane ArrudaRenata Casemiro Renata FerrazRicardo Gimenes Ricardo NapoleoRicardo TetRoberto Azambuja Roberto MorettoRobson Alfieri Rodrigo Scarpelli Roger MunizRogrio FrauloSrgio Guiz Srgio PupoSidnei CariaSilvanah Santos Silvio Restiffe

    Simone CarletoSimone Schuba Sofia Cavalcante Solange Borelli Soraya AguilleraSuzana Schimidt Tadashi KawanoTnia VillaroelTatiana Guimares Teca Spera Telma HelenaTelma SmithTeresa AthaydeTeth Maielo Thiago ArrudaThiago Marcelo MendesUxa Xavier Valria Lauand Vanderlei BernardinoVanderlei LucentiniVanessa Freitas Vnia TerraVernica Mello Vernica VellosoVicente ConclioVicente Latorre Virginia BuckowskiWagner MirandaWalmir Pavam Walter PortellaWilson JulioWilton Amorim Xica Lisboa

  • parceria: realizao