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Sumário

Apresentação..................................................................................................................3

1 Diretrizes para o ENADE/2004 de Zootecnia...............................................................6

1.1 Objetivos .............................................................................................................6

1.2 Matriz de avaliação ...........................................................................................12

1.3 Formato da prova..............................................................................................16

1.4 Fórmulas estatísticas utilizadas nas análises....................................................16

1.5 Descrição da amostra .......................................................................................21

2 Distribuição dos cursos de Zootecnia no Brasil.........................................................25

3 Análise da prova .......................................................................................................30

3.1 Estatísticas básicas da prova............................................................................30

3.1.1 Prova de Zootecnia ....................................................................................30

3.1.2 Formação geral...........................................................................................34

3.1.3 Componente específico..............................................................................37

3.2 Análise das questões objetivas ........................................................................40

3.2.1 Formação geral...........................................................................................40

3.2.2 Componente específico..............................................................................42

3.3 Análise das questões discursivas ...................................................................... 56

4 Impressões sobre a prova.........................................................................................93

4.1 Aspecto visual ...................................................................................................93

4.2 Grau de dificuldade em formação geral da prova ..............................................94

4.3 Grau de dificuldade na prova de componente especifico..................................95

4.4 Grau comparativo de dificuldade da prova do ENADE/2004..............................96

4.5 Avaliação do tamanho da prova em relação ao tempo para resolvê-la............ 98

4.6 Grau de compreensão dos enunciados da prova em formação geral ............... 99

4.7 Grau de compreensão dos enunciados da prova de componente específico 100

4.8 Avaliação das informações/instruções fornecidas nos enunciados................. 101

4.9 Maior dificuldade para responder a prova........................................................102

4.10 Influências no desempenho na prova .............................................................. 103

4.11 Horário de término da prova ............................................................................104

4.12 Relevância dos tópicos da prova para a avaliação de desempenho............... 105

5 Distribuição dos Conceitos ..................................................................................... 107

5.1 Panorama nacional da distribuição dos conceitos ...........................................107

5.2 Conceitos por categoria administrativa e por região .......................................108

5.3 Conceitos por organização acadêmica e por região ....................................... 110

6 Características dos estudantes na área de Zootecnia............................................. 113

6.1 Perfil do aluno ................................................................................................ 115

6.1.1 Características socioeconômicas ............................................................. 115

6.1.2 Características relacionadas às fontes de informação e pesquisa, ao hábito

de estudo e á participação em atividades acadêmicas extraclasse .................. 119

6.2 Dimensões analisadas................................................................................... 122

6.2.1 Questões com menores e maiores médias .............................................. 125

6.2.2 Relação entre o tipo de instituição superior e a região do país................ 128

6.3 Correlação entre as dimensões e o desempenho........................................... 129

6.3.1 O significado das análises de correlação................................................. 129

6.3.2 Correlações entre as dimensões e o desempenho dos alunos................. 130

6.4 Correlação entre questões específicas e o desempenho do aluno ................ 132

6.4.1 Questões correlacionadas ao desempenho de concluintes ...................... 132

6.4.2 Questões correlacionadas ao desempenho de ingressantes.................... 133

6.5 Relação de questões com os melhores e piores desempenhos (percentis) ..135

6.6 Resumo interpretativo .....................................................................................137

Conclusão...................................................................................................................141

Referências Bibliográficas ..........................................................................................147

Apresentação

A Universidade de Brasília (UnB), por meio do Centro de Seleção e de

Promoção de Eventos (CESPE), apresenta o Relatório Síntese sobre os resultados do

Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE), relativo à área de

Zootecnia, realizado em 2004. Tal relatório se justifica em atendimento ao Manual do

ENADE que prevê a "elaboração de prova, preparo de instrumentos, aplicação e

avaliação (correção de prova, processamento e análises estatísticas) e análise dos

resultados em nível nacional" (MEC/INEP, 2004, pp. 26-27).

O ENADE constitui-se como um dos instrumentos do Sistema Nacional de

Avaliação da Educação Superior (SINAES) e teve sua primeira versão realizada em

todo o país em 7 de novembro de 2004, com a avaliação de treze áreas: Agronomia,

Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Medicina,

Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social, Terapia Ocupacional e

Zootecnia.

A avaliação do ENADE incluiu grupos de estudantes dos referidos cursos,

selecionados por amostragem, os quais se encontravam em momentos distintos de

sua graduação: um grupo, considerado iniciante, que se encontrava no final do

primeiro ano; e outro grupo, considerado concluinte, que estava cursando o último ano.

Os dois grupos de estudantes foram submetidos à mesma prova.

O ENADE foi operacionalizado por meio de dois instrumentos: um questionário

e uma prova. A finalidade da aplicação do Questionário Socioeconômico (QSE) foi a de

compor o perfil dos estudantes, integrando informações do seu contexto às suas

percepções e vivências, e a de investigar a percepção desses estudantes frente à sua

trajetória no curso e na instituição de educação superior (IES) por meio de questões

objetivas que exploraram a função social da profissão e os aspectos fundamentais da

formação profissional.

A prova teve características diferenciadas de outras avaliações já realizadas

para esse fim. Sua ênfase não é focada exclusivamente no conteúdo, uma vez que

abrange amplamente o currículo e investiga temas contextualizados e atuais,

problematizados em forma de estudo de caso, situações-problema, simulacros e

outros. Foi composta de duas partes: a primeira parte, denominada formação geral,

apresentou-se como componente comum às provas das diferentes áreas, que

investigou competências, habilidades e conhecimentos gerais que os estudantes já

teriam desenvolvido no seu repertório, de forma a facilitar a compreensão de temas

exteriores ao âmbito especifico de sua profissão e à realidade brasileira e mundial; a

segunda parte, denominada componente específico, contemplou a especificidade de

cada curso, tanto no domínio dos conhecimentos quanto nas habilidades esperadas

para o perfil profissional.

Os resultados do ENADE/2004, expressos neste relatório, apresentam, além da

mensuração quantitativa do desempenho dos estudantes na prova, uma análise

qualitativa acerca das características desejáveis à formação do perfil profissional

pretendido.

Estrutura do relatório

O Relatório Síntese é composto por seis capítulos, além desta Apresentação e

da Conclusão, com a indicação dos principais resultados, conforme está especificado a

seguir.

Capítulo 1: Comissão de curso e diretrizes para a prova

Capítulo 2: Distribuição dos cursos e dos estudantes selecionados e presentes

Capítulo 3: Análise da prova

Capítulo 4: Impressões sobre a prova

Capítulo 5: Distribuição dos conceitos

Capítulo 6: Características dos estudantes

O Capítulo 1 apresenta, além das explicações sobre as diretrizes, o formato da

prova e as comissões assessoras de áreas, solicitados pelo INEP, as informações

acerca do processo de elaboração, aplicação e operacionalização geral da prova e as

fórmulas estatísticas utilizadas nas análises e descrição da amostra.

O Capítulo 2 delineia um panorama da distribuição dos cursos, descrevendo,

por meio de tabelas e gráficos, os números de cursos, da população, da amostra e de

estudantes presentes. Há, também, a indicação de tabelas com dados nacionais e

regionais, além de gráficos por unidade federativa, separando-se alunos concluintes de

ingressantes.

O Capítulo 3 traz as análises gerais da prova quanto ao desempenho dos

estudantes no ENADE/2004, expressas pelo cálculo das estatísticas básicas da prova,

e a qualidade psicométrica da prova por meio do cálculo da discriminação, e em

separado, das estatísticas e análises sobre a formação geral e o componente

específico. Nas tabelas, há a indicação das seguintes informações: número da

população, da amostra e de presentes, média, erro-padrão da média, desvio-padrão,

nota mínima, mediana e nota máxima, que contemplam, separadamente, os

ingressantes, os concluintes e o total de estudantes. Os dados foram calculados tendo-

se em vista duas agregações: (a) as regiões e o país como um todo e (b) a categoria

administrativa e a organização acadêmica.

As impressões que os estudantes tiveram sobre a prova do ENADE/2004 foram

mensuradas por meio de 12 questões que avaliaram desde o aspecto visual da prova

até a relevância dos tópicos abordados. A descrição desses resultados encontra-se no

Capítulo 4. As questões foram analisadas separando-se concluintes de ingressantes e

foram relacionadas ao desempenho dos alunos e à região de origem.

No Capítulo 5, expõe-se o panorama nacional da distribuição dos conceitos

dos cursos avaliados no ENADE/2004, apresentado por meio de tabelas e análises

que articulam os conceitos à categoria administrativa e à organização acadêmica,

estratificadas por região.

Já no Capítulo 6, a ênfase recai sobre as características dos estudantes,

reveladas a partir dos resultados obtidos no QSE. A análise desses dados favorece o

conhecimento e a análise do perfil socioeconômico dos estudantes ingressantes e

concluintes, da percepção dos estudantes sobre o ambiente de ensino-aprendizagem e

dos fatores que podem estar relacionados ao desempenho desses alunos. O perfil dos

alunos é articulado ao seu desempenho na prova, à região e à categoria administrativa,

especificando-se as análises em relação a alunos ingressantes e concluintes. Também

faz parte desse capítulo um "resumo interpretativo", no qual são discutidas algumas

hipóteses explicativas acerca das diferenças entre o perfil dos alunos ingressantes e

concluintes e de outros indicadores advindos dos resultados relatados. Por fim, este

capítulo recupera alguns pontos apresentados e analisados ao longo do relatório,

considerados relevantes no sentido de oportunizar maior visibilidade aos resultados do

ENADE.

Espera-se que as análises e os resultados aqui apresentados possam subsidiar

redefinições político-pedagógicas aos percursos de formação no cenário da educação

superior no país.

Capítulo 1 Diretrizes para o ENADE/2004

de Zootecnia

1.1 Objetivos

De acordo com a lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, "fica instituído o Sistema

Nacional de Avaliação da Educação Superior - SINAES, com o objetivo de assegurar

processo nacional de avaliação das instituições de educação superior, dos cursos de

graduação e do desempenho acadêmico de seus estudantes". Também faz parte do

texto da lei que "O SINAES tem por finalidades a melhoria da qualidade da educação

superior, a orientação da expansão da sua oferta, o aumento permanente da sua

eficácia institucional e efetividade acadêmica e social e, especialmente, a promoção do

aprofundamento dos compromissos e responsabilidades sociais das instituições de

educação superior, por meio da valorização de sua missão pública, da promoção dos

valores democráticos, do respeito à diferença e à diversidade, da afirmação da

autonomia e da identidade institucional".

O ENADE, como parte do SINAES, também foi definido na mesma lei e aferirá

o desempenho dos estudantes em relação aos conteúdos programáticos previstos nas

diretrizes curriculares do respectivo curso de graduação, suas habilidades para

ajustamento às exigências decorrentes da evolução do conhecimento e suas

competências para compreender temas exteriores ao âmbito específico de sua

profissão, ligados à realidade brasileira e mundial e a outras áreas do conhecimento.

O ENADE será aplicado periodicamente, admitida a utilização de

procedimentos amostrais aos alunos de todos os cursos de graduação ao final do

primeiro e do último ano de curso. A avaliação do desempenho dos alunos de cada

curso no ENADE será expressa por meio de conceitos, ordenados em uma escala com

5 (cinco) níveis, tomando por base padrões mínimos estabelecidos por especialistas

das diferentes áreas do conhecimento.

A prova do ENADE/2004, com duração total de 4 (quatro) horas, apresentou um

componente de avaliação da formação geral comum aos cursos de todas as áreas e

um componente específico da área.

No componente de avaliação da formação geral, foi investigada a formação de

um profissional ético, competente e comprometido com a sociedade em que vive.

Foram também consideradas as habilidades do estudante para analisar, sintetizar,

criticar, deduzir, construir hipóteses, estabelecer relações, fazer comparações, detectar

contradições, decidir, organizar, trabalhar em equipe e administrar conflitos. O

componente de avaliação da formação geral do ENADE/2004 teve 10 (dez) questões,

discursivas e de múltipla escolha, que abordaram situações-problema, estudos de

caso, simulações e interpretação de textos e imagens. As questões discursivas

investigaram, além do conteúdo específico, aspectos como a clareza, a coerência, a

coesão, as estratégias argumentativas, a utilização de vocabulário adequado e a

correção gramatical do texto. Finalmente, na avaliação da formação geral, foram

contemplados temas como: sociodiversidade, biodiversidade, globalização, novos

mapas sociais, econômicos e geopolíticos, políticas públicas, redes sociais, relações

interpessoais, inclusão e exclusão digital, cidadania e problemáticas contemporâneas.

A prova do ENADE/2004, no componente específico da área de Zootecnia, teve

por objetivos:

a) avaliar o desenvolvimento de competências dos estudantes de Zootecnia;

b) oportunizar maior amplitude quanto aos objetivos educacionais, articulando-os aos

demais instrumentos que compõem o SINAES;

c) construir uma série histórica a partir de informações, de levantamento de dados

quantitativos e qualitativos por meio de prova escrita e questionário de pesquisa,

visando a um diagnóstico do ensino de Zootecnia para analisar o processo de

ensino-aprendizagem e suas relações com fatores socioeconômicos e culturais.

A prova do ENADE/2004, no componente específico da área de Zootecnia,

tomou como referência o perfil do zootecnista, na atualidade, definido com os

seguintes princípios norteadores:

a) A Zootecnia é uma área do conhecimento que reúne um largo espectro de campos

dos saberes, onde estão compreendidos o planejamento, a economia e a

administração, assim como o melhoramento genético, a ambiência, a biotecnologia,

a reprodução, a saúde, o bem-estar e o manejo de animais inseridos nos sistemas

produtivos, também englobando nutrição, alimentação, formação e produção de

pastos e forragens, propiciando de forma integral em sua área de atuação a

qualidade de vida da sociedade.

b) A Zootecnia congrega um conjunto de atividades e habilidades relacionadas ao

desenvolvimento, à promoção e ao controle da produção e da produtividade dos

animais úteis ao homem, ao aprimoramento e à aplicação de tecnologias de

produtos de origem animal, à preservação das espécies e à sustentabilidade do

meio ambiente, e que permitem ainda atuar no desenvolvimento das cadeias

produtivas animais, do agronegócio e dos produtos de origem animal.

c) As exigências de formação adequada de um zootecnista, inseridas nas dimensões

próprias da Zootecnia, como ciência e profissão, implicam instrumentalizar os

egressos com o atendimento de um perfil desejado que é definido como um

"profissional com sólida base de conhecimentos científicos e tecnológicos, dotado

de consciência ética, política, humanística, com visão crítica e global da conjuntura

econômica, social, política, ambiental e cultural da região onde atua, do Brasil e do

mundo, com capacidade de comunicação e interação com os vários agentes que

compõem os complexos agroindustriais; com raciocínio lógico, interpretativo e

analítico para identificar e solucionar problemas, capaz de atuar em diferentes

contextos, promovendo o desenvolvimento, bem-estar e qualidade de vida dos

animais, cidadãos e comunidades, e de compreender a necessidade do contínuo

aprimoramento de suas competências e habilidades como profissional zootecnista".

d) Constituem princípios éticos fundamentais na formação do zootecnista e no seu

exercício profissional, sobretudo, contextualizando-o como profissional-cidadão:

i) o respeito à vida como valor fundamental;

ii) a recorrência ao conhecimento e à verdade para agir;

iii) o norteamento de suas ações no interesse da sociedade, reconhecendo o

ato político que isso representa; iv) o discernimento e o planejamento de

suas ações, tendo em vista a

qualidade de vida dos animais e seres humanos e a preservação dos

recursos naturais; v) a utilização do conhecimento de forma crítica em

função dos valores sociais

e culturais, tendo em vista a qualidade de vida dos animais e seres

humanos e a preservação do meio ambiente; vi) o exercício do trabalho de

forma não-discriminatória; vii) o direcionamento da ação à realidade do meio,

considerando os valores do

usuário do seu serviço; viii)o repasse do seu conhecimento visando o bem

social; ix) o respeito ao saber alheio e o reconhecimento de que se aprende

com o

outro.

A prova do ENADE/2004, no componente específico da área de Zootecnia,

avaliou se o estudante desenvolveu, durante sua formação os itens a seguir.

1) Competências inerentes à formação consolidada para responder às seguintes

atitudes e exigências para o desempenho profissional:

a) atendimento das demandas da sociedade quanto à excelência na qualidade dos

produtos de origem animal, promovendo e garantindo a saúde pública e

segurança alimentar e do alimento;

b) viabilização de sistemas de produção e comercialização da cadeia

agropecuária, respondendo a anseios específicos de agentes e comunidades

inseridos ou não na economia de escala;

c) compreensão dos sistemas produtivos contextualizados pela gestão ambiental;

d) autonomia intelectual e espírito investigativo para compreender e solucionar

conflitos, dentro dos limites éticos impostos pela sua capacidade e consciência

profissional;

e) desenvolvimento e coordenação de pesquisas, extensão e ensino nas áreas de

interesse de sua formação profissional;

f) atuação pautada por uma visão empreendedora e perfil pró-ativo, cumprindo o

papel de agente empresarial, auxiliando e motivando a transformação social;

g) conhecimento sobre as decisões de agentes e instituições na gestão de

políticas setoriais ligadas ao seu campo de atuação.

2) Competências e habilidades gerais do zootecnista, considerando os princípios

norteadores elucidados no artigo 5.°, definidas como:

a) planejar, gerenciar ou assistir diferentes sistemas de produção animal e

estabelecimentos agroindustriais, inseridos desde o contexto de mercados

regionais até grandes mercados internacionalizados, agregando valores e

otimizando a utilização dos recursos potencialmente disponíveis e tecnologias

sociais e economicamente adaptáveis;

b) atender às demandas da sociedade quanto à excelência na qualidade e

segurança dos produtos de origem animal, promovendo o bem-estar, a

qualidade de vida e a saúde pública;

c) viabilizar sistemas alternativos de produção animal e comercialização de seus

produtos ou co-produtos, que respondam a anseios específicos de

comunidades à margem da economia de escala;

d) pensar os sistemas produtivos de animais contextualizados pela gestão dos

recursos humanos e ambientais;

e) trabalhar em equipes multidisciplinares, possuir autonomia intelectual, liderança

e espírito investigativo para compreender e solucionar conflitos, dentro dos

limites éticos e da consciência profissional;

f) desenvolver métodos de estudo, tecnologias, conhecimentos científicos,

diagnósticos de sistemas produtivos de animais e outras ações para promover

o desenvolvimento científico e tecnológico;

g) promover a divulgação das atividades da Zootecnia, utilizando-se dos meios de

comunicação disponíveis e da sua capacidade criativa em interação com outros

profissionais;

h) desenvolver, administrar e coordenar programas, projetos e atividades de

ensino, pesquisa e extensão, bem como estar capacitado para lecionar nos

campos científicos que permitem a formação acadêmica do zootecnista;

i) atuar com visão empreendedora e perfil pró-ativo, cumprindo o papel de agente

empresarial, auxiliando e motivando a transformação social;

j) conhecer, interagir e influenciar as decisões de agentes e instituições na gestão

de políticas setoriais ligadas ao seu campo de atuação.

3) Competências e habilidades específicas do zootecnista, considerando os princípios

norteadores elucidados no artigo 5o, definidas como:

a) fomentar, planejar, coordenar e administrar programas de criação, de

melhoramento genético e de reprodução das diferentes espécies animais de

interesse econômico e de preservação, visando maior produtividade, equilíbrio

ambiental e respeitando as biodiversidades no desenvolvimento de novas

biotecnologias agropecuárias;

b) atuar na área de nutrição e alimentação animal, utilizando seus conhecimentos

sobre o funcionamento do organismo animal, visando aumentar sua

produtividade e bem-estar, suprindo suas exigências com equilíbrio fisiológico;

c) responder pela formulação, fabricação e controle de qualidade das dietas e

rações para animais, responsabilizando-se pela eficiência nutricional das

fórmulas;

d) planejar e executar projetos de construções rurais, formação e/ou produção de

pastos e forrageiras e controle ambiental;

e) pesquisar e propor formas mais adequadas de utilização dos animais silvestres

e exóticos, adotando conhecimentos de biologia, fisiologia, etologia,

bioclimatologia, nutrição, reprodução e genética, com vistas ao seu

aproveitamento econômico ou sua à preservação;

f) administrar propriedades rurais, estabelecimentos industriais e comerciais

ligados a produção, melhoramento e tecnologias animais;

g) avaliar e realizar peritagem em animais, identificando taras e vícios, com fins

administrativos, de crédito, seguro e judiciais e elaborar laudos técnicos e

científicos no seu campo de atuação;

h) planejar, pesquisar e supervisionar a criação de animais de companhia,

esporte ou lazer, buscando seu bem-estar, equilíbrio nutricional e controle

genealógico; i) desenvolver, processar, avaliar, rastrear, classificar e

tipificar animais,

produtos, co-produtos e derivados de origem animal, em todos os seus

estágios de produção; j) responder técnica e administrativamente pela

implantação e execução de

rodeios, exposições, torneios e feiras agropecuárias. Executar o julgamento,

supervisionar e assessorar a inscrição de animais em sociedades de registro

genealógico, exposições, provas e avaliações funcionais e zootécnicas; k)

realizar estudos de impacto ambiental, por ocasião da implantação de sistemas

de produções de animais, adotando tecnologias adequadas ao controle,

aproveitamento e reciclagem dos resíduos e dejetos; I) atuar nas técnicas de

criação, transporte, manipulação e abate, e na obtenção

de produtos de origem animal, buscando qualidade, segurança alimentar e

economia; m) atuar nas áreas de difusão, informação e comunicação

especializadas em

Zootecnia; n) assessorar e executar programas de controle sanitário, higiene,

profilaxia

animal e de biossegurança; o) responder por programas oficiais e privados em

instituições financeiras e de

fomento à agropecuária, elaborando projetos, avaliando propostas, realizando

perícias e consultas.

1.2 Matriz de avaliação

A partir das diretrizes anteriormente descritas, foi desenvolvida por uma banca

de especialistas da área de Zootecnia uma matriz de referência para subsidiar a

elaboração das questões referentes ao componente específico da prova. Essa matriz

apresenta três dimensões — perfis, habilidades e conteúdos —, bem como o seu inter-

relacionamento (ver quadro 1). Extraiu-se dessa matriz as habilidades que são

imprescindíveis para o alcance dos perfis listados e, de cada célula, foram obtidos os

conteúdos que podem ser utilizados para avaliar o desenvolvimento de tais

habilidades.

Perfis

P1 Administra sistemas de produção animal e estabelecimentos agroindustriais.

P2 Atende às demandas da sociedade quanto à excelência na qualidade e segurança dos

produtos de origem animal. P3 Viabiliza sistemas alternativos de produção animal e de

comercialização de produtos. P4 Desenvolve métodos de estudo, tecnologias, conhecimentos

científicos e diagnósticos de

sistemas produtivos de animais. P5 Desenvolve, administra e coordena programas,

projetos e atividades de ensino, pesquisa

e extensão. P6 Auxilia e motiva transformações sociais por meio de sua

atuação empresarial.

Habilidades

H1 Planejar e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução das

diferentes espécies de interesse econômico e de preservação. H2 Elaborar dietas para

alimentar animais de interesse zootécnico. H3 Desenvolver fórmulas para fabricação e

controle da qualidade de dietas (dar atenção à

matéria-prima). H4 Planejar e executar projetos de

edificações rurais. H5 Produzir e manejar plantas

forrageiras.

H6 Processar, classificar e tipificar produtos e co-produtos de origem animal. H7 Rastrear

animais de interesse zootécnico. H8 Inspecionar e julgar animais para fins de registro

genealógico, sistemas de produção,

rodeios, exposições e feiras agropecuárias. H9 Adotar tecnologias adequadas ao

controle, ao aproveitamento e à reciclagem dos

resíduos e dejetos, considerando a preservação do meio ambiente.

H10 Promover a difusão de tecnologia agropecuária.

H11 Realizar controle sanitário e profilaxia animal (6 deve englobar 20 e 25).

H12 Elaborar e avaliar projetos agropecuários.

Conteúdos

C1 nutrição animal

C2 alimentos e alimentação

C3 produção de animais

C4 administração, economia e planejamento agropecuário

C5 melhoramento genético e reprodução

C6 higiene e profilaxia

C7 extensão rural

C8 produção e conservação de forragens

C9 máquinas, equipamentos e instalações

C10 informática

C11 estatística e experimentação animal

C12 ambiência e bem-estar animal

C13 ezoognósia

C14 física e química de solo

C15 etologia

C16 comercialização e marketing rural

C17 tecnologia de produtos de origem animal

C18 avaliação de carcaça

C19 anatomia animal

C20 fisiologia animal

C21 bioquímica

C22 botânica e fisiologia vegetal

C23 citologia, embriologia e histologia animal

C24 ecologia

C25 biossegurança

Princípios Norteadores (que devem permear a prova)

♦ A prova deve sair do foco de animais domésticos para animais de interesse zootécnico,

ou seja, o animal não apenas produz alimento como também presta serviços -

ecoturismo, animais de estimação, animais de carga etc.

♦ O zootecnista deve ter em mente que, no bom desempenho de sua profissão, ele é um

promotor de saúde, humana e animal.

♦ O zootecnista deve ter uma visão global do sistema de produção e preocupar-se com

temas, tais como: Prospecção de mercados, construção de cenários etc. (na linguagem

da Comissão Assessora, "da porteira para fora").

♦ O zootecnista deve estar atento a outros potenciais de atuação, tais como produção

marítima, animais que produzem serviços etc.

♦ O zootecnista deve estar atento para a conexão entre reprodução e melhoramento

genético.

1.3 Formato da prova

A prova do ENADE de Zootecnia foi composta de duas partes: a primeira parte,

comum a todos os cursos, e a segunda, específica da área de Zootecnia.

A primeira parte, composta de 8 questões objetivas de múltipla escolha e 2

discursivas, teve o objetivo de investigar a aquisição de competências, habilidades e

conhecimentos considerados essenciais na formação de qualquer estudante da

educação superior.

A segunda parte, composta de 26 questões objetivas de múltipla escolha e 4

discursivas, contemplou a especificidade da área, tanto no domínio dos

conhecimentos quanto nas habilidades esperadas para o perfil profissional, e

investigou conteúdos do curso por meio da exploração de níveis diversificados de

complexidade.

1.4 Fórmulas estatísticas utilizadas nas análises

O objetivo desta seção é apresentar as fórmulas utilizadas para o cálculo das

notas de cada instituição de educação superior (IES) nas áreas que participaram do

ENADE/2004. Também será feita uma rápida explanação sobre o cálculo da

correlação bisserial, que constitui um índice utilizado na análise das questões das

provas que verifica o quanto essas questões são capazes de diferenciar alunos com

níveis de habilidades diferentes. As questões com baixos índices de discriminação

foram eliminadas do cálculo das notas dos alunos.

A média

O primeiro passo para o cálculo das notas do curso da IES é a obtenção da

média dos alunos. Por exemplo, a média dos alunos concluintes de uma IES, de um

determinado curso,

em que , é a nota do n-ésimo aluno e N é o número total de alunos do respectivo

curso da IES que compareceu à prova.

O desvio-padrão

O desvio-padrão é uma medida de dispersão e representa o quanto as notas

dos alunos se afastam em relação à média. Como o ENADE trabalha com uma

amostra de alunos de cada uma das IES, será apresentada aqui a expressão para o

cálculo do desvio-padrão, , para uma amostra de alunos de um curso de uma

determinada IES. A expressão é a seguinte:

em que é a nota do n-ésimo aluno;é

a média das notas dos alunos da IES

do curso correspondente e N é o número total de alunos, daquela IES, que

compareceu à prova.

Cálculo da nota do curso

A nota do curso tem como base um conceito bastante estabelecido da

estatística chamado afastamento padronizado (AP). A nota final do curso depende de

três termos, descritos a seguir:

Primeiro Termo - referente ao desempenho dos alunos concluintes no componente

específico da área.

O cálculo desse termo é realizado subtraindo-se da média das notas dos

alunos de uma instituição a média das notas de todos os alunos do país, para cada

uma das áreas, e dividindo-se o resultado da subtração pelo desvio-padrão das notas

de todos os alunos do país na área considerada. A fórmula é a seguinte:

em que é o afastamento padronizado dos concluintes de um determinado

curso de uma IES em conhecimentos específicos; , a média dos concluintes do

curso na IES, no componente específico; , a média dos concluintes da área, no

componente específico e , o desvio-padrão dos concluintes da área, no

componente específico.

Como as médias de algumas IES estarão abaixo da média geral, essas

instituições terão afastamento padronizado negativo. Para que todas as instituições

tenham nota variando de 0 a 5, será feito o seguinte ajuste: ao afastamento

padronizado de cada uma das instituições será somado o valor absoluto do menor

afastamento padronizado entre todas as instituições que oferecem o curso respectivo;

em seguida, esse resultado será dividido pela soma do maior afastamento padronizado

com o módulo do menor. Finalmente, o resultado desse quociente será multiplicado

por 5. O cálculo acima descrito pode ser expresso pela fórmula a seguir, que será

chamada de nota padronizada (NP) dos concluintes da IES no componente específico

de uma determinada área.

Esse cálculo fará com que a nota padronizada da IES referente ao

desempenho dos alunos concluintes no componente específico varie de 0 a 5.

Segundo Termo - referente ao desempenho dos alunos ingressantes no componente

específico da área.

O cálculo desse termo segue o mesmo padrão do cálculo efetuado para os

alunos concluintes.

O afastamento padronizado dos alunos ingressantes no componente específico

de uma determinada IES, é calculado subtraindo-se da média das notas dos

alunos ingressantes de uma determinada instituição a média dos ingressantes em todo

o país, para uma determinada área, dividindo-se o resultado pelo desvio-padrão dos

ingressantes de todo o país na correspondente área.

em que é a média dos ingressantes do curso na IES no componente específico

a média dos ingressantes da área no componente específico e. , o desvio-padrão

dos ingressantes da área no componente específico.

A nota padronizada dos ingressantes de uma IES no componente específico,

, é obtida de forma similar à dos concluintes, e a fórmula utilizada é a seguinte:

em que inferior é o valor absoluto do afastamento padronizado da instituição que

obteve o menor afastamento padronizado e superior é o maior afastamento

padronizado obtido pelas instituições.

Terceiro Termo - Termo referente ao desempenho dos alunos (ingressantes e

concluintes) na formação geral.

O terceiro termo está associado à formação geral dos alunos de cada área. O

afastamento padronizado é definido pela fórmula

em que representa o afastamento padronizado da IES em formação

geral;' é a média do curso da IES em formação geral a média em formação

geral de todos os alunos da área no Brasil e o desvio-padrão em formação

geral de todos os alunos da área no Brasil.

A nota padronizada na formação geral, é calculada de forma similar

às outras discutidas anteriormente. A fórmula é a seguinte:

Na fórmula, é o afastamento padronizado da IES, em formação geral,

para todos os estudantes do curso, ingressantes e concluintes; inferior é o

módulo do afastamento padronizado da instituição de menor desempenho

e superior, o da IES com o maior afastamento.

Nota final

A nota final da IES em um determinado curso é a média ponderada da nota

padronizada dos concluintes no componente específico, da nota padronizada dos

ingressantes no componente específico e da nota padronizada em formação geral

(concluintes e ingressantes), possuindo estas, respectivamente, os seguintes pesos:

60%, 15% e 25%. Assim, a parte referente ao componente específico contribui com

75% da nota final, enquanto a referente à formação geral contribui com 25%, em

consonância com o número de questões na prova, 30 e 10, respectivamente. A fórmula

da nota final está descrita a seguir.

Os conceitos serão assim distribuídos:

Quadro 2: Distribuição dos conceitos Conceito Notas finais

1 0,0 a 0,9

2 1,0 a 1,9

3 2,0 a 2,9

4 3,0 a 3,9

5 4,0 a 5,0

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Correlação ponto-bisserial

As questões aplicadas na prova do ENADE devem ter um nível mínimo de

poder de discriminação. Para ser considerada apta a avaliar os alunos dos cursos,

uma questão deve ser mais acertada por alunos que tiveram bom desempenho que

pelos que tiveram desempenho ruim. Um índice que mede essa capacidade das

questões, e que foi escolhido para ser utilizado no ENADE, é o denominado correlação

ponto-bisserial, usualmente representado por Para ilustrar a utilização desse

índice, serão considerados os alunos concluintes de uma determinada área. Nesse

caso, a correlação ponto-bisserial para uma das questões da prova dessa área será

calculada pela fórmula a seguir:

em que é a média obtida na prova pelos concluintes que acertaram a questão;

representa a média obtida na prova por todos os concluintes da país; é o desvio-

padrão das notas na prova de todos os concluintes da área; p é a proporção de

estudantes concluintes que acertaram a questão (número de concluintes que acertaram

a questão dividido pelo número total de concluintes que compareceram à prova) e q = 1

- p é a proporção de estudantes que erraram a questão.

1.5 Descrição da amostra

Problema

Avaliação, por amostragem, dos ingressantes e concluintes de cursos das

carreiras de Agronomia, Educação Física, Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia,

Fonoaudiologia, Medicina, Medicina Veterinária, Nutrição, Odontologia, Serviço Social,

Terapia Ocupacional e Zootecnia no ENADE em 2004.

Objetivo

Desenho e sorteio de amostra aleatória com vistas à estimação das notas

médias por curso avaliado.

Dados

Para esse estudo, estavam disponíveis as notas dos alunos do Provão de 2003

nos cursos de Agronomia, Enfermagem, Farmácia, Fonoaudiologia, Medicina,

Medicina Veterinária e Odontologia.

Plano de amostragem

Inicialmente, foram geradas diferentes distribuições de amostragem, tendo por

base as informações de 2003. Os parâmetros variáveis na simulação foram os

tamanhos das amostras e, por decorrência, os erros de amostragem. Os resultados

dessa fase fundamentaram a escolha do plano adotado. O esquema escolhido foi a

amostragem estratificada com seleção aleatória simples em cada estrato. Os cursos

correspondem aos estratos, e os alunos, às unidades de seleção. Os tamanhos das

amostras de cada estrato foram determinados prevendo-se um erro relativo máximo de

aproximadamente 7% nas estimativas das notas médias por curso.

Nos cálculos dos tamanhos das amostras utilizou-se o procedimento descrito a

seguir. Para os cursos que já haviam sido previamente avaliados, usou-se a variância

dada pelas notas do ano anterior. Para os cursos novos e de carreiras já examinadas

previamente, usou-se a variância geral da carreira. Finalmente, para cursos de

carreiras que participariam pela primeira vez do processo de avaliação, como, por

exemplo, Educação Física, utilizou-se a variância global dos sete cursos participantes

em 2003.

Na ausência de informações sobre ingressantes, os critérios usados na

amostragem de concluintes foram também utilizados na obtenção da amostra de

ingressantes. Para as carreiras com número reduzido de inscritos, como Terapia

Ocupacional e Zootecnia, as avaliações foram censitárias.

As perdas decorrentes de não-comparecimento foram tratadas como dados

faltantes completamente ao acaso e os fatores de expansão foram calculados apenas

com as quantidades de presentes.

Estimadores

Nessa seção, serão apresentados os estimadores para concluintes. A analogia

para o caso de ingressantes é imediata.

- é a média estimada do curso h

- é a média estimada da área c

Cursos

A nota média do h-ésimo curso avaliado é estimada pela média aritmética das

notas dos presentes:

em que denota o estimador da variância do estrato (curso) h, dado por

Áreas

em que é o fator de expansão (peso de amostragem) no estrato h. A

variância de (3) é estimada por

em que está definido em (2).

O erro-padrão de é dado, portanto, pela expressão

A estimativa da variância de (1) é calculada por

Finalmente, o erro-padrão da média é definido por

As notas médias das áreas são estimadas por

Outras agregações

Os cálculos para outras agregações, como, por exemplo, UF ou categorias

administrativas, são feitos de maneira análoga aos das áreas.

Capítulo 2

Distribuição dos cursos de

Zootecnia no Brasil

O presente capítulo tem por objetivo apresentar um panorama da distribuição

dos cursos de Zootecnia no Brasil. Serão mostrados gráficos e tabelas com o número

de cursos, da população e de alunos presentes às provas. Também há tabelas com

dados nacionais e regionais e gráficos por unidade federativa, separando-se alunos

concluintes de ingressantes.

Em relação ao número de cursos por categoria administrativa, segundo as

grandes regiões, observa-se que, do total de 51 cursos de Zootecnia participantes do

ENADE/2004, 20 são de instituições privadas, 16 de instituições estaduais, 14 de

instituições federais e somente 1 é de instituição municipal. Entre as 14 instituições

federais, 1 localiza-se na região Norte, 4 na região Nordeste, 5 no Sudeste, 2 no Sul e

2 na região Centro-Oeste. Destaca-se nesses dados que a maior parte dos cursos

encontra-se na região Sudeste, considerando-se o número total de cursos por região e

também as categorias administrativas, exceto quanto às instituições municipais. Dos

51 cursos, 19 deles estão na região Sudeste (37,2%), sendo 9 de instituições privadas

(47,4%), 5 de instituições federais (26,3%) e 5 de instituições estaduais (26,3%).

Saliente-se que, na região Centro-Oeste, do total de 12 cursos, 2 são de

instituições federais, 3 de instituições estaduais, 1 de instituição municipal e 6 de

instituições privadas. A região Centro-Oeste é a única que possui curso de Zootecnia

em instituição municipal. Na região Norte, há somente um curso de Zootecnia, cuja

categoria administrativa é federal.

Foram avaliados, na região Sul, 2 cursos de instituição federal, 4 cursos de

instituição estadual e 4 cursos de instituições privadas. Na região Nordeste, a

avaliação contempla 4 cursos de instituição federal, 4 de instituição estadual e apenas

1 de instituição privada. A região Nordeste é a que apresentou menor número de

instituições privadas em comparação às instituições públicas. Essas informações

podem ser melhor visualizadas na tabela 1, apresentada a seguir.

Tabela 1 - Número de cursos do ENADE/2004 por categoria _______administrativa segundo as grandes regiões _________

Região Total

Categoria administrativa Federal Estadual Municipal Privada

Brasil Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste

51 141 1

9 419 510 212 2

20

1 9 4 6

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Ao analisar os dados por unidade federativa (gráfico 1), observa-se que os três estados

que mais se destacam em número de cursos são: São Paulo, Paraná e Minas Gerais. Juntos,

esses estados representam 39,9% dos alunos participantes. O estado de Goiás aparece em

seguida, em quarto lugar, mas já com a metade do número de cursos em relação a São Paulo.

Vale salientar que, entre os estados do Nordeste, somente Alagoas se destacou, com 2 cursos

existentes. Os demais estados dessa região têm um curso cada um, exceto Sergipe que possui

curso de zootecnia. A disparidade entre a quantidade de cursos por estado influencia as médias

gerais.

Os cursos de Zootecnia estão presentes em 20 estados brasileiros, incluídos os 4

estados da região Sudeste, os 3 estados da região Sul, os 3 estados da região Centro-Oeste e

o Distrito Federal, 8 estados da região Nordeste (com exceção do estado do Sergipe) e apenas

1 estado da região Norte.

Embora haja cursos de Zootecnia em quase todos os estados brasileiros, um dado

importante é que apenas 3 estados têm mais de 5 cursos, quais sejam: São Paulo (8), Paraná

(7) e Minas Gerais (6).

A região Norte tem pouca expressividade em relação ao curso de zootecnia, uma vez

que menos de 2% dos cursos estão localizados nessa região. Os dados relativos à região Norte

serão analisados separadamente para melhor compreensão das especificidades regionais.

Gráfico 1 - Número de cursos no ENADE/2004 por unidade da federação Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

No que se refere à oferta de cursos por categoria administrativa, as estatísticas

do ENADE/2004 mostram que predominam as instituições privadas, com 39% dos

cursos de Zootecnia. Em seguida estão as instituições estaduais (31,4%), as federais

(27,5%) e as municipais (2%).

Do total dos estudantes (2.782), apenas 1,1% é oriundo de instituições

municipais. Os percentuais nas outras categorias administrativas ficam equilibrados em

torno de 30%, com 35% de participantes provenientes de instituições federais, 31,7%

de instituições estaduais e 32,1% de instituições privadas. Porém, na região Norte,

todos os alunos são de instituição federal. Nas regiões Nordeste e Sudeste, os

estudantes de instituições federais estão em maior número: 61,7% e 37,6%,

respectivamente. Na região Sul predominam os alunos das instituições estaduais

(61,8%) e na região Centro-Oeste, os alunos de instituições privadas (67%).

A distribuição dos estudantes de acordo com a região mostra a predominância da

região Sudeste (35,1%), mas também merecem destaque as regiões Centro-Oeste e Nordeste

no que se refere ao número de estudantes (23,6% e 20%, respectivamente). As regiões Sul e

Norte são as que representam menor percentual de alunos: 17,3% e 3,8%, respectivamente.

Observe-se que, na região Centro-Oeste, só houve participação de concluintes de instituições

estaduais e privadas. A tabela 2 apresenta o número de alunos ingressantes e concluintes,

subdivididos por região e por categoria administrativa.

Tabela 2 - Número de estudantes inscritos ao ENADE/2004 por categoria administrativa _____________ segundo as grandes regiões e os grupos de estudantes _____________

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A distribuição dos inscritos no ENADE/2004 de acordo com o estado de origem mostra

que em apenas 2 estados brasileiros (Rio Grande do Sul e Espírito Santo) e no Distrito Federal

a quantidade de concluintes superou a de ingressantes. Em Mato Grosso, Santa Catarina e

Maranhão, somente os ingressantes participaram do ENADE/2004 e, no Piauí, apenas os

concluintes se submeteram às provas, como pode ser visto no gráfico 2.

Gráfico 2 - Número de estudantes inscritos no ENADE/2004 por unidade da federação Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Capítulo 3 Análise da prova

Este capítulo tem por objetivo apresentar o desempenho dos estudantes de

Zootecnia no ENADE/2004. Para isso, foram calculadas as estatísticas básicas da

prova como um todo, bem como as estatísticas das partes relacionadas à formação

geral e ao componente específico. Nas tabelas, são apresentadas as seguintes

estatísticas: número da população, da amostra e de presentes, média, erro-padrão da

média, desvio-padrão, nota mínima, mediana e nota máxima. As estatísticas

apresentadas neste capítulo contemplam, separadamente, os ingressantes, os

concluintes e o total de estudantes, e foram calculadas tendo-se em vista as seguintes

agregações: (a) a região e país como um todo e (b) a categoria administrativa e a

organização acadêmica.

Em relação aos gráficos de barra, o intervalo para o cálculo foi de 10 em 10

unidades: de 1,0 a 10,0 = primeiro intervalo; de 10,1 a 20,0 = segundo intervalo e

assim por diante.

3.1 Estatísticas básicas da prova

3.1.1 Prova de Zootecnia

A população da área de Zootecnia é de 2.782 estudantes, sendo 1.819

ingressantes e 963 concluintes. Toda a população foi convidada a participar do

ENADE/2004, mas 288 estudantes (10%) não compareceram à prova. Destaca-se que

a média dos ingressantes foi 32,5 pontos, enquanto a dos concluintes foi 48. A

diferença relativamente pequena (15,5 pontos) talvez seja explicada pelo fato de a

prova avaliar também a formação geral e não somente os conhecimentos específicos

de Zootecnia. A média geral da prova foi de 38,2 pontos. É importante destacar que o

desvio-padrão foi alto (13,7) e isso significa que as notas das provas foram muito

diversificadas. A nota máxima obtida pelos concluintes foi 79,2 pontos e a obtida pelos

ingressantes foi 68,4 pontos. A tabela 3, exposta a seguir, apresenta esses dados.

Tabela 3 - Estatísticas básicas da prova por grupo de estudantes - ENADE/2004

Estatísticas Total Grupo

Ingressantes Concluintes

População 2.782 1.819 963Presentes 2.494 1.576 918Média 38,2 32,5 48,0

Erro-padrão da média 0,0 0,1 0,1

Desvio-padrão 13,7 11,1 12,1

Nota mínima 0.0 0.0 0,0Mediana 37,5 32,9 47,9

Nota máxima 79,2 68,4 79,2

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

O gráfico 3 mostra a comparação entre as notas obtidas pelos ingressantes e

concluintes. O intervalo de notas que predominou entre 36,3% dos ingressantes foi de 31-40

pontos. É importante considerar, também, que aproximadamente 85,1% desses alunos

obtiveram nota entre 21-50 pontos. Enquanto aproximadamente 44,5% dos alunos concluintes

obtiveram notas entre 31-60 pontos e prevaleceu a faixa entre 41-50 pontos com 17,5% dos

estudantes.

Gráfico 3 - Distribuição de notas na prova - ENADE/2004Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A seguir, será feita a análise do desempenho global dos estudantes de

Zootecnia na prova do ENADE/2004, subdivididos em ingressantes e concluintes,

considerando-se as médias por região, por categoria administrativa e por organização

acadêmica.

Observa-se que os ingressantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste

tiveram desempenho abaixo da média nacional, e os ingressantes da região Sul foram

os que tiveram média mais alta (34,4), seguidos dos alunos que estudam na região

Sudeste (média 33,6).

Entre os concluintes também há diferenças de acordo com a região, mantendo-

se o mesmo padrão de desempenho observado entre os ingressantes. Os estudantes

da região Sul novamente apresentaram maior média (53,7), seguidos pela região

Sudeste (51,9). Contudo, a região que apresentou pior desempenho entre os

concluintes foi a Nordeste, com média 11,3 pontos menor que a região Sul.

Em relação à categoria administrativa, observou-se que os ingressantes das

instituições federais obtiveram média quase idêntica à média nacional, com variação

de apenas 0,4 pontos acima dessa. Nota-se o desempenho destacadamente inferior

da instituição municipal, com 5,7 pontos abaixo da média nacional e 8,2 pontos de

diferença da maior média que pertence a instituições estaduais.

A análise do desempenho de concluintes por categoria administrativa mostra

que a média das instituições estaduais supera a das instituições federais, que, por sua

vez, está acima da média nacional e supera as notas médias dos estudantes de

instituições particulares. A diferença entre a nota média dos concluintes das

instituições estaduais em relação à dos estudantes das instituições particulares é de

5,8 pontos.

A análise do desempenho geral na prova de acordo com a organização

acadêmica aponta para diferenças entre os ingressantes, com desempenho dos alunos

de centros universitários de ensino mais elevado que dos demais, principalmente

quando comparados aos alunos de faculdades integradas. A diferença entre as médias

dos centros universitários e das faculdades integradas foi de 6,4 pontos. Entre os

concluintes, as diferenças mostram-se menores. Os estudantes das universidades

tiveram desempenho melhor (média 48,5), seguidos pelos concluintes de Zootecnia de

centros universitários (46,4). O desempenho mais baixo foi o dos concluintes que

estudam em faculdades e escolas (44,6).

O gráfico 4 apresenta os principais resultados do desempenho global dos

estudantes de acordo com a região, a categoria administrativa e a organização

acadêmica.

Gráfico 4 - Desempenho global de ingressantes e concluintes de acordo com as regiões do país, categoria administrativa e organização acadêmica Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

3.1.2 Formação geral

Quanto ao conteúdo no quesito formação geral para concluintes e ingressantes,

a média foi de 39,7 pontos. Chama a atenção o fato de a média dos ingressantes ser

próxima à dos concluintes: 37,7 e 43,2 respectivamente. Essa proximidade das notas

deve-se, provavelmente, à formação adquirida durante o estudo para o vestibular,

possibilitando que grande parte dos estudantes se atualize. A nota máxima obtida

pelos ingressantes foi 88 pontos e pelos concluintes, 91,7 pontos. O desvio-padrão das

notas de concluintes e ingressantes foi alto (17,5 pontos), o que reflete o alto grau de

heterogeneidade das notas obtidas. Na tabela 4 pode-se visualizar melhor essas

informações.

Tabela 4 - Estatísticas básicas em formação geral por grupo de estudantes - ENADE/2004

Grupo Estatísticas Total -Ingressantes Concluintes

População 2.782 1.819 963 Presentes 2.494 1.576 918 Média 39,7 37,7 43,2 Erro-padrão da média 0,4 0,1 0,6 Desvio-padrão 17,5 17,3 17,3 Nota mínima 0,0 0,0 0,0 Mediana 39,3 37,6 42,5 Nota máxima 91,7 88,0 91,7

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Embora as notas dos ingressantes tenham sido mais baixas que as dos

concluintes, o gráfico 5 ilustra que não houve grande variação de notas entre eles.

Observa-se que as notas predominantes dos ingressantes variaram entre 31-40 e as

dos concluintes, entre 41-50 pontos.

Gráfico 5 - Distribuição de notas em formação geral - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Em relação à análise do desempenho dos ingressantes e concluintes de

Zootecnia em formação geral da prova do ENADE/2004, também é importante

considerar as diferenças de resultados de acordo com a região, a categoria

administrativa e a organização acadêmica.

Quanto à região, assim como aconteceu com o desempenho global, também se

observou que, na formação geral, os ingressantes do Centro-Oeste tiveram o

desempenho mais baixo (32,8), e os do Sul ficaram com o melhor desempenho (40,3).

Entre os concluintes, os da região Sul novamente lideraram o ranking nacional, com

uma média de 13 pontos superior à dos concluintes da região Norte, cujo desempenho

foi inferior até mesmo ao desempenho dos ingressantes daquela região (36,4 e 37,6,

respectivamente).

No que se refere à categoria administrativa, destacam-se os estudantes das

instituições estaduais. Nessas instituições, os ingressantes obtiveram nota 18,9 pontos

superior à dos ingressantes das municipais e 8,2 pontos acima da média dos

ingressantes das particulares. Já entre os concluintes, a nota média (46,1) dos

estudantes das instituições federais foi ligeiramente superior à média (45,2) dos

estudantes de instituições estaduais e 7,3 pontos superior à média dos concluintes de

Zootecnia das instituições particulares. Um dado interessante é que a média de

desempenho dos concluintes das instituições particulares é idêntica à média de

desempenho dos ingressantes das universidades federais (38,7) e 2,6 pontos inferior à

média dos ingressantes das estaduais.

Em relação à organização acadêmica, as diferenças de desempenho tanto de

ingressantes como de concluintes também ficam bastante destacadas. Os

ingressantes dos centros universitários foram os que tiveram nota média mais baixa

(29,8), enquanto que os ingressantes das universidades obtiveram média de 8,8

pontos acima. Concluintes das faculdades integradas e das faculdades e escolas

apresentaram as médias mais baixas (36 e 38,9), abaixo da média nacional, enquanto

os alunos de universidades e de centros universitários tiveram um desempenho melhor

(44,1 e 43,8, respectivamente). Os centros universitários, nesse caso, inverteram a

situação inicial, apresentada pelos ingressantes.

No gráfico 6 estão representadas as médias dos ingressantes e concluintes (e

seus respectivos erros-padrão) por região, por categoria administrativa e por

organização acadêmica.

Gráfico 6 - Desempenho em formação geral de ingressantes e concluintes de acordo com as regiões do país, categoria administrativa e organização acadêmica Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

3.1.3 Componente específico

Quanto ao desempenho em componente específico, a média foi inferior à formação

geral e ao desempenho global na prova e atingiu 37,7 pontos. A média dos concluintes é de

49,6 pontos. Cumpre destacar que a média dos alunos ingressantes foi alta (30,8 pontos),

considerando o pouco contato que eles tiveram com o conteúdo específico lecionado na área de

Zootecnia. A diferença entre o grupo de ingressantes e de concluintes é de 18,8 pontos. É uma

diferença esperada quando se considera o contato que cada grupo teve com os conteúdos

específicos do curso. Essa diferença nas médias pode ser explicada em parte pelo elevado

desvio-padrão, em cada grupo, em especial dos ingressantes. A nota máxima obtida pelos

concluintes foi de 79,7 pontos. A obtida pelos ingressantes foi de 68,9 pontos.

Tabela 5 - Estatísticas básicas em componente específico por ____________grupo de estudantes - ENADE/2004 ___________

Estatísticas Total Grupo Ingressantes Concluintes

População Presentes Média Erro-padrão da média Desvio-padrão Nota mínima Mediana Nota máxima

2.782 2.494 37,7

0,0 14,9 0,0

36,4 79,7

1.819 1.576 30,8 0,1

11,3 0,0

31,0 68,9

963 918 49,6

0,1 12,6 0,0

49,4 79,7

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

O gráfico 7 explicita as diferenças dos resultados entre concluintes e ingressantes no

conteúdo referente ao conhecimento específico. As notas dos primeiros variaram principalmente

entre 41-70 pontos (o que representa aproximadamente 73% desses alunos), prevalecendo

aquelas entre 41-50 pontos, obtidas por 29,6% de concluintes. As notas dos ingressantes, por

sua vez, concentram-se em intervalos menores e 82,1% obtiveram notas entre 21-50 pontos.

Destaque-se que as notas acima de 70 pontos só foram obtidas pelos concluintes.

Gráfico 7 - Distribuição de notas em componente específico - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A análise do desempenho na parte de componente específico da área de

Zootecnia de acordo com a região, a categoria administrativa e a organização

acadêmica revela discrepâncias, sobretudo entre os concluintes.

Os ingressantes da região Centro-Oeste têm os piores desempenhos (28,2), ao

passo que, entre os concluintes, a região Nordeste apresenta os piores resultados

(43,6). A região Sul novamente apresenta as maiores médias tanto para ingressantes

quanto para concluintes (32,5 e 55,1). É interessante notar que a região Centro-Oeste

tem o terceiro melhor desempenho entre os concluintes (46,4), bastante diferente da

situação inicial (ingressantes). Os concluintes das regiões Norte e Sudeste mantiveram

o mesmo padrão de desempenho apresentado pelos ingressantes: os da região Norte

com os segundos menores valores e os da região Sudeste como os segundos

maiores.

O desempenho por categoria administrativa evidenciou diferenças entre

ingressantes e concluintes. Os ingressantes e concluintes das instituições estaduais

foram os que tiveram melhor desempenho na parte de componente específico da

prova (32,5 e 52,0, respectivamente), seguidos dos estudantes das instituições

federais. A média dos ingressantes das estaduais encontra-se 4,6 pontos acima da

média dos ingressantes das municipais e 5,5 pontos acima dos concluintes das

particulares.

A análise do desempenho em componente específico de acordo com a

organização acadêmica revela que os ingressantes das faculdades integradas

apresentaram a nota média mais baixa, enquanto os ingressantes dos centros

universitários tiveram a média mais alta, com uma diferença de 9,7 pontos. Entre os concluintes,

a diferença entre tais organizações cai para 3,6 pontos, estando novamente as universidades

com a maior nota média (50) e as faculdades e escolas, com a menor (46,4).

O gráfico 8 apresenta as médias de ingressantes e concluintes em componente

específico nos diferentes níveis de análise.

Gráfico 8 - Desempenho em componente específico de ingressantes e concluintes de acordo com as regiões do país, categoria administrativa e organização acadêmica Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

3.2 Análise das questões objetivas

3.2.1 Formação geral

A tabela 6 apresenta as estatísticas básicas em relação às questões objetivas de

formação geral. Como pode ser observado, os estudantes concluintes obtiveram desempenho

superior, com média de 46,6 pontos, em relação aos alunos ingressantes, com média de 41,2

pontos. Os desvios-padrão indicam que a variabilidade entre os dois grupos de alunos foi

similar.

Tabela 6 - Estatísticas básicas nas questões objetivas por grupo de estudantes em formação geral - ENADE/2004

Formação geralEstatísticas Ingressantes Concluintes Total

População 1.819 963 2.782

Presentes 1.576 918 2.494Média 41,2 46,6 43,2Erro-padrão da média 0,5 0,7 0,4Desvio-padrão 20,4Nota mínima

20,0 0,0

20,5 0,0 0,0

Mediana 37,5 50,0 37,5Nota máxima 100,0 100,0 100,0

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Metade das questões objetivas da parte de formação geral do ENADE/2004 foi

classificada como "questão difícil", com percentual de 16 a 40% de respostas corretas. Outras

três questões foram consideradas de nível "médio" de dificuldade e apenas uma questão se

enquadrou na categoria "fácil". Nenhuma questão teve mais de 86% de acertos (classificação

muito fácil) ou menos de 15% (classificação muito difícil).

Tabela 7 - Classificações das questões de múltipla escolha de formação geral segundo o índice de facilidade - ENADE/2004 ___________

índice de facilidade Classificação Questões

0,86 0,61 a 0,85 0,41 a 0,60 0,16 a 0,40 <0,15

Muito fácil Fácil Médio Difícil Muito difícil

01 03, 05, 07 02, 04, 06, 08,

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 9 - Número de questões de formação geral segundo o índice de facilidade Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Quase todas as questões objetivas (87,5%) relativas à formação geral obtiveram um

índice de discriminação "muito bom"; a única questão que não foi classificada nesse nível

encontra-se no nível "bom".

Tabela 8 - Classificações das questões de múltipla escolha de formação geral segundo o índice de discriminação - ENADE/2004

índice de discriminação Classificação Questões

>0,40 0.30 a 0.39 0.20 a 0.29 <0,19

Muito Bom Bom Médio Fraco

01,02,03,04,05,07,08 06

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 10 - Número de questões de formação geral segundo o índice de discriminação Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

3.2.2 Componente específico

A tabela 9 apresenta as estatísticas básicas em relação às questões objetivas de

componente específico. Como pode ser observado, os estudantes concluintes obtiveram

desempenho superior (57,7) em relação aos alunos ingressantes (39,1). As notas mínimas

foram 0,0 para os dois grupos, enquanto as notas máximas foram 79,4 e 91,3 para os alunos

ingressantes e concluintes, respectivamente.

Tabela 9 - Estatísticas básicas nas questões objetivas por grupo de estudantes em componente específico -

ENADE/2004

Estatísticas Componente Específico Ingressantes Concluintes Total

População 1.819 963 2.732Presentes 1.576 918 2.494Média 39,1 57,7 45,9Erro-padrão da média 0,3 0,5 0,3Desvio-padrão 13,3 13,7 16,2Nota mínima 0,0 0,0 0,0Mediana 39,7 57,9 45,2Nota máxima 79,4 91,3 91,3

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Na parte do componente específico, a análise das questões objetivas, segundo o grau

de facilidade, mostra que a prova, de maneira geral, foi de "médio" a "difícil". Das 26 questões

de múltipla escolha, 2 foram classificadas como "muito fácil", 1 como "fácil" e 5 como "muito

difícil". As demais questões (18) ficaram divididas entre "médio" e "difícil", correspondendo a

69,2% do total.

Tabela 10 - Classificações das questões objetivas do componente específico segundo o índice de facilidade - ENADE/2004

índice de Facilidade Classificação Questões

>0,86 0,61 a 0,85

Muito fácil Fácil

34,

35

0,41 a 0,60 Médio 11 14, 16 17 20, 21,26, 30, 31 0,16 a 0,40 Difícil 13 15, 18 25 27, 28, 29, 33, 36

<0,15 Muito difícil 12 19, 23 24 32 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 11 - Número de questões de componente específico segundo o índice de facilidade Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Em relação ao índice de discriminação, de modo geral ele pode ser considerado como

"muito bom", pois das 26 questões, 11 alcançaram essa classificação, o que representa 42,3%

do total. Das outras questões, 8 tiveram um índice "bom" (30,7%), 7 o índice "médio" (26,9%) e

nenhuma questão obteve o índice "fraco". Isso mostra que a prova cumpre sua função, na

medida em que consegue discriminar estudantes com diferentes graus de domínio de

conhecimento. Essas informações podem ser melhor visualizadas na tabela 11.

Tabela 11 - Classificações das questões objetivas do componente específico segundo o índice de discriminação - ENADE/2004

índice de discriminação Classificação Questões

>0,40 Muito Bom 11, 14, 15, 16, 17,22,30,31,34,35,36 0,30 a 0,39 Bom 13, 18,20,21,26,27,29,33 0,20 a 0,29 Médio 12, 19, 23, 24, 25, 28, 32

< 0.19 Fraco Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 12 - Número de questões de componente específico segundo o índice de discriminação Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Des

empe

nho

dos

alun

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luno

s co

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ase

nas

porc

enta

gens

de

acer

to.

Em relação aos ingressantes na área de Zootecnia, verifica-se que os alunos com

desempenho médio de 0 a 20 não aprenderam os perfis profissionais requeridos. Já os

alunos com desempenho entre 21 e 40 aprenderam em fase inicial os perfis profissionais de

número 1, 4 e 5, bem como apresentaram aprendizagem mediana nos perfis de número 2, 3

e 6. No que se refere aos alunos com desempenho entre 41 e 60, foi verificada aprendizagem

mediana nos perfis 1, 4 e 5, bem como aprendizagem mais adiantada nos perfis 2, 3 e 6. Os

alunos ingressantes com desempenho médio entre 61 e 80 apresentaram aprendizagem

mediana no perfil profissional de número 5 e aprendizagem em fase mais adiantada nos

perfis de número 1, 2, 3, 4 e 6. Por fim, não foram verificados alunos com desempenho de 81

a 100.

Em relação aos alunos concluintes na área de Zootecnia, verifica-se que os alunos

com desempenho médio de 0 a 20 não aprenderam o perfil profissional referente a

"Administrar sistemas de produção animal e estabelecimentos agroindustriais", todavia estão

em fase inicial de aprendizagem nos perfis 2, 3, 4, 5 e 6. Já os alunos com desempenho entre

21 e 40 aprenderam em fase inicial os perfis profissionais de número 4 e 5, bem como

apresentaram aprendizagem mediana nos perfis de número 1, 2, 3 e 6. No que se refere aos

alunos com desempenho entre 41 e 60, foi verificada aprendizagem mediana nos perfis 1, 4 e

5, bem como aprendizagem mais adiantada nos perfis 2, 3 e 6. Os alunos concluintes com

desempenho médio entre 61 e 80 apresentaram aprendizagem em fase mais adiantada nos

perfis profissionais de número 1, 3, 4 e 5. Ainda, esses mesmos alunos demonstram ter

aprendido de fato os perfis profissionais 2 e 6. Por fim, não foram verificados alunos

concluintes com notas médias de desempenho entre 81 e 100.

A seguir, é apresentado o desempenho dos alunos ingressantes de Zootecnia nas

habilidades requeridas segundo o perfil profissional.

Quanto aos alunos ingressantes, pode ser observado que a habilidade referente a

"Planejar e executar projetos de edificações rurais" foi a que apresentou maior porcentagem

de acerto (0,75); por outro lado, a habilidade com o menor percentual de acerto foi a de

"Adotar tecnologias adequadas ao controle, ao aproveitamento e à reciclagem dos resíduos e

dejetos, considerando a preservação do meio ambiente" (0,08). No que diz respeito aos itens

do perfil profissional, o melhor resultado foi verificado no perfil 6 que se refere a "Auxiliar e

motivar transformações sociais por meio de sua atuação empresarial" (0,52) e, por fim, o perfil

de número 5 que se refere a "Desenvolver, administrar e coordenar programas, projetos e

atividades de ensino, pesquisa e extensão" obteve a menor porcentagem de acerto (0,29).

A seguir, é apresentado o desempenho dos alunos concluintes de Zootecnia nas

habilidades requeridas segundo o perfil profissional.

Concernente aos alunos concluintes, pode ser observado que a habilidade referente a

"Planejar e executar projetos de edificações rurais" foi a que apresentou maior porcentagem

de acerto (0,90); por outro lado, a habilidade com o menor percentual de acerto foi a de

"Adotar tecnologias adequadas ao controle, ao aproveitamento e à reciclagem dos resíduos e

dejetos, considerando a preservação do meio ambiente" (0,14). No que diz respeito aos itens

do perfil profissional, o melhor resultado foi verificado no perfil 2 que se refere a "Atender às

demandas da sociedade quanto à excelência na qualidade e segurança dos produtos de

origem animar (0,68) e, por fim, o perfil de número 5 que se refere a "Desenvolver,

administrar e coordenar programas, projetos e atividades de ensino, pesquisa e extensão"

apresentou a menor porcentagem de acerto (0,44).

Análise pedagógica dos itens

A Análise Gráfica dos Itens (AGI) dispõe de recursos visuais que relacionam as

notas (ou escores) dos alunos ao percentual de resposta às alternativas corretas e

incorretas dos itens. Dessa forma, pode-se avaliar o comportamento dos alunos ao

responderem aos itens sendo permitido ainda identificar os itens:

♦ com baixa capacidade de discriminação;

♦ extremamente fáceis;

♦ extremamente difíceis;

♦ problemáticos.

Um dos objetivos desse gráfico é verificar o quanto um determinado item pode

diferenciar os alunos que possuem tal habilidade dos que não a possuem, de forma

que quanto maior o escore do aluno, maior a probabilidade desse aluno marcar a

opção correta e vice-versa. A linha da alternativa correta é sempre vermelha e deve

subir (aumento na proporção de acerto) à medida que o escore dos alunos aumenta.

Todas as linhas de outras cores, que indicam as alternativas erradas, devem, portanto,

descer.

Quadro 7 - Habilidades, perfis e estatísticas da questão 21 Questão 21

Perfil ■ Administra sistemas de produção animal e estabelecimentos agroindustriais; ■ Viabiliza sistemas alternativos de produção animal e de comercialização de produtos; ■ Auxilia e motiva transformações sociais por meio de sua atuação empresarial.

Habilidade ■ Planejar e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies de interesse econômico e de preservação.

Nivel de discriminação Bom

Nível de dificuldade Médio

Percentual de respostas por alternativa

a) 24,6% b) 3,8% c) 47,9% d) 9,5% e) 14,2%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Figura 1 - Análise gráfica do item 21

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A questão apresentou bom nível de discriminação e correta adequação quanto

ao grau de dificuldade exigido, demonstrados pelo comportamento de cada alternativa

em relação ao escore dos alunos que realizaram o exame e pelo percentual de

respostas corretas, respectivamente. Cerca de um quarto dos alunos marcaram a

alternativa incorreta "a". Esses alunos desconhecem a realidade de que um dos

principais insumos empregados na produção do sal mineral é proveniente da região

Nordeste do Brasil. Em relação ao item "e", assinalado por 14,2% dos alunos, também

caracteriza falta de conhecimento sobre o mercado de sal mineral, que apresenta

concorrência entre produtos comerciais nas principais regiões produtoras de bovino do

Brasil. Analisando os itens apresentados na questão, verifica-se que os itens corretos ll

e IV se complementam, sendo o item IV uma conseqüência da situação apresentada

no item ll.

Com relação aos alunos que não marcaram a alternativa correta (52% do total),

falta conhecimento de conteúdos abordados na questão como economia e

planejamento agropecuário e comercialização rural.

Quadro 8 - Habilidades, perfil e estatísticas da questão 27 Questão 27

Perfil • Administra sistemas de produção animal e estabelecimentos agroindustriais

Habilidade ■ Planejar e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies de interesse econômico e de preservação;

■ Produzir e manejar plantas forrageiras; ■ Promover a difusão de tecnologia agropecuária; ■ Elaborar e avaliar projetos agropecuários.

Nivel de discriminação Bom

Nível de dificuldade Difícil

Percentual de respostas por alternativa

a) 31,5% • b)18,5% c) 29,2% d) 13,2% e) 7,7%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Figura 2 - Análise gráfica do item 27

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A questão 27 apresentou bom nível de discriminação, mas na análise gráfica

observa-se que 60% dos alunos com escore 0,0 assinalaram a alternativa correta, o

que pode ter sido ocasionado pelo acerto ao acaso (chute). Para responder a questão,

o aluno deve ter conhecimento em conteúdos específicos que lhe confere a habilidade

de elaborar e avaliar projetos agropecuários voltados para produção animal. Utilizando

os índices zootécnicos e a meta de produção, o aluno tem que fazer vários cálculos

para obter o número de cabras e a área de pastagem necessários. Inicialmente, o

aluno pode ter enfrentado dificuldade no cálculo da pastagem necessária para

implantar o projeto apresentado se considerar, nesse cálculo, todas as categorias

envolvidas na caprinocultura de corte. Entretanto, analisando as alternativas indicadas,

o aluno encontra o valor correto do número de cabras e o total de hectares de

pastagem destinados para as cabras. Não há, nas alternativas incorretas, valores que

possam induzir o aluno ao erro. Quanto ao grau de dificuldade exigido, observa-se que

a questão é difícil em função do percentual das respostas corretas e do percentual de

alunos com escores maiores que 65 que marcaram a alternativa correta

(aproximadamente, 60%).

Analisando o percentual por alternativa, observa-se na alternativa incorreta "c"

um valor próximo ao da alternativa correta "a". Na análise gráfica, encontramos em

torno de 20% dos alunos com escore acima de 70 que assinalaram a alternativa

incorreta "c". Provavelmente, esses alunos não consideraram que somente os

machos seriam abatidos, e desconsideraram as fêmeas nascidas. Nessa situação, o

número de cabras necessárias para o projeto dobra, passando de 1.111 para 2.222.

3.3 Análise das questões discursivas

A análise dos resultados de desempenho dos estudantes de Zootecnia nas

questões discursivas mostra que as notas foram mais baixas nesse conjunto de

questões que no conjunto das objetivas. Enquanto a média geral dos ingressantes nas

questões objetivas de formação geral foi igual a 41,0, nas questões discursivas essa

média caiu para 32,4. O mesmo aconteceu entre os concluintes, que tiveram média

47,0 em formação geral — questões objetivas — e média 38,1 nas questões

discursivas.

Na parte da prova referente ao componente específico, a diferença entre o

desempenho no conjunto das questões objetivas e discursivas foi ainda mais

acentuada. A média dos ingressantes (39,0) no conjunto das questões objetivas do

componente específico caiu para 11,3 no conjunto das questões discursivas. O mesmo

ocorreu entre os concluintes, que tinham uma nota média igual a 58,0 e ficaram com

uma nota média mais baixa nas questões discursivas (30,6).

Essa diferença muito mais acentuada entre a variação de notas de acordo com

o tipo de questão na parte do componente específico pode sinalizar que o

desempenho mais baixo nas questões discursivas refere-se não só à maior

complexidade desse tipo de questão, mas também a uma dificuldade, por parte dos

estudantes de Zootecnia, de discorrer acerca de temas específicos da área.

A tabela 12 mostra as estatísticas básicas nas questões discursivas por grupo de

estudantes e o gráfico 13 destaca as diferenças de desempenhos dos grupos de estudantes de

acordo com a modalidade de questão.

No gráfico 14, para possibilitar uma leitura mais adequada dos resultados, as notas

iguais a zero foram apresentadas em barras separadas. Nessas também estão contidas as

notas de estudantes que deixaram questões em branco.

Tabela 12 - Estatísticas básicas nas questões discursivas por grupo de estudantes - ENADE/2004

Estatísticas Formação Geral Ingressantes Concluintes ____ Total

Componente Específico Ingressantes Concluintes Total

População 1.819 963 2.782 1.819 963 2.732Presentes 1.576 918 2.494 1.576 918 2.494Média 32,4 38,1 34,5 11,3 30,6 18,4Erro-padrão da média 0,6 0.8 0,5 0,3 0,5 0,3Desvio-padrão 23,6 23,3 23,6 11,1 15,4 15,9Nota mínima 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0Mediana 31,0 39,0 35,0 8,4 30,2 15,6Nota máxima 98,0 99,0 99,0 55,1 76,0 76,0Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 13 - Gráfico comparativo das notas médias em questões objetivas e discursivas por grupos de estudantes Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A seguir serão analisados os desempenhos de ingressantes e concluintes da área de

Zootecnia nas duas questões discursivas da parte de formação geral do ENADE/2004,

comparando-se os resultados obtidos com a habilidade exigida em cada questão. Na questão 9,

que buscava avaliar a habilidade de "construir argumentos que expliquem a associação entre o

envelhecimento populacional e os custos do sistema

previdenciário", os alunos tiveram desempenho melhor do que na questão 10, que

avaliava a capacidade de "expressar opinião com coesão, coerência e correção

gramatical sobre tema polêmico da atualidade".

Em ambas as questões, houve pouca variação entre as notas de ingressantes

e concluintes e as médias dos alunos ingressantes foram um pouco mais elevadas que

as dos alunos concluintes (com diferenças de 4,0 e 1,4 pontos para as questões 9 e

10, respectivamente).

QUESTÃO 9

Leia o e-mail de Elisa enviado para sua prima que mora na Itália e observe o

gráfico ao lado.

Vivi durante anos alimentando os sonhos

sobre o que faria após minha aposentadoria

que deveria acontecer ainda este ano. Um

deles era aceitar o convite de passar uns

meses aí com vocês, visto que os custos da

viagem ficariam amenizados com a

hospedagem oferecida e poderíamos

aproveitar para conviver por um período mais

longo.

Carla, imagine que completei os trinta anos de trabalho e não posso me aposentar

porque não tenho a idade mínima para a aposentadoria. Desta forma, teremos,

infelizmente, que adiar a idéia de nos encontrar no próximo ano.

Um grande abraço, Elisa.

Ainda que mudanças na dinâmica demográfica não expliquem todos os

problemas dos sistemas de previdência social, apresente:

a) uma explicação sobre a relação existente entre o envelhecimento populacional de

um país e a questão da previdência social (valor: 5,0 pontos);

b) uma situação, além da elevação da expectativa de vida, que possivelmente

contribuiu para as mudanças nas regras de aposentadoria do Brasil nos últimos

anos (valor: 5,0 pontos)

Brasil em números 1999. Rio de Janeiro IBGE 2000.

Chave de correção da questão 9

Os critérios de avaliação para a questão 9 estão especificados na chave de

correção abaixo.

Quadro 9 - Chave de correção da questão 9 Item (a) Item (b)

2,0 0 aluno cita a relação entre o problema indicado no texto e as mudanças demográficas apresentadas pela tabela.

Adequação ao tema

2,0 0 aluno explica a relação citada, apresentando, conforme o gabarito, elementos que a justificam.

4,0 O aluno apresenta uma situação, indicada no gabarito, que contribuiu para as mudanças nas regras da aposentadoria no Brasil.

Correção gramatical e clareza

1.0 Domínio do padrão culto escrito da língua e inteligibilidade (seqüência lógica e precisão vocabular).

1.0 Domínio do padrão culto escrito da língua e inteligibilidade (seqüência lógica e precisão vocabular).

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

a) O envelhecimento da população, resultado de um processo de aumento da

participação dos idosos no conjunto total da população, se, por um lado, é um dado

positivo porque expressa o aumento da expectativa de vida das pessoas, por outro,

implica um ônus maior para os sistemas previdenciários e de saúde, pois os

governos têm que pagar por mais tempo os benefícios/direitos de aposentadoria e

arcar com assistência médica e hospitalar de um número maior de idosos (a

elevação da expectativa de vida do brasileiro prolonga o tempo de recebimento dos

benefícios da aposentadoria). Isso implica a necessidade de medidas eficazes por

parte da previdência social que possam garantir aposentadoria e assistência

médica satisfatória.

b) Pode ser apresentada uma das seguintes situações:

♦ a redução das taxas de fecundidade deverá provocar, a médio e longo prazos,

a diminuição de contribuintes ao sistema previdenciário;

♦ ao contrário dos países desenvolvidos que primeiro acumularam riquezas e

depois envelheceram, o Brasil entra num processo de envelhecimento da

população com questões econômicas e sociais não resolvidas;

♦ grande parcela de trabalhadores no Brasil não é contribuinte do sistema

previdenciário;

♦ o sistema previdenciário, ao longo do tempo, permitiu a coexistência de

milhares de aposentadorias extremamente elevadas ao lado de milhões de

aposentadorias miseráveis;

♦ ocorrência de fraudes no sistema previdenciário, inclusive com formação de

quadrilhas.

Na questão 9, as médias das notas de ingressantes e concluintes foram mais

altas que as médias na questão 10 e houve um percentual menor, embora também

elevado, de respostas em branco, principalmente entre os ingressantes. Em relação à

distribuição das notas, tanto ingressantes quanto concluintes concentraram notas no

intervalo 51-60 pontos. O quadro 10 e o gráfico 14 mostram as estatísticas básicas

relativas ao desempenho na questão discursiva 9.

Quadro 10 - Habilidade e estatísticas básicas da questão 9 Questão 9

Habilidade Construir argumentos que expliquem a associação entre o envelhecimento populacional e os custos do sistema previdenciário.

Ingressantes Concluintes Total

População 1.819 963 2.782

Média 47,2 51,2 48,7

Erro-padrão da média 0,8 1,0 0,6

Desvio-padrão 28,6 28,3 28,5

Nota mínima 0,0 0,0 0,0

Mediana 46,0 50,0 48,0

Nota máxima 100,0 98,0 100,0

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 14 - Distribuição de notas na questão 9 da prova - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Observações acerca da correção da questão 9

O tema da questão aborda um assunto que teve muita repercussão na mídia,

principalmente em dois momentos da história recente do Brasil (1998 e 2003), e que

tem impacto direto nas famílias, pois afeta, no presente, as gerações mais velhas e, no

futuro, as atuais gerações.

Para responder à questão, o redator deveria conhecer alguns elementos

relativos às regras de aposentadoria implementadas recentemente no Brasil, relacionar

a situação apresentada no e-mail aos dados e informações apresentados no gráfico,

bem como à alteração referente à idade mínima para aposentadoria, e ainda acessar

algumas informações prévias sobre fatores que teriam contribuído para a adoção

daquelas novas regras.

O e-mail colocado como ilustração motivadora contribui para a argumentação,

já que apresenta uma situação concreta decorrente das novas regras para a

aposentadoria no Brasil. Entretanto, muitos redatores enveredaram para a análise do

caso concreto da personagem sem generalizar e ultrapassar o exemplo.

O gráfico, embora adequado ao tema, não era imprescindível à resposta, já

que, no item a, a argumentação poderia ser generalizada para qualquer país e, no item

b, o argumento da expectativa de vida estava preliminarmente descartado. Tanto é que

poucos redatores usaram as informações e os dados apresentados na imagem.

A habilidade cognitiva de comparar textos de gêneros diferentes que tratam

tangencialmente de um tema a ser generalizado e abstraído parece oferecer um

desafio além da competência da maioria dos redatores.

Houve inúmeros casos de questões mal respondidas por má compreensão do

enunciado. Isso revela, portanto, problemas provenientes das habilidades e estratégias

de leitura e interpretação de textos. Um exemplo particularmente interessante é o de

redatores que consideraram a expressão "expectativa de vida" como equivalente a

planos de vida, sonhos, desejos para o futuro. Outros redatores interpretaram

equivocadamente "envelhecimento populacional" como envelhecimento individual

precoce em decorrência das condições desfavoráveis de vida, como no exemplo a

seguir.

Questão 9 (a)

Em vez de citar o explicitado na questão e explicar as relações entre

envelhecimento populacional e sistema previdenciário, muitos redatores enveredaram

por questões pessoais, opiniões particulares, casos individuais, explicações para o

caso concreto relatado no e-mail, ou desviaram-se do tema, focalizando outras

questões que não se relacionavam diretamente com o assunto, principalmente a

preocupação com o corpo, tão em voga na atualidade.

Além disso, construíram raciocínios tautológicos, redundantes, circulares,

desconexos, conforme ilustra o exemplo a seguir.

Questão 9 (b)

O tema estimulou alguns redatores a fugirem do gênero e a chegarem ao

desabafo pessoal em relação a questões políticas, e se mostraram nem sempre bem

articulados. Alguns direcionaram-se para uma resposta de forte componente político-

ideológico, pois os textos sugerem discursos prévios, baseados nos relatos veiculados

pela imprensa à época das discussões que antecederam à votação no Congresso,

caracterizadas por argumentos corporativistas. Redatores maduros compreendem a

situação enunciativa, o gênero solicitado, o nível de linguagem adequado ao momento

e não são levados por desvios dessa natureza.

A existência de textos satisfatórios confirma que a questão foi elaborada de

forma adequada, ao nível esperado dos examinados, tanto que muitos

compreenderam a proposta e elaboraram textos corretos, informativos, coerentes,

coesos, bem articulados.

O desempenho ficou muitas vezes comprometido pelo insatisfatório domínio da

língua padrão na modalidade escrita. Em alguns casos, o examinador percebia que as

idéias subjacentes ao texto estavam corretas, mas a construção lingüística era tão

precária que o objetivo do redator era prejudicado. Há respostas em que a organização

textual não permite a percepção clara da idéia do autor, como no exemplo que se

segue.

Observou-se que, no item b, muitos redatores extrapolaram a listagem de

situações elencadas na chave de respostas, focalizando outros fatores que

influenciaram, pelo menos de forma indireta, as mudanças nas regras de

aposentadoria, como, por exemplo, o aumento do número de mulheres que trabalham;

a idade de ingresso no mercado trabalho, as exigências de melhor qualificação, as

questões econômicas mais gerais decorrentes da globalização, o desemprego etc.

Houve também um n° elevado de redatores que apresentaram questões

absolutamente desvinculadas das mudanças no sistema da previdência social no

Brasil.

A correção revelou que vários alunos não compreenderam o enunciado

referente ao item b: "apresente: uma situação...". Não entenderam se deveriam fazer a

citação simples de um tópico (o que poderia ser uma frase nominal ou uma expressão

substantiva) ou uma descrição mais complexa (que exigiria um pequeno texto).

Esse fator dificultou o processo de avaliação, pois muitos colocaram apenas

uma palavra, enquanto outros elaboraram um pensamento completo.

QUESTÃO 10

A reprodução cional do ser humano

A reprodução cional do ser humano acha-se no rol das coisas preocupantes da

ciência juntamente com o controle do comportamento, a engenharia genética, o

transplante de cabeças, a poesia de computador e o crescimento irrestrito das flores

plásticas.

A reprodução cional é a mais espantosa das perspectivas, pois acarreta a

eliminação do sexo, trazendo como compensação a eliminação metafórica da morte.

Quase não é consolo saber que a nossa reprodução cional, idêntica a nós, continua a

viver, principalmente quando essa vida incluirá, mais cedo ou mais tarde, o

afastamento provável do eu real, então idoso. É difícil imaginar algo parecido à afeição

ou ao respeito filial por um único e solteiro núcleo; mais difícil ainda é considerar o

nosso novo eu autogerado como algo que não seja senão um total e desolado órfão. E

isso para não mencionar o complexo relacionamento interpessoal inerente à auto-

educação desde a infância, ao ensino da linguagem, ao estabelecimento da disciplina

e das maneiras etc. Como se sentiria você caso se tornasse, por procuração, um

incorrigível delinqüente juvenil na idade de 55 anos?

As questões públicas são óbvias. Quem será selecionado e de acordo com que

qualificações? Como enfrentar os riscos da tecnologia erroneamente usada, tais como

uma reprodução cional autodeterminada pelos ricos e poderosos, mas socialmente

indesejáveis, ou a reprodução feita pelo Governo de massas dóceis e idiotas para

realizarem o trabalho do mundo? Qual será, sobre os não-reproduzidos clonalmente, o

efeito de toda essa mesmice humana? Afinal, nós nos habituamos, no decorrer de

milênios, ao permanente estímulo da singularidade; cada um de nós é totalmente

diverso, em sentido fundamental, de todos os bilhões. A individualidade é um fato

essencial da vida. A idéia da ausência de um eu humano, a mesmice, é aterrorizante

quando a gente se põe a pensar no assunto.

(...) Para fazer tudo bem direitinho, com esperanças de terminar com genuína

duplicata de uma só pessoa, não há outra escolha. É preciso clonar o mundo inteiro,

nada menos. Lewis Thomas. A medusa e a lesma. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. p. 59.

Em no máximo dez linhas, expresse a sua opinião em relação a uma — e

somente uma — das questões propostas no terceiro parágrafo do texto (valor: 10,0

pontos).

Chave de correção da questão 10

Os critérios de avaliação para a questão 10 estão especificados na chave de

correção abaixo.

Quadro 11 - Chave de correção da questão 10 ADEQUAÇÃO AO

TEMA COERÊNCIA COESÃO TEXTUAL CORREÇÃO GRAMATICAL

DO TEXTO

2,5 Atendimento pleno ao tema selecionado e progressão temática satisfatória; exposição lógica das idéias.

Inteligibilidade plena: a) opinião pertinente;b) seqüência lógica; c) precisão vocabular. Observação dos fatores de coerência.

Adequada estrutura interna da frase: • paragrafação adequada; • uso apropriado de conectores e de elementos anafóricos e catafóricos.

Domínio do padrão culto escrito da língua: • pontuação; • concordância verbal e nominal; • regência; • ortografia.

2,0 Atendimento pleno ao tema selecionado e progressão temática levemente comprometida.

Inteligibilidade levemente comprometida: quebra em apenas 1 dos itens a), b) ou c).

Falhas na estruturação da frase, na paragrafação visual ou no uso de conectores (falha em um só desses itens).

Desvio específico em 1 dos aspectos citados acima .

1.5 Atendimento parcial ao tema selecionado e/ou progressão temática bastante comprometida.

Inteligibilidade comprometida: quebra em 2 dos itens a), b) ou c).

Falhas na estruturação da frase, na paragrafação visual ou no uso de conectores (falha em 2 desses itens).

Desvio em 2 dos aspectos citados acima.

1,0 Atendimento parcial ao tema selecionado e/ou progressão temática fortemente comprometida.

Inteligibilidade fortemente comprometida e/ou ausência de opinião.

Desvio nos 3 itens. Desvio em 3 dos aspectos citados acima.

0,5 Inscrição tangencial ao tema selecionado ou particularização excessiva na exposição.

Inteligibilidade totalmente comprometida e/ou ausência de opinião

Forte desarticulação. Desvio em todos os aspectos citados acima.

0,0 Fuga total ao tema selecionado.

Inteligibilidade nula. Completa desarticulação. Fuga total ao padrão escrito culto.

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

O estudante poderá focalizar uma das seguintes questões:

♦ qualificação para o processo de seleção cional;

♦ autodeterminação pelos ricos e poderosos da reprodução de indivíduos

socialmente indesejáveis;

♦ riscos de tecnologia, erroneamente usada pelo Governo, de gerar massas dóceis

e idiotas para realizar trabalhos do mundo;

♦ efeito de toda a mesmice humana sobre os não-reproduzidos clonalmente;

♦ estímulo à singularidade que acompanha o homem há milênios;

♦ individualidade como fato essencial da vida;

♦ aterrorizante ausência de um eu humano, a mesmice.

Os desempenhos dos estudantes na questão discursiva 10 mostram que

praticamente não houve diferença entre concluintes e ingressantes na habilidade de

expressar opinião com coesão, coerência e correção gramatical sobre tema polêmico

da atualidade. A diferença entre as notas médias dos dois grupos, assim como

aconteceu com a maioria das questões da parte de formação geral, foi baixa, somente

1,4 ponto.

A comparação do desempenho de ingressantes e concluintes nessa questão

evidencia que não só as médias são próximas, mas a própria curva de distribuição das

notas é bastante semelhante, com concentração, em ambos os grupos, de notas nos

intervalos de 31-40 e de 41-50.

É interessante observar que, em ambas as questões discursivas, houve

ingressantes e concluintes que alcançaram a nota mínima e a nota máxima. O quadro

2 e o gráfico 15 mostram as estatísticas básicas relativas ao desempenho na questão

discursiva 10.

Quadro 12 - Habilidade e estatísticas básicas da questão 10 Questão 10

Habilidade Expressar opinião com coesão, coerência e correção gramatical sobre tema polêmico da atualidade.

Ingressantes Concluintes Total

População 1.819 963 2.782

Média 38,1 39,5 38,7 Erro-padrão da média 0,6 0,7 0,5

Desvio-padrão 19,7 19,7 19,7

Nota mínima 0,0 0,0 0,0 Mediana 40,0 40,0 40,0

Nota máxima 100,0 100,0 100,0

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 15 - Distribuição de notas na questão 10 da prova - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Observações acerca da correção da questão 10

A equipe de avaliadores atribuiu o rendimento insuficiente dos estudantes

basicamente a dois fatores:

(1) o não-entendimento, pelo conjunto dos estudantes, do comando proposto na

questão. Em virtude de a clonagem humana aparecer no texto como um exemplo

de tecnologia erroneamente usada, muitos estudantes entenderam que poderiam

tratar de recortes secundários, como tecnologia, identidade ou ética, recortes esses

tidos como desvinculados do assunto central;

(2) a dificuldade dos estudantes em expressar um pensamento elaborado em uma

estrutura sintática clara, correta e coerente.

A equipe constatou que o maior problema dos estudantes, tanto ingressantes

quanto concluintes, é a falta de leitura, compreensiva e interpretativa, e de leitura de

mundo e dos livros recomendados durante a vida estudantil. É exemplo admirável:

Inquestionavelmente, quem possuía um horizonte de experiências rico em

leituras variadas, tanto da literatura nacional/universal quanto das publicações

informativas modernas, saiu-se muito melhor na evidenciação de suas habilidades

comunicativas e expressivas.

Houve textos cuja maturidade intelectual dos estudantes era (é) indubitável,

como nos textos selecionados e transcritos a seguir:

Esses textos exemplificam outra constatação: o aspecto privilegiado,

sobremaneira, pelos estudantes que participaram do ENADE/2004 é a questão da

perda da individualidade. A afirmativa de que "a individualidade é um fato essencial da

vida", apesar de não estar incluída diretamente nas questões (perguntas) propostas,

mas, sim, em um comentário posterior, foi bastante explorada.

A preferência dos alunos também recaiu na crítica ao mau emprego da

tecnologia. É o que se percebe em:

Houve também textos muito bons acerca da questão: a quem compete fazer a

seleção dos seres humanos a serem cionados? Esses foram a minoria que se

esquivou de fazer a crítica aos "detentores do poder", desvinculada do assunto

clonagem. Eis um exemplo de boa resposta acerca dessa questão:

Na parte do componente específico da prova, houve quatro questões

discursivas que mensuravam diferentes perfis e habilidades dos estudantes. A seguir

serão analisados os desempenhos de ingressantes e concluintes nessas questões.

QUESTÃO 37

Vaca milionária morre eletrocutada no interior de São Paulo

A queda de um poste de rede de energia eletrocutou uma vaca de R$ 2,4

milhões na Fazenda Fortaleza, em Valparaíso (SP), na última segunda-feira. Asteca,

uma premiada nelore de três anos, pastava com 19 vacas, quando foi atingida pela

descarga da rede que o poste sustentava. Ela era o animal mais valioso da Central VR,

empresa que coleta e comercializa material genético de bovinos no interior de São

Paulo. Internet: <http://www.correiodoestado.com.br>. Acesso em 22/10/2004.

Considerando a relação entre melhoramento genético e desempenho

zootécnico, comente os efeitos da morte acidental da vaca Asteca para a empresa

proprietária. Em sua análise, baseie-se nos seguintes aspectos:

♦ Prospecção de mercado — investimento e lucro/prejuízo (valor: 5,0 pontos);

♦ pesquisa científica e alto desempenho zootécnico (valor: 5,0 pontos).

Perfis contemplados: P2, P4

Habilidades requeridas: H1, H7

Conteúdos abordados: 3, 4, 5, 12, 16

Padrão de resposta esperado

Na análise apresentada com relação à Prospecção de mercado, o estudante

poderia considerar os aspectos listados abaixo.

♦ Avaliar os pontos de estrangulamentos ou entraves que prejudicam a cadeia

produtiva, como a baixa qualidade das pastagens, o manejo animal

inadequado, o baixo padrão genético dos rebanhos, a descapitalização do

produtor e a falta de retorno imediato ao investimento em tecnologia e melhoria

da qualidade do produto.

♦ Comentar as relações entre os agentes da produção e da indústria

direcionadas por demandas do mercado consumidor.

♦ Mencionar as preocupações do mercado consumidor que se encontram cada

vez mais exigentes em termos de preço e qualidade de produto, riscos à saúde,

preservação ambiental e conveniência (produto embalado, preparado, pré-

cozido e com especificações de procedência, processamento e durabilidade).

♦ Análise dos mercados interno e externo, considerando a situação atual, as

perspectivas futuras e as barreiras sanitárias e subsídios do governo existentes

em outros países.

♦ Condições básicas do mercado (insumos baratos, custo de produção

compatível com valor de venda, preço competitivo em relação aos demais

produtos semelhantes, poder aquisitivo e demanda do mercado consumidor)

para obter lucro ou prejuízo ao realizar um investimento.

Na parte da análise relativa à pesquisa científica e alto desempenho

zootécnico, o aluno deveria comentar, no minimo, três dos cinco itens listados abaixo.

♦ Melhoramento genético e alto desempenho zootécnico.

♦ Instalações e equipamentos e alto desempenho zootécnico.

♦ Nutrição e alimentação animal e alto desempenho zootécnico.

♦ Bem-estar animal e alto desempenho zootécnico.

♦ Biossegurança e controle sanitário e alto desempenho zootécnico.

Observação: Foram considerados outros aspectos relevantes e pertinentes ao padrão

de resposta. A avaliação considerou a coerência, a coesão e a pertinência dos

comentários apresentados.

Como mostram as estatísticas básicas contidas no quadro 13 e no gráfico 16, a

questão 37, primeira questão discursiva da parte da prova, referente ao componente

específico, foi a que apresentou o segundo menor desempenho das quatro questões.

O pico de notas encontra-se entre 11-20 pontos, tanto para ingressantes (24,4%)

quanto para concluintes (31,9%). Um percentual elevado (30,6%) de ingressantes

deixou a questão em branco ou ficou com nota zero. Além disso, somente 0,1% dos

alunos apresentou desempenho maior que 60 pontos. Essa questão, portanto,

apresentou grau de dificuldade elevado para ingressantes e concluintes.

A habilidade de rastrear animais de interesse zootécnico foi mensurada em

todas as questões discursivas do componente específico e a habilidade de planejar e

executar programas de criação não foi contemplada em outras questões. Em relação

ao perfil, o primeiro perfil (atende às demandas da sociedade quanto à excelência na

qualidade e segurança dos produtos de origem animal) foi medido exclusivamente na

questão 37. O segundo perfil (desenvolve métodos de estudo, tecnologias,

conhecimentos científicos e diagnósticos de sistemas produtivos de animais) foi

avaliado também na questão 39. Em função das médias observadas, para

ingressantes e concluintes, 15,9 e 20,6, respectivamente, pode-se inferir que esses

perfis precisam ser melhor enfatizados nos cursos de Zootecnia.

Quadro 13 - Habilidades, perfis e estatísticas básicas da questão 37 Questão 37

Perfil ■ Atende às demandas da sociedade quanto à excelência na qualidade e segurança dos produtos de origem animal. • Desenvolve métodos de estudo, tecnologias, conhecimentos científicos e diagnósticos de sistemas produtivos de animais.

Habilidade ■ Planejar e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies de interesse econômico e de preservação.

■ Rastrear animais de interesse zootécnico.

Ingressantes Concluintes Total População

1.819 963 2.782 Média

15,9 20,6 17,9 Erro-padrão da média

0,3 0,4 0,2 Desvio-padrão 10,0

11,0 10,7 Nota mínima 0,0 0,0

0,0 Mediana 15,0 20,0 20,0

Nota máxima 60,0 65,0 65,0

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 16 - Distribuição de notas na questão 37 da prova - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Comentário relativo à correção da questão 37

A correção evidenciou a dificuldade dos alunos em interpretar o enunciado da

questão. Observou-se que apenas um pequeno número de estudantes fez referência

ao aspecto relativo à pesquisa científica e ao desempenho zootécnico, indicando a

necessidade de as instituições de educação superior evidenciarem a importância das

pesquisas nessa área, propondo como atividade, ao longo do curso, a realização de

revisões bibliográficas e/ou proporcionando aos alunos condições para realizarem

experimentos.

Observou-se problemas sérios de ortografia, concordância e ausência de

conhecimentos técnicos relacionados ao melhoramento genético animal. Vários termos

novos em língua portuguesa foram livres e constantemente criados pelos

respondentes. Outra observação pode ser acerca da forma extremamente coloquial

das respostas, inadequada para qualquer tipo de avaliação. A maioria não soube

distinguir a diferença entre melhoramento genético e reprodução animal, seleção e

cruzamento, além de ter atribuído a um único animal (vaca Asteca) o "poder" de

melhorar ou prejudicar o desempenho do rebanho nacional (e até internacional),

desconhecimento inadmissível para um futuro profissional da área. Vários alunos

confundiram os conceitos de seleção, cruzamento e vigor do híbrido (em um animal de

raça pura) e não mostraram possuir idéia de como é realizada a avaliação genética de

reprodutores. Outro ponto importante, abordado por uma pequena minoria, foi a

diferença entre os animais que recebem prêmios em exposições (animais de pista) e

os animais avaliados pelo desempenho em condições de criação semelhantes àquelas

dos rebanhos comerciais.

Ficou clara a dificuldade dos estudantes em escrever um texto coerente, com

encadeamento de idéias. Conceitos essenciais para a formação de um zootecnista não

foram abordados com clareza.

Quanto às habilidades avaliadas, as respostas permitem inferir que os alunos

desenvolveram de forma modesta a habilidade H1 - planejar e executar programas de

criação, melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies de interesse

econômico e de preservação. Poucos mostraram ter desenvolvido a habilidade H7 -

rastrear animais de interesse zootécnico.

Os exemplos a seguir ilustram respostas consideradas satisfatórias pela banca

avaliadora.

Questão 37 ZOOTECNIA

O exemplo a seguir mostra que o desempenho ficou muitas vezes comprometido pelo

insatisfatório domínio da língua padrão na modalidade escrita. Em alguns casos, o examinador

percebia que as idéias subjacentes ao texto estavam corretas, mas a construção lingüística era

precária, afetando o objetivo do redator na exposição das idéias.

Questão 37 ZOOTECNIA

QUESTÃO 38

Uma granja avícola possui três galpões, cada um com área útil de 1.200 m2 e

capacidade para alojar 18 mil aves. O proprietário da granja recebeu da empresa

integradora 55 mil pintos de um dia de vida. Durante a fase de crescimento, os frangos

apresentaram problemas de formação óssea nas pernas. Após 42 dias, durante os

quais o consumo total de ração fornecida foi de 202 toneladas, a granja encaminhou

para o abatedouro 52.250 frangos com peso vivo médio de 2,15 kg.

Com base na situação descrita acima, responda os itens a seguir.

a) Calcule o número de aves por metro quadrado (densidade) e o índice percentual de

mortalidade do lote ao final dos 42 dias (valor: 2,0 pontos).

b) Analisando-se o desempenho zootécnico, determine o valor da conversão alimentar

relativo ao lote. Comente se o valor encontrado está acima ou abaixo do padrão

esperado (valor: 3,0 pontos).

c) Comente, com base nos conceitos de nutrição animal, as possíveis causas do

problema de formação óssea nas pernas dos frangos (valor: 5,0 pontos).

Perfil contemplado: P1 Habilidade

requerida: H1 Conteúdos

abordados: 1, 2, 3, 9

Padrão de resposta esperado

a) densidade

52.250 frangos 3 galpões = 17.416,67 frangos/galpão

17.416,67 frangos 1200 m2 = 14,51 frangos/m2

mortalidade

55.000 - 52.250 = 2.750

55.000-2.750

100 - x = 5% de mortalidade

Observação: Foram também consideradas as situações em que o estudante fez o

arredondamento dos resultados obtidos para a primeira casa decimal ou para o

valor inteiro mais próximo.

b) peso total ganho = 52.250 x 2,15 kg = 112.337,5 kg

CA = 202.000 112.337,5 = 1,8

A conversão alimentar (CA) observada está dentro da faixa de variação

preconizada pelas empresas. Atualmente, o frango abatido, em torno de 40 dias de

vida, apresenta uma conversão alimentar média de 1,9:1,0 (kg de alimento

consumido: kg de peso vivo ganho).

c) O estudante deveria incluir em seu comentário pelo menos 3 das seguintes causas

de malformação óssea relacionadas com a nutrição:

♦ eficiência do(s) mineral(is) cálcio e(ou) fósforo na dieta;

♦ relação cálcio/fósforo na dieta acima ou abaixo da recomendada, ou seja, de

1,5 até 2,0:1,0;

♦ deficiência de vitamina D na dieta;

♦ presença de ácido fítico e(ou) oxalatos na dieta;

♦ presença de minerais, em excesso na dieta, que apresentam antagonismo com

o cálcio e(ou) fósforo (por exemplo, mineral zinco).

A questão 38 mensurou um aspecto no perfil dos estudantes de Zootecnia

também contemplado na questão 39. Em relação às habilidades, apenas a de planejar

e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução das diferentes

espécies de interesse econômico e de preservação foi mensurada nessa questão.

Essa é uma habilidade de grande importância para os cursos de Zootecnia, tendo sido

mensurada em todas as questões discursivas.

As estatísticas básicas mostram que a questão 38 foi respondida pela maioria

dos concluintes (88%) e deixada em branco por 41,4% dos ingressantes. O

desempenho dos ingressantes e concluintes ficou bastante distinto nessa questão,

pois as notas dos ingressantes estão concentradas na metade inferior dos intervalos

de notas (principalmente de 1-30 pontos) e as dos concluintes, ao contrário,

predominantemente nos intervalos superiores (maior percentual de 21-60 pontos).

Somente os concluintes atingiram o intervalo de 81-100 pontos. O quadro 4 e o gráfico

17 resumem as principais informações acerca do desempenho dos estudantes de

Zootecnia na questão 38.

Quadro 14 - Habilidades, perfis e estatísticas básicas da questão 38

Questão 38

Perfil ■ Administra sistemas de agroindustriais.

produção animal e estabelecimentos

Habilidade ■ Planejar e reprodução preservação

executar programas de criação, melhoramento genético e das diferentes espécies de interesse econômico e de

Ingressantes Concluintes Total

População 1.819 963 2.782

Média 20,2 41,6 30,2

Erro-padrão da média 0,5 0,7 0,5

Desvio-padrão 14,2 20,8 20,6

Nota mínima 0,0 0,0 0,0

Mediana 20,0 40,0 30,0

Nota máxima 80,0 100,0 100,0

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 17 - Distribuição de notas na questão 38 da prova - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Comentário relativo à correção

A questão admite uma resposta concisa e de fácil correção. Foram abordados

aspectos nutricionais na produção avicola, exigindo-se do estudante conhecimentos

zootécnicos para responder os itens b e c. Além da habilidade H1 - planejar e executar

programas de criação, melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies

de interesse econômico e de preservação -, a questão também contempla a habilidade

H4 - planejar e executar projetos de edificações rurais.

O item a envolvia o cálculo da densidade (aves por m ) e da mortalidade (%). A

maioria dos alunos acertou apenas o cálculo da mortalidade. Vários alunos erraram o

valor de densidade porque não consideraram a mortalidade antes de efetuar o cálculo

da densidade. Alguns alunos calcularam o espaço ocupado por cada ave (0,068

m2/frango) em vez do número de aves/m2 e que esse valor também foi considerado

correto.

No item b, o valor da conversão alimentar foi calculado de maneira equivocada

pela maioria dos alunos, muitos confundiram fórmulas e conceitos de conversão

alimentar e de eficiência alimentar. E quanto a comentar o valor obtido, poucos alunos

deram respostas completas e corretas.

No item c, relativo às causas do problema de formação óssea nas pernas dos

frangos, as respostas encontradas foram superficiais e verificou-se que poucos alunos

alcançaram a nota máxima. Poucos estudantes conseguiram citar mais de duas

causas para o problema de malformação óssea. A deficiência de cálcio foi a causa

mais citada pelos estudantes.

A ocorrência de erros de grafia foi observada com freqüência nas respostas

dos alunos e várias provas foram respondidas em local incorreto.

Os exemplos transcritos a seguir foram considerados como respostas

satisfatórias pela banca avaliadora.

Questão 38 (a) ZOOTECNIA

Questão 38 (c) ZOOTECNIA

Questão 38 (b) ZOOTECNIA

Questão 38 (c) ZOOTECNIA

QUESTÃO 39

Uma propriedade rural tem sido utilizada para a criação de bovinos ao longo

dos últimos 20 anos. A pastagem existente inicialmente era capim colonião (Panicum

maximum), forrageira exigente quanto à fertilidade do solo. Essa pastagem foi

substituída ao final dos primeiros 10 anos por capim braquiária — Brachiaria brizantha,

uma forragem menos exigente. Passados outros 5 anos, a braquiária foi sendo

substituída por grama estrela (Cynodon), de baixa exigência, e, ao final desse período,

a pastagem foi invadida por plantas daninhas. Atualmente, o produtor precisa reformar

a pastagem para aumentar a produtividade. Para tanto, será necessário o uso de

sistemas mais eficientes de produção de forragem.

Considerando a situação acima,

a) identifique o(s) principal(is) problema(s) ocorrido(s) na propriedade e apresente

duas possíveis razões que levaram à ocorrência dele(s) (valor: 4,0 pontos);

b) na qualidade de zootecnista, oriente o produtor a escolher um sistema para

aumentar a disponibilidade de volumoso na propriedade, citando quatro opções

viáveis para ele (valor: 6,0 pontos).

Perfis contemplados: P1, P4

Habilidades requeridas: H1, H5, H9

Conteúdos abordados: 2, 3, 4, 8, 14

Padrão de resposta esperado

a) O estudante deveria identificar o problema enfrentado pelo produtor e listar duas

entre as seguintes razões que levaram à sua ocorrência:

♦ empobrecimento do solo pelo uso prolongado e contínuo, sem os cuidados

para garantir a fertilidade;

♦ degradação do solo;

♦ falta de correção do solo;

♦ falta de adubação;

♦ manejo inadequado da pastagem ao longo dos anos.

b) O aluno deveria citar quatro opções viáveis para o produtor, conforme listado

abaixo.

♦ manejo adequado do solo (calagem, adubação, topografia);

♦ formação de pastagens com técnicas adequadas;

♦ integração lavoura Versus pecuária;

♦ uso de silagem;

♦ uso de capineiras;

♦ uso de cana-de-açúcar;

♦ uso de forragem de inverno;

♦ uso de resíduos agroindustriais.

A questão 39 era a mais abrangente em termos de mensuração do perfil e das

habilidades dos estudantes de Zootecnia e contemplava 2 aspectos relativos ao perfil e 3

aspectos relativos às habilidades. Curiosamente, além de ser a questão mais abrangente,

também foi a que resultou em melhores desempenhos, ainda que o percentual de respostas em

branco dos ingressantes tenha sido de 41,7%.

Das quatro questões discursivas, a 39 foi a que apresentou melhores desempenhos

para ingressantes e concluintes. As notas dos dois grupos variaram de 0 a 100, embora os

concluintes tenham apresentado desempenho global melhor que os ingressantes. O melhor

desempenho dos ingressantes ficou no intervalo 21-30 pontos (11,4%), ao passo que o dos

concluintes ficou no intervalo 71-80 pontos (17,5%), como pode ser visto no gráfico 18.

_______ Quadro 15 - Habilidades, perfis e estatísticas básicas da questão 39 _________

Questão 39

Perfil Administra sistemas de produção animal e estabelecimentos agroindustriais;

Desenvolve métodos de estudo, tecnologias, conhecimentos científicos e diagnósticos de sistemas produtivos de animais.

Habilidade

Planejar e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução nas diferentes espécies de interesse econômico e de preservação;

Produzir e manejar plantas forrageiras;

Adotar tecnologias adequadas ao controle, ao aproveitamento e à reciclagem dos resíduos e dejetos, considerando a preservação do meio ambiente.

População

Média

Erro-padrão da média

Desvio-padrão

Nota mínima

Mediana

Nota máxima

Ingressantes

1.819

33,2

0,8

23,1

0,0

29,0

100,0

Concluintes

963

56,1

0,8

22.4

0,0

57,0

100,0

Total

2.782

44,0

0,6

25,5

0,0

43,0

100,0 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 18 - Distribuição de notas na questão 39 da prova - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Comentário relativo à correção da questão 39

As respostas evidenciaram que a questão apresentou-se de média

complexidade para os estudantes. Observou-se que o desempenho dos alunos foi

baixo e a maioria não entendeu a questão ou não possuía conhecimento técnico para

respondê-la. Alguns alunos não identificaram o problema e as razões que levaram à

ocorrência desse problema, conforme solicitado no item a. Algumas respostas

demonstraram que determinados estudantes não dominam terminologias técnicas

específicas da área (por exemplo: para degradação do solo, os alunos utilizaram: solo

desgastado, solo erudido ou solo empobrecido). Outro aspecto observado foi o

emprego de expressões de maneira inadequada, indicando confusão de termos

técnicos (por exemplo: silo, silagem e ensilagem utilizados como sinônimos e

observados com alta freqüência na resposta do item b). Muitos alunos confundiram os

conceitos de correção do solo, adubação e calagem, utilizando-os de forma incorreta.

Também foi constante a fuga ao tema e a criação de suposições sobre as condições

da pastagem e da taxa de lotação que estariam sendo utilizadas na fazenda citada na

questão. Em muitos casos, o estudante orientava o produtor a fazer análise do solo

(que constitui uma ferramenta), quando deveria recomendar a prática agronômica em

si, que é a adubação.

Ademais, percebeu-se a colocação de muitas informações de forma

descontextualizada. Como exemplo, cita-se o pastejo rotacionado (uma prática de

manejo a ser empregada nos sistemas de produção), muito respondida,

particularmente no item b, mas que deve estar inserida no contexto do manejo da

pastagem e não como uma opção isolada, como freqüentemente ocorreu.

Ao final da correção, observou-se que, das três habilidades necessárias para o

alcance dos perfis propostos, H1 - planejar e executar programas de criação,

melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies de interesse econômico

e de preservação - e H5 - produzir e manejar plantas forrageiras - foram contempladas

de maneira sistemática pelos estudantes, enquanto a habilidade H9 -adotar tecnologias

adequadas ao controle, ao aproveitamento e à reciclagem dos resíduos e dejetos,

considerando a preservação do meio ambiente - foi observada com baixa incidência

nas respostas dos alunos.

Considerando os dois perfis inicialmente propostos (administra sistemas de

produção animal e estabelecimentos agroindustriais e desenvolve métodos de estudo,

tecnologias, conhecimentos científicos e diagnósticos de sistemas produtivos de

animais), pôde-se verificar que o primeiro destacou-se nas respostas dos estudantes,

enquanto o segundo foi percebido de forma modesta.

Os alunos apresentaram grande dificuldade em responder na seqüência

solicitada; alguns não respeitaram o espaço destinado à resposta e responderam em

locais trocados. Houve grande incidência de erros ortográficos, acentuação e

concordância, além da dificuldade de organizar as idéias e conceitos técnicos em uma

seqüência lógica de pensamento. De maneira geral, é preocupante que os conceitos

técnicos simples e a correta utilização da língua portuguesa consistam em um

obstáculo para os futuros profissionais da área de Zootecnia.

Os exemplos a seguir ilustram respostas consideradas satisfatórias pela banca

avaliadora.

Questão 39 (a) ZOOTECNIA

Questão 39 (a) ZOOTECNIA

QUESTÃO 40

Um experimento foi realizado com o objetivo de mostrar características de

desempenho e de carcaça de bovinos não castrados dos grupos genéticos nelore

controle (10 animais), nelore seleção (11 animais), guzerá seleção (10 animais) e

caracu (10 animais). Os animais pertenciam a grupos contemporâneos nascidos entre

setembro e novembro de 1997 e foram selecionados após a prova de ganho de peso

em 1998. A partir dessa data, foram mantidos em pastagem, recebendo

suplementação mineral até atingirem o peso de abate, o que foi conseguido quando

tinham idade média de 824 dias. Foram analisadas, entre outras, as seguintes

características: média de ganho de peso diário, peso de abate aos 824 dias de idade e

rendimento de carcaça. As médias foram comparadas pelo teste de Tukey (5%),

utilizando-se o programa computacional SAS. Os resultados são apresentados na

tabela a seguir.

Médias ajustadas por quadrados mínimos1 (± erros-padrão) para características

de desempenho e rendimento de carcaça, de acordo com o grupo genético.

caráter guzerá seleção

nelore controle

nelore seleção

caracu NS2

ganho médio diário (g) 443,4 ± 14,0ab 406,4 ±13,9b 501,2 ± 13,8a 458,2 ±13,7ab 0,02(*)

peso de abate aos 824 dias (kg) 500,9 ± 8,6b 447,6 ± 8,6C 542,7 ± 8,2a 537,3 ± 8,6a 0,00(**) rendimento de carcaça (%) 54,0 ± 0,4b 56,3 ± 0,4a 56,3 ± 0,4a 55,4 ± 0,4a 0,00(**)

Valores na linha acompanhados de letras iguais não diferem entre si pelo teste de Tukey (P > 0,05). 2 NS é o nivel de significância da análise de variância para efeito de rebanho. (*) significativo (P < 0,05); (**) significativo (P < 0,01).

Após análise das informações acima, redija, de forma sucinta, suas conclusões

acerca do efeito da seleção praticada na raça nelore, comparando-o com o dos demais

grupos genéticos estudados (valor: 10,0 pontos).

Perfil contemplado: P5 Habilidades

requeridas: H1, H6 Conteúdos

abordados: 3, 5, 11, 18

Padrão de resposta esperado

Ganho médio diário (GMD) - A análise do GMD mostrou que ocorreu efeito significativo (P <

0,05) dos grupos genéticos analisados. O maior GMD foi observado no nelore seleção (501,2 g),

embora não tenha sido diferente estatisticamente dos GMD dos grupos genéticos caracu e

guzerá seleção, sendo esses superiores ao nelore controle (406,4 g).

Peso de abate aos 824 dias (PAB) - O peso de abate aos 824 dias foi influenciado pelo grupo

genético (P < 0,01). O maior PAB foi observado no grupo genético nelore seleção (542,7 kg), o

qual não diferiu estatisticamente do PAB do caracu (537,3 kg). O menor PAB foi observado no

nelore controle (447,6 kg).

Rendimento de carcaça (REND) - O rendimento de carcaça foi influenciado por grupo genético

(P < 0,01). O menor rendimento foi observado no guzerá seleção e é estatisticamente diferente

dos demais grupos, que não diferiram entre si.

Após análise dos dados, os estudantes poderiam redigir suas conclusões contemplando

os seguintes aspectos:

♦ a seleção praticada nos animais nelore (nelore seleção) mostrou-se eficiente para o

ganho médio diário e esses animais são superiores ao grupo nelore controle;

♦ os animais nelore seleção foram mais pesados ao abate aos 824 dias de idade que o

grupo nelore controle. A ausência de seleção nos animais nelore determinou os menores

pesos, comparados aos demais grupos genéticos analisados;

♦ os animais guzerá seleção necessitam ser melhorados quanto ao rendimento de carcaça,

comparados aos demais grupos genéticos analisados nesse estudo;

♦ a seleção praticada no rebanho nelore não alterou o rendimento de carcaça, comparado

ao grupo nelore controle.

Observação: Foram considerados outros aspectos relevantes e pertinentes ao padrão de

resposta. A avaliação considerou a coerência, a coesão e a pertinência das conclusões frente às

informações apresentadas.

A questão 40, última questão discursiva do componente específico, mensurou

exclusivamente um aspecto do perfil dos estudantes de Zootecnia e duas habilidades.

A primeira delas foi avaliada em todas as questões discursivas e a segunda foi

mensurada somente nessa questão: processar, classificar e tipificar produtos e co-

produtos de origem animal. Os resultados obtidos apontam que essa última habilidade

precisa ter maior atenção por parte dos cursos de Zootecnia.

Essa questão foi a que apresentou os menores desempenhos, praticamente sem

distinção entre ingressantes e concluintes. Os dados do quadro 5 e do gráfico 19 mostram que

o percentual de respostas em branco ou com nota zero é bastante elevado para ingressantes e

concluintes. Somados, totalizam 89,1% no grupo de ingressantes e 58% no grupo de

concluintes.

Quadro 16 - Habilidades, perfis e estatísticas básicas da questão 40

Questão 40

Perfil Desenvolve, administra e coordena programas, projetos e atividades de ensino, pesquisa e extensão.

Habilidade

Planejar e executar programas de criação, melhoramento genético e reprodução nas diferentes espécies de interesse econômico e de preservação;

Processar, classificar e tipificar produtos e co-produtos de origem animal.

População

Média

Erro-padrão da média

Desvio-padrão

Nota mínima

Mediana

Nota máxima

Ingressantes Concluintes Total 1.819 963 2.782

7,3 21,9 15.0

0,6 1.0 0,6

15,5 27,2 23,6

0,0 0,0 0,0

0,0 20,0 0,0

100,0 100,0 100,0Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Gráfico 19 - Distribuição de notas na questão 40 da prova - ENADE/2004 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Comentário relativo à correção

A questão revelou-se muito complexa para os estudantes. Muitos tiveram

dificuldade em interpretar e respondê-la. Menos de 10% dos alunos conseguiram

desenvolver de forma adequada um raciocínio de resposta condizente. Além do mais,

foi possível observar um número elevado de notas zero.

No tocante às habilidades, H1 - planejar e executar programas de criação,

melhoramento genético e reprodução das diferentes espécies de interesse econômico

e de preservação - foi contemplada na sua totalidade, enquanto H6 - processar,

classificar e tipificar produtos e co-produtos de origem animal -foi pouco desenvolvida

pelos alunos.

A questão mostrou-se adequada para medir o alcance do perfil estabelecido:

desenvolve, administra e coordena programas, projetos e atividades de ensino,

pesquisa e extensão. Da mesma forma, a lista de conteúdos agrupados contempla a

inter-relação das habilidades com os itens do perfil.

A avaliação dos textos revelou que a chave de correção apresentou de forma

adequada os aspectos que poderiam ser contemplados pelos estudantes, conforme

exemplificam as respostas a seguir.

Questão 40 ZOOTECNIA

Questão 40

ZOOTECNIA

Capítulo 4 Impressões sobre a prova

As impressões sobre a prova do ENADE/2004 na área de Zootecnia foram

mensuradas por meio de 12 questões, que avaliaram desde o aspecto visual da prova

até a relevância dos tópicos abordados. As questões foram analisadas separando-se

concluintes e ingressantes e foram relacionadas com o desempenho dos alunos e com

a região de origem.

É importante registrar que aproximadamente 18,6% dos estudantes não

responderam à parte de impressões da prova. Houve, ainda, grande congruência entre

os dados de desempenho dos alunos e os dados de impressão sobre o grau de

dificuldade da prova. Em relação à extensão da prova, um dado interessante é que os

concluintes consideraram a prova mais longa que os ingressantes. A seguir, serão

apresentados os principais resultados relativos aos 12 itens avaliados.

4.1 Aspecto visual

O aspecto visual da prova do ENADE/2004 na área de Zootecnia foi aprovado

pela maioria, com reduzidas diferenças de percepção entre concluintes e ingressantes.

O percentual de estudantes que o avaliaram como excelente ou muito bom foi de

54,7% entre concluintes e 57,2% entre ingressantes. Vale ressaltar que apenas 4,3%

dos concluintes e 4,2% dos ingressantes atribuíram os conceitos ruim ou péssimo para

o aspecto visual da prova. Mesmo considerando a análise por desempenho, observa-

se que o percentual de atribuições negativas não é muito elevado: 6,1% dos

concluintes do grupo superior consideraram ruim ou péssimo o aspecto visual da

prova, enquanto entre os ingressantes desse mesmo grupo, esse percentual não

passa de 2,7%. Neste quesito, as análises por região e por desempenho não tiveram

destaque.

4.2 Grau de dificuldade em formação geral da prova

Na questão sobre qual o grau de dificuldade da prova em formação geral, a

maioria dos estudantes optou pela alternativa médio, escolhida por 55,4% dos

ingressantes e 60,5% dos concluintes. Poucos foram os que consideraram muito fácil a

prova em formação geral. No grupo de desempenho superior, apenas 1% dos

concluintes e 0,3% dos ingressantes consideraram a prova em formação geral muito

fácil.

Cumpre salientar que praticamente não há variação entre as opiniões de

concluintes e ingressantes no que diz respeito à formação geral. Entre os concluintes,

o percentual que considerou a prova difícil ou muito difícil foi de 32,9% e entre os

ingressantes esse percentual foi de 35%. Essa homogeneidade na percepção do grau

de dificuldade em formação geral foi confirmada por meio do desempenho observado

para os grupos de maior e menor nota, visto que não houve, nessa parte da prova,

grande diferença entre os estudantes.

Em relação à análise por região, os concluintes da região Norte foram os que

menos consideraram a prova em formação geral da prova difícil ou muito difícil (13%),

seguidos da região Sul, com 28,7%. O maior grau de dificuldade foi identificado pelos

concluintes da região Nordeste, com 37,5% assinalando essas opções. Em relação

aos ingressantes, 31,8% deles na região Sudeste e 32,8% na Sul avaliaram a prova

em formação como difícil ou muito difícil, enquanto os ingressantes da região Norte

foram os que mais atribuíram tais conceitos (42,1%). Esses dados demonstram que,

nesse quesito, a percepção dos alunos é semelhante entre as regiões, com a exceção

da região Norte, que se diferenciou das demais em função do elevado número de

ingressantes que julgaram a prova em formação difícil ou muito difícil em comparação

aos concluintes da mesma região.

No que tange à análise por desempenho, observa-se pouca diferença de

opiniões. O grupo dos estudantes formado pelos 25% de menores notas julgou a prova

em formação geral difícil ou muito difícil em percentuais maiores (próximos de 40%)

que o grupo dos 25% com melhores notas (próximos de 30%), tanto para os

ingressantes quanto para os concluintes.

Gráfico 20 - Percentual que avalia a prova em formação geral da prova como difícil ou muito difícil Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.3 Grau de dificuldade na prova de componente específico

Se por um lado, não foi notada diferença elevada na opinião de ingressantes e

concluintes quanto ao grau de dificuldade em formação geral, observou-se que em

componente específico os ingressantes encontraram mais dificuldade, sinalizando para

um desempenho inferior desses. Entre os ingressantes, aproximadamente 47% deles

julgaram a prova difícil. Já entre os concluintes, a maior parte deles (63,2%) considerou

que a prova de componente específico estava com um grau médio de dificuldade.

Analisando-se a percepção sobre o grau de dificuldade da prova de

componente específico de acordo com o desempenho dos estudantes, observa-se que

praticamente não há diferença entre as opiniões dos ingressantes do grupo de maiores

notas em relação ao grupo de menores notas (pouco mais de 60% deles julgaram a

prova específica como difícil ou muito difícil), o que poderia ser explicado pelo pouco

contato que tiveram com o conteúdo específico da área de Zootecnia. Entre os

concluintes, 21,3% do grupo superior avaliaram o componente específico da prova

como difícil ou muito difícil, ao passo que no grupo de menores notas esse percentual

aumenta para 32,8%.

Considerando a análise por região, permaneceu a tendência dos ingressantes

avaliarem a prova específica mais difícil do que os concluintes. A região Norte voltou a

destacar-se: cerca de 68,4% dos ingressantes e 22,7% dos concluintes dessa área

julgaram a prova como difícil ou muito difícil, e essas foram as maiores porcentagens

entre os ingressantes e as menores entre os concluintes. Na região Nordeste, 59,2%

dos ingressantes considerou que a prova está difícil ou muito difícil, enquanto, entre os

concluintes, 38,3% deles fizeram esse julgamento.

O gráfico 21 apresenta os percentuais dos estudantes que consideraram as

questões da prova específica como difíceis ou muito difíceis, segundo o desempenho e

a região.

Gráfico 21 - Percentual que avalia a prova de componente específico como difícil ou muito difícil Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.4 Grau comparativo de dificuldade da prova do ENADE/2004

Quando os alunos compararam a prova do ENADE/2004 às provas que

costumam fazer, os ingressantes tenderam a considerar a prova do ENADE mais difícil

que os concluintes. Entre os alunos ingressantes, o percentual de opiniões mais difícil

e muito mais difícil foi de 44,8% e entre os concluintes tais respostas representaram

33,8% do total.

Ao analisar o grau de dificuldade dessa prova, comparando com as provas que

os alunos costumam fazer, em relação ao seu desempenho em Zootecnia, percebe-se

que não há grande diferença entre as opiniões dos ingressantes e concluintes que

tiveram um baixo desempenho; entretanto, quando a análise é feita considerando-se

os estudantes que obtiveram um bom desempenho, esse quadro é bem diferente entre

os concluintes e ingressantes. Apenas 21,5% dos estudantes concluintes consideraram

a prova mais difícil ou muito mais difícil que as provas que costumam fazer, enquanto,

para os ingressantes, esse valor chega a 40,1%.

Com relação às regiões, houve uma considerável variabilidade de percepções.

Os percentuais de concluintes que avaliaram o grau de dificuldade da prova como mais

difícil ou muito mais difícil que as provas que costumam fazer em suas instituições

variaram de 20,4% na região Sul a 53,9% na região Nordeste. Essa diferença também

foi alta entre os ingressantes, mas menos expressiva, pois os percentuais variaram de

36,8% na região Sul a 59,6% na região Norte. É interessante notar que na região

Nordeste o percentual de ingressantes e concluintes que consideraram a prova mais

difícil ou muito mais difícil que as que costuma fazer é bem próximo. Nas demais

regiões, a opinião de ingressantes e concluintes foi mais discrepante nesse quesito.

Gráfico 22 - Percentual que avalia a prova do ENADE mais difícil ou muito mais difícil que as da instituição de origem Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADEV2004

4.5 Avaliação do tamanho da prova em relação ao tempo para resolvê-la

A maioria dos alunos de Zootecnia, concluintes e ingressantes, considerou que

a prova do ENADE tinha extensão adequada (49,5% e 61,3%, respectivamente) em

relação ao tempo destinado à resolução. Poucos foram os alunos que consideraram a

prova curta ou muito curta (apenas 6,1% dos ingressantes, e 8,2% dos concluintes).

Por outro lado, os que consideraram a prova longa ou muito longa correspondem a

42,3% dos concluintes e 32,5% dos ingressantes.

Quando se analisa esse resultado de acordo com o desempenho dos

estudantes, observa-se que o grupo de concluintes com as maiores notas se destaca

em relação aos demais devido a 46,7% deles considerar a prova longa ou muito longa;

em relação aos ingressantes, esse número não passa de 29,7%. Entre os estudantes

que obtiveram as menores notas, a opinião dos ingressantes e dos concluintes com

relação à extensão da prova para o tempo disponível é semelhante: 38% de

estudantes de cada grupo considera a prova longa ou muito longa.

No que diz respeito à região, percebe-se que não há grandes diferenças entre

elas. De maneira geral, os concluintes avaliaram a prova como longa ou muito longa

em maior número que os ingressantes. Esse resultado pode estar associado ao menor

preparo que os ingressantes tinham para realizar a prova, representando menores

condições de julgar a coerência entre a duração da prova e o tempo para resolvê-la.

Gráfico 23 - Percentual que avalia a extensão da prova como longa ou muito longa, considerando-se o tempo para resolvê-la Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.6 Grau de compreensão dos enunciados da prova em formação geral

Sobre os enunciados das questões da prova em formação geral, as opiniões

foram positivas, e os ingressantes avaliaram mais favoravelmente que os concluintes,

quando considerado o total de respondentes. O gráfico 24 mostra que em todas as

análises foram obtidos percentuais maiores que 68% de estudantes que julgaram que

todos ou a maioria dos enunciados da prova em formação geral estavam

compreensíveis. Uma pequena diferença entre os grupos de desempenho dos

ingressantes pode ser notada, no sentido de um percentual maior de ingressantes do

grupo com melhor desempenho avaliar a compreensão dos enunciados de forma mais

positiva em relação aos percentuais dos concluintes.

Em relação às regiões, observa-se que os enunciados foram mais bem

compreendidos pelos concluintes do Norte (91,3%) e Centro-Oeste (84,9%). A região

que teve menor percentual de concluintes que avaliou dessa forma os enunciados foi a

região Sul (71,7%). Nas demais regiões um percentual maior de ingressantes avaliou

que todos ou a maioria dos enunciados da prova em formação geral estavam

compreensíveis. Esses percentuais variaram de 78,6% (região Centro-Oeste) a 87,7%

(região Norte).

Gráfico 24 - Percentual que avalia que todos ou a maioria dos enunciados da prova em formação geral estavam compreensíveis Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.7 Grau de compreensão dos enunciados da prova de componente específico

No que se refere ao componente específico da prova, a avaliação dos

concluintes sobre o grau de compreensão dos enunciados foi mais favorável que a

avaliação dos ingressantes. Entre os concluintes, em todas as regiões, um percentual

superior a 80% considerou que todos ou a maioria dos enunciados da prova específica

estavam compreensíveis; tais percentuais variaram de 81,9% (região Nordeste) a

92,7% (região Centro-Oeste). Entre os ingressantes, o Nordeste foi a região em que

menos alunos consideraram que todos ou a maioria dos enunciados de componente

específico da prova estavam compreensíveis (74,7%), ao passo que a região Norte foi

a que apresentou maior número de ingressantes com essa opinião (84.2%).

Quando se considera o desempenho na prova, percebe-se grande diferença

entre ingressantes e concluintes do grupo inferior. Como mostra o gráfico 25, 68,3%

dos ingressantes julgaram todos ou a maioria dos enunciados da prova de componente

especifico estavam compreensíveis. Entre os concluintes, esse percentual foi de

88,6%, similar aos dados referentes ao grupo superior.

Gráfico 25 - Percentual que avalia que todos ou a maioria dos enunciados da prova de componente específico estavam compreensíveis Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.8 Avaliação das informações/instruções fornecidas nos enunciados

A avaliação das informações/instruções fornecidas nos enunciados das

questões foi semelhante à obtida na questão anterior: os percentuais atribuídos pelos

concluintes foram superiores aos atribuídos pelos ingressantes.

Considerando as regiões, mais de 67% de ingressantes responderam que em

todas as questões ou na maioria delas as instruções foram necessárias: 67,6% na

região Nordeste e 75,1% na região Centro-Oeste. Entre os concluintes, tais

percentuais variaram entre 77% (região Nordeste) e 85,2% (região Sudeste).

As análises por desempenho mostram que no grupo inferior 64% dos

ingressantes e 78,6% dos concluintes julgaram que as informações/instruções

fornecidas nos enunciados das questões eram necessárias para resolvê-las. No grupo

superior, esses percentuais passaram a 77,7% dos ingressantes e a 84,3% dos

concluintes, sugerindo que existe relação entre desempenho na prova e percepção da

utilidade dos enunciados.

Gráfico 26 - Percentual que avalia que iodos ou a maioria dos enunciados traziam informações/instruções necessárias para resolver as questões Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.9 Maior dificuldade para responder a prova

Grande parte dos estudantes concluintes de Zootecnia (46,9%) afirmou que a

maior dificuldade para responder a prova foi a forma diferente de abordagem do

conteúdo; outros 26,6% consideraram que a maior dificuldade estava na falta de

motivação para fazer a prova. Esse aspecto também foi apontado como a principal

influência no desempenho na prova por 10,3% dos ingressantes.

Entre os ingressantes, como era de se esperar, observa-se que o

desconhecimento do conteúdo foi apontado pela grande maioria como a maior

dificuldade ao se resolver a prova (aproximadamente 69,7%). Porém, é curioso

observar que 4,1% deles (os quais cursaram, no máximo, 22% dos créditos) afirmaram

não ter tido dificuldade para responder a prova.

Quanto à motivação como dificuldade ao se resolver a prova, essa tendeu a ser

mais apontada pelos ingressantes de desempenho inferior na prova e concluintes de

desempenho superior. Esse dado indica diferenças na motivação em função não

somente do desempenho na prova, como também da condição do aluno no curso.

A opção espaço insuficiente para responder as questões foi apontada por um

pequeno percentual de estudantes. Apenas 4,1% dos concluintes e 0,8% dos

ingressantes apontaram tal justificativa como a principal influência no desempenho na

prova.

No que se refere às regiões, nota-se que houve relativa variação no padrão de

resposta dos alunos: enquanto no Norte 4,3% dos concluintes consideraram o

desconhecimento do conteúdo como a maior dificuldade para responder a prova, no

Nordeste esse percentual é quase duas vezes maior (7,4%). Também é importante

analisar que 6% do grupo de concluintes de desempenho inferior apontaram

desconhecimento do conteúdo como a maior dificuldade que se deparou ao responder

a prova, enquanto 7,1% do grupo superior escolheram essa opção. É interessante o

fato de serem os concluintes com melhor desempenho aqueles que mais apontaram

desconhecimento do conteúdo como maior dificuldade na resolução da prova.

Gráfico 27 - Percentual que apontou o desconhecimento do conteúdo como a principal dificuldade para responder a prova Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.10 Influências no desempenho na prova

No item que mediu os aspectos que influenciaram o desempenho na prova do

ENADE, a alternativa que obteve maior percentual de adesão entre os concluintes

(59,1%) foi ter estudado e aprendido muitos dos conteúdos avaliados, indicando que a

maioria considerou como favorável o seu desempenho na prova; em seguida, vem a

opção ter estudado a maioria dos conteúdos avaliados, mas não tê-los aprendido,

marcada por aproximadamente 19,3% dos concluintes. Entre os ingressantes, como

era esperado, a alternativa mais apontada (88%) foi não ter estudado ainda a maioria

dos conteúdos avaliados.

Considerando-se o desempenho dos estudantes na prova do ENADE para a

análise desse quesito, observa-se que, enquanto 23,9% dos concluintes do grupo de

menores notas assinalaram ter estudado a maioria dos conteúdos avaliados, mas não

tê-los aprendido, entre os concluintes do grupo de notas superiores esse percentual foi

de apenas 9,3%. Por outro lado, os percentuais dos que informaram ter estudado e

aprendido todos os conteúdos avaliados foi bem maior entre os concluintes de

desempenho superior (13,9%), que entre os apenas 6,7% dos pertencentes ao grupo

inferior.

A análise por região indica que os concluintes da região Sudeste foram os que

menos consideraram a opção ter estudado a maioria dos conteúdos avaliados, mas

não tê-los aprendido (16,3%), enquanto essa alternativa foi escolhida por 26,1% dos

concluintes do Norte. Isso pode sugerir que, nessa região, seja mais comum que as

instituições abordem determinado conteúdo, sem que os alunos consigam assimilá-lo,

o que ocorreria em menor grau na região Sudeste. A alternativa ter estudado apenas

alguns dos conteúdos avaliados, mas não tê-los aprendido também foi mais apontada

pelos concluintes do Norte (17,4%), enquanto, na região Sul, esse percentual foi de

apenas 5,9%. A região Centro-Oeste obteve os maiores percentuais de alunos que

estudaram alguns conteúdos e não aprenderam (8,8%) e que estudaram a maioria dos

conteúdos e não aprenderam (3,4%).

Gráfico 28 - Percentual que avalia que o que mais influenciou o seu desempenho na prova foi não ter estudado ainda a maioria dos conteúdos avaliados Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.11 Horário de término da prova

No que diz respeito ao horário de conclusão da prova, que indica o tempo de

sua duração para os estudantes, a maioria dos ingressantes (58,6%) terminou a prova

até 15h30. Entre os concluintes, aproximadamente 41,5% concluiu a prova entre

15h30 e 16h30.

Entre os ingressantes do grupo inferior, 80,9% terminaram a prova até 15h30,

enquanto o percentual do grupo superior foi de 39,1%. Entre os concluintes, o grupo

inferior apresentou 48,3% dos estudantes finalizando a prova até 15h30, enquanto no

grupo superior apenas 18,1% conseguiu resolver as questões da prova nesse tempo.

Esses dados mostram certa tendência de os estudantes de desempenho inferior

terminarem a prova em menos tempo que os estudantes com melhor desempenho.

Em relação às regiões, houve grande variação no tempo de permanência dos

estudantes com a prova. Os concluintes do Sudeste tenderam a ser os que ficaram

mais tempo com a prova: apenas 20% dos alunos a concluíram até 15h30. No outro

extremo, está a região Norte, onde 72,7% dos concluintes entregaram a prova até esse

horário. Essa diferença de 52,7 pontos percentuais pode apontar para a influência

regional sobre o tempo de prova dos estudantes. Os concluintes das demais regiões

apresentaram tempos intermediários.

O gráfico abaixo vem indicar a distribuição dos estudantes que terminaram a

prova do ENADE até 15h30.

Gráfico 29 - Percentual de estudantes que concluíram a prova até 15h30 Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

4.12 Relevância dos tópicos da prova para a avaliação de desempenho

No que tange á relevância dos tópicos abordados na prova para a efetiva

avaliação do desempenho dos estudantes, poucos concluintes (16,2%) e ingressantes

(15%) consideraram que os tópicos não apresentavam nenhuma ou pequena

relevância. A maioria dos estudantes optou pela alternativa relevância média, a qual foi

apontada por 38,4% dos concluintes e 37,3% dos ingressantes.

Analisando esses resultados à luz dos desempenhos dos estudantes de

Zootecnia na prova do ENADE/2004, verifica-se que os ingressantes com desempenho

inferior tenderam a avaliar os tópicos abordados na prova como menos relevantes que

os ingressantes de desempenho superior. Aproximadamente 42,3% daqueles afirmam

que a relevância dos tópicos abordados na prova para a efetiva avaliação do seu

desempenho foi grande ou muito grande, enquanto que para os ingressantes com

melhor desempenho este percentual chegou a 50,3%. Entre os concluintes, o grupo

inferior avaliou os tópicos da prova como sendo mais relevantes (44,5%) que os de

desempenho superior (41,6%).

Em relação à região, os concluintes do Sul foram os que menos consideraram a

relevância dos tópicos da prova grande ou muito grande (37,3%), enquanto na região

Norte esse percentual foi de 60,8%. Entre ingressantes, a variação por região foi

menor. Na região Nordeste 43,4% dos ingressantes avaliaram que os tópicos

abordados tinham relevância grande ou muito grande; por outro lado, na região Norte

esse percentual foi de 52,6%.

Gráfico 30 - Percentual que avalia como grande ou muito grande a relevância dos tópicos abordados na prova para a efetiva avaliação do seu desempenho Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Capítulo 5 Distribuição dos Conceitos

Dentro da sistemática adotada para o ENADE/2004, explicada anteriormente no

capítulo1, a avaliação dos perfis profissionais e das habilidades dos estudantes de

Zootecnia gerou um resultado final para cada IES. Cada avaliação e seu respectivo

conceito contemplaram duas vertentes distintas: formação geral (obtida através do total

de alunos da instituição, sem distinção entre ingressantes e concluintes, e com o valor

de 25% do conceito) e componente específico (valendo 75% do conceito, divididos

entre ingressantes - 15% - e concluintes - 60%). Os cursos sem conceito foram

avaliados dessa forma por não contarem com ingressantes ou concluintes,

impossibilitando, assim, o cálculo de suas notas finais.

Neste capítulo estão apresentados os resultados do panorama nacional dos

cursos de Zootecnia e as análises de categoria administrativa e organização

acadêmica estratificadas por região.

5.1 Panorama nacional da distribuição dos conceitos

Do total de 51 cursos de Zootecnia avaliados no ENADE/2004, 17 deles

obtiveram conceito 2, com notas variando de 1,0 a 1,9. Três cursos em todo o Brasil

conseguiram o conceito máximo e somente um curso ficou com o conceito mínimo.

A análise por região mostra que as regiões Norte e Nordeste foram as mais

fracas no panorama nacional, pois os conceitos recebidos variaram de 1 a 3 e não

tiveram nenhum curso com conceito igual ou superior a 4. Em relação à região Norte

cabe uma ressalva: essa região participou do ENADE/2004 com somente um curso,

que recebeu o conceito 2. As regiões Sul e Sudeste apresentam situações melhores: a

primeira com 3 cursos e a segunda com 5 cursos, que receberam conceitos 4 ou 5. Na

região Sul, 4 cursos ficaram na categoria sem conceito e, na região Sudeste, o n. Na

região Centro-Oeste 50% dos cursos foram classificados como 2 e outros 5 ficaram

sem conceito.

A tabela 13 apresenta o número e o percentual de cursos participantes por

região segundo o conceito obtido no ENADE/2004.

Tabela 13 - Número e percentual de cursos participantes por grandes regiões segundo

conceito obtido - ENADE/2004

5.2 Conceitos por categoria administrativa e por região

Entre os cursos de Zootecnia participantes do ENADE/2004, 20 são de

instituições privadas, 16 de instituições estaduais, 14 de instituições federais e

somente um de instituição municipal. Desse total, 16 instituições ficaram na categoria

sem conceito: 3 federais, 7 estaduais, 1 municipal e 5 privadas.

Os cursos de Zootecnia das instituições federais e estaduais tiveram melhor

desempenho no ENADE/2004 que os cursos de instituições privadas. Esses últimos

tiveram os conceitos concentrados em 2 (50% dos cursos) e 3 (25%) - os demais

foram classificados como sem conceito. Os únicos cursos que obtiveram nota máxima

em Zootecnia pertencem a instituições federais. Entre as 14 instituições federais, 4

apresentaram conceito 2, duas conceito 4, uma conceito 3 e uma conceito 1. Entre as

instituições estaduais, 4 cursos foram classificados com conceito 4, 3 cursos

receberam conceito 2 e dois obtiveram conceito 3.

Ao analisar os conceitos dos cursos por região e por categoria administrativa,

percebe-se que, na região Norte, o curso que participou do ENADE/2004 pertencia à

instituição federal e foi conceituado como 2.

Na região Nordeste, do total de 7 cursos que obtiveram conceito no

ENADE/2004, 4 são de instituições federais e 4 de instituições estaduais. Um curso de

Zootecnia de instituição federal ficou com conceito 1 e os outros três com conceito 2.

Entre as estaduais, 2 cursos ficaram classificados com o conceito 2 e um com conceito

3.

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

A região Sudeste participou com 5 cursos de instituições federais, 5 de

estaduais e 9 de privadas. Os cursos das instituições federais receberam conceitos 3,

4 e 5 e os 2 cursos de instituições estaduais receberam conceito 4. Entre os cursos de

Zootecnia das instituições privadas do Sudeste, 3 ficaram com o conceito 2 e 5

obtiveram conceito 3.

A região Sul teve 2 cursos de cada categoria administrativa classificados com

conceitos. Os cursos das instituições federais ficaram classificados em 4 e 5, os cursos

de estaduais foram classificados em 3 e 4 e os dois cursos de instituições privadas

receberam conceito 2.

Finalmente, na região Centro-Oeste, dos 12 cursos de Zootecnia que participam

do ENADE/2004, 7 foram classificados, destes 6 receberam conceito 2 e um recebeu

conceito 4. Dois deles eram de instituições estaduais e 5 de instituições privadas. Um

dos cursos de instituição estadual recebeu o conceito 2 e o outro, 4. Os

5 cursos de Zootecnia das instituições privadas receberam conceito 2.

Os conceitos dos cursos participantes por categoria administrativa e por região

encontram-se na tabela 14 a seguir.

Tabela 14 - Número de cursos participantes por categoria administrativa segundo as grandes regiões e conceitos

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

5.3 Conceitos por organização acadêmica e por região

A maior parte dos cursos de Zootecnia participantes do ENADE/2004 (36 do total de 51)

provém de universidades. Outros 9 são de faculdades, escolas e institutos superiores, 4 de

faculdades integradas, um curso de centro universitário e um de centro de educação

tecnológica.

Os cursos de universidades obtiveram todos os conceitos possíveis. Os três cursos que

receberam conceito 5 e o único que recebeu conceito mínimo eram de

universidades. Entre os 9 cursos de Zootecnia de faculdades, escolas e institutos

superiores participantes do ENADE/2004, 4 ficaram sem conceito e os outros 5

obtiveram conceitos intermediários (2 e 3).

Na região Norte, o curso participante é de universidade e ficou com conceito 2.

Na região Nordeste, 7 dos 9 cursos participantes são de universidades e os outros 2 de

faculdades, escolas e institutos superiores. Os cursos de universidades obtiveram

conceitos que variaram de 1 a 3 e um deles ficou sem conceito. Dos cursos das

faculdades, escolas e institutos superiores, um ficou com conceito 2 e o outro, sem

conceito.

Os cursos que mais se destacaram na região Sudeste são de universidade (2

com conceitos 5 e 3 com conceito 4). O único curso de centro universitário e 3 dos 4

cursos de faculdades, escolas e institutos superiores receberam conceito intermediário

3. Nenhum curso dessa região ficou com conceito mínimo.

Os 10 cursos de Zootecnia da região Sul participantes do ENADE/2004

subdividem-se em 8 cursos de universidades e 2 de faculdades integradas. Os

conceitos dos cursos de universidades variaram de 2 a 5 e 3 deles ficaram sem

conceito. Um curso de faculdades integradas ficou com conceito 2 e o outro, sem

conceito.

Por fim, na região Centro-Oeste os cursos estavam distribuídos em

universidades, faculdades integradas, faculdades, escolas e institutos superiores e

centros de educação tecnológica. O conceito mais alto, 4, foi atingido por apenas um

curso de universidade. O único curso das faculdades integradas nessa região recebeu

conceito 2; 2 dos 3 cursos das faculdades, escolas e institutos superiores não

receberam conceito.

A tabela 15 apresenta os conceitos dos cursos participantes por organização

acadêmica e por região.

Tabela 15 - Numero de cursos participantes por organização acadêmica segundo as ________________grandes regiões e conceitos _____________________________

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Capítulo 6 Características dos estudantes

na área de Zootecnia

O processo avaliativo do ENADE contempla, além das provas de desempenho

em formação geral e componente específico, o Questionário Socioeconômico, que foi

previamente enviado aos alunos e deveria ser devolvido no momento da realização

das provas.

Esse questionário é de fundamental importância, já que permite o

conhecimento e a análise do perfil socioeconômico dos estudantes ingressantes e

concluintes das áreas de graduação, a percepção sobre o ambiente de ensino-

aprendizagem e os fatores que podem estar relacionados ao desempenho dos alunos.

Dessa forma, tal questionário configura-se em um conjunto significativo de informações

que podem contribuir para a melhoria da educação superior tanto em relação à

formulação de políticas públicas, quanto à atuação dos gestores de ensino e dos

docentes.

O presente capítulo tem como objetivo apresentar os resultados obtidos a partir

da análise dos dados do Questionário Socioeconômico, que foi respondido por 2101

estudantes, 1319 ingressantes e 782 concluintes, provenientes de 51 cursos de

Zootecnia do país. Entre os participantes, 30,1% são oriundos de Instituições de

Ensino Superior (IES) privadas, 35,9% de IES públicas federais e 32,8% de IES

públicas estaduais. A distribuição desses estudantes entre as regiões do país foi a

seguinte: Sudeste (37,0%), Centro-Oeste (21,6%), Nordeste (19,7%), Sul (17,4%) e

Norte (4,3%).

O questionário foi composto por 103 questões de múltipla escolha e abordou

temas como perfil socioeconômico, relação com recursos informacionais, influência da

mídia e de fontes diversas de informação, avaliação das condições de ensino da

instituição, contribuição do curso, propostas pedagógicas e processos relacionais.

Diante do grande número de variáveis investigadas, os dados relativos às questões do

questionário foram submetidos à análise fatorial', que, ao agrupar as questões de

acordo com o padrão de respostas dos alunos, possibilita a redução do número de

' Análise estatística responsável pelo agrupamento de questões em grandes dimensões por meio de análises correlacionais. Para saber mais, ver Pasquali (2004).

variáveis por meio da identificação de um conjunto de dimensões sumárias, que se

encontra no item 6.2.

Os resultados obtidos foram organizados em dimensões mais gerais de análise.

Realizou-se também a análise da correlação entre tais dimensões e o desempenho

dos alunos nas provas, visando identificar as relações estabelecidas entre essas

dimensões e a média dos desempenhos individuais nas provas de formação geral e de

componente específico.

Por outro lado, preservou-se o nível de análise específico de cada questão.

Assim, foram consideradas as correlações entre as questões e o desempenho dos

alunos. Além disso, em algumas questões foi verificada a interação com os percentis2

de maiores e menores desempenhos.

Tendo em vista os resultados obtidos e os procedimentos realizados e

considerando sempre os níveis de análise geral e particular, serão apresentados:

(1) o perfil do aluno, que fornecerá uma visão geral com relação a características

socioeconômicas e relativas às fontes de informação e pesquisa, ao hábito de

estudo e à participação em atividades acadêmicas extraclasse. Ressalta-se

que os resultados mencionados encontram-se expostos no Anexo 8;

(2) a definição das dimensões identificadas e os resultados obtidos em cada uma

delas;

(3) a análise da correlação entre as dimensões identificadas e o desempenho

dos alunos;

(4) a análise da correlação entre questões específicas e o desempenho dos

alunos;

(5) a verificação da relação de questões com os percentis de maiores e menores

desempenhos. Os dados relativos aos resultados descritos serão

apresentados no Anexo 9 e

(6) o resumo interpretativo dos resultados supramencionados.

2 Os escores dos alunos nas provas foram seccionados em quatro faixas de desempenho com intervalos de 25%. O foco dessa análise foi nas faixas extremas, i.e., nos maiores e menores escores. Assim, na primeira faixa encontram-se 25% dos alunos com escores mais baixos. Na quarta faixa, encontram-se 25% dos alunos com escores mais altos. Essas faixas são chamadas de percentis.

6.1 Perfil do aluno

6.1.1 Características socioeconômicas

Os alunos concluintes da área de Zootecnia são, em maioria, do sexo

masculino (59,1%). Entre os alunos ingressantes, esse padrão também é recorrente,

com o percentual de 54,6%. Observa-se, ainda, que, comparando-se ingressantes e

concluintes, o percentual de mulheres que ingressam (45,4%) e concluem o curso

(40,9%) é menor que o percentual de homens, podendo indicar que haja maior evasão

de mulheres. Por outro lado o percentual de mulheres ingressantes é maior que o de

concluintes. Sendo assim, há que se considerar a hipótese de maior inserção de

mulheres no curso.

Com relação à idade, os concluintes possuem média de idade de 25,01 anos

(d.p. = 4,3) e os ingressantes de 20,84 anos (d.p. = 3,4).

No que diz respeito à etnia, a tabela 16 ilustra a freqüência das respostas dos

alunos por meio de seus relatos.

Tabela 16 - Relato dos alunos ingressantes e concluintes quanto à sua etnia

Como você se considera? Ingressantes Concluintes Total Branco(a) 69,8% 75,8% 72,0% Negro(a) 2,3% 1,5% 2,0% Pardo(a)/mulato(a) 24,2% 19,4% 22,4% Amarelo (de origem oriental) 3,1% 1,9% 2,7% Indígena ou de origem indígena 0,6% 1,4% 0,9%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Percebe-se que a maioria de alunos ingressantes e concluintes declara-se

branca (72,0%), reforçando a necessidade de manutenção das atuais políticas públicas

e ações afirmativas voltadas para o incentivo do acesso das minorias ao Ensino

Superior. Vale ressaltar que a percentagem de brancos na população urbana brasileira

é de 56,2% (IBGE: 2004), bem abaixo da percentagem encontrada na área de

Zootecnia.

Por outro lado, apesar de a maioria dos alunos se declarar branca, existe entre

os ingressantes uma maior percentagem de alunos que se declara amarela (de origem

oriental), negra e, principalmente, parda e mulata, quando se compara aos

concluintes. Algumas hipóteses explicativas podem ser construídas sobre essa

diferença encontrada entre ingressantes e concluintes.

Uma possibilidade é que tais resultados apontem para uma discreta tendência

de maior inserção de alunos negros, pardos/mulatos e amarelos (de origem oriental)

na área de Zootecnia. Outra possibilidade é que alunos que anteriormente não se

declarariam pardos, mulatos e negros sentirem-se mais fortalecidos e afirmados em

relação à sua identidade étnica, tendo assim mais segurança de se declararem

membros desses grupos étnicos. Ainda, uma terceira alternativa é que ao longo do

curso ocorra maior evasão de alunos negros, pardos/mulatos e amarelos, o que

explica, assim, seu menor percentual entre os concluintes.

Outro dado interessante é o fato de existir - entre os concluintes - uma maior

percentagem de alunos que se declara indígena, se comparada aos ingressantes.

Esse resultado merece uma maior investigação nas próximas avaliações, uma vez que

pode indicar uma menor inserção de alunos desse grupo étnico no curso de Zootecnia.

Com relação à variável renda, a tabela 17 detalha os resultados obtidos.

Tabela 17 - Faixa de renda mensal declarada pelos alunos ingressantes e concluintes

Qual a faixa de renda mensal das pessoas que moram com você?

Ingressantes Concluintes Total

Até 3 salários mínimos 40,2% 30.6% 36,6% De 3 a 10 salários mínimos 39,1% 41,3% 39,9% De 10 a 20 salários mínimos 12,6% 17,2% 14,3% De 20 a 30 salários mínimos 4,9% 6,0% 5,3% Mais de 30 salários mínimos 3,2% 4,9% 3,8%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Como pode ser observado na tabela 17, uma parcela expressiva dos alunos

ingressantes e concluintes (39,9%) situa-se na faixa de renda entre 3 e 10 salários.

Observa-se, ainda, que entre os ingressantes o índice de alunos na faixa de renda

mais baixa é maior que entre os concluintes, assim como a freqüência dos

ingressantes nas faixas de renda mais elevadas é menor que a dos concluintes. Neste

sentido percebe-se uma tendência ainda que discreta, de maior inserção de alunos

com renda mais baixa na área de Zootecnia.

Sobre a participação dos alunos no mercado de trabalho, 80,8% deles

declaram não trabalhar e terem suas necessidades atendidas pela família. Por outro

lado, os resultados apontam para uma discreta tendência dos concluintes afirmarem

contribuir mais para seu próprio sustento e para o sustento da família, conforme dados

obtidos na tabela a seguir.

Tabela 18 - Participação dos alunos no mercado de trabalho

Assinale a situação abaixo que melhor descreve seu caso.

Ingressantes Concluintes Total

Não trabalho e meus gastos são financiados pela família Trabalho e recebo ajuda da família Trabalho e me sustento Trabalho e contribuo com o sustento da família Trabalho e sou o principal responsável pelo sustento da família

86,3% 9,4% 2,0%

1,5%

0,8%

71.4% 17,7% 5,4%

3,6%

1,9%

80,8% 12,5% 3,2%

2,3%

1,2%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

No que diz respeito ao tipo de curso freqüentado no Ensino Médio, observa-se

que a maior parte dos alunos (79,5%) é proveniente do ensino médio regular. Verifica-

se ainda que uma parcela menor de alunos é oriunda dos cursos profissionalizantes

(15,3%, incluindo o magistério) e ressalta-se o fato de que no caso dos ingressantes,

tal índice é menor. Vale ainda destacar a freqüência, discretamente maior, de alunos

provenientes de cursos supletivos entre os ingressantes. A tabela 19 detalha as

informações sobre esse aspecto.

Tabela 19 - Tipo de curso freqüentado no Ensino Médio por alunos ingressantes e concluintes

Que tipo de curso de ensino médio você concluiu? Ingressantes Concluintes Total Comum ou educação geral, no ensino regular 81,9% 75,5% 79,5% Curso profissionalizante técnico, no ensino regular 11,0% 17,7% 13,5% Profissionalizante magistério de 1a a 4a séries, no ensino regular

1,3% 2,7% 1,8%

Supletivo 4,6% 3,5% 4,2% Outro 1,1% 0,6% 1,0%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Com relação à categoria administrativa da escola freqüentada no Ensino Médio

- pública ou privada - entre os ingressantes, a percentagem de alunos que cursaram

todo o Ensino Médio em escolas públicas é de 36,2% e entre os concluintes é de

26,7%. Já o índice de alunos concluintes que cursaram todo o ensino médio em

escolas privadas é de 57,9% e entre os ingressantes é de 45,5%. Observa-se, assim,

maior freqüência de alunos provenientes de escolas públicas entre aqueles que

ingressaram recentemente na área. Associando a informação sobre o tipo de escola

que o aluno cursou no ensino médio e a categoria administrativa da instituição superior

que freqüenta, têm-se os indicados expressos na tabela 20.

Tabela 20 - Tipo de escola cursada no Ensino Médio e tipo de instituição cursada no Ensino Superior por ingressantes e concluintes ___________________

Ingressantes Concluintes

Federal Estadual Privada Total Federal Estadual Privada Total

Todo em escola pública

2,3% 2,3% 31,6% 36r2% 2,0% 0,7% 24,0% 26,7%

Todo em escola privada

4,5% 3,0% 38,0% 45,5% 5,3% 1,8% 50,8% 57,9%

6,5% 0,4% 5,7% A maior parte em escola pública

0,4% 0,1% 6,1% 0,1% 5,3%

A maior parte em escola privada

0,4% 0,2% 7,7% 8,3% 0,2% 0,1% 6,3% 6,5%

Metade em cada uma 0,0% 3,5% 3,5% 0,1% 3,1% 3,1%

Total 7,6% 5,6% 86,8% 100,0% 7,9% 2,6% 89,4% 100,0% Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Verifica-se que os alunos provenientes de escolas privadas têm maior inserção em

todos os tipos de Instituição de Ensino Superior (IES), tanto entre os ingressantes quanto entre

os concluintes, principalmente nas instituições federais, nas quais o índice de alunos

ingressantes provenientes de escolas privadas é 4,5% e de escolas públicas, 2,3%. Por outro

lado, entre os ingressantes, observa-se maior freqüência do número de alunos provenientes de

escolas públicas, mesmo que esse índice ainda seja inferior se comparado ao de alunos

provenientes de escolas privadas. Ressalta-se, ainda, a maior freqüência de alunos

provenientes de escolas públicas nas instituições estaduais entre os ingressantes (2,3%), se

comparada ao percentual de concluintes (0,7%).

Tendo em vista que 85% dos estudantes brasileiros estão matriculados no ensino

médio em escolas públicas (INEP: 2004), os presentes resultados sugerem a necessidade de

manutenção das políticas públicas de fortalecimento da qualidade da escola pública, assim

como de incentivo à inserção e à permanência de estudantes de baixa renda no Ensino

Superior.

Como pôde ser observado, comparando-se o perfil de ingressantes e concluintes,

verifica-se maior percentual entre os ingressantes de alunos com as seguintes características:

sexo masculino, pardos(as)/mulatos(as), negros(as) e amarelos advindos(as) de escolas

públicas e com menor renda. Uma possibilidade de análise é que os resultados apontem para

uma discreta tendência de maior inserção de alunos com essas características na área de

Zootecnia. No entanto, essa hipótese deve ser - necessariamente - observada ao longo do

tempo por meio de uma série histórica de resultados para a confirmação de sua existência e

magnitude, assim como de um possível impacto no perfil dos alunos da área. Além disso,

também deve ser

investigada a hipótese dos resultados observados serem principalmente conseqüência

da evasão de alunos com essas características e não de sua maior inserção.

Ademais, é preciso considerar o contexto em que essas hipóteses explicativas

situam-se. Essa é a primeira vez que os ingressantes são incluídos nos exames de

avaliação do Ensino Superior. Nesse sentido, ainda não é possível identificar com

segurança a existência de tendências ou mudanças nos perfis dos alunos. Acredita-se

que a observação desses resultados ao longo das próximas avaliações possibilitará o

delineamento de comparações precisas entre os perfis das diferentes gerações de

ingressantes e concluintes. Assim, os presentes resultados desempenham um

importante papel de suscitar linhas de investigação e constituem-se em base de

comparação de uma seqüência histórica de resultados.

6.1.2 Características relacionadas às fontes de informação e pesquisa, ao hábito de estudo e à participação em atividades acadêmicas extraclasse

Na área de Zootecnia, investigou-se o tipo de mídia utilizado pelos alunos para

se manterem atualizados acerca dos acontecimentos do mundo contemporâneo. Foi

verificado que o meio mais utilizado tanto por concluintes quanto por ingressantes é a

TV (68,8%), seguido da Internet (16,4%), dos jornais (9,2%), das revistas (4,1%) e do

rádio (1,5%). Além disso, 94,0% dos alunos declaram ter acesso à Internet,

principalmente na IES (86,2%) e em casa (64,5%). O alto percentual de alunos que

declaram ter acesso à Internet nas IES indica a necessidade de fortalecimento por

parte das IES de metas de ampliação, manutenção e atualização de redes

informatizadas aos alunos.

Tabela 21 - Tipo de mídia utilizado pelos alunos ingressantes e concluintes Que meio você utiliza para se manter atualizado acerca dos acontecimentos do mundo Ingressantes Concluintes Total contemporâneo? Jornais 9,0% 9,5% 9,2%

Revistas 4,7% 3,1% 4,1%

Televisão 69,9% 67,0% 68,8%

Rádio 1,5% 1,5% 1,5%

Internet 14,9% 18,9% 16,4%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Quanto à freqüência de utilização da biblioteca da IES pelos alunos, 82,1%

afirmam que a utilizam freqüente ou muito freqüentemente, 16,3% raramente e apenas

1,0% declarou nunca utilizar a biblioteca. É preciso ressaltar que não houve diferenças

significativas entre concluintes e ingressantes quanto a esse aspecto, conforme

demonstra a tabela 22.

Tabela 22 - Freqüência de utilização da biblioteca pelos alunos ingressantes e concluintes Com que freqüência você utiliza a biblioteca da sua instituição?

Ingressantes Concluintes Total

A instituição não tem biblioteca 0,5% 0,6% 0,6%

Nunca a utilizo 0,8% 1,4% 1,0%

Utilizo raramente 15,6% 17,5% 16,3%

Utilizo com razoável freqüência 46,8% 54,4% 49,6%

Utilizo muito freqüentemente 36,3% 26,1% 32,5% Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

É possível verificar a importância da biblioteca da própria instituição para os

alunos. Como destacado anteriormente, ela é freqüentada pela maioria dos estudantes

da área e grande parte (51,1%) a utiliza como fonte de pesquisa. É interessante

observar, comparando-se ingressantes e concluintes, que a fonte de pesquisa mais

utilizada pelos alunos que ingressam é a biblioteca e pelos alunos concluintes é a

internet.

De maneira geral, verifica-se o lugar de destaque da internet na formação dos

alunos, desempenhando importante papel como fonte de pesquisa para trabalhos

acadêmicos (42,3%) e como fonte de informações sobre o mundo contemporâneo. A

tabela 23 ilustra os resultados mencionados.

Tabela 23 - Fonte de pesquisa mais utilizada no curso por ingressantes e concluintes Que fonte(s) você mais utiliza ao realizar as atividades de pesquisa para as disciplinas do curso?

Ingressantes Concluintes Total

0 acervo da biblioteca da própria IES 58,0% 39,4% 51,1%

0 acervo da biblioteca de outra instituição 1,8% 3,3% 2,3%

Livros e/ou periódicos próprios 2,6% 4,9% 3,5%

Internet 36,7% 51.9% 42,3%

Não realizou/realiza pesquisas no curso 0,9% 0,5% 0,8%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Nesse contexto, ressalta-se a relevância dos investimentos na digitalização das

bibliotecas tanto no que se refere aos serviços de pesquisa bibliográfica quanto à

disponibilização de computadores e à capacitação da comunidade acadêmica para sua

utilização.

Com relação ao hábito de estudo dos alunos, 32,8% afirmam estudar entre 3 e 5 horas

semanais e 13,7% entre 6 e 8 horas. Nessas opções não houve diferenças significativas entre

concluintes e ingressantes. Entre os ingressantes, é discretamente maior o número de alunos

que estudam entre uma e 2 horas semanais (ingressantes 36,5% e concluintes 33,5%),

sugerindo que ao longo da graduação diminui a freqüência de alunos que dedicam poucas

horas ao estudo.

Tabela 24 - Hábito de estudo dos alunos ingressantes e concluintes Quantas horas por semana, aproximadamente, você dedica/dedicou aos estudos, excetuando Ingressantes Concluintes Total as horas de aula? Nenhuma, apenas assisto às aulas. 6,6% 5,4% 6,2%

Uma a duas 36,5% 33,5% 35,4% Três a cinco 31,9% 34,3% 32,8% Seis a oito 14,0% 13,2% 13,7% Mais de oito 11,0% 13,6% 11,9%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Por fim, serão apresentados os resultados referentes à inserção dos alunos em

atividades acadêmicas extraclasse de iniciação científica, projetos de pesquisa, monitoria e

extensão. Na tabela 25, estão expostos os resultados referentes a esse aspecto.

Tabela 25 - Inserção dos alunos ingressantes e concluintes em atividades acadêmicas extraclasse

Que tipo de atividade acadêmica você desenvolve/desenvolveu, predominantemente, durante o curso, além daquelas obrigatórias?

Ingressantes Concluintes Total

Atividades de iniciação científica e tecnológica 5,2% 22,3% 11,5%

Atividades de monitoria 4,9% 10,4% 6,9%

Projetos de pesquisa conduzidos por professor 19,4% 26,8% 22,1%

Atividades de extensão promovidas pela instituição 15,7% 21,0% 17,7%

Nenhuma atividade 54,9% 19,6% 41,8%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Percebe-se que, em todas as atividades acadêmicas investigadas, a

participação dos ingressantes é menor que a dos concluintes, padrão esperado tendo-

se em vista que os ingressantes estão, possivelmente, em um processo de adaptação

e de conhecimento progressivo das oportunidades oferecidas no curso.

Ressalta-se a maior incidência de alunos ingressantes e concluintes nas

atividades de pesquisa (22,1%,) e extensão (17,7%).

No entanto, um aspecto merece destaque, qual seja o percentual (19,6%) de

alunos concluintes que declara não ter participado de nenhuma das atividades durante

sua graduação. Considerando a importância das atividades acadêmicas extraclasse

para a formação acadêmica e cidadã dos alunos, esses resultados apontam para a

necessidade das IES promoverem um maior investimento nas atividades de pesquisa,

extensão e monitoria.

6.2 Dimensões analisadas

Como foi mencionado anteriormente, os resultados relativos às questões do

Questionário Socioeconômico foram submetidos a uma análise fatorial com o objetivo

de reduzir o grande número de variáveis a fatores sumários que possibilitassem uma

análise mais geral da relação com o desempenho dos alunos nas provas.

Nesse sentido, foram identificadas cinco dimensões. Quatro delas dizem

respeito à percepção do aluno sobre a IES: Condições dos recursos físicos e

pedagógicos da instituição, Sensibilização com relação a temas socialmente

relevantes, Atividades acadêmicas extraclasse e Qualidade do ensino oferecido. A

última dimensão, por sua vez, agrupou itens relativos ao perfil do aluno que configuram

seu nível socioeconômico. A seguir, estão apresentadas as descrições de cada

dimensão.

(1) Condições dos recursos físicos e pedagógicos da instituição - Esta dimensão

agrupou 15 questões sobre a percepção e a avaliação dos alunos com relação aos

recursos físicos e pedagógicos da instituição, tais como qualidade das instalações

físicas, biblioteca, equipamentos do laboratório, recursos audiovisuais utilizados

nas aulas, material de consumo e acesso a microcomputadores na instituição.

(2) Sensibilização com relação a temas socialmente relevantes - Foram agrupadas 10

questões relativas à percepção do aluno sobre as oportunidades oferecidas na

graduação para reflexão sobre temas importantes da realidade e do cotidiano

brasileiros como habitação, analfabetismo, segurança, exploração do trabalho

infantil e/ou adulto, discriminação e desigualdades econômicas e sociais.

(3) Atividades acadêmicas extraclasse - Nesta dimensão estão reunidas questões que

abordam a participação dos alunos em atividades acadêmicas extraclasse como

projetos de pesquisa, iniciação científica, monitorias e extensão, além de questões

que avaliam a percepção dos alunos quanto à importância de tais atividades para a

sua formação. Essa dimensão foi constituída de 11 questões.

(4) Qualidade do ensino oferecido - Este aspecto aborda a avaliação dos alunos

quanto à qualidade de elementos importantes do ensino como o currículo, o plano

de ensino, os procedimentos de ensino e a adequação desses elementos aos

objetivos do curso. Trata ainda da percepção do aluno sobre as oportunidades

oferecidas ao longo de sua graduação para que ele desenvolva competências

como raciocínio lógico, tomada de decisão, organização e expressão do

pensamento, assimilação crítica de conceitos, por exemplo. Esta dimensão foi

composta por 17 questões.

(5) Nivel socioeconômico - Esta dimensão constitui-se de 11 questões que

caracterizam o nível socioeconômico do aluno como renda, escolaridade dos pais,

conhecimento de línguas estrangeiras, inserção dos estudantes no mundo do

trabalho e carga horária dedicada a atividades laborais.

Na tabela 26, encontram-se os resultados relativos a cada uma das dimensões,

que estão expressos em uma escala de 0 a 4. No caso das dimensões que tratam da

percepção dos alunos, quanto maior a pontuação na escala, melhor é a avaliação dos

alunos sobre as dimensões pesquisadas. Similarmente, na dimensão que trata do nível

socioeconômico, quanto maior a pontuação na escala, maior será esse nível.

Tabela 26 - Dimensões investigadas e suas médias Dimensões Médias

Ingressantes Concluintes 1. Condições dos recursos físicos e pedagógicos da IES 2,8* 2,8 2. Sensibilização com relação a temas socialmente relevantes

2,2* 2,5

3. Atividades acadêmicas extraclasse 2,1* 2,3*

4. Qualidade do ensino oferecido 2,9* 2,9 5. Nível socioeconômico 2,4 2,4

* dimensões cujos desvios-padrão indicam grande variabilidade de respostas entre os alunos. Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Como pôde ser observado na tabela anterior, os resultados sugerem que a

percepção dos alunos sobre as IES nos temas pesquisados é, em geral, satisfatória,

com todas as médias superiores a 2 pontos. As médias das dimensões atividades

acadêmicas extraclasse e sensibilização com relação a temas socialmente relevantes

- apesar de representarem avaliações satisfatórias - são mais modestas se

comparadas às demais e com maior variabilidade de respostas entre os alunos,

principalmente os ingressantes, o que pode indicar a percepção da necessidade de

melhorias por parte graduandos.

Verifica-se, ainda, que a percepção de ingressantes e concluintes sobre as

Condições dos recursos físicos e pedagógicos da instituição e a Qualidade do ensino

oferecido é similar, apresentando as maiores médias e a maior variabilidade de

respostas entre os ingressantes. É preciso considerar que, no momento da aplicação

do questionário, os ingressantes estavam cursando o segundo semestre da

graduação. Assim, os resultados apontam que já no primeiro ano os estudantes

ingressantes apresentam opinião sobre a IES similar aos colegas que estão concluindo

o curso.

É importante salientar a avaliação dos alunos quanto à dimensão Atividades

acadêmicas extraclasse, a qual obteve os menores índices tanto entre os ingressantes

quanto entre os concluintes, assim como os maiores desvios-padrão. Ou seja, para

essa dimensão a variabilidade de opiniões entre os alunos foi maior. No caso dos

ingressantes, é preciso considerar que possivelmente tiveram menos oportunidades de

engajamento em tais atividades. Por outro lado, entre os concluintes, os resultados

podem refletir a diversidade de experiências dos estudantes quanto ao tema, já que,

como foi destacou-se na sessão anterior, uma parcela considerável dos alunos afirma

não ter participado de atividades acadêmicas extraclasse durante toda a graduação.

Assim, tais resultados apontam para a necessidade de maior atenção das IES quanto a

essa dimensão.

Com relação à dimensão Nível socioeconômico, os resultados referentes a

ingressantes e concluintes foram idênticos. Na sessão Perfil do aluno, foram

apresentados os resultados relativos especificamente à questão renda, na qual se

observou discreta tendência de aumento na freqüência de ingressantes com menor

renda. Ao se analisar a dimensão Nivel socioeconômico - que inclui a questão renda e

várias outras questões -, percebe-se que tal tendência não se torna evidente. No

entanto, vale observar que, como cada dimensão trata de um agrupamento de diversas

questões, algumas particularidades podem se tornar menos perceptíveis nesse nível

de análise mais geral.

6.2.1 Questões com menores e maiores médias

Com o objetivo de aprofundar a compreensão dos resultados relativos às

dimensões acima descritas, serão apresentadas as questões que obtiveram as

maiores e as menores médias em suas respectivas dimensões. Devido ao número

diferente de questões para cada dimensão, a quantidade de questões destacadas

também será diferenciada.

A tabela 27 destaca as questões que obtiveram as menores médias.

Tabela 27 - Questões com as menores médias em suas respectivas dimensões Dimensão Item Média

1. Recursos físicos e pedagógicos

Serviço de pesquisa bibliográfica oferecido 1,3* Adequação do número de exemplares dos livros utilizados no curso ao 2.3* número de alunos Adequação da quantidade de equipamentos utilizados nas aulas práticas 2.4* ao número de alunos

Meios de tecnologia educacional com base na informática 2,4*

2. Sensibilização a temas socialmente relevantes

Sensibilização quanto à exploração do trabalho infantil e/ou adulto 1.9*

3. Atividades acadêmicas extraclasse

Envolvimento em projetos de pesquisa (iniciação cientifica) 1,0*

Contribuição da monitoria para a formação acadêmica 2,0*

Contribuição do programa de extensão para a formação acadêmica 2,1*4. Qualidade do ensino oferecido Nível de exigência do curso 1,4*

Adequação entre os procedimentos de ensino e os objetivos do curso 2,5 5. Nível Socioeconômico Faixa de renda mensal 1,0*

Conhecimento de língua espanhola 1,0*

Conhecimento de língua inglesa 1,3* *questões cujos desvios-padrão indicam grande variabilidade de respostas entre os alunos Fonte:

MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Os dados expostos na tabela acima vão ao encontro das análises apresentadas

anteriormente. De maneira geral, os alunos declaram baixo envolvimento em

atividades de pesquisa, assim como pouco conhecimento de idiomas estrangeiros.

Dessa forma, uma maior atenção a elas por parte das IES poderia contribuir para a

melhoria do desempenho de seus estudantes.

Os resultados sugerem a existência de um contexto em geral pouco satisfatório

no que se refere a alguns pontos da tríade ensino, pesquisa e extensão, pois, além de

os alunos afirmarem baixa participação em projetos de natureza científica e prática,

apontam para a necessidade de melhoria em aspectos intimamente relacionados ao

ensino como o nível de exigência do curso e à adequação entre os procedimentos de

ensino e os objetivos do curso; à pesquisa

como a disponibilidade de material bibliográfico (seja em número ou na automação do

processo de pesquisa) e a quantidade de equipamentos em aulas práticas e à

extensão quando mencionam a contribuição do programa na formação acadêmica.

A tabela 28 destaca as questões que obtiveram as maiores médias em suas

respectivas dimensões.

Tabela 28 - Questões com as maiores médias em suas respectivas dimensões Dimensão Item Média

1.Recursos físicos e pedagógicos Adequação dos horários da biblioteca às necessidades dos alunos 3,3

Adequação entre o número de estudantes por turma nas aulas teóricas 3,2

Instalações físicas utilizadas no curso 2,8*

Equipamentos de laboratório utilizados no curso 2,9* 2.Sensibilização temas socialmente relevantes

Sensibilização quanto às desigualdades econômicas e sociais 2,6*

Reflexão sobre as diversidades e especificidades regionais 2,6* 3. Atividades acadêmicas extraclasse

Oferecimento de monitoria com aproveitamento curricular 3,0*

Oferecimento de programas de iniciação cientifica 2,8*

Oferecimento de programas de extensão 2,6* 4. Qualidade do ensino oferecido

Atuação profissional responsável em relação ao meio ambiente 3,2 Avaliação do currículo do curso 3,2

Incentivo à compreensão dos processos de tomada de decisão e resolução 3.1 de problemas no âmbito da área de atuação

Raciocínio lógico e análise crítica 3,1

5.Nível socioeconômico

Freqüência de utilização do computador 3,0

*questões cujos desvios-padrão indicam grande variabilidade de respostas entre os alunos. Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

De maneira geral, as questões mais bem avaliadas encontram-se na dimensão

relativa à qualidade do ensino oferecido, principalmente nos itens referentes à atuação

profissional responsável em relação ao meio ambiente (3,2) e avaliação do currículo do

curso (3,2). Já os itens referentes ao nível de exigência do curso e à adequação entre

os procedimentos de ensino e os objetivos do curso mostraram alguns dos menores

índices de satisfação entre os alunos, conforme dados da tabela 27 (menores médias).

As instalações físicas foram avaliadas satisfatoriamente pelos alunos. Com

relação à percepção sobre os equipamentos de laboratório, os resultados sugerem

satisfação dos alunos quanto à atualização e à conservação. No entanto, como foi

apontado na sessão anterior, a razão entre o número de equipamentos e a quantidade

de usuários necessitaria ser incrementada.

Vale ressaltar os resultados referentes ao horário de funcionamento da

biblioteca, os quais apontam satisfação dos estudantes. Assim, em geral, os alunos

consideram o horário de funcionamento adequado às suas necessidades, apesar de

perceberem que as bibliotecas precisam de melhorias com relação ao tamanho do

acervo e à automação dos processos de pesquisa.

Observa-se que a questão referente à adequação do número de alunos por

turma nas aulas teóricas obteve média 3,2, sugerindo satisfação dos estudantes. A

literatura aponta que o número de alunos em sala de aula é uma variável importante,

pois está diretamente relacionada com o desempenho individual, estando turmas

menores associadas a melhores desempenhos (Gustafsson, 2003). Por outro lado, os

alunos apontaram que o número de equipamentos disponíveis nas aulas práticas é

inadequado ao número de usuários, sugerindo que - diferentemente das aulas teóricas

- as aulas práticas possam não contar com número adequado de alunos para o bom

desenvolvimento das atividades.

Na dimensão Atividades acadêmicas extraclasse, o oferecimento de monitoria

com aproveitamento curricular obteve a maior média (3,0). Por outro lado, como

mostrou a tabela 27, a avaliação dos alunos sobre a contribuição da monitoria para sua

formação acadêmica obteve média modesta (2,0). Nesse sentido, pode-se inferir que a

maneira pela qual este programa está sendo realizado não esteja contribuindo de

maneira efetiva para a construção do conhecimento por parte do aluno, e esteja sendo

visto apenas como possibilidade de obtenção de créditos.

O mesmo ocorre com a avaliação sobre o oferecimento de programas de

extensão que, apesar de ter obtido média satisfatória (2,6), foi uma das menores

médias se comparada às demais; e com o oferecimento de programas de iniciação

científica que obteve média 2,8. Observa-se, assim, que, mesmo havendo incentivo da

IES no que se refere a programas de extensão e iniciação científica, sua contribuição

para a formação acadêmica é considerada modesta, de acordo com a avaliação dos

alunos, retratada na tabela 27 (menores médias).

Percebe-se, ainda, avaliações bastante positivas quanto ao incentivo da IES

para que o aluno compreenda os processos de tomada de decisão de sua profissão

(média 3,1) e atue profissionalmente de forma responsável em relação ao meio

ambiente. Além disso, a sensibilização com relação às desigualdades sociais e

econômicas e a reflexão sobre as diversidades e especificidades regionais obtiveram

as avaliações mais positivas em suas dimensões (média 2,6), sugerindo que, no

âmbito da atuação profissional, o aspecto da diversidade relacionado às desigualdades

socioeconômicas e as diversidades regionais têm sido preferencialmente trabalhadas

pelas IES.

6.2.2 Relação entre o tipo de instituição superior e a região do país

Foi verificada a relação entre região do país, o tipo de instituição superior dos

alunos e as dimensões analisadas. No que diz respeito à região do país, a tabela 29

ilustra os resultados.

Tabela 29 - Relação entre as dimensões analisadas e as regiões do pais REGIÃO 1. Condições dos

recursos físicos e pedagógicos da instituição

2. Sensibilização com relação a temas socialmente relevantes

3. Atividades acadêmicas extraclasse

4. Qualidade do ensino oferecido

5. Nivel socioeconômico

1. Norte 2,3 2,1* 2,0* 2,7 2,2

2. Nordeste 2,5 2,4* 2,1* 2,7 2,3

3. Sudeste 2,9 2,4* 2,3* 3,0 2.5

4. Sul 2,8 2,2* 2,3* 2,9 2.5

5. Centro-oeste 2,8 2,3* 2,0* 2,9 2,4

*questões cujos desvios-padrão indicam grande variabilidade de respostas entre os alunos. Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Tendo em vista os resultados mais modestos na dimensão Atividades

acadêmicas extraclasse obtidos nas regiões Centro-Oeste e Norte, foi verificada a

qualidade de alguns indicadores de investimento nessas regiões. Nesse sentido, dados

da Sesu (Secretaria de Educação Superior, 2005) apontam que as referidas regiões

são as que receberam menos apoio governamental nos programas de Informatização

das Instituições Federais de Ensino Superior e Recuperação de Acervos Bibliográficos,

destinados à graduação das instituições federais de ensino superior. Além disso,

dados do CNPq (2003) sobre investimentos realizados em bolsas e no fomento à

pesquisa indicam que as regiões Norte e Centro-Oeste receberam os menores

investimentos se comparadas às demais.

As regiões Sul e, especialmente, Sudeste apresentam os maiores índices nas

dimensões avaliadas. Entretanto, ao ser comparado o maior índice (3,0) e o menor

índice (2,0) na avaliação dos alunos, verifica-se que as dimensões Atividades

acadêmicas extraclasse e Sensibilização com relação a temas socialmente relevante

receberam as menores médias, o que confirma dados anteriormente apresentados

sobre o baixo envolvimento dos alunos em atividades de pesquisa. Esse panorama

também é observado nas outras regiões.

Com relação à categoria administrativa (privada, pública federal ou pública

estadual), não foram observadas diferenças significativas nas dimensões relacionadas

à percepção dos alunos sobre as IES, nem na dimensão Nível socioeconômico.

6.3 Correlação entre as dimensões e o desempenho

É objetivo do processo avaliativo de sistemas educacionais analisar não apenas

o desempenho do aluno, mas também procurar conhecer os fatores que influenciam

nesse desempenho observado, para que seja possível alterar efetivamente o contexto

socioeducativo, tornando as instituições de ensino mais eficazes na formação do perfil

profissional desejado.

Para tanto, foi realizada uma análise da correlação entre as médias do

desempenho dos alunos nas provas, de formação geral e de componente específico, e

os resultados de cada grande dimensão investigada.

6.3.1 O significado das análises de correlação

A correlação é dada pelo símbolo r e permite verificar o grau de relação entre

duas variáveis. O coeficiente de correlação varia de -1,0 a +1,0 e fornece dois tipos de

informação: o sentido e a magnitude da correlação.

O sentido da correlação é observado pelo sinal positivo e negativo. Se o sinal é

negativo, significa que há uma correlação negativa entre duas variáveis, ou seja,

valores altos em uma variável estão associados a valores baixos na outra. Se o sinal é

positivo, significa dizer que valores altos em uma variável estão associados a valores

também altos na outra variável.

A magnitude refere-se à força da correlação: quanto mais a correlação

aproxima-se de 1 (negativo ou positivo), mais forte ela é. No caso de amostras com

grande número de sujeitos - como é o caso dos alunos da área de Zootecnia -, valores

pouco elevados apresentam-se significativos e indicam a existência de associação

entre as variáveis estudadas.

Além do sentido e da magnitude, verifica-se também se a correlação é

estatisticamente significativa ou se foi devida ao acaso. Utiliza-se, em geral, a

probabilidade de 95%, ou seja, são consideradas significativas as correlações que têm

95% de chance de não ter ocorrido devido ao acaso, sendo consideradas relevantes

as que atendam a esse critério.

Um exemplo ilustrativo seria, por exemplo, calcular o coeficiente de correlação

entre as variáveis idade e quantidade de cabelos brancos. Supondo-se que o resultado

encontrado fosse r=0,90, tal resultado indicaria que à medida que a idade

aumenta, aumenta também a quantidade de cabelos brancos, seria, portanto, uma correlação

positiva.

É preciso ressaltar que as correlações não se referem às relações de causa e efeito. No

caso específico deste estudo, pode-se dizer que as correlações tratam principalmente da

interação de fatores em determinado contexto socioeducativo. Dito de outra forma, essas

correlações expressam o quanto e de que maneira cada dimensão está relacionada ao

desempenho dos alunos em determinado contexto.

6.3.2 Correlações entre as dimensões e o desempenho dos alunos

A tabela 30 destaca as correlações que foram estatisticamente significativas entre as

dimensões analisadas e a média de desempenho dos alunos nas provas de formação geral e

de componente específico.

Tabela 30 - Correlações significativas entre o desempenho dos alunos e as dimensões ________________________________pesquisadas _______________________________

Ingressantes Concluintes

Dimensões 1. Condições dos recursos físicos e pedagógicos 2. Sensibilização quanto a temas socialmente relevantes 3. Atividades acadêmicas extraclasse 4. Qualidade do ensino oferecido 5. Nivel socioeconômico

Desempenho formação geral -0,125

-0,100 0,105

Desempenho comp. especifico

Desempenho formação geral 0,161

Desempenho comp. específico

0,122 0,101

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Observa-se que as dimensões analisadas apresentaram mais correlações com

o desempenho dos concluintes na prova de componente específico enquanto no grupo

de ingressantes evidenciou-se correlação apenas entre as dimensões e o desempenho

na prova de componente geral.

No caso dos ingressantes, somente a dimensão Nível socioeconômico

demonstrou associação positiva com o desempenho. Considerando que as demais

dimensões dizem respeito à percepção dos alunos sobre a IES, os resultados sugerem

que, apesar de concluintes e ingressantes apresentarem percepções semelhantes, a

experiência diferenciada com relação a tais dimensões têm associação com o

desempenho. Nesse sentido, pode-se afirmar que a maior experiência dos

concluintes na IES apresenta associação positiva com seu desempenho,

principalmente na prova de componente específico.

Com relação à dimensão Nivel socioeconômico, convém observar que, no caso

dos ingressantes, a correlação positiva manifestou-se com a prova de formação geral,

sugerindo ser esse um indicador do background sociocultural dos alunos. Já no caso

dos concluintes, mostrou estar relacionada ao desempenho em ambas as provas,

apontando ser essa dimensão relevante também para o entendimento do desempenho

do aluno durante a graduação.

Vários estudos demonstram correlações positivas entre as variáveis

socioeconômicas e o desempenho dos estudantes em diversas habilidades e

competências (Jesus, 2004), o que reforça a importância do contexto socioeconômico

na mediação de processos educativos formais. Novamente ressalta-se a relevância

das políticas públicas de fortalecimento da qualidade da escola pública e de incentivo

não apenas à inclusão, mas também às condições de permanência de estudantes de

baixa renda no Ensino Superior.

É interessante verificar que a dimensão Condições dos recursos físicos e

pedagógicos - considerando o contexto avaliado e os instrumentos utilizados -

apresentou, entre os ingressantes, correlação negativa com a prova de conhecimentos

gerais e, entre os concluintes, não apresentou correlação com o desempenho em

nenhuma das duas provas, sugerindo que outros fatores constituem-se mais

importantes para compreender o desempenho dos alunos, especialmente concluintes,

do que os aspectos físicos da instituição. Por outro lado, entre os ingressantes, foi

possível perceber uma variabilidade de respostas no que se refere a essa dimensão

quando da sua avaliação pelos estudantes, (sessão 6.2) podendo indicar que os

alunos que ingressam nos cursos têm uma percepção crítica aguçada no que se refere

às instalações das IES. Ressalta-se aqui a importância de pesquisas sobre o tema que

contribuam para se compreender melhor o resultado apresentado.

É interessante observar que a dimensão Atividades acadêmicas extraclasse

apresentou correlação negativa com o desempenho na prova de formação geral entre

os ingressantes, e entre os concluintes não apresentou correlação com a referida

prova, sugerindo que tais atividades contribuem em menor escala na formação geral

do aluno. É bom levar em consideração que os alunos ingressantes provavelmente

não tenham tido muito acesso a atividades como monitoria, iniciação científica e

extensão, logo esse dado precisa ser melhor investigado.

Por outro lado, entre as dimensões que tratam da percepção do aluno, a

dimensão Atividades acadêmicas extraclasse foi a única que apresentou correlação

positiva com o desempenho na prova de componente específico, realçando a

importância de programas de pesquisa, de extensão e de monitoria durante a graduação.

Novamente, enfatiza-se a qualificação e as condições de trabalho dos professores, já que o

processo de investimento em pesquisa e extensão tem como ponto de partida o trabalho do

docente-pesquisador.

6.4 Correlação entre questões específicas e o desempenho do aluno

Na sessão anterior, procedeu-se a análise da correlação entre o desempenho dos

alunos nas provas e as dimensões gerais de análise. Nesta sessão, serão apresentadas as

correlações com questões específicas do Questionário Socioeconômico que compõem tais

dimensões. Assim, a análise passará do geral para o particular, objetivando a identificação de

aspectos mais específicos que podem contribuir para mudanças no ambiente socioeducativo.

Para cada uma das dimensões identificadas, serão apresentadas as questões que

individualmente apresentaram correlações3 significativas com o desempenho, de concluintes e

ingressantes.

6.4.1 Questões correlacionadas ao desempenho de concluintes

A tabela 31 destaca as questões específicas que apresentaram correlação significativa

com o desempenho de concluintes.

Tabela 31 - Correlação de questões especificas com o desempenho de concluintes Desempenho

comp. específ

ico Escolaridade do pai

5. Nível socioeconômico Conhecimento de língua inglesa. Freqüência de utilização do

_______ microcomputador. _________________ Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/20043 Para compreensão do significado das análises de correlação vide sessão 6.3.1.

Desempenho formação geral QuestãoDimensão

0,138

0,181 0,132

0,135 0,143

Na dimensão Nível socioeconômico, a escolaridade do pai, o conhecimento de língua

inglesa e a freqüência de utilização do computador mostraram-se correlacionados positivamente

ao desempenho dos estudantes. No que se refere às duas últimas questões, elas podem estar

relacionadas ao fato de o aluno encontrar na literatura estrangeira maior subsídio para suas

pesquisas. Considerando que os alunos que utilizam o computador como fonte de pesquisa são

aqueles com maiores desempenhos, é possível que eles estejam buscando, inclusive em outros

idiomas, suporte para seus trabalhos e estudo. Por essa razão, seria interessante que as IES

oferecessem aos alunos a possibilidade do estudo e da prática de um idioma estrangeiro. Além

disso, baseando-se no fato de que os alunos utilizam o computador como fonte para estudo e

pesquisa, a viabilização de laboratórios e bibliotecas computadorizadas apresenta-se como

fator relevante para o desenvolvimento do aluno.

Quanto à questão escolaridade do pai, percebe-se uma correlação positiva com o

desempenho na prova de formação geral, reforçando a importância do contexto sociocultural na

formação dos alunos.

6.4.2 Questões correlacionadas ao desempenho de ingressantes

A tabela 32 destaca as questões específicas - e suas respectivas dimensões -que

apresentaram correlação significativa com o desempenho de ingressantes.

Tabela 32 - Correlação de questões especificas com o desempenho de ingressantes

Dimensão

1. Condições dos recursos físicos e pedagógicos

3. Atividades acadêmicas extraclasse

Questão

Os equipamentos disponíveis são suficientes para o número de alunos Como são as instalações físicas (salas de aula, laboratório, ambiente de trabalho/estudo) utilizadas no curso

Como são os equipamentos de laboratório utilizados no curso

Instalações para leitura e estudo

Contribuição da iniciação científica na formação

Contribuição da monitoria na formação

Avaliação da monitoria quanto aos procedimentos e critérios adotados

Desempenho formação geral

-0,111 -

0,104

-0,168 -

0,106

-0,102

-0,123

-0,122

Desempenho comp.

especifico

5. Nível Situação no mercado de trabalho -0,107

Dimensão

socioeconômico

Questão

Conhecimento de língua inglesa Freqüência de

utilização do microcomputador

Desempenho formação geral

0,132 0,138

Desempenho comp.

especifico

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Entre as questões da dimensão Nível socioeconômico que apresentaram

correlações positivas com o desempenho em Formação Geral, encontram-se o

conhecimento de língua inglesa e a freqüência de utilização do computador, as quais

se mostraram também associadas ao desempenho dos concluintes. É interessante

observar a presença das questões relativas à escolaridade do pai entre os concluintes,

sugerindo que para eles o background familiar desempenha um papel mais importante.

No que se refere à situação no mercado de trabalho, nota-se uma correlação

negativa com o desempenho do aluno, podendo indicar que os alunos que estão

inseridos no mercado de trabalho, em geral, podem ter um menor desempenho.

Ressalta-se a correlação negativa entre as variáveis que dizem respeito aos

Recursos Físicos — os equipamentos disponíveis são suficientes para o número de

alunos, instalações físicas, equipamentos de laboratório - e o desempenho geral dos

ingressantes, sugerindo, como mencionado anteriormente, que os alunos ingressantes

com maior desempenho já no primeiro ano apresentam opinião sobre as instalações

das IES, principalmente no que diz respeito às condições das instalações físicas e à

atualização e conservação dos equipamentos, apontando necessidade de melhorias.

Por fim, nota-se novamente uma correlação negativa entre as questões da

dimensão Atividades Acadêmicas extraclasse - contribuição da iniciação científica e da

monitoria na formação e avaliação da monitoria quanto aos procedimentos e critérios

adotados - e desempenho geral dos alunos. Significa dizer que o maior desempenho

dos alunos na prova de formação geral está correlacionada à menor contribuição

dessas atividades na formação geral do aluno. Esse dado reforça resultados

anteriormente mencionados (sessão 6.2.1) que apontavam para um baixo

envolvimento dos alunos, especialmente os ingressantes, em atividades de pesquisa

bem como uma contribuição pouco satisfatória dessa atividade e de programas de

monitoria para a formação geral e acadêmica.

Ressalta-se que esse dado precisa ser melhor investigado junto aos

ingressantes.

6.5 Relação de questões com os melhores e piores desempenhos (percentis)

Essa sessão tratará sobre a relação entre o desempenho geral dos alunos e

algumas questões do Questionário Socioeconômico. O desempenho será analisado

tomando como referência os percentis inferiores e superiores. É considerado um

percentil inferior de desempenho aquele no qual estão presentes os 25% de alunos

com os menores escores, e percentil superior aquele no qual estão presentes os 25%

de alunos com os maiores escores. O desempenho geral é a nota formada pelos

desempenhos no componente específico e na formação geral. Serão apresentadas

relações com questões que tratam de aspectos do aluno e da IES.

Com o objetivo de ilustrar este tipo de análise, será apresentada a tabela 33,

que mostra a relação entre o desempenho geral dos alunos ingressantes e os assuntos

mais lidos por eles.

Tabela 33 - Assuntos mais lidos nos jornais pelos alunos ingressantes e sua relação com os percentis superior e inferior de desempenho

Todos os assuntos 49,0% 59,7% Política e (ou) economia 11,5% 12,1% Cultura e arte 15,2% 8,6% Esportes 12,2% 10,2% Outros 12,2% 9,5%

Fonte: MEC/INEP/DEAES - ENADE/2004

Como pôde ser observado, os alunos ingressantes que afirmam ler sobre todos

os assuntos encontram-se mais freqüentemente no percentil superior de desempenho,

quando comparados àqueles que lêem assuntos relacionados à cultura e arte os quais

estão mais freqüentemente no percentil de menores escores. Esta relação não foi

observada entre os concluintes.

É preciso ressaltar que, assim como nas análises de correlação, não se pode

estabelecer relações lineares de causa e efeito, pois associações significativas4 entre

as variáveis do Questionário Socioeconômico e os percentis de maiores e menores

desempenhos indicam a existência de influência de determinada variável sobre o

desempenho em um contexto específico no qual atuam outros fatores. A seguir, serão

apresentados os resultados relativos às demais variáveis. Como foi dito anteriormente,

todos os resultados mencionados encontram-se no Anexo 9.

Questões relacionadas ao aluno

Serão verificadas as relações entre os percentis de desempenho e variáveis

relacionadas à utilização de microcomputador pelo aluno no que se refere aos

objetivos, locais de acesso e ao nível de conhecimento.

No que diz respeito ao nível de conhecimento sobre a utilização do

microcomputador, observou-se que os alunos concluintes que afirmam ser bons

conhecedores encontram-se mais freqüentemente no percentil superior de

desempenho quando comparado àqueles que tiveram percepção contrária. Entre os

ingressantes, não foi observada relação entre os diferentes níveis de conhecimento e

seus desempenhos.

Com relação aos objetivos para utilização do microcomputador, observa-se que

a utilização do computador para comunicação via e-mail mostrou-se relacionada ao

percentil superior de desempenho para ingressantes e concluintes, ou seja, estudantes

que utilizam o computador para comunicação via e-mail apresentam-se com maior

freqüência no percentil superior. É interessante ressaltar que, entre os ingressantes, os

alunos que utilizam o computador para entretenimento também encontram-se mais

freqüentemente no percentil de maiores escores. Esta relação não foi observada para

os concluintes, assim como qualquer relação da utilização para trabalhos escolares,

profissionais, operações bancárias ou compras eletrônicas.

Com relação aos locais de utilização, os alunos concluintes e ingressantes que

afirmam utilizar o computador em casa e/ou na instituição de ensino apresentam-se

com maior freqüência no percentil superior quando comparado àqueles que não o

utilizam nesses locais. O fato do aluno, ingressante ou concluinte, utilizar o computador

no trabalho ou em outros locais não apresentou relação com os percentis de

desempenho para ingressantes ou concluintes.

Tais resultados sugerem a importância da inserção dos alunos no mundo digital

para seu desempenho acadêmico. A possibilidade de utilização do microcomputador

em sua própria residência e para comunicação via e-mail podem ser considerados

indicadores de uma relação de fácil acesso e utilização constante do microcomputador.

É preciso considerar ainda que esses resultados podem ser apontados, de maneira

geral, como indicadores do nível socioeconômico dos alunos.

4 As análises de significância para os percentis foram baseadas na análise de variância Posthoc Tukey.

Questões relacionadas à IES

Foram verificadas relações entre os percentil de desempenho e as variáveis

relativas às técnicas de ensino e ao tipo de material didático.

Observa-se que a técnica de ensino utilizada predominante entre os

professores são as aulas expositivas com a participação dos estudantes. Dentre as

diversas técnicas abordadas (preleção, aulas expositivas com participação dos alunos,

aulas práticas e trabalhos em grupos desenvolvidos em sala), as aulas práticas e

outras técnicas relacionaram-se ao percentil inferior de desempenho de ingressantes e

concluintes. Os alunos que afirmam ter aulas expositivas e com participação, como

técnicas predominantes de ensino, encontram-se mais freqüentemente nos percentis

superiores de desempenho.

Apesar de não ser possível formular conclusões mais precisas, os resultados

apontam para a necessidade de maior atenção das IES para a maneira pela qual as

aulas práticas estão sendo realizadas.

Com relação ao material didático utilizado, os ingressantes que têm acesso

predominante às anotações manuscritas e aos cadernos de notas encontram-se mais

freqüentemente no percentil superior de desempenho quando comparados aos alunos

que são orientados a utilizar artigos em periódicos especializados. Neste caso, uma

vez que não houve esta relação com desempenho dos alunos concluintes, infere-se a

possibilidade dos alunos ingressantes não terem conhecimento do que sejam artigos

em periódicos especializados. Vale ressaltar ainda que não foi observada qualquer

outra relação entre o material didático utilizado e o desempenho dos concluintes.

6.6 Resumo interpretativo

Durante a apresentação deste capítulo, foi possível observar discretas

diferenças entre o perfil dos alunos ingressantes e concluintes, principalmente quanto à

maior freqüência de ingressantes (se comparados aos concluintes) do sexo feminino;

daqueles que se declaram negros e, principalmente, pardos, mulatos e amarelos (de

origem oriental); de alunos ingressantes provenientes de escolas públicas e também de

alunos com menor renda.

Tendo em vista o contexto avaliativo em que esses resultados estão inseridos,

discutiu-se algumas hipóteses explicativas. Uma possibilidade de análise é considerar

a existência de uma tendência de maior inserção de alunos com essas características,

por outro lado, também e preciso que se considere a hipótese contrária, ou seja, de

maior evasão desses alunos. Nesse sentido, é essencial que tais aspectos sejam,

necessariamente, observados por meio de uma série histórica de resultados para que

sejam melhor avaliados quanto a sua extensão e quanto ao impacto sobre o perfil dos

alunos da área.

As diferenças relacionadas à etnia e às condições socioeconômicas encontram-

se em um contexto mais amplo de discussão sobre justiça social e inclusão de

minorias no Ensino Superior, já que a maioria dos alunos concluintes e ingressantes é

do sexo masculino, brancos e oriundos de escolas particulares. Entende-se por minoria

qualquer grupo que tenha menos poder social, seja nas dimensões primárias ou

secundárias de diversidades. Vale lembrar que ações afirmativas, programas sociais e

discussões a respeito de diversidade cultural são temas antigos que recentemente têm

apresentado um crescimento significativo no campo político-nacional. Assim, os

resultados sugerem a necessidade de manutenção das políticas públicas voltadas para

o acesso e para a permanência de minorias no Ensino Superior brasileiro.

Com relação ao sexo dos estudantes, verifica-se que a área de Zootecnia é

preferencialmente procurada por estudantes do sexo masculino. No entanto, apesar de

minoritário, o percentual de alunas do sexo feminino entre os ingressantes (45,4%) e

entre os concluintes (40,9%) sugere uma maior inserção de mulheres no curso e um

equilíbrio quantitativo se comparado ao percentual de alunos do sexo masculino

ingressantes (59,1%) e concluintes (54,6%). Nesse caso, também cabe uma discussão

sobre a diversidade, focalizando as mudanças nos papéis de gênero e os desafios

vividos pelos sujeitos nesse processo.

Nesse sentido, ressalta-se a importância que o tema diversidade desempenha

na formação cidadã e acadêmica dos estudantes. Os resultados apontam que as

oportunidades oferecidas pela IES para que os estudantes reflitam sobre a diversidade

cultural da sociedade brasileira - seja ela gerada por diferenças sociais, econômicas,

regionais, de etnia, de gênero ou outras - obtiveram médias mais modestas entre os

estudantes, o que pode indicar a necessidade de melhorias por parte das instituições

de Ensino neste aspecto. Assim, é importante que os estudantes tenham em sua

formação condições de refletirem profundamente sobre a diversidade brasileira e

estejam mais preparados para lidar com tal questão dentro da própria IES e, também,

como cidadãos na sociedade.

Outra tendência observada é o papel de destaque desempenhado pela Internet

na formação dos estudantes. Ela é a principal mídia pela qual 16,4% dos alunos

procuram manter-se atualizados sobre o mundo contemporâneo e também a principal

fonte de pesquisa utilizada por 42,3% dos alunos para as disciplinas do curso. Nesse

contexto, pode-se pensar na importância das IES desenvolverem projetos de ensino e

pesquisa que utilizem essa ferramenta, além de potencializarem a utilização desse

recurso de forma responsável pelos estudantes.

Com relação à percepção dos alunos sobre as IES, verificou-se que, em geral,

mostra-se satisfatória e que concluintes e ingressantes compartilham de percepções

similares. No entanto, dimensões como Sensibilização quanto aos temas socialmente

relevantes e Atividades acadêmicas extraclasse - apesar de avaliações satisfatórias -

apontam para a percepção, por parte dos estudantes, da necessidade de melhorias.

Quanto às Atividades acadêmicas extraclasse, é preciso ressaltar a existência

de considerável diversidade de opiniões entre os alunos, o que pode estar refletindo

justamente as experiências diversificadas na área, já que uma porcentagem

significativa afirma não ter participado de nenhuma atividade acadêmica extraclasse

durante a graduação. Os resultados sugerem a existência de um contexto em geral

pouco satisfatório no que se refere a alguns pontos da tríade ensino, pesquisa e

extensão, pois além dos alunos afirmarem baixa participação em projetos de natureza

científica e prática, apontam para a necessidade de melhoria em aspectos intimamente

relacionados ao ensino como o nível de exigência do curso e a adequação entre os

procedimentos de ensino e os objetivos do curso; à pesquisa como a disponibilidade de

material bibliográfico, a quantidade de equipamentos em aulas práticas; e à extensão

quando mencionam a contribuição do programa na formação acadêmica.

Tais resultados são preocupantes devido à importância das atividades

acadêmicas extraclasse e também ao fato dessa dimensão estar relacionada

positivamente ao desempenho dos alunos.

A investigação sobre os fatores relacionados ao desempenho mostrou

resultados interessantes para a formulação de políticas públicas, assim como para a

atuação dos gestores de ensino e dos docentes. Os resultados sugerem que as

condições físicas das IES não se constituíram, neste caso, em fator mais importante

para compreender o desempenho dos alunos. Outros aspectos mostraram-se mais

relevantes como a Atividades acadêmicas extraclasse e Nível socioeconômico.

5 As dimensões primárias de diversidade são aquelas em que o sujeito não tem condições de mudar como, por exemplo, etnia, sexo e idade. Já as dimensões secundárias referem-se àqueles aspectos passíveis de mudança pelo

Neste sentido, pode-se dizer que investimentos em atividades acadêmicas

extraclasse, em ambiente de ensino-aprendizagem estimulante, no qual o estudante

perceba por parte da IES altas expectativas com relação ao seu desempenho e que

proporcione pensamento reflexivo e socialmente contextualizado mostraram-se

relevantes para a compreensão do desempenho dos alunos da área de Zootecnia.

Neste contexto, ressaltam-se as palavras de Demo (2001:18): "As teorias modernas e

pós-modernas consagram a convicção de que o melhor ambiente de aprendizagem é o

da pesquisa e da elaboração própria, individual ou coletiva. Pesquisa vem entendida

não só como 'princípio científico' (método de gestão da ciência), mas, sobretudo, como

'principio educativo', ou seja, como estratégia de aprendizagem reconstrutiva".

Além disso, ressalta o lugar de destaque da qualificação dos docentes, pois

serão eles os mediadores do processo de ensino-aprendizagem que se mostrou

fundamental para o entendimento do desempenho do aluno. A partir de uma

perspectiva sócio-histórica da construção do conhecimento, percebe-se a importância

dos processos de mediação (Vygotsky, 1989) e, no contexto de análise específico, o

papel do docente. Em um estudo de revisão de literatura, analisando diversos

trabalhos que buscavam correlacionar o desempenho de estudantes aos recursos

educacionais, Gustafsson (2003) afirma que os resultados apontam para a

competência docente como a mais poderosa variável que, isoladamente, apresenta

correlação com o desempenho dos alunos.

Com relação à dimensão Nivel socioeconômico, observou-se correlação

positiva com o desempenho dos alunos, ou seja, alunos com indicadores de nível

socioeconômico maiores, tenderam a apresentar melhores desempenhos. Como foi

dito acima, esse aspecto enseja uma discussão mais ampla sobre justiça social e

ressalta a importância das políticas públicas de fortalecimento da escola pública e de

acesso e permanência de estudantes de baixa renda no Ensino Superior.

Destacaram-se, ao longo do capítulo, fatores relacionados ao perfil do aluno, à

percepção dos estudantes sobre as IES, assim como ao desempenho nas provas de

formação geral e de componente específico. Tendo em vista o objetivo primordial do

processo avaliativo que é a identificação de competências, assim como dos aspectos

que precisam ser modificados e aperfeiçoados, está lançado o desafio para que os

resultados obtidos sejam amplamente divulgados nas IES e continuamente

interpretados à luz das experiências próprias de cada instituição.

sujeito como renda e educação.

Conclusão

A seguir, encontra-se uma síntese das principais conclusões e considerações

com base nos dados analisados.

Sobre os cursos

Participaram do ENADE/2004 51 cursos de Zootecnia, dos quais 20 são de

instituições privadas, 14 de instituições federais e 16 de instituições estaduais. A maior

parte dos cursos (36) provém de universidades. Vários desses são de faculdades e de

centros universitários, 13 são de faculdades integradas, 1 de centro universitário e 1 de

centro de educação tecnológica.

Do total de cursos de Zootecnia avaliados, 17 (pouco mais de um terço)

obtiveram conceito 2, com notas variando de 1,0 a 1,9. Três cursos em todo o Brasil

conseguiram o conceito máximo e somente um curso ficou com conceito mínimo.

Os cursos de Zootecnia das instituições federais e estaduais tiveram melhor

desempenho no ENADE/2004 que os cursos de instituições privadas. Esses últimos

tiveram os conceitos concentrados em 2 (50% dos cursos) e 3 (25%) e os demais

foram classificados como sem conceito. Os únicos cursos que obtiveram nota máxima

em Zootecnia pertencem às instituições federais.

Ao analisar os conceitos dos cursos por região e por categoria administrativa,

percebe-se que na região Norte o curso que participou do ENADE/2004 pertence a

uma instituição federal e foi conceituado com 2. Na região Nordeste, do total de 7

cursos que obtiveram conceito no ENADE/2004, 4 são de instituições federais, 3 de

instituições estaduais. A região Sudeste apresentou 5 cursos de instituições federais, 5

de estaduais e 9 de particulares. Na região Sul foram avaliados 2 cursos de cada

categoria administrativa classificados com conceitos. Os cursos das instituições

federais foram classificados em 4 e 5, das estaduais foram classificados em 3 e 4 e os

2 das instituições particulares receberam conceito 2.

Finalmente, na região Centro-Oeste, dos 12 cursos de Zootecnia que

participam do ENADE/2004, 7 foram classificados e receberam conceito 2 ou 4. Dois

deles eram de instituições estaduais e 5 de instituições privadas. Um dos cursos

estadual recebeu o conceito 2 e o outro, 4. Os 5 cursos de Zootecnia das instituições

privadas receberam conceito 2.

Em síntese, os cursos de Zootecnia estão concentrados, basicamente, em

instituições particulares (40%) e na região Sudeste (38%), e o estado de São Paulo

participou com 16% de alunos.

Apesar de a região Sudeste ter a predominância de participantes (35,1%),

merece destaque a região Centro-Oeste que se apresenta como a segunda em

número de estudantes (24%). A região Norte é a que possui menor percentual de

alunos: 4%.

Sobre os estudantes

No ano de 2004, 2.782 estudantes - número que corresponde à população -

foram convocados a participarem do ENADE/2004 na área de Zootecnia, com 1.819

ingressantes e 963 concluintes.

Os alunos concluintes da área de Zootecnia são, em maioria, do sexo

masculino (59,1%). Entre os alunos ingressantes, esse padrão também é recorrente,

com o percentual de 54,6%. Ressalta-se ainda que, mesmo constituindo-se em uma

graduação predominantemente cursada por homens, o percentual de mulheres entre

os alunos ingressantes (45,9%) é maior que entre os concluintes (40,9%).

Com relação à idade, a média de idade dos concluintes foi de 25 anos e de

20,8 anos entre os ingressantes.

Quanto à variável renda, observou-se que uma parcela expressiva dos alunos

ingressantes e concluintes (39,9%) situa-se na faixa de renda entre 3 e 10 salários.

Observa-se ainda que, entre os ingressantes, o índice de alunos na faixa de renda

mais baixa é discretamente maior que entre os concluintes, assim como a freqüência

dos ingressantes nas faixas de renda mais elevadas é menor que a dos concluintes.

Nesse sentido, percebe-se uma tendência, ainda que discreta, de maior inserção de

alunos com renda mais baixa na área de Zootecnia.

Sobre a participação dos alunos no mercado de trabalho, 80,8% desses alunos

declaram não trabalhar e terem suas necessidades atendidas pela família. Por outro

lado, os resultados apontam para uma discreta tendência dos ingressantes afirmarem

contribuir mais para seu próprio sustento.

No que diz respeito ao tipo de curso freqüentado no Ensino Médio, observa-se

que grande parte dos alunos (79,5%) é proveniente do Ensino Médio regular. Verifica-

se, ainda, que uma parcela menor de alunos é oriunda dos cursos profissionalizantes

(15,3%, incluindo o magistério) e que, no caso dos ingressantes, tal índice é um pouco

menor. Vale destacar a freqüência, discretamente maior, de alunos provenientes de

cursos supletivos entre os ingressantes.

Com relação ao tipo de escola freqüentada no Ensino Médio - pública ou

privada -, a freqüência de alunos ingressantes que cursaram todo o Ensino Médio em

escolas públicas é de 35,5% e, entre os concluintes, é de 31,2%. Já o índice de alunos

concluintes que cursaram todo o ensino médio em escolas privadas é de 46,1% e entre

os ingressantes é de 43,2%. Observa-se, assim, maior freqüência de alunos

provenientes de escolas públicas entre aqueles que ingressaram recentemente na

área.

Sintetizando a comparação entre o perfil de ingressantes e concluintes,

observa-se um crescimento no percentual de alunos ingressantes com as seguintes

características: sexo feminino, pardos(as)/mulatos(as) e negros(as), advindos(as) de

escolas públicas e com menor renda. Uma possibilidade de análise é que os resultados

apontam para uma discreta tendência de maior inserção de alunos com essas

características na área de Zootecnia. No entanto, essa hipótese deve ser,

necessariamente, observada ao longo do tempo por meio de uma série histórica de

resultados para a confirmação de sua existência e magnitude, assim como de um

possível impacto no perfil dos alunos da área. Além disso, também deve ser

investigada a hipótese dos resultados observados serem, ao contrário, conseqüência

da evasão de alunos com essas características e não de sua maior inserção.

No que se refere ao desempenho na prova, a média geral foi de 38,2 pontos.

Considerando que o ENADE, entre outros objetivos, visa indicar o acompanhamento do

percurso acadêmico que a IES oferece aos seus estudantes, é importante conhecer a

diferença entre as médias alcançadas por ingressantes e concluintes. Tal fato pode vir

a subsidiar as IES no tocante às políticas acadêmicas internas que visem aumentar o

valor que a graduação pode agregar à formação profissional superior de seus

estudantes. Na área de Zootecnia, a média dos ingressantes foi de 32,5 pontos,

enquanto a dos concluintes foi de 48. Infere-se que a mudança trazida pelo ENADE, ao

introduzir a avaliação do componente destinado à formação geral e sem priorizar

apenas os conhecimentos específicos da área, tenha contribuído para evidenciar

outros indicadores de habilidades, saberes, conhecimentos e competências dos

ingressantes, permitindo-lhes apresentarem um desempenho pouco distante dos

concluintes.

Quando se analisa o desempenho dos estudantes em formação geral, verifica-

se que a média dos ingressantes está próxima à dos concluintes: 37,7 e 43,2

respectivamente (a nota máxima obtida pelos ingressantes foi 91,7 de pontos e pelos

concluintes, de 97,6 pontos).

Em nível de detalhamento maior, este relatório apontou que, nos resultados das

questões discursivas da prova, as notas tenderam a ser mais baixas que as notas

nas questões objetivas. Enquanto a média geral dos ingressantes nas questões

objetivas do componente de formação geral foi 37,7, nas questões discursivas essa

média caiu para 32,4. O mesmo aconteceu entre os concluintes que tiveram média

42,2 na parte de formação geral (questões objetivas) e média 38,1 nas questões

discursivas.

A diferença no desempenho dos estudantes, de acordo com o tipo de questão

(objetiva ou discursiva), no componente específico foi acentuada. A média dos

ingressantes, que foi 39,1 nas questões objetivas do componente específico, caiu para

11,3 nas questões discursivas. Esse fato se repetiu entre os concluintes, que tinham

uma nota média bastante alta nas questões objetivas relativas ao componente

específico (57,7) e ficaram com uma nota média baixa nas questões discursivas

(30,6).

Os dados desse relatório apontam mais diferenças no perfil de ingressantes e

concluintes quando analisadas a região e a categoria administrativa a qual pertence.

Tanto os ingressantes quanto os concluintes da região Sul foram os que

tiveram médias mais altas, entretanto a média dos concluintes teve valor muito próximo

da região Sudeste. Nesse caso, vale ressaltar que, embora os ingressantes da região

Sudeste apresentassem nota média abaixo da região Sul, tanto os ingressantes quanto

os concluintes obtiveram média acima da nacional.

O desempenho mantém-se alto entre os ingressantes e concluintes da região

Sul quando se analisa em separado a formação geral. Quanto ao desempenho no

componente específico, a região Sul destacou-se apresentando a média mais alta

novamente, sendo também superior à média nacional. Os concluintes ficaram em uma

faixa considerada boa (55,1 pontos), porém merece destaque a alta média dos alunos

ingressantes (32,5 pontos), considerando o pouco contato que esses tiveram com o

conteúdo específico da área de Zootecnia.

O desempenho de ingressantes provenientes de instituições estaduais foi

superior, com média 2,5 pontos acima da nota média nacional. Entre concluintes esse

padrão foi recorrente apresentando nas instituições estaduais (pouco acima da média

nacional) e superou as notas médias dos estudantes de instituições federais e

estaduais.

As conclusões aqui apresentadas sobre o perfil do aluno podem ser

complementadas e aprofundadas no Resumo Interpretativo, localizado no final do

Capítulo 6 (Características dos estudantes).

É preciso considerar o contexto em que essas sínteses e hipóteses explicativas

situam-se. Essa é a primeira vez que os ingressantes são incluídos nos exames de

avaliação do Ensino Superior. Nesse sentido, ainda não é possível identificar com

segurança a existência de tendências ou mudanças nos perfis dos alunos. Acredita-se

que a observação desses resultados ao longo das próximas avaliações possibilitará o

delineamento de comparações mais precisas entre os perfis das diferentes gerações

de ingressantes e concluintes. Assim, os presentes resultados desempenham um

importante papel de suscitar linhas de investigação e se constituírem em base de

comparação de uma seqüência histórica de resultados.

Para as IES

O ENADE, tendo seu foco no perfil profissional desejado e construído durante a

trajetória acadêmica da formação dos estudantes, oportuniza às IES acompanhar o

desenvolvimento de conhecimentos, habilidades, saberes e competências ao longo da

trajetória vivenciada em cada curso. Os percursos acadêmicos dos estudantes, suas

escolhas, avanços e dificuldades deverão ser analisados à luz do empenho e

compromisso da instituição com uma formação superior de qualidade.

Nesse sentido, alguns aspectos apontados nesse relatório merecem destaque.

Um deles refere-se à prova, por se apresentar como um instrumento diferente daquele

utilizado pela maioria das IES em seus processos avaliativos. Investigou-se, junto aos

alunos, a percepção que tiveram acerca de vários aspectos da prova.

Concluintes e ingressantes, com reduzidas diferenças de percepção em sua

maioria, aprovaram o aspecto visual da prova do ENADE/2004 na área de Zootecnia.

Houve, também, grande congruência entre os dados de desempenho dos

alunos e os dados de impressão sobre o grau de dificuldade da prova.

Como era de se esperar, os ingressantes consideraram a prova do

ENADE/2004 mais difícil que as provas que costumam fazer em suas instituições.

Entre os alunos ingressantes, o percentual de opiniões mais difícil e muito mais difícil

foi de 44,8% e, entre os concluintes, tais respostas representaram 33,8% do total.

Ao analisar o desempenho dos estudantes de Zootecnia com o grau de

dificuldade dessa prova comparado com as provas que eles costumam fazer, a

diferença é perceptível: 21,5% dos concluintes do grupo superior avaliaram que a

prova do ENADE era mais difícil e muito mais difícil que as provas de sua instituição.

Entre ingressantes esse percentual sobe para 40,1%. Esse foi um dos pontos que mais

diferenciou os estudantes de acordo com os seus desempenhos no ENADE/2004.

Aos serem indagados sobre o tamanho da prova em relação ao tempo para

resolvê-la, a maioria dos alunos de Zootecnia, tanto entre concluintes como entre

ingressantes, considerou que a prova do ENADE tinha extensão adequada (49,5% e

61,3%, respectivamente) em relação ao tempo destinado à resolução.

Também foi possível investigar a percepção dos estudantes acerca das

informações/instruções fornecidas nos enunciados, que tendeu a ser positiva, com

opiniões favoráveis em todos os grupos, sobretudo entre os ingressantes.

Um importante dado analisado reportou-se aos motivos pelos quais os

estudantes teriam maior dificuldade para responder a prova. O percentual de 46,9%

dos concluintes considerou que a maior dificuldade estava na forma diferente de

abordagem do conteúdo. Entre os ingressantes, 69,7% apontaram o desconhecimento

do conteúdo como a maior dificuldade.

No que tange à relevância dos tópicos abordados na prova para a efetiva

avaliação do desempenho dos estudantes, poucos concluintes (16,2%) e ingressantes

(15%) julgaram que os tópicos não apresentavam nenhuma ou pequena relevância. A

maioria dos estudantes optou pela alternativa relevância média, a qual foi apontada por

38,4% dos concluintes e 37,4% dos ingressantes.

Palavras Finais

Os processos avaliativos desencadeados pelo ENADE/2004 e aqui analisados

sugerem desdobramentos e compromissos futuros e, por isso, configuram-se tão

provisórios quanto provocativos, pois incitam novos propósitos e trajetórias, dos

desenhos curriculares ao planejamento e à sustentação de políticas públicas.

O caminho percorrido nesta avaliação sinaliza a urgência de se priorizar, na

educação superior, contextos formativos comprometidos com o desenvolvimento de

um perfil profissional coadunado às exigências não só de competências, mas de

sensibilidade, ética e solidariedade necessárias ao exercício da cidadania.

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