11
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência Costeira Esplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481 “ Lixo Marinho ” Contribuições para IV Conferência Nacional de Meio Ambiente Subsídios para o Texto Base Gerência Costeira Conceito: Lixo Marinho: qualquer tipo de resíduo sólido, excluídos os orgânicos, produzido pelo homem gerado em terra ou no mar que, intencionalmente ou não, tenha sido introduzido no ambiente marinho; incluindo o transporte destes materiais por meio de rios, drenagens, sistemas de esgoto ou vento.. Introdução/contextualização Uma das principais consequências dos modelos e padrões de produção e consumo adotados pela sociedade atual é a geração de resíduos, um grande problema ambiental que vem exigindo cada vez mais atenção para a busca de soluções adequadas, que são em grande parte ainda desconhecidas, sobretudo, no que diz respeito à poluição marinha. 1 Poluição Marinha A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUMAD, assinada em dezembro de 1982, em Montego Bay na Jamaica, define em seu artigo primeiro Poluição Marinha como sendo a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias ou de energia no meio marinho, incluindo os estuários, sempre que a mesma provoque ou possa vir a provocar efeitos nocivos, tais como: Danos aos recursos vivos e à vida marinha; Riscos à saúde do homem; Entrave às atividades marítimas (incluindo a pesca e outras utilizações legítimas do mar); Alteração da qualidade da água do mar (no que diz respeito à sua utilização); Deteriorização dos locais de recreio.

Lixo Marinho ” - Secretaria do Meio Ambiente e Recursos ... · 13. Para os artigos desta Lei, os resíduos sólidos tem a seguinte classificação ... Suas origens difusas e variadas,

  • Upload
    vodang

  • View
    219

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

“ Lixo Marinho ”

Contribuições para IV Conferência Nacional de Meio Ambiente

Subsídios para o Texto Base

Gerência Costeira

Conceito:

Lixo Marinho: qualquer tipo de resíduo sólido, excluídos os orgânicos, produzido pelo homem gerado em

terra ou no mar que, intencionalmente ou não, tenha sido introduzido no ambiente marinho; incluindo o

transporte destes materiais por meio de rios, drenagens, sistemas de esgoto ou vento..

Introdução/contextualização

Uma das principais consequências dos modelos e padrões de produção e consumo adotados pela

sociedade atual é a geração de resíduos, um grande problema ambiental que vem exigindo cada vez mais

atenção para a busca de soluções adequadas, que são em grande parte ainda desconhecidas, sobretudo,

no que diz respeito à poluição marinha.

1

Poluição Marinha 

A Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – CNUMAD, assinada em dezembro de 1982, em Montego Bay na Jamaica, define em seu artigo primeiro Poluição Marinha como sendo a introdução pelo homem, direta ou indiretamente, de substâncias ou de energia no meio marinho, incluindo os estuários, sempre que a mesma provoque

ou possa vir a provocar efeitos nocivos, tais como:Danos aos recursos vivos e à vida marinha;

Riscos à saúde do homem;Entrave às atividades marítimas (incluindo a pesca e outras utilizações legítimas do mar);

Alteração da qualidade da água do mar (no que diz respeito à sua utilização);Deteriorização dos locais de recreio.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

A poluição marinha causada por resíduos sólidos é um crescente problema, de escala global e que

gera impactos intergeracionais. Apesar de décadas de esforços para prevenir e reduzir o lixo marinho em

muitos países, há evidências de que o problema é persistente e continua a crescer – na medida em que as

populações e os padrões de consumo continuam a aumentar. Estudos apontam que cerca de 14 bilhões de

toneladas de lixo são jogados (intencionalmente ou não) nos oceanos todos os anos. Estes resíduos

possuem grande capacidade de dispersão por ondas, correntes e ventos, podendo ser encontrados até

mesmo no meio dos oceanos e em áreas bastante remotas. Entretanto, nas zonas costeiras onde as

atividades humanas estão concentradas o problema torna-se mais aparente. O Brasil, um país que possui

mais de 8.500 km de costa, 395 municípios distribuídos em 17 estados costeiros e aproximadamente 25%

da população residente na zona costeira não tem como escapar deste crescente problema.

O desafio de lidar com esta questão, que não é apenas ambiental, mas também econômica, estética

e de saúde pública, torna-se bastante complexo na medida em que exige o envolvimento de diferentes

segmentos da sociedade. Envolvimento este que é fundamental quando consideramos que todos os tipos

de resíduos, conforme classificados pela Política Nacional de Resíduos Sólidos1, podem vir a se tonar lixo

marinho.

Lixo flutuante na Baía de Guanabara. Fonte: http://noticias.uol.com.br/ultnot/2007/02/06/ult4343u20.jhtm

Children in Manila Bay, Philippines, collecting litter in the harbour area© UNEP & Hartmut Schwartzbach

.

1 Lei N° 12.305/2010 – Art. 13. Para os artigos desta Lei, os resíduos sólidos tem a seguinte classificação quanto à origem: a) resíduos domiciliares; b) resíduos de limpeza urbana; c) resíduos sólidos urbanos; d) resíduos de estabelecimentos comerciais e prestadores de serviço; e) resíduos dos serviços públicos de saneamento básico; f) resíduos industriais; g) resíduos de serviços de saúde; h) resíduos da construção civil; i) resíduos agrossilvopastoris; j) resíduos de serviços de transporte; k) resíduos de mineração.

2

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

Durante a Rio+20, o Lixo Marinho foi o tema mais votado na Plataforma Virtual de Oceanos dos Diálogos

para o Desenvolvimento Sustentável, com 60 mil votos. A complexidade do problema, internacionalmente

reconhecida, foi ratificada ainda no trecho Oceanos e Mares do documento final da conferência “O futuro

que queremos”:

“163. Registramos com preocupação que a saúde dos oceanos e a biodiversidade marinha são

negativamente afetadas pela poluição marinha, incluindo detritos marinhos, especialmente plástico,

poluentes orgânicos persistentes, metais pesados e compostos de nitrogênio, de um número de fontes

marinhas e terrestres, incluindo transporte marinho e descargas. Nos comprometemos a agir para reduzir

da incidência e impacto destes poluentes no ecossistema marinho, inclusive por meio da implementação

efetiva das convenções relevantes adotadas no arcabouço da Organização Marítima Internacional (IMO), e

seguindo as iniciativas relevantes como o Programa Global de Ação para a Proteção do Meio Ambiente

Marinho de Atividades Baseadas no Continente, bem como a adoção de estratégias coordenadas para este

fim. Comprometemo-nos ainda a agir para, em 2025, baseados em dados científicos coletados, atingir uma

significativa redução dos detritos marinhos para prevenir danos aos ambientes marinhos e costeiros.”

Suas origens difusas e variadas, associadas ao fato que uma vez no mar sua retirada e destinação

adequadas tornam-se muito mais complicadas do que em terra, são características que fazem do lixo

marinho um problema muito mais amplo e complexo e que, necessariamente, passa pela gestão de

resíduos sólidos numa perspectiva integrada. Outros aspectos críticos associados à esta questão são

ainda: a falta de conhecimento técnico-científico sobre o assunto, atribuída principalmente à

ausência/ineficiência de sistemas de monitoramento integrado que permitam realizar análises quali-

quantitativa do problema; a dificuldade de elaboração e implementação de políticas públicas e regulações

específicas para este tipo de resíduo, que possui uma característica transversal; e a necessidade de

mudança de padrões culturais associados à sociedade de consumo na qual estamos inseridos e que,

durante muito tempo, considerou os mares e oceanos como sumidouros inesgotáveis.

Apesar do conhecimento científico, das mudanças de comportamento dos usuários e do

desenvolvimento tecnológico serem fundamentais, a gestão desse problema ambiental é um tema também

associado a elementos motivadores e às estruturas de governança para a tomada de decisão, em níveis

micro, meso e macro.

Marcos Internacionais e Nacionais

Algumas convenções e acordos internacionais abordam, de alguma forma, a questão do lixo marinho,

dentre os quais destacam-se:

3

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

• Convenção de Londres

• IMO-MARPOL 73/78 Anexo V (Resíduos de embarcações)

• Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar

• Convenção de Basileia

• Agenda 21 e do Plano de Implementação de Joanesburgo

• CDB - Convenção da Diversidade Biológica, com o Mandato de Jacarta sobre Biodiversidade

Costeira e Marinha

• CMS - Convenção sobre Espécies Migratórias

• GPA - Programa de Ação Global para a Proteção do Ambiente Marinho Frente às Atividades

Baseadas em Terra

• FAO - Código de Conduta para a Pesca Responsável (petrechos de pesca abandonados / perdidos)

Desde 1995, quando foi adotado pela comunidade internacional, o Brasil está envolvido com o

"Programa de Ação Global para a Proteção do Meio Marinho Frente às Atividades Baseadas em Terra (GPA)",

que está orientado a facilitar o cumprimento das obrigações dos Estados para preservar e proteger o ambiente

marinho e foi desenhado para apoiar os Estados a tomar ações. É a única iniciativa global que foca diretamente

a conectividade entre os ambientes terrestres, costeiros e marinhos. São cinco os objetivos principais do GPA:

1) identificar a origem e os impactos das fontes de poluição marinha desde a superfície terrestre; 2) identificar

problemas prioritários para realizar ações; 3) estabelecer objetivos gerenciais para os problemas prioritários; 4)

Identificar, avaliar e selecionar estratégias e medidas para atingir os objetivos; e 5) avaliar os impactos destas

estratégias.

Em âmbito federal, além da Política Nacional de Resíduos Sólidos, estão em vigor leis, decretos e

resoluções CONAMA que também abordam, direta ou indiretamente, a questão. Como, por exemplo, a Lei

9.966/2000 que dispõe sobre a prevenção, o controle e a fiscalização de resíduos de embarcações,

regulamentada pelo decreto 4.136/2002 , e ainda o Decreto 5.300/2004 que institui o Plano Nacional de

Gerenciamento Costeiro – PNGC que dispõe sobre regras de uso e ocupação da zona costeira e estabelece

critérios de gestão da orla marítima.

Entretanto, apesar do avanços alcançados, podemos dizer que este assunto, relativamente novo no

âmbito das políticas públicas nacionais, ainda possui um longo caminho a percorrer e muito o que

amadurecer até que consigamos lidar com esta questão de uma forma integrada.

4

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

A CONFERÊNCIA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE E O “LIXO MARINHO”

A IV Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA) que será realizada entre os dias 24 e 27 de

outubro de 2013 abordará a temática Resíduos Sólidos, organizada em três eixos: Geração de

Emprego e Renda, Redução de Impactos Ambientais e Produção e Consumo Sustentável. Dentro

do eixo Redução de Impactos Ambientais, a temática do lixo marinho será abordada.

Eixo temático II – Redução dos Impactos Ambientais

Apesar da problemática existir e ser reconhecida por grupos de pesquisa nacionais e internacionais

como sendo crescente e bastante crítica, a gestão deste tipo de resíduos ainda está longe de ser

equacionada. Um dos principais agravantes é o fato de que a maior parte (aproximadamente 70%) do lixo

marinho é oriunda de fontes terrestres, ou seja, os resíduos descartados indevidamente no continente

podem ter como destino final o mar.

Entre os principais tipos de resíduos encontrados no mar incluem-se os plásticos, metais, vidros,

resíduos de pesca e de embarcações, materiais de construção, poliestireno, borracha, corda, têxteis,

madeira e materiais perigosos, tais como resíduos hospitalares e nucleares, entre outros. Como principais

fontes destacam-se:

Principais fontes de resíduos gerados no continente

Principais fontes de resíduos gerados no mar

• Aterros localizados em regiões costeiras• Transporte (em terra ou em vias navegáveis)• Descarga de águas pluviais • Descarga de esgoto • Escoamentos via corpos d´água em geral• Sistemas de gestão de resíduos ineficientes• Industrias • Atividades agrícolas• Atividades portuárias • Turismo• Eventos naturais

• Navios mercantes, balsas e cruzeiros• Embarcações de pesca (industrial e

artesanal)• Embarcações de lazer• Estruturas de exploração e produção de

petróleo e gás off-shore• Instalações de aquicultura• Eventos naturais

5

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

Devido à sua alta capacidade de dispersão, o lixo marinho tem sido encontrado até mesmo nos locais mais

remotos do mundo. Entretanto, é nas águas costeiras e de baixas latitudes, onde as atividades humanas

estão concentradas, que podemos perceber os maiores danos causados pelos impactos de natureza

estética, econômica, ambiental e também social.

Impactos

Os impactos estéticos afetam diretamente o turismo em regiões costeiras, que dependem em

grande parte da qualidade cênica de suas praias. Custos com limpezas, danos a embarcações, morte de

organismos de interesse comercial e aumento do esforço de pesca (considerando que os plásticos também

constituem peso no momento do recolhimento das redes) são alguns exemplos associados aos impactos

econômicos.

Entretanto, além destes impactos mais facilmente mensuráveis, os resíduos representam

principalmente um sério risco aos organismos marinhos. Os impactos diretos nas espécies marinhas são

primariamente mecânicos, seja através do enredamento ou ingestão. No caso do enredamento, animais são

fisicamente aprisionados em linhas ou rede de pescas abandonadas (redes fantasmas) ou

sacos/fragmentos plásticos flutuantes e, uma vez enredado, o animal pode ter seu padrão de

comportamento alterado, o que dificulta e pode até impedir sua sobrevivência no ambiente.

A ingestão de fragmentos ou esférulas plásticas (pellets) também é bastante comum em aves

marinhas, que assim como tartarugas, peixes e alguns mamíferos marinhos têm dificuldade em distinguir

alguns tipos de materiais sintéticos de seu alimento natural. Esta ingestão pode, além de provocar

obstrução do aparelho digestivo e liberar compostos tóxicos, levar os organismos à morte por inanição em

função de uma falsa sensação de saciedade.

6

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

Greenpeace©/Carè©/Marine Photobank

O lixo marinho também pode danificar diretamente, por meio de quebra ou sufocamento, habitats e

ecossistemas naturais como os recifes de corais e manguezais, que são essenciais para a sobrevivência de

diversas espécies. Outros mecanismos de impacto que têm sido investigados recentemente referem-se ao

papel do material flutuante como agente de dispersão de organismos marinhos, levando à introdução de

espécies exóticas indesejáveis e muitas vezes responsáveis por desequilíbrios ecológicos.

©Still Pictures Carcaça de Albatroz Fonte:GaryStrokes

Sea Lion with can stuck to its mouth

7

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

Alex Marttunen foi finalista da categoria Sub-16.

Intitulada 'Lar, Doce Lar', a foto mostra um caranguejo usando o

gargalo de uma garrafa em vez de uma concha.

Crédito: Alex Marttunen/EPOTY.ORG/SPECIALISTSTOCK/BARCROFT MEDIA

Marcovaldi’s photo of sea turtles caught in an

abandoned fishing net won the grand prize of

the Ocean in Focus Conservation Photo Contest.

Projeto Tamar Brazil/Marine Photobank

Resinas termoplásticas (pellets): grânulos plásticos produzidos na indústria petroquímica que são o insumo básico para produção de

plásticos em geral. Fonte: Revista Ciência Hoje.

8

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

São crescentes também os estudos que apontam o papel dos plásticos e, principalmente,

microplásticos como vetores de contaminação química, tendo em vista que estes podem ser um importante

meio de transporte e/ou fonte de contaminantes químicos. Compostos hidrofóbicos, incluindo PCBs e

DDT, adsorvem-se na superfície externa de grânulos e fibras plásticas, que sendo ingeridas podem gerar

sérios riscos à saúde de diversas espécies, e toda a sua cadeia alimentar, até mesmo aos humanos.

Estes compostos podem gerar alterações hormonais, que interferem, por exemplo, na capacidade de

incubação de algumas espécies de aves marinhas por fragilidades nas cascas de seus ovos, ou ainda estar

associados ao desenvolvimento de células cancerígenas nos seres humanos.

Considerando uma visão ampla, conectada e sistêmica deste problema, a gestão integrada, por

meio do engajamento de diferentes públicos envolvidos com esta questão, pode ser uma solução de longo

prazo bastante eficiente se coordenada com processos de formação de agenda e implementação de

políticas públicas que considerem a questão dos resíduos sólidos em ambientes marinhos e costeiros como

relevantes e/ou prioritárias. Assim, além do aprofundamento de estudos para dimensionar e monitorar

adequadamente o cenário atual de distribuição de resíduos sólidos na costa brasileira, a condução de um

processo transparente e participativo para o estabelecimento de diretrizes que orientem medidas concretas

visando a redução do problema é fundamental para lidar, de fato, com sua complexidade . É essencial

também considerar que mudanças nas formas de produção e consumo de materiais passam

necessariamente pelo questionamento de um modelo de educação voltado para o consumo e para

competição que ainda norteia a educação formal e informal no Brasil. Neste sentido, se queremos alcançar

mudanças efetivas nas lógicas e padrões produtivos, precisamos considerar a necessidade de uma

mudança de modelo mental que passe a inserir a perspectiva da sustentabilidade como, de fato,

norteadora.

9

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

10

Oceanos de Plástico 

De acordo com relatório da PlasticsEurope, a produção de plástico chegou à aproximadamente 270

milhões de toneladas no ano de 2010. Mesmo se apenas uma porção muito pequena desse total fosse

perdida para o mar, em termos absolutos, representaria valores bastante significativos podendo equivaler a

bilhões de partículas das mais variadas formas e tamanhos.

Há décadas os ambientalistas apontam que os materiais plásticos descartados no mar representam uma

das maiores ameaças ao meio ambiente. Estudos indicam que cerca de 90% do lixo nos oceanos é

composto por plásticos. Devido à baixa taxa de degradação e a alta capacidade de dispersão por ventos e

correntes, o plástico permanece no ecossistema marinho por longos períodos, evidenciando um grande

volume de lixo que vem se acumulando nas zonas costeiras e até mesmo nos giros e vórtices oceânicos,

causando entre outros impactos, danos à saúde e segurança humana, danos à economia e potencial

cênico de municípios costeiros, além dos impactos na biota marinha.

Microplásticos: Um problema maior ainda!!!

São partículas menores que 5 mm identificadas em oceanos de todo o mundo e que podem ser ingeridas

por diversas espécies marinhas.

De onde vem? O microplástico pode vir de resíduos/perda de industrias produtoras, transformadoras ou

distribuidoras de plástico (pré-consumo), na forma de resinas plásticas (pellets); por jateamentos;

partículas esfoliantes de produtos de beleza; ou ainda pela fragmentação de plásticos maiores.

Plásticos e Poluentes

Poluentes Orgânicos Persistentes (POPs), como DDT e PCBs oriundos de agrotóxicos, estão presentes

na água do mar e são extremamente nocivos à saúde, principalmente por alguns tipos serem considerados

carcinógenos humanos.

Pesquisas indicam que plásticos tem capacidade de adsorver e transportar estes compostos.

Animais ingerem plásticos!!!

Em todo o mundo, diversos estudos vêm sendo realizados para compreender os efeitos dessa acumulação

na cadeia alimentar e seus efeitos nos seres humanos.

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTESECRETARIA DE EXTRATIVISMO E DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL

Departamento de Zoneamento Territorial / Gerência CosteiraEsplanada dos Ministérios, Bloco "B" 9º andar – sala 950 - Brasília/DF

TEL.: (061) 2028-1364 - FAX (061) 2028-1481

Para saber mais:

www.globalgarbage.org

www.mastersdegree.net/blog/2012/oceans-of-garbage/

http://www.gpa.unep.org

http://marinedebris.noaa.gov/

http://water.epa.gov/type/oceb/marinedebris/

http://www.5imdc.org/

Imagens: http://www.unep.org/regionalseas/marinelitter/publications/gallery/default.asp

Imagens: http://www.globalgarbage.org/blog/

Referências:

COE, J.M & ROGERS, D.B. (ed) 1997. Marine debris: sources, impacys and solutions: Springer.

DERRAIK. J.G.B. 2002. The pollution os the marine environment by plastic debris: a review. Marine

Pollution Bulletin 44, 842-852

GESAMP (2001): Protecting the Oceans from Land-based Activities. GESAMP Reports and Studies No.

71. UNEP 2001

PLASTICS EUROPE, 2012. Plastics – The facts 2012: An Analisys of European plastics production,

demand and waste data for 2011. Plastics Europe.

UNEP, 2009. Marine Litter: A Global Change. Nairob:UNEP.232p

UNEP, 2005: Marine Litter, an analytical overview.

THOMPSON, R. C., SWAN, S. H., MOORE, C. J. & VOM SAAL, F. S. 2009. Our plastic age. Phil. Trans. R.

Soc. B, 364:1973–1976.

11