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FACULDADE MORAES JUNIOR MACKENZIE RIO CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA LUCRO REAL Aspectos conceituais e orientações específicas para apuração Prof. Francisco Alves

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FACULDADE MORAES JUNIOR MACKENZIE RIO

CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA

LUCRO REAL

Aspectos conceituais e orientações específicas para apuração

Prof. Francisco Alves

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 2

CONSIDERAÇÕES GERAIS

O lucro real será determinado a partir do lucro líquido do período de apuração obtido

na escrituração comercial (antes da provisão para o imposto de renda) e demonstrado

no Lalur, observando-se que:

1. Serão adicionados ao lucro líquido (RIR/1999, art. 249):

a. os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer

outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a

legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real (e-

xemplo: resultados negativos de equivalência patrimonial, custos e despesas

não dedutíveis);

b. os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos

na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam

ser computados na determinação do lucro real (exemplo: ajustes decorrentes

da aplicação dos métodos dos preços de transferência, lucros auferidos por

controladas e coligadas domiciliadas no exterior);

1. Poderão ser excluídos do lucro líquido (RIR/1999, art. 250):

a. os valores cuja dedução seja autorizada pela legislação tributária e que não te-

nham sido computados na apuração do lucro líquido do período de apuração

(exemplo: depreciação acelerada incentivada);

b. os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores incluídos na

apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam

computados no lucro real (exemplo: resultados positivos de equivalência patri-

monial, dividendos);

1. Poderão ser compensados, total ou parcialmente, à opção do contribuinte, os

prejuízos fiscais de períodos de apuração anteriores, desde que observado o

limite máximo de 30% (trinta por cento) do lucro líquido ajustado pelas adições

e exclusões previstas na legislação tributária. O prejuízo compensável é o apu-

rado na demonstração do lucro real de períodos anteriores e registrado no La-

lur (parte B) (Lei no 8.981, de 1995, art. 42).

NOTAS:

O montante positivo do lucro real, base para compensação de prejuízos fiscais de pe-

ríodos de apuração anteriores, poderá ser determinado, também, a partir de prejuízo

líquido do próprio período de apuração constante da escrituração comercial.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 3

1 – LUCRO REAL TRIMESTRAL

No lucro real trimestral, o lucro do trimestre anterior não pode ser compensado com o

prejuízo fiscal de trimestres seguintes, ainda que dentro do mesmo ano-calendário. O

prejuízo fiscal de um trimestre só poderá reduzir até o limite de 30% do lucro real dos

trimestres seguintes.

Já no lucro real anual, a empresa poderá compensar integralmente os prejuízos com

lucros apurados dentro do mesmo ano-calendário. Assim, o lucro de janeiro poderá ser

compensado com o prejuízo de fevereiro ou dezembro, e o lucro de março poderá ser

compensado com o prejuízo de qualquer mês.

As empresas que apuram o lucro real trimestral pagarão o imposto de renda e a con-

tribuição social sobre o lucro referente às operações do 1º trimestre, que poderá ser

pago em quota única no mês seguinte ao trimestre, sem qualquer acréscimo; ou em

três quotas mensais com juros pela taxa SELIC até o mês anterior ao do pagamento, e

1% nesse mês. Com isso, se o saldo do imposto devido sobre o lucro do primeiro tri-

mestre for pago em quota única no mês de abril, a empresa não terá pagamentos em

maio e junho.

O adicional do imposto de renda passa a incidir sobre a parcela do lucro real, presu-

mido ou arbitrado que exceder o valor resultante da multiplicação de R$20.000 pelo

número de meses que compõem o período de apuração do resultado. No lucro real

trimestral, o limite de isenção será de R$60.000, enquanto no anual será de

R$240.000.

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Contabilidade Tributária 4

2 – LUCRO REAL ANUAL

A – Pagamento por Estimativa (antecipações)

BASE DE CÁLCULO DA ESTIMATIVA MENSAL - RECEITA BRUTA

A base de cálculo do imposto, em cada mês, será determinada mediante a aplicação

do percentual de 8% (oito por cento) sobre a receita bruta auferida mensalmente.

Nas seguintes atividades, o percentual de que trata este artigo será de (Lei

9.249/1995, art. 15, § 1º):

Espécies de atividades Percentuais sobre

a receita

Revenda, para consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool

etílico carburante e gás natural 1,6%

· Venda de mercadorias ou produtos

· Transporte de cargas

· Atividades de venda de imóveis, de acordo com o objeto social da

empresa

· Construção por empreitada, quando houver emprego de materiais

próprios

· Serviços hospitalares

· Serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, image-

nologia, anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e a-

nálises e patologias clínicas, a partir de 01.01.2009 - ver nota 3

· Atividade Rural

· Industrialização com materiais fornecidos pelo encomendante

· Outras atividades não especificadas (exceto prestação de servi-

ços)

8 %

· Serviços de transporte (exceto o de cargas)

· Bancos comerciais, bancos de investimentos, bancos de desen-

volvimento, caixas econômicas, sociedades de crédito, financiamen-

to e investimento, sociedades de crédito imobiliário, sociedades cor-

retoras de títulos, valores mobiliários e câmbio, distribuidoras de tí-

tulos e valores mobiliários, empresas de arrendamento mercantil,

cooperativas de crédito, empresas de seguros privados e de capita-

lização e entidades de previdência privada aberta

· Serviços gerais com receita bruta até R$ 120.000/ano (ver nota 1)

16%

· Serviços em geral (ver nota 2)

· Serviços prestados pelas sociedade civis de profissão legalmente

regulamentada

32%

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Contabilidade Tributária 5

· Intermediação de negócios (ver nota 2)

· Administração, locação ou cessão de bens móveis/imóveis ou

direitos (ver nota 2)

· Construção por administração ou empreitada, quando houver em-

prego unicamente de mão de obra (ver nota 2)

· Factoring (ver nota 2)

No caso de exploração de atividades diversificadas, será aplicado so-

bre a receita bruta de cada atividade o respectivo percentual 1,6 a 32%

NOTAS IMPORTANTES - TABELA DA BASE DE CÁLCULO DO IRPJ

Nota 1: Se a receita bruta ultrapassar R$ 120.000/ano, ficará sujeita ao percentual de

32%, retroativamente ao mês de janeiro. Neste caso, deve-se efetuar o recolhimento

das diferenças do IRPJ apurado, até o último dia útil do mês subsequente àquele que

ocorrer o excesso, sem nenhum acréscimo.

Nota 2: As pessoas jurídicas exclusivamente prestadoras de serviços mencionadas

nestes itens, poderão utilizar o percentual de 16%, enquanto a sua receita bruta acu-

mulada do ano em curso não ultrapassar a R$ 120.000,00 (parágrafo 3º do art. 3 IN

SRF 93/1997). Na hipótese de ultrapassar este valor, observar as instruções contidas

na nota 1, anterior.

Nota 3: Os serviços de auxílio diagnóstico e terapia, patologia clínica, imagenologia,

anatomia patológica e citopatologia, medicina nuclear e análises e patologias clínicas,

desde que a prestadora destes serviços seja organizada sob a forma de sociedade

empresária e atenda às normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária –

ANVISA, serão tributados, a partir de 01.01.2009, à base de cálculo de 8% (oito por

cento). Base: art. 29 da Lei 11.727/2008.

CONCEITO DE RECEITA BRUTA

Para efeitos da sistemática de pagamento por Estimativa Mensal, conforme o art. 31

da Lei 8.981/1995, a receita bruta compreende:

o produto da venda de bens nas operações de conta própria

o preço dos serviços prestados e

o resultado auferido nas operações de conta alheia*.

* Nota: O resultado auferido nas operações de conta alheia é aquele decorrente de

comissões obtidas sobre representação de bens ou serviços de terceiros

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Contabilidade Tributária 6

As receitas provenientes de atividade incentivada não comporão a base de cálculo do

imposto, na proporção do benefício a que a pessoa jurídica, submetida ao regime de

tributação com base no lucro real, fizer jus (Lei 9.249/1995, art. 15, § 3º).

DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA

Na receita bruta não se incluem (Lei 8.981/1995, art. 31, parágrafo único):

1. as vendas canceladas;

2. os descontos incondicionais concedidos (constantes na nota fiscal de venda dos

bens ou da fatura de serviços e não dependentes de evento posterior á emissão

desses documentos);

3. os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contra-

tante dos quais o vendedor seja mero depositário, tais como o IPI e o ICMS - subs-

tituição tributária.

GANHOS DE CAPITAL E OUTRAS RECEITAS

Os ganhos de capital, demais receitas e os resultados positivos decorrentes de recei-

tas não abrangidas na receita bruta, serão acrescidos integralmente à base de cálculo

da estimativa (Lei 8.981/1995, art. 32, e Lei 9.430/1996, art. 2).

DEFINIÇÃO DE GANHO DE CAPITAL

O ganho de capital nas alienações de bens do ativo permanente e de aplicações em

ouro não tributadas como renda variável corresponderá à diferença positiva verificada

entre o valor da alienação e o respectivo valor contábil.

BALANÇO ANUAL

A empresa que optar por pagamento do IRPJ por Estimativa mensal, estará obrigada,

no final do ano civil (31 de Dezembro) a levantar o Balanço Anual, para fins de apura-

ção do Lucro Real do Exercício.

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO – BASE DE CÁLCULO NA RECEITA

BRUTA MENSAL

As empresas que optarem pelo pagamento mensal do IRPJ por estimativa com base

na receita bruta deverão também pagar a CSL pelo mesmo critério (art. 28, Lei

9430/1996).

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Contabilidade Tributária 7

A base de cálculo corresponderá ao somatório mensal dos seguintes valores:

1. 12% (doze por cento) da receita bruta da venda de mercadorias e/ou prestação de

serviços, exceto em relação aos fatos geradores ocorridos a partir de 01.09.2003

para empresas de serviços (veja título seguinte).

2. Ganhos de capital (lucros) obtidos na alienação de bens do ativo permanente e de

aplicações em ouro não caracterizado como ativo financeiro.

3. Rendimentos de aplicações financeiras de renda fixa e ganhos líquidos de opera-

ções financeiras de renda variável (ações, swap, etc.).

4. Demais receitas e resultados positivos não abrangidos anteriormente (como juros e

descontos obtidos, aluguéis, etc.), inclusive juros remuneratórios do capital próprio

recebidas pela empresa da qual seja sócia ou acionista.

BASE DE CÁLCULO - A PARTIR DE 01.09.2003

A partir de 01.09.2003, por força do art. 22 da Lei 10.684/2003, a base de cálculo da

CSLL, devida pelas pessoas jurídicas optantes pela sistemática de recolhimento men-

sal (estimativa) corresponderá a:

12% da receita bruta nas atividades comerciais, industriais, serviços hospitalares e de

transporte;

32% para:

a) prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares e de transporte;

b) intermediação de negócios;

c) administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer

natureza;

d) prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológi-

ca, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a receber,

compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de presta-

ção de serviços (factoring).

B – Balanço de Suspensão ou Redução do Imposto

A empresa poderá também reduzir ou suspender o pagamento do Imposto de Renda e

da Contribuição Social de cada mês, desde que demonstre, através de balanços ou

balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede o valor do imposto, inclu-

sive adicional (art. 2º da Lei 9430/96) da seguinte forma:

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Contabilidade Tributária 8

Redução do Imposto

A redução ocorre quando a empresa, em um determinado mês, demonstra que o valor

apurado do imposto menos o valor já pago durante o período acumulado é inferior ao

cálculo pela estimativa como base na receita, como citado no item “a”.

Exemplo:

1. Valor do Imposto devido com base nos percentuais aplicado sobre a Receita no

mês de junho= R$ 30.000,00

2. Valor do Imposto apurado com base no balancete acumulado de jan a jun. = R$

40.000,00

3. Valor do imposto pago, retido ou compensado de jan a jun. = R$ 25.000,00

4. Saldo a pagar no mês de junho (40.000,00- 25.000,00) = R$ 15.000,00

5. Se a optar pelo balancete de redução haverá um desembolso de apenas R$

15.000,00, ao invés de R$ 30.000,00.

No mês de junho, a forma mais viável é a opção pelo pagamento com base no balan-

cete de redução de janeiro a junho, apesar de apurar 40.000,00 de imposto, serão

deduzidos os impostos já pagos, retidos ou compensados nos respectivos meses

(25.000,00), restando saldo a pagar de apenas R$ 15.000,00. Sendo que o recolhi-

mento com base na receita bruta custaria para a empresa R$ 30.000,00, pois os valo-

res pagos nos meses anteriores não podem ser deduzidos, por não comporem a base

de cálculo do mês. Esse estudo deve ser feito a cada mês do ano, levando em conta

também a possibilidade de suspensão do imposto que será visto no item seguinte.

Observação:

O mesmo critério adotado para o cálculo do Imposto de Renda deverá ser tam-

bém adotado para a Contribuição Social sobre o Lucro, por isso deve ser anali-

sada a melhor alternativa calculando os dois tributos.

O balancete utilizado para suspender ou reduzir deverá ser transcrito no Livro Diário

(art. 12,§ 5º, da IN SRF 93/97) e no Livro LALUR transcrever a apuração do resultado

(art. 13 IN SRF nº 93/97).

A partir de 01.01.2010, a Receita Federal do Brasil, através da IN RFB Nº 989/2009,

institui o Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da

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Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro

Real (e-Lalur). IN RFB Nº 989/2009.

Base legal: artigos 10 a 16 da IN SRF nº 93/97.

Balancete de Suspensão

A suspensão do recolhimento do imposto ocorre quando a empresa demonstra através

de balancete que em um determinado mês, o resultado acumulado de janeiro até esse

mês, resultou em prejuízo fiscal, inexistindo imposto a pagar, como exemplo:

1. Prejuízo contábil de R$ 150.320,00, conforme balancete contábil levantado em

30/jun. (resultado acumulado de janeiro a junho)

2. Adições ao lucro real - R$ 30.150,00

3. Prejuízo fiscal ->150.320,00 – 30.150,00 = 120.170,00

4. Como houve prejuízo fiscal no mês de junho (resultado acumulado de janeiro a

junho), não há IRPJ nem CSSL a recolher neste mês, sendo necessário apenas a

transcrição do Prejuízo no LALUR e manter balancete no Diário Contábil, compro-

vante o resultado.

A partir de 01.01.2010, a Receita Federal do Brasil, através da IN RFB Nº 989/2009,

institui o Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro

Real (e-Lalur). IN RFB Nº 989/2009.

A outra forma de suspensão do recolhimento do imposto e da contribuição social ocor-

re quando a empresa demonstra através de balancete, com resultado acumulado, que

os valores pagos nos meses anteriores são superiores ao valor do imposto apurado

nesse mês, como exemplo:

• No Balancete do mês julho, que contempla o resultado acumulado de janeiro a

julho, apurou-se um imposto a pagar de R$ 35.000,00, porém nos meses de janeiro

a junho a empresa já recolheu imposto no valor de R$ 40.000,00, ou seja, R$

5.000,00 a mais do que o devido, com isso poderá suspender o pagamento em ju-

lho.

Observação:

• O mesmo critério adotado para o cálculo do Imposto de Renda deverá ser adotado

para a Contribuição Social sobre o Lucro, por isso deve ser analisada a melhor al-

ternativa calculando os dois tributos.

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Contabilidade Tributária 10

• O balancete utilizado para suspender ou reduzir deverá ser transcrito no Livro Diá-

rio (art. 12, § 5º, da IN SRF 93/97) e no Livro LALUR transcrever a apuração do re-

sultado (art. 13 IN SRF 93/97).

Base legal artigos 10 a 16 da IN SRF nº 93/97.

A partir de 01.01.2010, a Receita Federal do Brasil, através da IN RFB Nº 989/2009,

institui o Livro Eletrônico de Escrituração e Apuração do Imposto sobre a Renda e da

Contribuição Social sobre o Lucro Líquido da Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro

Real (e-Lalur). IN RFB Nº 989/2009.

A apuração pelo Lucro Real Anual, apesar de ter mais detalhes e ser mais trabalhosa,

compensa pela vantagem tributária em relação ao Lucro Real Trimestral.

A opção de suspender ou reduzir o pagamento, a partir de 01/01/97, foi mantida pelo

art. 2º da Lei 9.430/96. Essa opção aplica-se, em qualquer mês, para as pessoas jurí-

dicas que vão apresentar a declaração de rendimentos com base no lucro anual.

O balanço ou balancete de suspensão ou redução do imposto terá que compreender

sempre o período entre 1º de janeiro e a data da apuração do lucro. Assim, a pessoa

jurídica pagou o imposto dos meses de janeiro, fevereiro e março com base na receita

bruta e em 30 de abril levantou o balanço. O lucro real desse balanço terá que com-

preender o período de 1º de janeiro a 30 de abril.

O imposto de renda e o adicional calculado com base no lucro real daquele período

serão comparados com o imposto e o adicional pagos sobre operações dos meses de

janeiro, fevereiro e março. Se a soma dos pagamentos efetuados for maior que o im-

posto devido apurado com base no balanço, a empresa não terá que pagar o imposto

relativo às operações de abril. Se o imposto sobre o lucro apurado no balanço ou ba-

lancete for maior, a empresa deverá pagar a diferença. O código de pagamento deve-

rá ser sempre o de pagamento estimado.

No balanço ou balancete de suspensão ou redução de pagamento, o limite de isenção

do adicional corresponderá ao resultado da multiplicação do limite mensal de R$

20.000 pelo número de meses que compõem o período desde janeiro até o mês do

balanço ou balancete. Assim, o limite de isenção do adicional no balanço de suspen-

são em 30 de abril será de R$80.000.

O balanço de abril não serve para suspender ou reduzir o pagamento relativo ao mês

de maio. A empresa terá que levantar novos balanços ou balancetes compreendendo

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o período de 1º de janeiro a 31 de maio e o imposto e adicional divididos serão compa-

rados com o imposto e adicional pagos nos meses de janeiro e abril.

Para efeito de comparação, considera-se imposto devido o resultado da aplicação da

alíquota do imposto sobre o lucro real acrescido do adicional, e reduzido, quando for o

caso, dos incentivos fiscais de dedução e de isenção ou redução. Considera-se impos-

to de renda pago, a soma dos valores correspondentes ao imposto de renda:

• Pago mensalmente;

• Retido na fonte sobre receitas ou rendimentos computados na determinação do

lucro real do período;

• Pago sobre os ganhos líquidos de renda variável;

• Pago a maior ou indevidamente em anos-calendário anteriores.

A pessoa jurídica que tiver dúvida quanto ao regime de tributação a ser adotado, se

pelo lucro real ou presumido, não deverá suspender ou reduzir o pagamento do impos-

to de renda com base em balanço ou balancete, para não cair no impedimento para

tributação pelo lucro presumido, já que a partir de 01/01/96 essa forma de tributação é

bastante vantajosa.

3 – DESPESAS DEDUTÍVEIS E INDEDUTÍVEIS

a) Conceito de despesas incorridas

Despesas incorridas são aquelas de competência do período de apuração, relativas a

bens empregados ou serviços consumidos nas transações ou operações exigidas pela

atividade da empresa, tenham sido pagas ou não.

De acordo com o PN CST no 58, de 1977, a obrigação de pagar determinada despesa

(enquadrável como operacional) nasce quando, em face da relação jurídica que lhe

deu causa, já se verificaram todos os pressupostos materiais que a tornaram incondi-

cional, ou seja, exigível, independentemente de qualquer prestação por parte do res-

pectivo credor. Despesas incorridas são, portanto, aquelas em relação às quais, em-

bora nascida a obrigação correspondente, o momento ajustado para pagá-las, ou seu

vencimento, ou outra circunstância qualquer, determinam que o respectivo pagamento

venha a ocorrer em período subseqüente.

Ressalvadas situações especiais, a apropriação das despesas deverá ser feita no pe-

ríodo de apuração em que os bens forem empregados ou os serviços consumidos,

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Contabilidade Tributária 12

segundo o regime de competência, independentemente da época de seu efetivo pa-

gamento (não se pode considerar como incorrida a despesa cuja realização esteja

condicionada à ocorrência de evento futuro).

b) Conceito de despesas dedutíveis

As despesas efetuadas pelas pessoas jurídicas podem ser dedutíveis ou indedutíveis

na apuração do lucro real. É importante que se conheça o momento em que a despe-

sa operacional é dedutível, que é o momento em que elas são incorridas, de acordo

com o regime de competência.

As despesas operacionais dedutíveis são aquelas que se encaixam nas condições

fixadas no art. 299 do RIR/99, e no art. 13 da Lei no 9.249, de 1995. Isto é, despesas

necessárias à atividade da empresa e à manutenção da respectiva fonte produtora de

receitas. Ainda que uma despesa não seja necessariamente usual ou normal em uma

atividade, será dedutível se, comprovadamente, incrementar as receitas.

Excluem-se desse conceito, portanto, os dispêndios representativos de inversões ou

aplicações de capital (PN CST no 58, de 1977, subitem 4.1 e aqueles expressamente

vedados pela legislação fiscal (Lei no 9.249, de 1995, art. 13).

A legislação fiscal exige, ainda, que as despesas operacionais estejam devidamente

suportadas por documentos hábeis e idôneos a comprovarem a sua natureza, a iden-

tidade do beneficiário, a quantidade, o valor da operação etc.

Para se determinar que uma despesa venha a ser dedutível ou não, hás três aspectos

a serem investigados:

• NORMALIDADE – deverá ser verificado se o gasto é normal para o tipo de ativida-

de que a empresa desenvolve. Se não o for, o mesmo pode ser glosado pelo fisco.

Exemplo: Uma empresa que revende mercadorias apresenta gastos elevados com

viagens ao exterior...

• NECESSIDADE – deverá ser verificado se o gasto é realmente necessário ao tipo

de atividade que a empresa desenvolve, e se está ligado, ainda que indiretamente,

à alavancagem de receitas e à manutenção das operações normais da empresa.

• RAZOABILIDADE – deverá ser verificado se o gasto é coerente com a necessida-

de apresentada, ou se há abusos em sua ocorrência.

COMPROVAÇÃO DOCUMENTAL – As despesas, cujos pagamentos sejam efetuados

à pessoa jurídica, deverão ser comprovadas por Nota Fiscal ou Cupom emitidos por

equipamentos ECF (Emissor de Cupom Fiscal), observados os seguintes requisitos,

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Contabilidade Tributária 13

em relação à pessoa jurídica compradora: sua identificação, mediante indicação de

seu CNPJ; descrição dos bens ou serviços, objeto da operação; a data e o valor da

operação (Lei no 9.532, de 1997, art. 61, § 1o e 81, II). Qualquer outro meio de emis-

são de nota fiscal, inclusive o manual, depende de autorização da Secretaria de Esta-

do da Fazenda, com jurisdição sobre o domicílio fiscal da empresa interessada.

NOTA:

• A partir de 1o/01/1997, a Lei no 9.430, de 1996, em seu art. 82, introduziu a hipóte-

se de que não será considerado como comprovado o gasto ou a despesa quando

os documentos comprobatórios forem emitidos por pessoa jurídica cuja inscrição

no CNPJ tenha sido considerada ou declarada inapta, não produzindo tais docu-

mentos quaisquer efeitos tributários em favor de terceiro, por se caracterizarem

como uma hipótese de inidoneidade. Todavia, a dedutibilidade será admitida

quando o adquirente de bens, direitos e mercadorias ou o tomador de serviços

comprovar a efetivação do pagamento do preço respectivo e o recebimento dos

bens, direitos e mercadorias ou a utilização dos serviços.

c) Conceito de despesas indedutíveis

As despesas indedutíveis são todas aquelas que, embora usuais, não representem

qualquer encargo necessário à geração de receita, ou que mantenha vínculo, ainda

que indireto, com a manutenção das atividades normais da empresa. Um determinado

gasto pode ser dedutível em uma atividade e indedutível em outra, dependendo do

que contribui ou deixa de contribuir.

A partir de 1o/01/1996, a Lei no 9.249, de 1995, art. 13 c/c a IN SRF no11, de 1996,

vedou a dedução das seguintes despesas operacionais, para efeito de apuração do

lucro real:

a. de qualquer provisão, com exceção apenas daquelas constituídas para: férias de

empregados e 13o salário; reservas técnicas das companhias de seguro e de capi-

talização, bem como das entidades de previdência privada cuja constituição é exi-

gida pela legislação especial a elas aplicável;

b. das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou

imóveis, exceto quando relacionados intrinsecamente com a produção ou comerci-

alização dos bens e serviços;

c. de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, im-

postos, taxas, seguros e quaisquer outros gastos com bens móveis e imóveis, ex-

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Contabilidade Tributária 14

ceto se relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização (sobre o

conceito de bem intrinsecamente relacionado com a produção ou comercialização

vide a IN SRF no 11, de 1996, art. 25);

d. das despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores;

e. das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e

planos de saúde e benefícios complementares assemelhados aos da Previdência

Social, instituídos em favor de empregados e dirigentes da pessoa jurídica;

f. de doações, exceto se efetuadas em favor: do Pronac (Lei no 8.313, de 1991); ins-

tituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei federal,

sem finalidade lucrativa (limitada a 1,5% do lucro operacional); de entidades civis

sem fins lucrativos legalmente constituídas no Brasil que prestem serviços em be-

nefício de empregados da pessoa jurídica doadora e respectivos dependentes, ou

em benefício da comunidade onde atuem (limitada a 2% do lucro operacional). A

partir de 2001, incluem-se também como dedutíveis as doações efetuadas às Or-

ganizações da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip), qualificadas segundo

as normas estabelecidas na Lei no 9.790, de 1999 (MP no 2.158-35, de 2001, art.

59);

g. das despesas com brindes.

NOTAS: A Lei no 9.430, de 1996, arts. 9o e 14, revogou a possibilidade de dedução do

valor da provisão constituída para créditos de liquidação duvidosa, passando a ser

dedutíveis as efetivas perdas no recebimento dos créditos decorrentes da atividade da

pessoa jurídica, observadas as condições previstas naqueles dispositivos, abaixo re-

sumidas:

� Dedução de créditos de liquidação duvidosa:

a. Créditos sem garantia real, de valor até R$5 mil por operação, vencidos há mais de 6 me-

ses, com ou sem ação judicial;

b. Créditos entre R$5 mil e R$30 mil por operação, vencidos há mais de 1 ano, com ou sem

ação judicial;

c. Créditos com valor superior a R$30 mil por operação, vencidos há mais de 1 ano, desde que

iniciados e mantidos os procedimentos judiciais para o seu recebimento.

A Contribuição Social sobre o Lucro não mais é considerada como despesa dedutível

para fins da apuração do lucro real, devendo o respectivo valor ser adicionado ao lucro

líquido (Lei no 9.316, de 1996, art. 1o).

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 15

Somente serão admitidas como dedutíveis as despesas com alimentação quando esta

for fornecida pela pessoa jurídica, indistintamente, a todos os seus empregados.

As despesas computadas no lucro líquido e consideradas indedutíveis pela lei fiscal

deverão ser adicionadas para fins de apuração do lucro real do respectivo período de

apuração.

d) Alguns casos relacionados a despesas dedutíveis ou indedutíveis

• Gastos de conservação de bens e instalações

São admitidos como custo ou despesa operacional, dedutível na determinação do lu-

cro real, os gastos com reparos e conservação de bens e instalações destinados tão-

somente a mantê-los em condições eficientes de operações, e que não resultem em

aumento da vida útil do bem prevista no ato de aquisição (RIR/1999, art. 346 e seu §

1o). Somente será admitida a dedutibilidade de despesas com reparos e conservação

de bens móveis e imóveis quando estes forem intrinsecamente relacionados com a

produção ou comercialização dos bens e serviços (Lei no 9.249 de 1995, art. 13, III c/c

a IN SRF no 11, de 1996, art. 25).

Os gastos realizados com reparos, conservação ou substituição de partes de que re-

sultem aumento de vida útil superior a um ano, em relação à prevista no ato de aquisi-

ção do respectivo bem. Nesse caso, os gastos correspondentes deverão ser capitali-

zados, a fim de servirem de base a depreciações futuras (RIR/1999, art. 346, §1o e PN

CST no 2, de 1984 e no 22, de 1987).

• Despesas de propaganda

De acordo com a legislação do imposto de renda somente serão admitidas como de-

dução as despesas de propaganda que estejam diretamente relacionadas com a ativi-

dade explorada pela empresa, registradas segundo o regime de competência, e que

sejam relativas a gastos com (RIR/1999, art. 366):

I - rendimentos específicos pagos ou creditados a terceiros em contrapartida à presta-

ção de serviço com trabalho assalariado, autônomo ou profissional, e a aquisição de

direitos autorais de obra artística;

II - importâncias pagas ou creditadas a empresas jornalísticas, correspondentes a a-

núncios ou publicações;

III - importâncias pagas ou creditadas a empresas de radiodifusão ou televisão, cor-

respondentes a anúncios, horas locadas ou programas;

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 16

IV - despesas pagas ou creditadas a quaisquer empresas, inclusive de propaganda;

V - o valor das amostras distribuídas gratuitamente por laboratórios químicos ou far-

macêuticos e por outras empresas que utilizem esse sistema de promoção de venda,

sendo indispensável que: a) haja contabilização da distribuição, pelo preço de custo

real; que as saídas das amostras sejam documentadas com emissão de nota fiscal; b)

que o valor das amostras distribuídas no ano-calendário não ultrapasse os limites es-

tabelecidos pela SRF, até o máximo de 5% da receita líquida obtida na venda dos pro-

dutos (PN CST no 17, de 1976, e no 21, de 1976, e IN SRF no 2, de 1969, incisos 89 a

97);

VI - promoção e propaganda de seus produtos, com a participação em feiras, exposi-

ções e certames semelhantes, com a manutenção de filiais, de escritórios e de depósi-

tos congêneres, efetuados no exterior por empresas exportadoras de produtos manu-

faturados, inclusive cooperativas, consórcios de exportadores ou de produtores ou

entidades semelhantes, podendo os gastos serem imputados ao custo, destacada-

mente, para apuração do lucro líquido, na forma, limite e condições determinadas pelo

Ministro da Fazenda (Portaria MF no 70, de 1997). Sobre o assunto, ver também o PN

CST no 8, de 1975 (item 3), que trata dos gastos com promoções no exterior para cap-

tar recursos para investimento no Brasil.

NOTA:

As importâncias pagas ou creditadas por pessoas jurídicas a outras pessoas jurídicas

a título de serviços de propaganda e publicidade estão sujeitas à incidência do imposto

de renda na fonte à alíquota de 1,5% (PN CST no 7, de 1986, e IN SRF nº 123, de

1992).

Quaisquer despesas com propaganda, portanto, registradas segundo o regime de

competência, não são necessariamente dedutíveis, uma vez que a legislação tributária

(RIR/1999, art. 366, §§ 2o e 3o) fixou normas mais rígidas para referidas despesas se-

rem admitidas como dedutíveis, tais como:

• para a empresa que utilizar a dedução a título de despesas de propaganda:

a) as despesas devem estar diretamente relacionadas com a atividade explorada

pela empresa;

b) a empresa deverá manter escrituração das despesas em conta própria;

• para a empresa prestadora do serviço de propaganda:

a) a empresa deverá estar registrada no CNPJ;

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 17

b) deverá manter escrituração regular.

A comprovação de efetiva prestação dos serviços de propaganda não é de responsa-

bilidade exclusiva da pessoa jurídica pagadora, pois a legislação tributária atribui a

esta e à beneficiária responsabilidade solidária pela comprovação da efetiva prestação

do serviço (Lei no 7.450, de 1985, art. 53, parágrafo único; e IN SRF no 123, de 1992,

art. 2o, parágrafo único).

• Brindes

Não poderão ser considerados como despesas operacionais, dedutíveis para o impos-

to de renda, os brindes distribuídos pelas pessoas jurídicas. A partir de 1º/01/1996, a

Lei no 9.249, de 1995, art. 13, inciso VII, vedou a dedução de despesas com brindes,

para fins da determinação da base de cálculo do imposto de renda e da contribuição

social sobre o lucro.

Entretanto, os gastos com a distribuição de objetos, desde que de diminuto valor e

diretamente relacionados com a atividade da empresa, poderão ser deduzidos a título

de despesas com propaganda, para efeitos do lucro real (RIR/1999, art. 299, PN CST

nº 15, de 1976, e Solução de Consulta Cosit nº 4, de 2001).

• Provisões

A partir de 1o/01/1996, a legislação do imposto de renda somente autoriza a constitui-

ção, como custo ou despesa operacional, das seguintes provisões (Lei no 9.249, de

1995, art. 13, I, e RIR/1999, art. 335):

1. provisões constituídas para o pagamento de férias de empregados (RIR/1999,

art. 337);

2. provisões para o pagamento de décimo-terceiro salário (RIR/1999, art. 338);

3. provisões técnicas das companhias de seguro e de capitalização, bem como

das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida em lei espe-

cial a elas aplicável (RIR/1999, art. 336);

NOTA:

Até 31/12/1996 foi ainda permitida a dedução da provisão para créditos de liquidação

duvidosa, prevista no art. 43 da Lei no 8.981, de 1995 (com as alterações da Lei no

9.065, 1995, e Lei no 9.249, de 1995, art. 13, I), cuja possibilidade de constituição foi

inteiramente revogada a partir de 1o/01/1997 por intermédio da Lei no 9.430, de 1996,

art. 14.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 18

Na determinação do lucro real, somente poderão ser deduzidas as provisões expres-

samente autorizadas pela legislação tributária (RIR/1999, art. 335).

Além daquelas expressamente previstas na legislação do imposto de renda (Lei no

9.249, de 1995, art. 13, I, e Lei no 9.430, de 1996, art. 14), a pessoa jurídica poderá

continuar a constituir contabilmente as provisões que entenda serem necessárias à

sua atividade ou aos seus interesses sociais. Todavia, na hipótese de a provisão cons-

tituída na contabilidade ser considerada indedutível para fins da legislação do imposto

de renda, a pessoa jurídica deverá efetuar no Lalur – parte A, a adição do respectivo

valor ao lucro líquido do período, para a apuração do lucro real. No período em que a

provisão for revertida contabilmente, ela poderá ser excluída do lucro líquido para fins

de determinação do lucro real.

• Despesas com veículos

As despesas com combustíveis e manutenção de veículos lançados no ativo imobili-

zado, por presunção legal, são necessárias à atividade. Em caso de impugnação, o

ônus da prova cabe ao fisco, o que torna praticamente impossível uma autuação. O

ônus da prova se inverte no caso de despesas com veículos de empregados, diretores

ou sócios da pessoa jurídica. A produção da prova da utilização dos veículos a serviço

da empresa depende muito da atividade.

As despesas de combustíveis e de manutenção de veículos de propriedade de empre-

gado, paga pelo empregador como ressarcimento pelo uso no trabalho, desde que

exigido pelas atividades usuais ou normais desenvolvidas pela empresa, são admiti-

das como operacionais. Se não restar comprovado que os veículos dos sócios estive-

ram a serviço da empresa, as despesas com combustíveis dos mesmos serão indedu-

tíveis.

• Despesas com viagens

O PN 10, de 17/08/92, ao analisar o disposto no art. 6º da Lei 7.713/88, definiu que as

despesas com diárias pagas pelas pessoas jurídicas aos seus empregados poderão

ser deduzidas na determinação do lucro real, desde que os valores pagos guardem

critérios de razoabilidade, não só em relação aos preços vigentes no local da presta-

ção do serviço, como também em relação à estrutura de cargos e salários da pessoa

jurídica.

Os pagamentos feitos a vendedores a título de reembolso de despesas de viagens só

serão dedutíveis à vista dos comprovantes dos gastos realizados pelos beneficiários

desses rendimentos.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 19

A dedutibilidade, como despesa operacional, dos gastos de viagens ao exterior, feitas

por funcionários e diretores da empresa, depende da finalidade da viagem. São dedu-

tíveis, por exemplo, as idas de um diretor ao exterior quando comprovadamente volta-

das para a realização de contatos com vistas à ampliação das exportações da empre-

sa e/ou aquisições de know how (tecnologia mais avançada de produção).

4 – CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO

Todas as pessoas jurídicas domiciliadas no País e as que lhes são equiparadas pela

legislação do imposto sobre a renda são contribuintes da CSLL.

Base de Cálculo

A CSLL será determinada mediante a aplicação da alíquota de 9% (nove por cento)

sobre o resultado ajustado, presumido ou arbitrado.

A base de cálculo da CSLL é o lucro líquido do período de apuração antes da provisão

para o IRPJ, ajustado por:

Adições, tais como:

• o valor de qualquer provisão, exceto as para o pagamento de férias e 13º salário

de empregados, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitali-

zação, das entidades de previdência complementar e das operadoras de planos de

assistência à saúde, quando constituídas por exigência da legislação especial a

elas aplicável;

• o valor da contrapartida da reavaliação de quaisquer bens, no montante do aumen-

to do valor dos bens reavaliados que tenha sido efetivamente realizado no período

de apuração, se não computado em conta de resultado (Lei nº 8.034, de 1990, art.

2º);

• o ajuste por diminuição do valor dos investimentos no Brasil avaliados pelo patri-

mônio líquido (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

• a parcela dos lucros, anteriormente excluídos, de contratos de construção por em-

preitada ou de fornecimento, a preço predeterminado, de bens ou serviços, cele-

brados com pessoa jurídica de direito público ou empresa sob o seu controle, em-

presa pública, sociedade de economia mista ou sua subsidiária, recebida no perío-

do de apuração, inclusive mediante resgate ou alienação sob qualquer forma de tí-

tulos públicos ou Certificados de Securitização, emitidos especificamente para qui-

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 20

tação desses créditos, observado o disposto em normas específicas (Lei nº 8.003,

de 1990, art. 3º);

• a parcela da reserva especial, mesmo que incorporada ao capital, proporcional-

mente à realização dos bens ou direitos mediante alienação, depreciação, amorti-

zação, exaustão ou baixa a qualquer título (Lei nº 8.200, de 1991, art. 2º);

• os juros sobre o capital próprio, em relação aos valores excedentes aos limites de

dedução estabelecidos na legislação;

• as despesas não dedutíveis (Lei nº 9.249, de 1995, art.13);

Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995

Art. 13. Para efeito de apuração do lucro real e da base de cálculo da contribuição social sobre o lucro

líquido, são vedadas as seguintes deduções, independentemente do disposto no art. 47 da Lei nº 4.506,

de 30 de novembro de 1964:

I - de qualquer provisão, exceto as constituídas para o pagamento de férias de empregados e de décimo-

terceiro salário, a de que trata o art. 43 da Lei nº 8.981, de 20 de janeiro de 1995, com as alterações da

Lei nº 9.065, de 20 de junho de 1995, e as provisões técnicas das companhias de seguro e de capitaliza-

ção, bem como das entidades de previdência privada, cuja constituição é exigida pela legislação especial

a elas aplicável;

II - das contraprestações de arrendamento mercantil e do aluguel de bens móveis ou imóveis, exceto

quando relacionados intrinsecamente com a produção ou comercialização dos bens e serviços;

III - de despesas de depreciação, amortização, manutenção, reparo, conservação, impostos, taxas, segu-

ros e quaisquer outros gastos com bens móveis ou imóveis, exceto se intrinsecamente relacionados com

a produção ou comercialização dos bens e serviços;

IV - das despesas com alimentação de sócios, acionistas e administradores;

V - das contribuições não compulsórias, exceto as destinadas a custear seguros e planos de saúde, e

benefícios complementares assemelhados aos da previdência social, instituídos em favor dos emprega-

dos e dirigentes da pessoa jurídica;

VI - das doações, exceto as referidas no § 2º;

VII - das despesas com brindes.

§ 1º Admitir-se-ão como dedutíveis as despesas com alimentação fornecida pela pessoa jurídica, indistin-

tamente, a todos os seus empregados.

§ 2º Poderão ser deduzidas as seguintes doações:

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 21

I - as de que trata a Lei nº 8.313, de 23 de dezembro de 1991 (Pronac – Programa Nacional de Apoio à

Cultura);

II - as efetuadas às instituições de ensino e pesquisa cuja criação tenha sido autorizada por lei federal e

que preencham os requisitos dos incisos I e II do art. 213 da Constituição Federal, até o limite de um e

meio por cento do lucro operacional, antes de computada a sua dedução e a de que trata o inciso se-

guinte;

III - as doações, até o limite de dois por cento do lucro operacional da pessoa jurídica, antes de computa-

da a sua dedução, efetuadas a entidades civis, legalmente constituídas no Brasil, sem fins lucrativos, que

prestem serviços gratuitos em benefício de empregados da pessoa jurídica doadora, e respectivos de-

pendentes, ou em benefício da comunidade onde atuem, observadas as seguintes regras:

a) as doações, quando em dinheiro, serão feitas mediante crédito em conta corrente bancária direta-

mente em nome da entidade beneficiária;

b) a pessoa jurídica doadora manterá em arquivo, à disposição da fiscalização, declaração, segundo

modelo aprovado pela Secretaria da Receita Federal, fornecida pela entidade beneficiária, em que esta

se compromete a aplicar integralmente os recursos recebidos na realização de seus objetivos sociais,

com identificação da pessoa física responsável pelo seu cumprimento, e a não distribuir lucros, bonifica-

ções ou vantagens a dirigentes, mantenedores ou associados, sob nenhuma forma ou pretexto;

c) a entidade civil beneficiária deverá ser reconhecida de utilidade pública por ato formal de órgão com-

petente da União.

• os prejuízos e perdas incorridos no exterior e computados no resultado (MP nº

1.991-16, de 2000, art. 21);

• os valores excedentes aos limites estabelecidos para o Preço de Transferência

(Lei nº 9.430, de 19/96, arts. 18 a 24, e IN SRF nº 243, de 2002);

• o valor dos lucros distribuídos disfarçadamente (Lei nº 9.532, de 1997, art. 60);

• os lucros auferidos no exterior, por intermédio de filiais, sucursais, controladas ou

coligadas, que tiverem sido disponibilizados para a pessoa jurídica domiciliada no

Brasil no curso do ano-calendário (Lei nº 9.532, de 1997, art. 1º, § 1º; Lei nº 9.959,

de 2000, art. 3º; MP nº1.991-15, de 2000, art. 35, e reedições; MP nº 2.158-35, de

2001, art. 74);

Exclusões, tais como:

• o valor da reversão dos saldos das provisões não dedutíveis, baixadas no período

de apuração, seja por utilização da provisão ou por reversão, e anteriormente adi-

cionadas (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 22

• os lucros e dividendos de investimentos no Brasil avaliados pelo custo de aquisi-

ção, que tenham sido computados como receita (Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

• o ajuste por aumento no valor de investimentos avaliados pelo patrimônio líquido

(Lei nº 8.034, de 1990, art. 2º);

• a parcela dos lucros de contratos de construção por empreitada ou de fornecimen-

to, a preço predeterminado, de bens ou serviços, celebrados com pessoa jurídica

de direito público ou empresa sob o seu controle, empresa pública, sociedade de

economia mista ou sua subsidiária, computada no lucro líquido, proporcional à re-

ceita dessas operações considerada nesse resultado e não recebida até a data do

balanço de encerramento do período de apuração, inclusive quando quitados me-

diante recebimento de títulos públicos ou Certificados de Securitização, emitidos

especificamente para essa finalidade, observado o disposto em normas específi-

cas (Lei nº 8.003, de 1990, art. 3º e ADN CST nº 5, de 1991);

• o valor das variações monetárias ativas das obrigações e direitos de crédito, em

função das taxas de câmbio, ainda não liquidados, tendo havido a opção pelo seu

reconhecimento quando da correspondente liquidação (MP nº 1.858-10, de 1999,

art. 30);

• o valor das variações monetárias passivas das obrigações e direitos de crédito, em

função das taxas de câmbio, quando da correspondente liquidação, tendo havido a

opção pelo seu reconhecimento nesse momento; (MP nº 1.858-10, de 1999, art.

30).

Não integram a base de cálculo estimada da CSLL:

• as recuperações de créditos que não representem ingressos de novas receitas;

• a reversão de saldo de provisões anteriormente constituídas;

• os lucros e dividendos decorrentes de participações societárias avaliadas pelo cus-

to de aquisição e a contrapartida do ajuste por aumento do valor de investimentos

avaliados pelo método da equivalência patrimonial;

• os impostos não cumulativos cobrados destacadamente do comprador ou contra-

tante, além do preço do bem ou serviço, e dos quais o vendedor dos bens ou o

prestador dos serviços seja mero depositário;

• os juros sobre o capital próprio auferidos.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 23

Alíquotas

A partir de 01/09/2003, o percentual da receita bruta a ser considerado para efeito de

determinação da base de cálculo estimada da CSLL é de 32 % (trinta e dois por cen-

to), para as atividades de (Lei nº 10.684, de 2003, art. 22):

1. prestação de serviços em geral, exceto a de serviços hospitalares;

2. intermediação de negócios;

3. administração, locação ou cessão de bens imóveis, móveis e direitos de qualquer

natureza;

4. prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, mercadológi-

ca, gestão de crédito, seleção de riscos, administração de contas a pagar e a re-

ceber, compra de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou

de prestação de serviços - factoring (Lei nº 10.684, de 2003, art. 22).

Optando por suspender ou reduzir a CSLL devida mensalmente, mediante levanta-

mento de balanço ou balancete de suspensão ou redução, a pessoa jurídica pagará a

CSLL relativa ao período em curso com base nesse balanço ou balancete, podendo:

1. suspender o pagamento da CSLL, desde que demonstre que o valor da CSLL de-

vida, calculado com base no resultado ajustado do período em curso, é igual ou in-

ferior à soma da CSLL devida, correspondente aos meses do mesmo ano-

calendário, anteriores àquele em que se desejar suspender o pagamento;

2. reduzir o valor da CSLL ao montante correspondente à diferença positiva entre a

CSLL devida no período em curso, e a soma da CSLL devida, correspondente aos

meses do mesmo ano-calendário, anteriores àquele em que se desejar reduzir o

pagamento.

NOTAS:

1. A pessoa jurídica não poderá compensar sua própria base de cálculo negativa da

CSLL se, entre as datas da apuração e da compensação houver ocorrido, cumula-

tivamente, modificação de seu controle societário e do ramo de atividade.

2. A pessoa jurídica sucessora por incorporação, fusão ou cisão não poderá compen-

sar bases de cálculo negativas da CSLL da sucedida.

3. Excepcionalmente, no caso de cisão parcial, a pessoa jurídica cindida poderá

compensar as suas próprias bases de cálculo negativas, proporcionalmente à par-

cela remanescente do patrimônio líquido.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 24

4. A base de cálculo negativa da CSLL apurada por SCP somente poderá ser com-

pensada com o resultado ajustado positivo decorrente da mesma SCP.

Caso a pessoa jurídica optante pela apuração da CSLL com base no resultado presu-

mido retorne ao regime de incidência pelo resultado ajustado, o saldo de bases de

cálculo negativas remanescente deste regime, e não utilizado, poderá vir a ser com-

pensado, observados os prazos e normas pertinentes à compensação.

5 – COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS E DA BASE NEGATIVA DA CSLL

A partir de 01-01-96, a compensação do prejuízo fiscal e da base negativa da contribu-

ição social sobre o lucro estão disciplinadas, respectivamente, pelos arts. 15 e 16 da

Lei n° 9.065/95. Em ambas as compensações a base de cálculo dos tributos não po-

derá ser reduzida em mais de 30%. No caso de imposto de renda, se o lucro real an-

tes da compensação for de R$ 100.000, a compensação de prejuízo fiscal não poderá

exceder R$ 30.000.

Em relação aos prejuízos fiscais e às bases negativas da CSL de anos-calendário an-

teriores não há diferença entre o lucro real mensal e o balanço ou balancete de sus-

pensão ou redução de pagamento. Ambas as formas de apuração terão que observar

o limite de 30% na compensação. A diferença surge nos prejuízos fiscais do ano-

calendário em curso.

A pessoa jurídica que paga o imposto de renda com base no lucro real trimestral se

apurou prejuízo fiscal no mês de março, a compensação com lucro real dos trimestres

seguintes não poderá reduzir o lucro em mais de 30%.

A pessoa jurídica que paga mensalmente o imposto de renda pelo cálculo estimado,

no balanço ou balancete de suspensão ou no balanço anual em 31 dezembro, poderá

compensar integralmente os prejuízos fiscais e as bases negativas da CSL de deter-

minados meses do ano-calendário com os lucros de outros meses do mesmo ano.

6 – DEDUÇÕES PERMITIDAS

Os incentivos fiscais dedutíveis do imposto de renda devido pelas pessoas jurídicas

foram alterados pela Lei 9.532/97 e Medida Provisória nº2.189-49/01, com vigência a

partir de 01/01/1998. O art. 10 da Lei 9.53/97 dispõe que do imposto apurado com

base no lucro arbitrado ou no lucro presumido não será permitida qualquer dedução a

título de incentivo fiscal. Com isso, os incentivos fiscais dedutíveis do imposto de ren-

da só poderão ser utilizados pelas empresas tributadas pelo lucro real.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 25

Os limites individuais e globais de dedução do imposto de renda devido pelas empre-

sas tributadas com base no lucro real sofreram reduções. A partir de 01/01/1998 foi

extinta a dedução do incentivo fiscal a título de Vale Transporte, mantida a dedução

dos pagamentos como despesas operacionais.

Há incentivos fiscais que podem ser deduzidos dos pagamentos mensais obrigatórios,

enquanto outros somente têm permissão para ser deduzidos na declaração de rendi-

mentos:

I – Dedutíveis nos pagamentos mensais ou na declaração:

a) PAT – Programa de Alimentação do Trabalhador;

b) Doação para fundo da criança;

c) Atividade cultural;

d) Atividade audiovisual.

II – Dedutíveis na declaração anual:

a) PDTI – Programa de Desenvolvimento Tecnológico para a Indústria;

b) PDTA – Programa de Desenvolvimento Tecnológico para a Agricultura.

Os arts. 5º e 6º da Lei 9.532/97, com a redação dada pelo art. 10 da Medida Provisória

2.189-49/01 alteraram os limites individuais e globais das deduções de incentivos fis-

cais, como segue:

I – Dedução isolada limitada a 4%:

• PAT – Lei 6.321/76

• Cultura – Lei 8.313/91

• PDTI e PDTA – Lei 8.661/93

II – Dedução global limitada a 4%:

• 1º Grupo:

o PAT – Lei 6.321/76

o PDTI e PDTA – Lei 8.661/93

• 2º Grupo:

o Cultura – Lei 8.313/91

o Audiovisual – Lei 8.685/93

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 26

A dedução global ficou dividida em dois grupos. Com isso, a empresa poderá, por e-

xemplo, deduzir do imposto devido no mês ou na declaração 4% do incentivo fiscal de

PAT e mais 4% do incentivo da atividade cultural ou 3% de audiovisual e ainda os ou-

tros incentivos que não estão nos limites globais, tais como doação para fundo da cri-

ança. Continuam em vigor os limites individuais de dedução dos seguintes incentivos

fiscais:

a) Audiovisual – 3% fixado peal Lei 9.323/96;

b) Fundo da criança – 1% fixado pelo Decreto 794/93.

DETALHAMENTO DAS DEDUÇÕES PERMITIDAS

I) BENEFÍCIOS FISCAIS DO PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO DO TRABALHADOR

(PAT)

É permitido às pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deduzir do Imposto

de Renda devido, a título de incentivo fiscal, entre outros, o valor correspondente á

aplicação da alíquota do imposto sobre a soma das despesas de custeio realizadas no

período em Programas de Alimentação do Trabalhador (PAT).

FORMAS DE EXECUÇÃO DO PAT

Para a execução do PAT, a pessoa jurídica beneficiária poderá:

1) manter serviço próprio de refeições;

2) distribuir alimentos, inclusive não preparados (cestas básicas) e

3) firmar convênios com entidades que forneçam ou prestem serviços de alimentação

coletiva, desde que essas entidades sejam credenciadas pelo Programa e se obri-

guem a cumprir o disposto na legislação do PAT e na Portaria SIT 3/2002, condição

que deverá constar expressamente do texto do convênio entre as partes interessadas.

FORNECIMENTO DE CESTA BÁSICA

Independentemente da existência de Programa de Alimentação do Trabalhador os

gastos com a aquisição de cestas básicas, distribuídas indistintamente a todos os em-

pregados da pessoa jurídica, são dedutíveis do lucro liquido, para fins de de-

terminação do lucro real e da base de cálculo da Contribuição Social sobre o Lucro (IN

SRF 11/96, art. 27, parágrafo único).

INEXISTÊNCIA DE REFLEXOS NA REMUNERAÇÃO DO TRABALHADOR

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 27

É importante ressaltar que no PAT previamente aprovado pelo Ministério do Trabalho,

a parcela paga in natura pela empresa não tem natureza salarial, não se incorpora á

remuneração para quaisquer efeitos, não constitui base de incidência de contribuição

previdenciária ou do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nem se configu-

ra como rendimento tributável do trabalhador (art. 6 do Decreto 05/1991).

FORMA DE APROVEITAMENTO DO INCENTIVO

Observados os critérios normativos, a pessoa jurídica pode deduzir do Imposto de

Renda devido com base no lucro real o valor equivalente á aplicação da alíquota cabí-

vel do Imposto de Renda sobre a soma das despesas de custeio realizadas na execu-

ção do PAT, diminuída a participação dos empregados no custo das refeições.

Portanto, a dedução se dá “em dobro”:

1) uma vez, via contabilidade, sobre o valor liquido dos gastos a título de despesa com

o PAT, ressaltando-se que essa dedução não tem limites;

2) a segunda vez, pela dedução direta do imposto, obedecidos os limites normativos.

CUSTEIO EM COMUM COM OUTRA EMPRESA

A pessoa jurídica que custear em comum com outra pessoa jurídica as despesas para

a execução do Programa de Alimentação do Trabalhador poderá beneficiar-se do in-

centivo fiscal, porém, apurando-se o valor do incentivo pelo critério de rateio. (art. 5 do

Decreto 05/1991).

DESPESAS DE CUSTEIO ADMITIDAS NA BASE DE CÁLCULO DO INCENTIVO

As despesas de custeio admitidas na base de cálculo do incentivo são aquelas que

vierem a constituir o custeio direto e exclusivo do serviço de alimentação, podendo ser

considerados, além da matéria-prima, mão-de-obra, encargos decorrentes de salários,

asseio e os gastos de energia diretamente relacionados com o preparo e a distribuição

das refeições.

TRATAMENTO CONTÁBIL DOS GASTOS COM O PROGRAMA

A pessoa jurídica deve destacar contabilmente, com subtítulos por natureza de gastos,

as despesas constantes do Programa de Alimentação do Trabalhador (art. 7 do Decre-

to 05/1991).

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 28

LIMITES DE DEDUÇÃO DO IMPOSTO

Desde 01.01.1998, a dedução direta no imposto, relativa ao incentivo ao PAT, fica

limitada a 4% (QUATRO POR CENTO), do Imposto de Renda (sem a inclusão do adi-

cional).

Além disso, a dedução fica limitada a 4% do imposto devido (também sem a inclusão

do adicional), se for pleiteada em conjunto com o incentivo relativo a Programas de

Desenvolvimento Tecnológico Industrial/Agropecuário (PDTI/PDTA).

DEDUÇÃO DO IMPOSTO DEVIDO POR ESTIMATIVA OU COM BASE NO LUCRO

REAL DEFINITIVO

Observados os limites supracitados e os demais requisitos normativos, o valor do in-

centivo ao PAT pode ser deduzido do valor do imposto:

1) devido mensalmente por estimativa, ainda que calculado com base em balan-

ços/balancetes de suspensão ou redução do imposto mensal;

2) apurado com base no lucro real anual ou trimestral.

PARCELA QUE EXCEDER O LIMITE - APROVEITAMENTO

A dedução do incentivo ao PAT, como já mencionado, está limitada a 4% do imposto

devido, mas o eventual excesso pode ser utilizado para dedução nos dois anos-

calendário subsequentes com observância dos limites admitidos.

Para efeito de pagamento mensal do imposto por estimativa, a parcela do incentivo

excedente em cada mês pode ser utilizada nos meses subsequentes, do mesmo ano-

calendário, observados os limites normativos.

PARTICIPAÇÃO DO TRABALHADOR NO CUSTO DIRETO DA REFEIÇÃO

A participação do trabalhador no PAT é limitada a 20% (vinte por cento) do custo dire-

to da refeição.

Bases: parágrafo 2o do artigo 585 do Regulamento IR/99 e art. 4 da Portaria SIT

3/2002.

LIMITE DE CUSTO DE REFEIÇÃO DEDUTÍVEL DO IMPOSTO DE RENDA

Para efeito de utilização do incentivo fiscal a Programas de Alimentação do Trabalha-

dor (PAT), a IN SRF 16/92 fixou o custo máximo por refeição em 3,00 UFIR e dispôs,

ainda, que o valor do incentivo fiscal por refeição dedutível do Imposto de Renda deve

ser calculado mediante a aplicação da alíquota do imposto sobre 2,40 UFIR.

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Contabilidade Tributária 29

Considerando-se que, de acordo com o art. 30 da Lei 9.249/1995, a partir de

01.01.1996 os valores constantes da legislação tributária, expressos em quantidade de

UFIR, foram convertidos em reais pelo valor da UFIR em 01.01.1996 (R$ 0,8287), te-

mos, então, os seguintes limites em reais:

· Custo máximo por refeição R$ 2,49

· Base do incentivo: R$ 1,99 por refeição

Aplicando-se sobre a base do incentivo (R$ 1,99) a alíquota do Imposto de Renda

(15%), encontra-se o limite dedutível por refeição (R$ 0,2985).

CÁLCULO DO INCENTIVO

O incentivo ao PAT que será deduzido diretamente do IRPJ, corresponderá ao menor

dos seguintes valores:

1) aplicação da alíquota de 15% sobre a soma das despesas de custeio realizadas

com o PAT;

2) R$ 0,2985 (15% de R$ 1,99), multiplicado pelo número de refeições fornecidas no

período.

II) LEI DO AUDIOVIDUAL

1 - FUNDAMENTAÇÃO LEGAL

Criado pela Lei 8.685, de 20.07.93

Regulamentação através do Decreto nº 974, de 08.11.93

Limite para Pessoa Jurídica deduzir do Imposto de Renda alterado de 1% para 3%

através da MP nº 1.515, de 15.08.96.

2 - INCENTIVO

Até o Exercício Financeiro do ano de 2003, período-base de 2002, os contribuintes do

Imposto de Renda (Pessoas Jurídicas ou Físicas) poderão deduzir do imposto devido

os valores dispendidos em Certificados de Investimentos de obras audiovisuais incen-

tivadas.

(Fundamentação legal : Lei 8.685/93, art. 1o, Decreto no 974/93, art. 1o e

Decreto nº 8.041/94 (RIR-94 art. 495).

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Contabilidade Tributária 30

3 - DEFINIÇÃO DE OBRA AUDIOVISUAL SEGUNDO A LEI Nº 8.401/92 , ART. 2o , I

Obra audiovisual é aquela resultante da fixação de imagens, com ou sem som, que

tenha a finalidade de criar, por meio de sua reprodução, a impressão de movimento,

independentemente dos processos de sua captação, do suporte usado inicial ou pos-

teriormente para fixá-las, bem como dos meios utilizados para sua veiculação.

4 - DEDUÇÕES E ABATIMENTOS

A - Pessoa Física

Deduzir na declaração de ajuste anual até o limite de 3% do imposto devido (Lei

8.685/93, art. 1o, parágrafo 2o).

B - Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real

Deduzir o total do investimento efetuado como despesa operacional dedutível (Lei

8.685/93, art. 1o, parágrafo 4o).

Deduzirá o total do investimento efetuado do imposto devido (alíquota normal), mas, a

respectiva dedução não poderá ultrapassar 3% (três por cento) do imposto de renda

devido à alíquota normal de 15% (Medida Provisória nº 1.515/96, art. 1º)

C - Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Presumido

A pessoa jurídica tributada com base no lucro presumido poderá deduzir do imposto

devido, na declaração de rendimentos, os valores relativos aos investimentos feitos

em Atividade Audiovisual, também respeitando o limite de 3% do imposto de renda

devido à alíquota normal de 15%.

5 - ABATIMENTO DO INVESTIMENTO EM CERTIFICADO DE INVESTIMENTO DE

OBRA AUDIOVISUAL NA PARCELA DE ANTECIPAÇÃO MENSAL DO IMPOSTO DE

RENDA

A - Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real Mensal

Tendo em vista que neste sistema não há que se falar em antecipação mensal do im-

posto de renda, pois, a rigor, a pessoa jurídica tem um período-base mensal, reco-

lhendo o imposto de renda apurado de forma definitiva, deverá, mensalmente, respei-

tar o limite de 3% (três por cento). (Art. 2o, parágrafo 2o da IN SRF nº 56/94, redação

alterada pelo art. 1o da IN SRF nº 62/95).

Convém lembrar, ainda, que o investimento em Certificado Audiovisual deverá ser

efetuado mês a mês.

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Contabilidade Tributária 31

B - Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real, recolhendo o imposto mensal pelo mé-

todo de Estimativa

Primeiramente há de se ressaltar que o período-base neste sistema é de Janeiro a

Dezembro de cada ano civil (Lei 8.541/92, art. 25 e art. 181 do Decreto nº 1.041/94 -

RIR/94).

Por outro lado, a Medida Provisória nº 1.515/96, em seu art. 3a e parágrafos, dispõe :

"Art. 3a - A partir da publicação desta Medida Provisória, a pessoa jurídica poderá efe-

tuar a dedução de que trata o art. 1o nos recolhimentos mensais do imposto de renda e

no saldo do imposto apurado na declaração de ajuste anual.

Parágrafo 1o - Se o valor do incentivo deduzido durante o período-base for superior ao

calculado com base no imposto devido na declaração de ajuste anual, a diferença de-

verá ser recolhida no mesmo prazo fixado para o pagamento da quota única do impos-

to de renda.

Parágrafo 2o - Sobre o recolhimento de que trata o parágrafo anterior será observada a

legislação tributária pertinente.

Com base no exposto, entendemos que a melhor conclusão a ser colocada é :

a) A Pessoa Jurídica, que utilizar o método de balancete para calcular a antecipação

mensal do imposto de renda, poderá deduzir o valor correspondente ao investimento

efetuado em Certificado Audiovisual, porém, sempre deverá respeitar o limite de 3%

do imposto de renda devido à alíquota normal.

Pode ocorrer que, no final do período-base, a empresa obtenha um imposto inferior ao

que calculou e contribuiu com base nas antecipações; neste caso específico, o valor

deduzido a título de incentivo que superar o limite de 3% (três por cento) do imposto

anual deverá ser recolhido em 31 de janeiro do ano civil subseqüente caso a empresa

apure sua antecipação correspondente ao mês de dezembro com base em balancete.

b) Quanto à Pessoa Jurídica que utiliza o método de receita bruta, para calcular a an-

tecipação mensal do imposto de renda, o procedimento é idêntico ao descrito no item

"a" retro, porém eventual diferença deduzida a maior durante o período-base deverá

ser recolhida em 31 de março do ano civil subseqüente ao mesmo, que é o prazo para

entrega da declaração de ajuste e recolhimento da parcela única do imposto de renda.

Também o fisco entende que a dedução mensal está limitada a 3% do imposto devido

mês a mês da alíquota normal.

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Contabilidade Tributária 32

Convém frisar, ainda, com base na Instrução Normativa nº 62/95, que o investimento

em Certificado de Audiovisual, para ser aproveitado na declaração de rendimentos,

deverá ser realizado dentro do período-base; inclusive, é o entendimento firmado pela

Secretaria da Receita Federal em nota MF/SRF/COSIT/COFIR/IRPF nº 392, de

10.10.96, no item 7.

Assim sendo, não prevalece mais a disposição contida na Instrução Normativa do SRF

nº 56/94 na qual a pessoa jurídica, que tenha optado por recolher o imposto por esti-

mativa, poderia efetuar a aplicação até a data de apresentação tempestiva da declara-

ção de rendimentos, sendo nesta realizada a dedução.

C - Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Presumido

A empresa que estiver utilizando o sistema de lucro presumido para apurar e pagar o

seu imposto de renda poderá deduzir nos recolhimentos mensais a importância inves-

tida em Certificado Audiovisual, porém, sempre deverá respeitar o limite de 3% do

imposto devido à alíquota normal.

6 - ALIENAÇÃO DOS CERTIFICADOS DE INVESTIMENTO

Os ganhos auferidos pelos investidores (Pessoa Física ou Jurídica) na alienação dos

Certificados de Investimentos em atividade audiovisual, terão os seguintes tratamen-

tos:

A - Ganho na Alienação por Pessoa Jurídica

De acordo com o art. 5o da Instrução Normativa nº 56/94, os ganhos auferidos na alie-

nação dos Certificados de Investimento estarão sujeitas à tributação definitiva na for-

ma dos arts. 17 (ganho de Capital) ou 29 (ganho líquido em renda variável) da Lei no

8.541/92, quando se tratar de alienante pessoa jurídica.

Como podemos verificar, a Receita Federal está equiparando o ganho em Certificado

de Investimento Audiovisual para efeito de tributação de imposto de renda como sendo

de participação societária.

Por outro lado, a Instrução Normativa nº 02/96, em seu art. 9o, determina expressa-

mente que a partir de 1o de janeiro de 1996 os ganhos líquidos auferidos por qualquer

beneficiário, inclusive pessoa jurídica isenta, em operações realizadas na bolsa de

valores ou fora dela, serão tributados pelo imposto de renda à alíquota de 10% ( dez

por cento).

Porém, há de se ressaltar que não estão sujeitos a tal tratamento os ganhos auferidos

na alienação de participações societárias que permaneceram no ativo da pessoa jurí-

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Contabilidade Tributária 33

dica até o término do ano-calendário seguinte ao de suas aquisições (art. 19, IV, IN

02/96).

O imposto em tela será apurado mensalmente e pago até o último dia útil do mês sub-

seqüente ao da operação de venda (IN SRF nº 02/96, art. 1o, parágrafo 3o), sendo que,

de acordo com o art. 17 da mesma Instrução Normativa, terá o seguinte tratamento :

1) deduzido do apurado no encerramento do período, no caso de pessoa jurídica tribu-

tada com base no lucro real; e

2) definitivo, no caso de pessoa jurídica não tributada com base no lucro real.

Diante do exposto, temos :

a) Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Real

a.1 - Alienação do Certificado até o encerramento do ano-calendário seguinte ao do

Investimento

• Alíquota do IR : 10%

• Base de cálculo : O valor que ultrapassar o de aquisição do certificado

• Prazo de Recolhimento : até o último dia útil do mês subseqüente ao de aliena-

ção

• Responsável pelo Recolhimento: A alienante

• Código de recolhimento: 3317

• Tratamento do Ganho: Receita (outras operacionais), fazendo parte integrante

do Lucro Real da alienante

Tratamento do IR recolhido deduzido do apurado no encerramento do período-base

em que ocorreu a alienação

a.2- Alienação do Certificado após o encerramento do ano-calendário subseqüente ao

do Investimento

• Eventual ganho será contabilizado como ganho não operacional, fazendo parte

integrante do Lucro Real da alienante.

b) Pessoa Jurídica Tributada pelo Lucro Presumido

b.1- Alienação do Certificado até o encerramento do ano-calendário seguinte ao do

Investimento

• Alíquota do IR : 10%

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Contabilidade Tributária 34

• Base de Cálculo : O valor que ultrapassar o de aquisição do Certificado

• Prazo de recolhimento : até o último dia útil do mês subseqüente ao da aliena-

ção.

• Responsável pelo recolhimento: A Alienante

• Código de recolhimento : 3317

• Tratamento do IR Recolhido: Tributação definitiva, não poderá ser compensa-

do.

b.2- Alienação do Certificado após o encerramento do ano calendário subsequente ao

do Investimento

O valor que ultrapassar o de aquisição do certificado será base de cálculo do imposto

de renda à alíquota de 15% mais 10% de adicional incidente sobre o montante que

superar a R$ 20.000,00 (vinte mil reais )por mês.

B - Ganho na Alienação por Pessoa Física

• alíquota do IR : 10%

• Base de Cálculo : O valor que ultrapassar o de aquisição do Certificado

• Prazo de recolhimento : até o último dia útil do mês subseqüente ao da aliena-

ção.

• Responsável pelo Recolhimento : A Alienante

• Código de Recolhimento : 6015

• Tratamento do IR Recolhido : Tributação definitiva, não poderá ser compensa-

do

7 - TRIBUTAÇÃO DOS RENDIMENTOS ORIUNDOS DO CERTIFICADO DE

INVESTIMENTO AUDIOVISUAL

Conforme foi comentado anteriormente, a Receita Federal equiparou o Ganho em Cer-

tificado de Audiovisual, para efeito de Tributação de imposto de renda, como sendo de

participação societária.

A Lei nº 9.249/95, art. 10, determina:

"Art. 10 - Os lucros ou dividendos calculados com base nos resultados apurados a

partir do mês de janeiro de 1996, pagos ou creditados pelas pessoas jurídicas tributa-

das com base no Lucro Real, presumido ou arbitrado, não ficarão sujeitas à incidência

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Contabilidade Tributária 35

do imposto de renda na fonte, nem integrarão a base de cálculo do imposto de renda

do benefício, pessoa física ou jurídica, domiciliada no país ou no Exterior."

O titular do projeto por ser uma pessoa jurídica, tributará o eventual resultado positivo

auferido no projeto audiovisual através do método do lucro real, presumido ou arbitra-

do.

Destarte, com base no exposto, entendemos que o valor dos dividendos oriundos do

Certificado audiovisual não será tributado pelo imposto de renda na fonte, nem integra-

rá a base de cálculo do imposto de renda do beneficiário pessoa física ou jurídica.

8 - CONTABILIZAÇÃO ENVOLVIDA NA OPERAÇÃO DE INVESTIMENTO EM

AUDIOVISUAL

A - Pelo Investidor

* Por ocasião do Investimento

B - Certificado de Investimento em Audiovisual (Ativo Circulante ou Ativo Permanente)

OBS.: Perante a legislação do imposto de renda, o Parecer Normativo CST nº 107/78,

em seu subitem 7.1 entendeu que, no caso de investimento registrado no ativo circu-

lante e não alienado até a data do balanço do exercício seguinte, àquele em que tiver

sido adquirido, tal investimento deverá ser transferido obrigatoriamente para o Ativo

Permanente, subgrupo de Investimento.

C- Banco c/movimento(Ativo Circulante)

Obs.: De acordo com o art. 4º da Lei nº 8.685/93, o contribuinte (Pessoa Jurídica ou

Física) que optar pelo uso do Incentivo do Audiovisual deverá depositar o valor corres-

pondente ao investimento obtido do imposto de renda em conta de aplicação financei-

ra especial no Banco do Brasil S/A, cuja movimentação sujeitar-se-á à prévia compro-

vação junto ao Ministério da Cultura.

O valor investido será deduzido do lucro líquido para efeito de apuração do lucro real

através do LALUR (Livro da Apuração do Lucro Real).

* Por ocasião do desconto do IR

a-Provisão IR (passivo Circulante)

b-Reserva de Incentivo Fiscal (Patrimônio Líquido) R$

* Por ocasião do recebimento de dividendos

a-Banco c/movimento (Ativo Circulante)

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Contabilidade Tributária 36

b-Receita com Dividendos (Conta de Resultado não tributada) R$

* Por ocasião da alienação do Certificado

a-Bancos c/movimento (Ativo Circulante)

b-Resultado na venda de Certificado Audiovisual (Conta Transitória de Resultado) R$

c-Resultado na venda de Certificado Audiovisual

d-Certificado de Investimento em Audiovisual (Ativo Circulante) R$

Obs.: Caso o resultado na venda do certificado de audiovisual seja negativo, a perda

apurada será considerada despesa não dedutível, para efeito de apuração do lucro

real, por força do art. 379 do Decreto nº 1.041/94 (Regulamento do IR).

B- Pelo Titular do Projeto Audiovisual

* Por ocasião do recebimento do valor da venda do Certificado de Investimento

a - Banco do Brasil Conta Especial (Ativo Circulante)

b - Credor por Investimento em Obra Audiovisual "X" (Passivo Exigível a Longo Prazo)

* Por ocasião da Distribuição do Lucro Oriundo do Projeto

a - Lucro Acumulado Projeto "X" (patrimônio líquido)

b - Banco c/movimento (Ativo Circulante)

9 - Simulações e Reflexos Fiscais

A simulação a seguir contém duas situações :

A) Empresa que não utilizou o benefício do incentivo

B) Empresa que utilizou o benefício do incentivo

A B

Lucro Líq. Após C.S. 3.846.154 3.846.154

Provisão IR 937.538 915.913

Lucro Líquido 2.908.616 2.930.241

APURAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA

A B

Lucro Líq. Após C.S. 3.846.154 3.846.154

Exclusões/Lalur

C.I. Audiovisual 0 (17.300)

Lucro Real 3.846.154 3.828.854

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Contabilidade Tributária 37

Alíquota 15% 576.923 574.328

Adicional 10% 360.615 358.885

Incentivo Audiovisual 0 (17.300)

Encargo IR 937.538 915.913

FLUXO DE DESEMBOLSO

A B

C.I. Audiovisual 0 17.300

Provisão IR 937.538 915.913

Total de Desembolso 937.538 933.213

CONCLUSÃO

Fluxo S/ Patroc. (A) 937.538

Fluxo C/ Patroc. (B) 933.213

Ganho Fiscal 4.325

Valor %

C.I. Audiovisual 17.300 100

Ganho Fiscal 4.325 25

3) ATIVIDADES CULTURAIS E ARTÍSTICAS

A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido as quantias efetivamente realiza-

das no período de apuração a título de doações ou patrocínio, tanto mediante contri-

buições ao Fundo Nacional de Cultura (FNC) na forma de doações nos termos do in-

ciso II do art. 5º da Lei 8.313, de 1991, quanto mediante apoio direto a projetos:

I - culturais aprovados na forma da regulamentação do Programa Nacional de Apoio à

Cultura (Pronac) nos termos do inciso II do art. 26 da Lei 8.313, de 1991;

II - relacionados à produção cultural, a que se refere o art. 18, caput e §§ 1º e 3º, da

Lei 8.313, de 1991, nos segmentos de:

a) artes cênicas;

b) livros de valor artístico, literário ou humanístico;

c) música erudita ou instrumental;

d) exposições de artes visuais;

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Contabilidade Tributária 38

e) doações de acervos para bibliotecas públicas, museus, arquivos públicos e cinema-

tecas, bem assim treinamento de pessoal e aquisição de equipamentos para a manu-

tenção desses acervos;

f) produção de obras cinematográficas e videofonográficas de curta e média metra-

gem e preservação e difusão do acervo audiovisual; e

g) preservação do patrimônio cultural material e imaterial.

III - relativos à produção de obras cinematográficas e videofonográficas brasileiras de

longa, média e curta metragens de produção independente, de co-produção de obras

cinematográficas e videofonográficas brasileiras de produção independente, de tele-

filmes, minisséries, documentais, ficcionais, animações e de programas de televisão

de caráter educativo e cultural, brasileiros de produção independente, aprovados pela

Agência Nacional do Cinema (Ancine) nos termos do § 6º do art. 39 da Medida Provi-

sória 2.228-1, de 6 de agosto de 2001, desde que produzidos com os recursos de que

trata o inciso X desse mesmo art. 39.

Saliente-se que o valor das doações ou patrocínios efetuados na forma dos incisos II

e III acima não poderá ser deduzido como despesa operacional.

Saliente-se que, os projetos culturais devem ser previamente aprovados pelo Ministé-

rio da Cultura (MinC), observado o disposto em seus atos baixados para este fim.

Os projetos de que tratam os incisos I e II acima, relacionados a obras cinematográfi-

cas e videofonográficas, devem ser previamente aprovados pelo MinC ou pela Anci-

ne.

A dedução não poderá exceder a 4% do imposto devido e a parcela excedente não

poderá ser deduzida do imposto devido em períodos de apuração posteriores.

Para projetos aprovados nos termos dos arts. 25 e 26 da Lei 8.313, de 1991:

I – 40% do valor das doações; e

II – 30% do valor dos patrocínios.

Sem prejuízo da dedução do imposto devido nos limites acima, a pessoa jurídica po-

derá deduzir integralmente, como despesa operacional, o valor das doações e patro-

cínios.

Para os efeitos o incentivo fiscal deste item, consideram-se:

I - doações: a transferência gratuita em caráter definitivo a pessoa física ou pessoa

jurídica de natureza cultural, sem fins lucrativos, de numerário, bens ou serviços para

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 39

a realização de projetos culturais, vedado o seu uso em publicidade para divulgação

das atividades objeto do respectivo projeto cultural;

II - patrocínios:

a) a transferência gratuita, em caráter definitivo, à pessoa física ou jurídica de nature-

za cultural, com ou sem fins lucrativos, de numerário para a realização de projetos

culturais, com finalidade promocional e institucional de publicidade;

b) a cobertura de gastos ou a utilização de bens móveis ou imóveis do patrimônio do

patrocinador, sem a transferência de domínio, para a realização de projetos culturais

por pessoa física ou jurídica de natureza cultural, com ou sem fins lucrativos.

c) apoio financeiro em favor de projetos de execução de planos plurianuais de ativida-

des culturais

apresentados por entidades culturais de relevantes serviços prestados à cultura na-

cional;

III - beneficiário: a pessoa física ou jurídica de natureza cultural responsável por proje-

tos culturais devidamente aprovados;

IV - incentivadores: os doadores e patrocinadores;

V - pessoa jurídica de natureza cultural, a entidade em cujo estatuto se disponha ex-

pressamente sobre sua finalidade cultural.

Equiparam-se a doações, nos termos do regulamento do Pronac:

I - as despesas realizadas por pessoas jurídicas na aquisição de ingressos para even-

tos de caráter cultural ou artístico para doação a seus empregados e dependentes

legais, devidamente representados pelas respectivas organizações de trabalho na

empresa, objeto de acordo firmado entre as partes e aprovado pela Ancine ou pelo

MinC;

II - as despesas efetuadas por pessoas jurídicas com o objetivo de conservar, preser-

var ou restaurar bens de sua propriedade ou sob sua posse legítima, tombados pelo

Governo Federal, desde que atendidas às seguintes condições:

a) preliminar definição, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (I-

phan), das normas e critérios técnicos que deverão reger os projetos e orçamento de

que trata este inciso;

b) aprovação prévia, pelo Iphan, dos projetos e respectivos orçamentos de execução

de obras;

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Contabilidade Tributária 40

c) posterior certificado, pelo referido órgão, das despesas efetivamente realizadas e

das circunstâncias de terem sido as obras executadas de acordo com os projetos a-

provados.

Para fins de fruição dos benefícios fiscais relativos a atividades culturais e artísticas,

serão considerados no cálculo do incentivo:

I - os recursos financeiros correspondentes a doações ou patrocínios depositados em

conta corrente mantida especialmente para esse fim e de movimentação exclusiva do

responsável pelo projeto cultural em estabelecimento bancário de sua livre escolha;

II - as doações ou patrocínios realizados sob a forma de prestação de serviços ou de

fornecimento de material de consumo previstos como itens de despesas nos respecti-

vos projetos culturais, observados os preços praticados no mercado;

III - o valor correspondente aos bens móveis ou imóveis doados, observando que:

a) o valor dos bens móveis ou imóveis doados pela pessoa jurídica corresponderá:

a.1) se integrante do ativo permanente, ao valor constante de sua escrituração co-

mercial;

a.2) se não integrante do ativo permanente, ao custo de sua aquisição ou produção.

b) quando a doação for efetuada por valor superior ao previsto em “a”, deverá ser a-

purado o ganho de capital com base na legislação vigente.

c) havendo dúvida quanto ao valor declarado, nas hipóteses dos incisos II e V, a An-

cine, o MinC ou a SRF poderá solicitar ao incentivador laudo técnico de avaliação as-

sinado por três peritos.

IV - as despesas realizadas pelo proprietário ou titular de posse legítima de bens tom-

bados pelo Governo Federal, objetivando sua conservação, preservação ou restaura-

ção, observados os §§ 1º a 4º do art. 18 do Decreto 1.494, de 17 de maio de 1995 e

as normas do Iphan;

V - o custo de cessão de bens móveis ou imóveis de propriedade do patrocinador ce-

didos ao responsável pela execução do projeto cultural, observado o disposto na alí-

nea “c”, além do que o custo de cessão de uso de bens móveis ou imóveis deverá ser

calculado com base no valor de mercado dos rendimentos que o proprietário deixar

de receber durante o período de cessão do bem.

As doações ou patrocínios realizados na forma de prestação de serviços ou de forne-

cimento de material de consumo, a que se refere o inciso II desse item:

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Contabilidade Tributária 41

I - serão efetuados a preços de mercado, para fins de dedução do imposto de renda

devido, respeitados os limites legais;

II - não integrarão a receita bruta ou faturamento do doador ou patrocinador na deter-

minação da base de cálculo do IRPJ;

III - computar-se-ão como despesa operacional, limitados ao custo contábil do bem ou

serviço.

Note-se que, a doação e o patrocínio não poderão ser efetuados a pessoa ou institui-

ção vinculada ao doador ou patrocinador.

Consideram-se vinculados ao doador ou patrocinador:

I - a pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja titular, administrador, ge-

rente, acionista ou sócio, na data da operação ou nos 12 meses anteriores;

II - o cônjuge, os parentes até o terceiro grau, inclusive os afins, e os dependentes do

doador ou patrocinador ou dos titulares, administradores, acionistas ou sócios de pes-

soa jurídica vinculada ao doador ou patrocinador, nos termos do inciso I;

III - outra pessoa jurídica da qual o doador ou patrocinador seja sócio.

4) DOAÇÕES PARA FUNDOS DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO

ADOLESCENTE

A pessoa jurídica poderá deduzir do imposto devido em cada período de apuração o

total das doações efetuadas aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente -

nacional, estaduais ou municipais – devidamente comprovadas, vedada a dedução

como despesa operacional.

A dedução está limitada a 1% do imposto devido em cada período de apuração.

Os Conselhos Municipais, Estaduais ou Nacional dos Direitos da Criança e do Ado-

lescente, controladores dos fundos beneficiados pelas doações, deverão emitir com-

provante em favor do doador que especifique o nome, o número de inscrição no Ca-

dastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) do doador, a data e o valor efetivamente

recebido.

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Contabilidade Tributária 42

5) Programas de Desenvolvimento Tecnológico Industrial e Programas de De-

senvolvimento Tecnológico Agropecuário, aprovados após 3 de junho de 1993

As empresas industriais e agropecuárias que executarem Programas de Desenvolvi-

mento Tecnológico Industrial (PDTI) ou Programas de Desenvolvimento Tecnológico

Agropecuário (PDTA) nas condições fixadas em regulamento poderão deduzir do im-

posto devido o valor equivalente à aplicação da alíquota cabível do imposto sobre a

soma dos dispêndios em atividades de pesquisa e de desenvolvimento tecnológico

industrial ou agropecuário, incorridos no período de apuração, classificáveis como

despesas.

A dedução está limitada a 4% do imposto devido em cada período de apuração.

A parcela excedente ao limite poderá ser deduzida do imposto devido em períodos de

apuração posteriores, observado o prazo máximo de dois anos-calendário subse-

qüentes àquele em que ocorreram os gastos.

Não serão admitidos, entre os dispêndios, os pagamentos de assistência técnica, ci-

entífica ou assemelhados e dos royalties por patentes industriais, exceto quando efe-

tuados a instituição de pesquisa constituída no País.

Às empresas citadas acima poderá ser concedido crédito nos percentuais a seguir

indicados do IRRF incidente sobre os valores remetidos ou creditados a beneficiários

residentes ou domiciliados no exterior a título de royalties, de assistência técnica ou

científica e de serviços especializados, previstos em contratos de transferência de

tecnologia averbados nos termos do Código da Propriedade Industrial:

I – 30%, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir de 1º de janeiro

de 1998 até

31 de dezembro de 2003;

II – 20%, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir de 1º de janeiro

de 2004 até

31 de dezembro de 2008;

III – 10%, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir de 1º de janeiro

de 2009 até

31 de dezembro de 2013.

O benefício fica extinto, relativamente aos períodos de apuração encerrados a partir

de 1º de janeiro de 2014.

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 43

A restituição do crédito do IRRF será paga em moeda corrente, a pedido das empre-

sas titulares de PDTI ou PDTA, no prazo de 30 dias contados da data de entrada do

pedido, observadas as demais normas aplicáveis às restituições de tributos e contri-

buições administrados pela SRF.

6) Dedução de Royalties, de Assistência Técnica ou Científica

Poderá ser deduzida, pelas empresas industriais ou agropecuárias de tecnologia de

ponta ou de bens de capital não seriados, como despesa operacional, a soma dos

pagamentos em moeda nacional ou estrangeira efetuados a título de royalties, de as-

sistência técnica ou científica, até o limite de 10% da receita líquida das vendas dos

bens produzidos com a aplicação da tecnologia objeto desses pagamentos, desde

que o PDTI ou o PDTA esteja vinculado à averbação de contrato de transferência de

tecnologia, nos termos do Código da Propriedade Industrial.

Quando não puder ou não quiser valer-se do benefício, a empresa terá direito à dedu-

ção das importâncias pagas a pessoas jurídicas ou físicas domiciliadas no exterior a

título de assistência técnica, científica, administrativa ou semelhante, quer fixas, quer

como percentagem da receita ou do lucro, até o limite de 5% da receita líquida das

vendas do bem produzido com a aplicação da tecnologia objeto desses pagamentos,

caso em que a dedução continuará condicionada à averbação do contrato nos termos

do Código da Propriedade Industrial, desde que atendidos os requisitos estabelecidos

em lei, caso em que a dedução independerá de apresentação de Programas.

Este incentivo fiscal poderão ser concedido:

I - às empresas de desenvolvimento de circuitos integrados;

II - às empresas que, por determinação legal, invistam em pesquisa e desenvolvimen-

to de tecnologia de produção de software, sem que esta seja sua atividade-fim, medi-

ante a criação e manutenção de estrutura de gestão tecnológica permanente ou o es-

tabelecimento de associações entre empresas.

Limites Globais dos Incentivos

Na hipótese de utilização conjunta dos incentivos fiscais previstos neste texto, a pes-

soa jurídica

deverá observar, em cada período de apuração, os seguintes limites globais de dedu-

ção do imposto devido:

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Contabilidade Tributária 44

I - 4% para os PDTI, PDTA aprovados após 03.06.93 e PAT;

II – 4% para atividade cultural ou artística e atividade audiovisual, inclusive os relati-

vos à aquisição

de quotas de Funcines;

III – 8% para os PDTI, aprovados até 03.06.93 e PAT.

O incentivo aos Fundos dos Direitos da Criança e do Adolescente não está submetido

à limitação global, quando utilizado em conjunto com os demais incentivos fiscais.

Pessoas Jurídicas Excluídas do Gozo dos Incentivos

Não poderão gozar dos incentivos do IRPJ:

I - as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro presumido;

II - as pessoas jurídicas tributadas com base no lucro arbitrado;

III - as pessoas jurídicas instaladas em Zona de Processamento de Exportação (ZPE);

IV - as microempresas (ME) e empresas de pequeno porte (EPP), optantes pelo o

Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições das Microempresas e

das Empresas de Pequeno Porte (Simples);

A vedação de que trata o inciso I não se aplica às pessoas jurídicas que optarem pelo

regime de tributação com base no lucro presumido durante o período em que subme-

tidas ao Programa de Recuperação Fiscal (Refis), relativamente aos incentivos de

isenção e redução do imposto.

A entidade aberta ou fechada de previdência complementar, a sociedade seguradora e

o administrador do Fundo de Aposentadoria Programada Individual (Fapi) não poderão

gozar dos incentivos de que trata este texto, relativamente à parcela do resultado apu-

rado pelo regime especial de tributação, de que trata o art. 2º da Medida Provisória

2.222, de 2001

7 – CÁLCULO DO IRPJ E ADICIONAL, E DA CSLL

O cálculo do imposto pelo lucro real implica uma série procedimentos, a saber:

a) Apuração do resultado do exercício do período

b) Adição das despesas e provisões indedutíveis

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Contabilidade Tributária 45

c) Exclusão das receitas não tributáveis e das provisões realizadas, anteriormente

adicionadas

d) Apuração do lucro real do período

e) Compensação dos prejuízos fiscais (se houver), limitado a 30% do lucro real

f) Aplicação da alíquota de 15% sobre o lucro real remanescente

g) Aplicação da alíquota de 10% (adicional do imposto) sobre o lucro real remanes-

cente que exceder a R$240.000 no ano ou 20.000 / mês.

h) Apuração do IRPJ devido (f + g)

i) Aplicação das deduções permitidas

j) Apuração do IRPJ a recolher

k) Compensação com IRPJ / CSLL antecipados

8 – REGISTROS NO LALUR

Todas as pessoas jurídicas contribuintes do imposto de renda com base no lucro real,

inclusive aquelas que espontaneamente optarem por esta forma de apuração, estão

obrigadas à elaboração do LALUR.

O Lalur, cujas folhas são numeradas tipograficamente, terá duas partes, com igual

quantidade de folhas cada uma, reunidas em um só volume encadernado, a saber:

• parte A, destinada aos lançamentos de ajuste do lucro líquido do período (adições,

exclusões e compensações), tendo como fecho a transcrição da demonstração do

lucro real; e

• parte B, destinada exclusivamente ao controle dos valores que não constem da

escrituração comercial, mas que devam influenciar a determinação do lucro real de

períodos futuros.

NOTA:

O Lalur é destinado a registrar valores que, por sua natureza eminentemente fiscal,

não devam constar da escrituração comercial. Assim, não pode ser utilizado para su-

prir deficiências da escrituração comercial (registrar despesas não constantes da escri-

turação comercial ou insuficientemente registradas) (PN CST no 96, de 1978; e PN

CST no 11, de 1979).

Na parte A, a escrituração será em ordem cronológica, folha após folha, sem intervalos

nem entrelinhas, encerrada período a período, com a transcrição da demonstração do

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Contabilidade Tributária 46

lucro real. A escrituração de cada período se completa com a assinatura do responsá-

vel pela pessoa jurídica e de contabilista legalmente habilitado.

Na parte B, utilizando uma folha para cada conta ou fato que requeira controle indivi-

dualizado.

Completada a utilização das páginas destinadas a uma das partes do livro, a outra

parte será encerrada mediante cancelamento das páginas não utilizadas, prosseguin-

do a escrituração, integralmente, em livro subseqüente.

Na parte A do LALUR deverá conter (IN SRF no 28, de 1978):

• os lançamentos de ajuste do lucro líquido do período, que serão feitos com indivi-

dualização e clareza, indicando, quando for o caso, a conta ou sub-conta em que

os valores tenham sido registrados na escrituração comercial (assim como o livro e

a data em que foram efetuados os respectivos lançamentos), ou os valores sobre

os quais a adição ou a exclusão foi calculada, quando se tratar de ajuste que não

tenha registro correspondente na escrituração comercial;

Nota:

O lançamento feito indevidamente será estornado mediante lançamento subtrativo na

própria coluna em que foi lançado, com o valor indicado entre parênteses, de tal forma

que a soma das colunas Adições e Exclusões coincida com o total registrado nos itens

de Adições e Exclusões + Compensações da demonstração do lucro real.

• após o último lançamento de ajuste do lucro líquido do período, necessariamente

na data de encerramento deste (seja trimestral ou anual), será transcrita a de-

monstração do lucro real, que deverá conter:

a. o lucro ou prejuízo líquido constante da escrituração comercial, apurado no período

de incidência;

b. as adições ao lucro líquido, discriminadas item por item, agrupados os valores de

acordo com sua natureza, e a soma das adições;

c. as exclusões do lucro líquido, discriminadas item por item, agrupados os valores

de acordo com sua natureza, e a soma das exclusões;

d. subtotal, obtido pela soma algébrica do lucro ou prejuízo líquido do período com as

adições e exclusões;

e. as compensações que estejam sendo efetivadas no período e cuja soma não po-

derá exceder a 30% (trinta por cento) do valor positivo do item 2.d;

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Lucro Real

Contabilidade Tributária 47

f. o lucro real do período ou o prejuízo do período a compensar em períodos subse-

qüentes.

Na parte B serão mantidos os registros de controle de valores que, pela sua caracte-

rística, integrarão a tributação de períodos subseqüentes, quer como adição, quer co-

mo exclusão ou compensação. Como exemplos (lista não exaustiva) podem ser cita-

dos:

a. adições: receitas de variações cambiais diferidas até o momento de sua realiza-

ção, ressaltando-se que as receitas de variações cambiais apropriadas na contabi-

lidade pelo regime de competência são inicialmente excluídas no Lalur e, quando

realizadas, são adicionadas; receitas de deságios de investimentos avaliados por

equivalência patrimonial diferidos até a realização daqueles investimentos; valores

relativos à depreciação acelerada incentivada; lucro inflacionário apurado até

31/12/1995;

a. exclusões: custos ou despesas não dedutíveis no período de apuração em

decorrência de disposições legais ou contratuais; despesas de variações cambiais

diferidas até o momento de sua realização; despesas de ágios amortizados de inves-

timentos avaliados por equivalência patrimonial diferidos até a realização daqueles

investimentos;

b. compensações: prejuízo fiscal de períodos de apuração anteriores, sejam ope-

racionais ou não operacionais, de períodos anuais, ou trimestrais segundo o regime de

apuração;

Embora não constituam valores a serem excluídos do lucro líquido, mas dedutíveis do

imposto devido, deverão ser mantidos controles dos valores excedentes, a serem utili-

zados no cálculo das deduções nos anos subseqüentes, dos incentivos fiscais com

programas de alimentação do trabalhador (RIR/1999, art. 582; e IN SRF no 28, de

1978).

Segundo o regime de tributação adotado pelo contribuinte, os lançamentos serão efe-

tuados como a seguir:

a. Lucro Real Trimestral: na parte A, os ajustes ao lucro líquido do período se-

rão feitos no curso do trimestre, ou na data de encerramento deste, no momento da

determinação do lucro real. Na parte B, concomitantemente com os lançamentos de

ajustes efetuados na parte A, ou ao final do período de apuração.

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Contabilidade Tributária 48

b. Lucro Real Anual: se forem levantados balanços ou balancetes para fins de

suspensão ou redução do imposto de renda, as adições, exclusões e compensações

computadas na apuração do lucro real, deverão constar, discriminadamente, na parte

A, para elaboração da demonstração do lucro real do período em curso, não cabendo

nenhum registro na parte B. Ao final do exercício com o levantamento do Lucro Real

Anual, deverão ser efetuados todos os ajustes do lucro líquido do período na parte A,

bem como os lançamentos na parte B.

O Lalur poderá ser escriturado mediante a utilização de sistema eletrônico de proces-

samento de dados, observadas as normas baixadas pela Secretaria da Receita Fede-

ral. A escrituração em formulários contínuos, cujas folhas deverão ser numeradas,

obedecerá a ordem seqüencial, mecânica ou tipograficamente, e conterá termos de

abertura e encerramento (RIR/1999, arts. 255 e 263; IN SRF no 68/1995; e Portaria

Cofis no 13, de 1995).

Não há necessidade de apresentar o Lalur juntamente com a DIPJ. Todavia, conside-

ra-se não apoiada em escrituração a declaração entregue sem que estejam lançados

no Lalur os ajustes do lucro líquido, a demonstração do lucro real e os registros cor-

respondentes nas contas de controle.

Em relação aos casos em que há prejuízos, deve-se salientar que existem dois prejuí-

zos distintos: o prejuízo contábil, apurado pela contabilidade na Demonstração de Re-

sultado do Exercício, e o prejuízo fiscal, apurado na demonstração do lucro real.

A absorção do prejuízo contábil segue as determinações da legislação societária, en-

quanto as regras de compensação de prejuízos fiscais são determinadas pela legisla-

ção do imposto de renda.

Logo, o prejuízo compensável para efeito de tributação é o que for apurado na de-

monstração do lucro real de determinado período.

Este prejuízo é o que será registrado na parte B do Lalur, para compensação nos pe-

ríodos subseqüentes (independentemente da compensação ou absorção de prejuízo

contábil). Seu controle será efetuado exclusivamente na parte B do Lalur, com utiliza-

ção de conta (folha) distinta para o prejuízo correspondente a cada período.

A utilização desse prejuízo para compensação com lucro real apurado posteriormente

em períodos de apuração subseqüentes poderá ser efetuada total ou parcialmente,

independentemente de prazo, devendo ser observado apenas em cada período de

apuração de compensação o limite de 30% (trinta por cento) do respectivo lucro líqui-

do ajustado (lucro líquido do período + adições – exclusões), levando-se a débito na

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conta de controle (parte B), o valor utilizado, transferindo-o para a parte A do livro, com

vista a ser computado na demonstração do lucro real, sendo registrado como compen-

sação.

A partir de 01/01/1995, para efeito de determinação do lucro real, o lucro líquido ajus-

tado pelas adições e exclusões previstas ou autorizadas pela legislação do imposto de

renda só poderá ser reduzido em, no máximo, 30% (trinta por cento).

Há distinção entre prejuízos operacionais e não operacionais. A partir de 01/01/1996, o

art. 31 da Lei no 9.249, de 1995, estabeleceu restrições à compensação de prejuízos

não operacionais, os quais somente poderão ser compensados com lucros de mesma

natureza, observando-se o limite legal de compensação (IN SRF no 11, de 1996, art.

36).

No período de apuração correspondente os resultados não-operacionais, positivos ou

negativos, integrarão o lucro real.

NOTA:

Os resultados não-operacionais de todas alienações ocorridas durante o período deve-

rão ser apurados de forma global (IN SRF no 11, de 1996, art. 36, § 3o).