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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANO

MARCELLO CRIVELLAPREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

CÉSAR BENJAMINSECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

JUREMA HOLPERINSUBSECRETARIA DE ENSINO

MARIA DE NAZARETH MACHADO DE BARROS VASCONCELLOSCOORDENADORIA DE EDUCAÇÃO

MARIA DE FÁTIMA CUNHAGERÊNCIA DE ENSINO FUNDAMENTAL

GINA PAULA CAPITÃO MORORGANIZAÇÃO

WELINGTON MARTINS MACHADOELABORAÇÃO

ELISABETE MARTINS FEIO BRANDTLEILA CUNHA DE OLIVEIRAREVISÃO

FÁBIO DA SILVAMARCELO ALVES COELHO JÚNIORDESIGN GRÁFICO

EDIGRÁFICAIMPRESSÃO

» EDI 01.01.801 Parque Alegria» E.M. 09.18.0061 AMAZONAS» E. M. 01.03.502 Canadá» E. M. 01.02.007 Orlando Villas Boas

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 2

Prezado Aluno, Prezada Aluna,

Você está recebendo seu terceiro caderno pedagógico de 2017.Como sempre, o objetivo é que você o utilize, com seus colegas e com o seu Professor, como material de apoio ao

aprimoramento de sua capacidade de leitura e de produção escrita.Neste caderno, nosso foco de atenção se volta para o texto escrito para teatro e poema. O fio que nos conduz é o fio da

imaginação criadora, que leva ao “fingimento” artístico, ao fingimento poético, que falseia, sim, mas que nada tem de falso, nosentido de enganoso, de mentiroso; pelo contrário, ajuda-nos a ver, a entender, a pensar o real, que tanto nos escapa.

Aproveite bem este novo caderno!

“A vida é amiga da arteÉ a parte que o sol me ensinou” (Caetano Veloso, em Força estranha.)

odiario.com

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 3

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama o coração

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

Imaginação – capacidade que possui o espírito de representar imagens;fantasia; a coisa imaginada, criação; invenção; cisma, fantasia; devaneio.(Dicionário MiniAurélio século XXI. Edi. Nova Fronteira).Imaginação reprodutora – capacidade de reproduzir imagens de objetosantes percebidos.Toma suas imagens da percepção e da memória.Imaginação criadora – capacidade de inventar, de criar o novo, decombinar ideias, de formar imagens originais.(www.armazem.literario.nom.br)

Fingimento – invenção, fabulação, fantasia; simulação.(www.dicio.com.br)Fingimento poético – uma forma de criação artística;tradução de emoções e pensamentos em diferenteslinguagens poéticas. (in: Para compreender Fernando Pessoa, deAmélia Pinto Pais. Ed. Claro Enigma).

FORÇA DA IMAGINAÇÃOComposição de Dona Ivone Lara

Força da imaginação, vai láAlém dos pés e do chão, chega lá, O que a mão ainda não tocaCoração um dia alcançaForça da imaginação, vai lá

Quando um poeta compõe mais um sambaEle funda outra cidadeLamentando a sua dor ele faz felicidadeForça da imaginaçãoNa forma da melodiaNão escurece a razãoIlumina o dia a dia

Força da imaginação, vai lá ...

Quando uma escola traz de lá do morroO que no asfalto nem é sonhoAtravessa o coração um entusiasmo medonhoForça da imaginaçãoSe espalhando na avenidaNão pra afirmar a fraquezaMas pra dar mais vida à vida

Força da imaginação, vai lá ...Link : http://www.vagalume.com.br/dona-ivone-lara/forca-da-imaginacao.html#ixzz3egJT7TAD

Apresentamos a você, aqui, dois textos: um, sobre a força da imaginação; outro, sobre o fingimentopoético (ler as caixas abaixo de cada um deles). Leia-os, se possível em voz alta, com todos os seuscolegas. O primeiro, uma letra de canção, pode ser cantado no ritmo da canção (ver link).

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 4

CONTO (NÃO CONTO)Aqui, um território vazio, espaços, um pouco mais que nada. Ou

muito, não se sabe. Mas não há ninguém, é certo. Uma cobra, talvez[...]. Mas o que é uma cobra quando não há nenhum homem por perto?Do alto desta folha, um inseto alça voo, solta zumbidos, talvez de medoda cobra. Mas o que são os zumbidos se não há ninguém para escutá-los? E o que é também o silêncio se não existem ouvidos? [...]

Mas suponhamos que existissem, um dia, esses ouvidos. Umhomem que passasse, por exemplo, com uma carroça e um cavalo.Podemos imaginá-los. [...] Até que um dia veio a cobra e zás: o sangueescorrendo da carne do cavalo. [...]

O carroceiro olha tristemente para o cavalo: somos apenas nós dois aqui neste espaço, mas o cavalo morre. [...] Diga-me, cavalinho: o que sente um cavalo diante da morte?

Diga-me mais, cavalinho: o que é a dor de um homem quando nãohá ninguém por perto? [...]

E agora o homem tinha de puxar ele mesmo a carroça. [...] O homemagora tinha até raiva do cavalo, por ele ter morrido. O homem estavacom vergonha de que o vissem – ele, um ser humano – puxando umacarroça. Mas por que seria indigno de um ser humano puxar umacarroça? Por que não seria indigno também de um cavalo? Ora, umcavalo não liga para essas coisas, vocês respondem. No que têm todarazão. [...]

Depois foram embora o homem e o cavalo. O cavalo, para debaixoda terra[...]. Já o homem foi morrer mais longe. E ficou de novo esteterritório vazio, espaços, um pouco mais que nada. Não sabemos porquanto tempo, pois não existe tempo quando não existem coisas,homens, movimentando-se no espaço.

Mas, subitamente, eis que este território é de novo invadido.Vieram outros homens e máquinas, acenderam fogo, montarambarracas, coisas desse tipo, que os homens fazem. Tudo isso,imaginem, para estender fios em postes de madeira. (Fiostelegráficos, explicamos, embora aqui se desconheçam taisnomes e engenhos). Então o silêncio das noites e dias eraquebrado por um diferente tipo de zumbido. Mas para queservem esses zumbidos, se aqui ninguém escuta, a não serinsetos [...] que já os produzem tão bem? Sim, vocês estãocertos: os zumbidos telegráficos destinavam-se a pessoas maisdistantes, talvez no lugar onde morreu o dono do cavalo. O quenão nos interessa, pois só cuidamos daqui, deste espaço.

[...] Vieram outros homens e roubaram os postes, fios ezumbidos. Agora tudo estava novamente como antes, tudo eranormal: um território vazio, espaços, um pouco mais que nada.Ou muito, não se sabe. Mas não há ninguém, é certo.

Às vezes, porém, aqui é tão monótono que se imagina ver umvulto que se move por detrás dos arbustos. Alguém que passa,agachado? Um fantasma? Mas como, se há soluços? Poracaso soluçam os fantasmas? Mas o fato é que, de repente,escutam-se (ou se acredita escutar) esses lamentos, umaangústia quase silenciosa.

Ah, já sei: um menino, a chorar de medo. Ou talvez ummacaquinho perdido, a chorar de medo. Ah, apenas ummacaquinho, vocês respirem aliviados. Mas quem disse que ador de um macaquinho é mais justa que a dor de um menino?

Revendo um gênero textual narrativo – O CONTO – e desenvolvendo habilidades de leitura

Continua...

Antes de continuar a leitura do conto, tente imaginar o que vai acontecer a seguir!

Você vai ler, a seguir, um conto que apresenta uma estrutura diferente das que vimos nos contos que lemos nocaderno do bimestre passado. Este conto serve como um exemplo da força da imaginação e das palavrasusadas com arte. Leia atentamente.

Imagine um deserto total... Onde não há ninguém, parece que nada se passa, não é? Havendo, porém, um único ser humano a observar, a imaginar,nenhum lugar é totalmente deserto. O conto a seguir é fruto da capacidade humana de sentir, de imaginar e de contar o que nem há para contar. E épreciso haver alguém para escutar, para ler; afinal, como se pergunta o narrador: o que é a dor de um homem quando não há ninguém por perto?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 5

Mas o que estão a imaginar? Isto aqui é apenas um menino – oumacaquinho – de papel e tinta. E depois, se fosse de verdade, omenino poderia morrer mordido pela cobra. Ou então matar a cobra etornar-se um homem. No caso do macaquinho, tornar-se um macacão.[...] Mas não se esqueçam, são todos de papel e tinta: o menino, omacaquinho, a cobra, o homem... E, portanto, não há motivos parasustos.

Pois aqui é somente um território vazio [...] Quase um deserto,onde até os pássaros voam muito alto. Porque depois, em certaocasião, houve uma aridez tão terrível, que os arbustos se queimarame a cobra foi embora, desiludida. No princípio, os insetos sentiram-semuito aliviados, mas logo perceberam como é vazia de emoções avida dos insetos quando não existe uma cobra a persegui-los.

E também se mandaram, no que foram seguidossubterraneamente pelos vermes, que já estavam emagrecendo naausência de cadáveres.

1. Transcreva do primeiro parágrafo

a) a palavra, indicativa de lugar, que permite entender que o personagem fala de um lugar onde ele seencontra: _________.

b) o trecho que permite entender que há uma folha de papel junto ao personagem:_________________________________________

c) as expressões que permitem perceber a oposição de ideias certeza/incerteza, no trecho “Ou muito, nãose sabe. Mas não há ninguém, é certo.”:______________________________

d) a palavra que indica dúvida e é usada repetidas vezes, reforçando a incerteza do narrador: __________

luizberto.com

Na situação inicial do conto, pode-se imaginar a seguinte cena: um escritor, sozinho, em algum lugarsilencioso, caneta ou lápis na mão, tendo à sua frente uma folha de papel em branco, tentando imaginara história que vai escrever. Essa situação está contada no primeiro parágrafo do conto.

Então aqui ficou um território ainda mais vazio, espaços, umpouco mais que nada. Ou muito, não se sabe. Mas não háninguém, é certo. Nem mesmo uma cobra a insinuar-se pelaspedras e pela vegetação. [...]

Mas digam-me: se não há ninguém, como pode alguémcontar esta história? Mas isso não é uma história, amigos. Nãoexiste história onde nada acontece. E uma coisa que não é históriatalvez não precise de alguém para contá-la. Talvez ela se contesozinha.

Mas contar o quê, se não há o que contar? Então está certo:se não há o que contar, não se conta. Ou então se conta o que nãohá para contar.

SANT’ANNA, Sérgio. Contos e novelas reunidos. São Paulo: Companhia dasLetras, 1997.

...continuação

srcanelas.com

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 6

2. A partir da situação inicial, o personagem-escritor passa a imaginar situações que poderiam ocorrer naquele território vazio e seremcontadas. Numere, abaixo, as situações imaginadas, na ordem em que aparecem no conto:

Um homem aparece em uma carroça puxada por um cavalo.

A cobra morde o cavalo e o cavalo morre.

O homem enterra o cavalo e vai embora, puxando ele mesmo sua carroça.

O território fica novamente vazio, após a partida do carroceiro.

Aparecem homens, com máquinas, para instalar postes e estender fios telegráficos.

O território fica invadido por um novo tipo de zumbido: o das ondas telegráficas que são transmitidasatravés dos fios instalados.

Outros homens invadem o espaço e roubam os postes e os fios, deixando o território novamente vazio, livre doszumbidos telegráficos.

Um vulto move-se agachado em algum lugar e ouvem-se soluços, podendo ser um menino ou um macaquinhoperdido, chorando de medo.

Um sério problema climático deixa o território ainda mais vazio.

VAMOS COLORIR? Você pode encher um território vazio, um deserto, decores, por exemplo. Observe o desenho ao lado. Imagine-o colorido. Vocêpode usar sua imaginação, seus lápis de cor e dar mais vida ao desenho,colorindo-o. Pode mesmo acrescentar-lhe outros elementos (um bicho,uma outra planta, um ser humano...). Vamos lá?!

gartic.com.br

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 7

3. A certa altura do conto (11.º parágrafo), o narrador passa a se referir à capacidade de imaginar do leitor e termina recomendando a seus possíveis leitores:

“Mas não se esqueçam, são todos de papel e tinta: o menino, o macaquinho, a cobra, o homem... E, portanto, não hámotivos para sustos.”

a) Por que ele conclui para os leitores que não há motivos para sustos?_____________________________________________________________________________________________

b) Que palavra desse trecho indica tratar-se de uma conclusão? ________________________________________

4. Observe que, no penúltimo parágrafo, o narrador dirige aos leitores uma dúvida: “Mas digam-me: se não há ninguém, como pode alguémcontar esta história?”. A seguir, ele mesmo esclarece essa dúvida.

a) Que expressão indica que ele se dirige aos leitores?__________________________________________________________________________________________

b) O que ele afirma sobre situações em que nada acontece?_____________________________________________________________________________________________

c) O que ele sugere sobre contar uma situação que não é uma história.__________________________________________________________________

d) Que palavra se repete, indicando não se tratar de uma afirmação, mas de uma dúvida?_____________________________________________________________________________________________

5. Transcreva do parágrafo final o trecho que apresenta uma alternativa._____________________________________________________________________________________________

6. Após a leitura do conto como um todo, volte ao primeiro parágrafo e observe como o narrador estabelece uma relação de semelhançaentre a imagem da folha de papel em branco que tem a sua frente para escrever o conto a um território vazio (deserto). Através de qualfigura de linguagem, muito usada como recurso poético, ele expressa essa relação?________________________________________

br.freepik.com

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 8

Vamos voltar à letra de canção, apresentada anteriormente para leitura oral. Observe, na letra de canção, como uma de nossas

grandes compositoras de samba, a carioca Dona Ivone Lara, usa como TEMA a força da imaginação, em um de seus belos sambas.

parqueibirapuera.org

Dona Ivone Lara

FORÇA DA IMAGINAÇÃOComposição de Dona Ivone Lara

Força da imaginação, vai láAlém dos pés e do chão, chega lá, O que a mão ainda não tocaCoração um dia alcançaForça da imaginação, vai lá

Quando um poeta compõe mais um sambaEle funda outra cidadeLamentando a sua dor ele faz felicidadeForça da imaginaçãoNa forma da melodiaNão escurece a razãoIlumina o dia-a-dia

Força da imaginação, vai lá ...

Quando uma escola traz de lá do morroO que no asfalto nem é sonhoAtravessa o coração um entusiasmo medonhoForça da imaginaçãoSe espalhando na avenidaNão pra afirmar a fraquezaMas pra dar mais vida à vida

Força da imaginação, vai lá ...

“Por isso uma força me leva a cantar...”

http://www.vagalume.com.br/dona-ivone-lara/forca-da-imaginacao.html

1.Que palavra aparece repetida na 1.ª estrofe para se referir a esse lugar aonde a força da imaginação nosleva? ________________

2. Que versos da segunda estrofe expressam essa capacidade de criar outra realidade com a força daimaginação? ____________________________________________________________________________

3. Que efeito de sentido tem o uso da palavra “medonho”, no verso “Atravessa o coração um entusiasmomedonho” (3.ª estrofe) ? _____________________________________________________________

4. Transcreva os versos da 3.ª estrofe que expressam uma ANTÍTESE, ou seja, uma oposição entreIMAGINAÇÃO e FALTA DE IMAGINAÇÃO.______________________________________________________________________________________

Fique atentoANTÍTESE é uma figura delinguagem caracterizada pelaapresentação de palavras desentidos opostos, expressandouma ideia de oposição.

Para o eu poético a força da imaginação nos leva além, ou seja, permite-nos criar e expressar “outro mundo”além do mundo real, da realidade sensível, concreta, “além dos pés e do chão” e “do que a mão ainda não toca”.

recantodasletras.com.br

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 9

Fernando Pessoa (1888 – 1935) – Poeta português, é considerado um dos maiores poetas daLíngua Portuguesa e da literatura universal.Ortônimo e heterônimos - Para escrever sua obra poética, Fernando Pessoa desdobrou-se emmúltiplas e diferentes personalidades, fingiu-se outras pessoas. Além do poeta Fernando Pessoa(ele mesmo, um ortônimo), temos Ricardo Reis, Álvaro de Campos, Bernardo Soares, AlbertoCaeiro, entre outros, todos heterônimos de Fernando Pessoa, ou seja, poetas imaginados ecriados por ele para expressar a multiplicidade de sua alma poética.

Vamos voltar ao poema de Fernando Pessoa, apresentado anteriormente para leitura oral. Fernando Pessoa foi um mestre nessa“arte de fingir” , tanto que chegou a fingir-se em vários outros poetas que ele mesmo criou! (Veja no Saiba mais..., abaixo).

Saiba mais...

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama o coração

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro:Nova Aguilar, 1997.

insite.com.br

lituraterre.com

Entendendo o título “Autopsicografia” – palavra composta por auto-(próprio, de si mesmo), -psico- (relativo à alma, ao espírito, à mente) e –grafia (escrita, modo de escrever).

1.Para entender melhor esses elementos formadores da palavra,pesquise em dicionário e dê o significado das seguintes palavras, quetambém contêm elementos encontrados no título do poema:

autorretrato - _________________________________________

psicologia - __________________________________________

caligrafia - _______________________________________________________________________________________

Pode-se entender, então, que o título “Autopsicografia” faz referênciaa uma escrita que retrata a própria mente de quem escreve, um modo dedescrever o que se passa na imaginação de quem escreve.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 10

AUTOPSICOGRAFIA

O poeta é um fingidor.Finge tão completamenteQue chega a fingir que é dorA dor que deveras sente.

E os que leem o que escreve,Na dor lida sentem bem,Não as duas que ele teve,Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de rodaGira, a entreter a razão,Esse comboio de cordaQue se chama o coração

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

Se o poeta é um fingidor,o poema é um fingimento... E cabe a nós,

leitores, tentar decifrá-los. PRIMEIRA ESTROFE1. Como o eu poético define o poeta?____________________________________________________________________

2. Segundo o eu poético, o poeta finge, nos poemas, de modo completo.Transcreva da 1.ª estrofe os versos que expressam a consequência desse modo defingir do poeta.____________________________________________________________________

3. Observe a palavra em destaque no último verso da estrofe e responda: A que o eupoético se refere em “A dor que deveras sente”?____________________________________________________________________

Para melhor entender, observe:

Na TERCEIRA ESTROFE, aparecem duasexpressões usadas em Portugal: “calhas deroda” e “comboio de corda”, que devemosentender como partes de um brinquedo, comoum desses carrinhos ou trenzinhos a que agente dá corda e ele fica girando sobre trilhos.

TERCEIRA ESTROFEVocê já aprendeu que a metáfora é um recurso de linguagem em que uma palavra ouexpressão é usada no lugar de outra por uma relação de semelhança estabelecidapor quem produziu (escreveu) a metáfora.

6. Que metáfora ocorre nos dois últimos versos? Que relação de semelhança elaestabelece?_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

SEGUNDA ESTROFE 4. A quem o eu poético se refere no 1.º verso da estrofe? __________________

5. Observe as palavras destacadas na 2ª estrofe e responda: A que dores o eu poético se refere? às duas:______________________________________________________________a que : _______________________________________________________________

O poema “Autopsicografia” é estruturado em 3 estrofes. Cada estrofe tem 4 versos.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 11

asimagens.com

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1. O eu poético expressa um desejo que tinha em relação ao vento. Quedesejo era esse?___________________________________________________________

2. Qual a função das reticências, no verso 4?___________________________________________________________

3. Que comparação o eu poético faz nos versos 5/6? Destaque o termoque estabelece a COMPARAÇÃO.____________________________________________________________________________________________________________________

4. Que relação o eu poético estabelece ao imaginar “um vento pintado deurucum” (verso 9)?__________________________________________________________

5. Transcreva do poema o verso que expressa uma opinião do eu poéticosobre algo que ele imaginou.__________________________________________________________

6. Os três versos finais do poema permitem entender que o eu poéticorealizou poeticamente seu desejo de transformar o vento.a) A partir de que lembrança ele conseguiu isso?__________________________________________________________

b) Em sua imaginação, o eu poético transformou o vento em quê?__________________________________________________________

c) Com que sentido foi usada a forma verbal “Fotografei”, no verso final?__________________________________________________________

7. Relacionando o poema ao primeiro texto apresentado neste caderno,“A imaginação”, pode-se entender que seu TEMA é _________________________________________________________________________

O VENTOQueria transformar o vento.Dar ao vento uma forma concreta e apta a foto.Eu precisava pelo menos de enxergar uma parte físicado vento: uma costela, o olho...Mas a forma do vento me fugia que nem as formasde uma voz.Quando se disse que o vento empurrava a canoa doíndio para o barrancoImaginei um vento pintado de urucum a empurrar acanoa do índio para o barranco.Mas essa imagem me pareceu imprecisa ainda.Estava quase a desistir quando me lembrei do meninomontado no cavalo do vento – que lera em Shakespeare(*).Imaginei as crinas soltas do vento a disparar pelosprados com o menino.Fotografei aquele vento de crinas soltas.

BARROS, Manoel de. Ensaios Fotográficos. Rio de Janeiro: Record, 2000.(*) O “menino montado no cavalo do vento” é uma referênciaao drama teatral Romeu e Julieta, de Shakespeare.

Leia o POEMA a seguir e perceba como o poeta, aliando a imaginação poética à força expressiva das palavras, consegue, emum poema, realizar seu desejo de “fotografar” o vento, usando as palavras com engenho e arte.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 12

Canção do vento e da minha vida

O vento varria as folhas,O vento varria os frutos,O vento varria as flores...

E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe frutos, de flores, de folhas.

O vento varria as luzes,O vento varria as músicas,O vento varria os aromas...

E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe aromas, de estrelas, de cânticos.

O vento varria os mesesE varria os teus sorrisos...O vento varria tudo!

E a minha vida ficavaCada vez mais cheiaDe tudo.

BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. (Fragmento)

1. A partir do título do poema, percebe-se que o eu poético vai estabelecer uma relação.Que relação é essa? ______________________________________________________

2. Como estão estruturados os versos e estrofes do poema?________________________________________________________________________

3. De acordo com a estrutura do poema, percebe-se que ele é constituído de 4 partes deduas estrofes cada uma. Que recurso poético permite perceber essas partes? Queaparente contradição se estabelece nesses pares de estrofes?________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. A partir de que relação de semelhança pode-se afirmar que ocorre, no poema, umametáfora entre vento e tempo?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________

5. Que expressão se repete nas estrofes pares (2.ª, 4.ª, 6.ª estrofes) para significar algoque vai ocorrendo, gradativamente, ao longo de um tempo ou à medida da ação dovento/tempo? _________________________

6. Observe que, entre as duas primeiras estrofes, ocorre uma inversão na gradação entre oque o vento varria e o que ficava na vida (folhas, frutos flores – frutos, flores, folhas.)Observe outras ocorrências nos demais pares de estrofes:

a) Na 4.ª estrofe, “estrelas” e “cânticos” correspondem às ideias de ____________ e_______________, expressas na estrofe anterior.

b) Na 5.ª e na 6.ª estrofes, a palavra que resume o que o vento varria e o que ficava na vidaé __________.

7. Que vocábulos do poema permitem perceber que o eu poético fala de uma situaçãopassada? __________________________________________

Vamos, agora, ler e imaginar... sentir o vento...

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 13

PÁGINA 13

A seguir, você vai ler outro poema de FernandoPessoa, um “fingimento poético”, que fala sobrea imaginação e o sentir poético dos poetas,Cabe a nós, leitores, usando a imaginação – eo coração – ler e sentir.

Vamos ler todos juntos?

ISTO

Dizem que finjo ou mintoTudo o que escrevo. Não.Eu simplesmente sintoCom a imaginação.Não uso o coração.

Tudo o que sonho ou passo,O que me falha ou finda,É como que um terraçoSobre outra coisa ainda.Essa coisa é que é linda.

Por isso escrevo em meioDo que não está ao pé.Livre do meu enleio, Sério do que não é.Sentir? Sinta quem lê!

PESSOA, Fernando. Obra poética. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1997.

lituraterre.com

Imaginar e “fingir” através da arte é também usar a razão, a

inteligência para entender e expressar uma emoção, um

sentimento... É sentir outra vez, agora através da imaginação,

o que já foi sentido, vivenciado, para transformar a experiência

em arte. Um poema, por exemplo, é a forma com que o poeta

se expressa, pela arte das palavras escritas, para representar,

“fingir” uma emoção, um sentimento, uma experiência vivida.

E QUE PAPEL TEM O LEITOR? Como lê? Como interage

com o texto que lê? Como chega, através das palavras, ao

que foi imaginado pelo autor?

Como nos diz o poeta, no verso final, “Sentir? Sinta quem lê!”

A COISA “A gente pensa uma coisa, acaba escrevendo outra e o leitor entende uma terceira

coisa... e, enquanto se passa tudo isso, a coisa propriamente dita começa a desconfiar que não foi propriamente dita.”

(Mario Quintana, em Caderno H)

TEXTO DE APOIO:

insite.com.br

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 14

O RIO

Uma gota de chuvaA mais, e o ventre grávidoEstremeceu , da terra.Através de antigosSedimentos, rochasIgnoradas, ouroCarvão, ferro e mármoreUm fio cristalinoDistante milêniosPartiu fragilmenteSequioso de espaço Em busca de luz.

Um rio nasceu.

MORAES, Vinícius de. Nova antologiapoética. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.

TRUCIDARAM O RIO

Prendei o rioMaltratai o rioTrucidai o rioA água não morreA água que é feitaDe gotas inermesQue um dia serãoMaiores que o rioGrandes como o oceanoFortes como os gelosOs gelos polaresQue tudo arrebentam.

BANDEIRA, Manuel Bandeira. Libertinagem &Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,2000.

Fernando Pessoa, em seu poema “Isto”, nos diz: “Sentir? Sinta quem lê!”Você vai ler, a seguir, alguns poemas, ou seja, alguns “fingimentos” artísticos criados com a arte das palavras e interpretar neles o sentimento,a emoção que provocou a imaginação criativa e que moveu a mão do artista em busca de expressão poética.

1. A partir da imagem de um rio, que diferentes sentimentos aparecem expressos, “fingidos”, em cada um dos poemas:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. De acordo com o que se lê nos poemas, que significados têm as palavrasa) sequioso (Poema I, verso 11) - _______________________________________b) inermes (Poema II, verso 6) - _______________________________________

dicafacil.com

melhorpapeldeparede.com

Poema I Poema II

Leia, a seguir, dois poemas escritos a partir da imagem de um rio.

sogeografia.com.br

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 15

Leia, a seguir, uma letra de canção, ou seja, um “fingimento poético” que tem a imagem da luz do sol, símbolo da força de vida, como motivo.Leia e sinta.

LUZ DO SOLComposição de Caetano Veloso

Luz do sol,Que a folha traga e traduzEm verde novoEm folha, em graça, em vida, em força, em luz

Céu azulQue vem até onde os pésTocam a terraE a terra inspira e exala seus azuis

Reza, reza o rioCórrego pro rio e o rio pro marReza a correnteza, roça a beira, doura a areiaMarcha o homem sobre o chãoLeva no coração uma ferida acesaDono do sim e do nãoDiante da visão da infinita belezaFinda por ferir com a mão essa delicadezaA coisa mais queridaA glória da vida

Luz do sol,Que a folha traga e traduzEm verde novoEm folha, em graça, em vida, em força, em luz

Link: http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/luz-do-sol.html#ixzz46vrXYDXY

1.Transcreva da 1.ª e da 2.ª estrofe os versos que expressamque a natureza recebe e retorna, interioriza e exterioriza osefeitos da luminosidade.__________________________________________________________________________________________________

2. Que efeito de sentido se pode perceber na repetiçãofonética (os sons da letra “r”) nos três primeiros versos da 3ªestrofe?____________________________________________________________________________________________________

3. Em que parte, em que “momento” da letra da canção, avisão poética muda dos elementos da natureza para oelemento humano?__________________________________________________

4. De acordo com o contexto, a que se refere a expressão“ferida acesa”, no 5.º verso da 3.ª estrofe?__________________________________________________

5. Transcreva da 3.ª estrofe os versos que fazem referência àliberdade do ser humano:____________________________________________________________________________________________________

6. Que efeito de sentido se percebe na repetição da 1.ªestrofe, finalizando o texto?____________________________________________________________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 16

TREM DAS CORESComposição de Caetano Veloso

A franja na encosta cor de laranja, capim rosa chá

O mel desses olhos luz, mel de cor ímpar

O ouro ainda não bem verde da serra, a prata do trem

A lua e a estrela, anel de turquesa

Os átomos todos dançam, madruga, reluz neblina

Crianças cor de romã entram no vagão

O oliva da nuvem chumbo ficando pra trás da manhã

E a seda azul do papel que envolve a maçã

https://www.youtube.com/watch?v=kS1zGVi3Uxshttps://www.youtube.com/watch?v=7Gxu06TPiJY&list=RD7Gxu06TPiJY#t=0

Links para ver/ouvir a canção:Vamos ouvir a música e cantar junto a letra da canção?

As casas tão verde e rosa que vão passando ao nos ver passar

Os dois lados da janela

E aquela num tom de azul quase inexistente, azul que não há

Azul que é pura memória de algum lugar

Teu cabelo preto, explícito objeto, castanhos lábios

Ou pra ser exato, lábios cor de açaí

E aqui, trem das cores, sábios projetos: tocar na Central

E o céu de um azul celeste celestial

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Agora, você vai viajar no mesmo vagão, ao lado do poeta, e olhar a paisagem com os olhos do poeta.

Perceberam como a mudança das cores ao longo dos versos tem o efeito de representar o movimento do trem percorrendo a paisagem? Que tal, agora, combinar com o (a) Professor(a) e produzir com seus colegas um

videoclipe para essa canção? (Você pode produzir o vídeo com os recursos de seu aparelho celular.)

ESPAÇOCRIAÇÃO

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 17

Um bom poema é aquele que nos dá aimpressão de que está lendo a gente... E não a gente a ele.”

(Mario Quintana)

O LEITOR IDEALO leitor ideal para o cronista seria aquele a quem bastasse uma frase.Uma frase? Que digo? Uma palavra!O cronista escolheria a palavra do dia: “Árvore”, por exemplo, ou “Menina”.Escreveria essa palavra bem no meio da página, com espaço em branco para todos os lados, como um campo aberto aos devaneios do leitor.Imaginem só uma meninazinha solta no meio da páginaSem mais nada.Até sem nome.Sem cor de vestido nem de olhos.Sem se saber para onde ia...Que mundo de sugestões e de poesia para o leitor!E que cúmulo de arte a crônica! Pois bem sabeis que arte é sugestão...E se o leitor nada conseguisse tirar dessa obra-prima, poderia o autor alegar, cavilosamente, que a culpa não era do cronista.Mas nem tudo estaria perdido para esse hipotético leitor fracassado, porque ele teria sempre à sua disposição, na página, um considerável espaço em

branco para tomar os seus apontamentos, fazer os seus cálculos ou a sua fezinha...Em todo caso, eu lhe dou de presente, hoje, a palavra “Ventania”. Serve?

MARIO, Quintana. Porta giratória. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1988.

Glossário:cavilosamente – manhosamente, astuciosamente;hipotético – possível, suposto, baseado em suposição.

Em todo caso...A crônica fala sobre a imaginação criativa necessária ao leitor de um texto. Cabe ao leitor também sentir com a imaginação, usar sua sensibilidade para

ver/ler o que a arte mostra, ou mais: ver/ler, no “fingimento poético”, além do que se mostra.

A exemplo do cronista, deixamos, aqui, para você, uma palavra/ideia – IMAGINAÇÃO. Imagine, crie, com a forma que você escolher, um “fingimento

poético”. Pode ser um poema, um desenho, uma pequena crônica, um conto, uma foto... Você pode usar uma folha ou o seu caderno, para produzir seu

trabalho e depois, com seus colegas, em trabalho coletivo, organizar um mural com os trabalhos de todos. O Mural seria o bem coletivo, um produto único

da imaginação criativa da turma! Vamos lá?!

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 18

BRUTA FLOR DO QUERERMartha Medeiros

Quando era menino, o pintor mexicano Diego Rivera entrou numa loja, numa dessas antigaslojas cheias de mágicas e surpresas, um lugar encantado para qualquer criança. Parado diante dobalcão e tendo na mão apenas alguns centavos, ele examinou todo o universo contido na loja ecomeçou a gritar, desesperado: "O que é que eu quero???”.

Quem nos conta isso é Frida Kahlo, sua companheira por mais de 20 anos. Ela escreveu que aindecisão de Diego Rivera o acompanhou a vida toda. Ao ler isso, me perguntei: quem de nós sabeexatamente o que quer?

A gente sabe o que não quer: não queremos monotonia, não queremos perder tempo [...], nãoqueremos passar em branco pela vida. Mas a pergunta inicial continua sem resposta: o que a gentequer, o que iremos escolher entre tantas coisas interessantes que nos oferece esta loja chamadaFuturo? Sério, a loja em que o pequeno Diego entrou chamava-se, ironicamente, Futuro. [...]

O que você quer? Viver mais calmo. Acelerar. Trancar a faculdade. Cursar uma faculdade. Altana terapia. Melhorar o humor. Um tênis novo. Engenharia Mecânica. Engenharia Química. Ummundo justo. Cortar o cabelo. Alegrias. Chorar.

Abra a mão, menino, deixe eu ver quantos centavos você tem aí. Olha, por este preço, só umacaixinha vazia, você vai ter que imaginar o que tem dentro.

Serve.

MEDEIROS, Martha. Montanha -russa. Porto Alegre: L&PM, 2003.

FRIDA KHALO e DIEGO RIVERA

foram dois dos maiores pintores mexicanos de todos

os tempos.

1.Como se chamava a loja cheia de mágicas e surpresas, onde, ainda menino, o pintor Diego Rivera entrou? _______________________________________________________________________________________________________

2. Que efeito de sentido tem o uso dos três pontos de interrogação na fala de Diego, no final do 1.º parágrafo?_______________________________________________________________________________________________________

3. De acordo com a história contada por Frida Khalo, que característica de personalidade acompanhou Diego por toda a vida? _______________________________________________________________________________________________________

4. Que pergunta inicial da cronista continua para ela sem resposta?_______________________________________________________________________________________________________

Vamos rever um gênero textual – a CRÔNICA – e continuar desenvolvendo habilidades de leitura.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 19

5. Por que a cronista diz que a loja se chamava ironicamente “Futuro”? _________________________________________________________________________________________________________________

6. No 4.º parágrafo, a cronista sugere o que seriam os desejos das pessoas e relaciona alguns desses possíveis desejos. Na relação, os desejos são apresentados de forma alternativa ou em uma relação aditiva? _______________________________________________________________________________________________________________

7. No diálogo final, imaginado pela cronista, o que teria o menino a fazer com a caixa vazia que pôde comprar com os centavos que tinha?_____________________________________________________________________________________________________________

8. Ao refazer sua pergunta inicial, a cronista se pergunta: “o que a gente quer, o que iremos escolher entre tantas coisas interessantes que nos oferece esta loja chamada Futuro?”. Que relação de semelhança ela estabelece ao usar a METÁFORA em destaque? ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

E o samba “O AMANHÔ, que fala de nossodesconhecimento sobre como será o futuro, vocêconhece? Segue uma estrofe e o link, caso queiracantar junto com seus colegas todo o samba.

“Como será o amanhã?Responda quem puderO que irá me acontecer?O meu destino seráComo Deus quiserComo será?...”(Estrofe da letra do samba “O Amanhã, de João Sergio)

LINK: http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-2/samba-enredo-1978-amanha-673685.shtml

O QUERERESComposição de Caetano Veloso

[...]Ah! bruta flor do quererAh! bruta flor, bruta flor

O quereres e o estares sempre a fimDo que em mim é de mim tão desigualFaz-me querer-te bem, querer-te malBem a ti, mal ao quereres assimInfinitivamente pessoalE eu querendo querer-te sem ter fimE, querendo-te, aprender o totalDo querer que há e do que não há em mim

LINK : http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/o-quereres.html#ixzz46YqOVCAf

INTERTEXTUALIDADENo título da crônica, a autora usa a intertextualidade, referindo-se a uma expressão presente no refrão da letra da canção “O quereres”, de Caetano Veloso, que também tem como TEMA as diferentes possibilidades do desejo, do querer..., por isso, talvez, o título expresse o desejo como um sentimento plural: O QUERERES. Você conhece a canção? Leia ou cante com seus colegas um trecho (ver o link, abaixo).

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 20

A AVENTURA DO TEATRO (Maria Clara Machado)

A históriaOutro dia, me perguntaram: – De onde é que você tira todas essas histórias que escreve? Respondi: – Tiro da minha cabeça.– Então, é só tirar a ideia da cabeça e pronto?– Pronto, nada – disse eu – aí é que a coisa começa a ficar difícil. Primeiro a gente tem que aprender a escrever bem o Português.

Depois, temos que botar a ideia nas frases. Estas têm que ser entendidas por todo mundo.– Então, todo mundo que tem ideias pode escrever histórias?– Bem – eu disse – poder pode, mas é preciso que tenha outras coisas, além disso. Por exemplo, é preciso escrever a história no estilo

ou jeito (cada escritor tem o seu) de que os outros gostem e compreendam.– E isso é difícil?– É trabalhoso. A gente tem que suar um pouco. Um escritor famoso americano disse uma vez que para se escrever era preciso 100 por

cento de talento e 100 por cento de suor. Ele quis dizer com isso que não era só o talento, isto é, a ideia na cabeça, que fazia um bomescritor, mas que também era preciso uma dose muito grande de esforço. Como vocês veem, tudo o que é bom para se realizar exigemuito trabalho e dedicação, até mesmo botar no papel uma ideia.A peça de teatro

As histórias passadas no teatro são chamadas peças de teatro e o lugar onde se passam essas histórias chama-se palco. Para haverteatro é preciso uma história, alguns atores para representar e um palco, que pode ser qualquer lugar onde haja espaço para serepresentar. Uma sala grande ou um tablado armado no meio de um terreno, tudo isso pode servir para se representar uma peça.A marcação

Os atores acabam de estudar o texto (a peça escrita) e agora vão decorá-lo para que ele se transforme em teatro, isto é, a peça faladae representada no palco. Ainda com o papel na mão, porque o texto ainda não está bem decorado, os atores começam a descobrir oslugares por onde terão de se movimentar e o diretor vai dando as sugestões de acordo com a história. Por exemplo, se os personagensJoão e Maria estão fazendo uma cena juntos (contracenando), o diretor procura a melhor maneira de mostrar ao público o que eles estãosentindo. O diretor diz:

– Maria, anda até a direita e fica de costas, esperando a chegada de João. É preciso que você finja que não sabe que ele vai chegar.“Por que fingir?”Porque teatro é uma espécie de fingimento. Os atores estão fingindo que são pessoas diferentes deles mesmos. Eles não se chamam

Pedro ou Lucia? Portanto, têm que fingir que estão fingindo.

MACHADO, Maria Clara. A aventura do teatro. Rio de Janeiro: José Olympio, 1998.

“Teatro é uma espécie de fingimento.”, diz Maria Clara Machado, uma das criadoras do nosso teatro, no texto a seguir, em que falasobre a aventura do teatro, sobre como fazer teatro e expressa algumas opiniões sobre sua arte. Leia o trecho:

odiario.com

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 21

1. Ao responder que tira as histórias que escreve da sua cabeça, com que sentido Maria Clara Machado usa a palavra “cabeça” ? _______________________________________________________________________________________________

2. A que se refere cada termo destacado nos trechos abaixo:

a) “aí é que a coisa começa a ficar difícil.” ____________________________________________________________

b) “Estas têm que ser entendidas por todo mundo.” ___________________________________________________

c) “é preciso que tenha outras coisas, além disso.” ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3. Com que sentido são usadas as palavras “suor” e “suar”, no 7.º parágrafo? __________________________________________________________________________________________________________________

4. O que significa dizer que para se escrever é preciso “100 por cento de talento e 100 por cento de suor” ? __________________________________________________________________________________________________________________

5. De acordo com a autora, como é o processo que transforma o texto (peça escrita) em teatro (a peça falada e/ou encenada no palco)?__________________________________________________________________________________________________________________

6. Como Maria Clara Machado define teatro no parágrafo final?____________________________________________________________________________________

7. Transcreva do trecho final a palavra que expressa a ideia de CONCLUSÃO.______________________________________

moviespictures.org

MARIA CLARA MACHADO

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 22

Abaixo, você vê o símbolo do teatro, outra arte do “fingimento”. São máscaras que representam a tragédia e a comédia presentesnas narrativas teatrais, desde a Grécia antiga. No teatro, a comédia é o que faz rir pelo uso do engraçado, do humor, nas situações dopersonagem. A tragédia, por sua vez, é uma forma de drama, envolvendo conflitos e dores do personagem e tratados com a seriedadeque o tema pede.

1.Observe, no símbolo do teatro, as figuras dasmáscaras (linguagem não verbal). O que revela, emcada uma delas, aquilo que representam?______________________________________________________________________________________________________________________________

cultura.sp.gov.br

1. Que finalidade tem o cartaz acima?__________________________________________________________________________________

2. Durante que período vigorou a campanha? __________________________________________________________________________________

3. O que, na linguagem não verbal do cartaz, representa a plateia de um teatro? _________________________________________ __________________________________________________________________________________

https://mundokids.org

Humor

1. No quadrinho final, além da expressão no rosto de Julieta, o que reforça sua reação de espanto? _______________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 23

significados.com.br

O TEXTO ESCRITO PARA TEATRO tem características próprias, voltadas para a encenação. Você vai saber, a seguir, o que é o texto teatral e suas características.

O TEXTO ESCRITO PARA TEATRO é um texto de base narrativa, com os elementos básicos doconto ou do romance: narrador, personagens, enredo, espaço e tempo.

A estrutura do texto teatral é diferente da de um conto ou de um romance, mas contém também umasituação inicial, um conflito gerador, um clímax e um desfecho.

No texto escrito para teatro, quase sempre abre-se mão da figura do narrador, sendo todo oenredo desenvolvido através de diálogos entre os personagens.

É um texto voltado para a oralidade, ou seja, para ser falado, representado em um palco. Nestecaderno, você vai conhecer um pouco as características básicas de um texto escrito para teatro.

Vamos ao teatro?

Você já assistiu a uma peça de teatro? Já participou de apresentações teatrais? Sua escola costuma realizar eventos desse tipo? A encenação teatral é um momento mágico para quem dela participa, seja atuando, seja como espectador. E pensar que toda essa magia resulta de um texto escrito... Você já teve oportunidade de ver/ler um texto teatral escrito?

Então, prepare-se. Depois do terceiro sinal... A peça vai começar!

Agora, você vai seguir o Bufão aí ao lado, para descobrirum pouco do segredo da magia do teatro.

cultura.sp.gov.br

Pelo título, você consegue imaginar qual é o assunto da

peça?

Como será?

ESTUDANDO O GÊNERO TEXTUAL :TEXTO TEATRAL

allevents.in

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 24

Atenção! O espetáculo já vai começar, mas antes ...Antes da cena inicial de “Pluft, o fantasminha”, leia com atenção o quadro apresentado abaixo, com alguns elementos característicosdo texto de teatro, que você deverá observar, tanto ao ler como ao produzir textos desse tipo.

Elementos característicos da estrutura e da linguagem do texto teatral escrito

Prólogo – é a parte, anterior ao início da peça propriamente dito, em que se enuncia o tema da peça. Nem todos os textos deteatro apresentam o prólogo.

Atos e cenas (ou quadros) – como já vimos, o texto teatral é uma narrativa como o conto, a novela e o romance, com situaçãoinicial, conflito, clímax e desfecho. Só que, no texto de teatro, o enredo se desenvolve através de diálogos, estruturados em ATOS ECENAS (OU QUADROS).

Narrador – o texto teatral é um texto narrativo que, quase sempre, dispensa a figura do narrador, com a história nos sendo contadaatravés do diálogo entre os personagens, ou “mostrada” através da encenação de atores que representarão os personagens.

Diálogo – o diálogo, todo escrito em discurso direto, constitui-se em elemento determinante da ação dramática.

Elementos cênicos – o texto teatral encenado exige elementos como cenário, luz, figurino, maquiagem, gestos, movimento, tomdos diálogos e das falas, estados emocionais etc. Esses elementos aparecem indicados nos indicadores de cena ou rubricas.

Indicador de cena ou rubrica – no texto teatral escrito, os elementos cênicos estão presentes nos indicadores de cena ou rubricas,que aparecem em letras de tipos diferentes, em itálico, por exemplo.

Personagens – no texto teatral escrito, os personagens que participam da trama aparecem indicados logo após o título e, se for ocaso, antes do Primeiro Ato.

Local e época – indicam-se também o local e a época em que transcorre a história narrada.

Linguagem – a linguagem usada pelos personagens deve ser coerente com a época, o local, o ambiente social. O registro escritodeve buscar representar as variantes históricas, regionais e sociais da língua falada.

Shhh... Já vai começar!

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 25

PLUFT, O FANTASMINHA

Um ato

PERSONAGENS:Três marinheiros amigos: Sebastião, Julião e João.Mãe FantasmaPluft, o fantasminhaGerúndio, tio do PluftPerna de Pau, marinheiro pirataMaribel, menina

PRÓLOGOO prólogo se passa à frente da cortina. Pela esquerda surgem os três amigos, cantando. O da frente é Sebastião, o mais corajoso. Leva

um toco de vela aceso ou um lampião. Segue-se Julião, segurando uma garrafa. Por fim, João, segurando um mapa. Deve-se ouvir a cançãoantes de avistá-los. [...] Quando aparecerem no palco, devem estar acabando o canto.[...]

ATO ÚNICO

CENÁRIOUm sótão. À direita, uma janela dando para fora, de onde se avista o céu. No meio, encostado à parede do fundo, um baú. Uma cadeira

de balanço. Cabides, onde se veem, penduradas, velhas roupas e chapéus. Coisas de marinha. Cordas, redes. O retrato velado do capitãoBonança. À esquerda, a entrada do sótão.

Ao abrir o pano, a Senhora Fantasma faz tricô, balançando-se na cadeira, que range compassadamente. Pluft, o fantasminha, brinca comum barco. Depois, larga o barco e pega uma velha boneca de pano. Observa-a por algum tempo.PLUFT – Mamãe!MÃE – O que é, Pluft?PLUFT (sempre com a boneca de pano) – Mamãe, gente existe?MÃE – Claro, Pluft, claro que gente existe.PLUFT – Mamãe, eu tenho tanto medo de gente! (Larga a boneca.)MÃE – Bobagem, Pluft.PLUFT – Ontem passou lá embaixo, perto do mar, e eu vi.MÃE – Viu o quê, Pluft?PLUFT – Vi gente, mãe. Só pode ser. Três.

Título da peça

Indicação do número de atos

Personagens

Rubrica ou indicador de cena

Diálogo entre personagens. Observe que, antes da fala do personagem, este é indicado com letras em CAIXA ALTA.O que aparece em tipo itálico, entre parênteses, também são indicadores de cena ou rubricas.

Continua...

Você vai ler, a seguir, o início de um texto escrito para teatro por Maria Clara Machado. Observe as indicações de seus elementos básicos.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 26

MÃE – E você teve medo?PLUFT – Muito, mamãe. MÃE – Você é bobo, Pluft. Gente é que tem medo de fantasma e não fantasma que tem medo de gente. PLUFT - Mas eu tenho. MÃE – Se seu pai fosse vivo, Pluft, você pararia com esse medo bobo. Qualquer dia desses eu vou te levar ao mundo para vê-los deperto. PLUFT – Ao mundo, mamãe?!!MÃE – É, ao mundo. Lá embaixo, na cidade...PLUFT (muito agitado, vai até a janela. Pausa) – Não, não, não. Eu não acredito em gente, pronto...MÃE – Vai sim, e acabará com essas bobagens. São histórias demais que o tio Gerúndio conta pra você.

Pluft corre até um canto e apanha um chapéu de almirante.PLUFT – Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!MÃE – Isso tio Gerúndio trouxe do mar.

Pluft, fora de cena, continua a descobrir coisas, que vai jogando em cena: panos, roupas, chapéus etc.PLUFT – Por que tio Gerúndio não trabalha mais no mar, hem, mamãe?MÃE – Porque o mar perdeu a graça para ele...[...]

MACHADO, Maria Clara. - Pluft, o fantasminha. O Dragão Verde: o teatro de Maria Clara Machado. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2001.

1. O que o título da peça nos permite antecipar?_________________________________________

2. Que personagens contracenam a) no prólogo? _____________________________________________b) no início do ato único? ____________________________________

3. O que nos permite saber onde se passa o prólogo, quem contracena nele, o que fazem, como se movimentam os personagens? ___________________________________________

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Rubricas

Rubrica

Continuação

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 27

4. Além do local onde se passa a cena inicial do ato único e de como deve ser o cenário, a rubrica antes do ato

indica a movimentação dos personagens que participam dela. O que fazem eles, antes de iniciar o diálogo?

_____________________________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________

5. No diálogo que mantém com a mãe, percebe-se um sentimento de Pluft, o fantasminha, em relação

às pessoas. Que sentimento é esse? _______________________________________________________________________________

6. Transcreva do texto a opinião da mãe em relação ao sentimento que o filho revela:

_____________________________________________________________________________________________________________

7. Na fala da mãe “Qualquer dia desses eu vou te levar ao mundo para vê-los de perto.”, a que se refere o vocábulo “los”, em destaque?

______________________________________________________________________________________________________________

8. Ao saber da intenção da mãe de levá-lo ao mundo, Pluft reage, dizendo “Ao mundo, mãe?!!”. Que efeito tem o uso dos dois sinais de

exclamação, após o de interrogação?

_____________________________________________________________________________________________________________

9. A rubrica “(muito agitado, vai até a janela. Pausa)”, além de indicar a reação de Pluft ao ouvir a mãe dizer que vai levá-lo ao mundo, à

cidade, traz a palavra “Pausa”. O que indica essa palavra na rubrica?

_______________________________________________________________________________________________________

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Gente existe?!

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 28

10. Na fala de Pluft “Não, não, não. Eu não acredito em gente, pronto...”, que efeito tem a repetição do não?________________________________________________________________________________________

11. Releia a seguinte passagem do texto:“Pluft corre até um canto e apanha um chapéu de almirante.PLUFT – Olha, mamãe, olha o que eu descobri! O que é isto?!MÃE – Isso tio Gerúndio trouxe do mar.”

a) A que se referem os vocábulos em destaque?__________________________________________________________________________________

b) Que efeito de sentido tem o uso da pontuação em “O que é isto?!” __________________________________________________________________________________

12. Na explicação que dá ao filho sobre o motivo pelo qual o tio não trabalha mais no mar, “Porque o mar perdeu agraça para ele...”, o que a mãe quis dizer com a expressão em destaque? ____________________________________________________________________________________________

13. Sendo Pluft um fantasma, percebe-se nele a inversão de um sentimento próprio de algumas pessoas que creem na existência de fantasmas. Transcreva do texto um trecho da fala da mãe que expressa essa inversão:____________________________________________________________________________________________

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A AUTORA, Maria Clara Machado

A relação de causa e consequênciaObserve as informações, a partir das falas finais desse trechode Pluft, o fantasminha:“O tio de Pluft não trabalha mais no mar. Motivo? O mar perdeua graça para ele.”O mar perdeu a graça para o tio de Pluft. O que ocorreu então?Ele deixou de trabalhar no mar.Essa relação que se estabelece quando um fato ocorre emvirtude de outro, quando um fato leva a outro, é o quechamamos de relação de CAUSA E CONSEQUÊNCIA.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 29

MEUS OITO ANOS Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!

Como são belos os dias Do despontar da existência! — Respira a alma inocência Como perfumes a flor; O mar é — lago sereno, O céu — um manto azulado, O mundo — um sonho dourado, A vida — um hino d'amor!

Que aurora, que sol, que vida, Que noites de melodia Naquela doce alegria, Naquele ingênuo folgar! O céu bordado d'estrelas, A terra de aromas cheia As ondas beijando a areia E a lua beijando o mar!

Oh! dias da minha infância! Oh! meu céu de primavera! Que doce a vida não era Nessa risonha manhã! Em vez das mágoas de agora, Eu tinha nessas delícias De minha mãe as carícias E beijos de minha irmã!

Livre filho das montanhas, Eu ia bem satisfeito, Da camisa aberta o peito, — Pés descalços, braços nus —Correndo pelas campinas À roda das cachoeiras, Atrás das asas ligeiras Das borboletas azuis!

Naqueles tempos ditosos Ia colher as pitangas, Trepava a tirar as mangas, Brincava à beira do mar; Rezava às Ave-Marias, Achava o céu sempre lindo. Adormecia sorrindo E despertava a cantar! .........................................

Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras Debaixo dos laranjais!

Casimiro de Abreu (1839-1860)

Você vai ler, agora, o poema que contém o verso a que o título da peça de Naum Alves de Souza faz referência. A essas referências que um texto faz a outro texto chamamos INTERTEXTUALIDADE.

ABREU, Casimiro de. As Primaveras. São Paulo: Livraria Editora Martins S/A, coedição Instituto Nacional do Livro, 1972.

1. Qual é o tema (ASSUNTO PRINCIPAL) dopoema?_____________________________________

2. Transcreva da 4ª estrofe o verso em que oeu poético revela uma insatisfação com suavida de adulto._____________________________________

3. Relacione o poema ao trecho do texto deteatro lido anteriormente e estabeleçasemelhança e diferença entre as recordaçõesdo eu poético e as do Visitante.______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

4. Que efeito de sentido tem a repetição daprimeira estrofe, como última estrofe dopoema?__________________________________________________________________________

5. Que parte do poema revela maisexatamente o momento de sua infância aque o eu poético se refere?____________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 30

O TEXTO ESCRITO PARA TEATRO – Você vai ler, a seguir, a Cena III de “AMOR POR ANEXINS”, de Artur Azevedo, uma peçaque denominou de “entreato cômico”. ARTUR AZEVEDO foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, jornalista e dosmaiores dramaturgos (escritores de textos para teatro) de sua época (primeira metade do século XIX).

Artur Azevedo (1855-1908), jornalista, cronista, poeta e dramaturgo, nasceu em São Luísdo Maranhão e viveu boa parte de sua vida no Rio de Janeiro. Foi, junto com seu irmãoAluísio Azevedo, um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras. O teatro foi suagrande paixão, tendo dedicado grande espaço de sua vida a escrever e encenar peçasteatrais, assim como a divulgar o teatro em jornais e revistas da época. Foi um dos maioresincentivadores e sustentadores da campanha para a criação do Teatro Municipal do Rio deJaneiro.

Teatro Artur Azevedo, em Campo Grande

NOTA BIOGRÁFICA

SOBRE O TEXTO

Esta peça, que o autor chama ironicamente de entreato (intervalo entre os atos de uma peça de teatro, entre diferentes partes de umespetáculo) foi escrita em 1870, ainda em sua cidade natal, São Luiz do Maranhão, quando o autor tinha apenas 15 anos de idade, e é otexto nacional mais representado de todos os tempos. Observe os modos de falar e costumes da época.SINOPSE - O personagem Isaías, um velho de aparência não muito interessante, tenta conquistar a bela e interesseira viúva Inês. Tudoseria normal se não fosse o vício de Isaías, que Inês a princípio detesta, de falar quase que o tempo inteiro através de anexins, ou seja,ditados populares.Estruturada em um ato único, com sete cenas. Você vai ler a CENA III, um diálogo entre Inês e Isaías, que acontece na sala da casa deInês. Inês prepara-se para sair, mas encontra Isaías, que entrara sem ser visto e a aguarda(http://www.dionisosteatro.com.br/repertorio/amor-por-anexins).

VOCÊ SABIA que, na nossa Cidade, no bairro de Campo Grande, funciona o TEATRO ARTUR AZEVEDO?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 31

PersonagensIsaías.....................................................solteirãoInês........................................................viúvaUm carteiro

A cena se passa no Rio de Janeiro.Época: atualidade (a peça foi escrita em 1870).

Cena III -Isaías e Inês

Título da peça e nome do autor

Personagens

Localização do espaço e do tempo em que transcorre a peça.

Indicações de cena ou rubricas.

Inês (Vem pronta para sair, ao ver Isaías assusta-se e quer fugir.) — Ai!Isaías (Embargando-lhe a passagem.) — Ninguém deve correr sem ver de quê.Inês — Que quer o senhor aqui?Isaías — Vim em pessoa saber da resposta de minha carta: quem quer vai e quem não quer manda; quem nunca arriscou nunca perdeu nem ganhou; cautela e caldo de galinha...Inês (Interrompendo-o .) — Não tenho resposta alguma que dar! Saia, senhor!Isaías — Não há carta sem resposta...Inês (Correndo à talha e trazendo um púcaro cheio d’água) — Saia, quando não...Isaías (Impassível.) — Se me molhar, mais tempo passarei a seu lado; não hei de sair molhado à rua. Eh! Eh! Foi buscar lã e saiu tosquiada...Inês — Eu grito!Isaías — Não faça tal! Não seja tola, que quem o é para si, pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue! Não exponha a sua boa reputação! Veja que sou um rapaz; a um rapaz nada fica mal...Inês — O senhor, um rapaz?! O senhor é um velho muito idiota e muito impertinente!

Vamos ler, com a atenção de sempre e com uma atenção especial aos elementos característicos do gênero:

Amor por anexins

de Artur AzevedoEntreato cômico

Continua...

Acho que já vou começar a chorar.

Ai ai ai... A peça é pra rir!

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 32

Isaías — O diabo não é tão feio como se pinta...Inês — É feio, é!...Isaías — Quem o feio ama bonito lhe parece.Inês — Amá-lo eu?! Nunca...Isaías — Ninguém diga: desta água não beberei...Inês — É abominável! Irra!Isaías — Água mole em pedra dura, tanto dá...Inês — Repugnante!Isaías — Quem espera sempre alcança.Inês — Desengane-se!Isaías — O futuro a Deus pertence!Inês — Há alguém que me estima deveras...Isaías — (Naturalmente) Esse alguém sou eu.Inês — Isso era o que faltava! (Suspirando.) Esse alguém...Isaías — Quem conta um conto, acrescenta um ponto...Inês — Esse alguém é um moço tão bonito... de tão boasqualidades...Isaías — Quem elogia a noiva...Inês — O senhor forma com ele um verdadeiro contraste.Isaías — Quem desdenha quer comprar...Inês — Comprar! Um homem tão feio!...Isaías — Feio no corpo, bonito na alma.Inês (Sentando-se.) — Deus me livre de semelhante marido!Isaías — Presunção e água benta cada qual toma a quequer... (Senta-se também.)Inês (Erguendo-se.) — Ah, o senhor senta-se? Dispõe-se aficar! Meu Deus, isto foi um mal que me entrou pela porta!Isaías (Sempre impassível.) — Há males que vêm para bem.Inês — Temo-la travada.Isaías — Venha sentar-se a meu lado. (Vendo que Inês senta-se longe dele.) Se não quiser, vou eu... (Dispõe-se a aproximar a cadeira.)Inês — Pois sim! Não se incomode! (Faz-lhe a vontade.) Não

há remédio!

Isaías (Chegando mais a cadeira.) — O que não tem remédio remediado está.Inês (Afastando a sua. ) — O que mais deseja?Isaías — Diga-me cá: o seu noivo? ... (Faz-lhe uma cara.)Inês — Não entendo.Isaías — Para bom entendedor meia palavra basta...Inês — Mas o senhor nem meia palavra disse!Isaías — Pergunto se... fala francês...Inês — Como?Isaías — Ora bolas! Quem é surdo não conversa!Inês — Mas a que vem essa pergunta?Isaías (Naturalmente.) — Quem pergunta quer saber.Inês — Ora!Isaías (Sentencioso.) — Dois sacos vazios não se podem ter de pé.Inês — Essa teoria parece-se muito com o senhor.Isaías — Por quê?Inês — Porque já caducou também.Isaías (Formalizado.) — Então eu já caduquei, menina? Isso é mentira.Inês — É verdade.Isaías — Não é.Inês — É.Isaías — Pois se é, nem todas as verdades se dizem. (Ergue-se e passeia.)Inês — Ah! O senhor zanga-se? É porque quer; não me viesse dizer tolices! (Ergue-se.)Isaías (Interrompendo o seu passeio, solenemente.) — Na casa em que não há pão, todos ralham, ninguém tem razão.Inês — Ora! Somos ainda muito moços!Isaías — Quem? Nós?Inês (De mau humor.) — Não falo do senhor: falo dele...Isaías — Ah! Fala dele...Inês — Havemos de trabalhar um para o outro...Isaías — É bom, é: Deus ajuda a quem trabalha.

http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00040a.pdf

Fonte do texto: AZEVEDO, Artur. A capital federal, O badejo, A jóia, Amor por anexins. [estabelecimento de texto: Prof. Antonio Martins de Araújo]. Rio de Janeiro: Ediouro. (Prestígio).

Amor por anexins - continuação

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 33

livrosgratis.net

1. Da leitura de toda a cena, que característica se percebe no personagem Isaías quejustifica o título da peça e permite ao leitor deduzir o significado da palavra “anexins”?____________________________________________________________________

2. Percebe-se que várias falas dos personagens se encerram com o sinal de reticências.a) O que indica o uso desse sinal nas falas lidas?____________________________________________________________________

b) Observe o diálogo entre os personagens e complete as seguintes falas do texto.Isaías – (...) cautela e caldo de galinha ____________________________________Inês (Correndo à talha e trazendo um púcaro cheio d’água) — Saia,quando não, __________________________________________________________Isaías — Água mole em pedra dura, tanto dá ________________________________

3. Que motivo levou Isaías à casa de Inês?______________________________________________________________________

4. A entrada de Isaías na sala de Inês ocorreu por causa de um problema na porta da casa.Transcreva a fala da personagem Inês, que é uma explicação para o problema na porta.___________________________________

5. Entre os anexins (provérbios) citados por Isaías, transcreva três deles que contenham antíteses(figura de linguagem que consiste na aproximação de palavras com significados opostos)._________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Que função têm, no texto, os trechos entre parênteses e destacados com outro tipo de letra(itálico)?____________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Transcreva as falas do personagem Isaías (três provérbios - anexins) que ele usa com intenção deser irônico com Inês.____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

livrosgratis.net

Que tal combinar com o(a) Professor(a) e organizar em turma uma encenação dessa

cena de “Amor por anexins” ?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 34

BOM CONSELHOComposição: Chico Buarque

Ouça um bom conselhoQue eu lhe dou de graçaInútil dormir que a dor não passaEspere sentadoOu você se cansaEstá provado, quem espera nunca alcançaVenha, meu amigoDeixe esse regaçoBrinque com meu fogoVenha se queimarFaça como eu digoFaça como eu façoAja duas vezes antes de pensarCorro atrás do tempoVim de não sei ondeDevagar é que não se vai longeEu semeio o ventoNa minha cidadeVou pra rua e bebo a tempestade.

Em “Amor por anexins”, Artur Azevedo se utiliza do recurso da INTERTEXTUALIDADE (diálogo entre textos), ao fazer seu textodialogar com o mundo dos provérbios populares.

Vamos ver, agora, como Chico Buarque, compositor, romancista e autor de textos teatrais; faz uso da intertextualidade e tematiza,em uma de suas canções, o assunto dos provérbios populares, os anexins.

Link para ouvir a canção “Bom conselho”:http://letras.terra.com.br/chico-buarque/85935/

1. Nos dois primeiros versos, percebe-se que o eu poético dirige-se a uminterlocutor a quem ele pede que “Ouça um bom conselho/que eu lhe dou degraça”.a) A quem se refere o pronome lhe em destaque?_______________________________________________________________

b) Transcreva da letra o verso que revela que seu interlocutor é alguém comquem o eu poético mantém relação de amizade:_______________________________________________________________

2. Observe que, no encadeamento de “bons conselhos”, o eu poético inverteos sentidos de conhecidos provérbios populares. Que intenção se podeperceber nesse “jogo poético” de inversão?______________________________________________________________________________________________________________________________

3. A partir de que verso o eu poético começa a falar dele, de sua formapessoal de agir?_______________________________________________________________

4. Liste os provérbios populares que você identifica nas inversões que o eupoético fez.________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 35

Você vai ler a seguir um dos mais belos trechos de teatro – a “cena do balcão”, da famosa história “Romeu e Julieta”, escrita pelogrande dramaturgo inglês William Shakespeare, talvez o mais importante autor de teatro de todos os tempos. Trata-se de um drama,uma história de amor entre dois jovens, que desafia interesses familiares ... e não tem um final feliz para os jovens enamorados, masacaba resultando no fim do conflito entre as duas famílias rivais, que decidem, após a tragédia dos filhos, “fazer as pazes parasempre.”

Para entender melhor a estrutura do texto escrito para teatro, vamos apresentar o trecho escolhido lado a lado, de duas formas:de um lado, na forma adaptada para o gênero “romance” ; de outro, na forma em que foi escrita como texto de teatro, ou seja, paraser encenada em um palco.

Para você entender melhor o trecho, apresentamos, abaixo, um resumo dessa história.

Resumo da história Romeu e Julieta - O enredo se passa em Verona, Itália, por voltado ano 1500. O amor se apresenta na vida de dois jovens, Romeu e Julieta, de modotraiçoeiro: ambos se apaixonam intensamente, em um baile de máscaras na casa dafamília de Julieta. Ao se apaixonarem, desconhecem as identidades um do outro. Ele éfilho dos Montecchio e ela, dos Capuleto, duas das mais poderosas famílias de Verona,inimigas entre si. A despeito da rivalidade entre suas famílias e desobedecendo a todasas ordens, eles vivem seu amor. Trata-se de uma das mais famosas histórias de amorda literatura e uma das mais populares tragédias do grande dramaturgo inglês, WilliamShakespeare.(Adaptado de www.lpm.com.br/livros/go.asp)

reidaverdade.com

William Shakespeare (1564-1616) – poeta e dramaturgo de origem inglesa, considerado o maiorescritor do idioma inglês. Chamado de poeta nacional ou simplesmente de “o bardo” (poeta,cantador). Entre suas obras mais conhecidas estão Romeu e Julieta, que se tornou a história deamor por excelência; e Hamlet, que possui uma das frases mais conhecidas da língua inglesa: “To beor not to be: that’s the question.” (“Ser ou não ser, eis a questão”). Suas peças de teatropermanecem extremamente populares até hoje e são estudadas, encenadas e reinterpretadasconstantemente no mundo inteiro.(Adaptado de http://www.sohistoria.com.br/biografias/shakeaspeare/)

Vale a pena ver o ator Daniel de Oliveira interpretando o trecho de Shakespeare (“Ser ou não ser...”), emSom&Fúria, de Fernando Meirelles. Link: https://youtu.be/NzfkYW_UbfA

tvtropes.org

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 36

Segundo ato – Cena 2

“Só ri dos ferimentos quem nunca se machucou”, pensaRomeu, a sós no pomar da casa dos Capuleto. Julietaaparece no terraço, e ele se surpreende: “Calma, quemterá acendido essa luz? É o sol nascendo, é Julieta! Erga-se, sol luminoso, mate a lua de inveja. É por isso que alua está pálida, doente, porque não pode competir nem delonge com a sua beleza, minha amada. Não dê atenção aela, Julieta, a lua só está com inveja ” [...] Você é minhadona... Ah, se ela soubesse. Ela fala mesmo quando nãodiz nada; e daí? Os olhos dela dizem tudo, e eu vou dar aresposta. Como sou tonto, não é comigo que ela estáfalando: são duas das estrelas mais brilhantes do céuque saíram para cuidar de alguma outra coisa e agoraestão tentando capturar os olhos dela para substituí-lasenquanto ficam fora. E se fossem os olhos dela queestivessem brilhando no céu, e as estrelas viessemocupar seu lugar, no rosto de Julieta? O brilho das facesdo meu amor faria as estrelas ficarem envergonhadas,como a luz do dia faz com a de uma simples tocha; e osolhos dela brilhariam no céu com tanta intensidade queaté os pássaros cantariam pensando que fosse dia.Vejam agora como ela apoia o rosto sobre a mão... Ah, euqueria ser a luva que cobre aquela mão, para poderacariciar o seu rosto...”

2.º ato – Cena II - O jardim de Capuleto(Entra Romeu.)

ROMEU – Só ri de cicatrizes quem nunca sentiu naprópria pele uma ferida.

(Julieta aparece mais acima, a uma janela)Mas, calma! Que luz é essa, que brilha atravésdaquela janela? Vem do leste, e Julieta é o sol!– Levanta , ó belo sol, e acaba com a lua ciumenta,que já se encontra doente e pálida, porque tu, tuaserva, és muito mais bonita que ela. Não aceites serdela a serva, já que ela é invejosa. [...] É minha dama;oh, é o meu amor! Ah, se ela soubesse que é minhaamada! Ela fala e, no entanto, não diz nada. Mas queimporta? Seu olhar discursa, e eu responderei. Queatrevimento de minha parte! Não é a mim que ela fala:duas das mais belas estrelas em todo o céu, tendomais o que fazer, suplicam aos olhos dela que cintilemem suas esferas até que elas voltem. E se o olhar delaestivesse no céu, e as estrelas, em seu rosto? O brilhode sua face deixaria as estrelas coradas de vergonha,assim como a luz do dia deixa envergonhada qualquerlamparina. No céu, o olhar de minha amada flutuariapelo éter, tão brilhante que os pássaros começariam acantar, pensando que era dia. Como ela apoia oqueixo na mão! Ah, se eu fosse uma luva, para vestiraquela mão, para tocar aquela face!

O trecho de Romeu e Julieta que você vai ler narra o primeiro encontro entre os jovens, depois que se apaixonam no baile de máscaras. Escondido,Romeu consegue entrar no jardim da casa de Julieta. Romeu entra em cena pensando “Só ri dos ferimentos quem nunca se machucou.”, porque, nacena anterior, riam de sua atitude apaixonada . Aproxima-se da casa e, galgando a fachada, chega próximo ao balcão que dá para o quarto de suaamada. Oculto nas sombras, espera que Julieta apareça. Ela aparece e os dois mantêm este belo diálogo. Leia.

Romeu e Julieta (William Shakespeare)

Continua...

Texto adaptado para a forma “romance” Texto escrito para teatro

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 37

– Pobre de mim – diz Julieta.“Ela fala!”, Romeu como que se espanta. “Ah, fale outra vez, meu anjo

brilhante. Assim tão perto da minha cabeça, aí em cima, você é maisgloriosa que a noite, como um mensageiro do céu, com asas, aos olhossurpresos e maravilhados dos mortais, que se inclinam, se dobram paratrás, para contemplar melhor esse anjo. Um anjo, sim, é você Julieta,quando flutua suavemente pelas nuvens, velejando em pleno ar.”

– Ah, Romeu, Romeu – volta a falar Julieta em voz alta. – Onde estávocê, Romeu? Renegue o seu nome, ignore o seu pai. Se não puderfazer isso, pelo menos jure que me ama, e eu deixarei de ser umaCapuleto.

“Continuo a ouvir calado ou revelo que estou aqui?”, Romeu fica nadúvida.

– É só o seu nome que é meu inimigo, não é você! Você é você, nãoé Montecchio. O que significa “Montecchio”? Não quer dizer “mão”, “pé”,nem “braço” ou “rosto”, muito menos qualquer outra parte do corpo deuma pessoa. Ah, mude de nome! O que importa é a pessoa, o nometanto faz. Afinal de contas, o que é um nome? O que nós chamamos de“rosa” vai continuar tendo o mesmo aroma, mesmo se mudarmos o seunome. Assim, ainda que Romeu não se chamasse Romeu, continuaria aser perfeito, exatamente da mesma forma que já é. Romeu, mude desobrenome, e em troca de sua família, que não faz parte de você, recebaa mim, inteira.

– Vou pegar você pela palavra – Romeu começa a falar – Pode mechamar simplesmente de “Amor”, e eu vou me batizar outra vez commeu novo nome. Daqui em diante não me chamo mais Romeu.

– Quem é você? – Julieta assusta-se. – Quem está escondido aí, naescuridão da noite, ouvindo meus segredos?

JULIETA – Ai de mim!ROMEU – Ela disse alguma coisa. Ah, fale outra vez, anjo deluz! Pois tu és tão gloriosa nesta noite, pairando sobre aminha cabeça, como um mensageiro alado do paraíso, paraquem se elevam os olhares espantados dos simples mortaisque caem de costas só para contemplá-lo quando ele montaem nuvens vagarosas e desliza sobre o coração do espaço.JULIETA – Ah, Romeu, Romeu! Por que tinhas de serRomeu? Renega teu pai , rejeita teu nome; e, se assim não oquiseres, jura então que me tens amor e deixarei de ser umaCapuleto.ROMEU (à parte) – Devo escutar mais, ou devo falar agora?JULIETA – É só teu nome que é meu inimigo. Mas tu és tumesmo, não um Montecchio. E o que é um Montecchio? Nãoé mão, nem pé, nem braço, nem rosto, nem qualquer outraparte de um homem. Ah, se fosses algum outro nome! O quesignifica um nome? Aquilo a que chamamos rosa, comqualquer outro nome teria o mesmo e doce perfume. ERomeu também, mesmo que não se chamasse Romeu, aindaassim teria a mesma amada perfeição que lhe é própria, semesse título. Romeu, livra-te de teu nome, em troca dele quenão é parte de ti, toma-me inteira para ti.ROMEU – Tomo-te por tua palavra: chama-me de teu amor, eserei assim rebatizado, nunca mais serei Romeu.JULIETA – Quem é esse homem que, assim envolto pelanoite, tropeça em meu segredo?

Continua...

PERSONIFICAÇÃO (ou Prosopopeia) – Durante a leitura, percebe-se que, em vários trechos, se faz uso dessa figura de linguagem, que consiste em atribuir a seres vivos não humanos ou a objetos inanimados sentimentos e ações próprias dos seres humanos. A sugestão é observar e identificar trechos em que o recurso aparece utilizado ao longo dos dois textos.

Romeu e Julieta (William Shakespeare) - Continuação

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 38

– Já não sei mais como me chamo, para lhe dizer.Meu anjo, eu próprio detesto o meu nome, já que é seuinimigo. Se o visse escrito num papel, rasgaria a folhano mesmo instante.

– Meus ouvidos ainda não chegaram a escutar nemcem palavras dessa voz, mas já reconheço o som. Vocênão é Romeu... Romeu Montecchio?

– Nenhum dos dois nomes, meu anjo, se você nãogosta deles.

– Como foi que chegou até aqui, pode me dizer? Osmuros do pomar são altos e difíceis de escalar. E vocêestá morto se for encontrado aqui por alguém da minhafamília.

– Passei voando sobre o muro com as asas do amor.Não existe barreira de pedras que consiga impedir oamor de entrar. E ele certamente tentará realizar tudo oque sente que é capaz de fazer. Por isso, nenhum dosseus parentes será páreo para mim.[...]

– Por nada no mundo eles podem saber que vocêestá por aqui!

– Tenho o manto da noite para me esconder da vistadeles.

– Quem lhe ensinou o caminho para chegar até aqui?– O amor foi meu guia. Ele me ensinou a direção, eu

lhe emprestei meus olhos. [...]

SHAKESPEARE, William. Romeu & Julieta. Adaptação de Fernando Nuno. Rio de Janeiro:Objetiva, 2003.

ROMEU – Com um nome, não sei como te dizer quem sou.Meu nome, minha santa, é odioso a mim mesmo, porque éinimigo teu. Se o tivesse escrito, rasgaria a palavra.JULIETA – Meus ouvidos ainda não saciaram a sede deuma centena de palavras articuladas por essa língua e, noentanto, conheço esse som; não és Romeu, e umMontecchio?ROMEU – Nem um nem outro, bela santa, se tedesagradam os dois.JULIETA – Como vieste parar aqui, conta-me, e por querazão? Os muros do pomar são altos e difíceis de escalar, econsiderando-se quem és, este lugar é sinônimo de morte,no caso de algum parente meu encontrar-te aqui.ROMEU – Com as asas do amor superei estes muros, poismesmo barreiras pétreas não são empecilho à entrada doamor. E aquilo que o amor pode fazer é exatamente o que oamor ousa tentar. Assim sendo, teus parentes não sãoobstáculos para mim. [...]JULIETA – Por nada neste mundo quero que eles te vejamaqui.ROMEU – Tenho o manto da noite para me ocultar dosolhos deles.JULIETA – Com instruções de quem encontraste estelugar?ROMEU – Instruções do amor, que foi quem primeiro melevou a indagar. Ele me aconselhou, e emprestei a elemeus olhos. [...]

SHAKESPEARE, William. Romeu e Julieta. Porto Alegre: L&PM, 2010.

Sugestão de filmes: Romeu e Julieta (1968), de Franco Zeffirelli, eShakespeare Apaixonado (1998), dirigido por John Madden.

“– Quem lhe ensinou o caminho para chegar até aqui?– O amor foi meu guia. Ele me ensinou a direção, eu lhe emprestei meus olhos.”

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Romeu e Julieta (William Shakespeare) - Continuação e final da cena

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 39

1. Em ambos os textos, Romeu, em sua primeira fala (pensamento) ao perceber que há luz no quarto e que Julieta pode aparecer no balcão,refere-se a ela fazendo uso de uma metáfora, ou seja, estabelecendo uma relação de semelhança com uma outra coisa. Que metáforaRomeu usa para se referir à sua amada?_____________________________________

2. Percebe-se, pela leitura, que Julieta chega ao balcão e lamenta-se em voz alta, mas falando para si mesma, enquanto Romeu, oculto nassombras, a escuta. Qual é a causa dos lamentos de Julieta?___________________________________________________________________

3. Antes de se dirigir diretamente a Julieta, Romeu revela uma indecisão diante de duas alternativas. Transcreva dos doistextos a fala de Romeu que revela sua indecisão, destacando o vocábulo que indica que se tratam de alternativas.

_________________________________________________________________________________________________

4. Transcreva dos dois textos as palavras iniciais com que Romeu se dirige diretamente a Julieta:______________________________________________________________________________

5. Transcreva dos dois textos a fala de Julieta no momento em que percebe que há alguém oculto,ouvindo seus lamentos:________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Resumindo a fala de Julieta, no momento em que se expressasobre o valor do nome de uma pessoa, que opinião ela tem sobre isso?_______________________________________________________

7. Transcreva dos dois textos a fala em que Romeu, por amor a Julieta,renega seu nome e seu sobrenome:________________________________________________________________________________________________________________

8. Que metáfora usa Romeu ao responder à pergunta de Julieta sobre comoconseguiu chegar até ali? __________________________________________

9. Nas palavras de Romeu, quem foi seu conselheiro e guia, para fazê-lo chegar até Julieta? __________________

METONÍMIANos trechos em que Julieta fala sobre onome não ser a pessoa e em queRomeu diz que toma Julieta pela palavra,explorados nas questões 4 e 6, utiliza-seo recurso da METONÍMIA, figura delinguagem em que se atribui a uma coisao nome de outra, em que se substitui umtermo por outro, pela associação que háentre eles (o todo pela parte, a parte pelotodo, o continente pelo conteúdo, o autorpela obra ...).

“(...) aquilo que o amor pode fazer é exatamente o que o amor ousa tentar.”

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 40

CHICÓ (gritando desesperado) – Ai, meus Deus! Meu Deus, meu Deus! Burro, burro!JOÃO GRILO – E por que essa gritaria, homem de Deus?CHICÓ – Eu pensei que você tinha morrido, João!JOÃO GRILO – E o que é que tem isso, homem?CHICÓ – Tem que eu, pensando que não tinha mais jeito, fiz uma promessa a Nossa Senhora para dar todo o dinheiro a ela, se você escapasse![...]JOÃO GRILO – Mas Chicó, como é que se faz uma promessa dessas?CHICÓ – E eu sabia lá que você ia escapar, desgraça? Oh homem duro de morrer, meu Deus!JOÃO GRILO – Ah promessa desgraçada, ah promessa sem jeito, Chicó!CHICÓ – Agora é tarde para me dizer isso.JOÃO GRILO – Não terá sido a metade que você prometeu?CHICÓ – Não, João, foi tudo.JOÃO GRILO – Ah promessa desgraçada, ah promessa sem jeito, Chicó!CHICÓ – É, só reclama de mim! E você, por que achou de escapar?JOÃO GRILO – Acho que foi de tanta vontade que eu estava de enriquecer. Não terá sido engano seu, Chicó?CHICÓ – Não, João, tenho certeza absoluta: entrei na igreja, me ajoelhei e prometi.JOÃO GRILO – Tudo?CHICÓ – Tudo.JOÃO GRILO – Ah promessa desgraçada, ah promessa sem jeito, Chicó.CHICÓ – Mas já foi feita e o jeito é pagar.JOÃO GRILO – Pagar?CHICÓ – Sim.JOÃO GRILO – Tudo?CHICÓ – Tudo.JOÃO GRILO – Ah promessa desgraçada, ah promessa sem jeito, Chicó!

Auto da Compadecida – Cena final

O texto que você vai ler a seguir é a cena final do “Auto da Compadecida”, um dos nossos mais populares textosteatrais, escrito por Ariano Suassuna. A cena ocorre depois que João Grilo “resssuscita” na frente de seu amigo Chicó.

Continua...

RESUMO – O texto trata dasaventuras de dois amigos, Chicó eJoão Grilo. Eles vivem de pequenostrabalhos que conseguem aqui e alie de pequenos, e quase inocentes,golpes que aplicam nas pessoas,em situações sempre muitoengraçadas. São histórias, “causos”que Ariano Suassuna retirou defolhetos de autores anônimos e queforam preservados pela tradição daliteratura de cordel nordestina.Numa dessas estripulias, João Griloacaba morto em confronto comcangaceiros que invadiram a cidade.Ele vai para o “purgatório”. Apósjulgamento (Juízo Final), acabarecebendo a graça de voltar à vida.

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 41

CHICÓ – Está certo, homem, estou tão desgostoso quanto você! Diabo de uma reclamação em cima da gente de minuto em minuto! É melhor deixar de conversa: vamos pagar o que se deve!JOÃO GRILO – Vamos, não; vá você! Eu não prometi nada e metade do dinheiro é meu!CHICÓ – É, mas acontece que quando eu prometi ele era todo meu, porque eu me considerava seu herdeiro.JOÃO GRILO – Eu não tenho nada com isso, não prometi nada.CHICÓ – Então fique com sua parte e assuma a responsabilidade. Eu vou entregar a minha.JOÃO GRILO – Chicó!CHICÓ – Que é?JOÃO GRILO – Espere por mim que eu também vou.CHICÓ – Vai?JOÃO GRILO – Vou.CHICÓ – Pois eu já estava convencido de que você estava certo.JOÃO GRILO – É, mas faltou quem me convencesse. [...]CHICÓ – Quer dizer que entrega?JOÃO GRILO – Entrego. Palavra é palavra e depois estive pensando: quem sabe se a gente, depois de ficar rico, não ia terminar como o padeiro? Assim é melhor cumprir a promessa: com desgraça a gente já está acostumado e assim pelo menos não se fica com aquela cara.CHICÓ – É mesmo.JOÃO GRILO – Pois vamos. Mas de outra vez, veja o que promete, infeliz, porque essa, ah. Promessa desgraçada, ah promessa sem jeito!(Saem. Entra o Palhaço)PALHAÇO – A história da Compadecida termina aqui. Para encerrá-la, nada melhor do que o verso com que acaba um dos romances populares em que ela se baseou:“Meu verso acabou-se agora,Minha história verdadeira.Toda vez que eu canto ele,Vêm dez mil-réis pra a algibeira.Hoje estou dando por cinco,Talvez não ache quem queira.”E se não há quem queira pagar, peço pelo menos uma recompensa que não custa nada e é sempre eficiente: seu aplauso.

Pano.Recife, 24 de setembro de 1955.

SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. Rio de Janeiro: Agir, 2001. O autorAriano Suassuna

oglobo.globo.com

É ! Sabia que vai passar na televisão?

Tudo muito bom, né?!

...e no cinema!

Auto da Compadecida – Cena final

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 42

Nesse seu “Auto da Compadecida", Ariano Suassuna recria para o teatro episódios registrados natradição popular do cordel, unindo com perfeição a tradição da oralidade popular e a elaboração literária. Alguns episódios baseiam-se em textos anônimos da tradição popular nordestina. O AUTO, do título, ao mesmo tempo que significa ato público, solenidade, refere-se também ao teatro de gênero dramático da Idade Média.

1. Chicó não começa a cena gritando daquele jeito, por pensar que João tinha morrido. Qual foi, então, o motivo da sua gritaria? ___________________________________________________________________________________________

2. Transcreva da 3.ª fala de Chicó o trecho que revela que ele fez a promessa em estado de desespero:___________________________________________________________________________________________

3. O fato de ter feito aquela promessa revela que sentimento de Chicó em relação a João?___________________________________________________________________________________________

4. Em vários momentos da cena, João repete a mesma fala: “Ah promessa desgraçada, ah promessa sem jeito, Chicó!”. Que efeito de sentido tem essa repetição?___________________________________________________________________________________________

5. Que fala de João revela que, de início, ele estava decidido a não usar a sua parte do dinheiro para pagar uma promessa que, no seu entender, era só de Chicó?____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

6. Com que argumento Chicó tenta convencer João de que a promessa envolvia todo o dinheiro?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

7. Ao ouvir Chicó dizer “Então fique com sua parte e assuma a responsabilidade. Eu vou entregar a minha.”, João resolve voltar atrás e acompanhá-lo no pagamento da promessa. Que sentimento pode tê-lo feito pensar melhor?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

8. A quem o Palhaço dirige sua fala final e que pedido lhe faz?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Bonita essa cena final, não é? Engraçada e bonita. E boa para se representar! Não é uma boa ideia, ensaiar com dois colegas erepresentar para a sua turma? Procure assistir ao filme indicado na página seguinte e observe a variante regional nordestina falada pelospersonagens. Combine isso com o seu/sua Professor/a. Antes, vamos estudar um pouco o texto.

Auto da Compadecida – Cena final

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O texto teatral “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna, foiadaptado para a linguagem da TV, depois transposta para ocinema, e resultou em filme de grande sucesso, a que o diretorGuel Arraes deu o título de “O Auto da Compadecida”. Leia ORESUMO.

SINOPSE: No sertão da Paraíba, João Grilo e Chicó andam pelas ruas anunciando A Paixão de Cristo, "o filme mais arretado do mundo". Asessão é um sucesso, eles conseguem alguns trocados, mas a luta pela sobrevivência continua. Os dois amigos se empregam na padariado avarento Padeiro e sua mulher, Dora, muito namoradeira. Os patrões os exploram e lhes concedem tratamento inferior aos animais dacasa. Os dois veem uma chance de ganhar alguns trocados quando a cadelinha de estimação da mulher morre e os dois organizam umenterro de luxo, com missa rezada em latim e tudo – o que cria um conflito entre o padre e o bispo, assim como com o coronel AntonioMoraes. A chegada da bela Rosinha, filha do coronel, desperta a paixão de Chicó, e ciúmes do cabo Setenta. Os planos da dupla, queenvolvem o casamento entre Chicó e Rosinha e a posse de uma porca de barro recheada de dinheiro, são interrompidos pela chegada docangaceiro Severino e a morte de João Grilo. Todos os mortos reencontram-se no Juízo Final, onde serão julgados no Tribunal das Almaspelo Juiz. O destino de cada um deles será ali decidido com um um final surpreendente, principalmente para João Grilo.Adaptado de www.kinodigital.ufba.br

1. Qual é a finalidade da SINOPSE?______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Muito usada na linguagem popular dos nordestinos, que significado tem a palavra “arretado” no trecho “o filme mais arretado do mundo”?___________________________________________________________________________________________________________________

Os amigosChicó e João GriloCartaz do filme

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Auto da Compadecida

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 44

Produção de texto. A história que você vai ler e nos ajudar a adaptar para o teatro é sobre um menino muito imaginativo,que leva o pai a enfrentar uma situação-limite entre a imaginação e a realidade. Observe como a história aparece narrada em umconto e, ao lado, a adaptação proposta para texto de teatro, ou seja, a mesma história escrita para ser encenada. Comece a ajudar,criando um outro título (também adequado) para a história a ser encenada. Observe com atenção as rubricas (ou indicadores decena) propostas no texto adaptado para teatro. A partir da CENA II, você continua a adaptação iniciada.

____________________________________ (Título)

Um ato

PERSONAGENS: O paiA mãeO filho

Cena ICENÁRIOAmbiente duplo. Uma sala de família de classe média e um quartode criança. Uma parede (pode ser uma divisão imaginária), comuma porta entre a sala e o quarto. A sala apresenta um ambienteonde acabou de se realizar uma festa. A mãe recolhe copos,pratinhos, enfeites e outros restos da festa. O pai ajuda o filho arecolher os presentes espalhados sobre um sofá. O menino pegauma espada e fica olhando-a sério. O pai para o que está fazendoe fica observando a atitude do filho com a espada.

PAI – Quanto presente, hein, filho?FILHO (sem deixar de olhar a espada) – É.PAI – E esta espada. Mas que beleza. Esta eu não tinha visto.FILHO (sempre sério e olhando a espada) – Pai...PAI – E como pesa! Parece uma espada de verdade. É de metalmesmo. Quem foi que deu?FILHO (voltando-se para o pai) – Era sobre isso que eu queria falarcom você.O pai estranha a atitude séria do filho e pega a espada de sua mão.FILHO – Pai, eu sou o Thunder Boy.PAI – Thunder Boy?!

Continua... Continua...

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A espada

Uma família de classe média alta. Pai, mulher, um filho desete anos. É a noite do dia em que o filho fez sete anos. A mãerecolhe os detritos da festa. O pai ajuda o filho a guardar ospresentes que ganhou dos amigos. Nota que o filho está quietoe sério, mas pensa: "É o cansaço." Afinal ele passou o diacorrendo de um lado para o outro, comendo cachorro-quente esorvete, brincando com os convidados por dentro e por fora dacasa. Tem que estar cansado.

– Quanto presente, hein, filho?– É.– E esta espada. Mas que beleza. Esta eu não tinha visto.– Pai...– E como pesa! Parece uma espada de verdade. É de metal

mesmo. Quem foi que deu?– Era sobre isso que eu queria falar com você.O pai estranha a seriedade do filho. Nunca o viu assim.

Nunca viu nenhum garoto de sete anos sério assim. Soleneassim. Coisa estranha... O filho tira a espada da mão do pai.Diz:

– Pai, eu sou Thunder Boy.– Thunder Boy?

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 45

Continua...

– Garoto Trovão.– Muito bem, meu filho. Agora vamos para a cama.– Espere. Esta espada. Estava escrito. Eu a receberia

quando fizesse sete anos.O pai se controla para não rir. Pelo menos a leitura de

história em quadrinhos está ajudando a gramática doguri. "Eu a receberia..." O guri continua.

– Hoje ela veio. É um sinal. Devo assumir meudestino. A espada passa a um novo Thunder Boy a cadageração. Tem sido assim desde que ela caiu do céu, novale sagrado de Bem Tael, há sete mil anos, e foiempunhada por Ramil, o primeiro Garoto Trovão.

O pai está impressionado. Não reconhece a voz dofilho. E a gravidade do seu olhar. Está decidido. Vaicortar as histórias em quadrinhos por uns tempos.

– Certo, filho. Mas agora vamos...– Vou ter que sair de casa. Quero que você explique à

mamãe. Vai ser duro para ela. Conto com você paraapoiá-la. Diga que estava escrito. Era o meu destino.

– Nós nunca mais vamos ver você? - pergunta o pai,resolvendo entrar no jogo do filho enquanto oencaminha, sutilmente, para a cama.

FILHO – Garoto Trovão.PAI – Muito bem, meu filho. Agora vamos pra cama.FILHO – Espere. Esta espada. Estava escrito. Eu areceberia quando fizesse sete anos...

O pai se controla para não rir. O filho continua....Hoje ela veio. É um sinal. Devo assumir meu destino. Aespada passa a um novo Thunder Boy a cada geração.Tem sido assim desde que ela caiu do céu, no valesagrado de Bem Tael, há sete mil anos, e foi empunhadapor Ramil, o primeiro Garoto Trovão.O pai ouve impressionado, mas disfarça e pega a mão

do filho, para levá-lo para dormir.PAI (pegando o filho pela mão) – Certo, filho. Mas agoravamos...

CENA IIO quarto do filho. Um quarto de menino de sete anos, declasse média, com móveis, posters de super-heróis naparede e uma cama de criança.Pai, sempre com o filho pela mão. Entram no quarto,continuando a conversa anterior.(A PARTIR DAQUI, VOCÊ ESCREVE A ADAPTAÇÃO.)

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Continua...

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LÍNGUA PORTUGUESA – 8.° ANOPÁGINA 46

– Claro que sim. A espada do Thunder Boy está a serviçodo bem e da justiça. Enquanto vocês forem pessoas boas ejustas poderão contar com a minha ajuda.

– Ainda bem - diz o pai.E não diz mais nada. Porque vê o filho dirigir-se para a

janela do seu quarto, e erguer a espada como uma cruz, egritar para os céus "Ramil!". E ouve um trovão que fazestremecer a casa. E vê a espada iluminar-se e ficar azul. Eo seu filho também.

O pai encontra a mulher na sala. Ela diz:– Viu só? Trovoada. Vá entender este tempo.– Quem foi que deu a espada pra ele?– Não foi você? Pensei que tivesse sido você.– Tenho uma coisa pra te contar.– O que é?– Senta, primeiro.

VERÍSSIMO, Luiz Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro:Objetiva, 2001

Após concluir seu trabalho, você pode convidar os seus colegas para ajudá-lo em outra tarefa: a de apresentar a cena, encenar a

sua adaptação, sempre sob a coordenação de seu/sua Professor(a).

Imaginou como será a encenação? Pode também combinar com os colegas a produção de um vídeo com todas as etapas do trabalho: ensaios, produção,

encenação... É uma boa ideia? Então, mãos à obra.

eurekakids.net

A seguir, a letra de uma bela canção que homenageia a arte da encenação, a arte do “fingimento”, na figura de uma atriz. Ouça a

canção, leia, cante junto, sinta a beleza das imagens. Que tal se organizar em grupo e produzir um vídeo para essa

canção, a partir de suas belas imagens ?

BEATRIZChico Buarque

OlhaSerá que ela é moça?Será que ela é triste?Será que é o contrário?Será que é pinturaO rosto da atriz?Se ela dança no sétimo céuSe ela acredita que é outro paísE se ela só decora o seu papelE se eu pudesse entrar na sua vida...

OlhaSerá que é de louça?Será que é de éter?Será que é loucura?Será que é cenárioA casa da atriz?Se ela mora num arranha-céuE se as paredes são feitas de gizE se ela chora num quarto de hotelE se eu pudesse entrar na sua vida...

Sim, me leva pra sempre, BeatrizMe ensina a não andar com os pés no chãoPara sempre é sempre por um trizAi, diz quantos desastres tem na minha mãoDiz se é perigoso a gente ser feliz

OlhaSerá que é uma estrela?Será que é mentira?Será que é comédia?Será que é divinaA vida da atriz? Se ela um dia despencar do céuE se os pagantes exigirem bisE se o arcanjo passar o chapéuE se eu pudesse entrar na sua vida...

Link para ouvir a canção: https://www.letras.mus.br/chico-buarque/45115/

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