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Curitiba, segunda-feira, 25 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 614 Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected] DIÁRIO d o B R A S I L Jornalistas e estudantes protestam contra redução do piso salarial Carolina Siedlecki Manifestação acontece nesta segunda-feira, na sede do sindicato da categoria Pág 3 Os problemas na área da saúde ultrapassam o SUS e chegam aos planos privados Págs. 4 e 5 Um passeio pelo salão da Sociedade Treze de Maio Jornalismo Literário Saúde Pág 7

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JORNAL-LABORATÓRIO DIÁRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNIVERSIDADE POSITIVO.

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Curitiba, segunda-feira, 25 de outubro de 2010 - Ano XII - Número 614Jornal-Laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Positivo [email protected]

DIÁRIO

do

BRASIL

Jornalistas e estudantesprotestam contra reduçãodo piso salarial

Carolina Siedlecki

Manifestação acontecenesta segunda-feira, nasede do sindicato dacategoria

Pág 3

Os problemas na área da saúdeultrapassam o SUS e chegam aosplanos privados Págs. 4 e 5

Um passeio pelo salãoda Sociedade Treze deMaio

Jornalismo Literário Saúde

Pág 7

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Curitiba, segunda-feira, 25 de outubro de 20102

OpiniãoReitor: José Pio Martins.Vice-Reitor: Arno Anto-nio Gnoatto; Pró-Reitorde Graduação: RenatoCasagrande; Pró-Reitorde Planejamento e Ava-liação Institucional: Cos-me Damião Massi; Pró-Reitor de Pós-Gradua-ção e Pesquisa e Pró-Reitor de Extensão: Bru-no Fernandes; Pró-Rei-tor de Administração:Arno Antonio Gnoatto;Coordenador do Cursode Jornalismo: CarlosAlexandre Gruber deCastro; Professores-ori-entadores: Ana PaulaMira e Marcelo Lima;Editores-chefes: DanielCastro ([email protected]), Diego Henriqueda Silva ([email protected]) e NathaliaCavalcante ([email protected]) .

“Formar jornalistas comabrangentes conheci-mentos gerais e huma-nísticos, capacitação téc-nica, espírito criativo eempreendedor, sólidosprincípios éticos e res-ponsabilidade social quecontribuam com seu tra-balho para o enriqueci-mento cultural, social,político e econômico dasociedade”.

O LONA é o jornal-laboratório diário doCurso de Jornalismo daUniversidade Positivo –UPRedação LONA: (41)3317-3044 Rua Pedro V.Parigot de Souza, 5.300 –Conectora 5. CampoComprido. Curitiba-PR- CEP 81280-30. Fone(41) 3317-3000

Expediente

Missão docursode Jornalismo

Se for dirigir não beba, e se beber chame um táxi! A velha dicade sempre, ao sair de casa, é a primeira coisa que escutamos. Ouso dos táxis se tornou cada vez mais comum, principalmentedepois da lei seca, que proíbe que motoristas dirijam sob o efeitode álcool. A lei está em vigor e tem ajudado a diminuir as mortespor acidentes de carro, que segundo a Polícia Federal são os quemais matam as pessoas. Há um pouco mais de dois anos em vi-gor, a lei traz benefícios para os taxistas apoiados por bares queincentivam o uso de táxis e fazem parceria com várias empresas,assim a renda é garantida. Mas será mesmo que os taxímetrossão justos na hora de cobrar? Não se pode confiar tanto assimnas famosas conversa de táxi. Perguntei um dia para um taxistaque me levava pra casa como funcionavam os taxímetros. Ele res-pondeu paciente, explicando que o valor era cobrado por quilô-metros rodados, então não importava se o taxista fosse a 20km/h ou a 200 km/h, o valor a ser pago será o mesmo. Mas, ao pararno drive in do MC Donald’s, continuo observando o taxímetrose mexer, as casinhas decimais continuam aumentando, mas otáxi está parado. Vencida pelo sono e a preguiça de argumentarcom o senhor que dirigia, deixei passar a chance de entendercomo funcionavam as maquininhas que cobravam o valor quepagaríamos para chegar em casa. Ainda pensando sobre como ovalor era cobrado, descobri que um microprocessador é embuti-do ao taxímetro e ele verifica se o carro está em movimento ounão. Se o carro estiver parado, é cobrada uma taxa por minutoparado, se estiver em movimento a cobrança é feita por quilôme-tros rodados.

Mas não são todas as pessoas que pensam nisso. As irregu-laridades nessas máquinas são fáceis de serem identificadas.Quem nunca passou por uma situação de achar absurdo os va-lores cobrados no fim das corridas? Somente em Curitiba rodamdois mil e trezentos táxis por dia. Quantos carros desses andamcom o taxímetro irregular não se sabe ao certo, e é por esse moti-vo que o Ipem (Instituto de Pesos e Medidas do Paraná) agorafaz a fiscalização dos taxímetros. Muita gente já se sente maisaliviada, afinal, se você estiver voltando para casa depois de umdia de trabalho, ou mesmo de uma noitada, será que vamos mes-mo prestar atenção no valor cobrado pelos táxis? O que a gentequer mesmo é chegar em casa, às vezes nem o troco pegamos,pode ser uma quantia insignificante, até porque nada paga al-guns minutos a mais na cama. Vencidos pelo cansaço, deixamospara trás o direito de saber se o motorista que nos leva para casanos cobra o valor justo pela corrida feita. É hora de prestar maisatenção e começar a cobrar os direitos de pagar o valor justo prachegarmos até em casa, afinal, enfrentar as superlotações dotransporte coletivo, ou enfrentar o trânsito sozinho dentro de umcarro, não está com nada.

Mariana Ribas

Taxímetro:será quefunciona?

Brasil, considerado um país com ampla democracia, patriota,disposto a enfrentar os problemas com coragem e dedicação. Emano de eleição, esse tipo de discurso fica sempre na língua de to-dos os políticos, que procuram evidenciar o quanto o nosso paísmudou por causa das soluções que eles encontraram e o quantopode melhorar se forem eleitos.

Apesar de todo esse discurso preparado com tempo, com to-dos os cuidados necessários, para manipular a população, paraque seja a favor de tudo o que é dito e não do que realmente acon-tece, tentam nos iludir de que tudo ficará bem, de que o país temcondições suficientes para resolver a pobreza, falta de educação,saúde, economia, tudo isso feito de maneira limpa, sem a dita cor-rupção.

Mesmo sabendo disso, a maioria das pessoas se tranca em casacom os olhos vendados para não ver a realidade, liga a televisãopara ver bobagens, não se interessa por assuntos políticos com adesculpa de achar isso chato, confuso e que sempre é a mesmacoisa.

Há sempre reclamações sobre esse assunto, mas não adiantanada ficar falando, decorando o mesmo texto cheio de críticas, senada for feito. Primeiramente, as pessoas deviam pesquisar, con-versar, participar do assunto, não ter medo de expor opiniões, de-bater sempre.

Claro que lembramos que temos nas mãos o voto. Um meio con-siderado seguro e forte para expormos nossa democracia. Mas ele,por si só, não garante muita coisa, pois falta a reflexão das pesso-as, porque tal político foi eleito, o que ele está fazendo pela cidadeou país, quais as mudanças, os problemas mais frequentes, e o maisimportante, o que é esquecido. A maioria das pessoas se junta parareclamar, quando o problema é do lado de casa, quando conse-guem juntar um número grande de insatisfeitos, para assim apon-tar os problemas e falar mal do governo.

Diariamente, ocorrem discussões sobre política, diversos indig-nados com problemas sociais, pensam que é necessária a mobili-zação, sair nas ruas e protestar, mas quando chega na hora de agir,ficam parados com medo de repressão, ou simplesmente não agemde acordo com o que dizem.

Em nossa cidade, ficamos sabendo de algumas manifestaçõescontra a falta de transparência na política, porque poucos se mos-tram bem preocupados, mas esse evento não foi como o esperado.Alguns estavam presentes, sendo que a população sabia que ha-veria esses manifestos. Isso é um exemplo de que não nos mostra-mos interessados o suficiente para mudar alguma coisa. Aponta-mos a culpa para o outro, para o considerado poderoso, o que po-deria agir, esquecemos que somos um povo grande, com condiçõesde lutar, resolver os problemas, de uma maneira mais clara e pre-sente, podendo lembrar que política pode sim ser um assunto in-teressante, se for abordado com um olhar diferente.

Política:participarou reclamarPaola Pruchneski

Há sempre reclamações sobre esseassunto, mas não adianta nada ficar falando,decorando o mesmo texto cheio de críticas,se nada for feito.

Será mesmo que os taxímetros sãojustos na hora de cobrar? Não se podeconfiar tanto assim nas famosas conver-sa de táxi.

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Curitiba, segunda-feira, 25 de outubro de 2010 3

Mobilização

Jornalistas se mobilizam contraredução do piso salarial da categoria

Daniella Bittencourt Féder

O piso salarial dos jorna-listas não tem reajuste real há14 anos no Paraná. E, como senão bastasse, o sindicato pa-tronal da categoria quer “be-neficiar” a classe com extinçãodo adicional hora-extra, redu-ção de 41,43% no piso (quecairia para R$ 1.200) para ointerior do estado e o congela-mento do anuênio. A desculpaé que “os negócios não andambem”. Cabe essa justificativa adonos de empresas cujos fatu-ramentos cresceram 33% noprimeiro semestre deste ano?

O Sindicato dos Jornalistastem uma pauta de reivindica-ções – que inclui vale-refeiçãoe adicional noturno -, mas ospatrões não mostram interessepor outra coisa que não seja aretirada de direitos dos própri-os colaboradores. A profissãode jornalista vem sendo ridi-cularizada descaradamentepelos donos de veículos de co-municação. Em resposta a isso,o SindiJor declarou assembleiapermanente, aprovou indicati-vo de greve e formou uma Co-missão de Mobilização, queestá trabalhando na formula-ção de ações de manifestocontra a situação e na promo-ção da campanha “Não Piseno Meu Piso”.

Na manhã da segunda-fei-ra, 18, os sindicatos dos Jorna-listas e Patronal se reuniramna sede da Associação dasEmpresas de Radiodifusão doParaná (AERP) para negociarpropostas, já que a data baseda categoria venceu. Profissi-onais e estudantes de jornalis-mo estiveram no local, numamanifestação contra o seques-tro de direitos. A rua, em fren-te à AERP, recebeu uma ambi-entação especial. Uma faixa

denunciava que “jornalistaganha mal”. Outra reforçava:“jornalista, você merece res-peito”. Um carro de som no-ticiava o desrespeito à clas-se, enquanto os manifestan-tes, usando narizes de palha-ço e adesivos da campanha“não pise no meu piso”,mostravam indignação soan-do apitos, balançando carta-zes e gritando bordões como“queremos aumento real; jor-nalista é explorado e ganhamal”.

O presidente do SindiJor,Márcio Rodrigues, participouda negociação e contou quea manifestação provocou oefeito desejado, forçando ospatrões a não recolocarem aspropostas que apresentavamaté então. Mas isso não bas-ta. A classe deve continuar aluta, reivindicando ainda be-nefícios necessários aos pro-fissionais, como aumentoreal, vale-refeição, plano desaúde e licença-maternidadeestendida (de 180 dias).

Outro ato de mobilizaçãoestá marcado para esta se-gunda-feira, às 13 horas, nasede do Sindicato dos Jorna-listas de Curitiba, que fica nocentro, na Rua José Loureiro,211 – ao lado da agência daCaixa Econômica Federal. OSindicato convida a todospara participarem. É impor-tante unir o maior número depessoas possível para aderirà ação, a fim de agregar mai-or força ao movimento.

Os fura-grevesOs jornalistas têm históri-

co de fura-greves. A últimagrande greve que aconteceuno setor foi no início dosanos 80. Porém, quando to-

dos os jornalistas que trabalha-vam em redações estavam para-lisados, assessorias de impren-sa enviavam material para en-cher as páginas dos jornais.Caso haja outra greve, não é im-provável que isto aconteça. Hojeem dia, com as facilidades dainternet, é muito fácil e rápidofechar jornais somente com ma-térias recebidas de assessoriasde imprensa e agências de no-tícias – inclusive internacio-nais.

MobilizanO remédio Mobilizan, que

está sendo distribuído pelo Sin-dicato nesta campanha salari-al, traz na bula: “É um medica-mento indicado na situação deataque aos direitos e no fortale-cimento da luta por aumentoreal e melhores condições detrabalho. Ele atua como fortifi-cante e estimulante no combateà retirada de direitos”. Emboraseja um fármaco tarja-preta, nãotem contraindicações e deve serutilizado sem moderação.

O jornalista ou estudante dejornalismo que quiser iniciar otratamento com o Mobilizanpode buscar o seu no Sindicatodos Jornalistas.

TwitterMuito provavelmente, os

meios de comunicação comerci-ais não vão publicar conteúdocomentando sobre o desrespei-to aos jornalistas. Como formade divulgação da campanhaNão Pise no Meu Piso, no Twit-ter foi criada a hashtag #greve-dosjornalistas. O banner estádisponibilizado no linktwitpic.com/2u2d7o, e quemestiver disposto a aderir à em-preitada pode utilizar como fotodas redes sociais.

Manifestação contra a redução do piso salarial do jonalista terá mais um ato de mobilização nesta segunda-feira

O presidente do SindiJor, Márcio Rodri-gues, participou da negociação e contouque a manifestação provocou o efeito de-sejado, forçando os patrões a não recolo-carem as propostas que apresentavam atéentão.

Fotos: Yasmin Taketani

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Saúde

Luma Bendini

Armando Salvatierra épediatra e, como todos osmédicos que atendem essaespecialidade, se contorceentre dois consultórios fa-zendo malabarismos comos pacientes para dar con-ta dos cuidados de todas

Ruim com elesPlanos de saúdesuplementardeixam a desejarde todos os lados:remuneram mal osmédicos, deixamos pacientes emfilas imensas e nãose sustentam

a s c r i a n ç a s q u e a t e n d e .Para ter uma ideia do piqueno qual Salvatierra vive to-dos os dias, no fim da tar-de que concedeu entrevistapara a presente matéria, re-latou que havia 16 pacien-tes agendados em seu con-sultório na Barreirinha, dezpela manhã e os outros seisà tarde. O saldo do dia foide 24 atendimentos, oi to“encaixes” tiveram que serfeitos para atender pacien-tes que chegaram sem con-sulta marcada. Segundo opediatra, 90 por cento dosatendimentos que realizasão feitos por meio do con-vênio com a Unimed que,junto com a Amil, somamos dois p lanos que maisatendem clientes curitiba-

nos.A remuneração abaixo

do esperado que ganha doplano de saúde – 42 reaispor consulta - faz com queo pediatra tenha tambémum segundo consultório,no Hospita l de Cl inicas ,onde atende pelo SistemaÚnico de Saúde (SUS). Oclássico malabarismo quet a n t o s o u t r o s p e d i a t r a stambém fazem para garan-tir um salário razoável nofim do mês.

Hoje, uma das especiali-dades médicas com maiord e m a n d a n o s p l a n o s d esaúde é a pediatria geral.Sem dificuldade se desco-bre porque: má remunera-ção. No Hospital de Clíni-cas de Curitiba, por exem-

plo, são 16 as vagas anu-a i s para res idênc ia empediatria, mas, dos médi-cos que as preenchem,apenas dois ou três vãoseguir a área da pediatriageral. O restante acaba seespecializando, já que ou-t ras áreas da pediatr iaoferecem a perspectiva deprocedimentos que au-mentam a remuneraçãodo profissional, enquantona pediatria geral a únicaforma de ganhar dinheiroé por meio das consultas.Ou se ja , com os custospara manter um consultó-rio, não é exagero dizerque muitos pediatras ge-ra i s quase pagam paratrabalhar. Tal realidadereflete nas grandes filasde espera que há muitotempo não são exclusivi-dade apenas do SUS. Terplano de saúde não signi-fica mais prioridade.

P a r a c o n t i n u a r n oexemplo da pediatria, masagora do lado do pacien-te , é possível constatar

que, mesmo tendo um planoparticular de saúde, conse-guir uma consulta requer emmédia 15 dias de espera.Para ter uma ideia real doproblema, a reportagem doLona ligou para os primei-ros 50 consultórios do GuiaMédico da Unimed (organi-zado em ordem alfabética) àp r o c u r a d e u m p e d i a t r apara o dia seguinte ao con-tato. Somente após a décimasétima ligação foi possívelc o n s e g u i r u m a c o n s u l t a“ p a r a a m a n h ã ” . A l g u n sconsultórios pediam que aligação fosse retornada nomês de novembro, quandoabririam a agenda para con-sultas de 2011. Outros mé-dicos já não atendiam maispela Unimed ou aposenta-ram-se e, a maioria, tinhauma espera de 60 a 80 dias.

A segunda especialidadec o m m a i o r d e m a n d a n asaúde suplementar é a gine-cologia e, novamente, o pro-blema perpassa os honorá-rios médicos. Esse foi umdos temas mais abordadosdurante o Congresso Pau-lista de Obstetrícia e Gine-cologia, que aconteceu emsetembro deste ano. No con-gresso, protestos e fórunsforam organizados para de-bater a situação que, segun-do a Associação de Obstetrí-cia e Ginecologia do Estadode São Paulo (Sogersp) che-ga ao ridículo quando algu-mas operadoras de saúdepagam R$ 25,00 brutos pelaconsulta de um ginecologis-ta – restando líquido para oprofissional, com todos osgastos pertinentes ao con-sultório, cerca de R$ 5,00.

Estas críticas e reivindi-cações são compartilhadaspelos profissionais parana-

A solução e o veneno

enses, já que aqui a situa-ção não é diferente. Mem-bro da Comissão de DefesaProfissional da Associaçãode Obstetrícia e Ginecolo-gia do Paraná (SOGIPA),Dulce Henriques expl icaq u e o s p l a n o s d e s a ú d esão, ao mesmo tempo, a so-lução e o veneno: “O médi-co é obrigado a se credenci-ar, pois é através dos con-vênios que ele é indicado etorna-se conhecido. Nin-guém pode simplesmentealugar um quarto e colocaru m a p l a c a d e M É D I C O .Mas, para isso ele tem quese submeter à condição deganhar R$ 30,00 por con-sulta”.

Recentemente a gineco-logista foi descredenciadade um plano de saúde peloqual atendia há 17 anos. “Odescredenciamento foi uni-lateral , s implesmente medesvincularam, sem justacausa. E o meu compromis-so com as pacientes, ondefica?” Revendo seu contra-to de trabalho, Dulce cons-tata que em 2001 recebia R$25,00 por consulta e , em2010, ao sair do convênio,estava recebendo R$ 30,00.“Em dez anos houve um re-ajuste de cinco reais. Le-vando em conta a inflaçãodesse período, esse reajus-te representa uma desvalo-r ização da prof issão quegira em torno dos 300%”.

Nesse contexto, recente-mente a Associação MédicaParanaense deu queixa aoMinistério Público dizendoque a Agência Nacional deSaúde Suplementar (ANS),r e s p o n s á v e l p o r r e g u l a -mentar e fiscalizar as ope-radoras de planos de saúdeparticular, não está cumpri-do sua função normatiza-dora. Isso porque, no que

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s, pior sem elestange a questão dos hono-rários médicos, a ANS sim-plesmente recomenda que ovalor das consultas estejade acordo com uma tabelaestipulada pela AssociaçãoMédica Brasileira (AMB).Os convênios, por sua vez,remuneram os médicos combase na tabela da AMB de1992. “A Agência Nacionalestá sendo omissa com essasituação, não está cumprin-do sua função reguladora”,protesta Dulce Henriques.

A A N S e x i s t e d e s d e1999 e, entre suas determi-nações recentes mais im-portantes está o chamadoR o l d e P r o c e d i m e n t o s eEventos, uma lista de con-sultas, atendimentos, exa-mes e tratamentos que de-vem ser cobertos obrigato-riamente por qualquer pla-no de saúde. A última atu-a l i z a ç ã o d e s s a l i s t a d eprocedimentos foi feita emjunho deste ano e , entreoutras a l te rações , prevênúmero maior de sessõesde fisioterapia, psicologiae nutricionista. No portald a A N S n a i n t e r n e t(www.ans.gov.br) é possí-vel consultar todas as mu-danças realizadas no Rolde Procedimentos Médicos.

Além disso, desde abrild e 2 0 0 9 e s t á d i s p o n í v e ltambém na internet o GuiaANS de Planos de Saúde,que compara mais de cincomil planos de 900 operado-res em todo país, para aju-dar os consumidores quequeiram mudar ou ingres-sar nos planos de saúde. Ainiciativa do guia veio coma i m p l a n t a ç ã o d a l e i d aportabil idade dos planosde saúde, que permite aoconsumidor migrar de um

ANS

plano para o outro sem ca-rência.

Ainda que existam mui-tas iniciativas da ANS quefavorecem a transparênciana contratação e atuaçãodos planos de saúde su-plementar, restam assuntosque precisam ser resolvi-dos. Professor da Universi-dade Positivo e gestor desaúde, Luiz Furlan, afirmaque muitas contas aindaprecisam ser abertas: “Osplanos de saúde precisamser mais claros quanto aofaturamento de suas obrase a remuneração de seusprofissionais”.

O professor explica queum fator de influência di-reta na conta dos planos desaúde é o que os gestoreschamam de sinistralidade,entendida como a relaçãoentre o que o usuário pagae o que ele usa. A lógicaque rege um plano de saú-de é a do cooperativismo,ou seja, um grupo de pes-soas que se reúne com opropósito de dar coberturaa o a t e n d i m e n t o d e s u asaúde e de seus dependen-tes e, para isso, contribuicom determinado va lor .Porém, para que isso fun-cione, a soma dos gastosdo grupo, não pode ser su-perior a 70%. Quando issoacontece, há um desequilí-brio, ou sinistralidade.

Pesquisas recentes mos-tram que a taxa de sinistra-lidade chega a quase 83%nos principais planos des a ú d e n a c i o n a i s . C o misso, as operadoras justifi-cam aumentos, ou “reajus-tes”, nos preços cobradospor seus serviços, e tam-bém os baixos pagamentosque repassam para os pro-fissionais afiliados.

M e s m o q u e d e i x e m a

desejar de muitos lados, osplanos de saúde suplemen-tar ainda são uma alternati-va ao atendimento da redepública. Segundo a últimaPesquisa Nacional porAmostragem de Domicíliocom foco no segmento deSaúde, realizada em 2003pelo IBGE, mais de um mi-lhão de brasileiros deixamde procurar atendimentomédico por falta de dinheiro;48% dos que buscaram aten-dimento, mas não consegui-ram, apontaram como princi-pal motivo a falta de senhasou vagas. Números de des-crédito e insatisfação justifi-cam a quantidade de brasi-leiros que opta por pagarplanos de saúde suplemen-tar: um a cada quatro. Vintee cinco por cento dos brasi-leiros pagam duplamentepela perspectiva de proteçãoà saúde: uma por meio dosimpostos e outra na mensa-lidade dos planos de saúde.

A remuneração abaixo doesperado que ganha do plano

de saúde – 42 reais porconsulta - faz com que o

pediatra tenha também umsegundo consultório, no Hospital

de Clinicas, onde atende peloSistema Único de Saúde (SUS).

O clássico malabarismo quetantos outros pediatras também

fazem para garantir um saláriorazoável no fim do mês

SXC/Thiago Miqueias

Saúde

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Geral

Laís Marques

É provável que você já te-nha visto dois rapazes deaproximadamente 20 anosjuntos usando roupas soci-ais e do lado esquerdo dopeito uma plaqueta com umnome nada comum: Elder.

Eles são missionários deA Igreja de Jesus Cristo dosSantos dos Últimos Dias, cu-jos membros são mais co-nhecidos como mórmons. Osrapazes – entre 18 e 26 anos- são missionários voluntári-os que fazem um serviço re-ligioso, além da ajuda comu-nitária que oferecem ondeservem. O mundo hoje contacom mais de 55 mil jovensque fazem o que eles cha-mam de missão. A missãotem a duração de 2 anos equalquer jovem de qualquerparte do mundo pode servirem qualquer lugar.

Igor Marques, de 22 anosé brasileiro e serviu a missãode 24 meses no estado deNew Jersey, abrangendo al-gumas cidades como: River-s ide , Burl ington, NorthBrunswick, Long Branch,Atlantic City e outras. Du-rante os meses maio de 2007a maio de 2009 ele foi conhe-cido pelas pessoas daquelaregião como Elder Marques.O nome Elder é apenas um“apelido” que eles levam du-rante o período que estão

servindo essa missão. Paraos mórmons, fazer umamissão de tempo integral émuito mais do que espalharo evangelho de Cristo a to-das as nações, tribos, lín-guas e povos, é tambémuma prova de fé, de cresci-mento e desenvolvimentoindividual. Aqueles queservem missão são muitobem visto perante os outrosmembros, pois eles têm acrença de que isso faz par-te do desenvolvimento dorapaz como homem. As mu-lheres também podem sermissionárias; você já deveter visto duplas de mulhe-res com saias mais longase a plaqueta do lado es-querdo levando o nome deSister.

De acordo com a doutri-na SUD (Santos dos Últi-mos Dias - como eles cha-mam) a missão foi iniciadana época de Cristo e seusapóstolos, Pedro e Pauloque saíram para pregar asverdades ensinadas peloMestre. Hoje o único paísdo mundo onde não existemissionários é a China, emtodos os países ao redor domundo existem muitas du-plas de missionários.Alémda ajuda espiritual dada aaqueles que aceitam o evan-gelho como verdadeiro, osmissionários oferecem aju-da em qualquer aspecto queseja necessário.

Igor -Elder Marques-prestou auxilio com aulasde piano e regência, portu-guês e inglês, reconstruçãode casas, mudanças, limpe-za e organização de quin-tais. Para as pessoas de bai-xa renda trabalhou em re-feitórios grátis que ofereci-am sopão e ajudou na orga-nização de armazéns que

doavam comida. O jovemIgor, de 22 anos, foi um dosmissionários que passou poraquela região e ajudou aspessoas que precisavam.

Mas não é preciso ir mui-to longe para ver a ajuda co-munitária que eles prestam.Na cidade de Curitiba, sãomais de 60 duplas espalhadaspela cidade e região metropo-litana. Os Elderes Amato – deSão Paulo - e Hewett , ameri-cano do estado de Utah , fize-ram há pouco tempo um pro-grama para pessoas que ti-nham problemas com drogas,de acordo com a dupla, mui-tos dos que foram atendidoslargaram as drogas e algunsestão a caminho da recupera-ção. Todo tipo de serviçoprestado por qualquer missi-onário é completamente vo-luntário, desde o momentoque eles saem de casa com aplaqueta no peito até o mo-mento que eles retornam àscasas 24 meses depois.

É considerado o trabalhovoluntario mais nobre, emque eles se esquecem de simesmos, e doam-se completa-mente para uma causa maior.

Para mais informaçõesconsulte o site: www.lds.org

Missão pelacidadania

Em prol dovoluntariado, osmórmons seesquecem de simesmos poracreditaremnesta açãoconsideradanobre

Todo tipo de serviçoprestado por qualquermissionário écompletamentevoluntário, desde omomento que eles saemde casa com a plaquetano peito até o momentoque eles retornam àscasas 24 meses depois

Meu caro amigo.Vamos logo à confissão: não escrevo somente pra

mim. Não consigo. Assim deveria, raciocine comigo. De-veria escrever pra não ser lido. Explico. Escrever paranão pensar que se escreve, para esquecer de que tenhoum nome, escrever como quem carimba documentosnuma mesinha de centro de um escritório localizado nainterseção da marginal com a via coletora. Mas não éassim. Penso no processo e penso em você, meu amigo,você que é de todos os amores e sexos, de todos os es-plendores e melancolias, que perambula na madruga-da em busca de alguma coisa perdida e abre conversacomigo e com os meus fantasmas. Você que almeja umafagulha de beleza e espera que eu doe alimento.

Somos feitos da mesma correspondência, irmão. De-claramos armistício ao cotidiano e folheamos páginasque versam sobre nós mesmos, a única diferença é quea minha lágrima é menos fecunda, é menos verdadeirae a sua vida é feita de uma substância que só você con-segue medir. Eu sou um simulacro, você não. Quandovocê apalpa as entranhas que um dia me foram agora,quando lê minhas crônicas originadas de um poço an-tigo, você me retira do jantar com os cadáveres mais be-licosos e me leva pra carregar suas imagens e sonhos,nos tornamos cúmplices, passageiros de uma rua sónossa.

Por isso, proponho, meu caro amigo leitor, um brin-de, em suma, ao atravessar da ponte da palavra:

- Somos eu e você.- Que esta ponte seja duradoura.- Por uma boa leitura (e por sua vida agora estanca-

da).

crônicacrônica

Penso no processo e pen-so em você, meu amigo, vocêque é de todos os amores esexos, de todos os esplendo-res e melancolias, que peram-bula na madrugada em buscade alguma coisa perdida eabre conversa comigo e comos meus fantasmas

Daniel Zanella

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Curitiba, segunda-feira, 25 de outubro de 2010 7

Jornalismo Literário

de forró

Começo de noite de domin-go, atravessando a rua de pe-dras posso sentir a ponta donariz mudando de cor e os de-dos congelarem. Na calçadaduas amigas conversam en-quanto fumam um cigarro.Atrás delas a placa revela omeu destino: Sociedade Trezede Maio.

Como todo domingo, anoite é de forró. Subo as escadase compro meu ingresso, ao ca-minhar em direção à entrada dosalão o som vai aumentando. Acada passo as palavras sãomais perceptíveis, “sertão...,toda men.. que enjô da bone... Ésiná que o amor, já chegou nocoração...”.

Ainda é cedo e a pistacomporta poucos casais. O barainda não tem fila e é possívelenxergar as mesas e a decora-ção de bandeirinhas de festa ju-nina, propositais ou esquecidas.A estrutura é simples, o chão ébom. Não chega a ser uma salade reboco como poetizou LuizGonzaga, mas há certa seme-lhança.

A Treze de maio é antiga,foi criada em 1888 por “africa-nos livres”, após a abolição daescravatura. A sociedade era oponto de encontro da popula-ção negra de Curitiba. Era o lo-cal em que convocavam reuni-

ões, promoviam eventos e se or-ganizavam politicamente.

Na casa, a cultura negraera preservada, mas a partir dadécada de 50 a Sociedade pas-sou a ser reformulada, perden-do as festividades religiosas etradições. Também teve sua ar-quitetura modificada, o que aimpede de ser tombada. Umanova reforma foi realizada em1996, na qual sumiram quadroscom fotografias, placas e umamesa centenária. Em 2006, acasa passou a receber grupos demúsica e organizar festas. E for-rós, como os de domingo.

Menos de meia horaapós a minha chegada, o salãoparece outro. É impossível en-xergar as mesas, e as bandeiri-nhas são só mais um coloridoem meio a multidão. A bandaainda não chegou, mas perto dopalco, cobrindo caixas de som,dezenas de blusas, casacos ebolsas repousam ao som de “Éproibido cochilar, cochilar, co-chilar, É proibido cochilar, co-chilar, cochilar”.

No forró, pode ser nodois pra cá e dois pra lá ou no“1,2,3” do frente e trás, as san-dálias se encontram com tênis,botas com chinelos e sapatoscom rasteirinhas. As saias gi-ram, vermelhas, azuis e amare-las. Há flores nas cabeças, cola-

res nos pescoços e pulseirasnos pulsos.

O salão pulsa, revelandoque o frio realmente ficou defora. A temperatura parece pas-sar dos 40° graus, um poucopelo salão cheio, outro pelo ca-lor que o exercício provoca emais, muito mais pelo calor hu-mano. Não um calor humanocomum e sim ao pé da letra, ca-lor que passa de corpo paracorpo, a cada dança, no toquede pele, na troca de suor; trans-pira-se calor e troca-se.

A banda começa. “Eu fuichegando e fiquei meio assusta-do, era só muié bonita, era fulôpra todo lado...”. A pista, que jáparecia cheia, ganha mais ca-sais. Três meninas ficam a es-preita, a espera de serem convi-dadas para uma dança. “Namargem do São Francisco, nas-ceu a beleza, e a natureza elaconservou...”. As músicas sãotocadas em forma de cortinas,são três músicas corridas, semparar, uma colada na outra.“...A gente se ilude, dizendo: Jánão há mais coração!". O casalnão pode parar de dançar atéque uma cortina seja completa-da. Os que dançam, por muitasvezes acabam se cansando, masas moças sem par se cansamainda mais da espera. As trêsmeninas se sentam no palco, a

espera da próxima cortina e doconvite.

Com o salão cheio, énormal que um casal se esbar-re no outro. Cada um tem seuestilo de dançar, tem os quedançam grudadinhos, os queparecem querer ocupar todo sa-lão, os que dançam olhandopro chão e os que dançam can-tando. Tem aqueles que giramtodo o salão e os que não saemdo lugar. E há os que não dan-çam, mas esses logo mudam degrupo.

O presidente da Socieda-de, Álvaro da Silva, herdou ocargo do pai. Junto ao cargo,veio a sede de luta para man-ter o patrimônio histórico. ATreze de Maio conta 122 anos,contrapondo o mito de que Cu-ritiba é uma cidade europeia,sem a memória de negros e es-cravos.

Com a pausa da banda,a pista perde público. Uns vãobeber alguma coisa, outros vãotomar um ar lá fora e outros vãoembora, já que nem o forró dedomingo consegue impedir achegada da segunda-feira. Masnem todo mundo sai do salão,muita gente não para de dan-çar, e enquanto a banda nãovolta, o dj da casa cuida dosom. “Dizem que Rosinhagosta muito de dançar, não

pode ver um forró que ela logoquer entrar, achei interessantenão deixei de reparar...”.

Quem frequenta a Trezede Maio a conheceu por indica-ção de algum frequentador-amigo. A casa não tem site enem aceita cartão, mesmo assimlota todos os domingos. Quemvai mais de uma vez, com cer-teza começa a notar rostos co-nhecidos.

A banda volta. Eles são oAreia Branca e tocam na Socie-dade todos os domingos, embo-ra eles toquem forró pé de serrae o forró universitário, são elesque tocam a ciranda, quase nofim da noite. “Eu vi mamãeoxum na cachoeira, sentada nabeira do rio, colhendo lírio liru-lê, colhendo lírio lirulá, colhen-do lírio, pra enfeitar o seu con-gá...”. A ciranda é como aquelade criança, todos dão as mãose giram. Mas diferente da brin-cadeira infantil, essa cirandamultiplica energia, é como umritual.

Após a ciranda, o dj co-loca as músicas “fim de festa”,ai é momento de se despedir dopar, do gingado, do atabaque edo triângulo. Enfrentar a sema-na e aguardar até o próximo do-mingo, para mais uma vez che-gar à rua Desembargador Clo-tário Portugal, 274.

Mis

sa O casal nãopode parar dedançar até queuma cortina sejacompletada. Osque dançam, pormuitas vezes aca-bam se cansando,mas as moçassem par se can-sam ainda mais daespera. “

Priscila Schip

“Divulgação

Page 8: LONA614-25/10/2010

Curitiba, segunda-feira, 25 de outubro de 20108

Cultura

Assim como o vale-trans-porte e o vale-refeição, todotrabalhador com registroem carteira terá direito amais um benefício no valorde R$50,00 mensais paraque ele possa investir emconhecimento e cultura. Aproposta ainda não foi to-talmente aprovada, por nãoter uma regulamentação es-pecífica, que determine oque pode ser consideradocultura, já que o valor po-derá ser gasto em produtoscomo livros, CDs, DVDs,peças teatrais, cinema e dis-cute-se ainda a inclusão doacesso à internet.

Após a criação da LeiR o u a n e t e d a L e i d oAudiovisual, que fomentouo crescimento na produçãocultural nacional, agora te-mos um pro je to vol tadopara incentivar o consumodesses produtos. Na teoria,quem ganha é o trabalha-dor, que vai ter a oportuni-dade de ir ao cinema com afamília, por exemplo, oucomprar livros que um or-çamento normal não permi-tiria. O mercado cultural

Pamela Almeida

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O drama de Serge Kribus, sob direção de Marco Ricca, traz no elencode “A grande volta” os atores Fúlvio Stefanini e Rodrigo Lombardi.A peça apresenta a relação entre pai e filho, que voltam a morarjuntos.

As Cabeleireiras

Cida Airam – Show Brasis

A cantora natalense Cida Airamtraz a Curitiba o show “Brasis”.A apresentação é uma mistura devários estados brasileiros, regadaa MPB e música regional. Norepertório, a ciranda “A Flor dasÁguas”, “Semeadura”, “BanhoCheiroso” entre outros.

O diretor Amauri Ernani apresenta acomédia “As Cabeleireiras”. O salão debeleza é o confessionário das personagens.A dona do são está à beira da falência. Paracompletar, seu marido fugiu com suaassistente, Dália, que é um travesti.

A Grande Volta

Onde: Teatro Fernanda MontenegroQuando: 23/10/2010, às 21h e 24/10/2010, às 20hPreço: R$ 80 (½ entrada: R$ 40)

Onde: Teatro CulturaQuando: Até 27/11/2010, às 21h, sempreaos sábadosPreço: R$ 30 (½ entrada: R$ 15

.

Onde: Teatro PaiolQuando: 26/10/2010, às 20hPreço: R$ 10 (½ entrada: R$ 5)

Nathalia Cavalcante

Divulgação

Divulgação

Divulgação

também será beneficiado,pois o público consumidorterá um crescimento signifi-cativo em relação ao cenárioatual.

Na prática, talvez nãoseja tão simples. Segundocenso do IBGE, mais de 90%da população brasileira nãofrequenta museus ou sequerjá foi a uma exposição dearte. A grande massa nãotem o hábito de ir ao teatroou a espetáculos de dança.Mesmo com muitos eventosgratuitos, a participação dacomunidade ainda é muitopequena.

A realidade, nos dias dehoje, abre espaço para umadiscussão antiga, mas mui-to séria a respeito do olharcultural no país. Não pode-mos ignorar o fato de que anossa cultura foi invadidap o r “ p a c o t e s p r o n t o s ” .Compra-se tudo o que estána moda, e agora está namoda ser Cul t . V ivemosnuma sociedade puramenteconsumista, onde não há re-flexão sobre o produto con-sumido.

Como construir o ideal

de povo instruído se não te-m o s a s b a s e s p a r a i s s o ?Com a nova lei de incenti-vo, com certeza os grandeshits do momento serão mui-to mais vendidos, os cine-m a s q u e a p r e s e n t a m o sblockbusters ficarão maischeios. Mas e as produçõesque valorizam a identidadebrasileira, terão mesmo umcrescimento de público? Eos clássicos da l i teraturarealmente vão ganhar no-vos leitores?

Se medidas mais sériasnão forem tomadas na áreada educação, para a forma-ção de um c idadão maisc r í t i c o , p o u c o a d i a n t a r áesse “incentivo” ao conhe-cimento. Não será a partirdo Vale-Cultura que as pes-soas começarão a desfilarcom as obras de Machadod e A s s i s n o s b r a ç o s , o upassarão a frequentar asmontagens de Shakespeare.Corremos o risco de cair noentretenimento pelo entre-tenimento e voltarmos aostempos da Roma Antiga,vivenciando novamente apolítica do pão e circo.

Vale-CulturaOvale

para quê?

A realidade, nos dias de hoje, abreespaço para uma discussão antiga,mas muito séria a respeito do olharcultural no país. Não podemosignorar o fato de que a nossa culturafoi invadida por “pacotes prontos”.Compra-se tudo o que está namoda, e agora está na moda ser Cult