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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO A Cidade, o Urbano, o Humano Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018 LONJURAS: ESPAÇO SAGRADO NO MORRO DA CAPUAVA PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO WEB GABNER P. RODRIGUES, GRADUANDO PELA UEG - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS; coautoria de MAÍRA TEIXEIRA PEREIRA, DOUTORA PELA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA E PROFESSORA EFETIVA DA UEG. RESUMO Há muitos anos o Morro da Capuava, em Anápolis-Goiás, é frequentado por pessoas de várias religiões para ali fazerem orações ou para contemplação, já que o local oferece um amplo panorama visual, sereno e isolado de ruídos e propício ao relaxamento. Pode ser considerado um importante espaço público, permanentemente ocupado, a despeito de sua posição limítrofe no perímetro urbano; local de encontro durante o dia, e à noite concentrando grupos de vigília. A pesquisa investiga que motivos tornaram possível a especialização desse locus para fins religiosos. É também bastante referida a passagem da coluna Costa/Prestes por Anápolis neste local, conforme atestam alguns autores. A cidade tem sua história marcada por passagens e migrações, de diversas motivações e proveniências, à depender da época em que ocorrem, o que pode ser interpretado como uma “vocação”, uma “cidade entre”, parte do eixo Goiânia-Brasília. Além dos referidos valores como lugar de devoção e local de memória, possui importância ambiental, uma vez que as nascentes que ali se encontram pertencem a região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio João Leite, que abastece a cidade de Goiânia. A reconstituição da vegetação necessária à conservação das nascentes é de interesse intermunicipal e estadual, previsto em legislação específica. O estudo aborda como os aspectos Uso Público-Interesse Ambiental-Registro de Evento Histórico constituem a singularidade do local. PALAVRAS-CHAVE: Anápolis, Morro da Capuava, Paisagem do Cerrado.

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XV SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO

A Cidade, o Urbano, o Humano Rio de Janeiro, 18 a 21 de setembro de 2018

LONJURAS: ESPAÇO SAGRADO NO MORRO DA

CAPUAVA

PAISAGEM CULTURAL E PATRIMÔNIO

WEB GABNER P. RODRIGUES, GRADUANDO PELA UEG - UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS; coautoria de MAÍRA TEIXEIRA PEREIRA, DOUTORA PELA UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA E PROFESSORA EFETIVA DA UEG.

RESUMO

Há muitos anos o Morro da Capuava, em Anápolis-Goiás, é frequentado por pessoas de várias religiões para ali fazerem orações ou para contemplação, já que o local oferece um amplo panorama visual, sereno e isolado de ruídos e propício ao relaxamento. Pode ser considerado um importante espaço público, permanentemente ocupado, a despeito de sua posição limítrofe no perímetro urbano; local de encontro durante o dia, e à noite concentrando grupos de vigília. A pesquisa investiga que motivos tornaram possível a especialização desse locus para fins religiosos.

É também bastante referida a passagem da coluna Costa/Prestes por Anápolis neste local, conforme atestam alguns autores. A cidade tem sua história marcada por passagens e migrações, de diversas motivações e proveniências, à depender da época em que ocorrem, o que pode ser interpretado como uma “vocação”, uma “cidade entre”, parte do eixo Goiânia-Brasília.

Além dos referidos valores como lugar de devoção e local de memória, possui importância ambiental, uma vez que as nascentes que ali se encontram pertencem a região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio João Leite, que abastece a cidade de Goiânia. A reconstituição da vegetação necessária à conservação das nascentes é de interesse intermunicipal e estadual, previsto em legislação específica. O estudo aborda como os aspectos Uso Público-Interesse Ambiental-Registro de Evento Histórico constituem a singularidade do local.

PALAVRAS-CHAVE: Anápolis, Morro da Capuava, Paisagem do Cerrado.

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FARAWAY: SACRED SPACE IN MORRO DA CAPUAVA

ABSTRACT

For many years the Morro da Capuava, in Anápolis-Goiás, is frequented by people of various religions to pray there or to contemplate, since the place offers a wide visual panorama, serene and isolated of noises and conducive to relaxation. It can be considered an important public space, permanently occupied, in spite of its border position in the urban perimeter; meeting place during the day, and at night concentrating vigil groups. The research investigates what motives have made it possible to specialize this locus for religious purposes.

The passage of the Costa / Prestes column by Anápolis in this place is also well mentioned, as some authors attest. The city has its history marked by passages and migrations, of diverse motivations and origins, depending on the time in which they occur, which can be interpreted as a "vocation", a "city among", part of the Goiânia-Brasília axis.

In addition to these values as a place of devotion and place of memory, it has environmental importance, since the springs that are there belong to the region of Environmental Protection Area (APA) of the João Leite’s river, which supplies the city of Goiânia. The reconstitution of the vegetation necessary for the conservation of the springs is of city and state interests, provided for in specific legislation. The study addresses how the aspects Public Use-Environmental Interest-Historical Event Record constitute the singularity of the place.

KEY-WORDS: Anápolis, Morro da Capuava, Cerrado’s landscape.

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PARAGENS

Por suas características topográficas, o Morro da Capuava, objeto deste estudo, situado em Anápolis-Goiás, atua como limitante à expansão da cidade, o que define o locus da apropriação pelo uso público como espaço devocional. Sua condição geográfica nos fornece subsídios para compreender suas características singulares.

[...] a montanha figura entre as imagens que exprimem a ligação entre o Céu e a Terra; [...] um espaço existencial e sagrado, que apresenta uma estrutura totalmente diferente e que é suscetível de uma infinidade de roturas e, portanto, de comunicações com o transcendente. (ELIADE, 1992, p. 25;33)

Entendendo Anápolis como uma cidade culturalmente tradicional e ligada aos princípios religiosos desde suas origens, talvez se possa dizer com ROSSI (2001 p.199) que o Morro da Capuava representa “parte da imagem que a cidade tem de si mesma”, ou pelo menos, um lugar onde a cidade pode contemplar a si mesma. O olho que vê a cidade lhe devolve uma visão contaminada de subjetividade. Ou ainda: a coisa também se vê no reflexo do olho que a vê.

Todo lugar tem seu mito fundador, nos diz ELIADE (1992), onde se supõe ser um axis mundi, (centro do mundo). No passado, não raro eram esses espaços ligados às concepções religiosas de suas respectivas culturas, o que demonstra a duplicidade homem-ambiente, uma vez que a sociedade lhe confere significado a partir das características que sua cosmovisão nele reconhece; e por outro lado, o espaço é modificado e recontado a partir dessa visão.

Vilarejos surgiam à razão da distância entre origem-destino e a jornada percorrida por um animal de montaria em um dia. Assim, Anápolis constituiu-se como entreposto de Vila Boa (atual Cidade de Goiás) e Meia Ponte (atual Pirenópolis), além de Bonfim (atual Silvânia) e Corumbá. Aqui tropeiros encontravam acolhida, mantimentos, local para repouso por parte dos que se haviam fixado primeiro. Assim conta a história, de forma prosaica, visando o verossímil. No entanto, o homem não encontrou obstáculo algum entre associar o capricho de um animal que empaca e a “vontade” de uma estatueta de Santa Ana1 em ali se estabelecer. Essa narrativa contada como origem da cidade, corresponde exatamente ao enunciado de ELIADE:

Todo espaço sagrado implica uma hierofania, uma irrupção do sagrado que tem como resultado destacar um território do meio cósmico que o envolve e o torna qualitativamente diferente. [...] Quando não se manifesta sinal algum nas imediações, o homem provoca-o, pratica, por exemplo, uma espécie de evocatio com a ajuda de animais: são eles que mostram que lugar é suscetível de acolher o santuário ou a aldeia. [...] os homens não são livres de escolher o terreno sagrado, os homens não fazem mais do que procurá-lo e descobri-lo com a ajuda de sinais misteriosos. (ELIADE, 199 p. 20)

ELIADE (1992) afirma a relação entre a fundação de cidades e a visão cosmológica, frequentemente relacionado com o culto de um ancestral mítico. Também nas sociedades mais seculares (ou profanas, nas palavras do autor, significando sob menor influência da visão religiosa) esses temas são recorrentes na figura de personagens e espaços importantes na criação e/ou desenvolvimento de localidades. Essa importância é expressa nos monumentos e demais lugares de memória coletiva.

ROSSI (2001 p. 139) define a cidade como obra de arte heterogênea, cujas partes podem possuir características próprias, e cuja unidade decorre da memória que a cidade tem de si mesma, sendo os fatos históricos expressos e identificados em seu traçado, edifícios e monumentos.

1 Santa Ana é a padroeira da cidade (donde o nome Ana+polis) bem como do Estado de Goiás. A origem lendária da cidade conta que nas expedições dos tropeiros, um burrinho que transportava uma estatueta empacou num lugar e em decorrência disso, se construiu ali uma capela; o marco inicial do ajuntamento que formaria o município.

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A cidade é vista como uma grande obra, identificável na forma e no espaço, mas essa obra pode ser apreendida através de seus trechos, de seus diversos momentos [...]. O “locus”, assim concebido, acaba pondo em relevo, no interior do espaço indiferenciado, condições, qualidades que nos são necessárias para a compreensão de um fato urbano determinado. (ROSSI, 2001, p. 66)

Assim, o Morro da Capuava pode servir como um símbolo para a municipalidade. Esse locus amoenus2, percorrido por tantas trilhas em tantos diferentes tempos e sobre o qual incidem aspectos distintos, sob múltiplas abordagens, serve como motivo para verificar a concepção proposta por ROSSI (2001 p.195) de que “[...] a cidade formou com seu território um corpo inseparável”, do ponto de vista da topografia e do reconhecimento por parte da população. O entendimento da relação entre a fixação das sociedades num determinado território e sua interpretação do sagrado e do meio natural inclui o sentido de “lugar”.

A identificação de um lugar implica sua significação pelo homem, segundo TUAN (1983), destacando a distinção entre os conceitos de “espaço” e “lugar”, sendo o primeiro genérico e abstrato e o segundo específico, familiar.

A partir da segurança e estabilidade do lugar estamos cientes da amplidão, da liberdade e da ameaça do espaço e vice-versa. Além disso, se pensamos o espaço como algo que permite movimento, então lugar é pausa; a pausa permite que uma localidade se torne um centro de valor

conhecido. (TUAN, 1983, p. 6) (grifo meu)

Uso público no Morro da Capuava. Fotos do autor.

Ações humanas orientadas para a comunicação com o sagrado – proclamação de preces e cantos em voz alta, ajoelhar-se, agrupamentos em círculo de mãos dadas, recostar-se para a leitura de textos sagrados – que pareceriam estranhas em outros pontos da cidade, ali tem permissão para acontecer. ELIADE (1992) também discorre sobre a constituição de espaços heterogêneos por suas características e diferenciados daquilo que chama “espaço profano”:

2 Lugar Ameno.

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Para o homem religioso, o espaço não ê homogêneo: o espaço apresenta roturas, quebras; há porções de espaço qualitativamente diferentes das outras. [...] Quando o sagrado se manifesta por uma hierofania qualquer, não só há rotura na homogeneidade do espaço, como também revelação de uma realidade absoluta, que se opõe à não realidade da imensa extensão envolvente. A manifestação do sagrado funda ontologicamente o mundo. (ELIADE, 1992, p. 17)

GIL FILHO (2002) complementa esse pensamento, afirmando que as propriedades ambientais constituem elas mesmas parte ativa na construção imagética e simbólica dos lugares: “O espaço não é a cristalização do fenômeno, mas parte das possibilidades relacionais do mesmo. Assim, construímos imagens do espaço e atribuímos a elas as representações de nossa existência.” (GIL FILHO, 2002, p. 260)

Ainda segundo GIL FILHO (2002) a geografia das religiões, possui duas distintas formas de abordar o tema do sagrado no território: baseando-se na influência da religião na percepção do homem sobre o mundo (perspectiva teológica); ou por meio dos efeitos e relações da religião com a sociedade, meio-ambiente e cultura (perspectiva antropológica).

[...] O espaço é relacional, ele é parte indissociável do processo de sacralização do mundo e não apenas seu receptáculo. [...] O espaço sagrado é a imagem da experiência religiosa cotidiana assim como sua própria referência. A Geografia do Sagrado está muito mais afeta à rede de relações em torno da experiência do sagrado do que propriamente às molduras perenes de um espaço sagrado coisificado. (GIL FILHO, 2002 p.260)

EXPEDIÇÔES

A pesquisa busca discorrer sobre o pensamento patrimonial, o processo de tombamento, recomendações e compromissos dos órgãos responsáveis por esse âmbito e sobre referências ao Morro da Capuava na literatura existente sobre Anápolis, por meio dos autores de sua história, destacando-se a Passagem da Coluna Prestes pela localidade.

Reconhece-se a importância dos sítios históricos como relatos da cultura de determinado povo e período. As diferentes formas de que o objeto de preservação pode constituir-se dificultam sua classificação, podendo este ser uma estrutura construída, uma escultura, etc. (formas materiais), como também um costume, um saber, etc. (formas imateriais). ROSSI (2001) considera ainda como constituintes do fato urbano, a subjetividade e intuição de seus autores, que deram por fim sua conformação.

[A individualidade do fato urbano] começa no fato em si, na matéria e em suas vicissitudes, e na mente dos elaboradores desse fato. Ela consiste ainda no lugar que determina uma obra, em sentido físico, mas também e principalmente no sentido da escolha daquele lugar e da unidade indissolúvel que se estabeleceu entre o lugar e a obra. (ROSSI, 2001, p. 164)

O pensamento acerca da preservação do presente histórico, expresso nas Cartas Patrimoniais, foi sucessivamente ampliando sua delimitação de interesse do objeto (monumento) ao meio no qual está inserido (paisagem). A Recomendação nº R (95) 9 define em seu artigo primeiro a paisagem, como constituída de um triplo significado cultural: a) modo como o território é percebido por um indivíduo ou comunidade; b) testemunho da relação entre indivíduos e meio ambiente; c) caracterização de culturas locais, sensibilidades, práticas, crenças e tradições.

Áreas de paisagem cultural – partes específicas, topograficamente delimitadas da paisagem, formadas por várias combinações de agenciamentos naturais e humanos, que ilustram a evolução da sociedade humana, seu estabelecimento e seu caráter através do tempo e do espaço e quanto de valores reconhecidos têm adquirido social e culturalmente em diferentes níveis territoriais, graças à presença de remanescentes físicos que refletem o uso e as atividades desenvolvidas na terra no passado, experiências ou tradições particulares, [...] ou pelo fato de ali haverem ocorrido fatos históricos.” (CURY, 2004, p. 331-2)

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O Morro da Capuava tem sua importância reconhecida como um patrimônio tombado municipal, embora não consista de objeto construído. Sua valoração se dá enquanto local de privilegiada vista, ou seja, é pela interação entre atributos físico-geográficos e a subjetividade, individual e coletiva. Depende portanto das relações entre o lugar e o homem, o que vincula o conceito de monumento à ecologia e à psicologia. Nesse sentido, pode-se considerar que a “obra” neste caso, são as ações humanas (ainda que mentais, mas certamente imbuídas de caráter performático) que ali se operam: a pausa, os ritos, a prece, o contemplar.

A Carta de Veneza, 1964, utiliza-se da dicotomia espiritual/secular para conceituar o valor dos monumentos históricos, seu vínculo com a cultura que lhe dá origem e sua presença no tempo, reforçando o compromisso de transmiti-los ao futuro. O artigo primeiro da mesma Carta destaca a diferença entre a relevância e a escala do que se denomina monumental; devendo ser protegidos os bens em função de sua significação histórica ainda que as dimensões sejam modestas. Já o texto conhecido como Normas de Quito também aborda a definição de monumento, englobando a paisagem natural como um possível componente do bem patrimonial. Entretanto,

Os lugares pitorescos e outras belezas naturais [...] não são propriamente monumentos [...]. A marca histórica ou artística do homem é essencial para imprimir a uma paisagem ou a um recinto determinado essa categoria específica. (In: CURY, 2004, p. 106)

A Recomendação de Paris, por sua vez, aborda o caráter visual do sítio como ponto de interesse para a valoração do objeto como bem a ser preservado:

[...]Os sítios isolados e de pequenas dimensões, naturais ou urbanos, assim como porções de paisagem que apresentam um interesse excepcional [...]. Deveriam ser igualmente protegidos por lei os terrenos de onde se aprecia uma vista excepcional e os terrenos e imóveis que cercam um monumento notável. (In: CURY, 2004, p. 86)

O primeiro registro do Morro da Capuava como bem patrimonial se dá pela Lei Municipal nº 2.511 de 1997, que determina a proteção “do espaço territorial e seus componentes [...] naturais ou não, que constituem o conjunto”. Contudo, por alguma arbitrariedade política, tal lei é revogada no texto da Lei nº 2.913, de 2002. A primeira medida de retificação da anulação do tombamento aparece no texto da Lei nº 3.171, de 2005, comprometendo-se assim a prefeitura a retomar os processos de salvaguarda deste e de outros bens, o que é efetivado por meio da Lei nº 3.882, de 2016.

É também bastante referida a passagem da coluna Costa/Prestes por Anápolis neste local. A cidade tem sua história marcada por passagens e migrações, de diversas motivações e proveniências, à depender da época em que ocorrem. A pesquisa realizada buscou a ocorrência de menções ao Morro da Capuava entre os principais autores da história do município, registros dos eventos do sítio em questão, bem como a origem das práticas devocionais que ali ocorrem; atendendo assim os valores determinados na Resolução de São Domingos, que estabelece a importância do estudo da área em suas diversas instâncias. Diz:

Os problemas de preservação [...] obrigam a um trabalho prévio de investigação documental [...] devendo levar-se a cabo estudos integrais para resgatar a maior quantidade de dados relacionados com a história do sítio. Respaldados na noção de centro monumental, tais estudos deverão ser estendidos à proteção dos valores tradicionais e naturais da área em questão. (In: CURY, 2004 p. 196)

Haydée Jayme Ferreira, principal biógrafa do município, é a primeira a relatar em “Anápolis, sua vida, seu povo” (1979), a área do Morro da Capuava (então fora do perímetro urbano do município) por ocasião e como palco da passagem da Coluna Prestes e local de batalha; o que vem a narrar com impressionantes detalhes (nomes de civis, políticos e militares, datas e momentos do dia dos acontecimentos). Apresenta-se uma síntese do relato:

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Em julho de 1925, a Coluna Miguel Costa-Prestes, em sua arrancada para o Norte do País, esteve nas cercanias de Anápolis. Formavam essa coluna: – o comandante general Miguel Costa, coronel Luiz Carlos Prestes, [...] e civis que aderiram ao movimento. [...] Para o regresso à cidade, foi-lhes dado salvo-conduto. Perseguidos pela polícia mineira, os revoltosos tomaram o rumo Norte do País. Em setembro de 1926, voltando do Norte, estiveram novamente em Anápolis [...] travou-se forte combate em suas imediações. Rechaçados pela polícia, os revoltosos fugiram novamente, em direção ao Norte. [Os policiais] prenderam um revoltoso, a quem o coronel Pedro Dias mandou fuzilar, num local situado entre o Morro da Capuava e a atual Vila Jayara. (FERREIRA, 1979, p. 47- 49)

Amador de Arimathéa em seu livro “ANÁPOLIS - Suas Ruas - Seus Vultos - Nossa História” conta ainda: “um homem rompia a cavalo o pedregoso elevado do Capuava, naquele tempo distante do povoado de

Sant´Ana, [...] para avisar a Carlos Prestes que a Tropa de Minas estava chegando para um combate inevitável.” (ARIMATHÉA, 2007 p. 262-3)

Revalino A. Freitas também se refere a Passagem da Coluna Prestes em seu livro “Anápolis, passado e presente” (1995), mas não o relaciona ao espaço do Morro da Capuava. Por sua vez, conta como, em 1957, houve uma iniciativa popular de erguer no lugar um Cristo Redentor, incentivada pelos meio de comunicação e apoiada por muitas pessoas. A ideia, entretanto, caiu no esquecimento. Tal episódio permite a hipótese de que as características do lugar sempre lhe valeram um caráter simbólico-transcendente. (FREITAS, 1995 p. 131)

O valor patrimonial do Morro da Capuava lhe era atribuído mesmo antes de receber um tratamento paisagístico, sendo o único bem tombado municipal que não corresponde à categoria “edifício”. Não havendo o elemento construído, poderia ser considerado apenas uma região topograficamente diferenciada da cidade. Tampouco o seu aspecto natural como remanescente do cerrado e local de nascentes lhe valeria isoladamente o valor de um bem tombado. É certamente o uso público que lhe confere tal relevância, que, se pode dizer, é duplamente imaterial; a) porque não edificado, b) porque as práticas ali realizadas dizem respeito a costumes e modos tradicionais.

O Plano Diretor do Município de Anápolis, menciona oportunidades geradas pelo crescente turismo religioso, de negócios e cultural já existente no Município, sendo o Morro da Capuava contado entre os pontos turísticos potenciais. Destaca-se ainda o projeto realizado pela prefeitura no ano de 2016, em reconhecimento da relevância do local para os citadinos, sendo alguns méritos da intervenção realizada: a aquisição de terrenos particulares para a ampliação da área pública, estacionamento, provisão de banheiros, pavimentação e plantio de árvores.

Reurbanização, projeto executado pela prefeitura. Dezembro de 2016.

ORIGENS

A região do Morro da Capuava além do referido valor de lugar de devoção e memória, possui importância ambiental, uma vez que as nascentes que ali se encontram pertencem a região da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio João Leite, que abastece a cidade de Goiânia. A reconstituição da vegetação necessária à conservação das nascentes é portanto de interesse intermunicipal e estadual, previsto em legislação específica.

Pela contemplação do mundo, o homem é capaz de discernir o sagrado. Segundo ELIADE (1992 p. 59), para o homem religioso “o “sobrenatural” está indissoluvelmente ligado ao “natural”; a Natureza sempre exprime algo que a transcende. Igualmente pode-se investigar a importância dos acontecimentos históricos ali ocorridos para as transformações espaciais subsequentes.

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Uma vez compreendido como lugar de interesse para usufruto de seus frequentadores e como importante artefato histórico e geográfico da cidade, empreende-se a pesquisa do entorno físico imediato do espaço do Morro da Capuava, deparando-se com dois principais tópicos ambientais: o abastecimento hídrico (que anualmente se mostra deficiente, sobretudo no fim do período de estiagem) e a preservação de áreas remanescentes de Cerrado.

O autor Aziz Ab’Sáber em seu livro “Domínios de Natureza no Brasil – Potencialidades Paisagísticas” define em termos gerais o ambiente do Planalto Central, ressaltando as qualidades das visuais amplas obtidas nos altos relevos:

Terraços cascalhentos, mal definidos nas vertentes. [...] Enclaves de matas em manchas de solos ricos ou em áreas localizadas de nascentes ou olhos d’água perenes [...] formando “capões” de diferentes ordens de grandeza espacial. [...] Por toda a parte, visuais notáveis do pôr-do-sol, no largo horizonte do Planalto. (AB’SÁBER, 2003 p. 18-9)

A estrutura superficial das áreas mais elevadas é constituída por solos pouco profundos e por fragmentos de material rochoso, dispostos caoticamente na superfície. Sendo de menor permeabilidade, essas coberturas possuem maior vulnerabilidade à erosão, o que é agravado quando ocorre em declives acentuados, sobretudo se lhes falta a cobertura vegetal. A supressão do revestimento vegetal primário para dar lugar a espaços agrários e o desenvolvimento e subdesenvolvimento periurbanos, são as principais ações antrópicas que ameaçam os ecossistemas, notadamente nos países em desenvolvimento, e no caso brasileiro, o cerrado.

O relatório ambiental elaborado à época da construção da represa do Rio João Leite alertava para as áreas de maior risco de erosão, localizadas nas proximidades de Anápolis e Goianápolis. Os principais agentes promotores de atividades erosivas correspondem aos barreiros, trilhas de gado, plantio agrícola e de eucalipto sem adoção de práticas conservacionistas ou manejo adequado.

O estudo das modificações dos componentes paisagísticos regionais (AB’SÁBER, 2003 p. 43), aponta para três diretrizes básicas para a proteção do patrimônio genético do cerrado, que refletem diretamente na área do Morro da Capuava, suas imediações e seu papel como barreira à expansão da cidade:

a) A preservação de percentuais significativos de cerrados e cerradões, localizados em abóbadas de interflúvios, transformando-os em verdadeiros bancos genéticos dos cerrados;

b) Conservação de faixas de cerrados e campestres nas baixas vertentes de chapadões, com centenas de metros de largura, conforme cada caso, a fim de que o manejo das terras de cultura não interfira no frágil equilíbrio da faixa de contato entre vertentes e fundos de vales com florestas de galeria;

c) Congelamento ao máximo possível de uso dos solos nas faixas de matas de galeria, visando à preservação múltipla dos corredores aluviais de florestas biodiversas, assim como das veredas existentes à sua margem.

Refletir a respeito dos processos de interação entre homem e ambiente, adquire conotação espiritual. Vincula-se assim ao aspecto predominante no que se refere ao Morro da Capuava, seu uso religioso. Daí a relevância de entender o bioma do Cerrado de modo amplo, e suas implicações paisagísticas.

Como constituintes dos atributos do sítio, a paisagem natural (zona rural) circundante e o horizonte distante, relevo, flora e fauna, cadeia de montanhas no horizonte, nuvens e arrebol; são todos objetos de apreciação contemplativa e sua conservação tem esse duplo aspecto: ambiental e transcendente. Parecem conciliar-se aqui certa beleza e certa feiura cênica, um aspecto raquítico de impressionante resistência, uma aridez superficial a esconder ricos recursos, secretos.

Esta impressão que o homem tem da ordem natural influencia sua visão de mundo, sua “cosmovisão”. Como ser atuante e participante da criação divina, capaz de modificar seu habitat, o faz a partir da percepção que tem de sua relação com o mundo físico (natural) e o imaterial (sagrado). O homem tenta significar seu lugar, a partir de suas experiências, a fim de criar um imago mundi ou um microcosmo:

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[...]o homem deseja fazer a estrutura natural mais exata. Isto é, ele quer visualizar seu “modo de entender” a natureza, dando “expressão” à base de apoio existencial que conquistou. [...] onde a natureza se mostra “centralizada”, ele erige um marco; onde a natureza indica uma direção, ele faz um caminho. (NORBERGSCHULZ, 1976 p. 453)

Nesse sentido, o homem não se situa apenas na realidade imediata dos fatos, mas exercendo a função simbólica, significa os fenômenos, molda sua linguagem e manifesta-se culturalmente. Assim,

A simples contemplação da abóbada celeste é suficiente para desencadear uma experiência religiosa. O Céu revela se infinito, transcendente. [...] os deuses manifestaram as diferentes modalidades do sagrado na própria estrutura do Mundo [...], o sentimento religioso da transcendência divina é incitado pela própria existência do Céu. (ELIADE, 1992 p. 60)

NORBERG-SCHULZ (1976 p. 453), indica ainda que sendo o homem também parte da criação natural, a cosmovisão que adquire da percepção ambiental influencia seu modo de ser e agir bem como seu entendimento de si. “[...] o homem tem de simbolizar seu modo de entender a natureza (inclusive ele mesmo). A simbolização implica “traduzir” para outro meio um significado experimentado. O sentido de “habitar” se refere à relação entre o homem e o lugar. “Pertencer a um lugar quer dizer ter uma base de apoio existencial em um sentido cotidiano concreto.” (NORBERGSCHULZ, 1976 p. 459)

Segundo o estudo das religiões comparadas, esses aspectos não se restringem a uma religião, ou instituição, mas são inerentes à condição humana.

“[...]Todos esses locais guardam, mesmo para o homem mais francamente não-religioso, uma qualidade excepcional, “única” [...]. Até a existência mais dessacralizada conserva ainda traços de uma valorização religiosa do mundo.” (ELIADE, 1992 p. 18)

O caráter que distingue os lugares nos serve como referências simbólicas, mas também como formas de orientação no espaço. Assim, os conceitos de identificação e orientação, constituem-se como necessidade fundamental para o estabelecimento das comunidades humanas, das estruturas sociais, bem como a cultura.

O homem religioso é sedento do ser. O terror diante do “Caos” que envolve seu mundo habitado corresponde ao seu terror diante do nada. O espaço desconhecido que se estende para além do seu “mundo”, espaço não cosmizado porque não-consagrado, simples extensão amorfa onde nenhuma orientatio foi ainda projetada e, portanto, nenhuma estrutura se esclareceu ainda – este espaço profano representa para o homem religioso o não-ser absoluto. (ELIADE, 1992 p. 36-7)

É preciso estabelecer a diferença entre lugar e cena; de modo a compreender a hierarquia de valor nos espaços do Morro da Capuava e entorno. O sentido do lugar é “[...] demonstrado quando as pessoas aplicam seu discernimento moral e estético aos sítios e localizações" (TUAN, 1983 p. 410).

Uma cena pode ser um lugar, mas a cena em si não é um lugar. Falta -lhe estabilidade: é da natureza da cena mudar a cada mudança de perspectiva. A cena é definida por esta perspectiva, o que não é verdadeiro para o lugar: é da natureza do lugar aparecer como tendo uma existência estável, independente de quem o percebe. (TUAN, 1983. p. 411)

Assim, a importância do Morro da Capuava excede a vista que oferece, mas constitui-se dela como parte de seu caráter. A despeito do entendimento físico-ambiental do espaço, a compreensão total de um território envolve a compreensão de seu caráter específico, sua “atmosfera”, de seu valor reconhecível ainda que não facilmente descrito.

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Sendo totalidades qualitativas de natureza complexa, os lugares não podem ser definidos por meio de conceitos analíticos, “científicos”. Por uma questão de princípio, a ciência “abstrai” o que é dado para chegar a um conhecimento neutro e “objetivo”. No entanto, isso perde de vista o mundo-da-vida cotidiana, que deveria ser a verdadeira preocupação do homem em geral e dos planejadores e arquitetos em particular. [...] todo caráter consiste em uma correspondência entre o mundo externo e o mundo interno, entre o corpo e a alma. (NORBERG-SCHULZ, 1976 p.445)

EPIFANIA

Valendo-se das tipologias de “lugares naturais arquetípicos” estabelecidas por NORBERG-SCHULZ (1980), reconhece-se no Morro da Capuava a visão do horizonte rural que invoca “um passado distante, que é vivenciado mais emocionalmente”, onde a subjetividade é vivenciada introspectivamente, associada a memórias particulares. Isso se alinha à Paisagem Romântica (cujo arquétipo é a floresta nórdica).

Da Paisagem Clássica (cujo modelo é o Mediterrâneo grego) apenas na estação úmida e em dias claros, o Morro da Capuava possui “uma luz forte igualmente distribuída”, “um ar transparente” “de coisas palpáveis”, “equilíbrio entre o céu e a terra”, onde o homem “está onde está, e olha para a natureza como um complemento amigável para si próprio”.

Mas é certamente da Paisagem Cósmica (cujo arquétipo é o deserto) que a Paisagem do Cerrado e do Morro da Capuava apresenta o maior número de elementos: “extensão monótona, poucos e simples fenômenos”, “a imensa abóbada envolvente do céu sem nuvens”, “uma ordem caracterizada pela permanência”, “proclama a unidade, manifestação do absoluto”, “dimensão do tempo sem ambiguidades”. Tal paisagem serviu de origem ás religiões monoteístas, diz NORBERGSCHULZ (1980), para quem as paisagens influenciam os significados e conteúdos existenciais.

Neste meio, o homem necessita um oásis para poder habitar, “um lugar íntimo dentro do macromundo cósmico”. Entende-se que a imagem atual da Paisagem do Morro da Capuava constitui-se das características ambientais, tal como percebidas pelo homem; bem como da história do lugar manifesta nas expressões humanas sobre o território, seu histórico de ocupação e manifestações particulares.

Vista do Morro da Capuava na paisagem anapolina.

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APROXIMAÇÂO

Com isso, entende-se a necessidade de conciliar valores históricos, ambientais e religiosos ao intervir no espaço do Morro da Capuava e sua área circundante. O valor imaterial dos elementos culturais que participam na constituição e importância de um patrimônio (compreendendo-se aqui também o caráter sagrado de que fala Mircea Eliade), são salientados no texto da Conferência de Nara:

A diversidade de culturas e patrimônios no nosso mundo é uma insubstituível fonte de informações a respeito da riqueza espiritual e intelectual da humanidade. [...] Todas as culturas e sociedades estão arraigadas em formas e significados particulares de expressões tangíveis e intangíveis, as quais constituem seu patrimônio e que devem ser respeitadas. (In: CURY, 2004 p. 320)

Permite-se portanto considerar o Morro da Capuava como sítio de interesse histórico-cultural pela totalidade de suas características: a particularização do lugar como lugar de hierofania, fato este antigo e ininterruptamente atualizado; suas propriedades espacial-geográficas; e em decorrência da dos fatos históricos ocorridos ali.

Em geral, um lugar é dado como esse caráter peculiar ou “atmosfera”. Portanto, um lugar é um fenômeno qualitativo “total”, que não se pode reduzir a nenhuma de suas propriedades, como as relações espaciais, sem que se perca de vista sua natureza concreta. (NORBERG-SCHULZ, 1976 p. 445)

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