Loucuras de um escritor

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  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    Loucuras de um escritor

    U.m.a s.a.l.a.da d.e c.on.to.s p.o.e.m.a.sr.e.p.o.r.t.a.g.e.n.s a.r.t.i.g.o.s

    Rodrigo Capella

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    Loucura, loucura!

    Publiquei o meu primeiro livro com apenas 16anos, o romance policial Enigmas e Passaportes.De l pra c, foram vrias loucuras, lancei diversasobras, dos mais variados gneros, com destaquepara Transroca, o navio proibido, que est sendo

    adaptado para o cinema pelo diretor RicardoZimmer.

    Sempre gostei, portanto, de escrever histrias. Mas,aos poucos, um outro sentimento me despertou: ode escrever artigos, poemas, contos e reportagenspara a imprensa. Ao todo, confeccionei mais de 500textos para jornais e revistas de todos os Estadosbrasileiros.

    Textos de temas diversos: cachorros, viagens,mistrios e amor. Prepare-se, ento, para nasprximas pginas descobrir um pouco mais sobre aminha literatura e constatar que ela louca e notem limites.

    Rodrigo Capella

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    ARTIGOS

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    Chicotada nos jornalistas, j!

    Antes mesmo de assistirem a Indiana Jones e oReino da Caveira de Cristal, os crticos, muitosdeles jornalistas, j teciam comentrios favorveis nova pelcula, protagonizada por Harrison Ford.Houve quem comentasse, inclusive, que esse filme to importante para 2008 quanto 2001: UmaOdissia no Espao marcou o lendrio 1968.

    Como se no bastasse essa bobagem, li tambmque a atuao de Ford to intensa que nos remetea uma reflexo racial e social. E mais: compararamIndiana Jones.... a marcas de carro e perfume,como se o cinema, mesmo de estrelas, fosse todesejado quanto um CK One ou um Paco Rabane.

    Tais comentrios assustadores e lamentveis foramescritos, em jornais de circulao nacional, antes darealizao da tradicional cabine de imprensa deIndiana Jones.. na qual profissionais deimprensa assistem ao filme antes do grandepblico. Ou seja, o jornalista-crtico deixou-se levar pelos bons filmes da srie e, em muitos casos,apontou essa como a melhor histria de Indiana.

    Puro erro! O longa diverte o pblico, tem bonsmomentos de aventura, mas no pode serconsiderado uma pelcula exemplar. O roteiro omais fraco dos Indianas e, acredite se puder, temfalhas de sincronismo. Longe, portanto, de sercomparado ao clssico 2001... e aos perfumes

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    CK One e Paco Rabane, que mantm a mesmaessncia do comeo ao fim do frasco.

    A melhor leitura que pode ser feita dessa aventura um pouco rdua para a mdia, talvez por isso aindano tenha sido publicada. O personagem, naverdade, representa a tica e com sua arma, ochicote envenenado de raiva, tenta a todo custocombater os desvios e interpretaes equivocadasda imprensa. Os inimigos que Indiana enfrenta soos rusos porque essa foi, aparentemente, a formaencontrada para mostrar que os jornalistas, aoerrarem, contrariam a lei da moral e dos bonscostumes, prejudicando toda uma sociedade.

    Quem no se lembra, por exemplo, do Caso Escolade Base, na qual educadores foram erroneamente

    acusados de assediar crianas? Resultado: a escolafoi depredada, os educadores quase foram presos ea mdia recebeu apenas alguns processos isolados.Casos como esse, infelizmente, so comuns eenquanto eu estava escrevendo esse artigo, mais umocorreu: a mdia divulgou que um avio da empresaPantanal havia cado em So Paulo. Mentira! Naverdade, uma loja que vende colcho havia

    explodido.

    Percebeu a disparidade? Pois , a empresa area foi prejudicada sem ter qualquer culpa e a sociedadeentrou em estado de alerta, sem ter necessidade. Squem, realmente, estava em So Paulo soube o queocorreu: desespero, tumulto e muita gente ansiosa,

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    buscando informaes sobre os passageiros doacidente mentiroso.

    Uma barriga (notcia mentirosa) como essa teriasido, facilmente, combatida com o chicote deIndiana, ferramenta necessria contra o lead(primeiro pargrafo de um texto) mentiroso. Necessria tambm para evitar que, na redao, aemoo supere a razo e para no permitir quefilmes medianos sejam transformados emverdadeiros clssicos, antes mesmo de seremvistos. Chicotadas nos jornalistas, j!

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    Avante: cuidado com os cavalos

    Eu, sinceramente, pensei em parar de escrever.Afinal, quem estaria interessado em ler as minhasaventuras europias? Pensei errado! Recebi,durante a semana, vrios e-mails elogiando o meuartigo sobre a macieira do Newton, publicado aquino Dirio. lgico que fiquei contente, pois no

    esperava que um artigo polmico fosse to bemaceito. Redobrei, ento, as minhas energias paraescrever as linhas desse domingo.

    E l fui eu, rumo a York... Ir para York como irpara qualquer outra cidade do interior da Inglaterra.Alis, como ir para qualquer cidade do interior dequalquer pas. Vou citar uma: Ardmore, uma

    cidade americana, escondida no Estado deOklahoma, onde morei por seis meses. Foram osmais longos da minha vida: na cidade no acontecianada, ningum morria, ningum nascia. Era umacidade parada no meio de um pas de atmosferaagitada.

    Quando estive em Ardmore, vivenciei casoshilrios. Era muito comum eu ir ao supermercado ealgum gritar: olha o brasileiro, o Rodrigo l.Caramba, eu me sentia uma verdadeira celebridade.Cheguei at a dar alguns autgrafos. O xerife vinhafalar comigo, perguntava coisas sobre o Brasil edizia: Como vai o Rio de Janeiro, a capital do seuPas?. Eu achava graa.

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    Bom, voltando a cidade de York, posso dizer que

    ela muito melhor do que Ardmore. Em York, porexemplo, h pontos tursticos; em Ardmore haviaapenas um campo de futebol americano. Fundadapelos romanos, a cidade de York preserva muito deseu passado e dos povos que por ela passaram.Eram, principalmente, Anglo-saxes e Vikings. por isso que, na cidade, h muralhas, lembranasvivas da antiguidade. Mesmo de longe, pode-sever torres e o porto Micklegate, a principal portade entrada da cidade no perodo Romano epassagem obrigatria para quem vinha de Londres.Estudiosos dizem que nesse porto eram exibidasas cabeas dos traidores e que o rei Henrique VIII,certa vez, se recusou a passar pelo Micklegate,optando por um outro porto.

    Em York, h tambm o rio Ouse, que banha acidade e que abrigou, durante muitos sculos, umdos portos mais movimentados de toda a Inglaterra. Na Idade Mdia, passavam por a as principaisriquezas do pas. Hoje, o local encanta os turistas.Se voc adora gua, pode-se fazer um passeio pelorio e conhecer algumas partes obscuras e pouco

    comentadas pelo guias tursticos. Ou pode-setambm andar a p pela cidade e visitar, porexemplo, o Yorkshire Museum, que oferece aovisitante a chance de viver na poca romana emedieval. Ou pode-se ainda percorrer pelas ruasmedievais e estreitas, chamadas pelo povo local deshambles. Quem caminhar por elas pode comprar

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    alguns castelos e ver hbitos estranhos. Se eu vouusar saia? No sei!

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    Fumei um cachimbo com Sherlock

    Holmes

    E fui sorrindo, andando e sorrindo.... Minhasaventuras em Londres estavam apenas comeando.Depois de passar a mo na bunda da JenniferLopez, eu queria conhecer o famoso detetive. No,no ia passar a mo na bunda dele. Eu s queria

    fumar um cachimbo e ouvir boas histrias decrimes e assassinatos.

    Todos os habitantes daquela cidade sabiam ondeficava a 221B Baker Street e, portanto, no foidifcil encontrar a pequena casa de Holmes.Lembro-me muito bem de Um Estudo emVermelho, que foi o seu primeiro desafio comodetetive profissional. Depois, vieram tambm OSigno dos Quatro e O Co dos Baskervilles,considerado por muitos especialistas como omelhor caso de Holmes ao narrar a morte de HugoBaskerville por um suposto co diablico.

    Mal encostei a mo na maaneta da porta e ela se

    abriu. Do outro lado, havia um mordomo queapontou para o andar de cima. Tirei o meu chapu eo casado e pendurei atrs da porto. Subi pela escadaestreita e encontrei um quarto bem apertado e umalarga sala de jantar, com mveis antigos e lareira.Entrei na sala e encontrei uma carta em cima damesa principal:

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    Querido Rodrigo, tive que fazer uma viagem deltima hora para solucionar mais um mistrio, que

    precisa de minha ajuda e consideraes. Amanh,pela manh, pegarei o trem de volta para Londres afim de colocarmos o papo em dia. Permita-meoferecer os meus aposentos para que voc descanseat nos encontrarmos. Se precisar de algo pea aoJoo, o meu mordomo. Abraos cordiais, SherlockHolmes.

    Essa carta era muito estranha! Afinal, eu noconhecia Sherlock e ele aparentemente no meconhecia. Por que ele teria escrito uma carta paramim? Qual mistrio ele estaria desvendando? E porque ele queria que eu dormisse na casa dele?Sem resposta para qualquer uma dessas perguntas,resolvi aceitar a oferta de Holmes e passei a noite

    por l.

    Joo, venha aqui, por favor,, disse, de formainvoluntria. Pois, no, o que o senhor deseja.Eu estou curioso com toda essa histria. Vocsabe por que o senhor Holmes me escreveu essacarta?. Sinceramente, no sei. S vi que o Sr.Holmes recebeu a visita de uma senhora, de meia

    idade, e decidiu sair rapidamente de casa. Ele foiviajar com essa senhora e com o Watson. Mas, nome disse para onde ia. Alis, ele nunca fala.

    Agradeci a informao e continuei intrigado.Afinal, o que estava acontecendo? Por que tantomistrio? Holmes havia viajado e eu ia dormir

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    numa casa estranha, numa cama estranha, sementender nada. Dormir profundamente, apesar da

    curiosidade. Quando acordei, vi Holmes Watson euma senhora. Os trs estavam me olhando e ofamoso detetive pronunciou: dormiu bem?. Sim, por qu? O que est acontecendo? Por que vocpediu para eu dormir aqui?. Holmes deu risada edisse: Calma, meu rapaz. No fique curioso. Voclogo saber de toda a histria. Estou curioso,afinal, o que aconteceu?. Holmes riu e disparou:est vendo essa senhora? Ela me contratou parasolucionar mais um mistrio, simples, mas querequer cuidados. Meu jovem, vou lhe fazer uma pergunta. Quero que responda com sinceridade.T, pode fazer. Quantas caipirinhas um homemconsegue beber sem ficar bbado? Quatro, nomximo cinco, disse, sem entender mais nada.

    Pronto, solucionei o mistrio. Agora, vou contar oque houve, desde o incio: eu estava na sala com omeu amigo Watson, quando essa senhora trouxe-nos um mistrio: seu marido havia desaparecidoaps um churrasco e at agora no havia retornado.Logicamente, suspeitamos que ele havia sidoraptado. Mas, essa senhora disse que ele bebeu seis

    caipirinhas. Como voc, Rodrigo, brasileiro eessa bebida uma tradio em sua terra, eu lheperguntei com quantas caipirinhas um homem ficabbado. Voc disse cinco no mximo. Portanto, euconcluo que o marido dessa senhora bebeu demais,desapareceu e, em cinco minutos, vai aparecer aquinessa casa para levar a senhora para casa.

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    Holmes, Watson e eu acendemos um cachimbo,

    colocamos a conversa em dia, apesar de nuncatermos nos vistos, e a campainha tocou. Holmes,voc me conhece?, eu disse. Claro, mais do quevoc sabe, um dia voc saber. Mas, pode tentardescobrir se quiser.

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    Fiz uma loucura: mijei na macieira

    do Newton

    O frio na cidade parisiense era realmente intenso. Orelgio batia sete da noite e eu no aguentava maisusar luvas, cachecol, blusa de l. Eu sabia que emParis se fazia frio, mas no esperava tanto.Comportei-me, sem ter escolha, como um Homem

    de Ao para andar tranquilamente. Quem olhava pra mim, achava que eu era um maluco: estavamorrendo de frio, mas sorria e meus dentesbrilhavam.

    Diferente do Brasil, na Frana os estabelecimentosfecham cedo. Ento, no hesitei em jantar. Pedi um

    croque madame, uma espcie de misto quente comfritas, salada e um ovo partido em cima do po.Uma delcia! Para beber, pedi uma orangina, umaFanta local. Muito saborosa. E depois dizem que osfranceses comem e bebem mal. Isso lenda. EmParis, pelo menos, se alimenta muito bem. Eles tmo costume de pedir o menu, que vem uma entrada,um prato principal e uma sobremesa, ao custo de 10

    euros, o equivalente a atuais 27 reais.

    Depois, caminhei pelas ruas a fim de identificarpersonagens e possveis cenrios de minhas futurasobras. Uma de minhas principais misses comoescritor a de captar novas atmosferas e na cidadeda Torre Eifell eu faria muito isso. Afinal, Paris um luxo e eu estava vendo isso de perto.

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    Mas, os pontos tursticos, como o Arco do Triunfo,

    o Museu Louvre e a famosa Torre ficariam paradepois, para o final da minha excurso europia.Agora, quer dizer, amanh de manh, eu iria paraCambridge, uma famosa cidade inglesa.

    Quando o relgio me acordou eram oito da manh.Entrei em um carro francs alugado, um Citroenazul a minha cor preferida -, e fui em direo aCalil, a cidade francesa por onde passa o Canal daMancha, que liga a Frana a Inglaterra. Do outrolado do Canal, est Dover. Alguns quilmetros de boa estrada, chega-se a Cambridge, que estava naminha mira.

    A travessia, que levou quase duas horas, foi feita

    em um grandeferry boat, uma espcie de navio quearmazena carros na parte de baixo e tem cassino,restaurante, sofs e at uma loja chique para venderlembrancinhas. No resisti e comprei algumas! Aosair do ferry boat, j estranhei: os ingleses dirigemno banco direito do carro e na pista contrria anossa. um horror! E mais: a pista rpida a dadireita, ao contrrio do que ocorre no Brasil. Pirei!

    J em Cambridge, que tem pouco mais de cem milhabitantes, vrias pessoas olhavam para um pequeno rio. Pela quantidade de gente que sedebruava na grade, achei que tinha um cadver ldentro ou algo mrbido a la sexta-feira 13 e Z doCaixo. Aproximei-me e quase no acreditei: as

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    pessoas estavam olhando para o pato! No, no erao jogador do Milan. Era um pato nadando no rio. ,

    isso fcil de explicar. Como eu disse, a cidadetem poucos habitantes e se configura como umacidade de interior. A apario de um pato , portanto, notcia para ser contada por vriasgeraes. compreensvel!

    Cambridge, situada a 80 quilmetros de Londres, uma cidade universitria com alguns atrativostursticos, principalmente, a macieira do Newton ea Universidade, que leva o nome da cidade. Aosom de Beatles, a melhor banda de todos ostempos, e com o termmetro marcando cinco grausnas ruas, percorri lugares interessantes e conheci ahistria da cidade, que se enriqueceu no sculo XIIIgraas exportao de tecidos e produtos agrcolas

    e, mais tarde, tornou-se centro universitrio.

    A primeira faculdade, chamda Peterhouse, foifundada em 1284. Mas, aos poucos, a cidade foiganhando outras, totalizando 19 faculdades parahomens e duas para mulheres. Deles, destacam-se oTrinity College, onde estudaram Francis Bacon e oNewton.

    Depois de percorrer quase todas as faculdades, fizum passeio de canoa, em grande estilo como sefaz em Veneza -, e conheci a Mathematical Bridge,construda inicialmente sem um nico parafuso.Diz a lenda que um estudante se encantou com a ponte e resolveu desmont-la com o intuido de

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    examinar as peas e mont-as novamente. Mas,lgico que no conseguiu e a ponte teve que ser

    parafusada.

    Conheci tambm a ponte do suspiro, inspirada emVeneza. Na cidade italiana, ela tem esse nomeporque os prisioneiros ficavam pressos de um ladoda ponte e eram executados do outro lado. Naponte, davam o ltimo suspiro de vida. J a pontede Cambridge liga o local onde os estudantesestudam ao local onde fazem as provas. Na ponte,alguns do o ltimo suspiro antes de seremreprovados.

    Ao final do passeio, parei em um tradicional pubingls e experimentei cinco tipos de cerveja. Pormotivos bvios, no consigo me recordar os nomes.

    Apertado e quase mijando nas calas, andei pelasrua de Cambridge e avistei a macieira do Newton aquela em que o fsico descobriu a famosa Lei daGravidade. Despejei tudo: eu mijei, com prazer, namacieira do Newton! E o melhor: ningum meatrapalhou, nem mesmo o guarda, que estava lperto. Ah! Que alvio!

    Depois disso, entrei no carro e segui par aYork,uma outra cidade inglesa. Mas, antes de cair naestrada, parei para abastecer. Na Inglaterra, assimcomo nos Estados Unidos, no h frentista. vocquem tem que colocar o combustvel no carro. Fizessa tarefa sem problemas. Pronto: j tinha umanova profisso! E fui seguindo, rumo a York....

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    O submundo da Esccia: usque e

    saia

    E l fui eu, rumo a Edimburgo, cidade maisimportante da Esccia. Essa cidade, aparentementeestranha, me proporcionou vrias aventuras. Mas,antes de cont-las, vou lhe apresentar o territrioescocs: localizado no noroeste da Europa, ele tem

    mais de 700 ilhas e foi fundado, segundo oshistoriadores, em 843 quando Kenneth I se tornourei. Trata-se, portanto, de uma civilizao bemantiga, com costumes e hbitos bem diferentes doBrasil.

    A comear pelo kilt, uma saia estranha, usada peloshomens. Ela tem uma estampa cheia de quadrados,de cores variadas, dependendo da famlia. No foidifcil encontrar um rapaz, vestindo kilt e tocandogaita. Alis, esse era o meu primeiro objetivo. Nose pode ir a Salvador, no Brasil, sem encontrar umabaiana fazendo acaraj; e tambm no se pode ir aEsccia sem... Bom, voc agora j sabe.

    Em Edimburgo, o que mais me chamou ateno, foio Castelo. Construdo sob rocha de origemvulcnica, ele encantador e, realmente, inspira.Logo quando entrei, imaginei-me na Idade Mdia,lutando contra cavaleiros, montando em cavalo,disparando tiros de canho, gritando alto.

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    L dentro possvel ver as jias da CoroaEscocesa, a quase singela Capela de Santa

    Margareth, um antigo canho e, principalmente, apriso de guerra, que chegou a me dar medo. Nesselocal, estiveram detidos marinheiros de vriasnaes, inclusive dos Estados Unidos. Antes deentrar na priso, possvel ver uma porta, todadesenhada pelos prisioneiros. possvel ver barcose navios, de vrios tipos e tamanhos. Ou os prisioneiros estavam lembrando-se de suasembarcaes; ou estavam construindo uma outrapara fugirem da Esccia.

    O quarto, apertado e mal iluminado, d arrepios enos remete Antiguidade. como se sentir um prisioneiro, dormir na rede, rabiscar na porta.Sensao como essa eu s tive em San Francisco,

    nos Estados Unidos, quando visitei a famosaAlcatraz. L, eu realmente pirei e achei que no iasobreviver. Celas automticas, ar sombrio eatmosfera triste. Na Esccia, como nos EstadosUnidos, eu fiquei deprimido e jurei que nunca maisiria visitar uma priso.

    Essa loucura toda, me deu vontade de tomar uma

    tpica cerveja escocesa. Pensei logo na DragonheadStout, muito apreciada por l e tambm pelos brasileiros que l visitam. A caminho do pubencontrei um tour do uisque. Isso mesmo: l, era possvel conhecer, passo-a-passo, como essafabulosa bebida foi desenvolvida e como ela fabricada. No hesitei e entrei no tour. Logo de

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    cara, foi servida uma tose de uisque, quase morri detosse.

    Depois, fomos conduzidos a uma outra sala, naqual foi passado um vdeo. Soube que o uisqueteria sido criado em 1494, por um tal frei John.Teria uma semelhana com o nome John Walker?Ou o John Walker seria uma homenagem para oJohn?

    Fiquei sabendo tambm, pela primeira vez, queexistem vrios tipos de usque, como, por exemplo,o puro malte, com 100% com cereais maltados; e oBlended, que uma verdadeira mistura dedestilaes. Sa do tour do uisque quase bbado,mas com diversos conhecimentos sobre a bebida.

    Caminhando pelas ruas, no encontrei mais homensde saia. Ou eles tinham desaparecido ou eu estavato bbado que no fui capaz de reconhec-los.Retornei, sem pensar duas vezes, ao hotel paratomar um banho, dar uma descansada e sair, rumo auma tpica festa escocesa. Reparei em lindasgarotas, aparentemente prostituas, entrando em umbeco e depois em uma casa, com um som alto. Fui

    atrs e, em me dar conta, j estava dentro da casa.O som alto, mesas de sinuca espalhadas, sofsdiversos e vrios ambientes. Mas, algo meincomodava: a maioria das pessoas era homem eisso me dava alergia. Rapidamente, sa de l, rumoa outro bar ou outra festa.

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    Entrei em outro bar e tambm: l a maioria erahomem; fui em outro e: a mesma coisa. Voltei para

    o hotel com saudades do Brasil e com tristeza:faltam mulheres na Esccia. Ser que por isso queos homens usam saias?

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    Passei a mo na bunda...

    Fiquei pouco tempo em Liverpool. A cidade pequena, os bares fecham cedo e as mulheres nocaram na minha conversa. Sem atrativo algum, memandei para a capital inglesa. Londres, em algunsaspectos, me lembrou as grandes cidades brasileiras: trnsito, mendigos, fumaa pra todo

    lado e muitos imigrantes. lgico que no foidifcil encontrar brasileiros. E das maneiras maisengraadas.

    Caminhando pelas caladas de mapa na mo,observava as construes tpicas e antes que euchegasse ao grande Big Ben, um sujeito disse assimmesmo, em portugus: precisa de ajuda?. No,

    obrigado. Como voc sabe que eu sou brasileiro?.Ele respondeu: pela sua roupa, aqui nem est tofrio e voc est com trs casados. Aproveitei: oque tem de bom pra fazer aqui?. H, tem aJennifer Lopez. Onde?. No MadameTussauds, respondeu o brasileiro, que rapidamentesumiu, como se tivesse entrado no bueiro do

    Mestre Splinter.Levei um susto, claro, embora os meus amigostivessem me alertado sobre Londres. Falaram queeu ia encontrar de tudo: loucos, esttuas, pilantras,viajantes e ladres. Passei a mo na cala. Ufa! Acarteira estava l. Prossegui rumo ao Big Ben e medecepcionei. O nome do grande e famoso relgio

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    ingls, que pesa 13 toneladas e foi instalado noPalcio de Westminster, chama-se Tower Clock.

    Durante 27 anos, achei que seu nome era Big Bene, durante poucos segundos, percebi que estavaerrado. Mas, no s eu: 90% dos turistas deLondres estavam enganados tambm. Alvio!

    Continuei a minha caminhada. Queria a todo custoconhecer Jennifer Lopez e de quebra passar a mona bunda dela. Sonhava com isso h 20 anos e parecia ter chegado a hora. Atriz, cantora,danarina, compositora, linda e sensual. Essa Jennifer, que, ao lado de Julia Roberts, uma dasatrizes mais bem pagas de Hollywood. Sua fortuna?Algo em torno de $ 100 milhes.

    Corri at o Madame Tussauds e encontrei uma

    longa fila. Se eu no tivesse pr-determinado a vera minha querida Jennifer, certamente teriadesistido. Entre uma conversa e outra, a fila andoue soube que outras celebridades tambm estavaml: Johnny Depp, George Bush, Pel, MichaelSchumacher e Paul McCartney.

    Avistei Johnny Depp e fui falar com ele em ingls:

    oi, sou brasileiro, gostei muito do Piratas doCaribe. Sua atuao foi muito divertida, dei vriasrisadas. Johnny, quando vai ser seu prximo filme,voc j sabe?. Johnny no respondeu. Tenteinovamente: Vi o seu primeiro filmes, chamado AHora do Pesadelo. Foi meio assustador, verdade,

  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    mas gostei. Voc estava bem. Ele no merespondeu.

    Caminhei pelo Madame Tussauds em busca deoutra celebridade. Pessoas, de vrias partes domundo, tiravam fotos com atores e atrizes, os maisfamosos do mundo. Fiquei, por um instante, cara acara com o George Bush. No hesitei: e ai, Bush,tudo bem? Como andam as eleies americanas?.Ele no respondeu! Que gringo mal educado. Euodeio o Johnny Depp e o Bush.

    Estava chateado, mas no desisti. Olhei para o ladoe vi Pel. Ah! Esse brasileiro e vai falarcomigo, pensei. Mas, estava enganado. Falei comele sobre a Copa do Mundo de 1958 e o astro meignorou. Conservei sobre Ronaldo, Ronaldinho e

    Alexandre Pato. Mas, Pel no me respondeu enem comentou. Caramba, por que estavam todosme ignorando? O que estava acontecendo?

    Caminhei, isolado e triste, por alguns minutos,quando me deparei com a minha Jennifer. Semdificuldades, fui atrs dela, levantei sua saia e passei levemente a mo na bunda dela. Ah! Foi

    maravilhoso. Jennifer deu um sorrisinho como seestivesse gostando e quase chamei ela para danas,mas havia muita gente querendo conversar com aatriz.

    Todo sorridente, andei at encontrar uma sala,repleta de rostos inacabados e com uma grande

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    placa sobre Madame Tussauds. Descobri, ento,que se tratava de um museu de cera e que todas as

    celebridades que estavam l no eram reais, e sim bonecos. Foi por isso que Johnny Depp, Pel eBush me ignoraram. Foi por isso que eu passeitranquilamente a mo na bunda da minha querida.

    Triste e ao mesmo tempo feliz, caminhei peloMuseu, vi outras celebridades, tirei algumas fotos eabracei algumas modelos. Ah! Isso foi realmente bom. E j estava quase me esquecendo doverdadeiro motivo que me levou a visitar Londres:Sherlock Holmes. Ele morava nessa cidade e euestava disposto a conhec-lo o mais rpido possvel. Quer saber como termina essa histria?Ento, no perca o texto do prximo domingo.Elementar, meu caro..

  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    Pelo fim das Olimpadas, j!

    Nem comeou direito e eu no agento mais. Ronaldo pra c, Dunga pra l e o Galvo falandobem amigos da Rede Globo. Como se no bastasse ainda tem: trnsito nas avenidas,ambulantes chatos vendendo camisetas meia boca da seleo brasileira e vinte e dois homens

    pisando em cima de uma grama at ento bemconservada.

    O circo da Olimpada entediante e me incomodamais do que trs elefantes gordos e barulhentos. Anica coisa que presta, nessa poca de jogos, so oslivros que tocam, levemente ou profundamente, emalguma linha das Olimpadas. Contedo

    interessante, bem escrito e at certo pontoenvolvente.

    No que esse tipo de assunto me agrade, mas irritamenos do que assistir a um jogo de futebol,basquete etc, por melhor que ele seja.

    Acho que peguei o vrus anti-futebol, anti-Olimpada, anti-jogos que escondem asdesigualdades sociais. Gostaria que essa malditacompetio tivesse um fim imediato. Justificando:a Olimpada no vai mudar o pas, no vai melhorara nossa qualidade de vida.

    Ah! Que vida. Que tdio. Vou fechar as janelas,

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    desligar a TV, ler um livro. Pgina a pgina,descubro-me um E.T, isolado num mundo que

    poucos conhecem: o da leitura.

    Digo e repito: precisamos mudar essa realidade. Eisso s vai ocorrer com um programa baseado noconceito de letramento. Justificando: a pessoa tomagosto pela leitura somente quando entende o queest lendo e constri mentalmente os cenriosdescritos, envolvendo-se com cada uma daspginas, letra a letra.

    Esse contexto, embora bvio e essencial, est presente em menos de 10% das escolas euniversidades brasileiras, segundo dados que obtive junto a profissionais dessa rea. A explicao: namaioria das instituies, crianas e adolescentes

    so submetidos a tarefas desgastantes, principalmente a de ler livros difceis e,posteriormente, realizar uma prova sobre a histria,conflitos e personagens apresentados.

    Atividades como essa contribuem e muito para que,infelizmente, leitores traumatizados e angustiadosse afastem definitivamente dos livros, por melhor

    que esses sejam. Fica claro, ento, que a leitura,seja ela em mbito escolar ou familiar, no deve serobrigatria, e sim estimulada a todo instante.

    Uma alternativa deixarmos de lado as normasexistentes e desenvolvermos atividades associadasao letramento, apresentado anteriormente. O

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    mtodo: professores e pais criam tarefaseducacionais, como por exemplo, a encenao de

    um trecho do livro, e mostram, para as crianas eadolescentes, que a leitura importante paradespertar a criatividade, enriquecer o vocabulrio,se escrever corretamente e at mesmo construirnovas amizades.

    Com essa postura, formamos leitores interessadosem ultrapassar as fronteiras do conhecimento, emtraar metas ousadas e em devorar Machado deAssis, Sir. Athur Conan Doyle e as maiscomplicadas obras de Gabriel Garca Mrquez. E omelhor: quem se apega aos livros, dificilmenteconsegue viver sem eles.

    Boa Olimpada a todos.

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    Sobra sexo no teatro

    Sempre me perguntei sobre a relao entre teatro ecinema. Recentemente, descobri que ela est nosexo. Tanto o filme quanto as peas apoiam-se emfantasias. O filme francs Ils (Eles), por exemplo, assustador e delirante. Uma verdadeira pancadano crebro e mensagens subliminares percorrendo

    todas as cenas como se o prazer de assistir fosse oprazer sexual. Uma histria despretensiosa que tiraqualquer um do srio e faz qualquer um ficar srio.

    Na mesma linha de temtica e proposta, com umadose extra de sexo, claro, a pea Hertica -Cartilha Feminina para Homens Machosenlouquece e nos faz refletir minuto a minuto sobre

    as mulheres. Afinal, quem elas realmente so? Praque elas servem? O que elas querem?

    Esse mundo feminino, obscuro, rido e conflitante, cena a cena esclarecido, como se o pblico lesseum verdadeiro manual a la Kama Sutra. O melhor que as atrizes se interagem com o pblico e todos

    parecem participar de uma verdadeira orgia teatral.A pea, em cartaz na cidade de So Paulo, bemconduzida por Darson Ribeiro, embora ele s vezesexagere na marcao de cena. Uma maior fluidezdos atores renderia certamente cenas maisengraadas e dinmicas, provocando mais risadasda platia.

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    Indicada para jovens, adultos e idosos,

    Hertica..., com Darson Ribeiro, MrciaManfredini e minha amiga Karina Barum no palcodo Teatro Augusta, um bom programa para o seuprximo final de semana. No perca e tente decifreas mulheres! Embora, eu ache que elas so cadavez mais complicadas.

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    Tomando todas em Paris

    Minha ida a Paris sempre foi planejada e em grandeestilo: Torre Eiffel, Louvre e Galeria Lafayete.Estava ansioso, mas me continha. Afinal, tinhadeixada a melhor parte da viagem para o final. Omotivo: l, eu poderia gastar todos os euros quehaviam sobrado e poderia tambm conhecer a noite

    parisiense.

    , e eu estava precisando. Depois de uma viagemtotalmente cultural pela Europa, vendo castelos,igrejas e museus, estava na hora de beber at cair. Efui rumo a essa misso, andando por ruas famosas e passando pelo Arco do Triunfo. Parei em umrestaurante e solicitei uma cerveja, a minha

    primeira em Paris. Tomei rapidamente, saboreandocada gole e recusando os petiscos oferecidos. Euqueria encher a cara e nada me fazia mudar deidia.

    Solicitei mais uma cerveja e fui ao banheiro.Pronto: eu estava preparado para ir a uma balada

    parisiense. Mas pra onde? Andando sem destino equase cansado, encostei-me em um ponto denibus. Observei que um rapaz, mais jovem do queeu, estava cambaleando, com um bafo de vodka.Rapidamente, pensei: esse o cara. Ele vai meajudar. Os bbados conhecem as melhoresbaladas.

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    Logo me aproximei dele e perguntei, em ingls, claro: amigo, tem alguma balada boa em Paris?.

    Ele respondeu prontamente: Paris, uma merda!Mas, as baladas so muito boas. Siga reto, nessadireo. Voc no vai se arrepender. Mas, me diga,da onde voc ?. Brasil, sou brasileiro. Ah!Ronaldo, Pel, Zico, Garrincha... Eu adoro ofutebol brasileiro, sempre vejo na TV.

    Nessa hora, ele foi interrompido por um homemque segurava um grande cartaz. Esse homem, semdisser nem boa noite, afastou o rapaz com quem euestava conversando e substituiu a propaganda deum relgio fixada no ponto de nibus por uma propaganda de um filme da Jennifer Lopez. Orapaz ficou louco e comeou a berrar: eu amo aJennifer, eu a amo. Dei muita risada e quase

    contei a ele que havia passado a mo na bunda daJennifer, mas mudei de idia.

    Agradeci a informao do rapaz e quando me vireiele disse: calma, no vai beijar a Jennifer?.Como?. Olhe! E aprenda. Ele rapidamente deuum beijo de lngua na propaganda e eu sacorrendo. Segui a direo que ele havia apontado e

    caminhei bastante at avistar uma muvuca de lindase estranhas francesas, que estavam conversando emfrente a uma estao de metr, onde outras pessoashaviam entrado.

    Fiquei curioso e optei por entrar. No Brasil, no h baladas no Metr. Ento, eu iria a uma festa

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    totalmente diferente. E, l fui eu. O ambiente, logode cara, se mostrou sensacional e fascinante. Duas

    pistas, tocando som diferente, bebidas caras, masdeliciosas, e francesas, doidas por sexo e orgia.

    Nessa balada, no deixei, claro, de conversar comas garotas francesas, mesmo no falando francs.Tentava manter um dilogo, mas no conseguia.Decidi ento me aproximar das mulheres s paraolhar os seios, pequenas peras, perto dos mamesbrasileiros. Mas, de belos sorrisos, frente a algumasdesdentadas brasileiras. Entre uma bebida e outra,observava e fazia comparaes: as francesas sofrias; as brasileiras quentes.

    Bebi sem parar: vodka, cerveja, conhaque e usque.Misturei tudo e quase tombei. Pra qu? Tentar falar

    francs e me dar bem. Eta! Que lngua difcil. Nembbado eu conquistei uma mulher francesa. MercyBocu!

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    Tomei ch com a rainha e virei Sir.

    Depois de encontrar Sherlock Holmes e JenniferLopez, segui minha trajetria londrina rumo aoPalcio de Buckingham para tomar um ch com arainha Elizabeth 2. Tinha agendado horrio comela em uma conversa que tivemos pelo MSN e, portanto, estava calmo e tranquilo. Em minha

    mochila, levei um ch que eu adorava: o decamomila. No sei se havia em Londres, mas euno podia chegar ao Palcio de mo vazia.

    Construdo em 1703, pelo Duque deBuckingham,o Palcio virou casa oficial dos reis em 1837, coma ascenso da Rainha Vitria ao poder. Nele, jhaviam morado Eduardo VII, Jorge IV, Isabel II e

    muitos outros. O Palcio escapou ileso aosbombardeios da Primeira Guerra Mundial, mas noteve a mesma sorte na Segunda, quando foibombardeado sete vezes pelos alemes.

    Logo que cheguei ao Palcio, um soldado usandotrage estranho, roupa vermelha e de arma em punho

    se dirigiu a mim e perguntou: Sir. RodrigoCapella?. Sim, sou eu. Por favor, meacompanhe, a rainha est lhe esperando. Nossa, eumal tinha chegado ao Castelo e tinha recebido ottulo de Sir. Somente pessoas ilustres, como PaulMcCartney, Tom Jones e Mick Jagger, mereceramtal honraria. Tudo bem, eu j havia escrito algunslivros e um deles est sendo adaptado para o

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    cinema, mas, mesmo assim, eu achei que nomerecia ser chamado de Sir. Quase retruquei, mas,

    por educao, preferi ficar calado.

    Caminhei pelo Palcio, passando por salas, quartose cozinhas. Os jardins eram imensos e lembravam-me os grandes parques brasileiros. Por um instante,o guarda parou e disse: espere aqui, a rainha logovir. Aguardei com ansiedade, sentando no sof eolhando as minhas anotaes. Tinha muito aconversar com ela, colocar a conversa em dia erefleti sobre os problemas mundiais.

    Ouvi passos lentos, mas precisos. Era ela: Elizabeth2. A rainha havia tomado posse h muito tempo,mas estava mais jovial do que nunca. Simptica ealegre, ela logo lanou uma pergunta: Como est

    Pel?. Est bem, ele um atacante de primeira.Continha marcando muitos gols?. No, ele parou h muito tempo, mas s vezes participa deuns jogos beneficentes. E voc, Rodrigo, algumanovidade?. Muitas, estou realizando muitostrabalhos artsticos. Depois, gostaria que a senhoralesse. Claro, farei com prazer.

    Contei sobre as minhas novidades, falamos sobre oBrasil, o sapo barbudo que comanda a naotupiniquim, a Inglaterra e o Palcio deBuckingham. Em certo momento, a rainha pediulicena e se levantou. Recostei no sof e, porlongos minutos cai no sono. Fui acordado por meuamigo Sherlock Holmes e seu fiel seguidor

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    Watson: Rodrigo, acorda, acorda, a rainha sumiu.Como? Ela estava logo aqui. Apenas, deu uma

    sada, ela ia voltar logo. Mas, no voltou, osguardas esto cados no cho, algum entrou aqui elevou a nossa rainha. No acredito!.

    verdade, a rainha havia sumido. E todos estavamloucos. Afinal como uma das autoridades maispoderosas da Inglaterra poderia sumir de uma hora para a outra? Que mistrio! E eu era um dos protagonistas. Afinal, conversei com a rainha nodia em que ela desapareceu. Contei a Holmes aconversa que havia tido com a rainha, disse a elatudo nos mnimos detalhes. Meu amigo suspirou,todo sorridente: Hum.. que interessante. Ela j nosdeu uma pista. S no consigo entender porque osguardas esto cados no cho. Hum...

    Iniciamos a busca pelo Palcio e nenhum sinal darainha. Afinal, onde ela estava? Procuramos peloentorno e tambm nada. Andamos bastante at queHolmes esclamou: Calma, no vamos nosdesesperar. J sei o que aconteceu. A rainha nuncasaiu do Palcio. Ela esteve l o tempo todo. Mas,e os guardas? Por que eles estavam cados, o que

    ocorreu com eles. A rainha mandou eles cairemno cho. Tudo no passou de uma brincadeira.Rodrigo, ela quiz bricar com voc e conseguiu.Voc caiu direitinho. Holmes, deu risada. Watsontambm.

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    Quando voltamos ao Palcio, a rainha estava l,tomando ch de camomila. Aproximamos e ela nos

    ofereceu a bebida. Rodrigo, espero que no fiquechatiado. No, sem problemas. Mas, por que asenhora fez isso? Ficamos preocupados!. Eu quis brincar, a vida nesse Palcio, s vezes meiochata.

    Demos risadas. Se a vida no Palcio era chata,imagina a vida dos mendigos na rua. Imagina avida de quem precisa lutar por comida e que sonhacom dias melhores. Imagina a vida de quem sonhaem ser rainha, ento?

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    Para quem (realmente) gosta de

    Beatles

    A minha ida a Liverpool no estava prevista, mas,quando soube que essa cidade um verdadeirosanturio dos Beatles, no pensei duas vezes emudei minha trajetria. Afinal, como qualquer

    beatlemaniaco que se preze, eu precisava conhecerStrawberry Field, The Cavern Club, Mathew Street,Beatles Story, Abbey Road e a casa de Paul, Ringo,John e George.

    primeira vista, Liverpool apenas mais uma pequena cidade do interior da Inglaterra, commuitos pubs, cerveja e repleta de pessoas com mais

    de cinquenta anos. Pode-se concluir, ento, que elanada tem de diferente de York, onde visitei h poucos dias. Errado! Liverpool uma cidademgica, vibrante e repleta de melodia.

    Meu senso de direo horrvel, por isso paguei oque foi necessrio para pegar o primeiro Beatlestour e conhecer histrias hilariantes sobre overdadeiro quarteto fantstico. A primeira dizrespeito ao Paul. Habitando uma pequena casa deum bairro afastado de Liverpool, o msico sedeparou com um rapaz que disse: ei, eu te levo ata casa do Paul, so apenas 10 libras. Paul caiu emgargalhada e percebeu, nesse momento, que osBeatles estavam populares e que at os

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    adolescentes estavam ganhando dinheiro com abanda.

    A origem dos Beatles se deu com a dupla LennonMacCartney. Paul e John se conheceram quandotinham 15 anos. Nessa poca, Lennon tinha umabanda chamada Quarry Men e Paul pediu para fazeruma apresentao de guitarra ao jovem amigo. Johnadorou a apresentao e convidou Paul para fazer parte da banda. Depois, Paul trouxe George, umento garoto de apenas 14 anos, e o pintor StuartSutcliffe, que tocaria baixo.

    A banda iniciou uma srie de shows na Esccia,graas ao empresrio Andy Williams, queconseguiu tambm levar os jovens at a Alemanha,onde fizeram uma sria de apresentaes no clube

    Kaiserkeller. Stuart se apaixonou por uma garota daAlemanha e saiu dos Beatles. Provavelmente, searrependeu bastante!

    Anos depois, os Beatles trocaram de empresrios eo quarteto passou a ser dirigido por Brian Epstein,que era gerente da famosa loja de discos North EndMusic Stores. Pete foi, ento, despedido e os

    Beatles trouxeram Ringo Star, alterando pelaltima vez a formao da banda. Um ano depois, osBeatles lanaram seu primeiro disco, chamado Love Me Do, que foi um tremendo sucesso evendeu mais de cem mil exemplares. Depois,gravaram Please Please Me, que superou o primeiro disco e atingiu a marca de mais de

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    quinhentos mil exemplares vendidos. Algosensacional!

    Pouco tempo depois, os Beatles embarcaram emturn, marcaram pocas e deu-se incio aBeatlhemania, que existe at hoje. Essa apenasuma pequena sinopse da histria da banda. Mas, otour me traria tambm outras curiosidades paraentender, principalmente, o processo de criao dosBeatles. Strawberry Fields (Let me take you down /Cause Im going to Strawberry Fields/ Nothing isreal / And nothing to get hung about / StrawberryFields forever) foi composta em homenagem a umjardim Escondido, trancado por portes, repleto demato, onde John e Paul subiam as rvores para sedivertir, compor e viajar mundo a fora. lgico,tirei foto na porta do porto.

    O tour, ao som de Beatles, claro, terminou no TheCavern Club, localizado na Mathew Street. L, oquarteto iniciou oficialmente a sua carreira e fezquase 300 apresentaes, entre 1961 e 1963. Altima, ocorrida em 03 de agosto, foi emocionante. No Beatles Story, museu da banda, ouvidepoimentos e sentei em uma das cadeiras do

    antigo The Cavern Club. Foi como se eu tivesse participado da histria dos Beatles. No BeatlesStory, h tambm um submarino gigante, emhomenagem cano Yellow Submarine, nonsense, mas repleta de harmonia e alegria: In thetown where I was born / Lived a man who sailed to

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    sea / And he told us of his life / In the land ofsubmarines.

    Ao conhecer todas essas histrias e vivenciar essesmomentos, eu estava contente e queria, paracompletar essa alegria, conhecer apenas a AbbeyRoad, rua que ficou famosa aps os Beatles tiraremuma foto na faixa de pedestre. Eu queria fazer omesmo, ento fui procura da Abbey Road. Mas, para minha tristeza, descobri que a rua ficava emLondres e no em Liverpool, onde eu estava. Ops! por isso que sempre falam: quanto maisconhecemos algo, mais descobrimos que sabemospouco sobre esse algo.

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    Jornalistas no cinema: ao!

    Onde Andar Dulce Veiga? o novo filme docineasta Guilherme de Almeida Prado, e tambm omelhor deles. O longa, focado a princpio na tarasexual, nos remete aos antecessores A Dama doCine Shangai e Flor do Desejo, mas, no decorrerdas cenas, o trabalho ganha em qualidade por se

    mostrar mais ousado e conflitante.

    O diretor, que teve forte atuao no perodo daRetomada, rejeita o estereotipo de jornalista quetoma caf a cada cinco minutos e traz um profissional de comunicao que aprecia p emaconha. E mais: tmido, no gosta de seexpressar, tem conflitos internos e anda como se

    fosse um rato atrs do queijo humano.

    possvel, claro, encontrar semelhanas comooutros filmes, o que poderia diminuir de primeiroimpacto a grandiosidade da pelcula. Entretanto,ocorre o inverso. Guilherme soube, meio queinconsciente, buscar elementos ocultos em obras-

    primas, como A montanha dos sete abutres, filmetambm protagonizado por um jornalista.Desempregado devido a sua conduta questionvel,o personagem vai ao estado do Novo Mxico atrsde uma grande matria. Em Onde Andar DulceVeiga, o jornalista Caio tambm est a procura,mas de algum e no de algo. Afinal, a musa qued nome ao filme est desaparecida h vinte anos.

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    Se encontrar Dulce Veiga, o jornalista ter um furode reportagem, o maior de sua carreira.

    O furo de reportagem , alis, o que motiva o jornalista. Sem novidades, o profissional seacomoda e no aprecia o prprio trabalho. Foi oque aconteceu, por exemplo, com Locke, o protagonista do filme talo-francs Profisso:Reprter. A histria narra a rotina de um homemaventureiro, mas angustiado; cansado por registraras mesmas coisas e sem perceptivas de mudanas.

    Quando Caio completa a sua grande faanha encontrar Dulce-, ele fica frente a frente com aDiva sem saber o que fazer praticamente imvel eangustiado. E quando pronuncia algo, j tarde:Dulce no quer dar respostas, ela quer apenas fazer

    perguntas.

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    O cavalo de Agatha Christie

    A morte de um sacerdote poderia ser um crimecomum, mas nas mos de Agatha Christie esseepisdio se transforma no alicerce necessrio parafazer de O cavalo amarelo um timo suspense.Atualmente, leio esse livro sempre acompanhadode um bloco de anotaes para no perder os

    detalhes e as muitas referncias feitas aShakespeare.

    Trs mulheres estranhas, que se julgam areencarnao das bruxas de Macbeth, um papelescondido no sapato do morto e pessoas quedesaparecem por telepatia. Esses so alguns doselementos oferecidos pela Rainha do Crime ao

    longo desse saboroso romance.

    Para tristeza dos fs de Hercule Poirot, AgathaChristie recorre ao inspetor Lejeune para solucionartal mistrio. E acerta na escolha. Lejeune o personagem ideal para procurar pistas em umcenrio composto por mtodos particulares, magia

    negra e tortura psicolgica. Tudo isso bemdistribudo pela autora, sem deixar com que a obratenha um carter sobrenatural.

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    CONTOS

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    Loucuras de um escritor

    Entre um cachimbo e outro, Jonas escrevia pequenas frases em seu dirio mido e manchadopor patas de cachorro. Desiludido com o mundo daliteratura e com as mos fixas na caneta, o autor,que chegou a estar na lista dos mais vendidos,procurava se ocupar com pequenas histrias, umas

    mais absurdas do que as outras. Faltava-lheimaginao, faltava-lhe elementos para se construiruma boa narrao.

    Largava o dirio, caminhava pelo pequenocorredor, voltava a apanhar o caderno, largava-o poucos minutos depois. Jonas realmente estavadeprimido e, em um ato fora do comum, abriu a porta e ganhou a rua, talvez em busca decuriosidades, talvez atrs se sonhos antigos ousimplesmente para respirar um pouco.

    J era tarde. O relgio, apertando o pulso esquerdoe deixando marcas, sinalizava onze e meia da noite.Jonas caminhava freneticamente. Passava por

    parques, ruas pequenas, campos de futebol. O autoria em direo ponte, s podia estar indo naqueladireo. O vento forte e o chuvisco atrapalhavam acaminhada, mas Jonas enfrentava os obstculos eos superava.

    Cansado e tremulo, Jonas chegou ao destino,debruou-se na ponte iluminada e antiga, ganhou

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    fora extra e saiu correndo at a outra extremidadeda construo. Fez isso durante alguns minutos e

    horas, circulando por quase toda a pequena esingular cidade. Voltou pra casa, tomou um suco deacerola com menta, deitou-se na poltrona rasgada el dormiu desconfortavelmente durante horas,chegou at a sonhar com os tempos de sucessoliterrio.

    Acordou com uma pomba debatendo-se na janela,como se quisesse entrar na casa do autor. Jonas pensou e acabou cedendo. A pomba branca eextremamente agitada sentiu-se vontade, como setivesse a companhia de outras. Pegava o dirio doautor, percorrida os corredores e rapidamentelargava o caderno. Jonas, em mais um ato fora docomum, abriu uma gaveta, pegou sua 38 e disparou

    um tiro contra a pobre pomba.

    Paredes manchadas, animal morto pelo cho echeiro impregnando a casa. Jonas observou tudoisso e refletiu por alguns segundos. Pegou a arma ea segurou com uma firmeza singular. Mirou emdireo a sua cabea e sentou na cadeira. L,dormiu durante horas, dias e anos.

  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    Cupim de Natal

    A rvore piscava com tal fervura, bolas brancas evermelhas davam o realce, enfeites de laos ecavalos carregavam ternura, no olhar da criana.

    Piscava num ritmo prolixo, fixamente olhava oenfeite mais alto, era um Papai Noel no topo da

    rvore, despertando nuana no olhar meigo.

    A criana, enfeitiada estava, a admirar o falso real,a crer que Papai Noel iria, descer da rvore e d-lhe, um beijo no rosto.

    Observava a rvore diariamente, como se buscasse

    um algo mais, percorria ao redor dos galhos, sentiao perfume vago.

    Fixava os olhos atrs da rvore, abria e fechava a porta do armrio, passava a mo num furo, feitopor cupim.

    Observava a rvore, canto por canto, estava quase

    aos prantos, queria ver se o furo, ia contaminar osenfeites, derrubar os galhos, estragar Papai Noel eparalisar os cavalos.

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    Deus, obrigado por ter criado as

    mulheres

    Corria pelas estreitas caladas de So Paulo rumoao Parque do Ibirapuera. O calor era intenso e acamiseta vermelha fazia-me transpirar mais ainda,como se eu estivesse dentro de um caldeiro. Opa!Bem que podiam cozinhar uma loira junto comigo,

    de preferncia sorridente, gostosa e acompanhadapor uma latinha de cerveja.

    Exibia o meu corpo atltico, conquistado apsquinze anos de terapia ocupacional e seis meses deacademia. Pela primeira vez, sentia-me confiante,um verdadeiro Deus Grego. Mulheres de vriostipos olhavam pra mim, porm s as feias, que

    pareciam ter sado do Largo da Batata, quemexiam comigo. Que maldio! No devia termalhado tanto.

    - Nossa, que lindo - dizia uma delas.- Queria um desse l em casa - disparava a outra.

    Ajeitava o cabelo, tirava o suor da testa e dava umsorriso. Que raiva, eu estava gostando daquelechamego. Mas, um solteiro como eu precisava deum bom partido. Continuei correndo! Pensava emmuitas coisas: o pneu do carro furado, minha merolando pelas escadas de incndio, meu irmo passando mal aps comer uma coxinha decalabresa.... Pensava em tudo, queria distncia

  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    daquelas feiosas. Saiam, saiam, antes que euchame a carrocinha, disse alto, como se tivesse um

    megafone nas mos.

    Por falar em cachorro, no poderia esquecer-me deBrutus. Orelhudo e pulguento, o miservel miavaem vez de latir. Miauuu-AU!! Ele chegou em casacom dois meses. No, Brutus no veio sozinho, tiveque busc-lo no pet shop. Aos poucos, o pequenoanimal foi adquirindo outras formas. Pica-pauroedor de mveis, rato comedor de queijo, lesmapreguiosa....

    Um co com crise de identidade? Era s o quefaltava. J bastava o dono. Tomei uma decisodrstica, uma das mais difceis de minha vida. Porque no mimar o meu cachorro? Minha me fez

    isso comigo, por que no ia funcionar com oBrutus?

    A primeira ao foi a de criar um site para ele.Optei pelo www.cachorrorebelde.au Afinal, eleprecisava se acalmar um pouco e eu tinha que meocupar. Qual o solteiro que no gosta de passarhoras e horas na frente de um computador?

    Aos poucos, Brutus se transformou. Os plosficaram mais brilhantes, parecendo a peruca daElke Maravilha. Seu rabo ganhou vida prpria,achando que era um helicptero.Brutus mostrou-semais calmo, sorria vrias vezes ao dia e at dava

  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    cambalhotas. Nossa, eu estava conseguindo mimaro cachorro.

    Ainda rumo ao Parque Ibirapuera, eu corria, corriae as vozes das feiosas continuavam a me perseguir,aterrorizando os meus pensamentos:

    - Nossa, que lindo - dizia uma delas.- Queria um desse l em casa - disparava a outra.

    Fingia que no era comigo e continuava correndo,sonhando, lembrando de quando mimava o Brutus.Depois de criar o site, comecei a assistir televisocom ele, mas Brutus no gostava de novelas brasileiras. Mudamos de canal, ele detestou asmexicanas e preferimos alugar alguns filmes.Depois de verOs 101 Dlmatas, Brutus latia sem

    parar, levantava as patinhas e se mexia de um ladopara o outro, mostrando-se um verdadeiro ator. Elequeria estar em Hollywood.

    Mas, o danado continuava a comer o meu chinelo eachei que ele precisava de um pouco de msica,talvez clssica. Optei pela quinta sinfonia deBeethoven. O cachorro se acalmava por alguns

    minutos, mas logo comeava a roer tudonovamente. Eu devia ter dado a ma da Branca deNeve pra ele.

    - Nossa, que lindo - dizia uma das feiosas.- Queria um desse l em casa - disparava a outra.

  • 8/14/2019 Loucuras de um escritor

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    Olhei para o lado e as mulheres estavam meseguindo. Nossa, que coisa maluca! Olhei para o

    cho e vi o Brutus. As feiosas estavam apontando para ele. Ufa! Fiquei bastante contente. Aqueleselogios eram para o Brutus e no pra mim. Deus,obrigado por ter criado os cachorros.

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    Fastio e pejo de escriba

    bem provvel que voc esteja lendo meus ltimosrespiros literrios. No que eu queira rumar umavida melhor acho que aqui no se cabe talcapricho. O que almejo vida sem fastio, sem pejo.E, portanto, sem registro. Malditas anotaesatemporais de tirar o sono, dar insnia e excesso de

    saliva na boca.

    Dizem os mais afortunados que escrever umaddiva. Se tal faanha for concreta, deixei de reinarquando os abandonei lpis e borracha. O barulhodas teclas nunca me fascinou. Alis, acho eu, queessa tecnologia atrasa as palavras. Era, portanto, notoque do papel que criava personagens uns prncipes; outros candangos. Quando transformeitodos em seres simples, veio-me o fastio.Personagem tem urea magnnima, mas os meus jno a despertavam h anos (era como se todostivessem a mesma alma, ao mesmo instante. Umtdio!). O pejo veio na sequncia: sem bons personagens no se tem ritmo. Comenta o

    estudioso mais crtico que o leitor precisa sesentir s para degustar. E que o caviar s ingeridocom um certo toque de sabor. Sem sabor e caviar,perde-se o ritmo, encontra-se o pejo.

    Em busca de cenrios autnticos, j percorri oBrasil todo. No encontrei atrao literria, apenasnovo lar: mais calmo, nem por isso com mais

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    elementos. Florianpolis onde, portanto, o melhorda narrativa comea. E contrariando a

    meteorologia daquele dia o sol no veio demanh. Foi substitudo por um rudo e um pacote.O rudo eu ouvi as sete da manh, junto ao cantardo agitado curi a fazer ninho. A escada do hotelrangia e em passos simtricos algum ligeiramente apressado depositou algo em frenteao quarto 314. Quando abri a porta, o mancarlevou-me a um embrulho pardo e mido e preso acordes e apertado e curioso.

    Relutei como fao sempre em desenrolar oscordes. Poderia eu encontrar algo diferente dessesmeus trinta anos de poesia? Pronunciei o algo,com intensidade, como fiz nos dias anteriores. Atesoura guiou minha mo esquerda aos cordes e

    um corte certeiro desfez o que poderia serconsiderado uma arte de empacotar. Juntei essequarto embrulho aos demais: o primeiro intocado; oseguinte com um leve rasgo; o terceiro com umfuro e um cordo cortado. E este com um buraco esem dois cordes paralelos. A curiosidade lgico aumentava dia-a-dia. O primeiro ignorei; osegundo quase abri; o terceiro contive-me; o quarto

    aos prantos... Eu queria conhecer o contedo destee dos demais. Sabia, entretanto, que no poderia.

    Os fs nos enviam itens com a boa inteno quedestri casamentos. E depois questionam: vocdeixou de ser escriba? a demagogia que se funde ironia e irrita meus ouvidos. Palavras tornam-se

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    obsoletas e bilhetes e pacotes e mensagens semremetente viram ou pelo menos deveriam

    invisveis.

    Alvio se faz quando se recebe algo esperado, comcontedo e formas previamente calculados. Nomundo virtual, ter contato com algo presente, semconhec-lo quase um atentado mental. Imagina-sede tudo, se programa uma resposta, fica confuso,como se enforcasse nos cordes dos embrulhos.

    Poderiam eles no terem sido enviados por fs?Embrulhos caprichosos, da irritao no ouvido,demagogia de interesses, alegoria profana.. Quemou o qu poderia sucumbir-me tal irritao? Se bomba fosse, j e at fao gosto assistiriadesgraas ao lado de Demo. Se vrus fosse,

    derreteria minha escrita sem direito a testemunhoposterior. Se comida fosse, o cheiro a denunciaria.Se macumba fosse, ....

    Se, Se, Se. A dvida castiga, corri e perguntasorrindo: por que voc no me guia? Ela quer paz,mas provoca. Parece muito com as mulheres: nosabem a hora de nos deixar a pensar sobre elas,

    sobre mundo, overmundo! E elas permanecemtmidas, mas sempre a. Ento, quem os poderia terenviado? Antiga namorada? Duvido, no teria talcapricho. Um familiar? Muito menos. S lembram-se de mim em datas festivas ou quando precisocomprar presentes. Ento, quem? O que? Putz.Pausa. A matemtica precisa, nessas horas, amiga

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    de se descobrir. Talvez pontuar o que e como ascoisas nos norteiam de modo a complicar as aes

    e contribuir para a dvida.

    Ah! Nunca fui um esperto em antecipao. Noentanto, gosto de faz-la, aos poucos, preferencialmente no ranger noturno dos dentes.Cochilei no sof, abraado a Tico urso barrigudode minha filha. Olhos de chamego, plos pardos,mos na cintura... Despertei depois de horas, com ocuri do ninho. Guiou-me ao quinto, colocadodebaixo da porta do 314. Olhei aos demais e omancar fez-me apanhar o novo. Coloquei-o namesa, bem prximo aos outros. A tesoura j estavaprxima, ao lado do quarto. Libertei-o dos cordes,fiz um furo maior e identifiquei. Remetente eraD.J. Recorri obviamente agenda. De nada

    acrescentou: l no havia sobrenome, apenasapelido e pronome. Nunca encontrei motivos agora os tenho de preench-la corretamente.

    Caminhei pelos corredores apertados, quase medebruando nas paredes. A resposta estava sempre frente. Parecia ter se preparado anos antes. Comoalcan-la sem ter a frmula correta da

    perseguio? Sempre assisti a filmes, li muitolivros todos de mistrio e pistas. Mas, quando se personagem, a complicao alia-se ao desesperoaparente. H alguma sada ou a mais fcil terei queusar?

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    Caixa esquisita e picante, mas contedo similar

    maioria das caixas: cartas, cartas amassadas, cartasamassadas e sujas. Manuscritas em letras redondase legveis primeira passada de olhos. Algunsrecortes de jornais fotos e gravuras coladosentre cada linha do texto, como se fizessem partede toda histria. Cartas que lembram o passado edespertam lgrimas: na juventude, o simples sinalde brincar provoca desejos; que desafiam o futuro:nada que fosse, justificava tal postura. O alm aningum se pertence. O depois, nunca vistoaqum; e o hoje: mudar o que de vitria seguida,ainda que voc me alia.

    Mensagens que denotam certo sacrifcio de escrita., por isso, que as cartas so smbolos fortes que

    atravessam geraes, buscam companhia emgarrafas, gavetas e embrulhos pardos. Cheiroazedo, de quase desmaiar, pronunciar palavrasesquisitas. Cheiro de dormir, acordar e ficar apensar. Quando a pergunta solucionada, domina-se o medo e vem outra. O que que essas caixasestavam fazendo debaixo de minha porta? E maisuma: por que que nunca as joguei fora?

    Talvez, porque, cartas de ler a tarde toda, semproblema de ritmo ou tempo. Para se deliciar comum caf e mancar confuso pelos corredores embusca dela, sem ter norte ou aptido para desenhar.Cartas podem voar em direo oposta ao dom parase contestar que atrelado a isso se tem a vivncia.

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    Cartas! E principalmente cartas endereadas aalgum o vizinho do 315.

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    Meu cachorro tarado por petisco

    Usque seria um cozinho normal, se no fosse oseu incrvel desejo de experimentar novos petiscos.Queijo, presunto, salame, mortadela. No importa osabor. Usque tarado por salgados e fica bravoquando Juliana, sua dona, passa muitos dias semoferecer esses alimentos deliciosos.

    O vcio tanto que o cozinho no economiza seustruques a la Harry Potter para chamar a ateno deJuliana e ganhar o grande prmio, um petisco. Elefaz de tudo. Destri as meias, lambe o sof e, dequebra, morde a bunda do carteiro, deixandomarcas. Juliana fica envergonhada, pede desculpas,mas o carteiro no responde; sabe que isso aindavai acontecer muitas vezes.

    No fim do dia, um pouco antes do jantar, a pequenamenina sempre acaba perdoando o cachorro e levao pulguento para passear numa praa bemarborizada. L, observa um rapaz, atltico e semcamisa, que acena com uma das mos. Marcelo,um antigo namorado de Juliana. Terminaram h

    dois meses e a atrao entre eles muito grande.

    O motivo da separao , aparentemente, banal,mas pode ser facilmente compreendido. Aps ir aocinema e assistir o Cdigo Da Vinci, a pequenamenina convidou o namoradinho para entrar emcasa e, quando abriu a porta, encontrou tudodestrudo. Uma onda gigante parecia ter entrado na

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    casa. Juliana olhou para Usque, que estavaescondido atrs da porta, louco por um petisco.

    Marcelo, que no arruma nem o quarto dele, saiucorrendo, sem rumo, sem direo. Depois desseepisdio, eles nunca mais se viram.

    Juliana e Usque continuaram a andar pela praa.Mendigos pediam dinheiro, pessoas andavam de bicicleta e um rapaz vendia bolinho de queijo. Ocheiro rapidamente entrou nas narinas de Usque. Ocozinho soltou-se da coleira e correu em direoao carrinho, como se estivesse no cio atrs de umacadelinha. O que se viu a partir da foi umverdadeiro show de horror. Usque lambeu ovendedor, derrubou o carrinho e comeu quase todamercadoria. Juliana no tinha dinheiro para pagar o prejuzo e teve que chamar os pais. A pequena

    menina e o cozinho acabaram trancados num canile, se no fosse a me dela ter remorso, dormiriam anoite l, ao relento, passando frio e fome.

    Mas, essa no foi a situao mais absurda queJuliana viveu. Ela se lembra de outras. Usque, numbelo dia, decretou greve de fome. O motivo dessatravessura: ele no recebeu petiscos durante quase

    uma semana. Juliana indignou-se e no tevedvida: ignorou o cozinho, que acabou triste edoente. A menininha mostrou-se arrependida eabraou Usque, como se ele fosse um ursinho depelcia bem peludo. No dia seguinte, o cachorrinhoganhou uma grande caixa de petiscos e abanou orabo durante trs horas.

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    Juliana lembra-se de muitas histrias

    protagonizadas por Usques, algumas at estoanotadas no dirio da menininha, que d muitasrisadas quando se lembra dos fatos. No ltimoCarnaval, a dupla dinmica viajou paraFlorianpolis, onde a tia de Juliana tem uma casaenorme, com piscina, piano e bananeira.

    Quando chegou ao jardim, Usque, no titubeou, erapidamente comeu as rosas vermelhas, queestavam lindas e cheirosas. A tia de Juliana berroulongamente e Usque correu para se esconderdebaixo da mesa. O motivo dessa travessura: eleno recebeu petiscos durante quase uma semana.

    Depois de todas essas esquisitices, Juliana

    aprendeu a lio: o Usque deve comer petiscotodos os dias, seno ele fica louco e cometemaluquices, inexplicveis at mesmo para a cinciacanina. A pequena menina sabe tambm que todosos ces, assim como os homens, tm defeitos e queesses devem ser respeitados para que a convivnciafique cada vez mais harmoniosas e saborosas,assim como os petiscos. Hum...

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    REPORTAGENS

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    Como tirar foto de seu cachorro

    Rabinho pra c, orelha pra l. Tirar foto docachorro no nada fcil. Exige agilidade, pacincia e, principalmente, muita tranqilidade.Para ajudar voc na hora do click, conversamoscom fotgrafos especializados em registrar animaisde quatro patas. Pegue a mquina fotogrfica,coloque um filme e prepare-se para as dicas deLionel Falcon e Joo Carlos Duarte, o Johnny.

    Sem StressCrie um clima de harmonia entre voc e o cachorro,utilizando uma msica bem suave ou optandoapenas pelo silncio. Seu companheiro canino vaificar relaxado, comportando-se muito bem na hora

    das fotos.

    Dentro de casaFotografar o cachorro dentro de casa pode ser umaopo, mas voc precisa de um ambiente muito bem iluminado e de uma cmera digital quepermita elevar o ISO para pelo menos 800. Mesmoassim, corre-se o risco da foto ficar granulada.

    JanelasProcure no colocar o animal na frente de janelas evitrs. A cmera pode fazer uma leitura errada daluz, danificando as fotos. Nesses casos, o uso doflash no recomendvel, pois contribui para aperda de profundidade.

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    Luz Ideal

    Fotografar no sol um pouco complicado, pois ele muito agressivo e atrapalha o processo. O ideal tirar fotos durante o amanhecer ou ao entardecer.So os horrios em que temos uma melhortemperatura. Tente um dia nublado, que proporciona naturalmente um equilbrio de luznatural.

    Sol e SombraSe voc est em busca de fotos mais bonitas,escolha um lugar onde se possa mesclar sol esombra. Com esses dois extremos, a fotografiaganha mais vida e o resultado ser inesquecvel.

    Imite

    Sente-se, ajoelhe-se, no importa. Fotografe seuamiguinho como se ele fosse do seu tamanho. Vivaum dia de co e voc no vai se arrepender.

    ConvivnciaConviva com seu co, teste ele em algumassituaes. Avalie as reaes do animal e quandovoc estiver entendendo como ele pensa hora de

    tentar fotograf-lo. Tente novos ngulos, procureexpresses inusitadas e fixe os olhos no seu animalde estimao.

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    Dicas para voc cuidar melhor de

    seu co

    No preciso analisar pesquisas cientficas parasaber que o homem recorre, cada vez mais, aosanimais de estimao, principalmente os ces, parasuprir a carncia afetiva. Tal fato no se restringeapenas aos solteiros. Homens casados, noivos e

    namorando no desgrudam do seu cachorro. Asevidncias esto dentro das casas, nas portas dospet shops e, claro, nas reas verdes.

    O cozinheiro Gabriel Zuniga, por exemplo, sempreleva Dunga, seu fiel companheiro canino, para daruma volta no parque do Ibirapuera, em So Paulo.Foi l que eu conversei um pouco com ele. svezes, estou chateado, preocupado com algumacoisa, e o Dunga me distrai, querendo brincar comsuas bolas de plstico ou mostrando-se um atletanato, ao correr pela casa. Para retribuir essaateno, eu dou um grande abrao, disparaGabriel, acariciando a cabea do seu cachorro.

    Para o veterinrio Carlos verton Curti, doHospital SOS Animal, esse tipo decompanheirismo descrito acima muito importantetanto para o co quanto para o homem, mas odoutor alerta que necessrio certos cuidados. Narelao homem-co, vale abraar, passear e segurar

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    termina, meu amigo se levanta e sai circulando pelacasa, como se estivesse procurando algo. O Toby

    muito engraado, divertido e inteligente, alegra-seHomero, que pensa em gravar uma msica para seuco.

    Cantorias a parte, uma outra preocupao quedevemos ter com nossos companheiros caninos ade escolher um bom alimento pra ele comer. Uma

    rpida visita a um pet-shop encontramos estantescheias de raes, oferecendo alimentos com osdiversos tipos de nutrientes. Mas, como comprar arao mais apropriada?

    De acordo com a veterinria Renata Vanzo Carron,da Central de Distribuio Royal Canin, o donodeve escolher o alimento em decorrncia do porte,

    idade, estado fisiolgico, atividade e raa docachorro. Os alimentos Super Premium so osmais indicados, por serem perfeitamente balanceados e terem uma tima combinao denutrientes, recomenda

    Vamos a outra dica. Essa informao vai para os

    donos fumantes: a Universidade de Braslia (Unb)concluiu recentemente um estudo e observou queos animais de quatro patas podem apresentar tossee bronquite se os donos fumam diariamente.Portanto, anote um recado: quando voc colocarum cigarro na boca, tranque-se no quarto e contrateum profissional para tomar conta do co. Afinal, omelhor amigo do homem tambm precisa se

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    divertir, correr atrs de bolinhas e morder otornozelo da vizinha.

    Vale uma ltima recomendao: se voc seguirtodas essas dicas e se apegar demais ao seucompanheiro canino, no fique preocupado. Arelao entre homens e ces normalmente s trazbenefcios, defende o veterinrio Fabiano Braz, daPet Center Marginal. impossvel encontrarmosuma amizade to sincera e fiel quanto existenteentre o homem e o cachorro.

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    Proteja seu co, antes que seja tarde

    Quando voc for ao trabalho, no se esquea defechar as janelas e trancar todas as portas. nessemomento, longe do dono, que o co procura novasaventuras. Basta alguns passos e uma pequenafora para ele se arremessar como se fosse umpssaro bbado. O resultado?

    Guilherme Angelo no consegue esquecer-se do diaem que Scobby, um beagle ciumento, se atirou davaranda. Ele caiu no concreto. Corri pela escada efui ao encontro de meu companheiro, mas eleestava todo ensangentado. Rapidamente, leveiScobby ao Hospital Veterinrio e vi, com tristeza,

    ele passar vrios dias internado. Foi um dos pioresmomentos da minha vida, relata o empresrio,segurando uma foto de seu amigo canino.

    Hoje, o cachorro est bem. Mas, Guilherme sente-se culpado e pede conselhos para evitar uma novaqueda de Scobby. A veterinria AngelinaRodrigues, do Pet Shop AuAu Mania, orienta: no

    adianta trancar o animal num nico lugar, pois elepode enfrentar sol ou frio. O ideal colocar tela emtodo apartamento, inclusive nas varandas. Isso vairesolver o problema.

    Assim como Scobby, o norwicht terrier Lelus, deseis anos, j viveu algumas aventuras, longe e pertode seu dono. Ele um co muito assustado. Se o

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    vizinho usa a furadeira, o Lelus foge para debaixoda cama. Agora, se eu ligo o rdio ou o secador que

    ele abaixa a orelha, o cachorro encolhe o rabo efoge para a cozinha, como se tivesse levado uma bronca. incrvel. Lelus j um adulto e secomporta como se fosse uma criana, desabafa oauditor Ricardo Silva, que j teve mais de seis ces,todos da raa norwicht terrier.

    Angelina explica que esse tipo de atitude pode estarrelacionada aos primeiros contatos do co com agua e sugere: se o dono quiser, por exemplo, vero primeiro banho do animal, ele deve ficar fora dasala, olhando pelo vidro ou assistindo pelateleviso. Os ces no gostam de barulho e sesentem incomodados. Felizmente, na relaohomem-co, pode-se curar os traumas com bastante

    carinho e uma certa dose de cuidado.

    No decorrer dos anos, alguns ces chegam at a seacostumar com os rudos. o caso do labradorIngale, de seis anos, que sai correndo em direo porta toda vez que escuta a campainha tocar. Eleno leva sustos, espera eu abrir a porta e recepcionaa visita, diz o radialista Benjamin Back, o Benja,

    do programa Estdio 97, acrescentando que, aocontrrio de muitos ces, Ingale no sente medoquando ouve o barulho de um secador ligado.

    Se o seu cachorro se comporta como o animal deestimao do Benja, voc j tem um problema amenos para se preocupar. Mas, no d um sorriso

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    agora e preocupe-se em olhar todas as tomadas desua casa, aconselha o veterinrio Leandro

    Murakami. Elas precisam de protetores, dessaforma o cachorro no toma choque. V a uma lojade artigos de R$ 1,99. L, voc vai encontr-los.

    A veterinria Angelina, do Pet Shop AuAu Mania,vai alm e alerta que o co pode ter queimadurasgraves ao morder um fio que transporta energia

    eltrica. Portanto, vale uma dica: chame oeletricista e faa uma check-up no seu apartamento.Tenha certeza que todos os fios esto presos elonge do focinho canino.

    Pronto, agora voc j est preparado para ir aotrabalho e at mesmo tirar as frias, vencidas hpelo menos dois anos. S no se esquea de trocar

    a gua do cachorro e de colocar mais rao no pote.Ah! E se possvel, pea para o vizinho no ligar afuradeira. Veterinrios alertam que o cachorro podese assustar e entrar numa profunda depresso.

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    Tire o seu co de casa e leve...

    J se passou o tempo em que o cachorro passeavasomente no parque ou dentro de carroa, agora o peludo pode circular em padaria, restaurante,shopping e at mesmo em reas verdes construdaspara atender aos desejos dos ces. D pra acreditar?

    O dcil golden retriver Argos, por exemplo, gostade passar o fim-de-semana num stio, uma espciede hotel fazenda para cachorros que ofereceestrutura de hotel cinco estrelas, com moradiasindividuais e alimentao balanceada. L, ele sediverte o tempo todo, aprende brincadeirasdiferentes e faz novos amigos. Sinto saudades, massei que Argos bem tratado e gosta de ir ao stio,

    justifica Marcos Nogueira, que convive com opeludo h mais de seis anos.

    Esse mercado est super aquecido! Cada vez mais,os donos vm procurando os hotis fazendas para oco se distrair e relaxar. Apostando na segmentaodesse nicho, o veterinrio Aldo Macellaro Juniorfez inovaes no seu Clube de Compo,

    implantando atendimento diferenciado para ces de pequeno porte, que contam com veterinrios e podem circular livremente pelos 60.000 metrosquadrados do hotel. Alm do carinho do dono, oco precisa de atividades fsicas, uma boa rao,gua fresca e cuidados veterinrios, incluindo

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    vacinas e vermfugos, esclarece Aldo, queinaugurou o Clube de Compo em 1996.

    Rafael Pattoli j pensou em levar o yorkshireBrutus a um hotel fazenda, mas mudourapidamente de idia. Eu quero ficar sempre aolado dele, dando amor e carinho. Mas, sei que meucompanheiro gosta de conhecer lugares inusitadose, s vezes, levo-o para almoar num lugardiferente e aconchegante, diz Rafael, referindo-seao Via Caf, um restaurante que est sempre cheiode ces, das mais variadas raas, tamanhos e cores.Uma vez, Brutus fugiu da coleira e foi em direo mesa do lado, onde havia um chow-chowaparentemente feroz. Os dois, um co pequeno e ooutro grande, latiram durante alguns minutos. Foiengraado. O Brutus estava muito vontade, agia

    como se estivesse em casa. Acho que ele estpreparado para freqentar qualquer tipo de lugar.

    Pode ser, Rafael, mas a veterinria FernandaCioffetti, da Pet Society, alerta que alguns cesestranham os locais desconhecidos. Podemosevitar tais transtornos condicionando e treinandoestes animais desde pequenos a freqentarem

    ambientes diferentes e tambm a conviverem comooutras pessoas e animais, explica Fernanda,lembrando que os cachorros devem usar sempre a placa de identificao com o nmero do registroanimal. Se o co for bravo ou apresentar umcomportamento hostil, recomendo ainda ainstalao da focinheira. Este procedimento deve

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    ser considerado ato de amor, pois preserva a sadee segurana dos nossos melhores amigos.

    Se no quiser levar o co a restaurante e clube decampo, o dono tem a opo de passear com ele emshoppings, tais como o Frei Caneca, localizado nacidade de So Paulo. Pode-se passear por todas asdependncias, exceto a praa de alimentao ereas fechadas, como cinema e teatro.

    Mas, tantas novidades assim no parecem empolgaralguns donos de ces. O professor de dana DavidGomes, por exemplo, mostra-se perdido e aindapensa na possibilidade de levar o peludo a um lugardiferente. Quando vamos ao pet shop comprarrao e um brinquedo novo, a Thita vai junto. Mas,ela no freqenta restaurantes e shopping. Se algum

    dia ela pedir, ns vamos conversar e tomar umadeciso em famlia, como sempre fizemos.

    David, bom voc se apressar. Os empresrios dosegmento canino no param de ousar.Recentemente, eles inauguraram um motelespecializado para ces, o Pet Love Motel, quesurpreendeu conceituados veterinrios e agradou os

    cachorros que sonhavam com uma noite de npciasmais confortvel.

    Agora, s esperar. Logo, logo teremos um planetacanino, uma piscina especialmente construda paraos peludo e, claro, uma casa na rvore para elesbrincarem nas horas vagas. Quer apostar?

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    J existe....

    uma rdio online que conversa com o pblicocanino. Anote o endereo:www.dogcatradio.com.br;

    aparelho dentrio para os peludos terem um sorriso perfeito e uma mordida pronta para devorar os

    ossinhos;

    uma profissional, especializada em tomar conta dosces. O nome dela? Baby Dog. No deixe deconsultar os anncios;

    txi adaptado para transportar os orelhudos. Preo:aproximadamente R$ 1,50 por quilometro rodado.

    mais pet shop do que farmcias, na cidade de SoPaulo. Agora, voc vai encontrar um veterinrioperto de sua casa.

    http://www.dogcatradio.com.br/http://www.dogcatradio.com.br/
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    Transforme seu animal de

    estimao em um manequim

    Calma, leitor, no se espante com o ttulo destamatria. Uma nova moda vem, aos poucos,ganhando fora nas vitrines dos pet shops de todoBrasil. a utilizao de manequins que seguem

    fielmente as caractersticas caninas e deixam osdonos de ces realmente curiosos. No pramenos. Focinho, rabo, orelha, olhos e patas. Tudoem tamanho e expresses originais. O cachorro sfalta latir!

    Conversamos com Fbio Gubeissi, proprietrio daDog Models, empresa que vem investindo nesse

    mercado. O empresrio revelou os segredos que soutilizados durante a fabricao dos tais manequinse, a partir de agora, voc vai poder eternizar o seucompanheiro de estimao.

    Primeiro, faa uma escultura, utilizando uma massaitaliana e um esqueleto metlico. Depois, para darmais riqueza aos detalhes, confeccione um moldeem fibra de vidro e silicone. Desse molde, tire ascpias em fibra de vidro. Num ltimo passo, pinteo manequim com um revlver de tinta e o maquieicom aergrafos.Se voc no conseguir fazer em casa, no sedesespere. A Dog Models confecciona manequimde labrador, pit bull, poodle e dauchshound, que

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    custam de R$ 400 a R$ 660, com pronta entrega.Ainda h a opo de se fazer, digamos assim,

    encomendas especiais. Nesse caso, o valor doinvestimento canino chega a respeitveis R$ 5.000.

    Gostou da sugesto? Ento, v em frente. FbioGubeissi explica que todas as raas podem virarmanequins, independente do tamanho e daquantidade de plo do cachorro. Essa idia deu tocerto que o empresrio estendeu o procedimento aoutras espcies. o caso de gatos e pssaros, quetambm podem ser eternizados. Mas, a lista no pra por ai. Gubeissi confessa que j recebeualguns pedidos inusitados. Certa vez, um clientequis fazer um manequim de um pre, maisconhecido como porquinho da ndia.

    Achou essa idia um pouco estranha? Aqui vaimais uma sugesto: que tal o seu pet seguir acarreira de modelo? Isso mesmo, o cachorro vai brilhar nas passarelas e conquistar o mundo dafama. A Pet Center Marginal, por exemplo, realizadesfiles com os mais diversos tipos de raas. Emum primeiro passo, os ces so inscritos pelaInternet e participam de uma prova de roupa, na

    qual os pets so escolhidos. No dia do evento,cada participante deve chegar comaproximadamente 30 minutos de antecedncia paratrocar seu animal e se preparar para entrar na passarela, de acordo com a ordem definida noroteiro, detalha Eugnia Fonseca, gerente demarketing da loja.

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    Mas, h uma tcnica especifica para se desfilar?

    Eugnia garante que no. O ideal que o animalfique em cima da passarela e o dono no choapenas conduzindo o pet, aconselha. Os desfilescaninos so realizados, normalmente, quandoocorrem as trocas de coleo de roupas, na passagem da primavera para o vero e do outonopara o inverno. Ento, anote na agenda e prepare-se. Seu co ainda vai virar uma celebridade!

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    Voc consegue entender o seu

    co?

    O cachorro no late apenas para espantar baratas ou para intimidar um outro companheiro peludo. Osom de um animal de quatro patas pode dizermuitas coisas, surpreendendo at mesmo osespecialistas no assunto. Calma! No fique nervoso

    e deixe a carteira em cima da mesa. O pulguentono est interessado em dinheiro, mas sim emcomida, brincadeiras e, claro, muitos abraos.

    As irms Debby e Diana, muito bem cuidadas porThomas Bttcher, deitam-se no cho, esticam aspatas dianteiras e disparam um forte latido sempreque o guitarrista da banda Bastardz faz algumaapresentao barulhenta em seu quarto. Olho paraelas e tenho a sensao de que no esto gostandodo som. uma pena, pois eu as adoro muito, tratocomo se fossem minhas filhas.

    Calma, Thomas, no bem assim. Debby e Diana podem estar pedindo um pouco mais de carinho,

    esclarece a veterinria Carolina Dias Gimenez, daPet Center Marginal. "O co capaz de chamar aateno do dono sempre que necessrio. Massomente tendo uma boa convivncia com ocachorro, que o proprietrio aprende a linguagemde seu animal de estimao e a comunicao fluinaturalmente.

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    Mas, vamos adiante. Afinal, a comunicao caninano fica apenas nos rudos, garantem os estudiosos.

    bastante comum os quadrpedes usarem umaparte do corpo, por menor que ela seja, para pediralgo. A bichon bolonhs Brida, por exemplo,encosta o focinho na perna do cineasta CarlosReichenbach para dizer que est com vontade depassear. Se eu no atendo aos cutuces de minha pequena e inteligente amiga, ela choradesesperadamente. Meus trs filhos j passaramdos vinte e cinco anos e ela com certeza se tornou acriana da casa, relata o diretor, que se mostra umgrande defensor da raa canina. A prova disso soos nmeros: ele j dividiu o lar com mais de trintaces, das diversas raas e tamanhos.

    J a malts Preta, de trs anos, usa os dentes

    afiados e lasca uma mordida no ator MarceloMdici na tentativa de impedir a ida dele aotrabalho. Ela segura o meu calcanhar com fora,mostrando a sua insatisfao. uma verdadeiraguerra que enfrento dia-a-dia. Mas, quando percebeque vai junto, Preta se transforma e abana o rabinho para dizer que est feliz, dispara o ator, um dosdestaques da novelaBelssima, da TV Globo.

    Marco Antonio Gioso, professor de veterinria daUniversidade de So Paulo (USP), observa que hexcees. Alguns animais abanam o rabo tambmquando esto estressados ou para revelar umairritao. No h uma regra para esse tipo de

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    comportamento canino. preciso estudar caso acaso.

    Tentar identificar o que o pulguento quer dizer aoabanar o rabo to difcil para o dono de cachorroquanto acertar a mensagem que o peludo passa aomexer as orelhas. Tal complexidade motivou odesenvolvimento de estudos e mais: vemencucando veterinrios, que buscam explicar acomunicao canina. Ces no so gente, por issose comunicam tambm com as orelhas, levantando-as para prestar ateno em alguma conversa eabaixando-as para mostrar submisso ao dono ou aoutro cachorro, exemplifica Marco, destacandoque os quadrpedes tambm se comunicam atravsdos olhos.

    O guitarrista Thomas e o ator Marcelo sabem muitobem disso. Debby e Diana lanam olhar de tristezaquando querem um abrao. Elas so corajosas,pacientes, observadoras, amorosas e mansas, apesarde pertencerem raa pastor alemo. Com grandefreqncia, eu fao uns agrados para retribuir adedicao de minhas companheiras, diz ointegrante dos Bastardz.

    Marcelo tambm cede aos encantos de Preta.Quando eu chego das gravaes da novela, osolhos de jabuticaba de minha amiga mostram queela quer brincar. Preta vai at a caixa de brinquedos, escolhe uma bolinha e vem correndoem minha direo. Tiro o objeto da boca dela e

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    arremesso longe. Preta trs a bolinha de volta e a brincadeira recomea. Ela um timo co de

    companhia, mostrando-se, na maioria das vezes,muito dcil e carinhosa, elogia o ator, que membro da Suipa, uma entidade que protege ospeludos.

    Depois de saber que os ces se comunicam pelolatido, mordida, orelha e rabo, voc deve estar se perguntado: os ces no do risadas? Osveterinrios consultados foram unnimes: no, ospeludos no exibem um sorriso, apesar de abrirema boca e de colocarem a lngua para fora.

    Bom, deixamos os sorrisos de lado e, agora quevoc aprendeu mais sobre a linguagem canina, nodescuide: o seu companheiro pode reservar

    algumas surpresas no muito agradveis, alerta oveterinrio Marco Antonio Gioso. Se no foremcompreendidos, os ces podem rasgar todo o papelhiginico do banheiro, destruir o porto da casa,fazer as necessidades em local no habitual equebrar algumas coisas.

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    Ces ajudam bombeiros

    Na animao As Bicicletas de Belleville, Brunoajuda Madame Souza a encontrar um garoto quedesapareceu durante a Volta da Frana, umaimportante competio ciclstica. Se fosse um doscachorros da Unidade de Ces do PrimeiroGrupamento de Bombeiros de So Paulo, Bruno

    teria que fazer muito mais. A comear pelaparticipao num rigoroso treinamento.

    O pastor belga Thor e os labradores Agatha,Samantha e Thabata receberam instrues durantedois anos e s depois participaram da primeirabusca. Inicialmente, ensinamos o co a gostar de

    um determinado brinquedo. Mais tarde, aplicamosuma dose de odor no objeto e o escondemos nomeio de escombros ou debaixo da terra. Ocachorro, ento, sente o cheiro, que pode sercomposto por sangue, adrenalina, decomposio ousuor, e vai farejando at encontrar o que foiescondido. Fazemos isso vrias vezes, at o co seacostumar, explica o sargento Marcelo Garcia

    Dias, informando que, em breve, a Unidade vaiutilizar um produto importado dos Estados Unidos.Trata-se de um odor sinttico e especfico para otreinamento de cachorros.

    A idia de se ter uma Unidade de Ces para oCorpo de Bombeiro surgiu em 1996, aps umvazamento de gs explodir o Osasco Plaza

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    Shopping, matando mais de quarenta pessoas eferindo outras quatrocentas. Mas, somente em

    1998, que ela foi criada e o Brasil seguiu osexemplos de outros pases, como Frana, Blgica eEgito. A regularizao oficial veio em 2001,conferindo Unidade o ttulo de ser a primeira atreinar ces no Brasil para buscas e salvamento. EmAlagoas, o Corpo de Bombeiros j utilizavacachorros adestrados, mas eles eram comprados naFrana. No incio, a Unidade contava com uma viatura emais quatro ces; hoje so nove. Desses, pelomenos quatro so acondicionados em caixasespeciais e colocados dentro do veculo toda vezque o alarme do canil toca e a equipe do Corpo deBombeiros chamada para uma nova busca.Chegando ao local, liberamos o teatro, afastando

    os curiosos e o co entra em ao, farejando tudo edelimitando a rea de busca. Ele nos diz onde estsentindo odor, evitando que a equipe perca tempo eaumentando as chances de um possvel salvamento. Ns retiramos esse cachorro e executamos essetrabalho com um outro co. Se ele apontar omesmo local, fazemos a marcao com uma bandeirinha e a equipe de trabalho executa

    explorao, retirando o escombro, cavando elocalizando a vtima, relata Dias.

    A eficcia do co muito grande. So raros oscasos em que ele no sinaliza exatamente onde avtima est escondida. O sargento se lembra de umepisdio: a vtima estava num local oposto ao que

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    o co indicava. Motivo: o cheiro do corpo entravanum cano e saia pela outra extremidade. Mas, o

    cachorro estava certo, ele mostrou onde havia amaior incidncia de odor. O cachorro umaferramenta essencial para se delimitar reas.

    As buscas, normalmente, so muito rpidas.Enquanto uma equipe pode levar dias procurandoalgum vestgio, os ces gastam poucos minutos para descobrir corpos. Dara, uma