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LUCAS MIYAKE OKUMURA ARABINOGALACTANA-PROTEÍNAS EXTRAÍDAS DE Uncaria tomentosa (WILL.) D.C. CURITIBA 2009

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LUCAS MIYAKE OKUMURA

ARABINOGALACTANA-PROTEÍNAS EXTRAÍDAS

DE Uncaria tomentosa (WILL.) D.C.

CURITIBA

2009

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LUCAS MIYAKE OKUMURA

ARABINOGALACTANA-PROTEÍNAS EXTRAÍDAS

DE Uncaria tomentosa (WILL.) D.C.

CURITIBA

2009

Monografia apresentada ao grupo PET – Farmácia, Departamento de Farmácia, Setor de Ciências da Saúde, Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Professora Dra Juliana Bello Baron Maurer. Colaboradores: Acad. Andreia Beraldo (Ciências Biológicas - UFPR), Melina Seyfried, Enf. Sônia Hutul e Dr Rui Cepil Diniz (Programa de Fitoterapia de Londrina).

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Dedicatória

Á minha Família como um todo,

não apenas nos momentos difíceis, mas

pelo exemplo de dedicação, educação

e amor passado de geração à geração

da forma mais simples e humilde possível.

Tudo isso garante oportunidades

melhores para cada novo descendente.

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Agradecimentos

Durante o desenvolvimento de um trabalho acadêmico, muitas vezes não

reconhecemos, no momento de plena dedicação, o quanto cada pessoa que esteve

presente, ou ausente nos representa. Mesmo sendo apenas um trabalho de

monografia de graduação, muitas dificuldades tiveram que ser superadas, como a

redação científica ou um projeto de pesquisa.

Através desta oportunidade, venho neste singelo espaço mencionar o nome

de pessoas que fizeram a diferença. São verdadeiros exemplos a serem seguidos e,

em cada atitude tomada, uma lição aprendida. Meus sinceros agradecimentos.

Aos especiais:

Fusako e Susumu Miyake, Jorge Okumura, Maria Lucia Miyake Okumura, Iris

Miyake Okumura, Patrícia Carvalho Baruel e Família Baruel.

Aos amigos essenciais na execução deste trabalho:

Integrantes do Grupo PET-Farmácia e Antônio E. M. Mendes.

Aos amigos feitos durante a confecção deste trabalho e que de alguma forma

acrescentaram algo de importante durante essa jornada:

Prof. Dra. Selma Faria Baggio Zawadzki, Prof. Dra. Dorly Buchi (Biologia Celular),

Msc Ana Paula Abud (doutoranda UFPR) e Acad. Andréia Beraldo (Ciências

Biológicas UFPR); Msc Fernanda Bovo (doutoranda UFPR); Prof. Dra. Fabíola R.

Stevan-Hancke, Luciana Requião, Brenda Bley Folly (Universidade Positivo).

Aos profissionais do Programa de Fitoterapia de Londrina, obrigado pela

experiência:

Dr Rui Cepil Diniz e Enfermeira Sônia Hutul e todos os profissionais envolvidos.

Á tutora e à orientadora as quais realizam com grande competência a atividade de

docência, incentivando sempre o crescimento acadêmico do estudante e

principalmente às reflexões pessoais:

Prof. Dra. Nilce Nazareno da Fonte e Prof. Dra. Juliana B. B. Maurer.

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SUMÁRIO

LISTA DE ILUSTRAÇÕES............................................................................................ v LISTA DE SIGLAS........................................................................................................ vi RESUMO....................................................................................................................... vii ABSTRACT................................................................................................................... viii 1. INTRODUÇÃO........................................................................................................... 9 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..................................................................................... 10

2.1. MATERIAL VEGETAL EM ESTUDO: Uncaria tomentosa (Will.) D.C. (UNHA-DE-GATO).....................................................................................................................

10

2.2. COMPONENTES QUÍMICOS DA Uncaria tomentosa E RESPOSTAS BIOLÓGICAS..........................................................................................................

13

2.2.1. Pesquisa envolvendo conhecimento popular....................................................... 14 2.2.2. Pesquisa in vivo e in vitro..................................................................................... 15

2.2.3. Pesquisa clínica................................................................................................... 17 2.3. ARABINOGALACTANA-PROTEÍNA (AGP): LOCALIZAÇÃO, PROPRIEDADES

QUÍMICAS E FUNÇÕES BIOLÓGICAS DA AGP NOS VEGETAIS.......................

18

2.4. AGPs E ARABINOGALACTANAS DE PLANTAS MEDICINAIS............................. 19

2.4.1. As AGs, AGPs e os Macrófagos.......................................................................... 21 2.4.2. As AGPs e o Sistema Complemento................................................................... 24 3. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS................................................................... 26 4. JUSTIFICATIVA........................................................................................................ 5. MATERIAIS E MÉTODOS......................................................................................... 27 5.1. MATERIAL VEGETAL............................................................................................. 27

5.1.1. Extrações aquosas............................................................................................... 27

5.1.2. Isolamento de AGPs por precipitação seletiva com o reagente de Yariv (- glucosil)3..............................................................................................................

28

5.2. DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA............................... 29 5.3. QUANTIFICAÇÃO DE ARABINOGALACTANA-PROTEÍNAS POR DIFUSÃO

RADIAL EM GEL DE AGAROSE NA PRESENÇA DE REAGENTE DE YARIV (β-Glc)3..................................................................................................................

29

5.4. DOSAGEM DE CARBOIDRATOS TOTAIS............................................................ 30 5.5. COLETA DE DADOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA Uncaria tomentosa E SOBRE

O CONHECIMENTO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NO PROGRAMA DE FITOTERAPIA DE LONDRINA.........................................................................

31

5.5.1. Comitê de Ética.................................. ................................................................. 32 6. RESULTADOS E DISCUSSÃO................................................................................. 33

6.1. ANÁLISES QUÍMICAS DAS FRAÇÕES P1 EAF, P2 EAF, P1 EAQ E UT YPF..... 33 6.2. PESQUISA DE CAMPO EM LONDRINA................................................................ 36 7. CONCLUSÃO............................................................................................................ 40 REFERÊNCIAS............................................................................................................. 42 ANEXOS........................................................................................................................ 54

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LISTAS DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1

LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS FOCOS, DESTACADOS EM

VERDE, DO GÊNERO Uncaria NO BRASIL E PERU...........................

10

FIGURA 2 DIFERENÇA ANATÔMICA ENTRE AS ESPÉCIES DE

Uncaria...................................................................................................

12

FIGURA 3 ÓRGÃO FLORAL DE Uncaria tomentosa.............................................. 12

FIGURA 4 ALCALÓIDES OXI-INDÓLICOS PRESENTES NA UNCARIA............... 14

FIGURA 5 INTERAÇÃO ENTRE UM PAMP E UM PRR......................................... 22

FIGURA 6 PROCESSOS DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÕES................................... 29

TABELA 1

ARABINOGALACTANAS-PROTEÍNAS, PECTINAS E MOLÉCULAS

RELACIONADAS ÀS ATIVIDADES BIOLÓGICAS................................

20

TABELA 2

EXEMPLOS DE RECEPTORES (PRRs – “PATTERN RECOGNITION

RECEPTORS”) PARA PAMPs (“PATHOGEN-ASSOCIATED

MOLECULAR PATTERNs”)...................................................................

23

TABELA 3 COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS

FRAÇÕES..............................................................................................

34

TABELA 4

CONHECIMENTO SOBRE A UNHA-DE-GATO PELOS 57

PROFISSIONAIS DE SAÚDE DAS UNIDADES DE SAÚDE

ENTREVISTADOS.................................................................................

39

TABELA 5

RESPOSTAS PARA AS PERGUNTAS 3.7; 3.8; 3.9; 3.10; 3.11............ 39

GRÁFICO 1 PROFISSIONAIS DE SAÚDE PRESENTES NO PROGRAMA DE

FITOTERAPIA EM LONDRINA..............................................................

37

v

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LISTA DE SIGLAS

AG Arabinogalactana

AGP Arabinogalactana-proteína

AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida

AP-1 Proteína Ativadora-1

C1 INH Inibidora de Complemento 1

CCL2 Quimiocina C-C Ligante 2

CD “Cluster of Differentiation”

CR1 Receptor de Complemento 1

HRGP Glicoproteínas Ricas em Hidroxiprolina

HT-29 Célula tumoral – Adenocarcinoma Humano

IFN Interferon

IL Interleucina

IRF Fator de Resposta ao Interferon

LPS Lipopolissacarídeo

MCP Proteína Quimioatraente de Monócito

N-FORMIL-MET-LEU-PHE N-Formil-Metionina-Leucina-Fenilalanina

NF- κB Fator de Necrose – kappa B

NOS Óxido Nítrico Sintase

PAMP Padrão Molecular Associado à um Patógeno

POA Alcalóides Oxi-Pentacíclicos

PRR Receptor Reconhecedor de Padrões

P1 EAF, P2 EAF Extração Aquosa a Frio P1 e P2

P1 EAQ Extração Aquosa a Quente P1

SPF-UT Fração Solúvel de Proteínas – Uncaria tomentosa

TFA Ácido Trifluoracético

TLR “Tool-like Receptors”

TNFα Fator de Necrose Tumoral – alfa

TOA Alcalóides Oxi-Tetracíclicos

UT-YPF Uncaria tomentosa – Fração Precipitada com Yariv

5-LOX 5-Lipoxigenase

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RESUMO

As plantas medicinais têm uso relevante na terapêutica desde as eras antigas. Destaca-se neste trabalho acadêmico o uso da Uncaria tomentosa (Will.) D.C., uma planta da família Rubiaceae e de considerável potencial uso medicinal como: antirreumático, anti-inflamatório e antiviral, muitas delas, atribuídas aos alcalóides oxi-indólicos como a mitrafilina e a uncarina F. O presente trabalho teve com objetivo geral isolar e caracterizar bioquimicamente as arabinogalactana-proteínas obtidas da espécie medicinal Uncaria tomentosa (unha-de-gato). Novos estudos têm demonstrado que metabólitos primários, como as arabinogalactanas-proteínas (AGPs), possuem atividades imunomodulatórias in vitro, aumentando produtos do “burst” respiratório. O material vegetal da unha-de-gato (córtex da raiz) foi submetido a extrações seqüenciais aquosas (25ºC e 60ºC) obtendo-se as frações denominadas P1 EAF, P2 EAF e P1 EAQ. Além disso, após o procedimento de extração de proteínas e precipitação seletiva com o reagente de Yariv (β-Glucosil)3 obteve-se a fração rica em AGPs, denominada UT-SPF. As frações obtidas foram analisadas em relação a composição monossacarídica, teor de carboidrato total, além do conteúdo de AGPs por ensaio de difusão radial em gel de agarose contendo β-Glucosil-Yariv. Exceto uma a (P1EAQ), as outras frações analisadas apresentaram como principais constituintes os monossacarídeos arabinose e galactose, . No caso da fração UT-YPF é importante destacar que além destes constituintes, esta fração apresenta quantidade significativa de fucose. A composição monossacarídica das frações analisadas sugere a presença de arabinogalactana como principal constituinte destas frações. O conteúdo de AGPs encontradas para as frações P1 EAF, P2 EAF e P1 EAQ foi respectivamente de 1,4%; 8%; e 2,4%. Destaca-se o uso popular do decocto, o qual se assemelha à fração P1 EAQ, podendo ser interessante relacionar a utilização do decocto com as propriedades medicinais citadas na literatura. Uma pesquisa de campo também foi realizada com o intuito de investigar clinicamente o quanto esta planta amazônica é conhecida e utilizada no Programa de Fitoterapia do município de Londrina, Paraná. Conclui-se que apesar de serem muitas as revisões e estudos in vitro sobre as propriedades imunomoduladoras de AGPs, pouco se sabe ainda sobre o real mecanismo de ação desta molécula em relação as suas propriedades imunomoduladoras.

PALAVRAS CHAVE: AGPs, imunomodulação, Unha-de-gato, Uncaria tomentosa.

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ABSTRACT

The medicinal plants have been playing an important role for years. In this academical work, it was studied the use of Uncaria tomentosa (Will.) D.C., Rubiaceae, which has a considerable therapeutic use, such as: anti-rheumatic, anti-inflammatory and anti-viral properties. Many of these properties are attributed to oxy-indolic alkaloids like mitraphyline and uncarine F. The general objectives of this monograph were: to isolate and biochemically characterize the arabinogalactans-proteins from Uncaria tomentosa (unha-de-gato). New studies have been demonstrating that primary compounds such as the glicoproteins, Arabinogalactan-proteins (AGPs), have immunomodulatory activities in vitro, increasing the amount of products from the respiratory burst. The material (stem bark) was submitted to aqueous extractions in cold and hot temperatures, resulting in the following fractions: P1 EAF, P2 EAF and P1 EAQ. Moreover, after the first procedure, which consisted in extracting the proteins and selectively precipitate with de Yariv (β-Glucosil)3 reagent, resulted in a rich AGPs fraction (UT-SPF). The fractions previously obtained, were analysed considering its monosaccharide composition and its total carbohydrate amount. Furthermore, the AGPs content were analysed by single diffusion in agarosis gel containing Yariv (β-Glucosil)3 reagent. In spite of P1EAQ, all the fractions exhibited galactosis and arabinosis as main constituents, indicating that they have arabinogalactans as main compounds. Additionally, the UT-YPF has a significant amount of fucosis. The single diffusion, mentioned before, revealed the amount of AGPs in each fraction: P1 EAF (1,35%), P2 EAF (8%) and P1EAQ (2,4%). It is important to be mentioned that the last fraction, P1 EAQ, is nearly from what it is used by the population, so there could be an association between this extract and its use to treat pathologies and symptoms related to the immune system by the population. Therefore, a research was executed to study the clinical use of this medicinal plant in a Phytotherapy Program, located in Londrina, Paraná. It is possible to conclude that although there are in vitro studies about the immunomodulation properties of AGPs and medicinal plants, there are not enough studies about the mechanism of action of this molecule, which could have a considerable amount of epitopes, performing a biological effect inside of an alive organism. KEYWORDS: AGPs, immunomodulation, Unha-de-gato, Uncaria tomentosa.

viii

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1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios, os povos antigos já faziam o uso de plantas para curar

feridas, doenças e infecções. Contudo, na época, pouco se sabia devido aos

conceitos básicos sobre farmacologia, processos biológicos e estruturas moleculares

(PAULSEN, 2001). Com o avanço da ciência, novos métodos de pesquisa foram

criados e aperfeiçoados, e hoje, sabe-se que certos constituintes de plantas, como

polissacarídeos, são compostos bio-ativos em seres humanos (MORETÃO et al.,

2003). Estas substâncias apresentam efeitos biológicos, como exemplo, a

imunomodulação, a qual pode resultar na ativação ou supressão do sistema imune.

Móleculas que atuam como moduladores da resposta imunológica são conhecidos

como modificadores da resposta biológica (MRB) (MORETÃO et al., 2003). Uma das

vantagens da utilização destes biomoduladores seria por seus ausentes ou

diminuídos efeitos colaterais. A avaliação da atividade bio-farmacológica de

moléculas e novas descobertas de MRB tem-se tornado um promissor campo na

pesquisa das ciências biomédicas (BOHN & BEMILLER, 1995).

Vários exemplos de polissacarídeos e glicoconjugados vegetais que

apresentam efeitos biológicos como imunomoduladores já foram descritos

(CLASSEN B. et al., 2005; CLASSEN B., 2007). Tais estudos relataram o efeito

biológico imunomodulador utilizando diferentes sistemas biológicos, de

arabinogalactanas, pectinas e/ou arabinogalactana-proteínas (AGPs), obtidas de

espécies vegetais com interesse fitoterápico como, por exemplo, Echinaceae

purpurea Moench, Angelica acutiloba (Siebold & Zucc.) Kitag., Malva silvestris lus.

nivea Priszter, Panax ginseng C. A. Mey, Plantago major L. e Calendula officinalis

Hohen.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. MATERIAL VEGETAL EM ESTUDO: Uncaria tomentosa (Will.) D.C. (UNHA-

DE-GATO)

A Uncaria tomentosa é uma planta trepadeira e pertence à Família

Rubiaceae, podendo ser encontrada em toda a Amazônia, principalmente nas bacias

dos rios da selva central do Peru, onde há o maior reservatório desta espécie

(FIGURA 1). Outros países da América Latina tais como Equador, Brasil e Suriname,

também apresentam quantidades significativas de Uncaria tomentosa em suas

matas (WHO, 2007).

FIGURA 1 - LOCALIZAÇÃO DOS PRINCIPAIS FOCOS, DESTACADOS

EM VERDE, DO GÊNERO Uncaria NO BRASIL E PERU.

Fonte: Modificado de POLITTO, 2004.

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Alguns fatores como a sua vasta presença no território americano,

similariedade com a espécie Uncaria guianensis, e a falta de informação fidedigna,

fizeram desta planta medicinal uma detentora de inúmeras designações.

Popularmente, esta planta é conhecida como: “Bejuco de água”, “cat´s claw”, “cat´s

thom”, “garabato”, “garabato amarillo”, “garabato colorado”, “garra gavilán”, “hank´s

clay”, “jipotatsa”, “Katzenkralle”, “kug kukjaqui”, “micho-mentis”, “paotati-mosha”,

“paraguyayo”, “rangaya”, “saventaro”, “toroñ”, “tsachik”, “tua juncara”, “uña de gato”,

“uña de gato de altura”, “uncucha”, “unganangi” e finalmente, no Brasil, unha-de-gato

(WHO, 2007). Nesta monografia a unha-de-gato se refere à Uncaria tomentosa, e

quando for mencionado apenas Uncaria, o texto fará alusão ao gênero. Essa última

denominação se faz necessária devido à falta de especificidade de alguns autores

em explicar devidamente se a planta unha-de-gato é a Uncaria tomentosa ou a

Uncaria guianensis, visto as similariedades morfo-anatômicas.

Há registros de 2000 anos, indicando que a unha-de-gato já era utilizada

pelos Incas e povos indígenas do Peru – Asháninka, Aguaruna, Cashibo e Canibo –

para o tratamento de doenças como asma, feridas profundas, artrite, reumatismo e

inflamações em geral (TAYLOR, 2002). Vale ressaltar que os primeiros estudos

científicos obtidos sobre “cat´s claw” não foram da espécie Uncaria tomentosa. As

análises botânicas pioneiras foram de Aublet em 1775 (FALKIEWICZ, 2001). Este

pesquisador a denominou: Ourouparia guianensis. Então Schreber, no ano de 1789,

alterou novamente para Uncaria guianensis, consolidando então o gênero que nos

dias de hoje é aceito mundialmente (FALKIEWICZ, 2001). Tal espécie se difere com

o material de estudo deste trabalho em vários aspectos. Porém duas evidências

características macroscópicas merecem destaque: o formato do espinho, o qual é

mais curvilíneo (FIGURA 2); e a cor do órgão floral, sendo que a Uncaria tomentosa

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é amarela esbranquiçada (FIGURA 3) e a Uncaria guianensis vermelha alaranjada

(TAYLOR, 2002).

FIGURA 2 - DIFERENÇAS ANATÔMICAS ENTRE OS ESPINHOS DAS ESPÉCIES

DE Uncaria.

Uncaria tomentosa (Willd.) DC. Uncaria guianensis (Aubl.) Gmel.

Fonte: BIESKI (2006).

FIGURA 3 - ÓRGÃO FLORAL DE Uncaria tomentosa.

Fonte: BIESKI (2006).

Atualmente, a Uncaria tomentosa é estudada tanto como agente microbiano

como no tratamento de doenças como o câncer, AIDS, dengue e muitos estudos

investigam os seus potenciais de imunomodulação (BIESKI, 2006).

Dentro do contexto ambiental, a unha-de-gato (TAYLOR, 2002), é explorada

indevidamente no Peru devido ao crescente uso e exploração demandada pelo

mercado, visando a busca do lucro e esquecendo-se que um dia ela pode se

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extinguir. Outro fator que promove a eliminação do gênero Uncaria é a fragilidade

em meio atípico ao original (TAYLOR, 2002). Alguns moradores da comunidade da

Serra da Capoeira Grande no estado do Rio de Janeiro tentaram plantar a unha-de-

gato com o intuito de obter um horto de plantas medicinais, o que de nada adiantou,

visto que esta planta medicinal demanda cuidados especiais, exposição moderada a

luz solar e outros fatores extrínsecos encontrados especialmente em mata fechada

como a Floresta Amazônica (PATZLAFF, 2007).

2.2. COMPONENTES QUÍMICOS DA Uncaria tomentosa E RESPOSTAS

BIOLÓGICAS

Móleculas que atuam como moduladores da resposta biológicas são

denominadas como modificadores da resposta biológica (MRB) (BOHN &

BEMILLER, 1995). Os MRB podem atuar, por exemplo, na imunomodulação,

alterando a capacidade microbicida de macrófagos, do sistema complemento e

principalmente na adesão celular (BOHN & BEMILLER, 1995). Outros MRB

possuem propriedades antineoplásicas que atuam direta ou indiretamente sobre as

células tumorais sendo que o efeito indireto dos biomoduladores está relacionado

com a intensificação da resposta imunológica sobre as células neoplásicas (BOHN &

BEMILLER, 1995).

Dentre os componentes químicos mais estudados da Uncaria tomentosa, os

alcalóides merecem destaque, e podem ser analisados quanto a sua cadeia cíclica

de carbonos – tetracíclicos e pentacíclicos – e/ou de acordo com o componente

indólico presente na estrutura (indolalcalóides ou oxindolalcalóides) (WHO, 2007).

Um exemplo desses alcalóides, é a hirsutina, a qual possui vários estudos sobre

suas propriedades de vasodilatação, ações espasmolíticas, bloqueio dos canais de

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cálcio dependentes de voltagem e muitos outros efeitos biológicos (FALKIEWICZ,

2001). Além dessa substância ativa, estão presentes outras estruturas como a

rincofilina, mitrafilina, isoteropodina A, pteropodina, isorincofilina e isomitrafilina

(FIGURA 4). Outros compostos não alcalóides relevantes possuem em sua estrutura

glicosídeos derivados do ácido quinóvico que demonstraram ser os responsáveis

pelos efeitos antiinflamatórios (TAYLOR,2002).

FIGURA 4 - ALCALÓIDES OXI-INDÓLICOS PRESENTES NA UNCARIA.

Fonte: WHO – World Health Organization, 2007.

Três níveis de pesquisa (pesquisa popular, in vivo e in vitro, clínica)

evidenciam o potencial modificador de resposta biológica das substâncias ativas do

gênero Uncaria mostradas acima.

2.2.1. Pesquisa envolvendo conhecimento popular

No âmbito da medicina popular, pesquisas constataram que a unha-de-gato é

utilizada para o combate de abcessos, asma, febre e infecções em geral. Observa-

mitrafilina pteropodina uncarina F

isomitrafilina isopteropodina speciofilina

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se que o efeito anti-pirogênico e capacidade de combate à infecção é resultante de

imunomodulação negativa, o que significa que as moléculas biologicamente ativas

agem promovendo a inibição da resposta inflamatória (WHO, 2007).

2.2.2. Pesquisa in vivo e in vitro

Os experimentos com modelos animais e in vitro são os estudos em maior

incidência na literatura científica. Foi possível constatar que há atividades

imunomodulatórias negativas, positivas e antitumorais com o uso de extratos de

Uncaria da região cortical desta planta medicinal (WHO, 2007).

A atividade anti-inflamatória, ou imunossupressora foi avaliada com quatro

tipos de amostra provenientes da unha-de-gato que serão discutidas

separadamente: extrato bruto; extrato hidroalcoólico; extrato aquoso; e decocção.

Os extratos brutos tiveram os seguintes resultados em sistemas in vitro e in

vivo (WHO, 2007):

- Apoptose induzida por peróxi-nitrito em HT29 (células epiteliais);

- Inibição de nitrito por supressão do gene que codifica a enzima Óxido Nítrico

Sintase através da indução via Lipopolissacarídeo (LPS);

- Ativação de fatores de transcrição (NF-κB);

- Atenuação de enterite induzida por Indometacina e observada através da

diminuição da atividade de mieloperoxidases, morfologia de dano hepático e

produção de metaloneurina por este mesmo órgão.

Segundo WHO (2007), os extratos hidroalcoólicos eram mais ativos que as

extrações acima mencionadas, pelo fato do primeiro possuir maior concentração de

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alcalóides pentacíclicos. Os experimentos indicaram baixos níveis de inibição das

enzimas Ciclooxigenase-1 e Ciclooxigenase-2; e diminuição da atividade do ligante

de DNA NF- κB. Em 2007, de acordo com as monografias presentes na World

Health Organization, extratos hidroalcoólicos proporcionaram os seguintes efeitos

biológicos:

- Alcalóides pentacíclicos isolados destes extratos induziram células endoteliais

a produzir algumas substâncias que ativaram células T e B;

- Alcalóides tetracíclicos isolados dos extratos hidroalcoólicos provaram

estimular a produção de citocinas Interleucina-1 (IL-1) e Interleucina-6 (IL-6) em

macrófagos alveolares. Ainda nestas mesmas células imunológicas,

estimuladas por LPS previamente, houve o aumento do potencial de produção

de IL-1 e IL-6 na presença de TOA.

Quanto ao extrato aquoso, detentor de um dos estudos mais interessantes,

pois, além de proporcionar o aumento do poder de reparo do DNA por enzimas, esta

solução extrativa de Uncaria promoveu a proliferação de leucócitos em ratos

previamente submetidos a uma leucopenia induzida por um fármaco anti-neoplásico,

a Doxorrubicina, cujo mecanismo de ação fundamenta-se por inibir as

topoisomerases da síntese protéica (BRUNTON et al., 2006; WHO, 2007).

O extrato obtido por decocção demonstrou em experimentos in vitro, o

aumento da produção de TNFα; inibição de 5-Lipooxigenase (5-LOX) e

citotoxicidade em macrófagos estimulados por Lipopolissacarídeos bacterianos

(WHO, 2007).

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Todas essas informações levam-nos a crer que a avaliação da atividade

farmacológica de substâncias ativas presentes no gênero Uncaria e novas

descobertas de MRB tem-se tornado um promissor campo na pesquisa (BOHN &

BEMILLER, 1995; MORETÃO et al., 2003).

2.2.3. Pesquisa clínica

No âmbito da pesquisa clínica, apesar de poucas serem as literaturas,

constata-se que um extrato aquoso de Uncaria, administrado por 6 semanas em

pacientes voluntários, aumentou significantemente os níveis de leucócitos (P<0,05)

(WHO, 2007). Em outro estudo, desta vez com um extrato aquoso previamente

caracterizado e determinado – com alcalóides oxindólicos e carbóxi-alquil ésteres –,

foi possível demonstrar que houve aumento na relação de linfócitos e neutrófilos de

sangues periféricos (WHO, 2007).

Toxicologicamente verificou-se também que existe um grupo de risco na

população que deve tomar cuidado com o uso da Uncaria tomentosa como um

recurso terapêutico. Os indivíduos que estão em tratamento com fármacos

metabolizados pelo complexo microssomal hepático Citocromo P450, como a

warfarina, antivirais inibidores de protease e anticoncepcionais a base de

estrogênios, devem ser orientados afim de que saibam que alguns princípios ativos

da Uncaria, inibem essas enzimas (WHO, 2007).

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2.3. ARABINOGALACTANA-PROTEÍNA (AGP): LOCALIZAÇÃO, PROPRIEDADES

QUÍMICAS E SUAS FUNÇÕES BIOLÓGICAS NOS VEGETAIS

Arabinogalactana-proteinas estão incluídas no grupo de glicoproteínas

vegetais ricas em hidroxiprolina (HRGPs), encontradas em vegetais inferiores e

superiores, de vários grupos taxonômicos (CLARKE et al., 1979). Em plantas

superiores, as AGPs ocorrem em folhas, caules, raízes, órgãos florais, sementes, e

em grandes quantidades em troncos de algumas angiospermas e gimnospermas

(FINCHER et al., 1983). As AGPs estão presentes em membranas celulares, na

matriz extracelular e em gomas de exsudatos. Culturas de células derivadas de

diferentes tecidos vegetais produzem AGPs e as secretam no meio de cultura

(FINCHER et al., 1983; KREUGER & VAN HOLST, 1993).

Do ponto de vista estrutural, a porção glicídica (90% m/m) das AGPs

apresenta-se constituída, principalmente, de D-galactopiranose e L-arabinofuranose.

A cadeia principal é constituída de unidades de -D-galactopiranose unidas por

ligações do tipo O-3, O-6 e O-3,6, podendo estar substituídas por unidades de L-

arabinofuranose, podendo também apresentar outros monossacarídeos menos

abundantes, como -L-Arap, -L-Rhap, -D-Glcp e -D-GlcpA, como extremidades

terminais não redutoras (FINCHER et al., 1983). Considerando a estrutura química

da porção glicídica, as AGPs são classificadas como arabinogalactanas tipo , que

correspondem as arabino-3-6-galactanas (FINCHER et al., 1983). Com relação à

porção protéica, as AGPs geralmente apresentam menos de 10% (m/m) de

conteúdo protéico, o qual é, usualmente, rico em hidroxiprolina/prolina (Hyp)/(Pro),

alanina (Ala), serina (Ser) e treonina (Thr) (CLARKE et al., 1979).

Tem-se atribuído às AGPs várias funções como lubrificante, umectante e

agente de adesão, baseando-se na sua localização extracelular e em suas

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propriedades físicas e químicas (CLARKE et al., 1979; FINCHER et al., 1983).

Recentemente, tem-se relatado que as AGPs apresentariam várias funções

relacionadas com o crescimento e desenvolvimento vegetal. (SERPE &

NOTHNAGEL, 1996; MAJEWSKA-SAWKA & NOTHNAGEL, 2000; SHOWALTER,

2001). Vários estudos sugerem que as AGPs podem estar envolvidas, por exemplo,

na formação de xilema, no crescimento e na germinação do tubo polínico, nos

processos de expansão e proliferação celular, no estabelecimento de identidade

celular, no controle de embriogênese somática e na morte celular programada

(SERPE & NOTHNAGEL, 1996; MAJEWSKA-SAWKA & NOTHNAGEL, 2000;

SHOWALTER, 2001; MOTOSE et al., 2004; PETTOLINO et al., 2006).

2.4. AGPs E ARABINOGALACTANAS DE PLANTAS MEDICINAIS

As arabinogalactanas tipo II clássicas e derivados pécticos ácidos, (TABELA

1) obtidas de diferentes plantas de uso medicinal mostraram-se moléculas

moduladoras do sistema complemento e de macrófagos (YAMADA et al., 1985;

CLASSEN & BLASCHEK, 2002; THUDE et al., 2006).

As principais atividades biológicas encontradas estão relacionadas com

modulação da atividade de macrófagos (fagocitose e liberação de citocinas), do

sistema complemento e atividade anti-tumoral. Dentre os principais componentes

ativos destaca-se as arabinogalactanas e pectinas ácidas. Assim, é importante inferir

que apesar das várias atividades biológicas relatadas, poucos trabalhos enfocam

especificamente a atividade biológica de AGPs, exceção verificada para as espécies

vegetais Echinaceae purpurea e Echinaceae pallida (CLASSEN, 2002; PETTOLINO

et al., 2006). Outro fator de extrema relevância é a falta da correlação entre a

atividade biológica observada e a estrutura química das moléculas testadas. Desta

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forma, é imprescindível a caracterização prévia da estrutura química de moléculas a

serem testadas para que possa ser possível estabelecer uma relação entre os

eventuais efeitos biológicos observados e a estrutura química das moléculas. Deve-

se considerar que aspectos relacionados à estrutura da molécula, como composição

monossacarídica neutra e ácida, tipos de ligações glicosídicas, presença ou

ausência de ramificações, presença e características de grupos substituintes,

tamanho da massa molecular e conformação tridimensional, têm correlações entre o

tipo de atividade biológica e a efetividade das moléculas testadas.

TABELA 1 - ARABINOGALACTANAS-PROTEÍNAS, PECTINAS E MOLÉCULAS RELACIONADAS

ÀS ATIVIDADES BIOLÓGICAS.

Nome Botânico e

Parte Utilizada

Polímero

Atividades relatadas

Angelica acutiloba, raiz

Arabinogalactanas e Ácidos

pécticos

Atividade anti-tumoral e efeito

no sistema complemento.

Arnica Montana, cultura celular

Arabinogalactanas

Efeito no sistema complemento

e liberação de TNF pelos

macróagos.

Artemisia princeps, folhas Ácidos pécticos Efeito no sistema complemento.

Caledula officinalis, flores

Arabinogalactanas ácidas

Estímulo de fagocitose dos

granulócitos.

Echinacea purpurea, raízes e

partes aéreas

Arabinogalactanas, AGPs e

Pectinas ácidas

Estímulo de Macrófagos.

Entada africana, raiz Ácidos Pécticos Efeito no sistema complemento.

Malva silvestris, folhas Ácidos pécticos Efeito no sistema complemento.

Malva verticillata, sementes Arabinogalactanas Efeito no sistema complemento.

Sedum telephium, folhas

Ácidos pécticos

Efeito no sistema complemento

e ativação de macrófagos.

Centrocema pubescens,

sementes

Arabinogalactanas Estímulo da fagocitose.

Fonte: Modificado de PAULSEN, 2001.

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As AGPs podem ser consideradas importantes moduladores do sistema

imunológico. Sua investigação quanto à atividade biológica possui grande relevância

terapêutica para diversas doenças como artrite reumática, desordens degenerativas,

tumores e infecções de forma geral (PAULSEN, 2001).

2.4.1. As AGs, AGPs e os macrófagos

Moretão et al (2003) realizaram experimentos com ativação de macrófagos

com o heteropolissacarídeo de A. columbrina, observando resultados similares a que

outros pesquisadores obtiveram com AGPs extraídas de outras plantas (PAULSEN,

2001; CUNHA, 2006; THUDE et al., 2006). Adicionalmente, Mellinger et al. em 2008,

estudaram as atividades de arabinogalactanas sobre macrófagos após a quebra

desse polissacarídeo em solução ácida, mimetizando o sistema gástrico, foi possível

observar que os fragmentos de monossacarídeos e oligossacarídeos ainda

possuíam atividade biológica in vitro.

Algumas interações entre o sistema imune e carboidratos, segundo Abbas et

al. (2007) e Gordon (2002), se devem a receptores de células da imunidade inata,

(PRR – “Pattern Recognition Receptors”) os quais interagem com moléculas do tipo

PAMP (“Pathogen-Associated Molecular Pattern”). Os PRRs, como os “Tool-like

receptors” (TLRs), Receptores de Manose e “Scavenger receptors” são

componentes essenciais de membrana para a interação célula da resposta inata

com o patógeno ou molécula oriunda destes microorganismos (FIGURA 5; TABELA

2). Alguns PAMPs são extremamente virulentos e podem desencadear reações

imunológicas exarcebadas, podendo lesar o tecido do paciente, enquanto outros

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estimulam os componentes celulares a desempenharem a sua função efetora:

fagocitose e eliminação do microorganismo (PARHAM, 2006).

FIGURA 5 - INTERAÇÃO ENTRE UM PAMP E UM PRR

PAMP

PRR

Macrófago Não Ativado Macrófago Ativado

Secreção de produtos do“Burst Respiratório;

Secreção de Citocinas;

Aumento da RelaçãoNúcleo/Citoplasma;

Projecões de MembranaCitoplasmática.

Fonte: ABBAS et al (2007)

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TABELA 2 - EXEMPLOS DE RECEPTORES (PRRs – “PATTERN RECOGNITION RECEPTORS”)

PARA PAMPs (“PATHOGEN-ASSOCIATED MOLECULAR PATTERN”).

PRRs

LOCALIZAÇÃO

PAMPs

“Tool-like receptors”

(TLRs 1-9)

Membrana plasmática e membranas

endossomais de fagócitos, células

dendríticas, células endoteliais e

outras.

Lipopolissacarídeos,

peptidoglicanos,

flagelo bacteriano,

DNAs virais e etc.

Lectinas do tipo-C

Membrana plasmática de fagócitos.

Carboidratos

terminados em

manose ou frutose.

“Scavenger receptors”

Membrana plasmática de fagócitos.

Diacilglicerol

microbiano.

“Nod-like receptors” Membrana plasmática de fagócitos e

outras células.

Peptidoglicanos de

bactérias.

Receptores de

resíduos N-Formil

Met-Leu-Phe

Membrana plasmática de fagócitos.

Peptídeos contendo

N-formilmetionina.

Fonte: Modificado de ABBAS et al (2007)

Segundo Abbas et al (2007), após ativação desses PRRs com os seus

devidos PAMPs, há uma cascata de ativações iniciadas por domínios Tirosinas-

quinases, os quais, através de fosforilações e sinais de amplificação, convergem em

quatro vias em comum de ativação de fatores de transcrição de DNA: AP-1

(Activator Protein-1), NF-κB (Nuclear Factor-κB), IRF3 e IRF7 (Interferon Response

Factor 3 e 7). O resultado destas ativações é a expressão de:

- Citocinas inflamatórias: TNF (Tumor Necrosis Factor), IL-1 (Interleucina-1) e

IL-12;

- Citocinas antivirais: IFNα/β;

- Quimiocinas: IL-8, MCP-1 (Monocyte Chemotactic Protein-1), CCL2

(Chemokine C-C Ligand 2);

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- Moléculas de Adesão Celular: Selectinas e Integrinas;

- Moléculas coestimulatórias: CD80 e CD86;

A cascata de tirosinas quinases também é capaz de ativar enzimas oxidases

(produção de Espécies Reativas de Oxigênio), enzima Óxido Nítrico Sintase (NOS),

metaloproteinases, fatores de angiogênese e outros fatores de crescimento

(PARHAM, 2006). Vale lembrar ainda que a Interleucina-2, se estimulada sua

produção e secretada, pode ativar componentes celulares da resposta imune

adaptativa, ou seja, os linfócitos (ABBAS, 2007).

2.4.2. As AGPs e o Sistema Complemento

De acordo com Parham (2006), o sistema complemento é contemplado com

aproximadamente 20 proteínas solúveis (C1 a C9) e de membrana (receptores e

moléculas reguladoras em sua maioria, como o CR1 e INH). Este conjunto de

proteínas denominado sistema complemento desempenham as funções de

eliminação do patógeno com a formação de poros, produção de anafilotoxinas

(fragmentos C3a, C4a e C5a), opsonização (fragmentos C3b, C5b) e até regulação

celular com a reentrância de cálcio, um segundo mensageiro (UTIYAMA et al.,

2004). A ativação das proteínas do complemento se dá por 3 vias: alternativa,

clássica e via proteínas ligantes de manose (ABBAS, 2007) os quais convergem

para uma única via efetora de C3 Convertases.

Em 2002, Alban et al. demonstraram que AGPs extraídas de Echinacea

purpurea aumentaram o potencial de lise das proteínas do sistema complemento

(vias clássica e alternativa) sobre as hemácias in vitro.

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Apesar de vários serem os estudos sobre ativação e do sistema imune por

AGPs, há uma demanda na literatura para se compreender os mecanismos de ação

destas moléculas de alto peso molecular sobre os vários componentes presentes

nos sistemas biológicos.

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3. OBJETIVOS GERAIS E ESPECÍFICOS

3.1. OBJETIVO GERAL

Investigar a presença de arabinogalactana-proteínas na Uncaria tomentosa.

3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Extrair e caracterizar as AGPs extraídas da unha-de-gato;

2. Estudar e coletar na literatura científica os efeitos de AGPs desta espécie

sobre vários sistemas biológicos;

3. Coletar informações sobre o conhecimento e a utilização popular de Uncaria

tomentosa;

4. Coletar os dados sobre aplicação da Uncaria tomentosa na fitoterapia;

5. Divulgar os resultados obtidos com o intuito de reforçar e/ou desmistificar a

utilização da U. tomentosa como uma planta medicinal de grande interesse na

terapêutica.

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4. JUSTIFICATIVAS

As plantas medicinais foi na Antigüidade a base das principais formulações

terapêuticas para garantir a saúde da sociedade. O reconhecimento do valor delas

como recurso clínico, farmacêutico e econômico cresce progressivamente em vários

países, e dessa forma consolida o Brasil como um potencial reservatório de plantas

medicinais. Neste país há uma grande biodiversidade vegetal nos mais variados

ecossistemas espalhados no extenso território nacional.

Os brasileiros possuem uma rica diversidade étnica e cultural, detentora de

um inestimável conhecimento tradicional relacionado ao uso de plantas medicinais.

Desta forma, considerando os vários aspectos como:

1. Efeitos biomoduladores de AGPs encontradas na parede celular vegetal,

como mediadores da resposta imunológica;

2. Propriedades fisíco-químicas das AGPs, como alta solubilidade em

soluções aquosas ou salinas;

3. Relevância na descoberta de novos modificadores da resposta biológica

para uso na terapêutica de várias doenças;

4. Escassez de dados na literatura sobre as propriedades imunomoduladoras

de AGPs presentes na espécie vegetal Uncaria tomentosa (unha de gato);

5. Aspectos sócio-econômicos da utilização de plantas medicinais no Brasil.

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5 MATERIAIS E MÉTODOS

5.1 MATERIAL VEGETAL

O material vegetal da espécie Uncaria tomentosa, constituído de cascas

pulverizadas da raiz de unha-de-gato, foi gentilmente cedido pela Fundação

Herbarium, Colombo (PR).

5.1.1. Extrações aquosas

O material vegetal foi submetido a extrações aquosas seqüenciais como

descrito na Figura 5. A casca pulverizada da raiz de unha de gato (13,2g) foi

submetida à extração aquosa, sem inativação enzimática, por 4h, a 25ºC.

Posteriormente, o material foi filtrado à vácuo e o seu resíduo foi congelado para

segunda extração. O filtrado anterior foi submetido à precipitação com etanol (3x

volume), e depois foi centrifugado e liofilizado. Esta fração foi denominada P1 EAF.

O resíduo resultante da 1ª Extração aquosa foi submetido a uma outra extração

aquosa por 1h30min, a 25ºC. O material foi filtrado a vácuo e o filtrado resultante foi

submetido à precipitação com etanol (3x volume), sendo posteriormente,

centrifugado e liofilizado. Esta fração foi denominada P2 EAF. O resíduo resultante

no processo de extração de P2 EAF foi submetido a uma extração aquosa a quente

(banho maria a 60ºC por 1 hora). Após a extração, o material foi centrifugado, o

precipitado foi guardado, e o sobrenadante foi submetido à precipitação etanólica,

centrifugação e liofilização. Esta fração foi denominada P1 EAQ.

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FIGURA 6 - PROCESSOS DE EXTRAÇÃO DAS FRAÇÕES

5.1.2. Isolamento de AGPs por precipitação seletiva com o reagente de Yariv

(-glucosil)3

Segundo Gane et al. (1995), para extração (FIGURA 5) de arabinogalactanas-

proteínas, seria necessário, primeiramente, triturar o material com auxílio de gral e

pistilo (casca da raiz pulverizada 18,03g) em N2 líquido. Depois a amostra foi

deixada por 3h, a 4o C, em tampão de extração de proteínas. O sobrenadante foi

retirado e precipitado com etanol a 4oC durante toda a noite. O precipitado então foi

colocado com Tampão TRIS-HCl 50mM (pH=8,0) e deixado a 4oC novamente. Neste

1h30min, 25o C

4h, 37o C

3h, 4o C

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processo, houve a formação de outro sobrenadante, o qual foi separado e

denominado de Soluble Protein Fraction – Uncaria tomentosa (SPF-UT). Esta fração

passou por uma precipitação seletiva com Reagente de Yariv (-glucosil)3 (YARIV et

al., 1962), e então foi possível extrair a AGP da amostra para ser liofilizada (UT-YPF

ou Uncaria tomentosa – “Yariv Preciptation Fraction”).

5.2. DETERMINAÇÃO DA COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA

A composição monossacarídica neutra foi determinada por análise através de

cromatografia líquida gasosa (GC) precedida pela hidrólise total da amostra com

ácido trifluoracético (TFA) 1M, por 8 horas, a 100C, com posterior redução e

acetilação dos produtos da hidrólise. As análises por GC foram realizadas em

cromatógrafo a gás, utilizando uma coluna capilar DB-225 (30m x 0,25mm d.i.),

aquecido a 50C durante a injeção e então programada a 40C/min até 220C

(constante).

Para determinação de ácidos urônicos, foi utilizado o método do m-

hidroxibifenil descrito por Filizetti-Cozzi & Carpita (1991). A percentagem de ácido

urônico foi calculada a partir de uma curva analítica, utilizando concentrações de 1 a

20g de ácido D-glucurônico.

5.3. QUANTIFICAÇÃO DE ARABINOGALACTANA-PROTEÍNAS POR DIFUSÃO

RADIAL EM GEL DE AGAROSE NA PRESENÇA DE REAGENTE DE

YARIV (β-Glc)3

As amostras liofilizadas (P1 EAF, P2 EAF e P1 EAQ) foram solubilizadas em

NaCl 1% e diluídas nas concentrações de 10mg.ml-1,, 5mg.ml-1, e 1 mg.ml-1. As

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amostras liofilizadas (P1 EAF, P2 EAF e P1 EAQ) foram solubilizadas em NaCl 1%

e diluídas nas concentrações de 10mg.ml-1, 5mg.ml-1 e 1 mg.ml-1. Placas de vidro

com aproximadamente 7cm x 5cm serviram de base para a confecção de gel de

agarose (1%, m/v) com espessura uniforme contendo reagente de Yariv (β-

glucosil)3 (2mg.ml-1 em NaCl 1%). As amostras-teste e amostra-padrão (Goma

Arábica) (5ul) foram adicionadas nos poços feitos no gel. O gel permaneceu em

câmara úmida, temperatura ambiente, por 18 horas, até a formação dos halos. Os

halos são decorrentes de precipitação das arabinogalactanas-proteínas presentes

na amostra com o reagente Yariv e o diâmetro do halo, formado pela precipitação,

foi medido com uma lupa e paquímetro. A técnica ainda possibilitou medir a

quantidade de AGPs na amostra através da proporcionalidade entre a medida do

diâmetro dos halos em relação à concentração de AGPs. A quantidade de AGPs foi

estimada por comparação com valores obtidos com a curva padrão da goma

arábica. O limite de sensibilidade do método é de 0,25ug a 3,0ug de AGP (VAN

HOLST e CLARKE, 1985).

5.4. Dosagem de Carboidratos Totais

A dosagem de carboidratos totais foi realizada segundo o método de Dubois

et al. (1956). As frações P1 EAF, P2 EAF e P1 EAQ nas concentrações de

100µg.ml-1 foram adicionadas à soluções com uma mistura de Ácido sulfúrico

(concentrado) e fenol (0,5%) os quais reagem com os carboidratos presentes na

amostra e de forma colorimétrica pode ser mensurada com um espectrofotômetro

em 490nm de absorvância. A quantidade de carboidratos pode ser estimada por

comparação com valores obtidos com a curva padrão de carboidratos utilizando a

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glucose como referência nas concentrações (1, 5, 4 e 80µg.ml-1). Ressalta-se que o

limite de sensibilidade do método é de 1 a 80ug de carboidrato.

5.5. COLETA DE DADOS SOBRE A UTILIZAÇÃO DA Uncaria tomentosa E

SOBRE O CONHECIMENTO POPULAR DE PLANTAS MEDICINAIS NO

PROGRAMA DE FITOTERAPIA DE LONDRINA

A coleta das informações sobre a utilização da Uncaria tomentosa no

Programa de Fitoterapia de Londrina foi realizada através de um questionário

(ANEXO 1), o qual interrogava o entrevistado em questões pertinentes às indicações

de uso, modo de administração, efeitos colaterais, contra-indicações e principais

resultados obtidos. O público alvo para esta etapa foram os profissionais envolvidos

no Programa de Fitoterapia de Londrina.

É importante destacar que a divulgação das informações técnico-científicas

sobre a Uncaria tomentosa, ou qualquer outra espécie medicinal não tiveram o

propósito de incentivar a automedicação, nem indicar qualquer forma de tratamento

de quaisquer doenças ou substituir qualquer terapia sem o consentimento médico.

Todo o material bibliográfico foi publicado ou transmitido de acordo com as normas

técnicas das legislações vigentes*.

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5.5.1. Comitê de Ética

As atividades referentes à pesquisa de campo foram realizadas respeitando

os critérios exigidos pelo conselho de ética e pesquisa da Universidade Federal do

Paraná (Hospital de Clínicas/UFPR).

*(http://www.anvisa.gov.br, ANVISA Resolução - RE nº 88, de 16 de março de 2004 D.O.18/03/2004

Determina a publicação da "Lista de referências bibliográficas para avaliação de segurança e eficácia

de fitoterápicos", Resolução - RE nº 89, de 16 de março de 2004 D.O.18/03/2004 Determinar a

publicação da "Lista de registro simplificado de fitoterápicos" Resolução - RE nº 90, de 16 de março

de 2004 D.O.18/03/2004 “Determinar a publicação da "Guia para a realização de estudos de

toxicidade pré-clínica de fitoterápicos" Resolução - RE nº 91, de 16 de março de 2004

D.O.18/03/2004 “Determinar a publicação da "Guia para realização de alterações, inclusões,

notificações e cancelamentos pós registro de fitoterápicos", http://www.ibpm.org.br/legislação)

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1. ANÁLISES QUÍMICAS DAS FRAÇÕES P1 EAF, P2 EAF, P1 EAQ E UT YPF

As frações P1 EAF, P2 EAF, P1 EAQ e UT-YPF foram analisadas em relação

a composição monossacarídica, teor de carboidrato total e conteúdo de AGPs,

sendo os resultados obtidos mostrados na Tabela 3.

TABELA 3 - COMPOSIÇÃO MONOSSACARÍDICA DAS FRAÇÕES

P1 EAF P2 EAF P1

EAQ

UT

YPF

Rendimento em % (mg)* 0,70

(93 mg)

0,07

(9 mg)

0,3

(35 mg)

0,002

(0,3 mg)

Carboidratos Totais (%) 81 90 70 nd

AGP (%) 1,4 8 2,4 nd

Monossacarídeos (%)

Ramnose 5 2 nd nd

Fucose 9 11 nd 22

Arabinose 28 23 nd 25

Xilose 6 11 nd 14

Manose 4 1 nd 9

Galactose 25 41 nd 15

Glucose 18 10 nd 15

Ácidos Urônicos 5 1 nd nd

*Rendimento em relação ao material inicial; nd = Não determinado.

Todas as frações analisadas apresentaram como principais constituintes

arabinose (Ara) e galactose (Gal). No caso da fração UT-YPF é importante destacar

que além destes constituintes, esta fração apresenta quantidade significativa de

fucose. As composições monossacarídicas das frações analisadas sugerem a

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presença de arabinogalactanas como principal constituinte destas frações. Em

função do rendimento obtido na fração P1 EAF, a primeira extração aquosa a frio

mostrou ser um processo eficiente para obtenção da fração polissacarídica deste

material. Entretanto, considerando a percentagem de AGPs, a 2ª extração aquosa é

que foi mais eficiente para obtenção da fração rica em AGPs. .

Vale inferir que na investigação da presença de AGPs nestas três frações

(FIGURA 5), a amostra P1 EAQ, oriunda de um processo mais enérgico, foi

estrategicamente obtido do resíduo de P2 EAF, para que pudesse averiguar se em

extrações aquosas a frio teriam este componente. Logo, é possível afirmar que P1

EAQ teria a maior concentração de AGPs se fosse feito uma extração a quente

diretamente das cascas pulverizadas da raíz de Uncaria tomentosa.

Destacam-se os resultados obtidos pela fração P1 EAQ, a qual se assemelha

ao processo de decocção das partes aéreas da Unha-de-gato na medicina popular,

se não fosse feito a precipitação etanólica no fim do processo. O motivo de ter feito

tal precipitação se deve pelo fato de que existem muitas impurezas no extrato,

dificultando a análise da composição monossacarídica.

Segundo Paulsen (2001) o infuso e o decocto são as formas farmacêuticas

mais utilizadas pela população na confecção de remédios caseiros, pois são de fácil

preparo. A amostra P1 EAQ apresentou 2,4% de AGPs, e este fato pode ser

interessante para relacionar a utilização do deccoto com suas propriedades

imunomoduladoras. Entretanto, não foi ainda proposto nenhum mecanismo de ação

que elucidasse a relação entre AGPs e a imunomodulação in vivo, um sistema

complexo com diversas interações exógenas (alimentos, medicamentos) e

endógenas (bioquímicas). Visto isso, muitos questionamentos são colocados sobre a

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aplicação de modelos in vitro, tendo em vista as complexidades de um organismo

vivo citadas anteriormente.

Alban et al. (2002), em um estudo de imunomodulação através de fragmentos

de AGPs, demonstraram a atuação das proteínas do sistema complemento na

hemólise de eritrócitos de coelhos (via clássica) e carneiros (via alternativa). Os

resultados foram que a presença de Arabinogalactanas-proteínas tipo II,

aumentaram a hemólise, sugerindo uma imunomodulação positiva desta molécula.

Contudo, o fato de ter ativado o sistema complemento contraria muitas literaturas

investigadas, pois a unha-de-gato e os seus extratos possuem efeitos

antiinflamatórios em geral, tanto no uso popular como na clínica (WHO, 2007).

Estes efeitos biológicos vistos acima colocam as arabinogalactanas como

moléculas interessantes em estudos de imunomodulação, pois existem muitas

interrogações acerca de sua real performance dentro de um organismo. A

investigação das ações farmacológicas da Uncaria tomentosa poderiam beneficiar o

tratamento de pacientes com patologias de complicação inflamatória (asma e

reumatismo) e até mesmo a herpes (TAYLOR, 2002 e WILLIAMS, 2001).

A presença de AGPs em três extratos aquosos diferentes, juntamente com os

achados na literatura sobre os efeitos terapêuticos da Unha-de-gato, proporcionou

elucidar o quanto esta planta medicinal é utilizada de forma clínica, especificamente

na cidade de Londrina, onde há profissionais de saúde envolvidos em um Programa

de Fitoterapia. Neste programa, médicos prescrevem fitoterápicos como uma forma

complementar de tratamento, pois além de reduzir os custos de saúde pública,

esses medicamentos trazem benefícios aos pacientes atendidos.

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6.2. PESQUISA DE CAMPO EM LONDRINA

A pesquisa de campo realizada com profissionais de saúde (GRÁFICO 1) do

Programa de Fitoterapia de Londrina, permitiu investigar quais os profissionais

envolvidos e quais eram os conhecimentos destes indivíduos sobre a Unha-de-gato

aplicada à terapêutica. As unidade de saúde entrevistadas foram: Unidade Brasil,

União da Vitória, Central e El Dourado. As entrevistas se deram na quinta-feira

(27/11/08) e sexta-feira (28/11/08) nos turnos da manhã e tarde.

GRÁFICO 1 - PROFISSIONAIS DE SAÚDE PRESENTES NO PROGRAMA DE FITOTERAPIA EM

LONDRINA.

Observação: No total são 152 profissionais de saúde no Programa de Fitoterapia de Londrina,

destes, estavam presentes 76 pessoas nos dois dias da entrevista, totalizando 57

entrevistados.

Atingindo aproximadamente 37%, os agentes comunitários da saúde estão

em maior número no Programa de Fitoterapia, em seguida, médicos (13%),

enfermeiros (14%) e auxiliares de enfermagem (17%). Em menor número,

representando 6% do total, estão os dentistas, avaliadores físicos e assistentes

sociais. Nenhum farmacêutico foi encontrado. Considerando a Resolução no 308 do

Porcentagem de profissionais por categoria nas unidades

13%

14%

17%

5%4%

37%

4%

2%2%

2%

Médicos

Enfermeiros

Auxíliar de enfermagem

Técnico em enfermagem

Dentistas

Auxiliar de odontologia

Avaliador físico

Assistente Social

Agente comunitário de saúde

Tecnico de saúde pública

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Conselho Federal de Farmácia, e a situação encontrada no Programa de Fitoterapia

sugere-se que o farmacêutico é importante na atenção à saúde, cabendo somente à

ele participar ativamente de atividades de dispensação, sejam elas de

medicamentos fitoterápicos ou sintéticos. Dessa forma, haveria uma interação

multidisciplinar mais efetiva no sentido de promoção da saúde com um profissional

que detém principalmente o conhecimento de fármacos e seus efeitos no

organismo. A ausência do farmacêutico pode acarretar em uma série de outros

problemas relacionados aos medicamentos e até mesmo ao agravamento das

doenças, diminuindo assim, a qualidade de vida dos pacientes.

Prosseguindo a discussão, através das perguntas do formulário (ANEXO 1),

as respostas das questões, 3.1 Conhece a Unha-de-gato?; 3.3 Conhece as

propriedades medicinais da Unha-de-gato?; e 3.5 Conhece as substâncias ativas?;

podem ser melhor visualizadas na Tabela 4, onde evidencia-se que a Unha-de-gato

é reconhecida por 77% dos profissionais. Outra informação substancial, é que

apenas 33% dos (77% mencionados anteriormente), conhecem as propriedades

medicinais desta planta. Já na pergunta 3.5, é importante ressaltar novamente a

necessidade de um farmacêutico no Programa de Fitoterapia (os profissionais

desconheciam as substâncias ativas da Uncaria tomentosa), uma informação que

poderia ser útil para relacionar as estruturas das substâncias ativas com os efeitos

terapêuticos e toxicológicos dos fitoterápicos. Vale relembrar que segundo WHO,

2007, a unha-de-gato possui alcalóides que interferem no metabolismo microssomal

hepático, podendo prejudicar um paciente que faz o uso de contraceptivos,

anticoagulantes (Warfarina) e outros antibióticos associados à um fitoterápico (de

uso interno) contendo extrato ou partes de Uncaria tomentosa.

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TABELA 4 - CONHECIMENTO SOBRE A UNHA-DE-GATO PELOS 57 PROFISSIONAIS DE SAÚDE

DAS UNIDADES DE SAÚDE ENTREVISTADOS.

SIM

(%)

NÃO

(%)

3.1 Conhece a Unha-de-gato? 77 23

3.3 Conhece as propriedades medicinais da Unha-de-gato? 33 69

3.5 Conhece as substâncias ativas?; zero 100

Outras perguntas do formulário (3.7; 3.8; 3.9; 3.10; 3.11), questionaram dez

profissionais da saúde que conheciam as propriedades terapêuticas da Unha-de-

gato e se destacaram pela qualidade das informações, pois, muitas delas, são

condizentes com a literatura (WHO, 2007) e foram abordadas e interpretadas

separadamente, como demonstrado na Tabela 5 abaixo:

TABELA 5 - RESPOSTAS PARA AS PERGUNTAS 3.7; 3.8; 3.9; 3.10; 3.11.

Perguntas

Respostas em comum:

Resposta em destaque

Resposta não

condizente com a

literatura:

3.7 Quais as patologias ou sintomas que você conhece e que podem

ser tratadas com a Unha-de-gato?

Utilizado como anti-inflamatório; contra artrites (correspondendo aos efeitos imunomodulatórios indicado por muitos autores).

Combate a Herpes (este profissional conhecia o medicamento tópico Imunomax da Herbarium).

Combate o edema; anti- hipertensivo.

3.8 Qual a procedência

do material ou fitoterápico utilizado?

Dois profissionais sabiam que vinha de farmácias de manipulação, já os outros oito, desconheciam a procedência.

3.9 Quais as partes da planta utilizada?

Dois profissionais responderam, sendo que um deles mencionou a planta toda, enquanto o outro, apenas o caule.

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3.10 Quais as formas de uso?

Cinco profissionais responderam uso interno, sendo que três deles mencionaram ser via cápsulas, e dois indicaram que o uso se dava através de infusos (chá).

3.11 Observou efeitos colaterais?

Não foi observado efeitos colaterais.

Foi relatado dor no estômago.

As respostas dadas nos itens 3.9, 3.10 e 3.11, permitem inserir que a

faltaram informações essenciais pertinentes aos medicamentos. Outro ponto que

fora evidenciado na pergunta 3.11, o que mostra que efeitos colaterais ainda são

desconhecidos pela população em geral, e de forma errônea, ainda é considerado

que “o natural não faz mal” (RATES, 2001), apesar das plantas medicinais

apresentarem, de fato, menores efeitos tóxicos devido ao sinergismo entre as

substâncias ativas.

Quando os profissionais, além dos médicos, foram perguntados se

prescreviam medicamentos, nenhum dos entrevistados afirmaram realizar esta

função designada aos médicos, o que é importante para prevenir o uso irracional de

medicamentos. Descrito por Rates (2001), foi observado que, de fato, os médicos

do Programa de Fitoterapia prescrevem medicamentos fitoterápicos com o objetivo

de reduzir custos de saúde pública no tratamento de pacientes, auxiliando na

atenção primária à saúde.

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7. CONCLUSÃO

Desde os primórdios, os povos antigos já faziam o uso de plantas para tratar

feridas, doenças e infecções através do conhecimento passado de geração a

geração (PAULSEN B. S., 2001), porém, muitos equívocos são cometidos no

momento de transmitir as informações sobre o verdadeiro potencial terapêutico das

plantas medicinais, na identificação correta das plantas e no seu modo de uso,

tornando as evidências clínicas e populares sobre o uso medicinal das plantas cada

vez mais imprecisas ao longo do tempo (RATES, 2001). Felizmente, segundo

Simões (1989), muitos esforços são feitos, nos dias de hoje, objetivando resgatar

tais legados clínicos e culturais.

Segundo WHO, 2007, a relação entre o uso popular das plantas medicinais e

o tratamento de doenças na clínica é imprescindível para a árdua busca por

substâncias ativas, a exemplo de alguns heteropolissacarídeos (PAULSEN, 2001),

os quais vêm demonstrando ser uma ampla área de estudo e oportunidade de

pesquisa em um campo ainda pouco elucidado. Alguns destes

heteropolissacarídeos, como as AGPs, ainda não possuem nenhum mecanismo de

ação descrevendo a interação entre as AGPs e o organismo, devido à

complexidade envolvida no reconhecimento de um dos vários epítopos na

arabinogalactana-proteína que seja ligante de um PRR. O repertório de receptores

para PAMPs estudados nos dias de hoje (ABBAS, 2007) não foram descritos

especificamente para as AGPs ou parte de sua estrutura, muito menos para estas

moléculas extraídas da unha-de-gato. Se fosse provado que as arabinogalactanas,

AGPs ou algum epítopo desta macromolécula fosse um PAMP determinante para a

imunomodulação do sistema imune in vivo, haveria muitas respostas para o que é

visto em alguns processos patológicos. Considerando este fato, ressalta-se a

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necessidade por compreender a estrutura de moléculas como os metabólitos

primários das plantas medicinais, na busca por substâncias com considerável efeito

biológico.

Muitos métodos e equipamentos vêm sendo desenvolvidos, e associados ao

o uso de biomarcadores e ensaios farmacocinéticos com cromatografia de alta

resolução, a fim de possibilitar e analisar a atuação dos produtos naturais

(WOELKART K. et al., 2009) e suas substâncias ativas dentro de um sistema in

vivo, elucidando os mecanismos e sítios de ação. Dentro deste contexto, investigar

as plantas medicinais e suas substâncias ativas rege um profissional, como o

farmacêutico cuja formação, inclui estudos fitoquímicos, farmacognósticos e

farmacológicos. Tais áreas do conhecimento são fatores importantes para pesquisar

moléculas com potencial terapêutico. Este profissional ainda tem como objetivo na

sociedade promover e educar a população sobre questões relacionadas ao

medicamento e a saúde pública em geral (RATES, 2001). A orientação adequada

aos pacientes sobre os medicamentos fitoterápicos, remédios caseiros e

medicamentos sintéticos, oferece-lhes uma melhor compreensão sobre o

tratamento em vigência, e beneficia o usuário por ser amparado por um profissional

responsável pela adesão ao tratamento medicamentoso e por garantir os direitos

em atenção à saúde que este profissional se propôs a realizar ao obter a formação

de farmacêutico.

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ANEXOS

ANEXO 1 - FORMULÁRIO PARA PESQUISA DE CAMPO ETNOBOTÂNICA E

ETNOFARMACOLÓGICA DA UNHA-DE-GATO (Uncaria tomentosa (Will.) D.C.)

FORMULÁRIO PARA PESQUISA DE CAMPO ETNOBOTÂNICA E

ETNOFARMACOLÓGICA DA UNHA-DE-GATO (Uncaria tomentosa (Will.) DC.)

1. IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO CÓDIGO:

___________________

1.1 Nome:............................................................................................................................... ..................... 1.2 Sexo: [ ] masculino [ ] feminino 1.3 Idade: .............anos 1.4

Profissão:..............................................

1.5 Endereço: R: .....................................................................................................Bairro: ......................................

1.6 Local de Nascimento, cidade e

estado:................................................................................................................ 1.7 Grau de escolaridade: [ ] ensino fundamental (.................................);

[ ] ensino médio (..................................); [ ] ensino superior (...................................)

(1 para completo e 2 para incompleto, indicar o período que interrompeu os estudos)

2. CONHECIMENTO GERAL SOBRE A FITOTERAPIA OU TRATAMENTO

TERAPÉUTICO COM A UTILIZAÇÃO DE PLANTAS MEDICINAIS

2.1 Você conhece fitoterapia? [ ] sim - segue na pergunta 2.3; [ ] não - segue na pergunta 2.2

2.2 Você teria interesse em conhecer a fitoterapia ? [ ] sim, Porque?; [ ] não, Porque?

- segue item 4.

2.3 Na sua atuação profissional, você utiliza o tratamento de doenças à base de plantas?

[ ] sim - segue pergunta 2.5; [ ] não - segue pergunta 2.4.

2.4 Quais são suas principais razões para não utilizar o tratamento à base de plantas? - segue pergunta

3.1

2.5 Como adquiriu informações sobre o tratamento de sintomas ou doenças usando plantas? [ ] curso profissionalizante ou de capacitação [ ] Com familiar que conhecia o assunto [ ] Em

livros

[ ] Experiência pessoal [ ] outros:..........................................................................................................................

2.6 Ensina para outras pessoas? [ ] Sim [ ] Não

Como:........................................................................................................................ ..................................

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2.7 Considerando sua atuação profissional, cite as principais plantas utilizadas na terapeútica

descrevendo suas indicações, forma de administração, efeitos colaterais observados.

Nome popular:

Nome científico:

Parte da planta utilizada:

Forma de administração:

Indicação (principais):

Contra-indicação:

Efeitos colaterais:

Observações:

Nome popular:

Nome científico:

Parte da planta utilizada:

Forma de administração:

Indicação (principais):

Contra-indicação:

Efeitos colaterais:

Observações:

Nome popular:

Nome científico:

Parte da planta utilizada:

Forma de administração:

Indicação (principais):

Contra-indicação:

Efeitos colaterais:

Observações:

Nome popular:

Nome científico:

Parte da planta utilizada:

Forma de administração:

Indicação (principais):

Contra-indicação:

Efeitos colaterais:

Observações:

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3. CONHECIMENTO SOBRE A UNHA-DE-GATO (Uncaria tomentosa Will D.C.)

3.1 Você conhece a planta popularmente denominada como unha-de-gato? [ ]Sim - segue pergunta 3.3; [ ] Não - segue pergunta 3.2;

3.2 Você teria interesse em conhecer esta planta e suas indicações? [ ] sim; [ ] não

3.3 Você conhece as propriedades medicinais da unha-de-gato?

[ ]Sim, Qual(is) - segue pergunta 3.5; [ ] Não - segue pergunta 3.4;

3.4 Você teria interesse em suas propriedades medicinais e indicações? [ ] sim; [ ] não

- segue item 4.

3.5 Você conhece as substâncias ativas desta planta?

[ ]Sim, Qual(is); [ ] Não

3.6 Você prescreve ou indica o uso desta planta?

[ ]Sim - segue pergunta 3.7; [ ] Não - segue item 4.

3.7 Qual(is) a(s) doença(s) que você conhece na(s) qual(is) utiliza(m) o tratamento à base de unha-de-

gato?

3.8 Qual(is) a(s) procedência(s) do material vegetal utilizado no tratamento?

3.9 Qual(is) parte(s) da planta que é(são) utilizada(s)?

3.10 Qual(is) a(s) forma(s) de administração empregada(s)?

3.11 Você observou algum efeito colateral no tratamento à base de unha-de-gato?

[ ]Sim, Qual(is); [ ] Não

3.12 Quantos pacientes utilizaram ou utilizam o tratamento à base de unha-de-gato?

4. IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADOR 4.1 Nome:

.............................................................................................................................................. ...................

4.2 Profissão:................................................................ 4.3 Local e Data................................................

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ANEXO 2 – FOLDER EDUCATIVO SOBRE A Uncaria tomentosa (unha de gato)

Este folder tem apenas caráter informativo e não

objetiva promover a automedicação.

Sempre consulte um médico ou um farmacêutico

antes de fazer o uso da fitoterapia.

Este veículo de informação faz parte da monografia

do acadêmico Lucas Miyake Okumura

do curso de Farmácia da UFPR e tem aprovação

no Conselho de Ética em Pesquisa

(CEP – Hospital de Clínicas/UFPR).

CAAE: 0187.0.208.000-08

CEP: 1739.156/2008-08

Orientação: Profa Dra Juliana B. B. Maurer

Laboratório de Carboidratos e Gliconjugados Vegetais

Telefones: (41) 3361 1576 ou (41) 3361 1666 Fax: (41) 3266 2042

Caixa postal 19046 – CEP: 81531-990 Curitiba – Paraná

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

Setor de Ciências Biológicas

Deptº de Bioquímica e Biologia Molecular

Unha de gatoUncaria tomentosa (Willd) D.C.

Nom

es

popu

lare

s: U

nha-de-ga

to*

Uña

de g

ato

* C

ats

claw

* Cats

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* Gara

bato

* Amarillo–

micho

* Pa

ragu

yayo

* Save

ntaro

* Unc

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* Tua

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cara

* K

atz

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ralle

*

Família: Rub

iace

ae

–Esp

écie: Unc

aria

tomen

tosa

(WILLD) D.C

. Segundo registros históricos, a

unha de gato já era utilizada pelos

povos antigos do Peru a

aproximadamente 2000 anos atrás

para cura de doenças ou sintomas.

Seus vários nomes populares são

decorrentes da sua vasta presença

na região da Floresta Amazônica e

estudos no mundo todo.

Esta planta medicinal se caracteriza pelo par de

espinhos na região caulinar em forma de garras de um

felino, e uma inflorescência nas cores amarelo e

branco. As principais formas farmacêuticas deste

produto são: gel, pomada e cápsulas. Vale ressaltar

que o pó para a fabricação dos medicamentos

fitoterápicos, proveniente do caule, da raíz e das folhas,

tem cor marrom – avermelhada.

De acordo com a World Health Organization (WHO),

três níveis de pesquisa sugerem a sua ação

terapêutica:

-Pesquisa popular: Tratamento de asma, abcessos e

infecções em geral;

-Pesquisa in vivo e in vitro: Imunomodulação, atividade

anti-tumoral, anti-neoplásica e anti viral;

-Pesquisa clínica: Ativação do sistema imune com o

aumento da relação de linfócitos e neutrófilos no

sangue.

No mercado há produtos à base de Unha de gato, que

comprovadamente combatem o vírus da Herpes (HSV-

Herpes simplex vírus) e alguns sintomas decorrentes

da inflamação como dor e febre.

O uso de Uncaria tomentosa na terapêutica

Forma de uso: Esta planta medicinal pode ser preparada

por decocção, fervura, maceração ou extratos secos.

Posologia: Cápsulas 250 a 1000 mg diários; 10 a 20 ml

de tintura diluída em água ou decocto (3x ao dia);

pomada 3x ao dia também.

Indicações: Asma, artrite, reumatismo, febre, e úlceras.

Efeitos adversos: Hipotensão, dores abdominais,

problemas gastrointestinais (na ingestão) enquanto que

para o uso tópico da preparação medicinal de unha de

gato, não há efeitos relatados.

Contra indicação: Gestantes, lactentes, pacientes

transplantados (órgãos ou medula óssea) e com

esclerose múltipla.

Interações medicamentosas: Alguns metabólitos

secundários (alcalóides e derivados terpênicos) inibem

enzimas microssomais hepáticas. Portanto é importante

ficar atento à anticoncepcionais, anticoagulantes e

antibióticos no uso concomitante à esta planta medicinal.

Referências:

-Índice Terapêutico Fitoterápico: ITF. – 1. ed. – Petrópolis, RJ: EPUB,

2008. 328 p.

-WHO. Monographs on selected medicinal plants. Geneva, World

Health Organization, v. 3, 2007.

-BIESKI, I. G. C. Utilização de medicamentos fitoterápicos com

ênfase na Uncaria tomentosa Will, dispensados em farmácias de

manipulação na grande Cuiabá, Monografia de Especialização,

Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de

Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brasil, 2006.

Alguns substâncias ativas: metabólitos secundários do extrato

hidroalcoólico (alcalóides oxindólicos tetracíclicos e pentacíclicos).

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