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Passageiros Solitários Lucas Takahaschi

Lucas Takahaschi

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Page 1: Lucas Takahaschi

Passageiros

Solitários

Lucas Takahaschi

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O trabalho foi realizado sobre

uma visão de mundo pessoal,

baseado em uma vivencia

condicionada a transitoriedade.

Sendo essa transitoriedade uma

característica da nossa

sociedade, penso sobre a

utilização desse espaço de

passagem como possível

momento de relações e trocas..

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Assumo o papel de passageiro, transeunte que é

pressionado pela estrutura social, este é embutido

de convenções sociais e obrigações contraditórias,

refém do que seria o “cotidiano” e caracterizado

pela fadiga. Em espaços públicos, ou nos

transportes que somos contabilizados e

apresentados como estatísticas, exerço meu papel

de cidadão registrando a situação da falsa

comodidade, compreendendo que o proletariado é

condicionado à incapacidade de transformação

social. Pois as estruturas regentes têm a

segregação social, o cansaço e a falta do registro

da memória, sobretudo das classes sociais mais

baixas, como características de uma sociedade de

consumo desmedido.

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Faço anotações sobre

esse cansaço

do cotidiano maçante e

infinito, no intuito

de desenvolver ações que

contribuam com o olhar e

espectador sobre sua

posição na sociedade.

Penso que a arte

possibilita essa abertura

para uma reflexão e

interpretação mais

ampliada sobre si.

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“É com a imagem de si mesmo que ele se acha confrontado em

definitivo, mas uma estranhíssima imagem, na verdade. O único

rosto que se esboça, a única voz que toma corpo, no dialogo

silencioso que ele prossegue com a paisagem-texto que dirige a

ele como aos outros, são os seus – rosto e voz de uma solidão

ainda mais desconcertante porque evoca milhões de outras.O

passageiro dos não-lugares reencontra sua identidade no

controle da alfândega, no pedágio ou na caixa-registradora.

Esperando obedece ao mesmo código que os outros, registra as

mesmas mensagens, responde as mesmas solicitações. O

espaço do não-lugar não cria nem identidade singular nem

relação, mas sim solidão e similitude” Marc Auge.

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Crítica feita por

Julia Cazazzini Cunha.

A performance registrada no

metrô e apresentada na

instituição Belas do artista Lucas

Takahaschi ironiza a obra de arte

como objeto de fetiche e critica ao

mesmo tempo o transporte

público. Quando dentro do metro,

o artista, agora ambulante da

arte, torna a obra de arte algo

ingênuo, do mesmo valor

simbólico de um chiclete ou

chocolate, tipicamente vendidos

no metrô.

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Com um histórico de obras que abordam o urbano, as

dificuldades do transporte público e o cotidiano de quem os

freqüenta, Lucas volta para suas origens e aos seus modelos

de trabalho para procurar um novo público alvo de seu

trabalho.

Assim como o artista Paulo Bruscky que se aproveita de figuras

cotidianas urbanas, como os homens sanduíches, para fazer a

sua performance “O que é arte, pra que serve? (1978), Lucas

encarna o ambulante e sem fazer um marketing pessoal,

oferece suas gravuras que acompanhavam apenas a simples

mensagem escrito a mão: “Essa gravura foi feita sobre pedra,

e o tema é você que utiliza e sofre nesse trem. Aceito o valor

que me oferecer apenas para difusão dessa arte.” De pessoa

em pessoa,Takahaschi passa distribuindo sua obra por um

vagão inteiro, depois as recolhendo e coletando o dinheiro

daqueles se interessaram. Recebendo diversas reações, o

processo se estende por 6 horas, resumidos em um vídeo de

30 minutos.

O preço simbólico de suas gravuras acabam as tornando

acessíveis e fugindo do usual mercado da arte, onde se exige

cada vez mais do artista estar vinculado a uma galeria ou um

merchan, para que estes estipulem os preços do mercado.

O coletivo Filé de Peixe desenvolve um projeto chamado

“Cm²Arte Contemporânea” do se discute quanto

vale um cm² de uma obra de artistas como Cildo Meireles ou

Rosangela Rennó. A partir de uma fórmula, o coletivo descobre

o preço de cada cm²e os vendendo por preços também

mais acessíveis.

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A performance de Lucas também pode se

relacionar com o termo “Descatracalização da

vida” inventado pelo coletivo Contrafilé, no qual

eles dizem que a catraca serve como um

símbolo revelador de forças visíveis e invisíveis.

Portanto quando Lucas Takahaschi vende sua

obra no metrô, ele não só revela as catracas

visíveis (própria catraca física, vendendo

“ilegalmente” dentro do metrô), como também

as catracas invisíveis (fetichismo de mercado de

arte).

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Mas além da crítica ao mercado e ao transporte

público, o artista deixa transparecer uma realidade

própria, uma realidade em que diariamente exige horas

de viagem para poder voltar pra casa ou ir pro

trabalho. Quando o Lucas se diz incorporar o

ambulante no metrô para vender seu trabalho, ele diz a

verdade. Como descreve o dicionário Michaelis (2009),

“O ambulante é aquilo que se move ou é capaz de ser

movido de um lugar ao outro”. Portanto ele nunca sai

desse personagem de ambulante, as viagens diárias e

as muitas horas gastas em suas conduções fazem

parte dele, tornando-se um viajante diário. Assim como

quando Paulo Nazareth passa a registrar sua andanças

e faz disso seu trabalho, o mesmo acontece com ele.

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Muito de seu tempo

é depositado nessas

viagens, portanto nada

mais justo que fazer

desse tempo e espaço,

uma experiência

completa, não apenas

passageira. Uma

experiência que resulta

por ser dividida com

aqueles que freqüentam

o mesmo lugar

diariamente.

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https://www.youtube.com/watch?v=qAS-

StDRAgk&feature=youtu.be

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“O solitário passageiro que reflete a minha imagem, vislumbra

distante o silencio opressor da viagem que é marcada

pelas rugas.”

Lucas Takahaschi