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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA – UESB ÓRGÃO DE EDUCAÇÃO E RELAÇÕES ÉTNICAS COM ÊNFASE EM CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS – ODEERE Programa de Pós-Graduação em Relações Étnicas e Contemporaneidade (PPGREC) FICHAMENTO LUCKESI, Cipriano; Et Al. Fazer Universidade: Uma Proposta Metodológica . 10ª Ed. São Paulo, Cortez Editora, 1998. Emily Alves Cruz Moy Parte II – PRODUÇÃO E TRANSMISSÃO DO CONHECIMENTO COMO FORMA DE FAZER UNIVERSIDADE Capítulo I – O conhecimento como compreensão do mundo e como fundamentação da ação Na medida em que agimos, buscamos compreender o mundo no qual e com o qual agimos e , na medida que o compreendemos, cuidamos de reordenar e reorientar nossa ação, “iluminados” pelo entendimento conseguido. (p. 47) O conhecimento – como entendimento do mundo – não é, pois, um enfeite ou uma ilustração da mente e da memória, mas um mecanismo fundamental para tornar a vida mais satisfatória e mais plenamente realizada. (p. 47) [...]o conhecimento é o produto de um enfrentamento do mundo realizado pelo ser humano que só faz plenamente sentido na medida em que o produzimos e o retemos como modo de entender a realidade, que nos facilite e nos melhore o modo de viver, e não, pura e simplesmente, como uma forma enfadonha e desinteressante de memorizar Rua João Rosa, s/nº (antigo Colégio Dom Climério), Pau Ferro, Jequié – Bahia. Tel.: (73) 3526 2669. E-mail: [email protected].

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Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia UESB

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO SUDOESTE DA BAHIA UESBRGO DE EDUCAO E RELAES TNICAS COM NFASE EM CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS ODEEREPrograma de Ps-Graduao em Relaes tnicas e Contemporaneidade (PPGREC)

FICHAMENTO

LUCKESI, Cipriano; Et Al.Fazer Universidade: Uma Proposta Metodolgica. 10 Ed. So Paulo, Cortez Editora, 1998.

Emily Alves Cruz Moy

Parte II PRODUO E TRANSMISSO DO CONHECIMENTO COMO FORMA DE FAZER UNIVERSIDADE

Captulo I O conhecimento como compreenso do mundo e como fundamentao da ao

Na medida em que agimos, buscamos compreender o mundo no qual e com o qual agimos e , na medida que o compreendemos, cuidamos de reordenar e reorientar nossa ao, iluminados pelo entendimento conseguido. (p. 47)

O conhecimento como entendimento do mundo no , pois, um enfeite ou uma ilustrao da mente e da memria, mas um mecanismo fundamental para tornar a vida mais satisfatria e mais plenamente realizada. (p. 47)

[...]o conhecimento o produto de um enfrentamento do mundo realizado pelo ser humano que s faz plenamente sentido na medida em que o produzimos e o retemos como modo de entender a realidade, que nos facilite e nos melhore o modo de viver, e no, pura e simplesmente, como uma forma enfadonha e desinteressante de memorizar frmulas abstratas e inteis para a nossa vivncia e convivncia no e com o mundo. (pp. 47-48)

1. O conhecimento como mecanismo de compreenso e transformao do mundo

Dentro deste mundo no qual somos dados, percebemo-nos diversos dele e compreendemo-lo como outro, como um contexto que nos desafia com suas resistncias a que o enfrentemos e o tornemos mais nosso, no sentido de que ele seja arrumado e ordenado segundo o nosso modo de ser. Fazemos do mundo, que nos dado, um mundo propriamente humano: um mundo cultural. E isso se d pela prtica do nosso viver e sobreviver neste mundo. (p.48)

Pelo ato dialtico de entender, entranhado em nossos atos de transformar, as coisas adquirem um modo de ser: no so mais coisas opacas e sim iluminadas, conhecidas, entendidas. (p.49)

O fato de conseguir organizar os dados do mundo, segundo o nosso modo de ser e segundo as nossas necessidades, significa que, pela nossa ao e entendimento, conseguimos superar as regras do mundo, s quais estaramos submetidos caso no existisse a nossa capacidade de conhecer. (p. 50)

A sada da ignorncia um dos modos de libertar-nos da sujeio e processarmos a transcendncia. (p.51)

O privilegiamento que se faz do contexto escolar, como o nicho sagrado onde se produz e de onde emana o conhecimento, est baseado num posicionamento ideolgico que pretende obscurecer o fato de que todos conhecem e podem conhecer, assegurando um esquema de autoritarismo, onde a verdade deve ser dita pelos mestres para os discpulos, pelos escolarizados para os no-escolarizados. (p.51)

Cada povo, dentro de suas relaes e prticas histricas, busca e encontra compreenses valorativas que ditem as regras sociais e morais do jogo da vida entre as pessoas. Na medida em que uma cultura entra em crise, os seus valores so revistos e reinventados. Os velhos valores so substitudos dialeticamente por novos. As anteriores compreenses valorativas da vida so substitudas por novas que vm atender s necessidades emergentes. (p.53)

A realidade do mundo, que nos circunda, mediatiza as nossa conscincias. Serve de ncleo e objeto de pensamento e reflexo de diversos indivduos, ao mesmo tempo. Numa roda de samba, o que une as pessoas o ritmo e harmonia da msica que faz com que cada um saia de si mesmo e se coloque no movimento do grupo. (pp. 53-54)

A realidade, no caso do conhecimento, o fator que une todas as conscincias no esforo de busca de sua compreenso. No um indivduo sozinho, como um bruxo fechado e isolado em seu sto, que vai encontrar a soluo e a sada para os impasses que a vida lhe apresenta. Mas o indivduo relacionado a outros indivduos pela mediao da realidade, que poder encontrar uma sada. O conhecimento social. (p.54)

Alm de ser social, o conhecimento que, aqui e agora, produzimos, no nasce de pronto, ex-abrupto. Ele histrico. Nada se apresenta como definitivamente pronto, sem que antes tenha sido germinado no tempo. (p.54)

A compreenso do mundo que possumos hoje, seja nos seus aspectos dirios, seja nos seus aspectos cientficos, seja nos seus aspectos filosficos, produto de uma prtica que se faz social e historicamente situada. (p.54)

2. O conhecimento como uma necessidade para a ao

[...]o conhecimento uma necessidade enquanto modo de iluminao da realidade. (p.55)

[...]o conhecimento necessrio para o progresso, para o desenvolvimento de um mundo cada vez mais adaptado ao atendimento das necessidades do ser humano. (p.56)

3. O conhecimento como elemento de libertao

O conhecimento liberta o sujeito porque lhe d independncia e autonomia. Desde que se saiba que se conhea, pode-se agir sem estar dependendo da alienao de nossas necessidades a outros. (p.57)

Ignorar nossas capacidades e nossos poderes de luta e transformao conduz-nos ao entreguismo e ao comodismo social e histrico. (p.57)

[...]o conhecimento um mecanismo de libertao, pode ser usado tambm como um mecanismo de opresso dos outros. (p.58)

Captulo II Conhecimento filosfico e cientfico

1. O conhecimento do aparente e do oculto

O objetivo do conhecimento o desvendamento e o domnio da realidade, o seu esclarecimento, segundo uma perspectiva que se caracteriza como a mais abrangente possvel. Segundo uma categoria de totalidade, como se diz! O que quer dizer que o conhecimento, para ser adequado, no pode delimitar-se e circunscrever-se por uma abordagem focalista e reducionista. (p.61)

Ento, o conhecimento, que produzimos por esta forma focalista, nos impede de possuir um justo senso do mundo circundante, o que quer dizer que, por este caminho, o nosso conhecimento atinge a superficialidade das coisas a sua aparncia. (p.62)

Por outro lado, o conhecimento que tem por objetivo buscar o oculto, o essencial, aquilo que no aparece primeira vista, que est baseado na compreenso das relaes, da viso de conjunto, esse conhecimento vem sendo denominado de crtico, adequado, certo, verdadeiro. claro, todas essas denominaes so discutveis. (p.63)

O conhecimento [...]possui as caractersticas que se seguem: metdico; No reducionista; dinmico; Fundamenta uma ao consciente. (p.64)

O conhecimento adequado das coisas se d num entendimento daquilo que no se manifesta, de imediato, na aparncia, porm, sim, no oculto. (p.65)

2. O conhecimento filosfico

[...]a filosofia uma concepo geral do mundo da qual decorre uma forma de agir. (p.66)

A Filosofia , ento, uma forma de conhecimento pela qual o ser humano toma conscincia de si, do sentido da sua histria, do significado do projeto do futuro. (p.66)

Ento um fato: a Filosofia no uma castelo abstrato, estril e distante de idias. Idias difceis e hermticas, como, s vezes, de forma detratora, se diz. Ela uma forma de conhecimento prtica, orientadora do exerccio de nossa sobrevivncia em sociedade. Ela pode garantir o ganha-po, como se diz vulgarmente, mas certamente que com ela e com sua ajuda que conseguimos o po nosso de cada dia, pois que dela depende o encaminhamento de nossa ao. (p.67)

A Filosofia a detectadora crtica das aspiraes do grupamento humano a que serve, sistematizando-os lgica e coerentemente. (p.68)

O intercmbio comercial primariamente e cultural secundariamente com outros povos, obrigatoriamente conduziu o povo grego crtica de seus valores, exigindo-lhe uma racionalidade aplicada na busca de entendimento dos fins que orientavam sua prtica social e dos fins que deveriam vir a uma ruptura entre os valores anteriores e os novos valores, no contexto da sociedade grega. Esse o detour metodolgico da Filosofia. (p.69)

A reflexo filosfica , assim, uma reflexo situada que julga criticamente os valores vigentes, propondo outros. Deste modo, ela nasce da histria; sob a sua influncia, contudo, tambm a condiciona. fruto de um tempo e um espao definidos, mas desde que estabelecida, oferece, tambm, limites a contornos ao processo histrico futuro. (p.69)

3. O conhecimento cientfico

O conhecimento cientfico ocupa-se dos fenmenos da natureza (fsicos, biolgicos, qumicos...), dos objetos ideais (lgicos, matemticos) e dos fenmemos culturais (relaes sociais, processos histricos, produo cultural etc.). So estes os trs campos do conhecimento cientfico, definidos teoricamente: cincias emprico-formais (Fsica, Qumica, Biologia etc.), cincias formais (Lgica e Matemtica), cincias hermenuticas (Sociologia, Histria, Etnologia etc.). (p.70)

Assim sendo, o conhecimento cientfico pretende esclarecer as ocorrncias factuais do universo, produzindo um entendimento de parcelas do mundo, descrevendo-as e criando as conexes lgicas e compreensveis entre seus componentes. A partir da identificao descritas dos dados, estabelece-se um entendimento da realidade, pela verificao de como cada coisa, cada fenmeno se nos d, possibilitando sua inteligibilidade a partir de seus contornos e elementos constitutivos. (p.71)

O conhecimento cientfico nos funcional para o desvendamento das ocorrncias factuais do universo. Ele nos oferece uma luz, um esclarecimento sobre os meandros, aparentemente caticos, presentes na multiplicidade das coisas. (p.72)

A sensibilidade para perceber os fenmenos e perguntar sobre eles o ponto de partida para se fazer cincia. (p.75)

Concluso

O conhecimento certo e adequado um direito e um poder de todos. Basta exercit-lo criticamente, utilizando-se de recursos metodolgicos, [...]. Isto no implica numa desvalorizao da prtica escolarizada do conhecimento, mas sim na sua desmistificao. (p.78)

Rua Joo Rosa, s/n (antigo Colgio Dom Climrio), Pau Ferro, Jequi Bahia. Tel.: (73) 3526 2669. E-mail: [email protected].