cristiano onofre

lugar cativo cativeiro

cristiano onofre

março 2013

Lugar cativo. Cativeiro

Em algum lugar cativo desse chiqueiro

eu consigo me transformar em cativeiro

só de lama e merda seca faço casa

abrigo pra quem não tem mais dinheiro

rodo manco ronco e fuço

fuça podre e lixo azedo

acredito choro e babo o sangue feio

em algum lugar cativo cativeiro.

Bola de neve

Bola de neve

feita de porra

rola a montanha

rala a sua roupa

monta sua carne

cala tua boca.

Chora diabo.

Se o bode me encara

eu encaro o bode

se ele me olha

tenta a sorte

no fundo da minh’alma

vai ver até o inferno queimando

as rimas se desfazendo

se o bode me encara

eu encaro o bode

e o bode chora de pena

Prédio.

Ouça

Prédio

Coisa

Médio

Boca

Tédio

Foice

O prédio

Remédio

Foi-se

O tédio

Sui-cídio

Hómi-cídio

Suspeitei

Desde

O

Precipício.

Morto pela escola de samba.

Na horizontal, talvez

doa menos o paralelepípedo

nas costas que deveriam

estar geladas e brancas

Sem sangue, talvez

sangre menos sem corte

por jogada de sorte

só saco preto e um buraco

Pode ouvir os comentários

quem é? Quem foi?

que matou?

Pode pular carnaval

com marcha fúnebre

será que ele é?

Lapa. Rio de Janeiro. Fevereiro 2013.

Dentro de tu.

De dentro

de tu

só saía

pus

De dentro

de tu

não enxergo

mais

pois aí dentro

me pus.

Caí.

Todo mundo foi

por onde fui, caí

todo mundo fui

fodi.

sobre o autor kauê

mariano

angu

Outras publicações:

A Arte de Comprar-te (c/ João Lomeu) – 2009

Qualidade de vida – 2010

Alguns dias na cidade esquecida – 2011

Câmera Lenta – 2012

O velho que ninguém deixava morrer – 2012

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