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LUIZ ANTÔNIO MILLECCO O CANTO DA VIDA DITADO PELO ESPÍRITO DELFOS UNIVERSALISMO

Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

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Page 1: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

LUIZ ANTÔNIO MILLECCO

O CANTO DA VIDA

DITADO PELO ESPÍRITO DELFOS

UNIVERSALISMO

Page 2: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

ÍNDICE

PREFÁCIO

APRESENTAÇÃO

1. ANTES QUE OS OLHOS...

2. MATA A AMBIÇÃO...

3. MATA O

4. PROCURA NO CORAÇÃO

5. MATA TODO SENTIMENTO

6. MATA O SEPARATISMO...

7. MATA O DESEJO DE SENSAÇÃO

8. MATA ÂNSIA DE CRESCIMENTO

9. DESEJA O QUE ESTÁ DENTRO DE

10. DESEJA ARDENTEMENTE O PODER

11. PROCURA A SENDA

12. BUSCA A SENDA

13. BUSCA A FLOR...

14. O ABRIR DA FLOR...

15. A MENTE PODE RECONHECER A VERDADE

16. A MINHA PAZ VOS DOU...

17. DO SEIO DO SILÊNCIO...

18. BUSCA O GUERREIRO...

19. ESCUTA O CANTO DA

20. GUARDA A MELODIA...

21. CONTEMPLA TODA A VIDA...

22. NENHUM HOMEM É TEU INIMIGO...

23. SÓ UMA COISA É DIFÍCIL...

Page 3: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

24. ESTUDA OS CORAÇÕES DOS

25. A PALAVRA

26. OBTIDO O USO DOS SENTIDO

27. PEDE OS SEGREDO

28. O CONHECIMENTO

29. OLHA O INVISÍVEL

30. ENSAIOS SOBRE O CARMA

31. O PRIMEIRO PASSO...

32. AQUELE QUE QUISER ESCAPAR

33. AQUELE QUE DESEJA FAZER BOM CARMA

34. UM ESCRAVO DE SI MESMO

35. O EQUÍVOCO DE GENOVEVA

36. UMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL

37. REFLEXÕES E DESPEDIDA

Page 4: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

PREFÁCIO

Há muito que estava em preparação, da parte do amigo Delfos, uma obra

intitulada “O EVANGELHO DESCONHECIDO”. Houve, porém, um momento

em que diversos fatores interferiram para que o ditado dessa obra fosse

adiado, inclusive a necessidade, principalmente da parte do médium, de um

maior preparo para ela, dado o caráter transcendente e delicado do assunto

que ela expõe.

Enquanto se espera uma oportunidade melhor, Delfos proporciona-nos a

alegria de transmitir uma série de comentários sobre a obra “Luz no Caminho”,

da autoria espiritual de Hilarião, através da mediunidade de Mabel Collins. Tal

satisfação se justifica, já que “Luz no Caminho” foi um verdadeiro divisor de

águas do médium. Obra mediúnica, embora oriunda do movimento teosófico,

“Luz no Caminho” avança conceitos que, se levados a sério, aceleram a

evolução espiritual de quem os absorva e de quem os viva.

Os comentários do amigo Delfos trazem ao livro um colorido especial. Nosso

amigo acrescenta-lhes, ainda, a narração do que chamou Fatos

Complementares, a título de ilustração. O último desses fatos é uma

experiência psicométrica vivida por Delfos em pleno Israel do tempo do Cristo.

Com essa narrativa, Delfos ressalta a associação íntima entre os conceitos de

“Luz no Caminho” e a figura do Cristo. Esperamos dividir essa alegria com os

leitores.

Que Delfos nos transmita ou nos aprofunde o espírito de “Luz no Caminho”

para que alarguemos, dentro de nós, ainda mais, o entendimento do espírito do

Evangelho!

LUIZ ANTONIO MILLECO FILHO

Page 5: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

APRESENTAÇÃO

Existem certas obras em todos os tempos que bem podem ser consideradas

como Escrituras, iguais às Bíblias de todas as religiões. Uma dessas, ainda

não muito conhecida, é a obra “Luz no Caminho”; seus autores, em realidade,

estão no Plano Espiritual, e o grande Instrutor, conhecido sob o nome de

Hilarião através da mediunidade de Mabel Collins, é o seu principal divulgador.

Autêntica obra de auto-iniciação ela pode ombrear com quantas obras se

tenham escrito sobre o assunto em todos os tempos, até porque, segundo seus

estudiosos, é ela quase tão antiga quanto o homem. Embora só a partir de

1885 tenha sido revelada ao público, era já conhecida desde tempos pré-

históricos.

Debruçar-nos-emos sobre ela a ver se conseguimos digerir, juntos, o saboroso

fruto que nela se contém.

Possa, ignoto amigo, essa obra chegar a ti qual mais uma clarinada, uma

clarinada de cima para despertar-te, para tornar-te consciente do teu destino

como ser eterno!

Delfos

Por Luiz Antônio Millecco

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1. ANTES QUE OS OLHOS ...

“Antes que os olhos possam ver, devem ser incapazes de lágrimas, antes

que o ouvido possa ouvir, deve ter perdido a sensibilidade, antes que a

voz possa falar na presença dos Mestres, deve ter perdido o poder de

ferir, antes que a alma possa ficar de pé na presença dos Mestres, deve

ter os pés lavados no coração”.

“Luz no Caminho – Aforismos I a III”

“Antes que os olhos possam ver...”

De que maneira vês tu o mundo? De que maneira vês tu a vida? Para alguns, a

vida é um devaneio e o mundo um parque de diversões; para outros, a vida é

um tormento e o mundo um vale de lágrimas; para outros, ainda, a vida é um

curso cósmico e o mundo uma escola.

Em que grupo te situas? Estarás dentre aqueles que se divertem, entre aqueles

que matam o tempo, entre aqueles que se alienam voluntariamente, para não

enlouquecerem compulsoriamente, ou te situarás entre aqueles cuja vida é um

contínuo e eterno aprendizado, entre aqueles que buscam fazer do transitório o

eterno ser? Se estiveres entre os que se divertem, sabe que, um dia, serás

compelido a entrar em ti mesmo, serás como o filho pródigo ao menos pelo

salário devido aos diaristas de teu pai; passarás, então, das diversões para a

conversão. O homem que se diverte alheio a si mesmo, não consciente de sua

unidade com o Cosmos, é como folha solta ao vento; o homem que se converte

sabe que é uno com toda a vida e que a vida é parte dele; as diversões são as

caricaturas da felicidade, a conversão é a felicidade sem caricaturas e sem

ilusões.

“Antes que o ouvido possa ouvir...”

Como funciona a acústica de tua alma? Como te situas entre os viajores do

mundo? Como quem nada percebe, como quem tudo percebe à luz dos seus

caprichos pessoais, ou como quem tem sede de Infinito e sabe aquietar-se

para Lhe adivinhar os lampejos entre todas as coisas ? Se nada percebes, és

como alguém que caminha às tontas, olhos e ouvidos vedados, todos os

sentidos paralisados. Esse alguém pensa que vive mas, na realidade, apenas

Page 7: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

existe; se percebes de acordo com os teus caprichos pessoais, então, é

necessário que estabeleças uma diferença nítida entre conceber e perceber.

Quem apenas concebe é alheio à realidade, porque a realidade para ele há de

amoldar-se aos seus interesses; quem, sobretudo, percebe está enquadrado

na realidade, porque para ele a realidade está acima do seu ego físico, mental

e emocional.

É evidente que tuas percepções não estarão de todo libertas de tuas

concepções ENQUANTO FORES APENAS UM HOMEM; no entanto, quanto

mais nitidamente perceberes, mais verdadeiramente conceberás, quer dizer,

quanto mais a realidade te surgir tal qual é, e quanto mais se abrirem os teus

canais de percepção, tanto mais as tuas concepções individuais serão,

gradativamente, substituídas pelas concepções universais.

“Antes que a voz possa falar...”

A palavra é um dos mais preciosos e perigosos dons; com a palavra podes ferir

ou curar, com a palavra podes perturbar a evolução ou acelerá-la. De que

maneira falas: como quem pontifica ou como quem edifica? Se falas como

quem pontifica, prepara-te para as mais angustiosas decepções, porque todos

os “pontífices”, com suas verdades definitivas, serão reduzidos a zero, mas, se

falas como quem edifica, ajudas a ti mesmo e ao próximo, porque desenvolves

a tua Natureza Divina e estimulas a Natureza Divina em quem te ouve.

“Antes que a alma possa ficar de pé...”

Para onde te levam os pés, para as alturas ou para os abismos? Onde

caminhas: na montanha ou na planície? Se teus pés te conduzem às alturas,

bem aventurado és; se te levam aos abismos, quão difícil te será mais tarde

reconquistar as alturas...

“Ter os pés lavados no sangue do coração”...

Os pés são como material de escoamento de todas as tuas impurezas astrais;

teus pés te fazem ficar ereto e também te ajudam a libertar-te das sujidades

psíquicas que o caminho evolutivo ou os atritos com o mundo acumulam em

tua aura. Lavar os pés no sangue do coração para poderes permanecer ereto

na presença dos Mestres ou na presença do Mestre dos Mestres, que está em

ti, é aceitar os desafios do dia-a-dia, é crescer a cada evento, a cada problema,

ou a cada acontecimento alegre ou triste. Aprende a lavar os pés no sangue do

coração e todo o teu ser ficará limpo.

Page 8: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

2. MATA A AMBIÇÃO...

“A ambição é a primeira das maldições, a grande tentadora do homem

que se eleva acima de seus semelhantes. É a forma mais simples de

buscar a recompensa; homens de inteligência e poder são por ela,

continuamente, desviados de suas possibilidades superiores, no entanto

é uma instrutora necessária, seus resultados tornam-se pó e cinza na

boca; como a morte e o retraimento, ela mostra, por fim, ao homem que

trabalhar para o eu é trabalhar para o desapontamento.”

Luz no Caminho – Item 1

O profano busca saciar nos finitos a sua sede de Infinito; o iniciado sabe que só

o Infinito pode dessedentá-lo; o profano sobe inúmeras escadas no mundo

externo para concluir que não caminhou sequer um milímetro; o iniciado

ascende a todas as alturas do mundo interno, e quanto mais alto sobe, mais

alto quer subir; o profano busca evidenciar coragem penetrando a profundeza

de oceanos e abismos externos; o iniciado tem a coragem suprema e

verdadeira, porque mergulha nas profundezas de seu próprio mundo interno a

fim de buscar o tesouro oculto, a pérola escondida; o profano vai em busca de

todos os ruídos do mundo a fim de aturdir-se; O iniciado segue em procura dos

silêncios profundos de si mesmo a fim de iluminar-se.

Mata a ambição! Adverte-nos o autor de que essa regra não deve ser

abandonada de imediato, é que o ego físico, mental e emocional, quando se vê

derrotado, assume características próprias, é como o camaleão que toma as

cores e tonalidades do ambiente, é como líquido que assume a forma do vaso

que o contém. O iniciado deve estar alerta contra essas armadilhas, porque

não são raras as ocasiões em que pensamos estar à busca do Infinito quando,

na realidade, o que desejamos é algum céu que nos felicite depois da morte.

O Infinito, o Reino de Deus, é aqui e agora, dentro de cada ser, o resto é

consequência.

Page 9: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

3. MATA O DESEJO...

“Mata o desejo de viver, mas respeita a vida como os que a desejam.

Mata o desejo de conforto, mas sê feliz como os que vivem para a

felicidade”.

Luz no Caminho – Itens 2 e 3

Mata o desejo de viver na superfície para que possas viver nas profundezas de

ti mesmo. Mata o desejo de conforto externo para que possas obter a paz

interna.

Se vives na superfície, não vives, apenas existe, do verbo existere (estar do

lado de fora). Se vives nas profundezas, então tua vida é plena, porque

deixaste a existência superficial e demandaste à Essência Universal. Se fazes

do conforto superficial o teu Senhor, não és digno de ti mesmo, porque te

deixas possuir pelas coisas externas. Se fazes da Paz Universal e Cósmica a

tua meta, então, te apoderaste da tua herança, porque partiste em busca da

realidade interna. Não procedas, porém, como os trânsfugas da evolução, eles

presumem que, por se afastarem das coisas externas, garantem sua

segurança interna; no entanto, não é essa a realidade. Quanto mais fogem do

exterior, mais o exterior os persegue; quanto mais buscam o interior, fugindo do

mundo, mais o interior foge deles. Busca a vertical do Espírito, mas não ignores

a horizontal da matéria. É verdade que a matéria não causa o Espírito, mas

também é certo que ela é condição para que o Espírito emerja em toda a sua

pujança.

Page 10: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

4. PROCURA NO CORAÇÃO...

“Procura no coração a raiz do mal e arranca-a. Ela vive e frutifica no

coração do discípulo devotado, como no do homem de desejos. Só o

forte pode matá-la; o fraco tem de esperar que ela cresça, frutifique e

morra...

Estimula as energias de tua alma para essa empresa, não vivas no

presente nem no futuro, e sim no Eterno.”

Luz no Caminho – Item 4

És um viajor do Infinito, a evolução não é uma chegada e sim uma jornada.

Iniciou-se um dia e não sabes quando chegará seu fim, nem pode sabê-lo,

porque seu fim jamais chegará. Quando aportaste ao reino dos homens,

trouxeste contigo todas as indumentárias que adquiriste nos outros reinos.

Algumas delas, porém, já não te são necessárias e te apegas a elas como se

elas te garantissem a própria vida, e te fixas nelas como se nada mais

houvesse além de seus limites. Procura detectá-las, vai aos porões de ti

mesmo, busca essas ervas daninhas e faze delas algo de proveitoso; o veneno

que traz a morte, em dozes adequadas, pode promover a vida. Não és produto

do passado nem um bandeirante do futuro, mas um filho do Eterno. Fixa-te no

Eterno e compreenderás a tua própria natureza íntima; fixa-te no Eterno e

inúmeros mistérios dissipar-se-ão diante de ti e dentro de ti.

Page 11: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

5. MATA TODO SENTIMENTO

“Mata todo sentimento de separatismo. A veste maculada, que hoje te

repugna tocar, pode ter sido a tua de ontem, ou pode ser a de amanhã; e

se dela te desviares com horror, quando lançada sobre os teus ombros,

mais estreitamente aderirá a ti. O Homem que se tem por justo cria para si

mesmo um leito de lama. Abstém-te, porque é reto abster-se, não para te

conservares limpo.”

Luz no Caminho – Item 05

Não és um ser à parte no esquema da vida. A história da humanidade em que

vives teve e tem a tua contribuição. És partícipe de todas as grandezas e

misérias do teu mundo. Não há evento, não há circunstância em ti ou à tua

volta que não contenha algo dos teus pensamentos, das tuas emoções, da tua

atitude. Lembra-te sempre: és co-criador da sociedade e do mundo; podes

transformá-los ou deformá-los. Se os deformas, com eles te precipitas nos

abismos de tuas próprias trevas e das trevas deles. Se os transformas, todos

eles e toda a natureza caminham contigo para frente, para cima. Deformar é

distorcer as formas; reformar seria remodelá-las e fortalecê-las; transformar é

mudar de forma. Entre a deformação, a reforma e a transformação, opta pela

transformação, porque se transformar é crescer e crescer é lei da vida.

Page 12: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

6. MATA O SEPARATISMO...

“Mata todo o sentimento de separatismo, no entanto, conserva-te só e

isolado, porque nada do que é corporificado, nada do que tem sentimento

de separatismo, nada do que esteja fora do Eterno pode vir em teu

auxílio.”

Luz no Caminho – Item 5 e 8

É verdade que és uno com todos os seres. É verdade que não caminhas

isolado das criaturas de Deus, mas também é certo que tua evolução é só tua.

Quando caminhas, impeles outros a caminharem contigo e, por sua vez,

outros, quando caminham, te impelem a caminhar com eles; no entanto, se é

verdade que vos impelis uns aos outros a caminhar, também é certo que

jamais podereis compelir uns aos outros a fazê-lo. Impelir é estimular, compelir

é arrastar. As experiências, que vives, podem fazer-te produzir frutos

sazonados que alimentarão os outros, todavia é impossível comunicar aos

outros a tua própria experiência.

Não dependas deles para crescer, não te apegues ao exterior, coisas ou

pessoas para ser feliz. Sê feliz com a felicidade que possa ser construída por ti.

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7. MATA O DESEJO DE SENSAÇÃO

Luz no Caminho – Item 6

Nas periferias do seu ser, o homem gira em torno de duas forças igualmente

catastróficas, se não for ele um senhor delas, e sim seu escravo; chamam-se

complementares essas duas forças – sensação e sentimentalismo. A sensação

o faz possuído pelas coisas externas, o faz girar em torno do que o estimule, o

faz dependente como aqueles que precisam das drogas para alienar-se de si

mesmos. O sentimentalismo fá-lo escravo das suas próprias emoções, obriga-o

a viver ao sabor dos seus impulsos, sem discernimento entre o que é e o que

não é, entre o real e o irreal. Para além da sensação, para além do

sentimentalismo, existe o sentimento.

A sensação leva para o exterior, o sentimentalismo, embora um tanto mais

interior, é ainda complemento da sensação; o sentimento revela atitude interna.

Não te esqueças: do sentimento para o sentimentalismo, do sentimentalismo

para a emoção e da emoção para a sensação, a distância pode ser de um

milímetro,(1) no entanto a sensação e a emoção podem também ser teus

Mestres. Observa-as e elas próprias te ensinarão como superá-las. Porta-te

como um espectador de ti mesmo e colocarás os teus pés no primeiro degrau

do auto conhecimento, porém não te enganes: se não mantiveres o contato

necessário com o teu Eu Superior, com o teu Emmanuel (Deus conosco), com

o teu Cristo Interno, observar as emoções e as sensações será mergulhar num

labirinto do qual dificilmente poderás sair.

(1) Nota do médium: Ao falar de sentimentalismo, o autor espiritual não se refere,

propriamente, ao romantismo piegas, mas ao impulso emocional ou à paixão descontrolada,

seja pelo que for.

As sensações e as emoções são uma projeção do teu ego luciférico; se

encaradas com virilidade e com vigor espiritual, elas serão “portadoras da luz”,

porém, se te perderes em seu labirinto, então, o teu Lúcifer se transformará em

Satanás, adversário, contrário ao Cristo, e promoverá a tua “perdição”.

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8. MATA A ÂNSIA DE CRESCIMENTO

Luz no Caminho – Item 07

Como é que vês, tu, o crescimento? Que entendes por essa palavra? Se

cresces tendo em vista o teu tamanho, se cresces objetivando os espaços a

conquistar fora de ti, sabe que não passas de um pigmeu. Se, porém,

mergulhas na aventura do crescimento com sede do Infinito, se o crescimento

por si próprio e não por ti é a tua meta, então és bem-aventurado.

Page 15: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

9. DESEJA O QUE ESTÁ DENTRO DE TI

“Deseja somente o que está dentro de ti. Deseja somente o que está para

além de ti. Deseja somente o que é inatingível, pois dentro de ti está a luz

do mundo, a luz única que pode ser projetada sobre o caminho. Se fores

incapaz de percebê-la dentro de ti mesmo, é inútil procurá-la em outra

parte...”

Luz no Caminho – Item 9 a 12

Que é o desejo?

Alguns o consideram como uma maldição, outros o julgam indispensável ao

crescimento espiritual. Em verdade, o desejo é a mola propulsora sem a qual

não existiria vida. Que fazes, porém, dos teus desejos? São eles os teus

senhores ou és tu o seu senhor? Para onde os encaminhas: para as baixadas

e planícies, ou para as montanhas? Para as periferias e superfícies, ou para as

profundezas?

Disse o autor dos Mestres da Humanidade: – “Buscai primeiro o Reino de Deus

e sua justiça, ou justeza, ou harmonia e todas as coisas vos serão

acrescentadas”. Se queres fecundar os teus desejos, afasta-te deles e deseja o

essencial e não o existencial; se queres fecundar os teus desejos, não faças

deles a tua meta; transforma o Infinito na meta de todos os teus desejos finitos.

Os finitos passam, o Infinito permanece, mas o Infinito pode fecundar todos os

finitos. Quando não são fecundados pelo Infinito, os finitos não passam de

vácuos, de zeros sem o indispensável um. Quando são fecundados pelo

Infinito, todos os finitos se infinitizam, porque são valorizados pelo um que

fecunda todos os zeros.

Page 16: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

10. DESEJA ARDENTEMENTE O PODER

“Deseja ardentemente o poder. Deseja fervorosamente a paz. Deseja

posses acima de tudo, porém essas posses devem pertencer à alma pura

somente e, portanto, ser possuídas igualmente por todas as almas

puras...”

“A paz que deves desejar é a paz sagrada que nada pode perturbar e no

seio da qual a alma cresce, como cresce a flor santa à superfície das

águas tranquilas, e o poder que o discípulo deve cobiçar é aquele que o

fará aparecer como nada aos olhos dos homens.”

Luz no Caminho – Itens 13 a 16

Possuís ou és possuído? Alguns dizem que a propriedade é um roubo, outros

afirmam que a propriedade é um direito, no entanto, à luz do Evangelho, a

propriedade é um depósito. Se tens em mãos bens materiais, só terás direito a

esses bens na medida em que os faça circular; se eles não circulam, se estão

trancados em teus cofres fortes, se julgas que te pertencem e só a ti, então és

um escravo deles; tu não os possuis, mas eles, sim, te possuem por inteiro. Ser

possuído é perder e perder-se. Possuir é libertar e libertar-se. Que paz

procuras? Podes procurar a paz dos lagos ou a paz das cachoeiras; a paz dos

lagos, aparentemente silenciosa, traz em seu seio a lama e a corrupção; a paz

das cachoeiras, aparentemente ruidosa, leva consigo a dinâmica da vida.

Mergulha na paz dos lagos e todo o teu ser se transformará num arruinado

campo de batalha; mergulha na paz das cachoeiras e todo o teu ser entrará na

dinâmica silenciosa do próprio Universo.

Page 17: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

11. PROCURA A SENDA

“Sê avisado: A Senda deve ser buscada por amor dela própria e não

tendo em conta os teus pés que hão de trilhar.”

Luz no Caminho – Item 17

Para que buscas o caminho? Para que teus pés se regalem pisando o

aveludado da grama, ou para que se fortaleçam pisando em espinhos?

Para que procurar a senda? Queres chegar a algum lugar? Então, sabe que

ainda não a procuras. Senda é igual à evolução e evolução não é chegada e,

sim, jornada. Para que buscar a senda? Tendo em vista o futuro? Então,

compreende que não a buscas. A senda não cogita do futuro nem do passado,

nem do presente; a Senda é a busca do eterno. O eterno já está dentro de ti,

aqui e agora; não espera de ti em algum além longínquo, está dentro de ti, no

grande aquém propínquo de tua própria alma.

O passado já se foi, o futuro nunca vem, o presente é uma ilusão; só o eterno é

a realidade absoluta. Teu ego físico, mental e emocional sabe construir

armadilhas, ciladas. Não raro, quando pensas que buscas a senda, o que

buscas é, na realidade, o caminho das periferias, o caminho que satisfaz às

tuas vacuidades externas, mas que não preenche a tua vacuidade interna.

Page 18: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

12. BUSCA A SENDA...

“Busca a senda esvaziando-te, para que a Divindade te plenifique.

Busca a senda indo ao encontro de ti mesmo, indo ao encontro do Deus

do mundo, que está dentro de ti mesmo, e do mundo de Deus que está

fora de ti.

Busca a senda mergulhando nas gloriosas e misteriosas profundezas do

teu próprio ser. Busca a senda avançando ousadamente para o exterior...”

Luz no Caminho – Itens 18 a 20

Não podes caminhar fragmento a fragmento. Não podem as mil e uma

partículas, em que a civilização te dividiu, caminhar cada uma por si. É

necessário que tudo se reúna dentro de ti. É necessário que esse Universo

multifacetado, que é teu próprio ser, emerja do caos da diversidade para o

Cosmos da unidade.

Já, há muitos milênios, emergiste da monotonia do indiferenciado para o caos

do diferenciado; agora, deves continuar emergindo do caos da diferença para o

Cosmos da unidade. A monotonia fazia de ti uma massa homogênea, a

diversidade fez de ti um ser esquizofrênico, retalhado, fracionado. A unidade

fará de ti um ser cósmico, univérsico; as facetas do teu Universo, não mais

distanciadas umas das outras ou escondidas umas das outras, acabam por

tornar-se o maravilhoso caleidoscópio de tuas faculdades superiores.

A senda há que ser buscada, mas para encontrá-la é necessário que toda a

natureza se lance à sua busca; aliás, é necessário que te faças achável pela

Divindade, porque ela já está dentro de ti e precisa penetrar os compartimentos

que ainda conservas fechados em teu próprio ser. Enquanto não os abrires por

tuas próprias mãos, enquanto não partir de ti a iniciativa de encontrá-los, não

penetrará neles o sol da Divindade; eles permanecerão obscurecidos, em

trevas.

Se queres a senda, aceita tudo que ela te propõe dentro e fora de ti. Se queres

a senda, enfrenta todos os desafios que ela te lança fora e dentro de ti. Se

queres a senda, não te julgues detentor apenas de uma faceta de ti mesmo;

busca a senda conhecendo tudo o que existe dentro de ti; busca a senda

administrando todos os compartimentos de teu próprio ser; busca a senda

Page 19: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

transcendendo ao teu ego físico, mental e emocional, não para pisá-lo ou

sufocá-lo, mas para redimi-lo.

Diante dos desafios que te busquem, diante dos apelos que teu ego físico,

mental e emocional faz aos teus sentidos, podes adotar a conduta do alienado

que se esconde, a conduta do fraco que se entrega, ou a conduta do sábio que

observa. O alienado, por esconder-se, não tem consciência de si mesmo e

acaba devorado pelos próprios monstros que gerou; o fraco, por entregar-se,

acaba triturado por suas próprias engrenagens; o sábio, ao compreender suas

fraquezas, entende também a dos outros e se transcende.

Page 20: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

13. BUSCA A FLOR...

“Busca a flor que desabrocha em meio do silêncio que se segue à

tormenta, não antes; ela crescerá, lançará renovos, deitará ramos e

folhas, formará botões, enquanto a tempestade prosseguir, enquanto

perdurar a batalha...”

Luz no Caminho – item 21

A flor está dentro de ti. Nas profundezas silenciosas de teu ser, ela se

desenvolve, agita-se, cresce, para, mais tarde, empolgar com seu perfume,

com as suas pétalas, com a sua presença, todas as periferias de tua

personalidade, de teu ego físico, mental, emocional. A flor, lótus no Egito, rosa,

lírio ou margarida no Ocidente, a flor da alma, és tu mesmo. É o teu Emmanuel,

Deus conosco, é o Redentor que te redime de dentro, é a luz que te

acompanha desde o início. Um dia, ela desabrochará por inteiro; só então

conseguirás perceber os efeitos produzidos pela tempestade que desabou

sobre ti durante o elaborar-se da flor.

A tempestade pode ter sido terrível, milhares de castelos construídos por tuas

fantasias podem ter ruído, implacavelmente, como castelos de cartas; teus

sonhos mais caros podem ter sido frustrados, mas quando a flor, que és tu,

emergir de ti, quando te perceberes uno com a fonte dos Universos, quando

souberes quem és ou quando, ao menos, começares a ter vislumbres dos

primeiros lampejos do grande sol que há de raiar dentro de ti, então, todas as

tuas frustrações, todo o desmoronar-se de teus castelos mais queridos, tudo

quanto te pareceu desgraça, desordem, desarmonia, será compensado pela

única felicidade imperturbável, aquela que depende de ti e da divindade que se

esconde em ti. Faze dentro de ti o silêncio da espera; aguarda que a flor,

silenciosamente, se desenvolva no jardim de tua alma. Um dia, quando menos

esperares, serás surpreendido por sua aparição miraculosa; então perceberás

que valeu a pena haver sofrido e esperado.

Page 21: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

14. O ABRIR DA FLOR...

“O abrir da flor é o glorioso momento em que a percepção desperta. A

pausa da alma é o instante de admiração e o momento de satisfação que

se lhe segue, eis o silêncio. Sabe, ó discípulo, que aqueles que passaram

pelo silêncio sentiram sua paz e retiveram sua força, anseiam que tu

também passe por ele”.

Luz no Caminho – Nota ao item 21

O silêncio é, por excelência, a linguagem da Divindade. O ruído é dos homens,

o silêncio é de Deus. O ruído confunde e aturde, o silêncio esclarece e liberta.

Einstein, um dos maiores gênios da nossa Humanidade no século XX,

costumava afirmar: – “Penso noventa e nove vezes e nada descubro; paro de

pensar e mergulho em profundo silêncio, e eis que a verdade me é revelada”.

Os trânsfugas da vida adoram os ruídos, aturdem-se com os ruídos,

precipitam-se no barulho. Os que buscam a vida afastam-se dos ruídos; pode a

trovoada roncar à sua volta, podem mil e um tufões abalar o mundo que os

cerca, pode a terra tremer sob seus pés, mas eles sabem buscar o silêncio

dentro de si. Nesse profundo silêncio eles percebem a essência e a natureza

das coisas; nesse profundo silêncio, dá-se, dentro deles, o nascimento do

Cristo, o encontro de Canaan, de Shambala, de Shangri-la, a descoberta da

verdadeira felicidade que é o Reino de Deus, o Reino de Deus dentro de vós. A

partir desse silêncio, todos os ruídos se harmonizam e adquirem linhas

melódicas de beleza incomparável. O silêncio fecunda todas as periferias da

alma, o silêncio arrebata a alma do tumulto em que ela própria mergulhou por

sua vontade. Os barulhos atrofiam e matam, o silêncio eleva e ressuscita.

Se já escutaste, alguma vez, a voz do silêncio, nunca mais serás o mesmo.

Podem teus pés conduzir-te a caminhos distintos, podem os teus caprichos

desviar-te da senda, podem as armadilhas do teu ego físico, mental e

emocional enredar-te; um dia, o silêncio trovejará dentro de ti onipotente,

ensurdecedor e, esmagado por ele, serás como que reabsorvido pelas grandes

correntes do Infinito. Regressarás, filho pródigo, rebelde à Casa do Pai que te

espera, não em algum céu longínquo e desconhecido, não em mansões ou

estâncias para além de ti mesmo, mas dentro de ti, nos mais recônditos de tua

alma, nos abismos mais profundos de teu ser, e Ele mandará matar para ti um

novilho cevado, cevado por ti mesmo durante tua peregrinação pelas sombras,

Page 22: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

e colocará no teu dedo o anel da reconciliação e do casamento cósmico, e

colocará sobre teus pés novas sandálias, porque agora pisas novo caminho

Page 23: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

15. A MENTE PODE CONHECER A VERDADE

“A mente pode reconhecer a verdade, porém o espírito não a pode

receber. Desde que tenha passado pela tormenta e atingido a paz, então,

é sempre possível aprender...”

Luz no Caminho – Nota ao item 21

Que pensas da tempestade?

Que é o que sentes quando ela se desencadeia à tua volta?

Que é o que escutas quando ela ruge implacável? Será que a percebes por ela

mesma, ou pelo que ela traz subjacente em si? Será que te deténs nas

destruições eventuais ou na renovação total que vem depois? A tempestade é

teu teste e é teu desafio; ela te prepara para a bonança, ela abre os canais de

tua alma para compreenderes o que só depois dela pode ser apreendido.

Milênios e milênios se escoaram sobre ti, centenas e centenas de séculos

passaram sobre a tua rebeldia, milhares e milhares de anos transcorreram

sobre a teimosia em que permanecias, até que a tempestade veio despertar-te.

Agora, teus sentidos estão apurados, os olhos de alma estão abertos, as

tenazes do ontem já não mais te prendem, e tuas asas estão aptas não aos

vôos do futuro, mas ao singrar do Eterno. Apresta-te para essa grande

aventura! Sê um ousado bandeirante de ti mesmo! Lança-te nos mares

tempestuosos mais dinâmicos de tua própria alma e na profundeza desses

mares cuja superfície é turbulenta e encontrarás a ti mesmo no Absoluto, em

Deus.

Page 24: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

16. A MINHA PAZ VOS DOU...

“A minha paz vos dou” pode ser apenas dito pelo Mestre aos discípulos

que são Ele mesmo.”...

Luz no Caminho – Nota ao item 21

Durante o período de permanência do Cristo entre nós, foi Ele envolvendo, aos

poucos, seus discípulos. Foi-se estabelecendo uma imantação entre Ele e

aqueles que O seguiram desde o início de sua jornada terrena. Por ocasião da

partida do Mestre e de seu ressurgimento dentre os mortos, essa imantação se

aprofundou, chegando ao seu clímax na radiosa manhã do Pentecostes. Só à

hora da partida pôde Ele dizer aos discípulos: – “A paz vos deixo, a minha paz

vos dou. Eu não vo-la dou como a dá o mundo”. No entanto, essa paz

empolgou todo o coração daqueles homens simples na manhã inesquecível em

que as línguas de fogo lhes pousaram sobre as frontes, em que o vento

impetuoso soprou sobre o local em que estavam reunidos e que uma força

estranha os levou a falar em outras línguas, estabeleceu misterioso elo

telepático entre eles e a multidão que os cercava. A partir daí, a paz do Cristo,

que não é semelhante à paz do mundo, de tal maneira habitou aqueles

corações que, paradoxalmente, os capacitou para a luta, a luta pelo ideal que

os irmanava, a luta pela proclamação daquele Evangelho que havia sido já

regado pelo sangue do Cristo, a luta pela difusão da Sabedoria Cósmica, da

qual o Divino Logos se fez a encarnação suprema.

Page 25: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

17. DO SEIO DO SILÊNCIO...

“Do seio do silêncio, que é a paz, uma voz ressonante surgirá, e essa voz

dirá: – Não está bem; colheste, agora deves semear. E sabendo que essa

voz é o próprio silêncio, obedecerás”.

Luz no Caminho – II Parte – Introdução

Para além do ruído produzido pelo vento impetuoso, subjacente às línguas de

fogo que pousaram sobre cada um dos Apóstolos, estava a grande voz do

silêncio que eles ouviram naquela gloriosa manhã. Paradoxal que pareça, eles

que clamavam em alta voz, eles que falavam em várias línguas, eles que

estabeleciam o tumulto salutar que sacudiu a quantos os ouviram, eles, os

Apóstolos, atônitos, ouvindo, em seu interior, a voz do silêncio. E, porque a

ouviram, não mais puderam calar-se; e, porque a ouviram, tiveram que gritar

alto e bom som o que lhes ia na alma, e porque a ouviram, ousadamente

falaram da crucificação do Cristo, da Sua Ressurreição, da Sua Misericórdia e

da imperiosa necessidade que todos temos de render-nos a Ele.

Naquela gloriosa manhã do Pentecostes, tudo mudou no mundo. O profeta Joel

viu coroado de êxito os seus vaticínios. Toda carne era bafejada pelo Espírito

divino, os anciãos sonhavam, os jovens e as crianças profetizavam.

Naquela gloriosa manhã, teve início a mais profunda, a mais solene, a mais

extraordinária de todos as revoluções – a revolução do espírito.

Tentaram os homens sufocá-la, desviar do seu rumo o caudaloso rio, mas os

séculos transcorreram e Ei-lo que ressurge nos dias atuais impetuoso,

irresistível, avassalador em sua marcha, mas nada destrói senão aquilo que

está petrificado, estratificado.

O rio caudaloso do Espírito Divino, a chuva potente, que se derrama do céu,

visita a quantos se abram para ela e enche de poder a quantos se lhe

entregam.

Page 26: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

18. BUSCA O GUERREIRO...

“Busca o guerreiro e deixa-o combater em ti.

Recebe suas ordens para a batalha e obedece-lhe.

Obedece-lhe não como a um general, mas como se ele fora tu mesmo, e

como se suas palavras fossem a expressão verbal de teus secretos

desejos...”

Luz no Caminho – II Parte, itens 02 e 03

Desde o início da trajetória que empreendes, desde sempre teu ser vem

sofrendo um processo de esfacelamento e, ao mesmo tempo, vem-se

transformando em pavoroso campo de batalha. Foi dessas guerras de dentro

que surgiram todas as grandes guerras de fora. Agora, precisas lançar-te a

uma guerra diferente, à guerra da paz dentro de ti. É necessário empreendê-la

de modo corajoso, porque são grandes e solertes os inimigos a enfrentar e

vencer.

Quando pensas que os abateste, ei-los que ressurgem com vestimenta nova,

com armamentos sofisticados, para enredar-te em suas malhas, para derrotar-

te, se possível, em definitivo. É, então, necessário, que alguém, infinitamente

mais sábio que tu, assuma o comando. Algum estratego infalível, que conheça

todas as artimanhas do adversário, algum general de fibra inquebrantável que

possa comandar todas as tuas ações, algum guerreiro que não erre um só

golpe, como nos sugere o texto.

Esse guerreiro, porém, é diferente dos guerreiros da Terra. Estes trucidam,

não raro torturam, recolhem os despojos e os espólios, aquele ilumina,

transforma, transmuta, realiza a alquimia que sempre foi buscada pelos sábios.

Este guerreiro está dentro de ti, é o teu próprio Ser Divino e, ao mesmo tempo,

é transcendente ao teu ser. Está engastado nas profundezas de tua alma e dali

penetra todas as periferias do teu ego físico, mental e emocional. É mister

buscá-lo, deixar que Ele combata.

Teu ego físico, mental e emocional não pode aliar-se a ti, há de ser comandado

por ti. Ele é frágil, e o guerreiro é poderoso.

Ele é indeciso e o guerreiro sabe o que quer.

Page 27: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

Ele é dissociado, o guerreiro é uno. Se te unes ao guerreiro, tudo te irá bem.

Se te unes ao guerreiro, todos os teus problemas encontrarão solução

adequada.

Se te unes ao guerreiro, não há porque te preocupares com o desgaste, com o

esvair-se das forças, com as consequências funestas da guerra.

Não te esqueça: Ele é o guerreiro da paz e só destruirá aquilo que precise ser

destruído, mas a destruição será apenas para a forma, porque o essencial

aproveitável continuará contigo por toda a Eternidade.

Page 28: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

19. ESCUTA O CANTO DA VIDA

“Escuta o canto da vida.

Procura-o, escuta-o primeiro em teu próprio coração...

Existe uma melodia natural, uma fonte obscura em todo coração humano.

Pode estar oculta e por completo escondida e silenciosa, porém ali está;

na própria base de tua natureza encontrarás a fé, a esperança e o amor...”

Luz no Caminho – II parte. Nota do item 05

Ao leres estas páginas, ignoto amigo, dirás que a vida é repleta de

dissonâncias, que não é possível ouvir-lhe o canto porque este canto não

existe, que por todos os lados espouca a violência, irrompe o ódio.

Em primeiro lugar, não confundas a vida com aqueles que a enfeiam, que a

deformam. Em segundo lugar, tenta perceber o sentido das dissonâncias.

Sabes que os grandes gênios, como Beethoven, aproveitam as dissonâncias e

as transformam em gloriosas consonâncias.

Os acordes, em que a dissonância se faz presente, são mais ricos e mais

profundos porque são acordes, estão em acordo, sabem aproveitar o que é

aparentemente díspare e transformar esta disparidade em harmonia.

Busca entender o sentido das dissonâncias e entenderás, também, o canto da

vida. Busca, porém, esse entendimento dentro de ti mesmo e não fora. Busca-o

não na erudição periférica ou do teu ego físico, mental e emocional, mas na

sabedoria profunda do teu Eu Divino, e, então, tudo te virá por acréscimo

natural, espontâneo.

Page 29: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

20. GUARDA A MELODIA...

Guarda na memória, a melodia que ouvires.

Aprende dela a lição da harmonia.

Só fragmentos do grande canto te chegarão ao ouvidos enquanto fores

apenas um homem. Se, porém, os escutares, recorda-os fielmente, a fim

de que nada do que a ti chegou fique perdido...

Luz no Caminho – parte II. Itens 06 e 07

Sabes por que te é tão difícil escutar o Canto da Vida?

Sabes por que te é quase impossível perceberes o significado desse canto?

É que ainda não te consideras parte dele. Ensinaram-te que és um réprobro,

pecador, um culpado, que mereces a ira de Deus e que precisas de uma alo-

redenção, para que te libertes de um pecado que não foi teu. És, no entanto,

um herdeiro do Infinito, és um cidadão do Cosmos. Sem ti o espetáculo do

Universo não estaria completo. Sem ti, faltaria alguém no grande

incomensurável panorama da vida Cósmica. Tu és alguém que faz falta, não

uma peça na engrenagem, mas alguém no conjunto. As engrenagens são

constituídas de matéria morta e tu és um espírito vivo. Não participas de uma

engrenagem, um conjunto de peças, que por si só nada significam, mas

compões um organismo onde cada elemento influi decisivamente sobre todos

os outros elementos. Deixa o guerreiro combater em ti, mas, para isso,

reconhece-te como parte da Harmonia Universal, como um instrumento através

do qual já, agora, não o guerreiro, mas o músico. Executa sua grande sinfonia

e o Maestro rege sua orquestra incomensurável.

Page 30: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

21. CONTEMPLA TODA A VIDA...

“Contempla ardentemente toda a vida que te rodeia.

Aprende a sondar inteligentemente os corações dos homens...”

Luz no Caminho – Parte II. Itens 09 e 10

De que maneira aprende o profano?

O profano acerca-se do conhecimento com a mente analítica.

O profano disseca o objeto a ser conhecido e, portanto, separa-se dele.

O profano considera-se à parte de tudo o que o rodeia, isola-se.

O profano mede tudo, observa tudo, apenas com os sentidos físicos e com as

informações que lhe transmite o seu ego físico, mental e emocional.

Ora, o ego físico, mental e emocional está obstruído pelos seus próprios

interesses, por aquilo que deseja e por aquilo que não deseja ver. O ego físico,

mental e emocional só busca as verdades que lhe interessam, por isso não

encontra a verdade que libertaria o homem.

De que maneira aprende o Iniciado?

O Iniciado não disseca, não analisa.

O Iniciado apreende o todo, sintetiza.

O Iniciado não se isola do objeto de seu aprendizado, identifica-se com ele.

O Iniciado não renuncia ao intelecto, mas ilumina o intelecto com a razão.

Razão, aqui, não se confunde com o intelecto. Razão, aqui, é logos, palavra,

intuição.

O profano reflete.

O Iniciado não apenas reflete, mas intui.

Page 31: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

22. NENHUM HOMEM É TEU INIMIGO...

“Nenhum homem é teu inimigo, nenhum homem é teu amigo, todos são

teus instrutores.

Teu inimigo torna-se um mistério, que deve ser resolvido, embora isso

exija idades”

Luz no Caminho – Parte II. Nota ao item 10

Como te instrui o teu amigo?

Teu amigo ensina-te a valorizar o calor da lealdade fraterna. Teu amigo ensina-

te quão doce é uma presença afetuosa, mormente nos momentos decisivos de

nossa evolução espiritual.

Teu amigo é um prelúdio do momento evolutivo em que mergulharás na

Consciência Cósmica. Tu estás identificado com ele como um dia estarás

identificado com todo o Universo.

Como te instrui o teu inimigo?

Teu inimigo mostra-te o teu calcanhar de Aquiles, os teus pontos fracos, aquilo

que, em ti, precisa de correção, de aparas.

Teu inimigo é o buril que te ajuda a embelezar as fealdades do teu ego físico,

mental e emocional.

Teu inimigo diz a ti que nem tudo em ti são flores, que é preciso remover os

espinhos.

Louva ao teu amigo e agradece ao teu inimigo.

Se queres, porém, apreender e crescer, quer com o teu amigo, quer com o teu

inimigo, não te deixes enredar pelas artimanhas do teu ego físico, mental e

emocional. Ele te dirá que teu amigo tem todas as virtudes, ele te dirá teu

amigo só deve ser louvado a todo momento, ele te dirá que teu amigo é a

melhor pessoa do mundo, justamente, por ser teu amigo.

Dir-te-á, também, que teu inimigo é alguém que deve ser eliminado, afastado

do teu convívio, reduzido a pó; dir-te-á, também, que teu inimigo possui todos

os defeitos, é mau, enquanto teu amigo e tu sois bons.

Page 32: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

Teu ego físico, mental, e emocional só vê o que quer, só sente o que quer, só

sabe o que quer, logo, não sabe, não vê, nem sente corretamente.

Teu amigo torna-se um mistério. É um livro aberto diante de ti; quanto mais o

lês, mais lês a ti mesmo e, ao mesmo tempo, mais percebes as características

únicas que somente ele possui. Teu amigo torna-se um mistério porque é um

ser em evolução, e todo ser em evolução contém os mistérios do próprio

Infinito. Teu inimigo é, também ele, um mistério. É, também, um livro aberto

diante de ti. Se te debruçares sobre suas páginas, verificarás que a inimizade

que nasceu entre ti e ele não surgiu apenas por culpa dele, mas também em

razão de tuas atitudes e de teus atos, sejam esses atos e essas atitudes

corretos ou não aos teus olhos.

Se, porém, ao tentares decifrar esse mistério, ao te aproximares de teu inimigo,

não fores por ele acolhido, então sabe que fizeste a tua parte. Se te tornaste

invulnerável, inofendível e envidaste todos os esforços para que teu inimigo te

perdoasse e ele se conservou ofendível e vulnerável, cumpriste o teu dever.

Deixa-o consigo mesmo e com Deus. Dia chegará em que, decifrando-se, ele

se compreenderá e, reaproximando-se de ti, também te entenderá.

A inimizade que vos separou adveio do fato de que tanto ele, quanto tu, vos

haverdes tornado vulneráveis, ofendíveis. Se ambos tiverdes a coragem de

reagir contra essa ilusão e vos reaproximardes, e vos reconciliardes, tanto

melhor para ti e para ele. Se, porém, um de vós permanecer estratificado em

sua teimosia e em seus caprichos, tanto pior para esse, porque terá que engolir

o veneno que ele próprio forjou, e terá de voltar à Harmonia do Universo à

custa de suor e lágrimas.

Page 33: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

23. SÓ UMA COISA É DIFÍCIL...

“Só uma coisa é mais difícil ainda de conhecer: o teu próprio coração.

Enquanto os liames da personalidade não começarem a se afrouxar, não

pode esse profundo mistério do eu começar a ser visto. Enquanto não te

mantiveres apartado dele, jamais se revelará ao teu entendimento; então,

e somente então, poderás assenhorear-te dele e encaminhá-lo. Então, e

somente então, poderás utilizar todos os teus poderes e consagrá-los a

um serviço digno.”

Luz no Caminho – Parte II. Nota ao item 10

Como te estudas?

Se deves aprender com teu amigo, se deves aprender com teu inimigo,

também deves aprender contigo mesmo.

Mas de que modo? Ainda, aqui, é mister que te acauteles contra as ciladas do

teu ego físico, mental e emocional.

Por quê? porque de duas, uma: ou ele te dirá que nada deves a ti mesmo e ao

Universo, que és alguém que tem direito a todos os prazeres, não importando

se esse direito implica em ignorares os direitos idênticos daqueles que

marcham contigo na mesma jornada de evolução, ou, ao contrário teu ego

físico, mental e emocional te fará crer que és, eternamente, pecador e culpado,

que nada mereces a não ser a dor, que nenhum direito te cabe a não ser o de

enfrentar, com resignação, as consequências do teu passado culposo.

Não creias em nenhuma dessas falácias. Repito-te, és um cidadão do Cosmos;

tua jornada está repleta de espinhos que tu mesmo espalhaste pelo caminho,

mas tuas mãos estão aptas a removê-los, ainda que com pequenos ferimentos.

Tens todos os direitos de um cidadão do Cosmos, mas esses direitos são,

igualmente, desfrutados pelos teus irmãos que jornadeiam contigo, na Terra e

em todas as paragens do Universo.

Se quiseres estudar-te, aprender contigo mesmo, faze-o a partir do centro de

tua própria alma. Esse centro iluminará todas as periferias e, imparcialmente,

ver-te-ás tal qual és, e poderás crescer para o Infinito.

Page 34: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

24. ESTUDA OS CORAÇÕES DOS HOMENS

“... Estuda os corações dos homens, a fim de que possas conhecer o que

é esse mundo em que vives e do qual queres fazer parte. Contempla a

vida que te rodeia e que constantemente se movimenta e muda, pois ela é

formada pelos corações dos homens e, à medida que compreenderes sua

constituição e significado, gradualmente irás sendo capaz de ler a palavra

maior da vida”.

Luz no Caminho – Parte II. Item 12

Diz a tradição egípcia que o Creador gerou o homem através da palavra. A

palavra é o conjunto de vibrações com que a mônada foi emitida; a palavra é o

potencial, são os atributos com que o Creador impregnou a sua creatura. És

detentor da palavra, ela te permeia desde que “saíste” da fonte central do

Universo, ela vai contigo vida em fora; é como se constituísses um conjunto de

acordes sonoros emitidos pelo Cantor Celeste.

Tu és uma sinfonia única, mas teus irmãos também são outras tantas sinfonias,

outros tantos acordes, outras tantas palavras proferidas pelo Creador.

O verbo, que no princípio estava com Deus, que no princípio era Deus e que se

fez carne através de Jesus de Nazareth, faz-se também carne através de toda

a Creação Divina, inclusive através de ti.

Aceita-te como uma emissão do Verbo Divino, aceita-te como alguém que faz

falta no conjunto do Universo, aceita-te como uma nota sem a qual não estaria

completa a sinfonia cósmica.

Page 35: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

25. A PALAVRA

“A palavra só vem com o conhecimento. Atinge o conhecimento e

atingirás a palavra”.

Luz no Caminho – Parte II. Item 13

Certamente, conhecimento é o que não falta na atualidade do mundo. Os

homens conhecem cada vez mais a estrutura atômica e sub-atômica; cada vez

mais conhecem os segredos da Genética; mais e mais se afundam no

conhecimento do espaço exterior. Todavia esses conhecimentos, reunidos

todos, não passam de um amontoado de zeros aos quais faltam o

indispensável um que lhes dará existência e valor reais.

É ao conhecimento desse um que a obra nos remete, se mergulharmos nas

profundezas de nós mesmos, se, diuturnamente, imergirmos nesse oceano

infinito de sabedoria, então, o um imanente em nós fecundará todos os zeros

exteriores a nós.

O um subjacente em tudo dará sentido a todos os zeros remanentes em tudo.

Page 36: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

26. OBTIDO O USO DOS SENTIDOS

“... Havendo obtido o uso dos sentidos internos, tendo vencido os

desejos dos sentidos externos, tendo vencido os desejos da alma

individual, e tendo obtido o conhecimento, prepara-te agora, ó discípulo,

para trilhar, realmente, a Senda. O caminho foi encontrado. Apresta-te

para trilhá-lo.”

Luz no Caminho – Parte II. Item 14

Todos os feitos heróicos a que se referem as lendas, os poemas épicos, os

mitos de todas as Nações, todas as lutas em que o ser humano se vê

empenhado para realizar grandes conquistas não se realizam fora, mas dentro

dele.

Já ouviste falar de inúmeras histórias, das guerras e dos guerreiros, dos heróis

e dos fatos heróicos, sabe, porém, com toda a certeza, que essas histórias,

antes de mais nada, falam de ti mesmo e do que se passa dentro de ti.

Tu hás de aprender os doze trabalhos de Hercules, tu hás de estar às portas

de Canaã, e só entrarás nela se abandonares o teu cajado e confiares n’Aquele

que havia impregnado de poder o teu cajado.

Tu peregrinarás por todos os desertos de ti mesmo, enfrentando mil e uma

peripécias, até chegares à terra que te foi prometida por Iavé, o Eu Sou, que

está dentro de ti.

De início, ve-lo-ás apenas como uma nuvem ou uma coluna de fogo; depois

senti-lo-ás plenamente, e plenamente realizarás o teu Eu Crístico.

Tua alma é o grande campo de batalha de Kurukshetra onde Arjuna havia de

enfrentar os usurpadores do trono.

Tua alma é o deserto onde serás tentado, onde teus princípios serão testados.

Tua alma é o Getsêmani de todas as tuas solidões; é nela que experimentarás

o vazio e a plenitude, é nela que descerás aos infernos de ti mesmo, e subirás

aos céus de ti mesmo.

Page 37: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

27. PEDE OS SEGREDOS

“Pede à terra, ao ar e à água os segredos que guardam para ti. O

desenvolvimento dos teus sentidos internos capacita-te para fazê-lo.

Pede aos santos da terra os segredos que guardam de ti. Indaga do mais

íntimo, do Uno, o segredo final que, através das idades, Ele guarda para

ti. A grande e difícil vitória, a conquista dos desejos, da alma individual é

obra de idades, portanto, não esperes obter a recompensa enquanto

idades de experiências não se acumularem. Quando chegar o tempo de

aprender esta 17ª regra, acha-se o homem no limiar de se tornar mais do

que um homem.”

Luz no Caminho – Parte II. Itens 15 a 17

Quanto mais se aproxima de sua divindade intrínseca, mais o homem entra em

comunhão com todos os seres, seus irmãos, sejam esses seres humanos, sub-

humanos, animais, vegetais ou minerais.

Além da comunhão com as criaturas suas irmãs, do seu nível e abaixo dele,

entra esse homem também em plena comunhão com todos os santos das mais

diversas e estranhas religiões, aquilo que foi chamado a Grande Fraternidade

Branca. Passa, então, esse homem a ser um membro reconhecido dessa

família cósmica, dessa comunhão dos santos a que se refere o Apóstolo.

Não há, então, segredos para o homem que chegou a essas alturas: sua irmã

água, seu irmão ar, sua irmã terra se desnudam para ele como a esposa casta

se desnuda perante seu esposo que a recebe.

Esse é o momento da grande sinfonia cósmica, do grande banquete universal,

do regresso do filho pródigo à casa de seu Pai.

Page 38: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

28. O CONHECIMENTO

“O conhecimento que é agora o teu, só o é porque a tua alma se unificou

com todas as almas puras e com o mais íntimo. É um depósito a ti

confiado pelo altíssimo. Atraiçoa-o, usa mal o teu conhecimento ou

negligencia-o, e ainda te é possível, mesmo agora, tombar do elevado

estágio a que atingiste. Grandes seres recuam mesmo no limiar,

incapazes de sustentar o peso da sua responsabilidade, incapazes de ir

além; portanto, encara o futuro com temor e, tremendo à perspectiva

desse momento, prepara-te para a batalha.”

Luz no Caminho – Parte II. Item 18

Existem dois tipos de heróis: o herói do medo e o herói da fé. O herói do medo

lança-se ao perigo por nada mais ter a perder; o herói da fé busca a aventura

por saber que tem tudo a ganhar.

O herói do medo é compelido à luta pelo desespero, o herói da fé é impelido à

luta pela própria fé.

O herói do medo atira-se isento de qualquer raciocínio ao perigo, e não sabe se

dele sairá vivo ou morto; o herói da fé para além do raciocínio obedece a sua

intuição, e lança-se à aventura do Infinito, na certeza absoluta de que nela

encontrará a vida.

Não se pode, porém, ignorar o perigo dos últimos passos da atual jornada

evolutiva dos ser humano. É verdade que a esta altura estás próximo de Deus

ou de uma concepção maior ou mais plena de Deus, mais ainda não estás

plenamente realizado, ainda te é possível estacionar, marcar passo, se não

fores suficientemente corajoso e fiel a ti mesmo; ainda te é possível confiar

mais nos teus artificialismos do que na tua divindade interior. Se assim

procederes, não verás a Canaã de teus sonhos, tua auto-realização será

indefinidamente adiada, e sua conquista exigirá de ti mais esforços, mais

trabalho, mais sofrimento.

Nesse instante supremo de nosso trânsito, de nossa jornada rumo ao super-

homem, mais do que nunca é necessário que confiemos e ousemos.

Só os que confiam, ousam, só os que ousam, vencem.

Page 39: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

29. OLHA O INVISÍVEL

“Está escrito que, para aquele que se acha no limiar da divindade, não

pode ser traçada lei alguma, nem tão pouco pode existir guia. No entanto,

para esclarecer o discípulo, a luta final pode ser assim expressa: – Aferra-

te ao que não tem substância nem existência.

Escuta somente a voz que não tem som.

Olha somente para o que é invisível, tanto no sentido interno como no

externo”.

Luz no Caminho – Parte II. Itens 19 a 21

“Prepara-te, ó viandante do Infinito, ó bandeirante de ti mesmo, para mergulhar

no grande vazio.

Esse é o momento em que nada e ninguém pode vir em teu auxílio; esse é o

instante da grande solidão; essa é a hora da decisão, da definição.

Se não fores capaz de experimentar o vácuo, não encontrarás a terra firme.

Prepara-te, ó bandeirante de ti mesmo, ó peregrino do Infinito, para o grande, o

Nirvana de Buda, o nada aparente que conduzirá ao Tudo, porque é a

Consciência Cósmica.”

Page 40: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

2ª PARTE

Page 41: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

30. ENSAIOS SOBRE O CARMA

A partir desta gravação, Delfos passa a comentar o ensaio sobre o Carma

contido no fim da obra “Luz no Caminho” de autoria do mesmo instrutor que

ditou a obra a Mabel Collins.

“Considerai comigo que a existência individual é uma corda que se

estende do finito ao infinito e não tem fim nem começo, nem tão pouco é

capaz de ser quebrada. Esta corda é formada de inumeráveis e tênues

fios que, estreitamente unidos, forma a sua espessura. Estes fios são

incolores, são perfeitos em suas qualidades de retidão, e de força e lisura.

Esta corda, passando, como faz, através de todos os lugares, sofre

estranhos acidentes”.

Por que te compara o autor a uma corda que se estende do finito ao Infinito?

Que não tem começo nem fim?

Antes que emergisses para o campo do existir, já estavas no campo do ser.

Eras, mas não tinhas conhecimento de ti mesmo. Eras universalmente, embora

não existisses individualmente. Eras indiferenciado no todo, submerso no

oceano da Divindade, sem a consciência do eu. Nesse sentido não tiveste

começo nem fim, porque participavas da própria Divindade, sem que tivesses

consciência disto.

Tua vida então começou. Um dia, emergiste da Divindade, simples e ignorante,

atravessaste todos os reinos da Natureza e chegaste ao reino hominal.

No início, eras apenas o Adão, adi-aham, primeiro ego; era a criança inocente

que se amamentava no seio da mãe Natureza, que não tinha plena consciência

de suas possibilidades. Essa criança, porém, fez-se adulta; Lúcifer, a serpente,

o intelecto, o porta-luz, veio a ti, ou melhor, emergiu de ti para fazer-te comer

da árvore do conhecimento do bem e do mal, ou seja, para trazer-te

discernimento sobre as coisas que te cercavam. Foste, então, expulso do

paraíso de tua ignorância, era o “pecatum necessarium”, a “felix culpa” do

exulta-te, do canto pascal. Lúcifer tornou-se, então, Satanás; aquele que era o

porta-luz tornou-se o adversário, quer dizer, a tua inteligência rebelada contra o

Cristo, a essência de Deus em ti, fez com que te desarmonizasses, com que te

dissociasses da Natureza e do Universo.

Page 42: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

Foi, então, que alguns dos fios dessa corda, que és tu, sofreram estranhos

desvios e se mancharam, e a mancha transferiu-se à corda toda. Com a

inteligência, surgiu a responsabilidade, com a inteligência veio o livre-arbítrio,

com o livre-arbítrio veio a lei de consequência. Passaste a ser um responsável

direto e imediato por todas as tuas obras e elas voltaram a ti; se eram boas,

colheste-lhes o fruto sazonado e doce; se eram más, os frutos foram amargos,

tanto na tua língua quanto no teu ventre.

Não foste, porém, criado para as sombras do Karma; teu destino é a leveza da

luz. Aos poucos, os fios que se desviaram retornam à sua espessura inicial e

eles, que eram no princípio incolores, porque incolor eras tu, simples e

ignorante, agora adquirem uma cor dourada, símbolo da sabedoria.

Após atravessar todos os reinos da Natureza, após te tornares um homem,

encaminhaste para aquele nível de consciência em que serás mais que um

homem. Lúcifer iluminado pelo Cristo voltará a ser um porta-luz, aquele que

traz o conhecimento, mas o intelecto não mais reinará sozinho, será conduzido

pela intuição, e a intuição te levará ao Reino de Deus que está dentro de ti.

Page 43: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

31. O PRIMEIRO PASSO...

“... O primeiro passo conduz o estudante à árvore do conhecimento. Ele

tem de tomar e comer, tem de escolher, não mais é capaz de ignorância,

prossegue avante, seja pelo bom, seja pelo mau caminho”.

Até o momento em que foste expulso do Paraíso de tua inocência, até a hora

em que abandonaste o Éden de tua ignorância e “foste lançado na Terra”, até o

instante em que te foi dito “comerás o teu pão com o suor do teu rosto”, não

eras responsável por ti.

A partir, porém, desse momento, comeste da árvore do conhecimento do Bem

e do Mal, tua responsabilidade nasceu, começou a crescer, a desenvolver-se.

A criança de ontem, adulto de hoje, tinha agora que se bastar, viver por si

mesma, cavar o solo do seu próprio coração, a fim de buscar-se, e não te foi

possível voltar ao teu Éden tão querido de outrora, arcanjos cercavam o jardim

com espadas de fogo.

É que uma vez que te tornaste adulto não te era mais possível voltar a ser

criança. Bem que o tentaste, bem que te entregaste a cultos estranhos,

adorando árvores e animais ou sacrificando-os, mas a tua volta ao Éden

primitivo é tão impossível, como impossível é ao fruto voltar a ser semente,

como impossível é a flor voltar a ser botão.

Era preciso que assim fosse. Deus fez-te ao mínimo para que te fizesses ao

máximo; teu Paraíso não mais pode ser o Éden da ignorância, há de ser o céu

do amor e da sabedoria.

Deus quer-te livre, contanto que teu livre-arbítrio não comprometa a harmonia

do Universo. Deus quer-te livre, não obstante ser bem limitada a tua liberdade

e, um dia, o paradoxo: perceberás que ser livre consiste exatamente em

livremente abrir mão da liberdade, porque chegará o momento em que de tal

maneira te submeterás à Divindade que está em ti, de tal maneira te integrarás

na harmonia do Universo, que não mais necessitarás da tua liberdade

individual, porque compreenderás que a liberdade individual só tem sentido

quando opera em favor do Todo, quando se integra na Consciência Cósmica.

Page 44: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

32. AQUELE QUE QUISER ESCAPAR

“Aquele que quiser escapar dos liames do Carma deve conduzir sua

individualidade da sombra para a claridade. Deve de tal modo elevar sua

existência que os citados fios não entrem em contato com as substâncias

que nodoam, não se tornem apagados de forma a sofrerem distorção”.

Os homens esclarecidos que já perceberam o plano de Deus em relação a si

mesmos podem ainda equivocar-se quanto a determinados detalhes desse

plano.

É comum, ante as desgraças que ocorrem, a célebre frase: – Foi a vontade de

Deus, ou aquela outra – Deus quis assim. Deus, então, transformou-se na

mente desses homens em tirano caprichoso que lhes maneja o destino a seu

bel-prazer, e que parece agradar-se com a infelicidade de seus filhos.

Nada mais funestamente equivocado. Não é da vontade de Deus que sofras,

não é da vontade de Deus que esgotes o cálice de teu Carma até o fim. Foste

criado para o crescimento e para a felicidade, foste criado para a auto-

realização e para a paz, no entanto, a auto-realização, a paz devem ser

conquistas tuas; deves criar condições para elas, mediante o teu próprio

esforço e, se nesse esforço te equivocas e te desarmonizas, é necessário que

te rearmonizes; essa é a vontade de Deus, e não o sofrimento.

Se queres colocar-te acima do Carma, busca antes compreendê-lo, e supera-o

mediante tua elevação de frequência vibratória.

Se queres colocar-te acima do Carma, sê tu o grande acontecimento de dentro,

porque quanto mais aconteceres de dentro de ti, tanto menos precisarás de

acontecimentos fora de ti. Quanto mais fores autodeterminante, mais longe

estarás do determinismo estabelecido por teu Carma.

Quanto mais fores cosmo-pensado, tanto menos serás ego-pensante, e quanto

menos fores ego-pensante, tanto menos te equivocarás.

É possível sofrer sem dever?

Ainda quando te coloques acima daquilo a que, convencionalmente, chamamos

o Carma, ainda quando transcendas a Lei de Causa e Efeito, é possível,

todavia, que sofras. O sofrimento não é, em si mesmo, uma expiação, mas

Page 45: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

pode ser uma prova. O sofrimento não é, em si mesmo, um débito, mas pode

ser um crédito.

Se é necessário que desenvolvas tuas faculdades interiores, se é necessário

que cresças, é também necessário te recordes de que todo o crescimento

exige esforço, e todo esforço é sinal de que enfrentas alguma resistência ao

teu crescimento.

Ora, esforço é igual a sofrimento, esforço é igual a luta e luta supõe uma certa

dose de dor.

Não te creias, porém, premido por Forças do Universal só porque sofres.

Mesmo no caso em que sejas premido, se-lo-ás por ti mesmo, mas, repito-te, o

sofrimento por si só não indica punição, mas indica esforço de redenção.

Page 46: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

33. AQUELE QUE DESEJA FAZER BOM CARMA

“Aquele que deseja fazer bom Carma deparará múltiplas confusões, e, no

esforço para semear a rica semente para a sua própria colheita, poderá

semear mil sementes daninhas, e entre elas a árvore gigantesca.”

Que esperas da outra vida?

Em primeiro lugar, se algo esperas da outra vida, nada obterás, porque não

existe uma outra vida, existe uma só vida e inúmeras existências.

Em segundo lugar, se pretendes apenas fazer bom Carma, se desejas, tão

somente, uma existência melhor na Terra ou alhures, sabe que ainda não

amas, teus atos estão veiculados a um secreto egoísmo, a uma secreta

intenção de barganha com a Divindade. Tu te portas bem, tu espalhas o bem a

mão-cheia, tu beneficias o teu próximo e ela, uma Divindade de fora, te

recompensa, premiando-te com uma mansão Celeste ou com uma

reencarnação venturosa, em que serás rico ou desfrutarás de uma boa

situação social.

Tem cuidado, porque esta é uma das armadilhas do teu ego físico, mental e

emocional; esta é uma das ciladas do Lúcifer, que se tornou Satanás, ou seja,

de tua inteligência divorciada de tua essência.

É claro que, se te dedicares ao serviço dos outros, serás automaticamente

beneficiado por esse serviço, mas, ainda aqui, há uma intenção secreta de

recompensa. O melhor é que te entregues à Divindade, é que não te apegues à

ação nem ao resultado da ação, como nos aconselha o Bhagavad-Gita, a

Canção do Senhor.

O melhor é que não esperes o teu céu depois da morte, mas que comeces a

vivê-lo aqui e agora.

O melhor é perceberes que o Reino de Deus não é uma recompensa que te

será dada mais tarde, quando fores bonzinho. O Reino de Deus já está dentro

de ti e, na medida em que produzas dentro de ti as condições necessárias à

sua emersão, Ele virá para fora de ti, empolgando todo o teu ser, e será seu

instrumento e seu arauto no mundo.

Page 47: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

É claro que, para criar essas condições, necessitas, antes de tudo, de uma

estética compulsória, sacrificial, de uma autodisciplina que mais tarde produzirá

frutos na ética jubilosa, espontânea, natural.

É claro que, para criares essas condições, mister se faz que percorras as terras

de tua própria alma como um bandeirante corajoso, capaz de enfrentar todos

os obstáculos para recolher todos os tesouros.

Page 48: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

3ª PARTE

Page 49: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

34. UM ESCRAVO DE SI MESMO

Ignoto amigo, há, no mundo extrafísico para quem se pretenda colocar a

serviço do Cristo, uma hierarquia espiritual que, até certo ponto, te pareceria

rígida. Nada fazemos sem atentar para o alvitre daqueles que avançaram mais

do que nós, daqueles que estão à nossa frente na jornada evolutiva.

Por este motivo, submeti estas páginas ao seu legítimo autor, o Mestre

Hilarião. Consultou-as, após esboçar na fisionomia um ar de satisfação, me

disse:

– Exceção feita a alguns problemas de linguagem por parte quer do médium

que recebeu as instruções (refere-se aqui ao “Luz no Caminho”), quer das

traduções em várias línguas, a obra é, exatamente essa, a tua interpretação

está correta. Agradeço-te em nome daqueles de quem, por minha vez, fui

intérprete, e gostaria que percorresses, comigo, algumas estâncias de nosso

Plano, a fim de transmitires a teus leitores experiências que poderás confrontar

com o enunciado da obra, e que serão muito úteis quer a ti, quer a eles.

Assim, o que passo a narrar-te é resultado dessa ligeira excursão que fiz em

companhia de Hilarião; excursão ligeira, porém intensa, e de consequências

profundas para mim e, segundo creio, para ti.

Nossa primeira visita foi a uma furna do Plano Inferior. Lá estava um homem de

aspecto sombrio, diria quase depressivo; sua fisionomia era dura, fechada, sua

atitude variava entre a depressão franca e profunda e a mais absoluta

agressividade.

Evidenciando um grande esforço, Hilarião aproximou-se dele e conseguiu

fazer-se visível. O estranho personagem não ousava fitá-lo, mas lhe percebia a

presença e perguntou:

– Tu aqui, de novo?

– Sim, respondeu o Instrutor.

– Que queres? Inquiriu frio e seco aquele a quem visitávamos.

– Sabes o que quero. Quero convocar-te ao caminho, quero chamar-te de volta

a ti mesmo.

– Estou satisfeito no meu inferno, respondeu o outro.

Page 50: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

– O inferno que tu mesmo criaste, disse Hilarião.

– Não creio possa, um dia, sair dele e, também, não o desejo, respondeu o

outro.

Hilarião prosseguiu:

– Que fizeste dos benefícios que espalhaste?

– Eram benefícios a mim mesmo.

– Que fim deste às obras de benemerência que empreendeste a favor do

próximo?

– Não eram em benefício do próximo; eu queria apenas dar vazão ao meu

instinto ambicioso.

– Então te consideras como um escravo deste instinto?

– Sim, eu o assumo e quero vivê-lo até às últimas consequências.

– Até quando prosseguirás fugindo de ti mesmo?

– Não fujo de mim mesmo; encarei-me tal qual sou, e estou satisfeito.

– Até quando te suportarás a ti mesmo?

– Não desejo mais ser importunado; por favor, retira-te.

Percebendo minhas inquirições, Hilarião falou:

– Delfos, nosso irmão aparecia aos homens como alguém cheio de virtudes,

como uma pessoa diferente de todas, um santo; no entanto, no fundo de seu

coração, escondia-se um desejo mórbido: o poder. Queria dominar os outros,

queria submetê-los a seus caprichos, gostava de sentir-se requestado, amado,

gostava que lhe obedecessem, que lhe agradecessem a benemerência.

– Mas fazia-o conscientemente? perguntei.

– Aí é que está a tragédia, respondeu Hilarião. Ele, quando praticava tais

obras, julgava-se fazê-las em benefício dos outros; tinha-se, ele próprio, como

um santo; pensava amar, julgava-se amparador de seus irmãos, todos,

naturalmente, inferiores a ele.

Um dia, ele abandonou o corpo físico e sobreveio a visão panorâmica; essa

visão o pôs diante de si mesmo, com toda a nudez. Percebeu, então, que

nunca nutria qualquer compaixão pelo próximo, que nunca se inclinara diante

de ninguém com amor, que sempre buscara a recompensa de si mesmo.

Então, desanimado e tragicamente surpreendido pelas suas próprias

inferioridades, rebelou-se e transformou-se naquilo que estás vendo.

Page 51: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

– Como tocá-lo? perguntei.

– Breve ele estará entregue à sua própria loucura, breve os pesadelos

emergirão dele e superarão aquela máscara de dureza que ele ostenta com

tanto orgulho. Poderemos, então, reaproximar-nos, visitá-lo de novo,

encaminhá-lo a uma nova encarnação.

...“Pode parecer que faz grandes progressos, porém algum dia virá defrontar

face a face a própria alma, e reconhecerá que, ao aproximar-se da árvore do

conhecimento, escolheu o fruto amargo em vez do doce e, então, o véu cairá

completamente, e ele abandonará sua liberdade para tornar-se escravo do

desejo”.

Page 52: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

35. O EQUÍVOCO DE GENOVEVA

Após a instrutiva palestra com Hilarião, entrei com profundas reflexões sobre o

pobre ser que acabávamos de visitar. De fato, ele fora vítima dos seus próprios

equívocos; em outras palavras, tentou enganar-se a si mesmo e não o

conseguiu. Algo me intrigava, pois nosso irmão não tinha plena consciência da

própria fragilidade emocional, da própria vaidade. Quando pensava amar,

acreditava realmente amar, era sincero. Por que então, ser tratado daquela

forma? Por que não logrou ele recursos para se colocar acima daquela

situação? Se era sincero, se julgava amar, estava realmente equivocado; não

podemos ser responsáveis pelas atitudes que não sabemos que temos.

O encontro seguinte com o mesmo Instrutor Hilarião desfez-me todas as

dúvidas. Antes mesmo que eu falasse, olhando-me com muita compreensão,

ele respondeu:

– Gostaria, Delfos, que visitasses comigo outro pouso de nossa esfera; depois,

conversamos sobre o assunto.

Visitamos, então, uma estância feliz – tudo transpirava paz nesse local –

solidão era palavra que não existia nos dicionários dessa localidade venturosa,

porque todos se amparavam, se compreendiam, se completavam. Se tivesse

que descrever as paisagens do ambiente, falaria apenas em flores e música.

Hilarião foi comigo ao encontro de uma companheira que, segundo ele, teria

muito a nos contar: a irmã Genoveva, em pleno preparo de futura reencarnação

na Terra. A irmã acolheu-nos com bondade. Hilarião pediu-lhe que me falasse

do seu problema e, imediatamente, ela se pôs a discorrer sobre sua situação:

– Fui, na Terra, componente e, por que não dizer, coordenadora de um grupo

de assistência social. Todas as semanas, em caravana visitávamos doentes de

várias procedências; além disso, prestávamos socorro aos pobres, na rua, e

não tratava de um socorro caritativo que se limitasse apenas à esmola ou à

alimentação. Íamos ao encontro deles, cooperávamos com eles, para que

crescessem em todas as áreas e para que caminhassem com os próprios pés.

Ao desencarnar, fui imediatamente atraída para essa estância de luz. Senti-me

imensamente feliz. Aqui eu não padecia males – as canseiras, os sofrimentos

do mundo físico. Aqui, eu não era assediada pela incompreensão de uns e a

inveja de outros. Aqui, todos vibrávamos no mesmo diapasão de fraternidade,

de paz, de solidariedade.

Page 53: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

Que mais poderia eu querer? Transcorreram os anos – dez, vinte, quem sabe,

trinta? Uma sensação singular passou a habitar minha alma, apesar de todo o

ambiente feliz, apesar de quanto tudo me alegrava nessa região. Passei a

experimentar uma angústia surda, silenciosa, que foi, pouco a pouco,

empolgando-me o ser todo. Recorri a um dos Instrutores de nossa Colônia que

me recebeu generoso, fraterno, e submeteu-me a um tratamento magnético,

fazendo-me retomar a visão panorâmica que eu já havia tido. Passei, então, a

perceber facetas de meu ser que me haviam escapado nos primeiros tempos.

Sim, eu trabalhara em benefício do próximo, eu amara o próximo, no entanto,

havia uma secreta aspiração por recompensa no outro Plano. Julgava,

escudada no Evangelho, que o trabalhador é digno do seu salário, e eu era

uma trabalhadora. Tão logo desencarnei, senti-me recompensada pelos

benefícios que havia espalhado. Percebi, então, graças a esse auxílio

generoso do meu Instrutor, que havia ainda certa dose de egoísmo em tudo o

que eu fazia.

Era verdade, sim, que minhas intenções eram boas; era verdade, sim, que

minhas mãos estavam a serviço do Cristo; mas, secretamente, eu esperava

aquela recompensa que me havia sido dada; secretamente, eu ansiava por um

lugar melhor após minha desencarnação. Foi aí que compreendi a razão de

minhas angústias. A estância que habitamos está para além de meus méritos,

porque me apegara de mais aos meus méritos; percebi que era preciso dar

todo o empenho no amor ao próximo, no bem pelo bem. Chorei, chorei,

profundamente, chorei amargamente. Minhas lágrimas continham muito de

frustração e decepção; eu procurava fora de mim aquilo que estava dentro de

mim.

O Instrutor, porém, não me deixou entregue aos meus remorsos. Colocando

sua destra sobre a minha cabeça em sinal de benção, falou-me:

– Genoveva, filha querida, teu equívoco é o de milhares de criaturas que

esperam o céu só para depois de haverem peregrinado pela Terra. Não

cogitaram de construção do céu dentro delas mesmas – amaram, é verdade,

mas foram vulneráveis a decepções, a ingratidões; deixaram-se vencer pelos

sentimentos humanos, e seu trabalho não foi completo. É o que acontece

contigo, mas não te desanimes – agora, através de tuas lágrimas, te voltas

para o Cristo; estou sendo testemunha da prece muda que Lhe diriges,

pedindo-lhe que te ampare, que te faça viver por amor a Ele e ao próximo.

Voltarás, sim, para completar tua obra. Sê firme, não desanimes, coloca tuas

mãos nas mãos dele e tudo te será mais fácil!

Ao nos retirarmos, Hilarião quase nada precisou dizer. Olhou-me fixamente e

perguntou:

– Entendeste?

Page 54: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

– Sim, eu havia entendido. Há uma diferença total entre irmã Genoveva e o

pobre irmão que havíamos visitado. Ele, ao perceber os equívocos em que

incorrera, permaneceu nesses equívocos, deixou-se engolir pelos monstros por

ele próprio criado. Ela, ao contrário, ao defrontar-se com os seus enganos,

desfez-se em lágrimas, mas em lágrimas de súplica, para que o Cristo a

amparasse e lhe permitisse reformular sua atitude, a fim de fecundar seus atos.

Ambos buscaram no crescimento pensando no próprio tamanho; buscaram a

senda visando ao conforto dos próprios pés, mas ele permaneceu cristalizado

em seu egoísmo, ao passo que ela enfrentou a si mesma e prepara uma nova

etapa de sua evolução, em que o equívoco será retificado.

...“Sê avisado – a senda deve ser buscada por amor dela própria e não tendo

em conta os teus pés, que hão de trilhá-la”.

Page 55: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

36. UMA EXPERIÊNCIA INESQUECÍVEL

O instrutor Hilarião convidou-me para uma experiência que, segundo ele eu

jamais esqueceria durante toda a Eternidade da minha vida.

Conduziu-me até as plagas de Israel; fomos a Jerusalém. A certa altura,

pedindo-me que conectasse ao máximo com sua mente, ele utilizou todo o

potencial de sua vontade para arregimentar o material do meio ambiente, a

memória da Natureza, aquilo a que os ocultistas chamam registros akáshicos.

Manipulando aquele material, ele nos fez viajar no tempo.

Fomos até o dia da Crucificação, ou por outra, até a hora do Getsêmani.

Assistimos à prisão do Cristo, ao beijo de Judas, à chegada dos soldados

romanos, aos arroubos de Pedro, que feriu a orelha de Maucus. Tudo isso, já

por si só, constituiria para mim motivo de profundas emoções, no entanto, o

que se deu está acima de minha compreensão intelectual, está para além das

palavras com que possamos descrever o fenômeno. A medida que o Cristo

orava, mesmo antes de ser preso, parecia que se estabelecia um certo laço de

conexão entre Ele e toda a Humanidade. Era como se forças obscuras,

emergindo do próprio ser humano, arremetessem contra Ele com toda a fúria.

As bofetadas, os açoites, todas as torturas a que Ele seria submetido mais

tarde tiveram, como introdução, esse momento solene.

O Cristo orava, suava sangue e, ao mesmo tempo, parecia lutar contra forças

sutis que O assediavam, que O vergastavam, de todos os lados, sem que olhos

humanos as pudessem detectar. Explicou-me o Instrutor; Era o “inconsciente

coletivo” do próprio homem, eram as forças retrógradas subjacentes na própria

alma dos encarnados que reagiam contra o incômodo da presença do Cristo.

Ele atraia para si todas essas forças, a fim de transmutá-las, a fim de dar-lhes

uma nova direção.

Não terminou aí, porém, o espanto. À medida que os fatos se desenrolavam,

parecia que a luta era mais cruel entre Ele e nós todos, entre Ele e os homens

a quem viera salvar, entre Ele e a Humanidade, tanto encarnada quanto

desencarnada.

Já na cruz, a cada vez que Ele proferia a oração: “Perdoa-lhe, Pai, porque não

sabem o que fazem”, jatos de luz emanavam de seu peito e obrigavam ao

recuo todas aquelas forças que contra Ele arremetiam.

Page 56: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

Houve um momento em que o Instrutor tocou, de modo mais significativo, a

minha fronte, e minhas percepções se alargaram; pude, então, ver a

configuração daquelas energias adversas e terríveis: eram formas

monstruosas, diante das quais tudo o que se imaginou sobre o “demônio”

poderia ser comparado à estátua de Vênus.

Os fatos aproximaram-se do seu clímax. A certa altura, após ingerir o vinagre

que lhe foi dado, através de uma esponja, disse o Mestre: – Tudo está

consumado; em tuas mãos entrego o meu espírito, e abandonou o corpo.

Neste instante, um como incêndio de luz pareceu consumir todo o Planeta.

Aquelas formas monstruosas recuaram, umas voltando àqueles que as

emitiam, desintegrando-se outras. O véu do tempo rasgou-se de alto a baixo.

Hilarião, usando ainda sua vontade, fez-nos avançar no tempo, e fomos até o

sepulcro, onde o corpo do Cristo fora depositado. A certa altura, presenciamos

algo que poderia ser comparado a uma explosão de luz, que lançou por terra

os guardas que vigiavam. O Cristo desmaterializou seu corpo e foi tão grande a

efusão de vida a espalhar-se pela aura da Terra, que antigos ancestrais de

Israel, desencarnados ao lado de outras veneráveis Entidades que mais

recentemente haviam abandonado o corpo físico materializavam-se e

apareceram a muitos.

Ignoto amigo, acabo de tentar descrever-te o indescritível. O que venho de

narrar-te está acima de qualquer tentativa de narração. Solicitei ao Instrutor

que me desse tempo ao repouso. Em realidade, tentei repousar. Após uma

incontida e profunda explosão de lágrimas, pude parar e digerir tudo aquilo...

Depois me encontrei de novo, com Hilarião, e conversamos.

– Delfos, disse-me ele, a Humanidade ainda não se percebeu do profundo

significado do Gólgota. O sacrifício do Cristo desintegrou formas mentais e

emocionais que, condensadas, retardariam por tempo indeterminado a

evolução humana. Era o próprio inconsciente do homem que reagia contra o

Mestre, como já te foi dito, mas a partir daí o ser humano obteve a capacidade

de um contacto mais profundo e imediato com sua própria Divindade intrínseca.

Fica sabendo, caro amigo, que os milhares de mártires, que durante os

primeiros séculos serviram de alimento às feras, robusteceram ainda mais essa

força purificadora que emanou da Vida e do Corpo do próprio Cristo. Foram, na

realidade, participantes do Seu Sacrifício, regaram com seu sofrimento e seu

sangue as sementes do Evangelho, adicionaram a vitalidade desse sangue, ou

seja, a força do Seu amor aos influxos amorosos e vitais do próprio Cristo. E

todos aqueles que, ainda hoje, renunciam, sofrem em benefício de seus

irmãos, e todos aqueles que se dedicam a obras meritórias em favor dos que

sofrem, mormente os que se sacrificam no anonimato, adicionam seu amor,

sua vida, à vida e ao amor de Seu Mestre e, assim, repito-te, participam do Seu

Sacrifício e de Sua “Ressureição”, como tu próprio disseste, não existe uma

Page 57: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

alo-redenção e sim uma auto-redenção, no entanto a vida que emana do Cristo

facilita esta auto-redenção.

Todos aqueles que entram na esfera dele, até certo ponto, são sim

“purificados”, terão de devolver ao Universo a harmonia que lhe hajam

roubado, mas não precisarão passar pela pena de Talião ou queimar material

inútil nas zonas tenebrosas.

Page 58: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

37. REFLEXÕES E DESPEDIDA

Há momentos em que nossa vida parece sofrer um transtorno salutar, uma

verdadeira revolução. O que acabo de narrar-te, ignoto amigo, foi um desses

momentos. Até hoje, quando a ele me reporto, dificilmente consigo manter-me

sereno, dadas as profundas significações de tudo quanto vi e vivi. Senti que, de

certa forma, eram resgatados alguns conceitos das igrejas tradicionais sobre a

Salvação. Reafirmo: não existe alo-redenção, e sim auto-redenção, no entanto,

reafirmo, também, que há momentos em que é necessário que uma potência

cósmica de fora rompa o casulo que envolve a latência cósmica de dentro – o

Gólgota foi uma dessas horas. O Cristo, com Seu sacrifício, com o eclodir de

Sua vida, de Sua luz, e sobretudo, de Seu amor, rompeu o casulo constituído

pela própria Humanidade. Evidentemente, essa Humanidade rebelde,

estratificada em seus conceitos e preconceitos reagiu contra Ele a nível

consciente e inconsciente. É verdade que Suas palavras, naquele tempo, não

ultrapassaram os estreitos limites da Palestina; mas elas repercutiram nas

áreas inconscientes de todo ser humano, e provocaram inusitadas reações

nessas áreas.

Eu te disse, transmitindo conceitos de Hilarião, que os que entram na esfera do

Cristo não precisarão passar pela pena de Talião ou queimar material inútil nas

zonas tenebrosas. Esclareço, agora, minhas palavras: o fato de entrar alguém

na esfera, ou antes, na psicosfera do Cristo não o exime da tarefa inadiável do

crescimento interior, não lhe garante uma passagem miraculosa dos abismos

mais profundos da Terra para as culminâncias do céu, no entanto, mudam as

perspectivas e muda o destino. Quem entra na vida do Cristo, na psicosfera do

Cristo, não pode deixar de, por isso mesmo, entrar num processo de

aprofundamento de Seu amor por toda a Humanidade.

Ora, diz o apóstolo Pedro “que o amor cobre multidão de pecados”. O homem

venturoso que passa a respirar o hálito do Cristo começa, por si mesmo, a

elevar-se acima do círculo vicioso de suas próprias emoções e de sua própria

mente. Começa a neutralizar o domínio que exercia sobre ele o seu ego físico,

mental e emocional. O “satanás” que permanecia nele vai para a sua

retaguarda e começa a readquirir a sua condição de Lúcifer, de portador da luz;

por isso mesmo esse homem não mais tem necessidade de mergulhar nos

labirintos da culpa que o manteriam, indefinidamente, nas zonas tenebrosas,

ou que o fariam voltar à Terra para expiar, para resgatar através da ação

automática da implacável lei de Causa e Efeito, que retribui exatamente o que

se dá.

Page 59: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

Passa esse homem a superar a pena de Talião que diz: “o que mata à espada

deve morrer pela espada”, e, daí por diante, sua espada é a do amor. Se tiver

de chorar, chorará por amor; se tiver de resgatar, resgatará por amor. Os

processos automáticos e implacáveis da expiação serão substituídos pela ação

da reparação.

Por exemplo: ao invés de perecer pela espada, esse homem receberá, como

filhos, aqueles contra quem utilizou a espada; ao invés de resgatar, mediante a

moléstia, os crimes cometidos, esse homem se lançará à tarefa, sublime e

quase sempre ingrata, da salvação de vidas.

Não creias, portanto, que basta uma profissão de fé nesta ou naquela escola

cristã para que te vejas livre de teus compromissos com o Universo; ao

contrário, teu senso de responsabilidade aumenta por participares do sacrifício

do Cristo. Teu desejo de queimar etapas, de caminhar rumo a ti mesmo ou

rumo à tua própria Divindade interior, será tão ardente que não mais poderás

resistir a ele, que não mais estacionarás.

Chegou o momento em que devia despedir-me do grande Instrutor com quem

tão profundamente havia vivenciado aqueles dias. Submeti-lhe essas últimas

apreciações e, ele, bondosamente, nos disse, a mim e a ti que me lês, essas

últimas palavras:

– Delfos, por certo, não fosse a ação purificadora do Cristo e, talvez, a

Humanidade terrena já se tivesse destruído. Sua evolução ficaria seriamente

comprometida por milênios e milênios, no entanto, nem todos se aproveitam

das benesses que o Grande Mestre derramou sobre o mundo.

Vivem os homens um momento crucial de sua evolução... Ai daqueles que se

fizerem surdos à voz do Mestre! Ai daqueles que voltaram as costas ao amor!

Ai daqueles que se fecharam! Cumprem-se as profecias e a Lei incidirá sobre

eles com todo o rigor de sua força. Por outro lado, bem-aventurados aqueles

que entenderam ou buscaram entender a mensagem do Cristo, bem-

aventurados aqueles que, se abeberando do Evangelho, se esforçam por

incorporá-lo à sua vida. Não serão santificados, é certo, de um dia para o outro;

não se transferirão, de imediato, à esferas cuja luz não poderiam suportar,

mas, sob a tutela mais direta de seu Mestre, caminharão com mais segurança,

ainda que vivam noites escuras, ainda que determinados trechos do caminho

sejam íngremes, difíceis, ainda que haja montanhas e montanhas a escalar, os

braços do Cristo permanecerão abertos e de seu Coração surgirão, ainda, as

memoráveis palavras:

– “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos

aliviarei”.

Page 60: Luiz Antônio Millecco - O Canto da Vida

“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de

coração e achareis descanso para as vossas almas, porque o meu jugo é

suave e o meu fardo é leve”.

–...“Tenta solevar um pouco o pesado carma do mundo. Presta teu auxílio às

poucas mãos fortes que impedem os poderes das trevas de obterem uma

vitória completa”.