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MENSURAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DAS PATOLOGIAS EM REVESTIMENTOS CERÂMICOS DA EMPRESA CERTA INDÚSTRIA DE ARGAMASSAS

Vinicius Germano Ullrich1

Lucas Russi Mafra2

Diogo Visconti3

RESUMO

O objetivo do presente trabalho é mensurar as patologias geradas pela má aplicação da argamassa colante em revestimento cerâmico com aplicações de produtos da empresa Certa Indústria de Argamassas, de Brusque-SC. Quanto à metodologia, a pesquisa assumiu as seguintes formas: pesquisa qualitativa, quantitativa, exploratória, bibliográfica e documental. O instrumento de coleta de dados foi representado pelos documentos da empresa. Foram catalogadas 113 patologias de pisos. Os resultados mostraram os percentuais a seguir para cada tipo: som cavo ou falta de aderência, com 37%; rejunte, com 25%; falta de junta de movimentação (dilatação), com 21%; argamassa inadequada, com 5%; junta menor que o recomendada, com 3%; manchas e problema com base com 3%; eflorescências, problema com a argamassa e movimentação da estrutura, com 1%. Observou-se que as somas de ‘som cavo ou falta de aderência’ com ‘falta de junta de movimentação (dilatação)’ representaram 58%, e estas patologias têm como causa a má qualificação da mão de obra. As patologias ocasionam transtorno tanto para os clientes como para os fabricantes e fornecedores das argamassas colantes e, nesse sentido, é importante que a empresa intensifique treinamento com os profissionais que fazem a aplicação das argamassas colantes.

Palavras-chave: Revestimentos cerâmicos. Argamassa colante. Patologia.

ABSTRACT

The objective of the present paper is to measure the pathologies generated by bad application of adhesive mortar in ceramic coating with applications of products from Certa mortar factory from Brusque-SC. As for the methodology, a research in the following forms: qualitative, quantitative, exploratory, bibliographic and documentary research. The data collection instrument was represented by company documents. There were listed 113 pathologies of floors. The results showed the following percentages for each type: hollow sound or lack of adhesion, with 37%; grout, with 25%; lack of movement joint (dilatation), with 21%; Inadequate mortar with 5%; Smaller than recommended joint, with 3%; Spot and problem based on 3%; efflorescence, problem with a mortar and movement of the structure, with 1%. It was observed that the sum of  ‘hollow sound or lack of adhesion’ with ‘lack of movement joint’ (dilatation)  represented 58% of the pathologies, wich are caused by lack of qualified handwork. Because pathologies cause inconvenience to both customers, manufacturers and

1 Acadêmico do curso de Engenharia Civil. E-mail: [email protected]. 2 Acadêmico do curso de Engenharia Civil. E-mail: [email protected] Professor orientador Esp. Diogo Visconti. Email: [email protected]

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suppliers of sticky mortars, within this context it is important that the company intensifies training with professionals who apply sticky mortars.Keywords: Ceramic coatings. Adhesive mortar. Pathologies

1 Introdução

As patologias que ocorrem nas construções, sejam elas em edifícios, residências ou

piscinas, entre outras, contribuem para piorar a estética dessas obras e reduzir a sua vida útil,

trazendo inconvenientes aos construtores e, principalmente, aos seus clientes. Patologia, de

acordo com o dicionário on-line Michaelis (2017), refere-se à “ciência que estuda todos os

aspectos da doença, com especial atenção à origem, aos sintomas e ao desenvolvimento das

condições orgânicas anormais e suas consequências”.

No ser humano, a doença pode abreviar o seu tempo de vida, do mesmo modo numa

construção, a presença de uma patologia pode, além de prejudicar a qualidade e a estética da

obra, reduzir a vida útil das edificações. Assim, a construção civil também faz uso desse

termo. Segundo França (2011), a patologia nas edificações se dedica ao estudo de anomalias

ou problemas (possíveis doenças) do edifício e as alterações anatômicas e funcionais causadas

no mesmo. “Estas doenças podem ser adquiridas congenitamente, ou seja, durante a execução

da obra (emprego inadequado de materiais e métodos construtivos) ou na concepção do

projeto, ou mesmo serem adquiridas ao longo de sua vida” (FRANÇA et al., 2011).

Diante do estudo das patologias, apresenta-se o problema de pesquisa deste artigo:

Como a identificação e a classificação das patologias podem contribuir para que a empresa

consiga reduzir os índices de patologias registradas em edificações onde foram aplicados os

seus produtos?

Nesse contexto, o objetivo do presente artigo é mensurar e identificar as patologias

geradas pela má aplicação da argamassa colante em revestimento cerâmico com aplicações de

produtos da empresa Certa Indústria de Argamassas, de Brusque-SC.

O desenvolvimento do tema foi dividido em duas etapas, uma teoria e a outra prática.

A etapa teórica compreendeu as seguintes seções: revestimento externo; argamassa colante;

patologias em revestimentos cerâmicos (pós-aplicação). A etapa prática foi representada pela

mensuração e identificação das patologias ocorridas nos produtos da Certa Indústria de

Argamassas, no período de 2013 a 2016.

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2 Material e métodos

Com relação à abordagem, a pesquisa pode ser classificada como quantitativa.

Conforme Silva e Menezes (2001, p. 20), “a pesquisa quantitativa considera que tudo pode ser

quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá-las e

analisá-las”.

Quanto aos resultados, a pesquisa pode ser classifica como exploratória. “A pesquisa

exploratória é particularmente útil quando o responsável pelas decisões dispõe de muito

poucas informações. Ditos de outro modo, os planos exploratórios são para o pesquisador que

não sabe muito” (HAIR JR. et al., 2005, p. 84).

Já no que se refere aos métodos, a pesquisa pode ser considerada como bibliográfica e

documental. Gil (2007, p. 44) afirma que “a pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base

em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. Já a

pesquisa documental, para Silva e Menezes (2001, p. 21) caracteriza-se a “quando é elaborada

a partir de materiais que não receberam tratamento analítico”.

A população, no presente estudo, foi constituída por um total de 149 patologias, que

ocorreram entre os anos de 2013 até 2016, que envolvem casos com piscinas, fachadas e pisos

em geral. A amostra, por sua vez, foi representada por 113 patologias registradas em pisos. A

escolha dos pisos aconteceu por representarem o maior percentual de ocorrências entre os três

tipos de obras mencionadas.

Foram utilizados dois instrumentos de coleta de dados: a pesquisa bibliográfica e a

documental. A pesquisa documental, realizada na Certa Indústria de Argamassas, permitiu

fazer o levantamento das patologias registradas e avaliadas pelos técnicos da empresa em

assistência técnica realizada em campo.

3 DESENVOLVIMENTO DO TEMA

3.1 Revestimento externo

A NBR 13755 (ABNT, 1996) conceitua revestimento externo como:

[...] o conjunto de camadas superpostas e intimamente ligadas, constituído pela estrutura-suporte, alvenarias, camadas sucessivas de argamassas e revestimento final, cuja função é proteger a edificação da ação da chuva, umidade, agentes atmosféricos, desgaste mecânico oriundo da ação conjunta do vento e partículas sólidas, bem como dar acabamento estético.

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A Figura 1 apresenta as camadas que compõem o revestimento externo.

Figura 1: Camadas básicas do revestimento externo

Fonte: Oliveira (2013, p. 18).

O revestimento externo, conforme Figura 1, é composto pelos seguintes elementos:

base; chapisco; emboço; argamassa colante; placa cerâmica; junta de movimentação ou

dilatação. Estes componentes são descritos a seguir.

De acordo com a NBR 13755 (ABNT, 1996) a base é o “substrato constituído por

superfície plana de paredes, sobre a qual é aplicada a argamassa colante para o assentamento

das placas cerâmicas”.

O chapisco, conforme Leal (2003), é um procedimento de preparação de base e não se

constituí em uma camada do revestimento. A espessura média deste tratamento é por volta de

5 mm, depende da areia empregada e deve apresentar características superficiais de

planicidade e absorção de água

“O emboço é camada do revestimento cuja principal função é o encobrimento e a

regularização da superfície conferindo planicidade e apoio ao revestimento cerâmico”

(OLIVEIRA, 2013, p. 22).

A NBR 14081 (ABNT, 2004) conceitua a argamassa colante industrializada como um

“produto industrial, no estado seco, composto de cimento Portland, agregados minerais e

aditivos químicos, que, quando misturado com água, forma uma massa viscosa, plástica e

aderente, empregada no assentamento de placas cerâmicas para revestimento”.

De acordo com a NBR 13.816 (ABNT 1997), define-se placa cerâmica para

revestimento como um material composto por argila e outras matérias primas inorgânicas

normalmente utilizadas para revestir pisos e paredes. São formadas por extrusão ou por

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prensagem, seguidamente são secadas e queimadas à elevadas temperatura. Podem ser

esmaltadas ou não esmaltadas. Não são afetadas pela luz e não é um material combustível.

A junta de movimentação é o espaço regular cuja função é separar o revestimento do

piso, para aliviar tensões provocadas pela movimentação da base ou do próprio revestimento,

conforme NBR 13753 (ABNT, 1996). Essa norma recomenda a instalação de juntas de

movimentação, em interiores, quando a área do piso for igual ou maior que 32 m2 ou uma das

dimensões do revestimento for maior que 8 m. Para exteriores, área do piso igual ou maior

que 20 m2 e dimensões do revestimento maior que 4m.

3.2. Argamassa colante

“A argamassa colante é um produto industrializado, à base de cimento, cujo preparo

em obra exige apenas a adição de água nas proporções indicadas pelo fabricante”

(ANTUNES, 2010, p. 25).

A argamassa colante industrializada, conforme Pezzato (2010, p. 56):

é responsável pela fixação da placa cerâmica com o emboço e possui como propriedade, resistência às tensões de tração e cisalhamento entre as camadas da interface do sistema revestimento cerâmico: emboço-camada de fixação, camada de fixação-placa cerâmica.

A classificação das argamassas colantes para revestimento cerâmico é dividida em três

classes principais, de acordo com a composição química, conforme Quadro 1.

Quadro 1: Classificação das argamassas colantes para revestimentos cerâmicos.Classificação CaracterizaçãoArgamassas a base de cimento Junção de agentes ligantes hidráulicos, cargas minerais e

aditivos orgânicos que misturados com água ou polímero pré-dosado separadamente formam uma “cola”.

Argamassas de emulsão Junção de uma emulsão liquida de polímero, composta por agentes orgânicos ligantes, aditivos orgânicos e cargas minerais, prontos pra uso.

Adesivos de resina de reação Junção de resinas sintéticas, cargas minerais e aditivos orgânicos, onde o endurecimento acontece por reação química.

Fonte: Adaptado de Pezzato (2010, p. 57).

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3.3 Patologias em revestimentos cerâmicos (pós-aplicação)

As patologias que acontecem em revestimentos cerâmicos podem ser classificadas sob

quatro formas: congênitas; construtivas; adquiridas e acidentais. As patologias congênitas se

referem àquelas originárias da etapa do projeto da obra. As construtivas são decorrentes da

fase de execução da obra. As adquiridas acontecem durante a vida útil dos revestimentos,

enquanto as acidentais são resultado de algum fenômeno atípico, tais como a ação da chuva

com ventos de intensidade anormal e recalques estruturais (ROSCOE, 2008).

Como o foco do presente artigo são as patologias que ocorrem pós-aplicação, será

dada atenção às patologias adquiridas e acidentais. Entre estas, Rhod (2011) aponta como as

principais patologias que ocorrem em revestimentos cerâmicos: a) destacamento; b) trincas,

fissuras e gretamento; c) manchas; d) deterioração de juntas. Estas patologias são

caracterizadas a seguir.

a) Destacamento

O destacamento ou descolamento ocorre, segundo Moura (2012, p. 16), “devido à

falha ou ruptura na interface entre as camadas do revestimento cerâmico, ou entre base e

substrato (alvenaria, estrutura etc.). A perda de aderência é causada quando as tensões

ultrapassam a capacidade de aderência”.

b) Trincas, fissuras e gretamento

As trincas, segundo Roscoe (2008, p. 59), são “rupturas no corpo da placa cerâmica

provocadas por esforços mecânicos (ex.: tração axial, compressão axial ou excêntrica, flexão,

cisalhamento ou torção),que causam a separação das placas em partes, com aberturas

superiores a 1 mm”.

Já as fissuras, são “rompimentos nas placas cerâmicas, com aberturas inferiores a 1

mm e que não causam a ruptura total das placas” (ROSCOE, 2008, p. 59).

Gretamento é definido por como a fissuração (aberturas de 0,5 a 0,1mm) da camada de

esmalte superficial da placa cerâmica. O gretamento dá à superfície das placas uma aparência

de teia de aranha. A expansão ocasionada pela umidade pode ser responsável pelo gretamento

das placas cerâmicas para revestimento, situação em que ocorre aumento nas dimensões da

sua base, forcando a dilatação do esmalte, material que e menos flexível (CAMPANTE, 2001;

ROSCOE, 2008).

c) Manchas

As manchas que acontecem em revestimentos cerâmicos podem ser ocasionadas por

eflorescências, bolor, manchas d´água e manchas ocasionadas pelo uso.

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“As eflorescências são resultantes da presença de sais solúveis, água e pressão

hidrostática. Os sais solúveis estão usualmente presentes nos materiais que compõem

concretos, argamassas e alvenarias” (MANSUR; NASCIMENTO, MANSUR; 2012, p. 57).

A umidade do ambiente favorece a umidade do material. Porém, somente a umidade

absorvida pelo material colabora para o desenvolvimento de fungos, também conhecido como

bolor. A temperatura também é um fator que contribui para o aparecimento desta patologia

(RHOD, 2011).

d) Deterioração das juntas

Os sinais de que está havendo uma deterioração das juntas, de acordo com Roscoe

(2008, p. 61), são: “perda de estanqueidade da junta e envelhecimento do material de

preenchimento. A perda da estanqueidade pode iniciar-se logo após a sua execução, através de

procedimentos de limpeza inadequados”.

Mansur, Nascimento e Mansur (2012) realizaram estudos com identificação de

patologias em sistemas de revestimento cerâmico de fachada. Os autores compilaram os dados

obtidos junto à Consultare – Pedrosa e Nascimento Engenharia e Consultoria Ltda., no

período de 1998 a 2003, quando levantaram patologias ocorridas em 44 edifícios localizados

em diversas cidades do Brasil. O Gráfico 1 mostra esses resultados, sendo que a cor azul se

relaciona às patologias de natureza estética, enquanto a cor vermelha se refere às patologias

de natureza funcional.

Gráfico 1: Patologias em revestimentos cerâmicos de fachadas – ocorrências.

Fonte: Adaptado de Mansur A., Nascimento B. e Mansur A. (2012, p. 60).

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Assim, por exemplo, conforme Gráfico 1, quanto às patologias funcionais, a maior

ocorrência foi o ‘destacamento’, que foi registrado em 42 edifícios, enquanto a menor

ocorrência foi o ‘falha na junta de movimentação’, que aconteceu somente em um edifício.

Com relação às patologias estéticas, a maior ocorrência foi o ‘gretamento’, que aconteceu em

29 edifícios, enquanto a menor ocorrência se deu com as ‘manchas por hidrorepelentes’,

registrada somente em um edifício

3.4 Análise dos resultados e discussões

Foi efetuado levantamento, na empresa, das patologias com revestimentos cerâmicos

ocorridas em pisos, de 2013 até o ano de 2016. Foram catalogadas 113 patologias. A escolha

dos pisos se deveu ao fato de que representaram a maioria das patologias, que incluíam ainda

fachadas, piscinas e outros tipos de obras.

3.4.1 Patologias ocorridas em 2013

Gráfico 1: Patologias registradas em pisos em 2013 (percentual).

Fonte: Arquivos da empresa

De acordo com o Gráfico 1, em 2013, a maior ocorrência das patologias se deu com

‘som cavo ou falta de aderência’, com 31%; em segundo, ‘rejunte’ com 25%; em terceiro,

‘falta de junta de movimentação (dilatação)’ com 17%; em quarto, ‘manchas’ com 8%; em

quinto, ‘argamassa inadequada’ com 6%; em sexto, ‘junta menor que a recomenda’ e

‘problema com a base’, com 5%; em último, ‘problema com a argamassa’ com 3%.

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3.4.2 Patologias ocorridas em 2014

Gráfico 2: Patologias registradas em pisos em 2014 (percentual).

Fonte: Arquivos da empresa

Conforme Gráfico 2, em 2014, a maior ocorrência das patologias se deu com

‘rejuntes’ com 43%; em segundo, ‘som cavo ou falta de aderência’, com 27%; em terceiro,

‘falta de junta de movimentação (dilatação)’ com 17%; em quarto, , ‘argamassa inadequada’

com 10%; em último, eflorescências com 3%.

3.4.3 Patologias ocorridas em 2015

Gráfico 3: Patologias registradas em pisos em 2015 (percentual).

Fonte: Arquivos da empresa

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De acordo com o Gráfico 3, em 2015, a maior ocorrência das patologias se deu com

‘som cavo ou falta de aderência’ e ‘rejunte’ com 36%; em segundo, ‘falta de junta de

movimentação (dilatação)’ com 14%; em terceiro, ‘junta menor que a recomendada’ com 7%;

em quarto, ‘problema com a base’ com 4%; em último, ‘argamassa inadequada’ com 3%.

3.4.4 Patologias ocorridas em 2016

Gráfico 4: Patologias registradas em pisos em 2016 (percentual).

Fonte: Arquivos da empresa

De acordo com o Gráfico 4, em 2016, a maior ocorrência das patologias se deu com

‘som cavo ou falta de aderência’, com 50%; em segundo, ‘falta de junta de movimentação

(dilatação)’ com 35%; em terceiro, ‘rejunte’ com 11%; em último, ‘movimentação da

estrutura’ com 4%.

3.4.5 Patologias ocorridas entre 2013 e 2016

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Gráfico 2: Patologias registradas em pisos em 2013-2106 (percentual).

Fonte: Arquivos da empresa.

De acordo com os Gráficos 12 e 13, a maior ocorrência das patologias se deu com

‘som cavo ou falta de aderência’, 42 registros com 37%; em segundo, ‘rejunte’ com 28

registros com 25%; em terceiro, ‘falta de junta de movimentação (dilatação)’ com 6 registros

com 21%; em quarto, ‘argamassa inadequada’ com 5%; em quinto, ‘junta menor que o

recomendada’ com 4 ocorrências e 3%; em sexto, ‘manchas’ e ‘problema com base’ com 3

registros e 3%; em último, ‘eflorescências’, ‘problema com a argamassa’ e ‘movimentação da

estrutura’, com uma ocorrência e 1%.

O Quadro 2 mostra todas as patologias registradas no estudo e suas respectivas causas.

Quadro 2: Patologias registradas e suas causas.Patologia CausaSom cavo Entre as causas da ocorrência desta patologia, o maior percentual se

deve ao problema da qualificação da mão de obra. A aplicação do revestimento e da argamassa muitas vezes é realizada por profissionais que não têm o devido preparo.

Falta de junta movimentação (dilatação)

Desconhecimento da norma NBR 13753 (ABNT, 1996), problema que decorre da qualificação da mão de obra.

Rejunte Acontece devido a problemas tais como esfarelamento, eflorescência, manchas, destacamento do rejunte.

Argamassa inadequada Como exemplo, pode ser citado um caso em que era para ser aplicada em área externa argamassa do tipo AC-3, mas foi aplicada AC-2 ou AC-1, que oferecem menor resistência. A AC-3 é recomendada para áreas submetidas a maior carga e tráfego mais pesado. Existe ainda a AC-3 especial, com maior resistência, que é recomenda para aplicação em piso sobre piso.

Junta (rejunte) menor que a recomendada

O rejunte menor que o recomendado pelo fabricante da cerâmica acontece, normalmente, quando se utiliza rejunte mais fino para ter uma melhor estética. Porém, acaba ocasionando patologia.

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Problema com a base Refere-se a contra-piso mal executado ou sujo.Problema com a argamassa Falta de aditivos utilizados na sua fabricação.Eflorescências São sais minerais que em contato com a água afloram da argamassa

ou do rejunte. Movimentação da estrutura Efeito colateral que acontece em função, por exemplo, da

movimentação do edifício. Manchas São ocasionadas no revestimento cerâmico, em função de sua inferior

qualidade.Fonte: O acadêmico

Das patologias detectadas, conforme Quadro 2, percebe-se que ao menos 58% das

causas estão relacionadas à qualidade da mão de obra. São exceção: rejunte (parcialmente)

problema com a argamassa; manchas; movimentação da estrutura; eflorescências; problema

com base.

4 Considerações finais

As patologias resultantes da execução dos revestimentos com pisos cerâmicos podem

trazer prejuízos de natureza operacional e estética à obra. Os danos ocasionados pelas

patologias provocam transtornos tanto para o cliente como os fornecedores dos produtos

(argamassa colante, principalmente, e rejunte) e os fabricantes. O cliente vê a funcionalidade

e a aparência da obra prejudicadas. O envio de um técnico para averiguar as patologias

representa custos para o fabricante. Assim também as lojas de materiais de construção têm de

arcar com os custos das reclamações dos clientes

Ao analisar os relatórios de assistência técnica da empresa, com relação aos pisos, dez

tipos de patologias foram catalogadas, listadas a seguir: som cavo ou falta de aderência;

rejunte; falta de junta de movimentação (dilatação); argamassa inadequada; junta menor que o

recomendado; problema com a argamassa; manchas; problema com base; movimentação da

estrutura e eflorescências. Do total de 113 patologias, registrada entre 2013 e 2016, a maioria

era devido a problemas de aplicação, ou seja, qualificação da mão de obra. Desse modo, foi

alcançado o objetivo geral inicialmente proposto, que era o de mensurar e identificar as

patologias geradas pela má aplicação da argamassa colante em revestimento cerâmico com

aplicações de produtos da empresa Certa Indústria de Argamassas.

Assim, em função das patologias que envolveram problemas de mão de obra e que

aconteceram com maior intensidade, por exemplo, som cavo e falta de junta de dilatação, que

juntas somaram 58% do total, sugere-se intensificar treinamento com profissionais que fazem

a aplicação da argamassa e do rejunte, para que se reduzam essas patologias. Uma iniciativa,

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Page 13: LUXO: UMA IMAGEM SEM ESPELHOS UNIFEBE... · Web viewO objetivo do presente trabalho é mensurar as patologias geradas pela má aplicação da argamassa colante em revestimento cerâmico

que já inclusive está em andamento, é a realização de palestras (por meio do técnico da

empresa), em parcerias com as lojas de materiais de construção. Os participantes desses

treinamentos são mestres de obra, pedreiros, serventes de pedreiros, vendedores (balconistas)

das lojas de materiais de construção e, eventualmente, engenheiros civis.

Quanto ao problema de pesquisa, pode-se afirmar que a identificação e a classificação

das patologias podem contribuir para que a empresa consiga reduzir os índices de patologias

registradas em edificações onde foram aplicados os seus produtos. A partir da estratificação

realizada, verificou-se que um expressivo índice de 91% das patologias eram ocasionado pela

má qualidade da mão de obra. Observando-se o gráfico geral, com as patologias de 2013 a

2016, percebe-se que somente duas delas - som cavo ou falta de aderência e falta de junta de

movimentação (dilatação) - representam 58 % das causas. Desse modo, a Certa Indústria de

Argamassas pode concentrar seus esforços nessas patologias. De posse dos dados coletados,

fica mais fácil para a empresa implantar uma estratégia para direcionar as ações corretivas,

especialmente no que se refere à melhoria da qualificação da mão de obra.

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