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1 A evolução da informação Quando o jornalista precisa ir além? Saiba Útil e fútil Jornalismo cidadão Cinema Novas funções

MACACAS

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MACACAS é uma criação coletiva de alunos de Jornalismo da FACHA _ Faculdades Integradas Hélio Alonso_ no Rio de Janeiro. O trabalho foi realizado no segundo semestre de 2012, na disciplina Redação e Edição em Impressos, sob orientação da professora Maracy Guimarães.

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A evolução da informação

Quando o jornalista precisa ir além?

Saiba

Útil e fútilJornalismo

cidadãoCinema Novas funções

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A tecnologia se aprimora a cada dia e, o

que hoje é novo ama-nhã já se torna obso-leto. A velocidade com que a informação se dissemina faz parte desse novo momento, em que qualquer dife-rencial se torna impor-tante. Não há um novo jornalismo. O que há são novos hábitos de consumo informacio-nal e, consequente-mente, novas formas de se produzir um conteúdo relevan-te, o que resulta em novos modelos de produção, distribuição e interação quanto ao jornalismo propriamente dito. O conceito do jornalismo como função pública não mudou, mas o profissional de jornalismo vem so-frendo mutações significativas.

Há necessidade de que o jornalista, se torne um pouco de tudo e que seja capaz transmitir a informação rapi-damente, sempre mantendo a verda-de, a ética e a credibilidade. O fato é que o jornalista não vive só da escri-ta. O jornalista precisou se adaptar para produzir informação para um público com novos hábitos de con-sumo informacional, um leitor que contém a informação na palma da mão (ou na tela do celular). Não bas-ta mais o domínio – ou a familiarida-de – do assunto em questão; os novos jornalistas devem possuir profundos conhecimentos sobre mídia digital. Possuir conhecimentos sobre mí-dia digital engloba ter ciência sobre mercado, programação, ferramen-tas, técnicas de produção, fotografia,

ilustração, infográficos, gestão da co-municação, marketing, entre outros fatores. O jornalista de hoje não só escreve, mas coordena todo um pro-cesso informacional.

Vanessa Oliveira sabe muito bem como é ser um “jornalista além do jor-nalista”. Formada em jornalismo pela UFF, sentiu, desde os primeiros anos de trabalho, a necessidade de se aprimorar ainda mais: “percebi que não bastava ser jornalista. Eu precisava ir além. Na redação onde eu trabalhava me pediam coisas técnicas que não eram da minha competência e eu ficava rendida. Resol-vi prestar vestibular novamente e pas-sei para publicidade”. Já com duas for-mações a “jornal-publicitária” precisou ir mais a frente: “fiz pós em marketing, e diversos cursos de informática, entre eles, cursos avançados em Photoshop, CorelDraw e Dreamweaver, que eram essenciais para edição e montagem das matérias”. Além dos cursos e pós, Va-nessa frequenta seminários e participa de workshops.

Assim como Vanessa, o neo-jornalista precisa ser uma “metamorfose ambulante” e, cada vez mais estudantes aten-tam para isso. O novo mundo que eles atu-am pode ser analisado através dos currículos de tais profissionais. Ao analisarmos esses pro-fissionais observamos que muitos trabalham diretamente com ma-rketing, outros atuam no campo de análises de mercado, alguns se dedicam a estudar os impactos do digital na

profissão, e ainda há aqueles que são tão complexos que mal conseguem se definir.

O novo jornalista vai muito além do jornalismo. As possibilidades de atuação são tão grandes que chegam a dar a sensação de infi-nitude. Aos que possuem sede por conhecimento, o campo é mais do que fértil. A realidade que nos cerca, mostra que o jornalista não pode se ater aos meros ensinamen-tos da faculdade. Ele precisa sair da zona de conforto para se tornar um profissional de Comunicação, aquele que entende de tudo e, prin-cipalmente, sabe fazer tudo.

Quando o jornalista precisa ir alem?´

Jornalismo alem do jornalismo´

A nova vida de uma jornalista

Emmanuele Macaciel

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Quando o jornalista precisa ir alem?

Já houve quem acreditasse que o jornalismo digital seria uma trans-posição do que era produzido no meio impresso com textos longos, sem estrutura e edição adequadas. Hoje em dia, se percebe que as opor-tunidades oferecidas pela web são únicas e que o jornalismo digital precisa ir além do jornalismo con-vencional, suprindo, de forma rápi-da e eficaz a necessidade do leitor na correria do dia-a-dia.

Comunicação é a forma como as pessoas se relacionam entre si, di-vidindo e trocando experiências, ideias, sentimentos, informações, modificando mutuamente a socie-dade onde estão inseridas. Sem a co-

Um jornalismo alem do convencional: Blogs e redes sociais

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municação, cada um de nós seria um mundo isolado. Na internet esse mun-do “liberto” é cada vez mais extenso.

O fato de querer “tornar comum” uma informação culminou na explo-são dos blogs e das redes sociais, onde não há filtro para o que se é dito. “É partindo da premissa de que não po-demos considerar ‘comunicação’ ape-nas uma tarefa de jornalistas e comu-nicadores dos vários meios midiáticos existentes, que fazemos de nossos blogs um canal para ir além”, afirma a estudante de jornalismo e bloguei-ra Maria Manoela Alves. Para Manu, como é conhecida nas redes sociais, “a internet é muito mais do que um espa-ço para fofocas. Nesse mundo aberto,

podemos falar o que queremos, ex-por nossas opiniões e repassar infor-mações, além de nos aprofundarmos muito mais em determinados assun-tos”. Maria Manuela comenta que todos os dias visita blogs de grandes jornalistas para saber sobre a opinião deles fora das redações.

Ainda existem jornalistas mais con-servadores que escrevem apenas para os meios aos quais trabalham, subjul-gando o poder das redes sociais, blogs e microblogs. Aqueles jornalistas que fazem uso dessas ferramentas obtém grande número de seguidores, que acessam suas páginas todos os dias para ler a opinião do jornalista fora de seu espaço profissional.

Com a quantidade de meios de comunicação e informações que são recebidas por um leitor, o jor-nalismo tem procurado ir além e com isso o profissional procura aprendetr mais e buscar outras al-ternativas, pois não é apenas es-crever uma matéria e publicá-la o desafio hoje é atrair o leitor e detê--lo na sua notícia. E isso o jornal carioca Meia Hora, tem desempe-nhado muito bem. O jornal é destinado as classes C e D, pois atrai o público falan-do de sangue, fofoca, futebol e mulheres, porém de uma forma irreverente que se distingue dos outros jornais populares. O Meia

Hora se destaca pelo seus troca-dilhos, e sua relação bem humo-rada com a imagem, que as vezes chama tanto a atenção que acaba enganando o leitor. O tabloide mostra que o jornalis-mo e a publicidade vem caminhan-do juntos pois um publicitário tem que criar e vender o seu trabalho, e o jornalista tem que escrever bem a matéria. O Jornal tem conseguido unir as duas faces, mesmo as vezes não tendo uma boa matéria, faz um título descontraído e chama a aten-ção do público. Com isso consegue vender a notícia. Por isso que em 2011, o Meia Hora foi décimo diá-rio com maior circulação no Brasil, e a venda dele é restrita apenas ao Rio de Janeiro. Ele não é só sucesso

no papel, é também o queridinho das redes sociais, pois vem atin-gindo com frequência comparti-lhamento das suas capas. O Meia Hora é o exemplo da multiface do jornalismo e do jornalista.

Jornalismo publicitário

Jornalismo alem do jornalismo´

Carolina Marins

Karine Florenciano

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Jornalismo alem do jornalismo´

O jornalismo está curtindo as mídias sociais

A popularização das redes sociais, dos aparelhos celulares multiusos e da conectividade estão revolucionando a maneira dos seres humanos de se relacionarem. Segundo o estudo IBOPE NetRatings de Setem-bro de 2012, o Brasil já é o 5º país mais conectado com 83,4 milhões de usuários ou 48% da população nacional. O fácil acesso à internet presente não só nas grandes cidades, mas nas médias e pequenas tam-bém, está aproximando cada vez mais o repórter das pautas.

As redes sociais são um marco para a comunicação mundial e estão em constante desenvol-vimento. O surgimento de novas mídias faz com que todos os jornalistas precisem estar mais conectados e antenados a tudo que está acontecendo. A exposição excessiva da vida já virou rotina, tanto para pessoas comuns quanto para aquelas tachadas de “pessoas públicas”. Só que essa grande proliferação de fontes exige atenção redobrada para a publicação da reportagem. A quantidade de vídeos postados, desabafos publicados e reclamações compartilhadas cada vez mais frequentes podem gerar problemas e divergências na apuração das informações. No entan-to, o jornalista deve fazer tudo de uma forma cada vez mais rápida, pois em outros veículos pode haver repórteres com a mesma pauta. Segundo João Matheus Ferreira, de 21 anos, repórter do Jornal Lance, as redes sociais são importantíssimas. “Hoje todos os veículos de imprensa, além de grandes empre-sas, clubes de futebol e pessoas famosas possuem contas. No caso de uma cobertura esportiva, muitos clubes costu-mam anunciar contratações na conta oficial do Twitter. Um exemplo é o do presidente do Atlético-MG, Alexandre Ka-lil. Toda contratação ou renovação é anunciada, antes, no Twitter dele. Outros casos também são comuns, como um desabafo de jogador após derrota. Pode ser um bom instru-mento de pesquisa e fonte para se aprofundar em determinado assunto. No entanto, deve-se, sempre, prestar muita atenção se o perfil é verdadeiro ou não, algo que acontece constantemente no Twitter.” Se voltarmos um pouco no tempo, quando os celulares serviam apenas para ligar, o jornalista tinha nessa ferramenta um meio de encurtar o seu caminho com a informação. Porém o avanço tecnológico fez com que o leitor passasse a ser o repórter. Isso é, através de notícias divulgadas em redes sociais e fotos tiradas em celulares, a reportagem passou a ser publicada pelo próprio internauta. Vendo isso, alguns veículos enxergaram que, já que essas notícias estão sendo veicu-

Kalil anuncia renovação com Ronaldinho Gaúcho via Twitter

Jogador do fluminense desabafa após o jogo

ladas para a massa, que sejam pelos nossos portais. En-tão alguns portais criaram o formato “Vc Repórter”: ma-térias enviadas pelos leitores e publicadas pelo veículo, em que a notícia não precisa seguir o padrão jornalístico e o crédito é dado à pessoa que enviou, isentando o meio de comunicação de eventuais problemas. Para Thiago Dias, de 30 anos, jornalista do portal Glo-boesporte.com, um leitor pode dar um "furo" de repor-

Ruyter dos Santos

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tagem. “Pelo Twitter, isso acontece diariamente, e os sites/jornais/tvs tentam aproveitar isso criando sessões como ‘vc reporter’. Qualquer um pode estar em um restaurante e tirar uma foto do Luiz Felipe Scolari jantando com o Marin, por exemplo, sem que a imprensa saiba. A nossa missão, como jornalista e veículo, é saber filtrar o que é verdade e o que é mentira de pessoas que não são profissionais de imprensa. Para isso, vale o princípio básico do jornalismo: apurar, sempre, de novo, várias vezes, até ter certeza do que será publicado”.Fato também é que praticamente todos os jornalistas já possuem alguma das ferramentas digi-tais da atualidade. Mas é necessário ter cuidado com a opinião exposta nessas ferramentas. O fácil acesso do público aos jornalistas fez com que essa relação se aproximasse e, por inúmeras vezes, fosse confundida com intimidade. Situação muito presente quando o assunto exposto envolve esporte, política, religião; resumindo: assuntos em que o fanatismo está presente.Sergio Du Bocage é apresentador do EsporTVisão da TV Brasil e jornalista com mais de 30 anos de experiência. Ele usa seu Facebook para promover enquetes e opiniões respondidas por seus “seguidores”. “Na minha página, volta e meia gosto de provocar discussão e as pessoas acham que sou muito parcial em algumas posturas. Futebol, para mim, não só é profissão como também diver-são. Tem gente que não entende isso. Futebol sem discussão vira vôlei ou remo! Gosto do debate. Alguns dizem que não sou ético. Não seria, se me deixasse levar pelas opiniões que postam toda hora na minha página. Curioso é que, claro que a gente não pode agradar a todos, mas recebemos cerca de 300 mensagens por domingo na fanpage do nosso programa, que servem inclusive de pauta durante ele. Acho também que muito importante são as críticas. Eu gosto muito de dar atenção a elas.”O jornalista é uma pessoa como outra qualquer, porém ele tem como obrigação apenas expor a verdade sem inserir a opinião. Mas é fato que a isenção nem sempre é fácil, tanto para o jorna-lista quanto para o veículo. Interesses editoriais podem também exercer algum tipo de censura na matéria. O principal é que a notícia tem que ser verdadeira e a partir daí formatada.

Francisco Aiello é comentarista esportivo na Rádio CBN com mais de 20 anos de experiência no mercado. Para ele, o cuidado com o que é informado pelas redes sociais tem que ser mútuo, tanto para o jornalista quanto para o não profissional de comunicação. “Anti-gamente, a gente não desligava o telefone e pronto, a matéria está pronta. Então, as redes sociais só são mais uma fonte primária de apuração. Quando uma pessoa trabalha em um veículo de comuni-cação, ela tem uma responsabilidade muito grande, tem um código

de ética a seguir e uma norma de redação a cumprir. E quando simplesmente abre uma conta no Facebook ou Twitter se acha veículo, e a grande diferença está aí! Quando postar uma in-formação que for prejudicial, somente o usuário sofrerá esse prejuízo, diferentemente de quem trabalha no veículo de comunicação que o maior atingido será a própria instituição.”Assim, o jornalista vem se reinventando para apresentar sempre o seu melhor trabalho. A in-vestigação tem que ser mais apurada, fazendo a matéria mais completa. O “furo de reportagem” vem sendo publicado nas novas mídias como Blogues, Twitter e Facebook e posteriormente analisadas de forma detalhada nos veículos. O fundamental é que a ética e o respeito não sejam extintos com as novas mídias.

Golaço do sueco Ibrahimovic contra a Inglaterra foi compartilhado pelo mundo antes mesmo do jogo acabar

Jornalismo alem do jornalismo´

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Os internautas invadiram a TV Ainda podemos sentir os “abalos” que o impacto da internet causa ao jornalismo em geral e na forma de nos comunicarmos pessoalmente. Não é de se espantar que a rede “inva-da” os programas de TV, não só com participações em chats, mas também pautando programas de informação e entretenimento. Em diversas áreas do telejornalismo podemos sentir essa “invasão”, tanto em programas de esportes, lazer, culinária como nos religiosos. Por exemplo, no “Redação SporTV” do canal por assinatura SporTV, o apresen-tador André Rizek lê e-mails e “twittadas” durante exibição do programa, que vai ao ar todos os dias ao vivo, das 11:30 ás 13:00, de segunda a sexta-feira.

Muitas vezes, as perguntas, su-gestões e até correções feitas pe-los usuários, mudam o foco das reportagens. Eles também con-tribuem com informações que há alguns anos atrás seria total responsabilidade da produção. É importante lembrar que este programa tem participação de gran-des nomes do jornalismo esportivo, tais como Maurício Noriega, Alexan-dre Oliveira, Renato Mauricio Prado. Até mesmo o famoso apresentador Galvão Bueno, no programa “Bem,

amigos”, segue a linha de participa-ção dos internautas. A forte participação da internet não só faz com que o programa te-

nha telespectadores fiéis, como o torna mais dinâmico, atualizado e atraente. Devemos ressaltar que essa participa-ção é facilmente manipulada, princi-palmente porque o apresentador não irá ler duras críticas ou opiniões muito adversas, pois ele seleciona os e-mails e as mensagens, que v ler. Mas é ine-gável que a interatividade do público e necessária para o sucesso do programa.

Eduardo Spohr, jornalista que traba-lha a mais de 13 anos em redação de portais, comenta no seu artigo “Cre-dibilidade evolui no jornalismo digi-tal” no site Jornalistas da Web, que “há cinco anos, ninguém levava muito a sério o que se lia na Web. A Internet era muito mais tablóide de notícias bi-zarras e de entretenimento do veículo de hard news -não que já tenhamos superado isso totalmente. Mas hoje já é possível ver um telejornal divul-gando reportagens baseadas em infor-mações da versão eletrônica de algum periódico internacional.”

O jornalista Mario Lima Cavalcanti, em seu livro “Eu mídia”- ( A era cida-dã e o impacto da publicação pessoal no Jornalismo) que conta com a parti-

Apresentador André Rizek

cipação de jornalistas especializados no assunto. Mario também é fun-dador do site de grande sucesso na internet o “Jornalistas da Web”, que fala da ligação do jornalista com as novas mídias. Ele explica no livro que o jornalismo cidadão transfor-mou a figura do leitor, quando diz o seguinte:

“Por jornalismo cidadão, cha-mado ainda de jornalismo cola-borativo ou jornalismo partici-pativo, entende-se um modelo de jornalismo em que o leitor/usuário deixa de ser um mero re-ceptor e participa, parcial ou inte-gralmente, do processo de produ-ção de um conteúdo jornalístico. Nesse formato, a participação tem um peso maior a partir do momento em que o produto fi-nal, o que é tido como conteúdo noticioso de um veículo e estará disponível para os receptores, tem o dedo destes. È certo que a participação do receptor e canais independentes de expressão são coisas que não nasceram hoje ou

nos últimos anos. Espaços como pan-fletos, fanzines e seções de cartas dos leitores existem há décadas(...) Entre-tanto não estamos falando apenas de interação, mas também de participa-

ção do receptor no que será consu-mido por todos em uma ambiente de imenso alcance, o que tem feito algumas pessoas se preocuparem com questões como credibilidade e veracidade da informação”.

Jornalismo cidadão

Eduardo Amorim

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Jornalismo cidadão Um outro exemplo, em rede aber-ta, foi a estréia do quadro “Jovens do Brasil’ do programa Jornal Hoje da TV Globo exibido todos os dias ao meio dia, de segunda a sexta. A pauta é decidida pelos usuários, em uma enquete feita pelo site do programa. O apresentador Evaristo Costa e dois especialista do tema, o qual foi sugerido pelos usuários, comentam , debatem e respondem perguntas, também através de cor-reio eletrônico, lendo e-mails e “twittadas”, fazendo do usuário peça chave para o programa, que exibi a matéria escolhida no Jornal Hoje.

Dessa forma, fica claro que o jor-nalismo hoje só acontece com a “in-vasão” de internautas. Pelo fato de popularizar e acrescentar uma no-vidade para o telespectador. Mais do que isso, se tornou uma necessidade de adaptação aos novos telespecta-dores, devido a mudanças que seus hábito e costumes , isso reflete no jornalismo, que é feito por pessoas para informar pessoas.

No Brasil 83,4 milhões de pessoas têm acesso a inter-net, segundo o Ibope Nielsen , seja na residência, trabalho, escola, lan house ou em ou-tros lugares. Esse número foi divulgado no dia 29 de Setem-bro de 2012. Os sites que mais cresceram foram os esporti-vos, os de fotografia, de even-

tos, de previsão do tem-po, de destinos

de viagem, e de ven-

das de passa-gens ferroviárias.

As páginas de esporte cresceram 2,3% no mês de

Julho, comparado ao mês ante-rior e chegaram a 21,9 milhões de usuários únicos, enquanto os sites de fotografia ganharam 3,2% mais visitas, atingindo 14,1 milhões de usuários. Segundo a AdRelevance, ser-viço do Ibope que monitora a atividade publicitária na in-ternet, 7.193 campanhas de publicidade foram veiculadas em Julho de 2012, esse núme-ro é 32% maior que o registra-do no mesmo período do ano passado. O volume de banners na internet cresceu 34% neste período, passando de 16.364 para 21.846.

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Jornalismo cidadão

A mídia tradicional está len-tamente dando espaço para novos tipos de abordagem

da notícia. O jornalismo cidadão torna-se, cada vez mais, a demo-cratização da informação e um novo recorte da realidade. Do lei-tor para o próprio leitor, esse novo tipo de mídia quer que suas im-pressões sobre os fatos seja levada em conta, assim como seu lugar no cotidiano da população.

A falta de um gatekeeper ou de an-seios corporativistas conhecidos da grande mídia fazem o jornalismo ci-dadão parecer mais puro e engajado com suas causas reais. Além do pú-blico, a utilidade social do jornalismo cidadão chama a atenção da grande mídia nacional e internacional.

Com a temática sobre favelas, para o projeto VIVAFAVELA o im-portante é poder veicular o olhar “de dentro” da comunidade com correspondentes naturalizados com o ambiente. O projeto visa a expor o cotidiano dessa população

A autobiografia da favelae conta com, além de jornalistas ci-dadão de todo o país, animadores e produtores de conteúdo multimídia e lideranças locais.

O projeto, que tem mais de dez anos de existência, é referência na-cional na categoria. Na internet, é um site colaborativo com 1,7 mil usuários cadastrados e mais de 200 correspondentes ativos que produ-zem e compartilham conteúdo.

O VivaFavela conta também com uma revista multimídia, também produzida pelos correspondentes que é enviada a cada dois meses para cerca de quinze mil assinantes. Os autores são remunerados e postos em contato com os editores do número, sempre que possível através de ofici-nas e cursos presenciais.

Fora da web, além de se tornar uma rede de voluntários que atuam como correspondentes em uma plataforma colaborativa, o projeto também vem tendo visibilidade com formação de comunicadores multimídia, por meio de oficinas que o VivaFavela oferece para líderes locais e futuros correspon-dentes terem mais facilidade em apren-der como funciona esse tipo de mídia.

Desde sua criação, em 2001, o Vi-vaFavela coleciona prêmios - inclu-sive internacionais - como o Docu-mentary Photography Distribution Grant, da Open Society em NY, e foi finalista do prêmio Stockholm GKP, participando da cerimônia de premiação na malásia. Além disso, inspirou dois livros: O “Viva Favela”, que foi lançado em 2009, que reú-ne cerca de 50 imagens do acervo de quase 50 mil fotografias de fave-las cariocas feitas desde o início do projeto, e o livro “VIVA FAVELA! - Quand les démunis prennent leur destin en main” que apresenta o pro-jeto na França.

Lohana Hastenreiter

E a favela vive!

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O RioOnWatch (abreviação para Rio Olympics Neighboorhood Wa-tch/ Comunidades do Riode Olho nas Olimpíadas) é um site do proje-to das Comunidades Catalisadoras, ONG que lutapela destigmatização das favelas do Rio. É o único site de notícias em inglês que veicula a perspectiva de líderes comunitários, moradores de comunidades e ob-servadores internacionaisacerca das mudanças que acontecem na cidade durante a contagem regressiva para osgrandes eventos da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016.

O site, que é feito de forma colabo-rativa com voluntários brasileiros e estrangeiros, foi criadoem 2010 com a finalidade de repercutir o cotidia-no das favelas durante a preparação da cidadepara receber os jogos e, com isso, procura gerar mudanças em prol de um desenvolvimento-conjunto e sustentável nas comu-nidades cariocas. Obter uma visão mais fiel da realidade e dar voz à vi-vência urbana na periferia da cidade é o que o projeto mais valoriza.

O projeto teve seu reconhecimento internacional cerca de nove meses após sua criação. Tudoteve início quando observadores internacionais da ComCat filmaram agentes da prefeituraderrubando as casas dos moradores da comunidade Vila Ta-boinha, na zona oeste do Rio.

Nove meses depois, o projeto foi contatado pela Associated Press, uma das maiores agências de notí-cias do mundo, conseguindo que a matéria sobre as remoções nas fa-velas atingisse a grande imprensa. Depois, deu seguimento à matérias no The Guardia, BBC, Telegraph, The Independent, entre outros ve-ículos internacionais.

Theresa Williamson, fundadora do site, quando questionada sobre

Jornalismo cidadão

o conteúdo que mais interessa aos jornalistas internacionais, disse em entrevista ao portal de noticias O Dia “Recebemos questionamentos de jor-nalistas sobre UPPs, obras do PAC na urbanizaçãodas comunidades e tam-bém a respeito de remoções de mora-dores para obras das Olimpíadas. O ‘New York Times’ já publicou uma matéria sobre as desapropriações no Morro da Providência”.

A linha editorial do site questiona se o Rio aproveitará a chance de se reerguer como cidade global pelos grandes investimentos que recebe no momento, e conseguir consolidar su-aeconomia, ou se continuará sendo a “cidade partida” que nós, cariocas, nos acostumamos a viver. As desi-gualdades sociais serão reduzidas? A boa imagem internacional tão pre-servada pelo governo e pela grande mídia se concretizará? Esses são os temas defendidos pela RioOnWatch.

Para quem comprou a ideia e deseja fazer parte do voluntariado, o proces-so é muito simples. Qualquer pessoa pode enviar sua matéria para os edi-tores do site. Quatro matérias de jor-nalistas comunitários são remunera-

De olho nas olimpíadas

das todos mês. Além de repórteres, ainda já necessidade de tradutores de inglês e português.

Foram publicados, em 2011, cerca de 111 artigos cobrindo eventos em favelas do Rio. No mesmo ano, rea-lizaram a formação de 30 jovens de comunidades no Rio de Janeiro Jor-nalismo Comunitário e 8 em vídeo jornalismo, para produzirem conte-údo para o site ao longo desse ano. Além disso, 50 jovens de outras três comunidades ingressaram no curso de “Video Jornalismo: Vozes da Ju-ventude”, em parceria da RioOnWa-tch com a Adobe Youth Voices.

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Revolução sem caraAnonymous aproveitam a obscuridade da internet para lançar uma nova luz a velhos fatos, por vezes batidos ou ignorados pela grande imprensa

“Compromisso com a verdade. Isen-ção. Um time de formadores de opi-nião que não têm medo de mostrar a cara”. Essas palavras não foram reti-radas de uma vinheta de fim de ano, promovendo a programação jornalís-tica de um canal de TV. Mas bem que poderiam. De modo geral, os grandes veículos de comunicação de massa têm essa tendência a exacerbar o que, como e, em especial, quem faz o jor-nalismo que chega às TVs, jornais e revistas de milhares de pessoas. Talvez por esse motivo, um movimento que defende abertamente a livre circulação e o livre uso da informação e, na con-tramão da grande mídia, não quer for-mar opinião, prefira esconder-se por detrás de uma máscara. Nascido no lado B da internet, os Anonymous são hoje um movimen-to de mobilização política. Por um lado, rejeitam a forma de grupo ou organização ideológica e preferem a definição de ideia. “Nós não somos uma organização e não temos líderes. Oficialmente nós não existimos e não queremos existir oficialmente”, explica o Anonymous em uma apresentação na internet que completa: “se alguém lhe disser que representa ou lidera Anonymous, este alguém não conhece a ideia Anonymous, porque nós não podemos ser representados ou lidera-dos, porque isto é o que somos: uma ideia”. De uma forma ou de outra, há, de fato, um trabalho coordenado – eles já assumiram a autoria de diversos ata-ques digitais que derrubaram sites de corporações e governos envolvidos em atos que os anônimos julgaram estar relacionados com a supressão de liber-dades – o termo é ativismo hacker.

A morte do redator Mas e a relação entre a ideia do ano-nimato e a nova forma do jornalismo? Primeiro é preciso refletir sobre quem é dono da informação. Se uma notícia ou reportagem traz uma carga de da-dos, informações e, quando bem feitas, pontos de vista diferentes sobre um fato qualquer de interesse público, o conteúdo é de direito de quem apurou, produziu e publicou. Não é bem assim.

Aceitar que a matéria jornalística é um pacote de informações articuladas leva à conclusão que este mesma ar-ticulação vai continuar na cabeça do leitor, ouvinte ou espectador. A edição final do jornal só acontece na mão do leitor para o qual o texto tem alguma relevância. O anonimato, então, fun-ciona como uma despersonificação da informação. Desapego possível, apenas, em contextos nos quais mer-cado, empresa ou lucro não têm espa-ço ou até são rejeitados. Sem líderes, a intenção é utilizar as ferramentas disponíveis para divulgar o máximo de informação e devolver ao público a responsabilidade pela formação de sua opinião. Iniciado por pessoas íntimas das fer-ramentas digitais, inclusive, de comu-nicação, os anônimos brasileiros estão nas mídias sociais, têm seu próprio site de notícias e, bem como os re-

pórteres, estão nas ruas, cobrindo fatos de interesse público – porém são parte intríscica da notícia, o que o jornalista também é, mas não admite.

A gente se vê por aqui (?)

Na esteira do movimento que levou milhares de pessoas às ruas de Nova York, a partir de setembro de 2011, o diretor canadense Corey Ogilvie ini-ciou um projeto (Occupy – The Movie, com lançamento previsto para 2013) pelo qual dissemina a prática do Jorna-lismo Cidadão. O roteiro é costurado em três pontos-chave da manifestação: a necessidade ter câmeras nas mãos dos manifestantes todo o tempo, a co-bertura da violência policial contra a liberdade de reunião e de expressão e papel desempenhado pela grande im-prensa. Aqui no Brasil, os anônimos também começam a enfatizar a prática e, em outubro deste ano um policia militar foi preso após ser flagrado agredindo uma manifestante, no Centro do Rio. O caso começou quando dezenas de pessoas fechavam parcialmente a Ave-nida Presidente Vargas, via coronária da cidade – na altura da Prefeitura do Rio – em uma manifestação contrária ao aumento no valor das passagens de ônibus, anunciado para 2013. Em dado momento, um PM agrediu uma mani-festante com uma arma de choque – no vídeo, a garota aparece de costas para o policial, segurando um cartaz, quando a cena de violência é flagrada por um dos integrantes da passeata. E os jornais? Repercutiram e pre-cisaram dar o crédito das imagens ao Youtube, onde as cenas foram divul-gadas, no dia seguinte a passeata (25 de outubro, http://youtu.be/hC03T-7Z5Of4). Nas imagens é possível no-

Gustavo Magalhães

Jornalismo cidadão

“Anonymous apenas pede que você se informe e busque infor-mações por você mes-mo, e ape-nas isto. Somos pessoas comuns, de todas as cidades e de diversos lugares do Brasil e do mundo”

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tar, ainda, que vários outros mani-festantes filmavam a passeata e que um fotojornalista profissional corre, mas perde o flagrante da agressão. A depender do fluxo convencional da informação, talvez fossem publicadas noticias sobre a agressão, mas elas viriam sem o apoio das imagens. De acordo com assessoria da PM, o po-licial foi preso pelo batalhão de São Cristóvão (4º BPM) e o caso é inves-tigado pela Polícia Civíl (6ª DP). Este não o único caso de flagrante, mas os diferentes ângulos, de câmera ou reflexão, também não são as únicas pautas do jornalismo anônimo.

Foco no que interessa

Na página Anonymous Brasil.com,

não é preciso ter Facebook, Twitter ou estar habituado com a linguagem da internet e seus jargões. Os anônimos produzem um site de notícia muito similar a qualquer outro e a diferen-ça está apenas na escolha das pautas. Claro que não há preocupação com créditos de matérias replicadas de outros veículos, muito menos com o nome dos jornalistas – eles defendem a informação livre, sem dono, mas também não têm anunciantes ou pro-movem grupos específicos ou parti-dos políticos. O foco é na notícia.No formato portal, é possível encon-trar em um único lugar informações sobre movimentos sociais, reporta-gens investigativas feitas por agências do Brasil e do Mundo, temas socio-ambientais, como o uso de recur-sos naturais, educação e corrupção. Ou seja, sem editoriais específicas, o portal Anonymous Brasil.com é, em parte, um agregador de conte-údo jornalístico sobre Direitos Hu-manos e Cidadania. E, além disso, funciona como ponto de encontro com o Anonymous Brasil, pois de

Jornalismo cidadão

Se uma imagem vale mais que mil palavras elas também podem valer a segurança de todos em um protesto e valer de prova em caso de abuso policial”“

lá é possível entrar em contato com os participantes e, claro, contribuir e participar das ações organizadas pelo grupo – vão desde ataques digitais a sites e campanha de disseminação de informação nas ruas a ações de reco-lhimento de bens para doação. No mento da edição desta matéria, capa do site chamava a atenção para a convocação de associações brasilei-ras de imprensa e mídia à Argentina, em defesa do movimento contra a Lei de Meios. No país vizinho, o governo de Cristina Kirchner pressiona pela aprovação da regulação dos meios de comunicação. De um lado, acusações de censura e intervenção estatal na iniciativa privada. Do outro, denún-cias de concentração econômica e uso abusivo da máquina de informa-ção. Isso no continente das ditaduras militares e da promiscuidade entre a máquina de comunicação e o poder econômico. O velho debate do Lais-sez-faire, mas para quem? O Anony-mous Rio e o Brasil foram procura-dos, mas não concederam entrevista até o fechamento desta matéria.

Confrontos com polícias, durante pro-testos, divulgados na página do Face-book do Anonymous Rio, com apoio de imagens feitas pelos próprios mani-festantes.

Outras versões

Momento em que um policial agride o manifestante que fil-mava o protesto

Policial corre, agri-de e derruba câmera de jovem que filma-va confrontos a distância. Em seguida, a mulher corre e é derrubada. Três policiais completam o cerco

Momento no qual PM dá choque em ma-nifestantes que protestravam na baia de parada dos ônibus. Anônimos flagraram, imprensa repercutiu

Manifestantes param o trânsito na tarde do dia 24 de outubro aos gritos de “ei, Dudu, vai tomar no cu”. Alusão ao Prefei-to do Rio, Eduardo Paes

Cinegrafista anônimo detido pela PM

4 de outubro, Porto Alegre (RS), contra o tatu da copa. Protesto ter-minou em cenas de violência com

14 feridos hospitalizados. 31 de outubro, Rio de Janeiro (RJ), contra o aumento no valor das pas-

sagens de ônibus.

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Cinema

A batida nas teclas é a primei-ra semelhança da máquina de escrever e do computa-

dor. Numa máquina de escrever não se pode copiar, colar e nem ao menos pesquisar. Nessas condições, é um pouco difícil os jovens jorna-listas imaginarem como era traba-lhar há 20 anos atrás. Adequar-se a um novo tempo, com novos instru-mentos requer ao profissional “das antigas” perseverança e paciência. Para o cinema, a internet trouxe mais espaço para quem vivia limi-tado somente aos televisão, jor-nais e revistas. Para comentar um assunto amplo e detalhista, críti-cos se viram mais a vontade e dis-postos a manter suas percepções e adequações com relação aos filmes e seus lançamentos. Além disso, novidades com relação a esse meio também surgiram como novas pro-fissões e páginas voltadas somente para cinemas. Mesmo sendo veículos de comu-nicação diferentes, jornal e inter-net mantém o mesmo objetivo, informar aos leitores sobre vários assuntos. Tratando-se de críticas, há comparações sobre os meios que as veiculam. Para Sérgio Alpendre, crítico de cinema das revistas ele-trônicas Contracampo e Paisá, as críticas sofreram adaptações com o tempo em ambos os veículos: “Quando começou a crítica de filmes na internet, os textos eram enormes, por mais que dissessem que a internet era um lugar de tex-

Do papel às telastos curtos, de pouco espaço para a reflexão, já que tudo é mais ágil e rá-pido. Os textos eram mais intelectu-alizados, pensavam um pouco mais sobre a linguagem do cinema, dife-rindo das características daqueles dos jornais, mas agora, com a proli-feração de sites sobre isso, eu notei uma aproximação maior desses tex-tos com os de jornal”, revela. Como vantagem, a internet traz mais liberdade para o escritor, já que não há número limite de caracteres. Mesmo assim, o texto se torna can-sativo e exaustivo para o leitor, que pode ser rapidamente dispersado pelo bombardeamento de informa-ção que contém nesse espaço virtual. Sérgio explica essa comparação: “Vejo um problema nas publicações para a internet. Às vezes, não se im-põe um limite de tamanho ao texto e a ideia acaba menor do que o espaço. O mais importante, na verdade não é o tamanho, mas a ideia, pois cabe ao editor definir isso. O importante é escrever o texto de acordo com a ideia, sem pensar no resto”. Para Bruno Morieval, jornalista e produtor da Sexta Filmes, a internet traz mais benefícios, comparados a outos veículos: “A televisão é um local de onde tem que ter uma pro-gramação mais genérica e, por in-crivel que pareça, o cinema tem um público específico. A internet, sem o compromisso com audiencia, pode expor mais esse tipo de conteúdo e critica, assim o público específico pode ir até o que procura”.

Mas não foi só a internet que mudou a maneira de ver cinema. Os filmes em 3D são um atrativo a mais para fazer espectadores irem às salas de cinema. Infelizmente, as produções brasileiras não são privi-legiadas com essa tecnologia. Para Bruno, os brasileiros prestigiam as produções nacionais mas o reco-nhecimento vem de outros países: “Acho sim que o cinema brasileiro é prestigiado aqui, porém o gran-de reconhecimento vem de fora. O brasileiro, como grande parte de sua personalidade, tem o mau há-bito de depreciar tudo que é seu, que o que vem de fora é sempre melhor. Isso acaba refletindo tam-bém no cinema e sofremos com essa cultura ainda.” Independente da produção ser na-cional, internacional ou em 3D, os jornais ainda tem grande influência na escolha. As críticas são como um ponteiro na hora de guiar os espec-tadores na escolha dos filmes, como o bonequinho do jornal O Globo. O personagem é uma Criação de Luiz Sá e foi publicado pela primeira vez em 21 de junho de 1938, quando apareceu na edição das 17 horas. O bonequinho ainda tem grande in-fluência sobre os cinéfilos. No Rio de Janeiro é muito comum o uso da expressão “aplaudido de pé pelo bonequinho” para referir-se a bons filmes. Entre os 10 melhores filmes avaliados pelo bonequinho, a única produção brasileira é o filme Cida-de de Deus, de Fernando Meireles.

Maria Júlia AlvesO burburinho da sétima arte:

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Cinema

Quem poderia acreditar que os maiores amantes da tela grande fossem virar aficiona-

dos pelo monitor e teclado? O fato é que. na era digital, os críticos, profis-sionais conhecidos e respeitados pelo público do cinema, migraram para o meio virtual e conquistaram novos e inusitados seguidores. Uma pesquisa realizada em 2011 pela comunidade virtual Habbo Hotel com cerca de 20 mil jovens de 13 a 17 anos revelou que 80% dos entrevistados consideram a opinião dos críticos determinante na hora de assistir a um filme.

O interesse pela sétima arte vai além da exibição: o público na inter-net busca cada vez mais informações sobre diretores, atores, filmagens, críticas e resenhas em sites especia-lizados. Na pesquisa, cerca de 40% jovens afirmaram que frequentam o cinema pelo menos uma vez por se-mana, indicando o quanto a indús-tria cinematográfica é fomentada pela opinião desses profissionais.

No entanto, o crítico de cinema da Folha de S. Paulo e roteirista, Iná-cio Araújo, discorda: “a crítica está perdendo sua relevância, como por exemplo, as críticas que são um estor-vo para grandes lançamentos, basea-

das na publicidade massiva”. Inácio complementa: “O de-sejável seria que a crítica não tivesse influência alguma so-bre a bilheteria. Não é porque eu acho um filme ruim que ele não deva ser visto. Com frequ-ência, você aprende mais com um mau filme do que com um bom. É tão importante saber o

que é certo fazer quanto o que é erra-do”, revelou o crítico em a Revista Lín-gua Portuguesa.

A grande maioria dos críticos con-corda também que a influência sobre o público é muito maior em obras de produções mais baratas, como algumas nacionais, ou circuitos de arte independentes, em que o inves-timento em divulgação é bem menor e o interesse está mais focado na arte do que na bilheteria. No caso das produções independentes, o sucesso de bilheteria é uma consequência de uma boa obra, e não o único objetivo, como nas superproduções hollywoo-dianas no estilo blockbusters. Como declara David Mendes, ex-crítico do Jornal do Brasil e, atualmente, rotei-rista: “Quanto mais recursos publici-tários um filme tem, menos impor-tância tem a palavra dos críticos”.

Para Eliana Coelho, pro-fessora universitária com es-pecialização em imagens, a crítica de cinema independe do veículo e tem a missão de orientar. “Ela é ou não é uma boa crítica, independente-mente do suporte (online ou impresso). O olhar do crítico para o filme deve ultrapassar

o ‘gosto ou não gosto’, a crítica é bem maior que isso. Logo, uma boa crí-tica traz nela elementos para que o leitor possa decidir ir ou não ao cinema.” E quanto à relevância dos críticos atualmente ela declara: “Grande parte da crítica contem-porânea parece estar voltada para o mercado consumidor. As críticas nas mídias de massa falam de cine-ma como se falassem de feira livre”.

A jornalista e estudante de cinema Ellen Ferreira, diretora do documen-tário Bárbara em cena, primeiro lu-gar na quinta edição do U.FRAME, Festival Internacional de Vídeo Uni-versitário, diz não considerar a críti-ca um fator determinante na escolha do filme: “Eu leio a crítica porque acho válido saber os pontos de vista de diferentes profissionais da área, mas isso não invalida a minha opi-nião ou me impede de ver um filme”. Ellen Ferreira também alerta sobre o crescente espaço dado às crítica de cinema e a quantidade de informação na rede. “Aumentou o espaço, mas não a qualidade da crítica. Acredito ser válido ter sites especializados e espaço para expor a opinião, mas é preciso filtrar o que se lê. Há muita crítica sem fundamento e sem base teórica ou bagagem.”

O burburinho da sétima arte: A crítica cinematográfica influencia na repercussão dos filmes?Thaysa Silva e Jéssica Semedo

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Violência, corrupção e tráfico de drogas estão estampados todos os dias nas páginas dos

jornais, mas a sociedade não reflete sobre essas questões e apenas regis-tra o que foi transmitido pelos meios de comunicação. Quando os mesmos assuntos são enfocados em obras de ficção, como filmes e novelas, aí sim conseguem levar os brasileiros a pen-sar e discutir, tendo como exemplo claro desse fenômeno o próprio filme Tropa de Elite II. “O sistema é comandado pela políti-ca, e a política só respeita a mídia”. As-sim define o personagem de Wagner

CinemaMoura, o Coro-nel Nascimento, no momento em que ele percebe que a violência não é apenas uma questão de polí-cia, mas também uma questão de política. E perce-be, nesse cami-nho, a influência que tem a mídia no dia-a-dia po-lítico. Conforme publi-

cado em outubro de 2007 pelo Obser-vatório da Imprensa, a obra é “uma ficção que espelha muito a realidade ou o que as pessoas imaginam que é a realidade”, por isso a sociedade usou o filme como material para discutir o tempo presente. O filme responsabi-liza quem está no asfalto, a sociedade, o Estado, e não só as comunidades carentes dominadas pelo tráfico de drogas e pela violência urbana. Já o noticiário jornalístico fragmenta as ações, levando a uma percepção se-letiva da violência, ao passo que a fic-ção apresentaria um começo, meio e fim para os conflitos. A dramaturgia obriga o espectador a criar um senti-

do entre os fatos e enfoca o aspecto emocional dos acontecimentos, o que não ocorre com o simples reportar de fatos. Ao se fazer um filme, pega-se uma determinada realidade, que nes-te caso é a violência urbana, e a trans-forma em um objeto. Já Ônibus 174 - episódio marcan-te ocorrido no Rio de Janeiro, em 12 de junho de 2000, às quatorze horas e vinte minutos, onde o ônibus da li-nha 174 (atual 158)/(Central–Gávea), ficou detido no bairro do Jardim Bo-tânico por quase 5 horas, sob a mira de um revólver, por Sandro Barbosa do Nascimento, sobrevivente da Cha-cina da Candelária - trouxe à tona e, de uma só vez, colocou à frente do espectador, parte da problemática so-cial brasileira, sem que pudéssemos fugir ou virar o rosto. O resultado foi estarrecedor. O personagem principal do fato, Sandro, teve durante quatro horas, câmaras de televisão aponta-das contra o seu rosto, exibindo para todo o país e o mundo as suas ações. A exposição de Sandro às lentes da te-levisão contribui, portanto, para a sua “demonização”. O erro de um policial num seqües-tro de ônibus é respondido por uma intensificação das atividades policiais em áreas consideradas “perigosas” da

O espetáculo social dá mídiaO avanço da cobertura jornalística nos grandes acontecimentos

O aprofundamento na aborda-gem do episódio do ônibus 174 e da trajetória de vida de Sandro Barbosa do Nascimento ocorreu pelo cinema. Em 2002 o diretor José Padilha, de “Tropa de Elite”, transformou a história no docu-mentário “Ônibus 174”, que trou-xe ao grande público informações

inéditas e esclarecedoras. Seis anos mais tarde, em 2008, um filme brasi-leiro dirigido por Bruno Barreto, “Úl-tima Parada 174” é uma ficção base-ada na história verídica de Sandro. O filme foi escolhido pelo Ministério da Cultura como representante do Brasil na disputa pelo Oscar de melhor fil-me estrangeiro na cerimônia de 2009.

Camilla Bispo

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O espetáculo social dá mídia

cidade, onde as drogas associadas às armas pesadas representariam uma fórmula “perigosa”. Segundo o artigo de Leonardo Coelho Rocha, gradua-do em Comunicação com ênfase em Jornalismo, o caso de Sandro ajudou a definir uma estratégia de combate ao crime, pois sua figura representa-va todas as imagens das minorias ur-banas marginalizadas: menor de rua, usuário de drogas, morador de favela e armado com armas pesadas.• Em relação à cobertura da mídia, Sandro do Nascimento foi um dos seus personagens centrais, por cau-sa das imagens de terror que prota-gonizou ao longo do episódio e dos discursos de condenação veiculados nos jornais contra ele. A mídia não procurou investigar a vida de San-dro, na tentativa de contextualizar o momento vivido por ele e que o le-vou à tarde fatídica de 12 de junho. Antes, buscou explorar suas imagens aterrorizantes, condená-lo à morte e exercer de maneira nada profissional a prática jornalística. E é justamente neste instante que nos impressionamos, como há pouco tempo, mais especificamente 12 anos, a polícia tenha se mostrado tão dife-renciada em sua maneira de abordar casos como o de Sandro. É gritante o despreparo da corporação durante o acontecimento, ficou evidente que não havia qualquer estratégia que fos-se, para enfrentar o que era até então, inesperado. Após o fato e a massante mobilização de todas as partes, uma outra posrtura passou a ser assumi-da pela PM e a partir daí, esta força

se mostrou com outra roupagem em acontecimentos posteriores. É vali-do lembrar que não só a polícia, mas também a mídia, se mostrou sem o menor preparo para cobrir um fato tão chocante como aquele. A aborda-gem feita pelos meios impressos, a ba-nalização no tratamento das imagens sendo transmitidas em tempo real, a linguagem agressiva utilizada pelos meios ao se dirigirem a Sandro, sem ao menos investigar o que de fato ti-nha ocorrido no momento dos dispa-ros. A tragédia apresentou um papel fundamental, quase como um divisor de águas, no tratamento da cobertura jornalística aos fatos chocantes e ines-perados como o ocorrido. Como exemplo dessa nova aborda-gem midiática aos casos de extremo destaque, podemos citar a ocupação do Complexo do Alemão pelas for-ças militares, em novembro de 2010 e como a cobertura jornalística des-ta vez, ocorreu de maneira eficaz e profissional. O Jornal Nacional por exemplo, ganhou o prêmio Emmy

Internacional, na categoria notícia, pela cobertura da ocupação do Com-plexo do Alemão, no Rio de Janeiro. O prêmio é considerado o Oscar da televisão mundial, sendo a maior pre-miação da televisão internacional, que engloba produções de 50 países e 500 empresas de mídia. Não se trata de se aproveitar de uma situação lamentável e triste para muitos moradores daquela comuni-dade, mas sim, de destacar como o acompanhamento da tv, do rádio e outros meios de comunicação, foi fundamental para que a população que estava de fora, pudesse acompa-nhar detalhadamente, e até mesmo, servir como auxílio para as forças armadas, todas as movimentações suspeitas captadas pelas câmeras dos helicópteros. Desta vez não teve sensacionalismo, não teve exposição e abuso a dor alheia. As cenas apenas foram mostradas, cumprindo o pa-pel de manter informada toda a po-pulação e autoridades que estavam diretamente ligadas ao fato.

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Novas funções do Jornalismo

Do papel para o touchscreen: a tecnologia a favor da informação

Acordar cedo e ir a uma banca ou buscar o jornal na porta de casa não é uma tarefa que está mais no

dia-a-dia das pessoas. O que está na moda agora é ler uma fofoca pelo Twitter e com-partilhar no facebook, tudo em questões de segundos. As pessoas não precisam mais esperar pela manhã do dia seguin-te para saber o que aconteceu no Brasil e no mundo. Para isso basta um toque nos aparelhinhos cada vez mais tecnológicos, a venda aos montes por aí.

De acordo com uma pesquisa da empre-sa IDC, a venda de smartphones cresceu 84% no Brasil em 2011, e até o fim deste é esperado outro avanço de mais de 70%. Em números, a pesquisa mostra que há 15,4 milhões de “celulares inteligentes” no Brasil. Nesse ‘boom’ tecnológico, a venda de tecnologia 3G, ou internet banda larga

A venda de smartphones

cresceu 84% no Brasil em 2011

Mateus Melo

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Novas funções do Jornalismomóvel, também aumentou este ano, passando a ter 47,2 milhões de usuá-rios, segundo a Anatel (Agência Na-cional de Telecomunicações). Todos esses dados só mostram que o cidadão brasileiro está cada vez mais digital e integrado com a tecnologia.

Nesse moderno cenário, as infor-mações e os meios pelos quais elas passam se modificaram, e agora ela deve ser feita adaptada à plataforma onde está inserida. Ou seja, uma re-portagem para um portal de celular tem o texto diferente daquele impres-so em revistas ou jornais. Até porque no celular não há o mesmo espaço disponível que um jornal de grande circulação. Nas plataformas móveis, as matérias jornalísticas tendem a fi-car cada vez mais simples e informais, além de estarem em tamanhos meno-res. Se alguém quiser buscar uma in-formação mais detalhada com certeza procurará em outro meio.

O fato da informação em aparelhos ‘mobile’ ser direta e descontraída é jus-tamente para ter um público fiel, que diariamente recorrerá a seu conteúdo na hora que estiver em um engarrafa-mento ou longe de uma banca de jornal ou internet. Os Assuntos devem per-mitir certa brincadeira para prender o leitor. Nesse novo meio de comunicação vale investir em temas como fofoca, fu-tebol, celebridades e até mesmo banali-dades, além de assuntos relacionados ao comportamento ou dicas em geral, seja elas profissionais ou domésticas. Esses assuntos chamam a atenção de leitor e até divertem dentro do possível. Mesmo sendo lidos rapidamente, elas garantem um freqüentador assíduo no portal.

Sendo assim, o novo modelo de texto jornalístico, para conteúdos móveis, tem sua característica comum. Ser direto e mostrar aquilo relevante o leitor. Afinal, o celular ou qualquer outro meio móvel é usado para mil e uma utilidades, entre elas o acesso a informação.

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Novas funções do Jornalismo

A informação em 140 caracteres: o desafio do Twitter

Em meio ao trabalho em excesso e à cor-reria do dia-a-dia, está cada vez mais difícil para as pessoas encontrarem tem-

po para a informação. Ou seja, para se atua-lizarem. Antigamente ainda era possível sen-tar para ler um jornal, discutir as notícias, se abalar ou comemorar uma novidade. Mas não mais. O texto impresso, apesar de estar mais curto ultimamente, continua grande para todo esse turbilhão de tarefas às quais todo mundo se rende: trabalhar muitas horas por dia, cui-dar da casa, educar os filhos, dar atenção e su-porte aos amigos, viajar e ainda procurar mui-tas outras oportunidades de lazer.Com o avanço da tecnologia, com as novas profissões que surgiram – inclusive dentro da área do jornalismo –, viu-se uma chance de se atualizar de maneira rápida e confia-velmente. Os analistas de mídias sociais são aconselhados a manterem-se sempre muito bem informados, independente de quais te-mas as suas mídias abordem.

Bruno Lacerda, analista de mídias sociais da agência de propaganda “Publicidade Intera-tiva”, na Barra da Tijuca, RJ, diz que a mídia social mais difícil de se trabalhar é o próprio Twitter, exatamente porque reduzir uma in-formação a 140 caracteres não é função para qualquer jornalista. Perguntado sobre ter algum critério para adaptar a notícia para o espaço proposto pela mídia, Bruno afirma que não possui nenhum critério específico, apenas vai adaptando o conteúdo ao número. Ele ainda afirma que o Facebook é a melhor ferramenta para se trabalhar e propagar toda e qualquer informação. “No Facebook, há lei-tores para todas as editorias, qualquer infor-

mação postada é rapidamente compartilhada, comentada e curtida”, afirma o analista.O Twitter torna-se realmente um desafio para os jornalis-tas e analistas de mídias sociais porque nem toda informa-ção pode ser resumida sem perder parte de seu conteú-do, e quando pode, torna-se uma informação muito pura, quase um resumo do resumo.

Por Edilson da Rocha Novaes Filho

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Novas funções do Jornalismo

No entanto, como tudo, a mídia contemporânea também tem o seu saldo positivo. Como o mun-do anda sem tempo para gastar, o Twitter acaba sendo muito mais procurado – e por isso, divulga-do – por causa do mesmo motivo que para jornalista torna-se ainda uma dificuldade, um empecilho. As pessoas estão à procura de ra-pidez, do que antes foi chamado de resumo do resumo. A parte da so-ciedade trabalhadora – e mais que isso, batalhadora – precisa estar in-formada ao mesmo tempo em que precisa dirigir, se equilibrar dentro de um ônibus lotado, ao mesmo tempo em necessita dar janta aos filhos, pagar contas, digitar um trabalho importantíssimo no com-putador, etc.Os profissionais de comunicação também amam e odeiam, como toda a gente. E em relação aos seus instrumentos de trabalho não se-ria diferente. Aos analistas, coube este paradoxo: amar e odiar quase ao mesmo tempo. Amar e odiar o quê? O Twitter.

Nesta curta entrevista com o Bruno Prates, analista de mídias sociais, pode-se entender bem o que se passa pela cabeça de um deles.

Bruno, do que você mais gosta no Twitter?

Da possibilidade que ele dá à notícia de poder se espalhar. Esta mídia acaba jogando à nosso favor, nos poupando de trabalho.

De qual mídia você gosta mais: Twitter ou Facebook?

Cada uma tem o seu lado positivo e o seu lado negativo. São mídias di-ferentes, ao meu modo de ver as coisas. O Facebook é muito mais amplo em relação ao público, mas o Twitter é muito mais informativo. Mais sério, eu diria.

Defina o Twitter em uma palavra e explique?

Possibilidades. Vários textos são escritos sobre a mesma coisa antes do melhor ser postado.

Conclui-se então que o desafio de escrever uma informação pertinente, importante e relevante em 140 caracteres é de extrema importância para os profissionais da área. Primeiro, porque induz à tentativas, o que su-gere experiência. Depois, porque a tendência é termos notícias cada vez mais reduzidas e em muito mais quantidade.Para os sem tempo, um prato cheio.

Bruno Prates: analista de mídias sociais.

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Novas funções do JornalismoAnalista de Redes Sociais:

o cargo de um futuro não muito distante

Por Tainá Carvalho

Eles nem sempre têm hora certa para entrar na empresa, muito menos para sair, usam roupas despojadas e informais, e o trabalho é visto por alguns como mera diversão, enquanto para muitos é o emprego dos sonhos. Os analistas de mídias ou redes sociais, apesar de não demonstrarem, carregam uma grande responsabilida-de. São eles que determinam o conteúdo que será publicado no perfil da empresa, em cada canal de mídia.

Com o crescimento da internet, fazer parte dela se tornou algo indis-pensável. Muitas empresas têm uti-lizado as grandes redes sociais, tais como (Facebook e Twitter) como canais de Marketing, para potencia-lizar os negócios. Grande parte das companhias – pequenas e médias – já atuam com departamentos es-pecíficos nesta área, ou seja, já pos-suem os Analistas de Redes Sociais. Segundo uma pesquisa recente, fei-ta pela Deloitte no Brasil, apurou que as áreas que comandam ações de mídias sociais nas empresas são: marketing em 73% dos casos, tecno-logia da informação 16% e vendas 13%. O segmento possui tamanha importância, que segundo a revista Forbes as 100 maiores empresas do mundo possuem um departamen-to voltado para as redes sociais, se-parado do marketing e do marke-ting digital.

O empresário Rodrigo Menezes, diretor do site Concurseiro Urba-no, diz que o trabalho do analista de mídias sociais hoje é imprescindível. Em sua empresa, dos nove funcioná-rios, dois são da área. Para ele, moni-torar as redes sociais e saber usá-las a favor de sua marca é uma questão de sobrevivência do negócio.

A internet tem a capacidade de fa-zer a empresa ter boa imagem ou, ao contrário, queimá-la, de forma muito rápida - completa Menezes. - Preci-samos monitorar as redes tanto para

vender bem nossos produtos quanto para descobrirmos as necessidades do nosso público. Menezes destaca que os consumidores hoje preferem reclamar dos serviços de uma empresa no Twitter ou no Facebook, antes mesmo de fazer contato com o setor de serviço ao cliente.

Muitos se perguntam, qual é a for-mação de um analista de redes sociais? A grande parte é da área de comunica-ção, especialmente de marketing.

Mídias sociais é um meio novo, cheio de peculiaridades e armadilhas. Os analistas estão sendo muito requisi-tados, mas a maioria precisa se apro-fundar num planejamento estratégico da marca como um todo - explica. - Se a estratégia de mídia social for muito descolada da estratégia de comunica-ção da marca, existe o risco de uma esquizofrenia, completa Eduardo Bar-bato, publicitário e professor de inte-ratividade e novas mídias da Escola Superior de Propaganda e Marketing do Rio (ESPM-RJ),

O conselho de Barbato, portanto, é que aspirantes a analistas e profissio-nais da área se aprofundem em co-nhecimentos de marketing para não caírem “num trabalho apenas braçal e operacional”.

Não basta ser um nativo de web. Tem que ter mais substância. Umhea-vy user não necessariamente vai saber ser um bom analista de mídias sociais - afirma. - O ideal é que este profissio-

nal saiba também fazer uma análise da rentabilidade das ações em mídias sociais, ou seja, estabelecer metas e saber medir resultados, para ver se está no caminho certo.

Aos interessados, é bom ficar aten-to às dicas da Simone Medeiros, que deixou a área de moda, na qual se formou, para ser analista de mídias sociais. Agora, ela cursa publicidade, com especialização em marketing digital. No Twitter, por exemplo, é muito fácil de se disseminar as coi-sas. Você tem que ser ágil e dar uma resposta certeira, ou então já era - conta ela, sobre as reclamações de internautas. Algumas ferramentas, como o tweetdeck (que permite ge-renciar várias contas de Twitter e de Facebook, ao mesmo tempo) e o klout (que mede a influência da em-presa sobre as pessoas), ajudam no dia a dia do trabalho. Mas estar ante-nada com o que acontece no mundo, entender muito sobre a empresa na qual trabalha e escrever bem são as-pectos fundamentais.

Já para Vitor Mendes, estudante de Publicidade, os analistas de re-des sociais devem ter bastante aten-ção, pois na maioria dos casos eles são responsáveis por mais de cinco perfis nas grandes midias, eles pre-cisam se habituar ao planejamento e ter sempre um plano B. Pois, o ramo da internet é bastante vulnerável e o conteúdo postado e que agradou on-tem, talvez não agrade amanhã.

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Novas funções do JornalismoA fragilidade de um jornalismo adulterado

O jornalista tem como função verificar, checar, confirmar e refletir sobre as implicações e consequências da divulgação

de suas notícias, porém, não é isso que vem acontecendo. A era digital trouxe rapidez e agressividade para o noticiário, que

deram margem para os jornalistas usarem o poder de alcance e as facilidades que as mídias sociais possuem. O resultado

disso é um profissional que não verifica suas fontes e leva em consideração tudo que esta na rede.

No começo de outubro de 2012, o

jornalista italiano Tomasso Debene-

detti confirmou para o jornal mexi-

cano Excelsior, ser o autor das men-

sagens falsas veiculadas pelo Twitter

sobre a morte de Fidel Castro. Muitos

veículos de comunicação deram a in-

formação sobre a morte. Embora já te-

nham retirado do ar, as versões online

do jornal Globo e do Extra, por exem-

plo, deram o furo. Já Debenedetti, em

entrevista para o jornal espanhol El

Pais, chegou a se vangloriar por ser o

“campeão da mentira” e ainda afirmou

que inventou um novo gênero e espera

poder publicar novas falsidades e jun-

tar toda coleção em um livro.

Com contas falsas no Twitter, Tomas-

so conseguiu “anunciar” a morte de Pe-

dro Almodóvar e de Fidel Castro. Além

disso, ele também conseguiu publicar

falsas entrevistas com Philip Roth,

Gore Vidal e Bento XVI. Para o italia-

no, as mídias sociais são fontes de in-

formação mais incontroláveis no mun-

do, e a mídia acredita nela por causa de

sua necessidade de velocidade.

O pior é que muitos se baseiam e di-

vulgam falsas mensagens como verda-

de científica. Na era digital, é mais fácil

enganar quem quer ser enganado.

O poder das redes sociais foi associado

à pressa generalizada da sociedade mo-

derna e a ingenuidade do público para

divulgar e justificar esse “novo gênero

jornalístico”, o de notícias falsas.

O que se demonstra com esse tipo

de acontecimento, é a fragilidade e

vulnerabilidade do atual jornalismo

diante da era digital.

As redes sociais, como o nome já su-

gere, deveriam ser utilizadas somente

como forma de socialização e confra-

ternização. Elas não foram feitas para

serem tomadas como principais fon-

tes, às vezes, únicas fontes de notícias

para parte sociedade.

O jornalista e profissional de Social Me-

dia, Paulo Tristão, é bem íntimo da rede

e responde algumas de nossas perguntas

sobre a fragilidade do atual jornalismo

diante da revolução cibernética:

Macacas: O que você acha dos jorna-

listas que usam as mídias como única

fonte de pesquisa?Paulo Tristão: Qualquer fonte de pes-quisa que seja usada de forma única é prejudicial ao resultado da apuração. As mídias sociais são, sem dúvidas, uma fonte de conteúdo extraordiná-ria. Por outro lado, o profissional do jornalismo precisa redobrar a atenção quanto à veracidade deste conteúdo. As facilidades propiciadas pelas redes sociais, como encontrar um perso-nagem para uma matéria, ou mesmo

Por Suelen Gomes

Paulo Tristão: Jornalista e Analista de ídia Social

um assunto em discussão que pode se transformar em pauta, acabam por deixar o jornalista talvez “preguiçoso”, boicotando um processo de apuração mais minucioso.

Quais as vantagens que as mídias trou-xeram para o jornalismo? Nesse espaço é possível realizar apura-ções, descobrir pautas e, talvez o mais interessante, acompanhar a repercus-são do seu texto e a impressão causada no público leitor.

E em que prejudicou?Acredito que as redes sociais, ou me-lhor, a internet, de forma geral, gerou um comportamento “preguiçoso” e acomodado nos jornalistas.

Como você usa as redes sociais ao seu favor? Alguma vez elas tornaram-se inimigas?Como disse anteriormente, as redes sociais são ótimos espaços para apu-rações e para compreensão do impac-to de um texto sobre um determinado público. Por outro lado, pessoalmente, preciso redobrar a atenção quanto à dispersão. Pela vastidão de conteúdo encontrado, não é difícil perder o foco.

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Útil e fútil

Desde sempre existiram inu-tilidades, que para alguns não eram tão inúteis assim.

Com a explosão da internet na dé-cada de 90, e a facilidade de com-partilhamento de tudo, as inutili-dades que até então eram reclusas aos quartos de muitos adolescentes, simplesmente estão em toda a par-te. A internet tornou-se a fonte de absolutamente todo o tipo de in-formação. Dificilmente alguém em pleno século XXI abre um livro para estudar sem o computador ao lado, o papel já não é mais suficiente, não há interatividade, movimento, em grande parte não há estímulo visual.Com a internet sendo esta nascente interminável de conteúdo, o que al-guém que almeja ser visto e ouvido faz? Migra para a mesma. Hoje pro-

gramas, novelas, cantores, editoras e mais um infindável número de seg-mentos da sociedade possuem ende-reço eletrônico. A internet por ser extremamente de-mocrática permite que qualquer um fale o que quiser, é suscetível a todo tipo de dados. Informações precio-sas podem ser encontradas sobre saúde, emprego, política, economia, porém inutilidades sobre todo tipo de assunto também são facilmen-te encontradas. Pode-se descobrir como montar uma bomba, ou com-prar um avião, a como salvar alguém que está tendo um infarto, ou seja, o terreno é bem diversificado. Com o advindo das redes sociais, primeiramente o Orkut virando fe-bre, principalmente entre os mais novos, surgiram as comunidades sobre os temas mais bizarros que se

possa imaginar, alguns anos de-pois, já no Facebook as chamadas Fan pages em que várias imagens são compartilhadas diária e massi-vamente, propagando e divulgan-do algo, são mania entre os usu-ários. O Facebook é a ferramenta principal para vários episódios de fatos aparentemente sem nenhum propósito, terem se tornado febre nacional e depois serem total-mente esquecidos. Por exemplo, a imagem do personagem Mussum com as mais diversas frases bem humoradas foi compartilhada por praticamente todos os usuários do site, milhares de montagens com a o sucesso televisivo Avenida Bra-sil também. Agora qual a utilidade disto? Com certeza muitas pági-nas lucram com este fenômeno e no caso dos produtos da chamada indústria cultural adquirem uma notoriedade que nenhuma outra ferramenta poderia proporciona--lhes. Ainda na novela Avenida Brasil, seu último capítulo foi as-sunto em praticamente todos os meios de comunicação, no Twit-ter foi o assunto mais comentado pelos internautas, com a chamada hashtag, a novela ganhou uma po-pularidade assombrosa. A linha que separa a utilidade

Desnecessário? Nem tanto

Tamiris Pires

“Leia menos, veja mais TV”, House sempre mostrou sua preferência pelo audiovisual

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Útil e fútil

www.pudim.com.br

www.worlds-highest-website.com

www.zombo.com

www.instantrimshot.com

Lalalalalalalalalalalalalalalalalala.com

www.guimp.com

www.myinternetdiploma.com

www.instantsilvio.com

www.deathclock.com

davidbowieisverydisappointedinyou.com

O blog “lista10” listou os dez sites mais inúteis do mundo:

pública da completa improficui-dade é muito tênue. Os perfis no Facebook, por exemplo, podem ser um grande celeiro de bizar-rices, porém para a publicida-de é uma mina preciosa: marcas de refrigerantes, tênis, cervejas e muitas outras têm uma página que pode ser curtida ou compar-tilhada. Outra utilidade do Face-book é testar a popularidade de determinada marca ou campanha. Um caso real de uma ferramenta de utilidade pública que a princí-

pio foi criada para auxiliar o carioca para fugir dos engarrafamentos e in-formações sobre o trânsito, é o Twit-ter da Lei Seca, que hoje é usado por alguns para saber onde estão as blitz e fugir das mesmas.De blogs de unha a dicas de por-tuguês, as ofertas são sempre úteis, mesmo que a demanda pareça pe-quena, aquelas informações interes-sam e de alguma forma farão parte da vida de alguém, afinal aquela adolescente de 14 anos quer e pre-cisa saber sobre a vida e carreira de

seu ídolo teen. Assim como em todo empreendimento, sempre existem os que apenas consomem e os que produzem. Só existem futilidades, porque existem con-sumidores de futilidades, e não há para onde fugir, pois a cada dia a quantidade de informações se multiplica monstruosamente. Não há o que fazer, apenas tentar filtrar a avalanche que nos acomete dia-riamente, tentar porque é pratica-mente impossível não se render a algumas bobeiras cibernéticas.

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O MENSALÃO DA MODA

Ser blogueira virou caso de po-lícia. Pela primeira vez na his-tória da internet, o Conselho

Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) abriu, de uma vez, quatro processos contra blo-gueiras de moda para investigar a denúncia de propaganda velada em seus blogs. De acordo com o órgão, a loja francesa Sephora pagou para que algumas blogueiras veiculas-sem material publicitário como se fossem conteúdo jornalístico. Em setembro, a empresa divulgou uma nota em que diz respeitar "a integridade editorial dos blogs que citam a empresa e entende que os mesmos têm liberdade de publi-car e dar opiniões sobre produtos e marcas, sejam elas positivas ou negativas". O estopim da investigação co-meçou com outros 'companhei-ros de profissão'. Cansada de tes-temunhar blogueiras de moda enganando seus leitores através de propagandas disfarçadas de "dicas de amiga", a ex-blogueira de moda Priscila Resende criou um blog de sátira e crítica a esse mundo que ela chama de 'fake'. Daí surgiu o "Shame On You, Blogueira" que, traduzindo, significa "que vergo-nha, blogueira", justamente para tentar fazer com que essas "re-pro-

dutoras" de conteúdo tratem seus leitores com mais dignidade: No entanto, a semelhança de texto entre posts dos três blogs chamou a atenção do Conar. De acordo com o órgão, toda publicidade deve ser claramente identificada e perce-bida como tal pelo consumidor. Como esses sites possuem conteú-do opinativo, a confusão dos publi-posts como "dicas de amiga" pode manipular os leitores: -Se uma blogueira na qual ela con-fia disser que tal batom "é a coisa mais linda e eu não posso mais vi-ver sem ele", ela compra no mesmo dia. Mesmo não sabendo que a blo-gueira foi paga para escrever aquilo e que não é a opinião dela. As leito-ras são totalmente manipuláveis pe-las empresas e blogueiras- declara a blogueira Shame, que já denunciou todo tipo de absurdo no que chama de "blogs de muóda".Recheado de denúncias agressivas, mas bem-humoradas, o "Shame on you, blogueira" conta, hoje, com mais de 40 mil likes no Facebook, além de mais de um milhão de visi-tas diárias no blog. Priscila Resen-de, a mulher por trás das denún-cias, tem provas de que essa turma endorsa até produtos que não gos-tam, por puro interesse financeiro:- As mais "pobrinhas" se conten-

tam em receber amostras das marcas. As "maiores" vendem sua opinião e trocam de ideia a cada patrocinador novo que aparece. Se hoje elas odeiam certo produto, amanhã elas já não vivem sem. Exemplos não faltam. A marca Melissa foi alvo de muita discór-dia no início do ano, por con-vidar para o lançamento da loja em Nova York (com passagem e hospedagem pagas pela empresa!) blogueiras que nunca foram fãs da marca. Uma delas, Camila Couti-nho, do blog 'Garotas Estúpidas', chegou a dizer uma vez em seu blog que "jamais usaria plástico no pé". “A blogueira escreve: “me-ninas, o que mais gosto de fazer nesse blog é dar dicas para vocês! Faço isso como se estivesse con-versando com uma grande amiga, podem ter certeza”. Na linha se-guinte, ela diz “você TEMMMM que comprar a nova maquiagem do fabricante tal” porque “é tudo de mais maravilhoso do mundo”. Seis meses depois, ela escreve ou-tro post dizendo que não usava o mesmo tipo de maquiagem há dois anos. Falta de memória ou mera publicidade disfarçada?- re-clama Pri, que coleciona exemplos como esse sob as tags "Desmemo-riada do dia" e "Jabá".

Diga não ao jabá!

macacas.com.br/utilefutil

Juliana e a Moda

BLOGUEIRAS DE MODA VÃO PARAR NA JUSTIÇA POR VENDEREM PRODUTOS COMO “DICAS DE AMIGA”

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“No meu blog eu faço propaganda sim, mas só do que eu uso, escolho

meus anunciantes”

Raphaella Avena Avenaa.com

“Para ter credibilidade, então o produto anunciado tem que ter a ver com você e com o público

do seu blog”

Juliana Ali Juliana e a Moda

“Não recomendaria nada às minhas leitoras que eu

não usaria”

Lalá Noleto

Blog da Lalá Noleto

Motivadas pela possibilidade de fama, dinheiro e os famosos 'jabás', milhares de meninas se aventu-ram a criar páginas pessoais para falar sobre moda e beleza. Tudo começou em 2007, com a mineira Cris Guerra, que criou o blog "Hoje vou assim" para expor os 'looks do dia'.

Em 2009, a grife Dolce & Gabbana convidou blo-gueiros de moda influentes para a primeira fila de seu desfile de moda. A notícia se espalhou e, no mesmo ano, grifes brasileiras fizeram o mesmo, transformando o hobby em profissão cobiçada.

Em 2010, duas blogueiras brasileiras são alçadas ao estrelato internacional ao aparecerem na lista do Signature 9, um dos sites do ramo mais influentes do mundo.

Em 2011, a empresária Alice Ferraz lança uma rede que agencia a venda de publicidade para blogs de moda, o F*Hits. No mesmo ano, a atenção que esse nicho de mercado recebe exaltou algumas pessoas, que criaram anonimamente o "movimento hater", que passa a fazer denúncias de publicidade não iden-tificadas em blogs, encabeçados pela Titia Shame.

Em 2012, as buscas por "blog de moda" são 2275% maiores do que em 2007, um crescimento 1000 vezes maior do que o do próprio setor de moda. Aproveitando a boa maré, o F*Hits lança sua pró-pria plataforma de e-commerce, com acesso restri-to às clientes cujo cadastro foi aprovado.

Um pouco sobre os blogs de moda

BLOGUEIRAS DE MODA VÃO PARAR NA JUSTIÇA POR VENDEREM PRODUTOS COMO “DICAS DE AMIGA”

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Onde está a notícia?Útil e fútil

Matérias confusas e irrelevantes veiculadas na Internet pelos grandes portais de jornalismo.

No dia 29 de outubro, a segun-da notícia mais lida no portal de notícias G1 não era sobre

o Segundo Turno das eleições muni-cipais, muito menos sobre o tão re-percutido Julgamento do Mensalão. Pasmem: era sobre uma “foto assom-brada” que causa espanto e medo no município de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais. Pensando bem, não é algo tão surpreendente já que para a grande maioria de usuários de Inter-net no Brasil, a rede é mais usada para entretenimento do que para obter in-formações. O título da matéria era até interessante: “Quadro ‘amaldiçoado’ vira lenda urbana no Sul de Minas”; o texto, no entanto, deixava muito a de-sejar. Escrito de forma confusa e sem uma informação relevante, parecia ter sido extraído de qualquer blogue amador que fale casos sobrenaturais. Nos comentários, alguns leitores ex-pressaram a insatisfação por estarem lendo uma notícia tão sem propósito através de frases como “Que boba-

gem” e “G1, me devolva o 1min da minha vida que perdi lendo essa por-caria de matéria” (sic.). O portal Glo-bo.com tem até uma seção sobre casos estranhos, chamada de Planeta Bizar-ro, mas essa matéria foi publicada por uma editoria regional do G1.

Os sites de conteúdo gratuito arre-cadam dinheiro através de publicida-de. Quanto maior o número de aces-sos, mais atraente para o anunciante será a página. Isso faz com que, cada

vez mais, sites de notícias se preocu-pem em atrair o leitor com furos e re-portagens sensacionalistas. O clique vale dinheiro e o internauta, atraído pelo título, seleciona a matéria ape-nas para descobrir que ela não traz as informações desejadas. Os grandes portais de notícia não conseguem se sustentar apenas com o dinheiro da Internet, suas principais fontes de renda estão no meio impresso e au-diovisual, os jornais, emissoras de televisão e de rádio. Talvez por isso não haja tanto critério para se fazer matérias na Internet. Naquela mesma semana, ocorreu, nos Estados Unidos, a passagem da Supertempestade Sandy, que causou 32 bilhões de dólares em danos só no Estado de Nova Iorque. Enquanto pessoas estavam isoladas, sem energia e água na Costa Leste, na Internet se multiplicavam as montagens e notícias falsas sobre a catástrofe, muitas delas sendo divulgadas em sites, no Twitter e no Facebook de grandes agências de notícias como Reuters, Washington

“Ela (Sandy) tornou-se um

estudo de caso sobre como a Internet pode

gerar desastres informativos”

Uma das montagens feitas durante a passagem da Supertempestade Sandy

Marcos David de Oliveira

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Uma das montagens feitas durante a passagem da Supertempestade Sandy

Útil e fútilPost e CNN. “Ela (Sandy) tornou-se um estudo de caso sobre como a in-ternet pode gerar desastres informa-tivos”, escreveu Carlos Castilho em um artigo para o site do Observatório da Imprensa. Então, na cabeça dos internautas que ainda se interessam por noticiá-rios Online com conteúdo confiável, surge a seguinte pergunta: onde es-tão as notícias de verdade? A Internet ainda é muito recente, e a Imprensa não conseguiu encontrar a linguagem perfeita para se comunicar através dela. Enquanto os sites de notícias fi-cam divididos entre dar a informação correta ou serem sites de mero entre-tenimento, boatos se espalham pelas redes sociais. As pessoas comuns, que disponibilizam informações pela In-ternet, têm seus próprios interesses aleatórios e, em muitos casos, não têm compromisso nenhum com o que di-zem. Mesmo assim, o que publicam interfere e muito na vida dos outros. Um exemplo disso seria o boato falso que circulou na Grande Rede sobre a inundação da Bolsa de Valores de Nova Iorque durante a passagem da Supertempestade, uma informação errada que poderia prejudicar vários investidores ao redor do mundo. Como disse o editor do The Hu-ffinton Post, T. J. Ortenzi, sobre os boatos que circularam sobre San-dy “Os trolls são parte da cultura da internet. Alguém está se diver-tindo disseminando essas coisas”. Sim, o hábito de trollar é algo que vai acontecer sempre, e enquanto os veículos de comunição não assumi-rem seu papel de protagonistas na

Internet, e entre os usuários conti-nuará o clima de desconfiança so-bre os noticiários Online. Tentando encontrar a solução para este enigma, A Macaca enviou um e-mail ao G1 fazendo algumas per-guntas sobre a estranha matéria do

Quadro Fantasma: quais os critérios para a publicação de determinados conteúdos, e qual justificativa para a divulgação de um fato tão irrelevan-te? Duas semanas se passaram, e até a publicação desta matéria o G1 não deu nenhuma resposta.

Endereço virtual da matéria do G1: http://g1.globo.com/mg/sul-de-minas/noticia/2012/10/historia-de-quadro-amaldicoado-vira-lenda-urbana-no-sul-de-minas.htmlSuposto quadro da matéria do G1

Imagem falsa de tubarao nadando em rua de Nova Jérsei durante a tempestade