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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E CONTABILIDADE
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA
EAE 308 – Macroeconomia II
2º Semestre de 2013
Prof. Gilberto Tadeu Lima
Gabarito da Lista de Exercícios 2
[1]
[a] Em uma economia parcialmente dolarizada a demanda por saldos monetários reais
domésticos depende negativamente da taxa de câmbio nominal: se a moeda local ficar mais
cara do que a moeda estrangeira (E maior; câmbio nominal valorizado) as pessoas
demandam menos moeda local e a substituem por moeda estrangeira.
[b] O multiplicador vem da IS:
*
0 2 0 0 2 3
1 1
1
1Y I i G NX Y E
c
111
1
ck
Restrição: 10 11 c
Multiplicador em economia aberta é menor porque 01 .
[c] Com perfeita mobilidade de capital e câmbio fixo temos que *iir constante. Logo,
variação na renda de equilíbrio vem da variação da IS apenas:
0Y k G
Logo, da LM, sendo 1P , segue-se que 1 1 0M Y k G .
[2]
[a] Como os níveis de preço doméstico e internacional são constantes, uma depreciação
nominal corresponde a uma depreciação real, gerando, portanto, um aumento na demanda
2
agregada. Logo, a IS é positivamente inclinada no espaço ( y , e ). E, como a condição de
equilíbrio satisfeita ao longo da LM independe da taxa de câmbio nominal, a LM é vertical
nesse espaço. Lembrando que o nível de preço doméstico é exógeno e as taxas de juros
doméstica e internacional são iguais, podemos resolver para o nível do produto doméstico
de equilíbrio utilizando a LM:
* 2
1
d fm p l ry
l
Para obter a taxa de câmbio nominal de equilíbrio, *e , basta substituir a expressão acima na
IS e resolver para e .
[b] *
0y
g
[c] *
0e
g
. Uma redução do gasto público (deslocamento da IS para a esquerda) provoca
uma depreciação nominal (e, portanto, uma depreciação real). Entretanto, como o valor de
equilíbrio do produto doméstico está dado, ocorre apenas uma mudança de composição na
demanda agregada: cai (sobe) a participação do gasto público (das exportações líquidas).
[d] Consideremos inicialmente que a demanda por moeda doméstica depende positivamente
da taxa de câmbio nominal, ou seja, uma depreciação nominal eleva a demanda por moeda
doméstica. Logo, a LM passa a ser negativamente inclinada no espaço ( y , e ). A IS, por sua
vez, segue sendo positivamente inclinada no mesmo espaço. Logo, uma elevação (redução)
do gasto público, ao deslocar a IS para a direita (esquerda), eleva (reduz) o produto e
aprecia (deprecia) a taxa de câmbio nominal. A razão econômica é bastante simples: agora,
o equilíbrio monetário pode ser satisfeito com combinações de produto doméstico e câmbio
nominal em que ambos podem variar. Consideremos, por exemplo, uma elevação do gasto
público. Uma vez que a IS é positivamente inclinada, um aumento na demanda agregada é
compatível com uma apreciação cambial, já que agora uma apreciação cambial, ao reduzir
a demanda por moeda doméstica, permite que o mercado monetário (ou seja, o mercado de
moeda doméstica) se reequilibre a um nível de produto mais elevado.
Consideremos agora que a demanda por moeda doméstica depende negativamente da taxa
de câmbio nominal, ou seja, uma depreciação nominal diminui a demanda por moeda
doméstica. Logo, a LM passa a ser positivamente inclinada no espaço ( y , e ). A IS, por sua
vez, segue sendo positivamente inclinada no mesmo espaço. Suponha que a LM é mais
inclinada que a IS. Nesse caso, uma elevação no gasto público reduz o produto e aprecia o
câmbio. Como a demanda por moeda depende negativamente da taxa de câmbio nominal, o
reequilíbrio dos mercados monetário e de bens exige níveis mais baixos do produto e do
câmbio. Suponha agora que a LM é menos inclinada que a IS. Nesse caso, uma elevação
(redução) do gasto público eleva (reduz) o produto e o câmbio nominal. Como a demanda
por moeda depende negativamente da taxa de câmbio nominal, porém /dY de é maior ao
3
longo da IS do que ao longo da LM, o reequilíbrio dos mercados monetário e de bens
requer níveis mais elevados (reduzidos) do produto doméstico e do câmbio nominal quando
ocorre uma elevação (queda) do gasto público.
Portanto, se a demanda por moeda doméstica depende da taxa de câmbio, a política fiscal
pode ser eficaz mesmo sob mobilidade de capital perfeita e câmbio flexível. Na verdade,
essa possibilidade foi aventada (mas não demonstrada formalmente) pelo próprio Robert
Mundell em seu artigo de 1963 no Canadian Journal of Economics and Political Science.
[e] Dado que '( ) 0g e , uma depreciação nominal (à qual corresponde a uma depreciação
real) pode provocar uma redução na demanda agregada. Logo, a IS pode ser negativamente
inclinada no espaço ( y , e ). E, como a condição de equilíbrio satisfeita ao longo da LM
independe da taxa de câmbio nominal, a LM é vertical nesse espaço. Logo, uma elevação
na oferta de moeda doméstica (deslocamento da LM para a direita) inequivocamente eleva
o produto. Mas, seu impacto sobre a taxa de câmbio nominal depende da inclinação da IS.
[3]
[a] O nível de preço doméstico alcançará seu novo valor de equilíbrio quando 0p .
Quando isso ocorrer, segue-se que 0y , dado que 0 . Substituindo 0y e i na
relação IS, obtemos ( / )( )b a p . Como p é constante, p ( p ) implica 0
( 0 ). Logo, quando todos os preços que compõem o nível de preço doméstico tiverem se
ajustado ( 0p ), é necessário que p para que permaneça constante. Substituindo
0y e 0i na relação LM, obtemos m p . Logo, quando o nível de preço doméstico
tiver se ajustado plenamente, teremos que 0y i e p m .
[b] Para que, no momento da expansão monetária, varie imediata e exatamente para o
novo nível de m e, então, permaneça constante, é necessário que o equilíbrio seja dado por
0 e m . Dado que i , i deve permanecer igual ao seu nível plenamente ajustado
de zero. Portanto, com i constante, y deve ajustar-se para garantir o equilíbrio no mercado
monetário-financeiro. Por conseguinte, substituindo p y e 0i na relação IS, obtemos
( )y b m p a y . Resolvendo para o produto, obtemos então [ / (1 )]( )y b a m p . E,
substituindo 0i na relação LM, obtemos m p hy . Logo, [ / (1 )]y b a hy . Sendo
assim, é necessário que [ / (1 )] 1b a h , ou seja, 1a bh .
[c] Dado que, com a restrição paramétrica computado no item anterior, varie imediata e
exatamente para o novo nível de m , não ocorre qualquer ultrapassagem – ou seja, não
ocorre overshooting nem undershooting.
[4]
[a] Substituindo (1) em (2) e impondo a condição de equilíbrio no mercado de bens
( 0p ), obtemos:
4
(1 )c yp s
h
Logo, as combinações de nível de preço doméstico e taxa de câmbio nominal para as quais
o mercado de bens está em equilíbrio formam uma reta positivamente inclinada. Supondo
que 0y (lembre-se de que o produto doméstico, suposto como sendo fixo, está expresso
em log), essas comninações coincidem com a reta de 45º. Agora, substitua (6) em (5) e a
equação resultante em (3). Utilize então a condição de equilíbrio no mercado monetário e
resolva para o nível de preço doméstico. Logo, obtemos uma relação negativa entre o nível
de preço doméstico e a taxa de câmbio nominal.
[b] Chamemos de MB as combinações de nível de preço doméstico e câmbio nominal para
as quais o mercado de bens está em equilíbrio. E chamemos de MM as combinações dessas
mesmas váriaveis para as quais o mercado monetário está em equilíbrio (levando em conta
a condição em termos de depreciação cambial esperada). É possível mostrar graficamente
que uma expansão permanente na oferta monetária, de 0m para 1m , faz com que o câmbio
nominal inicialmente ultrapasse seu novo valor de equilíbrio. Para os detalhes do processo
de ajustamento, consulte o livro de Carlin & Soskice ou o artigo do próprio Dornbusch.
[5]
[a]
Combinando (1), (2) e (3), obtemos:
(5) * ( )( )p m r e e
Logo, o nível de preço doméstico de equilíbrio de longo prazo (quando e e ) é dado por:
(6) *p m r
Logo, (6) em (5) gera a equação da MM :
(7) 1
( )e e p p
Portanto, / 0de dp e a MM é negativamente inclinada.
[b]
Fazendo 0p em (4) obtemos:
(8) e p
5
Portanto, segue-se de (6) e (8) que *e p m r , o que responde a primeira parte desse
item. Uma maneira de demonstrar a referida convergência é a seguinte. Substituindo (8) em
(7) e a resultante em (4), obtemos:
(9) 1
1 ( )p p p
Portanto, p é estável, dado que / 0dp dp , com que p p ( p p ) resulta em 0p
( 0p ). E, dado que o nível de preço doméstico converge para seu valor de equilíbrio de
longo prazo, (7) indica que taxa de câmbio nominal igualmente converge para seu valor de
equilíbrio de longo prazo.
[c] Segue-se de (5) que:
* ( ) ( )dp dm dr de de
Lembrando que de dp dm e * 0dp dr , obtemos:
(10) 1
1 1de
dm
Portanto, pode-se afirmar que um aumento permanente na oferta de moeda doméstica (por
exemplo, de 0m para 1m ) faz com que a taxa de câmbio nominal corrente inicialmente
ultrapasse seu novo valor de equilíbrio de longo prazo (ou seja, ocorre overshooting). No
caso da justificativa econômica, leve em conta que, no presente modelo, diferentemente do
modelo original de Dornbusch, a demanda real por moeda local depende negativamente da
taxa de depreciação esperada. Observe, porém, que esse novo efeito reduz a extensão da
ultrapassagem: /de dm varia negativamente com . A razão é clara: quando a expansão
monetária reduz a taxa de juros doméstica e, portanto, sobredeprecia a taxa de câmbio
nominal, a expectativa de apreciação cambial que resulta dessa ultrapassagem eleva a
demanda real por moeda doméstica e, com isso, diminui a queda da taxa de juros
doméstica, com que a depreciação da taxa de câmbio nominal é atenuada (mas não a ponto
de impedir a ocorrência de overshooting, é claro).