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TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO COMARCA de SÃO PAULO FORO REGIONAL III - JABAQUARA 2ª VARA CÍVEL Rua Joel Jorge de Melo, 424 - Vila Mariana CEP: 04128-080 - São Paulo - SP Telefone: (11) 5574-0355 - E-mail: [email protected] 0028084-85. 2012. 8. 26. 0003 - lauda 1 SENTENÇA Processo nº: 0028084-85.2012.8.26.0003 Classe - Assunto Proce dime nto Ordinário - Planos d e Saúd e Requerente: Maí sa Lop es d e Andrad e e outro Requerido: Unime d Pauli stana Soc i e dad e Coop e rativa d e Trabalho M é di co Vistos, etc. MAÍSA LOPES DE ANDRADE e PÉRISSON LOPES DE ANDRADE movem AÇÃO DECLARATÓRIA DE OBRIGAÇÃO DE FAZER , C . C . TUTELA ANTECIPADA em face de UNIMED PAULISTANA SOCIEDADE COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO , alegando, em síntese, ser ela beneficiária de contrato de plano de saúde firmado por ele, tendo havido reajuste por mudança de faixa etária a partir de quando completou 60 anos, mas é ilegal diante da CF, CDC, Lei número 9.656/98, e Estatuto do Idoso (Lei número 10.741/03), artigo 15, § 3º, motivos que requereu declaração de ilegalidade do reajuste de 08/2007 e dos reflexos, bem como restituição dobrada dos valores pagos a mais. Tutela deferida (fls.48), confirmada em AI. Na contestação (fls.77/91) a ré alegou, em síntese, que o contrato é anterior ao Estatuto do Idoso e não houve opção para adaptação das faixas etárias, conforme RN ANS 63, de 23/12/2003, sendo legal a cláusula de reajuste por faixa etária por observada a Resolução CONSU 6, de 04/11/1998, requerendo a improcedência. Réplica a fls.93/97. É o relatório. DECIDO . Se impresso, para conferência acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/esaj, informe o processo 0028084-85.2012.8.26.0003 e o código 030000001RHZZ. Este documento foi assinado digitalmente por JOSE WAGNER DE OLIVEIRA MELATTO PEIXOTO. fls. 1

Maísa sentença

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Cliente Perisson Andrade Advogados. Foi considerado ilegal o reajuste de plano de saúde por faixa etária.

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Page 1: Maísa sentença

T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA de SÃO PAULOFORO REGIONAL III - JABAQUARA2ª VARA CÍVELRua Joel Jorge de Melo, 424- Vila MarianaCEP: 04128-080 - São Paulo - SPTelefone: (11) 5574-0355 - E-mail: [email protected]

0028084-85.2012.8.26.0003 - lauda 1

SE N T E N Ç A

Processo nº: 0028084-85.2012.8.26.0003Classe - Assunto Procedimento O rdinário - Planos de SaúdeRequerente: Maísa Lopes de Andrade e outroRequerido: Unimed Paulistana Sociedade Cooperativa de T rabalho Médico

Vistos, etc.

M A ÍSA L OPES D E A NDR A D E e

PÉ RISSO N L OPES D E A NDR A D E movem A Ç Ã O D E C L A R A T Ó RI A D E

O BRI G A Ç Ã O D E F A Z E R , C .C . T U T E L A A N T E C IPA D A em face de UNI M E D

PA U L IST A N A SO C I E D A D E C O OPE R A T I V A D E T R A B A L H O M É DI C O ,

alegando, em síntese, ser ela beneficiária de contrato de plano de saúde firmado por ele,

tendo havido reajuste por mudança de faixa etária a partir de quando completou 60 anos,

mas é ilegal diante da CF, CDC, Lei número 9.656/98, e Estatuto do Idoso (Lei número

10.741/03), artigo 15, § 3º, motivos que requereu declaração de ilegalidade do reajuste de

08/2007 e dos reflexos, bem como restituição dobrada dos valores pagos a mais.

Tutela deferida (fls.48), confirmada em AI.

Na contestação (fls.77/91) a ré alegou, em

síntese, que o contrato é anterior ao Estatuto do Idoso e não houve opção para adaptação

das faixas etárias, conforme RN ANS 63, de 23/12/2003, sendo legal a cláusula de reajuste

por faixa etária por observada a Resolução CONSU 6, de 04/11/1998, requerendo a

improcedência.

Réplica a fls.93/97.

É o relatório. D E C ID O .

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T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA de SÃO PAULOFORO REGIONAL III - JABAQUARA2ª VARA CÍVELRua Joel Jorge de Melo, 424- Vila MarianaCEP: 04128-080 - São Paulo - SPTelefone: (11) 5574-0355 - E-mail: [email protected]

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Julgo antecipadamente por prescindir da

dilação probatória a vista das teses das partes e dos documentos juntados aos autos (CPC,

art. 330, inc. I).

As cláusulas do contrato de plano de saúde

no que concerne a reajustes em função de mudança de faixa etária a partir de 60 anos de

idade em diante, conquanto claras a afastar nulidade frente o CDC, afrontam, agora, a CF,

como também a Lei número 9.656/98, artigo 15, § 3º, e no especial o Estatuto do Idoso

(Lei número 10.741/03), artigo 15, § 3º, pois discriminam financeiramente pessoa

considerada idosa que goza de proteção e garantia na CF, artigo 230, e no Estatuto do

Idoso.

Assim sendo, seja em contrato de plano de

saúde ou de seguro de assistência médico-hospitalar individual ou coletivo não há mais

base jurídica para reajuste por faixa etária a partir de quando o segurado ou beneficiário

atinja idade de 60 anos, mesmo que o contrato tenha sido celebrado em data anterior ao

início da eficácia de vigência do Estatuto do Idoso, consoante sedimentado pelo C. STJ em

repercussão geral a vista dos julgados colacionados em réplica (REsp 989.380/RN, Rel.

Ministra N A N C Y A NDRI G H I; AgRg no REsp 707.286/RJ, Rel. Ministro SIDN E I

B E N E T I), ou ainda se não foi adaptado às novas faixas etárias e percentuais de reajuste,

haja vista ausente previsão na Lei número 10.741/03 para imposição dessa sistemática a

arredar em decorrência incidência da RN ANS 63, de 23/12/2003.

Acolho, portanto, o pedido declaratório de

ilegalidade do reajuste aplicado quando a autora completou 60 anos de idade, e acolho em

consequência o pedido condenatório de repetição dos pagamentos efetuados em valores

superiores ao devido, mas na forma simples e não na dobrada por ausentes elementos de

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T RIBUN A L D E JUST I Ç A D O EST A D O D E SÃ O PA U L OCOMARCA de SÃO PAULOFORO REGIONAL III - JABAQUARA2ª VARA CÍVELRua Joel Jorge de Melo, 424- Vila MarianaCEP: 04128-080 - São Paulo - SPTelefone: (11) 5574-0355 - E-mail: [email protected]

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conformação do estipulado no CDC, artigo 42.

Os valores da repetição comportam

atualização monetária pela tabela de débitos judiciais dos desembolsos, acrescendo-se juros

de mora de 1% a.m., contados da citação.

A relação jurídico-contratual é de consumo,

sujeitando-se ao prazo de prescrição de 05 anos do CDC, artigo 27, inaplicáveis os prazos

de 01 e 10 anos do CC, artigos 206, § 3º, II, “b”, e 205, respectivamente, de modo que

assim será considerado nesta ação no que tange aos valores de repetição, observando-se

como termo inicial a data dos pagamentos mensais a partir do primeiro reajuste ilegal

-08/2007-, e como termo final a data do ajuizamento da ação -30/10/2012 (fls.02)-.

Isto posto, e considerando o mais que dos

autos consta, JU L G O PR O C E D E N T E , com observação, a A Ç Ã O , e declaro nulas as

cláusulas prevendo reajustes diretos e indiretos por mudança de faixa etária após os 60

anos de idade; declaro ilegal o reajuste aplicado e cobrado a partir de 08/2007 e seus

reflexos; confirmo a tutela antecipada; condeno a ré a pagar em repetição os valores

cobrados a mais a partir de 08/2007, atualizando-se pela tabela de débitos judiciais dos

desembolsos e acrescendo-se juros de mora de 1% a.m., contados da citação; reconheço

prescrição quinquenal para fins da repetição; e, condeno a ré nas custas, despesas

processuais, e honorários advocatícios de 15% sobre o valor da condenação. P.R.I.

São Paulo, 13 de março de 2013JOSÉ W A G N E R D E O L I V E IR A M E L A T T O PE I X O T O

JUI Z D E DIR E I T O(assinatura eletrônica)

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