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Manual de em Espaços Verdes Bragança Câmara Municipal 2010 Boas Práticas Boas Práticas

Manual de Boas Práticas - bibliotecadigital.ipb.pt · pincelar as feridas com um produto anti-séptico como é o caso das pastas cicatrizantes fungicidas à base de cobre (oxicloreto

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Manual de

em Espaços VerdesBragança

Câmara Municipal2010

Boas Práticas

Boas Práticas

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Coordenaçãoeditorial: JoãoC.Azevedo ArturGonçalves

Autores: AmílcarTeixeira AnaMariaCarvalho AnaMariaGeraldes AntónioCastroRibeiro ArturGonçalves CarlosAlexandreChaves ErmelindaPereira JaimePires JoãoC.Azevedo JoãoPauloMirandadeCastro LuísNunes ManuelFeliciano MargaridaArrobas MariaAlicePinto MariadoSameiroPatrício PauloCortez StephenG.Dicke

Design: AtilanoSuarez–ServiçosdeImagemdoInstitutoPolitécnicodeBragança

Impressão:Escola Tipografica - Braganca Tiragem:10000exemplares DepósitoLegal:316446/10 ISBN:978-989-8344-08-3 Edição: CâmaraMunicipaldeBragança·2009 FortedeS.JoãodeDeus 5301-902Bragança·Portugal http://www.cm-braganca.pt

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3.4 Manutenção de árvoresLuís Nunes, Maria do Sameiro Patrício e Paulo Cortez

Podas de árvores em meio urbanoApodanãoéporsisóumanecessidade.Consiste

numaaplicaçãodeprincípiosdesenvolvidospeloHo-memparaafirmaroseudomíniosobreovegetaloupararesponderaobjectivosqueeleprópriofixou,comoporexemplocorresponderaosseuscritérios(subjectivos)deestética(Prieur,2006).Assim,apodadeveserlevadaacabodesdequesejaexecutadaquandoénecessária,definindoclaramenteeantecipadamenteosobjectivosaatingir,osquaisdevemestarsubjacentesàselecçãodométodoautilizar.

Objectivos da podaA poda tem como principais objectivos criar e

manter na árvore uma estrutura vigorosa através dacondução da sua arquitectura e fomentar a saúde evitalidade da árvore, aliadas a uma forma estética efuncionalagradávelremovendo,emcadaintervenção,amenorquantidadepossíveldetecidovivo.

Aoperaçãodapodadevecomeçardesdecedonavidadaárvore(podadeformação)eserpraticadaregularmentequandoaárvoreéjovem,evitandoassimcortesexcessivosedegrandediâmetroquandoaárvoreseencontrajáemidadeadulta.Aspodasdeformaçãofazem-sesomentenasfolhosas.

Emárvoresjovensoprincipalobjectivodapodaéformaraárvoreedar-lheumaestruturarobustaparaquecresçadurantemuitosanossemcolocaremriscoasegurançadebensoupessoas.

Emárvoresadultasapodatemcomoprincipalobjectivo manter a estrutura, a saúde e a forma daárvore,demodoaminimizarpotenciaiscondiçõesderisco.Emárvoresdeflordestina-seainduzirafloração.

A árvore certa no local certoUmaárvorequefoiplantadanummeioadequa-

doeaoqualseadaptougradualmente,nãosujeitaalimitações na sua expansão aérea ou radicular, semsinaisdedeclínioouataquesdeparasitas,nãoneces-sitadeserpodada,paraalémdaspodasdeformaçãoemanutenção.

Porte natural de um Plátano.

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É importante conhecer as árvores a utilizar naarborizaçãoemmeiourbano.Aformadacopa,oportequeatingeemadulta,ohábitoderamificaçãoedeen-raizamento(vercapítulo2.3),sãofactoresimportantesateremcontanaescolhadaespécieparadeterminadolocal,demodoaevitarorecursoapodasseverasparacorrigirerroscometidosnaselecçãodeespécies.

Adequaraespécieaoespaçodisponívelémuitoimportante.Devem-seevitarconflitosentreaárvoreeinfra-estruturascomoafiação, redessubterrâneasdetubagemouedificações(vercapítulo2.3).

Formas mais comuns da copa das árvores.Adaptadodewww.arborday.org

Arredondada

Piramidal

Oval

Colunar

Em“V”

Pequenoporte

Alturadaárvoreadulta:

Médioporte Grandeporte

30m24m18m12m6m

O porte da árvore.Adaptadodewww.arborday.org

Devemosantecipadamentevisualizaroportequeaárvoreatingequandoadultaenãonomomentodasuainstalaçãoouquandoéjovem.Issoevitarápodasdesnecessáriasouexcessivas.

Métodos de corteEstruturadosramos

Daactividadedocâmbiodotroncoeramo,resul-tageralmenteumafortepressãonolocalondeoramoseligaaotronco,provocandoumadeformaçãodostecidosinternoseaformaçãodeumazonalenhosamuitoduranaaxiladoramo.Aestadeformaçãocorrespondeumarugamaisoumenosmarcadanacasca,designada“rugadacascadoramo”.Nasparteslateraiseinferiordoramoadeformaçãoémenosacentuada,constituindoocha-mado“colodoramo”,maisoumenosvisívelconsoanteasespécies.

As feridas dos cortes com diâmetro superior a3-4 cmdemorammaistempoarecobrirpodendoocor-reroriscodedesenvolvimentodepodridõesdostecidosdaárvoreporexposiçãoàsintempéries.Qualquercorteétambémumapotencialportadeentradadeinsectosou fungos prejudiciais à saúde da árvore. É possívelpincelarasferidascomumprodutoanti-sépticocomoéocasodaspastascicatrizantesfungicidasàbasedecobre(oxicloretodecobre).

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Imediatamenteatrásdajunçãodoramoaotron-co,noconeformadopelostecidosnointeriordotronco,éestabelecidaumabarreiraquímicaàprogressãodemi-crorganismoscausadoresdepodridões“zonadedefesadoramo”.Oscomponentesquímicos,entreoutros,sãosobretudofenóiseterpenos.Quandooscortessãobemefectuados,aspodridõesparamaoníveldestabarreira.

Regrageralparaexecuçãodocorte:Nassituaçõesemquesãovisíveisocolodoramo

earugadacasca,alocalizaçãoidealdocortesitua-senoplanoqueuneaparteimediatamenteexterioràrugadacascaeapartesuperiordocolodoramo.

Quandoocolodoramonãoéfacilmentevisível,deve-seimaginarumalinhaverticalparalelaaotronco.Começar na parte imediatamente exterior à ruga dacascadoramo,efectuandoocortedemodoaqueosângulosAeBsejamsemelhantes.Ocorteterminarásen-sivelmenteaoníveldoplanoinferiordarugadacasca.

Formação da árvore jovemA formação da árvore desde cedo é muito im-

portantepoiscondicionatodooseudesenvolvimentoefuncionalidade,aadaptaçãoaolocalondevegetaeasuagestãofutura,reduzindoanecessidadedepodasdrásticasparacorrigiradimensãodacopaoudefeitosestruturais.Temosessencialmenteaspodasdeformaçãoeaspodasdeelevaçãodacopaoudesramas.

PodasdeformaçãoDestinam-seadotaraárvoredeumaestrutura

resistente e consistem, regra geral, em suprimir múl-tiplas bifurcações e ramos com ângulo de inserçãomuito apertado, susceptíveis de apresentar um fortedesenvolvimentorelativamenteaoramoprincipal.Oscortesdeformaçãodevemserfeitosdecimaparabaixo.

Estrutura de um ramo.AdaptadodeGilman(1997)

Meduladotronco

Rugadacascadoramo

Zonadedefesadoramo

Colodoramo

Aneldecrescimento

Plano correcto de corte (A para B).AdaptadodeMichau(1998)

Localizaçãodocorte

Rugadacasca

Cortecorrecto

Colodoramo

Limiteentreostecidosdoramoedotronco

A

B

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Corte correcto e cortes incorrectos.

Cortecorrecto

Rugadacascaintacta

RugadacascaremovidaFormaçãodeumtoco

demadeiramorta

Cortedemasiadorenteaotronco

Cortedemasiadoafastadodotronco

Corte em situações de colo do ramo não visível.AdaptadodeGilman(1997)

APlanoinferiordarugadacasca

Limiteexteriordarugadacasca

Linhaverticalimaginária

Planodecortecorrecto

B

Pretende-seobternamaioriadoscasosumfusteverticalúnico,direitoesólidoeformarumaestruturaequilibra-dadosramosdaárvore.Devemoscontudorecordarqueo conceito de estética é variável, principalmente emrelvadosejardinsondeaárvoremaisdireitapodenãoseramaisinteressante.

Nosprimeirosdoisatrêsanosapósaplantação,aspodasdeformaçãodevemrestringir-seàremoçãoderamosmortos,danificadosouquecompitamcomo ramo principal. A partir daí, as podas de formaçãoincidemsobretudonasupressãoderamosmalorien-tadosoucomângulosdeinserçãomuitoapertadosemúltiplasbifurcações.

AdaptadodeGilman(1997)

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Cortes de formação a realizar na fase juvenil. AdaptadodeHuberteCourraud(1994)

Ângulos de inserção dos ramos ideais para uma boa resistência. Adaptadodewww.arborday.org

Ângulosdeinserçãoideaisparaumaboaresis-tênciaaproximam-sedas10horasoudas14horasdomostradordeumrelógio.Podasdeelevaçãodacopaoudesramas

Aregulaçãodaalturaabaixodacopapoderes-ponderaváriosobjectivoscomoaadaptaçãodaárvoreao local onde está implantada (questões de escala eequilíbriocominfra-estruturasurbanas),determinadoefeito estético procurado, valorização económica dofuste(casodemuitasespéciesdealinhamento).

Adesramadeveserefectuadadebaixoparacima,eliminandoprogressivamenteosramosmaisbaixosdemodoaelevaracopaaoníveldesejado.

A operação deve ser feita enquanto os ramosnão engrossam muito para que as feridas dos cortescicatrizem rapidamente, evitando podridões. Comoreferência,emcadaoperaçãoéaconselhadodesramarsomenteatéumnívelcorrespondenteaoterçoinferior

Elevação da copa. AdaptadodeMichau(1998)

A

A–zonadaspodasdeformação B–zonadasdesramas

2/3

2/3

2/3

B1/3

1/3

A

A

BB

1/3

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daalturatotaldaárvore.Nolimite,apercentagemdecopaviva,emcadaoperação,nãodeveráserreduziremmaisde50%.Oiníciodadesramaeasuaperiodicidadedependemdaintensidadedecrescimentodaespécieedoobjectivoaatingir.Comoreferência,após5-6anosdesdeaplantaçãopodecomeçar-seaelevaçãodacopa.

PodasdemanutençãoQuando a árvore foi adequadamente formada

desdeajuventude,apodademanutençãoapenasse

destinaaeliminarramosmalconformadosouemcon-flitocomoutrosramos,ramossecosepartidos,rebentosepicórmicosconhecidoscomoramosladrõeserebentosderaiz.Regrageralnãosedeveremovermaisde1/4dacopavivaemcadaoperação.

ÉpocadepodaQuandopodardependeemgrandemedidado

tipoeobjectivodapoda.Apodaparaeliminarramossecose/oupartidos

A poda de manutenção.AdaptadodeGilman(1997)

Ramosmalorientados

Rebentosepicórmicos(ramosladrões)

Ramospartidos

Ramossecos Rebentosderaíz

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pode ser feita a qualquer altura do ano. As restantespodasdemanutenção,podasdeconduçãodacopaepodasdereduçãodacopa,devemserfeitasnaépocaderepousovegetativo(NovembroaMarço),preferencial-menteapósaépocademaiorintensidadedeformaçãodegelo.Dadoqueestasintervençõesrecaemsobretudoemárvoresadultasouemtransiçãodejovensparaadul-tas,éelevadaaprobabilidadedequeaspodasoriginemferidasdemaioresdiâmetroseportanto,seoscortesforemfeitosnaépocamaisfriadoano,osriscosdein-fecçãoporfungoseoutrosparasitassãomaisreduzidos.

As podas de formação de árvores jovens paraeliminarramosperigososemalconformadosouparaatrasarodesenvolvimentoderamosmuitogrossosaeliminaremanosseguintes,devemserefectuadasnofinaldocrescimentoprimaveril(meadosdeMaioame-adosdeJunho).Destaformaevita-searebentaçãoderamosvigorososederamosladrõesnaszonasdecorte.

Quandoapodadeformaçãotemumforteobjecti-voestético,apodanoiníciodoVerãopodeservantajosaumavezquepermiteterapercepçãodosramosmaismalconformadosouquesofremdeformaçõesdevidoaopesodafolhagem.

Seoobjectivodapodaéinduzirafloração,ficamasseguintesreferências:

• NasárvoresquefloresçamnoVerãoounoOu-tonodocorrenteanodecrescimento,deve-sepodarnoInverno(repousovegetativo).

• NasárvoresquefloresçamnaPrimaveracomorigem em rebentos do ano, deve-se podarassimqueasfloresmurcharem.

Bibliografia Gilman, E.F. 1997. Trees for Urban and Suburban Land-

scapes. An iIlustrated Guide to Pruning. DelmarPublishers,USA.

Hubert, M. e Courraud, R., 1994. Elagage et taille de formation des arbres forestiers. Institut pour ledéveloppementforestier,2eEd.Paris

Michau,E.1998.A poda das árvores ornamentais. ManualFAPAS,Porto.

Prieur,P.2006.La Taille Raisonnée des arbustes d’ornement. LesÉditionsEugenUlmer,Paris.

Internetwww.arborday.org/trees/pruning