MANUAL DE JORNALISMO NA INTERNET - facom.ufba.br · PDF fileNicholas Negroponte In A Vida Digital ... mundo, oferece análises detalhadas dos principais veículos digitais brasileiros

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  • MANUAL DE JORNALISMO NA INTERNET conceitos, noes prticas e um guia comentado das principais publicaes jornalsticas digitais

    brasileiras e internacionais

    Marcos Silva Palacios Jornalista e Doutor em Sociologia pela Universidade de Liverpool Elias Machado Gonalves Jornalista e Doutor em Jornalismo pela Universidade Autnoma de Barcelona Professores do Departamento de Comunicao da Faculdade de Comunicao da Universidade Federal da Bahia

    Salvador, Maro de 1997

  • "the future has arrived, it's just not evenly distributed..." (William Gibson)

  • Introduo

    "Um bit no tem cor, tamanho ou peso e capaz de viajar a veloci- dade da luz. o menor elemento atmico no DNA da informao"

    Nicholas Negroponte In A Vida Digital

    Uma nova modalidade de jornalismo toma conta das telas dos computadores. Cerca de quatro mil publicaes digitais de todos os tipos, esto hoje disponveis para qualquer pessoa que, possuindo um computador e um modem, conecte-se Internet, atravs de uma linha telefnica ou cabo de fibra tica. Este Manual fornece informaes prticas para o acesso a publicaes digitais em todo o mundo, oferece anlises detalhadas dos principais veculos digitais brasileiros e internacionais, introduz o usurio pesquisa sobre publicaes digitais, atravs de um extenso levantamento de bibliografias e fontes de pesquisa online. Alm disso, apresenta algumas informaes essenciais para aqueles que se dispuserem a produzir seus prprios jornais digitais. O jornalismo digital representa a adaptao de uma modalidade especfica de conhecimento da realidade a um novo suporte comunicacional, a tecnologia de transmisso digital de informaes. A definio do tipo de informao depende da forma de codificao dos seus sinais. A informao digital designa a informao codificada por algarismos decimais, ou mais geralmente, unidades binrias, os bits. A tecnologia analgica, que at bem pouco tempo atrs se impunha como o suporte das transmisses em rdio e TV, realiza emisses atravs de sinais contnuos como a oscilao da corrente eltrica, por exemplo. A previso de que o caminho natural dessas tecnologias de comunicao, como demonstra uma anlise dos planos estratgicos desses setores, seja a digitalizao progressiva de seus sinais. Numa definio sumria o jornalismo digital envolve toda a produo discursiva que recorte a realidade pelo vis da singularidade dos eventos e que tenha como suporte de circulao a Internet, as demais redes telemticas ou qualquer outro tipo de tecnologia que transmita sinais numricos. A diferena do material jornalstico em relao aos demais servios informativos, como o viva-voz, oferecidos aos usurios destas redes, no advm do suporte, mas sim do tipo de tratamento dispensado aos dados. Ao contrrio do que se possa pensar a massificao do mundo digital no torna dispensvel o trabalho jornalstico. A prpria explosao de fatos e/ou dados numa esfera pblica ciberespacial onde o tempo cada vez mais se comprime impoe uma classificao, um ordenamento e uma hierarquizaao dos fenmenos. Essa, ainda que completamente modificada tanto em sua maneira de apuraao e produao quanto em sua forma de apresentaao, seguir sendo uma atividade que exige um profissional especializado. Neste Manual, para desfazer a confuso entre os servios informativos ou de entretenimento com a produo jornalstica disponibilizada nas redes, evitaremos a reafirmao da categoria online para designar este novo tipo de jornalismo. At pouco tempo universalizada pelo senso comum como sinnimo de todos os servios oferecidos no ciberespao, a metfora informtica online remete noao de tempo real. A transposiao deste conceito para o jornalismo implicaria em duas imprecisoes.A primeira remete a confusao entre o tipo de disponibilizaao com a forma de produao. A segunda a comparaao do tempo da noticia com o tempo fenomenico. A partir desta premissa que fazemos a distinao entre os termos online e digital. Por online entendemos a forma de distribuiao do novo formato jornalstico, que permane disponvel em linha aos usurios do sistema. O conceito digital, que se est impondo como

  • hegemnico, remete para a especificidade do suporte de transmissao destas emergentes configuraoes jornalsticas. A Internet e o ambiente nico de comunciao A criao da Internet, a rede mundial de computadores que sinaliza para a adoo de um ambiente nico para circulao das mais distintas formas de expresso da subjetividade, protagoniza uma revoluo paradigmtica no campo do discurso jornalstico. Em sua etapa preliminar, nos EUA no final dos anos 80, a transposio da produo jornalstica para a Internet estava resumida aos servios de notcias personalizadas, os auto-denominados "notcirios em tempo real", oferecidos pelos servidores como o American Online. As publicaes digitais existem numa regio do ciberespao conhecida como World Wide Web (WWW), uma grande teia de bancos de dados interligados, abrangendo mquinas das diversas redes que constituem a Internet. Um dos fundadores do Laboratrio de Multimeios do Massachussetts Institute of Technology (MIT), Nicholas Negroponte, em 1995, registrava que cerca de 45 mil redes estavam dentro da Internet, com mais de quatro milhes de computadores e mais de cinquenta milhes de usurios espalhados por todo o mundo. At o final de 1996, as projees indicam que mais de cem milhes de pessoas devero estar conectadas. Para visitar esses bancos de dados necessita-se de um computador, (ligado Internet atravs de linha telefnica), de um modem e de um programa (software) conhecido como browser, que permita a leitura de texto e a recuperao de material grfico e sonoro (fotos, gravuras, cores, trilhas sonoras, efeitos de som, etc). Existem muitos programas para esse tipo de navegao na Internet, mas o Netscape e o Mosaic so os mais conhecidos e utilizados. Cpias para teste de tais programas podem ser obtidas gratuitamente, atravs da prpria Internet, e utilizadas por um tempo limitado. A maioria dos provedores comerciais de acesso Internet j fornecem, no ato de inscrio do novo usurio, um kit completo e instrues bsicas para a navegao. A teia WWW cresce continuamente. Estima-se que cerca de mil novas mquinas so acrescentadas diariamente Internet. As informaes na WWW esto contidas em sites (stios, ou simplesmente lugares), cada um dos sites composto por muitas "pginas", isto , arquivos em memrias de computadores, integrando textos, sons e imagens. Como em cada computador pode haver mais de um site, e como no h um sistema centralizado de registro desses sites, extremamente difcil calcular-se o nmero existente. Sua contagem est na casa das dezenas de milhes. E tenha-se em mente que um site WWW pode conter dezenas, centenas e at muitos milhares de pginas (ou telas) de texto e imagens. A Enciclopdia Britnica, por exemplo, um site da WWW. As pginas da WWW utilizam o hipertexto, uma modalidade de escrita (produzida numa linguagem chamada HTML) que interliga diversos documentos (localizados em diferentes arquivos). Atravs de palavras ressaltadas no texto (geralmente em negrito, itlico ou numa cor diferente), conhecidas como links (ligaes ou conexes), navega-se de um arquivo a outro. Basta clicar um link (ou seja, selecion-lo com o mouse ou com as setas de navegao e dar um Enter) para passar de um documento a outro. E pode-se acessar som e imagem com a mesma facilidade com que se acessa texto. Quem trabalha com multimdia em seu computador conhece perfeitamente o processo. A diferena que na WWW um clic pode levar de um computador a outro, de um continente a outro. A informao tem endereos As publicaes digitais so efetivamente sites da WWW que se especializam na produo e disponiblizao de notcias. Cada site tem um endereo prprio, chamado de URL. Por exemplo, o endereo WWW (ou URL) do jornal Zero Hora de Porto Alegre http://www.zerohora.com.br; o da Agencia de Notcias CNN http://www.cnn.com; a Timeout Magazine, de Londres, est em http://www.timeout.co.uk., A Tarde, de Salvador, tem seu site em http://www.atarde.com.br.

  • Milhes e milhes de sites esto hoje disponveis, abrangendo praticamente todos os setores do conhecimento humano e abrigando milhares de publicaes digitais. Cada uma delas tem seu endereo prprio e basta acess-lo para l-las na tela de seu computador, ou "import-las", para posterior gravao em seu disco rgido (Winchester) ou num disquete.. Os endereos URL so muitas vezes longos e complicados. necessrio digit-los cuidadosamente para ter sucesso. Uma letra fora do lugar, ou a troca de uma minscula por maiscula (ou vice-versa) produz uma mensagem de erro. Para minimizar tais erros importante entender como esto estruturados os endereos URL. Tomemos como exemplo o seguinte endereo: http://www.ing.ula.ve/~dparedes/noticias.html, que corresponde ao jornal Dirio de Notcias de Mrida, na Venezuela. O http://, que abre todo o qualquer endereo URL, uma abreviatura de Hyper Text Transfer Protocol (Protocolo de Transfrencia de Hipertexto). Em seguida temos: www.ing.ula.ve/, que indica o domnio onde est localizado o site. Um domnio, registrado como tal na Internet, pode conter uma srie de sites distintos. No caso do nosso exemplo a ltima parte do domnio (ve), indica que se trata de um domnio venezuelano. H uma abreviatura para cada pas (exceto Estados Unidos). Aps o domnio encontramos: /~dparedes/, que uma indicao de um diretrio, e finalmente temos /noticias.html, que remete para um arquivo especfico dentro do diretrio. Ao digitar no seu browser http://www.ing.ula.ve/~dparedes/noticias.html, o usurio ser conectado com o arquivo /noticias.html, do diretrio /~dparedes/, que est localizado num computador do domino venezuelano www.ing.ula.ve Se tudo correr bem, a primeira pgina, ou pgina de abertura do jornal venezuelano Dirio de Notcias aparecer na tela do computador. Quando nem tudo corre bem Quem tem experincia de busca de informaes na Internet, sabe quem nem tu