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2021 MANUAIS DAS CARREIRAS Teoria e Prática Coordenação: Paulo Lépore Coleção Teoria e Prática Manual do PROMOTOR DE JUSTIÇA Marcus Paulo Queiroz Macêdo Anderson de Castro Ogrizio Alexandre Daruge 5ª edição Revista, atualizada e ampliada

Manual do PROMOTOR DE JUSTIÇA

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2021

MANUAIS DAS CARREIRASTeoria e PráticaCoordenação: Paulo LéporeC

ole

ção

Teoria e Prática

Manual do

PROMOTOR DE JUSTIÇA

Marcus Paulo Queiroz Macêdo Anderson de Castro Ogrizio

Alexandre Daruge

5ª ediçãoRevista, atualizada e ampliada

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CAPÍTULO IO MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO

Marcus Paulo Queiroz Macêdo

1. O QUE É MINISTÉRIO PÚBLICO?

1.1. Considerações geraisO que é Ministério Público?Por se tratar de uma instituição multifacetada e de atuação bastante am-

pla e complexa, a resposta a tal indagação merece melhor detalhamento, o que se fará a seguir, a fim de se compreender a atuação funcional dos membros dos Ministérios Públicos brasileiros para além da de acusadores criminais, como os Promotores de Justiça são geralmente identificados pela população em geral.

Primeiramente, mister ser ressaltado que cada país que tenha seu Minis-tério Público ou entidade similar tem a própria formatação do mesmo, o que impede a feitura de um conceito universal, de modo que a definiçãode Ministério Público que aqui se pretende chegar refere-se, exclusivamente, àrealidade brasileira.

Nada obstante, há características similares entre os Ministérios Públicos dos países ocidentais, o que permite a utilização, para fins comparativos, de conceitos formulados pela doutrina estrangeira, desde que relativizados e con-textualizados, como aqui se pretende.

Dito isto, trabalhemos inicialmente com a definição do Ministério Público italiano formulada por Enrico Tullio Liebman, segundo quem: “O Ministério Público pode ser definido como o órgão instituído para promover a atuação jurisdicional das normas de ordem pública. Entre estas normas aparecem em primeiro plano as de direito penal. Mas também no direito privado há algumas que, embora regulando interesses particulares dos indivíduos e a relação que se estabelece entre eles, visam, todavia, a garantir também um bem geral da socie-dade e são, por isso, dotadas de uma mais intensa eficácia imperativa: tais são sobretudo aquelas que regulam as relações familiares e o estado das pessoas, e, numa medida mais limitada, a vida e as atividades das associações, das pessoas jurídicas privadas e das sociedades comerciais e as relações trabalhistas. Cabe naturalmente à lei graduar a particular intensidade da eficácia delas e, portanto, a qualidade das atribuições concedidas a respeito delas ao Ministério Público. Por outro lado, muitas outras leis pertencentes ao direito público, cuja natureza

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capítulo i – o ministério público brasileiro

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Figura 4

Art. 127 da CR: “O Ministério Público é

instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa

da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indis-

poníveis”

Figura 5

O art. 127 da Constituição da República baliza toda a atuação dos Ministérios Públicos brasileiros, e todas as disposições normativas que lhes são pertinentes devem

ser interpretadas com base nele.

2. AS ORIGENS REMOTAS E PRÓXIMAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO OCIDENTAL

2.1. Considerações geraisA origem histórica remota do que atualmente se entende por Ministério Pú-

blico dependerá do parâmetro de comparação que se tome, já que é impossível cotejar instituições jurídicas sem situá-las no tempo/espaço, pois estas não são atemporais, variando conforme os aspectos sociológicos e sociais a serem consi-derados, exatamente por refletirem a realidade social em que estão inseridas.11

Além do mais, a construção de instituições jurídicas, nacionais ou não, é um processo de evolução histórica, no sentido de se acumular experiências, testá--las e aplicá-las, construindo-se modelos, em movimentos de flexão e inflexão, dependendo das necessidades e influências sociais do momento12. Aliás, como

11 Neste sentido: GARCIA, Emerson. Ministério Público: organização, atribuições e regime jurídico. 3. ed., rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 8; e MOREIRA, Jairo Cruz. A intervenção do Ministério Público no processo civil à luz da Constituição. Belo Horizonte: Del Rey, 2009, p. 16.

12 Quanto a isto, vale a observação de Eros Roberto Grau, segundo o qual “o sistema jurídico é um sistema aberto, não fechado. Aberto no sentido de que é incompleto, evolui e se modifica” (GRAU, Eros Roberto. O direito posto e o direito pressuposto. 2. ed. São Paulo: Malheiros, 1998, p. 19).

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marcus paulo queiroz macêdo

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origem aos Estados Modernos Europeus18, que despontaram a partir do século XIII até fins do século XVIII ou início do século XIX.

Esquematicamente, os elementos intrínsecos destes Estados Modernos são a soberania, o território e o povo19, sendo que um dos aspectos da primeira é o controle jurisdicional absoluto nos limites de seu território, de modo que com as unificações de feudos realizadas e com a criação de Estados Nacionais, neste sentido moderno, tanto os tribunais feudais como os eclesiásticos tiveram que ser substituídos por tribunais civis, uma vez que, conforme esclarece Jorge Mi-randa, a concentração do poder nas mãos de um monarca: “[...] acompanha-se de uma crescente institucionalização, determinada pelo próprio alargamento da comunidade política e pelo reforço do aparelho de poder, bem como pelas transformações intelectuais que, entretanto, ocorrem. E com o constituciona-lismo todo o Estado ficará envolvido por regras e processos jurídicos estritos.”20

Assim sendo, a centralização do poder na pessoa do monarca implicou numa “reintegração das faculdades jurisdicionais (e outras) dispersas pelos senhores feudais e da extinção das imunidades e dos privilégios atribuídos a estratos so-ciais ou a comunidades locais”21.

A criação dos Tribunais Civis deveu-se ao fato de que os monarcas, a fim de conseguirem a unificação pretendida e a desvinculação política e econômica da Igreja Católica, tiveram que fazer concessões aos antigos senhores feudais, agora membros da nobreza institucionalizada22, não tendo os regentes, naquele primeiro momento, direitos absolutos sobre os demais poderes insurgentes e

18 Acerca das razões do florescimento dos Estados Modernos e de suas instituições políticas, assevera Tércio Sampaio Ferraz Júnior: “As primeiras manifestações de uma diferença entre entes privados co-muns (sociedades religiosas, comerciais) e entes públicos data da Idade Média e ocorre por duas razões profundas: as finanças e as guerras. De um lado, o crescimento em número dos homens livres altera o problema da organização e da gestão financeira da esfera pública. De outro, a complexidade da arte da guerra aumenta as exigências de organização e eficiência (razão pela qual até mesmo as organizações administrativas civis se orientaram sempre e largamente pela técnica das organizações militares e sua hierarquia). Não se pode precisar exatamente quando nasce a forma Estado, no sentido moderno. Em todo o caso, dela faz parte, desde o início, uma organização administrativa própria (o Estado, organismo burocrático), ao que se acrescenta a idéia de uma grandeza superior (o Estado, soberania).” (FERRAZ JÚNIOR, Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: técnica, decisão e dominação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1995, p. 177; itálicos no original).

19 DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de Teoria Geral do Estado. 19. ed. atual., São Paulo: Saraiva, 1995, p. 60-61. 20 MIRANDA, Jorge. Teoria do Estado e da Constituição. 2. ed., rev. e atual. Rio de Janeiro: Forense, 2009, p. 17.21 Id., Ibid., p. 23.22 Ilustrativamente de tais concessões feitas pelos monarcas à nobreza, pode ser mencionada a célebre ou-

torga da Magna Carta pelo rei inglês João I (alcunhado “João Sem Terra”, Lackland em inglês), o principal antecedente próximo das modernas constituições, a qual também foi solenemente proclamada pelos sucessores de João I, os reis Ricardo II, Henrique III, Henrique IV, Henrique V, Henrique VI, Eduardo I e Eduardo III. Quanto a isto, cf.: BULOS, Uadi Lammêgo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 16.

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capítulo i – o ministério público brasileiro

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em formação e delineação23, o que implicou no fortalecimento do Poder Judiciá-rio, operacionalizado pelo renascimento do Direito Romano clássico24.

Diante de tal contexto, primeiro para atuarem nos tribunais feudais e, depois, a partir da cisão incipiente entre os Poderes Executivo e Judiciá-rio, tornou-se necessária a existência de procuradores do rei, para peti-cionar em nome e em favor do Estado, o que passou a ser feito de forma organizada e institucionalizada.

Ao mesmo tempo, começou a haver a substituição do modelo processual penal inquisitório pelo modelo acusatório, sendo que a função de acusação tam-bém passou a ser exercida por estes procuradores do rei.

Estas são, portanto, as origens próximas do Ministério Público atual: as procuradorias do rei, das quais a francesa é a mais famosa.

Por isso, “o mais usual, porém, é indicar-se a origem do Ministério Públi-co na França. A partir de estudos de Faustin Hélie e Esmein, tem-se dito que o Ministério Público é uma instituição originária do direito judiciário francês, nascida e formada na França. Invoca-se a Ordenança de 25 de março de 1302, de Felipe IV, o Belo, rei da França, como o primeiro texto legislativo a tratar ob-jetivamente dos procuradores do rei – embora haja controvérsia sobre sua data exata (alguns mencionam 23 ou 25 de março de 1303).”25

De todo o modo, os procuradores do rei (“les gens du roi”) já oficiavam ante-riormente a 1302 ou 1303, sendo que a retro referida Ordenança somente veio a regulamentar uma situação fática previamente existente, além de estender a estes Procuradores o mesmo juramento dos magistrados e de impor-lhes a proibição do exercício de outras funções que não a defesa dos interesses do Rei26, sendo “inegável a influência da doutrina francesa na história do Ministério Público”27 mundial e, em especial, do ocidental.

23 São desta época as primeiras contribuições modernas para a teoria da separação das funções estatais, feitas especialmente por John Locke e por Montesquieu, que tiveram em Aristóteles seu antecedente teórico mais remoto. Cf. MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 7. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Atlas, 2000, p. 355.

24 “[...] se é verdade que o Direito Romano nunca fora esquecido por completo, ressurge agora, nas classes universitárias, no intuito de se conseguir um paradigma mais consentâneo com a nova organização so-cial. Iniciado o ensino ainda em limites gramaticais, teológicos ou filosóficos, em época coincidente com a primitiva escolástica, sacode-se pela dialética a poeira do acervo justianeu para explicar e aclarar todo o monumental legado elaborado séculos antes pelos jurisconsultos romanos.” (AZEVEDO, Luiz Carlos de. Introdução à História do Direito. 3. ed., rev. e ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010, p. 96).

25 MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime jurídico do Ministério Público: análise do Ministério Público na Constitui-ção, na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, na Lei Orgânica do Ministério Público da União e na Lei Orgânica do Ministério Público Paulista. 6. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 38.

26 GARCIA, Emerson. Ministério Público: organização, atribuições e regime jurídico. 3. ed., rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 9.

27 MAZZILLI, Hugo Nigro. Regime jurídico do Ministério Público: análise do Ministério Público na Constitui-ção, na Lei Orgânica Nacional do Ministério Público, na Lei Orgânica do Ministério Público da União e na Lei Orgânica do Ministério Público Paulista. 6. ed. rev. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 39.

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capítulo i – o ministério público brasileiro

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2.2. Fluxograma

Origem histórica dos atuais Ministérios Públicos Ocidentais

Origem remota (“pré-história”):

Egito, Grécia e Roma

Origem próxima: Procuradores do Rei da

Idade Média

3. O PORQUÊ DO USO DOS TERMOS “MINISTÉRIO PÚBLICO” E“PARQUET”

3.1. Considerações geraisNão há que se falar em um ato histórico inaugural do uso da expressão “Mi-

nistério Público”29, ou de uma precisa acepção de seu conteúdo, desde logo dada e válida atemporalmente, eis que ela foi cunhada ao longo da história e ditada pela prática.

Isto porque a instituição que hoje se conhece como “Ministério Público” re-dundou de um processo histórico complexo, tendo em cada país a sua formata-ção própria, o que até impede que se tenha um sentido unívoco dele enquanto instituição, de um ponto de vista universal e pertinente a todo e qualquer país.

Até mesmo a expressão linguística utilizada para designá-lo não é universal e geral, apesar do termo “Ministério Público” ser utilizado em grande parte dos países de origem latina como forma de se referir a esta instituição, devido à influência francesa.

De todo o modo, a expressão “Ministério Público” era usada em textos roma-nos clássicos como forma genérica de se referir a todos os que exerciam algum tipo de função pública, passando a se referir a uma instituição específica apenas a partir do direito francês medieval (e daí, como o dito, estendendo seu uso para os demais países latinos).

29 Apesar disto, a célebre Ordenança de 25.03.1303 (ou 1302, segundo outros historiadores) do rei francês Felipe, o Belo, é tida como a “certidão de nascimento” do Ministério Público moderno. Neste sentido: ZENK-NER, Marcelo. Ministério Público e efetividade do processo civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2006, p. 65.

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capítulo i – o ministério público brasileiro

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cômodos de uma habitação ou mesmo o ajuntamento de chapas que integram uma plataforma ou constituem o chão do compartimento de um navio”34.

Este mesmo autor ainda esclarece que “a transposição do vocábulo para o meio jurídico deve-se ao fato de os presentantes do Ministério Público (agent duroi), em sua origem, postularem aos juízes de pé, sobre o assoalho: daí a dis-tinção entre magistrature debut (de pé) e magistrature assise (sentada)”35, sen-do que o uso do tablado se justificava pelo aumento de poder que os agentes do rei, então, passaram a ter, a ponto de lhes ser permitido falar na mesma altura dos juízes36.

Esta independência, primeiro da magistratura e, posteriormente, dos de-mais poderes, ao se consolidar historicamente também gerou um dos cernes da atuação institucional do Ministério Público, constituindo um de seus princípios constitucionais, o da independência funcional, que é de suma importância, con-forme será visto oportunamente.

3.2. Fluxograma

Ministério Público (etimologicamente):

O termo ‘ministério’ deriva do latim ministerium, minister, que revela o significado de ofício do servo, função de servir, mister ou trabalho”, e “público” é aquilo que pertence à plebe, ao povo e, logo, via de

consequência, a todos, indistintamente

4. UMA BREVE HISTÓRIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO37

4.1. Considerações geraisA origem mais próxima do Ministério Público do Brasil só pode ser lo-

calizada na legislação portuguesa, pelo simples fato de nosso país ter sido colonizado por aquele.

34 GARCIA, Emerson. Ministério Público: organização, atribuições e regime jurídico. 3. ed., rev. ampl. e atual. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008, p. 7.

35 Idem, Ibid., p. 7.36 Cf., quanto a isto: ALVES, Leonardo Barreto Moreira; ZENKNER, Marcelo. Ministério Público. Salvador:

JusPodivm, 2009, p. 18.37 As referências legais e cronológicas contidas nesta subseção foram retiradas de GARCIA, Emerson. Minis-

tério Público: organização, atribuições e regime jurídico. 3. ed., rev. ampl. e atual., Rio de Janeiro: Lumen

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CAPÍTULO IIO INQUÉRITO CIVIL1

Marcus Paulo Queiroz Macêdo

1. O INQUÉRITO CIVIL: ORIGEM HISTÓRICA E RAZÃO DE SER1.1. Considerações geraisO instituto jurídico “ação civil pública”, na acepção que contemporaneamen-

te se lhe dá, foi criado no Direito Brasileiro por meio da Lei n. 6.938/81, a “Lei da Política Nacional do Meio Ambiente”, que, em seu art. 14, parágrafo 1º, dispôs: “O Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor ação de responsabilidade civil e criminal, por danos causados ao meio ambiente.”

Conforme se verifica da mera leitura deste dispositivo, ainda em vigor, trata--se de norma com alcance limitado à defesa do meio ambiente, sem possibilitar ao Ministério Público brasileiro a defesa cível de outros interesses difusos ou coletivos, legitimação esta que somente lhe veio a ser conferida em 1985, atra-vés da Lei n. 7.347/85, a célebre “Lei da Ação Civil Pública”.

Mesmo assim, tratou-se, à época, de um grande avanço, uma vez que até então a única norma que previa uma ação cível para a defesa difusa no Direito Brasileiro era a Lei n. 4.717/65, a “Lei da Ação Popular”, visando à proteção do patrimônio público. Contudo, trata-se de uma ação restrita a um cidadão indi-vidualmente considerado, não possibilitando que pessoas jurídicas, públicas ou privadas, façam tal defesa, o que somente veio a ocorrer a partir da edição da LACP.

Estas três leis, e outras tantas posteriormente editadas, vieram, com atraso, a instrumentalizar no Brasil o que Mauro Cappelletti e Bryant Garth chamaram de “segunda onda” renovatória do processo civil ocidental2, que tem por escopo ampliar o acesso à justiça e, no caso deste segundo movimento, possibilitar a representação judicial dos interesses difusos, o que até então era tradicional-mente vedado pela visão individualista do processo civil clássico, limitadora da legitimação ad causam, conforme se pode claramente verificar da dicção do art. 18 do CPC, in verbis: “Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome

1 Quanto ao tema, conferir, com maior aprofundamento e detalhamento: MACÊDO, Marcus Paulo Queiroz. O Ministério Público e o inquérito civil: aspectos teóricos e práticos. Belo Horizonte: Arraes, 2012.

2 Cf. CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1988; pp. 49 e ss.

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capítulo ii – o inquérito civil

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Assim foi criado entre nós, de maneira original e sem se basear em modelos estrangeiros, o instituto jurídico “inquérito civil”, posteriormente acolhido ex-pressamente pela Constituição da República de 1988 e por várias leis, anterio-res e posteriores a ela, cujas principais serão a seguir mencionadas.

Todas as normas referentes ao inquérito civil têm um traço e razão de ser comum, que é instrumentalizar as investigações cíveis do Ministério Público brasileiro, a fim de lastrear a propositura da ação civil pública consectária, se o caso.

1.2. FluxogramasFigura 1:

Primeiras ações coletivas no

direito brasileiro

Ação Civil PúblicaAmbiental (1980)

Açãopopular

Figura 2:

Primeiro se criou a ação civil pública ambiental

(1980)

Depois, dada a necessidade de elementos

investiga-tórios para subsidiá-la, criou-se o

inquérito civil (1985)

Antônio Augusto Mello de Camargo, Apontamentos sobre o inquérito civil, Justitia, São Paulo, 54 (157), p. 33-40, jan./mar. 1992, p. 33.

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marcus paulo queiroz macêdo

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Figura 3:

CRIAÇÃO ORIGINAL DO DIREITO BRASILEIRO, SEM PARALELOS NO DIREITO COMPARADO

Razão de ser é instrumentalizar as investiga-ções cíveis do Ministério Público brasileiro, a fim de lastrear a propositura da ação civil

pública consectária, se o caso

INSPIRADO NO INQUÉRITO POLICIALPRESIDIDO POR MEMBROS DO PRÓPRIO

MINISTÉRIO PÚBLICO BRASILEIRO

INQUÉRITOCIVIL

2. DAS NORMAS PERTINENTES AO INQUÉRITO CIVIL2.1. Considerações geraisO instituto jurídico inquérito civil foi inserido no ordenamento jurídico pá-

trio pelo art. 8º, § 1º, da Lei n. 7.347/85 (Lei da Ação Civil Pública – LACP), ten-do sido textualmente acolhido pela Constituição da República de 1988, em seu art. 129, inciso III, que, porém, apenas lhe fez breve menção, sem estabelecer seu conteúdo ou alcance.

Posteriormente, foi referido pela Lei n. 7.853/89, que dispôs sobre a pro-teção às pessoas portadoras de deficiência; pelo art. 201 da Lei n. 8.069/90 (o chamado “Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA); pelo art. 90 do Código de Defesa do Consumidor (CDC, Lei n. 8.078/90); pela Lei Orgânica Nacional do Ministério Público (LONMP – art. 25, IV, da Lei n. 8.625/93); pela Lei Orgânica do Ministério Público da União (LOMPU – arts. 7º, inciso I, e 38, inciso I, da Lei Complementar Federal nº 75/93); pelo art. 19 da Lei n. 9.605/98 (“Lei dos Crimes Ambientais”); pelo art. 1º da Lei n. 10.028/00, que deu nova redação ao art. 339 do Código Penal; e, ainda, pelos artigos 74, inciso I, e 92, ambos da Lei n. 10.741/03, conhecido como “Estatuto do Idoso”.

Nos campos estaduais, está previsto nas respectivas constituições, bem co-mo nas leis orgânicas estaduais dos Ministérios Públicos, além de mencionado e comumente regulamentado por normas internas de cada instituição, espe-cialmente por Resoluções das Procuradorias-Gerais de Justiça e por meio de súmulas dos Conselhos Superiores respectivos.

Como as normas federais que se aplicam ao inquérito civil são francamente insuficientes para uma regulamentação a contento do instituto, fazendo-o de uma forma sucinta e incompleta e, com isto, gerando problemas com diversas repercussões práticas, passou-se, diante do vácuo legislativo e quando da ocor-rência de omissões legais acerca da condução do inquérito civil e para a supres-são das lacunas e a integração do sistema jurídico, a utilizar-se do art. 4º da Lei de Introdução ao Código Civil, que autoriza o recurso à analogia em casos que

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marcus paulo queiroz macêdo

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6.2. Fluxograma

inquisitividade/unilateralidade

Facultatividade/dispensabilidade

Formalidade restrita

Auto-executoriedade

Publicidade mitigada

Prin

cipa

isca

ract

erís

ticas

do

inqu

érito

civi

l

7. O OBJETO DO INQUÉRITO CIVIL7.1. Considerações gerais

Em princípio, o objeto do inquérito civil é o mesmo da ação civil públicaconsectária. A legitimidade do Ministério Público, portanto, é que limitará a extensão do objeto do inquérito civil.

Porém, como se sabe, há enorme discussão doutrinária quanto à legitimi-dade do Ministério Público na defesa dos interesses individuais homogêneos: uns a negam (reservando a autuação do Ministério Público apenas à defesa dos interesses difusos e coletivos), outros a afirmam completamente e ainda há o grupo de adeptos intermediários, que a aceitam apenas quando o interesse em questão for indisponível e haja relevância social na ação.17 O entendimento adotado limitará a extensão do objeto do inquérito civil, por uma consequência lógica.

A par disto, há ainda mais discussão. Embora haja uma corrente restritiva acerca do objeto do inquérito civil, segundo a qual este estaria limitado aos ob-jetos específicos da LACP, especialmente diante do disposto no art. 129, inciso III, da Constituição da República, existe o entendimento bastante qualificado,

17 Expondo de forma bastante completa e precisa o tema, estão José dos Santos Carvalho Filho (Ação Civil Pública: Comentários por artigo Lei n. 7.347. 3. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001, pp. 112/127) e José Marcelo Menezes Vigliar (Tutela Jurisdicional Coletiva. São Paulo: Atlas, 1998, pp. 142/158).

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Muito embora esta lei não tenha estabelecido prazo máximo para a con-clusão do inquérito civil, a Resolução CNMP n.23/07 o fez, em seu art. 9º, não havendo qualquer ilegalidade nisto, por se tratar de uma regulamentação me-ramente administrativa quanto à atuação funcional dos membros do Parquet brasileiro.

O prazo estabelecido para a conclusão do inquérito civil é de um ano, a con-tar da data da Portaria inaugural, podendo ser prorrogado por igual prazo, se necessário e indefinidamente, devendo ser comunicado Conselho Superior do Ministério Público, à Câmara de Coordenação e Revisão ou à Procuradoria Fede-ral dos Direitos do Cidadão, por meio de ofício fundamentado.

É de se observar que quem determina a prorrogação é o presidente do in-quérito civil e não os órgãos administrativos retro apontados, que somente são comunicados do fato. Assim, absolutamente equivocada a prática de se reque-rer a prorrogação do prazo quando, na verdade, só se deve fazer a comunicação da mesma.

8.2. Modelo de Portaria de instauração de inquérito civil

PORTARIA N.000000000000000

REPRESENTADA: CÂMARA MUNICIPAL DE VEREADORES DE PASÁRGADA

REPRESENTANTE: DE OFÍCIO

DESCRIÇÃO DOS FATOS: Apurar a veracidade da matéria publicada em 09.07.201X, no “JORNAL DE PASÁRGADA”, noticiando que a servidora pública TÍCIA, contratada pela Câmara Municipal de Vereadores de Pasárgada como Assessora da vereadora CLÁUDIA, estaria exercendo a função de Assessora do Secretário Municipal de Desenvolvimento Humano CAIO, junto à Prefeitura Municipal local, porém recebendo vencimentos daquela Casa Legislativa.

Visando apurar os fatos acima descritos, a PROMOTORA DE JUSTIÇA DA COMARCA DE PASÁRGADA, no uso de suas atribuições legais, com fulcro no artigo 129, inciso III, da Constituição da República de 1988, no artigo 8º, § 1º, da Lei Federal n. 7.347/1985, no artigo 26, inciso I, da Lei Federal n. 8.625/93 – que instituiu a Lei Orgânica Nacional do Ministério Público – e nos artigos 66, inciso IV, 67, inciso I, 74, inciso VIII, da Lei Orgânica do Ministério Público do Estado de Minas Gerais (Lei Complementar n.º 34/94) instaura Inquérito Civil, determinando que a Secretaria cumpra a seguinte diligência:

-Requisite-se da representada informações acerca da matéria publicada no “JORNAL DE PASÁRGADA”, objeto da investigação, bem como sobre os vencimentos percebidos pela servidora TÍCIA, desde janeiro/201X.

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capítulo ii – o inquérito civil

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Registre-se e autue-se esta portaria.

Pasárgada, 09 de julho de 20XX.

Promotora de JustiçaCuradora do Patrimônio Público

8.3. Modelo de Termo de Compromisso de Secretário em inquérito civil

T E R M O D E C O M P R O M I S S O

Aos 09 de janeiro de 201X, no Gabinete da Promotoria de Justiça da Comarca de Pa-sárgada, situado na Avenida Júlio César, n.01, nesta cidade de Pasárgada, eu, TRAJANO, oficial do Ministério Público, portador da matrícula n. 0000000, aceitei o compromisso de bem fielmente desempenhar o munus a mim conferido pelo Promotor de Justiça signatá-rio, para exercer as funções de secretário-escrevente nos autos do INQUÉRITO CIVIL N. 01/20XX, estando ciente das responsabilidades civis e criminais. Para constar, após lido e achado conforme, lavro o presente termo que segue assinado pelo Promotor de Justiça ADRIANO e por mim, secretário-escrevente nomeado.

TRAJANOSecretário-Escrevente

ADRIANOPromotor de Justiça

8.4. Modelo de decisão administrativa de indeferimento de instau-ração de inquérito civil

Peças de Informação n. 000000000000000000Representado: MUNICÍPIO DE PASÁRGADADECISÃO ADMINISTRATIVA

Vistos etc.

Trata-se de reclamação apócrifa ofertada por meio de mensagem eletrônica direcio-nada à Ouvidoria do Ministério Público do Estado de XX, em 01.07.20XX (fls. 02), dando conta de supostas irregularidades havidas na administração do Município de Pasárgada, dentre as quais a contratação do show do cantor “Farinelli”, famoso nacionalmente.

Com relação a tal contratação, já havia sido anteriormente instaurado o Inquérito Civil n. 00000000000, visando investigar ex officio a legalidade ou não do contrato fir-mado entre a Prefeitura Municipal de Pasárgada e o referido cantor para se apresentar

Page 14: Manual do PROMOTOR DE JUSTIÇA

marcus paulo queiroz macêdo

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14.2. Fluxograma

Desarquivamento do inquérito civil

Prazo máximo de seis meses, sem prejuízo do aproveitamento das provas produzidas em um novo inquérito civil ou numa ação coletiva

15. QUESTÕES DE CONCURSOS1. (Cespe – Promotor de Justiça – RR/2012) Em relação ao inquérito civil, ao compromisso de ajusta-mento de conduta e ao dispõe a Lei Complementar n.º 75/1993, assinale a opção correta.

A) A assinatura do termo de ajustamento de conduta não obsta a instauração da ação penal, pois esse procedimento ocorre na esfera cível, que é independente da penal.

B) O inquérito civil público, embora previsto como função institucional do MP, não pode ser uti-lizado como elemento probatório hábil para embasar a propositura de ação penal.

C) É atribuição exclusiva do procurador-geral da República, como chefe do MPU, dirimir confli-tos de atribuição entre integrantes de ramos diferentes do MPU.

D) É conferido prazo em dobro ao MP para interpor recurso, inclusive na hipótese de recursoespecial criminal.

E) Em conformidade com o STJ, o MPE tem legitimidade para interpor agravo regimental peran-te os tribunais superiores, uma vez que a atuação perante essas Cortes não é restrita ao MPF.

2. (Consulplan – Promotor de Justiça – MG/2012) No princípio da década de 80, a Ação Civil Pública ingressou no ordenamento jurídico pátrio através da Lei Complementar nº 40/81 que instituiu a LeiOrgânica do Ministério Público. Dentre as funções dos representantes ministeriais, foi inserida a pro-moção da ação civil pública disposta no artigo 3º inciso III. Naquele mesmo ano, a Política Nacional do meio ambiente foi regulamentada pela Lei 6.938 e previa como atributo do Ministério Público, da União e dos Estados a propositura de ação de responsabilidade civil para reparação dos danos causados aomeio ambiente. Porém, somente em 1985, foi publicada a Lei 7.347 que disciplinou a ação civil pública de responsabilidade por danos, inserindo no ordenamento jurídico o Inquérito Civil Público. Tratando- se do procedimento do Inquérito Civil, é CORRETO afirmar que:

A) Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 10 (dez) dias, ao Conselho Superior do MinistérioPúblico.

B) Até 15 (quinze) dias antes da sessão do Conselho Superior do Ministério Público, na qual oInquérito Civil seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as asso-ciações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autosdo inquérito ou anexados às peças de informação.

C) A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público.

D) Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, remeterá os autos do Inquérito Civil para que o órgão do Ministério Público que o presidiu, a fim de que ajuíze a ação.

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capítulo ii – o inquérito civil

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3. (MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2012) No curso do inquérito civil, o promotor de Justiça NÃO deveA) expedir recomendações e relatórios anuais ou especiais para que sejam observados os di-

reitos que lhe incumba defender ou para a adoção de medidas destinadas à prevenção ou controle de irregularidades.

B) sugerir à esfera de poder competente a edição de normas ou a alteração da legislação em vigor.C) apurar falta disciplinar ou ilícito administrativo e requisitar à autoridade administrativa com-

petente a aplicação das sanções cabíveis sob pena de prevaricação.D) notificar a autoridade competente para que, em pra zo razoável, adote as providências legais,

no âmbito de seu poder de polícia, a fim de assegurar o respeito a interesses sociais.E) receber petições, reclamações, representações e queixas de qualquer pessoa, por desrespei-

to aos direitos assegurados nas Constituições Federal e Estadual e ordenamento jurídico, as quais serão enca minhadas à autoridade competente para resposta e a devida solução, nos termos deste ato normativo e da legislação específica.

4. (MPE-SP – Promotor de Justiça – SP/2012) E correto afirmar:A) Quando houver representação, o inquérito civil não poderá ser instaurado enquanto não for

identificado o representante, ainda que o fato seja determinado.B) Do indeferimento da representação caberá sempre recurso ao Conselho Superior do Ministé-

rio Público.C) A representação para instauração do inquérito civil deverá ser apresentada por escrito, não

devendo o Promotor de Justiça aceitá-la se for de outra forma.D) A representação poderá ser indeferida sem necessi dade de motivação, quando apócrifa.E) Quando a representação formalmente em ordem, e sem peças de informação, for manifes-

tamente improcedente, deverá ser autuada e arquivada, remetendo-se os autos de ofício ao Conselho Superior do Ministério Público para homologação do arquivamento.

5. (Vunesp – Promotor de Justiça – SP/2013) No Inquérito Civil:I. Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência

de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do in-quérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente, hipótese em que as peças de informação arquivadas ou os autos do inquérito civil serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público.

II. A promoção de arquivamento do inquérito civil será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento, sendo certo que deixando o Conselho de homologar a promoção de arquivamento, determinará, desde logo, que o órgão do Ministério Público que promoveu o arquivamento, ajuíze a ação.

III. A Lei de Ação Civil Pública (Lei n.º 7.347/85) prevê expressamente que o Conselho Superior do Ministério Público, ao tomar conhecimento em primeira mão de fatos que possam ensejar a propositura de ação civil pública, determine de ofício ao Promotor de Justiça, com atribuição para tanto, a instauração de inquérito civil objetivando o ingresso da ação.

IV. Nos autos do inquérito civil, ou procedimento preparatório, o Ministério Público poderá expedir recomendações devidamente fundamentadas, visando à melhoria dos serviços públicos e de re-levância pública, bem como aos demais interesses, direitos e bens cuja defesa lhe caiba promover.

V. Diante de suficientes elementos de convicção extraídos de autos de inquérito civil ou proce-dimento preparatório, no tocante à deficiência de serviços públicos e de relevância pública, tendo em vista o princípio da indisponibilidade da ação civil pública, deverá o Ministério Pú-blico promover desde então a respectiva ação civil pública para a garantia de tais interesses.

Está CORRETO somente o que se afirma nos itensA) I e IV.B) II e III.

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marcus paulo queiroz macêdo

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C) IV e V.D) I e III.E) I e V.

6. (Cespe – Promotor de Justiça – MPE – RR/2017) Um empresário individual vinha praticando atos potencialmente causadores de danos ao meio ambiente. Em razão disso, determinada associação, constituída havia mais de um ano e entre cujas finalidades institucionais constava a proteção do meio ambiente, celebrou com o referido empresário termo de ajustamento de conduta às exigências legais, mediante cominações.

Nessa situação hipotética, conforme a Lei n. 7.347/1985, o referido termo de ajustamento de conduta

A) deveria ter sido celebrado junto a órgão público legitimado. B) é válido e terá eficácia de título executivo judicial. C) é válido e terá eficácia de título executivo extrajudicial. D) deveria ter sido celebrado junto ao MP.

Gabarito

1 – A 2 – C 3 – C 4 – B

5 – A 6 – A

16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, João Batista de. Aspectos controvertidos da ação civil pública: doutrina e juris-prudência. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2001.

BERALDO, Maria Carolina Silveira. O Ministério Público no Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105/15): principais inovações e aspectos específicos de atuação ministe-rial. Belo Horizonte: MPMG, 2016.

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à justiça. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris, 1988.

CARVALHO FILHO, José dos Santos. Ação Civil Pública: Comentários por artigo Lei n. 7.347. 3. edição. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2001.

CAPEZ, Fernando. Curso de Processo Penal. 5. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2000

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 15. edição. São Paulo: Atlas, 2003.

FERRAZ, Antônio Augusto Mello de Camargo. Apontamentos sobre o inquérito civil. Jus-titia. São Paulo, 54 (157), p. 33-40, jan./mar. 1992.

MACÊDO, Marcus Paulo Queiroz. O Ministério Público e o inquérito civil: aspectos teóri-cos e práticos. Belo Horizonte: Arraes, 2012.

MANCUSO, Rodolfo de Camargo. Ação civil pública: em defesa do meio ambiente, do pa-trimônio cultural e dos consumidores (Lei 7.347/85 e legislação complementar). 9. edição. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2004.