699
HUGO NIGRO MAZZILLI – Manual do Promotor de Justiça Manual do Promotor de Justiça , de Hugo Nigro Mazzilli Nota sobre a publicação eletrônica do livro (março 2010) A 1ª edição foi publicada em 1987, pela Ed. Saraiva. Em vista da re- ceptividade da obra e em razão do advento da Constituição de 1988, a obra foi revista, ampliada e atualizada, sendo reeditada pela mesma editora, em 1991 (2ª edição). Apesar do sucesso da obra, que alcançou sucessivas tiragens, não mais nos foi possível reeditá-la, em virtude da complexidade da tarefa, pois a obra abrange todos os campos de atuação do Ministério Público. Resolvemos, então, dividir seu conteúdo em obras mais específicas: a) a parte institucional é agora objeto de Regime jurídico do Ministério Pú- blico, 6ª ed., Saraiva, 2007, e Introdução ao Ministério Público, 7ª ed., Saraiva, 2008; b) a atuação do Ministério Público em geral ficou examinada em outras obras, entre as quais se destacam: A defesa dos interesses difusos em juízo, 23ª ed., Saraiva, 2010; O inquérito civil , 3ª ed., Saraiva, 2008; O acesso à Justiça e o Ministério Público, 5ª ed., Saraiva, 2007. Tendo ficado fora do mercado editorial o livro Manual do Promotor de Justiça, resolvemo-nos então submetê-lo ao processo de digitalização (via scanner), para disponibilizá-lo gratuitamente aos estudiosos do Direito, exatamente como foi publicado em 1991. Dita digitalização está sujeita às falhas próprias do processo (uma vez que não foi feita revisão da digitalização). Assim, para uma citação confiável do trabalho, recomenda-se diretamente a 2ª ed., impressa em 1991, existen- te nas bibliotecas especializadas. Os interessados em obras atuais do autor obterão mais informações a respeito neste site da Internet: www.mazzilli.com.br É livre a cópia deste livro (freeware), desde que mantida como está, sendo vedada a divulgação para fins comerciais.

Manual Promotor - MAZILLI

Embed Size (px)

Citation preview

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Manual do Promotor de Justia, de Hugo Nigro Mazzilli Nota sobre a publicao eletrnica do livro (maro 2010)

livre a cpia deste livro (freeware), desde que mantida como est, sendo vedada a divulgao para fins comerciais. A 1 edio foi publicada em 1987, pela Ed. Saraiva. Em vista da receptividade da obra e em razo do advento da Constituio de 1988, a obra foi revista, ampliada e atualizada, sendo reeditada pela mesma editora, em 1991 (2 edio). Apesar do sucesso da obra, que alcanou sucessivas tiragens, no mais nos foi possvel reedit-la, em virtude da complexidade da tarefa, pois a obra abrange todos os campos de atuao do Ministrio Pblico. Resolvemos, ento, dividir seu contedo em obras mais especficas: a) a parte institucional agora objeto de Regime jurdico do Ministrio Pblico, 6 ed., Saraiva, 2007, e Introduo ao Ministrio Pblico, 7 ed., Saraiva, 2008; b) a atuao do Ministrio Pblico em geral ficou examinada em outras obras, entre as quais se destacam: A defesa dos interesses difusos em juzo, 23 ed., Saraiva, 2010; O inqurito civil, 3 ed., Saraiva, 2008; O acesso Justia e o Ministrio Pblico, 5 ed., Saraiva, 2007. Tendo ficado fora do mercado editorial o livro Manual do Promotor de Justia, resolvemo-nos ento submet-lo ao processo de digitalizao (via scanner ), para disponibiliz-lo gratuitamente aos estudiosos do Direito, exatamente como foi publicado em 1991. Dita digitalizao est sujeita s falhas prprias do processo (uma vez que no foi feita reviso da digitalizao). Assim, para uma citao confivel do trabalho, recomenda-se diretamente a 2 ed., impressa em 1991, existente nas bibliotecas especializadas. Os interessados em obras atuais do autor obtero mais informaes a respeito neste site da Internet: www.mazzilli.com.br

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

(Orelhas do livro)

MANUAL DO PROMOTOR DE JUSTIA Hugo Nigro MazzilliEsgotou-se rapidamente a primeira edio do Manual do promotor de justia. Com a v igncia da Constituio de 1988, no bastav a, porm, reedit-lo com os aperfeioamentos e atualizaes sempre necessrias. Mais do que isso, alm de v ir agora ampliada a obra de modo significativo, para melhor atender s finalidades a que se propusera, necessrio foi reescrev -la, tantas e profundas as modificaes trazidas. A par de minuciosa anlise do Ministrio Pblico em face da nov a Constituio, esta segunda edio do Manual cobre campo ainda maior de inv estigao, mantendo as caractersticas originrias: obra clara e objetiv a, que enfatiza o aspecto profissional e prtico das questes. Estuda, no campo criminal, a exclusiv idade na promoo da ao penal pblica e as conseqncias da decorrentes; no campo cvel, trata da ao civ il pblica em defesa do patrimnio pblico e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos, bem como da atuao interv entiv a que a instituio tem nos processos em geral; na esfera ext rajudicial, analisa o zelo pelo efetiv o respeito dos Poderes Pblicos e dos serv ios de relev ncia pblica aos direitos constitucionais, o controle externo da ativ idade policial, a direo de inqurito civ il e de procedimentos administrativ os. Na sua primeira parte, v ai-se desde os traos histricos at o atual perfil institucional, traado pela Constituio e pela Lei Orgnica Nacional; na segunda, examinam-se os casos de interv eno processual e extraprocessual; na terceira, alm de se oferecer um prtico roteiro do jri, apresentam-se modelos de peas processuais (denncia, ao civ il pblica, recursos, habeas corpus, mandado de segurana, mandado de injuno, interdio, tutela, alv ar, retificao de registros, ao acidentria, notificao, representao, instaurao de inqurito civ il ou policial etc.). Ao final, contm o liv ro um minucioso e til ndice alfabtico-remissiv o, que facilita sobremaneira a pesquisa de assuntos especficos da atuao funcional do promotor.

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Trata-se de obra destinada no s aos membros da instituio nos v rios Estados do Pas, como ainda aos demais profissionais do direito e aos acadmicos que desejem um trato doutrinrio e jurisprudencial sobre o Ministrio Pblico. Hugo Nigro Mazzilli, membro do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, Presidente da A ssociao Paulista do Ministrio Pblico, autor de v rias obras jurdicas, nas quais enfrenta as principais dificuldades que interessam atuao profissional dos promotores e procuradores de justia.

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

MANUAL DO PROMOTOR DE JUSTIA

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Capa: CLICE DE TOLEDO SANJAR MAZZILLI

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

HUGO NIGRO MAZZILLIPromotor de Justia em So Paulo

MANUAL DO PROMOTOR DE JUSTIA2 edio Revista e ampliada 1991

editora SARAIVA

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

ISBN 85-02-00755-6Dados de Catalogao na Publicao (CIP) Internacional (Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Mazzilli, Hugo Nigro, 1950Manual do promotor de justia / Hugo Nigro Mazzilli. 2. ed., ampl. e atual. So Paulo : Saraiva, 1991.Bibliografia.

1. Ministrio pblico - Brasil I. Ttulo. 90-0939 CDU-347.963(81) -347.963

ndices para catlogo sistemtico:

1. Brasil : Ministrio pblico 347.963(81) 2. Brasil : Promotores de Justia : Direito processual 347.963(81) 3. Ministrio pblico 347.963

Editora SARAIVA Avenida Marqus de So Vicente, 1697 CEP: 01139 Tel.: PABX (0111 826-8422 Barr a Funda So Paulo - SP Distribuidora Saraiva de Livros Ltda.AMAZONAS/RONDNIA/RORAIMA/ACRE Rua Costa Azevedo, 31 Centro Fone: (092) 234-4664 Manaus BAHIA/SERGIPE Rua Agripino Dria, 23 Brotas Fone: (071) 244-0139 Salvador BAURU/SO PAULO R. Duque de Caxias, 20-72 Fone: (0142) 34-5643 Bauru DISTRITO FEDERAL SCLN-102 BI. B Lo ja 56 Fone: 1061) 226-3722 e 223-0783 GOIS Rua Setenta, 661 Centro Fone: 1062) 225-2882 Goinia MATO GROSSO DO SUL/MATO GROSSO Rua Marechal Rondon, 549 Centro Fone: (067) 382-3682 Campo Grande MINAS GERAIS Rua Clia de Souza, 571 Sagrada Famlia Fone: (031) 461-0062 Belo Horizonte PAR/AMAP Av. Almirante Tamandar, 933-A Belm Fone: 1091) 222-9034 e 224-4817 PARAN/SANTA CATARINA Rua Nunes Machado, 1577 Rebouas Fone: (041) 234-2622 Curitiba PERNAMBUCO/PARABA/R. G. DO NORTE/ALAGOAS Avenida Conde da Boa Vista, 1136 Boa Vista Fone: (081) 231-1764 Recife RIBEIRO PRETO/SO PAULO Rua Lafayete, 94 Centro Fone: (016) 634-0546 Ribeir o Preto RIO DE JANEIRO Avenida Marechal Rondon, 2231 Sampaio Fone: (021) 201-7149 Rio de Janeiro RIO GRANDE DO SUL Avenida Chicago, 307 Floresta Fone: (0512) 43-2986 Po rt o Alegre SO PAULO Av. Marqus de So Vicent e, 1697 Fone: PABX (011) 826-8422 So Paulo

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

TRABALHOS PUBLICADOSARTIGOS a) No jornal O Estado de S. Paulo:

A volta da ao penal j extinta, ed. de 10 jul. 1976, p. 29. Hierarquia no Ministrio Pblico, ed. de 4 jan. 1977, p. 34. As funes do Ministrio Pblico, ed. de 23 jan. 1977, p. 49. A Lei Orgnica do Ministrio Pblico e o procedimento de ofcio, ed. de 26 set. 1982, p. 64. As funes da curadoria especial, ed. de 15 maio 1983, p. 56. A complexa atuao do curador, ed. de 22 maio 1983, p. 56. Dia estadual do Ministrio Pblico, ed. de 12 fev. 1984, p. 47. Citao com hora certa, ed. de 4 mar. 1984, p. 35. As vrias formas de adoo, ed. de 11 abr. 1984, p. 33. Reviso pro societate, ed. de 16. dez. 1984, p. 69. Acordos feitos perante o Ministrio Pblico, ed. de 1 set. 1985, p. 57. As requisies do Ministrio Pblico, ed. de 12 jan. 1986, p. 51. Ministrio Pblico e Constituinte, ed. de 14 fev. 1986, p. 31. O Ministrio Pblico e o habeas corpus, ed. de 7 mar. 1986, p. 35. Requisies do Ministrio Pblico, ed. de 21 mar. 1986, caderno de empresas, p. 3. Conflito de atribuies entre rgos do Ministrio Pblico, ed. de 7 dez. 1986, p. 63. O art. 82, III, do CPC e o interesse pblico, ed. de 18 jan. 1987, p. 49. O deficiente e o Ministrio Pblico, ed. de 13 mar. 1988, p. 55. Assemelhao de carreiras na Constituio Federal, ed. de 5 fev. 1989, p. 38. Resultado da adoo uniforme, ed. de 21 mar. 1990, p. 16. Isonomia salarial exige semelhana de funes, ed. de 8 jul. 1990, p. 39.b) Na Revista dos Tribunais, So Paulo:

Observaes sobre o crime de roubo, RT, 490:261. O Ministrio Pblico no processo penal, RT, 494:269. O Ministrio Pblico no processo penal, RT, 500:426. Inovaes no Ministrio Pblico, RT, 559:267. A extino da ao penal ex officio, RT, 564:429.

V

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Defesa preliminar no processo penal, RT, 578:451. Curadoria especial, RT, 584:288. Reviso pro societate, RT, 594:296. Priso processual, RT, 597:263. Violao de sepultura, RT, 608:275. O Ministrio Pblico e a questo ambiental na Constituio, RT, 611:14. O Ministrio Pblico e o habeas corpus, RT, 618:412. O Ministrio Pblico e o deficiente, RT, 629:64. O Ministrio Pblico no Tribunal de Contas, RT, 650:40.c) Na Revista Justitia, do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo:

Contrafao pelo prprio autor, artigo, Justitia, 90:115. Recurso criminal. O ato de promotor de justia sem atribuies para pratic-lo nulo, razes, Justitia, 92:404. Prosseguimento da ao penal depois de declarada extinta a punibilidade pela mo rt e do ru, artigo, Justitia, 94:237. O Ministrio Pblico no processo penal postura institucional e hierarquia, tese, Justit ia, 95:175 e 245. Observaes sobre o crime de roubo, artigo, Justitia, 97:217. Concurso material roubo e seqestro, razes, Justitia, 97:375. Roubo de uso impossibilidade, razes, Justitia, 98:443. Inovaes no Ministrio Pblico, artigo, Justitia, 114:14. Execuo fiscal federal custas e despesas processuais, razes, Justitia, 116:209. Priso processual, artigo, Justitia, 124:195. Reviso pro societate, artigo, Justit ia, 125:138. Rus incertos ou desconhecidos no processo civil, artigo, Justitia, 128:60. Acordos celebrados perante o Ministrio Pblico, artigo, Justitia, 130:44. O Ministrio Pblico e a questo ambiental na Constituio, tese, Justitia,131-A:443.

As requisies do Ministrio Pblico, artigo, Justitia, 132:61. As vrias formas de adoo, artigo, Justitia, 133:26. Parecer apresentado no proc. 301/81 44 V. F. S. da Capital, sobre a participao da Curadoria de Ausentes e Incapazes em ao investigatria de paternidade,Justitia, 135:151.

Notas sobre o conflito de atribuies entre rgos do Ministrio Pblico, artigo,Justitia, 135:72.

Foro por prerrogativa de funo crime praticado por promotor de justia em Estado da Federao diverso daquele onde exerce suas atribuies, artigo, Justitia , 136:139.

VI

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Ministrio Pblico e Constituinte, artigo, Justit ia, 137:57. Interesses difusos e sua defesa, artigo, Justitia, 138:65. O princpio da titularidade da ao penal, artigo, Justitia, 139:100.d) Na Revista MP rgo oficial do Ministrio Pblico do Estado do Paran:

O Ministrio Pblico e o habeas corpus, artigo, MP, 11:641. Conflito de atribuies entre rgos do Ministrio Pblico, artigo, MP, 11:674. O art . 82, III, do Cdigo de Processo Civil e o interesse pblico, artigo, MP,11:677.

As funes da curadoria especial, artigo, MP, 11:679. As vrias formas de adoo, artigo, MP, 11:681.e) Em revistas jurdicas diversas:

Observaes sobre loteamentos, Revista de Direito Imobilirio, Revista dos Tribunais, 9:24 (1982). As vrias formas de adoo, RJTJSP, Lex, 95:21 (1985). A defesa dos interesses difusos em juzo, conferncia, Revista do Ministrio Pblico do Estado do Rio Grande do Sul, 19:34 (1986). O Ministrio Pblico e a questo ambiental na Constituio, RF, 294:155. O deficiente e o Ministrio Pblico, JTACSP, 108:6. O Ministrio Pblico e a jurisdio voluntria, RP, 48:217, ano 12, out./dez. 1987.TESES APRESENTADAS

Reforma judiciria e persecuo penal papel do Ministrio Pblico, co-autor, IV Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, Justitia, 95:263 (1976). O Ministrio Pblico no processo penal postura institucional e hierarquia, autor, IV Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, Justitia, 95:245 (1976). Processos contravencionais e sumrios e a tit ularidade do Min istrio Pblico, autor, X Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, APMP, Biblioteca PGJ (1982). Atendimento ao pblico, co-autor, XII Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, APMP, Biblioteca PGJ (1984).

VII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

O Ministrio Pblico e a questo ambiental na Constituio, co-autor, VI Congresso Nacional do Ministrio Pblico, Justitia, l31:443 (1985). O princpio da titularidade da ao penal, autor, Semana de Estudos sobre a Justia Criminal, PGJ/APMP, fev. 1987. O Ministrio Pblico e o habeas corpus, autor, Semana de Estudos sobre a Justia Criminal, PGJ/APMP, fev. 1987. A Carta de Curit iba e a Constit uin te, autor, VII Congresso Nacional do Ministrio Pblico, AMMP/CONAMP, abr. 1987. O Ministrio Pblico nos Tribunais de Contas, autor, XVII Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos do Estado de So Paulo, APMP, Biblioteca PGJ (1989).LIVROS PUBLICADOS O promotor de ju stia e o atendimento ao pblico, Saraiva, 1985 (esgotado). Curadoria de ausentes e incapazes, APMP, 1988. O Ministrio Pblico na Constituio de 1988, Saraiva, 1989 (2 4 tir. 1989). O acesso justia e o Ministrio Pblico, AMPRS, 1989.

A defesa dos in teresses difusos em juzo: meio ambiente, consumidor e patrimnio cultural, 2. ed., Revista dos Tribunais, 1990. Manual do promotor de justia, 2. ed., Saraiva, 1991.

VIII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

A meus pais.

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

NDICE SISTEMTICOTrabalhos publicados .................................................................................................................................V

XXIII Breve currculo do autor ...................................................................................................................XXVII Nota 2 edio............................................................................................................................. XXIX Nota 1 edio............................................................................................................................ XXXISiglas e abreviaturas ........................................................................................................................

Captulo 1 ORIGENS DO MINISTRIO PBLICO 1 1. Perfil constitucional ............................................................................................................1 2. Razes remotas .......................................................................................................................1 3. Origem mais mencionada ..................................................................................................2 4. Origem da expresso Ministrio Pblico ...............................................................3 5. Origens lusitanas do nosso Ministrio Pblico .........................................................4 Captulo 2 O MINISTRIO PBLICO NO BRASIL 6 1. Do Brasil-Colnia Constituio de 1988 ..................................................................6 2. O Ministrio Pblico paulista ...........................................................................................7 Captulo 3 CAMPO DE ATUAO DO MINISTRIO PBLICO 10 1. 0 atual ofcio de Ministrio Pblico ........................................................................... 10 2. Destinao institucional ................................................................................................... 12 Captulo 4 TRABALHOS PREPARATRIOS PARA A CONSTITUIO DE 1988...................................................................................... 14 1. O Ministrio Pblico nas Constituies anteriores ................................................. 14 2. A presena social do Ministrio Pblico ....................................................................... 17 3. Origens prximas do texto constitucional de 1988.................................................. 21 4. Antecedentes da Carta de Curitiba ............................................................................ 22 a) o VI Congresso Nacional do Ministrio Pblico ............................................ 22 b) a pesquisa da Conamp ................................................................................................. 23 c) o Anteprojeto da Comisso de Estudos Constitucionais.............................. 26 d) o Anteprojeto Sntese.............................................................................................. 27 5. A Carta de Curitiba................................................................................................................ 28 6. A Moo de Curitiba ............................................................................................................ 34 7. O VII Congresso Nacional do Ministrio Pblico ................................................... 34 XI

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Captulo 5 ANLISE DO TEXTO CONSTITUCIONAL DE 1988 ............36 1. Viso geral ................................................................................................................................37 2. Posicionamento constitucional ........................................................................................ 38 3. Dispositivos comuns............................................................................................................. 41 4. Conceito ..................................................................................................................................... 41 a) instituio permanente................................................................................................. 42 b) zelo das principais formas de interesse pblico ................................................ 43 c) o Ministrio Pblico e a funo jurisdicional ..................................................... 44 d) a defesa da ordem jurdica.......................................................................................... 44 e) Ministrio Pblico e democracia............................................................................. 45 f) defesa dos interesses indisponveis......................................................................... 47 5. Princpios institucionais ....................................................................................................... 47 6. As designaes do procurador-geral............................................................................... 48 7. Hierarquia e independncia................................................................................................ 52 8. Unidade do Ministrio Pblico e incompetncia do juzo ..................................... 53 9. Autonomia institucional....................................................................................................... 53 a) a autonomia funcional da instituio e dos agentes.......................................... 54 b) autonomia administrativa e financeira................................................................... 55 c) iniciativa do processo legislativo .............................................................................56 10. Os vrios Ministrios Pblicos ........................................................................................ 58 11. O Ministrio Pblico junto ao Tribunal de Contas ................................................. 61 12. O procurador-geral da Repblica .................................................................................... 64 a) quem pode ser procurador-geral da Repblica................................................... 66 b) destituio do procurador-geral da Repblica .................................................... 69 13. Os demais procuradores-gerais ........................................................................................ 69 14. Litisconsrcio de Ministrios Pblicos......................................................................... 76 15. Organizao, atribuies e estatuto .............................................................................. 77 16. Garantias e prerrogativas.................................................................................................... 78 a) independncia funcional ............................................................................................ 81 b) vitaliciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de vencimentos ............ 84 c) foro por prerrogativa de funo ............................................................................. 85 d) promoo e aposentadoria ...................................................................................... 87 17. Vedaes................................................................................................................................... 87 18. A opo pelo regime anterior........................................................................................... 91 19. Isonomia de vencimentos.................................................................................................. 93 20. Funes tpicas..................................................................................................................... 104 21. Funes atpicas................................................................................................................... 104 22. Objetivo comum nas funes tpicas e atpicas ..................................................... 105 XII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

23. Funes exclusivas e concorrentes........................................................................... 107 a) ao penal pblica..................................................................................................... 108 b ) o defensor do povo.................................................................................................. 112 c ) a promoo da ao civil pblica ...................................................................... 114 d ) ao de inconstitucionalidade e representao interventiva ................ 115 e ) defesa dos interesses das populaes indgenas ....................................... 120 f ) notificaes e requisies .................................................................................... 120 g) controle externo da atividade policial ............................................................. 123 h ) norma de encerramento......................................................................................... 125 i ) legitimao concorrente ....................................................................................... 126 24. Vedao de promotor ad hoc ......................................................................................... 126 25. Residncia na comarca.................................................................................................... 127 26. A representao da Fazenda ....................................................................................... 128 27. Dispositivos extravagantes ........................................................................................... 128 28. 0 chamado Quinto Constitucional....................................................................... 130 29. Concluso ............................................................................................................................ 131 Captulo 6 A LEI ORGNICA NACIONAL DO MINISTRIO PBLICO ............................................................................................ 132 1. A Constituio e a Lei Complementar Federal n. 40/81 .............................. 133 2. Conceituao segundo a Lei Complementar n. 40/81 .................................. 133 3. Princpios e funes institucionais ........................................................................... 134 4. rgos do Ministrio Pblico ..................................................................................... 134 5. rgos de administrao .............................................................................................. 135 a) o procurador-geral de justia com prerrogativas e representao de secretrio de Estado............................................................. 136 b) atribuies do procurador-geral de justia .................................................. 136 c) o Colgio de Procuradores .................................................................................. 137 d) o Conselho Supe rior do Ministrio Pblico................................................. 137 e) o corregedor-geral do Ministrio Pblico .................................................... 138 6. rgos de execuo.......................................................................................................... 138 a) os promotores de justia ....................................................................................... 138 b) os procuradores de justia ................................................................................... 139 7. Atribuies dos rgos do Ministrio Pblico.................................................... 140 8. Atribuies especficas dos procuradores de justia ........................................ 140 9. Pluralidade de procuradores de justia no mesmo feito................................. 143 10. Foro por prerrogativa de funo ............................................................................... 146 11. Demais garantias e prerrogativas............................................................................... 149 12. Deveres ................................................................................................................................. 151 XIII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

13. Faltas e penalidades............................................................................................................ 152 14. Responsabilidade penal, civil e administrativa........................................................ 153 15. Processo administrativo .................................................................................................. 155 16. Vencimentos, vantagens e direitos .............................................................................. 156 17. Contagem de tempo de servio privado ................................................................... 156 a) posio do antigo Tribunal Federal de Recursos ......................................... 158 b) posio do Tribunal de Justia de So Paulo................................................... 158 c) posio do Tribunal de Alada Criminal de So Paulo ............................... 159 d) posio do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul ............................... 159 e) posio do Tribunal de Justia de Minas Gerais ........................................... 159 f) posio do Tribunal de Justia do Paran ........................................................ 159 g) posio do Tribunal Regional do Trabalho 9 Regio (Curitiba) 160 h) posio do Tribunal de Contas da Unio ......................................................... 160 i) posio do Tribunal de Contas do Estado de So Paulo ........................... 160 j) posio do Ministrio Pblico de Minas Gerais ........................................... 160 l) posio do Ministrio Pblico do Paran....................................................... 160 m) posio do Ministrio Pblico de So Paulo................................................... 161 n) posio do Supremo Tribunal Federal .............................................................. 162 18. O direito a frias ................................................................................................................. 164 19. Os atos praticados nas frias e sua validade ............................................................. 164 20. Afastamentos do cargo ..................................................................................................... 166 21. A carreira ................................................................................................................................ 167 22. Defesa da Unio e consultoria das entidades pblicas......................................... 169 23. Justia Eleitoral ................................................................................................................... 171 24. Justia Militar Estadual .................................................................................................... 172 25. Proibio de promotor ad hoc........................................................................................... 173 26. Dia do Ministrio Pblico................................................................................................ 175 Captulo 7 ATUAO PROCESSUAL PENAL.................................................. 177 1. Processo penal em geral.................................................................................................... 177 2. O inqurito policial ............................................................................................................. 178 a) a presidncia de inquritos policiais.................................................................... 178 b) o promotor que investiga fatos ............................................................................. 180 c) arquivamento do inqurito policial junto aos tribunais................................ 180 d) a constitucionalidade do arquivamento do inqurito .................................. 181 3. O Ministrio Pblico parte no processo penal .................................................... 182 4. A parte imparcial ............................................................................................................. 182 5. Atribuies do promotor criminal ................................................................................ 183 XIV

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

6. As recomendaes do Ato n. 1/84-PGJ/CSMP/CGMP ......................... 184 7. O princpio da titularidade da ao penal ......................................................... 185 8. A ao penal subsidiria ............................................................................................ 189 9. A ao penal popular ................................................................................................... 189 10. O procedimento acusatrio ...................................................................................... 190 11. Generalidades sobre o princpio da obrigatoriedade da ao pblica .................................................................................................................. 191 12. A obrigatoriedade da ao penal ............................................................................ 193 13. Ao penal dependente de representao ........................................................ 194 14. A ao penal pblica incondicionada................................................................... 195 15. O arquivamento de inqurito em caso de legtima defesa......................... 196 16. Equipes e setores especializados ........................................................................... 197 Captulo 8 - ATUAO PROCESSUAL CIVIL.................................................... 199 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. Processo civil em geral ............................................................................................... 199 A obrigatoriedade da ao civil pblica .............................................................. 201 A no-propositura da ao civil pblica ............................................................. 202 O Ministrio Pblico part e e fiscal da lei............................................................ 204 A obrigatoriedade de assumir a ao.................................................................... 205 A desistncia pelo Ministrio Pblico ................................................................ 208 Desistncia e renncia do recurso ......................................................................... 210 A transao........................................................................................................................ 211 Obrigatoriedade da execuo................................................................................... 213 Interveno pela qualidade da part e...................................................................... 214 Vinculao ou desvinculao ao interesse ......................................................... 215 Limites da atuao vinculada.................................................................................... 216 Natureza jurdica da interveno pela qualidade da part e .......................... 217 Pluralidade de rgos do Ministrio Pblico .................................................. 217 Hipteses de interveno protetiva....................................................................... 218 Limites ao poder de impulso.................................................................................... 219 Atribuies e funes ................................................................................................. 219 Curadoria de ausentes e incapazes......................................................................... 220 Curadoria de massas falidas...................................................................................... 222 Curadoria de acidentes do trabalho ...................................................................... 223 Curadoria de famlia e sucesses ........................................................................... 225 Curadoria de resduos.................................................................................................. 226 Curadoria de fundaes.............................................................................................. 226 Curadoria da infncia e da juventude................................................................... 227 XV

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

25. Curadoria de casamentos............................................................................................ 227 26. Curadoria de registros pblicos ............................................................................. 228 27. Novas curadorias e setores especializados.......................................................... 230 28. Ao popular .................................................................................................................... 231 29. Ao trabalhista e execuo fiscal .......................................................................... 232 Captulo 9 O ATENDIMENTO AO PBLICO E O DEFENSOR DO POVO............................................................................................. 233 1. Viso geral ............................................................................................................................ 234 2. Origem da funo............................................................................................................. 235 3. O direito de petio .......................................................................................................... 236 4. Litigiosidade contida ........................................................................................................ 237 5. O atendimento como funo institucional .......................................................... 238 6. Atipicidade da representao ...................................................................................... 239 7. O atendimento como funo tpica ........................................................................ 241 8. O primeiro contato com o atendido ........................................................................ 242 9. Hipteses mais freqentes de atendimento .......................................................... 243 10. Instalao do promotor na comarca........................................................................ 244 11. Divulgao no atendimento......................................................................................... 245 12. Recomendaes do Ato n. 1/84-PGJ/CSMP/CGMP .................................. 245 13. Disciplina no atendimento............................................................................................ 247 14. Dificuldades no atendimento ...................................................................................... 252 15. Outras recomendaes................................................................................................... 252 16. Aspectos psicolgicos..................................................................................................... 253 17. Infra-estrutura..................................................................................................................... 255 18. Crtica da funo .............................................................................................................. 257 a) generalidades............................................................................................................... 257 b ) desinteresse no atendimento ............................................................................... 258 c ) o atendimento nos grandes centros................................................................. 259 d ) criao de Promotorias especializadas............................................................ 260 e ) proteo ao hipossuficiente ................................................................................. 264 19. O atendimento pelo promotor ................................................................................... 265 20. O atendimento como arte............................................................................................. 265 21. Concluses............................................................................................................................ 266 22. O XII Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos.......................................... 267 a) a tese Atendimento ao pblico...................................................................... 267 b) o relatrio da tese...................................................................................................... 267 c) os debates em plenrio .......................................................................................... 268 d) nossa posio .............................................................................................................. 273XVI

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

23. O ombudsman e o defensor do povo ............................................................. 281 24. Cargo para o correto exerccio da funo......................................................... 286 25. Recomendaes especficas sobre o atendimento........................................ 288 a) memor andos e ofcios............................................................................................ 288 b ) reclamao con tra autoridades e advogados .............................................. 289 c ) entrevistas e entendimentos com outras autoridades............................. 290 d ) providncias urgentes............................................................................................ 293 e ) presena do advogado ........................................................................................... 294 f ) fogo-de-encontro................................................................................................ 295 g) tomada de declaraes........................................................................................... 296 h ) aborto ........................................................................................................................... 296 i ) ateno no atendimento ....................................................................................... 296 j ) doentes mentais ....................................................................................................... 298 l) brigas de polticos e de vizinhos......................................................................... 298 m ) passes de viagem....................................................................................................... 298 n ) alvars judiciais ......................................................................................................... 298 o ) processos nos tribunais......................................................................................... 299 p ) depsitos judiciais ................................................................................................... 300 q) intercmbio entre promotores e entre outros Ministrios Pblicos.......................................................................................................................... 301 r ) questes alheias ao Ministrio Pblico ........................................................ 301 Captulo 10 AO REPARATRIA OU EXECUO DE JULGADO PENAL.............................................................................................. 303 1. Generalidades .................................................................................................................. 303 2. Papel do Ministrio Pblico ...................................................................................... 304 Captulo 11 LOCAO E LOTEAMENTO................................................... 306 1. Locao................................................................................................................................ 306 2. Compromissos e loteamentos.................................................................................. 307 Captulo 12 MANDADO DE SEGURANA, MANDADO DE INJUNO, AO POPULAR E HABEAS CORPUS.............................. 311 1. Generalidades sobre a impetrao de remdios hericos ............................ 311 a) o Ministrio Pblico e os writs ............................................................................ 311 b) mandado de segurana con tra ato judicial recorrvel ............................... 311 c) a concesso de liminares ....................................................................................... 312 d) defesa de direitos individuais e coletivos ...................................................... 313 2. Impetrao de remdios hericos pelos promotores .................................... 314 XVII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

1. Mandado de injuno .................................................................................................... 315 3. Ao popular ...................................................................................................................... 315 4. Ha beas cor pus ........................................................................................................................ 316 Captulo 13 AS REQUISIES MINISTERIAIS .............................................. 1.Generalidades ..................................................................................................................... 2. O mbito das requisies.............................................................................................. 3. As matrias sigilosas ....................................................................................................... 4. Requisio de informaes dos cadastros eleitorais .......................................... 5. Requisies autoridade policial ............................................................................... 6. Desatendimento requisio....................................................................................... Captulo 14 ATENDIMENTO AO TRABALHADOR................................... 1. Generalidades .................................................................................................................. 2. Modo de efetuar o atendimento .............................................................................. 3. Crimes contra a organizao do trabalho.............................................................. 4. Recomendaes do Ato n. 1/84-PGJ/CSMP/CGMP................................... 5. Crtica da funo ............................................................................................................ Captulo 15 ATENDIMENTO AO ACIDENTADO ...................................... 1. Generalidades .................................................................................................................. 2. As recomendaes do Ato n. 1/84-PGJ/CSMP/CGMP,............................. 3. Inqurito civil ................................................................................................................... Captulo 16 MENORES................................................................................................. 1. Menores em situao de proteo............................................................................ 2. A guarda............................................................................................................................. 3. Trabalho do menor........................................................................................................ 4. Tutela................................................................................................................................... Captulo 17 FAMLIA ...................................................................................................... 1. Generalidades .................................................................................................................. 2. Curadoria de famlia e curadoria de incapazes.................................................... 3. Separao judicial .......................................................................................................... 326 326 327 328 331 333 333 335 335 336 339 340 341 343 343 344 346 347 347 350 352 352 355 355 357 358

Captulo 18 ADOO................................................................................................... 361 1. Conceito e evoluo do instituto.............................................................................. 361 2. A adoo do Cdigo Civil.............................................................................................. 363 3. A adoo do Estatuto da Criana e do Adolescente ........................................... 364 XVIII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

4. Consideraes complementares................................................................................ 366 a) situao de proteo ............................................................................................... 366 b ) citao ou dispensa de citao dos pais ....................................................... 367 c ) adoo por estrangeiros ....................................................................................... 368 d ) competncia territo rial ........................................................................................... 369 e ) competncia funcional........................................................................................... 369 f ) avs adotivos.............................................................................................................. 370 g) concubinato e adoo ............................................................................................ 371 h ) direito de visita ......................................................................................................... 371 i ) adoo por avs e tios........................................................................................... 372 j ) cnjuges separados e vivos ............................................................................. 372 l) sucesso ........................................................................................................................... 373 m) morte dos adotantes .............................................................................................. 374 5. Observaes finais .......................................................................................................... 375 Captulo 19 ASSISTNCIA JU DICIR IA ........................................................ 378 1. Generalidades ................................................................................................................... 378 2. Carter subsidirio da assistncia............................................................................. 380 3. Assistncia judiciria criminal .................................................................................... 383 Captulo 20 CURADORIA ESPECIAL................................................................ 386 1. Generalidades ................................................................................................................. 386 2. As funes do art. 9, I, do Cdigo de Processo Civil ............................... 387 3. As funes do art. 9, II, do Cdigo de Processo Civil.............................. 390 4. Limites da vinculao................................................................................................... 395 5. Liberdade para recorrer............................................................................................... 396 6. Encargos da sucumbncia ........................................................................................ 397 7. Citao por edital ........................................................................................................... 397 8. Citao com hora certa .............................................................................................. 398 9. Resumo do edital . ........................................................................................................ 398 10. Inexistncia de revelia.................................................................................................. 399 11. Conhecimento pessoal ............................................................................................... 400 12. Nulidade da citao ..................................................................................................... 401 13. Embargos execuo .................................................................................................. 401 14. Curadoria do ru e do autor preso........................................................................ 402 15. Rus incertos ou desconhecidos ........................................................................... 402 16. Ausncia ............................................................................................................................ 405 XIX

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

17. Inventrio ............................................................................................................................. 408 18. Protestos, notificaes e interpelaes .................................................................... 409 19. As recomendaes do Ato n. 1/84-PGJ/CSMP/CGMP................................ 410 Captulo 21 JURISDIO VOLUNTRIA........................................................... 412 1. A chamada jurisdio voluntria................................................................................ 412 2. Limites com a jurisdio prpria .............................................................................. 413 3. O interesse pblico na jurisdio voluntria ................................................... 414 4. Hipteses de exceo ..................................................................................................... 423 5. Controle da interveno ministerial ......................................................................... 425 6. Curadoria especial na jurisdio voluntria........................................................... 427 7. Recusa de interveno ................................................................................................... 428 8. Concluso .......................................................................................................................... 428 Captulo 22 CURADORIA DA PESSOA DEFICIENTE ............................... 429 1. Introduo .............................................................................................................................. 429 2. A Resoluo da ONU........................................................................................................ 431 3. Levantamento legislativo .................................................................................................. 432 a) legislao federal ......................................................................................................... 433 b ) legislao estadual....................................................................................................... 435 c ) legislao municipal ................................................................................................... 437 4. O princpio da igualdade................................................................................................... 438 5. O Ministrio Pblico e a pessoa deficiente ............................................................... 440 6. Criao de uma coordenadoria....................................................................................... 443 7. Concluso .............................................................................................................................. 444 Captulo 23 ASSISTNCIA AO CURADOR DA HERANA JACENTE............................................................................................................................ 445 Captulo 24 ACORDOS OU TRANSAES....................................................... 448 1. Generalidades ................................................................................................................... 448 2. A referenda.................................................................................................................... 449 3. Objeto da transao........................................................................................................ 449 4. Instrues para a homologao ................................................................................. 450 5. Protesto especial............................................................................................................... 451 6. Interesse de incapazes .................................................................................................. 451 7. Constitucionalidade da homologao .................................................................... 452 8. Importncia social da funo...................................................................................... 453 9. O Ato n. 1/84-PGJ/CSMP/CGMP........................................................................ 453 XX

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Captulo 25 - ROTEIRO DO JRI................................................................................... 454 1. Competncia........................................................................................................................ 454 2. Preliminares para instalar a sesso .............................................................................. 455 3. Adiamento da sesso........................................................................................................ 457 4. Incio do julgamento ........................................................................................................ 459 5. A instruo ........................................................................................................................... 464 6. Debates ................................................................................................................................. 465 7. Preliminares da votao ................................................................................................. 467 8. Votao.................................................................................................................................. 468 9. Sentena................................................................................................................................. 469 10 Ata dos trabalhos.............................................................................................................. 470 Captulo 26 - INTERESSES COLETIVOS E DIFUSOS....................................... 471 1. Generalidades ..................................................................................................................... 471 2. O que ao civil pblica .............................................................................................. 474 3. Origens da Lei n. 7.347/85............................................................................................ 475 4. Dever de agir ...................................................................................................................... 477 5. Objeto da Lei n. 7.347/85.............................................................................................. 477 6. O meio ambiente na Lei n. 7.347/85......................................................................... 480 7. A proteo do consumidor na Lei n. 7.347/85..................................................... 482 8. A defesa do patrimnio cultural .................................................................................. 489 9. Tombamento....................................................................................................................... 490 10. A ao cautelar na Lei n. 7.347/85 .......................................................................... 491 11. Conexidade, continncia e litispendncia............................................................... 492 12. Legitimao ativa ............................................................................................................. 493 13. Legitimao passiva ........................................................................................................ 493 14. Transao ............................................................................................................................ 494 15. Inqurito civil .................................................................................................................... 494 16. Fundo para reconstituir o bem lesado..................................................................... 495 17. Encargos da sucumbncia ........................................................................................... 496 Captulo 27 - A AO CIVIL PBLICA....................................................................... 497 1. Generalidades ................................................................................................................... 497 2. Aes fundadas na Constituio Federal ............................................................... 499 3. Aes fundadas no Cdigo Civil .............................................................................. 501 4. Aes fundadas no Cdigo de Processo Civil ..................................................... 502 5. Aes fundadas no Cdigo de Processo Penal.................................................... 505 6. Aes fundadas no Estatuto da Criana e do Adolescente ............................ 505 7. Aes fundadas na legislao trabalhista................................................................ 506 XXI

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

8. Aes fundadas na Lei de Registros Pblicos........................................................ 506 9. Aes fundadas na Lei de Loteamentos................................................................... 507 10. Aes fundadas na Lei de Falncias........................................................................... 507 11. Aes fundadas em leis diversas.................................................................................. 507 Captulo 28 FISCALIZAO DE CARTRIOS, PRISES E OUTROS ESTABELECIMENTOS..................................................................... 510 1. Generalidades ..................................................................................................................... 510 2. O que atividade correcional ....................................................................................... 510 3. A fiscalizao dos Cartrios de Registro Civil ....................................................... 512 4. Visitas a cadeias e presdios........................................................................................... 512 5. Visitas a manicmios........................................................................................................ 515 6. Visitas a estabelecimentos para menores................................................................. 516 Captulo 29 EXPEDIO DE NOTIFICAES............................................. 518 1. Quando cabe a notificao ............................................................................................ 518 2. Quando no cabe a notificao .................................................................................. 518 3. Os convites........................................................................................................................... 519 4. Forma da notificao ....................................................................................................... 520 5. Notificao ordem de comparecimento ............................................................... 521 6. Cominao para o desatendimento ............................................................................ 521 7. Precedente jurisprudencial ............................................................................................. 523 8. Conseqncias pela recusa de comparecimento ................................................... 524 9. Destinatrio da notificao ............................................................................................ 526 Captulo 30 IMPEDIMENTO E SUSPEIO..................................................... 527 1. Hipteses de incompatibilidade ................................................................................ 527 2. Hipteses de suspeio e impedimento.................................................................. 528 Captulo 31 CONFLITOS DE ATRIBUIES................................................... 531 1. Conflitos entre Ministrios Pblicos diversos .................................................... 531 2. Peculiaridades no conflito de atribuies ministeriais ...................................... 532 3. Quem dirime o conflito de atribuies.................................................................... 534 Captulo 32 RECUSA E FALTA DE INTERVENO MINISTERIAL................................................................................................................... 537Anexos................................................................................................................................................ 539 Resumo do roteiro do jri................................................................................................................... 607 Bibliografia ........................................................................................................................................ 613 ndice alfabtico-remissivo .................................................................................................................. 629 XXII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

SIGLAS E ABREVIATURASAC Apelao Cvel AgI Agravo de Instrumento AgReg Agravo Regimental art. artigo AMMP Associao Mineira do Ministrio Pblico AMPRS Associao do Ministrio Pblico do Rio Grande do Sul APMP Associao Paulista do Ministrio Pblico Caemp Confederao das Associaes Estaduais do Ministrio Pblico Caex Centro de Acompanhamento e Execuo do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo Cm. Cmara Cm. Crim. Conj. Cmaras Criminais Conjuntas C. Constituio CC Cdigo Civil CE Constituio Estadual CE1 Cdigo Eleitoral CF Constituio Federal Cf. Conferir CFl. Cdigo Florestal CGJ Corregedoria-Geral da Justia CGMP Corregedoria-Geral do Ministrio Pblico cit. citado CM Cdigo de Menores compl. complementar Conamp Confederao Nacional das Associaes do Ministrio Pblico CP Cdigo Penal CPC Cdigo de Processo Civil CPP Cdigo de Processo Penal CR Constituio da Repblica CSM Conselho Supe rior da Magistratura CSMP Conselho Superior do Ministrio Pblico CTN Cdigo Tributrio Nacional Dec. Decreto XXIII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Dec.-Lei Decreto-LeiDOE Dirio Oficial do Estado DOU Dirio Oficial da Unio

EC Emenda Constitucional ECA Estatuto da Criana e do Adolescente EFPCE Estatuto dos Funcionrios Pblicos Civis do Estado EFPCU Estatuto dos Funcionrios Pblicos Civis da Unio est. estadual EOAB Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil fed. federal HC Habeas corpus JSTF Jurisprudncia do Supremo Tribunal Federal (Lex)JTACSP Julgados/Jurisprudncia dos Tribunais de Alada Civil de So Paulo (Lex) JTACrimSP Julgados/Jurisprudncia do Tribunal de Alada Criminal de So Paulo (Lex)

LA Lei de Alimentos LAA Lei de Abuso de Autoridade LACP Lei da Ao Civil Pblica LAP Lei da Ao Popular LAT Lei de Acidentes do Trabalho LC Lei Complementar LCP Lei das Contravenes Penais LD Lei do Divrcio LE Lei de Entorpecentes LEF Lei de Execuo Fiscal LEP Lei de Execuo Penal LF Lei de Falncias LJPC Lei do Juizado de Pequenas Causas Liv. Livro LL Lei de Locao LLE Lei das Liquidaes Extrajudiciais LLt Lei de Loteamentos LMS Lei do Mandado de Segurana LOEMP Lei Orgnica Estadual do Ministrio Pblico LOMAN Lei Orgnica da Magistratura Nacional LOMN Lei Orgnica da Magistratura Nacional XXIV

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

LONMP Lei Orgnica Nacional do Ministrio Pblico LRP Lei de Registros Pblicos LRP1 Lei da Reforma PenalMP Revista do Min istrio Pblico do Estado do Paran

MS Mandado de segurana n. nmero p. pgina PA Processo Administrativo PGJ Procuradoria-Geral de Justia do Estado de So Paulo Proc. Processo Pt. Protocolado RCrim. Recurso criminalRDP Revista de Direito Pblico

RE Recurso Extraordinrio Rel. Relator Rep. Representao REsp. Recurso EspecialRF Revista Forense

RI Recurso de InstrumentoRJTJRS Revista de Jurisprudncia do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul RJTJSP Revista de Jurisprudncia do Tribunal de Justia de So Paulo

R.Rev. Recurso de revistaRT Revista dos Tribunais RTJ Revista Trimestral de Jurisprudncia STF Supremo Tribunal Federal STJ Superior Tribunal de Justia

t. tomo 1 TAC I Tribunal de Alada Civil de So Paulo 2 TAC II Tribunal de Alada Civil de So Paulo TACrimSP Tribunal de Alada Criminal de So Paulo Tt. Ttulo TJSP Tribunal de Justia de So Paulo TRE Tribunal Regional Eleitoral v. volume v. videXXV

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

BREVE CURRCULO DO AUTORHugo Nigro Mazzilli bacharelou-se com distino pela Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo (Faculdade do Largo de So Francisco Turma de 1972). Iniciou sua vida profissional em 1969, como estagirio no escritrio do Professor Oscar Barreto Filho, com quem trabalhou, como advogado, em 1973. Distinguindo-se na classificao do concurso de ingresso ao Ministrio Pblico, foi nomeado Promotor Pblico Substituto em 1973. Aps dez anos de vivncia nas diversas comarcas do interior do Estado, foi promovido para a Capital, onde exerceu por diversos anos a funo de assessor dos ProcuradoresGerais de Justia Cludio Ferraz de Alvarenga e Antnio Araldo Ferraz dal Pozzo. Membro atuante dos Grupos de Estudos do Ministrio Pblico do Estado de So Paulo, proferiu diversas palestras nos Grupos Carlos Siqueira Netto (Capital do qual foi Coordenador), Campos Salles (Campinas), Ibrahim Nobre (Santos), Alusio Arruda (Ribeiro Preto), Pedro Jorge de Mello (Mococa), Ronaldo Porto Macedo (Presidente Prudente), Csar Salgado (Taubat), a primeira das quais no Mrio de Moura Albuquerque (Bauru), quando, ainda substituto (1976), defendeu a idia da inafastabilidade do promotor das suas funes legais (R T, 494:269). Apresentou e viu aprovadas inmeras teses em seminrios e congressos; autor de diversos livros, bem como de inmeros artigos jurdicos, publicados nas principais revistas especializadas do Pas; recebeu o prmio Melhor Arrazoado Forense, em virtude de razes que apresentou em conflito de atribuies (Pt. n. 12.416/87-PGJ; APMP 1988). Participou e ainda participa de diversas comisses institudas pela Procuradoria-Geral de Justia e pela Associao Paulista do Ministrio Pblico ( v. g., Comisso de Estudos sobre o Projeto de Cdigo de Processo Penal 1983; Comisso de Estudos Constitucionais desde 1983; Comisso de Assessoramento Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente desde 1985; Comisso de Estudos sobre o Projeto de Lei que modifica o Cdigo de Processo Civil 1985; Comisso que elaborou o Anteprojeto da Carta de Curitiba 1986; Comisso de Estudos sobre a Justia Criminal 1987). Tem tido acentuada militncia na vida da Associao Paulista do Ministrio Pblico, participando das Diretorias presididas por Cludio Ferraz de AlvarengaXXVII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Luiz Antnio Fleury Filho e Antnio Araldo Ferraz dal Pozzo, tornando-se, em 1990, Presidente da Associao Paulista do Ministrio Pblico. Participou ativamente do acompanhamento dos trabalhos das Assemblias Constituintes, seja a Nacional, seja a do Estado de So Paulo, especialmente no que diz respeito instituio a que pertence.

XXVIII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

NOTA 2 EDIOCom a promulgao da Constituio de 1988, profundas mudanas ocorreram em nosso sistema jurdico, e, em especial, na instituio do Ministrio Pblico. Agora conceituado na Lei Maior como instituio permanente e essencial prestao jurisdicional do Estado, encarregada da defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis, a Constituio outorgou ao Ministrio Pblico extraordinrias garantias e atribuies, sepultando na obsolescncia o antigo papel da instituio de defesa dos interesses do Estado, enquanto pessoa jurdica. Rapidamente esgotada a primeira edio de nosso Manual do promotor de justia, a esta altura, porm, no seria possvel apenas reeditar a obra; mister foi praticamente reescrev-la, tal a monta das conseqncias trazidas pelo novo ordenamento constitucional, que to intensamente mudou a ordem jurdica vigente, em especial definindo um perfil inteiramente novo para o Ministrio Pblico brasileiro. Dessa forma, a segunda edio sai totalmente revista e ampliada, na sua maior parte reescrita, contendo no s as atualizaes sempre necessrias, como ainda a devida adequao nova ordem jurdica constitucional.

XXIX

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

NOTA 1 EDIOQuando exercemos a funo de coordenador do Grupo de Estudos Carlos Siqueira Netto (1984), apresentamos uma tese ao XII Seminrio Jurdico dos Grupos de Estudos intitulada Atendimento ao pblico. Na ocasio, contamos com o inestimvel concurso dos colegas Jos Silvino Perantoni e Maria Tereza do Amaral Dias de Souza, alm do indispensvel apoio do coordenadorgeral dos Grupos, o colega Paulo Hideo Shimizu. Era intuito estudar a antiga realidade consistente no atendimento to comum que o promotor de justia faz aos necessitados, principalmente nas comarcas do interior. A tese criou vivo interesse nos debatedores, que muito a enriqueceram, animando-nos a aperfeio-la e a transform-la no livro O promotor de justia e o atendimento ao pblico (Saraiva, 1985), cujo objetivo consistia em dar viso global do atendimento e suas implicaes, tarefa to importante quanto difcil, embora altamente gratificante. Esgotou-se a edio, com rapidez que nos surpreendeu. Por versar sobre as funes institucionais do Ministrio Pblico, o livro acabou interessando tambm aos candidatos a concursos de ingresso na carreira, s bancas examinadoras, alm de, naturalmente, aos prprios promotores de justia, no s aos que comeam na carreira, mas a todos os que pretendam um livro de consulta ou um manual que enfrente as questes mais usuais ou mais controvertidas no diaa-dia dos seus servios na comarca. Tambm se interessaram pela publicao os demais profissionais do direito, como ainda os acadmicos, desejosos de obter um trato doutrinrio, jurisprudencial ou mesmo prtico sobre as controvrsias reinantes em vrios campos das atividades ministeriais. Deve ser ressaltada a generosa acolhida da crtica, que muito nos estimulou. Nosso estimado Professor Manoel Pedro Pimentel, referindo-se obra O promotor de justia e o ate ndimento ao pblico, assim a viu: Trata-se de excelente livro, obra muito til, que no fora antes pensada por ningum, por ser, de certo, muito trabalhosa e de aparente desimportncia. Na verdade, pouca gente se preocupa com questes como essa, que se constitui verdadeira prestao de servio, com informaes valiosas, que indicam direitos e deveres das pessoas humildes e das autoridades. O trabalho denso em observaes valiosas, constituindo-se um autntico guia para os membros do Ministrio Pblico e para todos ns.XXXI

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Por sua vez, o Professor Ren Ariel Dotti teceu as seguintes consideraes: Sobre O Promotor de Justia e o Atendimento ao Pblico j tenho-me referido em trabalhos recentes ligados proteo do ambiente e do consumidor. Alm da qualidade cientfica da investigao, merece o melhor louvor a escolha de assunto que dignifica a funo do Ministrio Pblico e lhe concede justa e indispensvel presena social. Venho acompanhando a permanente e lcida contribuio do autor doutrina do Direito Penal e do Processo Penal, bem como Instituio a que pertence. Seus artigos publicados nO Estado de S. Paulo e Revista dos Tribunais constituem material obrigatrio de fonte e reflexes. Diante da receptividade encontrada para aquela nossa primeira obra, na ocasio dispusemo-nos a, mais do que reedit-la, com as atualizaes sempre necessrias, reescrev-la mesmo, desenvolvendo-a em todos os seus aspectos e buscando cobrir a generalidade das funes do Ministrio Pblico com maior fundamentao doutrinria e jurisprudencial. Abordando pontos que no tinham sido versados no trabalho original e abrindo novos captulos e ttulos, buscamos torn-la um verdadeiro manual que possa, embora naturalmente sem esgotar a matria, ser um livro til, de fcil consulta, o qual, na mesa do profissional do direito, confira um enfoque objetivo sobre a variada gama de atribuies do Ministrio Pblico. Por fim, desenvolvemos significativamente a parte prtica (formulrios das principais peas forenses, roteiro do jri etc.), bem como, valendo-nos de recursos da informtica, elaboramos um minucioso ndice alfabtico-remissivo, o que certamente facilitar o trabalho forense.

XXXII

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

captulo

1Origens do Ministrio PblicoSUMRIO: 1. Perfil constitucional. 2. Razes remotas. 3. Origem mais mencionada, 4. Origem da expresso Ministrio Pblico. 5. Origens lusitanas do nosso Ministrio Pblico.

1.

PERFIL CONSTITUCIONA L1

O art. 127 da Constituio Federal de 1988 assevera que o Ministrio Pblico instituio permanente, essencial funo jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurdica, do regime democrtico e dos interesses sociais e individuais indisponveis. exceo da defesa do regime democrtico contribuio da Carta de Curitiba2 , os demais elementos da definio legal provieram da Lei Complementar federal n. 40, de 14 de dezembro de 1981.2. RA ZES REMOTA S

Controverte-se sobre as origens do Ministrio Pblico3. Procuram alguns v-la h mais de quatro mil anos, no m agia , funcionrio real no Egito4.

ptulo 5.

1.

Sobre o Ministrio Pblico na Constituio de 1988, v., especialmente, o Ca-

2. A propsito da chamada Carta de Curitiba, bem como sobre o conceito constitucional de Ministrio Pblico, v. Captulos 4 e 5. 3. Cf. Antnio Cludio C. Machado, A interveno do Ministrio Pblico no processo civil brasileiro, So Paulo, Saraiva, 1989, p. 9 e s. 4. Segundo textos descobertos em escavaes no Egito, tal funcionrio era a lngua e os olhos do rei; castigava os rebeldes, reprimia os violentos, protegia os cidados pacficos; acolhia os pedidos do homem justo e verdadeiro, perseguindo o malvado mentiroso; era o marido da viva e o pai do rfo; fazia ouvir as palavras da acusao, indicando as disposies legais que se aplicavam ao caso; tomava parte das instrues para descobrir

1

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

Outros buscam na Antigidade clssica os traos iniciais da instituio, ora nos foros de Esparta, ora nos thesmotetis ou tesmtetas gregos5, ora nas figuras romanas do advocatus fisci, do defensor civitatis, do irenarcha, dos curiosi, stationarii e frumentarii, dos procuratores caesaris 6. Na Idade Mdia tambm se procura encontrar algum trao histrico da instituio nos saions germnicos7, ou nos bailios e senescais, encarregados de defender os senhores feudais em juzo8, ou nos missi dominici 9, ou nos gastaldi do direito longobardo, ou ainda no Gemeiner Anklager (literalmente comum acusador) da Alemanha, encarregado de exercer a acusao, quando o particular permanecia inerte10. No prprio vindex religionis do direito cannico se busca um elo de ligao com as razes do Ministrio Pblico11. Por sua vez, a doutrina italiana procura demonstrar sua origem peninsular: o advocatus de parte publica ou os avogadori di comun della repubblica veneta ou os conservatori delle leggi di Firenze 12.3. ORIGEM MA IS MENCIONA DA

O mais usual, porm, indicar-se a origem do Ministrio Pblico na Ordenana de 25 de maro de 130213, de Felipe IV, o Belo, rei da Frana, que imps______________________

a verdade (Mario Vellani, Il pubblico ministero nel processo, 1965, v. 1, t. 1, p. 15; Gabriel de Rezende Filho, Curso de direito processual civil, Saraiva, 1957, v. 1, n. 90, p. 91; Roberto Lyra, Teoria e prtica do Ministrio Pblico, Cap. I). 5. Cf. Tourinho Filho, Processo penal, Saraiva, 1982, v. 2, Cap. 22; Mario Vellani, Il pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, n. 1, p. 11; Octaclio Paula Silva, Ministrio Pblico, Sugestes Literrias, 1981, p. 4; Jos Henrique Pierangelli, Processo penal; evoluo histrica, Jalovi, 1983, p. 180. 6. Michle-Laure Rassat, Le Ministre Public entre son pass et son avenir, Paris, 1967, p. 7. 7. Michle-Laure Rassat, Le Ministre Public, cit., p. 11; Vellani, Il pubblico ministero, cit., v. I, t. 1, p. 13. 8. Cf. Gabriel de Rezende Filho, Curso, cit., v. 1, n. 90, p. 91; Moacyr Amaral Santos, Primeiras linhas de direito processual civil, Saraiva, 1978, v. 1, n. 96. 9. Cf. Mario Vellani, Il pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, p. 13. 10. Cf. Tourinho Filho, Processo penal, cit., v. 2, p. 289. 11. Cf. Hlio Tomaghi, Compndio de processo penal, Konfino, 1967, v. 1, p. 375. 12. Mario Vellani, Il pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, p. 13; Vincenzo Manzini, Trattato di diritto processuale penale italiano, Torino, 1924, v. 2, p. 260. 13. Cf. Mario Vellani, Il pubblico ministero , cit., v. 1, t. 1, p. 23; Tourinho Filho, Processo penal, cit., v. 2, p . 290; Hlio Tomaghi, Compndio, cit ., v. 1, p. 376. Alguns, po2

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

aos seus procuradores, antes de tudo, prestassem o mesmo juramento dos juzes, vedando-lhes patrocinarem outros que no o rei14. Entretanto, tem-se como certo que Felipe regulamentou o juramento e as obrigaes dos procuradores do rei em termos que levam a crer que a instituio j preexistia15. Menciona-se que a Revoluo Francesa teria estruturado mais adequadamente o Ministrio Pblico, enquanto instituio, ao conferir garantias a seus integrantes; contudo, foram os textos napolenicos que instituram o Ministrio Pblico que a Frana veio a conhecer na atualidade16.4.

ORIGEM DA EXPRESSO MINISTRIO PBLICO

Num sentido genrico, referindo-se a todos os que, de qualquer forma, exercitam uma funo pblica, a expresso ministrio pblico j se encontrava em textos romanos clssicos.

rm, mencionam a data de 23 ou 25 de maro de 1303 (Michle-Laure Rassat, Le Ministre Public, cit., p. 13; Glasson, citado por Vellani, Il pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, p. 23). 14. V. texto dos arts. 15 e 20 da Ordenana, em Mario Vellani, II pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, p. 24: art. 15: Volumus insuper quod ipsi, et procuratores nostri jurent secundum formam infra scriptam...; art. 20: ceterum volumus quod procuratores nostri, in causis quas nostro nomine ducent contra quascumque personas, jurent de calumnia, sicut predicte persone. Et si contingat ipsos facere substitutos, ipsis substitutis satisfaciant, et non partes adverse; nolentes, immo prohibentes expresse ne dicti procuratores nostri de causis alienis se intromittere, aut litteras impetrare presumant, nisi pro personis conjunctis ipsos contingeret facere predicta. 15. Michle-Laure Rassat, Le Ministre Public, cit., p. 13-4; Garraud, Trait thorique et pratique dinstruction criminelle et de procdure pnale, 1907, t. 1, n. 32; Prcis de droit criminel, 1962, p. 34-5; F. Goyet, Le Ministre Public en matire civile et en matire reprssive et lexercice de laction publique, 1953; Esmein, citado por Michle-Laure Rassat, Le Ministre Public, cit., p. 13-4 e 263; Mario Vellani, Il pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, p. 18, 19 e 24. 16. Rassat lembra que um decreto de 1790 deu vitaliciedade aos agentes do Ministrio Pblico; todavia, outro decreto do mesmo ano dividiu as funes do Ministrio Pblico entre dois agentes: um comissrio do rei e um acusador pblico. O primeiro, nomeado pelo rei e inamovvel, tinha por nica misso velar pela aplicao da lei e pela execuo dos julgados; era ele, ainda, que recorria contra as decises dos tribunais. O acusador pblico, por sua vez, era eleito pelo povo, com o s encargo de sustentar a acusao diante dos tribunais. O verdadeiro papel de um e de outro era, porm, muito limitado, tendo havido vrios retrocessos na poca. Assim, foram os textos napolenicos que instituram o Ministrio Pblico que a Frana conheceu na atualidade (cf. Rassati, Le Ministre Public, cit., p. 31-5).3

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

No sentido, porm, de referir-se instituio de que ora nos ocupamos, segundo levantamento feito por Mario Vellani, a expresso ministre public passou a ser usada com freqncia nos provimentos legislativos do sculo XVIII, ora designando as funes prprias daquele ofcio pblico, ora referindo-se a um magistrado especfico, incumbido do poder-dever de exercit-lo, ora, enfim, dizendo respeito ao ofcio17. Em algumas cartas de 1730 e 1736, do chanceler francs, recolheu o jurista peninsular algumas frases em que a expresso usada, sem que se possa supor sua novidade: ... lorsque le besoin de ministre public...; .. ceux qui exercent le ministre public... en honorant le ministre des gens du roi.... A expresso passou, posteriormente, a freqentar assiduamente ordenanas e ditos (1765, 1777, 1788 etc.). Parece-nos correta a suposio de Vellani no sentido de que a expresso nasceu quase inadvertidamente, na prtica, quando os procuradores e advogados do rei falavam de seu prprio mister ou ministrio, e a este vocbulo se uniu, quase por fora natural, o adjetivo pblico, para designar os interesses pblicos que os procuradores e advogados do rei deveriam defender. Da, a expresso passou, traduzida, para os outros Estados, sendo que, no Brasil, o primeiro texto levantado por Abdon de Mello e ratificado por Jos Henrique Pierangelli, no qual se identifica o uso da expresso Ministrio Pblico, consiste no art. 18 do Regimento das Relaes do Imprio, baixado em 2 de maio de 184718. No deixa de ser interessante anotar que, na sua etimologia, a palavra ministrio se prende ao vocbulo latino manus e aos derivados ministrar, ministro, administrar da a ligao inicial aos agentes do rei (les gens du roi), pois seriam a mo do rei (hoje, certamente, para manter a metfora, a mo da lei).5. ORIGENS LUSITA NA S DO NOSSO MINI STRIO PBLICO

No podemos, porm, olvidar que os primeiros traos de nosso Ministrio Pblico antes provm diretamente do velho direito lusitano. Embora sejam preferentemente citadas as Ordenaes Manuelinas de 1514 como fonte da instituio do Ministrio Pblico19, nas prprias Ordenaes Afonsinas de 1447 vemos traos que foram desenvolvidos nas ordenaes posteriores.

Il pubblico ministero, cit., v. 1, t. 1, p. 67. Cf. J. H. Pierangelli, Processo penal, cit., p. 192. Cf. J. Canuto Mendes de Almeida, Processo penal, ao e jurisdio, Revista dos Tribunais, 1975, p. 218; Jos Henrique Pierangelli, Processo penal, cit., p. 188.17. 18. 19. 4

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

No Tt. VIII das Ordenaes Afonsinas, cuida-se Do procurador dos nossos feitos; no Tt. XIII, trata-se Dos procuradores, e dos que nom podem fazer procuradores (Liv. I). Nas Ordenaes Manuelinas, o Liv. I tinha dois ttulos de maior interesse: o XI, que cuidava Do procurador dos nossos feitos, e o XII, que tratava do Prometor de justia da Casa da Sopricaam. Nas Ordenaes Filipinas de 1603, h ttulos que cuidam do procurador dos feitos da Coroa (XII), do procurador dos feitos da Fazenda (XIII), do promotor de justia da Casa da Suplicao (XV), do promotor de justia da Casa do Porto (XLIII), todos do Liv. I.

Entretanto, alguns autores buscam mais longe as origens lusitanas do nosso Ministrio Pblico: Em 14-1-1289, sob o reinado de D. Afonso III, o cargo de procurador da Coroa assume o carter de permanncia, justamente na poca em que, na Europa, se constituam os tribunais regulares (Jos Henrique Pierangelli, Processo penal, cit., p. 187). Conjuntamente com esses tribunais que se formou o Ministrio Pblico (Joo Baptista Ferro de Carvalho Mrten, O Ministrio Pblico e a Procuradoria-Geral da Coroa e Fazenda, histria, natureza e fins, Boletim do Ministrio da Justia de Portugal, Lisboa, 23:16, fev. 1974). Por sua vez, J. Cabral Netto busca no Livro das Leis e Posturas, editado no reinado de D. Joo I (1384/1422), algumas disposies reguladoras da interveno dos procuradores do Rei nas causas penais, bem como as atribuies dos procuradores de justia da Casa da Suplicao (O Ministrio Pblico na Europa latina, 1974, p. 53).

5

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

captulo

2O Ministrio Pblico no BrasilSUMRIO: 1. Do Brasil-Colnia Constituio de 1988. 2. O Ministrio Pblico paulista.

1. DO BRA SIL-COLNIA CONSTITUIO DE 1988

Antes da Independncia, e durante muito tempo mesmo depois dela, o desenvolvimento da instituio esteve indissociavelmente ligado ao velho direito portugus. Em 7 de maro de 1609, criou-se a Relao da Bahia, junto qual o procurador da Coroa e da Fazenda tinha funo de promotor de justia1. No Brasil-Colnia e no Brasil-Imprio, o procurador-geral ainda centralizava o ofcio, no se podendo falar propriamente de uma instituio, muito menos em qualquer garantia ou independncia dos promotores pblicos, meros agentes do Poder Executivo. Posto mais adiante faamos uma anlise especial da matria (Captulo 5), cabe aqui antecipar algumas linhas a propsito do desenvolvimento constitucional do Ministrio Pblico. Sob a Constituio de 1824, atribua-se ao procurador da Coroa e Soberania Nacional a acusao no juzo de crimes, ressalvadas as hipteses de iniciativa acusatria da Cmara dos Deputados. Por sua vez, o Cdigo de Processo Criminal do Imprio (de 1832) continha uma seo reservada aos promotores (arts. 36 a 38), com os primeiros requisitos para sua nomeao e o elenco das principais atribuies. Com a reforma de 1841 e com os respectivos regulamentos, a qualidade de bacharel idneo passou a ser requisito da nomeao dos promotores pblicos2.187-8.1. Cf. Jos Henrique Pierangelli, Processo penal; evoluo histrica, Jalovi, 1983, p. 73-4 e

2. Consoante observa Ruy Junqueira de Freitas Camargo, A Lei n. 261, de 3 de dezembro de 1841, regulamentada pelo Decreto n. 120, de 21 de janeiro de 1843, estabelecia que os promotores sero nomeados pelo Imperador no municpio da Corte, e pelos6

HUGO NIGRO MAZZILLI Manual do Promotor de Justia

A primeira Constituio da Repblica (1891) ainda no aludiu ao Ministrio Pblico enquanto instituio: apenas fez referncia escolha do procuradorgeral e sua iniciativa na reviso criminal pro reo. Entretanto, diante do descortino de Campos Salles, que era o Ministro da Justia no Governo Provisrio, o Ministrio Pblico passou a ser tratado como instituio no Decreto n. 848, de 11 de outubro de 1890, que organizou a justia federal (todo o Captulo VI), o mesmo acontecendo com o Decreto n. 1.030, de 14 de novembro de 1890, que organizou a justia do Distrito Federal. Ressalvado o retrocesso operado na Carta ditatorial de 1937, podemos notar durante o perodo republicano um ntido desenvolvimento institucional do Ministrio Pblico, sempre acompanhado de novos campos de atuao a ele conferidos pela legislao ordinria. No Cdigo de Processo Penal de 1941, o Ministrio Pblico conquistou o poder de requisio de inqurito policial e diligncias, passando a ser regra sua titularidade na promoo da ao penal, enquanto tambm se lhe atribua a tarefa de promover e fiscalizar a execuo da lei. Nos Cd