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Manual de Ações de Investigações de Óbitos de Mulheres em Idade Fértil e Óbitos Maternos O PASSO A PASSO DA VIGILÂNCIA AO ÓBITO MATERNO SECRETARIA DE SAÚDE SECRETARIA EXECUTIVA DE ATENÇÃO EM SAÚDE SECRETARIA EXECUTIVA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

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Manualde Ações de Investigações de Óbitos de Mulheres em Idade Fértil e Óbitos Maternos

O PASSO A PASSO DA VIGILÂNCIA AO

ÓBITO MATERNO

SECRETARIA DE SAÚDE

SECRETARIA EXECUTIVA

DE ATENÇÃOEM SAÚDE

SECRETARIA EXECUTIVA

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SECRETARIA DE SAÚDE DE PERNAMBUCO

SECRETARIA EXECUTIVA DE ATENÇÃO EM SAÚDE

SECRETARIA EXECUTIVA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE

MANUAL DE AÇÕES DE INVESTIGAÇÃO DE ÓBITOS DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL E ÓBITOS MATERNOS

O PASSO A PASSO DA VIGILÂNCIA AO ÓBITO MATERNO

1a EDIÇÃO

RECIFE-PE

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© 2011 Secretaria Estadual de Saúde - PEÉ permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.

Tiragem: 2.500 exemplaresProdução, distribuição e informações:Secretaria Estadual de Saúde - PEGerência de Atenção à Saúde da MulherRua Dona Maria Augusta Nogueira, 519, Bongi. Recife-PE. CEP: 50.751-530.Telefone: (81) 3184.0605E-mail: [email protected]

1a Edição 2011

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GOVERNADOR DO ESTADO DE PERNAMBUCO Eduardo Henrique Accioly Campos SECRETÁRIO ESTADUAL DE SAÚDEAntônio Carlos dos Santos Figueira

SECRETÁRIA EXECUTIVA DE ATENÇÃO EM SAÚDETereza de Jesus Campos Neta

SECRETÁRIO EXECUTIVO VIGILÂNCIA EM SAÚDEEronildo Clébio Felisberto da Silva

DIRETORA GERAL DA GESTÃO DO CUIDADO E DAS POLÍTICAS ESTRATÉGICASAna Elizabeth de Andrade Lima

DIRETORA GERAL VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA E AMBIENTAL Patrícia Ismael de Carvalho

SUPERINTENDENTE DE ATENÇÃO PRIMÁRIARodrigo Luciano Bandeira de Lima

GERENTE DE ATENÇÃO À SAÚDE DA MULHERAnna Renata Pinto de Lemos Cordeiro

GERENTE DE MONITORAMENTO E VIGILÂNCIA DE EVENTOS VITAIS Cândida Correia de Barros Pereira

COORDENADORA DO PROGRAMA DE COMBATE A MORTALIDADE MATERNA Hérika Dantas M. Pinheiro

COORDENADORA DE VIGILÂNCIA DA MORTALIDADE Mirella Bezerra Rodrigues Vilela

EQUIPE DE PRODUÇÃO

ELABORAÇÃOLílian A. Ferraz Gominho Mestra em Vigilância sobre a Saúde

COLABORAÇÃO Gertrudes Monteiro da CostaMestra em Vigilância sobre a Saúde

Núbia Maria de Melo e Silva Especialista em Saúde Pública

REVISÃOSandra Valongueiro Alves Doutora em Demografia e Coordenadora do GT do Comitê Estadual de Mortalidade Materna

Mirella Bezerra Rodrigues VilelaMestre em Saúde Pública – Coordenadora de Vigilância da Mortalidade – SES-PE

Hérika Dantas M. Pinheiro Especialista em Saúde Pública – Coordenadora do Programa de Combate à Mortalidade Materna – SES-PE

PLANEJAMENTO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃOElano Lorenzato (2781 DRT-PE)[email protected] (81) 8712.0540

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SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO

MORTALIDADE MATERNA: UM DESAFIO PARA O BRASIL

POR QUE COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA?

SITUAÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA EM PERNAMBUCO

COMITÊ ESTADUAL DE ESTUDOS SOBRE A MORTALIDADE MATERNA DE PERNAMBUCO: HISTÓRICO E CONTEXTO ATUAL

VIGILÂNCIA DO ÓBITO MATERNO

O INVESTIGADOR DO ÓBITO

FLUXO DA INFORMAÇÃO

VIGILÂNCIA AO ÓBITO MATERNO

ÓBITO DE MIF E ÓBITO MATERNO

Investigação Domiciliar

Investigação Hospitalar

Óbitos ocorridos em hospital do município de residência da falecida;

Óbitos ocorridos em hospital localizado fora do município de residência da falecida.

DEZ PASSOS PARA INVESTIGAÇÃO DO ÓBITO DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL

ENTENDENDO A FICHA DE NOTIFICAÇÃO DE ÓBITO DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL

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Secção 1 – Dados da Mulher

Secção 2 – Dados do Óbito

Secção 3 – Causas do óbito no atestado original

Secção 4 – Classificação inicial

ENTENDENDO A FICHA CONFIDENCIAL DE INVESTIGAÇÃO DE MORTE MATERNA

Secção 1 – Identificação

Secção 2 – História reprodutiva

Secção 3 – Informação sobre a última gestação (pré-natal)

Secção 4 – Se a gravidez terminou em aborto

Secção 5 – Se a gestação terminou em parto

Secção 6 – Puerpério

Secção 7 – Assistência hospitalar

Secção 8 – Necropsia

Secção 9 – Outras informações

CONCEITOS IMPORTANTES PARA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO ÓBITO MATERNO

REFERÊNCIAS

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No Brasil a redução da mortalidade materna é um desafio para o setor saúde e para a

sociedade. Em Pernambuco as altas razões de mortalidade encontradas nas várias regiões

apontam para a necessidade de ações específicas que apresentem maior impacto para a

inversão deste indicador. A mortalidade materna é evitável, em sua grande maioria, e se

configura como uma violação dos direitos reprodutivos e direitos humanos de mulheres

e um grave problema de saúde pública, com maior prevalência entre mulheres das

classes sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais.

Entendendo que o enfrentamento da problemática da morte materna implica no

envolvimento de diferentes atores sociais, de forma a garantir que as políticas públicas

sejam, de fato, executadas e respondam às reais necessidades locais da população,

o Governo Estadual lançou em 2007 o Programa Mãe Coruja Pernambucana com

objetivo de reduzir a mortalidade materna e infantil.

Na perspectiva da eqüidade, o Programa incorpora ações específicas e intersetoriais

para mulheres gestantes, crianças e suas famílias.

No processo de construção do Programa Mãe Coruja Pernambucana, a implantação dos

Comitês Regionais de Estudos de Mortalidade Materna foi identificada como uma das

ações estratégicas. De fato, é um importante mecanismo para a melhoria do sistema

de registro desses óbitos e, conseqüentemente, para o aumento da quantidade e da

qualidade das informações disponíveis relativas à mortalidade materna. Contudo,

a ação destes Comitês depende da realização da investigação dos óbitos pelos

serviços de vigilância epidemiológica dos municípios. A qualidade e agilidade desta

investigação é um problema constante que Pernambuco enfrenta.

Este manual, publicado pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Pernambuco

e financiado por meio do convênio 1643/08 com o Ministério da Saúde é resultado

APRESENTAÇÃO

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de um trabalho integrado entre a área técnica da Saúde da Mulher e área técnica de

Monitoramento e Vigilância de Eventos Vitais, com a colaboração do Comitê Estadual

de Mortalidade Materna, que tem como principais funções oferecer subsídios

aos profissionais de saúde da atenção primária e os de vigilância epidemiológica,

permitindo assim uma melhor abordagem durante investigação dos óbitos, bem

como para implementar a notificação compulsória do óbito materno, respeitando

os fluxos e prazos da Portaria MS Nº 1.119/2008. Com base nesses dados, Estado e

municípios podem estabelecer políticas públicas mais eficazes de atenção à mulher na

saúde reprodutiva, durante a gravidez, nos casos de aborto, no parto e no puerpério.

Anna Renata Pinto L. Cordeiro

Gestora de Atenção à Saúde da Mulher - SES

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O Brasil é um país que há décadas mantém uma elevada Razão de Morte Materna

(RMM), refletindo a precariedade da assistência obstétrica e violando o direito de viver

uma maternidade segura. A mortalidade materna, evitável em quase sua totalidade,

constitui-se um dos indicadores mais sensíveis da qualidade de vida e atenção à saúde

numa população.

Em 2005, a RMM estimada para o Brasil foi 74,7 mortes maternas para cada 100.000

nascidos vivos (NV), considerando a subinformação das causas maternas nas

Declarações de Óbito (DO) e o subregistro dos óbitos nos cartórios (Brasil, 2008). Nesse

período, o Nordeste apresentou a maior RMM do Brasil, 66,9 /100.000 NV, enquanto o

Sudeste apresentou a mais baixa,40,7/100.000 NV. Morrem mais mulheres pobres, de

baixa escolaridade, residentes nas áreas rurais e nas regiões norte e nordeste, regiões

onde o acesso à saúde e a bens e serviços públicos é mais limitado.

A RMM no Brasil ocupa o 65º lugar no rancking mundial. Para sair desse patamar, desde

a década de 80, o Ministério da Saúde vem propondo políticas e ações que assegurem

às mulheres uma atenção integral e humanizada à saúde, iniciando pelo planejamento

reprodutivo e abrangendo os momentos da gravidez, parto, abortamento e puerpério.

A partir de 2004 o governo propôs o Pacto Nacional pela Redução da Morte Materna

e Neonatal, estruturado a partir de Pactos assumidos entre o governo federal e cada

estado brasileiro.

MORTALIDADE MATERNA: UM DESAFIO PARA O BRASIL

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As últimas décadas do século XX foram marcadas por grandes avanços científicos

e tecnológicos nas áreas de saúde materna e perinatal. Hoje, graças a esse

desenvolvimento, tornou-se inadmissível que o processo da reprodução cause danos

às mulheres, levando-as à morte.

(Ministério da Saúde, 2007)

O Programa de Atenção Integral à Saúde da Mulher - PAISM (1983), além de outras ações

específicas, definiu, já no início da década de 1990, a criação de Comitês de Mortalidade

Materna (CMM) como uma estratégias de enfrentamento à mortalidade materna evitável

no Brasil.

Dessa forma, o governo federal estava adotando experiências de Comitês surgidos nos

Estados Unidos (1931) e na Inglaterra (1952), esta última considerada mais exitosa depois que

os ingleses implantaram a Investigação Confidencial sobre Mortes Maternas. Os resultados

orientaram adoção de medidas eficazes naquele país e, por isso mesmo, essa ação continua

até os dias atuais estendendo-se a várias outras regiões e países do mundo.

No plano internacional, desde meados da década de 80, o Brasil vem sendo signatário de

Conferências e acordos internacionais (Cairo em 1994; Beijin em 1995; Pará em 1994, etc.),

reafirmando o compromisso com a saúde reprodutiva das mulheres. Em 2000, surgem os

Objetivos do Milênio, no qual os países envolvidos comprometeram-se em desenvolver

ações que contribuam para a redução de 75% das mortes maternas até o ano de 2015, tendo

como referência o ano de 1990.

Em uma tentativa de reunir diferentes experiências e perspectivas e se ajustar a esses

compromissos assumidos, o governo brasileiro lançou em 2004 o Pacto Nacional pela

Redução da Mortalidade Materna e Neonatal, sob a égide do Ministério da Saúde, envolvendo

outros Ministérios, como Educação, Desenvolvimento, Política para as Mulheres, entre outros.

POR QUE COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA?

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Contou, ainda, com diferentes atores e movimentos sociais para desenvolver estratégias e

favorecer a adoção de políticas locais e regionais voltadas ao enfrentamento do problema.

Dentre as Estratégias do Pacto ressalta-se, neste manual, a ratificação da implantação de

Comitês de Morte Materna (CMM) em escala hospitalar, municipal, regional e estadual.

Cabe aos CMM a importante tarefa de analisar porque as mulheres foram a óbito por uma

causa materna e evitável. Significa compreender o que aconteceu desde o adoecimento/

complicações até o momento do óbito, o acesso, a resolubilidade, falhas e omissões em

todas as etapas envolvidas no processo.

Além de sua função educativa, a participação dos comitês junto à gestão (municipal,

regional, estadual e nacional) é fundamental na discussão e encaminhamento das políticas

de combate e prevenção das mortes maternas, tanto nos pequenos municípios como nos

serviços de alto risco.

É essencial pontuar que, para se analisar um óbito materno, é necessária uma investigação

minuciosa, que leve em conta as especificidades de cada caso, com preenchimento cuidadoso

e adequado de cada um dos instrumentos. Afinal, é com base nos dados coletados pelas

Vigilâncias Epidemiológicas municipais que os Comitês poderão exercer o papel de contribuir

para o controle social da mortalidade materna no país.

Segundo o Ministério da Saúde, “a redução da mortalidade materna e neonatal no

Brasil é ainda um desafio para os serviços de saúde e a sociedade como um todo. As

altas taxas encontradas se configuram como uma violação dos direitos humanos de

mulheres e crianças e um grave problema de saúde pública, atingindo desigualmente

as regiões brasileiras com maior prevalência entre mulheres e crianças das classes

sociais com menor ingresso e acesso aos bens sociais” (Ministério da Saúde, 2007;

pagina 5).

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A mortalidade materna emergiu como problema prioritário na agenda dos governos e

instituições de saúde na década de 1980. A ênfase conferida à redução da mortalidade

surgiu sob a influência dos movimentos sociais, em especial do movimento organizado

de mulheres e das agencias internacionais de saúde (Leite, 2006).

O reflexo desse momento na história das políticas de saúde da mulher implantadas

em Pernambuco foi a assunção da saúde reprodutiva como pauta prioritária e

o resultado foi o lançamento do Programa Maternidade Segura, alertando para

a necessidade de romper o binômio “materno-infantil” para pensar a saúde

integral da mulher, com suas necessidades e especificidades, considerando

desigualdades de gênero e injustiças sócio-econômicas que refletem na sua

saúde sexual e reprodutiva.

Já em 1995 foi publicada uma Portaria Estadual (087/1995) regulamentando as atividades

do Comitê Estadual e definindo a obrigatoriedade da notificação e investigação dos

óbitos de mulheres em idade fértil (OMIF) pela Vigilância Epidemiológica, referendando

a decisão tomada em 1991 pelas pessoas que criaram o Comitê Estadual.

Embora esforços e avanços sejam observados, esses ainda não foram suficientes

para reduzir a moralidade materna, permanecendo como um problema de grande

magnitude para a saúde pública em Pernambuco.

Nos dias de hoje, mesmo que todos os municípios do estado tenham pactuado

notificar e investigar os óbitos de mulheres em idade fértil, persistem problemas de

cobertura e, principalmente, de qualidade da investigação.

Em Pernambuco ocorrem aproximadamente 3.000 óbitos de mulher em idade fértil

por ano e destes, em média 77% são investigados, conforme expostos no gráfico 1.

SITUAÇÃO DA MORTALIDADE MATERNA EM PERNAMBUCO

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O declínio observado a partir do ano 2006 deve-se ao fato da mudança no método

de captação desta informação, a qual passou a ser através do Sistema de Informação

sobre Mortalidade.

Gráfico 1 - Percentual dos óbitos de mulher em idade fértil investigados. Pernambuco,

2002-2008*.

Fonte: SIM/GMVEV/DG-VEA/SEVS/SES-PENota:*Dados sujeitos a alterações

A investigação de OMIF resgata informações omitidas na Declaração de Óbito (Razão

de Mortalidade Materna Bruta), inclusive a verdadeira causa do óbito, recuperando

mortes maternas não declaradas ao Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM).

Os novos números (Razão de Mortalidade Materna Corrigida), portanto, revelam os

verdadeiros níveis da Razão de Morte Materna (RMM) no estado (Gráfico 2).

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Gráfico 2 - Razões de Mortalidade Materna* - brutas e corrigidas. Pernambuco 2000-

2008**.

Fonte: Vigilância do Óbito Materno/SES-PENota: *Foram incluídos os óbitos maternos tardios (43 dias a 1 ano) **Dados sujeitos a alterações.

A magnitude e subinformação, expressa pela diferença entre a RMM brutas e corrigidas

mostram que em média 34% dos óbitos maternos só foram assim identificados após o

processo investigativo e a posterior análise pelo Grupo Técnico do Comitê estadual de

Estudos sobre Mortalidade Materna de Pernambuco (GT-CEMM/PE). É válido destacar

que a subnotificação de causas de morte materna na Declaração de Óbito é um

problema universal, difícil de ser eliminado, o que, mais uma vez, justifica a necessidade

de investigação caso a caso (Valongueiro, 2008).

Em relação às características sócio-demográficas, no estado de Pernambuco, as

mortes maternas ocorrem, na maioria, em mulheres com baixo nível socioeconômico,

com idade entre 20-30 anos, agricultoras e domésticas, negras (pardas e pretas) e

residentes nos pequenos municípios ou na periferia das grandes cidades. A maioria fez

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pelo menos três consultas de pré-natal, teve parto hospitalar e 95% foram classificadas

como óbitos evitáveis pelo Grupo Técnico do Comitê Estadual de Estudos sobre a

Mortalidade Materna (GT-CEMM/PE) (Alves, 2008).

Quanto às causas de morte, observa-se que no período 2006 a 2008, as mortes

obstétricas diretas concentraram 70,3% e as principais causas foram as hipertensões

e as eclampsias, seguidas pelas hemorragias com, respectivamente, 22% e 10,1% dos

casos. Importante chamar a atenção para o percentual de óbitos com causas mal

definidas, refletindo a qualidade dos registros ambulatoriais e hospitalares (9,8%).

Tabela 1 – Óbitos maternos* segundo causa básica, Pernambuco, 2006-2008**.

Fonte: Vigilância do Óbito Materno/SES-PENota: *Foram incluídos os óbitos maternos tardios (43 dias a 1 ano) **Dados sujeitos a alterações

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Na atualidade, a redução da mortalidade materna e neonatal está posta como carro chefe

da política de governo do Estado, tendo à frente a Secretaria Estadual de Saúde na condução

do Programa Mãe Coruja Pernambucana, que também envolve a Secretaria Estadual de

Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, Educação, Juventude e Emprego, Agricultura,

Mulher e Planejamento.

O Mãe Coruja é “Uma proposta voltada para a redução da mortalidade materno-infantil, é o

próprio compromisso de promoção da saúde e do desenvolvimento de mulheres gestantes

e crianças de 0 a 5 anos”. Busca “garantir atenção integral às gestantes usuárias do sistema

público de saúde, bem como aos seus filhos e famílias, incentivando o fortalecimento dos

vínculos afetivos e criando uma rede solidária para redução da mortalidade infantil e materna,

além da melhoria de outros indicadores sociais, através de ações articuladas nos eixos da saúde,

educação, desenvolvimento e assistência social” (http://maecorujape.blogspot.com).

Paralelo a isso, a Gerência de Atenção à Saúde da Mulher em parceria com a Gerência de

Monitoramento e Vigilância de Eventos Vitais, têm desenvolvido dois projetos específicos, com

recursos do Ministério da Saúde, que se destinam a fortalecer e implantar Comitês Regionais e a

capacitar profissionais da Estratégia de Saúde da Família para as ações de investigação de óbitos

de mulheres em idade fértil e vigilância da morte materna. Pretende-se com isto aperfeiçoar

a investigação e aproximar as ações da Atenção Primária das ações da Vigilância em Saúde e

contribuir para que municípios e regionais de saúde possam cumprir os novos prazos definidos

na Portaria No. 1.119/2008, que regulamenta a vigilância do óbito materno em nível nacional.

Com estas ações, espera-se contribuir na agilidade e disponibilidade das informações e na

construção de indicadores de mortalidade materna mais confiáveis, que subsidiem ações

políticas e educativas e reduzam mortalidade materna em Pernambuco. E dessa forma garantir

às mulheres o direito de viver de forma plena e saudável sua sexualidade e de forma prazerosa

e desejada sua maternidade.

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Em meados de 1991 inicia-se em Pernambuco o processo de trabalho de um grupo que

mais tarde viria compor o Comitê Estadual de Estudos sobre a Mortalidade Materna de

Pernambuco (CEMM-PE), instituído oficialmente através da Portaria nº087, da Secretaria

Estadual de Saúde, publicada no Diário Oficial em Setembro de 1995. Participaram da

criação do CEMM-PE a Vigilância Epidemiológica da SES-PE, Universidades (UFPE e UPE)

e organizações feministas (Grupo Curumim e SOS - Corpo).

Ao longo dos anos de seu funcionamento, o Comitê Estadual de Estudos sobre a

Mortalidade Materna criou um Grupo Técnico (GT-CEMM) que passou a assumir o papel

de discutir, analisar e classificar cada óbito materno, recomendar e estabelecer medidas

para seu enfrentamento. Assim sendo, em Pernambuco cabe ao GT-CEMM definir se o

óbito foi materno ou não, caracterizá-lo (direto/indireto; precoce/tardio), concluindo

com as recomendações de medidas que possam contribuir para a evitabilidade de

novos casos.

Para compor um GT-CEMM, a atual coordenação do Comitê Estadual tem defendido

a presença mínima de três profissionais: um médico obstetra, uma enfermeira da

atenção à saúde da mulher/da rede de assistência/ ou da atenção primária em saúde

e um profissional da Vigilância Epidemiológica, e quando possível, um codificador de

causa de óbito.

Em Pernambuco existe uma estreita parceria entre GT-CEMM, a Coordenação de

Vigilância da Mortalidade/Diretoria Geral de Vigilância Epidemiológica e Ambiental

(SIM/DG-VEA) e Gerência de Atenção à Saúde da Mulher (GASM), da Secretaria Estadual

de Saúde (SES), possibilitando aos gestores o conhecimento e discussão sobre os

determinantes da mortalidade materna em tempo hábil.

COMITÊ ESTADUAL DE ESTUDOS SOBRE A MORTALIDADE MATERNA DE PERNAMBUCO: HISTÓRICO E CONTEXTO ATUAL

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Uma especificidade na atuação do Comitê Estadual é sua coordenação colegiada,

instituída em 2004, como um formato capaz de contribuir para a democratização na

tomada de decisão, com maior participação e transparência entre atores diversos,

ampliando a possibilidade de exercer seu papel de controle social. Atualmente, a

coordenação colegiada está composta por representações da Gerência de Atenção

à Saúde da Mulher (GASM-SES), da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia de

Pernambuco e do Movimento de Mulheres/Feministas.

Outro destaque cabe à realização do Seminário Controle Social e Direitos Humanos

– garantindo o acesso à maternidade segura’, realizado em outubro de 2003 (apoio

da Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos) que teve como

objetivo refletir sobre a mortalidade materna como uma violação de direitos humanos

das mulheres e o papel dos movimentos sociais para a construção de uma maternidade

segura, desejada e prazerosa. Como resultado do seminário, um grande reforço foi

conquistado com a assinatura de um Protocolo de Intenção entre Procuradoria Geral de

Justiça do Estado de Pernambuco e o Comitê Estadual de Estudos sobre a Mortalidade

Materna, assumido entre procurador geral do Estado e coordenação colegiada do

CEMM – PE.

A partir deste protocolo, teve-se como uma das exitosas experiências do Comitê

Estadual as assinaturas de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) entre Secretarias

Municipais de Saúde e Ministério Público, em Petrolina, Araripina e Ouricuri. Essas

iniciativas, no entanto, sofreram descontinuidade no que diz respeito ao monitoramento

e acompanhamento do Comitê Estadual e os Comitês Regionais não conquistaram a

autonomia necessária para caminharem sozinhos.

Desde o início, uma característica que tem pautado a atuação do CEMM-PE diz respeito

ao desenvolvimento de ações voltadas à possibilidade de sua interiorização. Tentativas

de fortalecer Comitês Regionais de Mortalidade Materna (CRMM) em diferentes

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regionais de saúde datam do mesmo período em que foi instituído o Comitê Estadual,

como ocorreu em Caruaru, Ouricuri, Petrolina no final dos anos 90.

Nos anos 2003/2004 foram incrementadas as ações de interiorização de Comitês,

reiniciando pelo sertão do Araripe e do São Francisco, regiões que em 2003 se

destacaram por apresentar as maiores RMM no estado. Momento no qual foram

realizados seminários regionais sobre a situação da mortalidade materna, oficinas de

sensibilização e formação técnico-política para integrantes de Comitês Regionais de

Morte Materna (CRMM), reuniões de monitoramento e assessoria entre CRMM da VIII e

IX GERES (Petrolina e Ouricuri) e coordenação do CEMM-PE.

Uma época de retomada no processo de interiorização dos comitês volta a ocorrer em

2006, quando a Gerência de Atenção à Saúde da Mulher (GASM) viabiliza reuniões entre

coordenação colegiada do CEMM-PE e profissionais/gestores regionais e municipais no

interior, no agreste e zona da mata. Dando seguimento a este movimento e contando

com apoio do Ministério da Saúde, a GASM inicia um projeto para realização de cursos

com objetivo de sensibilizar e formar técnica e politicamente integrantes de Comitês

Regionais (CRMM) ou de Grupos Técnicos de Comitês Regionais de Mortalidade

Materna (GT-CRMM) em diferentes gerências regionais de saúde.

Entre 2007 e 2009 foram realizadas oficinas de implantação/implementação de Comitês

Regionais de Mortalidade Materna, ministradas em parceria com a coordenação do

CEMM-PE. A Gerência Estadual da Saúde da Mulher, a Gerência de Monitoramento

e Vigilância de Eventos Vitais e a Coordenação do Programa Mãe Coruja reuniram

profissionais das regionais e dos municípios para debater e instituir Grupos Técnicos

Regionais (GT-CRMM) capazes de realizar a análise e classificação dos óbitos maternos.

A decisão de interiorizar, descentralizar e dividir com as GERES as atividades do

CEEMM-PE segue a lógica de descentralização da notificação / investigação dos OMIF

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e da atenção obstétrica. As equipes que investigam podem contribuir muito com a

discussão dos casos, agilizando a produção de informações e fornecendo aos comitês

subsídios para propor medidas de intervenção.

“Apesar de constituir estratégia bem aceita por todos os estados brasileiros, a

implantação de comitês oscila entre avanços e retrocessos. Isso indica a necessidade de

se fortalecer o controle social neste processo, de forma a garantir a sua continuidade”.

(Ministério da Saúde, 2007)

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A investigação do Óbito de Mulher em Idade Fértil (OMIF) e do Óbito Materno (OM)

representa a etapa fundamental da Vigilância do Óbito Materno, cuja principal fonte

de informação é a Declaração de Óbito (DO), registrada pelo Sistema de Informação

sobre Mortalidade (SIM).

A Vigilância do Óbito Materno, portanto, deve ser articulada pelos gestores locais de

acordo com a realidade de cada município e/ou regional de saúde e deve envolver

todos os profissionais comprometidos com a redução da mortalidade materna (da

Vigilância, da Atenção Básica, dos Hospitais Locais e Hospitais de Referência via

Núcleos de Epidemiologia – NEPI, etc.). A investigação de um óbito materno ocorre em

momentos distintos e mobiliza diferentes pessoas. No entanto, em geral, é realizada

nos serviços de saúde, nos serviços de necropsia e em domicílio, com as famílias e/ou

amigos/vizinhos das mulheres falecidas.

O desafio inicial que se impõe aos responsáveis pela investigação diz respeito aos

registros dos dados a serem extraídos das principais fontes de Informação, a saber:

a Declaração de Óbito (DO), os prontuários quer sejam dos Hospitais, dos serviços

ambulatoriais e/ou do Programa Agentes comunitários de Saúde (PACS) e Estratégia

Saúde da Família (ESF), quer sejam o Cartão da Gestante, o Partograma, o Laudo de

Necropsia, etc. Isto ocorre porque os profissionais de saúde deixam de registrar dados

relevantes como o horário dos atendimentos, as queixas das mulheres, hipóteses

diagnósticas, condutas, exames e procedimentos prescritos e efetivamente realizados,

entre outros. Esta situação se agrava quando uma mulher é transferida e chega à

unidade de referência sem o encaminhamento devido e sem informação sobre o

atendimento recebido, dificultando o atendimento e muitas vezes colocando em risco

a vida das mulheres e a de seus bebês.

VIGILÂNCIA DO ÓBITO MATERNO

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Assim sendo, a pessoa que está investigando precisa aguçar todos os seus sentidos para

obter detalhes durante essa busca de informações. A experiência de investigadores,

de profissionais da vigilância epidemiológica, de integrantes do Grupo Técnico

do Comitê Estadual de Estudos sobre a Mortalidade Materna de Pernambuco (GT-

CEEMM-PE) e de outras pessoas que estudam os fatores envolvidos com a mortalidade

materna, mostra que é fundamental OUVIR um informante-chave. Informante-chave

é aquela pessoa que esteve mais perto da mulher durante a doença/complicação

que levou à morte; que cuidou dela, que a acompanhou ao serviço de saúde, seja seu

companheiro, sua mãe, um(a) filho(a), vizinha, um agente de saúde, uma parteira, etc.

Pois, ao acompanhar o processo do adoecer/complicar até o óbito é provável que esta

pessoa ajude a resgatar fatos que não estarão registrados nos prontuários e em outros

documentos. Fatos que possam revelar as condições nas quais os óbitos ocorreram

e completar o preenchimento dos dois instrumentos de investigação: 1) a Ficha de

Notificação de Óbito de Mulher em Idade Fértil (FNOMIF) e, 2) a Ficha Confidencial de

Investigação de Morte Materna (FCIMM).

É FUNDAMENTAL TER UMA CÓPIA DA DECLARAÇÃO DE ÓBITO À MÃO E PROCURAR SE

INFORMAR SOBRE O CASO ANTES DE FAZER QUALQUER INVESTIGAÇÃO: SABER SE O ÓBITO

OCORREU EM CASA OU EM UM SERVIÇO DE SAÚDE, SE ERA DECLARADO/NÃO DECLARADO,

SE PRECOCE/TARDIO, ETC.

A Vigilância do Óbito Materno depende do compromisso e envolvimento dos gestores

e da capacitação e habilidade da pessoa responsável pela investigação. É importante

ressaltar que uma equipe responsável pela investigação de OMIF e OM precisa ter uma

escuta atenta e respeitosa que desperte no entrevistado (seja um informante-chave

ou um profissional de saúde) a confiança e assim permita a busca de novos dados ou a

incorporação de outras pessoas que detenham informações relevantes.

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A INVESTIGAÇÃO É, UM EXERCÍCIO DE PERSISTÊNCIA E DE ESCUTA, NUNCA DE

INTERPRETAÇÃO. A INTERPRETAÇÃO DEVE SER FEITA NO MOMENTO DA ANÁLISE DO CASO,

E DE PREFERÊNCIA, NA PRESENÇA DE QUEM PARTICIPOU DA INVESTIGAÇÃO.

Por fim, alguns detalhes muito importantes precisam ser pactuados. No caso de uma

entrevista domiciliar, o investigador estará num contexto de morte, evitável na quase

totalidade dos casos, e de sofrimento. Neste sentido, faz parte da abordagem ao

domicílio uma apresentação formal com identificação institucional do entrevistador(a),

que informe o papel da Vigilância Epidemiológica para o enfrentamento da mortalidade

materna e, sobre os Comitês de Estudo da Morte Materna. Para a pessoa entrevistada

deve ser dito que a sua informação é muito importante no processo.

SEMPRE SE REFERIR À MULHER FALECIDA PELO NOME

Em seguida, tem-se alguns exemplos e comentários:

1. Descrever de forma fidedigna os relatos da pessoa entrevistada/

informante-chave.

2. Se o/a informante-chave disse que a mulher falecida fora levada

ao hospital porque estava “alterada” ou “queixosa”, a pessoa que estiver

investigando deve perguntar como era essa alteração ou do que, de fato, a

mulher se queixava, e em seguida descrever na Ficha de Investigação o que

escutou. Caso não haja lugar específico na Ficha, registrar em outro local

que possa ser anexado à mesma.

3. No caso daquelas mulheres que “passaram mal em casa” e depois são

levadas ao hospital: investigar há quanto tempo estava passando mal,

depois de quanto tempo ela chegou ao serviço, se foi atendida, e por fim,

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pedir para descrever o que significava “passar mal”.

4. Lembrar que, independente do momento do óbito, nos casos em que a

mulher recebeu assistência de uma parteira tradicional, recomenda-se que

esta parteira seja incluída na investigação daquele óbito materno.

5. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e outros profissionais da ESF

(Equipe de Saúde da Família) que estiveram mais próximo à mulher durante

o processo de adoecimento/morte são parceiros importantes. No entanto,

deve-se ficar atento para que as informações colhidas antes da investigação

não se transformem em verdades absolutas, prontas para serem confirmadas

durante a investigação, interferindo nos seus resultados.

6. A investigação nos serviços de saúde deve ser realizada tendo-se como

referência tanto os documentos citados (prontuários, fichas de necropsias,

etc.) quanto as entrevistas com profissionais que prestaram assistência à

mulher falecida. Esta etapa exige mais uma vez do investigador sensibilidade

e persistência. Muitas vezes o profissional a ser entrevistado atua em uma

Equipe de Saúde da Família ou até mesmo em outro município, mas os

esclarecimentos são fundamentais para se entender e analisar o caso.

7. Em algumas situações as mulheres percorrem mais de uma unidade

de saúde no mesmo município, em municípios distintos, em uma ou

mais regionais de saúde antes de morrer. Foi definido pela Vigilância

Epidemiológica que em Pernambuco a investigação do OM será realizada

em todas as unidades de saúde e em todos os municípios onde a mesma foi

atendida.

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8. Quando as investigações forem encerradas, as Fichas deverão ser

encaminhadas ao município de residência da falecida, que assumirá a

responsabilidade de concluir o caso, transcrever as informações de todas as

fichas para a Ficha Síntese e, então, inseri-las no módulo de investigação do

óbito materno no SIM WEB. Caso haja necessidade de correção dos dados

na DO, encaminhar solicitação para o município de ocorrência do óbito.

Dessa forma, em Pernambuco pretende-se realizar uma vigilância do óbito materno

de acordo com a Portaria 1.119/2008 do Ministério da Saúde (2008), criando uma

abordagem mais específica e redefinindo o que de fato é importante e deve ser

escutado, perguntado, detalhado e registrado pelas ESF e/ou pela Vigilância

Epidemiológica municipal, em especial aquele responsável pela investigação do OMIF

e do OM.

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Questões a serem consideradas por quem faz a investigação:

A pessoa que está investigando o óbito deve levar consigo uma cópia da DO, da Ficha

de Notificação do OMIF e Ficha de Investigação de Morte Materna antes de iniciar as

investigações. Em seguida, deve identificar todas as fontes de informação possíveis, o que

depende do local de ocorrência de cada óbito.

A investigação hospitalar deve ter início imediatamente após o conhecimento /notificação

do óbito. Nas unidades de saúde o investigador deve solicitar antecipadamente acesso

ao prontuário da mulher falecida (fazer contato com ESF/NEPI/ Comissão de Controle de

Infecção Hospitalar – CCIH – que tem o prazo de quarenta e oito horas para disponibilizá-

los, conforme Portaria 1119, de 5 de Junho de 2008). As obstruções aos registros devem ser

comunicadas à gestão municipal e/ou regional da Vigilância do Óbito Materno. No caso de

dificuldades nos IML e SVO, os gestores regionais e/ou estaduais devem ser informados.

Se necessário realizar entrevista com os profissionais que atenderam a falecida para ouvir

relatos que nem sempre estão registrados em prontuários.

O INVESTIGADOR DE ÓBITO

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Nas investigações domiciliares, de início, alguns aspectos devem ser considerados: um

óbito materno conduz à desintegração familiar, incluindo mudança de endereço do

domicílio, o que pode dificultar o acesso aos dados e à investigação como um todo. Por

outro lado, é importante ajustar as necessidades da Vigilância Epidemiológica em ter

acesso aos dados e o ambiente de sofrimento e luto das famílias envolvidas, avaliando

qual o melhor momento para a entrevista, de acordo com os prazos estabelecidos

pela Portaria 1119/2008. E por fim, deve ser explicado aos familiares que esse tipo de

investigação não tem caráter punitivo, nem jurídico/legal, que é uma entrevista a ser

conduzida por um técnico vinculado ao SUS e que tem o objetivo de contribuir para

estudos e encaminhamentos que possam ajudar a evitar novos casos.

Quando estiver diante de uma causa externa de morte (violência, acidentes, suicídios)

na presença de gravidez ou aborto, procurar identificar relação entre os dois eventos.

Perguntar se a gestação era conhecida, se era desejada pelo casal, se poderia estar

relacionado com a morte da mulher. Procurar ouvir as versões dos informantes, mesmo

que as mesmas sejam divergentes dos registros.

O preenchimento da Ficha Confidencial de Investigação de Morte Materna deve

facilitar o posterior preenchimento da “Ficha de Investigação de Óbito Materno –

Síntese, conclusões e recomendações” que alimentará o módulo de investigação do

óbito materno no SIM WEB.

As equipes responsáveis pelas investigações devem concluir e informar o resultado da

investigação epidemiológica no prazo máximo de 120 dias após a data do óbito.

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Possíveis fontes de notificação:

Declaração de Óbito/SIM, profissionais do hospital (inclusive do NEPI e da CCIH),

prontuários, profissionais de Unidade Básica de Saúde - UBS (médicos, enfermeiras,

técnicos de enfermagem, ACS, dentistas, técnicos de Higiene Dentário, auxiliares de

consultório dentário, supervisores do PACS), Sistema de Informação de Atenção Básica

(SIAB - ficha SSA2) e Sistema de Informação Hospitalar (SIH/SUS), profissionais do

Programa Mãe Coruja Pernambucana, parteiras tradicionais ou hospitalares, cartório,

funerárias, cemitérios regulares e não regulares, Serviço de Verificação de Óbito (SVO),

Instituto de Medicina Legal (IML) (através dos laudos de necropsia), familiares, vizinhos,

comadres, associação de moradores, igrejas, comunidades religiosas, curandeiros,

terreiros, meios de comunicação locais (rádio, jornal), boletins policiais, ou qualquer

outro disponível.

Fontes de Investigação:

• Registrosdosserviçosdesaúde(prontuáriosdeUBS,dehospitaisematernidades,

dos serviços de urgência, de ambulatório de especialidades, documentos como

partograma, cartão do pré-natal, laudos de necropsia);

• Entrevista com profissionais de saúde (médicos, enfermeiras, parteiras

hospitalares, etc.);

• Entrevistadomiciliar(informante-chave:familiares,amigos,etc.);

• Entrevistacomparteirastradicionais.

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Município de ocorrência: notificar a VE do município de residência (telefone, fax, internet) em até 2 dias úteis e priorizar a digitação da DO.

Município de residência: fazer a retroalimentação semanal através do SIM WEB semanalmente.

1 - Investigação pelo NEPI hospitalar e envio da Ficha de Notificação de Óbito de Mulher em Idade Fértil à VE municipal e esta para GERES de ocorrência que a encaminhará à GERES de residência.

2 -Investigação pela Atenção Básica (validar endereço e verificar história de gestação) e envio da Ficha de Notificação Óbito de Mulher em Idade Fértil à VE municipal.

Encerrar investigação com o preenchimento da Ficha de Notificação de OMIF, que deve ser enviada para a VE municipal.

Realizar as correções no SIM, daquilo que foi resgatado ou corrigido na investigação.

NEPI-Hospitalar: preencher Ficha Confidencial de Investigação de Morte Materna, enviar à VE do município de ocorrência e esta à GERES de ocorrência que a encaminhará à GERES de residência.

Município de residência: realizar investigações nas unidades de saúde onde a mulher tenha passado, preenchendo a Ficha Confidencial de Investigação de Morte Materna.

VE do município de residência: reunir todas as Fichas preenchidas, avaliar a completude e qualidade das informações obtidas, consolidar as informações para discussão do caso junto ao GT–CEMM e alimentar o módulo de investigação do óbito materno no SIM WEB.

FLUXO DA INFORMAÇÃO

ÓBITO DE MULHER EM IDADE FÉRTILL

1 - Óbito hospitalar

2 - Óbito domiciliar

Descartado(Encerra a investigação)

Confirmado(Prosegue investigação)

Se descartada história de gestação

Se confirmada história de gestação

- prosseguir a investigação

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FLUXO DE INVESTIGAÇÃO PARA O MUNICÍPIO

ÓBITO DE MIF E ÓBITO MATERNO

INVESTIGAÇÃO DOMICILIAR

1 – VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA É NOTIFICADA;

2 – NOTIFICA E/OU ACIONA A ATENÇÃO BÁSICA;

3 – ATENÇÃO BÁSICA INVESTIGA (DOMICÍLIO, PARTEIRA, UNIDADE BÁSICA DE SAÚDE);

4 – ATENÇÃO BÁSICA (PACS/ESF) ENTREGA FICHA DE NOTIFICAÇÃO (ÓBITOS NÃO

MATERNOS) E/OU FICHA CONFIDENCIAL DE INVESTIGAÇÃO ÓBITO MATERNO PARA A

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA;

5 – EM ÁREAS NÃO COBERTAS POR PACS/ESF A INVESTIGAÇÃO SERÁ REALIZADA POR

PROFISSIONAIS DO CANTO MÃE CORUJA PERNAMBUCANA;

6 – EM ÁREAS TAMBÉM NÃO COBERTAS PELO PROGRAMA CANTO MÃE CORUJA

PERNAMBUCANA A INVESTIGAÇÃO DOMICILIAR, FICA SOB A RESPONSABILIDADE DA

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA.

VIGILÂNCIA AO ÓBITO MATERNO

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INVESTIGAÇÃO HOSPITALAR

Óbitos ocorridos em hospital do município de residência da falecida

1 – O NEPI DO HOSPITAL NOTIFICA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA MUNICIPAL;

2 – O NEPI FAZ A INVESTIGAÇÃO HOSPITALAR PREENCHENDO A FICHA DE NOTIFICAÇÃO

DE ÓBITO DE MULHER EM IDADE FÉRTIL E/OU DE INVESTIGAÇÃO DE ÓBITO MATERNO;

3 – O NEPI ENCAMINHA AS INVESTIGAÇÕES PARA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

MUNICIPAL;

4 – AO SER NOTIFICADA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO MUNICÍPIO, ACIONA

A ATENÇÃO BÁSICA PARA A INVESTIGAÇÃO (as investigações do NEPI e da Atenção

Básica podem ocorrer simultaneamente, pois são realizadas por equipes distintas);

5 – A ATENÇÃO BÁSICA INVESTIGA (DOMICÍLIO, PARTEIRA, UNIDADE BÁSICA DE

SAÚDE);

6 – A ATENÇÃO BÁSICA ENTREGA A FICHA DE NOTIFICAÇÃO (PARA OS ÓBITOS

NÃO MATERNOS) E/OU FICHA CONFIDENCIAL DE INVESTIGAÇÃO (PARA OS ÓBITOS

SUSPEITOS DE MORTE MATERNA) PARA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA;

7 – A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA REVISA A COMPLETUDE E QUALIDADE DAS

INFORMAÇÕES E AVALIA A NECESSIDADE DE BUSCAR OUTORS DADOS. EM SEGUIDA,

PARA OS CASOS SUSPEITOS DE MORTE MATERNA, REUNE TODAS AS FICHAS DE

NOTIFICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO PARA DISCUTIR OS CASOS.

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Óbitos ocorridos em hospital localizado fora do município de residência da

falecida

1 – O NEPI DO HOSPITAL NOTIFICA À VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO

MUNICÍPIO DE OCORRÊNCIA;

2 – O NEPI FAZ A INVESTIGAÇÃO HOSPITALAR PREENCHENDO A FICHA

DE NOTIFICAÇÃO DE ÓBITO DE MULHER EM IDADE FÉRTIL E/OU DE

INVESTIGAÇÃO DE ÓBITO MATERNO;

3 – O NEPI ENCAMINHA AS INVESTIGAÇÕES PARA A VIGILÂNCIA

EPIDEMIOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE OCORRÊNCIA;

4 – O MUNICIPIO DE OCORRÊNCIA ENCAMINHA A INVESTIGAÇÃO

HOSPITALAR REALIZADA PARA SUA GERES DE ABRANGÊNCIA. CASO O

MUNICIPIO DE OCORRÊNCIA NÃO PERTENÇA À MESMA GERES, DEVE-SE

ENCAMINHAR TAL INVESTIGAÇÃO PARA A SES-PE PARA QUE A MESMA

POSSA SER ENVIADA PARA A GERES DE ABRANGÊNCIA DO MUNICÍPIO DE

RESIDÊNCIA DA FALECIDA.

5 – A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE OCORRÊNCIA, AO

SER NOTIFICADA, PRIORIZA A DIGITAÇÃO DO ÓBITO PARA QUE A VIGILÂNCIA

EPIDEMIOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA POSSA CONHECER O

CASO A PARTIR DA RETROALIMENTAÇÃO DO SIM;

6 - A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA BAIXA A

RETROALIMENTAÇÃO SEMANALMENTE, E A PARTIR DO CONHECIMENTO DO

CASO ACIONA A ATENÇÃO BÁSICA PARA INVESTIGAÇÃO;

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7 – A ATENÇÃO BÁSICA INVESTIGA (DOMICÍLIO, PARTEIRA, UNIDADE BÁSICA

DE SAÚDE);

8 – A ATENÇÃO BÁSICA ENTREGA A FICHA DE NOTIFICAÇÃO (PARA OS ÓBITOS

NÃO MATERNOS) E/OU FICHA CONFIDENCIAL DE INVESTIGAÇÃO (PARA OS

ÓBITOS SUSPEITOS DE MORTE MATERNA) À VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

DO MUNICÍPIO DE RESIDÊNCIA;

9 – A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA REVISA A COMPLETUDE E QUALIDADE

DAS INFORMAÇÕES E AVALIA A NECESSIDADE DE BUSCAR OUTORS DADOS.

EM SEGUIDA, PARA OS CASOS SUSPEITOS DE MORTE MATERNA, REUNE

TODAS AS FICHAS DE NOTIFICAÇÃO E INVESTIGAÇÃO PARA DISCUTIR OS

CASOS.

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1. Identificar e separar todas¹ as declarações de óbitos de mulheres em

idade fértil, independente da causa declarada da morte para notificação e

investigação;

2. Notificar município de residência (fax, e-mail, telefone) respeitando

os prazos instituídos; priorizar digitação da DO no SIM; imprimir DO

retroalimentada ou fazer cópia da DO para os óbitos de ocorrência no

município;

3. Validar o endereço de residência – confirmar se a falecida era residente do

município;

4. No domicílio – Investigar se a falecida estava grávida no momento do

óbito ou no período de até um ano antes e preencher a ficha de Notificação

de Óbito de Mulheres em Idade Fértil;

5. Óbitos ocorridos em estabelecimento hospitalar devem ser investigados

pelo NEPI1 (artigo 7º); independente e simultaneamente à investigação

domiciliar;

6. Se o corpo foi para o SVO ou IML – Verificar se a necropsia investigou útero

e anexos;

QUEM? QUANDO? ONDE? COMO?

DEZ PASSOS PARA INVESTIGAÇÃO DO ÓBITO DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL

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7. Classificar o óbito de acordo com a investigação inicial, como Descartado

ou suspeito de óbito materno;

8. Se descartado – Encerrar investigação;

9. Se suspeito de óbito materno – Prosseguir na investigação usando a Ficha

Confidencial de Investigação de Morte Materna;

10. Corrigir no SIM e no SINASC, as informações resgatadas nas investigações

e análises dos casos, assim como alimentar o módulo de investigação do

óbito materno do SIM WEB.

Nota:¹ Vide Portaria 1.119/2008.

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Secção 1 – DADOS DA MULHER

Esta secção contempla os dados que identificam a mulher falecida. São dados

que embora constem na DO, com exceção do item 5 (Área coberta por PACS/ESF),

devem ser questionados no momento da investigação. Não se deve levar a ficha para

investigação com esta secção preenchida, pois pode conter erro e este é o momento

de confirmação/correção de alguma falha na DO. O momento do óbito é muito difícil

para a família e pode ocorrer fornecimento de informações equivocadas ou falta da

informação, quando deixam campos em branco (por não terem perguntado sobre a

variável ou por não saberem a resposta).

01. Nome – Registrar o nome completo, sem abreviar, atento para

registrar fielmente todas as letras. De preferência preenchê-lo mediante a

apresentação de algum documento.

02. Idade – Perguntar a idade da falecida e procurar confirmar com a data

de nascimento registrada em algum documento. É importante confirmar se

era uma mulher em idade fértil (com no mínimo 10 anos e no máximo 49

anos).

03. Endereço – Anotar o nome da Rua, Número, Bairro, Município, UF

(Unidade Federada – Estado) onde residia a falecida. Considerar o que

for informado como residência, pois se estava em outro endereço para

tratamento de saúde, para trabalhar ou por qualquer outro motivo, não

ENTENDENDO A FICHA DE NOTIFICAÇÃO DE ÓBITO DE MULHERES EM IDADE FÉRTIL

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se trata de residência. Em caso de residente na zona rural, acrescentar

informações como o nome do sítio ou comunidade, USF da área adstrita

à residência da falecida e, uma referência para localização da mesma. Caso

a residência esteja localizada em área de limite entre municípios, verificar

quem recolhe o pagamento do IPTU, ou de outro imposto municipal. O

código solicitado é o do município, que pode ser colocado posteriormente,

caso o investigador não o tenha no momento da investigação.

04. Zona de Residência – Identificar se o endereço de residência localiza-se

em zona urbana ou rural. Há municípios que embora pareçam ter algumas

áreas de zona rurais são considerados totalmente urbanos (por exemplo, o

Recife).

05. Área coberta por PACS/ESF – Perguntar se a residência da falecida é coberta

por esses programas, independentemente da mesma receber assistência dos

profissionais que o compõe. Caso seja área coberta pela ESF registrar o nome

da Unidade de Saúde e para as áreas cobertas pelo PACS registrar o nome da

supervisora ou do Agente Comunitário de Saúde (ACS).

06. Escolaridade – Procurar saber até que série a falecida estudou e

transformar em anos de estudo concluídos (Ex: Estudou até a 7ª série,

registrar 7 anos de estudo mesmo que a falecida tenha repetido alguma

série, ou seja, tenha cursado por exemplo duas vezes a 6ª série para depois

concluir a 7ª série. Não considerar esse ano repetido informando apenas

7 anos de estudo concluído). Essa informação é muito importante para

estudos e análises de óbitos de mulher em idade fértil e do óbito materno,

no entanto seu preenchimento muitas vezes é negligenciado ou esquecido.

Procurar fazer associações e trabalhar com aproximação para facilitar o

preenchimento.

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07. Situação conjugal – Perguntar a situação conjugal no momento do

óbito, mais uma vez, independente da informação contida na DO. Procurar

confirmar essa situação perguntando se a falecida tinha companheiro, se

era casada no papel, etc.

08. Ocupação habitual e ramo de atividade – Procurar conhecer a ocupação

da falecida se tinha alguma atividade remunerada ou não. Especificar como

empregada doméstica as que exercem atividades de cuidados do lar com

remuneração e considerar donas-de-casa as que não têm remuneração. O

código pode ser preenchido posteriormente.

09. Raça / cor / etnia – Para cumprir normas do IBGE registrar a resposta

dada pelo informante sobre a cor da falecida, desconsiderando a opinião

do investigador. Isso significa que mesmo que o investigador conhecesse a

falecida e a considerasse parda, o registro será branca, se o informante assim

a classificar. Para facilitar a classificação o investigador pode ler as opções da

ficha.

Secção 2 – DADOS DO ÓBITO

10. Data / Hora / Número da DO – Confirmar com o informante o dia e

horário do falecimento. Caso seja necessário fazer associações (Ex: já tinha

acabado o Jornal Nacional quando ocorreu o óbito) principalmente quando

o falecimento ocorre no domicílio. O número da DO deve ser retirado da

mesma para preenchimento deste item.

11. Local de ocorrência – Identificar o local que a mulher faleceu. Em

alguns casos a família socorreu a mulher, levando-a para o hospital, onde

chegou falecida. Esclarecer se o óbito ocorreu ainda em casa, ou durante o

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transporte (neste último caso considera-se morte em via pública). Marcar

Outro estabelecimento quando ocorrer em uma clínica. Para a opção

Outros especificar o nome do local (na beira do Rio São Francisco, próximo à

Comunidade Baixa Grande, Lagoa Ourinho, Barragem do Forquilha, Praia de

Porto de Galinhas, Sítio dos Pintos, etc).

12. Nome do estabelecimento – Registrar o nome do hospital / clínica /

maternidade / unidade de saúde da família onde tenha ocorrido o óbito.

Colocar o código posteriormente.

13. Município de ocorrência – Registrar o município onde ocorreu o

óbito assim como o Estado (UF). Lembrar que nem sempre o óbito ocorre

no município de residência da falecida, mas no município para onde foi

transferida em decorrência de uma complicação, onde aguardava uma

cirurgia, onde fazia tratamento ou onde se encontrava por qualquer outro

motivo.

14. Morte ocorreu durante – Atentar que este campo é de grande

importância para os óbitos de mulher em idade fértil, pois após investigação

são identificados como possíveis mortes maternas. Perguntar se havia

alguma história de gestação no momento da morte ou se no último ano

a falecida esteve grávida. Caso as respostas sejam negativas registrar que

Não ocorreu nesses períodos. Porém, se uma das respostar for afirmativa

procurar esclarecer o momento exato da morte. Se ainda estava grávida (sem

expulsão do feto), se foi durante um abortamento ou após, se foi durante o

parto (até 1 hora após o nascimento da criança), se foi no puerpério precoce

(até 42 dias após o parto) ou no puerpério tardio (entre 43 dias e 1 ano após

o parto). Pode acontecer o desconhecimento sobre história de gestação no

momento da morte devido ao pouco tempo de gravidez, só se verificando

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a gestação com a realização da necropsia. Por isso, normas e protocolos

determinam que se realize análise do útero e anexos da falecida.

Secção 3 – CAUSAS DO ÓBITO NO ATESTADO ORIGINAL

15. Causa da morte – Copiar da DO as causas registradas nas suas respectivas

linhas (Parte I - a, b, c, d e Parte II), seguido do código da CID. Embora esse

campo não possa ser alterado pelo investigador a partir das informações de

familiares, é de suma importância que se indague a causa da morte para uma

checagem ou posterior apuração em prontuários médicos. A preocupação

é com a possibilidade de resgatar Mortes Maternas que tenham sido

registradas como parada cárdio-respiratória, por exemplo.

Secção 4 – CLASSIFICAÇÃO INICIAL

16. Quanto à causa básica – Para encerramento dessa ficha verificar se

havia história de gestação no momento da morte ou um ano antes e/ou se

havia o registro, entre as causas da morte informadas na DO de história de

gestação (parto, pós-parto, abortamento, etc). Caso a mulher não estivesse

em nenhuma destas situações, marcar como Morte Materna Descartada.

Considera-se uma Morte Materna Declarada quando houver registro entre as causas de

morte declaradas no Atestado Médico, sejam nas linhas da parte I ou da parte II. Trata-

se de uma Morte Materna Não Declarada quando não houver qualquer referência à

gestação entre as causas da morte na DO, mas que as investigações realizadas tenham

resgatado alguma história de gestação/ parto/puerpério.

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Os campos 43 e 44 com registros positivos reforçam a classificação de morte materna

presumível, pois dizem respeito ao momento em que o óbito ocorreu e não a sua causa.

Portanto, por si só não são capazes de classificar o óbito como materno declarado.

17. Se o óbito foi descartado, quais as fontes consultadas – Marcar as fontes

que foram consultadas para descartar história de gestação/ parto/puerpério

no momento da morte. Caso não estejam entre as opções, marcar em Outros

e citar qual a fonte.

18. Data da conclusão da investigação – Registrar a data em que o

investigador conseguiu confirmar ou descartar a morte materna.

19. Observações do entrevistador – Neste campo registrar quaisquer

observações que sejam consideradas importante e que não estejam

contempladas nas questões da ficha (Ex: falecida não queria engravidar

escondendo a gestação dos familiares, fato que ouviu de uma amiga da

falecida, etc).

20. Entrevistador(a) / Data – Colocar o nome legível do entrevistador

responsável pelas informações contidas na ficha, assim como a data da

conclusão do caso.

Verificar a observação contida no final da ficha, na qual os óbitos

com história de gestação, declarados ou suspeitos de morte materna,

devem prosseguir com a investigação utilizando a Ficha Confidencial de

Investigação de Morte Materna.

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(para hospitais, IML, SVO e domicílios)

Esta ficha foi construída de forma integrada, concentrando as informações a serem

resgatadas nos vários locais de investigação num mesmo instrumento. Por isso, para

uma mesma mulher falecida podem ser preenchidas mais de uma ficha. Exemplo: uma

ficha preenchida pelo NEPI do hospital onde a mulher foi a óbito e outra preenchida

pela Atenção Básica, com as informações domiciliares.

É atribuição da vigilância epidemiológica do município de residência consolidar tais

fichas em uma única para a compreensão do caso como um todo.

Secção 1 – IDENTIFICAÇÃO

01. Nome/Idade/Endereço – Registrar o nome completo, sem abreviar, atento

para registrar fielmente todas as letras. De preferência preenchê-lo mediante

a apresentação de algum documento, aproveitando para perguntar a idade

da falecida e procurar confirmar a data de nascimento registrada no mesmo.

Quanto ao endereço, anotar o nome da Rua, Número, Bairro, Município, UF

(Unidade Federada – Estado) onde residia a falecida. Considerar o que for

informado como residência, pois se estava em outro endereço para tratamento

de saúde, para trabalhar ou por qualquer outro motivo, não considerar como

endereço de residência. Em caso de residente na zona rural, informar Nome

do Sítio ou Comunidade, USF da área adstrita à residência da falecida e, ainda

uma referência para localização da residência da falecida. Pode considerar os

dados preenchidos na Ficha de Notificação.

ENTENDENDO A FICHA CONFIDENCIAL DE INVESTIGAÇÃO DE MORTE MATERNA

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Secção 2 – HISTÓRIA REPRODUTIVA

02. Fazia uso de métodos contraceptivos – Procurar informação a respeito

do uso de algum método para evitar gravidez (tabela, anticoncepcional,

camisinha, etc). Marcar Sim quando a mulher fizer uso e citar qual era

o método utilizado. Caso não utilizasse método procurar levantar o(s)

motivo(s), saber o por quê do não uso de contracepção.

03. Número de vezes que esteve grávida (excluindo a atual) – Informar o

número de vezes que engravidou, mesmo que a gestação não tenha ido

até o final, ou seja, contar os abortamentos - espontâneos ou provocados,

os fetos mortos e nascidos vivos prematuros. Não incluir na contagem a

gravidez relacionada ao óbito no preenchimento deste campo.

04. Resultado das gestações anteriores – Registrar o número de

gestações que terminaram em partos vaginais, em partos cesarianas, em

abortamentos e em óbitos fetais. A soma dos números informados neste

item tem que ser igual ao referido no item 3. Verificar a observação para

classificar adequadamente os abortamentos ou óbitos fetais.

05. Data do último parto ou aborto, anterior a gestação atual – Registrar a

data do último parto ou aborto anterior ao da gestação atual.

06. Complicações das gestações anteriores – Marcar todas as

complicações das gestações anteriores que forem citadas pelo

informante, ou o campo Não apresentou complicações quando

não houver referência a anormalidade. Ficar atento quando

o informante relatar problemas de pressão alta, registrando

Hipertensão Arterial. Na dúvida ou diante de um relato mais

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descritivo sobre provável diagnóstico, registrar na opção Outra

todo o relato para classificação posterior. Se necessário utilizar o

verso da folha.

Secção 3 – INFORMAÇÃO SOBRE A ÚLTIMA GESTAÇÃO (PRÉ-NATAL)

Nesta secção os dados solicitados se referem à gestação relacionada ao óbito.

07. Data da última menstruação (DUM)– Informar a data que a mulher teve

sua última menstruação antes de engravidar. Procurar esta informação no

Cartão da Gestante, ou facilitar a recordação buscando datas marcantes

(Ex: a última menstruação ocorreu antes do carnaval?). Caso o informante

desconheça a data, e não tenha acesso ao Cartão da Gestante, ou não

tenha essa informação registrada no Cartão, marcar o campo Ignorado.

08. Houve alguma tentativa de aborto nesta gravidez – Verificar se a

gestante tentou abortar utilizando algum chá para a menstruação descer,

tomando remédio, utilizando algum outro método com esse objetivo.

09. Fez pré-natal – Conversar detalhadamente com o informante para

saber se a gestante realizou alguma consulta devido a gestação, que

pudesse ser considerada consulta de pré-natal. Caso se conclua que não,

buscar entender as explicações e registrar tudo que for informado (Ex:

unidade de saúde distante, não achava o pré-natal importante, etc).

10. Se sim, idade gestacional na primeira consulta – Para as mulheres que

realizaram consulta de pré-natal registrar a idade gestacional na primeira

consulta, conforme a informação fornecida, em semanas ou meses. Neste

item registrar também o número total de consultas de pré-natal realizado..

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Essas duas informações devem constar no Cartão da Gestante.

11. Nome do Estabelecimento / Município – Anotar o nome do

estabelecimento de saúde onde a mulher realizou o pré-natal assim como o

município em que ele se localiza. Caso o pré-natal tenha sido feito em mais de

uma unidade, registrá-las. Os códigos, Código Nacional de Estabelecimentos

de Saúde - CNES e do município também se configuram como dados

importantes, no entanto, poderão ser preenchidos posteriormente.

12. Ela tinha cartão de pré-natal – Procurar com o informante se a gestante

possuía Cartão da Gestante. Em caso afirmativo, verificar os dados nele

registrados para auxiliar o preenchimento desta Ficha de Investigação.

13. Quantos meses / semanas ela tinha quando fez a última consulta de

pré-natal – Registrar a idade gestacional da mulher no momento da última

consulta de pré-natal. Especificar se o registro está em meses ou semanas

de gestação. Essa informação deve estar registrada no Cartão da Gestante.

14. Esta tabela deverá ser preenchida conforme transcrição do Cartão da Gestante,

registrando as datas das consultas, a idade gestacional neste momento, qual o peso

da mulher, a pressão arterial, como estavam os batimentos cardíacos da criança,

qual a altura de fundo do útero (AFU), se havia a presença de edema (inchaço), qual

a conduta tomada e qual o profissional que realizou a consulta, conforme código

especificado abaixo da tabela.

15. Esquema de vacinação contra tétano – Marcar o que foi feito em relação

a vacinação contra tétano nesta última gestação (Ex: tomou apenas 2ª dose,

ou fez a dose de reforço, ou não tomou nada porque estava com a imunidade

em dia, etc). Esse dado deve estar registrado no Cartão da Gestante.

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16. Foi realizada coleta para prevenção de câncer – Buscar informação

sobre a realização de exames preventivos da mulher, se ela fez e em que

data. Caso não seja precisa a data, colocar aproximada. A informação

sobre prevenção de câncer pode ser verificada na unidade de saúde que

a mulher freqüentava, através da USF/PACS, que possui prontuário com

essas informações, ou em unidades de referência para esse tipo de exame,

dependendo da realidade local.

17. Exames realizados no pré-natal – O investigador precisa perguntar e

registrar se os exames contidos neste item foram realizados durante o pré-

natal a que teve acesso a gestante. É de grande importância o registro das

datas em que foi realizado cada exame, ou seja, o período da realização

em relação à gestação e o resultado do mesmo. É necessário, ainda, que

o investigador solicite à família os exames que a mulher tenha realizado

durante a gestação.

18. Recebia visitas do ACS durante o pré-natal – Este item deve ser

questionado caso a mulher resida em área coberta por PACS/ESF. Esta

informação deve constar no item 05 da Ficha de Notificação. O investigador

deve enumerar também a freqüência das visitas do ACS durante um mês

e registrar, à parte, acrescentar detalhes importantes ocorridos nestes

momentos.

19. Foi cadastrada no SISPRENATAL – Verificar no Cartão da Gestante

a existência de uma etiqueta com o número do cadastro no programa

SISPRENATAL e resgatá-lo. Marcar Sim quando houver esse cadastro.

20. Fatores de risco/complicações durante o pré-natal da gestação que

levou ao óbito – O investigador deve procurar revelações que desvendem

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o processo de adoecer e morrer. Conversar com a/o informante de forma

a ajudá-la/o a lembrar, identificar complicações vividas durante a gravidez

que a levou ao óbito materno. Citar o nome de medicamentos que fazia uso

e outros fatores de risco e complicações que não estejam relacionados, mas

que estejam registrados nos documentos investigados. Na dúvida, registrar

todo o relato das complicações na opção Outros. Quando não houver nada

referido pelo informante, marcar Nenhum(a).

21. Ela fez algum tratamento na gravidez atual – Atento à conversa, o

investigador parte dos riscos e complicações identificadas anteriormente

para questionar se a gestante teve acesso e assistência a algum tratamento

na gravidez atual (Ex: a gestante era hipertensa desde antes da gravidez:

o que foi feito quanto a isso durante o pré-natal? Ou a mulher tinha sífilis:

qual foi o tratamento durante a gestação?). Marcar a opção de acordo com

as respostas do informante ou de registros do prontuário (atentar também

para os registros de evolução da enfermagem), do Cartão da Gestante e de

outros documentos a que tenha acesso.

22. Ela foi encaminhada alguma vez para um pré-natal de alto risco ou

especialista – Buscar informações tanto com os familiares como nos registros

de prontuário se a gestante chegou a ser encaminhada em algum momento

para um pré-natal de alto risco ou para ouvir a opinião de um especialista.

Em caso de gestação de alto risco o encaminhamento pode não ter ocorrido,

assim como a gestante pode não ter tido condições de acesso ou não ter ido.

Verificar se, mesmo tendo sido encaminhada para o pré-natal de alto risco

a gestante permaneceu também com o acompanhamento no pré-natal de

baixo risco, principalmente quando se tratar de uma gestante residente em

área coberta pelo PACS/ESF. Para as gestações de baixo risco ou que não

tiveram necessidade de encaminhamento marcar a opção Não se aplica.

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23. Se sim, realizou alguma consulta – Para as mulheres que foram

encaminhadas para um pré-natal de alto risco ou especialista, conversar

sobre esta consulta. Considera-se que a mulher tenha realizado por conta dos

riscos e complicações faladas, solicitando assim o nome do estabelecimento

em que foi consultada. Se não conseguiu a consulta informar o motivo.

Realizar investigação no estabelecimento do atendimento para resgatar

dados existentes no prontuário.

24. Ela procurou algum serviço de saúde (maternidade, unidade básica,

emergência) durante o pré-natal – Verificar se durante o pré-natal a mulher

procurou algum serviço de saúde. Para as mulheres que procuraram informar

o número de vezes e as datas dos atendimentos.

25. Ela foi internada durante a gravidez atual – Procurar informações sobre

internamentos que tenham ocorrido, registrando o número de vezes em

que isso ocorreu, as datas e o(s) nome(s) do(s) estabelecimento(s). Nos

serviços identificar as queixas relatadas, os diagnósticos, exames realizados

e procedimentos adotados.

26. Se internada, qual(is) o(s) motivo(s) – Marcar todos os motivos que

levaram a mulher ao internamento. Resgatar a informação dos familiares

e de registros de prontuário. Na dúvida, fazer os registros por extenso na

opção Outros, quais para que sejam classificados posteriormente. Mais de

uma opção pode ser marcada.

27. Houve necessidade de transferência – Verificar se houve necessidade

de transferir a gestante para outro serviço. Informar o motivo e o local da

transferência. Em caso afirmativo, um outro dado importante diz respeito

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ao tempo decorrido entre a identificação da necessidade e a efetivação

da transferência. Isso significa atentar para a hora em que foi dito à família

ou registrado em prontuário que a gestante seria encaminhada para outra

unidade de saúde e para a hora em que realmente ocorreu a transferência

(data/hora) e o local para onde ela foi levada. Registrar entre as observações

a ocorrência de peregrinação, ou seja, se teve de passar por mais de um

serviço a procura de atendimento adequado, vaga, profissionais qualificados,

etc.

Secção 4 – SE A GRAVIDEZ TERMINOU EM ABORTO

Esta secção será preenchida somente para as mulheres que foram a óbito em

decorrência de abortamento. Caso tenha ocorrido o parto, passar para a secção 05.

28. Data do internamento / Hora / Data do aborto – Esse é um detalhe de

suma importância para o estudo e análise de mortes maternas que tenham

história de abortamento. É que o tempo decorrido entre o internamento e a

assistência adequadamente recebida faz a diferença para o controle de uma

complicação, podendo variar do controle de uma infecção pós-abortamento

a uma morte materna evitável. Assim, é preciso aproximar, o mais fiel

possível, o dia e a hora em que ocorreu a internação e o atendimento. O

investigador poderá auxiliar o informante a lembrar, fazendo associações

para facilitar a recordação da data e da hora dos dois eventos. Anotar a data

precisa do abortamento (Ex: já tinha começado o Jornal Nacional quando a

mulher deu entrada no hospital? E quando foi atendida já tinha terminado?

Já estava em outro programa, quanto tempo depois foi atendida?).

29. Local do abortamento – Identificar o local em que ocorreu o

abortamento, se em uma maternidade, hospital, domicílio, em via pública

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(podendo acontecer durante o caminho à unidade de saúde, ou na rua),

em casa de parto ou outro local. Neste caso, citar em Outro local onde

exatamente ocorreu o abortamento.

30. Nome do Estabelecimento/Município – Caso o abortamento tenha

ocorrido em algum estabelecimento de saúde, identificá-lo, nomeando e

informando o município onde se localiza. O código do CNES poderá ser

preenchido posteriormente.

31. Idade gestacional no momento do abortamento – Especificar a idade

gestacional que a mulher se encontrava no momento do abortamento, em

semanas ou em meses. Marcar Ignorado quando não for conhecida essa

informação.

32. Tipo de abortamento – Informar o tipo de abortamento que ocorreu:

espontâneo (não provocado), induzido legalmente (nos dois casos previstos

na legislação atual: violência sexual/estupro ou gravidez em que a mulher

corre risco de vida), provocado ou induzido pela mulher (ocorre quando a

mulher decide interromper uma gravidez sozinha ou com ajuda de terceiros),

e o aborto retido (caso em que o feto morre e não é totalmente expulso.

Pode ser que os familiares desconheçam a forma do abortamento, mas é

possível que alguma amiga saiba dar essa informação. Marcar Ignorado

quando a informação não for conhecida.

33. Procedimentos / métodos usados no abortamento – Em caso de aborto

provocado ou induzido pela mulher há maior dificuldade em levantar o

método ou substância utilizada por conta da ilegalidade do abortamento

no Brasil. Mais uma vez é possível resgatar a informação com alguma amiga.

Caso não tenha sucesso nessa identificação marcar a opção Ignorada. É

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importante atentar para o fato de que um ou mais métodos podem ter sido

adotados até ocorrer o abortamento. Os métodos mais comuns são:

• Curetagem, geralmente realizada por um profissional (na

clandestinidade ou não);

• AMIU (Aspiração Manual Intra-uterina) / Sucção - método de

sucção do de restos ovulares, realizado por médico;

• Ingestãodecháscaseiros;

• IngestãooralouusodoCitotec/Misoprostolnocanalvaginal;

• Outrasdrogas, neste caso citar quais e se for utilizadoOutros

métodos citar todos eles.

34. Complicações / Intercorrências decorrentes do abortamento – Após

a realização do abortamento registrar as complicações que ocorreram

com a mulher. Caso nada tenha sido verificado marcar Não apresentou

complicações. Essa informação deve constar em prontuários de

atendimentos. Caso tenham ocorrido Outras complicações que não as

especificadas, citar qual e descrever as informações do informante e/ou os

dados dos prontuários. Mais de uma opção pode ser marcada.

35. Tratamentos realizados para as complicações / intercorrências do

abortamento – Resgatar dos prontuários os tratamentos que foram realizados

para as complicações que foram apresentadas após o abortamento. Pode

ter ocorrido mais de uma forma de tratamento, como uma curetagem e

posteriormente uma cirurgia ou não ter sido realizado nenhum tratamento.

Em caso de utilização de Outro tratamento, que não esteja entre as opções,

citar todos, nomeando responsáveis e indicando a ordem cronológica de

cada procedimento, se possível.

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Secção 5 – SE A GESTAÇÃO TERMINOU EM PARTO

A investigação dos dados que seguem diz respeito apenas às mulheres que foram a

óbito durante ou após o parto. Lembrar que a investigação dos casos de óbito por

abortamento já foram levantadas na Secção 04, portanto para estes casos não se aplica

o preenchimento desta secção.

36. Data do parto/Hora/Local do parto/Estabelecimento – Registrar a data,

hora e local em que ocorreu o parto. Esses dados podem ser obtidos no

prontuário e na Declaração de Nascido Vivo (DN), caso a criança tenha

nascido com vida. Especificar o tipo de estabelecimento de saúde onde

ocorreu o parto: maternidade, hospital geral, SAMU, domicilio, via pública,

casa de parto, etc., pois a partir deste dado será possível identificar os

serviços disponíveis e se o mesmo era adequado como referência para

aquele caso. Marcar Via pública para os nascimentos que ocorreram na

rua ou no transporte, especificando o caso. Para os nascimentos ocorridos

na residência marcar a opção Domicílio. Registrar em Outros quando não

atender a nenhuma dessas opções, especificando e descrevendo o local.

Informar qual o nome do estabelecimento de saúde do nascimento e o

município, acrescentando posteriormente os seus códigos.

37. Tipo de estabelecimento – Especificar se o estabelecimento onde

ocorreu o parto trata-se de um órgão público (mantido pelo governo

Federal, Estadual ou Municipal), privado / conveniado (estabelecimento

particular que vende serviços ao governo), privado (totalmente particular,

atende conveniados de Planos de Saúde) ou filantrópico (sem fins lucrativos).

Essa informação permite identificar responsabilidades sobre os serviços

prestados.

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38. Se o parto não foi no hospital / maternidade, qual a razão – Questionar

os motivos que levaram a mulher a ter seu parto fora de um hospital ou

maternidade: por decisão/escolha da mulher, falta de tempo para chegar

ao serviço, falta de leito, dificuldade de acesso (especificar quais: faltou

transporte, dinheiro para o deslocamento, etc) ou registrar em Outra quando

a dificuldade não fizer parte das opções listadas, especificando-a.

39. Houve acompanhamento por parteira em domicílio – Para os partos

que ocorreram em domicílio (seja na residência da mulher ou de parente,

amiga ou na casa da parteira) informar se havia parteira domiciliar prestando

assistência à mulher durante o trabalho de parto e no parto, especificando o

início dessa assistência e quais foram os procedimentos da parteira durante

a assistência prestada. Lembre-se que mesmo que o óbito tenha ocorrido

em um estabelecimento de saúde, depois da assistência recebida no

domicílio, é necessário conhecer tudo o que ocorreu entre a intercorrência/

ou complicação e o óbito.

40. Informações da parteira – Nos casos de óbito de mulheres que tenham

recebido assistência de parteira domiciliar, independente do local do óbito,

é muito importante ouvi-la. Além de transcrever as informações registradas

no seu prontuário, quanto à assistência prestada, deve-se perguntar: como

evoluiu o trabalho de parto e/ou o parto, quais foram as complicações

percebidas, os procedimentos tomados, quando ocorreu a decisão de

transferir a mulher para um estabelecimento de saúde (registrar hora),

quando, efetivamente, conseguiu a transferência (registrar hora), se não

transferiu, por que não o fez, que hora recebeu atendimento médico, etc.

É importante registrar como se dá o trabalho da parteira na localidade, se

existe apoio do SUS ou se ela trabalha isolada, mostrando assim o panorama

dessa política na localidade.

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41. Registros à admissão da gestante na maternidade/hospital – Resgatar

nos registros hospitalares referências feitas no momento da admissão. Para

as respostas afirmativas anotar os valores: Pressão arterial (anotar o valor

aferido na admissão); Dinâmica uterina (anotar número de contrações de

tantos em tantos – minutos ou segundos – conforme medida adotada);

Dilatação do colo do útero (anotar de quanto era a dilatação – conforme

medida utilizada, centímetros); Batimentos cárdio-fetais (anotar o número

de batimentos por minuto – bpm, algumas vezes só está disponível a

informação: presente ou ausente); Apresentação do bebê (se era cefálica,

pélvica ou anômala), Membrana amniótica (se estava íntegra ou rota.

Informando o tempo de bolsa rota – da forma que tenha sido anotada).

42. Foram solicitados na admissão – Informar quais exames foram solicitados

na admissão e quais foram realizados de fato. No item Outros citar os que

não constem na lista.

43. Diagnóstico ao internamento – Copiar dos registros hospitalares o

diagnóstico referido no momento do internamento, por vezes anotados em

livros do serviço de triagem. É comum que esta informação conste como

hipótese diagnóstica (HD).

44. Tipo de parto – Aqui é importante registrar se o parto foi vaginal ou

cesariana, especificando as interferências que possam ter ocorrido como

indução, fórceps ou sem especificação.

45. Se o parto foi cesariano qual o motivo – Registrar as justificativas para a

ocorrência do parto cesáreo. Verificar se a cirurgia foi realizada por indicação

médica; se foi pré-marcada para fazer a laqueadura (ligação de trompas);

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por opção da mulher; por ter sido feita duas ou mais cesarianas anteriores;

por haver risco de morte materna iminente, ou se já ocorreu após a morte

da mulher.

46. Duração do trabalho de parto – Especificar a duração que levou o

trabalho de parto, em horas. Marcar Ignorado quando não tiver condição de

resgatar essa informação, mesmo que aproximadamente.

47. Idade gestacional no momento do parto – Anotar a idade gestacional

no momento do parto, especificando se o registro é em semanas ou meses.

Essa informação pode ser retirada do prontuário, exames de ultrassonografia,

Cartão da Gestante, DN, ou mesmo informação referida por familiares.

Marcar Ignorado quando não tiver condição de resgatar essa informação.

48. Quem atendeu o processo obstétrico cirúrgico – Verificar qual a

especialidade do profissional que atendeu a mulher durante o seu

processo obstétrico cirúrgico. Observar que nos carimbos deve constar

essa informação. Caso não tenha opção, citar em Outro a especialidade

do profissional que tenham atendido a gestante, especificando qual (Ex:

obstetra, anestesista, clínico).

49. Ficha de anamnese preenchida – Procurar nos registros hospitalares

se existe ficha de anamnese, aqui entendida como a entrevista/triagem

inicial realizada com a mulher, a fim de levantar possíveis diagnósticos. Se

estiver preenchida, marcar o Sim, transcrevendo informações importantes

da mesma no campo 91. Caso não esteja preenchida ou não seja localizada,

marcar o Não.

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50. Partograma preenchido – Verificar se existe nos registros hospitalares

o partograma preenchido. Nestes casos, marcar Sim e nos casos em que a

unidade de saúde deixar o partograma sem preenchimento marcar Não.

Não se aplica será a opção para as mulheres que não entraram em trabalho

de parto ou que não atingiram 4 cm de dilatação, momento em que o

partograma deve ser preenchido. Transcrever os registros importantes do

partograma, que deve ser preenchido pelos profissionais de hospitais e

maternidades durante o trabalho de parto.

51. Paciente teve acompanhamento de alguém durante o internamento do

parto – Informar se a mulher estava acompanhada por algum familiar, amiga

ou pela parteira durante o internamento para o parto. Esta pessoa poderá

ser um informante-chave, pois pode relatar informações importantes sobre

procedimentos realizados e assistência recebida pela mulher durante seu

tempo de internamento.

52. Intercorrências no trabalho de parto / parto – Durante o trabalho

de parto e o parto propriamente dito identificar as complicações que

ocorreram com a mulher e o bebê. Caso nada tenha sido verificado marcar

Sem complicações. Quando for o caso de marcar Outras complicações

que não as especificadas, transcrever todos os registros encontrados,

lembrando sempre que a evolução da enfermagem contém registros mais

detalhados. Registrar em Outras sempre que houver dúvida na anotação

das intercorrências para confirmação posterior do campo a ser marcado.

Neste item mais de uma opção pode ser marcada.

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Secção 6 – PUERPÉRIO

O preenchimento desta secção será para as mulheres que foram a óbito após o parto

(após a primeira hora do parto), ou seja, durante o puerpério. Lembrar que a secção não

se aplica para as mulheres que foram a óbito no abortamento ou durante o trabalho de

parto e o parto. Lembrar que nos casos em que a mulher morre após o abortamento

não é considerado puerpério e sim, pós-abortamento.

53. Complicações durante o puerpério – Após o parto identificar as

complicações que ocorreram com a mulher. Caso nada tenha sido

verificado marcar que Não teve complicações. Quando da ocorrência de

Outras complicações que não as especificadas nas opções, transcrever as

informações do prontuário. Se houver dúvida ou pouca informação sobre

as intercorrências registrar em Outras para confirmação posterior do campo

a ser marcado. Mais de uma opção pode ser marcada.

54. Fez tratamento das complicações durante o puerpério – Verificar

no prontuário se foi feito tratamento das complicações que surgiram

durante o puerpério, marcando a opção Sim, e especificando quais foram

os tratamentos realizados. Marcar Não para as mulheres que não fizeram

tratamento para as complicações apresentadas durante o puerpério e Não

se aplica para as que não tiveram complicações registradas no item 53.

55. Outros procedimentos realizados no puerpério – Resgatar

dos prontuários os procedimentos que foram realizados para as

complicações apresentadas no puerpério. Pode ter ocorrido mais

de um procedimento, como uma curetagem e posteriormente uma

histerectomia ou não ter havido a necessidade de realizar nenhum

procedimento (Não houve necessidade). Em caso de adoção de

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Outros procedimentos que não estejam entre as opções constantes

na Ficha, transcrever os que foram registrados nos prontuários.

56. Condições do recém-nascido – Registrar a condição do recém-nascido

no momento do nascimento: vivo ou morto, qual o peso ao nascer e qual o

APGAR no primeiro e no quinto minuto de vida. Essas informações podem

ser verificadas na Declaração de Nascido Vivo.

Secção 7 – ASSISTÊNCIA HOSPITALAR

Esta secção deverá ser preenchida para as mulheres que foram a óbito após o

abortamento, o parto ou no puerpério e que chegaram a receber alguma assistência

hospitalar. Ficar atento à observação constante desta Secção, fazendo cópias do

instrumento para seu preenchimento nas várias unidades de atendimento pelas

quais a mulher passou durante a doença/agravo que levou à morte.

57. Nome do Estabelecimento / Município / Data de admissão / Hora –

Identificar o nome do estabelecimento de atendimento, e o município

onde se localiza. Anotar, da ficha de admissão ou do prontuário, a data e a

hora que a mulher deu entrada no referido serviço.

58. Procedência – Informar de onde a mulher procedeu, se diretamente do

domicilio, se encaminhada de um serviço de pré-natal, do mesmo serviço

(emergência), ou se veio transferida de outro serviço de saúde. Citar Outra

procedência caso as opções não contemplem as listadas na Ficha. Marcar

Ignorada quando a procedência for desconhecida.

59. Se transferida ou encaminhada de outro serviço de saúde, qual ou

quais – Registrar o nome do estabelecimento de saúde e do município de

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onde a mulher foi transferida ou encaminhada. Se mais de um, citar todos,

pois a peregrinação da gestante costuma ser um fator agravante para as

complicações e óbito materno. Preencher posteriormente os códigos do

município e do CNES.

60. Motivo da internação (atual) – Copiar dos registros hospitalares o motivo

referido no momento do internamento em que se deu o óbito. Observar

as queixas que foram apresentadas e os registros realizados durante a

admissão.

61. Procedimentos realizados durante a internação – Resgatar dos

prontuários os procedimentos que foram realizados durante a internação.

Pode ter ocorrido mais de uma forma de tratamento ou não ter sido realizado

nenhum procedimento. Nesta situação procurar conversar, entender e

registrar por quê nenhum procedimento foi realizado.

62. Após a admissão, em quanto tempo os procedimentos foram realizados

– Para as mulheres internadas que receberam assistência hospitalar,

especificar quanto tempo após a admissão ocorreram efetivamente os

procedimentos.

63. Descreva sumariamente os procedimentos realizados – TRANSCREVER

de forma sucinta os procedimentos realizados na internação. Caso seja

necessário, utilizar folha complementar para fazer os registros importantes.

64. Condição geral por ocasião do internamento nesta unidade –

Relatar a condição que a mulher chegou no momento da internação.

Considerar a informação referente a cada unidade que prestou

assistência, pois será preenchida uma secção desta para cada unidade

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hospitalar de atendimento. Comumente esta informação é anotada no

prontuário ou na Guia de Remoção de Cadáver.

65. Hipóteses diagnósticas formuladas (HD) – Identificar, diante das queixas

da mulher, a hipótese diagnóstica (HD) que antecedeu os procedimentos

adotados e todas as demais que foram levantadas ao longo da assistência

prestada. Descrever o que foi verificado no momento da admissão e as

prescrições feitas.

66. Periodicidade das visitas médicas / evoluções médicas – Resgatar dos

registros de prontuário a quantidade de visitas médicas que foram realizadas

à mulher, informando se ocorreu em dias alternados, ou seja, menos de uma

visita ao dia (por exemplo: quando passou 5 dias internada e recebeu 3 visitas/

evoluções médicas), diária ou mais de uma vez ao dia. Quando a informação

não puder ser identificada, registrar Ignorado.

67. Houve indicação de reposição de sangue / hemoderivados – Observar

se nos registros há relatos de perda de sangue e se o médico prescreveu

reposição de sangue ou hemoderivados, marcando Sim quando houver

registro de que houve indicação. Não se aplica será marcado quando não se

verificar a necessidade e Ignorado quando não houver nenhuma citação a

este respeito.

68. A paciente recebeu sangue / hemoderivados – Verificar se, diante da

indicação de reposição de sangue / hemoderivados do item anterior, a

mulher chegou a recebê-lo. Marcar Não se aplica para os casos onde não há

necessidade de sangue / hemoderivados e Ignorado quando a informação

sobre o recebimento não estiver disponível.

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69. Se sim, qual o tempo decorrido entre a prescrição e a administração – Para

as mulheres que tiveram indicação e que efetivamente receberam sangue/

hemoderivados, registrar qual o tempo decorrido entre a prescrição médica e

a administração. Utilizar a medida em horas ou citar como observação se tiver

sido feito em um menor tempo.

70. Se não, indicar o motivo – Completando a questão 69, para as mulheres

que tiveram indicação e Não receberam o sangue / hemoderivados, marcar

o(s) motivo(s) predominante(s): se por falta do hemoderivado no serviço,

se houve atraso na chegada, se a paciente faleceu antes da chegada do

hemoderivado ou por qualquer outro motivo não citado. Procurar especificar,

por exemplo, se a mulher ou a família não aceitaram o procedimento por

motivo de ordem religiosa, etc.

71. Foi submetida à anestesia – Resgatar no prontuário se a mulher foi

submetida a algum tipo de anestesia, identificando qual o profissional

que administrou e se ocorreram complicações com este procedimento,

detalhando-as. Identificar o(s) momento(s) em que ocorreu(ram) as anestesias:

no parto, no puerpério e/ou durante o abortamento.

72. Houve indicação de UTI – Anotar dos registros do prontuário se há relatos

da necessidade de internação em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI).

73. Foi admitida na UTI – Considerando a resposta positiva para o item

anterior, anotar se ela chegou a ser admitida na UTI. Marcar Não se aplica

para os casos em que não ocorreu indicação na questão 72. Marque a opção

Ignorado quando, apesar da indicação não houver registros hospitalares

que confirmem ou não a admissão da mulher na UTI.

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74. Se sim, qual o tempo decorrido entre a solicitação e a admissão na

UTI – Considerando que a mulher foi admitida na UTI informar qual o

tempo decorrido entre a solicitação e a admissão nesta unidade. Fazer o

registro em horas ou minutos, conforme estiver referido no prontuário.

Caso a informação não exista, procurar calcular de acordo com o horário

da prescrição e o horário da admissão na UTI, mesmo que seja um tempo

aproximado.

75. Se não foi internada na UTI, qual(is) o(s) motivo(s) – Para as mulheres

que tiveram a indicação, conforme questão 72, e que não chegaram a ter

acesso à UTI, registrar o(s) motivo(s): por falta de UTI no serviço, falta de UTI

disponível no município, devido a mulher ter falecido antes ou por outro(s)

motivo(s), detalhando qual(ais).

76. Se transferida, para onde – Para as mulheres que foram transferidas,

informar o nome do estabelecimento e município a que foram levadas, com

seus respectivos códigos.

77. Ela recebeu alta do hospital – Informar se a mulher chegou a receber

alta do hospital. Procurar entre os documentos da mulher ou no prontuário

o Resumo de Alta e registrar informações relevantes, de forma especial o

diagnóstico final da hospitalização. Para as mulheres que assinaram termo

de responsabilidade ou que se evadiram do hospital marcar a opção Não,

especificando o fato ocorrido, pois não receberam alta médica.

78. Em que condição de saúde se encontrava na alta hospitalar – Considerando

as mulheres que receberam alta hospitalar informar a sua condição no momento

da saída do hospital. Procurar nos registros ou perguntar ao informante-chave.

Especificar a condição se não estiver entre as opções citadas.

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79. Voltou ao hospital – Verificar se a mulher retornou ao hospital após ter

recebido alta.

80. Se sim, qual o motivo – Para as mulheres que retornaram ao hospital

após terem recebido alta informar qual(is) o(s) motivo(s) que a levou

novamente ao hospital. Anotar o que foi referido neste(s) momento(s).

81. Se sim, após quanto tempo da alta – Para as mulheres que retornaram

ao hospital após terem recebido alta, referidas no item 79, resgatar após

quanto tempo da alta ela retornou ao serviço. Considerar o retorno no

mesmo estabelecimento de saúde ou em outro.

82. Procurou outro serviço após a alta – Complementando a questão

anterior, informar se o serviço que a mulher procurou após a alta foi o

mesmo em que ela se encontrava, marcando Sim, ou marcando Não quando

o serviço foi outro.

83. Descrever o que ela sentia e quais as queixas referidas aos familiares e

o tempo de evolução das queixas até chegar ao hospital – Os familiares ou

informante-chave são as pessoas mais indicadas para fornecer os dados sobre

o que a mulher sentiu, suas queixas e o tempo de evolução das queixas até a

chegada ao hospital para atendimento. Essas informações devem ser registradas

de forma sucinta, mas considerando o que for relevante.

84. Dificuldades encontradas no atendimento, anotar o tempo decorrido – Anotar

o tempo decorrido para se concretizar o atendimento após a chegada da mulher

no serviço, relatando as dificuldades encontradas. São os familiares ou outros

informantes-chaves os mais indicados para fornecerem esses dados. Neste momento

são verificados os problemas de acesso e de assistência.

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85. Informações complementares – Neste espaço registrar o que foi

encontrado de relevante nos registros hospitalares. Informações que não

foram questionadas, mas que o investigador julgue importante registrar. Os

relatos do corpo de enfermagem devem ser considerados e verificados para

análise de informações complementares, especialmente no fornecimento

de datas e horários de atendimento, administração de medicamentos e

procedimentos desenvolvidos.

Observe-se a nota – Caso necessário o investigador poderá utilizar folha

anexa para transcrever trechos do prontuário.

Secção 8 – NECROPSIA

Essa secção será preenchida em todos os casos de mulheres com história de gestação

que foram a óbito e que passaram por um serviço que tenha executado uma necropsia,

como o Instituto Médico Legal (IML) ou o Serviço de Verificação de Óbito (SVO).

86. Foi realizada a necropsia – Verificar se há registro de encaminhamento

para realização de necropsia em prontuário ou em Guia de Remoção de

Cadáver, e se nos serviços específicos, IML e SVO, concretizou-se a necropsia.

Especificar o local da realização da necropsia.

87. Foram analisados útero e anexos – Informar se na necrópsia foram

analisados o útero e anexos. O IML e/ou o SVO são os órgãos responsáveis

por atestar sinais diretos e indiretos de gravidez.

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88. Informações da necropsia – Neste espaço registrar informação

importante relatadas durante a necropsia. Anotar tudo que possa contribuir

para enriquecer as discussões sobre a causa morte materna.

Nota – Caso tenha laudos de SVO / IML, transcreva-os e anexe a esta ficha.

Secção 9 – OUTRAS INFORMAÇÕES

89. Este espaço poderá ser utilizado para as observações que o

entrevistador(a) deseja registrar mas que não dispõe de campo específico.

Também pode ser utilizado quando o espaço deixado nas questões abertas

for insuficiente, identificando com a numeração a questão a que se refere a

anotação.

90. Fontes consultadas durante a investigação – Marcar todas as fontes

que foram consultadas durante a investigação do caso, independente de

quem tenha realizado a investigação: Atenção Básica, NEPI ou Vigilância

Epidemiológica. Acrescentar em Outro e especificar caso tenha ocorrido

investigação em fontes não citadas.

91. Informante / Data / Parentesco/afinidade com a falecida – Anotar

o(s) nome(s) das pessoas entrevistadas, principalmente na investigação

domiciliar, que forneceram os dados para preenchimento das Fichas

identificando o parentesco/afinidade com a falecida. Caso tenham ocorrido

entrevistas com profissionais de saúde, e não apenas em prontuários,

identificar o informante e o tipo de acompanhamento que prestou à falecida.

Anotar também a data em que foi realizada a entrevista.

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92. Entrevistador(a) / Data – Identificar com letra legível o responsável pela

investigação assim como a data em que a mesma foi concluída.

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Vigilância Epidemiológica – “Conjunto de ações que proporciona o conhecimento,

a detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e

condicionantes da saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar e

adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou agravos”. (Lei Orgânica da

Saúde 8080 de 19/09/1990).

Declaração de Óbito – Documento padrão do Sistema de Informação de Mortalidade

de uso obrigatório em todo o território nacional para a coleta dos dados sobre óbitos

e utilizado pelos cartórios para emissão da Certidão de Óbito.

Declaração de Nascido Vivo – documento padrão do Sistema de Informação

de Nascido Vivo de uso obrigatório em todo o território nacional para a coleta dos

dados sobre nascidos vivos, e utilizado pelos cartórios para a lavratura da Certidão de

Nascimento.

Mulher em Idade Fértil – Pela definição internacional, é a mulher entre 15 e 49 anos

de idade. No território brasileiro esta faixa foi ampliada, considerando-se mulher em

idade fértil aquela mulher na faixa etária entre 10 a 49 anos.

Morte Materna – “é a morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o

término da gestação, independentemente da duração ou da localização da gravidez,

devida a qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas

tomadas em relação a ela, porém não devidas a causas acidentais ou incidentais.” (CID

10, VOL 2 , 8ª EDIÇÃO, 2008).

CONCEITOS IMPORTANTES PARA A VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO ÓBITO MATERNO

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Morte Materna Tardia – é a morte de uma mulher, devido a causas obstétricas diretas

ou indiretas, que ocorre num período superior a 42 dias e inferior a um ano após o

término da gravidez.

Morte Materna Declarada – quando as informações registradas na Declaração de

Óbito permitem classificar o óbito como materno.

Morte Materna Não Declarada – é considerada como Não Declarada quando as

informações registradas na DO não permitem classificar o óbito como materno. Apenas

com os dados obtidos na investigação é que se descobre tratar-se de morte materna.

Mortes por Causas Obstétricas Diretas – “aquelas resultantes de complicações

obstétricas durante gravidez, parto ou puerpério devidas a intervenções, omissões,

tratamento incorreto ou devida a uma cadeia de eventos resultantes de qualquer das

causas acima mencionadas.” (CID 10, VOL 2 , 8ª EDIÇÃO, 2008).

Mortes por Causas Obstétricas Indiretas – “aquelas resultantes de doenças

existentes antes da gravidez ou de doenças que se desenvolveram durante a gravidez,

não devidas a causas obstétricas diretas, mas que foram agravadas pelos efeitos

fisiológicos da gravidez.” (CID 10, VOL 2 , 8ª EDIÇÃO, 2008).

Gestação – O conceito de gravidez se confunde com o de ciclo gravídico, podendo ser

definido como o intervalo de tempo decorrido entre o momento de fecundação, com a

fixação do óvulo na parede uterina, e a expulsão do feto e seus anexos através do parto.

Parto - é o processo fisiológico onde o produto da concepção, tendo alcançado grau

adequado de desenvolvimento, é eliminado do útero materno.

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Puerpério – é o período compreendido entre o fim do parto e a volta do organismo

materno às condições pré-gravídicas.

Abortamento – é a interrupção da gravidez pela morte do feto ou embrião, junto com

os anexos ovulares. Pode ser espontâneo ou provocado. O feto expulso com menos de

500g ou 22 semanas de gestação é considerado aborto.

Razão de Morte Materna (RMM) – Número de óbitos maternos, por 100 mil nascidos

vivos de mães residentes em determinado espaço geográfico, no ano considerado.

MÉTODO DE CÁLCULO DA RMM

RMM =

Nº de óbitos de mulheres por causas/condições consideradas de morte materna X 100.000

Número de Nascidos Vivos

A Organização Mundial de Saúde adota os seguintes níveis de classificação da RMM:

Baixo = até 20/100.000 NV Médio = entre 20 e 49/100.000 NV

Alto = entre 50 e 100/100.000 NV Muito alto = acima de 100/100.000 NV

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VALONGUEIRO, Sandra. Maternal Mortality: A New Estimate for Pernambuco, Brazil.

Tese de doutorado. Universidade do Texas. Austin, 2006.

CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DAS DOENÇAS/Organização Mundial de Saúde,

Volume 2, 8ª edição, EDUSP-SP, 2008.

GUIA DE VIGILÃNCIA EPIDEMIOLÓGICA DO ÓBITO MATERNO/Ministério da Saúde,

Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Análise de Situação em Saúde –

Brasília: Ministério da Saúde, 2009.

MANUAL DOS COMITÊS DE MORTALIDADE MATERNA / Ministério da Saúde, Secretaria

de Políticas de Saúde, Área Técnica de Saúde da Mulher. 2. Ed – Brasília: Ministério da

Saúde, 2002.

MANUAL DOS COMITÊS DE PREVENÇÃO DO ÓBITO INFANTIL E FETAL / Ministério

da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas

Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

BRASIL.MINISTÉRIO DA SAÚDE. SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE. Departamento

de Análise de Situação em Saúde. Saúde Brasil 2007: uma análise da situação de saúde

no Brasil, Brasília, MS, 2008.

REFERÊNCIAS

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Ministério da Saúde