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Instituto Politécnico de Coimbra Instituto Superior de Engenharia MANUTENÇÃO PLANEADA DE ELECTROBISTURIS COM ANÁLISE DO EFEITO DAS CORRENTES DE FUGA SOBRE OS UTENTES António Manuel Melo Rosmaninho Projecto para obtenção do Grau de Mestre em Instalações e Equipamentos em Edifícios COIMBRA 2010

MANUTENÇÃO PLANEADA DE ELECTROBISTURIS COM …files.isec.pt/DOCUMENTOS/SERVICOS/BIBLIO/teses/Tese_Mest_Antonio... · Figura 2.29 - Sistema de Protecção REM 35 Figura 2.30 - Eléctrodo

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Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia

MANUTENÇÃO PLANEADA DE

ELECTROBISTURIS COM ANÁLISE DO

EFEITO DAS CORRENTES DE FUGA SOBRE

OS UTENTES

António Manuel Melo Rosmaninho

Projecto para obtenção do Grau de Mestre em Instalações e Equipamentos em Edifícios

COIMBRA 2010

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Instituto Politécnico de Coimbra

Instituto Superior de Engenharia

MANUTENÇÃO PLANEADA DE

ELECTROBISTURIS COM ANÁLISE DO

EFEITO DAS CORRENTES DE FUGA SOBRE

OS UTENTES

Orientador:

José Manuel Torres Farinha

Professor Coordenador

António Manuel Melo Rosmaninho

Projecto para obtenção do Grau de Mestre em Instalações e Equipamentos em Edifícios

COIMBRA

2010

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iii

Agradecimentos

Quero agradecer a todos os que me apoiaram neste percurso, família, amigos

e outros.

Quero deixar o meu agradecimento a todos os funcionários do Centro

Hospitalar de Coimbra (CHC), Eng.º David Jorge, Profissionais de Saúde,

Técnicos, Engenheiros, não vou mencionar nomes para não correr o risco de

ser injusto ao esquecer-me de alguém.

Deixo um agradecimento especial ao coordenador deste projecto Dr. José

Farinha pelo apoio dado, pela linha que traçou para que este projecto

alcançasse a forma e qualidade que assumiu.

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iv

Resumo

O presente projecto de mestrado visa analisar o funcionamento dos

electrobisturis mais habituais existentes nos hospitais, bem como definir a

política de manutenção mais adequada. Para o efeito, o trabalho foi

desenvolvido em ambiente hospitalar, concretamente no Centro Hospitalar de

Coimbra (CHC), o qual dispõe de uma grande diversidade de equipamentos

desta natureza.

No projecto faz-se uma síntese do princípio de funcionamento do

electrobisturi, bem como da sua interacção com o paciente, no qual se enfatiza

a importância dos circuitos eléctricos que se estabelecem no corpo do doente

durante uma intervenção cirúrgica.

Sendo a manutenção e segurança dos electrobisturis aspectos cruciais

para garantir o seu funcionamento adequado, quer na perspectiva dos

pacientes quer dos médicos, este projecto analisa em detalhe esta vertente,

fazendo o ponto de situação das práticas existentes, das práticas

recomendadas e do respectivo diferencial de correcção. Neste âmbito, é ainda

feita a análise detalhada do efeito das correntes de fuga sobre os pacientes

atendendo ao potencial de risco de vida sobre estes.

Para atingir os objectivos do projecto, fez-se o levantamento das Ordens de

Trabalho existentes no hospital, bem como os planos de manutenção contidos

nos manuais e ainda as recomendações internacionais das entidades

competentes. Isto permitiu elaborar e fundamentar as medidas correctivas em

relação às práticas existentes.

De forma similar, fez-se o mesmo tipo de tratamento relativamente às

práticas de aplicação do electrobisturi no paciente, tendo como objectivo definir

os percursos eléctricos óptimos e de menor risco para o paciente, tendo ainda

sido lançado um inquérito ao corpo clínico com resultados singulares. Com

estes elementos apresenta-se uma análise crítica sobre as práticas existentes

bem como uma proposta de melhoria.

Palavras-chave: Electrobisturi; correntes de fuga; manutenção planeada.

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v

Abstract

This MsC project has the objective to analyze the operation of the most

common electrobisturis existing in hospitals, as well as to define the most

appropriate maintenance policies. To develop this theme, the work was done in

a hospital environment, particularly in “Centro Hospitalar de Coimbra (CHC)”,

which offers a wide variety of such equipment.

The project initiates with the summary of the operating principle of the

electrobisturis as well as their interaction with the patient, which stresses the

importance of electrical circuits that are established in the body of a patient

during a surgery.

The maintenance and security of the electrobisturis are crucial to ensure its

proper functioning, both in the perspective of patients and doctors. This project

examines in detail these aspects, making the state-of-art of existing practices,

analyzing the best practices and proposing solutions to correct this differential.

Under this context, it is made a detailed analysis of the effect of leakage

currents in the patients because their potential of risk of life on these.

To achieve the objectives of the project, they were checked the existing

Work Orders of electrobisturis, as well as the maintenance plans inserted in the

manuals of the manufacturers and even the recommendations of international

authorities. This allowed elaborating and explaining the corrective measures in

relation to existing practices.

Similarly, it was done the same kind of treatment in relation to practical

application of electrobisturi in the patient, aiming to define the optimal electrical

paths that minimize the risk to the patient. Additionally, it has been released a

survey to the Medical professionals without bond. Based on these elements it is

presented a critical analysis of existing practices and a proposal of

improvement.

KEYWORDS: Electrobisturi; Leakage current; Planned maintenance.

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ÍNDICE Agradecimentos ............................................................................................... iii Resumo ............................................................................................................. iv Abstract ............................................................................................................. v Letras e Símbolos .......................................................................................... xiii Definições ......................................................................................................... 1

Tetanização ........................................................................................... 1

Fibrilhação ou Fibrilação ....................................................................... 1

Hemostase ............................................................................................ 1

Coagulação ........................................................................................... 1

Necrose ................................................................................................. 2

Dessecar ............................................................................................... 2

Dissecar ................................................................................................ 2

Oximetria ............................................................................................... 2

Oxímetro de Pulso................................................................................. 2

Factor de Crista ..................................................................................... 3

Lei de Joule: .......................................................................................... 4

Corrente de Fuga .................................................................................. 4

Duty Cycle ............................................................................................. 6 Acrónimos ......................................................................................................... 7

1. Nota Introdutória ................................................................................. 8 2. Funcionamento do Electrobisturi .................................................... 10

2.1. O que é um Electrobisturi? .................................................................. 10

2.2. Condutibilidade Eléctrica do Corpo Humano ....................................... 12 2.3. Reacção do Organismo a uma Corrente Eléctrica .............................. 13

2.4. Utilização de Corrente de Alta Frequência para Electrocirurgia .......... 15 2.5. Efeitos Térmicos das Correntes de Alta Frequência / Princípio de Funcionamento ............................................................................................. 15 2.6. Reacções dos Tecidos aos Efeitos Térmicos ...................................... 16

2.7. Temperaturas de 70ºC a 100ºC .......................................................... 17 2.8. Temperaturas Ligeiramente Superiores a 100ºC ................................ 18

2.9. Temperaturas Muito Elevadas Ultrapassando Várias Centenas de Graus ............................................................................................................ 18 2.10. Obtenção das Diferentes Temperaturas Necessárias ao Corte e à Coagulação ................................................................................................... 19 2.11.Tipos de Correntes produzidas pelos Bisturis Eléctricos e seus efeitos21

2.11.1. Corrente não Modulada ............................................................ 21

2.11.2.Corrente Modulada, com intervalos nulos ................................... 22

2.11.3.Corrente de AF com Ondas Amortecidas ................................... 24 2.12. Exemplos de Electrobisturis ................................................................ 25

2.12.1Electrobisturi ERBE ICC 350 26 2.12.2.Electrobisturi Martin ME 411 27 2.12.3.Electrobisturi Statome 910 28

2.12.4.Electrobisturi Valleylab Force Fx 31 Função Bipolar ...................................................................................... 32 Função de Corte .................................................................................... 33 Função de Coagulação.......................................................................... 34 Sistema de Protecção REM ................................................................... 35

2.13. Bisturis tipo B, CF e BF ....................................................................... 36

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vii

2.13.1.Aparelhos de Tipo B 36 Razões da retirada de funcionamento .. 37

2.13.2.Aparelhos de Tipo CF (Monopolares e Bipolares) ..................... 37 2.13.3.Aparelhos de Tipo BF ................................................................ 38

2.14. Requisitos complementares dos electrobisturis .................................. 38 2.14.1.Cuidados a ter com as massas flutuantes ................................. 38 2.14.2.Importância do Eléctrodo Placa ................................................. 38 2.14.3.Segurança da Placa Tipo ........................................................... 40 2.14.4.Placa de Zona Dupla ................................................................. 42

2.14.5.Eléctrodos Activos ..................................................................... 43 2.14.6.Instalação do Doente ................................................................. 46

Isolamento do Doente em Relação à Mesa ........................................ 46

Isolamento em Relação aos Acessórios da Mesa ............................... 47

Isolamento Em Relação aos Outros Equipamentos ............................ 47

Isolamento de Pele contra Pele .......................................................... 47

Colocação do eléctrodo neutro (placa) ................................................ 47

Ligação da Placa ................................................................................. 51 2.15. Electrobisturi em pacientes com Próteses e ou Pacemaker ............... 51

2.15.1.Problemas com Electrobisturis .................................................. 53

3. Transformadores de Isolamento ...................................................... 58

4. Correntes de Fuga............................................................................. 66 5. A manutenção de electrobisturis ..................................................... 71

5.1. Testes de Manutenção ........................................................................ 71 5.1.1.Auto-Teste ................................................................................... 71 5.1.2.Inspeccionar o Electrobisturi e Acessórios ................................... 73

5.1.3.Inspecção Interna dos Componentes .......................................... 73

5.1.4.Teste ao Sistema REM ................................................................ 74 5.1.5.Confirmar as Saídas .................................................................... 74 5.1.6.Verificação da saída Bipolar ........................................................ 75

5.1.7.Verificar o Modo Monopolar, Função de Corte ............................ 76 5.1.8.Verificar o Modo Monopolar e a Função de Coagulação ............. 77

5.1.9.Teste de fuga de Correntes de Baixa Frequência e Resistência de Terra .............................................................................................. 78

5.1.10.Teste de fuga ao chassis, ou fuga pelo condutor terra .............. 78 5.1.11.Teste de fuga de Correntes de Alta-frequência ......................... 79

5.1.12.Teste de correntes de fuga de Alta-Frequência no modo Monopolar ..................................................................................... 79

5.1.13. Teste de correntes de fuga de Alta-Frequência no modo Bipolar80 5.1.14.Folha de testes para manutenção .............................................. 80

6. Planeamento da manutenção de electrobisturis ............................ 84 6.1. Software de Apoio ao Planeamento de Manutenção .......................... 86

6.1.1.Características das ferramentas utilizadas .................................. 87

6.1.2.Software de apoio ao planeamento ............................................. 92 7. Gestão e controlo da manutenção de electrobisturis .................. 105

7.1. Serviços de manutenção subcontratados ......................................... 105 8. Análise de fiabilidade ...................................................................... 110

Valleylab Force E2 S.N. F9L3967B ............................................... 110

Valleylab Force E2 S.N. F9L3773B ................................................. 111 Valleylab Force E2 S.N. F9L3771B ................................................. 111 Valleylab Force E2 S.N. F9L3770B ................................................. 112

Valleylab Force E2 S.N. F9L3769B ................................................. 112

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viii

Birtcher 4400 S.N. 32125008 .......................................................... 112

Birtcher 4400 S.N. 30132010 .......................................................... 113 9. O electrobisturi e o cirurgião ......................................................... 114

9.1. Experiência no Bloco Operatório ....................................................... 114 9.2. Inquérito distribuído aos Cirurgiões ................................................... 115 9.3. Análise aos resultados do Inquérito .................................................. 115

10. Conclusões ...................................................................................... 117 11. Desenvolvimentos futuros ............................................................. 118

Apêndice 1 - Inquérito Distribuído .................................................................. 120 Apêndice 2- Inquérito Preenchido .................................................................. 126 Apêndice 3 - Fluxograma de uma OT ............................................................ 132 Bibliografia Referenciada ............................................................................ 138 Bibliografia Não Referenciada .................................................................... 141

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ix

Lista de Figuras

Figura 1.1- Exemplo de aplicação sensor Oxímetro 3

Figura 1.2 - Esquema de corrente de fuga 6

Figura 2.1 - Ligação Monopolar e Bipolar 11

Figura 2.2 - Influência da frequência no sistema neuro-muscular 14 Figura 2.3 - Potência de contacto (A - Eléctrodo de Contacto; B – Paciente; C - Placa termicamente neutra 30mmx30mm) 16

Figura 2.4 - Temperatura de 70ºC a 100ºC; solidificação=coagulação=hemóstase 18 Figura 2.5 - Temperatura Sup. a 100ºC, vaporização = rebentamento = Efeito de secção 18 Figura 2.6 - Temperatura muito elevada em superfície=carbonização=destruição dos tecidos 19 Figura 2.7 - Corrente AF não modulada. Com um eléctrodo fino, permite o corte puro; com uma bola ou pinça larga, provoca a coagulação branca 21 Figura 2.8 - Fonte AF para corte puro (sangrante) - Tensão de amplitude 2700V; Factor de crista 1,8 a 350Ω 21

Figura 2.9 - Logótipo de corte puro, também chamado corte sangrante 22

Figura 2.10 - Logótipo de coagulação branca, também chamada coagulação doce 22

Figura 2.11 - Corrente AF com modelação através duty cycle 23

Figura 2.12 - Corrente AF para corte com hemostase 23

Figura 2.13 - Corrente AF para coagulação de contacto 24

Figura 2.14 - Logotipo AF para corte com hemostase 24 Figura 2.15 - Ondas amortecidas - Com eléctrodos pontiagudos, permitem a coagulação por faíscas, devido à tensão elevada 25

Figura 2.16 - Logotipo Fulguração Spray 25

Figura 2.17 - ERBE ICC 350 26

Figura 2.18 - Quatro cortes com diversas potências de coagulação 27

Figura 2.19 - Electrobisturi Martin ME 411 27

Figura 2.20 - Electrobisturi Statome 910 28

Figura 2.21 - Display de monitorização, para indicação da função 29

Figura 2.22 - Dois canais independentes, Menu de testes e manutenção. 29

Figura 2.23 - Detecção da ligação da placa de massa 30

Figura 2.24 - Valleylab FORCE FX 31

Figura 2.25 - Painel Frontal em Detalhe 32

Figura 2.26 - Painel ilustrando o Funcionamento Bipolar 32

Figura 2.27 - Painel Funcionamento função Corte 33

Figura 2.28 - Painel Funcionamento função Coagulação 34

Figura 2.29 - Sistema de Protecção REM 35

Figura 2.30 - Eléctrodo de Neutro de zona única 41

Figura 2.31 - Foto de Eléctrodo Neutro de zona única 41

Figura 2.32 - Eléctrodo de Neutro de zona dupla 42

Figura 2.33 - Foto Eléctrodo de Neutro de zona dupla 43

Figura 2.34 - Manípulo sem controlo digital 43

Figura 2.35 - Manípulo com controlo digital 44

Figura 2.36 - Eléctrodo Agulha 44

Figura 2.37 - Eléctrodo Faca 44

Figura 2.38 - Eléctrodo Espátula 45

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x

Figura 2.39 - Eléctrodo Bola 45

Figura 2.40 - Eléctrodo Ansa 45

Figura 2.41 - Eléctrodo Bipolar 46

Figura 2.42 - Zona de Colocação Eléctrodo Placa 49

Figura 2.42 - Zona de Colocação Eléctrodo Placa 54

Figura 2.44 – Sequelas da queimadura após tratamento da mesma 54 Figura 2.45 – Sequelas de queimadura por posicionamento incorrecto da placa de retorno 55

Figura 2.46 – Imagem explicativa da situação ocorrida 55

Figura 2.47 – Imagem explicativa do posicionamento correcto 56

Figura 2.48 – Queimadura através de corrente eléctrica 57

Figura 3.1 – O Transformador 58

Figura 3.2 – Princípio de Funcionamento do Transformador 59

Figura 3.3 – Transformador Monofásico Sistema IT 60

Figura 3.4 – Esquema de Ligação à Terra (SISTEMA IT) 61 Figura 3.5 – Transformadores de Isolamento de uma Sala do Bloco Operatório do CHC 61

Figura 3.6 – Transformadores de Isolamento do novo Bloco Operatório do CHC 62

Figura 3.7 - Consola de monitorização permanente do sistema 63

Figura 3.8 - Consola “Slave” de monitorização do sistema 64

Figura 3.9 - Quadro Eléctrico de uma das salas novas do Bloco 64

Figura 3.10 - Analisador de Rede LEGRAND 65

Figura 4.1 - Painel de Isolamento do Bloco Operatório 67

Figura 4.2 - Detalhe do painel de controlo da corrente de fuga máxima 67

Figura 4.3 - Detalhe superior do pavimento de corredor e do piso isolante 68

Figura 4.4 - Detalhe inferior do pavimento de corredor e do piso isolante 69

Figura 4.5 - Fita de Massa no chão do bloco 69

Figura 4.6 - Ligação da fita isolante à Terra do Bloco 70

Figura 4.7 – Imagem Final da ligação da fita isolante à Terra do Bloco 70

Figura 5.1 - Tabela de Diagnóstico de Erros 72

Figura 5.2 - Circuito para detecção de Correntes de Fug 75

Figura 5.3 - Folha de manutenção a aplicar nos testes dos electrobisturis 82

Figura 5.4 - Folha de Manutenção da AHA 83

Figura 6.1a - Folha de Manutenção do fabricante MARTIN 84

Figura 6.1b - Folha de Manutenção do fabricante MARTIN pag 2 85

Figura 6.3 - Acesso ao phpMyAdmin 88

Figura 6.4 - Programa Notepad++ 89

Figura 6.5a - Imagens do Ambiente de Trabalho do Ubuntu 10.10 90

Figura 6.5b - Ambiente de Trabalho do Ubuntu 10.10, com Skin MAC 90

Figura 6.6 - Programa Bluefish, editor php 91

Figura 6.7 - Programa LAMP, servidor 91

Figura 6.8 - Mozilla Firefox em Ubuntu 92

Figura 6.9 - Página de Entrada 93

Figura 6.10 - Listagem de Electrobisturis 94

Figura 6.11 – Opção Adicionar no Electrobisturi 94

Figura 6.12 - Equipamento Adicionado com sucesso 95

Figura 6.13 - Equipamento Adicionado sem sucesso 95

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xi

Figura 6.14 - Consultar Valores de Referência 96

Figura 6.15 - Consultar Valores de Referência Valleylab 96

Figura 6.16 - Consulta de histórico de intervenções 97

Figura 6.17 - Insere Manutenção 98

Figura 6.18 - Manutenção Inserida Com Erros 99

Figura 6.19 - Mensagem com indicação de campo vazio 99

Figura 6.20 - Manutenção Inserida sem Erros 100

Figura 6.21 - Consulta de Erros 101

Figura 6.22 – Impressão da Folha de Manutenção 102

Figura 6.23 – Próximas intervenções de Manutenção 103

Figura 7.1a – Folha de Manutenção Empresa Externa 106

Figura 7.1b – Folha de Manutenção Empresa Externa, pág 2 107

Figura 7.2 – Aparelho teste RF 302 108

Figura 7.3 – Aparelho teste METRON QA-ST 109

Figura A3.1 – Fluxograma de controlo de uma Ordem de Trabalho 133

Figura A3.2a - Exemplo de uma nota de encomenda, página 1 134

Figura A3.2b - Exemplo de uma nota de encomenda, página 2 135

Figura A3.3a - Exemplo de um Relatório Técnico 136

Figura A3.3b - Exemplo de um Relatório Técnico 137

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Lista de Tabelas

Tabela 2.1- Tabela dos efeitos da corrente eléctrica no corpo humano. 13

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xiii

Letras e Símbolos

Hz Frequência Eléctrica (Hz) Hertz

kHz Frequência Eléctrica (kHz) kiloHertz, 1kHz=1000Hz

V Valor de Tensão (V) Volt

A Valor de Intensidade de Corrente (A) Ampere

mA Valor de Intensidade de Intensidade de Corrente (mA)

miliAmpere, 1mA= 1*10-3A

W Potência Eléctrica (W) Watt

mm Valor de medição de uma distância (mm) milímetro

1mm=1*10-3m

mm2 Valor de uma secção, área ou diâmetro de tubo no contexto do

trabalho (mm2) milímetro quadrado.

1mm2= 1*10-4m2

Ω Valor da Resistência Eléctrica de um material (Ω) Ohm

dB Valor que mede intensidade de Som (dB) Decibel

ø Diâmetro de um objecto circular (mm2) milímetro quadrado

µ Micro, sub múltiplo de uma unidade. 10-6; p. ex. 1 µA= 1*10-6 A

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1

Definições

Ao longo da monografia vão ser apresentados termos e acrónimos que são

sumariados seguidamente.

Tetanização

É a paralisia muscular provocada pela circulação de corrente através dos

nervos que controlam os músculos. A corrente supera os impulsos eléctricos

que são enviados pelo cérebro e anula-os, podendo bloquear um membro ou o

corpo inteiro, e de nada vale, nestes caso, a consciência do indivíduo e a sua

vontade em interromper o contacto [1].

Fibrilhação ou Fibrilação

A corrente quando atinge o coração poderá perturbar o seu funcionamento,

provocando “actividade contínua, não coordenada, anormal, do miocárdio”. A

fibrilhação é um fenómeno irreversível que se mantém mesmo depois de retirar

o contacto do indivíduo com a corrente eléctrica, só podendo ser anulada

mediante o emprego de um equipamento conhecido por ''desfibrilador'' [2].

Hemostase

“Conjunto dos fenómenos fisiológicos responsáveis pela paragem de uma

hemorragia, que incluem: a) vasoconstrição; b) formação do agregado

plaquetário; c) coagulação e; d) Interrupção de uma hemorragia por meios

físicos ou químicos (Hemostase provocada)” [3].

Coagulação

“Fenómeno pelo qual um líquido orgânico (sangue, leite) se transforma

numa massa sólida (coágulo) e deixa suar um líquido transparente (soro). A

coagulação do sangue, que provoca a formação de um coágulo, é um

fenómeno muito complexo que, para além das plaquetas e da fibrina, faz

intervir certos elementos minerais (cálcio) e diversas proteínas com actividade

enzimática denominadas factores de coagulação” [4].

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2

Necrose

“Necrose é o estado de morte de um tecido ou parte dele num organismo

vivo. A necrose é sempre um processo patológico e desordenado de morte

celular causada por factores que levam à lesão celular irreversível e

consequente morte celular. Alguns exemplos destes factores são a hipoxia,

agentes químicos tóxicos ou agentes biológicos que causem dano directo ou

desencadeiem resposta imunológica danosa, tais como fungos, bactérias e

vírus. A necrose pode ser diferenciada em vários tipos, estando associado a

um determinado tipo de agente lesivo e a características dos tecidos após a

mesma” [5].

Dessecar

Dessecar é “tornar seco”, “enxugar “, secar completamente, emagrecer [6].

Dissecar

Significa separar metodicamente os diferentes órgãos de um animal morto,

ou as partes constituintes desses órgãos para o estudo da sua anatomia.

Através de cirurgia, separa-se ou isola-se, através de uma operação, qualquer

órgão afectado de enfermidade [7].

Oximetria

“Método rápido de medida da saturação do oxigénio no sangue, baseado

na diferença da absorção da luz vermelha entre a oxiemoglobina e a

hemoglobina reduzida, realizada por meio do Oxímetro que utiliza um sistema

fotoeléctrico. As variações da saturação em oxigénio do sangue arterial e do

sangue venoso têm grande importância no diagnóstico das cardiopatias

congénitas ou adquiridas” [8].

Oxímetro de Pulso

“Um oxímetro de pulso é um dispositivo médico que mede indirectamente a

quantidade de oxigénio no sangue de um paciente. Em geral é anexado a um

monitor, para que os médicos possam ver a oxigenação ao longo do tempo. A

maioria dos monitores também mostra a frequência cardíaca.

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3

O monitor exibe a percentagem de hemoglobina arterial na configuração de

oxiemoglobina. As taxas normais são da ordem de 95 a 100%. Para um

paciente a respirar ar ambiente, a uma altitude não longe do nível do mar, pode

ser feita uma estimativa da pressão de oxigénio arterial (pO2) a partir da leitura

da saturação do oxigénio no sangue (SpO2).

O oxímetro de pulso é particularmente conveniente por ser não invasivo.

Tipicamente, ele consiste num par de pequenos díodos emissores de luz frente

a fotodíodos, através de uma parte do corpo do paciente translúcida (tal como

a ponta dos dedos ou lóbulo da orelha).” [9].

Figura 1.1- Exemplo de aplicação sensor Oxímetro

Factor de Crista

De acordo com [10], o Factor de Crista “é a relação entre o valor de crista ou valor de pico de uma corrente ou tensão (Im ou Um) e o valor eficaz.

“,

sendo,

Im- Amplitude da corrente (A)

Ief- Valor da corrente Eficaz (A)

Um- Amplitude da Tensão (V)

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Uef- Valor da Tensão Eficaz (V)

Lei de Joule:

De acordo com [11], a Lei de Joule (também conhecida como efeito Joule)

é uma lei física que expressa a relação entre o calor gerado e a corrente

eléctrica que percorre um condutor em determinado tempo. O nome é devido a

James Prescott Joule (1818-1889) que estudou o fenómeno em 1840. Esta lei

pode ser expressa por:

onde:

P é o calor gerado por uma corrente constante percorrendo uma

determinada resistência eléctrica durante determinado intervalo de

tempo.

I é a corrente eléctrica que percorre o condutor com determinada

resistência R.

R é a resistência eléctrica do condutor.

t é a duração ou espaço de tempo em que a corrente eléctrica percorreu

o condutor.

Se a corrente não for constante em relação ao tempo, vem:

Corrente de Fuga

Quando se fala num circuito eléctrico em geral, não é necessário ser

exclusivamente nos electrobisturis; para haver circulação de corrente eléctrica

é necessário que exista um circuito fechado, isto é, um anel em que a corrente

eléctrica sai do pólo positivo, circula pelo caminho mais curto (caminho com

menor resistência à passagem da corrente) e retorna ao pólo negativo.

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Idealmente, toda a corrente que sai pelo pólo positivo, que no caso do

electrobisturi é através do eléctrodo activo, retorna através do eléctrodo placa.

Se, eventualmente, a corrente encontrar algum “trajecto” que ofereça menos

resistência até chegar ao pólo negativo, vai fluir por esse lado, tendo-se uma

fuga de corrente. Na figura seguinte pode verificar-se que a corrente encontra

um caminho alternativo, fluindo pela terra; esta situação cria uma corrente de

fuga e pode provocar danos graves no paciente.

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Figura 1.2 - Esquema de corrente de fuga

Duty Cycle

Este termo é normalmente associado a circuitos digitais; corresponde à

relação entre o tempo em que o sinal se encontra no nível lógico 1, e o tempo

total da onda, isto é, o período. O resultado pode ser dado em percentagem,

multiplicando o resultado por 100%.

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Acrónimos

AF - Alta Frequência

CHC - Centro Hospitalar Coimbra

RF - Rádio Frequência

RMS (Root Mean Square) - Valor eficaz de uma grandeza alternada (para uma

carga resistiva dá o valor que produziria o mesmo efeito que uma corrente

contínua; no caso de uma grandeza sinusoidal, o valor eficaz é igual ao valor

máximo a dividir por 2).

AHA – American Hospital Association

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1. Nota Introdutória

Para iniciar o desenvolvimento do tema proposto, é necessário enquadrá-lo

no seu contexto. O autor é aluno do Curso de Mestrado de Instalações e

Equipamentos em Edifícios do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra,

tendo sido a área médica a que lhe despertou maior interesse, por considerar

extremamente importante a junção da medicina com a electrónica; estas duas

ciências estão mais ligadas que nunca, sendo, actualmente, impensável pensar

na medicina sem recurso aos instrumentos e a tecnologias electrónicas.

Quando questionado sobre os temas a desenvolver no trabalho final, o autor

sugeriu de imediato um tema ligado à área médica. Esta sugestão foi atendida

e, juntamente com o Centro Hospitalar de Coimbra (CHC) foram propostos

vários temas passíveis de desenvolvimento, dos quais foi escolhido o de

“Fugas de Corrente em Equipamento Médico”, particularizando este tema aos

electrobisturis. Pode questionar-se a razão desta escolha, atendendo a que

existem centenas de equipamentos que poderiam ser estudados. A razão

relaciona-se com um histórico de problemas ocorridos no bloco operatório do

CHC, que resultou em algumas queimaduras nos doentes. Como estas

situações devem ser evitadas até ao limite do conhecimento científico e dos

recursos disponíveis, importa encontrar as suas causas. O presente projecto de

mestrado tende a dar resposta às perguntas possíveis, a descobrir as possíveis

causas e, sobretudo, procurar as soluções para que aquelas não voltem a

acontecer.

Em termos globais a monografia está estruturada em dez capítulos e três

apêndices:

No capítulo 2, apresenta-se o funcionamento do electrobisturi,

designadamente na sua interacção com o paciente, princípio de

funcionamento eléctrico, funções de corte, acessórios utilizados,

cuidados a ter e situações de acidentes.

No capítulo 3, apresenta-se o funcionamento do transformador de

isolamento, a sua importância e, em particular, o transformador

instalado no novo bloco operatório do CHC.

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No capítulo 4, analisam-se as correntes de fuga, bem como as

situações que proporcionam a sua ocorrência, e de como se podem

evitar. Analisam-se ainda os sistemas de protecção, e a instalação de

piso isolante no bloco operatório.

No capítulo 5, apresentam-se os sistemas de manutenção, os

procedimentos de manutenção, a folha de manutenção para os

electrobisturis mais usados, bem como planos de manutenção de

referência.

No capítulo 6, apresenta-se uma aplicação informática de apoio à

manutenção, o seu funcionamento e o seu potencial de

generalização a outros hospitais.

No capítulo 7, apresenta-se uma folha de manutenção de uma

entidade externa para comparação com as folhas de referência.

No capítulo 8, apresenta-se uma análise de fiabilidade de alguns

electrobisturis do CHC.

No capítulo 9, apresenta-se um trabalho de campo, a distribuição e

análise dos resultados de um inquérito distribuído aos profissionais

de saúde.

No Capítulo 10, apresentam-se as conclusões do trabalho

desenvolvido

No Capítulo 11, apresentam-se as perspectivas futuras de

desenvolvimento, designadamente as melhorias que se consideram

importantes na sequência do projecto implementado.

No apêndice 1, pode consultar-se o inquérito distribuído.

No apêndice 2, pode consultar-se o inquérito preenchido.

No apêndice 3, pode consultar-se um fluxograma de controlo de uma

ordem de trabalho, assim como os documentos intervenientes.

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2. Funcionamento do Electrobisturi

Os bisturis eléctricos ou electrobisturis são equipamentos com uma longa

história, tendo aparecido por volta de 1925 e sofrido avanços contínuos e

novos melhoramentos, os quais dão às novas gerações de electrobisturis um

melhor desempenho e segurança. Passou-se, assim, a ter máquinas mais

potentes, mais seguras e com tamanhos menores, devendo-se este

melhoramento à inclusão das mais modernas tecnologias de semicondutores.

Além disso, o melhoramento dos materiais de isolamento fez com que se

obtivessem índices de segurança e fiabilidade muito elevados. O incremento na

qualidade dos acessórios, e a sua variedade e versatilidade, permitiram ao

electrobisturi tornar-se num dos equipamentos essenciais a uma cirurgia. No

entanto, apesar de não ser um equipamento recente, e de ser muito comum em

medicina ambulatória, e odontologia, a sua utilização é inferior ao esperado. A

causa da subutilização deste equipamento encontra-se no "respeito" que este

tipo de instrumento continua a impor a muitos especialistas. Esta prudência na

sua utilização é o resultado da insegurança causada pela falta de formação

técnica sobre o seu funcionamento, designadamente ao nível técnico do

médico, uma vez que o electrobisturi é usado nos mesmos casos que o bisturi

manual e quase da mesma forma. É um facto que o especialista que trabalhe

em electrocirurgia o faz com frequência, o que dá azo a que esta ferramenta se

torne comum e, muitas vezes, essencial nas suas operações; mas, outros

profissionais, que não o fazem com tanta frequência, mostram alguns receios

no seu manuseamento, e optam pelo uso do bisturi manual [12], [22], [23].

2.1. O que é um Electrobisturi?

Um electrobisturi, é um dispositivo electrónico que gera corrente de alta

frequência, com o qual se podem cortar ou eliminar os tecidos moles. Os

princípios físicos que sustentam a sua função estão intimamente relacionados

com as propriedades energéticas de partículas elementares, tais como as

variações na energia electrónica, sob a forma de energia electromagnética

irradiada, e vice-versa. Um fluxo de electrões tem um determinado grau de

dificuldade em se movimentar de acordo com a resistência que encontra no

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seu caminho e, portanto, necessita de energia para o seu progresso. As

correntes de alta frequência são aplicadas no paciente através de dois

eléctrodos ligados ao bisturi eléctrico. A corrente circula entre:

Um eléctrodo com uma fraca superfície de contacto (agulha, ansa, bola,

pinça) chamado eléctrodo activo;

Um eléctrodo de grande superfície (placa) chamado, geralmente, de

eléctrodo neutro.

Este tipo de ligação é chamado monopolar.

Figura 2.1 - Ligação Monopolar e Bipolar

A utilização bipolar consiste no uso de pinças ou de outros instrumentos

específicos, em que os dois ramos formam eléctrodos que são isolados um em

relação ao outro, e ligados separadamente a um gerador de Alta Frequência

(AF) autónomo. Em ambos os casos, a corrente circula entre os dois eléctrodos

(figura 2.1 - lado direito).

O paciente constitui-se como um elemento condutor num circuito eléctrico.

Quando o cirurgião activa o bisturi, com o pedal ou com um comando digital, a

corrente produzida pelo gerador de AF atinge o doente pelo cabo, e o seu

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manípulo, equipado com um eléctrodo metálico fino aplicado sobre os tecidos a

operar, atravessa uma parte do corpo para atingir o eléctrodo-placa aplicado

sobre a pele e volta pelo cabo da placa para o gerador AF, fechando assim o

circuito.

De salientar que, tratando-se de uma corrente de AF, não há sentido de

circulação nem de polaridade específica ao nível das ligações do manípulo e

da placa. A denominação de placa como neutro pode prestar-se a confusão:

com efeito, a placa não é electricamente neutra, mas termicamente neutra [12].

2.2. Condutibilidade Eléctrica do Corpo Humano

O corpo humano é composto por 60% de água, 39% de matérias orgânicas

(lípidos, prótidos, glúcidos) e 1% de sais minerais. O corpo humano é condutor

de electricidade devido à presença de iões de sódio e de cloro (sal) nos

líquidos celulares e intersticiais; a concentração média de cloro é de 7g por

litro.

Integrado num circuito eléctrico (entre o eléctrodo activo e a placa), o corpo

humano permite a passagem de uma corrente eléctrica; não é, no entanto, um

condutor perfeito e opõe uma certa resistência à passagem de corrente.

A resistência eléctrica dos tecidos humanos é variável em função da sua

situação e da sua constituição; depende igualmente do doente, da sua idade,

do seu estado de hidratação, da temperatura do corpo, etc.

A resistência eléctrica dos tecidos internos é da ordem de 300Ω a 500 Ω e

depende muito da sua vascularização.

A resistência eléctrica da pele é mais elevada, situando-se entre 1000Ω e

vários milhares de Ohm.

A resistência (impedância, quando se trata de correntes alternadas) é

igualmente função da natureza da tensão e das correntes eléctricas aplicadas

[12].

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2.3. Reacção do Organismo a uma Corrente Eléctrica

A tensão fornecida pela rede eléctrica que serve para alimentar os

equipamentos domésticos, a iluminação, e restantes dispositivos é de 230V/

50Hz. Contrariamente a uma tensão contínua, por exemplo de uma bateria de

automóvel, onde a corrente se desloca num mesmo sentido entre o pólo

negativo e o positivo, a corrente alternada muda periodicamente o sentido; em

algumas situações pode-se alterar também a sua frequência, isto é, o número

de ciclos por segundo.

Quando o corpo humano, acidentalmente, sofre um choque eléctrico da

tensão de rede (230V/ 50Hz) é atravessado por uma corrente eléctrica,

correndo o risco de electrocussão. As correntes de baixa frequência, isto é, até

3000Hz têm uma acção excito-motora sobre os nervos e os músculos, podendo

provocar contracções, tetanizações e fibrilhações cardíacas.

Uma intensidade de 30 miliamperes (mA) provoca uma tetanização dos

músculos respiratórios; uma intensidade de 100mA pode provocar a morte por

paragem cardíaca (tabela 2.1) [12].

Tabela 2.1- Tabela dos efeitos da corrente eléctrica no corpo humano.

As electrocussões são, em geral, acompanhadas de queimaduras ao nível

do contacto do corpo com os condutores eléctricos. Com efeito, no local onde o

contacto eléctrico se faz com a pele, esta opõe uma certa resistência à

passagem da corrente e provoca um efeito térmico importante. Existem três

efeitos que a corrente eléctrica tem no corpo humano, o chamado efeito

farádico, o efeito electrolítico e o efeito térmico.

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No Efeito farádico, as células de fácil estimulação, tais como as células

nervosas e os músculos, são estimulados pela corrente eléctrica. A

estimulação do tecido humano é máxima quando a frequência da corrente

eléctrica é de 100Hz, diminuindo se a frequência aumenta até perder o seu

efeito nocivo, figura 2.2.

Figura 2.2 - Influência da frequência no sistema neuro-muscular

O Efeito Electrolítico acontece devido à corrente eléctrica no tecido

biológico, uma corrente de electrões, que são as partículas mais pequenas

carregadas de electricidade. No caso da corrente contínua, os electrões

deslocam-se do pólo negativo para o pólo positivo. No local dos pólos, os

tecidos biológicos sofrem danos. Portanto, o uso da corrente contínua não é

adequado para cirurgia. Se for utilizada corrente alternada de alta frequência,

os electrões estão constantemente a mudar de direcção e não causam danos

nos tecidos.

O Efeito térmico deve-se ao facto da corrente eléctrica aquecer os tecidos

na zona dos eléctrodos; este assunto será explorado no ponto seguinte.

A electrocirurgia consiste em utilizar o efeito térmico de uma corrente

eléctrica eliminando-lhe os riscos inerentes à frequência.

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2.4. Utilização de Corrente de Alta Frequência para

Electrocirurgia

A frequência da rede, 50Hz, é perigosa; a escolha desta frequência é

essencialmente de ordem técnica e prática ao nível da rede de transporte.

Quando se aumenta a frequência para valores muito elevados, superiores

a 200kHz, constata-se que o organismo já não consegue seguir o ritmo das

impulsões, atendendo a que há apenas reacções neuromusculares a estímulos

muito numerosos e muito breves.

As correntes de Alta Frequência não têm nenhuma acção excito-motora

sobre o organismo humano. O seu único efeito consiste num

sobreaquecimento dos tecidos orgânicos [12]

2.5. Efeitos Térmicos das Correntes de Alta Frequência /

Princípio de Funcionamento

O Electrobisturi trabalha com correntes de Alta Frequência, em geral de

300kHz a 500kHz e, tal como atrás referido, a estas frequências não há

reacções neuromusculares.

Pelo contrário, o efeito térmico produz-se segundo a Lei de Joule, que

define a transformação de energia eléctrica em energia térmica segundo a

fórmula:

W=R.I2.t

W exprime a quantidade de calor produzido (Watt), que depende da resistência

dos tecidos atravessados, do quadrado da corrente eléctrica I2 - (em Amperes),

e da duração da acção. - t - (em segundos).

A intensidade da corrente por unidade de superfície chama-se densidade

de corrente. Quando o electrobisturi está em actividade, o doente é

atravessado por uma corrente de AF que lhe é aplicada graças a um eléctrodo

de fraca superfície de contacto (agulha, bolha, pinça) e um eléctrodo de grande

superfície de contacto (placa).

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A densidade de corrente é muito forte ao nível do ponto de contacto do

eléctrodo. É ali que se produzirá a elevação máxima da temperatura e o

eléctrodo se tornará num eléctrodo activo.

Ao nível do contacto com o grande eléctrodo (placa), a densidade de

corrente é fraca, e o efeito térmico neutro. De facto, a elevação da temperatura

é proporcional ao quadrado da densidade de corrente. É de salientar que,

quanto mais pequena for a superfície de contacto, maior será a densidade de

corrente, e maior será o efeito térmico.

O efeito térmico final depende, evidentemente, da resistência do ponto de

contacto, que é diferente mediante a zona onde se está a operar, e depende

ainda do tipo de tecidos - se for pele tem um valor, se forem tecidos

musculares outro, se forem tecidos adiposos ainda outro, etc. A resistência

total compreendida entre o eléctrodo activo e a placa intervém igualmente, mas

em menor dimensão [12]

Figura 2.3 - Potência de contacto (A - Eléctrodo de Contacto; B – Paciente; C - Placa

termicamente neutra 30mmx30mm)

Supondo um eléctrodo de contacto de 1mm2 a funcionar a 300W, o que

significa que se tem 300W/1mm2. Atendendo a que a placa de retorno tem

900mm2, face à potência de trabalho, tem-se 300W/900mm2, isto é,

0.33W/1mm2, o que significa que a placa e o tecido não sofrem aquecimento,

visto que esta tem uma maior superfície de contacto, logo, baixa resistência.

2.6. Reacções dos Tecidos aos Efeitos Térmicos

A utilização do calor para fins terapêuticos é conhecida desde a

Antiguidade. A cauterização com um ferro quente foi substituída no fim do

século XIX pela utilização de termocautérios eléctricos, nos quais o calor é

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produzido por uma ansa aquecida posta em contacto com os tecidos. O efeito

limita-se a hemostases de aproximação e a necroses de tecidos.

A utilização térmica das correntes de AF permitiu alargar

consideravelmente o campo de aplicação de electrocirurgia. O bisturi eléctrico

permite hoje aos cirurgiões cortes francos e secções com diferentes graus de

hemostase; permite todas as espécies de coagulações, de hemostases, de

vaporizações e de carbonizações, tanto em cirurgia aberta como em cirurgia

endoscópica.

O princípio da electrocirurgia pelas correntes de AF é muito simples. No

local onde o eléctrodo activo é aplicado, a corrente encontra uma certa

resistência de passagem através dos tecidos e produz-se um

sobreaquecimento pontual. As temperaturas superiores a 45ºC provocam já

uma desnaturação ou uma alteração dos tecidos vivos, em particular ao nível

das proteínas. Temperaturas mais elevadas provocam uma destruição das

células.

O efeito térmico das correntes de AF varia em função da temperatura obtida

por efeito de Joule, constatando-se efeitos diversos [12]

2.7. Temperaturas de 70ºC a 100ºC

Na zona situada à volta do eléctrodo activo obtém-se uma solidificação das

substâncias colóides e do sangue que provoca uma coagulação e um início de

hemostase (figura 2.4).

Os líquidos intracelulares evaporam-se através das membranas celulares,

os tecidos dessecam-se, as células contraem-se e soldam-se em bloco

provocando a clampagem dos capilares e dos pequenos vasos; a hemostase é

eficaz e duradoura. Os eléctrodos mais adaptados a este tipo de coagulação,

chamada coagulação branca ou coagulação de contacto ou ainda coagulação

doce, são eléctrodos em bola, pinças hemostáticas, eléctrodos em navalha,

espátulas ou lancetas aplicadas sobre o plano [12].

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Figura 2.4 - Temperatura de 70ºC a 100ºC; solidificação=coagulação=hemóstase

2.8. Temperaturas Ligeiramente Superiores a 100ºC

Na zona situada à volta de um eléctrodo de tipo agulha, ansa ou lanceta, o

líquido das células vaporiza-se instantaneamente (figura 2.5). O vapor sob

pressão provoca ruptura das membranas celulares e o rebentamento das

células com uma atmosfera de vapor à volta do eléctrodo activo. Este

fenómeno repercute-se sobre as células adjacentes e conduz à criação de uma

cratera e, portanto, à separação dos tecidos. A deslocação do eléctrodo

permite um corte ou uma secção de tecidos” [12].

Figura 2.5 - Temperatura Sup. a 100ºC, vaporização = rebentamento = Efeito de secção

2.9. Temperaturas Muito Elevadas Ultrapassando Várias

Centenas de Graus

Os tecidos são carbonizados em superfície (figura 2.6). As “crostas”

asseguram uma hemostase de superfície e uma acção prolongada pode

conduzir a destruições mais profundas. Estas temperaturas elevadas em

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superfície são produzidas por arcos eléctricos (faíscas) disparados entre o

eléctrodo e os tecidos.

Segundo a natureza destes arcos eléctricos e a distância entre o eléctrodo

e os tecidos, obtêm-se diferentes tipos de coagulação denominados:

Coagulação forçada (o eléctrodo aflora os tecidos);

Coagulação por faíscas ou fulguração, ou spray (o eléctrodo é

mantido a alguns milímetros dos tecidos) - obtém-se a transferência

das faíscas por ionização do ar;

A coagulação em toalha obtém-se com a adjunção do gás árgon

projectado na ponta do eléctrodo; a ionização do gás árgon pela

corrente de fulguração permite um cone homogéneo de coagulação

[12].

Figura 2.6 - Temperatura muito elevada em superfície=carbonização=destruição dos

tecidos

2.10. Obtenção das Diferentes Temperaturas Necessárias ao

Corte e à Coagulação

Vimos que o resultado do acto electrocirúrgico depende da temperatura

obtida nas zonas circunvizinhas ao ponto de contacto do eléctrodo activo com

os tecidos.

A obtenção das diferentes temperaturas depende de vários parâmetros que

intervêm na lei de Joule:

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A natureza dos tecidos sobre os quais a corrente é aplicada - A

impedância pode ir de 100Ω até uns milhares de ohm;

A superfície de contacto do eléctrodo activo - Segundo os seus

tamanhos e os seus modelos, os diferentes eléctrodos têm

superfícies de contacto que vão de 1mm2 a 50mm2. De notar que

com potência igual, quanto mais pequena é a superfície de contacto,

mais forte é a densidade de corrente aplicada na superfície e, por

sua vez, maior é o efeito térmico;

O tempo de contacto com os tecidos e a velocidade de deslocação

do eléctrodo activo - A duração da aplicação aumenta o efeito

térmico;

A potência dos geradores de AF é regulável pelo médico, ou outro

profissional que esteja a utilizar - As correntes de AF produzidas

pelo ou pelos geradores que constituem o electrobisturi têm

características diferentes que favorecem um ou vários tipos de

função (corte franco, corte com hemostase, coagulação branca,

fulguração, etc.); um selector ou um conjunto de programas permite

ao utilizador fazer as regulações que pretende.

Tendo, à partida, uma corrente de AF de +/- 500kHz, as diferentes

correntes disponíveis no bisturi eléctrico diferenciam-se:

Pela forma das suas ondas e do seu grau de modelação (Ajuste do

Duty Cycle);

Pela sua tensão;

Pelo seu factor de crista.

Os diferentes fabricantes de bisturis eléctricos propõem soluções e

escolhas técnicas ditadas pela experiência e efeito final desejado [12].

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21

2.11. Tipos de Correntes produzidas pelos Bisturis

Eléctricos e seus efeitos

2.11.1. Corrente não Modulada

Os bisturis modernos dispõem de várias teclas no painel frontal que

permitem seleccionar os diferentes modos de funcionamento incluindo o de

coagulação.

Uma corrente não modulada com uma potência relativamente elevada,

aplicada por meio de um eléctrodo fino (fraca superfície de contacto e com

densidade de corrente elevada), aquece instantaneamente os tecidos a mais

de 100 ºC e faz rebentar as células - permite um corte franco sem hemostase e

sem escarificação adicional chamado corte puro ou sangrante [12].

Figura 2.7 - Corrente AF não modulada. Com um eléctrodo fino, permite o corte

puro; com uma bola ou pinça larga, provoca a coagulação branca

Figura 2.8 - Fonte AF para corte puro (sangrante) - Tensão de amplitude 2700V; Factor de crista 1,8 a 350Ω

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22

Figura 2.9 - Logótipo de corte puro, também chamado corte sangrante

Figura 2.10 - Logótipo de coagulação branca, também chamada coagulação doce

Uma corrente fracamente modulada mas de forte potência aplicada por um

eléctrodo com maior superfície de contacto (bola grande, lanceta, lâmina e,

sobretudo, por pinça hemostática) provoca uma densidade de corrente mais

fraca, portanto, uma elevação de temperatura menor (cerca de 80ºC a 90ºC), o

que produz uma coagulação das substâncias coloidais e uma dessecação dos

tecidos. A produção muito fraca de faíscas permite uma coagulação branca ou

uma cozedura dos tecidos em profundidade, assim como uma hemostase entre

pinça sem incrustação nos bordos [12].

2.11.2. Corrente Modulada, com intervalos nulos

A corrente modulada com duty cycle inferior a 100% tem um efeito prático

de, durante parte do ciclo, a saída ser igual a 0. Este silêncio produzido em

ciclo provoca uma queda de temperatura abaixo de 100ºC e, por conseguinte,

uma coagulação e hemostase de secção incisa. A relação entre os períodos

activos e os silêncios condiciona o efeito de coagulação aquando do corte.

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23

Figura 2.11 - Corrente AF com modelação através duty cycle

Figura 2.12 - Corrente AF para corte com hemostase

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24

Figura 2.13 - Corrente AF para coagulação de contacto

Figura 2.14 - Logotipo AF para corte com hemostase

2.11.3. Corrente de AF com Ondas Amortecidas

Uma corrente de AF com uma elevada modulação resulta em ondas

amortecidas, com picos de tensão até 6.500V, e produz faíscas na ponta do

eléctrodo.

Pode obter-se uma fulguração ou coagulação spray, na qual os tecidos são

carbonizados superficialmente e provocam a hemostase rápida dos pequenos

vasos. Segundo os modelos e os fabricantes, encontra-se um número mais ou

menos importante de programas especializados, em particular para as

ressecções sob irrigação e a cirurgia endoscópica, para a secção bipolar com

ou sem hemostase, para a coagulação doce, etc. Os diferentes tipos de

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25

correntes, representadas pelos logótipos padronizados, seleccionam-se através

das teclas do aparelho [12].

Figura 2.15 - Ondas amortecidas - Com eléctrodos pontiagudos, permitem a

coagulação por faíscas, devido à tensão elevada

Figura 2.16 - Logotipo Fulguração Spray

2.12. Exemplos de Electrobisturis

Neste ponto são apresentados alguns modelos de electrobisturis existentes

no mercado assim como algumas das suas características mais importantes,

dando-se particular relevo aos electrobisturis existentes no CHC.

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26

2.12.1 Electrobisturi ERBE ICC 350

Figura 2.17 - ERBE ICC 350

Para o electrobisturi apresentado na figura 2.17, podem-se resumir

algumas das suas características apresentadas pelo fabricante:

CUT CONTROL - Controlo de corte automático para cortes perfeitos;

Corte de alta qualidade com um mínimo de necrose;

Coagulação suave para se conseguir uma coagulação suave,

controlada e precisa;

Corte e coagulação bipolar para uma segurança acrescida;

Função Spray para uma coagulação superficial eficiente;

Dois canais independentes para coagulação com ajuste individual;

Capacidade de programar até 11 programas;

Memória de códigos de erro, para um melhor debug;

Todos os acessórios ligados são monitorizados, simplificando os

problemas que possam ocorrer, e facilmente resolvidos pelo pessoal

envolvido [28].

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27

Figura 2.18 - Quatro cortes com diversas potências de coagulação

2.12.2. Electrobisturi Martin ME 411

Figura 2.19 - Electrobisturi Martin ME 411

O electrobisturi da marca MARTIN ilustrado na figura 2.19 possui as

seguintes características:

Maior segurança do paciente devido ao acompanhamento constante

e compensação activa das correntes de fuga de AF;

Monitorização constante do eléctrodo de neutro para uma correcta

aplicação via PCS;

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28

Auto-Teste ao ligar, com mensagens de erro detalhadas;

Duas fontes independentes;

Dez tipos diferentes de correntes disponíveis para operação

monopolar e bipolar;

Ligação para acessórios “inteligentes”;

Função Spray;

Dois processadores redundantes [29].

2.12.3. Electrobisturi Statome 910

Figura 2.20 - Electrobisturi Statome 910

O electrobisturi que vai ser apresentado apresenta características

superiores aos restantes apresentados neste documento, por ser o que reúne

mais tecnologia de modo a simplificar a sua utilização e, principalmente,

proteger o paciente. De forma simples e perceptível é possível alterar

facilmente as suas funções, e os seus parâmetros. A existência do painel

iluminado torna muito mais agradável a sua utilização.

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29

Figura 2.21 - Display de monitorização, para indicação da função

Figura 2.22 - Dois canais independentes, Menu de testes e manutenção.

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30

Figura 2.23 - Detecção da ligação da placa de massa

Na figura 2.23, os indicadores luminosos significam o seguinte:

Verde – Placa de massa OK;

Laranja - Placa de massa deve ser verificada;

Vermelho - Defeito na placa de massa, o sistema é parado.

Este sistema é de extrema importância, pelo que esta tecnologia é a

responsável pela segurança do paciente e, além disso, permite, de imediato,

fazer o debug das falhas, e verificar a anomalia que se passa. Este assunto irá

ser abordado novamente, mais à frente, com mais detalhe. [30]

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31

2.12.4. Electrobisturi Valleylab Force Fx

Figura 2.24 - Valleylab FORCE FX

O electrobisturi ilustrado na figura 2.24 é o modelo Valleylab Force FX,

sendo o equipamento mais comum no CHC. É um electrobisturi com

excelentes funcionalidades, apesar de não ser tão intuitivo como o último

descrito. Isto deve-se essencialmente ao ano de produção, mas, apesar de não

ter o aspecto simpático do anterior, em qualidade é um bom equipamento, já

equipado com alarme com sistema REM (Return Electrode Monitoring).

De seguida vai ser feita a descrição pormenorizada das funções do

electrobisturi.

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32

Figura 2.25 - Painel Frontal em Detalhe

Função Bipolar

Quando a função bipolar é activada, o nome “BIPOLAR”, figura 2.26, fica

iluminada e emite um aviso sonoro, para indicar que foi alterado o modo de

funcionamento. Por cima de cada tecla, está colocado um LED que se acende

para sinalizar a tecla seleccionada [31].

Figura 2.26 - Painel ilustrando o Funcionamento Bipolar

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33

Neste painel podem ver-se as seguintes indicações:

Precise (LOW) – Alto controlo e precisão para dissecação do tecido;

Standard (MED) – Efeito de tecido consistente. Este é o valor

assumido por defeito;

Macro – Para rápida Coagulação [31].

Função de Corte

Quando a função de corte é activada, o nome “CUT”, figura 1.27, fica

iluminado, emitindo um aviso sonoro para indicar que foi alterado o modo de

funcionamento. Por cima de cada tecla, está colocado um LED que se acende

para sinalizar a tecla seleccionada [31].

Figura 2.27 - Painel Funcionamento função Corte

Neste painel podem ver-se as seguintes indicações:

LOW – Botão para corte com poucas ou nenhumas faíscas;

PURE – Botão para corte preciso com pouca ou nenhuma

hemostase; Este é o valor seleccionado por defeito;

BLEND – Corte mais lento com hemostase [31].

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34

Função de Coagulação

Quando a função de corte é activada, o nome “COAG” da figura 1.28 fica

iluminada, emitindo um aviso sonoro para indicar que foi alterado o modo de

funcionamento. Por cima de cada tecla, está colocado um LED que se acende

para sinalizar a tecla seleccionada.

Figura 2.28 - Painel Funcionamento função Coagulação

Neste painel podem ver-se as seguintes indicações:

Desiccate (LOW) - Botão para dessecar a área do tecido que está

em contacto directo com o eléctrodo activo; destrói a área do tecido

sem faíscas ou corte;

Fulgurate (MED) - Coagula tecido com faíscas através do ar,

chamado método indirecto, não em contacto com a pele. Esta

unidade está equipada com um modo adicional de fulguração que

incorpora um menor factor de crista (LCF); este é o modo

seleccionado por defeito;

Spray – Botão para coagular uniformemente uma ampla área de

tecido com um spray de faíscas. A penetração é menor e a área de

tecido é maior do que no modo fulgurar; ideal para grandes áreas de

fulguração com penetração mínima [31].

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35

Sistema de Protecção REM

Apesar de este sistema se situar num local discreto, a função de protecção

é uma função muito importante; este é o sistema que vai detectar a qualidade

da ligação do circuito. O sistema detecta se todo o circuito se encontra bem

ligado ou se está com falhas.

O indicador acende uma luz vermelha até que se aplique correctamente a

placa de retorno no paciente. Em seguida, o indicador verde acende-se. Se

estiver a utilizar um eléctrodo sem o recurso de segurança REM, o indicador

não acende. Se o sistema REM detectar uma condição de alarme, o indicador

pisca a vermelho até que corrija a condição de alarme; seguidamente, o

indicador verde acende-se. Se se estiver a utilizar um eléctrodo de retorno,

sem o recurso de segurança REM, a luz indicadora vermelha apaga-se quando

é corrigida a condição de alarme [31].

Figura 2.29 - Sistema de Protecção REM

O sistema REM mede a resistência de acordo com a norma IEC 60601-1.

Suporta variações de resistência de ± 10% durante activação de RF e ± 5%

quando a saída de RF não está activa. Valores típicos da resistência do

eléctrodo de retorno do paciente são de 5Ω a 135Ω, ou até um aumento de

40% na resistência medida do contacto inicial (o que for menor). Se o eléctrodo

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de retorno do paciente não tiver esta característica, isto é, sem a característica

de segurança REM (eléctrodo única secção), a gama de valores aceitáveis são

de 0 a 20Ω. Se a resistência medida estiver fora do intervalo aceitável, ocorre

uma condição de falha REM.

Quando a resistência medida excede o intervalo padrão de segurança

(abaixo de 5 Ω ou acima de 135 Ω ), ou quando a resistência de contacto inicial

aumenta a resistência até ao máximo de 40% (o que for menor), o indicador de

alarme pisca a vermelho, emite um sinal sonoro duas vezes, e a saída RF é

desactivada. O indicador permanece vermelho e ligado até que corrija o erro

que está a provocar o alarme. Após o erro corrigido, o indicador verde acende-

se e a saída de RF é novamente habilitada. Se o eléctrodo de retorno do

paciente não usar a tecnologia de segurança REM, quando a resistência

medida entre os pinos eléctrodo de retorno do paciente for superior a 20Ω, o

indicador de alarme pisca a vermelho, toca duas vezes, e a saída RF é

desactivada. O indicador permanece vermelho, ligado, até que seja corrigido o

problema que está a causar o alarme. Em seguida, o indicador vermelho

apaga-se e a saída de RF fica novamente activa [31].

2.13. Bisturis tipo B, CF e BF

Neste ponto são caracterizados sinteticamente os tipos de electrobisturis,

bem como os logótipos apostos no painel frontal.

2.13.1. Aparelhos de Tipo B

Trata-se de aparelhos antigos tendo por constituição uma ligação eléctrica

entre a saída da placa e o circuito de terra da alimentação eléctrica. O

eléctrodo placa comporta um cabo suplementar com pinça tipo crocodilo ligada

à massa da mesa ou a um borne de terra. O doente está ligado à terra.

Desde Julho de 1984 que os bisturis de tipo B já não estão conformes com

a norma NFC 74.365 [12].

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37

Razões da retirada de funcionamento

Devido ao facto da ligação à terra da placa, os elementos condutores

ligados à terra, e em contacto com o doente, contribuem para o retorno parasita

da corrente de AF, podendo vir a ser a causa de queimaduras, as quais se

produzem em contacto com:

1. As partes metálicas da mesa;

3. Os colchões antiestáticos da mesa, através dos campos húmidos;

4. Os afastadores fixados à mesa;

5. Os eléctrodos ou captadores de outros aparelhos ligados à terra;

6. Os tubos antiestáticos, etc [12].

2.13.2. Aparelhos de Tipo CF (Monopolares e

Bipolares)

Os aparelhos classificados por CF são do tipo flutuante, isto é, em que o

circuito AF do doente está totalmente isolado da terra, e em que o valor das

correntes de fuga é extremamente baixo. Desde que a placa não esteja

acidentalmente em contacto com um elemento ligado à terra ou à massa da

mesa, deixa de haver risco de queimaduras devido ao retorno parasita da

corrente à terra.

Os bisturis actuais são praticamente todos do tipo CF e são autorizados

para as intervenções sobre o coração e a rede vascular próxima do coração.

Os dois eléctrodos contornando o símbolo CF significam que o aparelho

está protegido contra os efeitos de um desfibrilhador.

Os geradores de corrente bipolar são igualmente do tipo flutuante [12].

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2.13.3. Aparelhos de Tipo BF

Trata-se de aparelhos com correntes de fuga com valores superiores aos

modelos CF. Não devem ser utilizados na região do coração.

Os aparelhos BF só raramente equipam as salas de operações;

encontram-se nas salas de cuidados ambulatórios ou em consultórios médicos

e nas versões de fraca potência (inferior a 80W) [12].

2.14. Requisitos complementares dos electrobisturis

2.14.1. Cuidados a ter com as massas flutuantes

Para beneficiar das vantagens das massas flutuantes deverão respeitar-se

os pontos seguintes:

Evitar qualquer contacto do eléctrodo placa com a mesa ou a terra;

Isolar o doente da mesa por meio de um campo impermeável;

Evitar qualquer contacto do doente com acessórios condutores

ligados à terra ou às partes condutoras da mesa;

Não ligar sobre o paciente senão aparelhos igualmente flutuantes

(monitores de vigilância, bombas, etc.) [12].

2.14.2. Importância do Eléctrodo Placa O doente está ligado ao electrobisturi pelo eléctrodo placa; a corrente AF é

disparada pelo cirurgião com a ajuda do pedal ou do comando digital, depois

aplicado sobre o órgão a seccionar ou a coagular.

O aquecimento dos tecidos (efeito térmico da corrente) produz-se nos

locais onde a densidade da corrente AF é forte, consequência de uma

superfície de contacto reduzida no eléctrodo activo.

Numa instalação normal, a superfície de contacto do eléctrodo activo com

os tecidos é de apenas de alguns mm2; pelo contrário, a superfície de contacto

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da placa é de 1 a 2 dm2 (ou seja, mais de 10.000 vezes). Nestas condições, só

o eléctrodo activo (agulha, ansa, etc.) provoca um efeito térmico sobre os

tecidos.

Se a superfície de contacto da placa com a pele for muito reduzida, ou se a

qualidade eléctrica do contacto sob a placa for má, e se se produz

pontualmente uma densidade de corrente significativa, a placa transforma-se

em eléctrodo activo e provoca aquecimentos e queimaduras.

A principal preocupação aquando da utilização dos electrobisturis será pois

ter a certeza de que o retorno da corrente pela placa se faz nas melhores

condições de segurança.

Os factores intervenientes no bom contacto eléctrico entre a placa e a pele

e o retorno da corrente para o bisturi são numerosos, tais como:

A qualidade da ligação do cabo da placa na tomada do eléctrodo

neutro do bisturi eléctrico;

O estado do cabo eléctrico;

A qualidade da ligação entre o cabo e o eléctrodo placa;

A superfície do eléctrodo placa, a sua condutibilidade eléctrica ligada à

sua composição, quando se trata de uma placa reutilizável, ou a

qualidade do gel condutor e do seu suporte, se se tratar de um

eléctrodo de uso único;

A qualidade da adaptação do eléctrodo placa sobre a pele, graças a

uma flexibilidade suficiente, uma fixação eficaz ou a um adesivo de

qualidade e durabilidade no tempo.

O respeito pelas regras, que garantem o bom contacto eléctrico e físico da

placa com a pele deve ser uma das primeiras preocupações de todos os que

intervêm neste processo. Uma vigilância constante da ligação do bisturi com o

conjunto placa-pele é indispensável. Os electrobisturis são obrigatoriamente

equipados com um dispositivo de vigilância, com sistema de alarme sonoro e

visual e corte de corrente de AF.

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É importante conhecer exactamente o princípio utilizado no sistema de

segurança da placa que equipa o electrobisturi que utiliza, e de compreender

os seus limites, bem como de bem definir os parâmetros vigiados.

A fiabilidade do sistema não é assegurada se não se utilizar o tipo de placa

adoptada pelo fabricante; o mesmo se aplica aos eléctrodos activos. Quando

não é utilizado o eléctrodo placa fornecido pelo fabricante, o fornecedor deve

disponibilizar um certificado de equivalência de que este é totalmente

compatível com o sistema de segurança implementado no electrobisturi [12].

2.14.3. Segurança da Placa Tipo Este sistema está previsto para funcionar com um eléctrodo neutro numa

zona condutora (reutilizável ou de uso único), em conformidade com a norma

NF e NE 60601-2-2, a qual refere o seguinte:

“Um aparelho tendo consignada uma potência de saída superior a

50 watts deve ser equipado com um circuito que coloque fora de

tensão o circuito de saída e accione um alarme sonoro no caso de

um corte que surja no cabo do eléctrodo, ou nas suas ligações. Este

alarme deve satisfazer as condições de um nível sonoro de 101.2dB

e não deve ser ajustável do exterior. Para além disso, deverá ser

previsto um alarme visível, consistindo num aviso luminoso

vermelho.”

O sistema consiste num cabo e numa placa com dois condutores equipado

do lado do bisturi com uma ficha com os dois contactos (geralmente um Jack ø

6.3mm). Do lado da placa, a ligação é assegurada por uma língua metálica que

faz o contacto quando se utiliza um eléctrodo de uso único, ou por duas

soldaduras no caso de um eléctrodo tradicional.

No bisturi, um sistema de controlo envia uma corrente de baixo valor em

AF por um dos condutores e verifica o seu bom retorno pelo outro condutor.

Qualquer interrupção do circuito provoca um alarme sonoro e luminoso com

paragem imediata dos geradores de AF.

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O dispositivo de segurança da placa tipo é eficaz para assinalar:

A não ligação do cabo no eléctrodo neutro;

Ruptura do cabo da placa;

A não ligação de uma placa no cabo, ou uma ligação eléctrica

defeituosa entre a placa e o seu cabo;

Este dispositivo não assinala:

o O esquecimento da colocação do eléctrodo placa no doente;

o A má qualidade do contacto entre a pele e da placa neutro, ou

uma superfície de contacto insuficiente [12].

Figura 2.30 - Eléctrodo de Neutro de zona única

Figura 2.31 - Foto de Eléctrodo Neutro de zona única

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2.14.4. Placa de Zona Dupla

Os aparelhos modernos estão equipados com um dispositivo de medida e

de controlo do bom contacto eléctrico entre a placa e a pele do paciente. É

necessário utilizar uma placa neutra em duas partes. Uma corrente de AF

(independente da corrente AF activa) é enviada a uma das zonas da placa.

Este valor depende, por um lado, da qualidade da pele e do local que recebe a

placa, condutibilidade, da aderência, e da homogeneidade da superfície de

contacto da placa. Acima de um limiar pré regulado entre 150Ω e 200Ω,

considera-se que o contacto entre a placa e a pele é insuficiente, e não é

possível disparar o gerador de AF.

A maior parte dos sistemas asseguram uma verdadeira monitorização das

medidas da impedância do eléctrodo neutro e assinalam os eventuais curto-

circuitos francos entre as duas zonas da placa. As variações significativas no

decurso da intervenção, em relação à impedância inicial memorizada, são

tratadas num microprocessador, e disparam um alarme específico.

Nos aparelhos modernos, o dispositivo de segurança com placa de duas

zonas garante o bom contacto eléctrico da placa com a pele do doente e dá a

certeza aos utilizadores de que a superfície de contacto da placa e a

impedância medida respondem a valores que impedem qualquer possibilidade

de queimaduras acidentais sob a placa. Quando o eléctrodo neutro é mal

aplicado ou se desloca da sua posição adequada, o electrobisturi acciona o

alarme e já não activa a corrente de AF [12].

Figura 2.32 - Eléctrodo de Neutro de zona dupla

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Figura 2.33 - Foto Eléctrodo de Neutro de zona dupla

2.14.5. Eléctrodos Activos

Seguidamente apresentam-se alguns dos eléctrodos activos mais

utilizados, que são uma componente essencial para o funcionamento do

electrobisturi. São apresentados diversos tipos de eléctrodos; o seu método de

selecção tem essencialmente como critérios o tipo de cirurgia a efectuar.

O Manipulo ilustrado na figura 2.34 é o suporte onde é colocado o

eléctrodo. Existem essencialmente dois tipos de manípulos sem comando

digital, isto é, no seu corpo não têm incorporado qualquer meio electrónico que

faça disparar o electrobisturi, tendo que se recorrer a pedais para os colocar

em funcionamento [12].

Figura 2.34 - Manípulo sem controlo digital

O Manípulo com comando digital, neste caso de duas funções, faz activar o

electrobisturi com a corrente preestabelecida para corte, tendo ainda uma

segunda função, que activa a coagulação com a corrente pré-configurada. A

figura 2.35 ilustra um eléctrodo com controlo digital [12].

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Figura 2.35 - Manípulo com controlo digital

O eléctrodo agulha está adaptado ao corte sangrante. Permite praticar

dissecações finas e cortar a pele com uma boa cicatrização posterior (figura

2.36) [12].

Figura 2.36 - Eléctrodo Agulha

O eléctrodo lanceta ou faca está adaptado para todos os tipos de corte;

permite a fulguração [12].

Figura 2.37 - Eléctrodo Faca

O Eléctrodo espátula é adaptado à secção de tecidos moles. Permite

igualmente a coagulação de contacto em aplicação sobre o plano [12].

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Figura 2.38 - Eléctrodo Espátula

O Eléctrodo Bola existe em diferentes tamanhos, indicados para praticar

hemostase em profundidade [12].

Figura 2.39 - Eléctrodo Bola

O Eléctrodo Ansa é utilizado em biopsias com uma corrente de corte pura,

ou, nas curetagens e ressecções com correntes mistas [12].

Figura 2.40 - Eléctrodo Ansa

Todos os Eléctrodos apresentados anteriormente destinam-se à utilização

monopolar, isto é, necessitam obrigatoriamente da placa de neutro. Os

Eléctrodos ilustrados na figura 2.41 são Eléctrodos para corte bipolar [12].

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Figura 2.41 - Eléctrodo Bipolar

2.14.6. Instalação do Doente

Isolamento do Doente em Relação à Mesa

Para uma utilização correcta dos bisturis eléctricos do tipo CF, é primordial

que o paciente esteja electricamente isolado em relação à mesa, juntamente

com todos os acessórios.

É necessário saber que os colchões ou invólucros anti-estáticos das mesas

sejam condutores e que o doente deve ser completamente isolado. Por outro

lado, a mesa é ligada directamente à terra quando se trata de uma mesa

eléctrica ou fixa e, indirectamente, por meio de rodízios ou de peças de

bloqueio anti-estáticas, se se tratar de uma mesa móvel.

O campo da mesa, de simples ou de dupla espessura em têxtil, não

constitui isolamento suficiente em caso de derramamento de líquidos orgânicos

(sangue, urina, suor), de soro fisiológico, ou outro líquido de enxaguamento.

O isolamento em relação às correntes de AF entre o paciente e a mesa

operatória é realizado com a ajuda de um campo não impermeável ou, na sua

ausência, por um resguardo ou folha impermeável [12].

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Isolamento em Relação aos Acessórios da Mesa

Os acessórios de mesa que servem para mobilizar ou para posicionar o

paciente são directamente fixados por peças sobre calhas metálicas laterais da

mesa. A parte do acessório em contacto directo com o paciente não deve ser

condutora ou, então, deve ser isolada por um campo seco ou folha isolante.

Esta precaução é indispensável para evitar os eventuais riscos de queimaduras

ao nível dos membros.

Deve-se vigiar, em particular, o bom isolamento ao nível dos suportes de

pernas, dos porta-coxas, dos fixadores e dos suportes da cabeça [12].

Isolamento Em Relação aos Outros Equipamentos

O bisturi eléctrico não é o único aparelho ligado ao doente. Os monitores

de vigilância, em particular, estão ligados ao doente por eléctrodos (em geral

três eléctrodos précordiais), os quais não devem permitir uma saída de

corrente AF para a Terra. O circuito paciente que serve para a colheita dos

parâmetros fisiológicos deve ser igualmente do tipo flutuante.

Os Monitores de vigilância, as sondas e os sensores, as bombas, etc.

devem ser como o bisturi de tipo CF e ter o logótipo em forma de coração

inscrito num quadrado [12].

Isolamento de Pele contra Pele

Quando a corrente AF, que circula entre o eléctrodo activo e o eléctrodo

placa, incorre no risco de passar em zonas de contacto de pele contra pele,

esta situação pode levar a um risco de sobreaquecimento destas zonas à

passagem da corrente; deve ter-se em atenção esta situação, e isolar estas

zonas para evitar possíveis queimaduras [12].

Colocação do eléctrodo neutro (placa)

A colocação da placa de neutro é um tópico de extrema importância; uma

má colocação pode levar a problemas graves. Aquando da escolha do local de

colocação da placa, é preciso respeitar sempre três regras:

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1. Escolher uma superfície cutânea limpa, lisa, seca e com área suficiente;

2. Preferir um local próximo do campo operatório, evitando sempre o tórax

e a proximidade do coração;

3. O contacto da placa com a pele deve ser total e homogéneo e manter-

se durante toda a intervenção, mesmo quando se muda o paciente de

posição.

A obtenção da melhor passagem da corrente AF da pele para a placa é o

objectivo, daí a necessidade de haver o menor número possível de obstáculos

à passagem da corrente AF, devendo ser tomados em consideração os pontos

seguintes, aquando da determinação do local para receber o eléctrodo-placa:

A pele deve estar limpa e sã. Devem evitar-se, evidentemente, as zonas

de descamação e as peles varicosas ou muito enrugadas, assim como

os tecidos cicatriciais. Escolhe-se uma parte carnuda com uma presença

muscular sub-cutânea, de preferência com tecidos muito moles e

adiposos.

As pilosidades abundantes são um obstáculo importante à passagem da

corrente; se não há nenhum local sem pêlos disponível, proceder a

tricotomia. As zonas rapadas, no entanto, correm o risco de ficar

irritadas com o contacto prolongado da placa.

O percurso da corrente RF no corpo do paciente deve ser o mais curto

possível. Deve haver um esforço para não aplicar o eléctrodo-placa em

locais desnecessariamente distanciados do campo operatório. Atitude

contrária, que consiste em aproximar-se a qualquer preço do campo

operatório, mesmo em detrimento da qualidade do contacto, é

igualmente de proscrever.

Os hábitos relativos à escolha do local de colocação do eléctrodo neutro

mudaram nitidamente com a evolução dos tipos disponíveis no mercado.

Tradicionalmente, as placas metálicas rígidas (hoje abandonadas) eram

colocadas sob as nádegas; o peso do corpo devia, em princípio, assegurar a

pressão necessária a um bom contacto placa-pele. Esta forma de proceder tem

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sido frequentemente conservada mesmo depois do aparecimento de placas

flexíveis que podem facilmente ser fixadas nos membros.

Um contacto placa-pele baseado simplesmente no peso do corpo não dá

garantia de um contacto homogéneo e total, incorrendo-se igualmente no risco

de variar em caso de mudança de posição do doente. De notar que é difícil

controlar visualmente a posição de uma placa colocada sob as nádegas.

Os eléctrodos-placa de uso único auto-adesivos colocam-se, regra geral,

num dos quatro membros. É o mesmo para eléctrodos de placa flexíveis

reutilizáveis, com a condição de que seja obtido um contacto perfeito com a

ajuda de correias de borracha ou de ligaduras elásticas.

Na medida do possível, escolhe-se a parte superior da coxa ou do braço e,

em caso de impossibilidade, a barriga da perna ou o antebraço. A escolha do

membro superior ou do membro inferior do lado direito ou esquerdo decorre da

situação das zonas de intervenção [12] [16].

Figura 2.42 - Zona de Colocação Eléctrodo Placa

Não foi demonstrado que a presença de um implante metálico modifica de

forma significativa o percurso ou o efeito da corrente de AF. No entanto, ter-se-

á em conta o facto de que, ao nível dos implantes, os tecidos nem sempre são

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homogéneos e planos. Por uma questão de segurança e de bom procedimento,

deve evitar-se, se possível, colocar a placa num membro provido de um

implante metálico, como as placas de osteossíntese ou as próteses articulares.

Nos casos raros em que é impossível colocar correctamente um eléctrodo-

placa nos membros, pode determinar-se um outro local para a colocação, com

a condição de evitar o toráx por causa da proximidade do coração. Evitar-se-ão

também proeminências ósseas ou as zonas onde a pele não é muito espessa

(omoplatas, zona tibial, etc.).

Tendo em conta tudo o que já foi escrito sobre a importância da placa, a

escolha deveria limitar-se às placas de uso único de dupla zona. Escolhe-se o

tamanho entre os modelos adaptados a adultos, crianças e recém-nascidos.

Nunca reduzir o tamanho da placa cortando-a. As placas utilizadas devem ser

certificadas, compatíveis com o bisturi. Alguns fabricantes de eléctrodos-placa

preconizam os eléctrodos de dupla zona separados no sentido do

comprimento, outros na largura. Excluindo o facto de certas formas serem

melhor adaptadas anatomicamente, parece não haver vantagens evidentes do

ponto de vista da segurança com uma forma ou com a outra.

Deverão, no entanto, respeitar-se as eventuais recomendações que

figurem sobre este assunto no modo de emprego do bisturi eléctrico. Para

certos sistemas de medida da impedância da placa, em que a simetria da

corrente que entra nas duas zonas é igualmente tomada em consideração, é

aconselhado respeitar uma orientação precisa da placa em relação ao campo

operatório.

Uma vez determinado o local de colocação e verificada a boa qualidade da

superfície cutânea, deverá assegurar-se que o local está seco. Vigiam-se, em

particular, as superfícies pintadas ou escurecidas com um anti-séptico, tal

como álcool iodado ou outro. Procede-se então à colocação do eléctrodo-placa.

Para os eléctrodos de uso único que são gelificados e auto-adesivos, retira-se

completamente a película protectora, verifica-se o estado do gel que não deve

apresentar zonas secas, e aplica-se a placa pressionando do centro para a

periferia. O contacto deve ser total e a placa lisa sem pregas. Os bordos devem

ser perfeitamente colados e estanques para evitar a penetração eventual de

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líquidos. As placas reutilizáveis flexíveis não deveriam ser utilizadas senão na

versão de zona dupla. Alguns aparelhos antigos não estão equipados com

vigilância de contacto placa-pele e não funcionam com eléctrodos de dupla

zona. Os eléctrodos reutilizáveis nunca devem ser envolvidos em gel condutor,

o qual não melhora em nada a condutibilidade; seca rapidamente e, se não for

aplicado uniformemente na superfície da placa, provoca um desequilíbrio da

condutibilidade e um risco de sobreaquecimento da pele [12], [16].

Ligação da Placa

A ligação do eléctrodo-placa reutilizável com o bisturi faz-se com um cabo

fixo (aconselhado) ou desmontável. A ligação ou a junção cabo-placa é um elo

frágil dos sistema, a vigiar com atenção.

Deve evitar-se passar o cabo eléctrico sobre o corpo ou sobre os membros

do paciente.

O cabo de ligação placa-bisturi, no seu percurso para o bisturi eléctrico, não

deve estar em paralelo com outros cabos, tais como os cabos de recolha de

ECG ou de outros parâmetros fisiológicos, nem os que servem para

transmissão dos sinais de vídeo das câmaras de televisão. Com efeito, mesmo

que o cabo de placa seja blindado (com revestimento de malha) a corrente de

AF, por indução, pode provocar parasitas nos aparelhos cujos cabos formam

uma antena. Evitar igualmente enrolar repetidamente o cabo de placa,

particularmente por enrolamento num suporte metálico, isto para evitar a

criação de uma verdadeira bobina de indução, geradora de um campo

magnético perturbador [12].

2.15. Electrobisturi em pacientes com Próteses e ou

Pacemaker

As próteses de maior dimensão terão umas cicatrizes igualmente grandes

perto do implante. Uma cicatriz é uma zona de resistência elevada. Colocar um

eléctrodo de retorno nessa área poderá ter como consequência o aumento

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local de temperatura e, em caso limite, não se consegue garantir que não vai

haver mais queimaduras. Outras próteses comuns, como próteses de

substituição de dedos ou joelhos, também não são considerados bons locais, é

que, além do motivo descrito acima, estas zonas são concavas, e nada

regulares, pelo que o não se conseguiria uma zona suficientemente plana para

aplicar o eléctrodo.

Os implantes electrónicos são dispositivos implantados no corpo dos

doentes com a função de tratar doenças fisiológicas, ou substituir uma função

sensorial. O mais conhecido no dia-a-dia é o Pacemaker, que é alimentado

com uma bateria (pilha); a falha de um dispositivo destes pode provocar a

morte ao seu utilizador. Os pacientes com este tipo de implantes requerem

muita atenção das equipas do bloco, principalmente se forem usados

electrobisturis.

Os electrobisturis têm grandes possibilidades de interferir com o bom

funcionamento destes dispositivos devido ao seu princípio de funcionamento, já

descrito anteriormente. Quando se opera um doente com Pacemaker é

necessário ter o máximo conhecimento sobre o doente; é importante saber

quem é o fabricante do Pacemaker, qual o modelo e o número de série do

Pacemaker, a localização do dispositivo, a data do implante, a data da última

revisão e, se não se conseguir identificar o tipo de Pacemaker, deverá utilizar-

se o Raio X. Saber se é possível desligar o Pacemaker antes e durante a

intervenção, ver quais os cuidados indicados pelo fabricante. É necessário

testar e ver se é necessário reprogramar o Pacemaker após a cirurgia. É

necessário informar o anestesista que o doente tem um Pacemaker. Estes são

alguns dos cuidados a ter antes da cirurgia, mas que não se ficam pelo pré-

operatório; durante a intervenção é importante avisar toda a equipa de que o

doente tem um Pacemaker, rever todos os procedimentos de segurança, e todo

o equipamento para reanimação. A equipa médica deverá favorecer o modo

bipolar; se este não puder ser utilizado, os cuidados aumentam. Em modo

monopolar, deverá colocar-se a placa de retorno o mais próximo possível da

área a intervir e o mais distante possível do Pacemaker. Deverão utilizar-se

programas de baixa tensão, como os de corte puro, de dessecação. Deverão

utilizar-se períodos curtos de activação, e fazer uma pausa mínima de 10

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segundos entre disparos. Após a cirurgia deverá monitorizar-se o doente

durante 48 horas, e verificar se é necessário ajustar alguns parâmetros no

Pacemaker [12], [25], [26], [27].

2.15.1. Problemas com Electrobisturis Infelizmente, os acidentes acontecem, podendo ocorrer várias situações

que os podem originar. Basicamente, podem suceder três situações que

podem provocar lesões no paciente:

Uma avaria na cablagem;

Uma avaria no próprio electrobisturi;

Ou uma má opção médica na colocação do eléctrodo placa.

Seguidamente vão ser relatadas situações reais de acidente:

Uma Paciente de 26 anos, negra, programada para cirurgia plástica para

correcção de hipertrofia mamária. A monitorização constou de oximetria

de pulso, com o sensor colocado no polegar direito. Após três horas de

cirurgia sentiu-se um odor a queimado na sala da operações, tendo sido

verificado o bisturi eléctrico, as ligações, a placa e a posição da

paciente, sem nada se constatar. Ao reiniciar as actividades

aperceberam-se de que ao usar-se o bisturi eléctrico, ouviu-se um ruído

estranho que provinha da mão direita da paciente. Foi quando, ao retirar

o sensor, o anestesista notou uma queimadura no polegar da paciente.

O sensor foi retirado, e foram trocados o bisturi eléctrico e a placa. A

queimadura foi avaliada como de terceiro grau profunda no dorso do

polegar, com lesão do aparelho extensor do dedo, atingindo a parte

óssea da articulação (figura 2.43). O sensor do oxímetro também foi

parcialmente danificado. A análise do bisturi eléctrico revelou

descontinuidade no cabo de retorno, próximo da entrada da placa de

retorno. Para recuperação da área lesada a paciente submeteu-se a

novos internamentos para realização de novas cirurgias de correcção e

posterior enxerto de retalho cutâneo [17], [19].

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Figura 2.43 – Queimadura provocada através de Oxímetro

Figura 2.44 – Sequelas da queimadura após tratamento da mesma

A próxima situação de acidente que se passa a descrever aconteceu

devido ao posicionamento incorrecto da placa de retorno. Anteriormente,

foi descrita a importância da escolha correcta do local onde se coloca a

placa de retorno do electrobisturi. A zona dos glúteos não é adequada

para colocação da placa de retorno, pois pode deslocar-se facilmente e

perder superfície de contacto. Ora, foi mesmo esta situação que

aconteceu no caso em apreço, tendo a superfície de contacto diminuído

e a zona restante sofrido um aquecimento, provocando uma queimadura

grave [18], [19].

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Figura 2.45 – Sequelas de queimadura por posicionamento incorrecto da placa de

retorno

Figura 2.46 – Imagem explicativa da situação ocorrida

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Figura 2.47 – Imagem explicativa do posicionamento correcto

A terceira e última situação apresentada é um caso que pode ser

provocado por diversas causas, que são as fugas nas fugas de corrente.

A fuga de corrente pode ocorrer normalmente de três maneiras:

1. O doente está mal isolado em relação à mesa e pode ocorrer uma

fuga de corrente através da mesa, principalmente se o bloco não foi

electricamente isolado.

2. A escolha incorrecta do local onde se coloca a placa de retorno,

podendo a corrente encontrar uma enorme resistência pelo caminho

que deveria seguir, e encontrar um caminho alternativo mais fácil,

fechando o circuito por esse caminho, o qual pode ser através da

mesa ou outro equipamento eléctrico ligado no paciente. Daí a

importância do doente ter a placa de retorno o mais próximo

possível da zona a operar.

3. Outra situação que pode levar a uma ocorrência de acidente é

através de um defeito do electrobisturi; se este se encontrar com

falhas de isolamento eléctrico, pode provocar uma fuga de corrente,

a qual, no paciente, em caso limite, pode provocar-lhe a morte. O

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exemplo de uma falha deste género está relatado no primeiro caso

de acidentes com electrobisturis.

Figura 2.48 – Queimadura através de corrente eléctrica

As fugas de corrente podem provocar queimaduras graves e ou paragens

cardio-respiratórias, pois, apesar de os dispositivos funcionarem em alta

frequência, se estes tiverem defeitos de isolamento, podem aparecer juntas

com a corrente normal de funcionamento do electrobisturi, correntes de fuga

com a frequência da rede, ou harmónicos desta, sendo estas perigosas (figura

2.48). A solução para este problema é, sem dúvida, uma adequada

manutenção - a manutenção preventiva pode salvar vidas.

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3. Transformadores de Isolamento

Os transformadores de isolamento são equipamentos determinantes no

funcionamento dos electrobisturis, pelo que importa analisar o seu

funcionamento.

Figura 3.1 – O Transformador

Os transformadores são construídos com a finalidade de ajustar dois níveis

de tensão, podendo classificar-se em transformadores redutores e

transformadores elevadores. Os transformadores só trabalham com tensões

alternadas, e o seu princípio de funcionamento está assente em fenómenos

electromagnéticos, baseados nas leis de Faraday e de Lenz que, em resumo,

dizem que Sempre que uma espira ou conjunto de espiras é atravessada por

um fluxo magnético variável, nela aparece uma força electromotriz induzida que

tende a opor-se à causa que lhe deu origem. Portanto, se o enrolamento

secundário for atravessado por um fluxo magnético variável, então aparece

nele uma força electromotriz induzida E2, tal como aparece uma força

electromotriz induzida E1 no primário.

É possível construir transformadores com princípios de construção

diversos. As configurações ilustradas na figura 3.1 e na figura 3.2 são as mais

comuns nos transformadores de isolamento. A sua construção é feita tendo por

base um núcleo de material ferromagnético e, mediante a potência e a relação

de transformação, são enroladas espiras de fio de cobre com secção

proporcional às potências envolvidas. Uma espira é uma volta completa de fio

enrolada em torno do núcleo.

O fio ao ser percorrido por uma corrente vai criar um fluxo

electromagnético, o qual depende do número de espiras N1.

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Figura 3.2 – Princípio de Funcionamento do Transformador

De forma sucinta, a tensão no secundário do transformador é dada por:

O que se pode retirar desta breve introdução sobre o funcionamento de

transformadores é que todos estes são transformadores de isolamento, pois o

enrolamento do primário e o do secundário estão electricamente isolados.

No caso dos transformadores de isolamento monofásicos, a relação de

espiras é de um para um, o que resulta em E1=E2. Os transformadores de

isolamento são construídos com cuidados especiais ao nível do isolamento

interno, de forma a evitar as fugas de corrente internas.

As salas do bloco operatório do CHC estão todas isoladas com

transformadores de isolamento e piso isolante. Os transformadores são

construídos de modo a satisfazer o sistema TI interior. No novo Bloco

operatório que aquela entidade está a construir no Hospital dos Covões estão

montados os transformadores que se podem observar na figura 3.3.

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Figura 3.3 – Transformador Monofásico Sistema IT

Podem-se transcrever algumas informações importantes do transformador LAMSA

LTQE II monofásico:

Isolamento capacitivo: 500pF

Corrente de fuga das bobines do secundário à Terra: 70µA

Corrente de fuga entre núcleo do transformador e a Terra: 10 µA

Rigidez dieléctrica entre o primário e o secundário: 4Kv

Rigidez dieléctrica entre os enrolamentos e a terra: 4Kv

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Figura 3.4 – Esquema de Ligação à Terra (SISTEMA IT)

Figura 3.5 – Transformadores de Isolamento de uma Sala do Bloco Operatório do

CHC

Nas salas actuais do bloco do CHC estão instalados os transformadores

que podem visualizar na figura 3.5.

Cada sala tem instalado dois transformadores de isolamento; o

transformador da esquerda, de maior potência, alimenta todo o equipamento do

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bloco com a excepção do candeeiro cirúrgico, que é isolado através do

transformador da direita.

O CHC está em remodelação e, à data da implementação deste projecto

encontravam-se em construção duas salas de bloco operatório, as quais foram

construídas com o mesmo princípio, isto é, todas as salas são isoladas para

garantir a máxima segurança a todos os intervenientes: estão instalados 2

transformadores de 8000VA, um para cada sala de bloco, e dois

transformadores para a sala de recobro.

Figura 3.6 – Transformadores de Isolamento do novo Bloco Operatório do CHC

Como complemento aos transformadores é necessário instalar a unidade

complementar de diagnóstico. Para além destes dispositivos, cada quadro

eléctrico tem o seu próprio sistema de terras e funciona de modo independente.

Todos os circuitos estão equipados com disjuntores bipolares, sendo a sua

vantagem evitar que circuitos, mesmo que desligados, possam ser

considerados como originadores de fugas de corrente. Por consequência, o

circuito faz o corte ao condutor de fase e de neutro.

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Figura 3.7 - Consola de monitorização permanente do sistema

Na figura 3.7 pode identificar-se a unidade de controlo de todo o sistema, a

qual interage directamente com o transformador e, através de sondas

instaladas, pode medir instantaneamente a corrente, a temperatura do

transformador e a resistência entre o Neutro e a Terra.

O sistema tem dois potenciómetros que permitem ajustar os setpoints de

alarme (Sobrecarga, Resistência de Terra), e entrada para o sensor de

temperatura instalado no transformador. No interior do bloco será instalado um

terminal slave da unidade principal, que não foi possível fotografar pois ainda

não se encontrava instalada à data da escrita da monografia; no entanto, pode

ser visto na figura 3.8 que esta unidade permite apenas monitorizar os dados

definidos na unidade principal. Em caso de alarme esta unidade emitirá um

alerta, que pode ser silenciado; porém, se não for solucionado o problema o

alarme voltará a tocar.

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Figura 3.8 - Consola “Slave” de monitorização do sistema

Pode verificar-se na figura 3.9 o quadro eléctrico de uma das novas salas

do bloco operatório. Cada sala tem instalado um quadro similar.

Como foi atrás referido, pode observar-se que todos os disjuntores são

bipolares. De notar ainda que o quadro tem instalado um analisador de rede

para obter dados, tais como de Potências Activas, de Potências Reactivas, e

do factor de potência.

Figura 3.9 - Quadro Eléctrico de uma das salas novas do Bloco

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Figura 3.10 - Analisador de Rede LEGRAND

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4. Correntes de Fuga

No início da monografia foi referido sucintamente o que se entende por

corrente de fuga, que pode resumir-se no fluir de uma corrente eléctrica por um

“caminho” indevido. Nesta fase, importa destacar que nos electrobisturis estas

fugas de corrente podem ocorrer em duas situações distintas:

Na alimentação primária - correntes de frequência de 50Hz e

harmónicos múltiplos desta frequência.

A jusante, na parte da alta tensão. As fugas de corrente, conforme foi

visto na Tabela 1, podem provocar problemas graves, tais como

paragens cardíacas, podendo inclusive provocar a morte do paciente.

No ponto anterior foram mencionados os transformadores de isolamento

que isolam electricamente as salas dos blocos operatórios, que possuem ainda

um painel de isolamento. Pode observar-se o painel de isolamento actual na

figura 4.1. Se as correntes ultrapassarem o valor pré-estabelecido de 1mA, é

emitido um alarme sonoro no bloco operatório para avisar a equipa médica que

está a ocorrer uma fuga de corrente, tendo esta que decidir se continua a

operar ou ignora o sinal. Este sistema de protecção está instalado no quadro

geral onde monitoriza a corrente de fuga total, isto é, 1mA, que é a soma de

todas as correntes de fuga que estão a ocorrer no bloco; monitoriza ainda as

correntes de fuga de todos os equipamentos onde, no total, não poderá

exceder o valor limite. A corrente de fuga que está a ser monitorizada é a

corrente de baixa frequência. As correntes de alta frequência só podem ser

detectadas através de testes executados durante o processo de manutenção

preventiva.

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Figura 4.1 - Painel de Isolamento do Bloco Operatório

-

Figura 4.2 - Detalhe do painel de controlo da corrente de fuga máxima

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As salas do bloco têm instalado um piso isolante, o qual é um pavimento

especial que tem uma resistência caracteristica entre 106 Ω e 108 Ω. O facto do

piso ser isolado permite aumentar a segurança quer para o doente quer para

toda a equipa médica, reduzindo ainda de forma segura a possibilidade de

ocorrer uma fuga de corrente.

Nas figuras 4.3 e 4.4 poderá verificar-se qual a principal diferença entre o

piso isolante e o pavimento de corredores. A figura 4.3 apresenta a fotografia

da parte superior do piso, onde não se nota uma diferença significativa entre

estes dois tipos de pavimento, observando-se apenas um padrão diferente, que

pode ainda ser outro qualquer padrão dentro dos que estão disponiveis.

Figura 4.3 - Detalhe superior do pavimento de corredor e do piso isolante

Na figura 4.4, existe uma diferença visual perceptível ao olhar, que é a do piso

isolante ter uma película preta que vai estar em contacto com a fita de massa

colocada no chão do bloco, como se poderá observar na figura 4.5.

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Figura 4.4 - Detalhe inferior do pavimento de corredor e do piso isolante

Figura 4.5 - Fita de Massa no chão do bloco

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Figura 4.6 - Ligação da fita isolante à Terra do Bloco

Figura 4.7 – Imagem Final da ligação da fita isolante à Terra do Bloco

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71

5. A manutenção de electrobisturis

A manutenção planeada é sempre o método mais eficaz para apoio à

prevenção dos acidentes, pelo que, no caso presente, os electrobisturis devem

ser submetidos a uma manutenção preventiva e, em caso de avaria, a uma

manutenção curativa e total check-up de funcionamento e segurança antes de

voltar ao activo. O electrobisturi Valleylab Force FX, tal como foi atrás referido,

é um dos mais utilizados no CHC. O seu manual de manutenção informa que o

check-up total deve ser feito, pelo menos, uma vez por ano. No entanto, o

sistema de protecção REM deve ser testado no máximo de seis em seis

meses, segundo as indicações do fabricante. A implementação dos planos de

manutenção recomendados pelo fabricante associados às normas

internacionais aplicáveis, são de extrema importância, pois uma falha num

equipamento destes pode significar a morte de uma pessoa, e um prejuízo

desta natureza não é quantificável.

Neste capítulo o enfoque será dado a este modelo de electrobisturi, o qual

potencia o retirar ilações para outros modelos, tal como se verá no próximo

capítulo.

O Fabricante do equipamento recomenda que se cumpram os seguintes

procedimentos:

Inspeccionar o electrobisturi e os acessórios;

Inspeccionar os componentes internos;

Verificar a função REM;

Testar o gerador;

Confirmar as Saídas;

Verificar as correntes de fuga e resistência de terra.

5.1. Testes de Manutenção

5.1.1. Auto-Teste

O electrobisturi está equipado com um sistema de auto-teste. Cada vez

que o sistema é reiniciado o electrobisturi realiza um auto-teste. Quando

inicializado, todos os indicadores do display frontal se ligam em simultâneo e é

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emitido um som através da coluna do electrobisturi, indicando o estado do

equipamento.

Se o auto-teste for concluído com sucesso, ouve-se um som, e tem que se

verificar o seguinte:

Os sinalizadores em torno dos botões standard (Standard Bipolar, Pure

cut, e Fulgurate Coag) iluminam-se com a cor verde;

Cada display mostra a potência definida;

O Indicador de alarme REM, ilumina-se a vermelho.

Se o auto-teste não terminar com sucesso, ouve-se um som e irá

aparecer momentaneamente um número no display do modo “Cut” e, na

maioria dos casos, o gerador é desabilitado. A descrição da falha

correspondente ao número que aparece no display pode ser vista na

figura 5.1 [16].

Figura 5.1 - Tabela de Diagnóstico de Erros

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5.1.2. Inspeccionar o Electrobisturi e Acessórios

Deverá ser feita uma inspecção visual ao sistema: verificar se todos os

acessórios estão em boas condições, e se estes são os recomendados pelo

fabricante (Valleylab). Verificar todas as ligações, se estas têm alguma folga, e

se estão em perfeitas condições de isolamento:

1º. Verificar no painel traseiro, se todas as ligações estão em perfeitas

condições;

2º. No painel frontal, ligar a ficha do eléctrodo bipolar, e verificar se a

ligação é coesa;

3º. Na ligação monopolar, repetir o procedimento anterior;

4º. Verificar a ligação da placa de massa, e analisar se os pinos da ficha

estão em perfeitas condições;

5º. Desligar o pedal de accionamento, e verificar se está em boas

condições - deverão procurar-se danos ou corrosão;

6º. Verificar a ficha de ligação, e se esta está em perfeitas condições;

7º. Ligar novamente todo o sistema;

8º. Desligar o cabo de alimentação;

9º. Verificar as ligações, e analisar se estas estão em boas condições;

10º. Colocar novamente o cabo de alimentação [16].

5.1.3. Inspecção Interna dos Componentes

Deverá fazer-se uma inspecção visual ao interior do equipamento; para

isso, deverá usar-se uma pulseira anti-estática como precaução, e deverão

efectuar-se os seguintes procedimentos:

1º. Desligar o Electrobisturi da alimentação;

2º. Desapertar os cinco parafusos que fixam a tampa superior;

3º. Verificar todas as ligações; analisar se estas estão fixas, sem folgas

e em perfeitas condições de contacto;

4º. Verificar cada placa e seus componentes; verificar as ligações;

verificar se estas estão em boas condições de ligação e não contêm

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corrosão - se se verificar alguma anomalia deverá trocar-se a placa

com defeito.

5º. Colocar a tampa no electrobisturi, bem como os parafusos [16].

5.1.4. Teste ao Sistema REM

O teste do sistema REM deverá ser testado pelo método abaixo descrito.

Estes procedimentos são recomendados pelo fabricante para verificar que o

sistema de protecção está a funcionar correctamente:

1º. Para testar o Circuito REM, deve-se colocar uma resistência de 120Ω

em vez de ligar a placa de retorno - o indicador REM deve iluminar-se

com a cor Verde, o que simula que a resistência do corpo está entre os

valores aceitáveis. Lentamente, deve aumentar-se o valor da

resistência, e o sistema de alarme REM deve accionar-se quando a

resistência rondar os 135 Ω com um erro de mais ou menos 5Ω.

2º. Diminuir o valor para 60Ω e verificar se o indicador REM fica verde - se

este ficar verde, aumentar a resistência para 100Ω, e verificar se o

alarme se activa.

3º. Diminuir a resistência para 30Ω, e verificar se o indicador REM fica

verde; depois diminuir a resistência para 10Ω e verificar se o indicador

contínua verde. Diminuir novamente a resistência para um valor de 3Ω e

verificar que o alarme se activa.

4º. Ligar a resistência com o valor de 3Ω e aumentar para 24Ω - confirmar

que o alarme vai soar [16].

5.1.5. Confirmar as Saídas

Deve fazer-se este procedimento para verificar a precisão do electrobisturi,

o qual deve ser efectuado sempre após a calibração do equipamento e,

posteriormente, deve fazer-se este teste de seis em seis meses. O circuito de

teste é o ilustrado na figura 5.2.

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Figura 5.2 - Circuito para detecção de Correntes de Fuga

5.1.6. Verificação da saída Bipolar

A verificação do bom funcionamento da saída bipolar é feita de acordo com

os seguintes procedimentos:

1º. Verificar que o electrobisturi executa até ao final o auto-teste;

2º. Ligar o equipamento de teste à saída bipolar:

a) Ligar os dois cabos de teste à ficha de ligação bipolar;

b) Ligar um dos cabos de teste através do transformador de corrente e

ligar o transformador de corrente ao multímetro;

c) Ligar a resistência de 100Ω na ponta final dos cabos de teste;

d) Ligar o pedal de accionamento bipolar no painel traseiro;

e) Verificar se o electrobisturi executa até ao final o auto-teste.

3º. Seleccionar a potência de 10W do modo bipolar;

4º. Testar a corrente de saída para o modo seleccionado:

a) Accionar o pedal e, enquanto se efectua o disparo, registar o valor

lido no voltímetro;

b) Libertar o pedal;

c) Tendo em conta o transformador de corrente, e o valor lido no

voltímetro, calcular a corrente de saída.

5º. Accionar o botão Standard e repetir o ponto 4.

6º. Accionar o botão Makro e repetir o ponto 4.

7º. Verificar que o valor da saída em cada um dos modos anteriores é

315+/- 24mArms. Se não verificar o valor anterior, terá de entrar no modo

de calibrar, e fazer esta operação no modo bipolar. Depois de calibrar

deverá repetir todos os passos anteriores. Se o defeito se mantiver, deve

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chamar-se um técnico ou comunicar ao serviço de apoio do fabricante

[16].

5.1.7. Verificar o Modo Monopolar, Função de Corte

A verificação do bom funcionamento do modo bipolar, na função de corte, é

feita de acordo com os seguintes procedimentos:

1º. Verificar que o electrobisturi executa até ao final o auto-teste;

2º. Ligar o equipamento de teste à saída monopolar:

a) Ligar um cabo à ficha esquerda, Monopolar 1/CEM; ligar o cabo

de teste através do transformador de corrente, e ligar o

transformador de corrente ao multímetro;

b) Usar um cabo de teste para fazer o shunt nos dois pinos na placa

de retorno;

c) Ligar o segundo cabo de teste do voltímetro aos pinos da placa

de retorno;

d) Ligar a resistência de 300Ω nas pontas dos cabos de teste;

e) Ligar o pedal de disparo Monopolar 1 Footswitch no painel

traseiro.

3º. Seleccionar o botão “Pure”;

4º. Através dos cursores de selecção de potência, seleccionar uma

potência de corte de 75W;

5º. Testar a saída de corte monopolar:

a) Accionar o pedal de disparo, e tomar nota do valor que indica

o voltímetro;

b) Libertar o pedal;

c) Tendo em conta o valor do transformador de corrente e o valor

indicado no voltímetro, calcular o valor de saída.

6º. Pressionar o botão “Low Cut” e repetir o passo 5;

7º. Pressionar o botão “Blend” e repetir o passo 5;

8º. Verificar se o valor da saída em cada um dos modos anteriores é

499+/- 38mArms. Se não verificar o valor anterior, terá de se entrar no

modo de calibrar, e calibrar o modo bipolar. Depois da calibração

deverão repetir-se todos os passos anteriores. Se o defeito se

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mantiver deve chamar-se um técnico ou comunicar ao serviço de

apoio do fabricante [16].

5.1.8. Verificar o Modo Monopolar e a Função de

Coagulação

A verificação do bom funcionamento do modo monopolar, na função de

coagulação, é feita de acordo com os seguintes procedimentos:

1º. Verificar se o electrobisturi executa até ao final o auto-teste;

2º. Ligar o equipamento de teste à saída monopolar:

a) Ligar um cabo à ficha esquerda, Monopolar 1/CEM. Ligar o cabo

de teste através do transformador de corrente, e ligar o

transformador de corrente ao multímetro;

b) Usar um cabo de teste para fazer o shunt nos dois pinos na placa

de retorno;

c) Ligar o segundo cabo de teste do voltímetro aos pinos da placa

de retorno;

d) Ligar a resistência de 500Ω nas pontas dos cabos de teste;

e) Ligar o pedal de disparo Monopolar 1 no painel traseiro.

3º. Seleccionar o botão “Dessicate”;

4º. Através dos cursores de selecção de potência, seleccionar uma

potência de corte de 30W.

5º. Testar a saída de coagulação monopolar:

a) Accionar o pedal de disparo, e tomar nota do valor que indica

o voltímetro;

b) Libertar o pedal;

c) Tendo em consideração o valor do transformador de corrente

e o valor indicado no voltímetro, calcular o valor de saída.

6º. Pressionar o botão “Fulgurate” e repetir o passo 5;

7º. Pressionar o botão “Med (Fulgurate)” e mantê-lo premido durante 2

segundos; após o aviso sonoro e aparecer “L” no canto esquerdo do

display de coagulação, repetir o passo 5.

8º. Verificar se o valor da saída em cada um dos modos anteriores é

245+/- 19mArms. Se não se verificar o valor anterior, terá de se entrar

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no modo de calibrar, e calibrar o modo bipolar. Depois de calibrar

deverão repetir-se todos os passos anteriores. Se o defeito se

mantiver deve chamar-se um técnico ou comunicar ao serviço de

apoio do fabricante [31].

5.1.9. Teste de fuga de Correntes de Baixa Frequência e

Resistência de Terra

Deve verificar-se se existem fugas de corrente de baixa frequência e a

resistência de terra antes de enviar o electrobisturi de novo para uso clínico.

Para efectuar estes testes é necessário um circuito para medição de correntes

de fuga, e de um multímetro digital.

Os procedimentos para a medição das correntes de fuga no terminal de

saída, e na placa de retorno são os seguintes:

1º. Colocar o voltímetro na escala de 200mV AC, e ligar o voltímetro ao

circuito de teste;

2º. Ligar o Electrobisturi;

3º. Fazer as medições entre os terminais activos e a terra, e entre o terminal

de retorno e a terra; anotar todos os valores, e registar o maior.

4º. Determinar a corrente de fuga através da relação, 1µA por 1mV.

5º. O valor da corrente de fuga em situações normais (Terra ligada) tem de

ser sempre inferior a 10µA - se o valor obtido for superior deve

contactar-se o serviço de assistência do fabricante.

6º. Se a Terra estiver desligada, o valor obtido deve ser inferior ou igual a

50µA. Deve entrar-se em contacto com o serviço de assistência técnica

se aquele valor for superior a 50µA [16].

5.1.10. Teste de fuga ao chassis, ou fuga pelo

condutor terra

1º. Colocar o voltímetro na escala de 200mV AC, e ligá-lo ao circuito de

teste;

2º. Ligar o Electrobisturi;

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3º. Fazer as medições entre os terminais activos e a terra, e entre o terminal

de retorno e a terra. Anotar todos os valores, e registar o maior;

4º. Determinar a corrente de fuga através da relação, 1µA por 1mV;

5º. O valor da corrente de fuga em situações normais (Terra ligada) tem de

ser sempre inferior a 100µA; se o valor obtido for superior, deve

contactar-se o serviço de assistência técnica do fabricante;

6º. Se a Terra estiver desligada, o valor obtido deve ser inferior ou igual a

300µA - deve entrar-se em contacto com o serviço de assistência

técnica do fabricante se o valor for superior a 300µA [16].

5.1.11. Teste de fuga de Correntes de Alta-frequência

Deverá fazer-se o teste de fuga de correntes de alta-frequência antes

recolocar o electrobisturi em funcionamento clínico. Para efectuar este teste é

necessário o seguinte material:

Uma resistência não indutiva de 200Ω 250W;

Um transformador de corrente;

Um Voltímetro True RMS (Fluke 8920 ou Equivalente);

Um pedal de accionamento bipolar e monopolar [31].

5.1.12. Teste de correntes de fuga de Alta-Frequência

no modo Monopolar

O teste de correntes de fuga de alta-frequência no modo monopolar

obedece aos seguintes procedimentos:

1º. Ligar a resistência de 200Ω no terminal activo da saída monopolar,

através de transformador de corrente, até ao terminal de terra situado no

painel traseiro do electrobisturi;

2º. Ligar o transformador de corrente ao Voltímetro;

3º. Ligar o pedal de accionamento monopolar ao painel traseiro;

4º. Activar o pedal, e verificar o valor obtido no Voltímetro; fazer os cálculos

e registar o valor;

5º. Repetir os procedimentos em todos os modos da ligação monopolar, e

verificar se a corrente nunca excede os 150mA;

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6º. Se se excederem os 150mA em alguma situação, deve contactar-se o

serviço de assistência do fabricante [16].

5.1.13. Teste de correntes de fuga de Alta-Frequência

no modo Bipolar

O teste de correntes de fuga de alta-frequência no modo bipolar obedece

aos seguintes procedimentos:

1º. Remover os acessórios do modo monopolar, e ligar a resistência de

200Ω a um ponto da ficha monopolar, através do transformador de

corrente, até ao terminal de terra situado no painel traseiro;

2º. Ligar o transformador de corrente ao Voltímetro;

3º. Ligar o pedal de accionamento monopolar ao painel traseiro;

4º. Activar o pedal, e verificar o valor obtido no Voltímetro; fazer os cálculos

e registar o respectivo valor;

5º. Repetir os procedimentos em todos os modos da ligação bipolar, e

verificar que a corrente nunca excede os 60mA;

6º. Se se excederem os 60mA em alguma situação, deve contactar-se o

serviço de assistência técnica do fabricante [16].

5.1.14. Folha de testes para manutenção

Neste ponto apresenta-se uma folha de manutenção que foi desenvolvida

para aplicação no CHC e que sintetiza os testes acima descritos para

electrobisturis (figura 5.3).

Apresenta-se ainda um plano de manutenção genérico proposto pela

American Hospital Association, o qual foi elaborado a partir da análise dos

electrobisturis mais representativos do mercado (figura 5.4) [44].

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Centro Hospitalar de Coimbra, EPE

FOLHA DE MANUTENÇÃO ELECTROBISTURI VALLEYLAB

Entidade: Nº. Série

Marca: Nº. Inventário

Modelo Data

DESCRIÇÃO PROCEDIMENTO OK RECTIFICAR OBSERVAÇÕES:

O Electrobisturi passa no auto-teste?

Inspeccionar acessórios do electrobisturi, verificar folgas nas ligações:

Painel Traseiro

Painel Frontal

Verificação da ficha Placa de Retorno

Ficha do pedal de accionamento

Ficha e cabo de alimentação

Verificação interna de componentes

Estado das Ligações

Estados das Placas

Teste de sistema REM

Colocar Resistência 120Ω, acende luz verde do sistema REM?

Aumente a resistência até 135Ω +/- 5Ω, sistema dá alarme?

Diminua a resistência para 60Ω o indicador fica verde, aumente a resistência para 100Ω, sistema mantém verde, diminua para 3Ω, verifique se tem alarme?

Ligue a resistência de 3Ω e aumente até 24Ω verifique se obtém alarme?

Teste a Saída Bipolar, ligue a resistência de 100Ω, e seleccione potência de 10W, verifique se a corrente é de 315mA +/- 24mArms

Teste a Saída monopolar função corte, ligue a resistência de 300Ω, seleccione potência de 75W, verifique que as correntes são inferiores a 499mA +/- 38mArms:

Seleccione o botão “PURE” e anote a corrente Corrente: mA

Seleccione o botão “LOW CUT” e anote a corrente Corrente: mA

Seleccione o botão “BLEND” e anote a corrente Corrente: mA

Teste a Saída monopolar função coagulação, ligue a

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resistência de 500Ω, e seleccione potência de 30W, verifique se as correntes são inferiores a 245mA +/- 19mArms:

Seleccione o botão “DESSICATE” e anote a corrente Corrente: mA

Seleccione o botão “FULGURATE” e anote a corrente Corrente: mA

Seleccione o botão “MED FULGURATE” e anote a corrente

Corrente: mA

Correntes de fuga no terminal de saída, e placa de retorno:

Corrente de fuga entre os terminais activos e a terra inferior a 10µA?

Corrente: mA

Desligue o terminal de terra, e faça o mesmo teste e verifique se a corrente é inferior a 50µA?

Corrente: mA

Correntes de fuga Alta-Frequência no modo Monopolar e verifique se a corrente é inferior a 150mA.

Seleccione o botão “LOW CUT” Corrente: mA

Seleccione o botão “LOW PURE” Corrente: mA

Seleccione o botão “LOW BLEND” Corrente: mA

Seleccione o botão “LOW COAG” Corrente: mA

Seleccione o botão “MED COAG” Corrente: mA

Seleccione o botão “HIGH COAG” Corrente: mA

Correntes de fuga Alta-Frequência no modo Bipolar) e verifique se a corrente é inferior a 60mA

Seleccione o botão “LOW BIPOLAR” Corrente: mA

Seleccione o botão “MED BIPOLAR” Corrente: mA

Seleccione o botão “MAKRO BIPOLAR” Corrente: mA

Equipamento Utilizado

Nº Inventário: Marca: Modelo: Nº. Série:

ESTADO: Conforme Não Conforme

Inspeccionado por: Nº. Mecan.

Figura 5.3 - Folha de manutenção a aplicar nos testes dos electrobisturis

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Figura 5.4 - Folha de Manutenção da AHA

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6. Planeamento da manutenção de electrobisturis

No ponto anterior, foi apresentado uma folha de manutenção para

electrobisturis da Valleylab, bem como os procedimentos recomendados pela

AHA para manutenção de electrobisturis. As figuras 5.1a e 5.1b ilustram uma

folha de manutenção do fabricante MARTIN.

Figura 6.1a - Folha de Manutenção do fabricante MARTIN

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Figura 6.1b - Folha de Manutenção do fabricante MARTIN, pag 2

Com o apoio dos documentos ilustrados no ponto anterior, bem como dos

dados recolhidos em cada novo modelo, enriquece-se o conhecimento, visando

sempre a procura de um Plano de Manutenção geral. Contudo, é difícil chegar

à universalidade, pois alguns testes diferem de marca para marca e é

necessário ter em consideração esta diversificação nos testes.

Alguns testes são comuns, devido à norma IEC 601, nomeadamente todos

os que se baseiam em correntes de fuga e resistência de isolamento. A

inspecção visual do equipamento, teste aos acessórios, assim como a

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verificação do estado dos cabos e da ficha de ligação, são procedimentos

comuns.

Os testes divergem quando se faz o teste relativo às potências de corte. A

Valleylab manda controlar as correntes envolvidas no corte, enquanto a

MARTIN manda controlar as potências de corte. A grande referência que é a

AHA no seu procedimento não faz referência a qual dos métodos se deve

utilizar, pois esta norma dá apenas orientações, daí que se deverá implementar

a folha de manutenção de acordo com o recomendado pelo fabricante.

6.1. Software de Apoio ao Planeamento de Manutenção

Para colmatar a lacuna existente nos procedimentos actuais da manutenção

de electrobisturis, foi desenvolvida uma aplicação informática cujo objectivo é

facilitar o trabalho a todos os Técnicos que intervêm directamente com a

manutenção dos electrobisturis de forma a apoiá-los em todos os itens

relevantes do planeamento e a construir um histórico fiável.

A utilização e acompanhamento de procedimento fiáveis, conduzem a um

plano de manutenção assertivo, dentro dos tempos correctos, evitando falhas

humanas.

A aplicação informática permite exportar os valores medidos versus valores

de referência; a exportação de dados é de uma importância extrema pois,

através de um algoritmo de predição, poderão prever-se avarias e, desta forma,

intervir antes da ocorrência.

A aplicação foi desenvolvida para ocupar a lacuna existente no CHC, mas

este é um tema transversal no meio hospitalar. Desta forma, esta ferramenta

poderá crescer para fora do CHC e ser utilizada a nível Nacional, ou a Nível

Mundial com a adaptação da língua para Inglês. Nesta base de dados podem

ser incluídos todos os modelos de electrobisturis disponíveis no mercado, e

incluir os respectivos testes de manutenção. O alargar da aplicação permitirá o

processamento de dados de um maior número de amostras. Quanto maior for o

número destas, mais precisas serão as previsões, e mais fiáveis serão os

resultados.

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6.1.1. Características das ferramentas utilizadas

Quando se fala em desenvolver, ou adquirir aplicações informáticas vem

logo associado ao pensamento o custo das aplicações, e o custo dos

programas inerentes ao desenvolvimento da aplicação. É do domínio público o

custo das licenças de software, e da sua importância no orçamento das

organizações. A filosofia adoptada foi das aplicações Low Cost.

browser. Mantendo a coerência, a aplicação foi desenvolvida para trabalhar

A aplicação funciona em ambiente PHP, uma linguagem muito poderosa,

freeware, que pode ser acedida por qualquer no Mozilla Firefox, programa que

também é freeware. As aplicações com software freeware e open source,

apresentam muitas vantagens ao utilizador, atendendo a que não têm custos, e

qualquer programador pode aceder ao código e alterar possíveis bugs, e/ou

adaptar o código ao que pretende. Não esquecendo ainda, todo o apoio que

normalmente está disponível na net. Infelizmente, parece que ainda persiste a

mentalidade de que “Se é livre, é porque não é bom”, conceito que, na opinião

do autor, não está correcto. Cada vez mais se deve caminhar para sistemas

freeware.

A aplicação está desenvolvida para trabalhar sobre qualquer sistema

operativo, incluindo Linux e as suas variantes, tais como o Ubuntu, por

exemplo. No caso do utilizador já ter em sua posse uma licença Windows,

poderá igualmente funcionar com a aplicação.

Para colocar a ferramenta acessível a todos, pode colocar-se a mesma

num servidor WEB, ou, emular um servidor WEB no PC. Para o efeito poderão

utilizar-se diversos programas disponíveis na internet: para sistemas Windows

poderá utilizar-se o WampServer.

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Figura 6.2 – Form do Sistema WAMP

Figura 6.3 - Acesso ao phpMyAdmin

Com esta aplicação podem emular-se no PC potentes servidores WEB, tais

como PHP, MySQL e Apache. Através do phpMyAdmin poderá administrar-se

a base de dados e os ficheiros.

Para programação poderá utilizar-se, por exemplo, o Notepad++, ou outro

aplicativo freeware disponível na rede.

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89

Figura 6.4 - Programa Notepad++

Pode optar-se por utilizar o sistema operativo Linux que, numa das suas

variantes, tem disponível o sistema operativo Ubuntu, bem como as

ferramentas de edição de PHP e emulador de base de dados LAMP. O Ubuntu,

assim como as aplicações referidas, são todas freeware. Nas figuras 6.5a e

6.5b poderão visualizar-se duas forms do Ubuntu. O que difere entre as duas é

a Skin, pois a segunda imagem tem um tema que simula um computador

Apple.

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90

Figura 6.5a - Imagens do Ambiente de Trabalho do Ubuntu 10.10

Figura 6.5b - Ambiente de Trabalho do Ubuntu 10.10, com Skin MAC

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91

Para programar em PHP pode utilizar-se o programa Bluefish, que é mais

um dos muitos e poderosos recursos das ferramentas open source.

Figura 6.6 - Programa Bluefish, editor php

À semelhança do que acontece com o sistema operativo Windows, que pode

emular Linux e Ubuntu como servidores dos diversos sistemas. Um dos exemplos é a

utilização do LAMP, a aplicação equivalente ao WAMP anteriormente referido. Com

este programa pode emular-se um servidor Apache, MySQL, ou PHP.

Figura 6.7 - Programa LAMP, servidor

O Ubuntu tem associado o Mozzilla Firefox, um dos inúmeros programas

que se podem utilizar para aceder à aplicação informática desenvolvida. Pode

ver-se na figura seguinte (figura 6.8), a aplicação aberta no programa.

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92

Figura 6.8 - Mozilla Firefox em Ubuntu

6.1.2. Software de apoio ao planeamento

Neste ponto irá ser descrito o funcionamento da aplicação de uma forma

sucinta.

Uma das grandes vantagens da aplicação é o seu acesso via Internet, e

também pela sua facilidade de utilização.

O acesso à aplicação, quer seja local ou via internet, é através de uma

página inicial, que de forma sucinta explica para que serve, e onde é facilmente

perceptível qual a entidade que apoiou o projecto (figura 6.9).

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93

Figura 6.9 - Página de Entrada

No Menu do lado esquerdo estão disponíveis as opções da aplicação. Se se

seleccionar a primeira (Electrobisturis) o utilizador irá para a página onde

poderá consultar os electrobisturis listados na base de dados, assim como

adicionar ou alterar algum dado nos electrobisturis existentes.

Ao aceder à segunda opção, são logo listados todos os Electrobisturis

existentes da base de dados, juntamente com outros dados importantes. Pode

saber-se a que serviço pertence o aparelho, se o aparelho teve mais de duas

avarias no último ano, ou se a próxima intervenção de manutenção é dentro

dos próximos 30 dias. A identificação é feita através de um sistema de cores de

fácil percepção, tal como se poderá observar na imagem 6.10. Se se pretender

Adicionar um novo electrobisturi deverá pressionar-se a tecla ; para verificar

e alterar os dados de um electrobisturi, deverá fazer-se um clique em cima do

electrobisturi pretendido. Pode ainda seleccionar-se um número de

electrobisturis para listar por página, de 10, 25 ou 50. Nesta versão inicial

poderá também apagar-se um electrobisturi registado, numa versão posterior,

esta opção não estará disponível a todos os utilizadores, mas apenas aos que

tiverem prerrogativas especiais de administração.

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94

Figura 6.10 - Listagem de Electrobisturis

Ao adicionar-se um novo electrobisturi através do botão , vai aparecer

um novo menu para o identificar através dos seus dados mais relevantes.

Figura 6.11 – Opção Adicionar no Electrobisturi

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95

Quando se adiciona um novo electrobisturi, deverão preencher-se todos os

campos disponíveis. Quando se terminar deverá seleccionar-se a opção

“Guardar”. Se tudo estiver dentro dos padrões, será recebida uma imagem de

Sucesso, tal como se pode verificar na figura 6.12; caso o sistema detecte

algum erro, o utilizador é notificado, tal como se pode observar na figura 6.13.

Figura 6.12 - Equipamento Adicionado com sucesso

O “Nº Inventário” é uma chave primária, pelo que não poderá estar repetido

na tabela; por consequência, se se tentar adicionar um equipamento com um

número de inventário já existente, o utilizador receberá uma mensagem tal

como ilustrado na figura 6.14.

Figura 6.13 - Equipamento Adicionado sem sucesso

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96

A terceira opção do Menu, permite consultar os valores de referência, ou

seja, os valores que o fabricante recomenda, assim como os testes a efectuar.

Quando seleccionado aparecem, neste caso, disponíveis dois tipos de teste,

para os equipamentos Valleylab e para os equipamentos MARTIN.

Figura 6.14 - Consultar Valores de Referência

Figura 6.15 - Consultar Valores de Referência Valleylab

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97

A quarta opção do Menu, permite registar e gerir as intervenções de

manutenção. Nesta opção poderá consultar-se o histórico das intervenções,

incluindo a verificação se o electrobisturi se encontra tecnicamente aprovado,

isto através de um sistema amigável para o utilizador (figura 6.16).

Figura 6.16 - Consulta de histórico de intervenções

Quando é executada uma intervenção de manutenção e o equipamento

não obtém a aprovação da aplicação, recebe uma mensagem de erro, com os

campos em que este não passou, e o utilizador tem 5 dias para proceder à sua

reparação; este tempo poderá ser alterado.

Para inserir uma nova intervenção de manutenção, basta seleccionar um

dos modelos disponíveis, para o sistema carregar os testes correspondentes.

Quando se inicia uma intervenção de manutenção, no cabeçalho tem que se

definir o número de inventário do equipamento, se a intervenção de

Manutenção que está a ser inserida é “Planeada” ou “Não Planeada”, e, além

disso, deverá seleccionar-se o técnico que está a fazer a intervenção (figura

6.17). Para não viciar os resultados, na altura em que o técnico está a inserir os

valores, não tem acesso aos valores de referência.

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98

Figura 6.17 - Insere Manutenção

Quando é executada uma intervenção de manutenção e o equipamento

não obtém a aprovação da aplicação informática, o utilizador recebe uma

mensagem de erro, com os campos em que o electrobisturi não passou, tendo

o utilizador cinco dias para proceder à reparação, não podendo até essa altura

utilizar o equipamento (figura 6.18).

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99

Figura 6.18 - Manutenção Inserida Com Erros

Se, na altura em que o utilizador está a inserir os valores do teste, se

esquecer de inserir um campo, o sistema detecta a falha e envia uma

mensagem de erro (figura 6.19).

Figura 6.19 - Mensagem com indicação de campo vazio

Se o equipamento respeitar todos os testes recomendados, o utilizador

recebe uma mensagem a informar de que a manutenção foi concluída e que o

equipamento está apto para trabalhar (figura 6.20).

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100

Figura 6.20 - Manutenção Inserida sem Erros

No caso de o utilizador inserir um teste com erro, e obtiver uma mensagem

tal como a figura 6.18 ilustra, quando carregar na tecla “OK” volta ao menu

anterior (figura 6.16). Seguidamente, deverá consultar a lista de erros do

manual de manutenção do equipamento. Para o efeito, basta clicar na opção

de manutenção correspondente e verificar os testes em que o electrobisturi

falhou, os quais estão indicados com a bola vermelha; além disso, a aplicação

mostra o valor inserido versus valor de referência (figura 6.21). Pode ainda

imprimir o teste, onde fica registado todos os valores, assim como a data e

hora. O sistema imprime várias folhas, conforme se pode verificar na figura

6.22.

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101

Figura 6.21 - Consulta de Erros

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102

Figura 6.22 – Impressão da Folha de Manutenção

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103

Na última opção do Menu, “Próximas Manutenções”, o sistema lista as

próximas intervenções de manutenção, podendo ainda o utilizador filtrar as

próximas intervenções em intervalos de dias: 5, 15, 30, 60, 90, 181, a efectuar

nos próximos 30 dias.

Figura 6.23 – Próximas intervenções de Manutenção

O utilizador pode aceder à base de dados, de modo a calcular os desvios

entre os valores de referência e os valores medidos em cada electrobisturi.

Esta opção não está ainda disponível neste menu, para obter de forma

automática; no entanto, retira-se directamente da base de dados.

6.1.3. Predição

Pode construir-se um modelo de predição para as próximas intervenções a

partir do Método do Alisamento Exponencial, que é apropriado quando não

existe uma forte tendência nos dados, e ainda revê as previsões continuamente

à medida que surgem novos resultados.

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104

Sendo,

- Previsão para o próximo período

α - Constante de alisamento (0< α<1)

- Valor Actual

- Previsão anterior

O método do alisamento exponencial corresponde à previsão anterior mais

α vezes o erro da previsão anterior, .

Como α é menor do que a unidade, as ponderações são decrescentes:

Isto é, quanto maior a constante de alisamento, maior o peso dado às

observações mais recentes. Note-se ainda que as ponderações somam um. A

convergência para a unidade é tanto mais rápida quanto maior for a constante

de alisamento. Se o parâmetro α fosse 1 ou 0, seria a negação do próprio

método do alisamento exponencial.

Quando o parâmetro α é próximo de zero, a nova previsão será muito

próxima da previsão anterior. Ou seja, se o objectivo é obter uma previsão que

seja estável e que suaviza toda a variação aleatória, então deve-se usar um

valor reduzido para o parâmetro α. Se o objectivo é obter uma rápida resposta

a alterações rápidas no comportamento das observações, então é necessário

um parâmetro α elevado [43].

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105

7. Gestão e controlo da manutenção de

electrobisturis

7.1. Serviços de manutenção subcontratados

Para além da análise precedente, passa a apresentar-se o relatório de uma

folha de manutenção actual utilizada por uma empresa externa ao hospital.

Este capítulo tem como função verificar se os testes efectuados foram em

conformidade com os aconselhados pelo fabricante.

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106

Figura 7.1a – Folha de Manutenção Empresa Externa

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107

Figura 7.1b – Folha de Manutenção Empresa Externa pág 2

Ao fazer a análise da folha de manutenção encontram-se algumas

incoerências com os pontos recomendados pelo fabricante. Os procedimentos

recomendados por este já foram explicitados acima, pelo que se poderá agora

comparar com os procedimentos descritos na folha de manutenção da figura

7.1. Pode verificar-se que não é mencionado em local nenhum o teste ao

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108

sistema mais importante do electrobisturi, o teste do Sistema REM, no caso

dos Valleylab. O sistema de segurança do electrobisturi não é testado de forma

correcta, e são executados os testes recomendados pelo fabricante. É de

extrema importância fazer o teste REM, bem como fazer alterar a resistência

para verificar se o sistema detecta as alterações bruscas de resistência.

A empresa subcontratada faz o teste à placa com o aparelho BIOTEK

RF302 que, pelas suas características técnicas, é impossível cumprir com os

requisitos do fabricante. Este aparelho faz variações de carga em múltiplos de

50Ω, o que não é compatível com o processo descrito pelo fabricante, logo,

concluí-se que não é possível testar o equipamento Valleylab da forma

recomendada, daí não se poder garantir que o teste é bem executado, ou se o

sistema está a funcionar na perfeição.

Figura 7.2 – Aparelho teste RF 302

Os testes de isolamento não são correctamente executados; são

efectuados os testes às fugas de corrente de frequência fundamental, mas não

são efectuados os testes de fuga de corrente de Alta-Frequência; este é um

outro ponto que não está de acordo com o processo recomendado pelo

fabricante. O aparelho que é utilizado, o METRON QA-ST, é o indicado para

efectuar os testes de fuga à frequência da rede, mas não permite efectuar os

testes em Alta Frequência; o equipamento não está preparado para trabalhar

com sinais de Alta Frequência.

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109

Figura 7.3 – Aparelho teste METRON QA-ST

Um outro ponto de discordância, não menos importante que os

anteriores, é o intervalo entre intervenções planeadas. O CHC tem, nos seus

planos de manutenção, um intervalo de um ano, isto é, apenas uma vez por

ano são efectuados os testes de manutenção e a verificação de todo o sistema.

O fabricante aconselha que sejam efectuados testes de meio em meio ano, no

máximo. Apesar de o índice de avarias destes equipamentos ser reduzido, não

deve ser secundarizado o factor segurança.

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110

8. Análise de fiabilidade

Com o objectivo de avaliar quantitativamente o comportamento dos

electrobisturis, no que se refere à sua fiabilidade, foi executado um estudo do

histórico das suas Ordens de Trabalho desde 2008 até Agosto de 2010. A

finalidade do estudo, para além da fiabilidade, foi perceber se havia algum

padrão de avaria. Foram ainda analisadas as avarias provocadas por

manuseamento incorrecto e por falha electrónica. Foram efectuados os

levantamentos de todos os electrobisturis no activo; estes totalizaram 45

equipamentos em todo o grupo CHC, (Hospital Geral, Maternidade Bissaya

Barreto e Hospital Pediátrico).

De acordo com os valores recolhidos, procedeu-se ao cálculo do tempo

médio de bom funcionamento (MTBF), e à média dos tempos técnicos de

reparação (MTTR).

Os dados para o estudo foram os seguintes:

Total de Equipamentos Activos: 45

Total de Ocorrências: 10

Equipamentos Distintos: 7

Tempo de análise 01-01-2008 a 31-08-2010 (973 dias)

De notar que apenas houve ocorrências em 8 aparelhos dos 45 existentes,

num período já considerável de análise.

Valleylab Force E2 S.N. F9L3967B

Este equipamento deixou de coagular. No arranque não passava no auto-

teste, e deixava o código de avaria no display. Na segunda ocorrência o

equipamento deixou de funcionar.

MTBF=

MTBF=

Dias

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111

MTTR=

MTTR=

Dias

D=

D=

Valleylab Force E2 S.N. F9L3773B

Este equipamento desligava-se durante a sua utilização, as duas

ocorrências foram com o mesmo motivo, uma avaria reincidente, que terminou

com a troca da fonte de alimentação.

MTBF=

Dias

MTTR=

Dias

D=

Valleylab Force E2 S.N. F9L3771B

Não foi possível obter grande detalhe das ocorrências, apenas que este

deixou de funcionar.

MTBF=

Dias

MTTR=

Dias

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112

D=

Valleylab Force E2 S.N. F9L3770B

A ficha de ligação do pedal de disparo foi danificada; e uma avaria

provocada por mau manuseamento.

MTBF=

Dias

MTTR=

Dias

D=

Valleylab Force E2 S.N. F9L3769B

Não foi possível obter grande detalhe da ocorrência; apenas que este

deixou de funcionar.

MTBF=

Dias

MTTR=

Dias

D=

Birtcher 4400 S.N. 32125008

Não foi possível obter grande detalhe da ocorrência, apenas que este

deixou de funcionar.

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113

MTBF=

Dias

MTTR=

Dias

D=

Birtcher 4400 S.N. 30132010

Não foi possível obter grande detalhe da ocorrência, apenas que este

deixou de funcionar.

MTBF=

Dias

MTTR=

Dias

D=

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114

9. O electrobisturi e o cirurgião

9.1. Experiência no Bloco Operatório

De modo a enriquecer o trabalho, foram passadas algumas horas no bloco

operatório, onde foi verificado o funcionamento dos electrobisturis nas suas

diversas funções, assim como todos os procedimentos médicos. Aos médicos

assistentes foram direccionadas algumas perguntas de modo a esclarecer

algumas dúvidas sobre os procedimentos médicos. Foram operados dois

pacientes do sexo feminino, uma com cerca de 35 anos e outra paciente com

65 anos, com fisionomias completamente diferentes, e tipos de pele igualmente

diferentes. A paciente mais idosa, uma paciente de risco, com alguns

problemas de saúde, problemas de asma e problemas cardíacos. Todas as

cirurgias decorreram com normalidade; as intervenções atingiram o objectivo.

No caso da paciente mais jovem foi-lhe retirado um tumor. Na paciente mais

idosa foi efectuada uma “raspagem”, de modo a facilitar a respiração da

paciente, a qual tinha grandes dificuldades em respirar, tendo frequentemente

que recorrer a oxigénio.

O posicionamento da placa de retorno nos pacientes é alvo de alguma

discussão, pois, o verificado não foi o recomendado pelo fabricante do

aparelho, nem pela bibliografia que serviu de apoio ao estudo. Tendo em conta

o campo de intervenção (zona pulmonar), seria de esperar que a placa de

retorno fosse colocada no braço, ou, em caso de impossibilidade, na anca. Ora,

o braço de ambas as pacientes não tinham qualquer problema que

impossibilitasse o seu uso. O local correcto nem sequer foi verificado para

possível uso. Logo que foram iniciados os procedimentos para início da cirurgia

de imediato colocaram a placa de retorno no gémeo, como se de uma prática

normal se tratasse. O autor não colocou qualquer questão sobre os

procedimentos correctos, pois a sua função era apenas observar. As questões

sobres os procedimentos que a equipa do bloco utiliza, espera-se que sejam

satisfeitas no inquérito que foi distribuído à equipa de cirurgiões, o qual aborda

várias questões sobre as zonas que o cirurgião usa para colocar a placa

mediante o local a intervir.

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115

9.2. Inquérito distribuído aos Cirurgiões

No apêndice 1 apresenta-se o inquérito que foi distribuído à equipa de

cirurgiões, com a finalidade de compreender de que forma é feita de colocação

da placa em função do local a operar.

9.3. Análise aos resultados do Inquérito

Este ponto tinha como objectivo inicial tratar estatisticamente os resultados

dos inquéritos distribuídos à comunidade médica, mas, apesar de este projecto

ser sugerido pelo CHC e, por consequência, ter a aprovação da Administração,

a comunidade médica não se mostrou disponível para colaborar. O objectivo

inicial seria um universo mínimo de 15 a 20 inquéritos, que culminou com

apenas um inquérito preenchido (Disponível no Apêndice 2), o qual,

provavelmente, só foi conseguido pois a pessoa interveniente foi o director dos

SIE a entregá-lo ao cirurgião. É difícil perceber o motivo, tendo em conta que o

inquérito é anónimo e a sua finalidade não seria criticar, mas sim encontrar

pontos frágeis para se propor a sua correcção. Este inquérito deveria ser do

interesse da classe médica, e é sem dúvida do interesse de todos nós que,

amanhã, poderemos ser pacientes.

Sendo impossível tratar estatisticamente uma amostra de uma unidade,

podem-se retirar alguns pontos importantes. O inquérito não foi totalmente

preenchido, não obstante algumas dessas perguntas serem consideradas de

extrema importância. O que se pode retirar deste inquérito é que o médico que

se mostrou disponível para colaborar com este estudo, é uma pessoa com

grande experiência, exerce medicina há mais de 10 anos e faz em média 20

cirurgias por mês. No entanto, o resto do inquérito preenchido levanta questões

que se podem considerar graves. O médico não sabe, por exemplo, as marcas

do equipamento que utiliza, o que pode levar a concluir que o médico não tem

o pleno conhecimento das funções dos equipamentos. Mais grave será o

médico responder que nunca recebeu formação sobre boas práticas na

utilização de electrobisturis, encontrando-se aqui uma grande lacuna na

formação que a Administração e a comunidade médica não poderá nem deverá

ignorar, pois a falta de formação pode colocar em risco a vida dos doentes, e

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116

este médico infelizmente já se deparou com um desses problemas, de

queimaduras provocadas por um electrobisturi.

Outra ilação que se pode retirar é que o médico normalmente usa a placa

de retorno na perna, o que é incompatível com todos os procedimentos

recomendados, quer pelo guia de boas práticas quer pelos manuais dos

fabricantes. O local de colocação depende de vários factores, entre os quais, o

campo de intervenção. Infelizmente esta prática é mesmo usual. Este tema já

foi abordado no ponto acima, e parece muito comum entre a classe médica. No

inquérito o médico respondeu que coloca geralmente a placa de retorno na

perna, este mesmo procedimento foi verificado pelo autor no bloco operatório.

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117

10. Conclusões

Este projecto aborda um tema pertinente para o meio hospitalar, tendo

deixado a descoberto algumas fragilidades nos electrobisturis, tais como, nos

procedimentos de utilização por parte dos profissionais de saúde, e do

programa de manutenção em vigor.

Para a resolução dos problemas encontrados foram sugeridas alterações e

feitas propostas, tais como através da folha de manutenção implementada pelo

autor, e de uma aplicação informática desenvolvida para o efeito, que funciona

sobre browser, e que foi levada a efeito através de ferramentas de software

open source, e para trabalhar com programas igualmente em open source.

Foram sentidas algumas dificuldades em obter alguma informação,

designadamente da classe médica, tendo-se verificado que esta é “muito

fechada”, não aceitando facilmente a intrusão de pessoas fora da área. A

resistência sentida poderá dever-se ao receio de que estas os vão julgar, ou

criticar, quando a finalidade é avaliar o estado do conhecimento actual de

forma a propor melhorias. Através de conversas informais com alguns

profissionais de saúde, eles admitiram que a formação no uso de electrobisturis

era insuficiente.

Foram encontradas algumas fragilidades ao nível do equipamento de

medida utilizado para a manutenção. Designadamente, uma incoerência entre

a resolução dos equipamentos habitualmente utilizados na manutenção, e a

resolução necessária para cumprir os testes indicados pelos fabricantes de

electrobisturis.

Como corolário do projecto implementado e do trabalho de campo, admite-

se como uma mais-valia muito relevante para o bom funcionamento dos

electrobisturis, que seja feito um plano de formação para os técnicos de saúde

que manipulam aqueles equipamentos e um mais apurado planeamento e

execução dos seus procedimentos de manutenção e segurança.

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118

11. Desenvolvimentos futuros

O trabalho desenvolvido revelou alguns pontos frágeis. Pontos que não

devem ser esquecidos nem desvalorizados. Como desenvolvimento futuro será

de extrema importância apostar na formação de toda a comunidade médica.

Melhorar os conhecimentos gerais sobre os electrobisturis e relembrar as boas

práticas. Em especial, sobre a colocação certa da placa de retorno, de forma a

diminuir a probabilidade de acidentes, aumentado a segurança de todos.

Deve ter-se sempre presente que a manutenção dos equipamentos é de

uma importância extrema, daí que esta não deverá em altura alguma ser

descurada. Para melhorar o sistema de manutenção deverão seguir-se as

recomendações do fabricante. O tempo máximo entre intervalos de

manutenção deverá ser inferior a 6 meses. Os testes devem seguir as

indicações do fabricante de modo a garantir os níveis de fiabilidade do

equipamento, e garantir a segurança das pessoas que interagem directamente

e indirectamente com os electrobisturis.

A aplicação informática aqui apresentada é uma versão inicial,

desenvolvida para o CHC, mas, este é um problema transversal a qualquer

hospital, ou clínica. A aplicação pode ser alargada a nível nacional e

internacional com a tradução da aplicação para outras línguas. Se esta

aplicação for colocada on-line será uma mais-valia para todos os profissionais

envolvidos nesta actividade. O facto de se ter on-line uma grande diversidade

de electrobisturis permite ainda, por exemplo, fazer a análise de qual escolher

na altura da aquisição. Permite ainda aos próprios fabricantes, em tempo real,

verificar o comportamento dos diversos electrobisturis existentes no mercado.

À aplicação inicial, será adoptado um sistema de Identificação (LogIn), que irá

identificar o técnico na base de dados. Associada a esta aplicação deverá

surgir um fórum onde todos os técnicos poderão partilhar experiências e

esclarecer algumas dúvidas. A Aplicação pode evoluir muito, dependendo da

adesão dos hospitais. Seria desejável ter on-Line e em tempo real o acesso à

informação das avarias e aos dados sobre a resolução das mesmas. Esta

aplicação levará ao aumento do conhecimento sobre os equipamentos e à

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redução de custos com intervenções de manutenção, através de uma melhor

formação e conhecimento dos técnicos.

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120

Apêndice 1 - Inquérito Distribuído

Manutenção planeada de electrobisturis com análise do efeito das correntes de fuga sobre os utentes

INQUÉRITO

O presente inquérito está inserido no trabalho referente à tese de mestrado

subjacente ao tema precedente, onde se estuda o efeito das correntes de fuga nos

pacientes, assim como os procedimentos de segurança. Este inquérito é anónimo e

destina-se apenas a fins estatísticos.

1. Há quantos anos exerce cirurgia? a. Menos de 2 b. Entre de 2 e 5 c. Entre 5 e 10 d. Mais de 10

2. Em média, quantas cirurgias faz por semana/mês? a. ______ Semana b. ______ Mês

3. Qual a sua especialidade cirúrgica?

______________________________________________________________________

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121

4. Com que electrobisturis já trabalhou: a. Valleylab b. Martin c. Erbe d. Statome e. Outros, quais: ________________________________________

Qual o Método de corte que mais utiliza?

Monopolar Bipolar

100% 0%

80% 20%

60% 40%

50% 50%

40% 60%

20% 80%

0% 100%

5. Qual o tipo de corte que é mais seguro para os pacientes? a. Monopolar b. Bipolar c. É indiferente, são os dois igualmente seguros

6. Quando utiliza o corte Monopolar, em que zona costuma colocar a placa de neutro? a. Braços b. Pernas c. Costas d. Glúteos

7. De que forma escolhe o local para colocar a placa?

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122

a. Normalmente utiliza sempre o mesmo local independentemente do local a intervir

b. Procura colocar sempre a placa de neutro perto da zona onde vai intervir

8. Se o paciente tiver alguma cicatriz na zona onde tinha pensado aplicar a placa de neutro, esta situação faz alterar o local do eléctrodo neutro? a. Sim, altero o local da placa b. Não, aplico no mesmo local

9. Quando utiliza eléctrodos reutilizáveis, costuma colocar a mesma quantidade de gel na zona da placa quando comparado com a placa descartável?

a. Sim, coloco a mesma quantidade. b. Não, coloco mais quantidade. c. Não, coloco menos quantidade.

10. O paciente a intervir tem material cirúrgico de correcção no úmero. Pode utilizar esse braço sem qualquer limitação? a. Sim b. Não

11. Atendendo à figura seguinte, estão marcadas vários campos de intervenção. Diga, em função dos campos intervenção, identificados pelas letras a, b, c, d, e, f, g, onde colocaria a placa de neutro, identificado pelos números, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7.

a. Intervenção no campo a; placa seria colocada na zona: a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

b. Intervenção no campo b; placa seria colocada na zona:

a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

c. Intervenção no campo c; placa seria colocada na zona:

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123

a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

d. Intervenção no campo d; placa seria colocada na zona: a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

e. Intervenção no campo e; placa seria colocada na zona: a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

f. Intervenção no campo f; placa seria colocada na zona: a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

g. Intervenção no campo g; placa seria colocada na zona: a. Zona 1 b. Zona 2 c. Zona 3 d. Zona 4 e. Zona 5 f. Zona 6 g. Zona 7 h. Nenhuma das anteriores

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12. Já teve alguma situação de queimadura num paciente pelo uso de um electrobisturi? a. Sim b. Não

13. Já teve alguma situação de paragem cardiorespiratória? a. Sim b. Não

14. Recebeu formação de boas práticas médicas e uso correcto do bisturi? a. Sim b. Não

15. Se respondeu sim na alínea anterior, diga onde obteve essa formação. a. Durante a vida Académica b. Formações complementares de iniciativa própria

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125

c. Formação dada pelo Fabricante d. Auto didacta.

16. Se estiver a operar um doente com pacemaker, que tipo de corte favorece? a. Monopolar b. Bipolar

17. Que tipos (marca) de gel utiliza?

_________________________________________________________

Grato pela atenção dispensada.

Atentamente

António Rosmaninho

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Apêndice 2- Inquérito Preenchido

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132

Apêndice 3 - Fluxograma de uma OT

O circuito fechado de controlo da Ordem de Trabalho (OT) deverá permitir,

quer o acompanhamento da intervenção do fornecedor externo quer o registo

do histórico da mesma.

As figuras seguintes ilustram um fluxograma de controlo de uma OT no

CHC, assim como os documentos que lhe estão associados.

Quando a intervenção de manutenção é executada por um fornecedor

externo, há um procedimento de concurso que é controlado por um programa

informático que faz a gestão do processo até à abertura das propostas dos

fornecedores. Só a análise da proposta é processada em papel, assim como o

relatório técnico e a nota de encomenda.

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133

Figura A3.1 – Fluxograma de controlo de uma Ordem de Trabalho

Ocorrência

Comunicação Chefe Secção

SIE

Triagem da ocorrência

Serviço Interno

Secção Correspondente

Reparação

Volta ao Serviço

Serviço Externo

Abertura Concurso

Análise Propostas

Nota Encomenda

Envio para Reparação

Recepção com Relatório Técnico

Volta ao Serviço

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Figura A3.2a - Exemplo de uma nota de encomenda, página 1

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135

Figura A3.2b - Exemplo de uma nota de encomenda, página 2

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136

Figura A3.3a - Exemplo de um Relatório Técnico

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Figura A3.3b - Exemplo de um Relatório Técnico

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[33] http://www.asit.org/assets/documents/Prinicpals_in_electrosurgery.pdf

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[34]

http://www.lasertraining.org/Administrative/Library/Practical%20Electrosurgery

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Data Acesso: 30-7-2010

[35] Luís Andrade Ferreira (1998): Uma Introdução à Manutenção. ISBN 972-

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