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H = ENSINAR HISTORIA r' [ MarcaAuxíliadora Schmídt e Professoradoutora em História e Pós-doutoraem Educação pela Capes ICoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superlorl . Professora de /v\etodoiogia e Prática do Ensino de História da Universidade Federal do Parada Marlene Caínelli . }Professora doutora em História e Professora de Metodologia e Prática do Ensino de História da Universidade Estadual de londrina H editora scipione www.sclpione.com.br HW

Marca Auxíliadora Schmídt...H = ENSINAR HISTORIA r' [Marca Auxíliadora Schmídt e Professora doutora em História e Pós-doutora em Educação pela Capes ICoordenação de Aperfeiçoamento

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H=

ENSINAR HISTORIAr'

[

Marca Auxíliadora Schmídte Professora doutora em História e Pós-doutora em Educação pela Capes

ICoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superlorl

. Professora de /v\etodoiogia e Prática do Ensino de História daUniversidade Federal do Parada

Marlene Caínelli. }Professora doutora em História

e Professora de Metodologia e Prática do Ensino de História daUniversidade Estadual de londrina

Heditora scipione

www.sclpione.com.br

HW

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PrefácioCréditos

Responsabilidade editorialHeloisa Pimentel

Assistência editorialIrene Catarina Negro

Penelope Bruto

PreparaçãoRoberta Vaiano

RevisãoMariana de Lima Albertini

Matheus Rodrigues de Camargo

Supervisão de diagramaçãoJosias Salva

Coordenação de arteMana do Céu Pares Passuello

DiagramaçãoElen Coppini Camioto

Programação visual de capaJayme Leão

uitas vezes em minha vida abri caixas de pa-pelão e mergulhei intensamente em outros

tempos e espaços que ali ficavam guardados naforma de fotografias. Naqueles momentos, sentiaum imenso prazer em imaginar as cenas, as vidas,os diálogos, os sustos, as festas, os medos e tantasoutras coisas que estavam escondidas pelos con-tornos daqueles papéis quadrados, retangulares, àsvezes ovalados, que alguém, por algum motivo,havia decidido guardar.

'Vida recortada", eu pensava. Mas nunca imagi-nei, até há alguns anos, que aqueles papéis guar-dados, que eu espalhava no chão compondomosaicos em preto-e-branco, quebrados uma vezou outra por cores um pouco .desbotadas, pudes-sem ocultar também vestígios de outra História,esta, sim, com letra maiúscula.

Como professora de ensino fundamental, nãopensava nessas fotos como "documentos" quepoderiam ser usados nas aulas, como pontos departida para a produção de conhecimento. A com-preensão de que a História pode ser ensinada pormeio deles provocou uma mudança importante naminha vida profissional -- e pessoal também.Outras leituras,J outros debates, outros projetosdesenvolvidos e aquela História distante, fragmen-tada e desarticulada -- que resultara do meu pro-cesso de escolarização -- foi sendo reescrita, len-tamente ganhou novos significados em minhasexperiências, em minhas memórias, em meusconhecimentos.

As idéias apresentadas por Mana AuxiliadoraSchmidt e Marlene Cainelli neste livro estão forte-mente relacionadas com o que descrevi e, acredi-to, poderão contribuir para que novas práticas de

M

Heditora scipione

www.scipione.com.br

HMATRIZ

Praça Carlos Gomes, 4601501-040 São Paulo SP

DIVULGAÇÃORua Fagundes, 121

01508-030 São Paulo SPB1. {0XXl1 ) 3272 8411

Caixa Posta165131

VENDASb1. {0XXl1 ) 3277 1788

Expediente

D.ireção adjunta editorialAurelio Gonçalves Filho

Direção adjunta comercialDorival Polímeno Sobrinho

Chefia de revisãoMinam de Carvalho Abres

Coordenação geral de arteSérgio Yutaka Suwaki

Edição de arteDidier D. C. Dias de Moraes

2004

ISBN 85-262-5507-X - ALISBN 85-262-5508-8 - PR

l.'EDIÇÃO(l.a impressão)

Impressão eAcabamentoCorprint Gráfica e Editora Ltda.

Dados Intemadonais de Cablogação na Publicação(CIP)Câmara Bmsileim do LMo, SB Bmsil

Schimidt, Marca Auxiliadora

Ensinar história/ Mana AuxiliadoraSchimidt, Marlene Cainelli. - São Paulo:Scipione. 2004. - (Pensamento e ação nomagistério)

1. História - Estudo e ensino 2. Prática deensino 1. Cainelli, Marlene. ll.Título. 111. Série.

04-2508 CDD-907

Índice para catálogo sistemático:1. História: Estudo e ensino 907

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COMENTANDO BIBLIOGRAFIAS

CARRETERO, Mano. Aprendizado de conceitos sociaise históricos. In: CARRETERO, Mano. Cbnsfr reensinar -- As ciências sociais e a }listória. PotroAlegre: Artmed, 1997. p. 34-6.Neste capítulo de seu livro, Carretero elabora algu-mas considerações em torno do significado do tra-balho com conceitos no ensino da História, desta-cando as principais características dos conceitoshistóricos.

AFELGUEIRAS, Margarida Louro. O conceito e a lingua-

gem. In: FELGUEIRAS, Margarida Louro. /)enszzr a/71sfóriíz, zlepensar o seu ensino. Porto: Porto Edi-tora, 1994. p. 118-31.O texto faz parte do capítulo "Interdependênciaentre metodologia do ensino e outras ciências daeducação", o que justifica o tratamento queFelgueiras dá ao tema. A autora articula a questãoda construção de conceitos históricos, particular-mente, com a linguagem. Nesse sentido, abordaaspectos relativos à definição e à formação de con-ceitos, bem como ao papel desempenhado pela lin-guagem e a aprendizagem de conceitos. Destaca-seo trecho em que a autora analisa as implicaçõespara a metodologia do ensino da História.

construcãode noçõesde tempo

AIMPORTÂNCIADATEMPORALIDADENOENSINO

DAHISTORIA

nsinar História implica um trabalho diário comtemporalidade. Em cada aula de história, há

sempre um jogar com o tempo, isto é, pode-se via-jar do presente para um passado mais próximo oupara um tempo mais remoto, de um século paraoutro, de um milênio para outro, num átimo detempo, num segundo. Muitas vezes, para fazer osalunos compreenderem melhor as temporalidades,são usadas as linhas de tempo ou as frisos tempo-rais. É importante saber que esse é, apenas, umrecurso didático que não pode ser confundido coma temporalidade da História.

E

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gem novas problemáticas e novos interesses. Noentanto, à proporção que o ensino factual predo-mine sobre o explicativo, há o perigo de se utilizara inteligibilidade do presente para explicar ou ilus-trar o passado e deslizar para o senso comum.

A segunda dimensão da relação passado-presen-te é a de considerar a particularidade do própriopassado. Tem de ser levado em consideração quetomar consciência da importância do ensino daHistória, para uma melhor compreensão do presente, não significa que tudo deva ser remetido aopresente. Na verdade, é importante entender a ori-ginalidade de civilizações em que as representações coletivas e a mentalidade não podem sercomparadas às nossas. Desenvolver no aluno a

capacidade de interessar-se por outras sociedadesé uma forma de sensibiliza-lo para as diferenças eevitar os inúmeros anacronismos, que podem sercriados pelas ligações equivocadas entre o passa-do e o presente. Essa conscientização é um meiode aprender a contextualizar determinadas situa-ções da História e evitar analogias duvidosas. Emuma perspectiva mais geral, trata-se de desenvol-ver a compreensão da alteridade, isto é, da empatia, do interesse e, ao mesmo tempo, de desenvol-ver o respeito por outros povos e outras civiliza-ções, pois o interesse pelo outro é também umaforma de conhecer a si próprio.

No ensino da História, essas questões despertamo interesse pelo próximo e por um discurso histó-rico que não privilegie os vencedores. O desponta-mento desse interesse traz conseqüências impor-tantes tanto para o conteúdo como para o método,além da necessidade de se trabalharem saberes

abertos que deixem espaço para o debate e a plu-ralidade.

A reconstrução do passado exige, também, queos historiadores organizem-no por meio de algu-mas características peculiares ao próprio tempo,ou seja, pelas noções temporais: sucessão, dura-ção, simultaneidade, mudanças e permanências. Oensino da História prevê que essas noções sejamtrabalhadas com os alunos, já que elas não existem

O que é tempo?

Essa é a primeira pergunta a serjeita quando são tra-balhadas as relações temporais,Pode-se admitir, como alguns historiadores, que tempoé uma categoT'ia mental que não é natural, nem espon-tânea, wem uwiüersa!. Levar em consideração essascaractedsticas de temPO significa entender suas conse-qilêtbcias para o trabalho do historiador e para o ensi-no da História.

O historiador é o especialista do tempo passado,não só porque ele o pensa como também porquetoma-o como objeto de sua escrita. Esse fato fez,em determinados momentos da história da própriaHistória, particularmente no século XIX, os histo-riadores acreditarem que podiam recuperar o pasfado tal como ele aconteceu baseados na consultade documentos escritos. A renovação historiográfi-ca contemporânea indicou a importância de os his-toriadores entenderem o passado como umareconstrução que fazem à luz de questões que elespróprios colocam com base em seu presente. Parao ensino da História, tais considerações apontam aimportância de trabalhar a relação passado-pre-sente em duas dimensões.

Na primeira, há a idéia de que o passado ajudaa explicar o presente. Apesar de trazer alguns riscos ao ensino da História, tal perspectiva é impor-tante e significa o esforço de construir uma espé-cie de diálogo entre as realidades do presente e asdo passado, as quais também podem ser úteis àpreparação do futuro. Essa forma clássica de pen-sar a História permite estabelecer relações decausa e efeito entre acontecimentos de períodossucessivos e, para o aluno, apresenta a vantagemde dar sentido ao mundo em que vive. A idéia dedar um sentido ao presente, tendo como referên-cia o passado, é o cerne da utilidade social da llis-tória. É também uma postura que torna impossívelqualquer pretensão a um discurso historiográficodefinitivo, à medida que as questões colocadaspara o passado não cessam de evoluir. Sempre sur-

As püncipais noções t>te?nPorais são: sucessão ou

ordenação,duração,simultaneidade.

semelhanças e diferenças emudanças e permanências.

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aP?"jor/ em seu raciocínio, mas são construídas nodecorrer de sua vida e dependem de experiênciasculturais. Essa construção das noções temporais éuma operação múltipla que ocorre, também, pelolivro didático e pelo processo de escolarização.

Pode-se afirmar que as representações do tempohistórico são influenciadas por um número deter-minado de marcos temporais, como os progressostecnológicos, as guerras, as revoluções. Assim, cer-tas imagens e certos acontecimentos dão força aodiscurso histórico e dão vida às representações,como as guerras sangrentas, as revoluções impor-tantes, as invenções espetaculares e as grandesdescobertas. De modo geral,

durações e períodos, como horário da novela, per-manência na escola e época de férias. A compreen-são dessas durações constitui parte do processo deassimilação das durações da realidade social e con-tribui para o entendimento da duração de aconte-cimentos históricos, de movimentos sociais e deguerras, por exemplo.

Da mesma forma, a simultaneidade é uma noçãode tempo que pode ser trabalhada utilizando-sepalavras-chave como enquanto, ao mesmo tempoque. No decorrer das atividades cotidianas daescola, é interessante chamar a atenção dos alunospara a simultaneidade dos fatos que acontecem aoseu redor.

As questões relativas ao tempo e suas formas deapreensão são o centro da compreensão históricado mundo e de sua evolução. A complexidade des-sas questões explicita-se, principalmente, na formacomo as grandes datas e os períodos da Históriaforam fixados. A tradição dos historiadores elabo-rou, por exemplo, a divisão da História em quatrograndes períodos: História Antiga, História Me-dieval, História Moderna e História Contemporâ-nea. Trata-se de uma construção de historiadores,cuja validade insere-se mais da história européiaem diante, e não de um dado objetivo.

De outra parte, a organização do tempo pordiferentes povos deu origem a uma variedade decalendários, distintos entre si por sua origem,pelas referências usadas para denominação demeses e dias, pelas festas e pelos acontecimentos.Um estudo de tais calendários, com os alunos, con-tribui para entenderem que os períodos históricosprecisam ser relativizados e discutidos, buscandooutras alternativas, como a periodização da vidacotidiana.

No ensino da Hist(ária, o trabalho com a multi-plicidade do tempo mobiliza, de maneira efetiva, anoção de duração: a da história lenta, com perío-dos muito longos, uma história estrutural, como ahistória das mentalidades; a de média duração,uma história conjuntural, com ondas relativamentecurtas, como a história da vida social; e uma histó-

as durações, os espaços temporais incluídos entreos principais marcos fundadores, fazem-se presentecom a ajuda de verbos de ação. A mudança introdu-zida pelo acontecimento é, então, expressa pela ati-vidade de um personagem ou de um grupo. Sãosempre as ações do indivíduo ou do grupo queinventam, descobrem, indiciam, fundam a revolu-ção, a guerra ou a paz, ou simplesmente governam.

< LAU'VIER, 1997, P. 89-90.[.]'redução das autoras.]

O trabalho com as noções temporais contribuipara a compreensão da causalidade histórica, istoé, das relações entre uma época histórica e outra,um fato histórico e outro da mesma época.Ademais, permite captar os elementos evidencia-dores da profundidade temporal, quais sejam, dereferências sobre outras épocas e tempos paradiferencia-los do presente.

Com alunos das séries iniciais, por exemplo, ati-vidades de observação de dois objetos iguais, deépocas diferentes, podem ser úteis para desenvol-ver essas noções. Outras atividades, como trabalhocom imagens (fotos e gravuras de época), ordena-ção de fatos da vida cotidiana e narração de histó-rias contadas por alguém, também podem ajudaresses alunos a se situarem em tempos mais distan-tes daquele de sua experiência pessoal e a locali-zarem os fatos históricos.

No primeiro ciclo, o termo-chave para trabalhocom a noção de duração é durante. A rotina e aformação de hábitos levam o aluno a perceber

BRA{JDEI., !972, P. 78-9. >

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ria do tempo breve, episódica, a história das bio-grafias e dos acontecimentos.

O trabalho com a temporalidade no ensino daHistória não significa que o tempo seja, em simesmo, o conteúdo a ser trabalhado, mas implica,sim, um pressuposto metodológico essencial paraa compreensão e o raciocínio históricos.

que dão suporte à construção de noções de tem-poralidade e à compreensão dos fatos históricos.

O desenho das linhas de tempo ê sua con-sequente utilização em sala de aula podem variar,Com diversos graus : de especificidades; :podem,por exemplo, ser desenhos muito sintéticos oumuito analíticos, desde linhas:lde tempo biográfi-cas com dados precisos até outras que mostremgrandes etapas de longa duração:.: e em termosmais gerais:

A idéia da linha de tempo é i'elacionar dife-rentes,; categorias Com :, sua ::kdimensão temporal.Essas categorias, por seu lado, também são múl-tiplas, segundo o objetivo que se pretenda: espa-ços,: eventos,:processos, personagens,::fatorespolíticos, econâmicogi sociais, ciência, mentalida-des, religião, dentre outros, sempre que aconte-çam em um período de tempo definido.

HUERTA, Mireya L. la temporalidad y las lineas del tiempo:éd;:la lénéeãanía de :la ;historial- lá!:;TERRAZA$,; L. H., G:;i:

}it:JtXTA, Mitq$ÜljÇl: tl@: @fó!:Zà::éi$óeà ü@i: ê @ ü@ @boyii$1éíiéÓi:ilfi$titütó::$ilpêiiiof'!:dé:::Cltenéiiá#: dê: 14: Fdtiéâciótl

dé:EstãdQ ide: M.éxiéd/Sindicato de; úàestra$ âl servido dél

Estado de Médico, 1999. p. 57-9. [Tradução das autoras.]

AS TEMPORALIDADESHISTÕRICASEOENSINO

DAHISTÕRIA(PREBATENDO

OTEMA

Um dos maiores desafios para o ensino da His-tória é levar o aluno à compreensão das múltiplastemporalidades que podem coexistir nas socieda-des. O trabalho com as noções temporais precisaincluir, de maneira clara e explícita, a compreen-são dessas temporalidades.

Textoll

Seja qual for: nosso conceito .de HistóriQl::ede tempo, não podemos esquecer o problema deque: o tempo..naDE é somente sua tnedida, senãoque é parte intrínseca da vida humana, de manei-ra que ó tempo histórico é também seu conteú-do. A atividãdê humana transforma o tempo e íá-lo humano:. Nesse sentido, a linha de tempo esta:belece a relação entre o tempo e seus conteúdos:

Como ó tempo, particularmente o tempohistórico, é üm conceito abstratol sua compreen-são, pelo aluno, requer um processo complexo emais ou menos difícil. Nesse, sentida, poder :ex-pressa-lo de maneira gráfica é um recurso didáti,cola:lêfetiVo:

As linhas de tempo. podem servir pararefletir acerca daÉ Medidas::do tempo e das mu-danças ha vida humana e para relacionar infor'mações. Isso o professor pode fazer também deforma verbal. Mas fazê-lo graficamente, mediantelinhas de::tempo, dá melhores resultados, porqueos alunos trabalham çom imagens e proporções

Texto 2

É preciso advertir, desde já, que esse siste-ma quadril)artido - História Antiga, História Me-dieval, llistória;:Moderna e;l:História' Contempo-rânea --- de organização da História universal éum fato francês. Em outros países, o passado estáorganizado l de modo diferente, êm. função : depontos de referência diferentes. Na Grécia, aAntiguidade grega chega até: o século XV. e a ocu'pação turca corresponde a uma espécie de :IdadeMédia. :Na China, a história :moderna gindai) vaidas guerras do ópio ao. movimento patriótico demaio de 1919. Começa t:om este último a história'contemporânea" GÍandaí). Nos Estados Unidos,a :história nacional se organiza em dois blocos,em. função dos eixos fundamentais que são 4Guerra da. Independência, em .: fins :; do l:séculoXVlll, a Guerra de. Secessão, em 1860-1864.

CHESNEAUXi Jean. Z)epemoslnzer /ábu/a asa dapassado? -= Sóbfe a bistãtü: é os, bistóHaãorés.

sãÓ pliutd! ética, i995:. b:i :Para.

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Ç"

.' gnr.Texto 3

A identificação histórica Constitui a capaci-dade de :: obter uma apreciação: bem informadadas condições ou do$1 pontos de Vista de outraspessoas do passado. l)epende dç uma interpreta-ção imaginativa dos testemunhos e de umâ habiplidade i)ara tomar consciência dos ãnacroóismos.[...] A sensibi]idade histórica é algo mais que umjogo infantil. Exige que ÕS vivos ipercébam :ç: com-preendam coisas:-do modo .em que: foram perce-bidas e compreendidas por seres que morreramhá muito tempos:: O :aparecimento : do :cometaHalley foi acolhido comi entusiasmo pelos cientis-tas.modernos. Para :os antigos: saxões, significoumedo: e presságios funestosç ;t;..]g IA capacidadeque: qualquét üth teM pata se identificar çom. opassado : está determinada; :Poi' suas própriasexperiência!:: reãiÉ oü emocionais. ;]:::] As: criançaspodem:sef capazes dç se ;relacionarem coíü :pes-

soas:que vi+erao em outro tempo e f)utro lugarquando:. se Mostra que elas tiveram ;uma dimen::são humana: Essas pessoas do passado çomiam,Vestiam-sej::: jogavami casavam-sê, construíamcasasill:l:.:çontàvam histórias, adoravam:i ::deuses,interpretavam lnúsicai, criavam lseus filhos; mor;riam.:.: ,.[..:.]:i:A identificação é:::um:: exercício dereconstrução,; basealío em fontes que sejam aces-$í+éiá: ãos àlühds::

ALINHADETEMPOEOSEUSIGNIFICADO

As atividades relacionadas com a construção das chamadas linhas ou fH-sas temporais precisam ser preparadas cuidadosamente para que aj;elabo-ração das noções de tempo, pelo aluno, não fique prejudicada. Assim, sãonecessários alguns cuidados no sentido de fazê-lo entender que as linhasou frisam temporais são somente recursos gráficos. Um deles refere-se à con-textualização do conteúdo estudado, utilizando datas, informações e expli-cações históricas, como sugere o exemplo a seguir, que pode ser trabalha-do da 4.' série em diante.

A relação do branco com o índio, desde a época da colonização, foimuito difícil.:l Nos primeiros séculos após a chegada dos portugueses aoBrasil -- XVI, XVll e XVlll -- o índio foi escravizado, suas terras, conquis-tadas e muitas tribos, destruídas. Os brancos diziam que era a "guerra justa",isto é, eles tinham o direito de prender e matar os índios.

No século XIX, durante o período de 1808 a 1831, houve a fase da cha-mada "guerra ao bárbaro". O objetivo dos portugueses era expandir o terri-tório conquistado aqui, por isso os índiosjjforam caçados e mortosbcom aautorização do próprio rei de Portugal, D. Jogo VI, que viveu no Brasil.

PLIJCKROSE, }lenry. #nseãanza y ílptpndizc#e:de

ü;&iilfóiü: M d! jj4jêjjàn+$1 1Métêtai#99q pl1 4$1$i

ITraduçãQ dai autoras.]

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Ao lado, reProdl ção$ac-símile daspáginas56e57daobra Historiar --fazendo.contando enarrando a História.São Pauta: Scipione,2000.u.4,de ondejo{ retirada estal)reposta de Guia.

l Com base na leitura dos textos, discuta com seugrupo de sala de aula a seguinte questão:"Quais as relações que podem ser estabelecidasentre as temporalidades da vida cotidiana, aperiodização feita pelos historiadores e o traba-lho com o tempo no ensino da História?".

2. Registre as conclusões por escrito.

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O i17zpe?'apor do Brózsl/, D. Pedro 11, assí#au um cZecrefo esfaüe/eçemcíoque o cantata com os nd os deueüa ocos'espeta catequese e perac u tizclção, porque eles eram considerados selvagens.

Atividade

E interessante fazer um painel no qual você e seu grupo de sala pos-sam representar as fases da relação do homem branco com os índios noBrasil. Para isso:a) discutam as datas ou os períodos que serão destacados;b) selecionem as informações:que serão trabalhadas;c) produzam o texto e, se possível, ilustrem com gravuras ou desenhos;d) organizem, no local indicado pela professora, o painel. Não se esqueçam

de convidar as outras turmas para observarem o trabalho realizado.Nessa mes?tm época jo{ assinada pelo imperador uutla te{ cba«toada Le{de Temas, estabelecendo que todas as temas pagas seriamconsideradas boas para serem ocupadas e i)ovoadas por colonos.Muitas terras que pertenciam aos Índios foram tomadas e ocul)idas.

CONSTRUINDOASRELAÇÕESENTRE O PRESENTE E O PASSADO1889

O Brasit passou a ser uma República. As primeiras leis liras !e ras daRepúbí ca nctda falam sobre os Índios, seus direitos ow deveres. NoFeno(h entre 1889 e t9i6, intelectuais e políticos brasileirosdefenderam a déia de qwe os {%ã os deveriam ser amansados etrawsfownados em trabalhadores produtivos para o Brasa!. Ery} t909,foi ct'lado Q SPI -- Sen)iço de Proteção ao Índio sob as ordens doMarecba! Cândida Rondou.Nesse peHodo, o gouerlw dizia qlw os Índios deuedam ser:paci8nados -- para que suas temas pudessem ser aproveitadas edessertb íwcro;

reunidos -- em reseruas indígenas; aíjabetizados e educados paraaprenderem noções de higiene e técnicas agHcotas;l)rotegidos -ü das doenças e dos roubos dos brancos.

As noções temporais são construções que o serhumano realiza durante a própria vida. Uma dascontribuições do psicólogo Jean Piaget foi a com-provação de que as crianças não nascem com aperspectiva temporal pronta e acabada e que tam-bém a reversibilidade temporal é uma construção.Nesse sentido, o ensino da História, desde os pri-meiros anos da escolarização, tem importantepapel a cumprir.

Textoll1916a1988Nesse pev'iodo os Índios passaram a ser tutelados. Isso significa que ogoverno brasileiro daria proteção aos Índios enquanto elespermanecessem iguais aos pais e após e nãa deixassem de ser Índios.Mostra também que o Índio não podia ter ca e ra de identidade,título cie eleitor ou qualquer documento qtm provasse que eÍe eracidadão liras te ra, ou que protlasse a propriedade de s%as ten'as. Oít á o era "meio cidadão" brasiteit'o.

Entrevistador(E) -- lvan, você pode contarpra mim a história do Descobrimento do Brasil, oque você sabe?

lvan - Ah, é o Pedro Alvares Cabral, esta-va navegando no mar. Era barco à vela. Daí oventos o vento estava para um lado... Depois ovento foi para o outro. Ele estava indo descobriroutro país,.não sei qual é. AÍ o vento bateu parao outro lado e ele foi para o Brasil e quando elechegou no Brasil só tinha índio, não tinha nenhu-ma pessoa assim;;:; só íõdió:

E --:Quando isso aconteceu?1 -- Ah, eu não sei.E +--; EÜ 1500:: Está bem?1 --- Quando aconteceu o descobrimento

dó BrãSil?!j500;

Apartirde}988A Coltstituição liras te ra de 1988, ew} sew Amigo 23í, assegurou aosíndios Q d leito de terem sua organização social, além de costumes,língua, crenças, tradições e direitos sobre suas tem'as.

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E --- Seu pai erã vivo quando isso aconté-Ceü?;:

portanto, uma dimensão permanente dal :êons-ciênciá humana, um componente inevitável dasinstituições, valores e Qütros: padrões da socieda-de humana: O problema para ós historiadores éanalisar a : natureza desse :"sentido do passado"na 8oéiedãde e localizar suas íhüdanças e:Pêrma-íiêücias:

l;i+:Nãd.E ''-Por quê?1 - Ah, porque isso era .muita:antigamen-

te, nem acho que meu avâ existia:.E --. O que é:muito antigamente?l --::Ah:ii faz lmuitos anos, faz muitos anos

qvé: ;igsQ acóntecetilliiE -:: Quanto você acha muitos anos?l --:;Faz 400 e alguns anos.E -- 400 é muito tempo?

E -'u: ISeu :avâ :era vivo na época: do l)esco'b+üHénto dó Btasil?

]:: ,+ilMêil::àvâ?, Àdho. ;l ! tãlveêj$iú:E -+ Po! que você acha que: sim?1 --.. Porque;meü :avâ faz Inuito. tempo que

ele nasceu;e que ele viveu.E :--== E sey bisavó éra Vivo:ná época do

Dé$cóbfiiüentdldólB ágil?:l l;g.Meti biÉaxâ leráilE -'- Par qüê?l .-- }'orque faz muito tempo :que elÇ; RâSÜ

ceü e que ele viveu e também:l:lfa2 Muito tempoqué: aconteceu ;isso, o Descobrimento.OtiVEtltA,$4tidfp: PeSh4i çb;ií #@êÓ ;dÓ :iêlmpê;;BãfódóQ Ü4

êüünç4; #ü êsf#dti:cobre 4: óilêd dó: a$ üdai ü$ éã#êi#é$1ú e4 re/ã !iz#;à ó$!çi@à gü #li@!igPçõê g:q

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Com base na leitura dos textos, faça um resumocom as conclusões acerca das seguintes problemá-ticas:

l Quais são os elementos da temporalidade histó-rica da criança presentes no texto da entrevista?Como a criança aborda o passado?

Qual é o significado do passado no texto dohistoriador?

2

3 Quais são as relações entre a perspectiva dopassado da criança e as idéias do historiador?

COMENTANDO BIBLIOGRAFIASTexto 2

Todo ser humano teM consciência do pas:fada .(definido como:: :o período imediatamenteanterior aos eventos registrados na memóriâl doindivíduo), : em: : virtude :de:,.viver:; com pessoasüái$i?#êlhãs::fl PfÓvãvélhénte::;tôda ãs:ilsó;êliêdãdé$

que interessam aõ historiador: tenham uml$àbsa-do, pois mesmo as colónias anais inovadoras sãopó+oadas :l)or pessoas oriundas de alguma sacie-dade qué i:já :cõhta com uma longa história:i :Ser;lhéhbilÓí: dê ::uiÜã;:toíÜuhidãdél,Ihuíüãhã é sitü4riÉé

çm relação:ao ieu passado (ou da comunidade),ainda que apenas Dará :"rejeita-la. O : passado l é:,

CHESNEAUX, Jean. Z)epemoslazer /áó /a msa c/o pas-sado? -- Sobre a história e os hiato odores. SãoPaulo: Ática, 1995.A principal característica desta obra, já citada nocapítulo 3, é a sua perspectiva crítica em relação àfunção da História e ao papel do historiador, comênfase nas questões sobre a temporalidade. O au-tor, de forma questionadora, analisa temas como anecessidade de ter uma relação atava com o passa-do, a possibilidade da inversão da relação passado-presente, os problemas da quadripartição históricae os conceitos de tempo curto e tempo longo e ascontinuidades e as descontinuidades históricas.

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Page 10: Marca Auxíliadora Schmídt...H = ENSINAR HISTORIA r' [Marca Auxíliadora Schmídt e Professora doutora em História e Pós-doutora em Educação pela Capes ICoordenação de Aperfeiçoamento

LE GOFF, Jacques. //íslóría e memórlzz. Campinas: Uni-camp, 1992.Nesta obra do historiador Jacques Le Goff podemser encontrados textos elucidadores para subsidiardiscussões relacionadas com tempo e história. Oscapítulos indicados são Antigo/Moderno; Passado/Presente; Progresso/Reação; Idades Míticas e Ca-lendário.

ZAMBONI, Ernesta. Desenvolvimento das noções deespaço e tempo na criança. In: Cada"no Cbdes -- .4p?Ü íca de ensino de bísfórla. São Paulo: Cortez,1984. n. IO.Tendo como referência a perspectiva piagetiana, aautora analisa o desenvolvimento das noções detempo na criança. Trata-se de um dos primeirosestudos sobre o tema publicados no Brasil.

As fonteshistóricas e o

ensino daHistória

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OUSODODOCUMENTOHISTÓRICO EM SAIA DE AULA

conteúdo da História apresenta-se como umapluralidade de modulações dos discursos

sobre o passado: narrações, descrições, análisescausais entremeadas por palavras e expressõescomo para, então, por, para que, pode-se dizerque, dentre outras. De modo geral, o discurso his-tórico, mesmo acompanhado pelas indicações dasatividades e metodologias do historiador, cria,constantemente, o paradoxo de mascarar as condi-ções de sua produção e colocar em cena uma realidade com que ele tende, abusivamente, a se con-fundir. Assim, para o ensino da História, o trabalhopara entender e desvelar o discurso históricoimpõe uma atividade incessante e sistemática como documento em sala de aula.

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