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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
MARCELA CELANI SILVA
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO DE
EDIFÍCIO VERTICAL DE USO MISTO
NATAL, RN
2014
MARCELA CELANI SILVA
MIX123
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO
DE EDIFÍCIO VERTICAL DE USO MISTO
NATAL / RN
2014
Trabalho Final de Graduação apresentado
à banca examinadora, como requisito para
conclusão do curso de Arquitetura e
Urbanismo da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte no semestre letivo
2014.2.
Orientador: Prof.º Msc. André Alves.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA
CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
MIX123
ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO
DE EDIFÍCIO VERTICAL DE USO MISTO
MARCELA CELANI SILVA
BANCA EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Msc. André Felipe Moura Alves – UFRN (Orientador)
___________________________________________________
Prof. Msc. Fabrício Leitão – UFRN (Examinador Interno)
__________________________________________________
Arq. Msc. Glênio Leilson Ferreira Lima (Examinador Convidado)
RESUMO
Este Trabalho Final de Graduação (TFG) apresenta o percurso teórico, metodológico
e programático para a proposta de anteprojeto de um edifício vertical de uso misto
para o bairro de Candelária, na Zona Sul de Natal/RN. O desenvolvimento deste
provém de revisão bibliográfica e estudo dos precedentes arquitetônicos acerca do
tema, que resultarão em um escopo geral de soluções arquitetônicas. Neste
conjunto, são delimitadas aquelas que correspondem às três esferas que compõem
o objetivo do processo projetual – funcionalidade, estética e desempenho térmico –,
dando origem ao partido arquitetônico adotado, a ser evoluído e detalhado na
proposta arquitetônica. O produto final contempla os usos residencial, comercial e
serviços e consiste em uma proposta na qual os usos se relacionam entre si de
maneiras diferentes, como também com o lote e o meio urbano. A proposta integra
soluções e materiais adequados ao conforto térmico com as complexas relações
entre os três usos distintos, aliados à contemplação da paisagem.
Palavras-chave: projeto de arquitetura, uso misto, verticalização.
ABSTRACT
This Final Graduation Project (FGP) describes the theoretical, methodological and
programmatic proposal for a vertical mixed-use building to the neighborhood of
Candelária, in the south of Natal / RN. Its development comes from literature review
and study of architectural case studies on the subject, which will result in a general
scope of architectural solutions. In this set, those that correspond to the three
spheres, goal of the design process – Functionality, aesthetics and thermal
performance – are bounded, originating the architectural approach adopted, which is
evolved and detailed later in the architectural proposal. The final product includes the
residential, commercial and service uses and consists of a proposal in which the
uses relate to each other in different ways, as well as the plot and the urban
environment. The proposal incorporates adequate solutions and thermal comfort
materials with the complex relationships between the three distinct uses, combined
with the contemplation of the landscape.
Keywords: architecture design, mixed use, verticalization.
AGRADECIMENTOS
À minha família, pelo apoio incessante durante toda a minha vida e por
nunca deixarem de acreditar em mim.
À minha segunda família, pela íntima amizade e companheirismo.
Aos amigos Rayanna, Carolina (s), Guilherme e Clodoaldo, os quais
sempre estiveram presentes na minha jornada.
A todos os demais amigos do galinheiro, que conheci e convivi bastante,
em um lugar que posso chamar de lar.
Ao meu orientador André Alves, pela paciência e incentivo a buscar o
máximo para o desenvolvimento deste trabalho.
A Giovana de Oliveira, por ser estar sempre disposta a ajudar os alunos
do curso em todas as situações.
A Willian e Gabriela Guth, por me acolherem profissionalmente, passando
seus conhecimentos com paciência, e pelo imenso carinho que tenho por
eles.
A Márcio Teixeira, por ser uma extensão minha, me apoiar e acompanhar
de perto durante todo o meu percurso acadêmico.
Dedico este trabalho aos meus pais, os quais me incentivaram
desde o início a buscar a realização dos meus sonhos, sempre me
apoiando quando mais precisei.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Procedimentos Metodológicos de Projeto .................................................. 18
Figura 2. Areia Preta, Natal/RN - bairro predominantemente residencial .................. 20
Figura 3. Cidade Alta, Natal/RN - bairro predominantemente comercial ................... 20
Figura 4. Youth Housing, Nursery and Occupational Centre, Barcelona, Espanha... 25
Figura 5. Linked Hybrid, Pequim, China .................................................................... 25
Figura 6. Seattle Central Library, Seattle, Estados Unidos ....................................... 25
Figura 7. Ehwa Campus Complex, Seul, Coréia do Sul ............................................ 25
Figura 8. Museum Plaza, Louisville, Estados Unidos ................................................ 26
Figura 9. Zona Bioclimática 08 .................................................................................. 27
Figura 10. Divisão por diferença de níveis ................................................................ 28
Figura 11. Divisória abaixo do pré-direito .................................................................. 28
Figura 12. Esquemas de Ventilação Cruzada em relação à posição da abertura ..... 28
Figura 13. Esquemas de Ventilação Cruzada em relação à disposição de divisórias
internas ..................................................................................................................... 29
Figura 14. Esquema de Efeito Chaminé .................................................................... 29
Figura 15. Sistemas de Aberturas de Janelas ........................................................... 30
Figura 16. Sombreamento por Brises-Soleil .............................................................. 31
Figura 17. Sombreamento por Cobogós ................................................................... 31
Figura 18. Planta Baixa do pavimento tipo (residencial) ........................................... 33
Figura 19. Planta Baixa do pavimento térreo (comercial) .......................................... 34
Figura 20. Acesso aos apartamentos ........................................................................ 34
Figura 21. Acesso à galeria de lojas ......................................................................... 34
Figura 22. Corredor sinuoso ...................................................................................... 35
Figura 23. Galeria de lojas ........................................................................................ 35
Figura 24. Fachada Principal do Edifício COPAN ..................................................... 35
Figura 25. Fachada Frontal ....................................................................................... 36
Figura 26. Acesso ao hall .......................................................................................... 36
Figura 27. Croqui da planta baixa reformada ............................................................ 37
Figura 28. Banheiro (suíte máster) ............................................................................ 37
Figura 29. Suíte comum ............................................................................................ 38
Figura 30. Sala de Estar e Jantar .............................................................................. 38
Figura 31. Volumetria ................................................................................................ 39
Figura 32. Acesso recuado........................................................................................ 39
Figura 33. Corte Longitudinal: desnível e escalonamento do edifício ....................... 40
Figura 34. Planta Baixa - 5º Pavimento ..................................................................... 40
Figura 35. Relação das varandas e café com o meio externo................................... 41
Figura 36. Paineis modulados coloridos e concreto aparente ................................... 41
Figura 37. Volumetria ................................................................................................ 42
Figura 38. Acesso ao hall .......................................................................................... 42
Figura 39. Corte Longitudinal .................................................................................... 43
Figura 40. Pavimento Térreo ..................................................................................... 44
Figura 41. Pavimento Tipo ........................................................................................ 44
Figura 42. Cobertura - Apartamento Duplex ............................................................. 44
Figura 43. Fachada de Aberturas .............................................................................. 45
Figura 44. Detalhe das Aberturas .............................................................................. 45
Figura 45. Volumetria ................................................................................................ 46
Figura 46. Espaços de convivência contínuos .......................................................... 46
Figura 47. Pavimento Tipo ........................................................................................ 47
Figura 48. Localização da Área de Intervenção ........................................................ 50
Figura 49. Seção: Entorno Imediato do Terreno ....................................................... 51
Figura 50. Características Físicas do Terreno ........................................................... 52
Figura 51. Condição Atual do Terreno ...................................................................... 52
Figura 52. Logradouro – Rua Paulo Lira ................................................................... 52
Figura 53. Geometria Solar no Terreno ..................................................................... 56
Figura 54. Rosa dos Ventos – Natal/RN ................................................................... 56
Figura 55. Uso e Ocupação do Solo do Entorno Imediato ........................................ 59
Figura 56. Vista dos edifícios – Av. Salgado Filho e Campus UFRN ........................ 60
Figura 57. Vista dos edifícios – Av. Salgado Filho e Parque das Dunas ................... 60
Figura 58. Sobreposição dos Condicionantes Projetuais .......................................... 62
Figura 59. Estudos Preliminares ............................................................................... 66
Figura 60. Relações Volumétricas ............................................................................. 70
Figura 61. Perspectiva primeira proposta .................................................................. 71
Figura 62. Perspectiva da segunda proposta ............................................................ 72
Figura 63. Perspectiva da terceira proposta .............................................................. 74
Figura 64. Pavimento Térreo: Lojas .......................................................................... 75
Figura 65. Pavimento Superior: Escritórios ............................................................... 76
Figura 66. Área de uso comum coberta e descoberta ............................................... 77
Figura 67. Pavimento Tipo: Apartamentos ................................................................ 78
Figura 68. Implantação do Edifício ............................................................................ 79
Figura 69. Perspectiva do observador – Acesso Rua Ataulfo Alves .......................... 80
Figura 70. Perspectiva do observador – Acesso esquina da Rua Ataulfo Alves com a
Rua Paulo Lira ........................................................................................................... 81
LISTA DE TABELAS E QUADROS
Tabela 1. Procedimentos Metodológicos de Pesquisa .............................................. 16
Tabela 2. Quadro Comparativo – Precedentes Arquitetônicos.................................. 48
Tabela 3. Quadro Resumo das Prescrições Urbanísticas ......................................... 54
Tabela 4. Áreas e Dimensões mínimas dos compartimentos.................................... 54
Tabela 5. Vagas de Estacionamento por Uso ........................................................... 55
Tabela 6. Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento ............................... 63
Tabela 7. Quadro Comparativo – Estudos Preliminares ........................................... 68
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 15
PARTE I - EDIFÍCIOS MISTOS
3 EDIFÍCIOS MISTOS........................................................................................... 20
3.1. Multiplicidade de Usos em Edificações ........................................................ 20
3.2. Desempenho Térmico de Edificações .......................................................... 26
4 PRECEDENTES ARQUITETÔNICOS ............................................................... 32
4.1 Estudos de Referência Diretos ..................................................................... 32
4.1.1 Edifício COPAN, São Paulo/SP ................................................................ 32
4.1.2 Aimberê 1749, São Paulo/SP ................................................................... 36
4.2 Estudos de Referência Indiretos .................................................................. 38
4.2.1 João Moura 1144, São Paulo/SP .............................................................. 38
4.2.2 Edifício Praça Municipal 47, Porto Alegre/RS ........................................... 41
4.2.3 EHL Premium Condominiums, Dhaka/Bangladesh ................................... 45
4.1 Comparativo dos Precedentes Arquitetônicos ............................................. 47
PARTE II - PRÉ-PROJETO
5 ÁREA DE INTERVENÇÃO ................................................................................ 50
6 CONDICIONANTES PROJETUAIS ................................................................... 52
6.1 Aspectos Legais ........................................................................................... 53
6.2 Aspectos Ambientais .................................................................................... 56
6.3 Aspectos Sócio-espaciais ............................................................................ 57
6.4 Aspectos Urbanísticos e Paisagísticos......................................................... 58
7 METAPROJETO ................................................................................................ 60
PARTE III - PROCESSO PROJETUAL
8 A PROPOSTA ARQUITETÔNICA ..................................................................... 66
8.1 Estudos Preliminares ................................................................................... 66
8.2 Partido Arquitetônico .................................................................................... 68
8.3 Evolução da Ideia ......................................................................................... 70
8.4 Memorial Descritivo-justificativo ................................................................... 74
8.4.1 Multiplicidade de usos na proposta projetual ............................................ 81
8.4.2 Conforto Térmico na proposta projetual .................................................... 82
8.4.3. Aspectos formais na proposta projetual .................................................... 82
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 84
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 85
10.1 Legislações ............................................................................................... 85
10.2 Publicações ............................................................................................... 85
10.3 Arquivos Eletrônicos ................................................................................. 86
11 APÊNDICES ...................................................................................................... 87
“É característica nata do brasileiro a mistura, a diversidade, a
busca por inovação, a criatividade, e não vai ser diferente em
relação à arquitetura”.
Antonio Milazzo de Almeida (REDIMOB, 2013)
14
1 INTRODUÇÃO
Este trabalho final de graduação consiste na elaboração de um anteprojeto de
arquitetura de um edifício de uso de misto, que possua os usos residencial,
comercial e serviços, em Natal/RN, com ênfase nas soluções espaciais e
desempenho térmico. A escolha do tema se justifica pela atual demanda crescente
da cidade por espaços com maior diversidade funcional e que atendam a vários
tipos de usos e atividades, pouco assimilados pela construção civil potiguar, além da
promoção de um edifício com redução do impacto ambiental.
Na última década, a capital norte riograndense obteve um aumento de
12,84% da população residente, segundo o IBGE, e acompanhando o acelerado
crescimento demográfico surge a saturação do espaço urbano, alvo da incorporação
de grandes construtoras, cujo objetivo é a rentabilidade a partir da proposta
arquitetônica de condomínios clubes como sinônimo de status social ou solução
urbanística em razão da insegurança pública.
Como resposta ao crescimento da cidade, a tendência arquitetônica dos
edifícios verticais mistos procura resolver as questões de moradia, trabalho e lazer
na mesma edificação ou entorno, aumentando o aproveitamento do espaço e
reduzindo a necessidade de deslocamento. Esta proposta arquitetônica contrapõe-
se à ideia de zoneamento funcional modernista, empregada nos empreendimentos
residenciais, além de promover a ruptura cultural de aceitação dos condomínios
clubes como a melhor opção de moradia e lazer, como também os shoppings
centers e edifícios de escritórios como a única opção de comércio e serviços. O
edifício misto resulta na diversificação do espaço.
Quanto mais diversificados forem os espaços, mais a população se
relacionará com eles, tornando-os consolidados e atrativos, e para tal, as edificações
mistas têm o importante papel de reunir várias atividades em um único local. Na
questão urbana, este tipo de edificação também traz repercussões positivas, como
melhoria das condições de qualidade de vida e trabalho, infraestrutura urbana e
segurança, além do aumento da relação dos usuários com os espaços públicos
gerados por estes complexos arquitetônicos (REDIMOB, 2013).
15
Os objetivos específicos deste trabalho são: pesquisar os principais conceitos
que definem o conforto térmico e a funcionalidade dos três usos contemplados;
compreender a dinâmica de funcionamento de um edifício vertical de uso misto,
considerando seus diversos usos, as necessidades do público-alvo e área de
intervenção; investigar aspectos e estratégias projetuais que resultam em uma
edificação confortável termicamente; e por fim, desenvolver uma proposta
arquitetônica que integre os aspectos de desempenho térmico, estética e
funcionalidade.
O trabalho é dividido em três partes: I – Edifícios Mistos, correspondente ao
referencial teórico e empírico da tipologia edilícia; II – Pré-projeto, relacionada aos
condicionantes projetuais e análise da área de intervenção; III – Processo Projetual,
que consiste na apresentação gráfica da proposta arquitetônica e memorial
descritivo-justificativo.
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Os procedimentos metodológicos são divididos para a etapa de pesquisa e
para o desenvolvimento do projeto. A fase inicial de pesquisa é constituída por
referenciais teórico, empírico. O referencial teórico é realizado a partir da consulta de
livros, revistas técnicas e Trabalhos Finais de Graduação, analisando o tema da
pesquisa e suas variáveis, tais como edifício misto, funcionamento de cada uso
proposto para a edificação (residencial, comercial e serviços), inter-relações dos
usos e conceitos relativos ao conforto térmico e que subsidiem o processo projetual.
O referencial empírico corresponde à pesquisa por projetos, executados ou não, de
equipamentos verticais de uso misto ou de um dos usos contemplados por este, de
modo a observar como ocorre a setorização das residências, escritórios e lojas bem
como o fluxograma dos usuários. Além dos aspectos funcionais, este estudo dará
suporte aos aspectos formais e de desempenho térmico encontrados, como
estratégias de projeto em resposta ao contexto bioclimático, soluções plásticas do
equipamento e sua implantação no terreno e entorno imediato. No caso dos estudos
de referência diretos, será realizada visita in loco em Natal ou cidade próxima,
enquanto que os estudos de referência indiretos foram elaborados através de livros,
revistas técnicas ou acervo eletrônico.
16
A tabela abaixo apresenta um resumo das técnicas, instrumentos e fontes dos
procedimentos metodológicos de pesquisa do trabalho.
Tabela 1. Procedimentos Metodológicos de Pesquisa
Área de Estudo: Projeto de Arquitetura
Tema: Verticalização de diversos usos
Objetivo Geral
Objetivo Específico
Procedimentos Técnicas Fonte de Dados
Desenvolver
um
anteprojeto
arquitetônico
de uma
edificação
vertical mista,
explorando
soluções que
atendam aos
conceitos de
conforto
térmico.
Pesquisar sobre os
principais conceitos
que regem o conforto
térmico e a
funcionalidade dos
três usos
contemplados
(referencial teórico)
Revisão
bibliográfica.
Leituras e
tabulações.
Artigos, livros e
revistas técnicas.
Compreender a
dinâmica de
funcionamento de
um Edifício Misto,
considerando seus
diversos usos, as
necessidades do
público-alvo e área
de intervenção
(referencial empírico)
Elaboração dos
estudos de
referencia.
Levantamento
fotográfico e
projetual e
visita in loco.
Projetos de
arquitetura, artigos,
livros e revistas
técnicas.
Análise dos
condicionantes
ambientais.
Leituras e
tabulações.
Artigos, livros e
revistas técnicas.
Compreender os
aspectos e
estratégias projetuais
que resultam em
uma edificação
confortável
ambientalmente e
eficiente
espacialmente
(referencial empírico)
Elaboração dos
estudos de
referencia.
Levantamento
fotográfico e
projetual e
visita in loco.
Projetos de
arquitetura, artigos,
livros e revistas
técnicas.
Análise dos
condicionantes
ambientais.
Leituras e
tabulações.
Artigos, livros e
revistas técnicas.
17
Desenvolver
um
anteprojeto
arquitetônico
de uma
edificação
vertical mista,
explorando
soluções que
atendam aos
conceitos de
conforto
térmico.
Desenvolver uma
proposta
arquitetônica que
integre os aspectos
de conforto
ambiental, estética e
funcionalidade
(processo projetual).
Levantamento
das
características
físicas e
ambientais da
área de estudo.
Medições e
croquis
esquemáticos.
Visitas no local.
Análise da
legislação.
Leituras e
tabulações.
Legislações (Plano
Diretor de
Natal, Código
de Obras, NBR
9050 etc.).
Elaboração do
programa de
necessidades,
pré-
dimensionamento
e estudos
funcionais e
volumétricos, e
desenho técnico.
Leituras,
anotações,
croquis,
modelagens e
desenhos em
softwares.
Referencial teórico
do Trabalho Final
de Graduação.
Fonte: elaborado pelo autor (2014)
Os referenciais teórico e empírico formatam a pesquisa para o objeto de
estudo. Na sequência são desenvolvidos procedimentos metodológicos para
elaboração da proposta arquitetônica, tais como análise da área de intervenção,
análise das condicionantes projetuais, metaprojeto, consultas complementares e
conceitos/estudos preliminares. As informações obtidas a partir destes referenciais e
análises delimitarão um campo de soluções arquitetônicas possíveis, que atendam
aos aspectos funcionais, formais e desempenho térmico, e resultem na proposta
arquitetônica do edifício vertical de uso misto (ver Figura 1).
A coleta de dados da área de intervenção será feita pela visita ao local do
terreno e realização do levantamento das características físicas como dimensões,
acessos e topografia, além dos condicionantes ambientais, como incidência dos
ventos e orientação solar, através da análise de mapas, fotografias e documentos
18
técnicos, fatores a serem considerados nos aspectos funcionais e de conforto
térmico durante o processo projetual.
Os condicionantes projetuais consideram a consulta às determinações de
regulamentação na legislação vigente – com enfoque para a verticalização – como
Plano Diretor de Natal, Código de Obras, Código do Corpo de Bombeiros, normas
técnicas de acessibilidade entre outras, para a realização de tabulações e diagramas
que orientem o processo projetual dentro dos parâmetros legais.
O metaprojeto consiste na definição do programa de necessidades e
desenvolvimento de estudos preliminares (partido arquitetônico, zoneamentos
esquemáticos e estudos volumétricos).
Os procedimentos metodológicos para o projeto finalizam com a
compatibilização das informações obtidas no decorrer da pesquisa e fase pré-projeto
e que resultará na solução arquitetônica deste trabalho, conforme ilustrado no
diagrama abaixo.
Figura 1. Procedimentos Metodológicos de Projeto
Fonte: elaborado pelo autor (2014)
Após a definição da solução arquitetônica, é desenvolvido o anteprojeto do
edifício, de modo a proporcionar um conjunto de informações técnicas da edificação
por meio da representação gráfica em plantas e perspectivas (maquete volumétrica)
e memorial descritivo-justificativo do projeto.
20
3 EDIFÍCIOS MISTOS
Este capítulo consiste em uma revisão bibliográfica acerca da verticalização
do uso misto, bem como os aspectos de conforto térmico.
3.1. Multiplicidade de Usos em Edificações
Depois da Revolução Industrial, surgiu a necessidade de tornar as cidades
mais organizadas e agradáveis para a população, através do zoneamento funcional.
Este instrumento é utilizado para planejar a urbe através da distinção dos espaços
para cada atividade humana – criação de zonas residenciais (como o bairro de Areia
Preta, Natal/RN; ver Figura 2), industriais, comerciais (como o bairro de Cidade Alta,
Natal/RN; ver Figura 3), agrícolas, entre outras – com a aplicação do conceito de
monofuncionalismo, que consiste em áreas e edifícios com apenas um uso ou
atividade distinta (LIMA, 2008).
O resultado desta medida na escala do edifício corresponde à verticalização
monofuncional, onde o baixo custo advém da padronização das construções ou da
construção de longos e altos edifícios de apartamentos, lojas ou escritórios. Essas
construções foram realizadas de maneira desconectada do tecido urbano tradicional,
acarretando em bairros degradados, com segregação social ou racial (LIMA, 2008).
Figura 2. Areia Preta, Natal/RN - bairro predominantemente
residencial
Fonte: http://www.skyscrapercity.com
Figura 3. Cidade Alta, Natal/RN - bairro predominantemente
comercial
Fonte: http://www.riograndedonorte.net
No contexto contemporâneo, os edifícios multifuncionais ou mistos – que se
contrapõem aos monofuncionais – surgem como resposta à pressão metropolitana
21
pelo aumento do valor do solo, densidade edificada e populacional e limitações da
trama urbana (HYBRID ARCHITECTURE BLOG, 2011). Estes retomam as áreas
urbanas centrais e reestruturam a relação dos indivíduos com a cidade, visto que a
rede de atividades e funções, quando diversificada e completa, atraem todas as
atenções, estimulam a vida, o bem-estar e conforto da população, além de serem
fatores determinantes da identidade da cidade (LIMA, 2008).
Os edifícios multifuncionais ou mistos são caracterizados por conjugarem
diferentes usos no mesmo projeto, totalmente independentes entre si, cada um com
sua própria gestão, com diferentes desenvolvedores e usuários. Segundo Marco
Antonio Milazzo de Almeida (REDIMOB, 2013), especialista em Engenharia de
Segurança pela UFRJ, esses edifícios são como cidades verticais, onde o objetivo é
criar intensidade e vitalidade para o bairro, atrair as pessoas e favorecer a mistura e
a indeterminação.
Cada edifício misto pode conter uma combinação de vários usos diferentes e
por isso cada edificação é única, ao contrário dos empreendimentos tradicionais que
“são sempre cópias de modelos pré-existentes, que não trazem nada de novo”,
afirma Almeida (REDIMOB, 2013), e como a sociedade atual é muito dinâmica, está
sempre atraída pelas novidades. Entretanto, estes não obtiveram aceitação
completa do mercado da construção civil pela sua ascensão em meio às limitações
legislativas, econômicas, administrativas (REDIMOB, 2013).
Geralmente, a mistura de usos em uma edificação mista resulta em edifícios
residenciais com um espaço comercial na ligação com a rua. Esta tipologia de
organização funcional traz conveniências tanto para um morador daquela
vizinhança, assim como para o comerciante que possui seu estabelecimento no
embasamento do prédio. Os residentes têm a vantagem de ter acesso a
mantimentos, utilidades e lazer percorrendo curtas distâncias a pé ou de bicicleta,
enquanto que os comerciantes têm a garantia do movimento constante de clientes,
essencialmente a população que ali reside (LIMA, 2008).
A presença de mais de um uso no interior de uma única estrutura não é
recente na história da arquitetura. Na sociedade da Idade Média o objetivo principal
da rua era abrigar os comércios e a vida pública da população que ali residia. Nas
cidades renascentistas e barrocas, a habitação geralmente situava-se sobre as
22
oficinas e lojas, e com o adensamento das cidades, foram construídas mais de uma
residência acima de apenas um local de trabalho, surgindo o caráter vertical da
edificação plurifuncional (SCALISE, 2004).
Esta tipologia arquitetônica também se caracteriza pela mudança de
configuração do espaço público que o cerca, o qual passa a ser mais utilizado pela
população para atividades diversificadas, acompanhando o dinamismo da mistura
dos usos. “Uma das consequências da multifuncionalidade dos edifícios é uma
alteração radical no conceito tradicional de espaço público, outrora um contínuo de
praças e ruas, ou um vazio que criava tensão nos palácios ou nos arranha-céus
funcionalistas” (SCALISE, 2004. p-14). Já os edifícios monofuncionais, aqueles que
comportam apenas um uso, transformam as zonas urbanas onde se instalam
dinâmicas apenas nos dias da semana, enquanto que no tempo remanescente não
são utilizadas, tornam-se vazias e inseguras (LIMA, 2008).
Um estudo realizado em oito bairros de Los Angeles/CA, nos Estados Unidos,
apontou que as áreas comerciais exclusivas possuem índices de criminalidade mais
elevados – 45% mais alto – em comparação com áreas similares que incluíam
também residências, ou seja, edificações de uso misto. Além disso, os bairros
estritamente comerciais que receberam mudança nesse zoneamento, recebendo
mais usos, obteve uma baixa de 7% da criminalidade (ArchDaily, 2013).
Outro aspecto pertinente consiste na compatibilidade funcional, formal e
administrativo entre os usos. As grandes dimensões dos ambientes, o pé-direito alto
ou a ausência de pilares no piso térreo – onde se localizam os estabelecimentos
comerciais – podem não ser facilmente compatíveis com os pisos superiores, de
menor escala e maior compartimentação – onde se localizam as residências. A área
de estacionamento necessária para as empresas difere muito em relação ao uso
residencial, tornando a rede de transporte público indispensável além de exigir um
grande número de vagas de estacionamento. Além disso, a habitação engloba
requerimentos de segurança, privacidade e conforto que, quando combinado com
outras funções, deve-se buscar o equilíbrio entre intimidade e comunidade (LIMA,
2008).
23
Segundo Neves (2012), os edifícios multifuncionais apresentam
características marcantes, que chamaram a atenção de alguns sociólogos como
Aurora F. Per, os quais serão explicitados adiante: personalidade, sociabilidade,
forma, tipologia, programa, escala e inserção no tecido urbano.
Quanto à personalidade, um edifício misto caracteriza-se por uma criação
individual do arquiteto, sem modelos predefinidos. Inovadores e únicos, estes
edifícios rompem com a combinação dos programas habituais, incorporando ideias
que variam de acordo com local, sociedade e sobreposição de funções. Pode
ajustar-se a mudanças tecnológicas, de mobilidade, interatividade, entre outras,
tornando-se multifacetado em relação a sua versatilidade, diversidade e
complexidade. Procura gerar relações de intimidade variadas e imprescindíveis à
convivência dos habitantes da cidade. Dadas estas características, o edifício híbrido
pode então ser considerado personalizado na sua combinação funcional e formal.
No tocante à sociabilidade, a configuração dos edifícios multifuncionais
promovem relações intrínsecas das esferas pública e privada. A privacidade e
intimidade, característica do uso residencial, contrapõem-se com a sociabilidade
associada a lojas, escritórios e espaços públicos, possibilitando a mescla de
atividades e atrativos. Esta sociabilidade provê experiências à população, de modo
que a vida pública na cidade não se limita à projeção da vida privada, como
acontece nos “condomínios clubes” anteriormente explicitados.
A permeabilidade desses edifícios, no que se refere à cidade, bem como a
utilização de seus equipamentos privados e públicos, leva a ampliar a duração das
atividades comportadas, de modo que o entorno deste tipo de edifício adquire uma
maior segurança pela sua dinâmica de funcionamento em qualquer fase do dia,
diferente das áreas urbanas zoneadas funcionalmente, cujas residências se
intensificam à noite enquanto as lojas e escritórios se desativam.
Em relação à forma, o edifício de uso misto contrasta com os preceitos
modernos de que a forma segue a função. A sua capacidade mutável resulta em
uma associação forma/função explícita ou implícita, de acordo com a segregação
aparente ou não das atividades contempladas. Estas podem organizar-se
verticalmente, horizontalmente ou mesmo intercaladas seccionalmente e em planta.
24
Quanto à tipologia, essas edificações não possuem uma representação prévia
nem pode ser reproduzido na íntegra em outros contextos urbanos, como acontece
com alguns projetos. O conceito do edifício, embora respeite os condicionantes e
resolva problemas urbanos, não aplica aspectos formais e funcionais definidos ou
estereotipados. Entretanto, Joseph Fenton e Martin Musia Towicz, elencados
adiante, auxiliam o entendimento de alguns modelos por meio da interação formal e
funcional no processo projetual, ainda que não se trate de um padrão frequente.
O programa dos edifícios multifuncionais é o fator que mais o individualiza,
contando com o processo criativo de um sistema interligado de relações funcionais
intensas, que busca o equilíbrio das diversas atividades contempladas. Trata-se da
capacidade de coexistência de programas distintos, em tempos distintos, num
mesmo espaço.
A escala de um edifício de uso misto diferencia-se da de um edifício
monofuncional. O primeiro assume caráter de “superedifício”, “superestrutura” e
edifício-cidade, por prevalecer em situações de densidade urbana e limitações de
ocupação do terreno e possibilitar soluções para os entraves da cidade. Isto se deve
às necessidades da diversidade do programa na verticalização e na ocupação em
planta do terreno.
Por fim, a inserção de um edifício multifuncional no tecido urbano pode
estabelecer a noção de uma cidade exterior e interior, urbana ou construída, que
permite um diálogo também com outros possíveis elementos da urbe envolvente.
No quesito de classificação, no tocante à relação formal e funcional com o
entorno, Joseph Fenton, em sua publicação “Hybrid Bulding” de 1985, divide os
edifícios mistos em três grupos distintos: no tecido, os quais se adaptam à
volumetria imposta pelo tecido urbano envolvente e suas condicionantes, sendo
imperceptíveis os aspectos funcionais em sua aparência externa; por enxerto, nos
quais cada uso se formaliza em um volume distinto, apresentando grande expressão
formal no exterior; e monolíticos, em que os distintos usos se acomodam no interior
de um único volume (HYBRID ARCHITECTURE BLOG, 2011). Partindo destes
conceitos, pretende-se realizar um projeto de um edifício misto correspondente a
ultima classificação.
25
No que se refere às estratégias de desenho, abordando as condições de
heterogeneidade e densidade, Martin Musia Towicz em sua publicação “Vigor
híbrido y la arte de mesclar” de 2008, acrescenta cinco novas classificações:
“compacto” (ver Figura 4), caracterizado pela redução da expressão formal de cada
programa, impedindo que a aparência externa decifre a organização interna; “cidade
dentro de cidade” (ver Figura 5), correspondente àqueles que agrupam uma gama
completa de funções de uma cidade inteira, tornando-se autossuficientes mesmo
quando localizados remotamente; “fusão estrutural” (ver Figura 8), consequentes da
complexidade estrutural imposta pela verticalização de sistemas estruturais
aglutinados e distintos ou na descentralização dos núcleos estruturais; “justaposição
de secções e indeterminação espacial” (ver Figura 6), caracterizados pela redução
do programa específico de cada uso, permitindo a sobreposição de atividades
distintas sobre um mesmo espaço e “paisagens integradas” (ver Figura 7), referentes
à tendência de incorporar espaços públicos coletivos à sua estrutura, de modo que
tanto estes, como a paisagem, se conectem com os restantes usos (NEVES, 2012).
Figura 4. Youth Housing, Nursery and Occupational Centre,
Barcelona, Espanha
Figura 5. Linked Hybrid, Pequim, China
Fonte: http://designboom.com/
Fonte: http://www.thecoolist.com
Figura 6. Seattle Central Library, Seattle, Estados Unidos
Fonte: http://www.mckinstry.com
Figura 7. Ehwa Campus Complex, Seul, Coréia do Sul
Fonte: http://edfacilitiesinvestment-db.org
26
Figura 8. Museum Plaza, Louisville, Estados Unidos
Fonte: http://archinect.com/
3.2. Desempenho Térmico de Edificações
A NBR 15220-3 preconiza diretrizes projetuais para cada Zona Bioclimática a
serem atendidas para prover conforto térmico a uma edificação. As diretrizes são
relativas ao tamanho das aberturas para ventilação; proteção das aberturas;
vedações externas (parede externa e cobertura) e estratégias de condicionamento
térmico passivo.
Natal/RN está situada na Zona Bioclimática 08, a qual comporta todo o litoral
norte, nordeste e sudeste (em parte) do Brasil e está caracterizada pelo clima
quente e úmido (ver Figura 9). Segundo a norma, para esta região, as aberturas
devem ser grandes e sombreadas, de modo a captar ventilação constante e diminuir
a transmitância de calor durante o dia. No tocante às vedações externas, estas
devem ser de sistema estrutural e materiais leves e refletores, como coberturas de
telha de barro não esmaltadas e sem forro, ou que contenham aberturas para
ventilação em, no mínimo, dois beirais opostos e que ocupem toda a extensão das
fachadas respectivas. Por fim, a principal estratégia de condicionamento térmico
passivo consiste na ventilação cruzada, obtida através da circulação de ar pelos
ambientes da edificação, atentando para os ventos predominantes da região e para
o entorno, que alteram a direção dos ventos.
27
Figura 9. Zona Bioclimática 08
Fonte: ABNT NBR 15220-3 (2005)
A ventilação nos espaços arquitetônicos pode ser produzida por meios
mecânicos (ventiladores, exaustores, etc.), também conhecida como ventilação
mecânica, e meios naturais, conhecida como ventilação natural. Esta última é uma
das principais estratégias bioclimáticas para proporcionar conforto térmico em clima
quente e úmido, removendo o calor interno da edificação por meio do movimento do
ar, provendo sensação de conforto dos ocupantes do espaço (NEGREIROS, 2010).
O conceito de ventilação está relacionado ao movimento do ar, causado pela
diferença de pressão. Quando o vento atua sobre um obstáculo, cria-se uma zona
positiva de compressão (alta pressão) e outra negativa de subpressão (baixa
pressão) que gera a circulação de ar. Sendo assim, as aberturas de uma edificação
devem ser estudadas de modo que a zona de baixa pressão atue como sucção do
ar que se infiltrou pela zona de alta pressão, aproveitando a inércia natural dos
ventos (MONTENEGRO, 1931).
Uma estratégia adaptada ao clima tropical consiste na criação de espaços
livres, contínuos e desafogados, separando por divisórias apenas os locais que
necessitem e privacidade estrita, e se possível, mais baixas do que o pé-direito (ver
Figura 11). Essa questão pode permitir a livre passagem de ventilação natural, como
também alterar sua direção e sua intensidade. As divisórias dos ambientes também
28
podem ser feitas por diferenças de níveis (ver Figura 10), planos vazados, variação
da intensidade luminosa ou cores, embora as edificações estejam cada vez mais
compartimentadas, pela excessiva exigência de privacidade (HOLANDA, 1976).
Figura 10. Divisão por diferença de níveis
Fonte: HOLANDA (1976)
Figura 11. Divisória abaixo do pré-direito
Fonte: HOLANDA (1976)
Há diversas possibilidades quanto à passagem do vento no interior da
edificação, dependendo da posição das aberturas nas fachadas e disposição de
divisórias internas (ver Figura 12). Quando as aberturas estão em fachadas opostas,
tem-se a maior velocidade do vento possível através do ambiente (esquemas 1 e 2),
no entanto, aberturas em fachadas adjacentes provocam uma curvatura no vento,
tornando a ventilação mais efetiva (esquemas 3, 4 e 5), exceto quando estas estão
muito próximas (esquema 6), na qual o ar não se encontra bem distribuído
(LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA, 2004).
Figura 12. Esquemas de Ventilação Cruzada em relação à posição da abertura
Fonte: LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA (2004)
Em relação à disposição de divisórias internas (ver
Figura 13), quanto menos obstáculos tiver o ambiente, melhor será distribuída
a ventilação no interior deste (esquema 1). Caso haja obstáculos próximos á entrada
de ar, o fluxo de ar é dividido, reduzindo a ventilação e o resfriamento do ambiente
29
(esquema 2 e 6). Entretanto, a organização das paredes pode permitir a canalização
do vento para outros ambientes, ou criar espaços com ar estagnado (esquema 3, 4 e
5). Portanto, quanto menos compartimentada for a planta baixa de uma edificação,
melhor é a passagem do vento e está mais adequada às necessidades do clima
quente de Natal/RN.
Figura 13. Esquemas de Ventilação Cruzada em relação à disposição de
divisórias internas
Fonte: LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA (2004)
Aberturas pequenas para a entrada dos ventos concentram e aumentam a
velocidade do ar, enquanto aberturas grandes de saída provocam perda dessa
velocidade e o ar se dispersa, garantindo a renovação do ambiente. Quando a saída
dos ventos encontra-se mais alta do que a entrada, tem-se o denominado Efeito
Chaminé, no qual o ar recebe o calor do ambiente, torna-se menos denso e sobe,
sendo evacuado pela saída. Apesar de as aberturas de mesmo peitoril serem
usuais, a qualidade térmica da edificação torna-se melhor com as aberturas de saída
na altura do forro, como mostra a Figura 14 (MONTENEGRO, 1931).
Figura 14. Esquema de Efeito Chaminé
Fonte: MONTENEGRO (1931)
30
Outro fator a ser considerado consiste na área útil de ventilação, ou seja, área
pela qual o ar adentra na edificação quando a janela está totalmente aberta, o que
difere de acordo com cada sistema de abertura (ver Figura 15). As janelas
guilhotinas e corrediças possuem somente metade da sua área efetiva para a
ventilação natural, enquanto que as janelas de abrir são totalmente aproveitadas e
tornando-se ideal para o clima potiguar. As janelas basculantes e maximares
também possuem área total como efetiva de ventilação, com a vantagem de
regularem a entrada de ar de acordo com a inclinação de suas folhas (LAMBERTS;
DUTRA; PEREIRA, 2004).
Figura 15. Sistemas de Aberturas de Janelas
Fonte: LAMBERTS; DUTRA; PEREIRA (2004)
Para tal, a NBR 15575-4 – Sistemas de Vedações Externas e Internas exige,
em relação ao desempenho térmico, que os ambientes da edificação devem ter
aberturas para ventilação com áreas que atendam à legislação específica do local
da obra, como o Código de Obras ou o Plano Diretor. Logo, o Plano Diretor de Natal
31
(2007) indica a área de abertura de 6% da área do piso, para ambientes de uso
prolongado (locais de repouso, trabalho ou comércio), e 8% para ambientes
transitórios (locais de higiene, limpeza, circulação e armazenagem).
A incidência de radiação solar também afeta consideravelmente o conforto
térmico das edificações. Esta, quando adentra pelas aberturas e é absorvida pela
envoltória, causa aquecimento do ambiente, ofuscamento, deterioração de materiais
e influencia a troca de calor dos indivíduos com o meio. Sua transmissão é
determinada pela orientação, tamanho e sistema das aberturas, bem como a
presença ou não de elementos externos de sombreamento (NEGREIROS, 2010).
O sombreamento das aberturas nas fachadas torna-se indispensável na
região Nordeste, pois permite a entrada de ventilação natural nas janelas
constantemente abertas, sem receber insolação e troca de calor durante o dia ou
águas pluviais (neste último caso, a renovação do ar é ainda mais importante visto
que a umidade aumenta a sensação de calor). Para tal, faz-se necessário o estudo
da trajetória anual do sol sobre a fração urbana em estudo para decidir os elementos
de sombreamento mais eficientes, podendo variar entre brises (ver Figura 16),
marquises, pergolados, cobogós (ver Figura 17), muxarabis, vegetação, entre outros
(HOLANDA, 1976).
Figura 16. Sombreamento por Brises-Soleil
Fonte: http://catalogodearquitetura.com.br
Figura 17. Sombreamento por Cobogós
Fonte:
http://anatomiarquitetonica.blogspot.com.br
As aberturas também incluem as portas responsáveis pelo contato visual,
entre a paisagem e a construção, e pelo acesso, entre o exterior e o interior, além de
que devem permanecer sempre sombreadas e abertas. Estas também devem ser
32
vazadas e versáteis (com opções de abertura como as bandeirolas), para auxiliar no
controle de luz natural, privacidade e ventilação cruzada (HOLANDA, 1976).
Muitos materiais utilizados pela construção civil nacional não são coerentes
às características climáticas da região nordeste, o que aumenta a necessidade de
estratégias projetuais que prezem pelo conforto térmico como um sistema eficiente
de vedações externas e aberturas. Áreas sombreadas e abertas com o recuo das
paredes externas, pés-direitos altos e coberturas com lanternins protegidos são
exemplos de premissas voltadas para nossa região, que, inclusive, aumentam a
eficiência energética dos condicionadores de ar por diminuir a diferença de
temperatura entre o interior e o exterior da edificação (HOLANDA, 1976).
4 PRECEDENTES ARQUITETÔNICOS
Analise de projetos de arquitetura, de forma direta – através de visitas in loco
– e indireta – por meio de consulta bibliográfica – e seu rebatimento no processo
projetual do edifício misto. Compreende ainda um quadro comparativo destacando
os pontos positivos e negativos de cada referência consultada.
4.1 Estudos de Referência Diretos
4.1.1 Edifício COPAN, São Paulo/SP
O Edifício COPAN, projetado em 1952 por Oscar Niemayer, está localizado
no centro da cidade de São Paulo e consiste em um dos símbolos da cidade
moderna, pela sua monumentalidade estrutural, adensamento populacional,
verticalização e ocupação de uso misto.
Em forma de “S”, o’ COPAN possui 1.600 apartamentos divididos em seis
blocos e a galeria comercial no térreo, além de cinema. Entre a área comercial do
térreo e a torre de apartamentos existem dois pavimentos intermediários, um onde
Ficha Técnica
Ano do projeto: 1952
Área do terreno: -
Área construída: 120.000 m²
Autoria: Oscar Niemayer
33
funciona o escritório da Companhia Telefônica e outro que a administração do
edifício utiliza para exposições e eventos. Possui também um estacionamento no
subsolo que comporta 221 vagas para veículos.
A torre de apartamentos tem 32 andares e o tipo da unidade habitacional (UH)
varia de acordo com o bloco. O bloco A possui apartamentos de dois dormitórios; os
blocos C e D, três dormitórios; e os blocos B, E e F são lofts de um dormitório (ver
Figura 18). A tipologia de UH variada procura favorece a diversidade do publico alvo
e a movimentação dos comércios no pavimento térreo.
Figura 18. Planta Baixa do pavimento tipo (residencial)
Fonte: http://www.copansp.com.br/
A galeria comercial do pavimento térreo possui atualmente 73 lojas, dispostas
em um corredor de circulação com cinco acessos à Av. Ipiranga e acesso aos seis
blocos habitacionais pelos 20 elevadores distribuídos pelo foyer. O corredor de
circulação é sinuoso define o formado das lojas, além de dividir-se em dois e formar
uma ilha em uma parte do térreo (ver Figura 19).
34
Figura 19. Planta Baixa do pavimento térreo (comercial)
Fonte: http://www.copansp.com.br
Figura 20. Acesso aos apartamentos
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Figura 21. Acesso à galeria de lojas
Fonte: Acervo do Autor (2014)
35
Figura 22. Corredor sinuoso
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Figura 23. Galeria de lojas
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Observando a planta baixa dos pavimentos, nota-se que a estrutura de
concreto armado segue uma modulação e que as vedações de alvenaria são
independentes tanto nas lojas quanto nos apartamentos. O pé-direito alto também
caracteriza fortemente os espaços comerciais do edifício (ver Figura 18 e Figura 19).
Quanto à questão de conforto ambiental, as duas fachadas principais opostas
do edifício são cobertas por elementos de sombreamento horizontais de concreto
que protegem todas as grandes aberturas dos apartamentos da insolação constante,
além de conferir o apelo estético característico do estilo da época e do arquiteto. As
outras duas fachadas opostas são cegas, só recebendo aberturas para a circulação
dos apartamentos.
Figura 24. Fachada Principal do Edifício COPAN
Fonte: Acervo do Autor (2014)
36
4.1.2 Aimberê 1749, São Paulo/SP
Incorporado pela construtora Idea! Zarvos, este edifício corresponde a um
movimento atual corrente na cidade de São Paulo que destina moradias verticais de
qualidade em terrenos pequenos e para poucas famílias, ou seja, deslocado do
mercado imobiliário de construção em massa e trazendo vitalidade para bairros
descolados da região central.
Localizado no distrito de Perdizes, o edifício é caracterizado pela forma de
uma caixa (ver Figura 25) com recortes irregulares que marcam entradas (ver Figura
26) varandas e pátios e sua volumetria se insere delicadamente na quadra, com
gabarito de nove andares e um amplo recuo da calçada. Este recuo proporciona
uma entrada ao edifício bastante marcante, com os planos inclinados que formam o
jardim e a rampa de acesso ao hall, conduzindo o visitante.
Figura 25. Fachada Frontal
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Figura 26. Acesso ao hall
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Ficha Técnica
Ano do projeto: 2005
Área do terreno: -
Área construída: 3.685 m²
Autoria: Andrade Morettin
37
O projeto é resultado do encaixe das doze unidades autônomas que o
compõe, cada uma com sua morfologia específica – existem apartamentos com pé-
direito duplo, apartamentos que se abrem para os jardins do térreo e outros
possuem um solário na cobertura.
Cada unidade tem sua morfologia própria. Além disso, o espaço interior dos
apartamentos pode ser configurado com grande liberdade, de acordo com as
necessidades dos moradores, pois é entregue sem paredes e portas, apenas com o
sistema hidráulico e elétrico. Cozinhas e banheiros podem ser mudados de lugar, os
espaços podem ser totalmente integrados ou então divididos em ambientes
específicos. O projeto, segundo os arquitetos, foi pensado de modo a criar espaços
mais flexíveis, visto que nos grandes centros urbanos são necessários edifícios com
capacidade de mutabilidade e velocidade de transformação dos modos de viver.
A unidade habitacional visitada possui área útil de 130 m² e já passou pela
reforma de acordo com as necessidades do seu proprietário. O grande ambiente
dividiu-se em sala de estar e jantar, hall, lavabo, cozinha, área de serviço, banheiro
de serviço e dois quartos sendo uma suíte comum e outra com closet (ver Figura 27,
Figura 28, Figura 28, Figura 29, Figura 30).
Figura 27. Croqui da planta baixa reformada
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Figura 28. Banheiro (suíte máster)
Fonte: Acervo do Autor (2014)
38
Figura 29. Suíte comum
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Figura 30. Sala de Estar e Jantar
Fonte: Acervo do Autor (2014)
O edifício não recebeu nenhuma área comum, como piscina, academia,
churrasqueiras, entre outros. No entanto, as unidades do térreo recebem uma área
descoberta privativa que funciona como área de lazer. Também não existe portaria,
o prédio funciona com sistema de interfone. Cada apartamento possui duas vagas
de garagem no subsolo, acessadas por uma entrada de veículos no jardim frontal.
4.2 Estudos de Referência Indiretos
4.2.1 João Moura 1144, São Paulo/SP
O terreno está localizado na Rua João Moura, uma importante ligação entre
os bairros da Vila Madalena e Pinheiros, bem próximo a Av. Sumaré, o que torna o
edifício um elemento de forte presença para os usuários que transitam por esta parte
da cidade. Por esse motivo, o projeto recebeu atenção especial na fachada lateral
norte, que compõe um grande painel composto por aberturas e painéis coloridas,
Ficha Técnica
Ano do projeto: 2009
Área do terreno: 1.411 m2
Área construída: 2.539 m2
Autoria: Nitsche Arquitetos
39
conferindo um novo aspecto ao espaço de trabalho corporativo. As outras duas
fachadas opostas compõem planos de grandes varandas e aberturas envidraçadas
(ver Figura 31).
O partido arquitetônico surge do aproveitamento da topografia acidentada
(desnível de 16m) e da sua posição estratégica em relação à cidade, acomodando
sutilmente a construção e dispensando grandes movimentos de terra e escavações
(inclusive, com o aproveitamento do subsolo para o estacionamento).
O acesso do edifício está recuado 10m do alinhamento frontal (Rua João
Moura), o dobro do exigido pela legislação, o que garante uma ampliação visual da
rua e o destaque do elemento arquitetônico (ver Figura 32). Além deste, o projeto
previu outro espaço coletivo para dinamizar o ambiente de trabalho e integra-lo à
natureza e ao meio urbano paulista: o pavimento da praça de uso comum. A Praça é
a continuidade do jardim do fundo, ligado à escadaria de acesso à Rua Cristiano
Viana, e promove a ligação deste ao outro extremo do lote na Rua João Moura, em
único plano nivelado (ver Figura 33).
Figura 31. Volumetria
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 32. Acesso recuado
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
40
Figura 33. Corte Longitudinal: desnível e escalonamento do edifício
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 34. Planta Baixa - 5º Pavimento
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Quanto á geometria do edifício, esta obedeceu à legislação, pois além da
altura e dos recuos obrigatórios, a maneira como o prédio escalona na medida em
que sobre em altura foi a solução para o controle de gabarito na região, existente
devido a presença de uma vila a ser preservada. Este formato originou a forte
relação entre os espaços internos e as varandas, que podem ser visualizadas em
cada pavimento e integram ainda mais o local de trabalho com o meio urbano.
41
Figura 35. Relação das varandas e café com o meio externo
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 36. Paineis modulados coloridos e concreto aparente
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Cada fachada possui um desenho diferente, e são enaltecidas pelos painéis
modulados revestidos com laminado resistente nos tons de azul e verde. Os
módulos são de 1,25m e acompanham a logica estrutural. A estrutura é toda em
concreto aparente, com balanços generosos sustentados pelas vigas protendidas
com vãos de até 7,5m, apoiadas em grandes pilares circulares recuados da fachada.
Desse modo, o espaço interno fica livre de apoios e torna-se versátil e adaptável a
qualquer uso.
4.2.2 Edifício Praça Municipal 47, Porto Alegre/RS
O Edifício Praça Municipal 47 é um dos exemplos da tendência atual de
edificações residenciais de média altura que ocupam o lugar de casas antigas e
pequenos lotes. Este está inserido em um entorno caracterizado pelo uso
marcadamente residencial de baixa densidade. O lote está localizado na parte alta
do bairro Cristo Redentor, em Porto Alegre/RS, respeitando às limitações de altura
impostas pelo aeroporto da cidade.
Ficha Técnica
Ano do projeto: 2013
Área do terreno: 570,00 m²
Área construída: 1532 m²
Autoria: Arquitetura Nacional
42
O partido arquitetônico provém de um volume prismático e elevado do térreo,
com um rasgo nas fachadas opostas frontal e posterior, dando lugar a grandes
aberturas envidraçadas que permitem a visualização da rua e da área comum do
residencial (ver Figura 37).
O declive natural do terreno acomoda o estacionamento no subsolo e o
pavimento térreo consiste em um volume solto do corpo do edifício, criando um
acesso aberto e marcante. Este acesso é feito por meio de uma pequena praça com
jardim e convida o usuário a entrar no edifício em um hall recuado (ver Figura 38).
Quanto à organização funcional, o pavimento tipo possui dois apartamentos
dispostos simetricamente em relação à circulação vertical do edifício, totalizando 10
unidades. As unidades habitacionais do último pavimento tipo possuem um terraço
na cobertura, configurando-se como unidades duplex. Os apartamentos situados na
abertura da frente do edifício enxergam a planície ao norte com a paisagem do
rio, enquanto os apartamentos dos fundos veem os morros e a paisagem urbana
do entorno. A área comum do edifício conta com um salão de eventos voltado para a
piscina em dois níveis, além do estar do hall (ver Figura 40).
Figura 37. Volumetria
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 38. Acesso ao hall
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
43
Quanto à organização funcional, o pavimento tipo possui dois apartamentos
dispostos simetricamente em relação à circulação vertical do edifício, totalizando 10
unidades. As unidades habitacionais do último pavimento tipo possuem um terraço
na cobertura, configurando-se como unidades duplex. Os apartamentos situados na
abertura da frente do edifício enxergam a planície ao norte com a paisagem do
rio, enquanto os apartamentos dos fundos veem os morros e a paisagem urbana
do entorno. A área comum do edifício conta com um salão de eventos voltado para a
piscina em dois níveis, além do estar do hall.
Figura 39. Corte Longitudinal
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
A disposição interna dos apartamentos (ver Figura 41) é caracterizada por
dois núcleos funcionais: social e íntimo. O setor social organiza o acesso, as salas
de estar, jantar e cozinha num espaço único, alimentados pela insolação e
ventilação das esquadrias de piso a teto. A parede oposta aos dormitórios ganha
espessura para acomodar a área de serviço, a churrasqueira e a bancada da
cozinha, com aberturas menores para as laterais do terreno (fachadas maiores). As
duas suítes estão dispostas lado a lado, sendo a menor delas com banheiro de
acesso compartilhado à sala. Nas unidades duplex (ver Figura 42), a sala situa-se
no primeiro pavimento e amplia seu espaço, o qual era compartilhado com outros
usos nas outras unidades. No segundo pavimento, a cozinha e copa são conectadas
ao terraço.
44
Figura 40. Pavimento Térreo
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 41. Pavimento Tipo
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 42. Cobertura - Apartamento Duplex
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
45
As esquadrias de madeira em todo pé direito valorizam o espaço de estar,
enquanto no dormitório principal ao lado, venezianas pivotantes de madeira, além
de completar a composição da fachada, controlam a iluminação sem barrar a
ventilação natural. A articulação entre venezianas e janelas de abertura total cria
movimentações que dinamizam as fachadas principais (ver Figura 43 e Figura 44).
Figura 43. Fachada de Aberturas
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 44. Detalhe das Aberturas
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
4.2.3 EHL Premium Condominiums, Dhaka/Bangladesh
O partido arquitetônico evolui a partir de um volume único em forma de cubo,
situado em um terreno estreito, que é delineado com saliências generosas em cada
pavimento, formando lajes perfuradas em todo o perímetro (ver Figura 45). São
possíveis vistas de 270 graus do edifício para o meio urbano e deste para o primeiro,
tornando-o um elemento de destaque na paisagem e com capacidade contemplativa
a partir das aberturas e varandas das residências.
Ficha Técnica
Ano do projeto: 2013
Área do terreno: -
Área construída: 4.536 m²
Equipe: Kashef Chowdhury
46
Os espaços de convivência são contínuos: contemplam toda a extensão do
apartamento e, portanto, aberturas e varandas também se beneficiam da ventilação
cruzada. Outro elemento de sombreamento consiste nos planos verticais de piso a
teto, em concreto, que funcionam como um brise de forte apelo estético e que divide
o campo de visão de cada abertura, conferindo privacidade a cada ambiente do
apartamento. Todos os aspectos citados contribuem para efetuar espaços interiores
confortáveis, sem ganho de calor direto e com abundância de ar fresco (ver Figura
46)
A fachada frontal recebe insolação intensa durante do dia, necessitando de
tratamento, e para tal foram projetados elementos de sombreamento em madeira
das aberturas, que também protegem contra a chuva. Também se utilizou lajes de
concreto em balanço para criar penumbras, sendo o nível do piso estendido em
relação ao do teto e intercalado com varandas, plantas trepadeiras ou espaços
vazios. Esta escolha proporciona privacidade da residência em relação ao espaço
público enquanto age como uma barreira ao ruído gerado nas ruas. De acordo com
o arquiteto, “tudo o que resta visível são as nuvens: a sensação de viver em
'condomínios no céu'” (ARCHDAILY, 2014).
Figura 45. Volumetria
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Figura 46. Espaços de convivência contínuos
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
47
A seguir, tem-se a distribuição interna do pavimento tipo, que possui
circulação vertical no centro e organiza quartos e salas nas fachadas opostas frontal
e posterior, que possuem aberturas ao longo de todo o perímetro do prédio,
acompanhando as lajes de varanda e sombreamento (ver Figura 47).
Figura 47. Pavimento Tipo
Fonte: http://www.archdaily.com.br/
Embora exista previsão para ar-condicionado, todos os quartos e espaços de
convivência se beneficiam de uma boa ventilação natural e áreas sombreadas. “O
que é mais importante no clima tropical quente-úmido é a ventilação cruzada, que é
assegurada pela colocação de quatro quartos nos cantos, com janelas em paredes
de canto” (ARCHDAILY, 2014).
4.1 Comparativo dos Precedentes Arquitetônicos
A tabela a seguir (ver Tabela 2) objetiva comparar os precedentes
arquitetônicos pesquisados, em uma escala numérica, nos parâmetros relacionados
ao conforto ambiental, tecnologia, integração com a natureza e estética, de modo a
consagrar os resultados obtidos no processo projetual do edifício de uso misto mais
adiante.
48
Tabela 2. Quadro Comparativo – Precedentes Arquitetônicos
Precedentes Arquitetônicos
Parâmetros Classificação Escala 1 à 5
Clima
frio .............. quente 3 3 3 2 4
seco .......... úmido 2 2 2 4 5
escuro .......... claro 3 3 3 3 4
Ventilação (permeabilidade da envoltória)
selado ....... vazado 5 4 5 3 4
Sombreamento (principalmente nas aberturas)
exposto ....... completo
5 1 2 3 4
Sistema Construtivo
pesado .......... leve 1 3 4 3 3
muito ........... pouco 2 3 4 3 4
absorvedor......... refletivo
2 2 3 3 3
Integração com a Natureza
pouco ......... intenso 1 3 5 4 5
Estética negativa .... positiva 3 3 4 4 5
Adaptação do projeto ao clima
pouco ......... intenso 3 4 4 3 5
Inovação irrelevante .......
impactante 3 3 5 3 5
Exeqüibilidade Local
sem chance ......... totalmente
4 2 3 4 5
Fonte: acervo do autor (2014)
50
5 ÁREA DE INTERVENÇÃO
A área de intervenção selecionada para a implantação do empreendimento de
uso misto encontra-se no bairro de Candelária na Zona Sul de Natal/RN. Trata-se de
uma região central de fácil mobilidade pela Av. Sen. Salgado Filho (BR-101) e de
forte valorização pela proximidade com o Campus Universitário (UFRN) e o estádio
Arena das Dunas. A Figura 48 mostra a seção do entorno imediato do terreno –
ilustrado na Figura 49 – em relação ao bairro de Candelária, e este em relação à
Natal.
Figura 48. Localização da Área de Intervenção
Fonte: SEMURB (2008), modificado pelo autor.
Na área de intervenção são encontrados estabelecimentos comerciais e de
serviços já consolidados, como os centros comerciais Natal Shopping e Shopping
Via Direta, bem como empresas de telecomunicação, academias, hotéis e
51
escritórios. Além disso, Candelária consiste em um bairro predominantemente
residencial, com vários empreendimentos verticais de médio a alto padrão. Sendo
assim, o caráter diversificado deste bairro favorece a implantação de um edifício de
uso misto e este também traz retorno positivo para o local.
O terreno selecionado é limitado pela Rua Ascenso Ferreira, ao norte, Rua
Ataulfo Alves, ao sul, Rua Paulo Lira, ao oeste e dois lotes residenciais, ao leste.
Este possui duas esquinas e três acessos á vizinhança próxima, com boa
infraestrutura urbana e disponibilidade de transporte público, além de acesso direto
ao restante da cidade pela Av. Sen. Salgado Filho.
Figura 49. Seção: Entorno Imediato do Terreno
Fonte: Google Maps (2014), modificado pelo autor.
Quanto às características físicas do terreno, este possui formato irregular
onde cada testada possui cerca de 60m, como ilustrado na Figura 50, totalizando na
área de superfície de 3.589,32 m². No tocante á topografia, o lote é
aproximadamente plano (ver Figura 51), embora apresente uma declividade de
cerca de 2,5%, com a parte mais alta ao noroeste e a parte mais baixa ao sudeste.
52
Figura 50. Características Físicas do Terreno
Fonte: SEMURB (2007), modificado pelo autor.
Figura 51. Condição Atual do Terreno
Fonte: Acervo do Autor (2014)
Figura 52. Logradouro – Rua Paulo Lira
Fonte: Acervo do Autor (2014)
6 CONDICIONANTES PROJETUAIS
Este capítulo consiste na apresentação dos aspectos legais, ambientais,
funcionais, urbanísticos e paisagísticos que conduzirão o processo projetual e
antecederão a fase de metaprojeto.
53
6.1 Aspectos Legais
O anteprojeto de arquitetura deve atender às exigências destinadas aos três
usos – residencial, comercial e serviços – das legislações locais, como o Plano
Diretor de Natal (Lei Complementar Nº082 de 21 de Junho de 2007) e o Código de
Obras de Edificações do Município de Natal (Lei Complementar Nº055 de 27 de
Janeiro de 2004), regionais, como o Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico
do Estado do Rio Grande do Norte, e nacionais, como a ABNT NBR-9050 –
Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos (2004).
O Plano Diretor de Natal é o instrumento básico da politica de
desenvolvimento urbano do Município e tem como objetivo o desenvolvimento das
funções sociais e da propriedade, garantindo um uso justo e ecologicamente
equilibrado do território.
Uma de suas diretrizes consiste no uso e na ocupação do solo, que divide o
território municipal em Zona de Adensamento Básico, Zona Adensável e Zona de
Proteção Ambiental. O bairro de Candelária está inserido na Zona de Adensamento
Básico, implicando que o coeficiente de aproveitamento, ou seja, o índice obtido pela
divisão da área construída computável pela área do terreno corresponde a 1,2.
Outras prescrições urbanísticas envolvem o gabarito, as taxas de ocupação e
permeabilidade do solo e os recuos da edificação. O gabarito corresponde à altura
do último elemento construtivo da edificação em relação ao meio fio. A taxa de
ocupação é o índice obtido com a divisão da área da projeção horizontal da
construção pela área do terreno, enquanto que a taxa de permeabilidade
compreende a proporção entre a área permeável total e a área do terreno. Os
recuos, por sua vez, são as menores distâncias entre a divisa do terreno e o limite
externo da projeção horizontal da edificação.
O gabarito máximo para as Zonas de Adensamento Básico corresponde a
65m de altura. Para edificações com mais de dois pavimentos a taxa de ocupação é
definida pelos recuos exigidos e a taxa de permeabilidade não deve ser inferior a
20%. Os recuos devem corresponder a distancia entre as lajes de piso do segundo
ao último pavimento dividido por dez, com acréscimo de 3 metros para recuos
54
frontais ou 1,5 metros para recuos laterais e posteriores. O quadro resumo abaixo
elenca todas estas prescrições urbanísticas.
Tabela 3. Quadro Resumo das Prescrições Urbanísticas
Prescrições Urbanísticas - Plano Diretor de Natal
Coeficiente de Aproveitamento Máximo: 1,2
Recuos Frontal: H*/10 + 3,00m
Lateral e Posterior: H*/10 + 1,50m
Taxa de Permeabilidade Mínimo: 20%
Gabarito Máximo Máximo: 65m
* H = altura entre as lajes de piso do segundo e último pavimento.
Fonte: Plano Diretor de Natal (2007), adaptado pelo autor
O Código de Obras de Natal objetiva a garantia de que o espaço edificado
siga padrões de qualidade que satisfaçam as condições mínimas de segurança,
conforto, higiene e saúde dos usuários. Este preconiza as dimensões e áreas
mínimas de cada compartimento de uma edificação de uso residencial, comercial ou
serviços, como mostra a tabela abaixo.
Tabela 4. Áreas e Dimensões mínimas dos compartimentos
Compartimento Área Mín. (m) Dimensão Mín. (m) Pé-Direito Mín. (m)
Sala 10,00 2,60 2,50
Quarto 8,00 2,40 2,50
Cozinha 4,00 1,80 2,50
Banheiro 2,40 1,20 2,40
Banheiro Serviço 2,40 1,00 2,40
Lavabo 1,60 1,00 2,40
Quarto Serviço 4,00 1,80 2,50
Área Serviço - 1,00 2,40
Estudo 8,00 2,60 2,50
Escritório (serviços) 10,00 2,60 2,50
Loja (comercial) 12,00 2,80 2,70
Fonte: Código de Obras (2004), adaptado pelo autor
Quanto à quantidade de vagas de estacionamento necessárias, esta também
é prevista de acordo com a ocupação do solo. Por ser um edifício de uso misto,
deve-se somar esta quantidade de cada um em relação às áreas construídas, como
mostra a tabela a seguir. Os índices estão relacionados a hierarquia das vias de
acesso – Rua Ascenso Ferreira e Paulo Lira como vias locais e Rua Ataulfo Alves
como via coletora.
55
Tabela 5. Vagas de Estacionamento por Uso
Uso Empreendimento Intervalo Estacionamento
Residencial
Habitações Multifamiliares
isoladas/conjugadas a partir de quatro
unidades
Área < 50m² 1 Vaga / unidade
50m² < Área < 150m² 2 Vagas / unidade*
Área > 150m² 2 Vagas / unidade*
Serviços Edifício para prestação de serviço geral
- 1 Vaga / 40m²
Comercial Loja de
departamento e especializada
Área < 5.000m² 1 Vaga / 50m²
Área > 5.000m² 1 Vaga / 55m²
Fonte: Código de Obras (2004), adaptado pelo autor
O Código de Segurança Contra Incêndio e Pânico visa garantir os meios
necessários ao combate de incêndio, minimizar a propagação do fogo e facilitar as
ações de resgate e evacuação segura dos usuários.
Em relação aos dispositivos de proteção contra incêndio, edificações mistas
com altura entre 15 e 60 metros exigem prevenção fixa (hidrantes), prevenção móvel
(extintores de incêndio), compartimentação vertical, chuveiros automáticos
(sprinkler), alarme de incêndio, iluminação de emergência, sinalização, escada
protegida, área de refugio, para-raios e instalação de hidrante público. Acima de 60
metros de altura, a circulação vertical deve ser feita por escada enclausurada e
elevador de emergência.
A área de refúgio consiste no local destinado a abrigar os ocupantes em caso
de incêndio, localizado na cobertura do edifício e deve ter capacidade mínima de
30% da população total do prédio. A escada enclausurada é fechada em um
compartimento separado, acessado por uma porta corta-fogo cujo giro não deve
adentrar o raio da rota de fuga no patamar.
Por sua vez, a NBR 9050 estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem
observados na elaboração do projeto, construção, instalação, mobiliário, espaços e
equipamentos urbanos para atender às condições mínimas de acessibilidade.
No tocante ao tipo de equipamento público, nos corredores de locais de
comércio deve haver um espaço para manobra (rotação de 180º) da cadeira de
rodas a cada 15 metros. Os passeios e patamares devem ter largura mínima de
56
1,20m, acessado por rampas com inclinação não superior a 8,33%, com guias de
balizamento e piso tátil de alerta.
Quanto às vagas de veículos para P.N.E., apenas uma é necessária quando o
estacionamento não ultrapassa a quantidade de 100 vagas. Acima de 100 vagas,
1% deve ser adaptada, todas possuindo sinalização horizontal indicativa de
acessibilidade e um espaço adicional de circulação com no mínimo 1,20m de
largura, o qual pode ser compartilhado com outra vaga em caso de estacionamento
paralelo.
6.2 Aspectos Ambientais
Natal/RN está situada na Zona Bioclimática 08, caracterizada por um clima
quente e úmido, o que significa que no processo projetual algumas diretrizes devem
ser consideradas em razão da geometria solar e incidência dos ventos
predominantes. Abaixo, a carta solar inserida no terreno permite a visualização da
incidência solar neste (ver Figura 53) e a rosa dos ventos correspondente à
Natal/RN possibilita a análise da direção e intensidade dos ventos.
Figura 53. Geometria Solar no Terreno
Fonte: elaboração do autor (2014)
Figura 54. Rosa dos Ventos – Natal/RN
Fonte: TRINDADE (2006)
57
Nota-se a partir da geometria solar que a testada leste do terreno recebe
insolação pela manhã durante todo o ano, enquanto que a testada oeste (Rua Paulo
Lira) recebe no período da tarde. As testadas norte (Rua Ascenso Ferreira) e sul
(Rua Ataulfo Alves) recebem sol durante todo o dia, no solstício de inverno e verão,
respectivamente.
Em relação à ventilação natural, a partir da rosa dos ventos percebe-se que
os ventos predominantes em Natal/RN provêm do Sudeste, com intensidade
variável, como também do Sul com maiores velocidades. A topografia também
auxilia no fluxo do vento, visto que o bairro de Candelária se localiza em uma região
alta e desse modo os edifícios não bloqueiam a passagem do vento para as demais
edificações.
Estes dois aspectos ambientais irão influenciar as soluções nos âmbitos da
funcionalidade, volumetria e envoltória, bem como posição, sistema e proteção das
aberturas.
6.3 Aspectos Sócio-espaciais
Um aspecto importante a ser observado consiste na relação sócio-espacial
entre os usos residencial, comercial e serviços, como também entre estes no lote
com o meio urbano. Para tal, deve-se analisar a necessidade ou não de
permeabilidade física e visual entre os componentes do equipamento.
Na relação entre usos dentro de um edifício misto, entende-se que o bloco
comercial, composto pelas lojas, deve ter permeabilidade física em relação ao bloco
de serviços, composto por escritórios de empresas, mas este último possui
ambientes de reuniões e trabalho que não devem possuir permeabilidade visual em
relação a nenhum dos outros usos. O bloco residencial, por sua vez, pode ter
alguma permeabilidade física com o setor comercial, para que os moradores possam
usufruir dos cafés, lojas, livrarias, entre outros, dentro do empreendimento, porém,
sem comprometer a segurança e a privacidade dos apartamentos, sendo estes
impermeáveis visualmente em relação aos demais usos.
Já na relação entre cada uso no lote com o meio urbano, tem-se a grande
necessidade de permeabilidade física e visual do bloco comercial, visto que o
mercado varejista depende dessa visualização, voltada para a rua, para expor os
58
produtos à venda (relação vitrine x passeio), além de fácil acesso ao cliente. Já o
bloco de serviços, não possui a mesma necessidade de permeabilidade visual e
física com o meio urbano, devido à privacidade das empresas e fluxo de apenas
funcionários e clientes. Por último, o bloco residencial, exige a pouca visualização do
meio externo, de modo a priorizar a privacidade dos moradores, como também
pouca permeabilidade física, apenas para o acesso de condôminos e visitantes pela
portaria, garantindo a segurança do domicílio. Entretanto, todos os blocos devem
possuir permeabilidade visual para o meio urbano, por motivos contemplativos e de
qualidade do espaço construído.
Em resumo, o bloco comercial deve ter permeabilidade física com os outros
dois blocos e deve possuir o melhor acesso e a visualização do meio urbano,
enquanto que os outros dois blocos (serviços e residencial) não devem ter
permeabilidade visual e física entre si, mas sim com o meio urbano e com o bloco
comercial.
6.4 Aspectos Urbanísticos e Paisagísticos
Para análise dos aspectos urbanísticos, foi realizado um levantamento do uso
e ocupação do solo no entorno imediato do terreno onde será implantado o edifício
de uso misto.
O mapa Nolli abaixo, resultante do levantamento, identifica a localidade como
uma região predominantemente residencial, com cinco condomínios verticais e o
restante representado por casas isoladas. Alguns empreendimentos comerciais
foram identificados, dentre eles lojas de varejo em geral e uma concessionária de
automóveis. O setor de serviços já se apresenta mais consolidado, constituído por
clínicas especializadas, serviços de televisão por assinatura, lanchonetes, posto de
gasolina e prestação de serviços gerais. Apenas uma edificação institucional foi
encontrada, a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN).
59
Figura 55. Uso e Ocupação do Solo do Entorno Imediato
Fonte: SEMURB (2007), modificado pelo autor
Quanto aos acessos, todos os logradouros que permeiam a área de estudo
são pavimentados, sendo a Rua Ataulfo Alves asfaltada – por dar acesso direto ao
interior do bairro de Candelária pela BR-101 –, com duas faixas de rolamento para
veículos em ambos os sentidos. Entretanto, algumas calçadas estão impróprias para
o uso ideal dos pedestres.
Por fim, a região conta com boa variedade de lojas, empresas e tipologias
residenciais, implicando em uma boa localização para morar, trabalhar e consumir
no empreendimento a ser projetado. A diversidade també está evidenciada pelo
gabarito das construções, com a presença de altos prédios residenciais próximos à
casas e lojas de até dois pavimentos, comprovando a capacidade da fração de
estudo de receber um empreendimento vertical de uso misto.
Quanto aos aspectos paisagísticos, a localização do terreno nesta região alta
do bairro de Candelária permite que o edifício projetado explore um campo de visão
panorâmico da Av. Sen. Salgado Filho e do Campus da UFRN (ver Figura 56), em
um plano próximo, assim como uma perspectiva do Estádio Arena das Dunas, do
Parque das Dunas (ver Figura 57) e da Árvore de Natal, ao fundo.
60
Figura 56. Vista dos edifícios – Av. Salgado Filho e Campus UFRN
Fonte: http://br.worldmapz.com/photo/7985_en.htm
Figura 57. Vista dos edifícios – Av. Salgado Filho e Parque das Dunas
Fonte: Google Street View (2014)
7 METAPROJETO
O metaprojeto precede as soluções projetuais, portanto serão desenvolvidos
esquemas ilustrando a análise dos condicionantes projetuais e elaboração do
programa de necessidades, pré-dimensionamento, fluxograma e diretrizes para o
conforto térmico do equipamento proposto, que irão resultar nos estudos
preliminares.
Como análise dos aspectos legais que incidem sobre o equipamento, tem-se
o zoneamento da massa máxima legal possível para o terreno. O lote, de área
3.598,32m², pode receber um bloco edificado de até 21 pavimentos, incluindo térreo
e cobertura (atribui-se o valor de 3,00m para o pé-esquerdo) com área construída
61
máxima de 4.317,98m². Para 20 pavimentos, o recuo frontal mínimo resulta em
8,70m, enquanto que os laterais e posterior em 7,20m (considera-se H=57m/10
+3,00m ou 1,5m).
No tocante aos aspectos ambientais, conclui-se que a massa construída deve
estar com as maiores fachadas voltada para o leste, sul ou sudeste, com o intuito de
aproveitar o máximo de ventilação natural nas aberturas e as melhores condições de
insolação, deixando as menores fachadas com poucas aberturas para o oeste, norte
e noroeste, protegidas com elementos arquitetônicos adequados. Além disso, esta
disposição permite a melhor contemplação da paisagem, que estão justamente à
mercê das maiores fachadas, que terão maiores aberturas e os ambientes mais
favorecidos.
Avaliando os aspectos urbanísticos e sócio-espaciais, constatou-se que a Rua
Ataulfo Alves é a mais apropriada para receber o bloco comercial e o bloco de
serviços – e seus respectivos acessos –, devido à presença de outros
estabelecimentos destes tipos neste logradouro, além deste ser o mais
movimentado durante todo o dia. Sendo assim, o melhor acesso ao bloco residencial
seria pelas outras duas testadas do terreno, visto que o menor fluxo de carros
permite a entrada destes no estacionamento sem gerar congestionamento na via
urbana, e corresponde às necessidades de permeabilidade física de cada tipo.
A Figura 58 ilustra uma sobreposição dos condicionantes projetuais, de modo
a conduzir as soluções arquitetônicas dos estudos preliminares mais adiante e
possibilitar sua comparação. Tem-se a massa legal máxima construível com os
recuos, a posição do sol e direção da ventilação predominante, além do uso dos
edifícios no entorno do terreno e campo de visão das melhores paisagens a serem
contempladas.
62
Figura 58. Sobreposição dos Condicionantes Projetuais
Fonte: Elaboração do autor (2014)
Em relação ao programa de necessidades e ao pré-dimensionamento,
mostrado na Tabela 6, este foi elaborado em concordância com os precedentes
arquitetônicos estudados, apresentando os ambientes incluídos em cada uso e
considerando as áreas úteis correspondentes ao padrão construtivo da região
(médio-alto: valores acima do mínimo especificado pelo código de obras).
Os estudos de referência realizados dos edifícios Aimberê 1749, Praça
Municipal 47 e EHL Premium Condominiums permitem concluir que o bloco
residencial possui ambientes e áreas padrões para o apartamento destinado ao
público de classe alta. A área privativa do apartamento comporta o setor social,
composto por uma ampla sala de estar e jantar, integrada com escritório e/ou
varanda; o setor de serviço, composto por apenas cozinha e área de serviço,
quando estas não estão integradas com o setor social – entretanto, os apartamentos
encontrados na região possuem dependência de empregada com banheiro e/ou
depósito –; e o setor íntimo, composto por três suítes, sendo uma master com closet.
Os edifícios residenciais do referencial contam com poucas áreas de uso comum,
resumindo-se em uma piscina de tamanho médio, espaço multiuso para eventos,
estar e hall social e espaço gourmet.
63
Os estudos sobre os edifícios COPAN e João Moura 1144 trazem um
programa voltado para o comércio e os serviços. O primeiro possui o pavimento
térreo com todas as lojas e sobrelojas, com vitrines voltadas para a circulação
interna, enquanto o segundo possui vários pavimentos com layout livre de paredes,
formando escritórios menores e individuais ou maiores e coletivos, além do grandes
terraços para interação e contemplação dos usuários com o meio externo. Sendo
assim, os blocos comercial e serviço devem conportar ambientes módulos para as
salas comerciais – de modo que possam ser integradas formando módulos maiores
–, voltadas para a prática de escritório e de lojistas (este com pavimento de
sobreloja), com o setor de apoio as funcionários como vestiários, estar e refeitório. É
importante também a presença de um mini auditório, que atenda as necessidades
de ambos os usos, para realização de palestras, treinamento de funcionários, entre
outros, além de uma recepção e espera para visitantes. Lembrando que a inclusão
de pátios, terraços, praças e jardins é essencial para a integração dos usos, como
destes com a natureza e o espaço público, além da valorização do imóvel.
Tabela 6. Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento
USO (BLOCO)
Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento
AMBIENTE QTD. ÁREA
RES
IDEN
CIA
L Áre
a P
riva
tiva
Estar/Jantar 1 35m²
Cozinha 1 15m²
Área de Serviço 1 8m²
Quarto Serviço 1 7m²
Bwc Serviço 1 2.4m²
Lavabo 1 2.4m²
Suíte Comum 2 Acima de 15m²
Suíte Master 1 Acima de 20m²
Estudo 1 8m²
Varanda 1 ou mais Acima de 4m²
Áre
a C
om
um
Piscina 1 Variável
Espaço Gourmet 1 25m²
Espaço Fitness 1 40m²
Espaço Kids 1 20m²
Salão Multiuso 1 70m²
Jardim/Praça 1 ou mais Variável
Estacionamento 2 por UH 12,5m² x qtd. vagas
64
CO
MER
CIA
L
Lojas c/ sobreloja 10 ou mais 20 m² ou mais
Vestiários Func. 2 15m² x 2
Bwc Clientes 2 2,55m² x 2
Refeitório/copa 1 10m²
Estar Funcionários 1 ou mais 15m²
Pátio/Jardim 1 ou mais Variável
Estacionamento 1 cada 35m² 12,5m² x qtd. vagas
SER
VIÇ
OS
Salas Comerciais 20 ou mais 15m² ou mais
Recepção e Espera 1 ou mais 25m²
Sala Reunião 1 ou mais 15m² x qtd. salas
Mini-Auditório 1 60m²
Estar Funcionários 1 ou mais 15m²
Vestiários Func. 2 15m² x 2
Refeitório/copa 1 10m²
Bwc Clientes 2 2,55m² x 2
Terraço/Jardim 1 ou mais Indeterminado
Estacionamento 1 cada 45m² 12,5m² x qtd. vagas
Fonte: Elaboração do autor (2014)
66
8 A PROPOSTA ARQUITETÔNICA
Apresentação dos estudos preliminares, partido arquitetônico, memorial
descritivo-justificativo, os rebatimentos do referencial teórico e empírico no processo
projetual e representação gráfica do anteprojeto.
8.1 Estudos Preliminares
Considerando a análise dos condicionantes projetuais supracitados no
metaprojeto, foram elaborados três estudos preliminares (Figura 59) com diferentes
características legais, ambientais, sócio-espaciais, urbanísticas e paisagísticas, as
quais serão comparados no quadro adiante.
Figura 59. Estudos Preliminares
Fonte: Elaboração do autor (2014)
O primeiro estudo, representado por dois blocos distintos, concentra a maioria
das lojas e escritórios voltados para a Rua Ataulfo Alves – primeiro bloco – que
consiste no logradouro de maior fluxo de veículos e pedestres e melhor visualização
e infraestrutura urbana. Com acesso pelas ruas Paulo Lira e Ascenso Ferreira, de
menor movimentação, tem-se o programa residencial, que recebeu uma base com o
restante do comércio e dos serviços. Como pontos positivos têm-se: a melhor
relação sócio espacial entre os blocos, visto que todos estão conectados
respeitando as condições de permeabilidade física e visual de cada uso; bom
aproveitamento do caráter horizontal e da área do terreno, devido à separação
estrutural dos blocos e formação de um pequeno bosque; além de boas condições
67
ambientais, por ser mais permeável e comportar mais áreas voltadas para os ventos
predominantes e menos para o sol poente. Como pontos negativos, algumas lojas e
escritórios possuem menos visualização da rua do que outras e estão com
orientação indesejável do ponto de vista da geometria solar.
O segundo estudo consiste na divisão dos blocos residencial e serviços,
conectados em sua base pelo bloco comercial, com várias possibilidades de acesso.
Esta configuração possui a vantagem da permeabilidade visual e física dos blocos
comercial e serviços em todos os pontos do terreno, porém, estreita as relações
visuais entre o bloco residencial e o de serviços, interferindo na privacidade de quem
habita e trabalha. Os condicionantes ambientais são menos aproveitados em
comparação ao estudo anterior, pois o bloco residencial bloqueia a ventilação
predominante para parte do bloco de serviços e há uma grande área de lojas
voltadas para o oeste. Além disso, a verticalização está mais evidente nesta
proposta, em contraponto ao aproveitamento da área horizontal do terreno.
O terceiro estudo comporta relação sócio espacial semelhante ao primeiro,
porém, separando o bloco residencial. Este apresenta como ponto positivo a relação
entre os usos: as lojas possuem permeabilidade física com o público, os escritórios
com o comércio e o público e o residencial com todas as opções, mas sem retorno
dos mesmos, por possuir acesso mais restrito. Na relação com o entorno, esta
proposta possui gabarito mais equilibrado e maior percepção do edifício a partir da
rua, entretanto não usufrui das visuais devido a sua baixa verticalidade. Os
condicionantes ambientais se equiparam ao estudo anterior.
Após a concepção destes três estudos preliminares, foi elaborado um quadro
comparativo (ver Tabela 7) que os classifica em uma escala numérica para cada
condicionante projetual estudado, justificando a escolha da proposta a ser
desenvolvida para anteprojeto arquitetônico.
68
Tabela 7. Quadro Comparativo – Estudos Preliminares
Classificação dos Estudos Preliminares
Parâmetros Escala de 1 a 5
Aproveitamento
do terreno
(Legal)
5 3 3
Ventilação e
Insolação
(Ambiental)
5 3 4
Relação entre
blocos e estes
com o lote
(Sócio-espacial)
5 4 4
Relação com o
entorno
(Urbanístico)
4 3 4
Integração com
a paisagem
(Paisagístico)
5 4 3
Total 24 17 18
Fonte: Elaboração do autor (2014)
8.2 Partido Arquitetônico
Partindo do estudo preliminar que melhor compatibilizou os condicionantes
projetuais, obteve-se uma massa edilícia formada por dois volumes principais, com
lojas no térreo e escritórios no pavimento superior, seguido dos apartamentos do
residencial multifamiliar. Esta configuração resultou na forma de um “L”, de modo
que a área do terreno restante constitua uma praça a qual o edifício envolve e utiliza
para se relacionar com o meio urbano e a natureza.
A forma em “L”, na qual a edificação foi projetada, prioriza as relações sócio-
espaciais entre usos como atende às premissas de conforto ambiental, visto que, em
um volume a menor fachada fica voltada para o oeste – podendo compor uma
empena cega ou protegida por elementos de sombreamento – e no outro, uma das
69
fachadas maiores, mas que recebe apenas a circulação vertical e os ambientes de
serviço.
Nos pavimentos superiores, passarelas no vazio entre os dois blocos
compõem a circulação horizontal entre estes e funcionam como plataformas
contemplativas do edifício e dos visuais da BR-101, Campus e Parque das Dunas,
conforme explicitado no capítulo 06. No térreo, este espaço apresenta
permeabilidade física da testada principal do terreno (Rua Ataulfo Alves) com as
demais áreas comuns, compondo um passeio e uma área de convivência importante
para a relação entre os usos e destes com o espaço público.
Os elementos de circulação vertical dos dois blocos foram posicionados
separadamente e concebidas como elemento volumétrico relevante, a fim de
adequar os elevadores e escadas para a necessidade funcional e estética de cada
uso. O acesso aos escritórios será realizado por uma estrutura independente,
apelativa esteticamente, convidativa e que permita a contemplação dos visuais do
meio externo, seguindo o mesmo pensamento das passarelas. Em contraposição, o
acesso às residências será mais discreto e restrito, ou seja, com pouca
permeabilidade visual e física.
Acima das lojas e escritórios nos primeiros pavimentos superiores dos dois
volumes, está localizada a área comum do residencial, também conectada pelas
passarelas de circulação horizontal. A intenção principal é criar espaços de
convivência e circulação abertos que induzem o usuário a contemplar a paisagem
em todos os usos e captar o máximo da incidência dos ventos predominantes.
A seguir, a Figura 60 ilustra uma volumetria esquemática com as questões
explicitadas, no tocante às relações entre os usos e entre estes e a forma do
edifício, acessos, circulações e inserção no terreno.
70
Figura 60. Relações Volumétricas
Fonte: Elaboração do autor (2014)
8.3 Evolução da Ideia
Evoluindo as relações funcionais e volumétricas impostas pelo partido
arquitetônico, surge a edificação mostrada na
Figura 61. O bloco principal de lojas e escritórios (primeiro volume) apresenta
as salas comerciais no núcleo, com envoltória transparente no térreo e mezanino,
conferindo permeabilidade física e visual ao comércio. Nos pavimentos de escritórios
acima, lajes de terraços e circulações externas sombreiam as vidraças no nível
inferior e compõem a abertura de ceteiras formadas por brises de madeira e guarda-
corpo de vidro. Estas lajes em balanço se conectam com o volume de circulação
vertical também transparente, que contem uma escada escultórica e angular, de
modo que todo o trajeto do usuário da rua até as salas comerciais seja
contemplativo das visuais do terreno, de diferentes pontos de vista. Esta solução
confere a permeabilidade visual e física de média intensidade almejada pelos
serviços, além da integração com a natureza.
Acima do último pavimento deste bloco, conforme explicitado, será localizada
a área de lazer do condomínio, de modo a contemplar a paisagem, também com
guarda-corpo de vidro para não criar volumes nas lajes das fachadas.
Poente
Nascente
Visual: Arena das Dunas
Visual: Campus
Visual: Parque
das Dunas
71
Figura 61. Perspectiva primeira proposta
Fonte: Elaboração do autor (2014)
Quanto ao bloco residencial (segundo volume), este possui sua base
majoritariamente comercial e de serviços, com uma pequena parte destinada ao
acesso dos apartamentos, realizada pela Rua Ascenso Ferreira, composta pela
circulação vertical fechada e restrita e um foyer com a recepção. Este volume está
representado por esta base diferenciada, na qual cada pavimento possui um terraço
de orientação e tamanho variável, fazendo um jogo de cheios e vazios, com os
pavimentos tipos dos apartamentos acima. Estes, formados pelo núcleo
predominantemente cheio com grandes recortes transparentes e varandas nas
fachadas sul e leste, permite a captação da melhor orientação da ventilação natural
e do sol nascente. Os pavimentos pares e ímpares possuem diferentes tamanhos de
varanda, alternando entre muretas e guarda-corpo de vidro, criando um movimento
da fachada juntamente com os painéis de madeira de correr, adequados para
controle da entrada de luz solar e alcançar a permeabilidade visual desejada.
Esta proposta volumétrica evolui para a mostrada a seguir (ver Figura 62),
que recebe principalmente um maior tratamento da envoltória. O primeiro volume
(bloco comercial e serviços) transforma as ceteiras de brises de madeira da laje dos
Base transparente
Ceteiras em brises de
madeira e vidro
Transparências
Alternância das varandas e painéis
de madeira
72
escritórios em pórticos de alvenaria, onde cada um recebe um terraço diferente, com
gradis de alumínio branco, que saca ou não em direção à rua. Esta proposta de
extrusão das varandas cria um maior conjunto de sombras sobre as vidraças das
lojas e uma melhor qualidade térmica durante o dia, além de remeter ao movimento
da fachada do segundo bloco.
A área de lazer também ganha jardineiras em todo o contorno do volume,
sem perder o guarda-corpo de vidro, permitindo a elevação do deck da piscina com
maior proteção dos usuários. Um volume em forma de caixa é adicionado, para
comportar o espaço gourmet integrado com o jardim, que saca em direção ao
segundo volume.
Figura 62. Perspectiva da segunda proposta
Fonte: Elaboração do autor (2014)
No segundo volume, a base diferenciada agora possui seu núcleo mais
recuado em relação ao prisma vertical, formando maiores terraços com pilares
circulares em distancias moduladas e jardineiras em parte de seu perímetro. Estas
grandes plataformas de convivência e contemplação se conectam melhor às
passarelas, que tem seu formato ortogonal transformado em diferentes ângulos em
cada pavimento, criando uma “trança” de pessoas indo e vindo, além de diferentes
pontos de vista da paisagem.
Ceteiras em alvenaria e
terraços sacando
Recuo do núcleo deixando pilares
expostos e divisórias tipo
camarão
Pórtico acima da cobertura e criação do observatório
Formato angular das passarelas
73
Os pavimentos tipo ganham pórticos nas fachadas sul e leste, alinhando o
tamanho das varandas e aumentando sua profundidade com o recuo do núcleo do
apartamento em relação à modulação dos pilares, deixando-os expostos na
composição da envoltória. O movimento desta fachada passa a ser a alternância
entre guarda-corpo de alvenaria ou de alumínio, fazendo uma alusão à fachada
principal do outro volume com um aspecto mais simples, além da troca das divisórias
de madeira de correr pelas do tipo camarão, que permite o controle de 100% de
abertura ou isolamento, aumentando as possibilidades de captação de luz e
integração, sem perder a ventilação. A fachada leste também recebe uma empena
em concreto aparente, criando uma moldura para as aberturas desta e seus painéis
corrediços de madeira.
O tamanho das varandas é uma questão importante para a cultura e aspectos
climáticos do nordeste, mas por serem áreas construídas computáveis foi preciso
diminuir um pavimento tipo residencial para alcançar as prescrições urbanísticas
exigidas. Sendo assim, o pórtico criado acima da laje da cobertura confere um
aspecto menos achatado do prisma, que acarretou na criação de uma área de lazer
na laje de resgate ventilada e sombreada, funcionando como um deck de
observação panorâmica dos visuais da cidade.
Evoluindo para a terceira proposta arquitetônica, tem-se a edificação
mostrada na Figura 63, apresentando as soluções de envoltória dos dois volumes
para a proposta de enquadrar o pavimento tipo suprimido na proposta anterior
dentro dos parâmetros da legislação local.
O primeiro volume tem os terraços dos escritórios mais estreitos e deixam de
ser circulação externa para se tornar lajes técnicas com jardineiras, visto que estas
não são áreas construídas computáveis (apenas no térreo, por formarem circulações
cobertas). As salas comerciais passam a ser voltadas para uma circulação interna e
fechada, atribuindo um maior controle da permeabilidade visual do ambiente de
trabalho e diminuindo a área consumida com a circulação.
Devido à diminuição da largura dessas lajes, pergolados de madeira em
balanço projetam-se abaixo destas para proteger ainda mais as lojas do térreo da
incidência solar, em todas as fachadas. Com larguras diferentes, as pérgolas de
madeira trazem de volta o movimento suprimido com a eliminação dos terraços dos
74
escritórios e aludindo ao movimento das fachadas do segundo volume, além de
serem mais compatíveis com as necessidades de conforto térmico, por serem leves
e de material com pouca absorção de calor.
Figura 63. Perspectiva da terceira proposta
Fonte: Elaboração do autor (2014)
Quanto ao segundo volume, este recebeu um achatamento em seu maior
sentido, para criar mais apartamentos de área construída menor e mais compatível
com o padrão construtivo local, sendo necessário o retorno do núcleo para o eixo
dos pilares que voltam a ser embutidos nas paredes na fachada sul. Os elementos
de sombreamento (painéis de madeira) deixam de ser do tipo camarão, devido ao
espaço exigido para recolhê-los, e voltam a ser corrediços. A alternância de guarda-
corpo em alumínio e alvenaria permanece, mas estas são rearranjadas para entrar
em concordância com o acréscimo de um pavimento tipo. A base do volume também
tem parte das áreas de varandas suprimidas, resultando na proposta arquitetônica
final detalhada nos desenhos técnicos no apêndice deste trabalho.
8.4 Memorial Descritivo-justificativo
O empreendimento vertical destinado ao uso misto (residencial, comercial e
serviços) denominado “MIX123”, está localizado no bairro de Candelária – Natal/RN,
em um terreno de formato irregular, com área de 3.589,32 m² e possui três acessos
Jogo de pergolados de
madeira em balanço
Ceteira de laje técnica
Achatamento dos terraços
Acréscimo de um pavimento tipo
75
nas vias locais Rua Ataulfo Alves, Rua Paulo Lira e Rua Ascenso Ferreira, todas
pavimentadas e dotadas de boa infraestrutura urbana.
O empreendimento conta com 55 salas comerciais, sendo 17 no nível térreo,
com áreas de 12,40m² a 35,55m² e sobrelojas com áreas de 7,70m² a 25,30m²,
destinadas à prática comercial de lojas de varejo (ver Figura 64), e 38 no primeiro e
segundo níveis com áreas de 16,67m² a 21,37m², destinadas à prática de escritórios
de prestação de serviços (ver Figura 65). Todas as salas estão dentro da modulação
do projeto e podem englobar-se formando módulos maiores e atendendo a todos os
portes de empresas.
Figura 64. Pavimento Térreo: Lojas
Fonte: Elaboração do autor (2014)
Os usos comerciais e serviço compartilham de área comum destinada ao
apoio dos funcionários e clientes, contando com copa, depósito de material de
limpeza (D.M.L.), vestiários e banheiros adaptados masculino e feminino e áreas de
convivência em cada pavimento, além da recepção geral no foyer e mini auditório
1
2
3 4
1
5
6 1 LOJAS
2 CONVIVÊNCIA
3 APOIO/SERVIÇO
4 ACESSO ESCRITÓRIOS
5 MINI AUDITÓRIO
6 ACESSO APARTAMENTOS
7 PRAÇA DA DIVERSIDADE
7 Poente Nascente
Ventos Predominantes
Visuais do terreno
76
para 80 pessoas com pé-direito duplo. Estes são de fácil acesso aos portadores de
necessidades especiais (P.N.E.) por meio das calçadas e área de uso comunitário
no térreo, denominada “Praça da Diversidade”, e circulação horizontal e vertical nos
pavimentos superiores.
Figura 65. Pavimento Superior: Escritórios
Fonte: Elaboração do autor (2014)
Quanto aos aspectos de conforto térmico, os ambientes estão dispostos de
modo que todas as aberturas estão voltadas para as fachadas norte e sul,
permitindo que a diferença de potencial gerada pelos ventos predominantes crie
correntes de ventilação cruzada por todo o edifício. Os espaços vazios e abertos
foram localizados estrategicamente para captar esse potencial proveniente do
sudeste e formar espaços de convivência e circulação confortáveis. No térreo, os
espaços são presenteados com espelhos d’água, que resfriam o ar que é transmitido
para o restante do edifício. Além disso, a fachada oeste recebeu pergolados de
madeira de maior comprimento para aumentar sua eficácia no período da tarde,
1 ESCRITÓRIOS
2 CONVIVÊNCIA
3 APOIO/SERVIÇO
4 ACESSO ESCRITÓRIOS
Poente Nascente
Ventos Predominantes
1
1
1
2
2
4 3
Visuais do terreno
77
quando o volume vertical envidraçado (acesso escritórios) recebe projeção de
sombra do próprio edifício.
Além da base comercial e de serviços, o outro bloco recebe todo o programa
residencial, dividido em áreas de uso comum coberta e descoberta e privativas. A
primeira admite salão de eventos, convivência, espaço fitness e gourmet, jardim e
piscina adulto e infantil. A configuração desses espaços (ver Figura 66) foi pensada
de modo que o percurso do morador ou visitante, desde o elevador até a piscina,
seja um momento de admiração da paisagem com as melhores condições
ambientais e uma surpresa a cada trecho: saindo de um cômodo fechado
envidraçado para um deck de madeira semi-coberto com jardineiras e circulação
envidraçada da academia, chegando ao outro bloco pela passarela, atravessando
um pátio com jardim e churrasqueira, para então subir a escada ou rampa até a
piscina elevada.
Figura 66. Área de uso comum coberta e descoberta
Fonte: Elaboração do autor (2014)
1 ESTAR SOCIAL
2 DECK
3 ESPAÇO FITNESS
4 APOIO
5 ESPAÇO KIDS
6 ESPAÇO GOURMET
7 PLAYGROUND
8 PÁTIO
9 PISCINA
Poente Nascente
Ventos Predominantes
Visuais do terreno
1
2
3
4 5
6
7 8
9
78
A segunda é composta por 08 unidades habitacionais com 200m² a 203,60m²
(andares ímpares e pares), diferindo apenas no tamanho da varanda devido à
composição da fachada. Os apartamentos, como mostra a Figura 67, possuem
divisórias internas em blocos de gesso para maior liberdade de layout em caso de
reformas. O layout proposto contém uma sala para dois ambientes (estar e jantar),
integradas com um home office, varanda gourmet (esta com painéis de madeira
corrediços para proteção solar) e cozinha, com a possibilidade de segregação entre
os ambientes. A cozinha está conectada com a área de serviço e dependência de
empregada com banheiro, ambas voltadas para a fachada oeste, com fácil acesso à
laje técnica. A unidade possui 03 suítes, sendo uma máster com closet e banheira,
compartilhando com um dos quartos um terraço voltado para a área de lazer no
quarto pavimento, também com painéis de madeira.
Figura 67. Pavimento Tipo: Apartamentos
Fonte: Elaboração do autor (2014)
1 HALL SOCIAL
2 ESTAR/JANTAR
3 HOME OFFICE
4 VARANDA
5 COZINHA
6 SERVIÇO
7 SUÍTE
Poente Nascente
Ventos Predominantes
1
2
3 4
4
5 6
7
7
7
79
O subsolo admite os estacionamentos do uso de serviços e residencial. Para
os escritórios, este é acessado pela Rua Ataulfo Alves e comporta 39 vagas de
estacionamento rotativas, sendo uma adaptada, acessadas por elevadores e
escadas de emergência. Para os apartamentos foram destinadas duas vagas por
unidade, acessadas pela Rua Ascenso Ferreira, além de uma unidade autônoma
vendível adaptada a P.N.E. e bicicletário. No nível térreo, tem-se 37 vagas de
estacionamento descobertas semipermeáveis (cobo-grama) acessadas pela Rua
Paulo Lira e Rua Ascenso Ferreira, sendo 01 destinada aos visitantes do residencial
e as demais para dar apoio aos lojistas e clientes, sendo uma adaptada. Todas as
vagas comuns possuem dimensões padrão de 2,5m x 5,00m, adequadas a veículos
de passeio de pequeno porte.
Quanto à implantação, o edifício foi disposto de acordo com as relações
sócio-espaciais de cada uso e seus respectivos acessos, formando um espaço de
uso comunitário em uma das esquinas, como mostra a Figura 68).
Figura 68. Implantação do Edifício
Fonte: Elaboração do autor (2014)
Rua Ataulfo Alves
Rua Ascenso Ferreira
80
Esta praça, denominada “Praça da Diversidade” funciona como um elemento
de conexão entre os três usos e o entorno, por abrigar boa parte do terreno e uma
das esquinas mais movimentadas, em frente a algumas empresas prestadoras de
serviços. Sendo assim, seu design é formando por linhas e formas geométricas que
induzem o usuário a cruzar o terreno nas duas mais desejadas direções: do primeiro
ponto do terreno na Rua Ataulfo Alves, ao sudeste (chegada ao empreendimento)
até a esquina da Rua Paulo Lira com a Ascenso Ferreira, a noroeste; da esquina da
Rua Paulo Lira com a Ataulfo Alves, a sudoeste até as lojas e acesso residencial a
nordeste. Em resumo, a forma de “X” é consiste na menor distância percorrida pelo
pedestre para cruzar estes dois extremos do lote, além de que o formato tem parte
de seu caminho passando por dentro das áreas de convivência do edifício. O
resultado consiste na transformação entre os elementos arquitetônicos, terreno e
cidade em um único. Por fim, as Figura 69 eFigura 70 ilustram as perspectivas do
edifício do ponto de vista do observador, no acesso aos setores comercial e serviços
pela Rua Ataulfo Alves e esquina desta com a Paulo Lira, respectivamente.
Figura 69. Perspectiva do observador – Acesso Rua Ataulfo Alves
Fonte: Elaboração do autor (2014)
81
Figura 70. Perspectiva do observador – Acesso esquina da Rua Ataulfo Alves com a Rua Paulo Lira
Fonte: Elaboração do autor (2014)
8.4.1 Multiplicidade de usos na proposta projetual
Os rebatimentos do referencial teórico no processo projetual, em relação à
multiplicidade de usos dentro de uma única edificação foram, em sua maioria, no
que diz respeito aos seus conceitos principais, segundo Neves (2012).
O quesito da personalidade, que prevê um edifício misto como um modelo
único e diferenciado para cada local, sociedade, função e forma, foi muito importante
na etapa de estudo preliminar na qual se estudou a relação entre os usos e entre
estes com o meio externo, de modo a criar um produto arquitetônico específico para
as condicionantes projetuais impostas.
A esfera da sociabilidade também colaborou para a realização do projeto, na
escala do edifício e do bairro, no tocante à criação de espaços abertos em terreno
privado, mas destinado ao uso da comunidade. O modo como foi projetado o acesso
residencial eliminou a necessidade de muros de divisão entre este uso e os demais,
bem como entre este e o entorno. Apresenta-se indefinido à população local quais
são os equipamentos públicos e privados, o que contribui para a formação do
empreendimento em um único com o todo, conforme explicitado. O mesmo ocorre
82
com o critério de permeabilidade do edifício, com a criação dos passeios em forma
de “X”, as pessoas ao invés de transitarem pela calçada pública, irão utilizar o atalho
por dentro do edifício, mantendo as atividades locais sempre dinâmicas em qualquer
horário do dia – característica mais importante dos edifícios multifuncionais.
Quanto ao referencial empírico, o estudo de referencia direto realizado no
Edifício COPAN, em São Paulo, foi essencial para a definição das relações entre
usos e com o entorno utilizadas no processo projetual. Um edifício sem
cercamentos, cuja calçada projeta-se e amplia-se adentrando o pavimento térreo,
onde estão localizadas as lojas e a circulação vertical para os escritórios e
apartamentos. A mesma relação sócio-espacial e funcional foi utilizada, de modo
que a base fosse comercial, o superior de serviços e os demais pavimentos,
residencial.
8.4.2 Conforto Térmico na proposta projetual
Retornando ao rebatimento do referencial teórico e empírico sobre
desempenho térmico das edificações, tem-se a aplicação no projeto das premissas
indicadas pela NBR 15220 para a Zona Bioclimática na qual se insere a capital
potiguar. Em resumo, a estratégia de conforto conveio no aproveitamento da
geometria solar para a orientação dos ambientes de longa permanência ou
transitórios, sistema e área das aberturas, bem como seus elementos de
sombreamento e sua posição para formação da ventilação cruzada.
A divisão dos ambientes por diferença de níveis sem barreiras verticais,
proposta por Holanda (1976) foi utilizada em todo o setor comercial, com o recuo da
laje superior das lojas formando mezaninos, além das pérgolas de madeira que
sombreiam todas as superfícies de orientação indesejável. Do estudo de referência
EHL Premium Condominius pode-se abstrair os painéis deslizantes com taliscas de
madeira, que se entrelaçam, formando diferentes combinações de penetração da luz
natural, conferindo também diferentes aspectos estéticos.
8.4.3. Aspectos formais na proposta projetual
No tocante aos aspectos formais, Neves (2012) aponta a classificação dada
por Martin Towicz aos edifícios de acordo com a relação entre usos e a estética.
Este conhecimento contribuiu para a elaboração dos estudos preliminares, utilizando
83
a premissa de “compactação” e “paisagens integradas”, resultando em uma proposta
que mescla ar livre com espaços cobertos por meio de recortes em dois volumes
compactos.
Por sua vez, os precedentes arquitetônicos auxiliaram na incorporação de
alguns elementos formais na volumetria final do edifício como: elementos de
circulação vertical do COPAN segregados do corpo principal; recorte vazio no
volume cheio que forma o acesso ao hall social, uso do guarda-corpo de vidro e
design do jardim em linhas tortas e geométricas, no Aimberê 1749; projeção de
terraços alternados com recortes no núcleo volumétrico, exposição dos pilares
cilíndricos de concreto, passarela que interliga o terraço à área de convivência e
grandes aberturas de vidro fora-a-fora sombreadas por lajes em balanço, no João
Moura 114; pórtico que projeta-se além da laje de cobertura e enquadra as aberturas
com painéis de madeira, guarda-corpo em barras de alumínio, e piscina em área de
lazer elevada, no Praça Municipal 47; e por fim os elementos de sombreamento em
forma de painéis de madeira corrediços, do EHL Premium Condominius, conforme
explicitado.
84
9 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste projeto demandou uma reflexão profunda acerca do
dinamismo desejado entre a arquitetura e o espaço urbano, cujo foco principal é o
usuário. Esta tarefa consistiu na elaboração não só de um elemento estático a ser
utilizado e admirado, mas na criação de um universo de relações que a arquitetura
pode oferecer à população, formando um único sistema estável e eficaz.
A atual trajetória pela qual as cidades estão passando faz com que as
pessoas queiram se deslocar menos para perder menos tempo, além de frequentar
locais com melhores estruturas e qualidade ambiental. A resposta consiste nos
empreendimentos de uso misto, que entrelaçam as atividades de moradia, trabalho,
consumo e lazer e induzem o retorno à antiga relação dos usuários com o bairro em
que vivem, tornando a cidade mais livre, segura e democrática.
A evolução do partido arquitetônico do estudo preliminar adotado teve
implicação direta das condicionantes projetuais analisadas e dos referenciais teórico
e empírico, resultando em um produto que atende aos objetivos estipulados nas três
esferas – funcionalidade, estética e desempenho térmico – com características
únicas e adequadas a região.
O processo projetual apresentou entraves quanto aos parâmetros
urbanísticos exigidos pela legislação municipal, devido à zona da cidade onde o
terreno se localiza (cujo potencial construtivo corresponde ao adensamento básico).
As soluções funcionais e estéticas não foram exploradas ilimitadamente,
acarretando em escolhas que priorizam alguns quesitos a outros. Exemplos disto
são a orientação de algumas lojas para o sol poente, pois foi priorizado um maior
aproveitamento da área e relações sócio-espaciais, ou a supressão de alguns
terraços para a ampliação do programa residencial, entre outros.
O objetivo geral do trabalho foi atingido com êxito, com a realização de um
projeto que possui relevância nos campos acadêmico – devido à exploração de um
tema com relações espaciais e formais complexos –, do mercado de trabalho – pela
atenção aos parâmetros normativos para viabilização do projeto – e da realização
pessoal – pela vontade de produzir arquitetura como um grande lar para a
sociedade.
85
10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
10.1 Legislações
ABNT. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos
urbanos. Rio de Janeiro, 2004.
ABNT. Edificações habitacionais – Desempenho Parte 4: Sistemas de Vedações
Verticais Internas e Externas – NBR 15575-4. Rio de Janeiro, 2008.
______. Parte 5: Sistemas de Cobertura – NBR 15575-5. Rio de Janeiro, 2008.
ABNT. Desempenho Térmico de Edificações Parte 3: Zoneamento Bioclimático
Brasileiro e Diretrizes Construtivas para Habitações Unifamiliares de Interesse Social
– NBR 15220-3. Rio de Janeiro, 2005.
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Natal: Governo do Estado do Rio Grande do Norte, 2002.
NATAL. Câmara Municipal. Lei Complementar nº 055, de 27 de Janeiro de 2004.
Dispõe sobre o Código de Obras de Natal. Natal, 2004.
NATAL. Câmara Municipal. Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007.
Dispõe sobre o Plano Diretor de Natal e dá outras providências. Natal, 2007.
10.2 Publicações
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nos trópicos ensolarados. Recife, Universidade Federal de Pernambuco, Mestrado
de Desenvolvimento Urbano, 1976.
LIMA, A. P. P. Vantagens da Versatilidade Funcional dos Edifícios na
Regeneração Urbana. Mestrado Integrado em Engenharia Civil -2007/2008 -
Departamento de Engenharia Civil, Faculdade de Engenharia da Universidade do
Porto, Porto, Portugal, 2008.
MONTENEGRO, G. Ventilação e Cobertas: estudo teórico, histórico e descontraído
/ Gildo A. Montenegro. São Paulo: Edgard Blucher, 1984.
86
NEGREIROS, B. A. Análise de Métodos de Predição de Conforto Térmico de
Habitação em clima quente-úmido com Condicionamento Passivo. Natal, 2010.
NEVES, A. S. F. O Edifício Híbrido Residencial: Temporalidades distintas na
vivência da cidade. Dissertação de Mestrado – Instituto Superior Técnico,
Universidade Técnica de Lisboa, Lisboa, Portugal, 2012.
SCALISE, B. Complexo Híbrido: Reintegração da “Cidade Partida”. Revista
Assentamentos Humanos, Marília, v.6, nº1, 2004
TRINDADE, S. C. Simulação Computacional como ferramenta de auxílio ao
projeto: aplicação em edifícios naturalmente ventilados no clima de Natal/RN. Natal,
2006.
10.3 Arquivos Eletrônicos
BRITTO, F. Uso Misto do Solo como Mecanismo para Reduzir a Criminalidade.
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ARQURB.11. Edifício Aimberê. 2012. Disponível em:
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REDIMOB – REDE GLOBAL DO MERCADO IMOBILIÁRIO. Edifícios híbridos: um
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hibridos-um-experimento-na-mistura-de-usos>. Acesso em: 03 abr. 2014.
87
11 APÊNDICES
PRANCHA 01: Planta Baixa de Subsolo (Escala 1:100)
PRANCHA 02: Planta de Implantação e Cobertura (Escala 1:125)
PRANCHA 03: Planta Baixa Pavimento Térreo (Escala 1:100)
PRANCHA 04: Planta Baixa Primeiro Pavimento (Escala 1:100)
PRANCHA 05: Planta Baixa Segundo Pavimento (Escala 1:100)
PRANCHA 06: Planta Baixa Terceiro Pavimento (Escala 1:100)
PRANCHA 07: Planta Baixa Quarto Pavimento (Escala 1:100)
PRANCHA 08: Planta Baixa Pavimento Tipo (Escala 1:100)
PRANCHA 09: Planta Baixa Laje de Resgate (Escala 1:100)
PRANCHA 10: Corte A-A (Escala 1:100)
PRANCHA 11: Corte B-B (Escala 1:100)
PRANCHA 12: Corte C-C (Escala 1:100)
PRANCHA 13: Corte D-D (Escala 1:100)
PRANCHA 14: Elevação Leste (Escala 1:100)
PRANCHA 15: Elevação Sul (Escala 1:100)
PRANCHA 16: Elevação Oeste (Escala 1:100)
PRANCHA 17: Elevação Norte (Escala 1:100)