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Marcelo Wulkan Estudo comparativo em cadáveres do uso de enxertos cartilaginosos septais e costais para aumento da área seccional externa narinária Tese apresentada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutor em Ciências Programa de Clínica Cirúrgica Orientador: Prof. Dr. Nivaldo Alonso São Paulo 2012

Marcelo Wulkan Estudo comparativo em cadáveres do uso de ...Wulkan, Marcelo Estudo comparativo em cadáveres do uso de enxertos cartilaginosos septais e costais para aumento da área

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Marcelo Wulkan

Estudo comparativo em cadáveres do uso de

enxertos cartilaginosos septais e costais para

aumento da área seccional externa narinária

Tese apresentada à

Faculdade de Medicina da

Universidade de São Paulo

para obtenção do título de

Doutor em Ciências

Programa de Clínica Cirúrgica

Orientador: Prof. Dr. Nivaldo

Alonso

São Paulo

2012

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Preparada pela Biblioteca da

Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

reprodução autorizada pelo autor

Wulkan, Marcelo

Estudo comparativo em cadáveres do uso de enxertos cartilaginosos septais

e costais para aumento da área seccional externa narinária / Marcelo Wulkan.

-- São Paulo, 2012.

Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Programa de Clínica Cirúrgica.

Orientador: Nivaldo Alonso.

Descritores: 1.Rinoplastia 2.Enxertos 3.Costelas 4.Septo nasal

5.Cartilagem

USP/FM/DBD-352/12

DEDICATÓRIA

- À minha esposa Paula: pelo amor, amizade com direito a verdadeiras

risadas, companheirismo, fonte de inspiração, palavras reconfortantes e

matriarca de nossa futura família maravilhosa.

-Aos meus futuros filhos: já penso em vocês com um amor total, mesmo

antes de nos presentear com suas vidas. Teremos uma longa jornada

juntos, se D’us quiser.

-Aos meus pais Ignacy e Ester: pelo amor, sacrifícios pessoais em nome

do bem estar de seus filhos, total disposição e ensinamentos que

moldaram meu caráter.

-Aos meus irmãos Claudio e Patrícia: pelo companheirismo, amor,

brincadeiras de travesseiro e tudo que envolve uma infância

maravilhosa. Vocês podem contar comigo sempre.

-Aos meus sobrinhos lindos, sogros, cunhados e cunhadas.

-Aos meus queridos e saudosos avôs e avós dos quais ainda sinto

constante amor e os famosos beijos apertados.

AGRADECIMENTOS

- Ao Prof. Dr. Nivaldo Alonso, a minha gratidão por me orientar neste

trabalho com postura científica impecável, pela paciência, amizade,

sinceridade e ensinamentos fundamentais para o desenvolvimento

deste projeto.

- Ao Dr. Álvaro Júlio de Andrade Sá pela ajuda em quatro dissecções.

- Aos cadáveres do Serviço de Verificação de Óbitos da Capital -

Universidade de São Paulo pela possibilidade de serem uma rica fonte

de conhecimento médico.

- Aos funcionários do Serviço de Verificação de Óbitos da Capital -

Universidade de São Paulo, pelo apoio necessário para realizar as

dissecções.

- À Profa. Denise Aparecida Botter do Instituto de Matemática e

Estatística da Universidade de São Paulo, pela brilhante colaboração na

análise estatística.

- À Sra. Marcella Hecht pela cuidadosa e precisa mensuração da área

seccional externa da narina com o programa Autocad®.

- Aos funcionários e comissão de Pós-Graduação da Faculdade de

Medicina da Universidade de São Paulo, pela atenção dispensada.

- À Sra. Marinalva de Souza Aragão, da Divisão de Biblioteca e

Documentação da Faculdade de Medicina da Universidade de São

Paulo, pela presteza e auxílio na elaboração da ficha catalográfica desta

tese.

- Ao desenhista Thiago Memphis, pela ajuda nas ilustrações.

- À Sra. Marisa Swif pela revisão do vernáculo.

- À minha esposa Paula, por permitir minhas ausências diurnas e

noturnas para realizar este estudo, sempre mantendo o apoio e

otimismo, além do indispensável amor. Você me completa e me

equilibra.

- À minha mãe Ester, por ser a pessoa mais verdadeira que eu conheço,

com a emoção à flor da pele em tudo que faz. Adoro seu beijo e abraço

apertado.

- Ao meu pai Ignacy, pelo bom exemplo de ser humano e amor, sempre

pensando mais nos outros do que em sí mesmo.

- Ao meu irmão Claudio, pelo passado, presente e futuro, sempre

juntos. É um exemplo de determinação.

- À minha irmã Patricia, pelo carinho eterno e por ajudar a me criar.

- À D’us, por me presentear com pessoas queridas e talentosas e

permitir que eu realizasse este trabalho com sucesso.

- Moisés disse: “A lei é tudo.”

- Marx disse: “O dinheiro é tudo.”

- Freud disse: “Tudo está na cabeça.”

- E, finalmente, Einstein disse: “Tudo é relativo.”

(Anônimo)

Esta tese está de acordo com as seguintes normas, em vigor no

momento desta publicação:

Revisão de acordo com os padrões ortográficos e gramaticais

estabelecidos, respectivamente, pelo Acordo Ortográfico da Língua

Portuguesa, de 1990, aprovado em 2008, conforme Decreto

presidencial n. 6.584, de 29/09/2008, pelo Dicionário eletrônico Houaiss

da língua portuguesa, 2009, e pela Nova gramática do português

contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley, edição de 2008.

Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Divisão de

Biblioteca e Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses

e monografias. Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia

de A. L. Freddi, Maria Fazanelli Crestana, Marinalva de Souza Aragão,

Suely Campos Cardoso, Valéria Vilhena. 3ª ed. São Paulo: Divisão de

Biblioteca e Documentação; 2011.

Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals

Editors (Vancouver).

Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com o List of Journals

Indexed in Index Medicus.

SUMÁRIO

Lista de abreviaturas, símbolos e siglas

Lista de Figuras

Lista de Gráficos

Lista de Tabelas

Resumo

Summary

1.Introdução.............................................................................................1

2.Objetivo.................................................................................................9

3. Revisão da Literatura..........................................................................11

3.1 Definição das válvulas nasais externa e interna...............................12

3.2 Anatomia dos componentes estruturais das válvulas nasais...........14

3.3 Fisiologia do fluxo de ar....................................................................17

3.4 Métodos de avaliação das válvulas nasais.......................................20

3.5 Métodos de tratamento das válvulas nasais....................................24

3.6 Tratamentos dos componentes estruturais da válvula nasal

externa.............................................................................................24

3.6.1 Uso de enxertos cartilaginosos para tratamento da válvula

nasal externa................................................................................26

3.6.2 Outras técnicas para tratamento da válvula nasal externa...........31

4. Métodos.............................................................................................33

4.1 Termos, materiais e instrumentos usados no estudo cadavérico....36

4.2 Documentação fotográfica: foto padronizada basal do nariz...........37

4.3 Técnicas operatórias.............. ..........................................................39

4.3.1 Técnica de dissecção para obtenção de cartilagem septal............39

4.3.2 Técnica de retirada da costela para obtenção de cartilagem

costal.............................................................................................42

4.3.3 Manufatura dos enxertos cartilaginosos.......................................44

4.3.4 Dissecção do nariz e inclusão dos enxertos...................................50

4.4 Método de mensuração da área de secção externa da narina.........52

4.5 Método de análise estatística...........................................................54

4.5.1 Método estatístico para estudo piloto - dimensionamento

da amostra.....................................................................................55

4.5.2 Método estatístico para estudo completo....................................56

5. Resultados..........................................................................................58

5.1 Resultados operatórios....................................................................59

5.2 Resultados estatísticos.....................................................................63

6. Discussão............................................................................................68

6.1 A definição da válvula nasal externa e sua relação com a área

de secção externa da narina.............................................................69

6.2 Os métodos de avaliação da válvula nasal externa e da área

de secção externa da narina............................................................74

6.3 Opções terapêuticas para aumento da área de secção

externa da narina.............................................................................79

6.4 Aspectos técnicos da manufatura e inclusão do enxerto de

reforço alar modificado...................................................................86

6.5 Ética do estudo.................................................................................91

6.6 Avaliação dos resultados..................................................................92

6.6.1 Caracterização da casuística,confiabilidade,reprodutibilidade

do método.....................................................................................92

6.6.2 Análise do comportamento dos enxertos de reforço alar

modificados...................................................................................96

6.6.3 Benefícios com o uso do enxerto de reforço alar

modificado.....................................................................................97

6.6.3.1 Enxerto de reforço alar modificado de septo.............................97

6.6.3.2 Enxerto de reforço alar modificado de costela...........................98

6.6.4 Efeitos adversos e intercorrências com o uso do enxerto de

reforço alar modificado.................................................................99

6.6.4.1 Enxerto de reforço alar modificado de septo.............................99

6.6.4.2 Enxerto de reforço alar modificado de costela.........................100

6.6.5 Características das cartilagens costais.........................................102

6.7 Uso consciente de enxertos na rinoplastia estruturada

funcional.........................................................................................104

6.8 Considerações finais.......................................................................107

7. Conclusão.........................................................................................112

8. Anexos..............................................................................................114

9. Referências.......................................................................................117

10. Apêndices.......................................................................................146

LISTA DE ABREVIATURAS

ASEN área de secção externa da narina

ASM área de secção mínima

colab. colaborador(es)

dr. doutor

ed. edição

ERA enxerto de reforço alar

ERAM enxerto de reforço alar modificado

et al. e outros

ex. exemplo

p. página

PLCS processo lateral da cartilagem septal

PÓS COSTAL após a inclusão de enxerto cartilaginoso costal

PÓS SEPTAL após a inclusão de enxerto cartilaginoso septal

PPCS processo posterior da cartilagem septal

PRÉ antes de qualquer procedimento

prof. professor

RLCA ramo lateral da cartilagem alar

RMCA ramo medial da cartilagem alar

RM ressonância magnética

rev. revista

suppl. suplemento

TC tomografia computadorizada

v volume

VNE válvula nasal externa

VNI válvula nasal interna

VSRL viga de suporte do ramo lateral

LISTA DE SÍMBOLOS

c comprimento do conduite

cm centímetro

cm2 centímetro quadrado

l fluxo

mm milímetro

mm2 milímetro quadrado

m metro

P pressão

p nível descritivo para avaliação estatística

r raio

R resistência

V/t volume por unidade de tempo

% por cento

> maior que

< menor que

= igual a

∆p diferença de pressão

Ƞ viscosidade do líquido

LISTA DE SIGLAS

ANOVA Análise de Variância FMUSP Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo NOSE Nasal Obstruction Symptom Evaluation OMS Organização Mundial de Saúde SVO Serviço de Verificação de Óbitos USP Universidade de São Paulo

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Componentes anatômicos cartilaginosos da válvula nasal externa (ramo médio da cartilagem alar e ramo lateral da cartilagem alar) e válvula nasal interna (processo posterior da cartilagem septal e processo lateral da cartilagem septal)......................................................................................4 Figura 2 – Posição padronizada das fotografias; em marrom, a área de secção externa do nariz a ser analisada............................38 Figura 3 – Preservação de pelo menos 10 mm nas posições anterior e caudal do processo posterior da cartilagem septal (notar enxerto simbólico a ser retirado)................................41 Figura 4 – Detalhe da desinserção do septo da crista maxilo- vomeriana..............................................................................41 Figura 5 – Aspecto da porção cartilaginosa retirada da costela em monobloco; nota-se que é possível obter enxerto costal grande de aproximadamente seis cm realizando incisão cutânea de apenas quatro cm................................................44 Figura 6 – Enxerto de reforço alar modificado: todas as bordas biseladas................................................................................45 Figura 7 – Separação dos três segmentos da cartilagem costal; para a manufatura dos enxertos de reforço alar modificados utilizou-se apenas o segmento central..................................46 Figura 8 – A cartilagem do meio representa o segmento central

a ser esculpido para confeccionar os enxertos de reforço alar modificados de costela; no lado direito, observa-se a faixa de pericôndrio anterior retirada....................................47

Figura 9 – Aspecto resultante dos enxertos cartilaginosos costais com a imersão em soro fisiológico 0,9%: graus variados

de distorção eram manipulados novamente para retificação dos mesmos..........................................................49

Figura 10 – Posição dos enxertos de reforço alar modificados............. 51 Figura 11 – Posição lateral do enxerto de reforço alar modificado,

paralelo à margem narinária, evidenciando bordas biseladas, parte medial oblíqua e sua extensão lateral em área desprovida do ramo lateral da cartilagem alar......52

Figura 12 – Exemplo de mensuração da área de secção externa do

nariz; a régua milimetrada na columela foi usada como referência local de medidas.................................................54

Figura 13 – Aspecto inicial sem enxertos da área de secção externa

do nariz (PRÉ-OPERATÓRIO); Resultado imediato da área de secção externa do nariz após inclusão de enxerto de reforço alar modificado cartilaginoso de septo (PÓS SEPTO) e de costela (PÓSCOSTELA)...................62

Figura 14 – A VSRL necessita de grande dissecção; o componente medial pode ficar visível.....................................................83

Figura 15 – Aspecto da cartilagem costal conforme pontos de calcificação.......................................................................103

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Curva de Poder.....................................................................56

Gráfico 2 – Média da variável Área (cm2) por tratamento e lado..........63

Gráfico 3 – Valores da variável Área (cm2) para cada narina por tratamento..........................................................................65

LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Ordem cronológica (1990-2012) de estudos com no

mínimo 10 pacientes e método de escolha declarado de como melhorar e analisar a função da válvula nasal externa.................................................................................25

Tabela 2 – Mensuração da área de secção externa do nariz (cm2)

após cada tratamento..........................................................59 Tabela 3 – Distribuição dos cadáveres (listados cronologicamente com as iniciais de seus nomes)...........................................115 Tabela 4 – Estatísticas descritivas para a variável Área (cm2)................64 Tabela 5 – Análise de Variância para a variável Área (cm2). Valor de P para Tratamento e Narina < 0,0001...................................66 Tabela 6 – Testes e Intervalos de confiança (método de Tukey)

com coeficiente de confiança global igual a 95% para a média da variável Área (cm2) sob os diferentes pares de

tratamentos..........................................................................66 Tabela 7 – Escala NOSE (Nasal Obstruction Symptom Evaluation)......116 Tabela 8 – Distribuição do número de casos conforme aspecto da calcificação na cartilagem costal.........................................102

RESUMO Wulkan M. Estudo comparativo em cadáveres do uso de enxertos cartilaginosos septais e costais para aumento da área seccional externa narinária [tese]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2012.

INTRODUÇÃO: A área da seccção externa da narina é a parte inferior da válvula nasal externa que é o primeiro obstáculo ao fluxo de ar. Existem dúvidas e controvérsias em relação a eficácia de tratamentos cirúrgicos nessa região do nariz durante a rinoplastia. Neste estudo, compararam-se em cadáveres o uso do enxerto de reforço alar modificado de cartilagem septal e costal para analisar o aumento da área seccional externa narinária. MÉTODOS: Trinta narinas de cadáveres foram dissecados no Serviço de Verificação de Óbito da Capital- Universidade de São Paulo. A escolha dos cadáveres foi aleatória (9 mulheres e 6 homens) excluíndo-se os casos com lesão deformante nasal ou doença intra-nasal. Todos os enxertos septais e costais apresentavam as mesmas dimensões (30 x 5 x 1 mm) e foram inseridos acima do ramo lateral das cartilagens alares de maneira aleatória. A seguir, realizaram-se fotos padronizadas e mensurações das 90 áreas seccionais externas de narina com o programa Autocad®; 30 antes de qualquer procedimento; 60 após a inclusão de enxertos (30 usando cartilagem costal e 30 usando cartilagem septal). A análise estatística foi feita com um modelo de medidas repetidas e ANOVA (análise de variância) para a variável área. A comparação das médias foi feita pelo método de Tukey, sendo o coeficiente de confiança global de 95%. RESULTADOS: A área seccional externa da narina sem tratamento, com inclusão de enxerto de reforço alar modificado septal e costal é, respectivamente, 0,76 cm2, 0,85 cm2 (aumento de 11,8%) e 0,91 cm2 (aumento de 19,7%). CONCLUSÃO: O enxerto de reforço alar modificado de costela é estatisticamente mais efetivo que o enxerto de reforço alar modificado de septo para aumentar a área de secção externa da narina.

Descritores: Rinoplastia; enxertos; costelas; septo nasal; cartilagem.

SUMMARY Wulkan M. A comparative study on cadavers of the use of septal and rib cartilage grafts to increase nostril cross-sectional area [thesis]. São Paulo: Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2012. INTRODUCTION: The nostril cross-sectional area (bottom of the external nasal valve) presents the first obstacle to airflow. There are doubts and controversies regarding the effectiveness of surgical treatments in this region of the nose during a rhinoplasty. In this study, we have tested two modified strategies for alar reinforcement, one using a cartilage graft from the nasal septum and the other using rib cartilage, to analyze and compare their effectiveness in augmenting nostril cross-sectional area. METHODS: Thirty corpses’ nostrils were dissected in the Division of Postmortem Inspection at the University of São Paulo. Corpses were chosen at random (9 women and 6 men) excluding those with deforming nasal injury or intra-nasal disease. All nasal septum and rib grafts had the same dimensions (30 x 5 x 1 mm) and were inserted randomly above the lateral crura of the alar cartilages. Then, a total of 90 standardized photographs were taken to measure nostril cross-sectional area using the Autocad® program; one per nostril on all 15 cadavers, at three separate intervals. Thirty photos were taken prior to any procedure being performed, and 60 after the insertion in each nostril, of the two different types of cartilage grafts. After one graft was tested, it was removed and replaced with the other type. The order of the procedures was randomized. Statistical analyses were conducted using a model for repeated measures and ANOVA for the variable “area”. The comparison of means was done with Tukey’s method and a 95% confidence coefficient. RESULTS: The nostril cross-sectional area before treatment, after modified alar reinforcement using septum cartilage graft, and after modified alar reinforcement using rib graft were 0,76 cm2, 0,85 cm2 (increase of 11,8%) and 0,91 cm2 (increase 19.7%), respectively. CONCLUSION: The modified alar reinforcement using grafts of rib cartilage is statistically more effective than the modified alar reinforcement using grafts of nasal septum in increasing the nostril cross-sectional area. Descriptors: rhinoplasty; grafts; ribs; nasal septum; cartilage.

1

1. INTRODUÇÃO

2

1. Introdução

A cirurgia plástica de nariz é considerada por muitos cirurgiões

uma das cirurgias mais complexas dentro da especialidade. O fato do

nariz estar em posição central na face aumenta a responsabilidade do

cirurgião que deseja realizar o procedimento. Diferentemente da

grande maioria das cirurgias estéticas, cada milímetro mal posicionado

pode ocasionar um resultado artificial ou inestético. Em algumas

situações, a técnica inapropriada pode ainda trazer consequências

negativas na parte funcional do nariz.

No histórico das rinoplastias, o objetivo maior era melhorar a

aparência do nariz1. As técnicas usadas na primeira metade do século

XX traziam frequentemente sequelas respiratórias nos pacientes

submetidos a condutas operatórias que enfraqueciam e

desestruturavam o nariz. Com o objetivo de corrigir e evitar as

complicações funcionais, muitos cirurgiões plásticos e

otorrinolaringologistas começaram a atentar para a preservação do

arcabouço ósteo-cartilaginoso e otimização da fisiologia do nariz.

Sheen2,3 revolucionou a rinoplastia “fechada” (sem incisão columelar)

3

criando os enxertos alargadores (“spreader grafts”)1, que eram

confeccionados com cartilagem septal e posicionados entre os

processos laterais e central da cartilagem septal. Os enxertos

alargadores eram usados para melhorar a função da válvula nasal

interna (VNI) em rinoplastias primárias e secundárias, principalmente

em pacientes com osso nasal curto, pele fina e esqueleto cartilaginoso

delicado2, 3. Mantendo o objetivo de preservar e otimizar a VNI, muitos

outros enxertos, suturas e técnicas para facilitar a condução do ar nessa

região já foram descritos e permanecem alvo de estudos2-39.

O fluxo de ar depende de vários fatores, sendo a válvula nasal

externa (VNE) a primeira resistência com a qual o ar se depara ao entrar

no vestíbulo13,32,40-44. A área de secção externa da narina (ASEN)45-51 faz

parte da VNE e será o foco maior deste estudo pela sua importância

funcional e estética.

Clinicamente, o suporte do ramo lateral da cartilagem alar (RLCA)

é fundamental na eficiência da VNE, pois impede que ocorra colapso da

mesma durante a inspiração6,7,11,32,48,52. A Figura 1 ilustra os

componentes anatômicos cartilaginosos nasais diretamente envolvidos

1 Muitos dos enxertos usados em rinoplastia não têm tradução para a língua portuguesa. No

decorrer do texto, usaremos apenas uma vez o termo inglês consagrado em literatura médica internacional. Optaremos por usar o termo em questão na língua portuguesa conforme nosso entendimento.

4

na VNE: o RLCA e RMCA (ramo medial da cartilagem alar); o PLCS

(processo lateral da cartilagem septal) e PPCS2 (processo posterior da

cartilagem septal) estão envolvidos apenas no dinamismo da VNI.

Figura 1 – Componentes anatômicos cartilaginosos da válvula nasal externa (RMCA e RLCA) e válvula nasal interna (PPCS e PLCS)

Muitas opções cirúrgicas foram propostas para corrigir a

insuficiência da VNE. Destacam-se os estudo de Sheen29,30,33 e

Constantian7,10,11,48 por descreverem técnicas eficientes endonasais. Na

via de acesso aberta, Gunter et al.53,54 propuseram o “lateral crural strut

2 Este trabalho usará de preferência a Terminologia Anatômica Internacional ao invés de

termos cirúrgicos. Dessa maneira, usaremos o termo processo posterior da cartilagem septal para denominar “cartilagem septal” e processo lateral da cartilagem septal no lugar de “cartilagem triangular ou lateral superior”.

5

graft”, que é um enxerto com características de uma viga de suporte do

ramo lateral (VSRL). Este enxerto é posicionado abaixo da crus lateral,

medindo de 3 a 4 mm de largura e 18 a 25 mm de comprimento,

conforme a necessidade do mesmo se apoiar na parede lateral da

abertura piriforme sob o lóbulo nasal. Também na via de acesso aberta,

Toriumi et al.35-38 utilizaram um enxerto semelhante, diferindo

principalmente na sua posição superficial ao RLCA.

Apesar das várias opções existentes no tratamento da VNE, até o

presente momento não há consenso entre a maioria dos autores no

tocante a área doadora bem como a técnica. De fato, autores como

Gunter et al.5,21,55,56 e Toriumi e Checcone38 utilizam a 5a e a 6a costelas

para esconder a cicatriz abaixo do sulco mamário; outros como

Constantian11 prefere usar a cartilagem da 9a costela por ser mais

retilínea. Ademais, é controverso o método de manufatura do enxerto

de cartilagem costal: Cochran e Gunter55 fazem múltiplos enxertos

retilíneos no eixo maior da costela e perpendicularmente ao plano da

mesma no gradeado costal; Toriumi et al.20,35-39,57 fazem o mesmo,

porém cortam paralelamente ao plano supracitado. Constantian48

aponta a maior importância da região central da costela em pacientes

acima de 40 anos devido à maior calcificação nessa região e que,

6

portanto, apresenta menor probabilidade de curvatura do enxerto em

longo prazo na área receptora.

Muitos cirurgiões têm deixado de realizar apenas a rinoplastia

estética per si, optando pela rinoplastia com cuidas respiratórios para

que o benefício ao paciente não seja apenas estético.

A beleza nasal é subjetiva e, embora objetivada pelos cirurgiões,

ainda permanece enigmática58. A qualidade da respiração também é

subjetiva, mas sua importância na qualidade de vida é fundamental.

Dessa maneira, a rinoplastia ideal visa preservar e corrigir as vias aéreas

e isto envolve uma avaliação funcional sistemática do paciente.

Dificuldade respiratória de graus variados por obstrução nasal é

frequente na população adulta. Entre as principais causas, o desvio de

septo e a hipertrofia de cornetos são os principais motivos para essa

alteração no fluxo de ar18,33,42,50,59. No entanto, os sintomas obstrutivos

podem persistir mesmo após septoplastia e tratamento dos cornetos.

Estudos recentes apontam o mecanismo das válvulas nasais como o

principal regulador de fluxo de ar. Os autores divergem sobre a

importância relativa do local da obstrução e também sobre a hierarquia

etiológica da disfunção respiratória4,6,7,9,11,16,22,25,34,40,42,43,45-51,60-95.

Estudos de Constantian6,7,48 comprovam que a correção da

7

incompetência valvular externa é capaz de duplicar o fluxo de ar e,

curiosamente, o tratamento simultâneo do septo nasal não traz

benefícios significativos.

Visto que a literatura é ampla no diagnóstico e tratamento de

afecções da VNI, focamos o presente estudo na VNE, que também

representa grande importância na regulação de fluxo de ar nasal. Ainda

não existe consenso para nortear qual é a melhor opção dentre os

atuais métodos de enxertos, implantes ou suturas na VNE.

Um enxerto cartilaginoso em particular é bastante usado para a

melhora estética-funcional da VNE: “alar batten graft”4,22,34,45,60,70,73,

88,93,96 ou enxerto de reforço alar (ERA). Este enxerto foi descrito por

Toriumi et al.34, sendo composto de cartilagem septal ou conchal e

aplicado no local do colapso da parede nasal lateral.

O ERA é amplamente usado pelos cirurgiões até os dias atuais e

com bons resultados estéticos e funcionais.

Em situações em que é necessário maior suporte alar, tanto o

septo como a concha auricular podem ser ineficientes como fonte

doadora para o ERA23,83,97. O cirurgião pode necessitar de material com

maior força estrutural a ser aplicado no RLCA. Uma possível opção pode

ser a costela12,21,39,55,57,75,98-100.

8

Diante da necessidade de cada vez mais se tentar trazer benefício

estético e funcional ao paciente que se submete à rinoplastia, propõe-

se neste estudo adquirir mais conhecimentos sobre condutas com

enxertos do tipo ERA na VNE. Até o presente momento não existem

relatos que comparem a melhora instantânea da VNE pelo uso de

enxertos de costela e septo. Cada enxerto tem sua particularidade e, no

decorrer deste estudo, mostraremos os detalhes operatórios,

benefícios, possíveis intercorrências e avaliação geral crítica dos

mesmos. Ademais, são escassas as informações sobre métodos de

avaliação de maneira objetiva e não invasiva sobre a região inferior da

VNE. Por esses motivos, interessamo-nos em caracterizar

quantitativamente o efeito de enxertos cartilaginosos septais e costais

na ASEN, assim como em um método de mensuração inédito da ASEN.

9

2.OBJETIVO

10

2. Objetivo

Avaliação quantitativa do efeito dos enxertos de reforço alar

modificados de septo e de costela na área de secção externa da narina

(parte inferior da válvula nasal externa).

11

3.REVISÃO DA LITERATURA

12

3. Revisão da literatura

3.1 Definição das válvulas nasais externa e interna

Válvulas são estruturas que regulam o fluxo de ar ou líquido no

corpo humano. No nariz, as cartilagens, os músculos e o tecido erétil

das conchas e septo agem como válvulas que regulam o fluxo de ar77.

A primeira descrição da anatomia e função nasais foi feita por

Galeno há aproximadamente 2000 anos61. A literatura não apresenta

um consenso em relação à fisiologia e patologias nas válvulas nasais.

Alguns autores consideram a existência de uma única válvula nasal e

outros debatem a existência de duas válvulas nasais42,43,50,92-94,101.

Fisiologistas costumam chamar a área valvular como um “segmento

limitante de fluxo de ar”43 . Cirurgiões plásticos e otorrinolaringologistas

costumam preferir denominar as válvulas conforme o local: vávlula

nasal interna (VNI) e válvula nasal externa (VNE)42.

Em 1903, Mink* apud Bloching61 foi o primeiro autor a descrever

anatomicamente uma única válvula nasal e apontar sua importância. O

fluxo de ar por esta estrutura passa por segmentos limitados por

* Mink PJ. Le nez comme voie respiratory. Presse Otolaryngol Belg. 1903: 5:481-496.

13

fatores estruturais estáticos e dinâmicos. Os fatores estruturais fazem

alusão às partes estreitas da válvula nasal mensuradas pela sua área de

secção transversal que varia de 55 a 64 mm2 45,47,49. Os limites

anatômicos da válvula nasal foram melhor definidos posteriormente

por Bridger46 pela borda caudal do processo lateral da cartilagem septal

(PLCS), cabeça do corneto inferior, septo nasal e assoalho do nariz.

A VNI é formada pela articulação do PLCS com o septo

cartilaginoso. O ângulo dessa articulação é normalmente de 10° a 15°102

em caucasianos e um pouco aumentado em asiáticos e africanos;

alterações do ângulo até 52° já foram observadas, sendo possível ter

valores diferentes dos dois lados para um mesmo indivíduo103. A VNI

compreende também as porções ósseas inferior e lateral da abertura

piriforme e cabeça do corneto inferior.

A VNE é delimitada medialmente pela crus medial da columela,

superiormente pela borda caudal do PLCS, inferiormente pela borda do

vestíbulo nasal77 (mensurada pela ASEN) e lateralmente pela abertura

piriforme e pelo tecido fibroapidoso que se conecta ao RLCA41, 42, 59, 77,

101. Este tecido fibroadiposo contém ligamentos que fornecem suporte

para a borda lateral da área do RLCA à maxila. Os músculos nasais

14

ajudam a manter a VNE aberta e prevenir seu colapso durante a

inspiração profunda.

3.2 Anatomia dos componentes estruturais das válvulas nasais

O esqueleto ósteo-cartilaginoso é uma unidade funcional exclusiva

pois suas estruturas estão intimamente relacionadas. A borda lateral do

PLCS está firmemente conectada ao osso próprio do nariz. Nesta região,

a cartilagem extende-se alguns milímetros abaixo do osso e o

pericôndrio passa continuamente em direção ao periósteo.

Medialmente, o PLCS está conectado firmemente como uma única

cartilagem ao processo posterior da cartilagem septal (PPCS). O PPCS se

articula com a placa perpendicular do osso etmóide, que é bem mais

frágil, e ambos com o vômer, inferiormente. O vômer repousa por sua

vez na crista maxilo-vomeriana. O pericôndrio que recobre o PPCS é

apenas parcialmente contínuo com o periósteo da crista maxilo-

vomeriana, de maneira que permite a passagem de fibras através dessa

união para o pericôndrio contralateral. Esta união parcial dificulta a

dissecção sub-mucopericondrial na região, assim como explica certa

15

instabilidade e facilidade para fraturas. Caudalmente, a espinha nasal

anterior é a parte mais projetada da pré-maxila42,102,104-106.

As cartilagens nasais são recobertas por pericôndrio e se

conectam entre si por meio de tecido conectivo semelhante a cordas. A

borda cefálica do RLCA normalmente projeta-se superiormente na

borda caudal do PLCS. Em muitos casos, existem cartilagens sesamóides

de número e tamanho variados nessa região intercartilaginosa. Esta

região de encontro do RLCA e do PLCS é chamada em inglês de “scroll”*

e teoricamente é uma articulação, podendo ser uma diartrose com dois

graus de liberdade (translação e rotação). Algumas sesamóides com

formato arredondado podem ser encontradas no “scroll”. Alguns

indivíduos têm sobreposição do PLCS e do RLCA de maneira a melhorar

o suporte neste local42. Outrossim, as características elásticas da

cartilagem alar permitem movimentos de deflexão para dentro e para

fora, facilitados conforme a liberdade da borda caudal do RLCA. É

importante notar que as forças tencionais da respiração na área da

cartilagem alar podem ser ainda mais observadas em casos com

curvatura no RLCA69.

* Não existe tradução anatômica para o português da palavra inglesa “scroll”. Portanto,

iremos usar o termo em inglês em todo o trabalho.

16

A cartilagem alar é estruturalmente o principal componente para o

suporte da ponta nasal. Sheen e Sheen32 descreveram-na como tendo

três compartimentos (lateral, medial e intermediário), mas a maioria

dos autores utilizam apenas os termos lateral e medial. A força, a

posição, a resiliência e a direção do RLCA são os fatores mais

importantes que determinam o contorno e a estabilidade da região

alar60 . Na maioria dos casos, o RLCA corre paralelo à borda narinária até

metade de sua distância da ponta nasal. A cartilagem acessória

conecta o RLCA à abertura piriforme atuando como uma unidade

funcional exclusiva. As porções mediais dos dois RLCAs são

interconectadas pelo ligamento suspensor da ponta. A porção cefálica

do RLCA está suspensa por conexões fibrosas da borda caudal do PLCS.

Aproximadamente 50% da porção mais lateral do RLCA é desprovida de

cartilagem, sendo constituída basicamente de tecido fibrogorduroso

areolar, músculos e pele84; por esta falta de suporte estrutural, pode

ocorrer colapso estático ou dinâmico.

Existe controvérsia na literatura quanto à anatomia e funções dos

músculos perinasais. Eles não alteram de maneira significativa o

componente estrutural das válvulas nasais. No entanto, alguns autores

referem que o músculo dilatador da narina e a parte alar do músculo

17

nasal são os únicos que podem, respectivamente, ajudar a estabilizar a

VNE e VNI42,43,47,59,61,77,78,102,107-110.

As subunidades estéticas nasais alar e do “triângulo frágil”

descritas por Burget e Menick75,96,100,111-134 compreendem

topograficamente a VNE e parte da VNI. Elas consistem em tecido

areolar fibro-gorduroso, cartilagem, forro de epitélio interno e externo.

No entanto, a área lateral da região alar (alae) não contém cartilagem, o

que a torna vulnerável à obstrução nasal por falta de suporte estrutural.

3.3 Fisiologia do fluxo de ar

Correntes inspiratórias de ar ambiente convergem, aceleram e

adquirem energia cinética conforme se aproximam do vestíbulo nasal e

encontram constrições internas. A aquisição de energia é manifestada

como resistência ao fluxo aéreo. Após ultrapassar as válvulas nasais, o

ar percorre uma área de secção transversal mais larga no cavum de

maneira que a corrente desacelera consideravelmente. Este fenômeno

garante que o fluxo de ar não seja laminar e entre em contato com a

mucosa nasal47.

18

A porção anterior da cavidade nasal, da narina à abertura

piriforme, é o local mais estreito do fluxo aéreo. Qualquer diminuição

do seu lúmen pode comprometer mais acentuadamente do que em

regiões posteriores do nariz. A pressão é maior nos primeiros dois cm e

algumas equações ilustram os motivos dessa variância.

A lei de Ohm61 (equação (1)) estabelece que o fluxo de ar ou

líquido através de um conduite rígido (l) é proporcional à diferença de

pressão (∆p) e inversamente proporcional à resistência do fluxo (R).

l = ∆p *1/R (1)

Em relação à respiração nasal, isso significa que caso ocorra

aumento de resistência no fluxo de ar (ex: presença de desvio septal,

hipertrofia de cornetos, massas intra-luminais e incompetências

valvulares), o volume aerífero diminuirá, podendo prejudicar a

respiração135.

Clinicamente, o fluxo de ar nasal nunca é laminar pois o mesmo

não percorre um caminho em linha reta ou sem obstáculos. O ar que

entra pelo vestíbulo nasal segue a direção de uma curva parabólica até

a nasofaringe. A maior quantidade de ar passa, em ordem decrescente,

19

pelo meato médio, meato inferior e em direção superior. A direção

curvilínea do ar é considerada mais um mecanismo de resistência.

Apenas em situações de baixa pressão, como durante a respiração lenta

e silenciosa, o fluxo torna-se quase laminar136, 137.

A equação de Bernoulli (equação (2)) prova que a soma das

pressões (P) dinâmica e estática é constante.

Pdinâmica + Pestática = constante (2)

Infere-se com a equação de Bernoulli que a velocidade é maior em

áreas seccionais menores, podendo surgir uma pressão negativa que

pode comprometer as válvulas nasais incompetentes. Isto se torna

ainda mais intenso durante a respiração forçada138.

A lei de Poiseuille também traz fatos relevantes na dinâmica nasal.

Esta descreve que o fluxo (V/t, volume por unidade de tempo) é

diretamente proporcional ao raio do conduite (r) e à diferença de

pressão (∆p), mas inversamente proporcional ao comprimento do

conduite (c) e à viscosidade do líquido (Ƞ), conforme equação (3), a

seguir:

20

V/t = (π . r4) / (8 . Ƞ . c) . (∆p) (3)

A lei de Poiseuille estabelece que um mínimo incremento no raio

aumenta consideravelmente o fluxo.

Por fim, aproximadamente 80% da população mundial apresenta o

ciclo nasal de Minz. Trata-se de uma dilatação e contração dos vasos da

mucosa nasal; enquanto um lado aumenta, o outro contrai. O fluxo

total de ar e a resistência durante o processo mantêm-se constantes,

sendo que o ciclo pode durar de 30 minutos a cinco horas. A função do

ciclo nasal até o presente momento permanece desconhecida139-142.

3.4 Métodos de avaliação das válvulas nasais

A falta de consenso da anatomia precisa das válvulas nasais e

compreendimento total da fisiologia respiratória são reflexos da

dificuldade em mensurar a funcionalidade das mesmas. A

complexidade, o dinamismo, as inter-relações dos componentes

estruturais e mucovasculares dificultam a obtenção de um teste ideal

de análise137.

21

A avaliação inicial do que pode comprometer as válvulas nasais

deve sempre ser clínica. O paciente deve informar sobre: duração e

frequência de sintomas, uni ou bilateralidade, influência sazonal,

alergias, trauma/cirurgia nasal prévia e uso de medicações. É

importante saber se a obstrução nasal ocorre durante respiração

silenciosa e/ou forçada. Disfunção respiratória nas duas situações indica

uma obstrução fixa (ex: desvio septal, hipertrofia de corneto e massa

intra-luminal); caso ocorra apenas durante inspiração forçada, pode ser

indício de incompetência valvulares.

A subunidade estética alar, principalmente em sua porção lateral,

deve ser examinada durante a respiração para se observar eventual

colapso da VNE. Oclui-se uma das narinas e o paciente deve relatar qual

o melhor lado para respirar. O teste de Cottle é usado para confirmar

clinicamente uma insuficiência valvular nasal. O teste é realizado

durante respiração normal, tracionando lateralmente a região malar

para abrir as vávulas nasais. O exame é positivo se o paciente referir

melhora na respiração. Como alternativa, pode-se avaliar o mesmo

processo usando cotonete dentro do nariz42.

Visualização direta das válvulas nasais pode ser feita com

rinoscopia anterior com foco de luz auxiliar, endoscopia ou

22

nasofibroscopia. Após verificar os cornetos, o foco é direcionado para o

aspecto do septo, sendo que a presença de perfuração pode resultar

em mudança no fluxo de ar e comprometer a VNE.

Embora a história clínica e o exame físico completos sejam

fundamentais para se avaliar a eficiência das válvulas nasais, métodos

auxiliares fornecem detalhes complementares de sua funcionalidade.

Cottle* apud Piassi1 tentou utilizar o método da

rinoesfignomanometria para avaliar as válvulas nasais. Dificuldades

técnicas e ausência de padronização da metodologia impediram a

disseminação deste método1.

Eletromiografia superficial mostrou-se inadequada pois apresenta

uma faixa muito ampla de valores normais91.

Eletromiografia intranasal tenta minimizar o viés acima

mencionado. Usando sensores intranasais, utiliza três tamanhos

diferentes e pode ser colocado mais precisamente no mesmo local em

que foi retirado. A atividade muscular é medida em microvolts e

transferida para computador91. A falta de precisão quanto ao grupo

muscular avaliado e divergências da importância da ação muscular nas

válvulas nasais limitam sua aplicabilidade.

* Cotte M. Rhinosphigmomanometry- an aid physical diagnosis. In: Corrective surgery of the

nasal septum and external pyramid. Wahington, 1986. American Rhinologic Society-Study Notes, 1986. P100-19 (Apostila)

23

Entre os exames radiológicos, a TC (tomografia computadorizada)

e RM (ressonância magnética) mostram de maneira estática os

componentes estruturais e mucovasculares das válvulas.

Objetivando mais informações acerca das vias aéreas, o exame de

pico de fluxo nasal e a rinoestereometria têm validade sem consenso na

literatura. A rinomanometria foi uma opção utilizando transdutor

dentro da narina ou máscara sobre a face. A rinomanometria consegue

registrar alterações de resistência e fluxo, mas não o local da alteração

anatômica. Por este motivo, acabou cedendo espaço para a rinometria

acústica66,85,143-145.

A rinometria acústica tem sua eficácia comprovada quando

comparada com TC, RM e endoscopia nasal144. O exame analisa as

mudanças ocorridas com as ondas refletidas que passam dentro da

cavidade nasal. Variações no tamanho e contorno no trajeto do ar

causam distorções nas ondas sonoras refletidas. O tempo que decorre

para se notar essas mudanças refletidas permite estimar a distância

dentro da cavidade nasal do obstáculo em questão; a magnitude das

distorções é medida por três áreas de secção mínima e volume

cavitário62,78,85,92,139-141,143,144,146-148.

24

Considerando que o probe da rinometria acústica ultrapassa a

porção caudal da VNE, não existem métodos que mensurem a ASEN.

3.5 Métodos de tratamento das válvulas nasais

Os tratamentos das válvulas nasais podem objetivar os

componentes estruturais (cartilagens e ossos) e os componentes

mucovasculares (corneto inferior e corpo cavernoso septal)42, 105,149,150.

3.6 Tratamentos dos componentes estruturais da válvula nasal

externa

Não existe consenso sobre qual a melhor abordagem para a

melhora estética-funcional da região da VNE. Na Tabela 1, ilustra-se a

revisão comparativa de estudos de 1990 a 2012, seguindo como

critérios de inclusão: mínimo de 10 pacientes/objetos de estudo e

método de escolha declarado de como melhorar e analisar a função da

VNE.

25

Tabela 1 – Ordem cronológica (1990-2012) de estudos com no mínimo 10 pacientes e método de escolha declarado de como melhorar e analisar a função da VNE

__________________________________________________________ TÉCNICA DIAG1 N2 ANÁLISE/MELHORA

SSL3 TCP4 e SIN5 12 RNM6/ 100% (190) ERA7 SIN 46 5 PPN8/ 98% (34) ERA TCP e SIN 30 10 PPN/ 82% (88) ERA x RCA9 TCP e SIN 79 4 PPN/ ERA=75%; RCA=95% (191) VSRL10 Exame clínico 17 EAV11/ 82% (71) ERA SIN 11 Subjetiva/ 100% (73) Sutura RLCA12 TCP e SIN 86 Subjetiva/ 94% (160) na MOOI13 Sutura da SIN 32 10 PPN/ 94% (163) RLCA no PPCS14 ERA alterado TCP e SIN 31 Subjetiva/ 64% (60) SSL TCP e SIN 20 Subjetiva/ 27% (177)

1-DIAG= método de diagnóstico pré-operatório.

2- N= número de pacientes.

3- SSL= sutura de suspensão lateral.

4- TCP= teste de Cottle positivo.

5- SIN= avaliação do suporte intranasal.

26

6- RNM= rinomanometria.

7- ERA=enxerto de reforço alar.

8- PPN= pontos de patência nasal.

9- RCA= reconstrução de contorno alar.

10- VSRL= viga de suporte do ramo lateral.

11- EAV= escala análoga visual.

12- RLCA= ramo lateral da cartilagem alar.

13- MOOI= margem orbital óssea inferior.

14- PPCS= processo lateral da cartilagem septal.

Apresentaremos as abordagens cirúrgicas minimamente invasivas

e outros métodos com o mesmo fim no decorrer do trabalho.

3.6.1 Uso de enxertos cartilaginosos para tratamento da válvula nasal

externa

Muitas técnicas de enxertos já foram descritas endereçando a área

da VNE. Os princípios básicos desses procedimentos visam melhorar o

suporte estrutural conferindo benefício estético e, principalmente,

funcional.

27

Os enxertos cartilaginosos podem ser esculpidos com material

proveniente de área doadora do PPCS, orelha ou costela23. Quando

utilizada a rinoplastia aberta, os mesmos são fixos com suturas de

pontos absorvíveis ou definitivos; não existe consenso sobre qual o

melhor fio a ser usado. Optando-se pela via de acesso fechada, o ideal é

sempre realizar o menor descolamento possível para que o enxerto não

se desloque do lugar desejado20, 34, 35, 38, 39.

Os enxertos mais utilizados para tratamento da VNE são:

- Enxerto em âncora (“anchor graft”): Sem autor conhecido pela

sua criação, esse enxerto é confeccionado na forma de âncora, sendo a

parte central fixa na porção caudal do ramo médio da cartilagem alar

(RMCA). As asas laterais do componente transverso podem substituir

completamente o RLCA ou ser fixo sob a mesma. Este enxerto visa

melhorar o colapso da VNE, suporte/projeção da ponta nasal ou

deformidades na PLCA. O septo é a melhor fonte doadora; se for

utilizada a concha auricular, a escultura simétrica das asas pode ser

tecnicamente difícil pela presença comum de assimetrias na própria

cartilagem auricular84, 151.

- Enxerto de reforço alar- ERA (“alar batten graft”): Proposto por

Toriumi et.al34 e originalmente esculpido com cartilagem auricular,

28

também pode ser feito com septo e costela. Este enxerto é inserido

numa loja localizada entre a abertura piriforme e uma área

paramediana na parede nasal lateral, onde ocorre colapso respiratório

durante a inspiração. Suas dimensões variam conforme a necessidade.

Pode ser colocado caudalmente no PLCA visando primordialmente a

VNE. Como alternativa, também pode ser usado na área do “scroll”,

atuando na VNE e na VNI4,22,34,45,60,73.

- Enxerto de contorno alar (“alar contour graft”): Idealizado por

Rohrich et al.84, este enxerto é inserido em loja subcutânea

imediatamente acima e paralela à margem inferior da narina. Usado

para prevenir/corrigir retração alar ou colapso leve da VNE. Sua

extensão e largura variam conforme a severidade do problema a ser

corrigido. Não são tão eficientes como a VSRL para situações de

ausência do RLCA, cicatriz ou perda de pele em região vestibular

nasal26,84,152-154.

- Viga de suporte do ramo lateral - VSRL (“lateral crural strut

graft”): Enxerto inserido entre a superfície inferior do RLCA e pele

vestibular. Descrito sempre com pontos de fixação, objetiva corrigir

retração alar, colapso da VNE e alterações anatômicas do RLCA

(concavidade, convexidade ou mau-posicionamento). Inicialmente

29

descrito por Gunter e Friedman53 em 1997 como apoio lateral

superficial na abertura piriforme para prevenir migração medial, é

confeccionado também em menores dimensões. A proposta inicial era

colocar o enxerto sempre abaixo do sulco alar; na última década,

aceitou-se também dissecar acima do sulco alar e colocá-lo

obliquamente neste local54.

- Viga de suporte sobre o ramo lateral (“lateral crural onlay graft”):

Este enxerto tem formas e tamanhos parecidos com o VSRL mas se

localiza sobre o RLCA. É usado para corrrigir irregularidades existentes

em RLCA íntegro. Pode melhorar o contorno alar e função da VNE17.

- Enxerto afastador alar (“alar spreader graft”): Localiza-se entre

os dois RLCAs no plano entre a cartilagem e pele vestibular. Cada

extremidade do enxerto é suturada nos dois RLCAs para maior

estabilidade. Sua ação visa corrigir ou prevenir pinçamento da ponta

nasal controlando a distância entre os dois RLCAs. Secundariamente,

atua também de maneira positiva na VNE e VNI. O formato (triangular

ou retangular) e tamanho variam conforme a necessidade17,155.

- Enxerto composto: Fixo com suturas na margem alar, é composto

de pele e cartilagem da concha ou cavum. Usado para corrigir

assimetria na altura narinária, moderada/severa retração de narina,

30

estenose vestibular e leve insuficiência da VNE. A área doadora pode

ser fechada diretamente ou com enxerto total de pele retro-

auricular9,131.

- Enxerto dobrado do ramo lateral (“lateral crural turnover graft”):

Este enxerto é formado pela dobra da região cefálica do RLCA em

direção caudal à mesma. Liberando-se o “scroll”, disseca-se esta região

da pele vestibular e uma incisão parcial longitudinal da cartilagem

facilita o movimento de rotação caudal onde o enxerto é fixado com

pontos. Com isso, aumenta-se a força do RLCA, podendo melhorar a

VNE e tornar retas convexidades ou concavidades desta cartilagem17,70.

- Enxerto articulado do ramo lateral (“lateral crural hinged flap”):

Segue os mesmos princípios do enxerto dobrado do ramo lateral.

Diferencia-se apenas pelo fato de que o mesmo é rodado internamente

em direção à mucosa enquanto o outro roda em sentido externo87.

- Enxerto borboleta (“butterfly graft”): Usando-se cartilagem

conchal, o enxerto em forma de borboleta é colocado transversalmente

em todo o terço inferior do nariz. Pode ser inserido por via de acesso

aberta ou fechada. Estudo de Akcam et al.156 relata que o enxerto

melhora o ronco e a VNE.

31

3.6.2 Outras técnicas para tratamento da válvula nasal externa

Embora o uso de enxertos autógenos para correção ou melhora da

VNE seja a preferência pela maioria dos cirurgiões, outras técnicas

visando o mesmo objetivo foram descritas na literatura.

A columelaplastia visa melhorar o componente medial da VNE.

Realiza-se a dissecção da região columelar para retirada de “excesso de

tecido mole”, reaproximação com sutura dos RMCAs e ressecção das

suas porções divergentes que empurram a pele em direção ao intróito

nasal157-159.

Pontos de suspensão com reforço da VNE foram descritos como

alternativas viáveis. A técnica de suspensão do PLCA com fixação óssea

na margem orbital inferior utiliza apenas incisões intranasal e

transconjuntival80,160,161. Pode-se suturar a PLCA no periósteo da maxila

com o mesmo objetivo74,162. Gruber et al.14-16,67 descreveu suturas feitas

apenas na PLCA para melhorar concavidades, convexidades e

resistência na VNE. Mendelsohn et al.163 relatou bons resultados

funcionais com sutura do RLCA no PPCS.

Materias sintéticos também foram pesquisados para melhora da

VNE. Implante de polietileno poroso25 no formato e posição similares ao

32

ERA e implante de titânio ajustável164 fixo na porção caudal do PPCS e

PLCS mostraram benefícios subjetivos nos pacientes.

33

4. MÉTODOS

34

4. Métodos

Este é um estudo experimental prospectivo controlado

randomizado e foi realizado no Serviço de Verificação de Óbitos da

Capital - Universidade de São Paulo, sendo aprovado pela Comissão de

Ética para Análise de Projetos de Pesquisa - CAPPesq da Diretoria Clínica

do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de

São Paulo, em 20 de maio de 2009, sob o n° 0454/09.

Estudo piloto realizado em cinco cadáveres confirmou o mesmo

ser factível e, por análises estatísticas, foi proposto estudar 15

cadáveres a ponto de gerar informações estatisticamente relevantes.

Durante o período de março a setembro de 2010, 18 regiões nasais de

cadáveres do sexo feminino e 12 do sexo masculino, com idades entre

33 e 79 anos (média de idade de 58,33 anos), foram estudadas pelo

pesquisador executante. Cada narina foi submetida à três situações,

totalizando em 90 análises. A análise estatística foi feita com

colaboração do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade

de São Paulo (IME-USP).

Os cadáveres tinham menos de 24 horas de óbito e foram

escolhidos aleatoriamente quanto ao sexo, idade e raça, excluindo-se

35

aqueles que apresentavam lesão deformante em nariz ou doença

intranasal. A amostra foi de conveniência conforme a disponibilidade no

Serviço de Verificação de Óbitos da Capital - Universidade de São Paulo.

Declara-se a inexistência de qualquer tipo de conflito de interesse. O

fluxograma do estudo resumido encontra-se a seguir:

FOTO PADRONIZADA BASAL DO NARIZ E MENSURAÇÕES DA ASEN COM AUTOCAD®

CONFECÇÃO DE ENXERTOS COM CARTILAGEM SEPTAIS E COSTAIS

IMERSÃO DOS ENXERTOS EM SORO FISIOLÓGICO 0,9%

DISSECÇÃO LOCALIZADA DO NARIZ

INSERÇÃO BILATERAL ALEATÓRIA DE ENXERTOS SEPTAIS E COSTAIS

FOTO PADRONIZADA BASAL DO NARIZ E MENSURAÇÕES DA ASEN COM AUTOCAD®

RETIRADA DE ENXERTOS E INCLUSÃO DOS ENXERTOS NÃO UTILIZADOS

FOTO PADRONIZADA BASAL DO NARIZ E MENSURAÇÕES DA ASEN COM AUTOCAD®

ANÁLISE DOS RESULTADOS + ANÁLISE ESTÁTISTICA

36

4.1 Termos, materiais e instrumentos usados no estudo cadavérico

Este estudo irá considerar a existência de duas válvulas nasais: VNI

e VNE. O foco do estudo será analisar a ASEN que é a parte inferior da

VNE.

O material cirúrgico utilizado foi sempre o mesmo, sendo

composto por:

- dois ganchos Gillies

- afastador 10 mm com dois dentes rombos

- afastador Converse

- espéculo nasal com lâminas de 4,5 cm

- descolador Freer duplo

- fórceps nasal Hartmann não cortante

- cabos e lâminas de bisturi números 15 e 22

- tesoura de íris curva 10 cm delicada

- tesoura de íris reta 10 cm delicada

- tesoura Metzembaum curva 14cm

- pinça Adson com dente

- pinça Adson Brown

- dois afastadores Langenbeck 15x40 mm

37

- porta agulha Mayo delicado para fio 5.0

- osteótomos de 4 e 10 mm

- campos operatórios

- duas cubas rim

- soro fisiológico 0,9%

- fios de nylon 5-0 e 4-0 *

- seringa de três ml

- agulhas de insulina e 21G x 1

- régua

A máquina fotográfica utilizada foi a câmera Nikon D60 com lente

AF-S Micro Nikkor 60 mm 1: 2.8g ED.

4.2 Documentação fotográfica: foto padronizada basal do nariz

Após posicionar o cadáver em decúbito horizontal, o primeiro ato

do estudo foi fotografar metodicamente o nariz em sua visão basal.

As fotografias foram feitas antes de qualquer procedimento (FOTO

PRÉ) e ao término da inclusão aleatória dos enxertos cartilaginosos

(FOTO PÓS SEPTO e FOTO PÓS COSTELA).

* Manteremos o termo nylon em inglês ao invés de sua tradução para o português, náilon,

pela grande popularização do nome.

38

Todas as fotos foram executadas com tripé , distando 15 cm da

lente AF-S Micro Nikkor 60 mm 1: 2.8g ED e da base nasal que estava

perpendicular ao plano sagital, sob condições iguais de luminosidade e

uso de ring-flash (Figura 2). No meio da columela, afixou-se uma

pequena placa milimetrada.

Figura 2 – Posição padronizada das fotografias; em marrom, a ASEN (área de secção externa do nariz) a ser analisada

39

4.3 Técnicas operatórias

Neste estudo, foram consideradas as seguintes situações: pré-

enxerto de cartilagem (PRÉ), que representa a narina intacta sem

qualquer procedimento realizado, uso de enxerto de cartilagem septal

acima do RLCA (PÓS SEPTO) e uso de enxerto de cartilagem costal acima

do RLCA (PÓS COSTELA). Os três tratamentos foram aplicados na narina

direita e na narina esquerda da mesma unidade experimental (cadáver).

Um total de 15 cadáveres foi dissecado, conforme preconizado

previamente pelo dimensionamento da amostra necessária para este

estudo.

4.3.1 Técnica de dissecção para obtenção de cartilagem septal

O PPCS foi infiltrado bilateralmente com soro fisiológico 0,9%

utilizando seringa de três ml e agulha de insulina. Isto promoveu uma

hidrodissecção e elevação do mucopericôndrio.

Usando um bisturi com lâmina 15, realizou-se incisão de um cm no

septo caudal. Com um espéculo nasal com lâminas de 4,5 cm

descolador Freer duplo, dissecou-se o plano sub-mucopericondrial

40

esquerdo até a placa perpendicular do etmóide, vômer e crista maxilo-

vomeriana. Com este lado do retalho mucoso exposto, o lado

contralateral também foi elevado, através de uma incisão hemi-

transfixante, com o cuidado de não perfurar a mucosa.

Com a tesoura de íris reta posicionada entre os dois retalhos

mucosos, cortou-se a porção anterior (dorsal) e inferior do PPCS,

mantendo pelo menos 10 mm de suporte cartilaginoso para o dorso e

base nasal (Figura 3). Com movimentos leves do descolador Freer

duplo, a cartilagem foi desarticulada da junção óssea posterior e depois

elevada (posterior para anterior) da crista maxilo-vomeriana (Figura 4).

A seguir, o espécime foi retirado com pinça Adson Brown ou,

quando necessário, usando fórceps nasal Hartmann não cortante. Por

fim, a mucosa nasal foi fechada com pontos simples de nylon 5-0*.

* A mucosa nasal foi fechada para preservar ao máximo a integridade e respeito ao cadáver.

41

Figura 3 – Preservação de pelo menos 10 mm nas posições anterior e caudal do PPCS (notar enxerto simbólico a ser retirado)

Figura 4 – Detalhe da desinserção do septo da crista maxilo-vomeriana

42

4.3.2 Técnica de retirada da costela para obtenção de cartilagem

costal

A porção cartilaginosa da quinta costela do lado direito foi retirada

usando uma incisão de quatro cm no sulco infra-mamário nas mulheres

e no local correspondente nos homens.

Com o auxílio de dois afastadores Langenbeck 15x40 mm, a incisão

interessou a derme e o subcutâneo. A fáscia muscular foi incisada de

maneira cruciforme para facilitar a exposição muscular. As fibras

musculares foram divulsionadas com tesoura Metzembaum curva 14

cm. Após visualizar toda porção cartilaginosa da costela, o pericôndrio

anterior foi parcialmente incisado em forma de retângulo na maior

extensão da cartilagem. Utilizou-se pinça Adson Brown para tracionar o

pericôndrio superiormente de maneira a permitir que o descolador

Freer duplo o elevasse do sentido lateral para medial. Esta faixa

retangular anterior de pericôndrio foi retirada em toda sua extensão.

Tracionando a porção remanescente de pericôndrio da margem

superior e inferior da costela, dissecou-se com o descolador Freer duplo

um plano subpericondrial posterior.

43

Com agulha 21G x 1 identificou-se o limite da cartilagem e suas

porções ósseas. Utilizando o bisturi com lâmina número 15, incisaram-

se parcialmente as bordas lateral (na junção com a porção óssea) e

medial (próximo ao esterno). Dissecou-se com a extremidade romba do

descolador Freer duplo toda a costela cartilaginosa, sem ultrapassar o

pericôndrio profundo.

As bordas remanescentes da costela no tórax foram biseladas com

o auxílio do fórceps nasal Hartmann não cortante, tesoura

Metzembaum curva 14 cm e bisturi com lâmina 22. Com isso, tornou-se

a transição da costela mais suave em suas porções ósseas, minimizando

deformidade palpável.

Após a retirada da cartilagem costal em monobloco (Figura 5),

fechou-se o plano muscular e subcutâneo com pontos simples de nylon

4-0; a pele foi fechada com sutura contínua de nylon 5-0.

A cartilagem costal foi limpa e mantida dentro de cuba rim com

soro fisiológico 0,9% até o momento da manufatura dos enxertos.

44

Figura 5 – Aspecto da porção cartilaginosa retirada da costela em monobloco; nota-se que é possível obter enxerto costal grande de aproximadamente seis cm realizando uma incisão cutânea de apenas quatro cm

4.3.3 Manufatura dos enxertos cartilaginosos

Realizamos a manufatura de um enxerto de reforço alar

modificado (ERAM) que difere do ERA convencional por apresentar

todas as bordas biseladas e a parte medial cortada em oblíquo (Figura

6). As dimensões dos ERAMs foram padronizadas em 30 mm

(comprimento) x 5 mm (largura) x 1 mm (espessura).

45

Figura 6 – ERAM: todas as bordas biseladas

Os enxertos septais foram esculpidos nas dimensões padronizadas

usando bisturi com lâmina 15. Em casos com septo cartilaginoso

insuficiente, o enxerto foi composto por cartilagem e placa

perpendicular de etmóide.

Os enxertos costais foram esculpidos de maneira concêntrica

sequencial visando a parte central da cartilagem. Inicialmente a costela

foi dividida em três segmentos usando um bisturi com lâmina 22 e pinça

Adson com dente. Os segmentos externos representam as superfícies

anterior e posterior (profunda) da costela em sua posição anatômica

(Figura 7).

46

Figura 7 – Separação dos três segmentos da cartilagem costal; para a manufatura dos ERAM utilizou-se apenas o segmento central

Após desprezar os segmentos anterior e posterior da costela,

utilizamos a região cartilaginosa central onde se observava menos (ou

nenhuma) calcificação (Figura 8).

47

Figura 8 – A cartilagem do meio representa o segmento central a ser esculpido para confeccionar os ERAMs de costela; no lado direito, observa-se a faixa de pericôndrio anterior retirada

O aspecto visual da região central mostrava-se com quantidade

variável de pontos brancos ou marrom-escuros de calcificação. A

perfuração parcial do segmento central com agulha 21 G x 1 permitia

sentir a resistência de pontos endurecidos e nortear a exclusão da área

mais calcificada. Com o segmento escolhido, realizou-se a confecção do

enxerto nas mesmas dimensões e formas dos enxertos septais. Atenção

especial foi dispensada para diminuir a espessura do enxerto com

48

ressecção balanceada bilateral de cartilagem, conforme demonstrado

por Gibson e Davis* apud Adams et al.98.

Todos os enxertos foram imersos em soro fisiológico NaCl 0,9% por

30 minutos. A Figura 9 mostra o formato resultante de alguns enxertos

após a imersão no soro fisiológico 0,9%.

Ocorrendo distorção do enxerto durante o período de imersão,

nova escultura era realizada no lado convexo da curvatura até torná-lo

o mais reto possível, e o mesmo era deixado novamente na solução por

30 minutos.

Ao final do processo, todos os enxertos eram retificados ao longo

da superfície ventral, quando vistos lateralmente e ao longo da

superfície axial, quando vistos frontalmente.

* Gibson T, Davis WB. The distortion of autologous cartilage grafts: its cause and prevention.

Br. J. Plast. Surg.1958; 10:257.

49

Figura 9 – Aspecto resultante dos enxertos cartilaginosos costais com a imersão em soro fisiológico 0,9%: graus variados de distorção eram manipulados novamente para retificação dos mesmos

50

4.3.4 Dissecção do nariz e inclusão dos enxertos

A dissecção da região alar nasal iniciou-se com incisão marginal

fechada, com auxílio de dois ganchos Gillies, afastador 10 mm com dois

dentes rombos e afastador Converse. A lâmina de bisturi 15 foi paralela

à margem narinária, sendo que nos 2/3 mediais sentia-se a borda

caudal do RLCA com a lâmina; o terço lateral não apresentava

resistência pela inexistência de cartilagem nesta região.

Em seguida, um gancho de Gilles tracionou inferiormente o local

da incisão e a tesoura de íris curva 10 cm delicada apenas divulsionou

um espaço bem preciso acima do RLCA e abaixo da pele. Esta loja de

dissecção continha dimensões com um mm a mais que o enxerto a ser

inserido, ou seja, 31 mm de comprimento e 6 mm de largura.

Após a dissecção, iniciou-se aleatoriamente por meio de sorteio

com moeda a inclusão dos enxertos da mesma área doadora. Apenas o

examinador executante sabia o tipo de enxerto sorteado. Cada narina

recebeu um enxerto da mesma característica com o cuidado de não

aumentar a loja dissecada. Após a inclusão do enxerto, a incisão foi

fechada com pontos simples de nylon 5-0 e nova foto padronizada foi

realizada (FOTO PÓS).

51

O estudo continuou com a retirada dos primeiros enxertos

inseridos e inclusão dos outros enxertos de área doadora diferente.

Novo fechamento com nylon 5-0 foi realizado com pontos colocados

nos mesmos lugares que a inclusão de enxertos anteriores. A seguir,

nova foto padronizada foi realizada (FOTO PÓS). Ao final do

experimento, os enxertos foram retirados e desprezados.

A Figura 10 ilustra o local de inclusão dos enxertos na visão basal.

Figura 10 – Posição dos ERAMs (enxertos de reforço alar modificados)

A Figura 11 demonstra o local de inserção dos enxertos na visão

lateral. A forma do enxerto e bordas biseladas são evidenciadas na

52

Figura 11, assim como podemos observar que o enxerto cobre uma

porção desprovida de RLCA .

Figura 11 – Posição lateral do ERAM, paralelo à margem narinária, evidenciando bordas biseladas, parte medial oblíqua e sua extensão lateral em área desprovida do RLCA

4.4 Método de mensuração da área de secção externa da narina

Todas as fotos do trabalho foram enviadas a um único profissional

que desconhecia o tipo de enxerto usado em cada aferição de imagem,

53

ou seja, não sabia se estava avaliando FOTO PRÉ, FOTO PÓS SEPTAL ou

FOTO PÓS COSTAL.

O profissional utilizou o programa Autocad® versão 2006 -

programa de desenho auxiliado por computador (CAD - computer

aided design), criado e comercializado pela Autodesk, Inc.

O especialista em Autocad® usou o comando Spline para desenhar

a área a ser estudada (ASEN) e, em seguida, o comando Area/Subject

para aferir a medida da ASEN em cm2.

Para minimizar viés na aferição de medidas, todas as fotos foram

tiradas com régua milimetrada fixa na columela (Figura 12). Dessa

maneira, o especialista usou a mesma como referência de medidas, ao

invés de régua do próprio Autocad®.

54

Figura 12 – Exemplo de mensuração da ASEN; a régua milimetrada na columela foi usada como referência local de medidas

Para avaliação da confiabilidade e reprodutibilidade do método,

um e dois meses após a primeira aferição, todas as fotos foram

novamente reavaliadas pelo mesmo especialista. Cinco casos aleatórios

foram enviados para um segundo especialista em Autocad® para

verificar a consistência dos resultados. Os dados obtidos pela repetição

da metodologia foram comparados aos dados previamente obtidos nas

mensurações originais, procurando-se avaliar se ocorreram diferenças

estatisticamente relevantes nos resultados.

4.5 Método de análise estatística

55

4.5.1 Método estatístico para estudo piloto - dimensionamento da

amostra

Uma amostra piloto de cinco cadáveres (10 narinas) foi avaliada

com relação à variável resposta área (cm2). Para essa variável, o maior

desvio padrão calculado foi igual a 0,15. Assim, foi estatisticamente

relevante uma diferença entre as médias igual a 0,1 (λ/ς = 0,67),

chegando à conclusão de que deviam ser avaliados 29 cadáveres (58

narinas). Para se detectar, por exemplo, uma diferença entre médias da

ordem de 0,14 cm2 deveriam ser avaliados 15 cadáveres (30 narinas;

ver Gráfico 1).

Dessa maneira, após nossa avaliação estatística, considerou-se que

com 15 cadáveres poderíamos obter os dados que buscamos neste

estudo com resultados estatisticamente relevantes. Vale ressaltar que,

para a amostra piloto de cinco cadáveres, a diferença entre as médias

da variável Área variou de 0,10 cm2 a 0,12 cm2.

56

Gráfico 1 – Curva de Poder

0,160,140,120,100,080,060,040,020,00

1,0

0,8

0,6

0,4

0,2

0,0

Diferença

Po

de

r

A lpha 0,05

DPadrão 0,15

No. Trat. 3

Suposições

31

Amostra

Tamanho

4.5.2 Método estatístico para estudo completo

Os programas computacionais utilizados foram o Microsoft Word®

e Minitab 16.0 for Windows® .

57

Os resultados obtidos para a narina direita são considerados

independentes dos obtidos para a narina esquerda165-172.

Para se comparar as médias dos tratamentos, duas a duas,

utilizamos o método de Tukey165 adotando um coeficiente de confiança

global igual a 95%.

58

5. RESULTADOS

59

5. Resultados

5.1 Resultados operatórios

A duração média do procedimento cirúrgico em cada cadáver foi

de 100 minutos, variando de 70 a 130 minutos.

A Tabela 2 mostra os resultados imediatos obtidos da ASEN sob as

três condições do estudo: sem tratamento, com inclusão de enxerto

septal e com inclusão de enxerto costal.

Tabela 2 – Mensuração das ASENs (cm2) após cada tratamento

PRÉ D1 PRÉ E2 PÓS C-D3 PÓS C-E4 PÓS S-D5 PÓS S-E6

CASO 1 0.54 0.66 0.74 0.77 0.73 0.83

CASO 2 0.77 0.75 0.91 0.88 0.84 0.92

CASO 3 0.61 0.63 0.75 0.81 0.72 0.7

CASO 4 0.72 0.95 0.87 0.99 0.83 1.01

CASO 5 0.7 0.74 0.73 0.86 0.72 0.75

CASO 6 0.55 0.59 0.64 0.63 0.67 0.73

60

CASO 7 0.46 0.55 0.67 0.75 0.62 0.68

CASO 8 0.57 0.59 0.65 0.63 0.67 0.41

CASO 9 0.39 0.4 0.64 0.66 0.63 0.65

CASO 10 1.05 1.22 1.23 1.44 1.18 1.37

CASO 11 1.54 1.55 1.67 1.74 1.5 1.51

CASO 12 0.51 0.56 0.56 0.7 0.61 0.74

CASO 13 1.29 1.23 1.6 1.71 1.22 1.13

CASO 14 0.41 0.82 0.41 1.03 0.54 0.95

CASO 15 0.91 0.95 1.14 0.83 1.15 0.97

1-PRÉ D=análise da ASEN direita sem qualquer intervenção

2-PRÉ E=análise da ASEN esquerda sem qualquer intervenção

3-PÓS C-D= análise da ASEN direita após inclusão de enxerto

cartilaginoso costal

4-PÓS C-E= análise da ASEN esquerda após inclusão de enxerto

cartilaginoso costal

5-PÓS S-D= análise da ASEN direita após inclusão de enxerto

cartilaginoso septal

6-PÓS S-E= análise da ASEN esquerda após inclusão de enxerto

cartilaginoso septal

61

Detalhes sobre cada cadáver quanto à idade, sexo, raça e peso são

mostrados no Anexo - Tabela 3.

As características da cartilagem proveniente do PPCS variavam

conforme:

- desvio cartilaginoso (presente em 80% dos casos);

- espessura da cartilagem (de 1,0 mm a 2,3 mm).

Após a confecção e inclusão aleatória dos ERAMs de septo e

costela, os resultados no incremento da ASEN foram vistos

imediatamente, tal como se observa no exemplo da Figura 13.

O ERAM cartilaginoso de costela causou deformidade visível e

palpável na área da ponta nasal e do triângulo frágil em oito cadáveres

(53,3% dos casos). Destes, a deformidade foi unilateral em seis casos e

bilateral em dois casos.

62

Figura 13 – Aspecto inicial sem enxertos da ASEN (PRÉ-OPERATÓRIO); Resultado imediato da ASEN após inclusão de ERAM cartilaginoso de septo (PÓS SEPTO) e de costela (PÓS COSTELA)

Em alguns casos, como a incisão narinária foi marginal e paralela à

borda inferior, os pontos de sutura ficaram visíveis. Isto não prejudicou

a análise da ASEN pelo Autocad®.

As três mensurações de todas as ASENs pelo mesmo especialista

em Autocad® mantiveram seus resultados de maneira constante com a

comparação dos cinco casos aleatórios aferidos por outro especialista

em Autocad®.

63

5.2 Resultados estatísticos

O comportamento da média da variável resposta Área (cm2) em

cada tratamento e narina é apresentado no Gráfico 2.

Gráfico 2 – Média da variável Área (cm2) por tratamento e lado

SeptoPréCostela

1,00

0,95

0,90

0,85

0,80

0,75

0,70

Tratamento

dia

Direito

Esquerdo

Lado

Notamos que, embora o valor médio da Área foi descritivamente

maior do lado esquerdo, a diferença entre os dois lados parece ser

constante ao longo dos tratamentos. Este resultado mostrou que a

64

comparação entre os tratamentos não foi afetada ao juntarmos as

observações da variável Área para as duas narinas.

Considerando as observações nas duas narinas, a Tabela 4

apresenta a média amostral e o desvio padrão amostral168 da variável

Área para cada tratamento. A ASEN média encontrada em nosso estudo

para narinas não operadas (PRÉ) é de 0,76 cm2. As médias amostrais

desta variável nos tratamentos Septo e Costela foram,

respectivamente, 0,85 cm2 e 0,91 cm2 . Assim, o uso de ambos enxertos

apresentaram maior média amostral da ASEN em relação à mensuração

narinária não operada, sendo que o enxerto septal aumentou 11,8% da

ASEN e o enxerto costal, 19,7%.

Tabela 4 – Estatísticas descritivas para a variável Área (cm2)

Tratamento Número de observações Média Desvio padrão

Pré 30 0,76 0,32

Costela 30 0,91 0,37

Septo 30 0,85 0,27

65

Os valores da variável Área em cada narina são apresentados no

Gráfico 3. Como as curvas deste parecem ser paralelas, adotamos um

modelo aditivo para a análise dos dados.

Gráfico 3 – Valores da variável Área (cm2) para cada narina por tratamento

SeptoPréCostela

1,75

1,50

1,25

1,00

0,75

0,50

Tratamento

Áre

a (

cm

2)

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

1

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

2

30

3

4

5

6

7

8

9

Narina

A Tabela 5 mostra a ANOVA (Análise de Variância) para os dados

da variável Área.

66

Tabela 5 – ANOVA (Análise de Variância) para a variável Área (cm2). Valor de P para Tratamento e Narina < 0,0001

Fonte de Variação

Graus de liberdade

Soma de quadrados

Quadrado médio

Estatística F

Tratamento 2 0,313 0,157 21,98 Narina 29 8,640 0,298 41,81 Resíduo 58 0,413 0,007 -

A Tabela 6 mostra os intervalos de confiança e os respectivos

valores P dos testes de inexistência de diferença entre as médias em

cada par. Os resultados desta tabela são similares aos resultados

obtidos na análise descritiva.

Tabela 6 – Testes e Intervalos de confiança (método de Tukey) com

coeficiente de confiança global igual a 95% para a média da variável Área (cm2) sob os diferentes pares de tratamentos

Diferença de médias Intervalo de

confiança

Valor P

MédiaSepto - MédiaPré (0,033 ; 0,138) 0,0007

MédiaCostela - MédiaPré (0,091 ; 0,196) < 0,0001

MédiaCostela - MédiaSepto (0,006 ; 0,111) 0,0258

67

Há evidência estatística de que a média da variável Área sob o

tratamento Pré é menor que sob o tratamento Septo, que, por sua vez,

é menor que sob o tratamento Costela (nenhum intervalo de confiança

para a diferença entre duas médias contém o valor zero e todos os

valores P são menores que o nível de significância global α = 0,05).

Notamos também que a diferença entre a média da variável Área nos

tratamentos Costela e Septo, respectivamente, variou de 0,006 cm2 a

0,111 cm2.

68

6. DISCUSSÃO

69

6. Discussão

6.1 A definição da válvula nasal externa e sua relação com a área de

secção externa da narina

Anatomicamente, as válvulas nasais não são uma estrutura única,

mas sim um complexo tridimensional de vários componentes

morfológicos.

A definição da VNE foi evidenciada neste estudo como um

assunto sem consenso absoluto. Isto dificultou a coleta de referências

bibliográficas com foco em estudos nessa área.

Ao nosso entender, a VNE é delimitada medialmente pela crus

medial da columela, superiormente pela borda caudal dos PLCSs,

inferiormente pela borda do vestíbulo nasal77 (mensurada pela ASEN) e

lateralmente pela abertura piriforme e tecido fibroapidoso que se

conecta ao RLCA41,42,59,77,101. Não concordamos com as observações de

Andre et al.60 que incluem a pré-maxila e septo caudal como parte da

VNE. O septo caudal pode agir indiretamente na porção medial da VNE,

empurrando ou retraindo a columela, afetando principalmente a

estética do nariz e a direção inicial do fluxo de ar. A pré-maxila não foi

70

citada em nenhum outro trabalho publicado até a presente data como

componente da VNE.

O presente estudo atuou nos componentes estruturais da VNE

para aferir a ASEN. Os componentes mucovasculares (corpo cavernoso

septal e cornetos) alteram dinamicamente o fluxo de ar mas não a

ASEN, pois não existe tecido erétil na porção caudal do intróito

nasal47,85. No entanto, os componentes estruturais e mucovasculares

atuam conjuntamente, tal como ocorre com o edema de mucosa, que

influencia as válvulas nasais em regiões cartilaginosas e ósseas. Em

nosso estudo em cadáveres, eliminamos o componente mucovascular

focando apenas o segmento anatômico caudal da VNE. Esta conduta

visou tentar isolar o componente que menos se altera com a complexa

e dinâmica fisiologia nasal. Acreditamos que essa segmentação no

diagnóstico pode ser capaz de propor um tratamento focal para uma

causa específica; no caso deste trabalho, geralmente a falta de suporte

alar causada pela resiliência, pelo formato e pelo tamanho e/ou

posicionamento inadequados do RLCA. Os outros componentes que

interferem na VNE e na VNI devem ser tratados conforme sua causa.

A maior parte da literatura médica considera a existência de

apenas uma válvula nasal45,47,49,66,76,77,85. A ausência de trabalhos sobre a

71

ASEN foi um dos motivos de interesse de nosso estudo focando esta

porção inferior da VNE.

A aparência estética na visão basal não costuma ser queixa

frequente dos pacientes que desejam realizar uma cirurgia nasal. No

entanto, a literatura médica é rica em aforismos como de Sheen e

Sheen29,31,33 ao relatarem que um nariz bonito também é aquele que

respira bem. Neste ponto de vista, ao se melhorar o aspecto estético

basal do nariz também teremos uma melhor função respiratória.

Outrossim, cabe ao cirurgião exame completo do nariz, sendo a

aparência da base nasal parte dessa avaliação estético-funcional.

Mesmo que o presente estudo focasse apenas a avaliação da ASEN

após a inclusão dos ERAMs, observou-se que em alguns casos

ocorreram melhorias estéticas na visão frontal, semi-perfil e perfil. Isto

também é observado durante rinoplastias convencionais pois cada

mudança feita no nariz costuma repercutir em todas as visões do

mesmo. É primordial, portanto, estar ciente de que a avaliação

tridimensional do nariz deve sempre ser levada em consideração ao se

planejar qualquer inclusão de enxerto ou procedimento estético-

funcional no mesmo. Nosso estudo levou em conta especificamente a

72

análise bidimensional da ASEN e isto gerou benefícios e intercorrências

que serão mostrados ao longo deste capítulo de discussão.

Deve-se enfatizar que em relação ao RLCA, apenas a parte caudal

do mesmo é responsável por aproximadamente 66% do suporte medial

na margem narinária41,174-176, tendo relação direta com a ASEN. A região

da subunidade alar desprovida de suporte estrutural cartilaginoso é

sabidamente uma importante causa de insuficiência da VNE9,35,36,42.

Perda de estabilidade nessa região pode diminuir a ASEN e repercutir

clinicamente também na VNI45,60,177. Outras causas de perda de

estabilidade na VNE incluem paralisia facial com desnervação muscular

e procedimentos cirúrgicos reducionais na região; em pacientes idosos

com ponta nasal caída, o colapso valvular pode decorrer de atrofia

muscular, perda da resiliência cartilaginosa e afrouxamento do

“scroll”63.

A parte cefálica do RLCA não afeta a ASEN mas pode interferir na

VNE nesta região. Para ilustrar esta situação, percebemos em alguns

casos deste trabalho que o formato côncavo do RLCA com direção ao

canto interno dos olhos podia bloquear parcialmente o intróito nasal,

sem alterar a ASEN. O formato e mal posicionamento do RLCA em

73

direção ao canto interno dos olhos foi amplamente estudado por

Constantian6,8,11,48 e Sheen e Sheen31,32. Quando o RLCA está

verticalmente orientado, a subunidade alar fica sem suporte mecânico.

Isto pode gerar insuficiência na VNE primária e potencial colapso alar

durante a inspiração6,8,11,48. Incompetência secundária da VNE pode

decorrer de procedimentos com ressecção excessiva da borda cefálica

do RLCA, contrações deformantes das forças de cicatrização causadas

por sutura e enfraquecimento e/ou técnicas com escoriação de

cartilagens da ponta nasal26,70. Dessa maneira, a reposição do RLCA de

maneira paralela à margem narinária pode ajudar na funcionalidade da

VNE. Esta manobra de reposicionamento do RLCA não foi feita em

nosso estudo; mesmo assim, sabe-se que a mesma não é capaz de

corrigir todos os casos de incompentência da VNE, podendo ser

necessário o uso adicional de enxertos ou procedimentos cirúrgicos

complementares nessa região15,16,20,53,67,99.

Constatamos durante nosso estudo que a posição, o grau de

concavidade e a integridade do RLCA afetavam o suporte da asa nasal,

indo de acordo com a literatura sobre a VNE6,48,70.

74

6.2 Os métodos de avaliação da válvula nasal externa e da área de

secção externa da narina

Os mecanismos de resistência ao ar diferem entre os componentes

cartilaginosos e ósseos na região das válvulas nasais e, portanto, cada

região merece tratamentos diferentes. Da mesma maneira, os métodos

de medição e avaliação do componente valvular predominantemente

cartilaginoso são distintos no que envolve estrutura óssea (terços

médio e superior do nariz).

A falta de consenso sobre o assunto gerou diversos métodos de

avaliação das válvulas nasais.

Imagens radiológicas com TC ou RM são importantes para excluir

patologias nasais obstrutivas mas não são consideradas para analisar as

válvulas nasais81. Esses exames não mostram alterações dinâmicas e os

cortes das fotos podem não detectar o ponto de interesse devido ao

pequeno tamanho das válvulas nasais. Estudos que relacionam TC ou

RM com outros métodos diagnósticos (ex: endoscopia e rinometria

acústica) ainda não conseguiram analisar corretamente a VNE e a

ASEN50,72,85,138,178.

75

A rinomanometria mensura a resistência nasal através do

gradiente de pressão aéreo intranasal), mas perdeu espaço para a

rinometria acústica, que é um bom método de análise das áreas

seccionais da cavidade nasal. Porém, a aplicação do probe na narina

empurra as cartilagens da ponta nasal cefalicamente e com isso se

perde a porção mais inferior da VNE, além de tornar os resultados

inconsistentes, conforme descrito por Kosh et al.73. Em nosso meio,

Piassi1 usou com bons resultados a rinometria acústica para avaliar as

VNI após rinoplastia com preservação do dorso cartilaginoso. Segundo

estudos recentes de metanálise com tentativa de consenso sobre

diagnóstico clínico em válvulas nasais, esses dois exames não são

universalmente aceitos e podem inferir apenas pouco conhecimento de

repercussão impactante ao pesquisador94,178.

A técnica da rinometria acústica é altamente sensível mas seus

resultados podem variar de acordo com o aparelho usado43. Trabalhos

referem que os resultados podem variar conforme o examinador e

mesmo com o mesmo médico em diferentes sessões de

exame78,85,92,144,148. O local do exame deve ser silencioso, o probe deve

estar completamente imóvel e ocluindo a narina. A dificuldade em

manter o ambiente de exame em temperatura e umidade controladas

76

limita ainda mais a exatidão da rinometria acústica62,143,144. Outrossim,

ambos necessitam de equipamentos relativamente custosos que não

são comumente usados em consultórios médicos.

A eletromiografia intranasal, assim como a rinometria acústica,

tem seu probe colocado além da narina, não sendo eficaz para medir a

porção inferior da VNE91. A eletromiografia superficial também se

mostrou inadequada pois apresenta uma faixa muito ampla de valores

normais em decorrência de dificuldades técnicas, diferenças na

impedância da pele e eletrodo, profundidade e espessura dos músculos

examinados91.

Devido à grande dificuldade técnica de se aferir a VNE e ASEN,

muitos autores preferem analisar as queixas e sintomas nasais ao invés

da região valvular. Esse pensamento surgiu como opção às técnicas que

interferem nas válvulas nasais e, segundo alguns autores, podem trazer

resultados artificiais163. É um ponto de vista válido pois, no final, o

importante é ajudar o paciente a obter o melhor resultado estético e

funcional possível. Para este fim, criou-se a Nasal Obstruction Symptom

Evaluation (NOSE) que é o questionário mais divulgado e aceito pela

American Academy of Otolaryngology-Head and Neck Surgery94,179. O

valor da NOSE (Anexo - Tabela 7) é questionável pois a subjetividade

77

dos sintomas nasais varia muito, além de que a alteração da VNE, em

especial, pode ser diagnosticada clinicamente apenas com espéculo

nasal ou endoscópio.

Um interessante estudo de Zoumalan et al.95 propôs uma análise

intra-operatória da VNE e da VNI usando sucção por tubo colocado no

orifício narinário. Com isso, observa-se colabamento parcial ou total das

asas nasais (componente valvular externo) e próximo à área K

(componente valvular interno). Este estudo perde um pouco de sua

credibilidade pelo fato de que a análise é feita usando um fluxo de ar de

direção contrário ao da inspiração natural. Também não se sabe se essa

pressão nasal negativa tem magnitude fisiológica e se corresponde à

pressão negativa durante a inspiração.

Outra opção simples que sugere possível alteração valvular é o

teste de Cottle modificado180. De qualquer maneira, julgamos que todas

essas opções têm grande potencial para auxiliar no diagnóstico de

insuficiência valvular nasal externa, tendo como mérito a grande

sensibilidade, fácil reprodutibilidade e baixo custo. Cabe ao examinador

saber que não é possível quantificar o grau da alteração observada,

solicitando exames complementares conforme a necessidade.

78

Não constam na literatura métodos de mensuração da ASEN. O

presente estudo criou uma opção para aferir a ASEN (porção caudal da

VNE) de maneira não invasiva, com baixo custo e facilmente

reprodutível. Nosso estudo mensurou a ASEN por meio de fotografias

padronizadas da visão basal do nariz e uso do Autocad®. Este programa

é utilizado principalmente para a elaboração de peças de desenho

técnico em duas dimensões (2D) e para criação de modelos

tridimensionais (3D). Elabora também vários recursos para visualização

de diversos formatos irregulares e, por isso, foi utilizado em nosso

estudo. É um programa amplamente utilizado em arquitetura, design

de interiores, engenharia mecânica e em vários outros ramos da

indústria.

Nossos resultados foram consistentes e se mantiveram iguais nas

três medições feitas em cada ASEN e também com a análise de um

segundo especialista em Autocad®. Trata-se de método diagnóstico

facilmente reprodutível e de baixo custo. Mesmo cientes de que a VNE

envolve um mecanismo dinâmico, nosso método avaliou apenas o

componente estrutural da porção inferior da VNE em situação estática.

Acreditamos que os resultados obtidos da ASEN em repouso possam ser

transpostos parcialmente para a VNE durante a respiração não forçada,

79

mas não podemos assegurar esta suposição sem o auxílio de futuros

trabalhos sobre o assunto. Mesmo assim, nosso método diagnóstico

cumpriu seu ideal ao evidenciar as diferentes ASENs conforme o uso

dos diferentes enxertos. Constatamos, com dados estatisticamente

relevantes, que a ASEN média nos cadáveres de nosso estudo sem

qualquer tipo de intervenção é de 0,76 cm2. Também observamos que a

ASEN média após o uso de ERAM septal e costal é, respectivamente,

0,85 cm2 e 0,91 cm2.

6.3 Opções terapêuticas para aumento da área de secção externa da

narina

A obstrução nasal é um dos sintomas mais desafiadores a serem

tratados durante a cirurgia de nariz. Pode ocorrer devido a alterações

da mucosa, esqueléticas ou cartilaginosas. Alterações na ASEN podem

causar obstrução nasal baixa (estática e/ou dinâmica), além de aspecto

inestético da região.

A literatura separa as técnicas para se aumentar a ASEN em,

basicamente, procedimentos com enxertos, implantes e pontos de

suspensão lateral. Não incluiremos a comparação com uso de enxerto

80

conchal pois a literatura mostra que a força estrutural desse enxerto é

inferior a ambos4,23,45,60,93. Na Tabela 1, compararam-se estudos de 1990

a 2012, seguindo como critérios de inclusão: mínimo de 10

pacientes/objetos de estudo e método de escolha declarado de como

melhorar e analisar a função da VNE.

Enxerto em forma de âncora (“anchor graft”), enxerto afastador

alar (“alar spreader graft”) e enxerto em forma de borboleta (“butterfly

graft”) são parecidos; todos são esculpidos com cartilagem septal ou

auricular. A colocação desses enxertos na região da PLCS na ponta nasal

é mais benéfica à VNI que à VNE. Podem ainda trazer aspecto estético

pouco interessante na região acima da ponta nasal, especialmente em

casos com pele fina151,155,156.

O enxerto de reforço alar - ERA (“alar batten graft”) é a melhor

opção dos enxertos cartilaginosos para se melhorar a força estrutural

alar na VNE, conforme comprovado por estudo de metanálise de

Spielman et al.89,94. Nesta metanálise de 2009, não apenas é mostrada a

eficácia do ERA mas também que os pacientes não se importam com

eventuais efeitos colaterais cosméticos (ex.: possível alteração da

parede lateral nasal e cicatriz em área doadora). O formato, dimensões

e local de inclusão do ERA são os fatores determinantes de sua alta

81

eficácia. Este enxerto é inserido em loja subcutânea e, conforme a

necessidade, pode ter suas dimensões alteradas4,22,34,45,60,73. O ERA foi

nosso guia para fazermos o ERAM com poucas alterações que

consideramos interessantes para maximizar resultados e estética local.

O enxerto de contorno alar (“alar contour graft”) é usado para

prevenir/corrigir retração alar ou colapso leve da VNE. Sua extensão e

largura variam conforme a severidade do problema a ser corrigido. É

um bom enxerto coadjuvante com outros na mesma região pois a sua

pequena largura (menos de 2 mm) e comprimento podem não

estruturar a região em situações de ausência do RLCA, cicatriz ou perda

de pele em região vestibular nasal26,84,152-154.

A viga de suporte do ramo lateral - VSRL (“lateral crural strut

graft”) é amplamente usada para a melhoria da VNE e da ASEN. O

enxerto é inserido entre a superfície inferior do RLCA e pele vestibular.

Gunter e Friedman53 descreveram o VSRL e muitos cirurgiões ainda o

utilizam na sua maneira original, ou seja, com apoio lateral superficial

na abertura piriforme para prevenir sua migração medial. O uso

personalizado do enxerto com dissecção acima ou abaixo do sulco alar

pode resultar em melhor resultado estético-funcional.

82

O VSRL também poderia ter sido nossa opção de enxerto para

realizar este estudo de comparação das áreas doadoras septal e costal.

No entanto, como se observa na Figura 14, a área de dissecção é grande

e pode resultar em perfuração de mucosa nasal de maneira a facilitar

contaminação do enxerto em cirurgias in vivo. Outro ponto

desfavorável é que a extremidade medial da VSRL pode ficar sem

cobertura do RLCA e se tornar palpável e visível, principalmente em

casos de pele fina. Isto também ocorre com nosso ERAM e é por este

motivo que todas as bordas são biseladas ao máximo para se fazer uma

transição suave entre o fim do enxerto e a cartilagem subjacente. Andre

et al.60 refere que enxertos colocados abaixo do RLCA, tal como ocorre

com a VSRL, podem causar abaulamento interno com possível

comprometimento da passagem do ar*. De qualquer maneira, a VSRL

tem sua importância garantida na rinoplastia estruturada moderna e

também pode ser submetida às mudanças propostas por nós em

relação ao biselamento.

* Esta observação é discutida com frequência em debates de congressos de rinoplastia, assim como

ocorreu no The Rhinoplasty Society-16th Annual Meeting em Boston-EUA (2011).

83

Figura 14 – A VSRL necessita de grande dissecção; o componente medial pode ficar visível

84

Enxerto composto de pele e cartilagem é uma opção importante

de reforço alar e melhora da ASEN. Utiliza comumente a orelha como

área doadora e deve estar presente no arsenal de técnicas de todo

cirurgião9,125. Em nossa opinião, é insubstituível para situações graves

com perda parcial de vestíbulo nasal e grande retração dessa região.

A columeloplastia157-159 é uma ótima maneira para melhorar a

ASEN. Ela atua no componente medial estrutural da ASEN, mas não foi

foco do presente estudo. O cirurgião que deseja aumentar a ASEN deva

considerar fazer em conjunto abordagem no RLCA e na columela

(columeloplastia). O estudo de Ghidini et al.157 mostra uma boa opção

de columeloplastia com retirada de tecido mole da região,

reaproximação com sutura dos RMCAs e ressecção das suas porções

divergentes que empurram a pele em direção ao intróito nasal. No

entanto, refere melhoras subjetivas dos pacientes e deixa de comentar

que um enxerto do tipo haste columelar já é reconhecido como eficaz

no suporte e formato dessa região.

Boas alternativas ao uso de enxertos sobrepostos na área do RLCA

são o enxerto dobrado do ramo lateral (“lateral crural turnover

graft”)17,70 e o enxerto articulado do ramo lateral (“lateral crural hinged

flap”)87. Ambos utilizam a porção cefálica do RLCA como área doadora

85

de enxerto nativo, que usualmente é desprezado durante a rinoplastia

reducional. A biomecânica dessas técnicas envolve o fato de que se cria

uma interposição local de cartilagens côncavas e convexas, resultando

em RLCA mais reto e, teoricamente, com mais força estrutural. No

entanto, ambos necessitam de pelo menos 6 a 8 mm de RLCA para se

realizar a articulação do enxerto e nem sempre o RLCA tem essa

largura. Assim como ocorre no uso de técnicas de sutura de Gruber et

al.14-16 que retificam o RLCA, faltam estudos que comprovem a eficácia

em casos de grave insuficiência da VNE ou grande deformidade estética

da base nasal.

Como opção ao uso de enxertos, muitos autores sugerem técnicas

com pontos de suspensão do RLCA fixados na margem inferior da órbita

ou abertura piriforme. Sugere-se que ocorra rotação supero-lateral do

RLCA, aumento da ASEN e suporte adicional ao vestíbulo nasal. Os

resultados são inconstantes com assimetria e, usando fios não

absorvíveis, relatam ainda casos com dor persistente, formação de

abscesso e tecido de granulação palpável74,80,160-163. Sendo a taxa de

reoperação alta (em alguns casos chega até 60%), não é uma boa opção

para se melhorar a ASEN e a VNE.

86

Com o intuito de não se utilizar área doadora para enxertos, o uso

de implantes no nariz tem sido alvo de estudos frequentes. O uso de

implante poroso de polietileno com formato semelhante ao ERA

apresentou resultados subjetivos bons, mas 42% dos casos precisaram

de nova cirurgia tendo “incidência significante de infecção e extrusão”

(dados não relatados em porcentagem por Ramakrishnan et al.25).

Implante de titânio mostrou menos de 3% de infecção, mas apresentou

queixa estética e alargamento excessivo no dorso164. Para muitos

autores, é injustificável realizar uma incisão longitudinal no nariz para

se inserir o implante de titânio.

6.4 Aspectos técnicos da manufatura e inclusão do enxerto de reforço

alar modificado

O tempo cirúrgico total de cada experimento variou

principalmente pelos seguintes motivos:

- dificuldade durante a septoplastia para se obter um grande

pedaço de cartilagem para confecção dos enxertos tipo ERAM (a peça

deveria estar em monobloco para manter suas propriedades estruturais

de suporte);

87

- cuidado durante a retirada de costelas calcificadas e aderidas ao

pericôndrio posterior para não penetrar na cavidade torácica;

- remodelagem constante conforme ocorriam as distorções nos

enxertos cartilaginoso de costela, conforme visto na Figura 9.

Alguns detalhes na retirada da cartilagem e confecção do ERAM

devem ser mencionados:

- após o término das dissecções, não foram constatadas

intercorrências como perfuração de PPCS, desabamento de dorso nasal

ou deformidade visível/palpável do nariz. Um caso (cadáver 14)

apresentou discreta depressão no hemitórax direito após a retirada da

costela (as costelas subjacentes estavam fraturadas, causando

instabilidade na região).

- dependendo do tamanho do PPCS, é possível que o ERAM de

septo tenha tamanho insuficiente. Como opção, o cirurgião poderá

aumentar seu tamanho incorporando parte da placa perpendicular de

etmóide ou ainda utilizando parte do septo apoiado na crista maxilo-

vomeriana. Na primeira opção, deve-se ter cuidado ao se esculpir o

enxerto para não desarticulá-lo da placa perpendicular do etmóide;

sugerimos usar osteótomo fino para cortar a porção óssea com poucos

e precisos movimentos. Na segunda opção, o enxerto obtido costuma

88

ser mais grosso em sua base e deverá ser esculpido bilateralmente até

chegar na espessura de um mm.

- embora não tenha sido necessário em nosso estudo com

cadáveres, após a retirada dos enxertos septais é importante realizar

sutura transeptal com fio absorvível ou fixar splint nasal para se evitar a

formação de hematoma septal.

- no tórax, após a retirada da costela, deve-se realizar a manobra

de Valsava para monitorar possível pneumotórax.

- a região de onde foi retirada a costela pode apresentar dor no

pós-operatório.

- ao realizar a sutura do plano muscular profundo no tórax pode

ser difícil aproximar por completo os feixes musculares. Deve-se evitar

tração excessiva para não lacerar o músculo; basta aproximar o máximo

possível.

- em alguns casos, a borda inferior da costela a ser usada pode

estar fundida em outra. Para ajudar a separá-la com segurança,

sugerimos realizar incisão parcial com bisturi com lâmina 15 em toda

porção inferior da costela a ser retirada. Após descolar o pericôndrio,

faz-se um movimento de alavanca com descolador Freer por debaixo da

costela simultaneamente ao término da incisão da região fundida com

89

outro descolador Freer não cortante. Com isso, visualiza-se diretamente

a parte a ser retirada com o máximo cuidado para não se penetrar no

tórax. Alguns cirurgiões preferem utilizar neste momento um

descolador de costela tortuoso, mas não foi a opção do presente estudo

pois o mesmo pode lacerar parcialmente o pericôndrio posterior.

- em qualquer tipo de cartilagem, nossas propostas nas

modificações do ERA convencional visam tornar as bordas dos enxertos

as mais biseladas possíveis, de maneira a se adquirir uma transição

suave entre o fim do enxerto e o RLCA. Para isso, sugerimos que as

bordas do enxerto sejam biseladas bilateralmente usando bisturi com

lâmina 15 com movimentos superficiais como se tirassem lascas

repetidas. Para complementar o refinamento, pode-se ainda morselizar

as bordas com pinça Adson Brown.

A nossa metodologia de esculpir o enxerto da costela de maneira

concêntrica segue orientação sugerida por Kim et al.57 que mostrou ser

superior à confecção excêntrica de enxertos em relação à distorção dos

mesmos.

A costela irradiada não foi utilizada, pois estudos98,181 mostram que

ocorre alta taxa de reabsorção e isto limitaria a aplicabilidade clínica de

nosso estudo. Outrossim, a obtenção de costelas irradiadas com bancos

90

de tecido é relativamente difícil, especialmente ao cirurgião que não

está numa grande cidade.

Nosso estudo optou por utilizar a quinta costela do lado direito

pois a mesma raramente está fundida com a sexta costela, fato que

facilita sua retirada.

Consideramos nossa abordagem minimamente invasiva para a

inclusão do ERAM pois a loja da dissecção foi a mínima possível. Ou

seja, sendo o enxerto com 30 mm (comprimento) e 5 mm (largura), a

loja foi de aproximadamente 31 mm e 6 mm. Este milímetro extra

permitiu basicamente incluir o enxerto sem distorcê-lo e suturar a

incisão marginal nasal sem incluir a borda inferior do ERAM. É

importante que o cirurgião que reproduzir esta técnica mantenha a

borda caudal do ERAM ligeiramente acima da incisão marginal para

reduzir o risco de exposição do enxerto em direção às narinas,

minimizando as chances de contaminação. O objetivo de se fazer um

local do enxerto justo é prevenir a migração do mesmo.

É importante ver o que está sendo dissecado para se beneficiar das

propriedades elásticas e ligamentos do RLCA. Nos cadáveres com

pinçamento em ponta nasal, observou-se que a distorção causada pelo

PLCS na região do “scroll” se extendia ao RLCA ipsilateral, de acordo

91

com Bruintjes et al.40, sendo que também percebemos que o eixo de

distorção do RLCA segue aproximadamente o mesmo eixo

perpendicular de distorção do PLCS, visto que a distorção alar costuma

ser mínima na região do domos40,77,174. Embora não tenha sido realizado

neste estudo, poderia ter sido feita a liberação do “scroll”, desinserção

dos músculos da região e cartilagens acessórias posteriormente,

principalmente em situações que necessitem de maior movimento do

RLCA no eixo cranio-caudal (ex: situações de retração alar).

6.5 Ética do estudo

Nosso estudo foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de

Projetos de Pesquisa - CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das

Clínicas e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em

20 de maio de 2009, sob o n° 0454/09.

Em todos os nossos casos preservamos ao máximo a integridade

do corpo do cadáver. Desta forma, nossa dissecção evitou perfuração

septal e violação de órgãos intra-cavitários.

92

Toda alteração causada pela inclusão de enxertos no nariz foi

temporária e completamente reversível após a sua retirada, não

causando qualquer deformidade visível ou palpável no local.

As incisões no tórax foram fechadas em vários planos, com aspecto

final estético satisfatório. As incisões no nariz foram fechadas com

pontos de nylon 5-0 preto, cortados bem curtos de maneira a simular

os pelos nasais. Após o término dos procedimentos, todas as narinas

foram tamponadas com algodão conforme protocolo do SVO-USP.

Entendemos que o cuidado e respeito pelo cadáver foi a melhor

maneira de poder agradecer a oportunidade de estudo e aprendizado

com os mesmos.

6.6 Avaliação dos resultados

6.6.1 Caracterização da casuística, confiabilidade e reprodutibilidade

do método

A confiabilidade de um método de mensuração é garantida

quando o mesmo atinge resultados reprodutíveis para medidas

realizadas duplamente pelo mesmo pesquisador ou por pesquisadores

93

distintos182. Como visto em nosso estudo, as repetições das

mensurações das ASENs mostraram constância nos resultados e a

padronização da técnica operatória e fotografias mantiveram a

confiabilidade do método. Eventuais vieses das fotografias foram

incluídos na análise estatística e não limitaram os resultados obtidos.

A reprodutibilidade do método é fundamental para a aplicação

clínica do mesmo. Nosso estudo utiliza um sistema de mensuração

facilmente reprodutível, usando basicamente máquina fotográfica,

régua e especialista em programa Autocad®. Sazgar et al.87 também

realizaram estudo nasal em cadáver por meio de fotos com endoscópio

e análise de área seccional perto da VNI com o programa Image J de

computador. No entanto, falhou ao não definir um padrão reprodutível

do local de aferição da VNI.

Cabe ressaltar que o presente estudo procurou minimizar os vieses

que podem ter ocorrido por parte das fotografias e aferição das áreas

narinárias. As fotografias foram tiradas de maneira padronizada e com a

mesma angulação visando aferir a base narinária situada em plano

perpendicular ao corte sagital; as medições das áreas narinárias (PRÉ,

PÓS SEPTO e PÓS COSTELA) foram feitas por um único especialista em

Autocad®. Caso ainda tenha restado algum viés, este foi considerado no

94

termo do erro aleatório do modelo estatístico utilizado para a análise

dos dados, de forma que não inviabiliza os resultados obtidos.

Visando a reprodutibilidade do método, que foi estatisticamente

comprovada, é importante manter a mesma condição de luminosidade,

posição e distância da ASEN em relação à lente da máquina fotográfica.

Não é necessário usar a mesma máquina deste estudo, no entanto, é

importante usar lente com boa capacidade focal para a distância de 15

cm.

Nossa casuística foi estimada por estudo piloto prévio. A escolha

de se utilizar cadáver fresco ocorreu por aspectos éticos, visto que a

proposta do estudo não poderia ser aplicada em pacientes. Da mesma

maneira, muitos estudos de uso de enxerto em nariz são realizados em

cadáveres. Citamos, por exemplo, Schlosser e Park88, que demostraram

aumento da área seccional da VNI usando enxertos alargadores e

suturas expansivas. Kim et al.57 demonstrou, usando costela de cadáver,

que a manufatura concêntrica de enxerto dorsal entorta menos que a

manufatura excêntrica. O cadáver permite ao pesquisador realizar

diversos estudos invasivos no nariz e áreas doadoras de enxerto, fato

que não seria ético em pacientes183-186.

95

O modelo estatístico do presente estudo levou em consideração

que as 90 ASENs pertençam a uma amostra aleatória de uma população

de possíveis narinas e que temos interesse apenas nas três situações

aplicadas (PRÉ, PÓS SEPTO e PÓS COSTELA). Adotamos um modelo de

medidas repetidas com um único fator (Tratamento), para o qual

supomos que os efeitos das narinas (fator Narina) fossem aleatórios e

os efeitos dos tratamentos (fator Tratamento), fixos. O uso de um

modelo de medidas repetidas com um único fator para a análise dos

dados pode ser justificado ao notarmos que as três situaçõs são

aplicadas na mesma narina165,167,173.

O fator Narina é responsável por captar a variabilidade existente

entre cadáveres, que é comum deste tipo de experimento. Em outras

palavras, a narina serviu como seu próprio controle, já que ela recebeu

todos os tratamentos; a inclusão do fator Narina no modelo possibilitou

controlar a variabilidade da Área em cadáveres diferentes. Essas

características do modelo de medidas repetidas permitem que as

comparações entre as médias da variável resposta aos tratamentos

sejam bastante precisas165,171.

O modelo utilizado é dado por:

96

,ijjiijY

sendo que μ é uma constante, ρi é o efeito da narina i que supomos ter

distribuição N(0,ςρ2) independentes, j é o efeito constante do

tratamento j sujeito à restrição 0j , ij é o erro aleatório que

supomos ter distribuição N(0, ς2) independentes e ρi e ij são

independentes, i = 1, …, 30 e j = 1, 2, 3.

6.6.2 Análise do comportamento dos enxertos de reforço alar

modificados

Este estudo observou uma grande amplitude de resultados dentre

as 90 narinas estudadas. Estatisticamente, a análise global mostrou

maior efetividade do ERAM costal para se aumentar a ASEN, tal como

ficou evidente em ambas narinas de sete cadáveres (CASOS 3, 5, 7, 9,

10, 11 e 13) e de maneira unilateral em cinco cadáveres (CASOS 1, 2, 4,

8 e 14).

Os CASOS 6, 12 e 15 apresentaram maior efetividade do ERAM

septal em ambas as narinas. Não podemos sugerir hipóteses para

explicar estes resultados, visto que todos os experimentos seguiram

97

sempre a mesma padronização. Também não podemos relacionar os

achados com as idades, raça ou sexo dos cadáveres.

Em dois cadáveres (CASOS 11 e 13), as áreas aferidas das narinas

sem qualquer procedimento (PRÉ) foram maiores que após a inclusão

de ERAM septal de maneira bilateral. O mesmo ocorreu em apenas uma

narina com o ERAM de costela (CASO 15-narina esquerda). A possível

explicação para este paradoxo se deve ao fato de que a dissecção

narinária possa ter acometido ligamentos fibroadiposos e “scroll”

causando maior instabilidade da região que o potencial efeito benéfico

estrutural do enxerto cartilaginoso. Por este motivo, enfatizamos que a

loja de dissecção deve ser a mínima possível.

6.6.3 Benefícios com o uso do enxerto de reforço alar modificado

6.6.3.1 Enxerto de reforço alar modificado de septo

Os ERAMs de septo têm a capacidade de melhorar aspectos

estéticos da ASEN e funcionais da VNE.

98

Embora não tenha sido foco do nosso estudo, à luz dos benefícios

conhecidos do ERA convencional, sugere-se que os ERAMs septais

também possam ser benéficos nas seguintes situações:

- pacientes com retração alar leve (sem falta de forro nasal).

- rinoplastia primária ou secundária com mau-posicionamento do

RLCA.

- rinoplastia primária ou secundária com RLCA fino (menos de 6

mm de largura) com potencial de distorção cicatricial dos resultados no

pós-operatório.

O ERAM não beneficia retração alar severa por perda de forro

nasal. Neste caso, o enxerto composto é o mais indicado9.

6.6.3.2 Enxerto de reforço alar modificado de costela

O ERAM de costela apresenta os mesmos benefícios sugeridos pelo

ERAM de septo mas, como comprovado em nosso estudo, com um

melhor incremento da ASEN.

Cogitamos que por sua melhor capacidade estrutural de suporte, o

ERAM de costela é mais vantajoso nos casos moderados e graves

citados acima.

99

Ambos os ERAMs, por se estenderem para posição lateral em

topografia não anatômica (onde não existe cartilagem), melhoram

situações de pinçamento nasal e fluxo nasal pela VNE. Assim como

ocorre com a VSRL e com o enxerto de contorno alar, melhora a

simetria, contorno alar e previne retração alar em pacientes com RLCA

fraco, com tendência a colapso pós-operatório84.

6.6.4 Efeitos adversos e intercorrências com o uso do enxerto de

reforço alar modificado

6.6.4.1 Enxerto de reforço alar modificado de septo

Pode ocorrer perfuração septal ou laceração de mucosa durante a

retirada do septo. Para minimizar esta ocorrência, é importante manter

a dissecção em plano submucopericondrial.

Deve-se ter cautela com o ERAM de cartilagem septal composto de

placa perpendicular de etmóide. Muitas vezes a conexão de ambas

pode ser facilmente quebrada, diminuindo assim o comprimento final

do enxerto.

100

6.6.4.2 Enxerto de reforço alar modificado de costela

Como a loja de inserção do ERAM de costela é superficial ao RLCA,

existe risco de se tornar visível e palpável, especialmente na região do

“triângulo frágil” e em pacientes de pele fina. Isto também pode ocorrer

em ERAM de septo, mas apenas em casos excepcionais.

O risco de desvio tardio do ERAM de costela é uma realidade.

Devido à menor espessura, a tortuosidade ocorre mais na dimensão

latero-lateral que na dimensão póstero-anterior57. Embora este estudo

não tenha investigado os mecanismos biomecânicos da tortuosidade

dos enxertos, especulamos que a causa seja relacionada a forças

assimétricas de contratura dentro da costela e na área receptora do

enxerto. Gunter et al.187 sugere o uso de fio de Kirschner dentro de

enxerto dorsal para que o mesmo não sofra desvio tardio; no entanto,

isto não é reprodutível no ERAM pois tem apenas um mm de espessura.

Também não recomendamos o uso do Kirschner pela sua possibilidade

de migração e extrusão, tal como reconhecido por Gunter. Sugere-se

que o cirurgião siga a rotina de manufatura dos ERAMs conforme

descrito neste estudo, com ênfase na escultura concêntrica bilateral

para minimizar a ação dos vetores mecânicos que resultam em

101

distorção da costela. Outrossim, deve-se deixar o enxerto em solução

por pelo menos 30 minutos. Em pacientes, sugerimos que a solução de

soro fisiológico 0,9% contenha também antibiótico (ex: ciprofloxacina).

São pontos negativos do uso de ERAM de costela:

- maior tempo cirúrgico.

- possível lesão de órgãos e pneumotórax.

- dor no pós-operatório.

- morbidade e cicatriz no tórax.

Mesmo assim, não se considera uma boa opção o uso de costela

irradiada pois a mesma se curva mais que a costela autógena98 e

apresenta maior risco de infecção57. Sugere-se que para minimizar os

pontos negativos a equipe cirúrgica deva estar bem treinada e realizar a

dissecção nasal ao mesmo tempo da retirada da costela. Também é

possível usar a faixa retangular de pericôndrio anterior retirada da

costela em cima da porção medial do ERAM e ponta nasal, a fim de

camuflar a sua visualização. Isto é fato bem conhecido tecnicamente na

rinoplastia estruturada; outra opção com o mesmo intuito é o uso de

fáscia temporal38.

A literatura mostra que a incidência de pneumotórax durante a

retirada da costela é extremamente baixa57 desde que a dissecção

102

seja meticulosa e preserve o pericôndrio posterior e a pleura

parietal. A curva de aprendizado para retirada de costela não é alta;

consideramos mais difícil a confecção do enxerto sem que ocorra a

quebra do mesmo.

6.6.5 Características das cartilagens costais

O aspecto da cartilagem costal retirada foi diverso, sendo possível

classificá-la segundo a Tabela 8 a seguir:

Tabela 8 – Distribuição do número de casos conforme aspecto da calcificação na cartilagem costal

TIPO/NÚMERO DE CASOS ASPECTO DA CARTILAGEM COSTAL

TIPO 1: 3 CASOS Menos de 10 pontos de calcificação

TIPO 2: 6 CASOS Entre 10 e 20 pontos de calcificação

TIPO 3: 4 CASOS Entre 20 e 50 pontos de calcificação

TIPO 4: 2 CASOS Acima de 50 pontos de calcificação

A largura, o formato, a espessura e a calcificação da costela

variaram sem haver dados estatisticamente significantes a serem

associados com idade, sexo, raça, peso ou altura dos cadáveres. Não foi

103

possível estabelecer relação entre o nível de calcificação da costela e a

capacidade de melhor sustentação do RLCA. No entanto, tecnicamente

a dificuldade para se esculpir a cartilagem costal foi diretamente

proporcional ao número de pontos de calcificação. Observou-se ainda

que dois casos Tipo 3 e um caso Tipo 4 foram mais difíceis para serem

esculpidos pelo risco de quebra da cartilagem. A Figura 15 ilustra os

quatro tipos de cartilagem costal encontrados, conforme grau de

calcificação.

Figura 15 – Aspecto da cartilagem costal conforme pontos de calcificação

104

Para se evitar a quebra da cartilagem costal, sugerimos que o

cirurgião inicie a separação das três porções cartilaginosas com bisturi

com lâmina 22. Ao sentir resistência pela calcificação, o uso de

osteótomo permite continuar a manufatura do enxerto com mais

segurança, em especial nas costelas tipo 3 e 4.

6.7 Uso consciente de enxertos na rinoplastia estruturada funcional

A rinoplastia moderna busca unir benefícios estéticos e funcionais

ao paciente. O sucesso nos resultados está ligado ao diagnóstico

correto da situação, que leva a uma proposta terapêutica

particularizada. Somando as informações do exame clínico com os

resultados radiológicos de imagem, é possível prever toda a

metodologia cirúrgica. No entanto, deve-se estar preparado,

especialmente em cirurgias de nariz secundárias, para dificuldades

imprevisíveis tais como deformidades causadas por fibrose excessiva e

ausência parcial/total de estruturas anatômicas.

O arsenal terapêutico das técnicas de rinoplastia e cirurgia nasal

funcional é vasto. Para a maioria das afecções, não existe consenso.

Muitos estudos não seguem metodologia adequada e reprodutível. Por

105

vezes, a conduta do cirurgião baseia-se na sua formação e

ensinamentos de cirurgiões mais experientes.

A medicina avança rapidamente e o número de trabalhos

científicos publicados cresce na mesma intensidade, sem muitas vezes

apresentarem qualidade. Nesta inundação de informação, resta ao

cirurgião filtrar e usar o que é mais importante: bom senso.

Estudamos mais profundamente o terço inferior do nariz pois

consideramos a parte mais complexa do mesmo. A ponta nasal deve ter

uma relação com o dorso conforme o sexo e espessura de pele; a ponta

também mantém suas particularidades conforme o tamanho da

narina13. Nesta importante região, o conceito de tripé de Anderson99,188

continua atual: o formato, o tamanho e a projeção da ponta nasal

dependem de um tripé cartilaginoso formado pelos dois RLCAs e

RMCAs. Qualquer alteração em um ou mais constituintes desse tripé

modifica a parte estética e funcional da região. Em nosso estudo, isto

foi comprovado modificando os pilares laterais desse tripé. No

dinamismo da cirurgia, o médico poderá ainda usar outros artifícios

respeitando esse conceito, tal como o uso de haste columelar no RMCA.

Poder-se-ia também reposicionar o RLCA, seccionar o “scroll”, usar

pontos para se refixar as estruturas, soltar as cartilagens acessórias,

106

realizar columeloplastia, entre outras abordagens. A conduta

dependerá do que se deseja fazer.

Nosso trabalho mostrou que o ERAM de costela aumenta a ASEN

mais efetivamente que o ERAM de septo. No entanto, apresentamos

importantes intercorrências causadas pelo ERAM de costela. Dessa

maneira, cabe ao cirurgião a responsabilidade de pesar os riscos e

benefícios de cada um desses enxertos. Se por um lado estamos

convictos de que o ERAM de costela pode ser uma ótima opção para se

melhorar um grave quadro de incompetência de VNE em pacientes com

pele grossa, somos veementemente contrários ao uso do mesmo para

casos de pele fina e discreta disfunção da VNE.

Outro ponto que deve ser lembrado é o termo de consentimento

cirúrgico. Sugerimos que todo procedimento de cirurgia nasal com uso

de ERAM deva ser devidamente esclarecido oralmente e por escrito; é

direito do paciente participar, em conjunto com o médico, sobre a

decisão de qual enxerto ou técnica usar. Cabe ao médico o bom senso

final para escolher sua técnica cirúrgica visando o melhor resultado

possível na inseparável funcionalidade e estética nasal de seu paciente.

107

6.8 Considerações finais

Nossos resultados sugerem, de certa forma, que os ERAMs de

cartilagem costal são mais efetivos que os septais para melhorar a

ASEN. No entanto, este trabalho em cadáveres deve ser interpretado

com cautela ao se extender as aplicabilidades dos ERAM na prática

clínica. Não é objetivo do presente estudo estimular o uso

indiscriminado dos ERAMs de costela, visto os possíveis efeitos

indesejáveis estéticos que o mesmo causa ou pela potencial morbidade

da área doadora. O bom senso do cirurgião deve nortear o custo e o

benefício desses enxertos. É importante não interpretar erroneamente

os resultados do presente estudo. Tentamos evitar a tendência em

reconhecer mais os números que os aspectos clinicamente relevantes

de nosso método. Por isso, o médico deve ponderar se o grau de

colapso alar ou insuficiência da VNE são grandes o suficiente para que o

benefício funcional seja maior que o possível resultado inestético,

especialmente em pacientes com pele fina.

Para minimizar este efeito colateral do ERAM de costela, novos

estudos sobre o assunto poderão ser feitos no futuro, especialmente

diminuindo o comprimento do enxerto. Neste estudo utilizou-se como

108

padrão o ERAM de 30 mm de comprimento e percebemos que em

narizes com dimensões pequenas, o mesmo foi demasiadamente

grande.

A complexidade da fisiologia nasal ainda não permite esclarecer

por completo a inter-relação dos componentes estruturais e

mucovasculares do nariz. Constantian6,7,48 provou o improvável: o

tratamento isolado da VNE pode duplicar o fluxo de ar e, curiosamente,

o tratamento conjunto de desvio septal não necessariamente melhora

ainda mais a respiração. Como explicar esta ou outras situações em que

a queixa de obstrução nasal é pior justamente no lado em que ocorre o

desvio de septo? Seria decorrente de hipertrofia de corneto, alergia,

ciclo nasal ou simplesmente o paciente não sabe referir por qual lado

respira melhor? A subjetividade dos sintomas é fato importante e deve

ser levado em consideração, mesmo que vá contra os resultados de

exames diagnósticos. Deve-se examinar particularidades intranasais e

analisar história de trauma nasal, alergia, piora respiratória com

exercícios, medicamentos, variação de temperatura e umidade. Os

trabalhos atuais de função respiratória têm dado valor questionável à

importância do septo e cornetos no fluxo aéreo nasal; tudo indica que a

repercussão funcional deve-se muito mais ao bom funcionamento das

109

válvulas nasais internas e externas8,28,36,38,39,65-68,81,82,94,178,189. Esta

situação aparentemente iconoclasta deve ser levada em consideração

por todos que realizam cirurgia nasal.

Este estudo providencia informação preliminar e serve de base

para futuros trabalhos sobre a ASEN e a VNE. Não encontramos na

literatura os motivos pela maior eficiência do ERAM costal para se

aumentar a ASEN em relação ao ERAM septal. É possível que a razão

tenha relação ao fato da cartilagem costal ser mais rígida, fato que leva

a ter maior força estrutural de suporte alar levando a um aumento da

ASEN de maneira mais efetiva.

Até o presente momento, dados embriológicos e histológicos não

elucidam os motivos para a maior eficácia do ERAM costal. Enquanto o

septo é proveniente de células da crista neural (ectoderma), a

cartilagem costal tem sua origem pelas células mesenquimais do

mesoderma. O tipo de cartilagem é distinto para ambas: o septo é

composto basicamente por cartilagem do tipo elástico com riqueza em

fibras elásticas, colágenas e proteoglicanas; a cartilagem costal é

composta pelo tipo hialino, predominando o colágeno tipo III. A costela

não tem proteoglicanas que tem características hidrofílicas importantes

110

para a nutrição do septo. A cartilagem costal também difere quanto ao

tipo de calcificação que não tem relação com a idade, enquanto a

cartilagem septal adquire maior calcificação de maneira diretamente

proporcional à idade. No entanto, mesmo com todas as diferenças

embriológicas e histológicas, a cartilagem septal e costal apresentam

biointegração, absorção e antigenicidade semelhantes192-194.

Como perspectivas futuras, aguardamos mais estudos com placa

flexível de poli-p-dioxanone (PDS) para maior suporte da região alar195.

Outrossim, a possível formação de cartilagem provenientes de células

tronco acabaria com o problema de área doadora196.

Nossos resultados são esclarecedores mas fazem parte de um

complexo nasal maior. Não existe, até o momento, apenas um único

tratamento que seja universalmente aceito para a VNE. O motivo é que

a VNE envolve mecanismos multifatoriais e variáveis individuais como

formato da válvula, ângulo e suporte alar, que devem ser levados em

consideração. Portanto, os aspectos anatômicos e fisiológicos do nariz

devem ser vistos como um todo indivisível. A abordagem atual da

cirurgia nasal estética e funcional reconhece a importância do terço

inferior do nariz ser, basicamente, uma unidade estrutural única. A

111

manutenção e o reforço da integridade dessa unidade na ponta e asa

nasal deve ser sempre lembrado. Esperamos que novos trabalhos

ajudem a esclarecer dúvidas e proponham intervenções nesta complexa

e dinâmica região do nariz.

112

7. CONCLUSÃO

113

7. Conclusão

O enxerto de reforço alar modificado de costela é mais efetivo que

o enxerto de reforço alar modificado de septo para aumentar a área de

secção externa da narina.

114

8. ANEXOS

115

Tabela 3 – Distribuição dos cadáveres (listados cronologicamente com as iniciais de seus nomes)

__________________________________________________________ CADÁVER IDADE SEXO RAÇA PESO ALTURA

1- J. C. R. S. 44 A1 M2 BRANCA 75 Kg3 1,80 m4

2- G. O. P. 74 A F5 BRANCA 85 Kg 1,70 m 3- M. F. S. 44 A F BRANCA 67 kg 1,70 m 4- A. F. C. 84 A F BRANCA 65 kg 1,70 m 5- A. A. T. 62 A F BRANCA 60 kg 1,60 m 6- W. M. S. 33 A F BRANCA 50 kg 1,70 m 7- E. T. S.C. 57 A F BRANCA 65 kg 1,70 m 8- J. G. S. S. 46 A M BRANCA 56 kg 1,75 m 9- A. D. S. M. 79 A F BRANCA 60 kg 1,70 m 10- A. G. 54 A M NEGRA 70 kg 1,80 m 11- J. S. 75 A M NEGRA 65 kg 1,70 m 12- V. C. 57 A F BRANCA 76 kg 1,80 m 13- R. A. S. 70 A F BRANCA 65 kg 1,70 m 14-J. P. S. F. 56 A M BRANCA 50 kg 1,80 m 15- A. M. J. N. 40 A M NEGRA 50 kg 1,70 m _______________________________________________________ FONTE: SVOC-USP 1- A= anos 2- M= masculino 3- Kg= quilos 4- m= metros 5- F= feminino

116

Tabela 7 – Escala NOSE (Nasal Obstruction Symptom Evaluation) __________________________________________________________ SINTOMA NASAL AUSENTE LEVE MODERADO RUIM GRAVE

CONGESTÃO 0 1 2 3 4 OBSTRUÇÃO 0 1 2 3 4 DIFICULDADE 0 1 2 3 4 RESPIRATÓRIA DIFICULDADE 0 1 2 3 4 PARA DORMIR MÁ RESPIRAÇÃO 0 1 2 3 4 DURANTE EXERCÍCIO_______________________________________

117

9. REFERÊNCIAS

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