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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Engenharia Eletrica e de Computacao
Marciano Prates Salbego
Controle Robusto de Quadricopteros por Meio
de Desigualdades Matriciais Lineares
Campinas2017
Marciano Prates Salbego
Controle Robusto de Quadricopteros por Meio deDesigualdades Matriciais Lineares
Dissertacao de Mestrado apresentada a Fa-culdade de Engenharia Eletrica e de Compu-tacao da Universidade Estadual de Campi-nas como parte dos requisitos exigidos paraa obtencao do tıtulo de Mestre em Engenha-ria Eletrica, na Area de Automacao.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Coracao de Leao Fontoura de Oliveira
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE A VERSAO FI-
NAL DA DISSERTACAO DE MESTRADO DEFEN-
DIDA PELO ALUNO MARCIANO PRATES SAL-
BEGO E ORIENTADA PELO PROF. DR. RICARDO
CORACAO DE LEAO FONTOURA DE OLIVEIRA.
Campinas2017
Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): FAPESP, 2014/11593-5
Ficha catalográficaUniversidade Estadual de Campinas
Biblioteca da Área de Engenharia e ArquiteturaLuciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129
Salbego, Marciano Prates, 1993- Sa31c SalControle robusto de quadricópteros por meio de desigualdades matriciais
lineares / Marciano Prates Salbego. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.
SalOrientador: Ricardo Coração de Leão Fontoura de Oliveira. SalDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade
de Engenharia Elétrica e de Computação.
Sal1. Aeronave não tripulada. 2. Desigualdades matriciais lineares. 3. Sistemas
não lineares. I. Oliveira, Ricardo Coração de Leão Fontoura de, 1978-. II.Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e deComputação. III. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Robust control of quadcopters by means of linear matrixinequalitiesPalavras-chave em inglês:QuadcopterLinear matrix inequalitiesNonlinear systemsÁrea de concentração: AutomaçãoTitulação: Mestre em Engenharia ElétricaBanca examinadora:Ricardo Coração de Leão Fontoura de Oliveira [Orientador]Bruno Augusto AngélicoMatheus SouzaData de defesa: 01-02-2017Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica
Powered by TCPDF (www.tcpdf.org)
COMISSAO JULGADORA — DISSERTACAO DE MESTRADO
Candidato: Marciano Prates Salbego RA: 160948
Data da Defesa: 01/02/2017
Tıtulo da Dissertacao/Tese: “Controle Robusto de Quadricopteros por
Meio de Desigualdades Matriciais Lineares”
Prof. Dr. Ricardo Coracao de Leao Fontoura de Oliveira (presidente, FEEC/UNICAMP)
Prof. Dr. Bruno Augusto Angelico (Poli-USP)
Prof. Dr. Matheus Souza (FEEC/UNICAMP)
A ata de defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comissao Julgadora,
encontra-se no processo de vida academica do aluno.
Agradecimentos
Agradeco ao Universo, que em sua aparente desordem proporcionou inumeras
oportunidades de amadurecimento e enriquecimento.
Agradeco ao professor Pedro Peres, pela leve convivencia, inumeros conselhos
e indicacoes de filmes, musicas, livros. Seu modo de levar a vida com certeza serviu de
inspiracao durante a realizacao deste trabalho.
Agradeco a Fundacao de Amparo e Pesquisa do Estado de Sao Paulo (FA-
PESP) - processo 2014/11593-5 - pelo financiamento durante o mestrado.
Agradeco aos queridos amigos do LE-16, de todos os espectros, os quais pro-
duziram interessantes discussoes na hora do cafe e de onde surgiram frutıferos lacos de
amizade e companheirismo.
Agradeco a minha famılia, especialmente a dona Ivone e ao meu irmao Marcos,
pelo suporte incondicional, carinho e afeto dispendidos durante minha vida toda.
Agradeco ao professor Ricardo, que dedicou-se integralmente para a realiza-
cao deste trabalho, sendo fonte de inspiracao e tendo contribuıdo nao somente na minha
formacao academica, mas tambem na minha formacao pessoal. Neste sentido, um agrade-
cimento especial aos fraternos amigos do Colegio Mıstico e ao mestre Marcelo Hindi, que
foram responsaveis por mostrar-me o real significado da minha existencia.
Por fim, agradeco a Marcela, por ter me acompanhado nesta caminhada e
por ter estado presente nos momentos mais edificantes/desafiadores destes ultimos anos.
Gratidao por todo o aprendizado.
“Uma vez eu li no Reddit que...”
(Autor desconhecido)
Resumo
O problema de estabilizacao de atitude de um quadricoptero e investigado nesta disser-
tacao. A cinematica do sistema mecanico e descrita em termos da parametrizacao de
Cayley-Rodrigues, a partir da qual e construıdo um modelo quasi-LPV utilizado na sın-
tese de controladores escalonados por parametros variantes no tempo com criterios de
desempenho associados. Um conjunto de equacoes diferenciais nao-lineares descrevendo a
dinamica do corpo rıgido e obtido para a validacao da estrategia de controle utilizando o
formalismo de Euler-Lagrange, que considera a cinematica descrita por quaternios. Como
contribuicao adicional, investiga-se o projeto de controladores adaptativos ℒ1, com vis-
tas a futura aplicacao de controladores adaptativos no problema de controle de atitude
do quadricoptero. A sıntese dos controladores e filtros das duas abordagens investigadas
e formulada em termos de desigualdades matriciais lineares dependentes de parametros.
Como metodo de solucao, emprega-se aproximacoes polinomiais (relaxacoes) de grau ar-
bitrario, resultando em problemas de otimizacao convexos de precisao crescente baseados
em desigualdades matriciais lineares, que nesta dissertacao sao obtidos com o auxılio de
pacotes computacionais especializados. As vantagens das abordagens propostas sao ilus-
tradas por meio de comparacoes numericas com outras tecnicas disponıveis na literatura.
Palavras-chaves: Quadricoptero; Controle LPV; Controle Adaptativo ℒ1; Relaxacoes
LMIs.
AbstractThe problem of attitude stabilization of a quadcopter is investigated in this dissertation.
The kinematics of the mechanical system is described in terms of the Cayley-Rodrigues
parametrization, from which is constructed a quasi-LPV system that is used in the syn-
thesis of gain-scheduled controllers associated to performance criteria. A set of nonlinear
differential equations describing the rigid body dynamics is obtained for the validation
of the proposed control strategy using the Euler-Lagrange formalism, that considers the
kinematics described by quaternions. As additional contribution, it is investigated the de-
sign of ℒ1 adaptive controllers, foreseeing future applications of the adaptive controllers
in the quadcopter attitude control problem. The synthesis of the controllers and filters in
both investigated approaches is formulated in terms of parameter-dependent linear matrix
inequalities. As solution method, polynomial approximations (relaxations) of arbitrary de-
gree are employed, resulting in convex optimization problems of increasing precision based
on linear matrix inequalities, that in this dissertation are obtained with the aid of special-
ized computational toolboxes. The advantages of the proposed approaches are illustrated
by means of numerical comparisons with other techniques available in the literature.
Keywords: Quadcopter; LPV Control; ℒ1 Adaptive Control; LMI Relaxations.
Lista de Ilustracoes
Figura 1 – Esquema geral do quadricoptero (retirado de (MAHONY et al., 2012). 18
Figura 2 – Referencial inercial 𝐴 e referencial movel 𝐵 . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Figura 3 – Estrutura conceitual do simulador desenvolvido. . . . . . . . . . . . . . 30
Figura 4 – Rastreamento de trajetoria senoidal para os tres angulos de Euler. . . . 42
Figura 5 – Reorientacao de grande angulo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
Figura 6 – Comparacao com o controlador PID (SANTANA; BORGES, 2009). . . 44
Figura 7 – Comparacao com o controlador Backstepping (SANTANA; BORGES,
2009). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
Figura 8 – Arquitetura do controlador adaptativo ℒ1 (modificado de (HOVAKIMYAN;
CAO, 2010)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Figura 9 – Diagrama de blocos da funcao de transferencia 𝐻𝑜(𝑠) (modificado de
(LI et al., 2008)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Figura 10 – Representacao de estados de cada bloco da funcao de transferencia
𝐻𝑜(𝑠). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56
Figura 11 – Representacao de estados de cada bloco da funcao de transferencia𝐻(𝑠)(1−𝐶(𝑠)). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
Figura 12 – Resultado para o exemplo escalar. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
Lista de Tabelas
Tabela 1 – Tabela de parametros utilizados na simulacao. . . . . . . . . . . . . . . 40
Sumario
Lista de Ilustracoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Lista de Tabelas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Lista de Abrevicoes e Siglas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
Sumario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
1.1 Projeto de controlador de reorientacao para manobras de grande variacao
angular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.2 Projeto de filtros para controladores adaptativos . . . . . . . . . . . . . . . 16
1.3 Organizacao e Notacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
2 Controle de Orientacao de Quadricopteros . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.1 Apresentacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18
2.2 Modelagem Matematica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.1 Orientacao e Cinematica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
2.2.2 Equacao Cinematica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
2.2.3 Dinamica Lagrangeana . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.4 Equacoes de Movimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26
2.3 Simulacao Computacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.4 Projeto do Controlador . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
2.4.1 Dinamica Simplificada do Sistema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.4.2 Projeto de Controladores quasi -LPV . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
2.5 Validacao por Simulacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
2.6 Consideracoes Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
3 Projeto de filtros para controladores ℒ1 adaptativos usando LMIs . . . . . . 46
3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46
3.2 Definicao do Problema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48
3.3 Computo do Ganho ℒ1 via LMIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.4 Estabilidade Robusta de Sistemas com Atrasos . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.5 Projeto do Filtro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57
3.6 Realizacao do Ganho DC Unitario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
3.7 Projeto Conjunto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
3.8 Exemplos Numericos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
3.8.1 Relaxacoes LMIs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.8.2 Exemplo escalar (LI et al., 2008): . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
3.8.3 Exemplo bidimensional: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67
3.9 Consideracoes Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
4 Conclusao e Perspectivas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
4.1 Trabalhos publicados/submetidos durante o perıodo de Mestrado . . . . . 70
Referencias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 72
13
1 Introducao
Quadricopteros sao veıculos aereos do tipo pouso e decolagem vertical (em in-
gles, Vertical Taking-off and Landing — VTOL) que vem ganhando um grande destaque
nos ultimos anos, principalmente pelo grande potencial de aplicacoes em diversas areas
como seguranca, agricultura, meio ambiente, filmagem aerea, entre outras. Em parte, o
interesse pela utilizacao deste tipo de aeronave deve-se a sua grande capacidade de ma-
nobrabilidade e a seu baixo peso, possibilitando a realizacao de missoes com restricoes
espaciais severas, bem como o acesso a lugares que potencialmente oferecam risco para
humanos. O rapido desenvolvimento desta tecnologia baseia-se principalmente nos avan-
cos de dispositivos de sensoriamento e no aumento na capacidade de armazenagem e
processamento de dados on-board (MAHONY et al., 2012). Se por um lado estes aspec-
tos contribuem para uma constante miniaturizacao dos quadricopteros, tornando-os cada
vez mais flexıveis e versateis na execucao de tarefas e tambem diminuindo os custos de
operacao, por outro lado tem-se restricoes de desempenho e consequentemente maiores
desafios sob o ponto de vista do controle e navegacao (BOUABDALLAH et al., 2004;
BOUABDALLAH; SIEGWART, 2005).
Ao longo dos anos, inumeras estrategias de controle foram aplicadas ao quadri-
coptero, sendo estas baseadas tanto em tecnicas de projeto lineares como nao-lineares. O
projeto de controladores pode levar em consideracao inumeros aspectos, tais como capaci-
dade de estabilizacao da aeronave em voo planado, seguimento de trajetoria, robustez com
relacao a disturbios e parametros incertos, etc. O trabalho de Bouabdallah (2007) apre-
senta o projeto e comparacoes entre controladores do tipo PID, LQ e Backstepping para
o controle de atitude e posicao, sendo estes controladores validados em uma plataforma
experimental denominada OS4. Na mesma linha de investigacao, (SANTANA; BORGES,
2009) compara o desempenho de controladores PID e Backstepping para o controle de
posicao e orientacao do veıculo. Em (KUN; HWANG, 2016), uma abordagem baseada em
controle adaptativo e desigualdades matriciais lineares e apresentada para o controle de
atitude do veıculo sob condicoes de rajadas de vento e variacao de massa. Em (MICHINI;
HOW, 2009), emprega-se o controle adaptativo ℒ1 com o objetivo de aumentar a robustez
do sistema. O trabalho de Rotondo et al. (2015) considera o emprego de tecnicas lineares
para sistemas quasi -LPV em um cenario de falha de atuadores.
Uma das abordagens mais atraentes e consagradas para analise e controle de
sistemas dinamicos e conhecida na literatura pelo termo LMI 1, cuja traducao significa
Desigualdade Matricial Linear (BOYD et al., 1994; OLIVEIRA; PERES, 2010). O princi-
pal atrativo dessa metodologia e que toda restricao do tipo LMI define um cone convexo,
e portanto pode ser solucionada por meio de procedimentos de otimizacao convexa (mais
1 do ingles — Linear Matrix Inequality
Capıtulo 1. Introducao 14
precisamente, por algoritmos de pontos interiores (NESTEROV; NEMIROVSKII, 1994))
de complexidade polinomial (GAHINET et al., 1995; STURM, 1999). A partir do inıcio
da decada de noventa, inumeros problemas de analise e controle robusto foram caracte-
rizados em termos de LMIs, fornecendo um grande impulso para a popularizacao dessa
classe de metodos (BOYD et al., 1994; GEROMEL et al., 1991). Ressalta-se que um dos
maiores benefıcios dos metodos baseados em LMIs e a imediata extensao para o trata-
mento de incertezas parametricas, viabilizando a adocao de modelos mais precisos para a
representacao do sistema dinamico sob investigacao. Muito embora o surgimento das LMIs
tenha comecado no contexto de sistemas lineares, muitas extensoes foram realizadas nos
ultimos vinte anos (El Ghaoui; NICULESCU, 2000; TANAKA; WANG, 2001; COSTA et
al., 2005; TARBOURIECH; GARCIA, 1997; CHESI et al., 2009; TARBOURIECH et al.,
2011; CHESI, 2011), com destaque para o tratamento de diversos tipos de nao linearida-
des, especialmente por meio da definicao das nao-linearidades em termos de parametros
variantes no tempo confinados em um conjunto convexo, dando origem a chamada re-
presentacao “linear com parametros variantes” (em ingles, Linear parameter-varying —
LPV) (MOHAMMADPOUR; SCHERER, 2012). No entanto, a utilizacao de tecnicas de
projeto de controladores lineares aplicadas a sistemas dinamicos nao-lineares promove,
geralmente, solucoes mais conservadoras quando comparadas com tecnicas nao-lineares,
que sao usualmente orientadas as particularidades do sistema dinamico em consideracao.
Quadricopteros sao sistemas dinamicos inerentemente nao lineares e, portanto,
proporcionam grandes desafios de controle. A literatura mais atual relacionada ao con-
trole dos quadricopteros apresenta inumeros trabalhos que empregam LMIs para projetar
controladores (TAYEBI; MCGILVRAY, 2006; YACEF et al., 2012; SERIROJANAKUL;
WONGSAISUWAN, 2012; RYAN; KIM, 2013), mostrando o grande potencial desta abor-
dagem. Ao longo deste trabalho, considerou-se dois objetivos distintos: projeto e analise de
um controlador de orientacao quasi -LPV considerando a cinematica do veıculo descrita
por meio dos parametros de Cayley-Rodrigues para a reorientacao de grandes desvios
angulares; projeto de controladores adaptativos ℒ1 utilizando LMIs. Na sequencia, sao
apresentados detalhes com respeito as duas contribuicoes principais desenvolvidas:
1.1 Projeto de controlador de reorientacao para manobras de grande
variacao angular
O projeto de controle para o quadricoptero pode ser realizado de maneira desa-
coplada, em uma estrutura de cascata com o controlador de posicao fornecendo referencias
de orientacao para o controle de atitude (orientacao). Desta forma, restringiu-se o projeto
de controle para a orientacao do veıculo considerando manobras de grande deslocamento
angular. As tecnicas usualmente utilizadas na solucao deste problema valem-se de linea-
rizacoes em pontos de equilıbrio. Embora validas para uma pequena faixa de operacao, a
Capıtulo 1. Introducao 15
consideracao de grandes desvios angulares do equilıbrio acabam por degradar o desempe-
nho do controlador. Assim, o objetivo principal desta investigacao consiste na obtencao
de controladores utilizando tecnicas lineares que fornecam garantias teoricas de estabiliza-
cao e desempenho (para o modelo considerado) para manobras de reorientacao de grande
angulo do quadricoptero.
Os trabalhos de Lim (2001) e Hughes e Wu (2008) realizam o projeto de
controladores LPV considerando a modelagem da orientacao da aeronave em termos de
quaternios e parametros de Cayley-Rodrigues. Este tipo de projeto leva em consideracao
a dinamica de orientacao nao-linear do veıculo, nao sendo necessaria a linearizacao da
dinamica para a sıntese do controlador. As nao-linearidades presentes na matriz dinamica
do sistema sao tratadas como parametros variantes no tempo com faixa de operacao
conhecida. Embora haja introducao de conservadorismo ao fazer esta consideracao, os
resultados de validacao mostram que os controladores possuem bom desempenho.
Em comparacao ao trabalho de Hughes e Wu (2008), a solucao proposta neste
trabalho difere-se devido a utilizacao de relaxacoes polinomiais para o projeto do con-
trolador. Esta abordagem nao utiliza a amostragem (grade) no espaco de parametros do
sistema LPV para a sıntese e, como consequencia, demanda um menor esforco computa-
cional, bem como a possibilidade de certificacao teorica do funcionamento do controlador
(a abordagem utilizando amostragem garante o funcionamento do controlador somente
para os pontos amostrados). Alem disso, os trabalhos de Lim (2001) e Hughes e Wu
(2008) consideram uma aeronave generica equipada com elementos atuadores capazes de
produzir torques nos tres eixos principais. O trabalho desenvolvido considera a particula-
rizacao destas tecnicas para a dinamica do quadricoptero (considerando o modelo de seus
atuadores), sendo uma contribuicao menor deste trabalho.
1.2 Projeto de filtros para controladores adaptativos
Na segunda frente de trabalho, considerou-se a possibilidade da utilizacao do
controle adaptativo para o controle do quadricoptero. O trabalho de Michini e How (2009)
realizou o projeto de controle utilizando uma estrutura de cascata para o modelo linear
identificado do veıculo equipado com um controlador simples de estabilizacao. O sistema
identificado foi utilizado como objeto de controle para o projeto adaptativo considerando a
tecnica de realimentacao de saıda do controlador ℒ1 adaptativo (CAO; HOVAKIMYAN,
2009). A inclusao do controlador adaptativo permite fornecer garantias de robustez e
rejeicao de disturbios para o sistema em operacao. No contexto de controladores ℒ1 adap-
tativos, a definicao do controlador se da a partir do projeto do filtro passa-baixa presente
na estrutura. O procedimento realizado em (MICHINI; HOW, 2009) para a sıntese do
filtro passa-baixa utiliza de tecnicas heurısticas de otimizacao nao-linear. Desta forma,
reconheceu-se a possibilidade de aplicacao de condicoes LMIs no projeto de sıntese do
Capıtulo 1. Introducao 16
filtro, tendo sido esse o principal objetivo desta frente de trabalho, na qual considerou-se
a implementacao do controlador no quadricoptero como uma perspectiva para trabalhos
futuros.
Inicialmente, considerou-se o projeto do filtro passa-baixa presente na arquite-
tura ℒ1 adaptativa com realimentacao de estados. Embora seja um problema mais simples
do que aquele abordado em (MICHINI; HOW, 2009), a compreensao dos parametros fun-
damentais do controlador adaptativo, bem como do projeto do filtro, permite que o caso de
realimentacao de saıda, e sua aplicacao ao quadricoptero, seja desenvolvido em trabalhos
futuros. As condicoes LMIs desenvolvidas para o projeto do filtro consideram uma faixa
de operacao do parametro adaptativo, resultando em um filtro que assegura os limitantes
de desempenho previstos pela teoria do controlador adaptativo (HOVAKIMYAN; CAO,
2010). Ainda, as condicoes propostas fornecem resultados menos conservadores quando
comparadas com metodos presentes na literatura que utilizam uma abordagem similar.
Alem do desenvolvimento das tecnicas de controle, realizou-se a construcao de
um simulador computacional contemplando a modelagem dinamica do veıculo levando
em conta a particularizacao para sua geometria e a dinamica simplificada dos atuadores
rotacionais. Desta forma, os controladores foram validados considerando um modelo mais
completo e, por consequencia, mais fiel ao comportamento fısico real do quadricoptero.
1.3 Organizacao e Notacao
Esta dissertacao esta organizada em tres capıtulos, sendo estes apresentados
de maneira sintetizada na sequencia: O Capıtulo 2 apresenta os resultados do projeto
de um controlador utilizando a abordagem quasi -LPV para o controle de atitude do
quadricoptero. O controlador foi validado utilizando um simulador baseado na modelagem
dinamica do veıculo por meio do metodo de Euler-Lagrange; O Capıtulo 3 desenvolve os
resultados referentes ao projeto de controladores adaptativos ℒ1 utilizando LMIs para a
sıntese do filtro passa-baixa presente na estrutura de controle; O Capıtulo 4 apresenta as
conclusoes finais da dissertacao e perspectivas de trabalhos futuros.
Notacao: Letras maiusculas referem-se a matrizes, enquanto que letras minus-
culas em negrito representam vetores e letras minusculas representam quaternios; 𝑋 < 0(ou 𝑋 > 0) indica que a matriz 𝑋 e definida negativa (ou definida positiva); 𝑋𝑇 indica
a transposta da matriz 𝑋 e 𝐻𝑒(𝑋) representa uma notacao compacta para 𝑋 + 𝑋𝑇 ; a
matriz identidade de dimensao apropriada e representada por I e ⋆ indica blocos simetri-
cos em matrizes definidas por blocos; diag(𝑋1, 𝑋2) representa uma matriz bloco-diagonal
com elementos 𝑋1 e 𝑋2 na diagonal principal;
17
2 Controle de Orientacao de Quadricopteros
2.1 Apresentacao
O quadricoptero pertence a uma classe mais geral de veıculos aereos suba-
tuados demoninada multirrotor, consistindo de quatro rotores coplanares independentes
instalados em uma estrutura rıgida (MAHONY et al., 2012). Cada rotor promove uma
forca normal de empurrao na direcao positiva do eixo 𝑧, sendo esta modelada usualmente
como sendo proporcional ao quadrado da velocidade rotorica desenvolvida. O controle de
posicao e orientacao do veıculo e realizado a partir da aplicacao de diferentes velocida-
des rotoricas a cada par de rotores. A Figura 1 apresenta um esquema conceitual desta
estrutura. O rotor 𝑖 gira em sentido horario para 𝑖 par, e anti-horario para 𝑖 ımpar. Essa
diferenca no sentido da rotacao produz um desbalanceamento nos torques aplicados ao
corpo, sugerindo que a orientacao do veıculo pode ser alterada a partir da manipulacao
destas quantidades. A posicao no eixo 𝑧 e controlada utilizando o empuxo coletivo devido
a rotacao dos quatro propulsores e o voo planado e caracterizado pelo momento em que
os quatro propulsores estao alinhados com o vetor gravitacional e produzindo, cada um,
um empuxo de 𝑚𝑔/4. A posicao no eixo 𝑥− 𝑦, por sua vez, pode ser controlada a partir
da variacao dos tres angulos de Euler do veıculo.
Figura 1 – Esquema geral do quadricoptero (retirado de (MAHONY et al., 2012).
Este capıtulo apresenta o projeto de um controlador com dependencia poli-
nomial nos parametros para a orientacao do quadricoptero, considerando a modelagem
cinematica utilizando os parametros de Cayley-Rodrigues. Inicialmente, deriva-se as re-
lacoes cinematicas de movimento do corpo rıgido no R3, seguido da construcao de um
conjunto de equacoes diferenciais nao-lineares da dinamica do veıculo. Finalmente, o con-
trolador polinomial e proposto em termos de condicoes LMIs dependente de parametros,
sendo o decaimento mınimo da funcao de Lyapunov a metrica de desempenho escolhida.
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 18
2.2 Modelagem Matematica
Esta secao apresenta a modelagem matematica dos aspectos dinamicos e ci-
nematicos do quadricoptero. Inicialmente, apresenta-se a obtencao da equacao diferencial
que rege o comportamento cinematico do corpo rıgido em movimento em tres dimensoes,
seguido do desenvolvimento das equacoes dinamicas obtidas por meio do formalismo de
Euler-Lagrange.
2.2.1 Orientacao e Cinematica
Um dos aspectos mais importantes concernente a modelagem do veıculo con-
siste no estudo de sua orientacao e de seu comportamento cinematico no espaco. Com esse
proposito, esta secao aborda o tratamento da orientacao de um corpo rıgido movendo-se
no espaco em relacao a um referencial inercial. Para tanto, considere inicialmente os
referenciais 𝐴 e 𝐵 apresentados na Figura 2, sendo estes parametrizados pelas bases orto-
normais {a1, a2, a3} e {b1,b2,b3}, respectivamente. O referencial 𝐴 denota um sistema
de coordenadas fixo enquanto que o referencial 𝐵 possui orientacao variavel ao longo do
tempo.
CB/A
A
B
a1
a2
3a
F2
F1
F3
F4
b1
b3
b2mg
Figura 2 – Referencial inercial 𝐴 e referencial movel 𝐵 .
A descricao de vetores expressos no referencial 𝐵 na base 𝐴 trata-se de uma
operacao fundamental no estabelecimento das relacoes cinematicas do movimento entre os
dois referenciais. Esta relacao pode ser encontrada em termos de transformacoes lineares
que relacionam os vetores expressos em cada base. Considerando o exemplo da Figura 2,
a transformacao e dada pelo operador 𝐶𝐵/𝐴, ou seja, um operador linear que relaciona ve-
tores nos dois referenciais. A notacao 𝐶 para representar a transformacao que descreve os
vetores de 𝐴 na base 𝐵 e 𝐶𝑇 para a relacao contraria e utilizada por questao de brevidade.
Desta forma, considerando que o referencial 𝐵 move-se no espaco, pode-se quantificar por
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 19
meio da informacao encapsulada nestas transformacoes lineares a evolucao da orienta-
cao do corpo rıgido ao longo do tempo. Diversas formas de representar a orientacao de
um corpo podem ser encontradas na literatura, sendo as mais populares as parametriza-
coes utilizando angulos de Euler, Matrizes de Direcao dos Cossenos (DCM ) e quaternios
(FRESK; NIKOLAKOPOULOS, 2013). Como descrito em (DIEBEL, 2006), cada para-
metrizacao possui suas particularidades e vantagens, sendo os aspectos mais relevantes a
complexidade computacional de implementacao e a existencia de singularidades, ou seja,
existencia de inconsistencias na representacao de certas orientacoes.
A utilizacao de angulos de Euler para representar a orientacao do veıculo requer
tres parametros, nomeadamente os angulos de rolagem, arfagem e guinada e representa
uma forma intuitiva baseada em rotacoes sucessivas do referencial 𝐵 em relacao ao referen-
cial 𝐴. Devido a sua formulacao direta, este tipo de representacao encontra aplicacao em
inumeros problemas de modelagem de sistemas mecanicos. No entanto, a implementacao
computacional envolve o computo de funcoes trigonometricas, tornando a implementacao
pratica um desafio devido a complexidade computacional do tratamento de tais funcoes,
sobretudo quando o sistema considerado possui capacidade computacional reduzida ou a
escala de tempo de atuacao do controlador e pequena. Alem disso, a existencia de singu-
laridades no espaco de parametros limita o envelope de operacao do sistema (DIEBEL,
2006).
A parametrizacao utilizando a Matriz de Direcao dos Cossenos e uma ma-
neira mais direta de expressar a orientacao do corpo rıgido, pois consiste, conforme (WIE,
1998), da projecao de cada vetor da base 𝐵 na base 𝐴. Embora seja de utilidade con-
ceitual, cada base considerada deve ser ortonormal, de modo que a obtencao deste tipo
de garantia quando se considera a implementacao pratica perfaz um desafio, tornando a
implementacao complexa.
Finalmente, a representacao por quaternios sobressai-se das demais por nao
possuir singularidades no espaco de parametros, envolver somente o calculo de expressoes
polinomiais e possuir uma interpretacao geometrica direta. Diferentemente dos angulos
de Euler, a definicao da orientacao do veıculo em termos de quaternios realiza-se por
meio de quatro parametros. A principal restricao imposta neste tipo de representacao
e a de que, para representar uma orientacao, o quaternio deve possuir norma unitaria
(DIEBEL, 2006). Esta restricao e comumente utilizada como forma de verificar a acuracia
da estimativa da orientacao em sistemas de controle de aeronaves (WIE, 1998), sendo
usualmente relaxada na concepcao de controladores de orientacao (LIM, 2001).
Frente a estas consideracoes, optou-se pela utilizacao de quaternios na mode-
lagem cinematica e dinamica do quadricoptero neste trabalho. A proxima subsecao trata
da obtencao das equacoes cinematicas do movimento do referencial 𝐵 em relacao ao refe-
rencial inercial 𝐴. Para maiores detalhes sobre o desenvolvimento das equacoes e sobre a
matematica dos quaternios, o leitor e referenciado a (WIE, 1998).
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 20
2.2.2 Equacao Cinematica
Para a obtencao das relacoes cinematicas do movimento tridimensional do
corpo rıgido, faz-se necessario o conhecimento da velocidade angular do corpo. Como
descrito em (MORIN, 2008), o movimento rotacional realiza-se em torno do vetor de
velocidade angular, sendo este perpendicular ao movimento de rotacao em cada instante
de tempo. Desta forma, considera-se que o referencial 𝐵 realiza um movimento de rotacao
em relacao ao referencial inercial 𝐴 com vetor de velocidade angular Ω associado expresso
na base vetorial {b1,b2,b3} como segue:
Ω𝐵 = Ω1b1 + Ω2b2 + Ω3b3.
Como visto anteriormente, um vetor b expresso no referencial 𝐵 relaciona-se ao referencial
𝐴 pela transformacao
a = 𝐶𝑇 b. (2.1)
Derivando a equacao (2.1) em relacao ao tempo e observando que todo vetor expresso no
referencial inercial 𝐴 possui velocidade nula, obtem-se⎡⎢⎢⎢⎣000
⎤⎥⎥⎥⎦ = ��𝑇 b + 𝐶𝑇 b.
Usando a hipotese de que o referencial 𝐵 rotaciona-se em relacao ao referencial 𝐴 com
velocidade angular Ω𝐵, pode-se escrever
��𝑇 b + 𝐶𝑇 Ω×b = 0, (2.2)
com Ω× definido por
Ω× =
⎡⎢⎢⎢⎣0 −Ω3 Ω2
Ω3 0 −Ω1
−Ω2 Ω1 0
⎤⎥⎥⎥⎦ . (2.3)
Desta forma, considerando que o vetor b e nao-nulo, verifica-se que a equacao (2.2) e
atendida se, e somente se, as seguintes igualdades sao verificadas
��𝑇 = 𝐶𝑇 Ω×,
�� = −Ω×𝐶. (2.4)
As equacoes em (2.4) estabelecem a relacao entre a velocidade angular e a variacao da
orientacao do referencial𝐵 ao longo do tempo. Observa-se que, para Ω conhecido para todo
o tempo, pode-se integrar a equacao (2.4) para obter a orientacao 𝐶 do corpo rıgido. Alem
disso, como descrito em (WIE, 1998), pode-se verificar que, partindo de uma condicao
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 21
inicial 𝐶(0) representando uma orientacao valida, as trajetorias que solucionam a equacao
diferencial (2.4) sempre representarao uma orientacao valida. Desta forma, a utilizacao
da equacao cinematica permite a analise da evolucao da orientacao do corpo rıgido ao
longo do tempo. No entanto, em termos praticos, deve-se considerar que erros numericos
na integracao da equacao (2.4) podem degradar a representacao da orientacao. Alem
disso, faz-se necessaria a utilizacao de um metodo eficaz de estimativa da velocidade
angular Ω a partir das medidas provenientes dos sensores instalados no veıculo. Assim, a
equacao cinematica e utilizada geralmente como restricao para a modelagem dinamica do
movimento, sendo a estimativa de orientacao realizada por tecnicas mais robustas, como
por exemplo, por meio de filtros complementares (MAHONY et al., 2008) ou filtros de
Kalman (LEFFERTS et al., 1982).
Reciprocamente, o vetor de velocidade angular Ω pode ser expresso em termos
da matriz 𝐶 e de sua derivada. Esta relacao permite obter o vetor Ω a partir do conheci-
mento da evolucao da orientacao do corpo rıgido ao longo do tempo. Para tanto, observe
que a matriz anti-simetrica Ω× ∈ R3 e parametrizada por {Ω1, Ω2, Ω3}. A matriz 𝐶,
por sua vez, e parametrizada por 9 parametros 𝐶 = [𝐶]𝑖,𝑗, (𝑖, 𝑗) = (1, . . . , 3)× (1, . . . , 3).Assim, para cada parametro de Ω existem duas equacoes descritoras, de modo que se pode
escrever o seguinte resultado (WIE, 1998) para os parametros {Ω1, Ω2, Ω3}
Ω× = − ��𝐶𝑇 ,
Ω1 = ��21𝐶31 + ��22𝐶32 + ��23𝐶33,
Ω2 = ��31𝐶11 + ��32𝐶12 + ��33𝐶13, (2.5)
Ω3 = ��11𝐶21 + ��12𝐶22 + ��13𝐶23.
Desta forma, pode-se particularizar as consideracoes realizadas ate o momento
para a representacao da orientacao utilizando quaternios. Inicialmente, introduz-se o con-
ceito dos quaternios e as operacoes pertinentes ao computo da orientacao. Quaternios
sao numeros hipercomplexos de dimensao 4 divididos em uma componente real e ou-
tras tres componentes chamadas imaginarias. Assim, seja o quaternio 𝑞 representado por
𝑞 =[q 𝑞4
]𝑇, sendo que q =
[𝑞1 𝑞2 𝑞3
]𝑇e a parte imaginaria e 𝑞4 a parte real e o qua-
ternio 𝑝 =[p 𝑝4
]𝑇. As operacoes usuais utilizando quaternios sao definidas da seguinte
maneira :
∙ Adicao:
𝑞 + 𝑝 =[q + p 𝑞4 + 𝑝4
]𝑇.
∙ Multiplicacao:
𝑞 ⊗ 𝑝 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑞4 −𝑞1 −𝑞2 −𝑞3
𝑞1 𝑞4 −𝑞3 −𝑞2
𝑞2 𝑞3 𝑞4 −𝑞1
𝑞3 −𝑞2 𝑞1 𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑝1
𝑝2
𝑝3
𝑝4
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ .
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 22
∙ Conjugado:
Conj(𝑞) = 𝑞⋆ =[−q 𝑞4
]𝑇.
∙ Norma:
||𝑞|| =√
q𝑇 q + 𝑞24.
Se adotarmos a estrutura particular do quaternio 𝑞 dada pela seguinte expressao (FRESK;
NIKOLAKOPOULOS, 2013)
𝑞1 = 𝑢1 · sin(𝜃/2),
𝑞2 = 𝑢2 · sin(𝜃/2), (2.6)
𝑞3 = 𝑢3 · sin(𝜃/2),
𝑞4 = cos(𝜃/2),
em que u =[𝑢1 𝑢2 𝑢3
]𝑇representa o vetor unitario na direcao do eixo de rotacao do
corpo rıgido e 𝜃 o angulo da rotacao, pode-se verificar que a norma ||𝑞|| e unitaria. Alem
disso, o quaternio 𝑞 representa uma rotacao de um angulo 𝜃 ao longo do eixo u.
A multiplicacao de dois quaternios representa a rotacao resultante da aplicacao
de cada rotacao de maneira individual ao corpo rıgido. Note que a operacao de multipli-
cacao nao e comutativa, de onde pode-se concluir que a aplicacao de rotacoes sucessivas
deve ser ordenada para que a rotacao equivalente obtida por meio da multiplicacao dos
quaternios seja consistente. Alem disso, como decorrencia direta da propriedade de rota-
cao, verifica-se que a operacao 𝑞⊗ 𝑝⋆ fornece a diferenca entre as rotacoes de 𝑞 e 𝑝, sendo
util na derivacao de uma metrica de erro para o sistema de controle. Em outras palavras,
pode-se definir um quaternio de erro
𝑞𝑒𝑟𝑟 = 𝑞 ⊗ 𝑞⋆𝑟𝑒𝑓 ,
no qual se deseja como objetivo de controle que 𝑞𝑒𝑟𝑟 convirja para a origem, neste caso
representada pela atitude de voo planado, 𝑞𝑒𝑟𝑟 =[0 0 0 1
]𝑇, que, por sua vez, significa
que o sistema encontra-se na orientacao 𝑞𝑟𝑒𝑓 .
Consideremos novamente a situacao mostrada na Figura 2. A transformacao
𝐶𝐵/𝐴 que relaciona os vetores expressos na base 𝐴 aos vetores expressos na base 𝐵, ou
seja
b = 𝐶𝐵/𝐴a,
pode ser expressa em termos da parametrizacao de quaternios pela seguinte matriz de
transformacao (WIE, 1998)
𝐶𝐵/𝐴 =
⎡⎢⎢⎢⎣1− 2(𝑞2
2 + 𝑞23) 2(𝑞1𝑞2 + 𝑞3𝑞4) 2(𝑞1𝑞3 − 𝑞2𝑞4)
2(𝑞2𝑞1 − 𝑞3𝑞4) 1− 2(𝑞21 + 𝑞2
3) 2(𝑞2𝑞3 + 𝑞1𝑞4)2(𝑞3𝑞1 + 𝑞2𝑞4) 2(𝑞3𝑞2 − 𝑞1𝑞4) 1− 2(𝑞2
1 + 𝑞22)
⎤⎥⎥⎥⎦ . (2.7)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 23
De maneira compacta, a equacao (2.7) pode ser escrita como
𝐶𝐵/𝐴 = (𝑞24 − qTq)I + 2qTq − 2𝑞4𝑄
× (2.8)
com 𝑄× sendo a matriz anti-simetrica
𝑄× =
⎡⎢⎢⎢⎣0 −𝑞3 𝑞2
𝑞3 0 −𝑞1
−𝑞2 𝑞1 0
⎤⎥⎥⎥⎦ .Com respeito a matriz 𝐶𝐵/𝐴 pode-se tecer algumas observacoes. Inicialmente,
devido a restricao de norma do quaternio, esta se trata de uma matriz ortogonal, de onde
se conclui que (𝐶𝐵/𝐴)−1 = 𝐶𝐴/𝐵 = (𝐶𝐵/𝐴)𝑇 . Alem disso, | det(𝐶𝐴/𝐵)| = 1. As notacoes
simplificadas 𝐶, para representar a matriz 𝐶𝐵/𝐴, e 𝐶𝑇 , para representar a matriz 𝐶𝐴/𝐵,
sao utilizadas no decorrer deste texto. A proxima secao aborda a obtencao das equacoes
dinamicas de movimento para o quadricoptero fazendo uso da restricao cinematica (2.4)
particularizada para a representacao da orientacao por meio de quaternios.
2.2.3 Dinamica Lagrangeana
Esta secao apresenta o desenvolvimento das equacoes dinamicas do veıculo
utilizando a representacao de quaternios. Neste contexto, deseja-se obter um conjunto
de equacoes diferenciais nao-lineares capazes de relacionar os estados do sistema com
as entradas representadas pelas velocidades rotoricas impostas aos quatro atuadores. Os
estados considerados consistem das tres posicoes e as quatro variaveis do quaternio de
orientacao 𝜈 =[𝑥 𝑦 𝑧 𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4
]𝑇. A abordagem escolhida baseia-se na utiliza-
cao do formalismo de Euler-Lagrange para a obtencao das equacoes de movimento. Esta
abordagem considera o sistema mecanico sob o ponto de vista de sua energia total, sendo
as equacoes obtidas por meio da aplicacao do princıpio de acao mınima na equacao de
energia (funcao Lagrangeana) (MORIN, 2008). A referencia (KATAGIRI, 2016) realiza
um desenvolvimento similar ao realizado neste secao.
A formulacao de um modelo dinamico obtido em funcao da energia do sistema
mecanico permite a concepcao de um modelo mais preciso para a representacao das forcas
atuantes no veıculo, ao preco de um esforco computacional elevado para a resolucao do
sistema. Alem disso, como sera observado posteriormente, a modelagem permite a inclusao
de diferentes efeitos aerodinamicos, sendo os mais comuns o empuxo lateral e vertical
(MAHONY et al., 2012). Como descrito em (MORIN, 2008), inicialmente define-se a
funcao Lagrangeana como segue
𝐿 = 𝑇 − 𝑉. (2.9)
Neste contexto, 𝑇 representa a energia cinetica total do sistema, enquanto que 𝑉 repre-
senta a sua energia potencial. A obtencao das equacoes de movimento segue a partir da
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 24
aplicacao da condicao de otimalidade da equacao de Euler-Lagrange. O quadricoptero
trata-se de um sistema mecanico dissipativo, sendo que a energia total do sistema nao se
conserva. Alem disso, as variaveis de estado representativas do quaternio de orientacao 𝑞
nao possuem interpretacao fısica direta. Neste cenario, faz-se necessaria a consideracao da
condicao de otimalidade com forcas e coordenadas generalizadas (ver (MORIN, 2008)),
que permite o tratamento destas particularidades do sistema.
A energia cinetica total pode ser dividida em duas parcelas: uma parcela re-
ferente ao movimento translacional e outra referente ao movimento rotacional. Assim,
definindo os vetores p =[𝑥 𝑦 𝑧
]𝑇∈ R3 e w =
[Ω1 Ω2 Ω3
]𝑇∈ R3, pode-se escrever
𝑇 =𝑇𝑟𝑜𝑡 + 𝑇𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠,
𝑇𝑟𝑜𝑡 =12w𝑇𝐽w, (2.10)
𝑇𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 =𝑚2 v𝑇 v,
com 𝐽 = diag (𝐽𝑥𝑥, 𝐽𝑦𝑦, 𝐽𝑧𝑧) representando a matriz diagonal de inercia do veıculo.
A energia potencial, por sua vez, e obtida de maneira trivial como sendo 𝑉 =−𝑚𝑔𝑧 . A equacao Lagrangeana em sua forma completa e dada por
𝐿 = 𝑚
2 v𝑇 v + 12w𝑇𝐽w−𝑚𝑔𝑧. (2.11)
A equacao (2.5) permite relacionar a velocidade angular do corpo rıgido com a matriz de
orientacao 𝐶. Desta forma, considerando a representacao particular de 𝐶 em funcao do
quaternio 𝑞 (Eq. (2.7)) pode-se estabelecer, conforme descrito em (WIE, 1998), a seguinte
relacao entre a velocidade angular e o quaternio de orientacao 𝑞
Ω1 = 2(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2 − 𝑞4𝑞1),
Ω2 = 2(𝑞2𝑞4 + 𝑞3𝑞1 − 𝑞1𝑞3 − 𝑞4𝑞2), (2.12)
Ω3 = 2(𝑞3𝑞4 + 𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 − 𝑞4𝑞3).
Descrevendo a equacao (2.11) explicitamente em funcao do quaternio 𝑞 obtem-
se
𝐿 = 𝑚
2(��2 + ��2 + ��2
)−𝑚𝑔𝑧 + 2
[𝐽𝑥𝑥(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2 − 𝑞4𝑞1)2
+𝐽𝑦𝑦(𝑞2𝑞4 + 𝑞3𝑞1 − 𝑞1𝑞3 − 𝑞4𝑞2)2 + 𝐽𝑧𝑧(𝑞3𝑞4 + 𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 − 𝑞4𝑞3)2], (2.13)
sendo esta a forma final da funcao Lagrangeana utilizada na modelagem do quadricoptero.
A condicao de Euler-Lagrange considerando coordenadas e forcas generalizadas pode ser
escrita como sendo
𝑑
𝑑𝑡
(𝜕𝐿
𝜕𝑞𝑖
)− 𝜕𝐿
𝜕𝑞𝑖
= 𝑄𝑞𝑖, (2.14)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 25
sendo 𝑞𝑖 a i-esima coordenada generalizada e𝑄𝑞𝑖a forca virtual nao-conservativa associada
a i-esima coordenada generalizada. A definicao das forcas nao-conservativas atuantes no
sistema e dada por (MORIN, 2008)
𝑄𝑞𝑖=∑
𝑗
𝐹𝑗 ·(𝜕rj
𝜕𝑞𝑖
), (2.15)
sendo que 𝐹𝑗 e 𝑟𝑗 representam a j-esima forca aplicada e a coordenada do ponto de apli-
cacao da forca, respectivamente. Para o caso especıfico do quadricoptero, as coordenadas
de aplicacao das forcas podem ser descritas por meio das expressoes
r1 = 𝑥 · a1 + 𝑦 · a2 + 𝑧 · a3 + 𝑙 · b1,
r2 = 𝑥 · a1 + 𝑦 · a2 + 𝑧 · a3 + 𝑙 · b2,
r3 = 𝑥 · a1 + 𝑦 · a2 + 𝑧 · a3 − 𝑙 · b1, (2.16)
r4 = 𝑥 · a1 + 𝑦 · a2 + 𝑧 · a3 − 𝑙 · b2.
No contexto das forcas atuantes, considera-se que cada propulsor exerce forcas
no sentido normal e coplanar ao ponto de aplicacao, sendo estas forcas proporcionais ao
quadrado da velocidade rotorica desenvolvida por cada rotor, podendo ser expressas como
segue
𝐹1 = 𝑘𝜔21 · b3 + 𝑏𝜔2
1 · b2,
𝐹2 = 𝑘𝜔22 · b3 + 𝑏𝜔2
2 · b1,
𝐹3 = 𝑘𝜔23 · b3 − 𝑏𝜔2
3 · b2, (2.17)
𝐹4 = 𝑘𝜔24 · b3 − 𝑏𝜔2
4 · b1,
sendo que 𝜔𝑖 representa a velocidade rotorica desenvolvida pelo i-esimo atuador e 𝑘 e 𝑏
sao as constantes de empuxo vertical e lateral, respectivamente, sendo estes parametros
intrınsecos ao propulsor empregado.
2.2.4 Equacoes de Movimento
A obtencao das equacoes de movimento para a dinamica do veıculo segue da
aplicacao da condicao descrita na equacao (2.14) considerando a funcao Lagrangeana
(2.13) para cada coordenada. O computo das forcas generalizadas, tal qual descrito pela
equacao (2.15), e realizado para cada grau de liberdade. Desta forma, obtem-se as seguintes
relacoes para cada grau de liberdade do sistema
∙ Coordenada 𝑥:
𝑚�� = 𝑄𝑥. (2.18)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 26
∙ Coordenada 𝑦:
𝑚𝑦 = 𝑄𝑦. (2.19)
∙ Coordenada 𝑧:
𝑚𝑧 = 𝑄𝑧 −𝑚𝑔. (2.20)
∙ Coordenada 𝑞1:
4𝐽𝑥𝑥
[− 𝑞4(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2 − 𝑞4𝑞1)− (𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2)𝑞4 − (𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2
−𝑞4𝑞1)𝑞4
]+ 4𝐽𝑦𝑦
[− 𝑞3(𝑞1𝑞3 − 𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)− (𝑞1𝑞3 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)𝑞3
−(𝑞1𝑞3 − 𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)𝑞3
]+ 4𝐽𝑧𝑧
[− 𝑞2(𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)
−(𝑞1𝑞2 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)𝑞2 − (𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)𝑞2
]= 𝑄𝑞1 . (2.21)
∙ Coordenada 𝑞2:
4𝐽𝑥𝑥
[− 𝑞3(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2 − 𝑞4𝑞1)− (𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞4𝑞1)𝑞3 − (𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2
−𝑞4𝑞1)𝑞3
]+ 4𝐽𝑦𝑦
[𝑞4(𝑞1𝑞3 − 𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)− 𝑞4(𝑞3𝑞1 − 𝑞1𝑞3 + 𝑞2𝑞4) + 𝑞4(𝑞1𝑞3
−𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)]
+ 4𝐽𝑧𝑧
[𝑞1(𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)− (𝑞2𝑞1 − 𝑞3𝑞4 + 𝑞4𝑞3)𝑞1
+(𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)𝑞1
]= 𝑄𝑞2 . (2.22)
∙ Coordenada 𝑞3:
4𝐽𝑥𝑥
[𝑞2(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2 − 𝑞4𝑞1)− 𝑞2(𝑞3𝑞2 − 𝑞1𝑞4 + 𝑞4𝑞1) + 𝑞2(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2
−𝑞4𝑞1)]
+ 4𝐽𝑦𝑦
[𝑞1(𝑞1𝑞3 − 𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)− (𝑞3𝑞1 + 𝑞2𝑞4 − 𝑞4𝑞2)𝑞1 + (𝑞1𝑞3
−𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)𝑞1
]+ 4𝐽𝑧𝑧
[− 𝑞4(𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)− (𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1
+𝑞3𝑞4)𝑞4 − (𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)𝑞4
]= 𝑄𝑞3 . (2.23)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 27
∙ Coordenada 𝑞4:
4𝐽𝑥𝑥
[𝑞1(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2 − 𝑞4𝑞1)− 𝑞1(𝑞3𝑞2 − 𝑞2𝑞3 + 𝑞4𝑞1) + 𝑞1(𝑞1𝑞4 + 𝑞2𝑞3 − 𝑞3𝑞2
−𝑞4𝑞1)]
+ 4𝐽𝑦𝑦
[− 𝑞2(𝑞1𝑞3 − 𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)− (𝑞1𝑞3 − 𝑞3𝑞1 + 𝑞4𝑞2)𝑞2 − (𝑞1𝑞3
−𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4 + 𝑞4𝑞2)𝑞2
]+ 4𝐽𝑧𝑧
[𝑞3(𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)− 𝑞3(𝑞2𝑞1 − 𝑞1𝑞2
+𝑞4𝑞3) + 𝑞3(𝑞1𝑞2 − 𝑞2𝑞1 + 𝑞3𝑞4 − 𝑞4𝑞3)]
= 𝑄𝑞4 . (2.24)
Note que, a partir das equacoes de movimento para cada estado, pode-se construir um
sistema de equacoes diferenciais de ordem dois que, por sua vez, pode ser resolvido com-
putacionalmente. Aplicando as expressoes para as forcas atuantes, equacao (2.17), bem
como as equacoes referentes ao ponto de aplicacao das forcas, equacao (2.16), na equacao
(2.15) para cada coordenada, obtem-se as respectivas equacoes das forcas generalizadas
atuantes sobre o corpo:
∙ Coordenada 𝑥:
𝑄𝑥 = 2𝑘(𝜔21 + 𝜔2
2 + 𝜔23 + 𝜔2
4)(𝑞2𝑞4 + 𝑞1𝑞3)
+𝑏(𝜔22 − 𝜔2
4)(1− 2(𝑞22 + 𝑞2
3))
+2𝑏(𝜔21 − 𝜔2
3)(𝑞1𝑞2 − 𝑞3𝑞4). (2.25)
∙ Coordenada 𝑦:
𝑄𝑦 = 2𝑘(𝜔21 + 𝜔2
2 + 𝜔23 + 𝜔2
4)(𝑞3𝑞2 − 𝑞1𝑞4)
+2𝑏(𝜔22 − 𝜔2
4)(𝑞3𝑞4 + 𝑞1𝑞2)+
𝑏(𝜔21 − 𝜔2
3)(1− 2(𝑞21 + 𝑞2
3)). (2.26)
∙ Coordenada 𝑧:
𝑄𝑧 = 𝑘(𝜔21 + 𝜔2
2 + 𝜔23 + 𝜔2
4)(1− 2(𝑞21 + 𝑞2
2))
+2𝑏(𝜔22 − 𝜔2
4)(𝑞3𝑞1 − 𝑞2𝑞4)
+2𝑏(𝜔21 − 𝜔2
3)(𝑞1𝑞4 + 𝑞3𝑞2). (2.27)
As expressoes das forcas generalizadas para os estados 𝑞1, 𝑞2, 𝑞3 e 𝑞4 envolvem a
transformacao de vetores para o referencial inercial e, por questao de compactacao
da notacao, sao apresentadas em sua formulacao matricial. Definindo os vetores
auxiliares
f𝐵1 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝑏(−𝜔2
1 − 𝜔23)
𝑏(𝜔21 + 𝜔2
3)𝑘(𝜔2
1 − 𝜔23)
⎤⎥⎥⎥⎦ , f𝐵2 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝑏(𝜔2
2 + 𝜔24)
𝑏(𝜔22 + 𝜔2
4)𝑘(𝜔2
2 − 𝜔24)
⎤⎥⎥⎥⎦ , (2.28)
obtem-se para cada coordenada:
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 28
∙ Coordenada 𝑞1:
𝑄𝑞1 = 𝑙
((𝐶𝑇 f𝐵
1
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣0
2𝑞2
2𝑞3
⎤⎥⎥⎥⎦+(𝐶𝑇 f𝐵
2
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣2𝑞2
−4𝑞1
2𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎦). (2.29)
∙ Coordenada 𝑞2:
𝑄𝑞2 = 𝑙
((𝐶𝑇 f𝐵
1
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣−4𝑞2
2𝑞1
−2𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎦+(𝐶𝑇 f𝐵
2
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣2𝑞1
02𝑞3
⎤⎥⎥⎥⎦). (2.30)
∙ Coordenada 𝑞3:
𝑄𝑞3 = 𝑙
((𝐶𝑇 f𝐵
1
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣−4𝑞3
2𝑞4
2𝑞1
⎤⎥⎥⎥⎦+(𝐶𝑇 f𝐵
2
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣−2𝑞4
−4𝑞3
2𝑞2
⎤⎥⎥⎥⎦). (2.31)
∙ Coordenada 𝑞4:
𝑄𝑞4 = 𝑙
((𝐶𝑇 f𝐵
1
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣0
2𝑞3
−2𝑞2
⎤⎥⎥⎥⎦+(𝐶𝑇 f𝐵
2
)𝑇·
⎡⎢⎢⎢⎣−2𝑞3
02𝑞1
⎤⎥⎥⎥⎦). (2.32)
As equacoes dinamicas (2.18)-(2.24), associadas com as respectivas forcas ge-
neralizadas dadas pelas equacoes (2.25)-(2.32), fornecem um modelo de segunda ordem
que rege a dinamica de movimento linear e rotacional do veıculo. No contexto deste traba-
lho, o modelo dinamico completo e empregado na construcao de um simulador, conforme
descrito na proxima secao. Deve-se destacar que as forcas atuantes no veıculo, nomeada-
mente as forcas relacionadas a cada um dos propulsores, foram consideradas como sendo
proporcionais ao quadrado da velocidade rotorica de cada rotor. Embora seja uma con-
sideracao valida para uma faixa limitada de operacao, pode-se incluir outros efeitos de
natureza aerodinamica, resultando em um sistema de maior complexidade computacional.
2.3 Simulacao Computacional
O desenvolvimento de um simulador baseado na dinamica nao-linear do veıculo
permite uma maior compreensao das caracterısticas e dos principais desafios do projeto
de controle deste tipo de aeronave. Alem disso, a utilizacao de um simulador permite a
rapida prototipacao de controladores e de estrategias de estimacao de estados.
Seguindo estas premissas, construiu-se um simulador considerando a dinamica
nao-linear desenvolvida na secao anterior. De maneira conceitual, podemos estruturar o
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 29
software criado por meio da ilustracao apresentada na Figura 3. De maneira sintetica, o
funcionamento do simulador compreende a resolucao do sistema de equacoes diferenciais
nao-lineares de segunda ordem (representado pelo bloco “Planta nao-linear”) a partir das
entradas e dos estados no instante atual de simulacao. As entradas sao as velocidades
rotoricas aplicadas aos motores instalados no veıculo. Em um cenario mais realista, a di-
namica do controle de velocidade dos motores deve ser considerada, visto que a velocidade
comandada pelo sistema de controle nao pode ser instantaneamente desenvolvida pelo mo-
tor devido a sua propria dinamica. No entanto, para propositos de validacao do controle
de orientacao, desconsiderou-se esta dinamica, assumindo que a velocidade comandada e
instantaneamente refletida na velocidade dos motores.
A estrutura de controle apresentada segue as linhas gerais de (ALEXIS et al.,
2011), na qual estrutura-se o controlador do quadricoptero em funcao de dois subsiste-
mas com dinamicas desacopladas, sendo o primeiro, em mais baixo nıvel, caracterizado
pelo controle de atitude do veıculo e o segundo responsavel pelo controle de posicao. O
simulador conta com a implementacao somente do controle de atitude, sendo o controle
de posicao topico para desenvolvimentos futuros.
Estrategia deControle
...
...
sacirotoRsedadicoleVoluclaC
raenil-oanatnalP
τxτyτz
ω1
ω2
ω3
ω4
Ref.
Controle de Atitude:
Estados
o:acisoPedelortnoC
Figura 3 – Estrutura conceitual do simulador desenvolvido.
A estrategia de controle baseia-se no calculo dos torques que devem ser aplica-
dos ao corpo rıgido para que um determinado objetivo seja atingido. Considerando o caso
do controle de orientacao, o principal objetivo e o rastreamento de referencias de atitude
para um determinado envelope de voo. A definicao deste envelope esta intimamente relaci-
onada com a complexidade do controlador empregado, levando em consideracao aspectos
como realimentacao dos estados, linearizacao, ordem do controlador, etc. De maneira ge-
ral, controladores mais complexos tendem a prover uma regiao de operacao mais ampla.
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 30
2.4 Projeto do Controlador
Como visto na Secao 2.1, o veıculo quadricoptero e subatuado, possuindo qua-
tro entradas disponıveis para controle. Desta forma, o projeto de controle apresenta-se
como um desafio teorico e pratico. O objetivo principal desta secao e a concepcao de um
controlador LPV capaz de estabilizar o veıculo em uma orientacao especıfica, em geral
com um desempenho superior a controladores robustos (que nao dependem dos parame-
tros). Particularmente, interessa-se pela orientacao de voo planado, na qual as velocidades
rotoricas dos motores sao iguais e compensam o peso do proprio veıculo. O projeto do con-
trolador e realizado em funcao da utilizacao da teoria de Lyapunov para sistemas lineares
com parametros variantes no tempo (MOHAMMADPOUR; SCHERER, 2012; APKA-
RIAN; GAHINET, 1995; APKARIAN; ADAMS, 1998). As condicoes para a sıntese do
controlador sao expressas em termos de LMIs dependente de parametros, sendo estas re-
solvidas computacionalmente por algoritmos eficientes utilizando as chamadas ”relaxacoes
LMIs”, que podem ser obtidas a partir da imposicao de estruturas polinomiais para as
variaveis de decisao do problema.
A utilizacao de tecnicas de controle LPV para o controle de sistemas nao-
lineares constitui uma maneira generalista e elegante de tratamento e vem sendo exten-
sivamente utilizada em aplicacoes de controle, nas quais o desempenho de controladores
convencionais (em geral robustos) nao e satisfatorio. A principal caracterıstica que permite
o uso desta abordagem em sistemas nao-lineares e o fato de as nao-linearidades presentes
na planta serem modeladas como parametros independentes (dos estados), assumindo-se
que estes se encontram confinados em um certo conjunto convexo. Desta forma, tecnicas
consagradas de analise e sıntese de sistemas lineares podem ser empregadas no projeto
do controlador. Nao obstante, o emprego de tecnicas LPV perfaz uma metodologia sis-
tematica de sıntese, diferentemente do projeto de controladores nao-lineares, que requer
um procedimento orientado ao problema especıfico em consideracao. No entanto, espera-
se resultados mais conservadores do controlador projetado para o modelo linear quando
comparado com tecnicas nao-lineares adotadas especificamente para o projeto de controle
de orientacao do quadricoptero.
Esta secao apresenta a derivacao de um modelo nao-linear afim capaz de re-
presentar a dinamica rotacional do veıculo para manobras de grande variacao angular.
A representacao da orientacao utilizada na sıntese do controlador e a dos parametros de
Cayley-Rodrigues (TSIOTRAS, 1996). Esta representacao relaciona-se diretamente com a
formulacao utilizando quaternios e possui algumas vantagens que sao exploradas durante
o processo de sıntese.
No decorrer do desenvolvimento, apresenta-se as equacoes dinamicas utilizadas
na sıntese do controlador, bem como observacoes sobre a particularidade de cada repre-
sentacao. Por fim, a tecnica de sıntese do controlador para o sistema LPV e os resultados
de simulacao sao apresentados e discutidos. Assume-se que as velocidades angulares e o
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 31
quaternio de orientacao da aeronave sao parametros lidos em tempo real e disponıveis
para o calculo do controlador.
2.4.1 Dinamica Simplificada do Sistema
Inumeros trabalhos na literatura abordam o controle da orientacao de veıculos
aereos utilizando a representacao de quaternios. Dentre estes, destacam-se os trabalhos
de Hall et al. (2010), Wie et al. (1989) e Lim (2001). Recentemente, os trabalhos de
Kehlenbeck (2014) e Fresk e Nikolakopoulos (2013) abordam o caso especıfico do controle
de quadricopteros utilizando quaternios. No entanto, abordagens que considerem o projeto
do controlador de orientacao por meio de procedimentos de sıntese utilizando tecnicas
de projeto baseadas em LMIs nao foram exploradas para o caso particular do veıculo
quadricoptero. O trabalho de Lim (2001) realiza a sıntese de um controlador LPV para
a dinamica dos quaternios de maneira similar a desenvolvida neste trabalho. A descricao
do sistema nao-linear segue a partir da definicao de um quaternio de erro associado a um
quaternio de referencia 𝑞𝑟𝑒𝑓 , sendo esta a referencia para a qual deseja-se que o sistema
convirja. Desta forma, o quaternio de erro pode ser obtido por
𝑞𝑒𝑟𝑟 = 𝑞𝑟𝑒𝑓 ⊗ 𝑞*. (2.33)
Sendo o quaternio de erro dado por 𝑞𝑒𝑟𝑟 =[𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4
]𝑇, pretende-se en-
contrar uma representacao em espaco de estados para a dinamica do quaternio 𝑞𝑒𝑟𝑟. Para
tanto, considere a equacao (2.12) e a restricao de norma do quaternio
𝑞21 + 𝑞2
2 + 𝑞23 + 𝑞2
4 = 1. (2.34)
Derivando esta igualdade em relacao ao tempo obtem-se
0 = 2(𝑞1𝑞1 + 𝑞2𝑞2 + 𝑞3𝑞3 + 𝑞4𝑞4).
Incluindo a informacao da equacao (2.12) resulta em⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣Ω1
Ω2
Ω3
0
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ = 2
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑞4 𝑞3 −𝑞2 −𝑞1
−𝑞3 𝑞4 𝑞1 −𝑞2
𝑞2 −𝑞1 𝑞4 −𝑞3
𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑞1
𝑞2
𝑞3
𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ . (2.35)
Considerando-se a restricao de norma, pode-se concluir que a matriz apresentada na equa-
cao (2.35) e ortogonal, portanto sua inversa e igual a sua transposta. Desta forma,⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑞1
𝑞2
𝑞3
𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ = 12
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑞4 −𝑞3 𝑞2 𝑞1
𝑞3 𝑞4 −𝑞1 𝑞2
−𝑞2 𝑞1 𝑞4 𝑞3
−𝑞1 −𝑞2 −𝑞3 𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣Ω1
Ω2
Ω3
0
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ . (2.36)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 32
A equacao (2.36) pode ser escrita de maneira compacta como sendo
q =12𝑄
×Ω + 12𝑞4IΩ, (2.37)
𝑞4 =− 12q𝑇 Ω,
com q =[𝑞1 𝑞2 𝑞3
]𝑇.
Considerando 𝑞𝑟𝑒𝑓 =[0 0 0 1
]𝑇, verifica-se que, em uma situacao de voo
planado, 𝑞1 = 𝑞2 = 𝑞3 ≈ 0 e a parte real do quaternio 𝑞𝑒𝑟𝑟 converge para +1 ou −1, com
o sinal indicando a direcao da rotacao (WIE et al., 1989).
A dinamica angular do veıculo pode ser descrita por meio da equacao de Euler
como sendo
𝐽Ω + Ω×𝐽Ω = u, (2.38)
com 𝑢 representando a entrada de controle, isto e, a relacao de torque dos quatro propul-
sores instalados no veıculo com relacao as forcas geradas. Se considerarmos a relacao de
como as forcas foram definidas na modelagem utilizando o formalismo Lagrangeano, pode-
mos concluir as seguintes relacoes entre os torques comandados e as velocidades rotoricas
dos quatro propulsores
u =
⎡⎢⎢⎢⎣𝜏𝑥
𝜏𝑦
𝜏𝑧
⎤⎥⎥⎥⎦ =
⎡⎢⎢⎢⎣𝑙𝑘(𝜔2
2 − 𝜔24)
𝑙𝑘(𝜔21 − 𝜔2
3)𝑙𝑏(𝜔2
1 − 𝜔22 + 𝜔2
3 − 𝜔24)
⎤⎥⎥⎥⎦ . (2.39)
Para a realizacao do controle do quadricoptero, necessita-se converter os tor-
ques atuantes no corpo nas quatro velocidades dos propulsores. O sistema de equacoes
(2.39) relaciona as quatro velocidades rotoricas com os tres torques atuantes. Desta forma,
nao e possıvel encontrar uma solucao para a relacao desejada. Para contornar este pro-
blema introduz-se a equacao do impulso vertical coletivo
𝑈 = 𝑘(𝜔21 + 𝜔2
2 + 𝜔23 + 𝜔2
4).
Definindo as variaveis auxiliares 𝑇𝑥 = 𝜏𝑥/𝑙𝑘, 𝑇𝑦 = 𝜏𝑦/𝑙𝑘, 𝑇𝑧 = 𝜏𝑧/𝑙𝑏 e 𝑈𝑇 = 𝑈/𝑘
pode-se reescrever o sistema de equacoes como sendo⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑇𝑥
𝑇𝑦
𝑇𝑧
𝑈𝑇
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣0 1 0 −11 0 −1 01 −1 1 −11 1 1 1
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝜔2
1
𝜔22
𝜔23
𝜔24
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ , (2.40)
resultando na seguinte solucao para as velocidades rotoricas⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝜔2
1
𝜔22
𝜔23
𝜔24
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ = 14
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣0 2 1 12 0 −1 10 −2 1 1−2 0 −1 1
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣𝑇𝑥
𝑇𝑦
𝑇𝑧
𝑈𝑇
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦ . (2.41)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 33
𝜔1 =12√
2𝑇𝑦 + 𝑇𝑧 + 𝑈𝑇 , > 0,
𝜔2 =12
√2𝑇𝑥 − 𝑇𝑧 + 𝑈𝑇 , > 0,
𝜔3 =12√−2𝑇𝑦 + 𝑇𝑧 + 𝑈𝑇 , > 0,
𝜔4 =12
√−2𝑇𝑥 − 𝑇𝑧 + 𝑈𝑇 , > 0.
As equacoes (2.37) e (2.38) constituem um sistema dinamico que pode ser
escrito na forma de um sistema de dimensao sete no espaco de estados como segue:
x = 𝐴(x)x +𝐵u. (2.42)
com
𝐴(x) =
⎡⎢⎢⎢⎣−𝐽−1Ω×𝐽 0 0
12𝑄
×I + 12𝑞4I 0 0
−12q𝑇 0 0
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐵 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝐽−1
00
⎤⎥⎥⎥⎦ , 𝑥 =
⎡⎢⎢⎢⎣Ωq𝑞4
⎤⎥⎥⎥⎦ . (2.43)
A equacao dinamica dada em (2.42) representa um sistema nao-linear afim com
parametros variantes no tempo. A estrategia de controle utilizando a abordagem LPV con-
siste na transformacao dos estados presentes na matriz dinamica em parametros variantes
no tempo limitados e desacoplados dos estados. O emprego desta consideracao aumenta
o conservadorismo do controlador projetado, visto que este nao leva em consideracao a
relacao direta entre os parametros e os estados do sistema. Os parametros variantes sao
limitados em dois sentidos: o quaternio de erro 𝑞 possui a restricao de norma ||𝑞||2 = 1para que este represente uma rotacao; a velocidade angular do corpo rıgido usualmente
limita-se pela capacidade de leitura dos sensores presentes em uma unidade inercial movel
(LIM, 2001).
Desta forma, e possıvel construir um sistema linear afim com parametros va-
riantes no tempo a partir dos limites de operacao do sistema. No entanto, o projeto de
um controlador utilizando as tecnicas LPV para o sistema (2.42) nao pode ser realizado
devido a algumas caracterısticas do sistema. Inicialmente, a restricao de norma nao pode
ser introduzida na formulacao do problema devido a sua caracterıstica nao linear. Em
contrapartida, a referencia (LIM, 2001) sugere a relaxacao de tal restricao assumindo-
se que os parametros do quaternio 𝑞 encontram-se em um hipercubo unitario. Note que
tal relaxacao torna o problema demasiadamente conservador, pois a grande maioria dos
estados considerados validos no projeto nao atendem a restricao de norma, sendo ina-
tingıveis do ponto de vista da operacao do veıculo. Alem disso, existem parametros na
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 34
regiao considerada valida que resultam em um par (𝐴,𝐵) nao-controlavel (por exemplo
𝑞 =[0 0 0 0
]𝑇). Com intuito de mitigar este problema, o trabalho de (LIM, 2001)
propoe o projeto de um controlador auxiliar, baseado na parametrizacao 𝑄.
Um outro ponto a ser considerado e a necessidade de tratar um sistema com
sete parametros variantes no tempo. A construcao de LMIs para tratar um problema desta
magnitude pode demandar um alto esforco computacional. Tendo em vista os problemas
apresentados e baseando-se no trabalho de (HUGHES; WU, 2008), optou-se por utilizar
a representacao de Cayley-Rodrigues para a orientacao do veıculo. Os resultados deste
capıtulo diferem do desenvolvimento de (HUGHES; WU, 2008) por considerar o projeto
do controlador utilizando aproximacoes polinomiais (relaxacoes) aplicadas ao conjunto de
LMIs dependente de parametros que surgem na formulacao do problema. Em (HUGHES;
WU, 2008), as LMIs do projeto do controlador sao construıdas a partir da amostragem
de um numero finito de pontos interiores a regiao de operacao. Esta abordagem nao so
aumenta a complexidade computacional do problema como nao fornece garantia teorica,
por exemplo de estabilidade, para os demais pontos no espaco de parametros. Alem disso,
o numero de termos utilizados no controlador esta diretamente associado ao numero de
pontos amostrados.
Como discutido em (TSIOTRAS, 1996), a definicao da orientacao usando o
quaternio 𝑞 e redundante, pois se utiliza quatro parametros para descrever tres graus de
liberdade. Ainda, a formulacao dada em (2.6) garante que a restricao de norma (2.34) e
atendida, sendo sempre possıvel renormalizar o quaternio obtido. Desta forma, a orienta-
cao do corpo rıgido pode ser definida em termos dos tres parametros de Cayley-Rodrigues,
nomeadamente p =[𝑝1 𝑝2 𝑝3
]𝑇, como segue
𝑝1 = 𝑞1
𝑞4,
𝑝2 = 𝑞2
𝑞4,
𝑝3 = 𝑞3
𝑞4, (2.44)
sendo os tres parametros relacionados pela restricao
𝑝21 + 𝑝2
2 + 𝑝23 = 1
𝑞24− 1
e a faixa de rotacoes validas limitada por um angulo maximo de Φ = 𝜋. A dinamica de 𝑝
pode ser escrita, conforme (TSIOTRAS, 1996), como sendo
p = 12(I− 𝑃× + pp𝑇 )Ω
= 12
⎡⎢⎢⎢⎣1 + 𝑝2
1 𝑝3 + 𝑝1𝑝2 −𝑝2 + 𝑝1𝑝3
−𝑝3 + 𝑝1𝑝2 1 + 𝑝22 𝑝1 + 𝑝2𝑝3
𝑝2 + 𝑝1𝑝3 −𝑝1 + 𝑝2𝑝3 1 + 𝑝23
⎤⎥⎥⎥⎦⎡⎢⎢⎢⎣Ω1
Ω2
Ω3
⎤⎥⎥⎥⎦ , (2.45)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 35
resultando no seguinte sistema em espaco de estados (considerando a dinamica de Ω dada
pela equacao (2.38)):
x = 𝐴(x)x +𝐵u (2.46)
com
𝐴(x) =⎡⎣ −𝐽−1Ω×𝐽 0 0
12(I− 𝑃× + pp𝑇 ) 0 0
⎤⎦ ,
𝐵 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝐽−1
00
⎤⎥⎥⎥⎦ , 𝑥 =⎡⎣Ω
p
⎤⎦ . (2.47)
Nota-se que, para um valor fixo dos parametros do sistema (2.47), o par (𝐴,𝐵) e sempre
controlavel, sendo portanto adequada a aplicacao de tecnicas de controle LPV para o
projeto do controlador. A linearizacao do sistema (2.47) parte da consideracao de que
os estados {Ω1, Ω2, Ω3, 𝑝1, 𝑝2, 𝑝3} da matriz dinamica 𝐴(x) representam parametros
variantes no tempo, para os quais nao se assume nenhuma relacao com o estado original.
Desta forma, pode-se construir um sistema linear variante no tempo com dependencia
polinomial nos parametros atribuindo a cada estado um parametro 𝜃 = {𝜃1, 𝜃2, 𝜃3} como
segue:
x = 𝐴(𝜃)x +𝐵u (2.48)
com
𝐴(𝜃) = 12
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
0 −2(𝐽22𝜃6)/𝐽11 2(𝐽33𝜃5)/𝐽11 0 0 02(𝐽11𝜃6)/𝐽22 0 −2(𝐽33𝜃4)/𝐽22 0 0 0−2(𝐽11𝜃5)/𝐽33 2(𝐽22𝜃4)/𝐽33 0 0 0 0
(1 + 𝜃21) (𝜃1𝜃2 + 𝜃3) (𝜃1𝜃3 − 𝜃2) 0 0 0
(𝜃1𝜃2 − 𝜃3) (1 + 𝜃22) (𝜃2𝜃3 + 𝜃1) 0 0 0
(𝜃1𝜃3 + 𝜃2) (𝜃2𝜃3 − 𝜃1) (1 + 𝜃23) 0 0 0
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦. (2.49)
Note que matriz 𝐴(𝜃) possui seis parametros variantes no tempo. Com o intuito de reduzir
o esforco computacional necessario para a sıntese do controlador, (HUGHES; WU, 2008)
propoe o cancelamento do termo giroscopico (−𝐽−1Ω×𝐽) por meio da lei de controle.
Considerando a lei de controle
u = Ω×𝐽 +𝐾(𝜃)x, (2.50)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 36
observa-se um cancelamento exato do termo giroscopico, resultando em uma matriz dina-
mica equivalente do sistema a ser controlado dada por
𝐴(𝜃) = 12
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
0 0 0 0 0 00 0 0 0 0 00 0 0 0 0 0
(1 + 𝜃21) (𝜃1𝜃2 + 𝜃3) (𝜃1𝜃3 − 𝜃2) 0 0 0
(𝜃1𝜃2 − 𝜃3) (1 + 𝜃22) (𝜃2𝜃3 + 𝜃1) 0 0 0
(𝜃1𝜃3 + 𝜃2) (𝜃2𝜃3 − 𝜃1) (1 + 𝜃23) 0 0 0
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦. (2.51)
A matriz 𝐴(𝜃) pode ser reescrita em funcao dos seus monomios como sendo
𝐴(𝜃) = 𝐴000 + 𝜃21𝐴200 + 𝜃2
2𝐴020 + 𝜃23𝐴002 + 𝜃1𝜃2𝐴110
+ 𝜃1𝜃3𝐴101 + 𝜃2𝜃3𝐴011 + 𝜃1𝐴100 + 𝜃2𝐴010 + 𝜃3𝐴001. (2.52)
Note que, com a introducao do termo nao-linear na lei de controle (2.50), reduz-se o nu-
mero de parametros variantes no sistema de seis para tres. Esta reducao torna o conjunto
de LMIs necessarias para o projeto do controlador menos complexo. As tecnicas de con-
trole LPV sao aplicadas considerando o sistema dinamico (2.48) com a matriz dinamica
modificada (2.51).
2.4.2 Projeto de Controladores quasi -LPV
O projeto de controladores utilizando tecnicas LPV considera que o sistema a
ser controlado possui dependencia linear nos parametros. No contexto deste trabalho, a
utilizacao do termo LPV perfaz um abuso de notacao, pois tanto o sistema (2.51) quanto
o controlador projetado sao polinomiais nos parametros. Ainda, modelos LPV em que
os parametros variantes no tempo sao definidos pelos proprios estados do sistema sao
comumente referidos na literatura como sistemas quasi -LPV (ROTONDO et al., 2015).
No entanto, deve-se destacar que as tecnicas de projeto LPV podem ser utilizadas para o
tratamento de sistemas polinomiais em que os estados sao considerados como parametros
variantes. Em uma ultima instancia, a estabilidade e o desempenho dos controladores
projetados devem ser validados em termos de simulacoes. Assim, seja o sistema dinamico
x = 𝐴(𝜃)x +𝐵u, (2.53)
com 𝐴(𝜃) ∈ R𝑛×𝑛 sendo uma matriz polinomial nos parametros 𝜃 = {𝜃1, 𝜃2, . . . , 𝜃𝑛}de grau 𝑟, 𝐵 ∈ R𝑛×𝑚 a matriz de entrada do sistema e u ∈ R𝑚 a entrada de controle.
Assumindo que os parametros 𝜃𝑖 estao limitados na forma
𝜃𝑖𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝜃𝑖 ≤ 𝜃𝑖𝑚𝑎𝑥,
e possıvel construir um conjunto compacto na forma de um hipercubo Θ combinando-se
os valores extremos (maximos e mınimos) de 𝜃𝑖. Deseja-se projetar um controlador poli-
nomial 𝐾(𝜃) de grau generico capaz de estabilizar o sistema robustamente considerando a
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 37
realimentacao completa dos estados. Em outras palavras, deseja-se projetar 𝐾(𝜃) tal que
a matriz dinamica do sistema em malha fechada (𝐴(𝜃) + 𝐵𝐾(𝜃)) seja assintoticamente
estavel para todo 𝜃 ∈ Θ e para variacoes arbitrarias de 𝜃 ao longo do tempo. Alem disso,
considera-se a inclusao da imposicao de um limitante inferior a taxa de decaimento ma-
xima da funcao de Lyapunov como metrica de desempenho. Como descrito em (BOYD et
al., 1994), a taxa de decaimento do sistema pode ser caracterizada como sendo o maior
valor constante 𝛼 tal que
lim𝑡→∞
𝑒𝛼𝑡||x(𝑡)|| = 0
verifica-se para toda a trajetoria x(𝑡) solucao do sistema dinamico (2.53). O seguinte lema
considera a obtencao de um limitante inferior para a taxa de decaimento 𝛼 do sistema
dinamico
x = 𝐴x. (2.54)
Lema 2.1. (BOYD et al., 1994) Seja 𝑉 (x) = x𝑇𝑃x uma funcao de Lyapunov quadratica
e um escalar 𝛼 ∈ R+. Se �� (x) ≤ −2𝛼𝑉 (x), entao a taxa de decaimento do sistema (2.54)
e de pelo menos 𝛼. Alem disso, a restricao �� (x) ≤ −2𝛼𝑉 (x) e equivalente a existencia de
uma matriz 𝑃 = 𝑃 ′ > 0 tal que a seguinte LMI e verificada
𝐴𝑇𝑃 + 𝑃𝐴+ 2𝛼𝑃 ≤ 0. (2.55)
Demonstracao. Consultar (BOYD et al., 1994)
Usando o resultado do L ema 2.1, pode-se enunciar a seguinte condicao de
sıntese baseada na bem conhecida estabilizabilidade quadratica (BOYD et al., 1994) para
o projeto do controlador estabilizante 𝐾(𝜃) que garante um limitante para a taxa de
decaimento considerando o sistema (2.53)
Teorema 2.1. Se existir um escalar positivo 𝛼 ∈ R, uma matriz simetrica definida posi-
tiva 𝑃 ∈ R𝑛×𝑛 e uma matriz dependente de parametros 𝑍(𝜃) ∈ R𝑚×𝑛, tais que a seguinte
LMI dependente de parametros e verificada
𝐴(𝜃)𝑃 + 𝑃𝐴(𝜃)𝑇 +𝐵𝑍(𝜃) + 𝑍(𝜃)𝑇𝐵𝑇 + 2𝛼𝑃 < 0 (2.56)
para todo 𝜃 ∈ Θ, entao o controlador 𝐾(𝜃) = 𝑍(𝜃)𝑃−1 estabiliza robustamente o sis-
tema (2.53) com taxa de decaimento 𝛼.
Demonstracao. Inicialmente considere o sistema modificado com a realimentacao de es-
tados u = 𝐾(𝜃)x dado por
x = (𝐴(𝜃) + 𝛼I)x +𝐵𝐾(𝜃)x. (2.57)
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 38
Seja a funcao de Lyapunov candidata 𝑉 (x) = x𝑇𝑊x, cuja derivada em relacao ao tempo
resulta em
�� (x) = x𝑇
((𝐴(𝜃) + 𝛼I +𝐵𝐾(𝜃))𝑇𝑊 +𝑊 (𝐴(𝜃)𝛼I +𝐵𝐾(𝜃))
)x.
Uma condicao suficiente para a estabilidade do sistema modificado e que 𝑉 (x) > 0 e
�� (x) < 0 para todas as trajetorias do sistema. Desta forma, faz-se necessario testar a
positividade de 𝑊 e da expressao(𝐴(𝜃) + 𝛼I +𝐵𝐾(𝜃)
)𝑇𝑊 +𝑊
(𝐴(𝜃) + 𝛼I +𝐵𝐾(𝜃)
)< 0.
Aplicando uma transformacao de congruencia utilizando 𝑊−1 e introduzindo
a nova variavel 𝑃 = 𝑊−1 resulta na seguinte desigualdade
𝑃(𝐴(𝜃) + 𝛼 +𝐵𝐾(𝜃)
)𝑇+(𝐴(𝜃) + 𝛼 +𝐵𝐾(𝜃)
)𝑃 < 0
⇒ 𝑃(𝐾(𝜃)𝑇𝐵𝑇 + 𝐴(𝜃)𝑇
)+(𝐴(𝜃) +𝐵𝐾(𝜃)
)𝑃 + 2𝛼𝑃 < 0.
Finalmente, introduzindo a variavel 𝑍(𝜃) = 𝐾(𝜃)𝑃 recupera-se a LMI dependente de
parametros (2.56), com o controlador sendo expresso em termos das variaveis do problema
como 𝐾(𝜃) = 𝑍(𝜃)𝑃−1. Note que a estabilidade do sistema modificado (2.57) implica que
a LMI (2.56) e factıvel e, portanto, a taxa de decaimento e de pelo menos 𝛼.
A verificacao da LMI dependente de parametros (2.56) como enunciada no
Teorema 2.1 consiste de um problema de otimizacao de dimensao infinita, visto que a
desigualdade deve ser verificada para todo 𝜃 ∈ Θ. No entanto, como demonstrado em
(BLIMAN, 2004; BLIMAN et al., 2006), as solucoes do problema, caso existam, sempre
podem ser aproximadas por solucoes polinomiais de graus arbitrarios. Portanto, restringir
a matriz 𝑍(𝜃) como uma matriz polinomial nos parametros nao ocasiona nenhuma perda
de generalidade, pois sempre que a LMI dependente de parametros (2.56) tiver uma so-
lucao, tambem existira uma solucao 𝐾(𝜃) polinomial de grau suficientemente grande (em
princıpio desconhecido). Fixando-se o valor do grau, ainda resta a necessidade de realizar
o teste de negatividade de um polinomio matricial, que pode ser feito por meio das tec-
nicas baseadas no Teorema de Polya, que foram amplamente difundidas na literatura nos
ultimos 15 anos (RAMOS; PERES, 2001; RAMOS; PERES, 2002; OLIVEIRA; PERES,
2007). Explorando algumas propriedades de polinomios com variaveis confinadas em um
hipercubo, e possıvel expressar o teste de negatividade (ou positividade) em termos de
um conjunto finito de LMIs. Nesta dissertacao tal tarefa e realizada com o auxılio do
pacote computacional ROLMIP (Robust LMI Parser) (AGULHARI et al., 2012), que foi
desenvolvido especialmente para este fim.
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 39
2.5 Validacao por Simulacao
Para validar o procedimento de sıntese proposto considerou-se o projeto do con-
trolador de orientacao utilizando o Teorema 2.1 com a lei de controle (2.50) e a dinamica
definida por (2.53) com a matriz do sistema modificada (2.51). A programacao da condicao
de sıntese do controlador foi realizada utilizando o resolvedor de LMIs SeDuMi (STURM,
1999) e os parsers ROLMIP (AGULHARI et al., 2012) e YALMIP (LOFBERG, 2004)
no software MATLAB versao R2014b em um computador com processador modelo Intel
Core i7 e 8GB de memoria RAM. A lei de controle projetada foi testada para diferentes
condicoes iniciais de orientacao considerando o modelo completo da dinamica nao-linear
do quadricoptero obtido por meio da formulacao Lagrangeana (equacoes (2.18)-(2.24)).
Os parametros intrınsecos ao quadricoptero utilizados foram os mesmos de (SANTANA;
BORGES, 2009) e sao apresentados na Tabela 1. O controlador foi sintetizado utilizando
Tabela 1 – Tabela de parametros utilizados na simulacao.
Sımbolo Descricao Valor𝑚 massa 1.5 kg𝑔 gravidade local 9.81 m/s2
𝐽𝑥𝑥 inercia eixo 𝑒1 0.033 kg ·m2
𝐽𝑦𝑦 inercia eixo 𝑒2 0.033 kg ·m2
𝐽𝑧𝑧 inercia eixo 𝑒3 0.066 kg ·m2
𝑙 meia envergadura 0.5 m𝑘 coef. empuxo vertical 2.64× 10−4 N · s2
𝑏 coef. empuxo lateral 7.5× 10−7 N ·m · s2
os parametros de inercia tambem apresentados na Tabela 1. O parametro de taxa de de-
caimento foi definido como 𝛼 = 0.25 e definiu-se a estrutura do controlador como sendo
dependente dos mesmos monomios da matriz dinamica 𝐴(𝜃). Desta forma tem-se
𝐾(𝜃) = 𝐾0 + 𝜃21𝐾1 + 𝜃2
2𝐾2 + 𝜃23𝐾3 + 𝜃1𝜃2𝐾4 + 𝜃1𝜃3𝐾5 + 𝜃2𝜃3𝐾6 + 𝜃1𝐾7 + 𝜃2𝐾8 + 𝜃3𝐾9
com 𝐾𝑖 ∈ R3×6 representando o i-esimo coeficiente do controlador. Na sequencia sao
apresentados os termos do controlador 𝐾(𝜃) (truncado com 4 dıgitos decimais) obtido
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 40
por meio da programacao das condicoes do Teorema 2.1:
𝐾0 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.7970 0.2901 0.1615 −10.2134 2.2617 4.34050.1015 −0.4530 0.2174 2.4424 −4.5131 1.90600.6615 0.1103 −1.1418 8.2688 4.2761 −12.7412
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾1 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.7756 0.2209 0.1051 −9.8339 1.8042 3.79420.1285 −0.0776 −0.0224 1.7725 −0.5509 −0.64350.2452 −0.0809 −0.1155 3.2699 −0.4214 −1.7872
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾2 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.0527 0.0911 −0.0384 −0.7669 0.9531 −0.22090.0093 −0.4368 0.1541 1.4166 −4.2328 1.6469−0.0052 0.1545 −0.1476 −0.4385 1.8117 −1.2555
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾3 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.0865 −0.0044 0.1173 −0.9995 −0.3757 1.4051−0.0404 −0.0322 0.0944 −0.4552 −0.5030 1.05260.4152 0.0192 −1.0921 5.6843 3.4861 −11.5034
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾4 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.6862 0.3183 −0.0466 −9.0831 3.1067 2.0086−0.0763 0.0272 0.4394 −1.3206 −1.1234 4.33490.3694 −0.8840 0.0773 7.1952 −8.1202 −0.1849
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾5 =
⎡⎢⎢⎢⎣0.1408 0.1567 −0.6883 1.6723 3.5150 −6.9862−0.1424 −0.3622 0.2863 −0.7068 −4.0628 3.39441.0144 −0.1828 −0.0020 12.5563 −1.8321 −3.7700
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾6 =
⎡⎢⎢⎢⎣0.0596 0.4820 −0.1064 −0.7931 4.5756 −1.4842−0.5820 0.0666 0.2153 −7.2400 0.0479 4.17500.6338 −0.2293 −0.9840 8.9815 0.9300 −11.3319
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾7 =
⎡⎢⎢⎢⎣0.1426 −0.5642 0.1904 3.3955 −5.6072 1.5333−0.5445 0.2465 0.0412 −7.2509 2.1868 2.32140.2306 0.1095 −0.1049 2.4338 1.2378 −1.9084
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾8 =
⎡⎢⎢⎢⎣0.3990 −0.0238 −0.6801 5.3065 1.8406 −7.79490.0544 −0.0367 0.1001 0.6864 −0.6445 0.7378−1.1978 0.3257 0.3823 −15.4737 1.9483 7.9246
⎤⎥⎥⎥⎦ ,
𝐾9 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.0490 0.0861 0.0787 −0.9255 0.5228 0.86580.2020 0.0905 −0.5225 2.4818 2.3922 −5.6507−0.0593 −0.8064 0.5259 1.5487 −8.7516 5.5465
⎤⎥⎥⎥⎦ .A validacao do controlador foi realizada em termos de alguns testes comparativos com
controladores apresentados na literatura. Inicialmente, considerou-se a comparacao do
rastreamento de uma trajetoria senoidal para os tres angulos de Euler com amplitude
de 0.5 rad (FRESK; NIKOLAKOPOULOS, 2013). O controlador proposto por (FRESK;
NIKOLAKOPOULOS, 2013) consiste da realimentacao do quaternio de orientacao e da
Capıtulo 2. Controle de Orientacao de Quadricopteros 41
velocidade angular em uma estrutura proporcional. Explicitamente, a entrada de controle
e definida como
u = 𝑃𝑞𝑞𝑒𝑟𝑟 + 𝑃𝜔Ω.
O resultado e apresentado na Figura 4. Nota-se que o controlador polinomial
𝐾(𝜃) proporciona um rastreamento satisfatorio da referencia com um pequeno atraso
na fase do sinal. O controlador de (FRESK; NIKOLAKOPOULOS, 2013) apresenta um
maior atraso (≈ 0.5 s) no rastreamento do sinal comandado.
0 5 10 15−1
−0.5
0
0.5
1
0 5 10 15−1
−0.5
0
0.5
1
0 5 10 15−1
−0.5
0
0.5
1
0 5 10 15
0
0.5
1
0 5 10 150
200
400
600
φ
ψ
θ
Tempo (s) Tempo (s)
Tempo (s)
Tempo (s)Tempo (s)
RP
M
QuaternioEsforco de Controle
Angulos de Euler
q4q1q2q3
(θK )
Fresk
Referencia
ω1
ω2
ω3
ω4
Figura 4 – Rastreamento de trajetoria senoidal para os tres angulos de Euler.
Ainda, considerou-se tres cenarios de reorientacao para a situacao de voo pla-
nado, nomeadamente: manobra de reorientacao de grande desvio angular; comparacao de
reorientacao de pequeno desvio angular com o controlador PID; comparacao de reorienta-
cao de medio desvio angular com o controlador nao-linear Backstepping. Os resultados de
orientacao para o controlador PID e Backstepping foram retirados de (SANTANA; BOR-
GES, 2009). Para fornecer uma comparacao direta, converteu-se a orientacao do veıculo
de quaternios para angulos de Euler (angulos 𝜑, 𝜃 e 𝜓), utilizando a sequencia de rotacoes
Z-Y-X, de acordo com a seguinte equacao 2
⎡⎢⎢⎢⎣𝜑
𝜃
𝜓
⎤⎥⎥⎥⎦ =
⎡⎢⎢⎢⎣atan2(2(𝑞0𝑞1 + 𝑞2𝑞3), 𝑞2
0 − 𝑞21 − 𝑞2
2 + 𝑞23)
asin(2(𝑞0𝑞2 − 𝑞3𝑞1))atan2(2(𝑞0𝑞3 + 𝑞1𝑞2), 𝑞2
0 + 𝑞21 − 𝑞2
2 − 𝑞23
⎤⎥⎥⎥⎦ . (2.58)
A Figura 5 apresenta o resultado do controle de reorientacao para um grande desvio an-
gular (≈ 100𝑜). Todos os exemplos foram inicializados com velocidades rotoricas e lineares
nulas. A Figura 6 apresenta a comparacao do controlador LPV com o controlador PID
apresentado em (SANTANA; BORGES, 2009) (identificado como PSGB PID), enquanto
que a Figura 7 mostra comparacao com o controlador nao-linear backstepping (identificado
como PSGB BK .
Considerando a primeira manobra, verifica-se um esforco de controle alto e com
variacoes abruptas no sinal de controle. Uma maneira de reduzir a amplitude do sinal de
controle e a inclusao de restricoes para a norma do controlador 𝐾(𝜃). No entanto, deve-se
atentar que a obtencao de uma dinamica rapida e a reducao na norma do controlador sao
dois objetivos conflitantes. Desta forma, o projeto levando em consideracao este aspecto
deve tambem considerar o compromisso entre desempenho e energia.
Na comparacao com o controlador PID observa-se que o sistema convergiu para
o equilıbrio mais rapido e com menos oscilacoes com o controlador 𝐾(𝜃). O esforco de
controle maximo demandado foi nos rotores 1 e 3, com velocidade rotorica de 900 RPMs.
Considerando a segunda comparacao, verifica-se que o tempo de convergencia
para a origem e bastante similar ao controlador backstepping. No entanto, o controlador
nao-linear apresenta trajetorias mais suaves. Verifica-se um grande aumento no esforco de
controle demandado (rotacao maxima de 200 RPMs).
2.6 Consideracoes Finais
O projeto de um controlador polinomial dependente de parametros com decai-
mento pre-especificado foi proposto como principal contribuicao deste capıtulo. A constru-
cao de um simulador da dinamica completa do veıculo permitiu a validacao da estrategia
de controle considerando a conversao entre os torques comandados pelo controlador e as
velocidades rotoricas impostas aos atuadores. Alem disso, as comparacoes realizadas de-
monstram que o controlador possui bom desempenho para diferentes tipos de manobras.
Potenciais limitacoes da aplicacao deste tipo de estrategia de controle sao a necessidade
do calculo da expressao polinomial envolvendo os parametros lidos e a rapida variacao do
sinal de controle durante a realizacao de manobras de grande desvio angular.
2 A funcao atan2(y,x) e o equivalente a calcular a tangente inversa de y / x, exceto que os sinais deambos os argumentos sao usados para determinar o quadrante do resultado.
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3
−0.5
0
0.5
1
0 0.5 1 1.5 2 2.5 30
1000
2000
3000
Quaternio
Tempo (s)
RPM
Esforco de Controle
ω1
ω2
ω3
ω4
q4q1q2q3
Figura 5 – Reorientacao de grande angulo.
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10−0.2
−0.1
0
0.1
0.2
φψ
θ
PSGB PID
K(θ)
Tempo (s)
Tempo (s)Tempo (s)
Angu
lo(rad/s
)
0 0.5 1 1.5 2−0.2
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
0 0.5 1 1.5 20
300
600
900
RPM
ω1
ω2
ω3
ω4
q4
q1, q2, q3
Quaternio
Angulos de Euler
Esforco de Controle
Figura 6 – Comparacao com o controlador PID (SANTANA; BORGES, 2009).
0 1 2 3 4 5 6 7 8
−0.4
0
0.4
0.8
K(θ)
PSGB BK
Tempo (s)
Angu
lo(rad/s
)
Angulos de Euler
0 1 2 3 4−0.4
0
0.4
0.8
1.2
0 1 2 3 40
500
1000
1500
2000
Tempo (s)Tempo (s)
q4
q1, q2, q3
Quaternio Esforco de Controle
ω1
ω2
ω3
ω4
φψ
θ
Figura 7 – Comparacao com o controlador Backstepping (SANTANA; BORGES, 2009).
3 Projeto de filtros para controladores ℒ1adaptativos usando LMIs
3.1 Introducao
A investigacao de estrategias de controle para o desenvolvimento de controla-
dores adaptativos perfaz um campo de pesquisa rico e ativo durante varios anos, sendo
primariamente orientada a concepcao de tecnicas capazes de tratar o controle de plantas
incertas e a questoes de robustez (ASTROM; WITTENMARK, 1995). Os primeiros de-
senvolvimentos devem-se a criacao de pilotos automaticos de alta capacidade utilizados
em aeronaves (IOANNOU; SUN, 2012). Tal tarefa representa um desafio teorico princi-
palmente devido as caracterısticas nao-lineares da dinamica da aeronave, bem como as
drasticas alteracoes nas condicoes parametricas (altitude, numero de Mach, etc.) obser-
vadas ao longo das missoes.
Em (CAO; HOVAKIMYAN, 2006a), o termo Controle Adaptativo ℒ1 e introdu-
zido para representar uma classe de arquiteturas de controle capazes de tratar de maneira
sistematica problemas bem conhecidos e pertinentes associados a controladores adaptati-
vos, tais como: garantia de desempenho na fase transitoria, instabilidade e robustez com
respeito a rapidas variacoes parametricas da planta. A estrategia apresentada baseia-se
na introducao de um filtro passa-baixa na estrutura do controlador MRAC (do ingles,
Model Reference Adaptive Control). Como afirmado em (CAO; HOVAKIMYAN, 2006a),
a utilizacao deste tipo de controlador permite a consideracao da adaptacao e robustez do
sistema em dois objetivos de controle desacoplados: Por um lado, o atuador deve possuir
capacidade de banda suficiente considerando o sinal filtrado de controle. Por outro lado,
a capacidade computacional disponıvel deve ser suficiente para garantir a utilizacao de
altos ganhos de adaptacao.
O filtro passa baixa deve ser projetado de modo que o ganho pico-a-pico (tam-
bem referido na literatura como ganho ℒ1) (VIDYASAGAR, 1986) do sistema interconec-
tado seja limitado pelo inverso da constante de Lipschitz do vetor de parametros incertos
associado ao controlador. Alem disso, faz-se necessaria a imposicao de ganho DC unita-
rio para a funcao de transferencia do filtro. Esta ultima restricao representa um desafio
quando considera-se o desenvolvimento de um metodo sistematico e generico para o pro-
jeto do filtro. Finalmente, e possıvel incorporar consideracoes sobre a margem de atraso
do sistema de controle como um requisito de projeto, garantindo um procedimento de
sıntese que nao somente satisfaz a restricao de ganho mas tambem estabelece um atraso
maximo para o qual garante-se o comportamento do sistema como previsto em teoria (LI
et al., 2008).
Como proposto em (LI et al., 2008), as restricoes de projeto do filtro passa-
baixa podem ser expressas em termos de LMIs (BOYD et al., 1994). Desta forma, o
problema de sıntese pode ser descrito em termos de um problema de otimizacao convexo,
que por sua vez pode ser eficientemente resolvido utilizando pacotes computacionais co-
nhecidos, como YALMIP (LOFBERG, 2004), SeDuMi (STURM, 1999) e o LMI Control
Toolbox (GAHINET et al., 1995). Apesar do esforco na introducao de novas condicoes
de sıntese, a solucao proposta em (LI et al., 2008) possui como desvantagem restricoes
severas na estrutura das variaveis de decisao, especialmente na matriz de Lyapunov. Estas
restricoes contribuem para o aumento do conservadorismo da condicao, gerando solucoes
factıveis com limitantes irrealistas para o ganho ℒ1, bem como para a margem de atraso
do sistema.
O objetivo deste capıtulo e a proposicao de novas condicoes de sıntese baseadas
em LMIs para o projeto do filtro passa-baixa presente em controladores adaptativos ℒ1,
potencialmente proporcionando resultados menos conservadores quando comparados com
(LI et al., 2008). O primeiro desenvolvimento nesta direcao deve-se a utilizacao de variaveis
de folga para a condicao de sıntese. Como consequencia, a matriz de Lyapunov pode ser
tratada de maneira irrestrita, sem a imposicao de restricoes em sua estrutura. Alem disso,
propoe-se uma nova restricao de estrutura para as variaveis de otimizacao, com vistas a
garantir o ganho DC unitario do filtro. Como uma ultima contribuicao, o tratamento da
margem de atraso apresentado considera condicoes em um framework de programacao
robusta, no qual as solucoes podem ser obtidas por meio de aproximacoes polinomiais
e relaxacoes LMIs, permitindo que o projetista considere o compromisso entre precisao
e esforco computacional. As condicoes de sıntese propostas podem ser utilizadas para
o projeto de um filtro tanto com ganho ℒ1 otimizado e uma margem de atraso pre-
especificada quanto com ganho ℒ1 fixado e margem de atraso maximizada.
Este capıtulo esta organizado da seguinte forma: a Secao 3.2 apresenta uma
introducao ao Controle ℒ1 Adaptativo, bem como dos parametros fundamentais que sao
utilizados no projeto do filtro; a Secao 3.3 trata da otimizacao do ganho ℒ1 para o caso
de sistemas lineares invariantes no tempo (do ingles, Linear Time Invariant — LTI); a
Secao 3.4 discute a estabilidade de sistemas na presenca de atrasos invariantes no tempo;
a Secao 3.5 desenvolve as condicoes propostas para o projeto do filtro passa-baixa; a
Secao 3.6 introduz novas estruturas para as variaveis de decisao capazes de lidar com a
restricao de ganho DC unitario; a Secao 3.8 apresenta exemplos numericos que ilustram
o procedimento proposto e a Secao 3.9 conclui o capıtulo.
3.2 Definicao do Problema
Considere o sistema linear SISO 3
x(𝑡) = 𝐴x(𝑡) + bu(𝑡), (3.1)
𝑦(𝑡) = c𝑇 x(𝑡), x(0) = x0,
em que x ∈ R𝑛×1 e o estado, u ∈ R e a entrada de controle, b ∈ R𝑛×1 e c ∈ R𝑛×1 sao ve-
tores, 𝐴 ∈ R𝑛×𝑛 e uma matriz desconhecida e 𝑦 ∈ R e a saıda do sistema. Adicionalmente,
e considerado que o sistema (3.1) satisfaz a seguinte hipotese:
Hipotese 1 (CAO; HOVAKIMYAN, 2006a): Existe uma matriz Hurwitz 𝐴𝑚 e
um vetor de parametros ideais 𝜃 ∈ R𝑛 pertencente a um conjunto convexo Θ tal que o
par (𝐴𝑚,b) e controlavel e a matriz 𝐴 pode ser decomposta em 𝐴 = 𝐴𝑚 − b𝜃𝑇 .
Considerando a Hipotese 1, o sistema (3.1) pode ser reescrito como
x(𝑡) = 𝐴𝑚x(𝑡) + b(u(𝑡)− 𝜃𝑇 x(𝑡)), (3.2)
𝑦(𝑡) = c𝑇 x(𝑡).
O sistema ideal de referencia utilizado para estabelecer criterios de desempenho
para o controlador ℒ1 adaptativo e definido por
x𝑚(𝑡) = 𝐴𝑚x(𝑡) + b𝑘𝑔𝑟(𝑡), (3.3)
𝑦𝑚(𝑡) = c𝑇 x𝑚(𝑡),
em que 𝑟(𝑡) e o sinal de referencia ao qual deseja-se que o sistema rastreie e 𝑘𝑔 e um ganho
feedforward que garante rastreamento assintotico para sinais comandados do tipo degrau
(CAO; HOVAKIMYAN, 2006a).
Lema 3.1. Seja o sistema de referencia dado pela equacao (3.3), entao o ganho 𝑘𝑔 dado
por 𝑘𝑔 = −1/(c𝑇𝐴−1𝑚 b) garante que a saıda 𝑦𝑚(𝑡) converge assintoticamente para o sinal
𝑟(𝑡).
Demonstracao. A funcao de transferencia 𝑌𝑚(𝑠)/𝑅(𝑠), em que 𝑌𝑚(𝑠) e 𝑅(𝑠) representam
as transformadas de Laplace dos sinais 𝑦𝑚(𝑡) e 𝑟(𝑡), respectivamente, e dada por
𝑌𝑚(𝑠)𝑅(𝑠) = c𝑇𝐻(𝑠)𝑘𝑔𝑅(𝑠) (3.4)
com
𝐻(𝑠) = I(𝑠I− 𝐴𝑚)−1b (3.5)
3 do ingles, Single-Input Single-Output
Desta forma, avaliando o limite fazendo uso do teorema de valor final (ASTROM; WIT-
TENMARK, 1995) obtem-se
lim𝑡→∞
𝑦𝑚(𝑡) = lim𝑠→0
𝑠c𝑇 (𝑠I− 𝐴𝑚)−1b−1
c𝑇𝐴−1𝑚 b
𝑅(𝑠) (3.6)
= lim𝑠→0
𝑠𝑅(𝑠) (3.7)
= lim𝑡→∞
𝑟(𝑡) (3.8)
a partir do qual conclui-se que a saıda 𝑦𝑚(𝑡) rastreia assintoticamente o sinal 𝑟(𝑡).
A estrutura completa do controlador e composta pelo preditor de estados da ar-
quitetura indireta do MRAC, a lei de adaptacao e a entrada de controle (HOVAKIMYAN;
CAO, 2010) como segue: O preditor de estados e dado por
˙x(𝑡) = 𝐴𝑚x(𝑡) + b(u(𝑡)− 𝜃𝑇 (𝑡)x(𝑡)), x0 = x0, (3.9)
𝑦(𝑡) = c𝑇 x(𝑡),
enquanto que a lei de adaptacao e dada por
˙𝜃 = ΓProj(𝜃(𝑡),x(𝑡)(x(𝑡)− x(𝑡))𝑇𝑃b), 𝜃(0) = 𝜃0 (3.10)
sendo que Γ ∈ R𝑛×𝑛 = Γ𝑐I e a matriz dos ganhos de adaptacao e 𝑃 e a matriz solucao
para a equacao de Lyapunov 𝐴𝑇𝑚𝑃 +𝑃𝐴𝑚 = −𝑄, para alguma matriz 𝑄 definida positiva.
O operador de projecao e definido como em (HOVAKIMYAN; CAO, 2010), garantindo
que a estimativa dos parametros incertos permaneca limitada, isto e, 𝜃 ∈ Θ. Alem disso,
a entrada de controle e definida por
𝑈(𝑠) = 𝐶(𝑠)(��(𝑠) + 𝑘𝑔𝑅(𝑠)), (3.11)
sendo que 𝑈(𝑠), ��(𝑠) e 𝑅(𝑠) sao as transformadas de Laplace dos sinais 𝑢(𝑡), 𝑟(𝑡) e 𝑟(𝑡),respectivamente, com 𝑟(𝑡) definido por
𝑟(𝑡) = 𝜃𝑇 x(𝑡). (3.12)
O filtro 𝐶(𝑠) representa uma funcao de transferencia estavel, estritamente pro-
pria e passa-baixa com ganho DC unitario (LI et al., 2008). A estrutura completa do
controlador ℒ1 adaptativo e apresentada na Figura 8, em que ℒ−1(·) representa a trans-
formada inversa de Laplace.
Considerando a estrutura apresentada para o controlador, associada a seguinte
restricao do ganho ℒ1
||𝐻(𝑠)(1− 𝐶(𝑠))||ℒ1 <1
𝜃𝑚𝑎𝑥
, 𝜃𝑚𝑎𝑥 = max𝜃∈Θ
𝑛∑𝑖=1|𝜃𝑖| (3.13)
x(t) = Amx(t) + b(u(t) − θTx(t))
˙x(t) = Amx(t) + +b(u(t) − θT (t)x(t))
˙θ = ΓProj(θ(t)
θ(t), x(t)(x(t) −
−
x(t))TPb)
r(t)e(t)
x(t)
x(t)
u(t)L−1{C(s)}
L−1{R(s) + kgR(s)}
Figura 8 – Arquitetura do controlador adaptativo ℒ1 (modificado de (HOVAKIMYAN;CAO, 2010)).
e possıvel derivar os seguintes limitantes para os estados e sinais de controle do sistema
||x− xref ||ℒ∞ ≤ 𝜆1/√
Γ𝑐, ||u− uref ||ℒ∞ ≤ 𝜆2/√
Γ𝑐, (3.14)
com 𝜆1 e 𝜆2 sendo constantes descritas em funcao do sistema (consultar (CAO; HOVA-
KIMYAN, 2006a) para uma descricao completa) com xref e uref definidos pelo seguinte
sistema de referencia (dado em termos da sua transformada de Laplace):
𝑋𝑟𝑒𝑓 (𝑠) = 𝐻(𝑠)(𝑘𝑔𝐶(𝑠)𝑅(𝑠) + (𝐶(𝑠)− 1)𝜃𝑇𝑋𝑟𝑒𝑓 (𝑠)),
𝑈𝑟𝑒𝑓 (𝑠) = 𝐶(𝑠)(𝑘𝑔𝑅(𝑠) + 𝜃𝑇𝑋𝑟𝑒𝑓 (𝑠)),
𝑌𝑟𝑒𝑓 (𝑠) = 𝑐𝑇𝑋𝑟𝑒𝑓 (𝑠).
Desta forma, pode-se concluir que, sujeitas a restricao de ganho dada pela equa-
cao (3.13) e com um ganho de adaptacao Γ𝑐 suficientemente alto, as normas ||x−xref ||ℒ∞
e ||u − uref ||ℒ∞ podem ser feitas arbitrariamente pequenas, garantindo o rastreamento
das trajetorias do sistema sendo controlado. O filtro 𝐶(𝑠) deve ser escolhido de modo
que a restricao de ganho ℒ1 seja satisfeita. Alem disso, a concepcao de um procedimento
de projeto que forneca limitantes superiores pequenos para o ganho ℒ1 do sistema inter-
conectado 𝐻(𝑠)(1 − 𝐶(𝑠)) permite a consideracao de um intervalo maior de incertezas
(equacao (3.13)).
A referencia (CAO; HOVAKIMYAN, 2006b) estabelece que a margem de
atraso para o controlador adaptativo ℒ1 e limitada inferiormente por
𝜏 ≥ 𝒯 (𝐻𝑜(𝑠)) = 𝒫(𝐻𝑜(𝑠))/𝜔𝑐, (3.15)
em que 𝜔𝑐 e a frequencia de corte da funcao de transferencia 𝐻𝑜(𝑠) e 𝒫(𝐻𝑜(𝑠)) a margem
de fase, sendo 𝐻𝑜(𝑠) (LI et al., 2008) dado por
𝐻𝑜(𝑠) = 𝐶(𝑠)(1 + 𝜃𝑇 ��(𝑠))/(1− 𝐶(𝑠)), (3.16)
��(𝑠) = (𝑠I− 𝐴𝑚 − b𝜃𝑇 )−1b.
O ponto onde o atraso ocorre encontra-se demonstrado na Figura 9. Consi-
derando a definicao da restricao de ganho ℒ1 e a expressao explıcita para a margem de
atraso dada em (3.15), pode-se expressar o procedimento de projeto do filtro 𝐶(𝑠) em
termos de dois problemas distintos. O primeiro considera o projeto de 𝐶(𝑠) de forma que
a norma ℒ1 do sistema em cascata seja minimizada considerando um atraso maximo 𝛿
definido a priori :
+−
1
1 − C(s)
C(s)(1 + θT H(s))
Atraso
L{rb(t)}L{ξ(t)}
Figura 9 – Diagrama de blocos da funcao de transferencia 𝐻𝑜(𝑠) (modificado de (LI et al.,2008)).
Problema 1: Projetar 𝐶(𝑠) minimizando a norma ||𝐻(𝑠)(1 − 𝐶(𝑠))||ℒ1 tal
que 𝐶(𝑠) possua ganho DC unitario (𝐶(0) = 1) e 𝜏 ≥ 𝛿.
De maneira analoga, o segundo problema baseia-se na maximizacao da margem
de atraso considerando um limitante maximo para ganho ℒ1 do sistema.
Problema 2: Projetar 𝐶(𝑠) maximizando a margem de atraso 𝒯 (𝐻𝑜(𝑠)) tal
que 𝐶(𝑠) possua ganho DC unitario (𝐶(0) = 1) e ||𝐻(𝑠)(1− 𝐶(𝑠))||ℒ1 ≤ 𝛾.
O compromisso entre os dois objetivos distintos (minimizacao de ganho e ma-
ximizacao da margem de atraso) pode ser formulado em termos de LMIs (LI et al., 2008),
sendo o objeto de estudo das proximas secoes.
3.3 Computo do Ganho ℒ1 via LMIs
O problema de otimizacao do ganho ℒ1 para sistemas lineares utilizando LMIs
e investigado nas referencias (ABEDOR et al., 1996; SCHERER et al., 1997). Utilizando
a definicao da norma estrela (do ingles star norm ou *-norm) , estes trabalhos propoem
procedimentos numericos que combinam restricoes LMIs com busca escalar para computar
limitantes superiores do ganho ℒ1 de um sistema LTI. Como contribuicao, uma formu-
lacao alternativa que inclui variaveis extras (tambem conhecidas como variaveis de folga
(OLIVEIRA et al., 1999)) e proposta na sequencia. A norma ℒ1, tambem conhecida como
norma induzida ℒ∞, pode ser definida, conforme (ABEDOR et al., 1996), da seguinte
forma
Definicao 3.1. Seja v(𝑡) um vetor de sinais reais v𝑖 : [0 ∞)→ R. A norma ℒ∞ e dada
por
||v||ℒ∞ = sup𝑡≥0
√v(𝑡)𝑇 v(𝑡). (3.17)
Diz-se que o vetor de sinais v(𝑡) pertence ao espaco ℒ∞ se a norma correspondente e
limitada, ou seja, se ||v(𝑡)||ℒ∞ < ∞. Desta forma, a norma induzida ℒ∞ (ganho ℒ1) de
um operador 𝐻 : ℒ∞ → ℒ∞ e definida como sendo
||𝐻||ℒ1 = sup||w||ℒ∞ ≤1
||𝐻w||ℒ∞ . (3.18)
A obtencao do ganho ℒ1 exato para sistemas lineares utilizando a relacao (3.18)
constitui um desafio teorico devido as restricoes do problema. No entanto, pode-se expres-
sar a busca por um limitante superior conservador para o ganho ℒ1 por meio da seguinte
proposicao: considere o seguinte sistema LTI
𝒢 ,
⎧⎨⎩ x(𝑡) = 𝐴x(𝑡) +𝐵v(𝑡),
y(𝑡) = 𝐶x(𝑡),(3.19)
em que x ∈ R𝑛 e o vetor de estados, y ∈ R𝑞 e a saıda do sistema e v ∈ R𝑚 e a entrada.
Note que o sistema (3.19) foi definido em termos de um numero arbitrario de entradas
e saıdas, isto e, um sistema MIMO (do ingles, Multi-Input Multi-Output). Apesar deste
caso mais geral nao ser utilizado no problema sob investigacao, a nova condicao proposta
nesta secao pode ser utilizada em diferentes problemas de controle cuja aplicacao do ganho
ℒ1 pode ser util. O teorema seguinte estabelece condicoes para o computo de um limitante
superior para o ganho ℒ1 do sistema (3.19) em termos de LMIs (SCHERER et al., 1997)
Teorema 3.1. Seja 𝜆 um escalar real positivo. Se existir uma matriz simetrica definida
positiva 𝐾 ∈ R𝑛×𝑛 e escalares reais 𝛾 e 𝜇 resolvendo as seguintes LMIs⎡⎣𝐴𝑇𝐾 +𝐾𝐴+ 𝜆𝐾 𝐾𝐵
⋆ −𝜇I
⎤⎦ < 0 (3.20a)
⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝐾 0 𝐶𝑇
⋆ (𝛾 − 𝜇)I 0⋆ ⋆ 𝛾I
⎤⎥⎥⎥⎦ > 0 (3.20b)
entao o ganho ℒ1 do sistema (3.19) e limitado por ||𝒢||ℒ1 ≤ 𝛾.
Demonstracao. (Adaptada de (BRIAT, 2015)) Considere a funcao de Lyapunov candidata
𝑉 (𝑡) = x(𝑡)𝑇𝐾x(𝑡). Se a LMI (3.20a) for factıvel, entao conclui-se que
�� (𝑡) + 𝜆𝑉 (𝑡)− 𝜇v(𝑡)𝑇 v(𝑡) ≤ 0 (3.21)
pois
�� (𝑡) = x(𝑡)𝑇𝐾x(𝑡) + x(𝑡)𝑇𝐾x(𝑡)
=(𝐴x(𝑡) +𝐵v(𝑡))𝑇𝐾x(𝑡) + x(𝑡)𝑇𝐾(𝐴x(𝑡) +𝐵v(𝑡)) (3.22)
e, portanto,
�� (𝑡) + 𝜆𝑉 (𝑡)− 𝜇v(𝑡)𝑇 v(𝑡) =x(𝑡)𝑇𝐾x(𝑡) + x(𝑡)𝑇𝐾x(𝑡)
=(𝐴x(𝑡) +𝐵v(𝑡))𝑇𝐾x(𝑡) + x(𝑡)𝑇𝐾(𝐴x(𝑡) +𝐵v(𝑡))
+ 𝜆x(𝑡)𝑇𝐾x(𝑡)− 𝜇v(𝑡)𝑇 Iv(𝑡) (3.23)
=[x(𝑡)𝑇 v(𝑡)𝑇
] ⎡⎣𝐴𝑇𝐾 +𝐾𝐴+ 𝜆𝐾 𝐾𝐵
⋆ −𝜇I
⎤⎦ ⎡⎣x(𝑡)v(𝑡)
⎤⎦ .Assumindo que ||v(𝑡)||ℒ∞ ≤ 1 e x(0) = 0, entao
𝑉 (𝑡) ≤ 𝑒−𝜆𝑡𝑉 (0) + 𝜇∫ 𝑡
0𝑒−𝜆(𝑡−𝑠)v(𝑠)𝑇 v(𝑠)𝑑𝑠
= 𝜇∫ 𝑡
0𝑒−𝜆(𝑡−𝑠)v(𝑠)𝑇 v(𝑠)𝑑𝑠
≤ ||v(𝑡)||ℒ∞
∫ 𝑡
0𝑒−𝜆(𝑡−𝑠)𝑑𝑠 (3.24)
= 𝜇𝜆−1(1− 𝑒−𝜆𝑡)||v(𝑡)||ℒ∞
≤ 𝜇𝜆−1.
Por outro lado, a aplicacao do complemento de Schur na desigualdade (3.20b) resulta em
𝛾−1
⎡⎣𝐶𝑇
0
⎤⎦ [𝐶 0]−
⎡⎣𝜆𝑃 00 (𝛾 − 𝜇)I
⎤⎦ ≥ 0, (3.25)
garantindo que
y(𝑡)𝑇 y(𝑡) ≤ 𝛾𝜆x(𝑡)𝑇𝑃x(𝑡) + 𝛾v(𝑡)𝑇 (𝛾 − 𝜇)v(𝑡)
≤ 𝛾𝜇+ 𝛾v(𝑡)𝑇 (𝛾 − 𝜇)v(𝑡) (3.26)
≤ 𝛾2.
Desta forma, pode-se concluir que ||y(𝑡)||ℒ∞||v(𝑡)||ℒ∞
≤ 𝛾, finalizando a prova.
O menor limitante para ||𝒢||ℒ1 pode ser computado minimizando o valor de 𝛾
sujeito as restricoes (3.20) e considerando uma busca no parametro 𝜆. O seguinte corolario
introduz um limitante para o espaco de busca do parametro 𝜆.
Corolario 3.1. Considerando que a matriz 𝐴 e Hurwitz (Hipotese 1), entao o parametro
𝜆 e limitado por 𝜆 ∈ (0,−2𝜆𝑚𝑎𝑥(𝐴)), em que 𝜆𝑚𝑎𝑥(𝐴) representa a maxima parte real dos
autovalores da matriz 𝐴.
Demonstracao. Note que o fato de a LMI (3.20a) ser verificada implica que
(𝐴+ 𝜆
2 I)𝑇𝐾 +𝐾(𝐴+ 𝜆
2 I) < 0, (3.27)
com 𝐾 = 𝐾𝑇 > 0. Desta forma, pode-se concluir que a condicao (3.27) se trata de um
teste para a estabilidade do sistema autonomo
x = (𝐴+ 𝜆
2 I)x (3.28)
e que este e estavel para 𝜆 ∈ (0,−2𝜆𝑚𝑎𝑥(𝐴)) (assumindo que 𝐴 seja estavel).
O proximo teorema apresenta uma nova condicao para a obtencao de um li-
mitante superior do ganho ℒ1, sendo a principal contribuicao desta secao.
Teorema 3.2. Seja 𝜆 ∈ (0,−2𝜆𝑚𝑎𝑥(𝐴)) um escalar real dado. Se existirem matrizes
𝐹,𝐺 ∈ R𝑛×𝑛, 𝐻 ∈ R𝑞×𝑛 e escalares reais 𝜇 e 𝛾 de modo que as seguintes LMIs sao
verificadas ⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 +𝐻𝑒(𝐹𝐴𝑇 ) 𝑃 − 𝐹 + 𝐴𝐺𝑇 𝐵 + 𝐴𝐻𝑇
⋆ −𝐺−𝐺′ −𝐻𝑇
⋆ ⋆ −𝜇I
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0 (3.29a)
⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 0 𝑃𝐶𝑇
⋆ (𝛾 − 𝜇)I 0⋆ ⋆ 𝛾I
⎤⎥⎥⎥⎦ > 0 (3.29b)
entao ||𝒢||ℒ1 ≤ 𝛾.
Demonstracao. Seja 𝑀1 = diag(𝐾−1, I) e 𝑀2 = diag(𝐾−1, I, I). Multiplicando a LMI
(3.20a) por 𝑀𝑇1 a esquerda e por 𝑀1 a direita e aplicando o mesmo procedimento com
respeito a LMI (3.20b) com 𝑀2, obtem-se as desigualdades dadas em (3.30) apos a intro-
ducao de uma nova variavel 𝑃 , 𝐾−1.⎡⎣𝑃𝐴𝑇 + 𝐴𝑃 + 𝜆𝑃 𝐵
⋆ −𝜇I
⎤⎦ < 0 (3.30a)
⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 0 𝑃𝐶𝑇
⋆ (𝛾 − 𝜇)I 0⋆ ⋆ 𝛾I
⎤⎥⎥⎥⎦ > 0 (3.30b)
Note que a desigualdade dada em (3.30a) pode ser escrita na forma
ℬ⊥𝑇𝒬ℬ⊥ < 0 (3.31)
com
ℬ⊥ =
⎡⎢⎢⎢⎣I 0𝐴𝑇 00 I
⎤⎥⎥⎥⎦ , 𝒬 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 𝑃 𝐵
⋆ 0 0⋆ ⋆ −𝜇I
⎤⎥⎥⎥⎦ . (3.32)
Aplicando o Lema de Finsler (de Oliveira; SKELTON, 2001), e possıvel concluir que a
desigualdade dada em (3.31) e equivalente a
𝒬+ 𝒳ℬ + ℬ𝑇𝒳 𝑇 < 0, (3.33)
sendo que ℬ e tal que ℬℬ⊥ = 0. Seja ℬ = [𝐴𝑇 − I 0], 𝒳 = [𝐹 𝑇 𝐺𝑇 𝐻𝑇 ]𝑇 e 𝒬 definida
como em (3.32), entao a desigualdade (3.31) e equivalente a⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 𝑃 𝐵
⋆ 0 0⋆ ⋆ −𝜇I
⎤⎥⎥⎥⎦+𝐻𝑒
(⎡⎢⎢⎢⎣𝐹
𝐺
𝐻
⎤⎥⎥⎥⎦ [𝐴𝑇 −I 0] )
< 0, (3.34)
que e exatamente (3.29a), concluindo a prova.
A vantagem do Teorema 3.2 com respeito ao teorema proposto em (SCHERER
et al., 1997) e que a matriz de Lyapunov aparece linearmente em (3.29a). Esta caracte-
rıstica e particularmente util quando se deriva condicoes de sıntese, nas quais geralmente
faz-se necessaria a imposicao de restricoes de estruturas nas variaveis que multiplicam
as matrizes do sistema (𝐴 e 𝐵). Note que, neste caso, as variaveis 𝐹 , 𝐺 e 𝐻 podem ser
restringidas, enquanto que a matriz de Lyapunov permanece livre. Esta caracterıstica da
condicao pode promover a obtencao de resultados menos conservadores.
Alem disso, a condicao do Teorema 3.2 pode ser programada em termos de
LMIs com uma busca no parametro escalar 𝜆. Para obter o mınimo 𝛾 tal que o limitante
||𝒢||ℒ1 seja o menor possıvel para um 𝜆 fixo, basta considerar a minimizacao da funcao
custo 𝑓(𝛾) = 𝛾 sujeita as restricoes de desigualdade dadas em (3.29).
3.4 Estabilidade Robusta de Sistemas com Atrasos
Considerando a funcao de transferencia de malha aberta 𝐻𝑜(𝑠) dada em (3.16)
e o bloco indicado na Figura 9 onde o atraso ocorre, e possıvel derivar a representacao de
estados dada em (3.35) para o sistema (LI et al., 2008). A Figura 10 apresenta detalhes
da representacao em espaco de estados de cada bloco da funcao de transferencia 𝐻𝑜(𝑠).
x(𝑡) =
⎡⎢⎢⎢⎣𝐴𝑓 +𝐵𝑓𝐶𝑓 −𝐵𝑓𝐶𝑓 0
0 𝐴𝑓 𝐵𝑓𝜃𝑇
0 0 𝐴𝑚 + 𝑏𝜃𝑇
⎤⎥⎥⎥⎦x(𝑡) +
⎡⎢⎢⎢⎣0 0 0
𝐵𝑓𝐶𝑓 −𝐵𝑓𝐶𝑓 0𝑏𝐶𝑓 −𝑏𝐶𝑓 0
⎤⎥⎥⎥⎦x(𝑡− 𝛿), 𝜃 ∈ Θ.
(3.35)
Neste ponto, e importante notar que a matriz dinamica em (3.35) e afetada
pelo vetor de parametros incertos 𝜃 ∈ Θ. Desta forma, uma condicao de estabilidade
para (3.16) deve ser, particularmente, uma condicao de estabilidade robusta. Uma forma
padrao de representar Θ na literatura de controle robusto e por meio de um hipercubo, em
+−rb(t)
+−1
1 − C(s)
C(s)(1 + θT H(s))
AtrasoAtraso
x3 = (Am + bθ)x3 + b
y3 = θx3 + u3
u3x2 = Afx2 + Bfu2
y2
y2
= Cfx2
x1 = (Af + BfCf )x1 + Bfu1u1
y1
y1
= Cfx1 + u1
Figura 10 – Representacao de estados de cada bloco da funcao de transferencia 𝐻𝑜(𝑠).
que cada componente de 𝜃 limita-se na forma 𝜃𝑖𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝜃𝑖 ≤ 𝜃𝑖𝑚𝑎𝑥. Alem disso, combinando
os valores extremos de 𝜃𝑖 (vertices do hipercubo) e possıvel construir um politopo, dando
origem a chamada representacao politopica da incerteza, para a qual existem inumeras
ferramentas de programacao robusta disponıveis na literatura. Buscando este tipo de
representacao, note que a matriz dinamica pode ser escrita na forma
𝐴(𝛼) =𝑁∑
𝑖=1𝛼𝑖𝐴𝑖,
sendo que o vetor 𝛼 =[𝛼1, . . . , 𝛼𝑁
]𝑇pertence ao simplex unitario
Λ ,
{𝜉 ∈ R𝑁 :
𝑁∑𝑖=1
𝜉𝑖 = 1, 𝜉𝑖 ≥ 0, 𝑖 = 1, . . . , 𝑁}
e os vertices 𝐴𝑖 sao obtidos por meio da combinacao dos valores extremos de 𝜃 (total de
2𝑛 combinacoes). Desta forma, considere o seguinte sistema LTI incerto afetado por um
atraso invariante 𝛿
x(𝑡) = 𝐴(𝛼)x(𝑡) + 𝐴𝑑x(𝑡− 𝛿). (3.36)
O proximo teorema estabelece condicoes suficientes (FRIDMAN, 2001) para testar a es-
tabilidade robusta do sistema (3.36) em funcao do maximo atraso admissıvel 𝛿, ∀𝛼 ∈ Λ.
Teorema 3.3. Seja 𝛿 um escalar positivo dado. Se existirem matrizes 𝐹 (𝛼) ∈ R𝑛×𝑛,
𝐺(𝛼) ∈ R𝑛×𝑛, uma matriz simetrica 𝑅(𝛼) ∈ R𝑛×𝑛 e uma matriz simetrica positiva definida
𝑃 (𝛼) ∈ R𝑛×𝑛 tais que a seguinte LMI dependente de parametros e verificada⎡⎢⎢⎢⎣𝐻𝑒
((𝐴𝑇 (𝛼) + 𝐴𝑇
𝑑 )𝐹 (𝛼))
𝑃 (𝛼)− 𝐹 (𝛼)𝑇 + (𝐴𝑇 (𝛼) + 𝐴𝑇𝑑𝐺(𝛼)) 𝛿𝐹 𝑇 (𝛼)𝐴𝑑
⋆ −𝐻𝑒(𝐺(𝛼)) + 𝛿𝑅(𝛼) 𝛿𝐺𝑇 (𝛼)𝐴𝑑
⋆ ⋆ −𝛿𝑅(𝛼)
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0,
(3.37)
entao o sistema (3.36) e assintoticamente estavel admitindo um maximo atraso invariante
no tempo menor ou igual a 𝛿, ∀𝛼 ∈ Λ.
Demonstracao. A prova do teorema pode ser encontrada em (FRIDMAN, 2001), sendo
esta omitida por brevidade.
Note que a condicao LMI dependente de parametros apresentada no Teo-
rema 3.3 introduz duas novas variaveis dependentes de parametros, 𝐹 (𝛼) e 𝐺(𝛼). Como
demonstrado em (FRIDMAN, 2001), a presenca de tais variaveis reduz o conservadorismo
com respeito a estimativa do atraso maximo admissıvel quando comparado com outras
condicoes na literatura. Alem disso, como apresentado na proxima secao, a sıntese do
filtro pode ser expressa em termos destas variaveis adicionais, sem a necessidade de im-
posicao de estrutura na matriz de Lyapunov 𝑃 (𝛼). Como comentario final, note que as
LMIs dependentes de parametros do Teorema 3.3 produzem um problema de otimizacao
de dimensao infinita, ou seja, que precisa ser testado para todos os valores (infinitos) de
𝛼. Relaxacoes para resolver este problema sao discutidas na secao 3.7.
3.5 Projeto do Filtro
Como discutido na secao 3.3, o filtro 𝐶(𝑠) deve ser projetado de modo que a
norma ||𝐻(𝑠)(1−𝐶(𝑠))||ℒ1 seja minimizada a fim de satisfazer a restricao de ganho dada
em (3.13). A Figura 11 apresenta a realizacao em espaco de estados de cada bloco da
funcao de transferencia 𝐻(𝑠)(1 − 𝐶(𝑠)). Desta forma, a realizacao em espaco de estados
x1 = Afx1 + Bfu
y1
y1= Cfx1 + u
ux2 = Amx2 + bu2
y
y
2 = Ix2
−(1 C(s ))H(s)
Figura 11 – Representacao de estados de cada bloco da funcao de transferencia 𝐻(𝑠)(1−𝐶(𝑠)).
da funcao 𝐻(𝑠)(1− 𝐶(𝑠)) (LI et al., 2008) pode ser expressa na forma
𝜁(𝑡) =⎡⎣𝐴𝑚 −b𝐶𝑓
0 𝐴𝑓
⎤⎦⏟ ⏞
𝐴
𝜁(𝑡) +⎡⎣ b𝐵𝑓
⎤⎦⏟ ⏞
��
u(𝑡), (3.38)
𝑦(𝑡) =[I 0
]⏟ ⏞
𝐶
𝜁(𝑡).
com 𝜁 ∈ R𝑛+𝑟 sendo o vetor de estados aumentado do sistema e 𝐴𝑓 ∈ R𝑟×𝑟, 𝐵𝑓 ∈ R𝑟×1 e
𝐶𝑓 ∈ R1×𝑟 as variaveis do filtro. O filtro 𝐶(𝑠) com ganho ℒ1 otimizado pode ser projetado
utilizando o seguinte teorema, sendo esta a primeira contribuicao desta secao.
Teorema 3.4. Seja 𝜆 ∈ (0,−2𝜆𝑚𝑎𝑥(𝐴𝑚)), 𝜉1, 𝜉2 e 𝜉3 escalares reais dados e 𝑟 ∈ Z+ a
ordem do filtro desejado. Se existirem matrizes 𝑌 ∈ R𝑟×𝑟, 𝑍 ∈ R1×𝑟, 𝐹 , 𝐺 ∈ R(𝑛+𝑟)×(𝑛+𝑟),
𝐻 ∈ R𝑛×(𝑛+𝑟), uma matriz simetrica positiva definida 𝑃𝜆 ∈ R(𝑛+𝑟)×(𝑛+𝑟) e escalares reais
𝛾, 𝜇, resolvendo as seguintes LMIs⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃𝜆 +𝐻𝑒(Δ(𝐹, 𝜉1)) −𝐹 + 𝑃𝜆Δ(𝐺, 𝜉2)𝑇 �� + Δ(𝐻, 𝜉3)𝑇
⋆ −𝐺−𝐺′ −𝐻𝑇
⋆ ⋆ −𝜇I
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0, (3.39a)
⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃𝜆 0 𝑃𝜆𝐶
𝑇
⋆ (𝛾 − 𝜇)I 0⋆ ⋆ 𝛾I
⎤⎥⎥⎥⎦ > 0, (3.39b)
com 𝐹 , 𝐺 e 𝐻 estruturadas na forma
𝐹 =⎡⎣𝐹11 𝜉1𝒴𝐹22
𝐹12 𝐹22
⎤⎦ , 𝐺 =⎡⎣𝐺11 𝜉2𝒴𝐹22
𝐺12 𝐹22
⎤⎦ , 𝐻 =[𝐻11 𝜉3𝒴𝐹22
], (3.40)
𝒴 definido por
𝒴 =
⎧⎪⎪⎪⎨⎪⎪⎪⎩[I 0
]se 𝑟 > 𝑛,
I se 𝑟 = 𝑛,[I 0
]𝑇se 𝑟 < 𝑛,
(3.41)
�� e 𝐶 dados pela realizacao em espaco de estados do filtro (equacao (3.38)) e
Δ(𝑋, 𝜁) ,⎡⎣𝑋11𝐴
𝑇𝑚 − 𝜁𝒴𝑍b𝑇 𝜁𝒴𝑌
𝑋12𝐴𝑇𝑚 − 𝑍b𝑇 𝑌
⎤⎦ , (3.42)
Δ(𝑋, 𝜁) ,[𝑋11𝐴
𝑇𝑚 − 𝜁𝒴𝑍b𝑇 𝜁𝒴𝑌
], (3.43)
entao
||𝐻(𝑠)(1− 𝐶(𝑠))||ℒ1 ≤ 𝛾 (3.44)
com as matrizes do filtro dadas por 𝐴𝑓 = (𝐹−122 𝑌 )𝑇 , 𝐵𝑓 e 𝐶𝑓 = (𝐹−1
22 𝑍)𝑇 .
Demonstracao. Aplicando as condicoes do Teorema 3.2 com respeito ao sistema definido
pelas matrizes em espaco de estados (𝐴, ��, 𝐶) dadas em (3.38) resulta em⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 +𝐻𝑒(𝐹𝐴𝑇 ) 𝑃 − 𝐹 + 𝐴𝐺𝑇 𝐵 + 𝐴𝐻𝑇
⋆ −𝐻𝑒(𝐺) −𝐻𝑇
⋆ ⋆ −𝜇I
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0,
⎡⎢⎢⎢⎣𝜆𝑃 0 𝑃𝐶𝑇
⋆ (𝛾 − 𝜇)I 0⋆ ⋆ 𝛾I
⎤⎥⎥⎥⎦ > 0. (3.45)
Demonstra-se a seguir que a desigualdade (3.39a) e um caso particular de (3.45) quando
as variaveis 𝐹 , 𝐺 e 𝐻 sao restritas em estrutura. Para verificar isso, considere a estrutura
particular de 𝐹 , 𝐺 e 𝐻 dadas em (3.40). O calculo dos termos 𝐹𝐴𝑇 , 𝐺𝐴𝑇 e 𝐻𝐴𝑇 fornece
𝐹𝐴𝑇 =⎡⎣𝐹11𝐴
𝑇𝑚 − 𝜉1𝒴𝐹22𝐶
𝑇𝑓 b𝑇 𝜉1𝒴𝐹22𝐴
𝑇𝑓
𝐹12𝐴𝑇𝑚 − 𝐹22𝐶
𝑇𝑓 b𝑇 𝐹22𝐴
𝑇𝑓
⎤⎦ ,𝐺𝐴𝑇 =
⎡⎣𝐺11𝐴𝑇𝑚 − 𝜉2𝒴𝐹22𝐶
𝑇𝑓 b𝑇 𝜉2𝒴𝐹22𝐴
𝑇𝑓
𝐺12𝐴𝑇𝑚 − 𝐹22𝐶
𝑇𝑓 b𝑇 𝐹22𝐴
𝑇𝑓
⎤⎦ ,𝐻𝐴𝑇 =
[𝐻11𝐴
𝑇𝑚 − 𝜉3𝒴𝐹22𝐶
𝑇𝑓 b𝑇 𝜉3𝒴𝐹22𝐴
𝑇𝑓
].
Considerando a mudanca de variaveis 𝑍 = 𝐹22𝐶𝑇𝑓 e 𝑌 = 𝐹22𝐴
𝑇𝑓 , e possıvel verificar que
os produtos 𝐹𝐴𝑇 , 𝐺𝐴𝑇 e 𝐻𝐴𝑇 sao dados por Δ(𝐹, 𝜉1), Δ(𝐺, 𝜉2) e Δ(𝐻, 𝜉3), respectiva-
mente. Desta forma, pode-se concluir que a factibilidade das desigualdades (3.39) garante
a factibilidade de (3.29), assegurando que o limitante (3.44) e valido, ou seja, que 𝛾 e um
limitante superior (custo garantido) para o ganho ℒ1 do sistema (3.38).
Como discutido na secao 3.3, o parametro 𝜆 e limitado pelo maximo autovalor
da matriz dinamica do sistema. Desta forma, o espaco de busca de 𝜆 considerado no
Teorema 3.4 restringe-se ao maximo autovalor da matriz ideal 𝐴𝑚 (note que 𝐴 e triangular
superior). Como consequencia direta desta propriedade, observa-se que o procedimento
de sıntese impoe uma restricao estrutural na variavel 𝐴𝑓 , visto que o escalar utilizado
na sıntese deve estar contido no intervalo (0, 𝜆𝑚𝑎𝑥
(diag(𝐴𝑚, 𝐴𝑓 )
)). Alem disso, verifica-se
que a escolha de 𝐴𝑓 pode, no maximo, reduzir o espaco de busca factıvel em consideracao.
A condicao apresentada no Teorema 3.4 introduz variaveis escalares livres, no-
meadamente 𝜉𝑖, 𝑖 = 1, . . . , 3. O emprego destas variaveis promove um grau de liberdade
extra na busca de solucoes menos conservadoras durante a sıntese. Apesar de nao ser
apresentado um metodo sistematico de busca de tais constantes, pode-se utilizar proce-
dimentos de otimizacao de modo a encontrar o melhor conjunto de constantes para uma
solucao particular.
Uma formulacao em termos de LMIs considerando um atraso maximo prescrito
e apresentada na sequencia. A sıntese do filtro deve ser realizada de modo que o sistema
em malha aberta 𝐻𝑜(𝑠) seja estavel para um maximo atraso 𝛿, ou seja, que a margem de
atraso do controlador seja limitada superiormente por 𝛿. Considerando que o procedimento
apresentado no Teorema 3.3 avalia a estabilidade de um sistema incerto com presenca de
atraso, a aplicacao da condicao (3.37) leva ao resultado desejado.
Teorema 3.5. Seja 𝛿 um escalar positivo dado, 𝜅𝑖, 𝑖 = 1, . . . , 5, constantes reais com
𝜅3 > 0 e 𝑟 ∈ Z+ a ordem do filtro desejado. Se existir uma matriz simetrica 𝑅(𝛼) ∈R(2𝑟+𝑛)×(2𝑟+𝑛), uma matriz simetrica definida positiva 𝑃𝛿(𝛼) ∈ R(2𝑟+𝑛)×(2𝑟+𝑛) e uma matriz
𝐹 (𝛼) ∈ R(2𝑟+𝑛)×(2𝑟+𝑛) com a seguinte estrutura
𝐹 (𝛼) =
⎡⎢⎢⎢⎣𝐹11 𝜅1𝐹11 𝐹13(𝛼)𝜅2𝐹11 𝜅3𝐹11 𝐹23(𝛼)𝜅4𝒴𝐹11 𝜅5𝒴𝐹11 𝐹33(𝛼)
⎤⎥⎥⎥⎦ (3.46)
de forma que a LMI dependente de parametros⎡⎢⎢⎢⎣𝐻𝑒(Ω(𝛼)) 𝑃𝛿(𝛼)− 𝐹 𝑇 (𝛼) + Ω(𝛼) 𝛿Ψ
⋆ −𝐻𝑒(𝐹 (𝛼)
)+ 𝛿𝑅(𝛼) 𝛿Ψ
⋆ ⋆ −𝛿𝑅(𝛼)
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0 (3.47)
seja verificada ∀𝛼 ∈ Λ, com Ω(𝛼) e Ψ definidos por
Ω(𝛼) ,
⎡⎢⎢⎢⎣𝑍𝐵𝑇
𝑓 (1− 𝜅1) + 𝑌 𝑍𝐵𝑇𝑓 (1− 𝜅1) + 𝜅1𝑌 + 𝐹13(𝛼)𝜃𝐵𝑇
𝑓
𝑍𝐵𝑇𝑓 (𝜅2 − 𝜅3) + 𝜅2𝑌 𝑍𝐵𝑇
𝑓 (𝜅2 − 𝜅3) + 𝜅3𝑌 + 𝐹23(𝛼)𝜃𝐵𝑇𝑓
𝒴𝑍𝐵𝑇𝑓 (𝜅4 − 𝜅5) + 𝜅4𝒴𝑌 𝒴𝑍𝐵𝑇
𝑓 (𝜅4 − 𝜅5) + 𝜅5𝒴𝑌 + 𝐹33(𝛼)𝜃𝐵𝑇𝑓
𝐹13(𝛼)(𝜃b𝑇 + 𝐴𝑇𝑚) + 𝑍b𝑇 (1− 𝜅1)
𝐹23(𝛼)(𝜃b𝑇 + 𝐴𝑇𝑚) + 𝑍b𝑇 (𝜅2 − 𝜅3)
𝐹33(𝛼)(𝜃b𝑇 + 𝐴𝑇𝑚) + 𝒴𝑍b𝑇 (𝜅4 − 𝜅5)
⎤⎥⎥⎥⎦ , (3.48)
Ψ ,
⎡⎢⎢⎢⎣0 0 0
𝐵𝑓𝑍𝑇 (1− 𝜅1) 𝐵𝑓𝑍
𝑇 (𝜅2 − 𝜅3) 𝐵𝑓𝑍𝑇𝒴𝑇 (𝜅4 − 𝜅5)
b𝑍𝑇 (1− 𝜅1) b𝑍𝑇 (𝜅2 − 𝜅3) b𝑍𝑇𝒴𝑇 (𝜅4 − 𝜅5)
⎤⎥⎥⎥⎦ (3.49)
e 𝒴 definido como em (3.41), para algum 𝐵𝑓 fixo, entao o sistema (3.35) e estavel para
0 < 𝛿 ≤ 𝛿 e ∀𝛼 ∈ Λ, com as matrizes do filtro 𝐶(𝑠) dadas por 𝐴𝑓 = (𝐹−111 𝑌 )𝑇 , 𝐵𝑓 e
𝐶𝑓 = (𝐹−111 𝑍)𝑇 .
Demonstracao. Inicialmente, considere a seguinte LMI dependente de parametros⎡⎢⎢⎢⎣𝐻𝑒(𝐹 (𝛼)(𝐴𝑇 (𝛼) + 𝐴𝑇
𝑑 )) 𝑃𝛿(𝛼)− 𝐹 𝑇 (𝛼) + 𝐹 (𝛼)(𝐴𝑇 (𝛼) + 𝐴𝑇𝑑 ) 𝛿𝐴𝑑𝐹
𝑇 (𝛼)⋆ −𝐻𝑒(𝐹 (𝛼)) + 𝛿��(𝛼) 𝛿𝐴𝑑𝐹
𝑇 (𝛼)⋆ ⋆ −𝛿��(𝛼)
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0.
(3.50)
Verifica-se imediatamente que Ω(𝛼) na desigualdade (3.47) e igual a 𝐹 (𝛼)(𝐴𝑇 (𝛼) + 𝐴𝑇𝑑 )
seguido da introducao das novas variaveis 𝑌 = 𝐹11𝐴𝑇𝑓 e 𝑍 = 𝐹11𝐶
𝑇𝑓 com 𝐹 (𝛼) estruturado
de acordo com (3.46). A mesma observacao pode ser realizada com respeito a Ψ ser
igual ao produto 𝐴𝑑𝐹𝑇 (𝛼). Desta forma, pode-se concluir que a factibilidade de (3.47)
implica na verificacao da LMI dependente de parametros (3.50). Na sequencia, demonstra-
se que a LMI dependente de parametros (3.50) e um caso particular de (3.37). Seja ϒ =
(ℱ ,ℱ ,ℱ) = (𝐹 (𝛼)−1, 𝐹 (𝛼)−1, 𝐹 (𝛼)−1), entao multiplicando (3.37) a esquerda por ϒ𝑇 e a
direita por ϒ resulta em:⎡⎢⎢⎢⎣𝐻𝑒
((𝐴+ 𝐴𝑑)ℱ
)ℱ𝑇𝑃𝛿(𝛼)ℱ − ℱ + ℱ𝑇 (𝐴𝑇 (𝛼) + 𝐴𝑇
𝑑 )𝐺(𝛼)ℱ 𝛿𝐴𝑑ℱ⋆ −𝐻𝑒
(ℱ𝑇𝐺(𝛼)ℱ
)+ 𝛿ℱ𝑇𝑅(𝛼)ℱ 𝛿ℱ𝑇𝐺𝑇 (𝛼)𝐴𝑑ℱ
⋆ ⋆ −𝛿ℱ𝑇𝑅(𝛼)ℱ
⎤⎥⎥⎥⎦ < 0.
(3.51)
Impondo que 𝐺(𝛼) = 𝐹 (𝛼) e introduzindo novas variaveis 𝐹 (𝛼) = (𝐹 (𝛼)−1)𝑇 , 𝑃𝛿(𝛼) =𝐹 (𝛼)𝑃𝛿(𝛼)𝐹 𝑇 , ��(𝛼) = 𝐹 (𝛼)𝐺(𝛼)𝐹 𝑇 (𝛼) pode-se concluir que a existencia de uma solucao
factıvel para (3.47) garante que a LMI dependente de parametros (3.37) e satisfeita. Desta
forma, o sistema (3.35) e assintoticamente estavel ∀𝛼 ∈ Λ com respeito ao maximo atraso
𝛿, com a representacao em espaco de estados do filtro 𝐶(𝑠) dada por (𝐴𝑓 , 𝐵𝑓 , 𝐶𝑓 ).
De maneira similar ao Teorema 3.4, a condicao de sıntese para o problema de
otimizacao da margem de atraso introduz novas variaveis escalares 𝜅𝑖, 𝑖 = 1, . . . , 5 que
podem ser ajustadas (sob um maior custo computacional) a fim de proporcionar solucoes
menos conservadoras.
3.6 Realizacao do Ganho DC Unitario
As condicoes de projeto desenvolvidas na Secao 3.5 nao levam em considera-
cao o requisito de ganho DC unitario para o filtro 𝐶(𝑠). Esta restricao e naturalmente
nao convexa e expressa-la em termos de uma formulacao convexa sem a introducao de
conservadorismo parece ser um desafio teorico. Uma condicao suficiente foi proposta em
(LI et al., 2008), utilizando formas companheiras e restricoes estruturais. Alem disso, se-
guindo as linhas desenvolvidas em (LI et al., 2008), faz-se necessaria a imposicao de que
a matriz 𝐵𝑓 seja fixa. Note que esta ultima restricao tambem foi adotada nesta disser-
tacao, visto que as desigualdades apresentadas no Teorema 3.5 parecem ser virtualmente
impossıveis de serem linearizadas se considerarmos 𝐵𝑓 como variavel de decisao. Nesta
secao apresenta-se uma solucao em termos de novas estruturas para as variaveis 𝑌 e 𝑍 dos
Teoremas 3.4 e 3.5 que garante 𝐶(0) = 1 para as solucoes obtidas. Apesar de ser somente
suficiente, esta nova proposicao fornece um numero maior de variaveis livres do que (LI
et al., 2008), potencialmente resultando em solucoes menos conservadoras.
Teorema 3.6. Seja (𝐴𝑓 , 𝐵𝑓 , 𝐶𝑓 ) a realizacao em espaco de estados do filtro 𝐶(𝑠), com
𝐵𝑓 ∈ R𝑟×1 fixo na forma
𝐵𝑇𝑓 =
[0 · · · 𝛽⏟ ⏞
𝑖
· · · 0],
sendo 𝛽 ∈ R a unica entrada nao nula de 𝐵𝑓 na i-esima posicao e fornecida a priori. Seja
𝐴𝑓 = (𝐹𝑌 )𝑇 e 𝐶𝑓 = (𝐹𝑍)𝑇 . Se 𝑌 ∈ R𝑟×𝑟 e 𝑍 ∈ R𝑟×1 sao estruturadas como segue
𝑌 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
𝑦1,1 𝑦1,2 . . . 𝑦1,𝑟−1 𝑦1,𝑟
𝑦2,1 𝑦2,2 . . . 𝑦2,𝑟−1 𝑦2,𝑟
......
. . ....
...
𝑦𝑟−1,1 𝑦𝑟−1,2 . . . 𝑦𝑟−1,𝑟−1 𝑦𝑟−1,𝑟
0 0 . . . 0 𝜌𝛽
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦, 𝑍 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
𝑧1
𝑧2...
𝑧𝑟−1
−𝜌
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦, (3.52)
para 𝑖 = 𝑟, ou
𝑌 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
𝜌𝛽 0 . . . 0 0𝑦1,1 𝑦1,2 . . . 𝑦1,𝑟−1 𝑦1,𝑟
𝑦2,1 𝑦2,2 . . . 𝑦2,𝑟−1 𝑦2,𝑟
......
. . ....
...
𝑦𝑟−1,1 𝑦𝑟−1,2 . . . 𝑦𝑟−1,𝑟−1 𝑦𝑟−1,𝑟
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦, 𝑍 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
−𝜌𝑧1
𝑧2...
𝑧𝑟−1
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦, (3.53)
para 𝑖 = 1, ou
𝑌 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
𝑦1,1 . . . 0 𝑦1,𝑖+1 . . . 𝑦1,𝑟
.... . .
......
. . ....
0 . . . 𝜌𝛽 0 . . . 0𝑦𝑖+1,1 . . . 0 𝑦𝑖+1,𝑖+1 . . . 𝑦𝑖+1,𝑟
.... . .
......
. . ....
𝑦𝑟,1 . . . 0 𝑦𝑟,𝑖+1 . . . 𝑦𝑟,𝑟
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦, 𝑍 =
⎡⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎢⎣
𝑧1...
−𝜌𝑧𝑖+1
...
𝑧𝑟
⎤⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎦, (3.54)
para 𝑖 ∈ [2, 3, . . . , 𝑟 − 1], entao 𝐶(0) = 1.
Demonstracao. A funcao de transferencia 𝐶(𝑠) pode ser expressa por
𝐶(𝑠) = 𝐶𝑓 (𝑠I− 𝐴𝑓 )−1𝐵𝑓 . (3.55)
Assim, computando diretamente 𝐶(0) resulta em
𝐶(0) = − 𝐶𝑓𝐴−1𝑓 𝐵𝑓
= − 𝑍𝑇𝐹 𝑇 (𝐹 𝑇 )−1(𝑌 𝑇 )−1𝐵𝑓 = −𝑍𝑇 (𝑌 𝑇 )−1𝐵𝑓 .
Demonstra-se na sequencia que as estruturas apresentadas garantem o ganho
DC unitario para o caso em que 𝑖 = 𝑟 e 𝑖 ∈ [2, 3, . . . , 𝑟−1]. O caso em que 𝑖 = 1 e analogo
ao caso 𝑖 = 𝑟.
∙ Caso 1 (𝑖 = 𝑟): Considere que 𝑌 𝑇 e particionada da seguinte forma
𝑌 𝑇 =⎡⎣𝑌11 0𝑌21 𝑌22
⎤⎦ . (3.56)
A inversa de 𝑌 𝑇 pode ser caracterizada explicitamente em termos dos seus blocos
constituintes (HORN; JOHNSON, 1985) como sendo
(𝑌 𝑇 )−1 =⎡⎣ 𝑌 −1
11 0𝑌 −1
22 𝑌21𝑌−1
11 𝑌 −122
⎤⎦ . (3.57)
Seja 𝑌22 = 𝜌𝛽. Entao a ultima componente do produto 𝑍𝑇 (𝑌 𝑇 )−1 e igual a −𝜌/𝜌𝛽 =−1/𝛽. Considerando o fato de que 𝐵𝑓 e um vetor coluna composto de zeros exceto
pela ultima entrada, que e igual a 𝛽, entao e direta a conclusao de que 𝐶(0) = 1.
∙ Caso 2 (𝑖 ∈ [2, 3, . . . , 𝑟 − 1]): Considere 𝑌 𝑇 particionada da seguinte forma
𝑌 𝑇 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝑌11 0 𝑌13
0 𝜌𝛽 0𝑌31 0 𝑌33
⎤⎥⎥⎥⎦ , , (3.58)
em que 𝛽𝜌 e o i-esimo elemento da diagonal principal de 𝑌 . Deseja-se mostrar que
a entrada [(𝑌 𝑇 )−1](𝑖,𝑖) = 1/𝛽𝜌 e que a matriz inversa preserva a estrutura de zeros
da matriz original. Para tanto, considere que
𝑌 −1 = 𝑎𝑑𝑗(𝑌 )det(𝑌 ) .
O elemento (𝑖, 𝑖) da matriz 𝑎𝑑𝑗(𝐴) e dado por
[𝑎𝑑𝑗(𝑌 )](𝑖,𝑖) = det(⎡⎣𝑌11 𝑌13
𝑌31 𝑌33
⎤⎦).Por outro lado, deve-se computar explicitamente det(𝑌 ). Para tanto, usa-se do fato
de que o determinante altera o sinal para cada troca de linhas ou colunas. Dessa
forma, sempre e possıvel reescrever 𝑌 utilizando um numero par de permutacoes
como sendo
𝑌 =
⎡⎢⎢⎢⎣𝛽𝜌 0 00 𝑌11 𝑌13
0 𝑌31 𝑌33
⎤⎥⎥⎥⎦ (3.59)
e portanto
det(𝑌 ) = 𝛽𝜌 det(⎡⎣𝑌11 𝑌13
𝑌31 𝑌33
⎤⎦)
consequentemente [(𝑌 𝑇 )−1](𝑖,𝑖) = 1/𝛽𝜌. Quanto as entradas nulas da matriz, observa-
se que dada a particular estrutura, a matriz adj(𝑌 ) sempre sera dada em termos do
determinante de uma matriz com uma linha ou uma coluna de zeros, preservando
assim sua estrutura. Assim, utilizando o mesmo argumento do Caso 1 com respeito
ao produto 𝑍𝑇 (𝑌 𝑇 )−1𝐵𝑓 pode-se concluir que 𝐶(0) = 1.
O numero de variaveis de decisao em 𝑍 e 𝑌 e 𝑛2, enquanto que o numero
correspondente de variaveis quando considera-se o metodo proposto por (LI et al., 2008) e
2𝑛−1. Alem disso, a estrutura escolhida para a matriz 𝑌 e menos restrita do que a forma
companheira adotada em (LI et al., 2008), auxiliando na reducao do conservadorismo.
Deve-se notar que 𝐶(0) e definido somente em termos das variaveis 𝑍, 𝑌 e 𝐵𝑓 . Conside-
rando que a variavel 𝐹 (𝐹11 no Teorema 3.4 e 𝐹22 no Teorema 3.5) garantidamente possui
inversa, pode-se concluir que qualquer solucao factıvel retornada pelo metodo proposto
possuira ganho DC unitario 𝐶(0) = 1. Alem disso, a utilizacao do escalar 𝛽 na definicao
do vetor 𝐵𝑓 fornece um grau de liberdade adicional que pode ser utilizado na busca de
solucoes menos conservadoras (ao preco de um esforco computacional maior). Deve-se res-
saltar tambem que a estrutura apresentada contempla uma famılia de vetores de entrada
do sistema, podendo-se variar a posicao em que a entrada nao-nula do filtro ocorre. A
solucao proposta por (LI et al., 2008) utiliza um vetor de entrada 𝐵𝑓 fixo no qual a unica
entrada nao nula e a ultima componente, sendo igual a 1.
3.7 Projeto Conjunto
O procedimento de projeto conjunto compreende o desenvolvimento de condi-
coes de sıntese que considerem os problemas de otimizacao formulados na Secao 3.2. Am-
bos os problemas podem ser resolvidos combinando os Teoremas 3.4 e 3.5 e conduzindo
a otimizacao com relacao as respectivas funcoes objetivo. Pseudo codigos que resolvem
estes problemas sao apresentados nos Algoritmos 3.1 e 3.2.
Pseudocodigo 3.1 Filtro com norma otimizada para uma margem de atraso fixa.
Inicializacao:Seja 𝒮(𝜆) um espaco de busca em 𝜆;Criar o conjunto de variaveis comuns dos Teoremas 3.4 e 3.5: 𝑌 , 𝑍 e 𝐹22 no Teorema 3.4igual a 𝐹11 no Teorema 3.5;Criar as variaveis distintas dos Teoremas 3.4 e 3.5;Procedimento:Escolher os escalares 𝜉𝑖, 𝑖 = 1, . . . , 3 e 𝜅𝑗, 𝑗 = 1, . . . , 5;para 𝜆 ∈ 𝒮(𝜆) faca
Minimizar 𝑓(𝛾) = 𝛾 sujeito as restricoes (3.39)-(3.47) e considerando a maximamargem de atraso 𝛿;Coletar a solucao com mınimo limitante para o ganho ℒ1;
fim para𝐶(𝑠)← (𝐴𝑓 = (𝐹−1𝑌 )𝑇 , 𝐵𝑓 , 𝐶𝑓 = (𝐹−1𝑍)𝑇 );
Note que uma consequencia imediata da aplicacao do metodo proposto e a pos-
sibilidade de utilizacao de duas matrizes de Lyapunov distintas, uma para cada conjunto
(ganho e atraso) de restricoes. Neste sentido e importante mencionar que a abordagem
Pseudocodigo 3.2 Filtro com margem de atraso otimizada e ganho ℒ1 pre-especificado.
Inicializacao:Seja 𝒮(𝛿) um espaco de busca em 𝛿;Criar o conjunto de variaveis comuns dos Teoremas 3.4 e 3.5: 𝑌 , 𝑍 e 𝐹22 no Teorema 3.4igual a 𝐹11 no Teorema 3.5;Criar as variaveis distintas dos Teoremas 3.4 e 3.5;Procedimento:Escolher os escalares 𝜉𝑖, 𝑖 = 1, . . . , 3 e 𝜅𝑗, 𝑗 = 1, . . . , 5;para 𝛿 ∈ 𝒮(𝛿) faca
Verificar a factibilidade das LMIs (3.39)-(3.47) considerando um limitante superiorfixo para ��;Coletar a solucao com maximo 𝛿;
fim para𝐶(𝑠)← (𝐴𝑓 = (𝐹−1𝑌 )𝑇 , 𝐵𝑓 , 𝐶𝑓 = (𝐹−1𝑍)𝑇 );
apresentada em (LI et al., 2008) emprega uma unica matriz de Lyapunov que, adici-
onalmente, possui severas restricoes (estrutura diagonal). Por outro lado, as restricoes
estruturais do metodo proposto foram aplicadas para as variaveis de folga do problema.
Apesar de este procedimento tambem introduzir conservadorismo na condicao, melhores
resultados podem ser obtidos quando comparados aos obtidos pela condicao de (LI et al.,
2008), como sera ilustrado na proxima secao por meio de exemplos numericos.
Como um comentario final, note que se um unico objetivo e desejado, como
por exemplo, projeto de um filtro com ganho ℒ1 otimizado, os algoritmos apresentados
podem ser facilmente adaptados para tratar este caso particular. A mesma observacao e
valida para o caso em que somente a otimizacao da margem de atraso e considerada no
projeto.
3.8 Exemplos Numericos
Esta secao apresenta dois exemplos numericos para o procedimento de projeto
conjunto discutido na secao anterior. Inicialmente, um exemplo escalar proposto por (LI
et al., 2008) e considerado, seguido de um exemplo de um sistema bidimensional. Uma
importante consideracao a ser feita deve-se ao fato de que as condicoes propostas neste
artigo sao tambem somente suficientes. Desta forma, considerando qualquer 𝐶(𝑠) obtido
pelos Algoritmos 3.1 ou 3.2, e possıvel obter limitantes menores (para o caso do ganho
ℒ1) e maiores (para o caso da margem de atraso) utilizando as condicoes de analise dadas
pelos Teoremas 3.2 e 3.3. Note que neste caso nao ha a imposicao de nenhuma restricao
estrutural nas variaveis de decisao, de onde espera-se resultados menos conservadores.
Este procedimento e considerado nos exemplos numericos apresentados na sequencia.
3.8.1 Relaxacoes LMIs
Como mencionado na Secao 3.4, as condicoes do Teorema 3.5 nao sao progra-
maveis na forma em que sao apresentadas, visto que LMIs dependentes de parametro sao
problemas de dimensao infinita, ou seja, devem ser verificadas ∀𝛼 ∈ Λ. No entanto, como
provado em (BLIMAN, 2004), (BLIMAN et al., 2006), solucoes gerais para as LMIs depen-
dentes de parametros com parametros pertencentes ao simplex unitario podem sempre ser
aproximadas por solucoes polinomiais homogeneas de graus arbitrarios. Como consequen-
cia desta abordagem, as desigualdades resultantes envolvem matrizes polinomiais de grau
𝑔, cujos monomios sao sempre nao-negativos (nao-positivos) para todo 𝛼 pertencente ao
conjunto simplex. Desta forma, uma maneira simples de testar a negatividade (ou positi-
vidade) do polinomio e a imposicao de que cada coeficiente associado aos monomios seja
positivo (ou negativo). Esta tecnica e conhecida na literatura como relaxacao de Polya
(OLIVEIRA; PERES, 2005). Usando essa estrategia, as condicoes do Teorema 3.5 foram
resolvidas fixando as variaveis de otimizacao dependente de parametros como polinomios
de grau 𝑔 e aplicando testes de positividade baseados em relaxacoes de Polya (OLIVEIRA;
PERES, 2005). Ao passo que o grau 𝑔 cresce, solucoes menos conservadoras podem ser
obtidas, ao preco de um maior esforco computacional. A programacao das condicoes foi
realizada utilizando o ROLMIP (Robust LMI parser) (AGULHARI et al., 2012), Yalmip
(LOFBERG, 2004) e Sedumi (STURM, 1999).
3.8.2 Exemplo escalar (LI et al., 2008):
Considere a planta escalar com 𝐴𝑚 = −2, 𝑏 = 1 e 𝜃 = 1.7 (sem incerteza).
Escolhe-se um filtro de segunda ordem 𝐶(𝑠) = 𝐶𝑓 (𝑠I− 𝐴𝑓 )−1)𝐵𝑓 com: 𝐴𝑓 ∈ R2×2, 𝐶𝑓 ∈R2×1 e 𝐵𝑓 =
[0 1
]𝑇. Seja 𝛿 = 0.65 (a margem de atraso considerada em (LI et al., 2008) e
𝛿 = 0.6) a margem de atraso desejada para o projeto. Para garantir o ganho DC unitario,
adota-se as estruturas dadas em (3.52).
Utilizando o procedimento apresentado na Secao 3.7, o Algoritmo 3.1 (𝐴𝑙𝑔1) foi
empregado para projetar o filtro 𝐶(𝑠) de forma que o ganho ℒ1 do sistema e minimizado.
O conjunto de constantes escolhido foi 𝜅𝑖 = 1, 𝜉𝑖 = 0. A Figura 12 apresenta o comporta-
mento do metodo proposto considerando um espaco de busca para 𝜆 igual a 𝜆 ∈ (0.1, 4).O resultado de sıntese esta identificado como 𝐴𝑙𝑔1𝑆 enquanto que o resultado de analise
(avaliado a posteriori) esta identificado como 𝐴𝑙𝑔1𝐴. O melhor resultado encontrado e
para 𝜆 = 0.317, resultando nas seguintes matrizes de espaco de estados (truncadas com 4
casas decimais)
𝐴𝑓 =⎡⎣ −0.8297 0−695.5870 −0.6068
⎤⎦ , 𝐵𝑓 =⎡⎣01
⎤⎦ , 𝐶𝑓 =[696.5131 0.6068
],
sendo a respectiva funcao de transferencia de 𝐶(𝑠) dada por
𝐶(𝑠) = 0.6068𝑠+ 0.5039𝑠2 + 1.437𝑠+ 0.5039 . (3.60)
Apesar de o espaco de busca considerado ser 𝜆 ∈ (0.1, 4), nenhuma solucao foi encontrada
para 𝜆 > 0.35. O mınimo limitante superior para ||𝐶(𝑠)(1 − 𝐻(𝑠))||ℒ1 e 0.6941. Como
comparacao, a condicao apresentada em (LI et al., 2008) nao produziu uma solucao factıvel
para a margem de atraso considerada. O melhor resultado reportado em (LI et al., 2008)
e ||𝐶(𝑠)(1 − 𝐻(𝑠))||ℒ1 < 0.7622 para um maximo atraso de 0.6. Alem disso, e facil a
verificacao de que a solucao obtida pelo metodo proposto atende o requisito de ganho DC
unitario.
Alg1S
0.1
0.8
1.0
1.2
1.4
1.6
1.8
0.15 0.2 0.25 0.3
Alg1A
γ
λ
Análise
Síntese
Figura 12 – Resultado para o exemplo escalar.
3.8.3 Exemplo bidimensional:
Considere o sistema (3.2) definido por
𝐴𝑚 =⎡⎣−1 0
1 −1.5
⎤⎦ , b =⎡⎣ 00.5
⎤⎦ ,com −1 ≤ 𝜃𝑖 ≤ 1, 𝑖 = 1, 2 e escolhendo a ordem do filtro como 𝑟 = 3. Seja 𝛿 = 0.6 a
margem de atraso desejada. Note que este exemplo considera que o parametro 𝜃 pertence
a uma regiao retangular, que pode ser representada por um politopo de quatro vertices.
Como consequencia, o filtro sintetizado garante que ||𝐻(𝑠)(1−𝐶(𝑠))||ℒ1 e limitada por 𝛾
para todo valor de 𝜃. O grau utilizado nas matrizes polinomiais do Teorema 3.5 e 𝑔 = 1,
e as constantes definidas por 𝜅1 = 𝜅3 = 1, 𝜅2 = 𝜅4 = 𝜅5 = 0 e 𝜉𝑖 = 1, 𝑖 = 1, . . . , 3. O
filtro 𝐶(𝑠) foi sintetizado utilizando o Algoritmo 3.1 e a melhor solucao foi encontrada
para 𝜆 = 0.8367, considerando um espaco de busca de 𝜆 ∈ (0.1, 3). As seguintes matrizes
de estado foram obtidas (truncadas com 4 casas decimais)
𝐴𝑓 =
⎡⎢⎢⎢⎣−0.0137 −0.1802 0.09165.2680 −1.9357 0.50966.4697 −1.6369 −0.7349
⎤⎥⎥⎥⎦ , 𝐵𝑓 =
⎡⎢⎢⎢⎣001
⎤⎥⎥⎥⎦ , 𝐶𝑓 =[−1.4029 0.1172 1.0536
],
fornecendo a funcao de transferencia
𝐶(𝑠) = 1.054𝑠2 + 1.985𝑠+ 0.9657𝑠3 + 2.684𝑠2 + 2.65𝑠+ 0.9657 .
O menor limitante superior obtido para ||𝐻(𝑠)(1 − 𝐶(𝑠)||ℒ1 foi 0.3321. Este limitante
satisfaz a restricao de ganho (equacao (10)) considerando a faixa de incerteza do parametro
adaptativo 𝜃 e admitindo um maximo atraso de 0.6. Para este exemplo particular, a
condicao de (LI et al., 2008) nao produziu nenhum resultado.
3.9 Consideracoes Finais
Este capıtulo apresentou novas condicoes LMIs para o projeto do filtro passa
baixa dos controladores adaptativos ℒ1. Os exemplos numericos ilustraram que as condi-
coes desenvolvidas, embora mais complexas, podem gerar resultados menos conservadores
quando comparados com os resultados obtidos pela condicao proposta em (LI et al., 2008).
Alem disso, o framework robusto para a condicao de margem de atraso permite o projeto
de um filtro com garantias de desempenho para toda faixa de operacao dos parametros
incertos. Como perspectivas futuras, pretende-se considerar a utilizacao de variaveis de
folga para tratar o projeto do filtro do arquitetura de controladores adaptativos ℒ1 com
realimentacao de saıda (CAO; HOVAKIMYAN, 2009).
4 Conclusao e Perspectivas
Esta dissertacao apresentou resultados pertinentes ao controle de veıculos do
tipo quadricoptero utilizando como metodologia de projeto tecnicas de otimizacao con-
vexa na forma de desigualdades matriciais lineares, tendo oferecido contribuicoes em duas
frentes distintas:
∙ O Capıtulo 2 apresentou o desenvolvimento do projeto de um controlador com de-
pendencia polinomial nos parametros com base em um modelo quasi-LPV para a
orientacao do veıculo considerando a parametrizacao de Cayley-Rodrigues. A parti-
cular escolha desta parametrizacao permitiu a obtencao de um sistema polinomial
incerto relativo ao erro de orientacao computado entre a orientacao desejada e a
orientacao atual do veıculo, no qual aplicou-se uma tecnica de controle por rea-
limentacao de estados baseada na estabilizabilidade quadratica do sistema. Alem
disso, considerou-se a inclusao de uma metrica simples de desempenho, sendo esta
definida por meio da imposicao de um limitante inferior para a taxa de decaimento
do sistema em malha fechada.
Observou-se que a inclusao do termo nao-linear giroscopico na lei de controle, plau-
sıvel neste contexto devido a baixa magnitude desta quantidade, promove uma re-
presentacao menos complexa do sistema dinamico variante no tempo utilizado na
condicao de sıntese, reduzindo o numero de parametros variantes no tempo de sete
para tres. Dentre as contribuicoes realizadas, destaca-se a utilizacao de aproxima-
coes polinomiais (relaxacoes) na solucao das condicoes de projeto do controlador,
que possibilita a definicao de garantias teoricas de estabilizacao e desempenho para
o sistema em malha fechada para todo o conjunto de parametros considerado. Esta
certificacao teorica e a principal vantagem do metodo proposto em relacao a outras
abordagens da literatura, que realizam o projeto do controlador baseado na interpo-
lacao de controladores projetados pontualmente para diversos pontos de operacao
do sistema. Finalmente, os resultados de simulacao apresentam um desempenho
satisfatorio quando comparados com outras tecnicas de controle disponıveis na lite-
ratura.
Como linha de investigacao futura, pretende-se considerar a incorporacao de me-
tricas de desempenho mais elaboradas ao projeto, tais como as normas ℋ2 e ℋ∞,
bem como a obtencao de modelos discretizados que considerem aspectos relevantes
da implementacao pratica da lei de controle, como tempo de amostragem e capa-
cidade computacional embarcada. Outro aspecto importante a ser investigado e o
tratamento da saturacao dos atuadores em fase de projeto, levando a obtencao de
ganhos de controle com maiores garantias de sucesso na implementacao pratica. Sob
o ponto de vista da simulacao, pretende-se ampliar a capacidade do simulador de-
senvolvido, incluindo modelos realistas dos sensores de orientacao e altimetria, bem
como a incorporacao de algoritmos de estimacao de estados eficientes, tais como o
Extended Kalman Filter e o Filtro complementar.
O problema de controle do quadricoptero demonstrou-se como um desafio multidis-
ciplinar interessante, possibilitando a consideracao de inumeras tecnicas e procedi-
mentos. Embora esta dissertacao tenha considerado somente o problema de controle
de orientacao, diversos topicos ainda podem ser abordados, tais como o rastreamento
de trajetorias, rejeicao de disturbios, robustez a variacoes parametricas da massa e
da inercia do veıculo, entre outros.
∙ O Capıtulo 3 desenvolveu condicoes de projeto de controladores adaptativos ℒ1 con-
siderando a arquitetura de realimentacao de estados e expressando as condicoes de
restricao de norma e margem de atraso em termos de LMIs. Embora este capıtulo
nao tenha tratado diretamente da implementacao pratica do controle adaptativo
no contexto de quadricopteros, considerou-se o estudo e compreensao dos principais
parametros de projeto desta tecnica com vistas a permitir a realizacao da implemen-
tacao pratica desta arquitetura de controle em trabalhos futuros. Como apresentado
em trabalhos da literatura, pode-se utilizar a estrutura de realimentacao de saıda
do controle adaptativo ℒ1 para o controle de posicao do veıculo, com resultados
praticos promissores. Embora mais simples, o estabelecimento de condicoes de pro-
jeto para a realimentacao de estados contribuiu para uma maior compreensao deste
tipo de arquitetura de controle. A utilizacao de variaveis de folga para a expressao
das condicoes de projeto do controlador adaptativo apresentou resultados melhores
quando comparados com outras condicoes disponıveis na literatura, garantindo li-
mitantes superiores menos conservadores para a norma ℒ1 do sistema, bem como
um aumento na margem de atraso.
Como perspectivas futuras pretende-se considerar a expressao das condicoes de pro-
jeto de controladores adaptativos ℒ1 para o caso da realimentacao de saıda e a
implementacao pratica deste tipo de arquitetura no modelo dinamico do quadricop-
tero.
4.1 Trabalhos publicados/submetidos durante o perıodo de Mes-
trado
∙ M. P. Salbego e R. C. L. F. Oliveira - Projeto de Controladores Polinomiais para a
Reorientacao de Quadricopteros Considerando Manobras de Grande Desvio Angular
- Em preparacao
∙ M. P. Salbego, R. C. L. F. Oliveira e P. L. D. Peres - Improved LMI-based filter
design of ℒ1 Adaptive Controllers, International Journal of Adaptive Control and
Signal Processing, Setembro de 2016 - Em revisao
∙ M. P. Salbego, R. C. L. F. Oliveira e P. L. D. Peres - Controle chaveado de sistemas
politopicos: Relaxacoes LMIs usando matrizes polinomiais homogeneas. Anais do
Simposio Brasileiro de Automacao Inteligente, Natal, RN, Brasil, Setembro de 2015.
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