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CORREC ¸ ˜ AO DE DISTORC ¸ ˜ OES LINEARES E N ˜ AO-LINEARES EM SINAIS DE ´ AUDIO Bruno Granato de Ara´ ujo Camara Projeto de Gradua¸c˜ ao apresentado ao Curso de Engenharia Eletrˆ onica e de Computa¸c˜ ao da Escola Polit´ ecnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisi- tos necess´ arios ` aobten¸c˜ ao do t´ ıtulo de Enge- nheiro. Orientadores: Luiz Wagner Pereira Biscainho Fl´ avio Rainho ´ Avila Rio de Janeiro Setembro de 2019

CORREC˘AO DE DISTORC˘~ OES LINEARES E N~ AO-LINEARES~ …monografias.poli.ufrj.br/monografias/monopoli10029649.pdf · Agrade˘co primeiramente a minha m~ae, Adriana, e ao meu pai,

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CORRECAO DE DISTORCOES LINEARES E NAO-LINEARES

EM SINAIS DE AUDIO

Bruno Granato de Araujo Camara

Projeto de Graduacao apresentado ao Curso

de Engenharia Eletronica e de Computacao

da Escola Politecnica, Universidade Federal

do Rio de Janeiro, como parte dos requisi-

tos necessarios a obtencao do tıtulo de Enge-

nheiro.

Orientadores: Luiz Wagner Pereira Biscainho

Flavio Rainho Avila

Rio de Janeiro

Setembro de 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politecnica - Departamento de Eletronica e de Computacao

Centro de Tecnologia, bloco H, sala H-217, Cidade Universitaria

Rio de Janeiro - RJ CEP 21949-900

Este exemplar e de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

podera incluı-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

qualquer forma de arquivamento.

E permitida a mencao, reproducao parcial ou integral e a transmissao entre bibli-

otecas deste trabalho, sem modificacao de seu texto, em qualquer meio que esteja

ou venha a ser fixado, para pesquisa academica, comentarios e citacoes, desde que

sem finalidade comercial e que seja feita a referencia bibliografica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho sao de responsabilidade do(s) autor(es).

iv

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AGRADECIMENTO

Agradeco primeiramente a minha mae, Adriana, e ao meu pai, Luiz Claudio.

Muito obrigado por toda a base que voces me deram em todos os aspectos da vida e

por tudo que voces me ensinaram. Muito obrigado por todo apoio e incentivo. Sem

voces eu nao seria nada do que consegui me tornar hoje. Muito obrigado por tudo.

Agradeco ao meu irmao, Felipe, pela companhia de todos os dias. Agradeco aos

meus avos paternos, Maria Luiza e Jonny, pelo incentivo constante e por toda ajuda

que sempre me deram e a minha tia-avo, Laurinha, sempre muito disposta a ajudar

a todos. Agradeco a minha avo Isa, que ja se foi mas continua sempre conosco, e

sempre nos ensinou a importancia dos estudos e ao meu avo Djalma, que nao pude

conhecer, mas onde quer que esteja certamente ficara feliz de saber que, pela terceira

geracao, nossa famılia tem um engenheiro formado nesta universidade.

Agradeco a minha namorada, Bia. Voce e quem me acompanhou mais de perto

por toda essa trajetoria, desde o 3o ano, vestibular e todo esse tempo de faculdade.

Voce sabe como foi duro chegar ate aqui e eu tenho certeza que seu apoio, ajuda e

incentivo foram fundamentais para mim nesse caminho. Voce e uma pessoa incrıvel

e eu te admiro profundamente. Muito obrigado por ser essa pessoa tao especial

sempre.

Agradeco a todos os professores e professoras da UFRJ, que foram fundamentais

para a minha formacao. Em especial, agradeco ao meu orientador, Luiz Wagner,

que desde que nos conhecemos em 2015 me fez crescer muito como orientando no

programa Jovens Talentos da Ciencia, aluno e orientando de Projeto Final. Muito

obrigado por todos os debates, conselhos e ajudas em todos os momentos. Agradeco

ao meu orientador externo, Flavio, pela ajuda e conselhos neste trabalho, mesmo a

uma distancia de quatro fusos horarios.

Agradeco aos meus amigos que me acompanham desde o colegio: Joao Victor,

Coppelli, Daiana, Leandro, Laıs e Joao Marcelo. Muito obrigado por fazerem parte

da minha vida ha tanto tempo e por nossos encontros, sempre divertidos.

v

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Agradeco aos amigos que fiz na UFRJ, que me acompanharam nesse perıodo

de tantos altos e baixos, sempre me dando todo o apoio. Agradeco especialmente a

Lucas, Renata, Vinıcius, Nicholas e Krishynan; muito obrigado pelo companheirismo

desde o primeiro dia de aula.

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RESUMO

A ocorrencia de distorcoes em sinais de audio e um problema muito frequente no

tratamento de sinais desta natureza. Em faixas utilizadas como trilhas sonoras em

produtos audiovisuais, por exemplo, e comum a aplicacao de efeitos na musica com

objetivos esteticos. Entretanto, tais modificacoes podem ser encaradas como dis-

torcoes quando desejamos recuperar os sinais originais sem o conhecimento do tipo

de efeito aplicado. Neste contexto, este trabalho se propoe a estudar metodos de

correcao de distorcoes lineares e nao-lineares em sinais de audio. Foram implemen-

tadas e testadas tecnicas que buscavam inverter filtragens lineares e nao-linearidades

(como o efeito de clipping e distorcoes polinomiais), inicialmente de forma isolada

e, em seguida, combinando os dois tipos de efeitos. Em um primeiro momento, as

distorcoes foram aplicadas segundo o modelo usado em cada metodo. Por fim, fo-

ram aplicadas compressoes e expansoes nos sinais, que sao mais proximas de casos

reais, para testar os metodos em cenarios menos controlados. Foi constatado que

as tecnicas implementadas funcionaram de forma satisfatoria nos casos em que as

distorcoes seguiam os modelos adotados, mas nao conseguiram recuperar os sinais

distorcidos de forma mais generica.

Palavras-Chave: distorcoes lineares, distorcoes nao-lineares, processamento de

audio, processamento de sinais.

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ABSTRACT

The presence of distortions in audio is a recurrent problem when dealing with

such kind of signal. In soundtracks made for soap operas or movies, for example,

it is a common practice to apply effects in the music track for aesthetic reasons.

However, such modifications might be seen as distortions when we want to restore the

original signals without the knowledge of the applied effects. This work deals with

methods designed to compensate linear and nonlinear distortions in audio signals.

Different algorithms were implemented and tested aiming at the inversion of linear

filtering and nonlinearities (such as clipping and polynomial distortions), at first

isolatedly and, afterwards, combining both types of effects. At first, the distortions

were applied following the proposed models. Lastly, the signals were subjected to

compressions and expansions, which are closer to real scenarios, to evaluate the

algorithms’ behavior in less controlled situations. The results presented show that

the methods perform well when the distortions follow the correct models, but cannot

restore the signals distorted in less specific ways.

Key-words: linear distortions, nonlinear distortions, audio processing, signal pro-

cessing.

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SIGLAS

DCT - Discrete Cosine Transform

DFT - Discrete Fourier Transform

ERB - Equivalent Rectangular Bandwidth

FDMV - Frequency-Domain Median Value

FIR - Finite-length Impulse Response

IIR - Infinite-length Impulse Response

SDR - Signal-to-Distortion Ratio

SNR - Signal-to-Noise Ratio

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Sumario

1 Introducao 1

1.1 Historico da gravacao de audio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1

1.2 Distorcoes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4

1.3 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.4 Uma possıvel aplicacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

1.5 Implementacao e documentacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

1.6 Descricao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6

2 Metodos de avaliacao de qualidade 8

2.1 SDR (Signal-to-Distortion Ratio) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

2.2 Rnonlin . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3 Metodos de inversao de distorcoes lineares 14

3.1 Introducao ao Filtro de Wiener . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

3.2 Descricao do metodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

3.3 Experimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

3.3.1 Teste 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.3.2 Teste 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.3.3 Teste 3 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.3.4 Teste 4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

4 Metodos de inversao de distorcoes nao-lineares 31

4.1 Revisao bibliografica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

4.2 Declipping baseado em norma L1 ponderada . . . . . . . . . . . . . . 34

4.2.1 Modificacao na implementacao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.3 Declipping baseado em mınimos quadrados restrito . . . . . . . . . . 38

x

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5 Metodos de inversao de distorcoes lineares e nao-lineares combina-

das 42

5.1 Distorcao linear seguida de nao-linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

5.2 Distorcao nao-linear seguida de linear . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

5.2.1 Descricao do metodo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46

5.2.2 Modificacoes na implementacao . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

5.2.3 Experimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49

5.3 Distorcao de compressao ou expansao . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5.3.1 Descricao do modelo de distorcao . . . . . . . . . . . . . . . . 52

5.3.2 Experimento com compressao e expansao . . . . . . . . . . . . 54

6 Conclusoes 57

Bibliografia 60

xi

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Lista de Figuras

1.1 Fonografo de Edison. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2

2.1 Ganho x SDR . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

2.2 Diagrama de blocos para o calculo da metrica Rnonlin. . . . . . . . . 11

3.1 Filtro de Wiener. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3.2 Representacao do problema generico do Filtro de Wiener. . . . . . . . 17

3.3 Representacao do problema do Filtro de Wiener no contexto da aplicacao

desejada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

3.4 Espectrograma do Sinal 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.5 Espectrograma do Sinal 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

3.6 Diagrama de blocos do Teste 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.7 Diagrama de blocos do Teste 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

3.8 Resposta em frequencia do filtro passa-baixas suave. . . . . . . . . . . 25

3.9 Resposta em frequencia do filtro passa-baixas agressivo. . . . . . . . . 25

3.10 Resposta em frequencia do filtro passa-banda. . . . . . . . . . . . . . 26

3.11 Resposta em frequencia do filtro passa-altas. . . . . . . . . . . . . . . 26

3.12 Diagrama de blocos do Teste 3. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.13 Variacao da SDR em funcao do ganho aplicado. . . . . . . . . . . . . 29

3.14 Diagrama de blocos do Teste 4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

4.1 Soft-clipping e hard-clipping. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

4.2 Distorcao de soft-clipping seguida da funcao de compensacao. . . . . 32

4.3 Espectrograma do sinal de teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

4.4 Resultado do algoritmo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

4.5 Comparacao entre os metodos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

4.6 Resultado do algoritmo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

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5.1 Modelo de distorcao linear seguida de nao-linear e os blocos relativos

a restauracao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

5.2 Modelo de distorcao nao-linear seguida de linear, o sistema de Ham-

merstein, e os blocos relativos a restauracao, o sistema de Wiener. . . 46

5.3 Espectrograma do sinal de teste. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50

5.4 Resposta em frequencia do filtro linear de distorcao. . . . . . . . . . . 50

5.5 Efeito de compressao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54

5.6 Efeito de expansao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

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Lista de Tabelas

3.1 Resultados do Teste 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

3.2 Coeficientes dos filtros utilizados. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

3.3 Resultados do Teste 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

3.4 Resultados do Teste 3 para o Sinal 1. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.5 Resultados do Teste 3 para o Sinal 2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

3.6 Resultados do Teste 4 para o Sinal 1 ajustando o ganho do filtro. . . 30

4.1 Valores das metricas para os resultados do algoritmo. . . . . . . . . . 37

4.2 Valores das metricas comparando as duas versoes do metodo. . . . . . 38

4.3 Valores das metricas para os resultados do algoritmo. . . . . . . . . . 41

5.1 Resultados do experimento com uma distorcao linear seguida de uma

compressao nao-linear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45

5.2 Resultados do experimento utilizando a norma L0 suavizada em con-

junto com a restricao de energia, no domınio da DFT. . . . . . . . . . 51

5.3 Resultados do experimento utilizando a norma L0 suavizada em con-

junto com a restricao de energia, no domınio da DCT. . . . . . . . . . 51

5.4 Resultados do experimento usando a norma L1 em conjunto com a

restricao de energia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

5.5 Resultados do experimento para o caso em que a distorcao foi uma

compressao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

5.6 Resultados do experimento para o caso em que a distorcao foi uma

expansao. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

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Capıtulo 1

Introducao

1.1 Historico da gravacao de audio

A historia do tratamento e restauracao de sinais de audio confunde-se com a

historia da gravacao do som em si. Por esse motivo, e importante entender o historico

das tecnicas e materiais utilizados ao longo do tempo para se gravar, armazenar e

reproduzir audio.

A primeira gravacao reproduzida de que se tem notıcia ocorreu em 1877 [1].

Thomas Edison conseguiu gravar sua propria voz dizendo a frase “Mary had a little

lamb”. Para isto, ele utilizou um fonografo de sua invencao (visto na Figura 1.1 em

sua forma aprimorada, comercial), que usava uma agulha para deixar uma impressao

em um cilindro de metal envolto em uma fina folha de estanho. A origem do som, no

caso, a voz de Edison, era colocada a uma distancia pre-determinada de um grande

cone que concentrava o som e estimulava um diafragma. Este, por sua vez, estava

conectado a agulha, que marcava o estanho de acordo com as vibracoes sofridas pelo

diafragma. Com a rotacao do cilindro atraves de uma manivela, o som emitido era

gravado ao longo da extensao do estanho [2]. A reproducao era feita atraves de

um segundo par agulha-diafragma [3], com o processo inverso: a agulha percorria a

impressao deixada na folha de estanho e gerava vibracoes no diafragma, de forma

que o som original era reproduzido e amplificado por meio do cone.

Com o tempo, novas tecnicas foram sendo desenvolvidas para a gravacao de

audio. O primeiro grande adversario comercial do cilindro foi o disco. Em 1888,

Emil Berliner demonstrou o funcionamento de um gramofone que utilizava como

1

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Figura 1.1: Fonografo de Edison, que utilizava um cilindro com estanho para fazer

a gravacao. (Por Norman Bruderhofer, www.cylinder.de—own work (transferred

from de:File:Phonograph.jpg), CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/

w/index.php?curid=427395)

meio de armazenamento um disco de 7 polegadas. A gravacao era feita apenas de

um lado e tambem necessitava do emprego de uma manivela, que a cerca de 80 rpm

reproduzia 2 minutos de audio [1]. De forma similar ao cilindro de Edison, uma

agulha vibrava de acordo com um diafragma e gravava lateralmente o disco. Na

reproducao, a agulha percorria o disco de forma vertical (posteriormente o corte se

tornaria lateral) e fazia o diafragma vibrar, reproduzindo o som [4].

A disputa entre os dois metodos de gravacao continuou no inıcio do seculo

XX. Ao passo que Edison insistia na gravacao em cilindros, lancando modelos que

podiam ser fabricados em massa e feitos de materiais mais resistentes, a industria

de discos tambem evoluıa. Em 1902, discos de 10 polegadas foram usados para fazer

gravacoes de artistas europeus, como o tenor Enrico Caruso e o barıtono Mattia

Battistini. A vantagem do novo tamanho era que o tempo de gravacao pode ser

aumentado de cerca de 2 para 4 minutos [1].

A utilizacao do disco possuıa claras vantagens em relacao ao cilindro. Ini-

cialmente, via-se que o armazenamento de discos era muito mais pratico do que

o de cilindros. Alem disso, em 1904, foi criada a gravadora Odeon Records que,

baseando-se na patente de Ademor Petit, produzia discos que podiam ser gravados

2

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em ambos os lados. Com isto, em 1913, Edison passou a produzir tambem discos,

com os gravadores e reprodutores Diamond-Disc [1].

Um novo concorrente aos discos surgiu em 1928, quando o Dr. Fritz Pfleumer

patenteou o uso de compostos magneticos para fazer gravacoes em fitas de papel ou

filme [1]. Este princıpio, porem, fora usado pela primeira vez em 1878 quando Ober-

lin Smith esquematizou os princıpios basicos da gravacao magnetica [5]. Em 1898,

Valdemar Poulsen conseguiu a patente para um aparelho que realizava a gravacao

de voz em fios magneticos. Este dispositivo foi chamado de telegrafone e foi demons-

trado em 1900 [6] na Paris Exhibition [1]. A fita magnetica passou a ser utilizada a

partir de 1935, quando uma equipe de engenheiros alemaes demonstraram o funci-

onamento de um aparelho chamado magnetofone, que reproduzia e gravava audio a

partir de uma fita gravada magneticamente [1], seguindo os princıpios pensados por

Oberlin Smith.

A gravacao em meio magnetico funciona da seguinte forma: o som desejado

estimula um microfone que o converte em um sinal eletrico. Este sinal passa por uma

cabeca de gravacao que e colocada muito proxima a uma fita que possui compostos

magneticos (tipicamente oxidos de ferro) de tamanho muito pequeno, da ordem de

0,5 µm [7]. Com a passagem do sinal eletrico, as partıculas sao magnetizadas de

acordo com o sinal desejado. Para a reproducao, a fita magnetizada e passada pela

cabeca de reproducao e induz um sinal eletrico equivalente ao sinal gravado, que

pode ser amplificado e convertido em som [6].

Com o desenvolvimento da computacao, tornou-se possıvel realizar a gravacao

de forma digital. Esta ideia teve inıcio em 1937, quando Alec Reeves criou a

Pulse-Code Modulation (PCM) [8], uma forma de representar digitalmente sinais

analogicos. Durante a decada de 1960, tanto a Japan Broadcasting Corporation

(NHK) quanto a British Broadcasting Corporation (BBC) buscaram desenvolver

dispositivos que utilizassem a tecnologia PCM para melhorar a qualidade do audio

de suas transmissoes [9].

No inıcio da decada de 1980, a maior parte das gravadoras ja utilizava alguma

forma de gravacao digital [9]. Em 1982, foram comercializados os primeiros discos

compactos (CDs) de 5 polegadas [1]. O padrao para este tipo de mıdia foi estabe-

lecido em 1980 em uma colaboracao entre as empresas Sony e Philips. Vendido a

3

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cerca de 15 dolares, o disco custava menos de 1 dolar para ser produzido e era feito

de plastico, com uma camada de alumınio e outra, para protecao, de laca, um tipo

de resina. O CD usava codificacao em 16 bits e frequencia de amostragem de 44100

Hz. Uma caracterıstica importante desta nova mıdia era a capacidade de armazena-

mento, pois, podendo reproduzir ate 74 minutos de audio, era capaz de armazenar

uma gravacao inteira da 9a sinfonia de Beethoven [8], o que seria impensavel com

as tecnologias anteriores.

Com a difusao dos formatos digitais de audio no inıcio dos anos 2000, o

compartilhamento pela internet de forma ilegal de arquivos de musica surgiu como

um grande empecilho a industria fonografica. Nesse contexto, servicos como a iTunes

Music Store surgiram como excecoes aos downloads ilegais de musicas [10]. Porem,

o conceito de distribuicao de musica atraves de streaming tornou-se cada vez mais

difundido, pois os usuarios passaram a nao ter mais a necessidade de armazenar o

arquivo de audio em seus dispositivos, o que era o mais comum no inıcio do seculo

XXI [11]. Em geral, muitas pessoas preferem utilizar servicos de streaming, pois, por

precos mais acessıveis, tem-se a disposicao um acervo muito grande de conteudo, o

que nao ocorria com CDs ou o download (legal ou nao) de musicas [11].

1.2 Distorcoes

A ocorrencia de distorcoes nas faixas de audio gravadas e um aspecto pre-

sente desde os primeiros metodos de gravacao. Considerando todas as etapas en-

volvidas no processo, as distorcoes podem aparecer em diversos momentos, o que

exige um nıvel de atencao maior por parte das pessoas envolvidas. No momento

da gravacao, as especificacoes do microfone utilizado podem influenciar diretamente

a qualidade do som gravado e uma ma escolha pode levar ao surgimento de dis-

torcoes na gravacao [12]. A faixa dinamica do microfone escolhido, por exemplo,

e um limitante para os sinais que serao gravados. Caso a intensidade que deseja-

se gravar supere os limites do aparelho, certamente havera uma distorcao no sinal

armazenado. De forma analoga, o momento da reproducao tambem e crıtico, pois

o aparelho que ira reproduzir o som gravado possui suas proprias especificacoes e

pode causar efeitos inesperados quando a gravacao esta fora de seus padroes.

4

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As distorcoes mencionadas ate o momento podem ser classificadas como dis-

torcoes nao-lineares. Um sistema e dito nao-linear quando um sinal colocado em sua

entrada resulta em uma saıda que possui componentes frequenciais que nao estavam

presentes no sinal original [13]. Sistemas caracterizados por funcoes nao-lineares ge-

ram esse tipo de efeito. Um exemplo relevante no contexto deste trabalho e o efeito

de clipping. Este tipo de distorcao e muito presente no contexto de sinais de audio,

podendo decorrer de amplificadores ou gravadores magneticos operando fora de suas

faixas lineares de operacao [14] ou mesmo por opcao de um produtor musical.

As distorcoes lineares, em muitos casos, sao efeitos introduzidos de forma

proposital no momento da producao da faixa de audio. Filtragens lineares sao co-

muns em contextos em que deseja-se salientar determinadas faixas de frequencia na

gravacao, com objetivos esteticos que dependem da pessoa que estiver produzindo o

audio. Entretanto, existem situacoes em que precisamos trabalhar com sinais pro-

duzidos por terceiros, mas e necessario que eles estejam livres de distorcoes lineares.

Quando estamos em uma situacao em que a filtragem, mesmo que linear, aplicada

ao sinal de audio nos e desconhecida, podemos interpreta-la como uma distorcao

linear, uma vez que nao houve alteracoes nas componentes frequenciais existentes

no sinal.

1.3 Objetivos

O objetivo deste trabalho e estudar metodos que buscam corrigir distorcoes

sofridas por sinais de audio. Nesse contexto, serao abordados sinais que tenham pas-

sados apenas por filtragens lineares, apenas distorcoes nao-lineares e, por fim, sinais

que tenham sofrido os dois efeitos. Serao realizadas as implementacoes dos metodos

e testes com sinais naturais em condicoes controladas. Alem disso, tambem serao

estudados dois metodos objetivos de avaliacao de qualidade, que serao utilizados

para aferir o quao bem as tecnicas abordadas funcionaram.

1.4 Uma possıvel aplicacao

A remocao ou atenuacao de distorcoes lineares e nao-lineares pode ter aplica-

coes das mais diversas, tanto academicas quanto comerciais. Uma possıvel aplicacao

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seria a extracao de musicas de trilhas sonoras de programas audiovisuais [15]. No

contexto da expiracao dos direitos autorais sobre a trilha musical de uma novela

televisiva, por exemplo, torna-se importante a remocao do conteudo musical do

audio sem comprometer os dialogos e outros efeitos sonoros.

Em [15], e desenvolvido um metodo para realizar essa extracao a partir do

audio completo da obra (trilha musical, dialogos e efeitos sonoros) e da faixa original,

presente nos CDs oficiais do produto audiovisual. Desta forma, foi possıvel detectar

e remover, de forma satisfatoria, trechos da musica presentes no audio gerado de

forma artificial, que poderiam ter sofrido ganhos variaveis no tempo ou filtragens

lineares.

O trabalho, contudo, nao abordou completamente o caso das distorcoes nao-

lineares que a faixa musical possa ter sofrido na producao. Esta pode ser uma das

causas que levaram os experimentos feitos com sinais de trilhas sonoras reais, ou

seja, que nao foram gerados artificialmente, a nao atingirem os resultados desejados.

O estudo mais detalhado desse tipo de distorcao pode levar a melhores desempenhos

neste tipo de problema.

1.5 Implementacao e documentacao

Todos os codigos utilizados neste trabalho relativos aos metodos de correcao

de distorcoes e as metricas de avaliacao objetiva de qualidade foram desenvolvidos

em MATLAB, assim como os graficos e espectrogramas apresentados. As imagens

de diagramas de blocos foram feitas no software Ipe. A documentacao do trabalho

foi escrita em LaTeX.

1.6 Descricao

Apos esta Introducao, no Capıtulo 2 serao discutidos os metodos de avaliacao

de qualidade utilizados, assim como serao explicitados os procedimentos envolvidos

no calculo de cada metrica. O Capıtulo 3 apresenta os metodos de inversao de

distorcoes lineares abordados no trabalho. Os metodos de inversao de distorcoes

nao-lineares serao tratados no Capıtulo 4. O Capıtulo 5 tratara de metodos que

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envolvam restauracao de sinais que sofreram tanto distorcoes lineares quanto nao-

lineares. O Capıtulo 6 apresenta as conclusoes do trabalho.

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Capıtulo 2

Metodos de avaliacao de qualidade

Um aspecto muito importante deste trabalho e a avaliacao da qualidade dos

sinais obtidos pelos metodos de restauracao com relacao a suas versoes distorcidas.

Nesse contexto, podemos adotar duas abordagens principais.

A primeira delas e a realizacao de testes subjetivos. Neste caso, deve-se ter

a disposicao grupos de pessoas que irao escutar os resultados e avalia-los de acordo

com suas percepcoes. Entretanto, percebe-se que, para haver eficacia neste tipo de

avaliacao, e necessario um consideravel esforco logıstico para organizar os testes e

catalogar os resultados, alem de grandes grupos de pessoas capacitadas para avaliar

os sinais testados.

A segunda possibilidade e a utilizacao de metricas objetivas. Neste caso, sao

aplicados criterios matematicos aos sinais de audio que resultam em valores que

possam ser considerados indicativos do que seria uma avaliacao humana. Dessa

forma, cada sinal testado e associado a um resultado numerico que representa a

qualidade daquele sinal de audio.

Neste trabalho, seguiremos o segundo caminho, devido as dificuldades expos-

tas com relacao aos testes subjetivos. Como desejamos avaliar o nıvel de distorcao

presente nos sinais estudados, foram utilizadas duas metricas: a Signal-to-Distortion

Ratio (SDR) e a Rnonlin. E importante ressaltar que o uso dessas duas metricas

so foi possıvel nos casos em que possuıamos o sinal original disponıvel, pois elas

avaliam o quao distorcido esta o sinal com relacao a sua versao sem distorcao.

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2.1 SDR (Signal-to-Distortion Ratio)

A SDR e uma metrica de simples implementacao que nos permite avaliar o

quanto da informacao do sinal original temos no sinal distorcido. De forma geral,

para um vetor contendo o sinal original x e um vetor contendo o sinal distorcido y,

perfeitamente alinhados no tempo, a SDR de y com relacao a x e dada por:

SDR(x, y) = 10log10

‖x‖22

‖x− y‖22

. (2.1)

A partir da expressao acima, verifica-se que para sinais muito proximos do original

obtemos uma SDR mais alta do que para sinais muito distorcidos.

Detalhe de implementacao

Um problema encontrado no uso da SDR veio do fato de que a aplicacao de um

fator de ganho arbitrario no sinal que esta sendo avaliado influencia diretamente no

valor encontrado para a metrica. Desta forma, se estivermos comparando resultados

obtidos em diferentes experimentos, corremos o risco de fazer uma comparacao inco-

erente caso tenham sido aplicados ganhos diferentes capazes de modificar o calculo

da SDR em cada situacao.

Para contornar este problema, a estrategia adotada foi a seguinte: a cada

vez que se calculava a SDR, foi aplicado um ganho G ao sinal a ser avaliado de

forma que a SDR encontrada pela expressao SDR(x, y) = 10log10‖x‖22

‖x−Gy‖22fosse a

mais alta possıvel. Assim, consideramos sempre a SDR maxima para cada sinal e

podemos comparar de forma justa os resultados de experimentos (setups) diferentes.

Alternativamente a esse procedimento, seria possıvel calcular analiticamente um

fator de ganho otimo.

Na Figura 2.1, temos a evolucao da SDR encontrada quando aplicamos a

um sinal avaliado de exemplo ganhos de 0 a 7, em passos de 0,01. Vemos que a

SDR atinge um maximo global, que sera o valor utilizado para este experimento

especıfico.

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Figura 2.1: Ganho x SDR

2.2 Rnonlin

A metrica Rnonlin foi desenvolvida em [16] para avaliar o nıvel da distorcao

nao-linear de um sinal de forma mais proxima a percepcao humana. Para isto, e

feita uma filtragem que modela de forma extremamente simplificada o que ocorre

em nosso sistema auditivo. O valor obtido no Rnonlin varia entre 0 e 1, sendo

que quanto maior a distorcao presente no sinal, menor sera o valor encontrado. A

Figura 2.2 ilustra o algoritmo usado para calcular a metrica.

1. Inicialmente, tanto o sinal original, x, quanto o distorcido, y, passam por

um filtro FIR que simula o efeito das orelhas media e externa, como descrito

em [17].

2. Em seguida, os sinais passam por um banco de 40 filtros que aproximam a res-

posta de nosso sistema auditivo. Pode-se obter uma aproximacao da largura

10

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Filtro FIR simulando

as orelhas media e

externa

Filtro FIR simulando

as orelhas media e

externa

Banco de 40 filtroscom largura de 1 ERB

correlac~oes cruzadas

Janela i da saıda

do filtro j

Janelas i− 1, i e i+ 1

da saıda do filtro j

Valor maximo das

Peso

PXmaxj

Media atraves detodas as janelas

Rnonlin

.......

40

x y

.......

40

.......

40

Banco de 40 filtroscom largura de 1 ERB

Figura 2.2: Diagrama de blocos para o calculo da metrica Rnonlin.

de banda dessa resposta usando filtros passa-faixa retangulares com largura

de 1 ERB (Equivalent Rectangular Bandwidth), centrados em frequencias es-

pecıficas que variam de 50 Hz a 19739 kHz.

3. Para cada filtro, calculamos a correlacao cruzada entre o sinal distorcido e o

original. Para isso, os sinais sao divididos em janelas de 30 ms, sem sobre-

posicao, atribuindo a cada uma um ındice i. Calcula-se entao a correlacao

cruzada entre a i-esima janela da resposta do sinal distorcido aplicado ao fil-

tro e a concatenacao das janelas i− 1, i e i + 1 da resposta do sinal original,

11

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para deslocamentos de η amostras variando de -10 ms a 10 ms. A correlacao

cruzada para o j-esimo filtro para o lag η e dada por:

rxy(i; η; j) =

iL+η∑n=(i−1)L+1+η

x(n; j)y(n− η; j)

√σx × σy

, (2.2)

onde

σx =

iL+η∑n=(i−1)L+1+η

x(n; j)x(n; j) (2.3)

e

σy =

iL+η∑n=(i−1)L+1+η

y(n− η; j)y(n− η; j), (2.4)

sendo L o numero de amostras em cada janela de 30 ms. Para sinais com

amostragem de 44100 amostras por segundo, L = 1323 amostras. x e y sao os

sinais correspondentes ao sinal original e ao sinal distorcido, respectivamente,

nesse ponto do algoritmo, apos as filtragens realizadas.

4. Para cada filtro e cada janela, calculamos o valor maximo da correlacao cruzada

sobre todos valores de η, que sera chamado de Xmax.

5. Para cada janela i na saıda de cada filtro j, calculamos um peso que sera

aplicado a Xmax a partir de:

Peso(i, j) = 10log10

1

L

iL∑n=(i−1)L+1

y(n; j)y(n; j)

. (2.5)

Este peso e aplicado para que trechos de amplitude mais baixa do sinal in-

fluenciem menos no calculo da metrica do que trechos com maior amplitude

igualmente distorcidos.

6. Uma vez calculados todos os pesos, determina-se o valor maximo dentre os

calculados para uma mesma janela i, chamado de Pesomax(i). Para cada filtro

j: se Peso(i, j) esta a ate 40 dB de Pesomax(i), aplica-se Pesomax(i) a Xmax;

se Peso(i, j) esta a mais de 80 dB abaixo de Pesomax(i), aplica-se peso igual a

zero a Xmax; se Peso(i, j) esta entre 40 e 80 dB abaixo de Pesomax(i), aplica-se

um peso que diminui linearmente. Os pesos sao entao normalizados para que

somados sejam iguais a 1.

12

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7. Para cada janela, somam-se os valores de Xmax ponderados para todos os filtros

e, por fim, toma-se a media atraves de todas as janelas. O valor obtido e o

Rnonlin.

A implementacao da metrica Rnonlin utilizada ao longo deste trabalho foi

feita em MATLAB e esta disponıvel em [18].

13

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Capıtulo 3

Metodos de inversao de distorcoes

lineares

A ocorrencia de uma filtragem linear em sinais de audio nao e necessariamente

considerada uma distorcao. Como foi mencionado no Capıtulo 1, um profissional

de producao de audio pode utilizar de forma intencional filtros que deem ganhos

em faixas de frequencia especıficas, de acordo com o contexto desejado para aquele

sinal de audio. Entretanto, em aplicacoes como a descrita na Secao 1.4, pode ser

desejavel descobrir as caracterısticas de um possıvel filtro que tenha sido aplicado a

faixa musical em questao.

Este capıtulo descreve, inicialmente, o caso mais geral de um Filtro de Wiener

IIR [19]. Em seguida, sera explicado o algoritmo utilizado neste trabalho para

estimar o filtro FIR aplicado ao sinal de audio [15].

3.1 Introducao ao Filtro de Wiener

Um dos problemas mais importantes e recorrentes no processamento de sinais

e a estimacao de um sinal a partir de outro. Em varias ocorrencias dessa aplicacao,

como em sinais de voz, sinais de radar ou de eletroencefalograma, o sinal original

pode nao estar disponıvel, de forma que se possui apenas uma medida que, em geral,

esta distorcida ou corrompida por ruıdo. A aquisicao do sinal pode ter sido feita, por

exemplo, em um ambiente ruidoso, ou entao a resolucao do aparelho medidor pode

nao ser adequada para a medida do sinal em questao. Em casos muito especıficos, a

14

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aplicacao de um filtro tradicional, como passa-baixas, passa-faixa ou passa-altas, e

suficiente para restaurar o sinal desejado a partir da medida realizada. Entretanto,

essas abordagens nao necessariamente sao otimas no sentido de produzirem a melhor

estimativa do sinal original [19].

Na decada de 1940, Norbert Wiener iniciou pesquisas que buscavam descobrir

um metodo que permitisse estimar um sinal de forma otima a partir de uma medida

contaminada por ruıdo [19]. A forma discreta do problema do Filtro de Wiener pode

ser vista na Figura 3.1. Consiste em obter um filtro W (z) que permita estimar de

forma otima o sinal d(n) a partir de uma medida x(n) contaminada por um ruıdo

descorrelacionado com o sinal desejado, tal que

x(n) = d(n) + v(n). (3.1)

W (z) +

d(n)

x(n) = d(n) + v(n)

-e(n)d(n)

Figura 3.1: Filtro de Wiener.

Wiener enunciou o problema como uma minimizacao do erro quadratico

medio entre o sinal d(n) e sua estimativa d(n). Assim,

ξ = E|e(n)|2

, (3.2)

onde

e(n) = d(n)− d(n). (3.3)

No caso mais geral de um filtro de resposta ao impulso infinita (IIR), pode-se

escrever o erro como

e(n) = d(n)− d(n) = d(n)−∞∑

l=−∞

w(l)x(n− l), (3.4)

onde w(n) representa o filtro que queremos estimar no domınio do tempo discreto.

15

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Para realizar a minimizacao do erro quadratico medio, calculamos o valor

esperado do quadrado da Equacao 3.4, para entao igualarmos a derivada a zero.

Assim, obtemos

∞∑l=−∞

w(l)E x(n− l)x∗(n− k) = E d(n)x∗(n− k) , −∞ < k <∞. (3.5)

Podemos notar, na Equacao 3.5, que o termo E x(n− l)x∗(n− k) e a au-

tocorrelacao do sinal x(n), enquanto E d(n)x∗(n− k) e a correlacao cruzada entre

x(n) e o sinal d(n). Com isso, a Equacao 3.5 pode ser escrita de forma mais concisa

como∞∑

l=−∞

w(l)rx(k − l) = rdx(k), −∞ < k <∞, (3.6)

onde o lado esquerdo da equacao representa a convolucao entre w(k) e rx(k). Com

isso, no domınio da frequencia, temos

W(ejω)Px(ejω)

= Pdx(ejω), (3.7)

o que nos leva a conclusao que o filtro W (z) desejado e dado por

W (z) =Pdx(z)

Px(z), (3.8)

onde identificamos Px(z) como a densidade espectral de potencia de x(n) e Pdx(z)

como a densidade espectral de potencia cruzada entre os dois sinais.

Uma vez definida a expressao para o filtro otimo desejado, convem retomar a

suposicao feita na Equacao 3.1. Como o sinal x(n) e a soma do sinal desejado d(n)

com um ruıdo descorrelacionado v(n), podemos deduzir que

rdx(k) = E d(n)x∗(n− k) = E d(n)d∗(n− k)+ E d(n)v∗(n− k) = rd(k),

(3.9)

ou seja, Pdx (z) = Pd (z). Assim, a Equacao 3.8 pode ser reescrita como

W (z) =Pd (z)

Pd (z) + Pv (z)=

1

1 + Pv(z)Pd(z)

=1

1 + 1SNR

. (3.10)

onde a SNR e a Razao Sinal-Ruıdo (em ingles, Signal-to-Noise Ratio) que e definida

como a razao entre a potencia do sinal limpo e a potencia do ruıdo.

A interpretacao da Equacao 3.10 e coerente com o que e desejavel para o

filtro otimo calculado: quando ha muito pouco ruıdo presente na medida, a SNR

16

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assume um valor muito alto, o que faz o ganho do filtro tender a 1, preservando

o sinal; quando a potencia do ruıdo e muito elevada, a SNR torna-se muito baixa,

fazendo com que o sinal seja muito atenuado.

3.2 Descricao do metodo

O algoritmo utilizado neste trabalho e uma aplicacao mais especıfica do algo-

ritmo do Filtro de Wiener [19] e sua descricao encontra-se em [15]. No contexto do

metodo, vamos considerar que possuımos um sinal x(n) que e contaminado por um

ruıdo descorrelacionado η1(n) gerando o sinal y(n), como e mostrado na Figura 3.1.

Supomos tambem que conhecemos o sinal η2(n), um sinal correlacionado com η1(n),

mas diferente dele. Desta forma, podemos tomar x(n) como referencia e estimar um

filtro W (z) que minimiza o erro e(n) entre x(n) e η2W (n), que e a versao filtrada de

η2(n).

W (z) +

x(n) + η1(n) = y(n)

η2(n)

-e(n)η2W (n)

Figura 3.2: Representacao do problema generico do Filtro de Wiener.

O problema ilustrado pela Figura 3.2 pode ser colocado na perspectiva da

aplicacao descrita na Secao 1.4. Na Figura 3.3, e ilustrada esta situacao. Temos

um sinal de dialogo d(n) que e “corrompido” por uma faixa musical m′(n), uma

versao possivelmente filtrada da musica original, m(n), dando origem a y(n). Como

e possıvel ter acesso a versao original da musica atraves de CDs oficiais de trilha

sonora [15], podemos usar m(n) como o sinal correlacionado com aquele que estamos

tratando como ruıdo, neste caso, m′(n).

O problema torna-se, entao, minimizar uma funcao custo relacionada ao erro

e(n) para obtermos uma boa estimativa do sinal de dialogo d(n). Tanto o problema

generico (Figura 3.2) quanto o caso da aplicacao descrita na Secao 1.4 (Figura 3.3)

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W (z) +

d(n) +m0(n) = y(n)

m(n)

-e(n)mW (n)

Figura 3.3: Representacao do problema do Filtro de Wiener no contexto da

aplicacao desejada.

podem ser resolvidos pela minimizacao do valor esperado do sinal de erro e(n) ao

quadrado, como mencionado na Secao 3.1 [19]. Isto pode ser feito porque temos

acesso de antemao ao sinal de musica m(n) completo.

Devemos, entao, estimar os coeficientes do filtro de Wiener W (z) que mini-

mizam o valor esperado do sinal de erro e(n) ao quadrado. Por suposicao, o filtro

e considerado do tipo FIR (em ingles, resposta ao impulso de comprimento finito).

Considerando ainda que o comprimento do filtro sera M e que estamos fazendo a

analise na amostra n?, podemos definir

w (n?) = [w0 (n?) w1 (n?) . . . wM−1 (n?)]> , (3.11)

que e o vetor composto pelos coeficientes do filtro na amostra n? e

m (n?) = [m (n?) m (n? + 1) . . . m (n? +M − 1)]> , (3.12)

que e um vetor de M amostras do sinal m(n) a partir da amostra n?.

A saıda do filtro pode ser calculada, entao, por

mw (n?) = w> (n?) m (n?) . (3.13)

Como queremos calcular o valor esperado do quadrado do sinal e(n) = y(n)−

mW (n), temos

Ee2 (n?)

= E

[y (n?)−w> (n?) m (n?)

] [y (n?)−w> (n?) m (n?)

]= E y (n?) y (n?) − 2w> (n?)E y (n?) m (n?)+

+ w> (n?)Em (n?) m> (n?)

w (n?) .

(3.14)

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Como a Equacao 3.14 e uma funcao de segunda ordem positiva definida de

w (n?), podemos minimiza-la calculando sua derivada e igualando a zero. Assim,

∂E e2 (n?)∂w (n?)

= −2E y (n?) m (n?)+ 2Em (n?) m> (n?)

w (n?) , (3.15)

∂E e2 (n?)∂w (n?)

= 0 ⇒ Em (n?) m> (n?)

w (n?) = E y (n?) m (n?) . (3.16)

A Equacao 3.16 apresenta um sistema linear de equacoes. Para resolve-lo,

vamos inicialmente notar que o termo Em (n?) m> (n?)

corresponde a matriz de

autocorrelacao MxM do sinal m (n?):

Em (n?) m> (n?)

= Rmm (n?) . (3.17)

De forma semelhante, podemos escrever o vetor E y (n?) m (n?) como

E y (n?) m (n?) =

E y (n?)m (n?)

E y (n?)m (n? + 1)...

E y (n?)m (n? +M − 1)

(3.18)

e reparar que temos a correlacao cruzada rym (n?). Assim,

E y (n?) m (n?) =

rym (n?, n?)

rym (n?, n? + 1)...

rym (n?, n? +M − 1)

= rym (n?) . (3.19)

Finalmente, reduzimos o sistema da Equacao 3.16 a

Rmm (n?) w (n?) = rym (n?) , (3.20)

cuja solucao e dada por

w (n?) = R−1mm (n?) rym (n?) . (3.21)

Deve-se ter em mente que o calculo dos coeficientes do filtro depende com-

pletamente da amostra n? escolhida para analise. Por isso, em [15] sao descritas

algumas abordagens para estimar o filtro de forma mais robusta. Em todos os ca-

sos, soluciona-se o sistema da Equacao 3.20 para uma serie de valores diferentes de

n?. Em [15], essas amostras foram separadas por intervalos de 200 ms.

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Para obter os coeficientes finais do filtro estimado, devemos, primeiramente,

calcular a resposta em frequencia dos N filtros w (n?1) ,w (n?2) , . . . ,w (n?N) calculados

a partir das amostras n?1, n?2, . . . , n

?N . Temos que

Wi

(ejΩ)

= F w (n?i ) , i ∈ 1, 2, . . . , N, (3.22)

onde F• representa a transformada de Fourier de tempo discreto (DTFT).

Neste trabalho, escolheu-se, dentre as tres tecnicas descritas em [15], o metodo

Frequency-Domain Median Value (FDMV), ou mediana no domınio da frequencia,

pois foi a abordagem que obteve melhores resultados. A resposta em frequencia

do filtro final e dada pela mediana das partes reais e imaginarias das respostas em

frequencia de cada um dos filtros calculados. Assim,

W(ejΩ)

=mediana

(ReW1

(ejΩ), . . . ,Re

WN

(ejΩ))

+

mediana(ImW1

(ejΩ), . . . , Im

WN

(ejΩ))

j.(3.23)

Por fim, os coeficientes finais do filtro estimado sao dados por

w(n) = F−1W(ejΩ). (3.24)

3.3 Experimentos

Para avaliar o desempenho do metodo descrito, foram realizados testes inse-

ridos no contexto da aplicacao descrita na Secao 1.4. Desta forma, foram utilizados

dois sinais de musica de 10 segundos, amostrados a 44,1 kHz. O sinal 1 possui

conteudo espectral que ocupa uma larga faixa do espectro de frequencias, como

pode ser visto em seu espectrograma na Figura 3.4. Ja o sinal 2 e constituıdo ma-

joritariamente por componentes de baixas frequencias, possuindo pouco conteudo

em frequencias maiores que 10 kHz. Podemos ver seu espectrograma na Figura 3.5.

Ambos espectrogramas foram gerados usando janelas de 256 amostras sem sobre-

posicao e 256 pontos no calculo da DFT. A metrica utilizada para a avaliacao da

qualidade foi a SDR. Em todos os casos, o filtro W (z) estimado possuıa ordem 40.

20

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0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Tempo (s)

0

5

10

15

20

Fre

qu

ên

cia

(kH

z)

Figura 3.4: Espectrograma do Sinal 1.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Tempo (s)

0

5

10

15

20

Fre

qu

ên

cia

(kH

z)

Figura 3.5: Espectrograma do Sinal 2.

3.3.1 Teste 1

O primeiro teste avalia o metodo de separacao do dialogo a partir de uma

mistura com um sinal musical. Neste caso, a musica nao foi pre-filtrada antes de ser

21

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combinada ao dialogo. A Figura 3.6 apresenta um diagrama do teste realizado. O

sinal de dialogo foi utilizado como referencia para a SDR, pois desejamos separa-lo

da musica. A Tabela 3.1 apresenta os resultados obtidos.

W (z) +

d(n) +m(n) = y(n)

m(n)

-e(n)mW (n)

Figura 3.6: Diagrama de blocos do Teste 1.

SDRd,y SDRd,e

Sinal 1 0,6166 43,4739

Sinal 2 5,4569 53,1350

Tabela 3.1: Resultados do Teste 1.

Como se pode constatar, o algoritmo foi capaz de realizar a separacao do

dialogo de forma satisfatoria, alcancando altos valores de SDR. Pode-se perceber

tambem que o valor da metrica para a avaliacao da mistura e mais elevado no caso

do Sinal 2. Isto se justifica de forma perceptiva pois o Sinal 2 possuıa amostras de

amplitude menor do que o Sinal 1, fazendo com que o dialogo fosse mais perceptıvel

na mistura. Por esse motivo, a separacao foi feita de forma mais adequada no caso

do Sinal 2, como indicado pelo valor da SDR.

3.3.2 Teste 2

O segundo teste realizado consiste em avaliar como o metodo se comporta

na ausencia de um sinal de dialogo combinado com a musica. Desta forma, o sinal

musical sera filtrado por um filtro conhecido e o objetivo do metodo sera estimar esse

filtro. O objetivo e simular um cenario em que deseja-se desfazer uma filtragem linear

desconhecida aplicada a um sinal de musica. A Figura 3.7 ilustra o procedimento

feito.

22

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W (z) +m(n)

-e(n)

H(z)m(n) mH(n)

mW (n)

Figura 3.7: Diagrama de blocos do Teste 2.

O teste foi realizado apenas para o Sinal 1. Para explorar algumas possibi-

lidades de filtros que podem ser aplicados a musica no contexto em que queremos

desfazer a filtragem, foram utilizados quatro filtros FIR de fase linear: dois passa-

baixas, sendo um de resposta mais agressiva, um passa-banda e um passa-altas.

Todos os filtros possuıam ordem 19. Os coeficientes dos quatro filtros podem ser

vistos na Tabela 3.2 e suas respostas em frequencia sao mostradas nas Figuras 3.8

a 3.11.

23

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Passa-baixas suave Passa-baixas agressivo Passa-banda Passa-altas

0,0068 -0,0244 0,0000 -0,0068

0,0000 -0,0049 -0,0277 0,0000

-0,0120 0,0002 -0,0000 0,0120

0,0000 0,0095 -0,0233 -0,0000

0,0233 0,0224 -0,0000 -0,0233

0,0000 0,0374 0,0756 0,0000

-0,0476 0,0525 0,0000 0,0476

0,0000 0,0655 -0,1305 0,0000

0,1573 0,0743 0,0000 -0,1573

0,7500 0,5774 0,6540 0,7500

0,1573 0,0743 0,0000 -0,1573

0,0000 0,0655 -0,1305 0,0000

-0,0476 0,0525 0,0000 0,0476

0,0000 0,0374 0,0756 0,0000

0,0233 0,0224 -0,0000 -0,0233

0,0000 0,0095 -0,0233 -0,0000

-0,0120 0,0002 -0,0000 0,0120

0,0000 -0,0049 -0,0277 0,0000

0,0068 -0,0244 0,0000 -0,0068

Tabela 3.2: Coeficientes dos filtros utilizados.

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0 5000 10000 15000 20000 25000

Frequência (Hz)

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

Magnitude (

dB

)

Figura 3.8: Resposta em frequencia do filtro passa-baixas suave.

0 5000 10000 15000 20000 25000

Frequência (Hz)

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

Magnitude (

dB

)

Figura 3.9: Resposta em frequencia do filtro passa-baixas agressivo.

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0 5000 10000 15000 20000 25000

Frequência (Hz)

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

Magnitude (

dB

)

Figura 3.10: Resposta em frequencia do filtro passa-banda.

0 5000 10000 15000 20000 25000

Frequência (Hz)

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

1

Magnitude (

dB

)

Figura 3.11: Resposta em frequencia do filtro passa-altas.

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Para verificar o quao bem o metodo consegue estimar o filtro H(z), tomou-se

o sinal mH(n) como referencia e foram comparados os valores da SDR entre ele e

os sinais m(n) e mW (n). A ideia do teste e verificar se o sinal filtrado pelo filtro

estimado (mW (n)) obtem valores mais altos na metrica em comparacao a mH(n) do

que o sinal original. Os resultados podem ser vistos na Tabela 3.3.

Tipo de filtro SDRmH ,m SDRmH ,mW

Passa-baixas suave 19,4882 41,5613

Passa-baixas agressivo 20,0091 31,5614

Passa-banda 16,0574 29,8870

Passa-altas 18,3347 36,5522

Tabela 3.3: Resultados do Teste 2.

Os resultados apontaram que o algoritmo consegue estimar bem o filtro H(z).

Os valores de SDR altos indicam que a filtragem do sinal m(n) pelo filtro W (z),

resultando em mW (n), gera um sinal mais proximo ao sinal mH(n).

3.3.3 Teste 3

O terceiro teste tem como objetivo avaliar o funcionamento do metodo no sis-

tema completo. Desta forma, o sinal de musica sera filtrado por um filtro conhecido

e, em seguida, sera misturado ao dialogo. Assim, o sistema buscara estimar o filtro

que melhor faz a separacao do dialogo, mesmo na presenca da musica pre-filtrada.

A Figura 3.12 apresenta um diagrama ilustrativo do teste.

Neste experimento, foram utilizados os mesmos quatro filtros da Secao 3.3.2:

dois passa-baixas, sendo um de resposta mais agressiva, um passa-banda e um passa-

altas, todos com ordem 19.

Os resultados obtidos sao apresentados na Tabela 3.4, para o Sinal 1, e na

Tabela 3.5, para o Sinal 2.

Os resultados indicam que, nos casos dos filtros passa-baixas, foi possıvel

separar de forma razoavel o dialogo do sinal de musica filtrado. Como esperado,

notou-se uma piora nos valores encontrados para a SDR quando comparados com

os resultados do Teste 1 (Secao 3.3.1) devido a presenca da pre-filtragem do sinal

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W (z) +m(n)

-e(n)

H(z)m(n)

+

d(n)

mH(n)

mW (n)

y(n)

Figura 3.12: Diagrama de blocos do Teste 3.

Tipo de filtro SDRd,y SDRd,e SDRmH ,m SDRmH ,mW

Passa-baixas suave 0,6108 33,3694 19,4882 41,2473

Passa-baixas agressivo 0,5739 16,2774 20,0091 30,9372

Passa-banda 2,5044 1,8747 16,0574 29,7355

Passa-altas 2,1624 2,2831 18,3347 34,9809

Tabela 3.4: Resultados do Teste 3 para o Sinal 1.

Tipo de filtro SDRd,y SDRd,e SDRmH ,m SDRmH ,mW

Passa-baixas suave 5,4255 44,3267 23,3414 40,4015

Passa-baixas agressivo 5,2211 31,0253 23,3480 38,0563

Passa-banda 11,3122 9,4587 21,5109 31,4726

Passa-altas 10,5020 10,2685 23,0650 37,0141

Tabela 3.5: Resultados do Teste 3 para o Sinal 2.

musical. Entretanto, constatou-se que o metodo nao conseguiu separar o sinal de

dialogo quando a musica foi pre-filtrada pelos filtros passa-banda e passa-altas. Um

possıvel motivo para esses resultados seria o fato de que os sinais de musica nao

possuıam conteudo espectral nas bandas de passagem desses dois filtros, prejudi-

cando a estimacao dos filtros de inversao.

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3.3.4 Teste 4

Observando as duas ultimas colunas das Tabelas 3.4 e 3.5, e possıvel perceber

que o valor da SDR indica que o sinal de musica filtrado pelo filtro estimado (mW (n))

consegue se aproximar do sinal filtrado original (mH(n)). Apesar disso, o resultado

da separacao do dialogo a partir da mistura obteve um desempenho baixo. Assim,

conjecturou-se que o algoritmo usado para o calculo da metrica foi capaz de encontrar

um ganho que maximizava a semelhanca entre os sinais de musica filtrada, conforme

o procedimento descrito na Secao 2.1. A Figura 3.13 mostra os valores encontrados

para a SDR entre o sinal de referencia mH(n) e o sinal mW (n) em funcao dos ganhos

testados no teste com o Sinal 1 e filtro passa-banda. Percebe-se que, de fato, ha um

ganho diferente de 1 capaz de aproximar mais os dois sinais.

Figura 3.13: Variacao da SDR em funcao do ganho aplicado.

O objetivo deste teste e aplicar um fator de ganho G ao filtro estimado W (z)

encontrado no Teste 3 e verificar se o desempenho na separacao do dialogo a partir

da mistura e afetado. Para isto, foi repetido o procedimento inicial do Teste 3,

estimando-se o filtro W (z) e obtendo-se os sinais mW (n) e mH(n). Em seguida, foi

calculada a SDR entre esses dois sinais, tendo mH(n) como referencia, e obtendo o

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ganho G, que maximiza o valor da metrica. Este fator foi entao aplicado ao filtro

W (z), de forma que foi obtido um novo sinal m∗W (n) a partir da filtragem do sinal

de musica original m(n), que e removido da mistura dialogo+musica, resultando na

saıda e∗(n). A Figura 3.14 ilustra este procedimento enquanto a Tabela 3.6 mostra

os resultados encontrados.

W (z) +m(n)

-e∗(n)

+

d(n)

mH(n)

m∗

W(n)

y(n)

SDRmW (n) G

Figura 3.14: Diagrama de blocos do Teste 4.

Tipo de filtro SDRd,y SDRd,e∗

Passa-baixas suave 0,6108 33,3694

Passa-baixas agressivo 0,5739 22,7901

Passa-banda 2,5044 28,8004

Passa-altas 2,1624 33,2379

Tabela 3.6: Resultados do Teste 4 para o Sinal 1 ajustando o ganho do filtro.

Pode-se notar que o ajuste de ganho no filtro W (z) realmente permitiu que

o sinal de musica fosse separado do dialogo de forma mais eficaz. No caso do

filtro passa-baixas suave, o resultado obtido foi o mesmo. Porem, para os outros

tres filtros, foi observada uma melhora, mais consideravel nos casos passa-banda e

passa-altas.

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Capıtulo 4

Metodos de inversao de distorcoes

nao-lineares

As distorcoes nao-lineares podem ser caracterizadas por efeitos que intro-

duzem componentes frequenciais que nao estavam presentes no sinal original e sao

recorrentes no contexto de sinais de audio. A producao de audio no contexto audi-

ovisual pode aplicar efeitos caracterizados por funcoes nao-lineares em suas faixas

musicais de acordo com o interesse estetico da composicao da trilha sonora para o

produto final. Alem disso, dispositivos eletronicos como amplificadores ou grava-

dores magneticos que sao utilizados no contexto de audio possuem uma faixa de

operacao linear, fora da qual introduzem nao-linearidades no sinal de audio que esta

sendo tratado [14].

Neste capıtulo, serao apresentados metodos utilizados para remover ou ate-

nuar as distorcoes nao-lineares. Em especial, os metodos descritos nas Secoes 4.2 e

4.3 buscam solucionar o problema da distorcao de clipping, cujo efeito consiste em

limitar a faixa dinamica do sinal, de forma que valores de maior amplitude sao mais

afetados, enquanto valores mais baixos nao sofrem distorcao. Isto pode ocorrer de

duas formas. No caso do soft-clipping, a atenuacao ocorre de forma suave, de forma

que o sinal sera mais distorcido em amostras de maior amplitude, diminuindo o

grau de distorcao gradualmente para valores mais baixos. Ja o hard-clipping limita

bruscamente a amplitude do sinal. Assim, qualquer valor acima de um limiar fica

restrito a esse valor, enquanto amostras de menor amplitude permanecem inaltera-

das. A Figura 4.1 ilustra um sinal senoidal passando pelos efeitos de soft-clipping e

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de hard-clipping.

Figura 4.1: Soft-clipping e hard-clipping.

Como em geral o efeito de soft-clipping pode ser aproximado pela aplicacao

de uma funcao ımpar, suave, invertıvel e sem memoria ao sinal, e possıvel calcular

os coeficientes de um polinomio que faca a inversao deste efeito, de forma a se ter

um sinal mais proximo do sinal original. A Figura 4.2 ilustra essa ideia, que estara

presente nos algoritmos que serao apresentados a seguir.

sn xn ~snf(sn) g(xn)

Distorc~ao Restaurac~ao

Figura 4.2: Distorcao de soft-clipping seguida da funcao de compensacao.

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A Secao 4.1 faz uma breve revisao de alguns metodos existentes na literatura

que buscam a restauracao dos sinais que passaram pelo soft-clipping. As Secoes 4.2

e 4.3 descrevem os algoritmos utilizados neste trabalho.

4.1 Revisao bibliografica

Na literatura, e possıvel encontrar diversas abordagens para a correcao do

problema de soft-clipping em sinais de audio.

Uma pratica comum e modelar o sinal distorcido como um processo autor-

regressivo (AR) e gaussiano em trechos curtos, o que e um modelo comum em

aplicacoes de audio. Em [20], e apresentado um algoritmo que busca corrigir dis-

torcoes nao-lineares sem memoria. Tambem supoe-se que a curva de distorcao nao-

linear pode ser modelada por uma curva polinomial de coeficientes desconhecidos.

Assim, e proposto um algoritmo iterativo que busca calcular a maxima verossimi-

lhanca (em ingles, maximum likelihood ou ML) dos parametros desconhecidos da

funcao de distorcao.

A tecnica descrita em [21] tambem tem como alvo a correcao de distorcoes

nao-lineares com memoria. Neste caso, a curva de inversao e modelada como uma

curva linear por partes e e estimada atraves de uma estrategia baseada em cadeias

de Markov de Monte Carlo.

Uma outra abordagem e feita em [22]. Para este caso, assume-se que o sinal

e distorcido por uma funcao nao-linear sem memoria. A chave para o funciona-

mento do algoritmo esta na suposicao de que o sinal de audio e limitado em banda.

Quando o sinal sofre uma distorcao nao-linear, conteudos frequenciais em novas fai-

xas de frequencia surgem em seu espectro. Desta forma, o compensador nao-linear

descrito e construıdo de forma que o conteudo espectral do sinal distorcido que es-

teja fora da banda do sinal original seja suprimido. Isso e feito atraves de series

de potencias com coeficientes adaptativos, que sao calculados usando um criterio de

mınimos quadrados aplicado ao conteudo espectral fora da banda desejada na saıda

do compensador.

A suposicao inicial feita em [23] e semelhante a descrita em [22], em que se

assume que o sinal original e limitado em banda. Entretanto, o metodo desenvolvido

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em [23] nao necessita do conhecimento previo da banda do sinal. Em contextos

especıficos, e possıvel modelar o sinal distorcido como vindo de um sinal de banda

limitada sem nenhum conhecimento, porem, de qual e, de fato, essa banda. E

desenvolvido, entao, um metodo que busca compensar as distorcoes nao-lineares em

um contexto de separacao cega de fontes (em ingles, Blind Source Separation, ou

BSS).

O conhecimento de alguma caracterıstica do conteudo espectral do sinal ori-

ginal e uma abordagem utilizada tambem em [24]. Neste caso, diferentemente do

que e feito em [23] e [22], a suposicao inicial e que o sinal e esparso no domınio

da frequencia. Isso significa que ele possui a maior parte de suas componentes fre-

quenciais nulas. Desta forma, como a aplicacao de uma distorcao nao-linear tende

a gerar componentes frequenciais na saıda que nao estavam originalmente no sinal,

o algoritmo proposto busca calcular uma funcao polinomial que, quando aplicada

ao sinal distorcido, gere um sinal restaurado que seja maximamente esparso. Para

calcular os coeficientes deste polinomio, e resolvido um problema de otimizacao em

que usa-se uma aproximacao da norma L0 como medida de esparsidade.

A abordagem feita em [25] tambem se aproveita da esparsidade do sinal

original. Neste caso, o objetivo e minimizar a energia das componentes espectrais

que nao compunham o sinal originalmente. Para isso, assume-se que o sinal e esparso

em algum domınio (como da Transformada Discreta de Fourier - DFT - ou da

Transformada do Coseno Discreto - DCT) e e realizado um processo iterativo em

que, a cada iteracao, minimiza-se a energia de algumas componentes, de forma que

o sinal ao fim de cada iteracao e mais esparso do que no inıcio dela. Como o sinal

era esparso antes de ser distorcido, esse processo traduz-se em um sinal que e menos

distorcido a cada iteracao realizada.

4.2 Declipping baseado em norma L1 ponderada

Este metodo, desenvolvido em [26], busca restaurar um sinal que passou por

um processo de soft-clipping. Neste caso, queremos calcular os pesos w1, w2, ..., wP

de forma que

sn = w1xn + w2x3n + ...+ wPx

2P−1n , (4.1)

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ou, em forma matricial

sn = Xw, (4.2)

onde w = [w1w2...wP ]T e X e uma matriz cujas colunas sao compostas por potencias

ımpares de xn.

Inicialmente, e selecionado um bloco do sinal, localizado em torno da amostra

de maior amplitude. Em seguida, definimos S = Ds, onde D e a matriz da Trans-

formada Discreto de Cosseno (em ingles, DCT). Em [26], e definida uma funcao

custo, baseada em uma norma L1 ponderada:

F (S) =N−1∑k=0

Wk|Sk|, (4.3)

onde N e o numero de amostras usadas do sinal e Wk (que nao devem ser confundidos

com os coeficientes do polinomio wi) sao pesos definidos a partir do sinal distorcido.

Esta funcao explora a convexidade da norma L1 bem como a escolha de pesos Wk

independentes de w que a tornem mais sensıvel a distorcoes nao-lineares.

Para calcular os pesos Wk, primeiramente, dividimos o sinal em B blocos

de N amostras cada. Em seguida, calculamos a DCT de cada bloco de forma que

Xb = Dxb, b = 1, ..., B. A formula proposta em [26] e

Wk =

(1

B

B∑b=1

|Xbk |||xb||22

)−1

, k = 0, ..., N − 1, (4.4)

onde Xbk e o k-esimo elemento de Xb. Podemos interpretar essa funcao como a

media da norma L1 do espectro do sinal distorcido ao longo do tempo. Cada bloco

e normalizado pela energia ||xb||22 para evitar que blocos de alta energia dominem o

resultado.

Por fim, o problema de otimizacao a ser resolvido e

minimizarw

F (S(w)) =N−1∑k=0

Wk|Sk|

sujeito a wTXTXw = xTx

w > 0P ,

(4.5)

onde a restricao de preservacao da norma e definida para evitar a ambiguidade entre

a forma da funcao de distorcao e a energia do sinal original.

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Para testar o algoritmo, utilizamos um sinal de audio de 10 segundos, amos-

trado a 44,1 kHz, cujo espectrograma, gerado a partir de janelas de 128 amostras

sem sobreposicao e 256 pontos no calculo da DFT, pode ser visto na Figura 4.3.

Aplicamos uma distorcao atraves de uma funcao arco tangente (que e ımpar, suave,

invertıvel e sem memoria) e, em seguida, usamos a tecnica proposta para restaurar

o sinal. Para este teste, o numero de amostras utilizadas do sinal foi N = 2000, o

numero de coeficientes calculados para o polinomio de inversao foi P = 7, de forma

que o polinomio teve as potencias ımpares de xn ate o grau 13, e o numero de pesos

W foi B = 5.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

Tempo (s)

0

5

10

15

20

Fre

qu

ên

cia

(kH

z)

Figura 4.3: Espectrograma do sinal de teste.

Na Figura 4.4, plotamos o sinal original contra si mesmo (em azul) de forma

que possamos observar as distorcoes em relacao a essa curva identidade. Alem disso,

plotamos o sinal distorcido e o sinal restaurado contra o original (em preto e em

verde, respectivamente). Podemos verificar que, no caso do restaurado, a curva se

aproxima mais da obtida com o sinal original. A Tabela 4.1 apresenta os valores das

metricas SDR e Rnonlin comparando o sinal original s(n) com sua versao distorcida

x(n) e com o sinal restaurado s(n). Pode-se constatar que as duas metricas indicam,

de fato, que o metodo proposto consegue aproximar o sinal restaurado do original.

36

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Figura 4.4: Resultado do algoritmo.

SDRs,x SDRs,s Rnonlins,x Rnonlins,s

17,6385 31,2693 0,9600 0,9975

Tabela 4.1: Valores das metricas para os resultados do algoritmo.

4.2.1 Modificacao na implementacao

Como foi citado, o desenvolvimento apresentado em [26] leva em consideracao

apenas um bloco do sinal. Assim, os pesos desejados sao calculados com base apenas

no trecho em torno da amostra de maior amplitude.

Visando a obter um resultado melhor e inspirando-se no que e descrito em

[14] (e que sera detalhado na proxima secao), foi proposta uma modificacao na

implementacao do algoritmo. Assim, sao definidos dois novos parametros, SC e

SW , que representam os subconjuntos de blocos do sinal que serao utilizados para o

calculo da funcao objetivo e dos pesos, respectivamente. A escolha dos blocos e feita

37

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simplesmente selecionando aqueles que possuem as amostras de maior amplitude,

ate atingirmos o numero de blocos desejado. Dessa forma, as equacoes (4.3) e (4.4)

tornam-se, respectivamente:

F (S) =∑b∈SC

W |Sb| (4.6)

e

Wk =

(1

NW

∑b∈SW

|Xbk |||xb||22

)−1

, k = 0, ..., N − 1, (4.7)

onde W = diag(Wk) e NW e a cardinalidade de SW .

Em adicao aos parametros do teste do metodo original, as cardinalidades dos

subconjuntos SC e SW foram escolhidas como 150 e 200, respectivamente.

A Figura 4.5 ilustra o sinal de teste utilizado, sua versao distorcida por uma

funcao arco tangente e sua restauracao pelo metodo inicial, que utiliza apenas um

bloco do sinal, e pelo metodo que utiliza a modificacao proposta, usando mais blo-

cos, todos plotados contra o sinal original. Visualmente, as curvas obtidas pelos dois

metodos ficam muito proximas. A Tabela 4.2 apresenta os valores de SDR e Rnon-

lin obtidos ao compararmos o sinal original com a versao distorcida e com o sinal

restaurado obtido por cada metodo (s para o primeiro metodo e s∗ para a versao

modificada). E possıvel perceber que ha uma melhora muito leve nos valores obtidos

pelo metodo modificado, mas nao a ponto de ser claro na Figura 4.5. Dessa forma,

o custo computacional necessario para fazer o processamento com mais blocos nao

se justifica.

SDRs,x SDRs,s SDRs,s∗ Rnonlins,x Rnonlins,s Rnonlins,s∗

17,6385 31,2693 31,5304 0,9600 0,9975 0,9978

Tabela 4.2: Valores das metricas comparando as duas versoes do metodo.

4.3 Declipping baseado em mınimos quadrados

restrito

Este algoritmo, assim como o que foi descrito na Secao 4.2, busca inverter

o processo de soft-clipping em um sinal de audio. Para isto, retomando o desen-

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Figura 4.5: Comparacao entre os metodos

volvimento feito anteriormente, queremos calcular os pesos w1, w2, ..., wP de forma

que

sn = w1xn + w2x3n + ...+ wPx

2P−1n , (4.8)

ou, em forma matricial,

sn = Xw, (4.9)

onde w = [w1w2...wP ]T e X e a matriz cujas colunas sao as potencias ımpares de

xn.

O sinal xn e dividido em B blocos de tamanho L. Para obtermos um resultado

melhor ao final do algoritmo, selecionamos para analise os blocos que possuem as

amostras de maior amplitude. Assim, teremos os trechos do sinal que carregam mais

informacao sobre ele. Definimos entao subconjuntos de blocos SC e SW como

SC = b ∈ 1, ..., B |max|xb0|, |xbL−1| > γC (4.10)

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e

SW = b ∈ 1, ..., B |max|xb0|, |xbL−1| > γW, (4.11)

onde γC e γW sao limiares de amplitude que podem ou nao ser iguais.

Com isto, e definida uma funcao custo quadratica por

C(w) =∑b∈SC

L−1∑k=0

Wk|Sbk |2, (4.12)

onde Wk, k ∈ 0, ...L−1 sao os pesos que serao calculados tendo como base apenas

o sinal distorcido e Sbk e o k-esimo elemento de Sb = DT sb e D e a matriz da

DCT. Lembrando que sb = Xbw e definindo a matriz W = diagW0, ...,WL− 1,

podemos reescrever a funcao custo de forma mais compacta como

C(w) =∑b∈SC

wTXTb DTWDXbw, (4.13)

ou ainda, tendo em vista que w e igual para todos os blocos,

C(w) = wTAw, (4.14)

onde

A =∑b∈SC

XTb DTWDXb. (4.15)

Com isto, resta definir os pesos Wk da seguinte forma

Wk =

[(∑b∈SW

|Xbk |||xb||22||xb||∞

)+ ε

]−1

, k = 0, ..., L− 1. (4.16)

Esta funcao representa basicamente o inverso da media dos coeficientes da

DCT ao longo dos blocos de sinal definidos por SW . O termo ||xb||22 evita que

blocos de amplitude muito grande sejam muito dominantes enquanto o termo ||xb||∞diminui o peso desses blocos, uma vez que eles sao os mais distorcidos no caso que

estamos tratando. O termo ε e usado para regularizacao.

O problema de otimizacao a ser resolvido, entao, e

minimizarw

C(w) = wTAw

sujeito a wTXTCXCw = ||xC ||2.

(4.17)

A restricao quadratica imposta busca evitar a solucao trivial w = 0P .

40

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Para testar o algoritmo, foi utilizado o mesmo sinal dos testes da Secao 4.2

e foi imposta uma distorcao atraves de uma funcao arco tangente. Os parametros

utilizados no algoritmo foram os mesmos definidos no teste da Subsecao 4.2.1.

A Figura 4.6 ilustra o sinal original plotado contra si mesmo, bem como os

sinais distorcido e restaurado contra o original, de forma que possamos ver as mu-

dancas ocorridas com relacao ao primeiro sinal. Podemos observar que o algoritmo

consegue fazer com que o sinal restaurado volte a ser mais proximo do original. Alem

disso, a Tabela 4.3 apresenta os valores das metricas SDR e Rnonlin comparando o

sinal original com a versao distorcida e com o sinal restaurado pelo metodo.

Figura 4.6: Resultado do algoritmo

SDRs,x SDRs,s Rnonlins,x Rnonlins,s

17,6385 30,6868 0,9600 0,9975

Tabela 4.3: Valores das metricas para os resultados do algoritmo.

41

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Capıtulo 5

Metodos de inversao de distorcoes

lineares e nao-lineares combinadas

Na maior parte das situacoes praticas, o sinal de audio que desejamos tratar

sofreu algum tipo de distorcao que e, a princıpio, desconhecido. Nestes casos, e

necessario utilizar um modelo mais generico para estimar a distorcao e conseguir

corrigi-la de maneira adequada.

No cenario da aplicacao descrita na Secao 1.4, por exemplo, o objeto de estudo

inicial e o sinal de audio completo do produto audiovisual e e desejado realizar a

separacao adequada entre a musica e o dialogo. Entretanto, a faixa musical pode

ter sido processada pelos profissionais de audio na producao da trilha atraves da

aplicacao de efeitos dos mais diversos tipos que, por nos serem desconhecidos e

indesejados, passam a ser tratados como distorcoes, apesar de possuırem um carater

estetico do ponto vista artıstico. Neste contexto, a aplicacao do efeito pode ser feita

diretamente na combinacao do dialogo com a musica, apenas no dialogo ou apenas

na musica, antes de serem combinados. As discussoes neste capıtulo se referem a

este ultimo caso.

Para que seja possıvel restaurar o sinal distorcido de forma adequada, torna-

se necessario utilizar um modelo mais completo para a distorcao. Neste capıtulo,

vamos considerar que o sinal original foi modificado tanto por uma distorcao nao-

linear (clipping) quanto por uma filtragem linear. Dado que nao sabemos de antemao

como o sinal foi distorcido, podemos supor que as distorcoes usadas no modelo foram

aplicadas em uma ordem ou na outra. Na Secao 5.1, e suposto que o sinal e distorcido

42

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inicialmente pelo filtro linear e, em seguida, pela nao-linearidade. Sera descrita uma

tecnica que busca corrigir as distorcoes a partir de metodos descritos em secoes

anteriores. Ja na Secao 5.2, a ordem das distorcoes no modelo e invertida: considera-

se que o sinal passa pela distorcao nao-linear e em seguida pela filtragem linear. E

proposto um metodo que visa a recuperar sinais que tenham passados por sistemas

com essa configuracao. Por fim, na Secao 5.3, e descrito um tipo de distorcao comum

em softwares de edicao de audio e sao feitos experimentos para verificar se o metodo

proposto na Secao 5.2 e capaz de corrigir este caso mais generico.

5.1 Distorcao linear seguida de nao-linear

O primeiro caso a ser analisado parte do problema contemplado na Subse-

cao 3.3.3. Inicialmente, o sinal de musica sofrera uma filtragem linear para, em

seguida, ser misturado ao dialogo. Neste caso, porem, iremos aplicar o efeito de

clipping a soma dos sinais para avaliar como os metodos ja testados se comportam

quando combinamos estes dois tipos de distorcao. Assim, o objetivo sera, assim

como na Subsecao 3.3.3, realizar a separacao do dialogo, dispondo previamente da

musica original.

Com este modelo em mente, a abordagem utilizada para separar o sinal sera

uma composicao de dois metodos descritos em secoes anteriores. Primeiramente, o

processo de declipping e aplicado ao sinal da mistura, utilizando um dos metodos

descritos no Capıtulo 5. Apos a restauracao da nao-linearidade, identifica-se uma

situacao em que e possıvel aplicar o algoritmo descrito na Subsecao 3.3.3. Nela,

foi descrito um teste em que estimava-se o filtro linear que foi aplicado a um sinal,

supondo um pre-conhecimento do sinal original, para que, em seguida, o dialogo

fosse extraıdo da mistura. Este modelo pode ser considerado em contextos em

que desejamos identificar a distorcao aplicada em vez do sinal original, como e o

caso da aplicacao da Secao 1.4, em que o sinal original esta disponıvel em CDs de

trilha sonora. A Figura 5.1 ilustra a cadeia de distorcoes seguida do processo de

restauracao.

Para realizar o teste do metodo, foi utilizado o Sinal 1 dos experimentos da

Secao 3.3, cujo espectrograma encontra-se na Figura 3.4. Inicialmente, o sinal e

43

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H(z)

W (z)

Distorc~ao Restaurac~ao

m(n) x(n)y(n) y(n)

+

d(n)

+-

m(n)

e(n)

Figura 5.1: Modelo de distorcao linear seguida de nao-linear e os blocos rela-

tivos a restauracao.

distorcido por um filtro linear. Foram realizados testes com os 4 filtros descritos na

Subsecao 3.3.2: dois filtros passa-baixas, sendo um mais suave e outro mais agressivo,

um filtro passa-banda e um filtro passa-altas. Em seguida, o sinal filtrado foi somado

ao dialogo. Entao, a mistura resultante passou por uma funcao arco tangente,

que possui as caracterısticas do efeito de clipping e e ımpar, suave, invertıvel e

sem memoria, como requerido para o funcionamento dos metodos de declipping

discutidos.

A inversao da nao-linearidade foi feita atraves do metodo descrito na Secao 4.3,

que realiza o processo de declipping baseado em um algoritmo de mınimos quadra-

dos restrito. O numero de amostras utilizadas nos blocos do sinal foi N = 2000, o

numero de coeficientes calculados para o polinomio de inversao foi P = 5, fazendo

com que o polinomio de inversao tivesse potencias do sinal distorcido ate o grau 11,

e o numero de pesos W foi B = 5. Alem disso, os blocos SC e SW foram definidos

com cardinalidades iguais a 50 e 100, respectivamente.

Em seguida, foi aplicado o algoritmo descrito na Subsecao 3.3.3 para ser feita

a separacao do dialogo. O filtro estimado teve ordem 40.

Os resultados dos testes podem ser vistos na Tabela 5.1. Nela, sao reportados

os valores das metricas comparando o sinal de dialogo original (d) a versao combi-

nada com a musica e distorcida pelos dois efeitos (x) e a tentativa de separacao,

apos a aplicacao dos dois metodos (e). E possıvel perceber que os metodos propos-

tos reduzem a influencia da musica nos sinais separados, o que e evidenciado pelo

aumento nos valores das metricas. Entretanto, nota-se que a separacao nao e feita

de forma tao satisfatoria, em comparacao com os resultados obtidos nas Secoes 3.3.1

44

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e 3.3.3.

SDRd,x SDRd,e Rnonlind,x Rnonlind,e

Filtro passa-baixas suave 2,0405 16,3989 0,5276 0,7444

Filtro passa-baixas agressivo 1,9359 15,9520 0,5512 0,6830

Filtro passa-banda 6,0357 18,2714 0,5793 0,7756

Filtro passa-altas 5,4401 18,3055 0,5815 0,7788

Tabela 5.1: Resultados do experimento com uma distorcao linear seguida de uma

compressao nao-linear.

5.2 Distorcao nao-linear seguida de linear

Uma outra forma de modelar a distorcao sofrida pelo sinal de audio e atraves

de um sistema de Hammerstein. Este modelo consiste em uma distorcao nao-linear

sem memoria seguida de um filtro linear com memoria [27] e e eficiente para a des-

cricao de diversos cenarios em areas como controle, comunicacoes e processamento

de audio [28]. Alem disso, ele pode ser usado como modelo equivalente para des-

crever nao-linearidades mais complexas, como de amplificadores, de forma que nao

ficamos restritos a um modelo que esteja exatamente de acordo com a ordem em

que as distorcoes foram aplicadas. Pensando no contexto da aplicacao descrita na

Secao 1.4, podemos usar o sistema de Hammerstein para modelar o cenario em que as

distorcoes foram aplicadas diretamente a mistura do dialogo com a musica, de forma

que a separacao nao pode ser feita usando o procedimento descrito na Secao 5.1. Por

esse motivo, a partir de agora, sera considerado apenas um sinal para os testes e nao

mais uma combinacao de musica e dialogo. O intuito dos experimentos descritos

sera restaurar o sinal distorcido de acordo com a modelagem em questao de forma

que, caso seja necessario realizar a separacao de um dialogo, seja possıvel usar um

metodo mais simples.

O algoritmo utilizado neste trabalho e descrito em [28] e tem como objetivo

identificar, simultaneamente, os coeficientes de um polinomio que seja capaz de

inverter a curva de nao-linearidade e os parametros de um filtro que possa desfazer

o efeito da filtragem linear. O lado esquerdo da Figura 5.2 representa a cadeia de

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distorcao, que e o sistema de Hammerstein, enquanto o lado direito ilustra o processo

de inversao que sera detalhado a seguir.

H(z) W (z)

Distorc~ao (sistema de Hammerstein) Restaurac~ao (sistema de Wiener)

s x y

Figura 5.2: Modelo de distorcao nao-linear seguida de linear, o sistema de

Hammerstein, e os blocos relativos a restauracao, o sistema de Wiener.

5.2.1 Descricao do metodo

Para o desenvolvimento do algoritmo descrito em [28], e necessario fazer

algumas definicoes para podermos delimitar o contexto em que ele sera aplicado.

Vamos considerar como sinal de audio original o sinal sn, de comprimento

de N amostras, que pode ser representado pelo vetor s =[s0 s1 . . . sN−1

]T.

Por hipotese, este sinal e esparso no domınio da Transformada Discreta de Fourier

(DFT), ou seja, sua DFT dada por S = Ws (onde W representa a matriz da DFT)

possui a maior parte de seus valores nulos. Essa suposicao sobre a esparsidade do

sinal modela de forma aproximada o fato de na maior parte do tempo os sinais de

audio possuırem conteudo espectral concentrado em regioes estreitas de frequencia

(devido as ressonancias inerentes a producao do som, que por sua vez resultam em

pitch1 determinado).

O sistema de Hammerstein a ser invertido sera constituıdo inicialmente por

uma distorcao polinomial referente a parte nao-linear do modelo que sera descrita

por fd, uma funcao ımpar (para permitir a inversao) dada por

fd (sn) = sn + w1s3n + w2s

5n + · · ·+ wP s

2P+1n . (5.1)

Em seguida, e aplicada uma filtragem linear. O filtro sera considerado de

1Altura percebida.

46

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resposta ao impulso de comprimento finito (FIR) com ordem Q e e dado por

H(z) = 1 + b1z−1 + b2z

−2 + · · ·+ bQz−Q. (5.2)

Para indicar a passagem de um sinal pelo sistema de Hammerstein descrito,

podemos escrever, de forma mais compacta

xn = Hw,b (sn) , (5.3)

onde w = [w1 . . . wP ]T e b = [b1 . . . bQ]T .

A ideia por tras deste metodo e explorar a esparsidade do sinal de entrada.

Quando o sinal passa pelo sistema de Hammerstein, seu conteudo espectral ira se

espalhar por componentes frequenciais que nao estavam presentes originalmente.

Assim, o metodo devera buscar um sinal que seja maximamente esparso no domınio

da DFT.

O procedimento para realizar a inversao sera feito atraves de um sistema

de Wiener, que e um modelo semelhante ao sistema de Hammerstein, porem com a

ordem dos blocos invertida (Figura 5.2). A estrutura de cada bloco deve ser escolhida

de acordo com o sistema que desejamos inverter e que foi definido anteriormente.

Dessa forma, a parte linear do sistema de Wiener e definida pelo filtro de resposta

ao impulso de comprimento infinito (IIR) dado por

W (z) =(

1− b1z−1 − · · · − bQz−Q

)−1

(5.4)

e o polinomio que ira contemplar a parte nao-linear do sistema e dado por

sn = xn + w1x3n + w2x

5n + . . .+ wP x

2P+1n . (5.5)

Desta forma, o objetivo do algoritmo proposto e descobrir os coeficientes

b =[b1, b2, . . . , bQ

]Te w = [w1, w2, . . . , wP ]T que tornam a saıda do sistema de

Wiener a mais esparsa possıvel. A passagem do sinal x pelo sistema de Wiener

definido pelos vetores b e w e representada por

y =Wb,w (x) . (5.6)

Para que o calculo dos coeficientes possa ser realizado, deve-se utilizar uma

funcao que explore a esparsidade do sinal original. E importante destacar que sinais

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de audio reais nao sao efetivamente esparsos, ou seja, a maior parte de suas com-

ponentes frequenciais nao e nula, mas possui valores pequenos. Dessa forma, nao

podemos utilizar uma funcao como a norma L0 pois ela exigiria que o sinal possuısse,

de fato, valores nulos na maior parte do espectro. Assim, adota-se a funcao Fσ, que

e uma aproximacao da norma L0 e e dada por

Fσ(s) = N −N∑i=1

exp

(−|si|

2

2σ2

), (5.7)

onde o parametro σ traduz o quao proxima e a aproximacao da norma L0.

A funcao objetivo a ser minimizada e, portanto,

J(b, w) = Fσ(W(Wb,w (x)

)), (5.8)

onde W representa a matriz da DFT.

5.2.2 Modificacoes na implementacao

Com o intuito de obter melhores resultados em experimentos utilizando si-

nais reais, foram propostas algumas modificacoes na implementacao do algoritmo

proposto em [28].

A utilizacao de uma funcao objetivo baseada em uma norma L0 exige que,

para o algoritmo funcionar, o sinal de audio seja efetivamente esparso, ou seja, que a

maior parte de suas componentes frequenciais tenha valores nulos. Entretanto, sinais

de audio reais, de forma geral, nao se comportam dessa maneira, tendo seu conteudo

frequencial concentrado em algumas faixas de frequencia e possuindo valores muito

pequenos, mas nao nulos, no restante do espectro. Por isso, a escolha da norma L0

nao e eficaz para recuperar um sinal real distorcido da forma mais esparsa possıvel,

pois originalmente ele nao era de fato esparso. Assim, no lugar da Equacao 5.7, foi

proposta como alternativa a seguinte funcao:

F (s) =N∑i=1

|si|, (5.9)

que substitui a aproximacao da norma L0 pela norma L1. Alem disso, foi introduzida

uma restricao de energia no calculo da minimizacao da funcao objetivo. A proposta

e garantir que a energia do sinal restaurado se mantenha igual a do sinal distorcido

(como tambem e feito em [26]) Essa escolha evita que o algoritmo de otimizacao

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force o sinal resultante a ser muito pequeno em amplitude, minimizando a norma L1

mas sem tornar o sinal mais esparso. Tambem se optou por utilizar a Transformada

Discreta do Cosseno (DCT) no lugar da DFT, pois ela mostrou-se mais adequada

para avaliar a esparsidade no contexto de sinais de audio reais.

Com isso, chamando de D a matriz da DCT, no caso da norma L0 suavizada

a funcao objetivo se torna

J(b, w) = Fσ(D(Wb,w (x)

)), (5.10)

e no caso da norma L1 e

J(b, w) = F(D(Wb,w (x)

)), (5.11)

em ambos os casos com a restricao ||x||22 = ||y||22.

5.2.3 Experimentos

Para testar o algoritmo, foi utilizado um sinal de audio real de 1 segundo de

duracao, cujo espectrograma, que foi gerado usando janelas de 128 amostras sem

sobreposicao e 256 pontos no calculo da DFT, pode ser visto na Figura 5.3. A

escolha de um sinal de curta duracao se deu devido ao tempo de processamento

necessario para o calculo da otimizacao.

O sistema de Hammerstein utilizado para distorcer o sinal foi composto de

uma distorcao polinomial seguida de um filtro linear, como requer o modelo. A

funcao polinomial de distorcao utilizada e dada por

fd (sn) = sn + 1,6975s3n + 47,5815s5

n + 92,0332s7n. (5.12)

Ja o filtro de distorcao utilizado foi do tipo FIR e e dado por

H(z) = 1− 1,1768z−1 + 0,8491z−2 − 0,6289z−3 + 0,2448z−4, (5.13)

e sua resposta em frequencia pode ser vista na Figura 5.4.

Inicialmente, foram executados tres tipos de teste. O primeiro utiliza como

funcao objetivo da otimizacao a Equacao 5.8, em que e utilizada a norma L0 su-

avizada e o sinal e analisado no domınio da DFT. O segundo teste mantem o uso

da norma L0 suavizada, mas passa a utilizar a DCT no lugar da DFT, adotando

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0 100 200 300 400 500 600 700 800 900

Tempo (ms)

0

5

10

15

20

Fre

qu

ên

cia

(kH

z)

Figura 5.3: Espectrograma do sinal de teste.

0 5000 10000 15000 20000 25000

Frequência (Hz)

-15

-10

-5

0

5

10

15

Magnitude (

dB

)

Figura 5.4: Resposta em frequencia do filtro linear de distorcao.

como funcao objetivo a Equacao 5.10. Ja o terceiro teste otimiza a Equacao 5.11,

usando a norma L1 em conjunto com a DCT. Nos tres casos, foi utilizada a restricao

50

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de energia descrita. Da mesma forma, em todos os testes o numero de coeficientes

calculados para o polinomio de inversao foi igual a 3 para que o polinomio tivesse

ordem 7, ja que apenas potencias ımpares sao utilizadas, e a ordem do filtro IIR

de inversao foi igual a 4. No caso dos testes com a aproximacao da norma L0, o

parametro σ adotado foi igual a 0,01.

Nos tres testes, o algoritmo foi executado 50 vezes e a cada iteracao os co-

eficientes do polinomio eram inicializados de forma aleatoria. No caso do filtro de

inversao, seus polos tambem eram inicializados aleatoriamente, com a restricao de

que seus modulos seriam restritos a valores entre 0,6 e 0,9. Ao fim das 50 execucoes,

o resultado com maior melhora na SDR e na Rnonlin foi tomado como saıda do

experimento. Os resultados dos testes podem ser vistos nas Tabelas 5.2, 5.3 e 5.4.

SDRs,x SDRs,y Rnonlins,x Rnonlins,y

8,9515 3,8848 0,8955 0,8835

Tabela 5.2: Resultados do experimento utilizando a norma L0 suavizada

(Equacao 5.8) em conjunto com a restricao de energia, no domınio da DFT.

SDRs,x SDRs,y Rnonlins,x Rnonlins,y

8,9515 14,2781 0,8955 0,9272

Tabela 5.3: Resultados do experimento utilizando a norma L0 suavizada em conjunto

com a restricao de energia, no domınio da DCT (Equacao 5.10).

SDRs,x SDRs,y Rnonlins,x Rnonlins,y

8,9515 20,8520 0,8955 0,9481

Tabela 5.4: Resultados do experimento usando a norma L1 em conjunto com a

restricao de energia (Equacao 5.11).

Como pode ser visto, o algoritmo nao conseguiu inverter a distorcao com

o uso da funcao objetivo dada pela Equacao 5.8. Entretanto, os resultados foram

satisfatorios quando as funcoes objetivo utilizaram a DCT no lugar da DFT. Alem

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disso, pode-se constatar que a adocao da norma L1 teve desempenho superior em

comparacao a norma L0 suavizada quando ambas atuaram no domınio da DCT.

5.3 Distorcao de compressao ou expansao

Os metodos descritos nas Secoes 5.1 e 5.2 foram testados para distorcoes con-

troladas que foram aplicadas aos sinais de audio seguindo rigorosamente os modelos

adotados. Nesta secao, sera descrito um modelo para tipos de distorcao disponıveis

em softwares de edicao de audio, que sao a compressao e a expansao. Estes dois

efeitos afetam a faixa dinamica do sinal de acordo com parametros temporais pre-

definidos, aumentando ou reduzindo as amplitudes de certas amostras.

Em [29], e descrito um algoritmo que aplica o efeito de compressao ou de

expansao a sinais de audio.

5.3.1 Descricao do modelo de distorcao

O algoritmo utilizado para realizar a compressao ou expansao e descrito

abaixo para um sinal de entrada x que gera um sinal de saıda y:

1. Inicializa-se um vetor xd com o mesmo comprimento de x com zeros.

2. Para n variando de 2 ate o comprimento do vetor x, repetem-se os passos a

seguir:

2.1. Atribui-se ao parametro a a diferenca entre o valor absoluto de x(n) e

xd(n− 1). Caso o resultado seja negativo, fixa-se a = 0 nessa iteracao.

2.2. Atribui-se a xd(n) o valor da expressao (1−Rt)xd(n− 1) + At a, onde At

e Rt sao parametros que serao explicados na sequencia.

2.3. Caso xd(n) seja maior que um limiar definido pelo valor L, define-se um

fator f como 10m log10(xd(n))−log10(L), onde m = −1 no caso da compressao

e m = 1 no caso da expansao. Caso xd(n) seja igual ou menor a L,

define-se f = 1 nessa iteracao.

2.4. A amostra da saıda y(n), atribui-se o valor dado por x(n) ∗ f(n).

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Para o funcionamento do algoritmo, e necessario definir tres parametros re-

lacionados ao comportamento do sinal x no tempo e na amplitude. O parametro L

define um limiar de amplitude, em valor absoluto, que definira quais amostras da

entrada serao comprimidas ou expandidas. Entretanto, nao basta que uma amostra

tenha valor absoluto maior que L para sofrer o efeito desejado. E necessario tambem

levar em consideracao o aspecto temporal do sinal. Assim, definimos o tempo de

ataque (attack time) e o tempo de relaxamento (release time). Para que a distorcao

comece a atuar sobre o sinal, e preciso que a amplitude das amostras ultrapasse, em

valor absoluto, o limiar L por um tempo mınimo, definido pelo tempo de ataque.

De forma analoga, uma vez que o efeito esteja agindo sobre o sinal, e necessario que

a amplitude das amostras saia da regiao de atuacao pelo tempo mınimo definido

pelo tempo de relaxamento. No algoritmo descrito, o tempo de ataque e dado pelo

parametro At enquanto o tempo de relaxamento e definido por Rt, ambos definidos

em milissegundos.

A Figura 5.5 ilustra, em azul, um sinal com duracao de 20 ms que ate sua

metade tem amplitude igual a 1 e a partir de entao tem amplitude igual 0,5. A

este sinal foi aplicado o algoritmo de compressao e o resultado pode ser visto em

vermelho. Os parametros usados foram At = 2,5, Rt = 0,1 e L = 0,7. Pode-se notar

que o algoritmo atuou no sinal no primeiro trecho, quando a amplitude excedia o

limiar, mas o manteve inalterado na segunda metade.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Tempo (ms)

-1

-0.8

-0.6

-0.4

-0.2

0

0.2

0.4

0.6

0.8

1

Am

plit

ude

Entrada

Saída

Figura 5.5: Efeito de compressao.

A Figura 5.6 apresenta o mesmo sinal senoidal, em azul, e sua versao distor-

cida, em vermelho, desta vez pelo efeito de expansao. Os parametros usados foram

At = 2,5, Rt = 0,1 e L = 0,7. Pode-se perceber que a expansao atuou durante toda

a primeira metade do sinal, mas nao na segunda parte, devido ao valor escolhido

como limiar.

5.3.2 Experimento com compressao e expansao

Para verificar se o modelo do sistema de Hammerstein proposto para a dis-

torcao na Secao 5.2 e suficientemente robusto para modelar a distorcao imposta

pela compressao ou pela expansao, foi realizado um teste em que o sinal escolhido

sofria a distorcao de acordo com o algoritmo descrito na Subsecao 5.3.1 e em seguida

se tentava recuperar o sinal original. Para isso, foi utilizado o metodo descrito na

Secao 5.2, na versao que utiliza como funcao objetivo a Equacao 5.11 (norma L1

e DCT em conjunto com a restricao de energia). Essa versao foi a escolhida para

este teste por ter sido a que obteve melhores resultados no caso em que a distorcao

seguia o modelo proposto.

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0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20

Tempo (ms)

-1.5

-1

-0.5

0

0.5

1

1.5

Am

plit

ude

Entrada

Saída

Figura 5.6: Efeito de expansao.

Foi utilizado como sinal de teste o mesmo sinal usado nos experimentos da

Secao 5.2, cujo espectrograma se encontra na Figura 5.3.

O primeiro experimento foi realizado aplicando-se uma compressao ao sinal

original. Os parametros usados para a distorcao foram At = 2,5, Rt = 0,1 e L = 0,3.

Para o algoritmo de inversao, adotou-se o numero de coeficientes calculados para

o polinomio de inversao igual a 3, fazendo com que o polinomio tivesse ordem 7,

e a ordem do filtro IIR de inversao igual a 4. Os procedimentos de inicializacao e

iteracao do algoritmo foram identicos aos descritos nos testes da Subsecao 5.2.3.

Os resultados do teste podem ser vistos na Tabela 5.5. E possıvel perceber

que o algoritmo nao foi capaz de inverter a distorcao aplicada, na verdade piorando

os valores das metricas SDR e Rnonlin.

SDRs,x SDRs,y Rnonlins,x Rnonlins,y

14,2081 13,9942 0,9730 0,9446

Tabela 5.5: Resultados do experimento para o caso em que a distorcao foi uma

compressao.

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O segundo teste realizado e analogo ao primeiro, aplicando, desta vez, uma

expansao no sinal original. Os parametros usados para a expansao foram At = 2,5,

Rt = 0,1 e L = 0,3. O algoritmo de inversao da distorcao foi executado de forma

identica a utilizada no experimento anterior, usando os mesmos parametros.

Os resultados do experimento estao na Tabela 5.6. Pode-se notar que, nova-

mente, o algoritmo nao foi capaz de recuperar o sinal original.

SDRs,x SDRs,y Rnonlins,x Rnonlins,y

12,4730 8,4676 0,9677 0,9133

Tabela 5.6: Resultados do experimento para o caso em que a distorcao foi uma

expansao.

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Capıtulo 6

Conclusoes

Neste trabalho, foram analisados alguns metodos de correcao de distorcoes

lineares e nao-lineares em sinais de audio. Para isso, as tecnicas foram divididas em

grupos de acordo com o tipo de distorcao que elas visam a corrigir. Alem disso, foram

utilizadas duas metricas de avaliacao de qualidade, SDR e Rnonlin, para quantificar

o nıvel de distorcao presente nos sinais de teste e verificar o funcionamento das

tecnicas utilizadas.

Tendo em mente uma aplicacao no contexto de produtos audiovisuais, como

descrito na Secao 1.4, no Capıtulo 3 foram estudados metodos para inverter filtragens

lineares sofridas por trilhas musicais e realizar sua separacao da faixa de dialogo,

considerando que a musica pode ter sido filtrada antes da combinacao com o dialogo.

Foram utilizadas quatro configuracoes de filtros lineares para distorcer a musica.

Foi verificado que o algoritmo proposto foi eficiente na extracao do dialogo nos

casos em que os filtros passa-baixas foram adotados. Nos casos dos filtros passa-

banda e passa-altas, porem, o metodo nao conseguiu extrair o dialogo da mistura de

forma adequada. Foi constatado que isso ocorreu devido a erros no ganho do filtro

estimado. Possivelmente, isso aconteceu pois o sinal de musica nao possuıa muito

conteudo espectral nas bandas de passagem dos filtros passa-banda e passa-altas,

limitando o desempenho do algoritmo na hora de calcular os filtros de inversao. Com

o auxılio da metrica SDR, foi possıvel ajustar um fator de ganho no filtro estimado

que permitiu a extracao do dialogo tambem nos casos desses filtros.

A correcao de distorcoes nao-lineares foi contemplada no Capıtulo 4, com a

implementacao de dois metodos que visavam a inverter o efeito de clipping atraves

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do calculo de uma curva polinomial que pudesse desfazer a distorcao. Ambos os

metodos tiveram desempenhos satisfatorios, obtendo melhoras significativas nos va-

lores das metricas adotadas. Foi proposta uma modificacao de implementacao na

tecnica descrita na Secao 4.2, de forma que mais blocos do sinal distorcido fossem

usados no calculo do polinomio. A mudanca proposta resultou numa melhora muito

leve em relacao a implementacao original, o que nao justificaria a utilizacao da mo-

dificacao devido ao custo computacional adicional necessario em contraste com a

pouca melhora obtida.

No Capıtulo 5, foram realizados testes em que as distorcoes lineares e nao-

lineares foram combinadas. Ainda no contexto da extracao de uma faixa de dialogo,

dois metodos descritos em capıtulos anteriores foram combinados para tentar fazer

a separacao das trilhas para o caso em que foi feita uma filtragem linear na musica e

foi aplicado o efeito de clipping a faixa combinada. Foi constatado que o algoritmo

de separacao nao obteve um desempenho satisfatorio em comparacao a situacao em

que nao havia a distorcao nao-linear intermediaria, o que podia ser esperado devido a

presenca da nao-linearidade. Em seguida, passou-se a lidar exclusivamente com um

sinal de musica sendo distorcido por um sistema de Hammerstein, com a tentativa

de restauracao sendo feita por um sistema de Wiener. Foram propostas modificacoes

na funcao objetivo original do metodo utilizado: a substituicao da norma L0 pela

norma L1 e o uso da DCT no lugar da DFT. Os resultados dos testes indicaram que

essas mudancas produziram resultados significativamente melhores, mostrando que,

de fato, a norma L0 nao foi adequada para o tratamento de sinais reais, que nao sao

efetivamente esparsos. Por fim, foram feitos experimentos envolvendo distorcoes que

nao seguiam obrigatoriamente os modelos propostos, para verificar o quao robustas

eram as tecnicas implementadas anteriormente. Foi descrito um algoritmo que aplica

efeitos de compressao ou de expansao em sinais de audio e foram realizados testes

com distorcoes geradas dessa forma. Foi constatado que o metodo utilizado nao foi

capaz de tratar os sinais distorcidos de forma correta, o que leva a conclusao que o

modelo nao foi capaz de contemplar a distorcao imposta. Possıveis modificacoes na

modelagem da etapa de distorcao ou de restauracao, como alteracoes na estrutura

do sistema de Hammerstein ou de Wiener, poderiam levar o algoritmo a ser capaz de

lidar com distorcoes mais genericas. Outras funcoes objetivo tambem poderiam ser

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testadas, como outros tipos de normas ou variacoes das normas L0 e L1 utilizadas.

Para futuros trabalhos nessa linha, e possıvel estudar modificacoes na estru-

tura do algoritmo de inversao proposto na Secao 5.2 para que ele consiga se adaptar

a distorcoes mais genericas, como foi o caso visto na Secao 5.3. Alem disso, a

aplicacao descrita na Secao 1.4 pode ser estudada mais a fundo para que a presenca

de distorcoes nao-lineares nao comprometa o algoritmo, de forma que sinais reais de

produtos audiovisuais possam ser contemplados tambem.

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