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ISSN: 1646-8287 MARÇO /ABRIL 2011 NÚMERO Editorial • Casuística de um ano de consulta de Hipertensão Arterial A actualidade da medicina interna Importância da terapêutica combinada de um antagonista do cálcio com um modulador do SRAA no tratamento da HTA • Genética e Genómica da Hipertensão Arterial Essencial - Novas perspectivas • O Rim como vítima e responsável pela Hipertensão: uma história de sucesso farmacológico • Resumos 5º Congresso Português de Hipertensão 22 A PORTUGUESA DE ASCULAR REVIST E RISCO CARDI HIPERTENSÃO OV 1-2 • CAPA.indd 1 06.04.11 23:53:41

Março/Abril 2011 #22

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Page 1: Março/Abril 2011 #22

ISSN

: 164

6-82

87

MARÇO /ABRIL 2011

NÚMERO

•Editorial

• Casuística de um ano de consulta de Hipertensão ArterialA actualidade da medicina interna

• Importância da terapêutica combinada de um antagonista do cálcio com um modulador do SRAA no tratamento da HTA

• Genética e Genómica da Hipertensão Arterial Essencial - Novas perspectivas

• O Rim como vítima e responsável pela Hipertensão: uma história de sucesso farmacológico

• Resumos 5º Congresso Português de Hipertensão

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Page 2: Março/Abril 2011 #22

Índice

FICHA TÉCNICARevista Médica Bimestral, excluída de registo no ICS de acordo com a alínea a) do art. 12 do D.R. nº 8/99 de Junho de 1999.

ISSN 1646-8287

N.ºs avulsos: 10€Assinatura anual: 35€Tiragem: 5.000 exemplares Depósito legal: 265384/07Propriedade: Grande Mensagem, Edições e Publicidade, Lda.Av. Bombeiros Voluntários, n.º 52 Loja 8 Sala G

1495-022 AlgésTel: 91 439 81 85Fax: 21 357 90E-mail: [email protected] Gráfico: Miguel Moniz Tlm: 91 740 44 50E-mail: [email protected]

Impressão: CMYKGLOSS Impressores, LdaEstrada da Barrosa, Elospark, Pav. 62725-193 Algueirão - Mem MartinsTelefone: 21 926 15 97/8Fax: 21 926 15 99e-mail: [email protected]

3

06ARTiGO ORiGinAL

• Casuística de um ano de consulta de Hipertensão Arterial a actualidade da medicina interna

• Casuistic of one year hypertension ConsultationThe timeliness of Internal Medicine

12ARTiGO de ReViSÃO

• Importância da terapêutica combinada de um antagonista do cálcio com um modulador do SRAA no tratamento da HTA

• The combination of an ace inhibitor and a calcium antagonist in Hypertension treatment

14ARTiGO de ReViSÃO

• Genética e Genómica da Hipertensão Arterial Essencial: Novas perspectivas• Genetics and genomics of essential

hypertension: new perspectives

18ARTiGO de ReViSÃO

• O rim como vítima e responsável pela hipertensão: uma história de sucesso farmacológico

• The kidney as a victim and cause of hypertension: a history of pharmacological success

22ReSUMOS

• 5º Congresso Português de Hipertensão• 5th Portuguese Congress of Hypertension

MarçO / abrIl 2011

O rim como vítima e responsável pela hipertensão: uma história de sucesso farmacológico

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EDITOrIalIniciamos neste primeiro número após o 5º Congresso

da nossa Sociedade a divulgação dos resumos aí apresen-tados para que tenham um mais amplo e adequado eco entre todos. Apesar do sucesso do Congresso deste ano,

na linha dos anteriores, consideramos imprescindível este capítulo que espelha o trabalho e a vitalidade dos

vários grupos que se dedicam a esta causa. Passado, presente e tentar olhar o futuro: assim se deve

integrar o saber. Assim se organiza este número. Os dois primeiros artigos olhando a nossa realidade actual,

depois o seguinte é sobre o presente com uma “espreita-dela” para o futuro e o último sobre o passado que chega

até nós. Vejamos com um pouco mais de atenção.É muito importante que os vários grupos reflictam

sobre a sua actividade. O que fazemos e como fazemos permite-nos comparar populações e estratégias. Neste

número há um artigo do grupo coordenado pelo Dr. Mesquita Bastos em Aveiro sobre uma consulta com

uma dinâmica muito própria e que aqui nos traz o es-pelho da sua actividade durante um ano recente.

O Dr. João Maldonado apresenta-nos uma associação terapêutica que se enquadra numa das vertentes desta

revista: fazer a divulgação de novos fármacos, de novas terapêuticas ou de associações de medicamentos que fa-cilitem as abordagens de tratamento, tentando melhorar a aderência à prescrição e consequente melhor controlo

da tensão arterial.Na breve súmula que se pretende que estes editoriais constituam (num abrir do “apetite” à leitura que por

vezes o índice por si só não despertará ) há um artigo que me parece da maior importância e actualidade: o

olhar para o presente e futuro da genética da Hiperten-são, através dum dos seus mais activos conhecedores e

divulgadores, o Prof. Doutor Braz Nogueira. Só conseguimos antecipar os erros futuros se co-

nhecermos bem o passado e o presente da área em que trabalhamos. Nesta linha se insere o artigo do Prof. Dr.

Luz Rodrigues sobre Rim e Hipertensão nomeadamente com curiosas reflexões sobre os atrasos que retardaram o

desenvolvimento de alguns conhecimentos pioneiros.Termino de maneira semelhante ao último editorial que

aqui publiquei, com um apelo: espero que apesar das adversidades que se instalaram no nosso quotidiano seja-mos capazes de ter as energias necessárias para continu-armos a melhorar na avaliação e tratamento dos nossos

hipertensos. Que esta revista se mantenha na vanguarda da nossa actualização, cada vez mais necessária, e seja o

veículo para as publicações nesta área. Cá aguardamos os vossos artigos.

Vitor ramalhinho

ediTORiAL

4

Editor Chefe / Editor-in-ChiefProf. J. Braz Nogueira

Editor adjunto / Deputy EditorDr. Vitor Ramalhinho

Conselho Científico Nacional e InternacionalNational and International Scientific boardProf. Manuel CarragetaProf. Ricardo Seabra GomesProf. Luís MartinsProf. Fernando PáduaProf. Gorjão ClaraProf. Pereira MiguelProf. Martins PrataProf. José BarbasProf. Rocha GonçalvesProf. Victor GilProf. Luciano RavaraProf. Salgado BorgesProf. Rui CarrapatoProf. Jose JuanateyProf Josep RedonProf. Fernando NobreProf. Pinto CarmonaProf. Agostinho MonteiroProf. Massano CardosoProf. Luz RodriguesProf. Jorge PolóniaProf. Manuel BichoProf. José Luís MedinaProf. Davide CarvalhoProf. Luís SobrinhoDr. Alcindo Maciel BarbosaDr. João SaavedraDr. Oliveira SoaresDr. Soares FrancoDr. Vital MorgadoDr. Mariano PegoDr. Rasiklal RanchhodDr. Lacerda NobreDr. Pastor Santos SilvaDr. António Jara

Conselho redactorial / Editorial boardProf. Pinto CarmonaProf. Agostinho MonteiroProf. Massano CardosoProf. Jorge PolóniaProf. Manuel BichoProf. José Luís MedinaProf. Davide CarvalhoDr. Luís Calçada CorreiaDr. José NazaréDr. Jorge CotterDra. Teresa FonsecaDr. João MaldonadoDr. Carlos MoreiraDr. Mesquita BastosDr. José Alberto SilvaDra. Paula AmadoDra. Paula AlcântaraDra. Teresa RodriguesDr. Pedro Marques da SilvaDr. Fernando PintoDr. Pedro Guimarães Cunha

MarçO/abrIl 2011

MEMbrOS DOS COrPOS SOCIaIS Para O bIéNIO

2011-2013

aSSEMblEIa GEral

PRESIDENTE

Mesquita Bastos

VICE-PrESIDENTE

Maria João Lima

SECrETárIO

Márcia Braga

SECrETárIOS-aDjuNTOS

NOrTE Manuel Cruz Santos

CENTrO Luísa Moreira

Sul Joana Campina

TESOurEIrO

Cristina Alcântara

Iniciamos neste primeiro número após o 5º Congresso da nossa Sociedade a divulga-ção dos resumos aí apresentados para que

tenham um mais amplo e adequado eco entre todos. Apesar do sucesso do Congresso deste

ano, na linha dos anteriores, consideramos imprescindível este capítulo que espelha o

trabalho e a vitalidade dos vários grupos que se dedicam a esta causa.

Passado, presente e tentar olhar o futuro: assim se deve integrar o saber. Assim se

organiza este número. Os dois primeiros artigos olhando a nossa realidade actual,

depois o seguinte é sobre o presente com uma �espreitadela� para o futuro e o último sobre

o passado que chega até nós. Vejamos com um pouco mais de atenção.

É muito importante que os vários grupos reflictam sobre a sua actividade. O que faze-mos e como fazemos permite-nos comparar

populações e estratégias. Neste número há um artigo do grupo coordenado pelo Dr. Mes-quita Bastos em Aveiro sobre uma consulta

com uma dinâmica muito própria e que aqui nos traz o espelho da sua actividade durante

um ano recente.O Dr. João Maldonado apresenta-nos uma

associação terapêutica que se enquadra numa das vertentes desta revista: fazer a divulgação

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ediTORiALediTORiAL

MEMbrOS DOS COrPOS SOCIaIS Para O bIéNIO

2011-2013

aSSEMblEIa GEral

PRESIDENTE

Mesquita Bastos

VICE-PrESIDENTE

Maria João Lima

SECrETárIO

Márcia Braga

SECrETárIOS-aDjuNTOS

NOrTE Manuel Cruz Santos

CENTrO Luísa Moreira

Sul Joana Campina

TESOurEIrO

Cristina Alcântara

DIrECçÃO

PRESIDENTE

José Nazaré

PrESIDENTE ElEITO

Fernando Pinto

SECrETárIO-GEral

Paula Alcântara

CONSElHO FISCal

PRESIDENTE

Teresa Rodrigues

VICE-PrESIDENTE

Manuel Carvalho Rodrigues

SECrETárIO

Madalena Barata

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Page 5: Março/Abril 2011 #22

CasuistiC of one year of hypertension Consulta-tion - the timeliness of internal mediCine

dulcídia sá, Catarina silva, andreia Bernardino, Clarinda neves, teresa Borralho, rosa Jorge, Capão filipe, mesquita Bastosserviço de medicina interna do hos-pital infante d.pedro – aveirotelef: 234 378 300 telem: 912516166email: [email protected]

resumoA Hipertensão Arterial é um dos princi-pais factores de risco para doença cardio-vascular, a principal causa de morte nos países desenvolvidos. Trata-se de uma enti-dade heterogénea plurifactorial responsável por inúmeras complicações.Os autores pretenderam analisar a Con-sulta de Hipertensão Arterial e Factores de Risco que desenvolvem, fazendo revisão de todos os processos clínicos correspon-dentes aos doentes consultados no ano de 2008.Foram revistos 286 processos, que cor-respondem a um total de 393 consultas, entre as quais 30 primeiras consultas. Avaliaram-se os seguintes itens: dados antropométricos, factores de risco, causas envolvidas, classe e número de fármacos usados e controlo da doença.A idade média dos doentes foi de 58,9 anos (DP ± 15,1) e 51% eram do sexo masculino. No que diz respeito à pro-veniência dos pedidos de observação, cerca de 46,2% dos doentes foram enviados pelo Médico de Família e 16,8% do Serviço de Urgência. Factores de risco como diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo e dislipi-démia surgiram associados em muitos dos doentes estudados. Causas de hipertensão secundária foram diagnosticadas em 7% dos doentes. Cerca de 82% dos doentes estavam medicados com mais de um anti-

hipertensor. Diuréticos, anti-hipertensores envolvendo o sistema renina-angiotensina e antagonistas dos canais de cálcio foram os fármacos mais utilizados. O controlo da hipertensão arterial foi atingido em cerca de 86% dos doentes.

palaVras-ChaVeHipertensão Arterial, Consulta Externa, Factores de risco, Lesão de órgão alvo

aBstraCtArterial hypertension is one of very impor-tant risk factors for Cardiovascular Disease - the first cause of death in developed countries. Its heterogeneous and multifari-ous nature leads to several complications.In this report, in order to evaluate the type of the disease and its risk factors, a revision of clinical data in the Hypertension Clinic in 2008 is presented.The proceedings of 286 patients, on a total of 393 consultations, of which 30 were first consultations, were reviewed. Anthropo-metric data, risk factors, eventual causal factors and category and number of drugs used for control were registered.Patient average age was 58.9 years (± 15.1 SD) and 51% were males: Around 46.2% of patients had been referred by the Family Doctor (GP) and 16.8% came from the Emergency area. In many patients associa-tion was found with risk factors such as diabetes mellitus, obesity, sedentary habits and dyslipidemia. In 7% of patients hyper-tension was secondary to identified causes. In 82% of cases medication with more than one anti-hypertensive drug was reg-istered. The prevalent drugs utilised were diuretics, and anty-hypertensive agents from the angiotensin-converting enzyme and inhibitors channel blockers groups. Control of hypertension was accomplished in 86% of patients.

introduçãoA hipertensão arterial (HTA) é considerada

um dos maiores problemas de saúde pública da actualidade 1. De um número estimado de 972 milhões de adultos com HTA no ano 2000 em todo o mundo, prevê-se um aumento de cerca de 60% para 2025, para um total de 1,56 milhares de milhão de hipertensos2. A sua incidên-cia também está aumentar nos mais jovens, nomeadamente nas crianças e adoles-centes3, na maior parte das vezes associada a outros factores de risco, como a obesi-dade. Segundo o estudo PAP4, a HTA atinge cerca de 42,1% dos portugueses. A grande importância da HTA advém do facto de se tratar de um dos maiores factores de risco de mortalidade e morbili-dade de causa vascular 1-3,5. Encontra-se estabelecida uma associação directa entre a HTA e o acidente vascular cerebral (AVC)6, mas a potenciação do risco de eventos com a associação entre HTA e doença coronária está também bem estabelecida6-7. De facto, o risco de morte por AVC ou doença coronária duplicam com o aumento de 20 mmHg da tensão arterial sistólica ou com o aumento de 15 mmHg da tensão arterial diastólica 5.Também a sua íntima associação, na grande parte dos doentes, com outros fac-tores de risco, nomeadamente a obesidade, o tabagismo, a diabetes mellitus e alterações lipídicas que se potenciam entre si, aumen-tam grandemente o risco cardiovascular total8.É importante o conhecimento global, em termos de regiões, países e a nível mun-dial do peso da HTA, e da sua associação a outros factores de risco. No entanto, a realidade na nossa própria comunidade, e o conhecimento dos doentes que tratamos na nossa área de residência são prepon-derantes para melhor desenvolver e dirigir acções de tratamento e prevenção da HTA dirigidas para a população a nível local.

oBJeCtiVosO Serviço de Medicina Interna do Hos-

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CasuÍstiCa de um ano de Consulta de hipertensão arteriala aCtualidade da mediCina interna

ARTIGO ORIGINALORIGINAL ARTICLE

março/aBril 2011

proVeniênCia dos doentes

Figura 1 - Proveniência dos doentes

proVeniênCia dos doentes da Consulta externa

Figura 2 - Proveniência dos doentes da Consulta Externa

proVeniênCia dos doentes do internamento

Figura 3 - Proveniência dos doentes do Internamento

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pital Infante D. Pedro, Aveiro serve uma população de cerca de 300 000 habitantes (segundo os últimos censos de 2001). O Serviço tem uma Consulta Externa de HTA/Factores de Risco, dividida em dois períodos semanais. Os autores pretenderam analisar estatis-ticamente a Consulta de Hipertensão Arterial, no ano 2008, tentando avaliar os seguintes itens: dados antropométricos, factores de risco, etiologia, classe e número de anti-hipertensores utilizados e controlo atingido da doença.

material e métodosFoi realizada uma revisão de todos os pro-cessos clínicos correspondentes aos doen-tes consultados num dos dois períodos semanais de consulta de HTA/Factores de Risco durante o ano de 2008, avaliando-se os seguintes itens: dados antropométricos, factores de risco, causas envolvidas, classe e número de fármacos usados e controlo da doença.

resultadosA amostra foi de 286 doentes, corres-pondendo a um total de 393 consultas, e em que 30 corresponderam a primeiras Consultas e 259 corresponderam a consul-tas de seguimento. A idade média dos doentes foi de 58,9 anos (DP ± 15,1), 57,3 anos para o sexo masculino (DP ± 16,0) e 60,9 anos para o sexo feminino (DP ± 14,2)), e 51% dos doentes eram do sexo masculino. O estudo da proveniência dos doentes mostrou que 46,2% foram enviados por pedidos da Medicina Geral e Familiar, 16,8% do Serviço de Urgência, 9,8% do Internamento de Medicina Interna, 9,8% do Internamento de Neurologia, e os restantes de outras Consultas Externas ou Internamentos (ver Figura 1, Figura 2, e Figura 3).A prevalência de diferentes factores de risco foi a seguinte: dislipidémia – 77%, obesidade – 55%, diabetes mellitus – 32%, antecedentes familiares de HTA e/ou doenças cardiovasculares – 24%, seden-tarismo – 15%, tabagismo – 14%, stress/ansiedade – 13%, alcoolismo – 12%,

CasuistiC of one year of hypertension Consulta-tion - the timeliness of internal mediCine

dulcídia sá, Catarina silva, andreia Bernardino, Clarinda neves, teresa Borralho, rosa Jorge, Capão filipe, mesquita Bastosserviço de medicina interna do hos-pital infante d.pedro – aveirotelef: 234 378 300 telem: 912516166email: [email protected]

resumoA Hipertensão Arterial é um dos princi-pais factores de risco para doença cardio-vascular, a principal causa de morte nos países desenvolvidos. Trata-se de uma enti-dade heterogénea plurifactorial responsável por inúmeras complicações.Os autores pretenderam analisar a Con-sulta de Hipertensão Arterial e Factores de Risco que desenvolvem, fazendo revisão de todos os processos clínicos correspon-dentes aos doentes consultados no ano de 2008.Foram revistos 286 processos, que cor-respondem a um total de 393 consultas, entre as quais 30 primeiras consultas. Avaliaram-se os seguintes itens: dados antropométricos, factores de risco, causas envolvidas, classe e número de fármacos usados e controlo da doença.A idade média dos doentes foi de 58,9 anos (DP ± 15,1) e 51% eram do sexo masculino. No que diz respeito à pro-veniência dos pedidos de observação, cerca de 46,2% dos doentes foram enviados pelo Médico de Família e 16,8% do Serviço de Urgência. Factores de risco como diabetes mellitus, obesidade, sedentarismo e dislipi-démia surgiram associados em muitos dos doentes estudados. Causas de hipertensão secundária foram diagnosticadas em 7% dos doentes. Cerca de 82% dos doentes estavam medicados com mais de um anti-

hipertensor. Diuréticos, anti-hipertensores envolvendo o sistema renina-angiotensina e antagonistas dos canais de cálcio foram os fármacos mais utilizados. O controlo da hipertensão arterial foi atingido em cerca de 86% dos doentes.

palaVras-ChaVeHipertensão Arterial, Consulta Externa, Factores de risco, Lesão de órgão alvo

aBstraCtArterial hypertension is one of very impor-tant risk factors for Cardiovascular Disease - the first cause of death in developed countries. Its heterogeneous and multifari-ous nature leads to several complications.In this report, in order to evaluate the type of the disease and its risk factors, a revision of clinical data in the Hypertension Clinic in 2008 is presented.The proceedings of 286 patients, on a total of 393 consultations, of which 30 were first consultations, were reviewed. Anthropo-metric data, risk factors, eventual causal factors and category and number of drugs used for control were registered.Patient average age was 58.9 years (± 15.1 SD) and 51% were males: Around 46.2% of patients had been referred by the Family Doctor (GP) and 16.8% came from the Emergency area. In many patients associa-tion was found with risk factors such as diabetes mellitus, obesity, sedentary habits and dyslipidemia. In 7% of patients hyper-tension was secondary to identified causes. In 82% of cases medication with more than one anti-hypertensive drug was reg-istered. The prevalent drugs utilised were diuretics, and anty-hypertensive agents from the angiotensin-converting enzyme and inhibitors channel blockers groups. Control of hypertension was accomplished in 86% of patients.

introduçãoA hipertensão arterial (HTA) é considerada

um dos maiores problemas de saúde pública da actualidade 1. De um número estimado de 972 milhões de adultos com HTA no ano 2000 em todo o mundo, prevê-se um aumento de cerca de 60% para 2025, para um total de 1,56 milhares de milhão de hipertensos2. A sua incidên-cia também está aumentar nos mais jovens, nomeadamente nas crianças e adoles-centes3, na maior parte das vezes associada a outros factores de risco, como a obesi-dade. Segundo o estudo PAP4, a HTA atinge cerca de 42,1% dos portugueses. A grande importância da HTA advém do facto de se tratar de um dos maiores factores de risco de mortalidade e morbili-dade de causa vascular 1-3,5. Encontra-se estabelecida uma associação directa entre a HTA e o acidente vascular cerebral (AVC)6, mas a potenciação do risco de eventos com a associação entre HTA e doença coronária está também bem estabelecida6-7. De facto, o risco de morte por AVC ou doença coronária duplicam com o aumento de 20 mmHg da tensão arterial sistólica ou com o aumento de 15 mmHg da tensão arterial diastólica 5.Também a sua íntima associação, na grande parte dos doentes, com outros fac-tores de risco, nomeadamente a obesidade, o tabagismo, a diabetes mellitus e alterações lipídicas que se potenciam entre si, aumen-tam grandemente o risco cardiovascular total8.É importante o conhecimento global, em termos de regiões, países e a nível mun-dial do peso da HTA, e da sua associação a outros factores de risco. No entanto, a realidade na nossa própria comunidade, e o conhecimento dos doentes que tratamos na nossa área de residência são prepon-derantes para melhor desenvolver e dirigir acções de tratamento e prevenção da HTA dirigidas para a população a nível local.

oBJeCtiVosO Serviço de Medicina Interna do Hos-

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CasuÍstiCa de um ano de Consulta de hipertensão arteriala aCtualidade da mediCina interna

março/aBril 2011

Tabela 1 - Valores de cut-off dos factores de risco vascular pesquisados

Tabela 2 - Percentagem dos doentes sob diversas classes de anti-hipertensores

Figura 6 - Número de anti-hipertensores utilizados

Tabela 3 - Lesões de órgãos alvo

lesões de órgãos alVohipertrofia ventricular esquerda 40%

acidente vascular cerebral 24%nefropatia (insuficiência renal, microalbu-

minúria ou proteinúria)12%

angor 11%insuficiência cardíaca 9%

enfarte agudo miocárdio 8%demência 6%

retinopatia 6%revascularização. coronária 3%

doença arterial periférica 3%

proVeniênCia dos doentes

Figura 1 - Proveniência dos doentes

proVeniênCia dos doentes da Consulta externa

Figura 2 - Proveniência dos doentes da Consulta Externa

proVeniênCia dos doentes do internamento

Figura 3 - Proveniência dos doentes do Internamento

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Page 7: Março/Abril 2011 #22

hiperuricémia – 11%. (ver Tabela 1).Apenas cerca de 4% dos doentes não apresentava nenhum dos factores de risco descritos na Tabela 1, e destes todos tinham antecedentes familiares de doença cardiovascular.A co-existência de vários factores de risco foi observada numa percentagem muito significativa dos doentes: em 62% dos doentes coexistiam obesidade, dislipidémia e sedentarismo; em 48% coexistiam diabe-tes mellitus, obesidade, dislipidémia e hiperuricémia, em 27% coexistiam alcoolismo, tabagismo e stress e 14% apre-sentavam diabetes mellitus, dislipidémia e obesidade. Nos doentes hipertensos e di-abéticos, 82,6% apresentavam dislipidémia, 56,5% obesidade e 23,9% fumavam. Uma etiologia secundária da HTA foi encontrada em 7% dos doentes, no-meadamente 6% de hiperaldosteronismo

primário (4% com adenoma das supra-renal) e em 1% estenose da artéria renal (ver Figura 4).Quase todos os doentes encontravam-se sob medicação (apenas dois não se encon-tram medicados, tratando-se de primeiras consultas sem ainda consulta de follow-up durante o ano estudado). Assim, 64% dos doentes estavam medicados com diurético, 55% com inibidor da enzima de con-versão da angiotensina (IECA), 51% com antagonistas dos canais de cálcio (ACC), 50% com antagonistas dos receptores da angiotensina II (ARA II), 38% bloque-adores dos receptores ß (BB) e 17% com fármacos de acção central (ver Tabela 2). Cerca de 82% dos doentes estavam medi-cados com fármacos inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona.Cerca de 18% dos doentes encontravam-se em monoterapia (ver Figura 5).

Cerca de 82% dos doentes encontravam-se polimedicados com diferentes combi-nações de anti-hipertensores, a maioria (16,1% do total de doentes) com associa-ção de diurético/ACC/fármaco actuando sob o sistema renina-angiotensina-aldoste-rona (SRAA). A Figura 6 mostra a enorme percentagem de doentes polimedicados.Da análise da figura 6 concluí-se que a maioria dos doentes (57%) se encontrava medicado com mais do que 3 anti-hipertensores, o que revela a gravidade da doença.Grande percentagem dos doentes mostra-vam também algum grau de atingimento de órgãos-alvo, ilustrado na Tabela 3 e cerca de 74% dos doentes apresentavam atingimento em dois ou mais órgãos à distância. Este último grupo de doentes não apresentou diferença significativa em termos de sexo, dado que 51,2% dos doentes com atingimento de 2 ou mais órgãos-alvo eram do sexo masculino. Cerca de 86% dos doentes apresentavam controlo da sua HTA com a terapêutica instituída. No grupo com HTA não con-trolada, cerca de 80% dos doentes toma-vam 3 ou mais anti-hipertensores e 67,5% apresentavam 2 ou mais lesões de órgãos alvo, comparativamente com o grupo dos doentes controlados em que 53,7% dos doentes tomavam 3 ou mais fármacos e que apresentavam 25,2% de lesões em órgãos alvo.

disCussãoEste estudo representa uma amostra da to-talidade dos doentes que são regularmente consultados na Consulta de HTA, dado que apenas foi escolhido um dos períodos semanais da Consulta. Neste período cor-respondendo sempre ao mesmo horário semanal, foram analisados todos os doen-tes presentes. Não existem grandes diferenças em relação ao sexo, embora o sexo feminino tenha uma média de idades ligeiramente supe-rior. Quase metade dos doentes foi enviada para a Consulta por pedido do Médico de Medicina Geral e Familiar, dando conta da importância da necessidade de uma con-

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ARTIGO ORIGINALORIGINAL ARTICLE

Tabela 1 - Valores de cut-off dos factores de risco vascular pesquisados

sulta hospitalar especializada nesta área. A percentagem de doentes que não apre-sentava nenhum factor de risco é muito pequena, traduzindo o nível de gravidade dos doentes seguidos. Pelo menos 73% dos doentes apresentava 2 ou mais factores de risco, tendo a diabetes mellitus, a obesi-dade e a dislipidémia a maior relevância. São poucos os doentes com etiologia secundária de HTA na nossa amostra, com uma prevalência um pouco abaixo da que os estudos internacionais indicam (entre 1-11% para o hiperaldosteronismo primário e 2% para a doença renovascu-lar8).Mais de 50% dos doentes tinham necessidade de tomar 3 ou mais anti-hipertensores, entre eles um diurético e 8% eram medicados com 5 ou mais fármacos diferentes ou seja observa-se uma grande prevalência de HTA refrac-tária. Não existem muitos estudos que objectivem o uso de anti-hipertensores em Portugal, O estudo VALSIM9 versou doentes seguidos em Cuidados de Saúde Primários, entre 2006 e 2007 e teve como objectivo a caracterização dos factores de risco cardiovasculares particularizando o síndrome metabólico, na população que era seguida nos Centros de Saúde em Por-tugal Continental e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Isto é justificado pelo facto de se tratar de uma consulta de referência para avaliação e tratamento de HTA. Tendo sempre em consideração que as populações são diferentes, se pudermos comparar os nossos resultados com os publicados pelo estudo VALSIM, neste os doentes hipertensos medicados em monoterapia eram cerca de 47,6%, e com 2,3 ou mais que 3 classes terapêuticas era respectivamente de 36,2%, 13,0% 2 3,2%. A percentagem de utilização de cada classe é também maior na população da nossa Consulta, o que é perceptível, dado tratar-se de uma Consulta de referência para tratamento de doentes hipertensos de difícil controlo. Comparando a frequência de utilização das diferentes classes de anti-hipertensores entre o estudo VALSIM e a da nossa Consulta verificamos que, a uti-lização de diuréticos, IECA, ARA, ACC

etiologia da hta

Figura 4 - Etiologia da HTA

faCtores de risCodislipidémia 77%

obesidade 55%diabetes mellitus 32%

antecedentes familiares de hta 24%sedentarismo 15%

tabagismo 14%stress 13%

alcoolismo 12%hiperuricémia 11%

Tabela 1 - Factores de risco

março/aBril 2011

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hiperuricémia – 11%. (ver Tabela 1).Apenas cerca de 4% dos doentes não apresentava nenhum dos factores de risco descritos na Tabela 1, e destes todos tinham antecedentes familiares de doença cardiovascular.A co-existência de vários factores de risco foi observada numa percentagem muito significativa dos doentes: em 62% dos doentes coexistiam obesidade, dislipidémia e sedentarismo; em 48% coexistiam diabe-tes mellitus, obesidade, dislipidémia e hiperuricémia, em 27% coexistiam alcoolismo, tabagismo e stress e 14% apre-sentavam diabetes mellitus, dislipidémia e obesidade. Nos doentes hipertensos e di-abéticos, 82,6% apresentavam dislipidémia, 56,5% obesidade e 23,9% fumavam. Uma etiologia secundária da HTA foi encontrada em 7% dos doentes, no-meadamente 6% de hiperaldosteronismo

primário (4% com adenoma das supra-renal) e em 1% estenose da artéria renal (ver Figura 4).Quase todos os doentes encontravam-se sob medicação (apenas dois não se encon-tram medicados, tratando-se de primeiras consultas sem ainda consulta de follow-up durante o ano estudado). Assim, 64% dos doentes estavam medicados com diurético, 55% com inibidor da enzima de con-versão da angiotensina (IECA), 51% com antagonistas dos canais de cálcio (ACC), 50% com antagonistas dos receptores da angiotensina II (ARA II), 38% bloque-adores dos receptores ß (BB) e 17% com fármacos de acção central (ver Tabela 2). Cerca de 82% dos doentes estavam medi-cados com fármacos inibidores do sistema renina-angiotensina-aldosterona.Cerca de 18% dos doentes encontravam-se em monoterapia (ver Figura 5).

Cerca de 82% dos doentes encontravam-se polimedicados com diferentes combi-nações de anti-hipertensores, a maioria (16,1% do total de doentes) com associa-ção de diurético/ACC/fármaco actuando sob o sistema renina-angiotensina-aldoste-rona (SRAA). A Figura 6 mostra a enorme percentagem de doentes polimedicados.Da análise da figura 6 concluí-se que a maioria dos doentes (57%) se encontrava medicado com mais do que 3 anti-hipertensores, o que revela a gravidade da doença.Grande percentagem dos doentes mostra-vam também algum grau de atingimento de órgãos-alvo, ilustrado na Tabela 3 e cerca de 74% dos doentes apresentavam atingimento em dois ou mais órgãos à distância. Este último grupo de doentes não apresentou diferença significativa em termos de sexo, dado que 51,2% dos doentes com atingimento de 2 ou mais órgãos-alvo eram do sexo masculino. Cerca de 86% dos doentes apresentavam controlo da sua HTA com a terapêutica instituída. No grupo com HTA não con-trolada, cerca de 80% dos doentes toma-vam 3 ou mais anti-hipertensores e 67,5% apresentavam 2 ou mais lesões de órgãos alvo, comparativamente com o grupo dos doentes controlados em que 53,7% dos doentes tomavam 3 ou mais fármacos e que apresentavam 25,2% de lesões em órgãos alvo.

disCussãoEste estudo representa uma amostra da to-talidade dos doentes que são regularmente consultados na Consulta de HTA, dado que apenas foi escolhido um dos períodos semanais da Consulta. Neste período cor-respondendo sempre ao mesmo horário semanal, foram analisados todos os doen-tes presentes. Não existem grandes diferenças em relação ao sexo, embora o sexo feminino tenha uma média de idades ligeiramente supe-rior. Quase metade dos doentes foi enviada para a Consulta por pedido do Médico de Medicina Geral e Familiar, dando conta da importância da necessidade de uma con-

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sulta hospitalar especializada nesta área. A percentagem de doentes que não apre-sentava nenhum factor de risco é muito pequena, traduzindo o nível de gravidade dos doentes seguidos. Pelo menos 73% dos doentes apresentava 2 ou mais factores de risco, tendo a diabetes mellitus, a obesi-dade e a dislipidémia a maior relevância. São poucos os doentes com etiologia secundária de HTA na nossa amostra, com uma prevalência um pouco abaixo da que os estudos internacionais indicam (entre 1-11% para o hiperaldosteronismo primário e 2% para a doença renovascu-lar8).Mais de 50% dos doentes tinham necessidade de tomar 3 ou mais anti-hipertensores, entre eles um diurético e 8% eram medicados com 5 ou mais fármacos diferentes ou seja observa-se uma grande prevalência de HTA refrac-tária. Não existem muitos estudos que objectivem o uso de anti-hipertensores em Portugal, O estudo VALSIM9 versou doentes seguidos em Cuidados de Saúde Primários, entre 2006 e 2007 e teve como objectivo a caracterização dos factores de risco cardiovasculares particularizando o síndrome metabólico, na população que era seguida nos Centros de Saúde em Por-tugal Continental e Regiões Autónomas da Madeira e dos Açores. Isto é justificado pelo facto de se tratar de uma consulta de referência para avaliação e tratamento de HTA. Tendo sempre em consideração que as populações são diferentes, se pudermos comparar os nossos resultados com os publicados pelo estudo VALSIM, neste os doentes hipertensos medicados em monoterapia eram cerca de 47,6%, e com 2,3 ou mais que 3 classes terapêuticas era respectivamente de 36,2%, 13,0% 2 3,2%. A percentagem de utilização de cada classe é também maior na população da nossa Consulta, o que é perceptível, dado tratar-se de uma Consulta de referência para tratamento de doentes hipertensos de difícil controlo. Comparando a frequência de utilização das diferentes classes de anti-hipertensores entre o estudo VALSIM e a da nossa Consulta verificamos que, a uti-lização de diuréticos, IECA, ARA, ACC

doentes em monoterapia

Figura 5 - Doentes em monoterapia

número de anti-hipertensores utilizados

Figura 6 - Número de anti-hipertensores utilizados

perCentagem dos doentes soB diVersas Classes de anti-hipertensores

diurético 64%ieCa 55%

ant. Ca 51%ara ii 50%

BB 38%a. Central 17%

Tabela 2 - Percentagem dos doentes sob diversas classes de anti-hipertensores

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e BB foi respectivamente de 47,4%, 39,2%, 43%, 18,9% e 16,2% no estudo VALSIM, e de 64%, 55%, 50%, 51% e 38%.Tal como já referido anteriormente, 86% dos nossos doentes tinham a doença controlada. No grupo de doentes não controlados, o uso de maior quantidade de fármacos é claramente maior, traduzindo uma dificuldade em controlar um grupo ainda considerável de doentes. Neste grupo a proporção de atingimento de órgãos alvo é também muito maior. Este facto pode apenas traduzir que o grupo dos doentes não controlados tenha uma gravidade de HTA significativamente maior que o grupo dos não controlados, mas pode também sugerir um problema grave de não cumprimento da terapêutica.Existem ainda outros factores importantes que não foram estudados nesta revisão de processos. O consumo de sal, a fibrilhação auricular, o uso concomitante de outras drogas que agravem a HTA, como o uso de AINE’s ou de anticontraceptivos orais, o sucesso na tentativa de alteração dos estilos de vida ou na abstinência tabágica são alguns exemplos. Se bem que este estudo não seja represen-tativo da população geral da área de aten-dimento do Hospital Infante D. Pedro, permite uma reflexão acerca dos aspectos mais importantes em relação aos doentes que tratamos. A revisão destes processos, para além de dar uma ideia da realidade dos doentes tratados, permite revelar algu-mas lacunas que poderão ser melhoradas

no futuro que passarão por protocolos a concretizar.

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ARTIGO ORIGINALORIGINAL ARTICLE

1.Ezzati M, Lopez AD, Rodgers A, Vander Hoorn S, Murray CJ. Selected major risk factors and global and regional burden of disease. Lancet 2002;360:1347-60

2.Kearney PM, Whelton M, Reyn-olds K, untner P, Whelton PK, He J. Global burden of hypertension: analysis of worldwide data. Lancet. 2005;365(9455):217-23

3.National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Children and Adolescents. The fourth report on the diagnosis, evaluation and treatment of high blood pressure in children and adolescents. Pediatrics. 2004;114(2 Supl):555-576

4.de Macedo ME, Lima MJ, Silva AO, Alcântara P, Ramalhinho V, Carmona J. Prevalência, conhecimento, trata-mento e controlo da hipertensão em Por-tugal. Estudo PAP. Rev Port Cardiol. 2007;26(1):21-39

5.Lewington S, Clarke R, Qizilbash N, Peto R, Collins R. Age-specific relevance of usual blood pressure to vascular mortality: a meta-analysis

of individual data for one million adults in 61 prospective studies. Lancet 2002;360:1903-13

6.MacMahon S, Peto R, Cutler J, et al. Blood pressure, stroke, and coronary heart disease. Part 1, Prolonged differences in blood pressure: prospective observational studies corrected for the regression dilu-tion bias. Lancet 1990;335:765-74

7.Levy D, Larson MG, Vasan RS, Kannel WB, Ho KKL. The Progression From Hypertension to Congestive Heart Failure. JAMA 1996;275:1557-62

8.Mancia G, De Backer G, Dominickac A, Cifkova R, et al. 2007 Guidelines for the management of arterial hypertension: The Task Force for the Management of Arterial Hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and of the European Society of Cardiology (ESC). J Hypertens. 2007;25(6):1105-87

9.Cortez-Dias N, Martins S, Belo A, Fiuza M; Investigadores do Estudo VALSIM. Prevalência e padrões de tratamento da hipertensão arterial nos Cuidados de Saúde Primários em Portu-gal. Resultados do Estudo VALSIM. Rev Port Cardiol 2009;28(5):499-523

Tabela 1 - Valores de cut-off dos factores de risco vascular pesquisados

lesões de órgãos alVohipertrofia ventricular esquerda 40%

acidente vascular cerebral 24%nefropatia (insuficiência renal, microalbu-

minúria ou proteinúria)12%

angor 11%insuficiência cardíaca 9%

enfarte agudo miocárdio 8%demência 6%

retinopatia 6%revascularização. coronária 3%

doença arterial periférica 3%Tabela 3 - Lesões de órgãos alvo

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Paralelamente, encontra-se bem demons-trada a excepcional tolerância conferida pela lercanidipina (Fig. 2) 10, nomeadamente, no que concerne à incidência dos edemas dos membros inferiores, efeito secundário tão frequente como limitativo à manutenção do tratamento com diidropiridinas num número muito substancial de doentes. A combinação com o enalapril amplifica a repercussão positiva das característi-cas descritas, reforçando a conveniência complementar da sua coexistência com a lercanidipina.Em conclusão, a combinação de um an-

tagonista do cálcio com um modulador do SRAA constitui, presentemente, a melhor e mais racional associação terapêutica para o tratamento da hipertensão arterial. Das diversas opções existentes, a conjugação da lercanidipina com o enalapril constitui uma excelente alternativa, cumprindo todos os pressupostos da associação e expres-sando desígnios terapêuticos fundamentais, como a eficácia hipotensora, em termos de celeridade e duração (Fig. 3), aos quais será importante adicionar uma potencial especificidade em termos de renoprotecção e tolerância.

ImportâncIa da terapêutIca combInada de um antagonIsta do cálcIo com um modulador do sraa no tratamento da Hta

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tHe combInatIon oF an ace InHIbItor and a calcIum antagonIst In HYpertensIon treatment

IncIdêncIa na assocIação de lercanIdIpIna com enalaprIl

Focus In lercanIdIpIne plus enalaprIl

dr. João maldonadocardiologista e especialista em Hipertensão arterial

A experiência clínica tem evidenciado a necessidade da associação de fármacos anti-hipertensores na maioria dos doentes hiper-tensos 1. Na verdade, reconhece-se que, em média, a monoterapia concorre para o controlo tensional de apenas 15-30% dos doentes, percentagem que ascende aos 40-60% mediante a opção por terapêuticas combinadas. No entanto, os argumentos que sustentam este conceito não se confinam à eficácia desta me-dida, radicando, igualmente, na celeridade da redução da pressão arterial verificada, particu-larmente importante em doentes de elevado risco, na melhor adesão à medicação instituída e na eventualidade da conjugação de fármacos poder mitigar os efeitos secundários exibidos com a sua administração isolada. Desta forma, as recomendações internacionais para o tratamento da HTA têm insistido, veementemente, na adopção de terapêuticas combinadas no tratamento inicial desta patolo-gia 2-6, situação que se encontra facilitada pela existência de associações fixas de fármacos no mercado. Neste contexto, a associação entre um antago-nista do cálcio e um modulador do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) constitui a opção conceptualmente mais racional.

O conceito subjacente a esta presunção assenta em três potenciais níveis de benefício. Em primeiro lugar porque se capitaliza a eficá-cia hipotensora dos dois fármacos com uma abrangência populacional mais global. Assim, serão atingidos tanto os doentes que apresen-tam um SRAA activado (IECA ou ARA II) como os sódio-sensíveis, que se caracterizam, geralmente, pela depressão do citado sistema (antagonista do cálcio). A segunda razão reside no facto de os edemas periféricos, que frequentemente sobrevêm à utilização dos an-tagonistas do cálcio, poderem ser esbatidos pela actuação de um bloqueador do SRAA 7. Finalmente, e constituindo, seguramente, o ar-gumento mais relevante, deverá ser salientado o sinergismo protector relativamente à evolução da doença hipertensiva, isto é, relativamente à lesão dos órgãos-alvo. Na verdade, estas três famílias de anti-hiper-tensores comportam a maior eficácia reconhe-cida a este nível, sendo antecipado um incre-mento positivo do prognóstico nos doentes que beneficiem desta conjugação. Esta presunção foi demonstrada numa importante investiga-ção – estudo ACCOMPLISH8 – conduzida em cerca de 11.000 hipertensos com elevado risco cardiovascular, sendo efectuada a comparação entre a associação de um IECA a um diurético

ou a um antagonista do cálcio. Apesar de uma se-melhante eficácia na redução tensional objectivada pelas duas opções terapêuticas, verificou-se uma significativa maior redução dos eventos cardiovas-culares (20%) no grupo submetido à combinação entre o IECA e o antagonista do cálcio. A associação entre a lercanidipina e o enalapril insere-se na filosofia terapêutica anteriormente descrita, congregando assim as vantagens descritas relativamente ao amplo espectro de doentes contemplados, ao sinergismo verificado no seu impacto favorável na pressão arterial e no controlo da doença hipertensiva, bem como na modulação positiva dos efeitos adversos mais usualmente presentes. No entanto, o facto de o antagonista do cálcio envolvido ser a lercanidipina poderá facultar algumas vantagens adicionais. Na verdade, a lercanidipina possui notáveis propriedades de protecção renal (Fig. 1) 9, não partilhadas pela generalidade das diidropiridinas, o que lhe confere uma particular adequação aos doentes hipertensos, sobretudo os que apresentam um impacto renal da sua patologia ou que demonstram uma especial susceptibilidade à sua ocorrência. Neste contexto, deveremos considerar que o fármaco será uma opção potencialmente muito interessante na ampla população de hipertensos diabéticos.

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Figura 1

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Paralelamente, encontra-se bem demons-trada a excepcional tolerância conferida pela lercanidipina (Fig. 2) 10, nomeadamente, no que concerne à incidência dos edemas dos membros inferiores, efeito secundário tão frequente como limitativo à manutenção do tratamento com diidropiridinas num número muito substancial de doentes. A combinação com o enalapril amplifica a repercussão positiva das característi-cas descritas, reforçando a conveniência complementar da sua coexistência com a lercanidipina.Em conclusão, a combinação de um an-

tagonista do cálcio com um modulador do SRAA constitui, presentemente, a melhor e mais racional associação terapêutica para o tratamento da hipertensão arterial. Das diversas opções existentes, a conjugação da lercanidipina com o enalapril constitui uma excelente alternativa, cumprindo todos os pressupostos da associação e expres-sando desígnios terapêuticos fundamentais, como a eficácia hipotensora, em termos de celeridade e duração (Fig. 3), aos quais será importante adicionar uma potencial especificidade em termos de renoprotecção e tolerância.

ImportâncIa da terapêutIca combInada de um antagonIsta do cálcIo com um modulador do sraa no tratamento da Hta

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tHe combInatIon oF an ace InHIbItor and a calcIum antagonIst In HYpertensIon treatment

IncIdêncIa na assocIação de lercanIdIpIna com enalaprIl

Focus In lercanIdIpIne plus enalaprIl

dr. João maldonadocardiologista e especialista em Hipertensão arterial

A experiência clínica tem evidenciado a necessidade da associação de fármacos anti-hipertensores na maioria dos doentes hiper-tensos 1. Na verdade, reconhece-se que, em média, a monoterapia concorre para o controlo tensional de apenas 15-30% dos doentes, percentagem que ascende aos 40-60% mediante a opção por terapêuticas combinadas. No entanto, os argumentos que sustentam este conceito não se confinam à eficácia desta me-dida, radicando, igualmente, na celeridade da redução da pressão arterial verificada, particu-larmente importante em doentes de elevado risco, na melhor adesão à medicação instituída e na eventualidade da conjugação de fármacos poder mitigar os efeitos secundários exibidos com a sua administração isolada. Desta forma, as recomendações internacionais para o tratamento da HTA têm insistido, veementemente, na adopção de terapêuticas combinadas no tratamento inicial desta patolo-gia 2-6, situação que se encontra facilitada pela existência de associações fixas de fármacos no mercado. Neste contexto, a associação entre um antago-nista do cálcio e um modulador do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) constitui a opção conceptualmente mais racional.

O conceito subjacente a esta presunção assenta em três potenciais níveis de benefício. Em primeiro lugar porque se capitaliza a eficá-cia hipotensora dos dois fármacos com uma abrangência populacional mais global. Assim, serão atingidos tanto os doentes que apresen-tam um SRAA activado (IECA ou ARA II) como os sódio-sensíveis, que se caracterizam, geralmente, pela depressão do citado sistema (antagonista do cálcio). A segunda razão reside no facto de os edemas periféricos, que frequentemente sobrevêm à utilização dos an-tagonistas do cálcio, poderem ser esbatidos pela actuação de um bloqueador do SRAA 7. Finalmente, e constituindo, seguramente, o ar-gumento mais relevante, deverá ser salientado o sinergismo protector relativamente à evolução da doença hipertensiva, isto é, relativamente à lesão dos órgãos-alvo. Na verdade, estas três famílias de anti-hiper-tensores comportam a maior eficácia reconhe-cida a este nível, sendo antecipado um incre-mento positivo do prognóstico nos doentes que beneficiem desta conjugação. Esta presunção foi demonstrada numa importante investiga-ção – estudo ACCOMPLISH8 – conduzida em cerca de 11.000 hipertensos com elevado risco cardiovascular, sendo efectuada a comparação entre a associação de um IECA a um diurético

ou a um antagonista do cálcio. Apesar de uma se-melhante eficácia na redução tensional objectivada pelas duas opções terapêuticas, verificou-se uma significativa maior redução dos eventos cardiovas-culares (20%) no grupo submetido à combinação entre o IECA e o antagonista do cálcio. A associação entre a lercanidipina e o enalapril insere-se na filosofia terapêutica anteriormente descrita, congregando assim as vantagens descritas relativamente ao amplo espectro de doentes contemplados, ao sinergismo verificado no seu impacto favorável na pressão arterial e no controlo da doença hipertensiva, bem como na modulação positiva dos efeitos adversos mais usualmente presentes. No entanto, o facto de o antagonista do cálcio envolvido ser a lercanidipina poderá facultar algumas vantagens adicionais. Na verdade, a lercanidipina possui notáveis propriedades de protecção renal (Fig. 1) 9, não partilhadas pela generalidade das diidropiridinas, o que lhe confere uma particular adequação aos doentes hipertensos, sobretudo os que apresentam um impacto renal da sua patologia ou que demonstram uma especial susceptibilidade à sua ocorrência. Neste contexto, deveremos considerar que o fármaco será uma opção potencialmente muito interessante na ampla população de hipertensos diabéticos.

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1- Mancia G.; Grassi G. Combination treatment in antihypertensive drug trials. Cardiovasc Drug Therapy 1997;11:517-518.2- Joint National Committee for Evaluation, Management & Treatment of Hypertension ( JNC VII). JAMA 2003;289:2560-2572.3- The Task Force for the Management of Ar-terial Hypertension of the European Society of Hypertension (ESH) and the European Society of Cardiology. 2007 Guidelines for the management of arterial hypertension. Eur Heart J 2007;28:1462-1536.4- Mancia G, Laurent S, Agabiti-Rosei E et al. Reappraisal of European guidelines on hypertension management: A European Society of Hypertension Task Force document. J Hypertens 2009;27:2121-2158.5- Diagnóstico, Tratamento e Controlo da Pressão Arterial. CIRCULAR NORMA-TIVA da Direcção-Geral de Saúde n.º 2 DGCG, de 31-3-2004.6- A Hipertensão Arterial na Prática Clínica. Córtex, publicações técnicas e cientí-ficas Lda. Lisboa. 2006.7- Messerli FH, Oparil S, Feng Z. Compari-son of efficacy and side effects of combination therapy of angiotensina-converting enzyme inhibitor (benazapril) with calcium antago-nist (either nifedipine or amlodipine) versus high dose calcium antagonist monotherapy for systemic hypertension. Am J Cardiol 2000;86:1182-1187.8- Jamerson K, Weber MA, Bakris GL et al, for the ACCOMPLISH Trial Investigators. Benazepril plus amlodipine or hydrochloro-thiazide for hypertension in high-risk pa-tients. N Engl J Med 2008; 359:2417-2428.9- Dalla Vestra M, Pozza G, Mosca A et al. Effect of lercanidipine compared with ramipril on albumin excretion rate in hypertensive type 2 diabetic patients with microalbuminúria: DIAL Study (Diabete, Ipertensione, Albuminuria, Larcanidipina). Diab Nutr Metab 2004;17:259-266.10- Barrios V, Escoar C, de la Figuera M et al. High doses of lercanadipine are better tolerated tan other dihydropyridines in hy-pertensive patients with metabolic síndrome: results from the TOLERANCE study. Int J Clin Pract 2008;62:723-728.

Figura 1

Figura 3

Figura 2

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café, assim como o desenvolvimento mais fácil de hipertrofia ventricular esquerda ou de outras repercussões orgânicas da hipertensão e a sua regressão ou preven-ção com a terapêutica com determinados medicamentos, para valores tensionais idênticos.Ultimamente, após a anotação do genoma e com a evolução das técnicas de investi-gação genética, surgiram grandes estudos, como os Genome-Wide Association Studies que, através do “scanning” do genoma, tentam relacionar determinadas variantes genéticas comuns (presentes em mais de 5% da população) com a elevação tensional. São de destacar 2 destes estudos Genome-Wide Association (GWA) recentes. Um numa população Amish(2) (e replicado

em populações Amish e não Amish) em que foram identificados SNPs do gene STK 39 (serina-treonina cinase 39) que codifica a proteína SPAK que interactua com canais iónicos relacionados com a excreção renal de sódio e que estão envolvidas em formas raras, monogénicas, de hipotensão (síndromes de Bartter e de Gitelman) e de hipertensão (síndrome de Gordon). Estas variantes genéticas comuns associaram-se fortemente com a variação da pressão arterial e suscepti-bilidade para hipertensão. O outro estudo GWA identificou um SNP comum do gene CDH13 que codifica uma glicopro-teina de adesão cálcio-dependente, a T- caderina, relacionada com a remodelação da parede vascular e angiogenese, que se associou significativamente com a pressão sistólica e diastólica e com hipertensão(3).Contrariando os resultados negativos para hipertensão do 1º grande estudo GWA que envolveu 3000 indivíduos em que foram estudadas as variantes gené-ticas associadas a 7 doenças comuns(4), em 2009 foram publicadas 2 grandes meta-análises de estudos GWA em que se analisaram 2,5 milhões de marcadores genéticos em cerca de 30 000 indivíduos em cada um deles, em que foram iden-tificados 13 “loci” com vários SNPs que se associaram significativamente com a pressão arterial sistólica ou diastólica e/ou hipertensão(5,6). Contudo, cada variante comum identificada explicava apenas muito pequenas variações de pressão arterial (cerca de 1mmHg por alelo para a pressão sistólica e 0,5mmHg por alelo para a pressão diastólica) propondo, por isso, alguns autores, “scores” de risco baseados na agregação de várias das variantes genéticas comuns identificadas, o que poderia chegar a um risco relativo de hipertensão de 1,5 nos indivíduos com “scores” mais elevados(6). Nestes estudos duas das variantes comuns identificadas relacionavam-se com genes que anterior-mente já tinham sido associados com a susceptibilidade para hipertensão (genes que codificam os péptidos natriuréticos A e B – NPPA e NPPB e o gene CYP 17 A1 cuja mutação causa uma forma con-

génita de hipertensão mineralocorticoide) o que não acontecia com todas as outras variantes como, por exemplo, polimorfis-mos do gene SH2B3 associado com risco de duas doenças auto-imunes (diabetes tipo1 e doença celíaca) e que poderia indiciar novas vias moleculares, como a da resposta imune, envolvidas na fisiopatolo-gia da hipertensão, bem como novos alvos terapêuticos. Contudo, de acordo com vários autores, a variabilidade tensional da responsabili-dade de cada um destes SNPs comuns não ultrapassa 0,1% da variabilidade total(7). Devido a este facto vários trabalhos, têm tentado, ultimamente, identificar variantes raras (presentes em menos de 1% ou de 5% da população, consoante as definições), algumas delas associadas a formas monogénicas de hipertensão ou hipotensão, que pudes-sem explicar uma maior percentagem da herdabilidade restante (“missing herid-ability”). Na realidade, Ji e colabs(8) em estudo de 3 genes associados a formas raras, recessivas, de hipotensão, em mais de 3000 participantes do estudo de Framingham, verificaram que a presença de uma destas variantes raras na popula-ção estudada podia reduzir o risco de hi-pertensão em 60%.No entanto a pesquisa destas variantes raras é mais difícil em estudos GWA dado o grande número de indivíduos que terão que ser analisados. Recentemente, contudo, um estudo do consórcio Wellcome Trust Case Control utilizando análise de haplotipos de dados de GWA identificou um novo “locus” para hipertensão, não identificado por SNPs, relacionado com variantes raras(9). Também recentemente com a utilização de uma nova plataforma genética foram identificados não só outras variantes raras como variantes influenciando as cascatas de sinalização que controlam a sobrevivência celular e a apoptose e que se relacionaram com a regulação da pressão arterial ambulatória (10).Porém, mesmo o conjunto das variantes raras e comuns até agora identificadas explicariam menos de 2% da variabilidade tensional ambulatória.(7)

Genética e Genómica da Hipertensão arterial essencial: novas perspectivas

ARTIGO DE REVISÃOREVIEW ARTICLE

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J. Braz nogueira

GENETICS AND GENOMICS OF ESSENTIAL HYPERTENSION:NEW PERSPECTIVES

Cerca de 30 a 50% da variabilidade tensional é determinada geneticamente sabendo-se que, tal como outras doenças comuns, a hipertensão arterial essencial é multifactorial e poligénica não se po-dendo ignorar, também, a interacção entre genes e entre poliformismos genéticos e factores ambientais, comportamentais,

raciais e étnicos. Os polimorfismos mais frequentes e que têm sido mais estudados (Single Nucleotide Polymorphism – SNP) relacionam-se com os genes que codifi-cam os vários componentes de sistemas que se sabem relacionados com a regula-ção tensional como os sistemas renina-angiotensina-aldosterona e sistema neu-roadrenergico, bem como com os genes que codificam a alfa aducina e outras pro-teínas relacionadas com a reabsorção do sal(1). Assim através de estudos de genes candidatos e de análise “linkage” foram identificados poliformismos por exemplo

do gene do angiotensinogenio e do gene da ECA que se associavam a valores mais elevados de pressão arterial, a maior ou menor sensibilidade à terapêutica com inibidores de ECA ou antagonistas dos receptores AT1 da angiotensina, e a maior sensibilidade ao sal e à terapêutica com diuréticos. Também variantes do gene da alfa aducina se associaram à sensibilidade ao sal e à resposta à terapêutica diurética. Por outro lado, determinados genótipos podiam explicar, por exemplo, a elevação tensional com o tabagismo e a elevação ou diminuição tensional com a ingestão de

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café, assim como o desenvolvimento mais fácil de hipertrofia ventricular esquerda ou de outras repercussões orgânicas da hipertensão e a sua regressão ou preven-ção com a terapêutica com determinados medicamentos, para valores tensionais idênticos.Ultimamente, após a anotação do genoma e com a evolução das técnicas de investi-gação genética, surgiram grandes estudos, como os Genome-Wide Association Studies que, através do “scanning” do genoma, tentam relacionar determinadas variantes genéticas comuns (presentes em mais de 5% da população) com a elevação tensional. São de destacar 2 destes estudos Genome-Wide Association (GWA) recentes. Um numa população Amish(2) (e replicado

em populações Amish e não Amish) em que foram identificados SNPs do gene STK 39 (serina-treonina cinase 39) que codifica a proteína SPAK que interactua com canais iónicos relacionados com a excreção renal de sódio e que estão envolvidas em formas raras, monogénicas, de hipotensão (síndromes de Bartter e de Gitelman) e de hipertensão (síndrome de Gordon). Estas variantes genéticas comuns associaram-se fortemente com a variação da pressão arterial e suscepti-bilidade para hipertensão. O outro estudo GWA identificou um SNP comum do gene CDH13 que codifica uma glicopro-teina de adesão cálcio-dependente, a T- caderina, relacionada com a remodelação da parede vascular e angiogenese, que se associou significativamente com a pressão sistólica e diastólica e com hipertensão(3).Contrariando os resultados negativos para hipertensão do 1º grande estudo GWA que envolveu 3000 indivíduos em que foram estudadas as variantes gené-ticas associadas a 7 doenças comuns(4), em 2009 foram publicadas 2 grandes meta-análises de estudos GWA em que se analisaram 2,5 milhões de marcadores genéticos em cerca de 30 000 indivíduos em cada um deles, em que foram iden-tificados 13 “loci” com vários SNPs que se associaram significativamente com a pressão arterial sistólica ou diastólica e/ou hipertensão(5,6). Contudo, cada variante comum identificada explicava apenas muito pequenas variações de pressão arterial (cerca de 1mmHg por alelo para a pressão sistólica e 0,5mmHg por alelo para a pressão diastólica) propondo, por isso, alguns autores, “scores” de risco baseados na agregação de várias das variantes genéticas comuns identificadas, o que poderia chegar a um risco relativo de hipertensão de 1,5 nos indivíduos com “scores” mais elevados(6). Nestes estudos duas das variantes comuns identificadas relacionavam-se com genes que anterior-mente já tinham sido associados com a susceptibilidade para hipertensão (genes que codificam os péptidos natriuréticos A e B – NPPA e NPPB e o gene CYP 17 A1 cuja mutação causa uma forma con-

génita de hipertensão mineralocorticoide) o que não acontecia com todas as outras variantes como, por exemplo, polimorfis-mos do gene SH2B3 associado com risco de duas doenças auto-imunes (diabetes tipo1 e doença celíaca) e que poderia indiciar novas vias moleculares, como a da resposta imune, envolvidas na fisiopatolo-gia da hipertensão, bem como novos alvos terapêuticos. Contudo, de acordo com vários autores, a variabilidade tensional da responsabili-dade de cada um destes SNPs comuns não ultrapassa 0,1% da variabilidade total(7). Devido a este facto vários trabalhos, têm tentado, ultimamente, identificar variantes raras (presentes em menos de 1% ou de 5% da população, consoante as definições), algumas delas associadas a formas monogénicas de hipertensão ou hipotensão, que pudes-sem explicar uma maior percentagem da herdabilidade restante (“missing herid-ability”). Na realidade, Ji e colabs(8) em estudo de 3 genes associados a formas raras, recessivas, de hipotensão, em mais de 3000 participantes do estudo de Framingham, verificaram que a presença de uma destas variantes raras na popula-ção estudada podia reduzir o risco de hi-pertensão em 60%.No entanto a pesquisa destas variantes raras é mais difícil em estudos GWA dado o grande número de indivíduos que terão que ser analisados. Recentemente, contudo, um estudo do consórcio Wellcome Trust Case Control utilizando análise de haplotipos de dados de GWA identificou um novo “locus” para hipertensão, não identificado por SNPs, relacionado com variantes raras(9). Também recentemente com a utilização de uma nova plataforma genética foram identificados não só outras variantes raras como variantes influenciando as cascatas de sinalização que controlam a sobrevivência celular e a apoptose e que se relacionaram com a regulação da pressão arterial ambulatória (10).Porém, mesmo o conjunto das variantes raras e comuns até agora identificadas explicariam menos de 2% da variabilidade tensional ambulatória.(7)

Genética e Genómica da Hipertensão arterial essencial: novas perspectivas

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J. Braz nogueira

GENETICS AND GENOMICS OF ESSENTIAL HYPERTENSION:NEW PERSPECTIVES

Cerca de 30 a 50% da variabilidade tensional é determinada geneticamente sabendo-se que, tal como outras doenças comuns, a hipertensão arterial essencial é multifactorial e poligénica não se po-dendo ignorar, também, a interacção entre genes e entre poliformismos genéticos e factores ambientais, comportamentais,

raciais e étnicos. Os polimorfismos mais frequentes e que têm sido mais estudados (Single Nucleotide Polymorphism – SNP) relacionam-se com os genes que codifi-cam os vários componentes de sistemas que se sabem relacionados com a regula-ção tensional como os sistemas renina-angiotensina-aldosterona e sistema neu-roadrenergico, bem como com os genes que codificam a alfa aducina e outras pro-teínas relacionadas com a reabsorção do sal(1). Assim através de estudos de genes candidatos e de análise “linkage” foram identificados poliformismos por exemplo

do gene do angiotensinogenio e do gene da ECA que se associavam a valores mais elevados de pressão arterial, a maior ou menor sensibilidade à terapêutica com inibidores de ECA ou antagonistas dos receptores AT1 da angiotensina, e a maior sensibilidade ao sal e à terapêutica com diuréticos. Também variantes do gene da alfa aducina se associaram à sensibilidade ao sal e à resposta à terapêutica diurética. Por outro lado, determinados genótipos podiam explicar, por exemplo, a elevação tensional com o tabagismo e a elevação ou diminuição tensional com a ingestão de

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Haverá, muito provavelmente, muitas mais variantes comuns associadas com a pressão ar-terial que ainda não foram descobertas (e fora dos sistemas clássicos de regulação da pressão arterial) para além de várias variantes raras com maior influência sobre a variabilidade tensional.Aguarda-se o resultado de uma nova meta-análise que, pela sua dimensão, envol-vendo dados de mais de 70 000 indivíduos, é designada por “mega-análise” e combina várias “cohortes” entre elas as dos consórcios Global BP gene e CHARGE(11). Dada a complexidade da arquitectura genética da hipertensão essencial, além de novos métodos estatísticos, de estudos GWA mais amplos e da utilização de novas plataformas genéticas que incluam, também, variantes raras ou menos comuns, são necessárias estra-tégias alternativas envolvendo, por exemplo, o mapeamento preciso de variantes estruturais relacionadas com variação do número de cópias (copy number variation-CNV) que, em estudo recente, já permitiu identificar 7 novos “loci”associados a CNV relacionados com o risco de hipertensão(12) ou a identificação de variantes epigenéticas ou das responsáveis por determinada expressão genética resultante de influências ambientais(13). A utilização de novas tecnologias de sequenciação ou resse-quenciação (de todo o genoma ou do exoma, ou seja, do conjunto das regiões codificado-ras-exões) poderão permitir, também, um mapeamento genético mais rigoroso podendo contribuir para a identificação de novas variantes raras e/ou estruturais e/ou funcio-nais e de novas vias moleculares envolvidas na patogenia da hipertensão, (particularmente, segundo alguns autores(14), quando se uti-lizam amostras seleccionadas dos extremos da distribuição da pressão arterial) e que poderão constituir, também, novos alvos terapêuticos. Aguardam-se, pois, os resultados desta investigação “explosiva” no campo da genética e da genómica que poderão contribuir para a chamada medicina personalizada com a eventual identificação dos indivíduos com maior risco de virem a ser hipertensos ou de desenvolverem complicações e necessitarem, assim, de intervenções mais precoces ou mais específicas, ou de serem mais sensíveis a determinado(s) medicamento(s) e com menos efeitos colaterais.

ARTIGO DE REVISÃOREVIEW ARTICLE

16 março / aBril 2011

1.Braz Nogueira J. “Farmacogenética anti-hipertensiva” Rev. Port. Cardiol 2004; 23:121-30

2.Wang Y, O`Connell JR, Mc Ardle PF, et al, From the cover: wole-genome as-sociation study identifies STK39 as hy-pertension susceptibility gene. Proc Natl Acad Sci USA. 2009;106:226-231

3.Org E, Eyheramendy S, Juhanson P, et al, Genome-wide scan identifies CDH13 as a novel susceptibility locus contributing to blood pressure determi-nation in two European populations. Hum Mol Genet. 2009;18:2288-2296

4.Wellcome Trust Case-Control Consortium Genome-wide association study of 14,000 cases of seven common diseases and 3,000 shared controls. Nature. 2007;447:661-678

5.Newton-Cheh C, Johnson T, Gateva V, et al, Genome-wide association study identifies eight loci associated with blood pressure. Nat Genet 2009;41:666-676

6.Levy D, Ehert GB, Rice K, et al, Genome-wide association study of blood pressure and hypertension. Nat Gent. 2009;41:677-687

7.Franceshini N, Reiner AP, Heiss G, Recent findings in the genetics of blood pressure and hypertension traits. Am J Hypertens. 2010; doi:10.1038/ajh.2010.218

8.Ji W, Foo JN, O`Roak BJ, et al, Rare independent mutations in renal salt handling genes contribute to blood pressure variation. Nat Genet. 2008;40:592-599

9.Feng T, Zhu X “Genome-Wide searching of rare genetic vari-ants in WTCC data” Hum Genet 2010;128:269-280

10.Tomaszewski M, Debiec R, Braund PS et al, “Genetic architecture of am-bulatory blood pressure in the general population. Insights from cardiovas-cular gene-centric array” Hypertension 2010;56:1069-1076

11.Dominiczak AF, Munroe PB, Genome-wide Association Stud-ies Will Unlock the Genetic Ba-sis of Hypertension. Hyperten-sion.2010;56:1017-1020

12.Chen X, Li X, WangP, et al, Novel association strategy with copy num-ber variation for identifying new risk Loci human diseases. PLoS One. 2010;5e12185

13.Wang X, Snieder H, “Genome-Wide Association studies and beyond – What`s next in blood pressure genetics?” Hypertension 2010,56:1035-1037

14.Padmanabhan S, Melander O, Johnson T, et al, Genome-wide associa-tion study of blood pressure extremes identifies variant near UMOD associ-ated with hypertension. PLoS Genetics. 2010;6:e 1001177

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Artigo de reViSÃoreVieW Article

H. luz rodriguesProfessor de Farmacologia da Faculdade de Medicina de lisboa

Em 1836 Richard Bright estabeleceu a primeira ligação entre as doenças renais e a hipertensão arterial ao relatar em doentes que tinham falecido com atrofia renal a presença frequente de hipertrofia cardíaca1. Este tra-balho contribuiu para este médico inglês ser reconhecido como o “pai” da nefrologia.Posteriormente, em 1898, Robert Tigersted, Professor de Fisiologia do Instituto Karolin-ska em Estocolmo, e Per Bergman mostraram que a injecção intravenosa de córtex renal de coelho noutro animal provocava um au-

mento da pressão arterial2. Numa explicação profética, sugeriram que o rim produzia uma proteína solúvel, a que chamaram renina, que provocava um aumento da pressão arterial. Neste estudo, Tigerstedt e Bergman também demonstram que esta substância exercia uma acção pressora por contrair as arteríolas e que não alterava a frequência ou o débito cardía-co. Contudo, outros investigadores menos meticulosos não confirmaram estes resulta-dos, o que levou ao descrédito da importância da renina. Em retrospectiva, a falência destes investigadores em confirmarem o trabalho de Tigersted deveu-se provavelmente à degrada-ção da renina por bactérias proteolíticas. Numa época em que não havia refrigeração,

técnicas de esterilização ou antibióticos, era necessário utilizar renina fresca. Mais tarde, em 1934, o patologista Harry Goldblatt, em Cleveland, verificou que os doentes que morriam de hipertensão apre-sentavam estenose das artérias renais. Este americano presumiu que a isquemia resul-tante da redução do fluxo sanguíneo renal poderia desencadear hipertensão. Para testar esta hipótese colocou um grampo de prata em ambas as artérias renais de cães. A contracção parcial destas, sem provocar insuficiência renal, induziu um aumento da pressão arterial reprodutível e persistente3. Esta experimenta-ção permitiu obter o primeiro modelo animal de hipertensão. A explicação de Goldblatt

o riM coMo vítiMa e resPonsável Pela HiPertensão: uMa História de sucesso FarMacológicotHe KidneY as a victiM and cause oF HYPertension: a HistorY oF PHarMacological success

1836 richard bright estabeleceu a primeira ligação entre as doenças renais e a hipertensão arterial

robert tigersted, e Per berg-man mostraram que a injecção intravenosa de córtex renal de coelho noutro animal provocava um aumento da pressão arterial

1934, o patologista Harry goldblatt, em cleve-land, verificou que os doentes que morriam de hipertensão apresentavam estenose das artérias renais

1970 o brasileiro sérgio Ferreira descobriu um factor potenciador da acção vasodilatadora da bradicinina no veneno da víbora Both-rops jararaca capaz de inibir a enzima que inactivava aquele péptido

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19Março / abril 2010

H. luz rodriguesProfessor de Farmacologia da Faculdade de Medicina de lisboa

Em 1836 Richard Bright estabeleceu a primeira ligação entre as doenças renais e a hipertensão arterial ao relatar em doentes que tinham falecido com atrofia renal a presença frequente de hipertrofia cardíaca1. Este tra-balho contribuiu para este médico inglês ser reconhecido como o “pai” da nefrologia.Posteriormente, em 1898, Robert Tigersted, Professor de Fisiologia do Instituto Karolin-ska em Estocolmo, e Per Bergman mostraram que a injecção intravenosa de córtex renal de coelho noutro animal provocava um au-

mento da pressão arterial2. Numa explicação profética, sugeriram que o rim produzia uma proteína solúvel, a que chamaram renina, que provocava um aumento da pressão arterial. Neste estudo, Tigerstedt e Bergman também demonstram que esta substância exercia uma acção pressora por contrair as arteríolas e que não alterava a frequência ou o débito cardía-co. Contudo, outros investigadores menos meticulosos não confirmaram estes resulta-dos, o que levou ao descrédito da importância da renina. Em retrospectiva, a falência destes investigadores em confirmarem o trabalho de Tigersted deveu-se provavelmente à degrada-ção da renina por bactérias proteolíticas. Numa época em que não havia refrigeração,

técnicas de esterilização ou antibióticos, era necessário utilizar renina fresca. Mais tarde, em 1934, o patologista Harry Goldblatt, em Cleveland, verificou que os doentes que morriam de hipertensão apre-sentavam estenose das artérias renais. Este americano presumiu que a isquemia resul-tante da redução do fluxo sanguíneo renal poderia desencadear hipertensão. Para testar esta hipótese colocou um grampo de prata em ambas as artérias renais de cães. A contracção parcial destas, sem provocar insuficiência renal, induziu um aumento da pressão arterial reprodutível e persistente3. Esta experimenta-ção permitiu obter o primeiro modelo animal de hipertensão. A explicação de Goldblatt

o riM coMo vítiMa e resPonsável Pela HiPertensão: uMa História de sucesso FarMacológicotHe KidneY as a victiM and cause oF HYPertension: a HistorY oF PHarMacological success

1934, o patologista Harry goldblatt, em cleve-land, verificou que os doentes que morriam de hipertensão apresentavam estenose das artérias renais

1970 o brasileiro sérgio Ferreira descobriu um factor potenciador da acção vasodilatadora da bradicinina no veneno da víbora Both-rops jararaca capaz de inibir a enzima que inactivava aquele péptido

Ferreira desenvolveu o seu trabalho com o inglês John vane, e em conjunto mostraram que o

veneno também inibia a conversão de angioten-sina i em angiotensina ii

o 1º inibidor directo da renina, o aliscireno

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Artigo de reViSÃoreVieW Article

para os resultados obtidos foi semelhante à de Tigerstedt e Bergman: a isquemia renal leva à produção pelos rins de uma “secreção interna“ que desencadeia vasoconstrição e consequente-mente hipertensão.Identificar a substância associada à doença vascular foi o desafio seguinte. A tentativa de purificar a renina de Tigersted e Bergman foi efectuada por dois grupos de investigadores independentes, liderados por Irvine Page nos EUA (Indianapolis e Cleveland)4 e por Eduardo Braun-Menendez na Argentina (Buenos Aires). Ambos verificaram que quanto mais puro fosse o extracto, menor era a actividade hipertensora. Este resultado aparentemente contraditório foi explicado por a renina só por si não ser responsável pelo aumento da pressão. Os dois grupos de inves-tigadores demonstraram que a renina era uma enzima proteolítica que convertia um péptido do plasma num produto hipertensor. A desig-nação atribuída ao péptido clivado resultante foi diferente: angiotonina e hipertensina, respectivamente5,6. Dezoito anos mediaram até que se obtivesse um compromisso para alterar estas denominações para angiotensina (resultante da fusão de angio(tonina) com (hiper)tensina) e para designar o seu precur-sor de angiotensinogénio.O início da intervenção farmacológica no eixo renina-angiotensina ocorreu em 1970 com o brasileiro Sérgio Ferreira ao descobrir um factor potenciador da acção vasodi-latadora da bradicinina no veneno da víbora Bothrops jararaca capaz de inibir a enzima que inactivava aquele péptido. Ferreira desen-volveu o seu trabalho com o inglês John Vane, e em conjunto mostraram que o veneno tam-bém inibia a conversão de angiotensina I em angiotensina II. Estudos posteriores levaram ao desenvolvimento do primeiro inibidor da enzima de conversão da angiotensina (iECA), o captopril, o qual foi aprovado pela FDA em Junho de 19817. O patrocínio financeiro do desenvolvimento científico deste fármaco foi realizado pela Squibb. Para história da farma-cologia ficaram o teprotide (um iECA)8 e a saralasina (um péptido antagonista competi-tivo dos receptores da angiotensina II)9.A introdução de fármacos capazes de interferir com o sistema renina-angiotensina-aldosterona permitiu conhecer e aprofundar

a complexidade dos mecanismos envolvidos na fisiopatologia cardiovascular induzida por este sistema. Os resultados clínicos dos iECA e dos antagonistas dos receptores da angio-tensina (ARA II) na hipertensão arterial e em diversas patologias cardiovasculares associa-das, bem como na doença renal diabética e não diabética, tornaram estes fármacos em opções terapêuticas de primeira linha.Mais recentemente a descrição de receptores e da activação dos sistemas do sinal de trans-dução intracelular dos diferentes péptidos derivados do angiotensinogénio, bem como a identificação de um novo enzima de con-versão da angiotensina I, a ECA2, envolvido na formação de péptidos com predomínio vasodilatador, permitiram compreender melhor a complexidade dos mecanismos fisiopatológicos e perspectivar soluções fármaco-terapêuticas .Um século após a descoberta da renina por Robert Tigersted e Per Bergman (1898), e depois de um interregno de 13 anos sem novas classes de antihipertensores, foi co-mercializado um inibidor directo da renina, o aliscireno. O advento de uma nova classe de fármacos para a hipertensão merece ser destacado pela expectativa que cria na pos-sibilidade de optimizar o tratamento mas também por poder contribuir para a com-preensão da patogenia da doença como das suas complicações.

vine Heinly Page. Clin Auton Res 1991;1:259-60

5. Page IH, Helmer OM. A crystal-line pressor substance: angiotonin. Proc Center Soc Clin Invest 1939:12:17

6. Braun-Menendez E, Fasciolo JC, Leloir LF, Munoz JM. La sustan-cia hipertensora de la sangre del rinon isquemiado. Rev Soc Arg Biol 1939;15:420–5

7. Smith CG, Vane JR. The discovery of captopril. FASEB J 2003;17:788–9

8. Jaeger P, Ferguson RK, et al. Mecha-nism of blood pressure reduction by teprotide (SQ 20881) in rats. Kidney Int 1978;13:289–96

9. DH Streeten, GH Anderson, JM Freiberg, and TG Dalakos. Use of an angiotensin II antagonist (saralasin) in the recognition of “angiotensinogenic” hypertension. New Engl J Med 1975; 292:657-62

1.Bright R. Cases and observations il-lustrative of renal disease accompanied with the secretion of albuminous urine. Guy’s Hosp Rep 1836;1:338

2.Tigerstedt R, Bergman PG. Niere und kreislauf. Scand Arch Physiol 1898;8:223–71

3. Goldblatt H, Lynch J, Hanzal RF, Summerville WW. Studies on experi-mental hypertension. I. The production of persistent elevation of systolic blood pressure by means of renal ischemia. J Exp Med 1934;59:347–79

4. Manger WM. Tribute to Ir-

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Sexta-Feira, 18-02-2011; 08.00hComuniCaçõeS oraiS

Sala Fénix – ProF. J Braz-nogueira e Dr. JoSé alBer-to Silva

iD reSumo: 64

Controlo Da hiPertenSÃo arterial noS CuiDaDoS De SaÚDe PrimÁrioS

autores: mafalda Santos*, Fernando Pinto**, rui Cernadas†, luis martins**‡nome: mafalda Santos*instituição: *hospital de Santarém ePe; **Centro hospitalar entre Douro e vouga ePe; †uSF aguda; ‡FCS- universidade Fernando Pessoaemail: [email protected]

introDuçÃoAs doenças cardiovasculares são causa de morte em pelo menos 34,1% da população portuguesa, fundamentalmente o aci-dente vascular cerebral (15,1%) e a doença coronária (8%). A HTA é o factor de risco cardiovascular modificável associado mais prevalente, e o seu tratamento e controlo assume importância central nas estratégias preventivas.A prevalência de HTA na população adulta portuguesa é 42,1%, estando apenas 39,0% dos hipertensos medicados com fármacos antihipertensores (aHT) e 11,2% estarão controlados. Para o planeamento das estra-tégias preventivas, destinadas a melhorar o diagnóstico, tratamento e controlo da HTA, será relevante a caracterização, para além dos padrões de tratamento aHT mais frequentes em Portugal, do controlo da HTA pelos médicos de Medicina Geral e Familiar, identificando eventuais lacunas e alvos de actuação em termos de saúde pública.

material e métoDoSO presente estudo foi desenhado como estudo-piloto de um estudo epidemiológico transversal, de uma amostra representativa dos adultos hipertensos residentes em Por-

tugal continental seguidos nos Centros de Saúde de Portugal continental, para caracterização do controlo da pressão arte-rial. Foram avaliados a pressão arterial (PA) medida pelo médico e pelo enfermeiro, a terapêutica em curso, os factores de risco e as comorbilidades associadas e a classificação do controlo da HTA pelos próprios médicos.

reSultaDoSForam avaliados 102 indivíduos hipertensos, 48 mulheres (47%) e 54 homens (53%). A idade dos indivíduos variou entre os 36 e os 89 anos de idade, com idade média de 60,6 anos. A comorbilidade mais prevalente foi a diabetes, a par da obesidade com IMC médio de 27,7.Nas medições pelos médicos, o valor médio de PAS foi de 149,3mmHg e o de PAD de 84,2mmHg. Os valores tensionais foram mais elevados nas mulheres. Os valores foram globalmente mais baixos nas medições dos enfermeiros relativamente à dos médicos, com significado estatístico. Também nas medições pelos enfermeiros se manteve a relação entre PA e o sexo.Dos 98 indivíduos hipertensos medicados, 48,9% encontravam-se a fazer monoterapia, 42,9% dois fármacos e 8,2% três. Destes 72,4% em terapêutica de associação livre e apenas 27,6% em associação fixa, sendo nesta preferencial a combinação de IECA ou ARA com diurético (88,9%).Dos 102 indivíduos hipertensos, segundo os médicos assistentes, 52% apresentam HTA controlada; no entanto, para os mesmos, o controlo efectivo é de 37,3%.

ConCluSõeSA ainda elevada inércia clínica pela propor-ção elevada de hipertensos sob monoterapia, a classificação errada de controlo da HTA de acordo com as orientações actuais, e a não valorização de comorbilidades (nomeada-mente da diabetes), sugere a necessidade de programas de educação permanente para os profissionais da saúde e de outras medidas para melhorar o controlo da doença.

iD reSumo: 85

o valor Da m.a.P.a. na PreDiçÃo De ComPliCaçõeS Da graviDez e DeSenvolvi-mento Fetal

autores : gonçalo marto1, Sérgio gon-çalves1, Clarinda neves1, mesquita Bastos2

nome: gonçalo marto1

instituição: 1Serviço de medicina, 2Serviço de Cardiologiaemail: [email protected]

introDuçÃoA Hipertensão Arterial (HTA) complica 12 por cento das gravidezes estando associada a baixo peso ao nascer, parto pré-termo e pré-eclâmpsia. Também a Diabetes Mellitus con-fere pior prognóstico, associando-se a HTA, pré-eclâmpsia e complicações do desenvolvi-mento fetal. Ainda não se encontra comple-tamente esclarecido o modo como estas duas comorbilidades interagem no prognóstico da grávida e do feto, nem tão pouco o papel da Monitorização Ambulatória da Pressão Ar-terial nas 24 horas (MAPA) nestas situações.

material e métoDoSOs autores realizaram uma análise retros-pectiva de 54 grávidas hipertensas, 37 com HTA prévia, 15 com HTA gestacional e 2 com HTA de início desconhecido, referen-ciadas da consulta de Obstetrícia de Risco para a consulta de Hipertensão, entre Janeiro de 2007 a Novembro de 2010. Foram todas submetidas a registo da MAPA (inicialmente por Space labs 90217 e nos últimos 2 anos por Space labs 90207). Das 54 grávidas, 11 desenvolveram diabetes gestacional. As MAPA realizaram–se entre as 25,7±6,6 semanas de gravidez. A idade média materna foi de 31,4±4,7 anos. A todas foram colhidos dados antropométricos, factores de risco e antecedentes relevantes. As grávidas foram seguidas até ao puerpério em regime de consulta ou de internamento.

reSultaDoSObservaram-se 44 partos de termo, 7 partos pré-termo e 7 com baixo peso ao nascer. O grupo de grávidas que desenvolveram pré-

hiPertenSÃo arterial Como Fator De riSCo Para aCiDente vaSCular CereBral em PoPulaçÃo De Baixo PoDer eConÔmiCo. maria nazaré Thomaz de almeida terra (médica Clínica geral - Prefeitura de mesquita - estado do rio De Janeiro - Brasil) & mauricio de Souza rocha Júnior (médico Cardiologista - Prefeitura De Queimados - estado Do rio De Janeiro - Brasil).

reSumo: Sabe-se há décadas que a hipertensão arterial (HA) é um importante fator de risco cardiovascular, notadamente os acidentes vascu-lares cerebrais (AVCs). Este trabalho retrospectivo em uma população de baixo poder econômico confirma este fato.

traBalho: Estudou-se 861 pacientes (502 mulheres e 359 homens) matriculados há pelo menos oito anos em dois ambulatórios, mesquita e queimados, municípios do estado do Rio de Janeiro, Brasil. Todos portando (HA) primária, com pelo menos três consultas anuais. Ao revisar-se o prontuário destes 861 pacientes, observou-se a presença de (AVC), hemorrágicos e/ou isquêmicos em 44 (24 mulheres e 20 homens).Destes, o porcentual de diabéticos (21+ - 3 %), dislipidêmicos (44 + - 3 %) e fumadores (15 + - 3 %) são semelhantes nos dois grupos, de hiper-tensos com e sem (AVC).Não foi possível avaliar-se a presença ou não de sedentarismo , nem o grau de adesão às medicações prescritas.Retro-spectivamente, observou-se que a média da pressão arterial no grupo (AVC) foi de 162,3 x 98,4 mm hg, sendo que a média no grupo não (AVC) foi de 141,1 x 90,4 mm hg.

ConCluSÃo: Tal trabalho revela a dificuldade de atingir-se as metas pressóricas propostas pelas diretrizes européias e brasileiras em popu-lações brasileiras de baixo poder econômico. Observou-se que o grupo (AVC) possui níveis tensionais mais elevados que o grupo de Hipertensos sem (AVC), o que confirma a relação direta entre os maiores níveis tensionais e os (AVCs).

eclâmpsia (n=9) tiveram uma maior incidên-cia de complicações do desenvolvimento fetal (X2 9,5 p<0,002). Quando se compararam, através de uma análise T–Student, o grupo de grávidas que apresentaram complicações do desenvolvimento fetal (baixo peso ao nascer, parto pré-termo e morte fetal) vs as que não apresentaram, a PAS 24h (131±13 vs 121±11,5 mmHg p<0,02), a PAD 24h (80,3±11 vs 73±10 mmHg p<0,03) e a descida nocturna da PAS (8,0±6,3 vs 12,0±5 mmHg p<0,03) apresentaram relevância estatística. A análise da variabilidade (SD da PAS e PAD e o SD dn da PAS e PAD) não foi discriminativa para complicações do desenvolvimento fetal. Quando se analisou o sub-grupo das hipertensas que desenvolve-ram diabetes gestacional vs as não diabéticas, elas eram mais velhas (35±3,6 vs 30±4,6 anos, p<0,003) e com maior número de gestações prévias (2,5±1 vs 1,9±0,8 gestações, p<0,03). Não apresentaram diferenças sig-nificativas nos vários parâmetros da MAPA, na incidência de pré-eclâmpsia, nem associa-ção a complicações no desenvolvimento fetal. Quando se analisou no grupo de diabetes gestacional, o valor preditivo da MAPA para desenvolvimento de pré-eclâmpsia, o SD da PAS noite foi estatisticamente significativo (12,9±1,6 vs 8,1±2,6 mmHg, p<0,05).

ConCluSÃoConclui-se que a MAPA é importante na avaliação do risco das complicações do de-senvolvimento fetal em grávidas hipertensas. Neste grupo a presença de diabetes gestacio-nal não pareceu acrescentar a curto prazo um risco acrescido.

PalavraS ChaveMAPA, Gravidez, Pré-eclâmpsia, Diabetes Gestacional

iD reSumo: 101

24-h amBulatorY BlooD PreSSure (aBP) anD CarDio-vaSCular eventS in elDer-lY hYPertenSive PatientS FolloWeD-uP For Seven YearS.

autores: José mesquita Bastos1, Susana Bertoquini2, Jorge Polónia3

nome: José mesquita Bastos1

instituição: 1 escola Superior de Saúde da universidade de aveiro, 2 Faculdade Psico-logia e Ciências da educação, 3 Faculdade de medicina do Portoemail : [email protected]

introDuCtionIt is still uncertain whether 24-h ambulatory blood pressure (ABP) predicts cardiovascular (CV) events in elderly hypertensive patients.

methoDSAfter ABP, we followed-up for 7,0 years, (range 0.2-14.4) a population of 179 elderly hypertensive patients (>65, mean 70.0±4,5 years, 95 women. BMI 27.2±4,3. Kg/m2), under stabilized antihypertensive medication and without previous CV events.

reSultSOccurrence of first CV events was followed for 1258 patients-years. There were 49 first CV fatal/non-fatal events (27 strokes, 10 coronary, 12 other cardiovascular events). At baseline, patients who subsequently had an event were significantly older 71,5±4,9 vs 69,4±4,2 years (p<0.001), had higher values of 24 h SBP 145±17 vs 136 ±16(p<0.01), of nightime SBP 136±20 vs 126±19mmHg (p<0,001) and of 24h and nightime Pulse

Pressure(PP) respectively 65,8±16,7 vs 59.3±12,5 (p<0,05) and 65,2±17 vs 58,2±13 (p<0,02). No significant differences were found for metabolic parameters and casual BP. In a Cox regression analysis SBP and PP (24h and nightime) values as well as 24hSBP variability (SD) were independent (p<0,05) predictors of subsequent total CV events after adjustment to age, BMI, diabetes, medication, and casual SBP. Concerning stroke, when the sample was divided by the cut off of PP< vs >= 55 mmHg significant survival curves free of stroke were observed (log rank 5,58 p<0,02) a figure shows the rate of CV outcome per 1000 patient – years for the quintiles of distribution of baseline 24h-SBP and 24h-DBP for CV events. As shown no J shape curve was observed in the relation events vs 24h-systolic and diastolic BP.

ConCluSionSIn elderly patients ABP especially high 24-h SBP and 24-PP and 24h SBP variability are strong predictors of cardiovascular events.

iD reSumo: 69

DiaBeteS mellituS e hiPergliCémia De StreSS em hiPertenSoS Com enFarte aguDo Do mioCÁrDio: a CaDa Juiz a Sua Sentença?

RESUMOS 5º cOngRESSO pORtUgUêS dE HipERtEnSãOABStRActS 5tH pORtUgUESE cOngRESS Of HypERtEnSiOn

cOMUnicAÇÕES ORAiS

março/aBril 2011

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Sexta-Feira, 18-02-2011; 08.00hComuniCaçõeS oraiS

Sala Fénix – ProF. J Braz-nogueira e Dr. JoSé alBer-to Silva

iD reSumo: 64

Controlo Da hiPertenSÃo arterial noS CuiDaDoS De SaÚDe PrimÁrioS

autores: mafalda Santos*, Fernando Pinto**, rui Cernadas†, luis martins**‡nome: mafalda Santos*instituição: *hospital de Santarém ePe; **Centro hospitalar entre Douro e vouga ePe; †uSF aguda; ‡FCS- universidade Fernando Pessoaemail: [email protected]

introDuçÃoAs doenças cardiovasculares são causa de morte em pelo menos 34,1% da população portuguesa, fundamentalmente o aci-dente vascular cerebral (15,1%) e a doença coronária (8%). A HTA é o factor de risco cardiovascular modificável associado mais prevalente, e o seu tratamento e controlo assume importância central nas estratégias preventivas.A prevalência de HTA na população adulta portuguesa é 42,1%, estando apenas 39,0% dos hipertensos medicados com fármacos antihipertensores (aHT) e 11,2% estarão controlados. Para o planeamento das estra-tégias preventivas, destinadas a melhorar o diagnóstico, tratamento e controlo da HTA, será relevante a caracterização, para além dos padrões de tratamento aHT mais frequentes em Portugal, do controlo da HTA pelos médicos de Medicina Geral e Familiar, identificando eventuais lacunas e alvos de actuação em termos de saúde pública.

material e métoDoSO presente estudo foi desenhado como estudo-piloto de um estudo epidemiológico transversal, de uma amostra representativa dos adultos hipertensos residentes em Por-

tugal continental seguidos nos Centros de Saúde de Portugal continental, para caracterização do controlo da pressão arte-rial. Foram avaliados a pressão arterial (PA) medida pelo médico e pelo enfermeiro, a terapêutica em curso, os factores de risco e as comorbilidades associadas e a classificação do controlo da HTA pelos próprios médicos.

reSultaDoSForam avaliados 102 indivíduos hipertensos, 48 mulheres (47%) e 54 homens (53%). A idade dos indivíduos variou entre os 36 e os 89 anos de idade, com idade média de 60,6 anos. A comorbilidade mais prevalente foi a diabetes, a par da obesidade com IMC médio de 27,7.Nas medições pelos médicos, o valor médio de PAS foi de 149,3mmHg e o de PAD de 84,2mmHg. Os valores tensionais foram mais elevados nas mulheres. Os valores foram globalmente mais baixos nas medições dos enfermeiros relativamente à dos médicos, com significado estatístico. Também nas medições pelos enfermeiros se manteve a relação entre PA e o sexo.Dos 98 indivíduos hipertensos medicados, 48,9% encontravam-se a fazer monoterapia, 42,9% dois fármacos e 8,2% três. Destes 72,4% em terapêutica de associação livre e apenas 27,6% em associação fixa, sendo nesta preferencial a combinação de IECA ou ARA com diurético (88,9%).Dos 102 indivíduos hipertensos, segundo os médicos assistentes, 52% apresentam HTA controlada; no entanto, para os mesmos, o controlo efectivo é de 37,3%.

ConCluSõeSA ainda elevada inércia clínica pela propor-ção elevada de hipertensos sob monoterapia, a classificação errada de controlo da HTA de acordo com as orientações actuais, e a não valorização de comorbilidades (nomeada-mente da diabetes), sugere a necessidade de programas de educação permanente para os profissionais da saúde e de outras medidas para melhorar o controlo da doença.

iD reSumo: 85

o valor Da m.a.P.a. na PreDiçÃo De ComPliCaçõeS Da graviDez e DeSenvolvi-mento Fetal

autores : gonçalo marto1, Sérgio gon-çalves1, Clarinda neves1, mesquita Bastos2

nome: gonçalo marto1

instituição: 1Serviço de medicina, 2Serviço de Cardiologiaemail: [email protected]

introDuçÃoA Hipertensão Arterial (HTA) complica 12 por cento das gravidezes estando associada a baixo peso ao nascer, parto pré-termo e pré-eclâmpsia. Também a Diabetes Mellitus con-fere pior prognóstico, associando-se a HTA, pré-eclâmpsia e complicações do desenvolvi-mento fetal. Ainda não se encontra comple-tamente esclarecido o modo como estas duas comorbilidades interagem no prognóstico da grávida e do feto, nem tão pouco o papel da Monitorização Ambulatória da Pressão Ar-terial nas 24 horas (MAPA) nestas situações.

material e métoDoSOs autores realizaram uma análise retros-pectiva de 54 grávidas hipertensas, 37 com HTA prévia, 15 com HTA gestacional e 2 com HTA de início desconhecido, referen-ciadas da consulta de Obstetrícia de Risco para a consulta de Hipertensão, entre Janeiro de 2007 a Novembro de 2010. Foram todas submetidas a registo da MAPA (inicialmente por Space labs 90217 e nos últimos 2 anos por Space labs 90207). Das 54 grávidas, 11 desenvolveram diabetes gestacional. As MAPA realizaram–se entre as 25,7±6,6 semanas de gravidez. A idade média materna foi de 31,4±4,7 anos. A todas foram colhidos dados antropométricos, factores de risco e antecedentes relevantes. As grávidas foram seguidas até ao puerpério em regime de consulta ou de internamento.

reSultaDoSObservaram-se 44 partos de termo, 7 partos pré-termo e 7 com baixo peso ao nascer. O grupo de grávidas que desenvolveram pré-

eclâmpsia (n=9) tiveram uma maior incidên-cia de complicações do desenvolvimento fetal (X2 9,5 p<0,002). Quando se compararam, através de uma análise T–Student, o grupo de grávidas que apresentaram complicações do desenvolvimento fetal (baixo peso ao nascer, parto pré-termo e morte fetal) vs as que não apresentaram, a PAS 24h (131±13 vs 121±11,5 mmHg p<0,02), a PAD 24h (80,3±11 vs 73±10 mmHg p<0,03) e a descida nocturna da PAS (8,0±6,3 vs 12,0±5 mmHg p<0,03) apresentaram relevância estatística. A análise da variabilidade (SD da PAS e PAD e o SD dn da PAS e PAD) não foi discriminativa para complicações do desenvolvimento fetal. Quando se analisou o sub-grupo das hipertensas que desenvolve-ram diabetes gestacional vs as não diabéticas, elas eram mais velhas (35±3,6 vs 30±4,6 anos, p<0,003) e com maior número de gestações prévias (2,5±1 vs 1,9±0,8 gestações, p<0,03). Não apresentaram diferenças sig-nificativas nos vários parâmetros da MAPA, na incidência de pré-eclâmpsia, nem associa-ção a complicações no desenvolvimento fetal. Quando se analisou no grupo de diabetes gestacional, o valor preditivo da MAPA para desenvolvimento de pré-eclâmpsia, o SD da PAS noite foi estatisticamente significativo (12,9±1,6 vs 8,1±2,6 mmHg, p<0,05).

ConCluSÃoConclui-se que a MAPA é importante na avaliação do risco das complicações do de-senvolvimento fetal em grávidas hipertensas. Neste grupo a presença de diabetes gestacio-nal não pareceu acrescentar a curto prazo um risco acrescido.

PalavraS ChaveMAPA, Gravidez, Pré-eclâmpsia, Diabetes Gestacional

iD reSumo: 101

24-h amBulatorY BlooD PreSSure (aBP) anD CarDio-vaSCular eventS in elDer-lY hYPertenSive PatientS FolloWeD-uP For Seven YearS.

autores: José mesquita Bastos1, Susana Bertoquini2, Jorge Polónia3

nome: José mesquita Bastos1

instituição: 1 escola Superior de Saúde da universidade de aveiro, 2 Faculdade Psico-logia e Ciências da educação, 3 Faculdade de medicina do Portoemail : [email protected]

introDuCtionIt is still uncertain whether 24-h ambulatory blood pressure (ABP) predicts cardiovascular (CV) events in elderly hypertensive patients.

methoDSAfter ABP, we followed-up for 7,0 years, (range 0.2-14.4) a population of 179 elderly hypertensive patients (>65, mean 70.0±4,5 years, 95 women. BMI 27.2±4,3. Kg/m2), under stabilized antihypertensive medication and without previous CV events.

reSultSOccurrence of first CV events was followed for 1258 patients-years. There were 49 first CV fatal/non-fatal events (27 strokes, 10 coronary, 12 other cardiovascular events). At baseline, patients who subsequently had an event were significantly older 71,5±4,9 vs 69,4±4,2 years (p<0.001), had higher values of 24 h SBP 145±17 vs 136 ±16(p<0.01), of nightime SBP 136±20 vs 126±19mmHg (p<0,001) and of 24h and nightime Pulse

Pressure(PP) respectively 65,8±16,7 vs 59.3±12,5 (p<0,05) and 65,2±17 vs 58,2±13 (p<0,02). No significant differences were found for metabolic parameters and casual BP. In a Cox regression analysis SBP and PP (24h and nightime) values as well as 24hSBP variability (SD) were independent (p<0,05) predictors of subsequent total CV events after adjustment to age, BMI, diabetes, medication, and casual SBP. Concerning stroke, when the sample was divided by the cut off of PP< vs >= 55 mmHg significant survival curves free of stroke were observed (log rank 5,58 p<0,02) a figure shows the rate of CV outcome per 1000 patient – years for the quintiles of distribution of baseline 24h-SBP and 24h-DBP for CV events. As shown no J shape curve was observed in the relation events vs 24h-systolic and diastolic BP.

ConCluSionSIn elderly patients ABP especially high 24-h SBP and 24-PP and 24h SBP variability are strong predictors of cardiovascular events.

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DiaBeteS mellituS e hiPergliCémia De StreSS em hiPertenSoS Com enFarte aguDo Do mioCÁrDio: a CaDa Juiz a Sua Sentença?

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Dm-hS- Dm+hS- Dm-hS+ Dm+hS+ Pn 220 58 97 168

idade 68,7±13,4 71,7±10,8 72,3±11,6 71,8±9,9 <0,02imC 27,8±4,2 27,3±3,7 27,8±4,3 29,2±3,8 0,1

glicémia admissão (mmol/l) 5,9±0,9 6,3±0,9 10,6±3,0 13,6±5,3 <0,001

hba1C 5,6±0,6 6,6±1,2 6,0±0,9 8,2±1,9 <0,001tFg (ml/min) 68,9±26,0 58,4±29,0 57,8±29,4 56,8±29,1 <0,001

Stemi 38,4% 36,2% 47,9% 43,6% n.s.grace 124,7±33,7 132,3±29,0 145,4±34,9 142,4±34,7 <0,001

Killip-Kimball máx. 1,3±0,8 1,4±0,6 2,0±1,2 2,0±1,1 <0,001troponina i máx. 34,0±55,6 67,4±8,8 121,1±12,3 106,0±8,2 <0,001Fr. ejecção <45% 9,9% 20,0% 30,4% 29,3% <0,001Disf.Diastólica 12,4% 10,9% 22,9% 28,3% 0,006

nº vasos 1,4±1,0 2,1±1,0 1,7±0,9 2,0±1,0 <0,001nº lesões 1,8±1,6 3,3±2,2 2,5±1,8 2,8±2,0 <0,001

mortalidade 11,8% 25,9% 38,1% 29,2% <0,001Tabela 1: ID Resumo: 69

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autores: rui Providência, Sérgio Barra, luís Paiva, Pedro lourenço gomes, Joana Silva, luís Seca, Paula mota, a.m.leitão-marquesnome: rui Providênciainstituição: Serviço de Cardiologia, Centro hospitalar de Coimbraemail: [email protected]

introDuçÃoA hiperglicémia de stress (HS) é a eleva-ção transitória da glicémia no contexto de doença. Em doentes com enfarte agudo do miocárdio (EAM) consegue prever a mortalidade a curto e longo prazo. O seu uso é frequentemente limitado a doentes sem diabetes mellitus (DM). A DM é também um preditor de mortalidade em doentes com EAM. As perturbações do metabolismo glucídico são frequentes em doentes com hipertensão arterial (HTA) e não existem estudos a abordar a relação entre HS e DM, nomeadamente o impacto comparativo da HS ou da sua ausência em doentes com e sem DM.

oBJeCtivoAvaliar o impacto da DM e HS no perfil e prognóstico de doentes com HTA e EAM.

métoDoSEstudo prospectivo de 568 doentes con-secutivos com HTA (70,7±11,9 anos; 38,6% mulheres; 41,4% DM) admitidos por EAM (41,9% STEMI; Killip-Kimball máximo 1,7±1,0; Grace 6 meses 134,9±34,6). Foi realizado seguimento de 24 meses e realiza-das comparações dos seguintes subgrupos: DM-HS- sem DM e HS; DM+HS- com DM e sem HS; DM-HS+ sem DM e com HS; DM+HS+ com DM e HS.

reSultaDoSA mortalidade intra-hospitalar foi 9,5% e aos 24 meses 23,8%. As curvas de sobrevida de Kaplan-Meyer mostram um benefício de sobrevivência a favor de DM-HS-, com sobreposição de DM+HS- e DM+HS+ e maior mortalidade em DM-HS+ (log rank <0,001). A tabela anexa na página anterior ilustra as diferenças existentes entre os grupos.

ConCluSõeSOs 4 grupos estudados apresentam perfis e comportamentos diferentes ao longo dos 24 meses de seguimento. Assim, apesar de HS e DM serem marcadores de perturbações do metabolismo glucídico, existem duas possi-bilidades para explicar este comportamento: ou representam 2 entidades diferentes, ou então a DM tem efeito protector em doentes com HTA e HS.

iD reSumo: 97

FaCtoreS PreDitoreS Da evoluçÃo Da hta De Bata BranCa Para hta SuStiDa

autores: Carlos S moreira, Paula alcantara, Cristina alcantara, vitor ramalhinho, Car-los Bastos, J Braz nogueiranome: Carlos S moreirainstituição: Serviço de medicina 1, hospital de Santa maria, Faculdade de medicina de lisboaemail: [email protected]

reSumoFoi efectuado o seguimento 132 doentes hipertensos de bata-branca ao longo de cinco anos, sendo avaliados pelo menos uma vez de 6/6 meses em relação à avalia-ção clínica, aos parâmetros hematológicos, bioquímicos, electrocardiograma e medição ambulatória da pressão arterial.Os doentes hipertensos de bata-branca apre-sentaram em cerca de 15% ao ano critérios de diagnóstico de hipertensos dippers, tendo iniciado terapêutica farmacológica quando apresentavam estes critérios.O modelo utilizado foi de qui-quadrado, log-rank, bem como modelo de análise multivariável, considerando-se significativo valores de p<0,01 (“two-tailed probabili-ties”).Na comparação entre os dois grupos fomos determinar quais as variáveis que apre-sentavam diferenças significativas. Assim foram significativos os valores de pressão arterial ambulatório diurna, bem como os valores tensionais ocasionais, os valores do índice de massa do ventrículo esquerdo, os

valores de PIIIP, a microalbuminúria, valores de fibrinogénio plasmático e viscosidade plasmática, na análise multivariável foram discriminantes os valores de pressão arterial sistólica em ambulatório combinados com o fibrinogénio plasmático e o índice de viscosidade plasmática, sendo estes valores discriminativos no final do primeiro ano.Este trabalho permitiu determinar que a hipertensão de bata-branca é uma situação que pode evoluir para hipertensão sustida, e que existem factores que permitem prever quais os indivíduos que vão evoluir para hipertensão sustida.

iD reSumo: 74

haverÁ uma aSSoCiaçÃo entre a renina PlaSmÁti-Ca e oS BiomarCaDoreS nÃo traDiCionaiS De riSCo CarDiovaSCular, Doença renal em DiaBétiCoS tiPo 2?

autores: ana Paula Silva, anabela guedes, ana Cabrita, ana Pinho, Carlos Carneiro, nelson tavares, hercilía martins, ana Camacho, Pedro leão nevesnome: ana Paula Silvainstituição: Serviço de nefrologia, hospital de Faro e.P.eemail: [email protected]

reSumoO Sistema Renina Angiotensina (SRA) tem sido objecto de intensas investigações após o advento da Biologia Molecular e vem ganhando destaque nos últimos anos como um factor determinante no desenvolvimento da doença cardiovascular (DCV) quer na população em geral, quer nos doentes com doença renal crónica.Apesar das limitações do doseamento de renina plasmática na prática clínica, estudos recentes têm evidenciado haver uma as-sociação entre os seus níveis e os eventos cardiovasculares quer em doentes normoten-sos, quer em diabéticos tipo 2 com doença renal crónica. O objectivo deste estudo foi o de analisar

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RESUMOS 5º cOngRESSO pORtUgUêS dE HipERtEnSãOABStRActS 5tH pORtUgUESE cOngRESS Of HypERtEnSiOn

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a relação da renina plasmática com outros factores não tradicionais de risco de DCV num grupo de diabéticos tipo 2 com doença renal. Foram incluídos 50 diabéticos tipo 2 (f=18, m=32), com idade média de 66,9 anos e um filtrado glomerular médio (MDRD) de 50 ml/min, seguidos numa consulta de Nefro-patia Diabética. Como critérios de exclusão: terapêutica com inibidores da enzima de conversão, antagonistas do receptor AT1 e TA>140/90 mmHg. Foram avaliados vários parâmetros laborato-riais, incluindo vitamina 25 OH D, insulino resistência (HOMA-IR), inflamação - in-terleucina 6 (IL6), factor de necrose tumoral alfa (TNF alfa), proteína c reactiva de alta sensibilidade (PCRs)- renina plasmática (RP), stress oxidativo (manoaldeído), índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) e a razão microalbuminúria/creatinina. Num modelo de correlação de Spearman, a renina plasmática correlacionou-se sig-nificativamente com o TNF alfa (r= 0,702 p=0,001), IL6 (r=0,667 p=0,001), PCRs (r=0,487 p=0,001), HOMA-IR (r=0,704 p=0,001), razão microalbuminúria/crea-tinina (r=0,735 p=0,001), IMVE (r=0,734 p=0,001) e inversamente com a vitamina D (r= - 0,734 p=0,001). No nosso estudo verificou-se uma correlação positiva entre a renina plasmática com o IMVE, razão microalbuminúria/creatinina, com a inflamação, HOMA-IR e uma as-sociação inversa coma vitamina D. Serão necessários estudos futuros no sentido de se saber se a renina plasmática desempe-nha um papel preditivo ou não no desenvol-vimento da doença cardiovascular e se a sua associação com os novos biomarcadores são factores determinantes de um risco acrescido de morbilidade e mortalidade cardiovascular em diabéticos tipo 2.

Sala nePtuno – Dr. JoSé nazaré e Dr. antónio Jara

iD reSumo: 5

PrevalÊnCia Da hta em DiaBétiCoS tiPo 2

autores: manuel gomes1, ivo Figueiredo2, Sandra matapa3, andré reis1, Joana Barros1, luísa Parreira4, Cristina Fonseca2, rita Baltasar1.nome: manuel gomes1

instituição: 1 uS Santa maria; 2 uCSP mirandela i; 3 uCSP macedo de Cavaleiros; 4

uCSP miranda do Douro.email: [email protected]

introDuçÃoA prevalência de diabetes mellitus (DM) na população adulta portuguesa é de 11,7%. Em diabéticos tipo 2, a Hipertensão arterial (HTA) atinge valores na ordem de 65 a 74,4%. A hipertensão e a diabetes são, por isso, factores de risco cardiovascular major que se potenciam.

oBJeCtivoSDeterminar a prevalência da HTA em doen-tes com diabetes mellitus tipo 2, verificando a sua relação com sexo e idade. Verificar a relação entre o sexo e a idade e o controlo da HTA, e entre o controlo glicémico e a presença da HTA.

material e métoDoSEstudo observacional, transversal e analítico, realizado em 4 Unidades de Saúde (US) do ACES do Nordeste. População: diabé-ticos tipo 2 com mais de 18 anos de idade inscritos nessas US. Dimensão calculada da amostra: 427 indivíduos (prevalência esperada: 50%; nível de precisão: 5%; IC: 95%). Variáveis: Sexo, Idade, HTA e HbA1c. Dados recolhidos por consulta do processo clínico (electrónico, SAM v. 9.2 ou em pa-pel), nos programas de DM e HTA, tratados pelo teste do qui-quadrado (α=0.05), utili-zando software Excel® e SPSS® v.13.0.

reSultaDoSObtiveram-se dados de 554 diabéticos, 50% do sexo feminino; 88,05% com idades com-preendidas entre os 51 e os 80 anos. Cerca de 76,17% dos diabéticos eram hipertensos, com ligeiro predomínio do sexo feminino (51,66%); 69,67% dos hipertensos tinham

idades entre os 61 e 80 anos, existindo uma relação estatisticamente significativa entre a idade e a presença de HTA (p=0,00). Cerca de 78,85% dos hipertensos não estavam controlados, não se verificando relação com o sexo ou a idade. Não se encontrou relação entre o valor de HbA1c e a presença de HTA. Verificou-se, contudo, uma relação estatisticamente significativa entre o valor de HbA1c e o controlo de HTA (p=0,034).

DiSCuSSÃoA prevalência de HTA em diabéticos tipo 2 foi ligeiramente superior ao encontrado na literatura. Esta prevalência é muito superior à da população em geral, contribuindo para agravar o risco cardiovascular deste grupo. O ligeiro predomínio da HTA no sexo feminino, embora sem significado estatístico, vai de encontro ao descrito na literatura. A prevalência da HTA em diabéticos aumenta progressivamente com a idade e a falta de controlo da diabetes parece estar associada ao descontrolo tensional, em concordância com o referido na literatura.

PalavraS-ChaveHipertensão arterial, diabetes mellitus.

iD reSumo: 29

relaçÃo Do ÍnDiCe Braço-Perna Com o riSCo CarDiovaSCular em 1057 hiPertenSoS

autores: João maldonado, telmo Pereira, Patrícia rodrigues, margarida Carvalhonome: João maldonadoinstituição: instituto de investigação e Formação Cardiovascular, escola Superior de tecnologia da Saúde de Coimbra, Clínica da aveleiraemail: [email protected]

introDuçÃoO índice braço-perna (IBP) constitui um re-conhecido marcador de doença ateroscleróti-ca. Vários estudos têm demonstrado uma forte relação entre valores anormais do IBP (<0.9) e o risco de eventos cardiovasculares

março/aBril 2011

RESUMOS 5º cOngRESSO pORtUgUêS dE HipERtEnSãOABStRActS 5tH pORtUgUESE cOngRESS Of HypERtEnSiOn

cOMUnicAÇÕES ORAiS

Rasilez HCT® 150 mg/12,5 mg/Rasilez HCT® 300 mg/12,5 mg Apresentação: Comprimidos revestidos por película contendo 150 mg de aliscireno (como hemifumarato) e 12,5 mg de hidroclorotiazida e comprimidos revestidos por película contendo 300 mg de aliscireno (como hemifumarato) e 12,5 mg de hidroclorotiazida. Indicações terapêuticas: Tratamento da hipertensão essencial em adultos.Rasilez HCT é indicado em doentes cuja pressão arterial não esteja adequadamente controlada com aliscireno ou hidroclorotiazida em monoterapia. Rasilez HCT é indicado como terapêutica de substituição em doentes adequadamente controlados com aliscireno e hidroclorotiazida, administrados em simultâneo, com o mesmo nível de dose da associação. Posologia: Um comprimido de Rasilez HCT 150mg/12,5 mg ou 300mg/12,5 mg por dia. Contra-indicações: Hipersensibilidade à substância activa ou a qualquer um dos excipientes ou a outras substâncias derivadas das sulfonamidas. História de angioedema com aliscireno. Segundo e terceiro trimestres de gravidez, aleitamento. Compromisso re-nal grave (TFG < 30 ml/min/1,73 m2). Hipocaliemia refractária. Hipercalcemia. Compromisso hepático grave. O uso concomitante de aliscireno com ciclosporina, um inibidor muito potente da glicoproteína-P (gp-P), e outros inibidores potentes da glicoproteína –P (gp-P) (quinidina, verapamilo) é contra-indicado. Advertências e precauções especiais de utilização: Não foram efectuados estudos clínicos com esta associação, portanto Rasilez HCT não deve ser utilizado durante o primeiro trimestre de gravidez ou em mulheres que planeiem engravidar e é contra-indicado durante o segundo e terceiro trimestres. Pode ocorrer hipotensão sintomática em doentes com depleção de volume e/ou sódio. Deve ter-se precaução ao administrar Rasilez HCT a doentes com estenose da artéria renal, compromisso renal ou hepático ou lúpus eritematoso sistémico. Desequilíbrio de electrólitos séricos (monitorização recomendada), tolerância à glucose e níveis séricos de colesterol, triglicéridos e ácido úrico. Não recomendado em doentes tratados com ciclosporina. Rasilez HCT deve ser utilizado com precaução em doentes com insuficiência cardíaca. Se ocorrer angioedema, a terapêutica com Rasilez HCT deve ser imediatamente interrompida. Deve ter-se precaução ao conduzir veículos ou manusear máquinas. Deve ter-se precaução em doentes com história de alergia ou asma. Não recomendado em crianças e adolescentes com idade inferior a 18 anos. Gravidez: Contra-indicado. Aleitamento: Contra-indicado. Conduzir e utilizar máquinas: Deve ter-se precaução ao conduzir veículos ou manusear máquinas. Excipientes: Rasilez HCT contém lactose e amido de trigo. Interacções: É recomendável monitorização em administração concomitante com furosemida. Recomenda-se monitorização durante o uso concomitrante com lítio. Deve ter-se precaução com o uso concomitante com medicamentos que possam aumentar os níveis de potássio. Recomenda-se precaução quando administrado em associação com bloqueadores beta, derivados do curare, AINE, corticosteróides, ACTH, anfotericina, carbenoxolona, penicilina G, digoxina, agentes anti-diabéticos, aluporinol, amantadina, diazoxida, medicamentos citotóxicos, fármacos anticolinérgicos, metildopa, colestiramina, vitamina D, sais de cálcio, carbamazepina, cetoconazol e ciclosporina. Efeitos indesejáveis: Frequentes (≥ 1/100, < 1/10): Diarreia. Com o componente aliscireno, outras reacções adversas incluem: Pouco frequentes: erupção cutânea. Raros: angioedema. Resultados laboratoriais: reduções ligeiras da hemoglobina e hematócrito, aumento do potássio sérico (ligeiros e raros). Com o componente hidroclorotiazida, outras reacções adversas de frequência desconhecida incluem: anemia aplástica, depressão da medula óssea, neutropenia/agranulocitose, anemia hemolítica, leucopenia, trombocitopenia, depressão, perturbações do sono, agitação, sensação de cabeça leve, vertigem, parestesias, tonturas, alteração da visão transitória, xantopsia, arritmias cardíacas, doenças respiratórias, torácicas e do mediastino,dificuldade respiratória (incluindo pneumonite e edema pulmonar), pancreatite, anorexia, diarreia, obstipação, irritação gástrica, sialadenite, perda de apetite, icterícia (icterícia colestática intra-hepática), afecções dos tecidos cutâneos e subcutâneos, reacções anafiláticas, necrólise epidérmica tóxica, angiite necrótica (vasculite, vasculite cutânea), reacções do tipo lúpus eritematoso, reactivação de lúpus eritematoso cutâneo, reacções de fotossensibilidade, erupção cutânea, urticária, fraqueza, espasmos musculares, nefrite intersticial, disfunção renal, febre, desequilíbrio de electrólitos, incluindo hipo-caliemia e hiponatremia, hiperuricemia, glicosúria, hiperglicemia, aumento de colesterol e triglicéridos. Regime de comparticipação: Escalão B Para mais informações deverá contactar o titular da AIM e/ou o representante local do titular da AIM. Medicamento sujeito a receita médica. RAS_HCT_IEC_2007_11

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1. Adaptado de: Villamil A, et al. Renin inhibition with aliskiren provides additive antihypertensive efficacy when used in combination with hydrochlorothiazide. J Hypertens. 2007;25:217-226. 2. Adaptado de: Calhoun D, et al. Antihypertensive Efficacy of Aliskiren/Hidrochlorothiazide (HCT) combinations in patients with stage 2 hypertension: subgroup analysis of a randomized, double blind, factorial trial. Abstract submitted CHBPR 2008. 3. Duprez DA, et al. J Clin Hypertens 2009; SUPPLA vol. 11:A25-A26.

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major (MACE). No entanto, o potencial preditivo do IBP em hipertensos sem doença arterial periférica (DAP) permanece por es-clarecer, constituindo esta questão o principal objectivo do presente trabalho.

métoDoSForam incluídos num estudo transver-sal 1057 hipertensos (51.8% mulheres), medicados para a hipertensão arterial (HTA). A idade média foi de 63.88±12.50 anos, a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram respectivamente 147.62±19.19mmHg e 85.36±10.01mmHg. 33.5% tinham diabetes, 57.6% eram dislipi-démicos e 11.1% eram fumadores. Quanto a antecedentes cardiovasculares, 6.8% tinham história recente de acidente vascular cerebral (AVC), 7.1% de doença coronária (DC) e 10.7% tinha DAP. A todos os doentes foi medida três vezes e simultaneamente a PAS no membro superior (no braço com valor mais elevado) e nos dois membros inferiores, calculando-se o IBP bilateralmente pela relação PASperna/PASbraço. Considerou-se para análise o IBP mais baixo. Todos os doentes foram ainda avaliados clínica e laboratorialmente.

reSultaDoSO valor médio±DP do IBP foi 1.09±0.14 mmHg (0.45mmHg-1.59mmHg). O IBP foi significativamente menor nos fuma-dores (1.063±0.12mmHg versus 1.095±0.10 mmHg, p=0.016) e nos doentes com história prévia de MACE (1.063±0.09 versus 1.095±0.12, p=0.016), sendo semelhante nos demais sub-grupos analisados. O IBP cor-relacionou-se significativamente com a idade (r=-180, p<0.001), com a glicémia (r=-0.078, p=0.016) e com a taxa de filtração glomerular estimada (eGFR; r=0.173, p<0.001). Numa análise de regressão múltipla em stepwise, o IBP correlacionou-se de forma indepen-dente com a eGFR (β=23.156, p<0.001). Da análise global de regressão logística univa-riada, o IBP revelou uma relação importante com a ocorrência de MACE (OR=0.144; IC95%:0.040-0.518, p=0.003), que se manteve tendencialmente quando ajustada a análise a factores de risco convencionais

(OR=0.274; IC95%:0.066-1.129, p=0.066). O OR para MACE nos hipertensos com DAP foi de 2.196 (IC95%:1.254-3.843, p=0.006). Replicando a análise exclu-indo todos os hipertensos com IBP<0.9, verificou-se uma ausência de relação do IBP com MACE, quer na análise univariada (OR=0.265, p=0.216) quer na multivariada (OR=0.308, p=0.236).

ConCluSõeSOs resultados desta análise indicam que a DAP indexada a valores reduzidos do IBP traduz uma situação de alto risco cardio-vascular em hipertensos. No entanto, esta relação foi documentada apenas em indi-víduos com doença aterosclerótica já bem estabelecida (IBP<0.9), não se tendo encon-trado evidências de associação para níveis de IBP entre 0.9 e 1.3, pelo que este indicador não parece ser adequado para a avaliação hemodinâmica em estádios mais precoces de envolvimento vascular.

iD reSumo: 100

relationShiP BetWeen Salt intaKe anD Central aortiC hemoDYnamiCS in a Cohort oF untreateD hYPertenSive PatientS

autores: Jorge J Polonia, Jose a Silva, Susana P Bertoquini, Barbosa loidenome: Jorge J Poloniainstituição: unidade de hipertensão risco Cardiovascular, h P hispano, Faculdade medicina Porto, matosinhos Portoemail: [email protected]

introDuCtionCentral pulse pressure (PPc) predicts cardiovascular (CV) outcomes. High salt intake has been related with blood pressure (BP) rise as well as with increased CV risk particularly with stroke.

aim & methoDSThe aim of the present study was to examine in untreated hypertensive subjects the relationship between salt intake and central

aortic hemodynamics and PPc (radial and carotid applanation tonometry, Sphygmocor) and pulse wave velocity (PWV, Complior).

reSultSWe evaluate 232 untreated nondiabetic hypertensive patients (64% female) age-ing 51+13 years, BMI 29+5 Kg/m2, PWV 11.1+2.3 m/s, office pulse pressure (PPo) 64+17 mm Hg, 24h pulse pressure (PP24h) 53+10 mm Hg, nightime systolic BP fall 9.4+ 6.9%, central pulse pressure (cPP) 48+10 mm Hg., mean central arterial (MAPc) 101+16 mm Hg central augmen-tation pressure (Aug P) 144+29 mm Hg and central augmentation index (AIx) 27.6+15.6%, 24h urinary (controlled for creatinuria) sodium excretion (UNa+) 202+71 mmol/d and potassium (Uk+) 49+16 mmol/d. After adjustment for age, BMI, gender, smoking, PWV and MAPc, the 24h urinary sodium excretion (but not urinary Na/K+ ratio) was independently associated with central PP (P<0.02) and 24h PP and central AIx (both P<0.05).

ConCluSionOur data suggest that in these untreated hypertensive patients high salt intake is asso-ciated with abnormal central hemodynamic and increased central BP independently of peripheral BP. It is plausible that by these effects high salt intake may aggravate CV prognosis whereas reduction in salt intake is prone to improve central pressures and CV prognosis.

iD reSumo: 30

valor PrognóStiCo Da veloCiDaDe Da onDa De PulSo numa PoPulaçÃo De 2200 inDivÍDuoS. o eStuDo eDiva

autores: João maldonado, telmo Pereira, Jorge Polónia, José alberto Silva, João mo-rais, mário marques em nome dos partici-pantes do Projecto eDiva.nome: João maldonadoinstituição: instituto de investigação e For-

mação Cardiovascular, escola Superior de tecnologia da Saúde de Coimbra, hospital Pedro hispano, hospital Santo andréemail: [email protected]

introDuçÃoA velocidade da onda de pulso aórtica (VOP) é um reconhecido marcador de rigi-dez arterial, embora a sua relação com o risco cardiovascular na população geral seja ainda pouco conhecida. Nos estudos conhecidos, o risco tem sido avaliado em função de cut-offs ou de patamares crescentes de VOP. No presente estudo procurou-se demonstrar a importância da VOP na estratificação de risco na população geral, introduzindo-se uma forma alternativa de categorização nor-mativa deste marcador hemodinâmico.

métoDoS e reSultaDoSRealizou-se um estudo de coorte prospectivo, multicêntrico e observacional, envolvendo 2200 indivíduos de nacionalidade portu-guesa (1290 homens), com idades entre 18 e 91 anos (média 46.33±13.76 anos). Procedeu-se a uma avaliação clínica anual com medição da VOP segundo o método Complior, e registaram-se todos os eventos cardiovasculares major (MACE) incidentes – morte, acidentes cerebrovascular, aci-dentes coronários, doença arterial periférica e insuficiência renal. Durante o período de follow-up médio de 21.42±10.76 meses, registaram-se 47 MACE não-fatais (2.1% da amostra). A VOP foi significativamente maior no grupo de indivíduos com even-tos (11.76±2.13 m/s vs 10.01±2.01 m/s, P<0.001). A VOP foi classificada em normal ou aumentada segundo critérios estatísticos extraídos de um sub-grupo de indivíduos saudáveis, considerando-se o percentil 95 ajustado à idade e sexo como ponto de corte. A sobrevida livre de eventos a 2 anos foi de 99.3% no grupo com VOP normal e de 95% no grupo com VOP aumentada. O hazard ratio (HR) ajustado a outros factores de risco para MACE foi de 4.83 (95% CI: 2.35-9.94, P<0.001), sendo semelhante para eventos coronários e cerebrovasculares. Para valores absolutos de VOP, o HR ajustado (per 1 m/s) foi de 1.316 (95% CI: 1.13-1.53, P<0.001). A análise de regressão de Cox

com o deviation from mean coding aplicado à VOP categorizada por quintis permitiu demonstrar uma relação curvilínea do risco cardiovascular com a VOP: Q1 HR=0.242 (CI:0.048-1.128); Q2 HR=0.789 (CI:0.337-1.851); Q3 HR=1.001 (CI:0.473-2.116); Q4 HR=1.785 (0.919-3.468); Q5 HR=2.925 (CI:1.498-5.712). Uma análise de sub-grupos demonstrou que a VOP discrimina o risco de forma mais robusta em indivíduos com menor risco cardiovascular de base. O HR per 1 m/s aumento na VOP foi 1.748 (CI: 1.47-2.08) para idades<50 anos, maior do que o encontrado em idades entre 50-60 anos (HR = 1.514, CI: 1.19 -1.93) e idades>60 anos (HR = 1.182, CI: 0.90-1.85). A capacidade discriminativa da VOP foi ainda mais robusta nos indivíduos não-hi-pertensos e não-diabéticos.

ConCluSÃoOs resultados ilustram de forma consistente e robusta a relevância clínica da VOP como marcador de risco cardiovascular, expressan-do ainda uma tendência de especial validade no contexto da prevenção primária, onde a valorização deste parâmetro em função de patamares de normalidade ganhará uma enorme importância.

iD reSumo: 34

a variante genétiCa C825t Da SuBuniDaDe Beta3 Da ProteÍna g inFluenCia a oBeSiDaDe numa PoPula-çÃo hiPertenSa

autores: Palma dos reis, r., Sousa, a.C., Balza, P., Karamanou, S., góis, t., nóbrega, l., ornelas, m., guerra, g., Freitas, C., Freitas, S., ornelas, i., araújo, J.J., Brehm, a., mendonça, m.i.nome: Palma dos reisinstituição: hospital Central do Funchal - unidade de investigaçãoemail: [email protected]

reSumoOs dados disponíveis a nível mundial suge-rem um contínuo aumento da prevalência

da obesidade que está, recentemente, sendo observada também nos países em desenvol-vimento. Foi identificado um polimorfismo comum no gene da subunidade Beta3 da Proteína G (GNB3 825 C/T) e essa variante truncada pode gerar uma Proteína G com aumento da sua actividade funcional e sus-ceptibilidade para a obesidade.

oBJeCtivoAvaliar se a variante genética C825T da sub-unidade Beta3 da Proteína G se associa com o aparecimento da obesidade, numa popula-ção sul europeia com hipertensão arterial.

material e métoDoSO presente estudo foi realizado em 461 pacientes caucasianos, com o diagnóstico de hipertensão essencial. Fez-se a distribuição dos genótipos (CC; CT e TT) e foram investigadas as eventuais associações signifi-cativas entre eles e as características basais da população [sexo, idade, índice de massa corporal (IMC), diabetes, tabagismo, dislipi-démia, Apo B, homocisteína]. A obesidade foi considerada se existia um IMC>=30 Kg/m2. Em virtude do genótipo TT ser relati-vamente raro na nossa população, na análise estatística, foram combinados os genótipos em homozigotia ou heterozigotia (TT e CT, respectivamente). Se as variáveis eram contínuas era aplicada na sua comparação, o t teste (no caso de dois grupos) ou one-way ANOVA (no caso de mais do que dois gru-pos). Se as variáveis eram categóricas usava-se o teste do Chi-squared. Foi realizado um modelo de regressão logística, ajustado para as outras co-variáveis, para determinar quais as que se associavam com a obesidade de forma independente e significativa. A análise estatística foi efectuada usando o software estatístico SPSS Windows versão 14.0.

reSultaDoSO alelo mutante T (TT ou CT), mostrou uma fraca associação com a obesidade (p=0,078). Após a análise multivariada de regressão logística ajustada para as outras covariáveis (sexo, idade, IMC, diabetes, ta-bagismo, dislipidémia, Apo B, homocisteína), o genótipo (TT ou CT) da subunidade Beta3 da Proteína G permaneceu na equação

março/aBril 2011

RESUMOS 5º cOngRESSO pORtUgUêS dE HipERtEnSãOABStRActS 5tH pORtUgUESE cOngRESS Of HypERtEnSiOn

cOMUnicAÇÕES ORAiS

Resumos.indd 28 06.04.11 23:35:30

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major (MACE). No entanto, o potencial preditivo do IBP em hipertensos sem doença arterial periférica (DAP) permanece por es-clarecer, constituindo esta questão o principal objectivo do presente trabalho.

métoDoSForam incluídos num estudo transver-sal 1057 hipertensos (51.8% mulheres), medicados para a hipertensão arterial (HTA). A idade média foi de 63.88±12.50 anos, a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) foram respectivamente 147.62±19.19mmHg e 85.36±10.01mmHg. 33.5% tinham diabetes, 57.6% eram dislipi-démicos e 11.1% eram fumadores. Quanto a antecedentes cardiovasculares, 6.8% tinham história recente de acidente vascular cerebral (AVC), 7.1% de doença coronária (DC) e 10.7% tinha DAP. A todos os doentes foi medida três vezes e simultaneamente a PAS no membro superior (no braço com valor mais elevado) e nos dois membros inferiores, calculando-se o IBP bilateralmente pela relação PASperna/PASbraço. Considerou-se para análise o IBP mais baixo. Todos os doentes foram ainda avaliados clínica e laboratorialmente.

reSultaDoSO valor médio±DP do IBP foi 1.09±0.14 mmHg (0.45mmHg-1.59mmHg). O IBP foi significativamente menor nos fuma-dores (1.063±0.12mmHg versus 1.095±0.10 mmHg, p=0.016) e nos doentes com história prévia de MACE (1.063±0.09 versus 1.095±0.12, p=0.016), sendo semelhante nos demais sub-grupos analisados. O IBP cor-relacionou-se significativamente com a idade (r=-180, p<0.001), com a glicémia (r=-0.078, p=0.016) e com a taxa de filtração glomerular estimada (eGFR; r=0.173, p<0.001). Numa análise de regressão múltipla em stepwise, o IBP correlacionou-se de forma indepen-dente com a eGFR (β=23.156, p<0.001). Da análise global de regressão logística univa-riada, o IBP revelou uma relação importante com a ocorrência de MACE (OR=0.144; IC95%:0.040-0.518, p=0.003), que se manteve tendencialmente quando ajustada a análise a factores de risco convencionais

(OR=0.274; IC95%:0.066-1.129, p=0.066). O OR para MACE nos hipertensos com DAP foi de 2.196 (IC95%:1.254-3.843, p=0.006). Replicando a análise exclu-indo todos os hipertensos com IBP<0.9, verificou-se uma ausência de relação do IBP com MACE, quer na análise univariada (OR=0.265, p=0.216) quer na multivariada (OR=0.308, p=0.236).

ConCluSõeSOs resultados desta análise indicam que a DAP indexada a valores reduzidos do IBP traduz uma situação de alto risco cardio-vascular em hipertensos. No entanto, esta relação foi documentada apenas em indi-víduos com doença aterosclerótica já bem estabelecida (IBP<0.9), não se tendo encon-trado evidências de associação para níveis de IBP entre 0.9 e 1.3, pelo que este indicador não parece ser adequado para a avaliação hemodinâmica em estádios mais precoces de envolvimento vascular.

iD reSumo: 100

relationShiP BetWeen Salt intaKe anD Central aortiC hemoDYnamiCS in a Cohort oF untreateD hYPertenSive PatientS

autores: Jorge J Polonia, Jose a Silva, Susana P Bertoquini, Barbosa loidenome: Jorge J Poloniainstituição: unidade de hipertensão risco Cardiovascular, h P hispano, Faculdade medicina Porto, matosinhos Portoemail: [email protected]

introDuCtionCentral pulse pressure (PPc) predicts cardiovascular (CV) outcomes. High salt intake has been related with blood pressure (BP) rise as well as with increased CV risk particularly with stroke.

aim & methoDSThe aim of the present study was to examine in untreated hypertensive subjects the relationship between salt intake and central

aortic hemodynamics and PPc (radial and carotid applanation tonometry, Sphygmocor) and pulse wave velocity (PWV, Complior).

reSultSWe evaluate 232 untreated nondiabetic hypertensive patients (64% female) age-ing 51+13 years, BMI 29+5 Kg/m2, PWV 11.1+2.3 m/s, office pulse pressure (PPo) 64+17 mm Hg, 24h pulse pressure (PP24h) 53+10 mm Hg, nightime systolic BP fall 9.4+ 6.9%, central pulse pressure (cPP) 48+10 mm Hg., mean central arterial (MAPc) 101+16 mm Hg central augmen-tation pressure (Aug P) 144+29 mm Hg and central augmentation index (AIx) 27.6+15.6%, 24h urinary (controlled for creatinuria) sodium excretion (UNa+) 202+71 mmol/d and potassium (Uk+) 49+16 mmol/d. After adjustment for age, BMI, gender, smoking, PWV and MAPc, the 24h urinary sodium excretion (but not urinary Na/K+ ratio) was independently associated with central PP (P<0.02) and 24h PP and central AIx (both P<0.05).

ConCluSionOur data suggest that in these untreated hypertensive patients high salt intake is asso-ciated with abnormal central hemodynamic and increased central BP independently of peripheral BP. It is plausible that by these effects high salt intake may aggravate CV prognosis whereas reduction in salt intake is prone to improve central pressures and CV prognosis.

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valor PrognóStiCo Da veloCiDaDe Da onDa De PulSo numa PoPulaçÃo De 2200 inDivÍDuoS. o eStuDo eDiva

autores: João maldonado, telmo Pereira, Jorge Polónia, José alberto Silva, João mo-rais, mário marques em nome dos partici-pantes do Projecto eDiva.nome: João maldonadoinstituição: instituto de investigação e For-

mação Cardiovascular, escola Superior de tecnologia da Saúde de Coimbra, hospital Pedro hispano, hospital Santo andréemail: [email protected]

introDuçÃoA velocidade da onda de pulso aórtica (VOP) é um reconhecido marcador de rigi-dez arterial, embora a sua relação com o risco cardiovascular na população geral seja ainda pouco conhecida. Nos estudos conhecidos, o risco tem sido avaliado em função de cut-offs ou de patamares crescentes de VOP. No presente estudo procurou-se demonstrar a importância da VOP na estratificação de risco na população geral, introduzindo-se uma forma alternativa de categorização nor-mativa deste marcador hemodinâmico.

métoDoS e reSultaDoSRealizou-se um estudo de coorte prospectivo, multicêntrico e observacional, envolvendo 2200 indivíduos de nacionalidade portu-guesa (1290 homens), com idades entre 18 e 91 anos (média 46.33±13.76 anos). Procedeu-se a uma avaliação clínica anual com medição da VOP segundo o método Complior, e registaram-se todos os eventos cardiovasculares major (MACE) incidentes – morte, acidentes cerebrovascular, aci-dentes coronários, doença arterial periférica e insuficiência renal. Durante o período de follow-up médio de 21.42±10.76 meses, registaram-se 47 MACE não-fatais (2.1% da amostra). A VOP foi significativamente maior no grupo de indivíduos com even-tos (11.76±2.13 m/s vs 10.01±2.01 m/s, P<0.001). A VOP foi classificada em normal ou aumentada segundo critérios estatísticos extraídos de um sub-grupo de indivíduos saudáveis, considerando-se o percentil 95 ajustado à idade e sexo como ponto de corte. A sobrevida livre de eventos a 2 anos foi de 99.3% no grupo com VOP normal e de 95% no grupo com VOP aumentada. O hazard ratio (HR) ajustado a outros factores de risco para MACE foi de 4.83 (95% CI: 2.35-9.94, P<0.001), sendo semelhante para eventos coronários e cerebrovasculares. Para valores absolutos de VOP, o HR ajustado (per 1 m/s) foi de 1.316 (95% CI: 1.13-1.53, P<0.001). A análise de regressão de Cox

com o deviation from mean coding aplicado à VOP categorizada por quintis permitiu demonstrar uma relação curvilínea do risco cardiovascular com a VOP: Q1 HR=0.242 (CI:0.048-1.128); Q2 HR=0.789 (CI:0.337-1.851); Q3 HR=1.001 (CI:0.473-2.116); Q4 HR=1.785 (0.919-3.468); Q5 HR=2.925 (CI:1.498-5.712). Uma análise de sub-grupos demonstrou que a VOP discrimina o risco de forma mais robusta em indivíduos com menor risco cardiovascular de base. O HR per 1 m/s aumento na VOP foi 1.748 (CI: 1.47-2.08) para idades<50 anos, maior do que o encontrado em idades entre 50-60 anos (HR = 1.514, CI: 1.19 -1.93) e idades>60 anos (HR = 1.182, CI: 0.90-1.85). A capacidade discriminativa da VOP foi ainda mais robusta nos indivíduos não-hi-pertensos e não-diabéticos.

ConCluSÃoOs resultados ilustram de forma consistente e robusta a relevância clínica da VOP como marcador de risco cardiovascular, expressan-do ainda uma tendência de especial validade no contexto da prevenção primária, onde a valorização deste parâmetro em função de patamares de normalidade ganhará uma enorme importância.

iD reSumo: 34

a variante genétiCa C825t Da SuBuniDaDe Beta3 Da ProteÍna g inFluenCia a oBeSiDaDe numa PoPula-çÃo hiPertenSa

autores: Palma dos reis, r., Sousa, a.C., Balza, P., Karamanou, S., góis, t., nóbrega, l., ornelas, m., guerra, g., Freitas, C., Freitas, S., ornelas, i., araújo, J.J., Brehm, a., mendonça, m.i.nome: Palma dos reisinstituição: hospital Central do Funchal - unidade de investigaçãoemail: [email protected]

reSumoOs dados disponíveis a nível mundial suge-rem um contínuo aumento da prevalência

da obesidade que está, recentemente, sendo observada também nos países em desenvol-vimento. Foi identificado um polimorfismo comum no gene da subunidade Beta3 da Proteína G (GNB3 825 C/T) e essa variante truncada pode gerar uma Proteína G com aumento da sua actividade funcional e sus-ceptibilidade para a obesidade.

oBJeCtivoAvaliar se a variante genética C825T da sub-unidade Beta3 da Proteína G se associa com o aparecimento da obesidade, numa popula-ção sul europeia com hipertensão arterial.

material e métoDoSO presente estudo foi realizado em 461 pacientes caucasianos, com o diagnóstico de hipertensão essencial. Fez-se a distribuição dos genótipos (CC; CT e TT) e foram investigadas as eventuais associações signifi-cativas entre eles e as características basais da população [sexo, idade, índice de massa corporal (IMC), diabetes, tabagismo, dislipi-démia, Apo B, homocisteína]. A obesidade foi considerada se existia um IMC>=30 Kg/m2. Em virtude do genótipo TT ser relati-vamente raro na nossa população, na análise estatística, foram combinados os genótipos em homozigotia ou heterozigotia (TT e CT, respectivamente). Se as variáveis eram contínuas era aplicada na sua comparação, o t teste (no caso de dois grupos) ou one-way ANOVA (no caso de mais do que dois gru-pos). Se as variáveis eram categóricas usava-se o teste do Chi-squared. Foi realizado um modelo de regressão logística, ajustado para as outras co-variáveis, para determinar quais as que se associavam com a obesidade de forma independente e significativa. A análise estatística foi efectuada usando o software estatístico SPSS Windows versão 14.0.

reSultaDoSO alelo mutante T (TT ou CT), mostrou uma fraca associação com a obesidade (p=0,078). Após a análise multivariada de regressão logística ajustada para as outras covariáveis (sexo, idade, IMC, diabetes, ta-bagismo, dislipidémia, Apo B, homocisteína), o genótipo (TT ou CT) da subunidade Beta3 da Proteína G permaneceu na equação

SetemBro/outuBro 2010

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com um OR=1,7 (1,028-2,887) p=0,039, provando ser um factor de risco significativo e independente para a obesidade.

ConCluSÃoDe acordo com estes resultados o alelo mutante, da subunidade Beta3 da Proteína G, associou-se ao aumento do IMC e à obesidade. Os pacientes portadores deste alelo, podem ter um risco aumentado de obesidade, em especial, quando associado a certos comportamentos desfavoráveis. Assim devem adoptar, muito precocemente, estilos de vida saudáveis

iD reSumo: 102

amBulatorY BlooD PreS-Sure monitoring ProFile in untreateD aFriCan BlaCKS anD CauCaSianS untreateD hYPertenSive PatientS matCheD For age anD genDer

autores: a Damasceno, C mavimbe, l Bar-bosa, Ja Silva, D Diogo, t madede, J Polónianome: a Damascenoinstituição: Faculdade de medicina, uni-versidade eduardo mondlane, maputo, moçambique, unidade hipertensão e risco Cardiovascular, hospital Pedro hispano, matosinhos, Portugalemail: [email protected]

introDuCtionFew studies have evaluated 24h-ambulatory blood pressure (ABP) profile in black hy-pertensive patients (BHP) while living in Africa.

aim & methoDSThe aim of that study was to compare ABP profile in never treated BHP of Mozambique (20-80 years) vs never treated Caucasians hypertensive patients (CHP) matched for age and gender. Only patients with 24h ABP >=130/80 mm Hg were included. BHP were n=555, 47±12 years, 51% women, BMI=28±8 Kg/m2, 7% smokers; CHP were n=620, 50±13 years, 50% women, BMI=27±5 Kg/m2,

18% smokers (p<0.02). Versus CHP, BHP showed higher 24h, daytime and nightime BP values and lower nightime BP fall (in %) in almost all decades of age distribution (Table2, * p<0.001 vs BHPts). Percent-age of dyslipidemia and diabetes did not differ between groups. Heart rate 24-h was significantly higher in BHP vs CHP only for 20-30 and 31-40 years. Differences between BHPts and CHPts were maintained signifi-cant when calculations were done separately for both men and women.

ConCluSionSOur data suggest that untreated Africans BHP present systematically a higher ABP values and a lower nightime BP fall than untreated CHP for all spectrum of age dis-tribution. That may lead to a worse cardio-vascular prognosis in BHP as compared with CHP.

Sala PegaSo – Dr. JoÃo SaaveDra e ProF. Jorge Cotter

iD reSumo: 56

avaliaçÃo DoS novoS FaC-toreS De riSCo De hiPer-troFia Do ventrÍCulo eSQuerDo em DiaBétiCoS tiPo 2 Com Doença renal

autores: ana Paula Silva, anabela guedes, ana Cabrita, ana Pinho, nelson tavares, Carlos Carneiro, ana Camacho, Pedro leão nevesnome: ana Paula Silvainstituição: Serviço de nefrologia, hospital de Faro e.P.eemail: [email protected]

reSumoO aumento da incidência da Diabetes Mel-litus (DM) por um lado e a intervenção terapêutica por outro, têm permitido um aumento na expectativa de vida do diabético, resultando numa maior incidência das com-plicações crónicas, destacando-se a doença renal crónica, que por sua vez se associa a um

risco cardiovascular acrescido. A hipertrofia do ventrículo, foi identificada como um factor de risco independente de morbi-mortalidade cardiovascular (DCV), não só na população em geral, mas no doente com doença renal. O objectivo deste estudo, foi o de analisar a eventual relação da vitamina D, da inflama-ção, PTH, da doença renal e insulino re-sistência com o índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) num grupo de diabéticos tipo 2 com doença renal. Foram incluídos 50 doentes tipo 2 (f=18, m=32), com idade média de 66,9 anos e fil-trado glomerular médio (MDRD) de 50 ml/min, seguidos numa Consulta de Nefropatia Diabética. Foram analisados vários parâmetros laboratoriais, incluíndo vitamina 25OHD e insulino resistência (HOMA), da inflama-ção -interleucina 6 (IL6), factor de necrose tumoral alfa (TNFalfa) e proteína C reactiva de alta sensibilidade (PCRs)- PTH, razão microalbuminúria/creatinina, assim como o IMVE numa população diabética tipo 2 com doença renal. Num modelo de correlação de Spearman, o IMVE correlacionou-se significativamente com o TNFalfa (r=0,793 p=0,001), IL6 (r=0,823 p=0,001), PCRs (r=0,610 p=0,001), HOMA-IR (r=0,785 p= 0,001), PTH (r=0,566 p=0,001), razão microalbuminúria/creatinina (r=0,805 p=0,001) e inversamente com a vitamina D (r= - 0,837 p=0,001). No nosso estudo verificou-se que a inflama-ção, a insulino resistência, PTH, os baixos níveis de vitamina D e a presença de pro-teinúria se associam com maior IMVE. Tal como tem sido descrito em estudos anteriores poderá haver uma associação entre estes factores não clássicos e o risco do desenvolvimento de DCV em diabéticos tipo 2 com doença renal. Será importante a realização de estudos prospectivos com o objectivo de avaliar se a intervenção sobre estes factores irá permitir melhorar o prognóstico cardiovascular nestes doentes.

iD reSumo: 95

CiStatina Como marCaDor DaS alteraçõeS na PreSSÃo arterial: reSultaDoS Ba-SaiS.

autores: Flavio Ferreira morong, Juan villa, Coral martinez, nicolas roberto robles, Juan J Cuberonome: Flavio Ferreira moronginstituição: unidade de hipertensão arterial. hospital infanta Cristina. Badajozemail: [email protected]

oBJeCtivoSe sabe que a cistatina C é um marcador de risco cardiovascular e que se correlaciona com a PA medida mediante MAPA. O objetivo deste estudo é comprovar se existe relação com as mudanças da PA medida por MAPA. Apresentamos agora os resultados dos estudos iniciais.

material e métoDoSRealizamos AMPA segundo o modelo da SEH-LELHA 2007 em 38 pacientes hiper-tensos - 37 deles recebiam tratamento hipo-tensor - com uma idade média de 54.9±11,0 anos, sendo 26 do sexo masculino e 12 do sexo feminino. Em todos os casos foi medida a creatinina e cistatina sérica, aclaramento de creatinina e microalbuminúria na urina de 24 horas. O filtrado glomerular foi calculado usando a fórmula MDRD4.

reSultaDoSA PAS apenas se correlacionava com a PAD (r=0.523, p =0.001), mas não com qualquer dos outros parâmetros analisados. A pressão arterial diastólica correlacionava-se com a cistatina C (r=-0.372, p=0,022) e com o

aclaramento de creatinina (r=0, 40, p=0,016), mas não com o filtrado glomerular nem com a microalbuminúria. A PP correlacionava-se significativamente com a PAS (r=0.885, p<0.001) e quase alcançava significação estatística com a microalbuminúria (r=0.330, p=0.05).

ConCluSõeSDe acordo com as cifras basais a cistatina C correlaciona-se com a PAD, mas não com a PAS. Esta correlação, no entanto, é negativa. Serão necessários estudos mais amplos para confirmar estes dados.

iD reSumo: 23

DiSFunçÃo eréCtil e Doen-ça CoronÁria no homem hiPertenSo – uma reali-DaDe DiFerente?

autores: Francisca Caetano, inês almeida, Joana Silva, luís Paiva, hugo Coelho, Paula mota, ana Botelho, antónio leitão-marquesnome: Francisca Caetanoinstituição: Serviço de Cardiologia, Centro hospitalar de Coimbraemail: [email protected]

introDuçÃoA saúde sexual representa uma área im-portante da qualidade de vida. A disfunção eréctil (DE) é uma patologia com prevalên-cia crescente estando sub-diagnosticada. É essencialmente uma doença vascular estando frequentemente associada à Diabetes

Mellitus (DM), hipertensão arterial (HTA) e doença coronária (DC).

oBJeCtivoSComparar 2 grupos (G) de doentes (D) com DC e DE, divididos em função da presença de antecedentes de HTA, em termos clínicos, analíticos, ecocardiográficos e angiográficos. Caracterizar a DE no D com HTA.

métoDoSAnálise prospectiva de 69 D do sexo masculino (idade 58.0±10.9 anos) com DC documentada por angiografia, a quem foi feita uma avaliação da presença e severi-dade de DE através do inquérito validado International Index of Erectile Function (IIEF-5). Excluídos D sem DE. Os D com DE (IIEF-5 ≤ 21) (n=53) foram divididos em dois G: G1 – D com DE e HTA (n=41) vs G2 – D com DE sem HTA (n=12).

reSultaDoSDos 69 D avaliados, 76.8% (n=53) apresen-tavam DE, sendo esta mais frequente nos D com antecedentes de HTA (77.4%vs60%; p=0.021). A tabela 3 mostra as variáveis clínicas e analíticas que mostraram diferen-ças entre os dois G. Não houve diferenças entre os G quanto à gravidade e duração da DE; prevalência de dislipidémia, tabagismo, insuficiência cardíaca, AVC e doença renal crónica; níveis de hemoglobina e NT-pro-BNP. Observou-se uma tendência para os D do G1 terem maior número de segmentos com lesões significativas na coronariografia (2.44±1.40vs1.67±0.99; p=0.074), não ha-vendo diferenças no compromisso da função sistólica global avaliada por ecocardiografia. Nos D com HTA e DE esta surgiu de uma

março/aBril 2011

n= n= 24h-BP (mm hg)

24h-BP (mm hg)

Dyslipidemia diabetes %

Dyslipidemia diabetes %

nightime BP fall %

nightime BP fall %

BhP ChP BhP ChP BhP ChP BhP ChP 20-30 yrs 44 37 145/88 133/85* 25/3.5 33/6.6 7.8±5.1 10.6±7.3 31-40 yrs 143 105 147/94 134/86* 37/5.5 29/4.6 9.4±6.2 10.8±6.1* 41-50 yrs 199 190 147/95 138/87* 41/6.4 47/7.8 8.8±7.1 11.4±8.7* 51-60 yrs 118 148 150/93 140/86* 53/6.8 52/8.6 9.3±7.5 11.5±8.6* 61-70 yrs 31 113 144/85 139/82* 55/10 61/7.5 8.4±7.1 11.4±6.8* >70 yrs 20 27 144/83 144/78 60/15 61/16 4.1±7.3 8.4±6.7*

Tabela 2: ID Resumo: 102

RESUMOS 5º cOngRESSO pORtUgUêS dE HipERtEnSãOABStRActS 5tH pORtUgUESE cOngRESS Of HypERtEnSiOn

cOMUnicAÇÕES ORAiS

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com um OR=1,7 (1,028-2,887) p=0,039, provando ser um factor de risco significativo e independente para a obesidade.

ConCluSÃoDe acordo com estes resultados o alelo mutante, da subunidade Beta3 da Proteína G, associou-se ao aumento do IMC e à obesidade. Os pacientes portadores deste alelo, podem ter um risco aumentado de obesidade, em especial, quando associado a certos comportamentos desfavoráveis. Assim devem adoptar, muito precocemente, estilos de vida saudáveis

iD reSumo: 102

amBulatorY BlooD PreS-Sure monitoring ProFile in untreateD aFriCan BlaCKS anD CauCaSianS untreateD hYPertenSive PatientS matCheD For age anD genDer

autores: a Damasceno, C mavimbe, l Bar-bosa, Ja Silva, D Diogo, t madede, J Polónianome: a Damascenoinstituição: Faculdade de medicina, uni-versidade eduardo mondlane, maputo, moçambique, unidade hipertensão e risco Cardiovascular, hospital Pedro hispano, matosinhos, Portugalemail: [email protected]

introDuCtionFew studies have evaluated 24h-ambulatory blood pressure (ABP) profile in black hy-pertensive patients (BHP) while living in Africa.

aim & methoDSThe aim of that study was to compare ABP profile in never treated BHP of Mozambique (20-80 years) vs never treated Caucasians hypertensive patients (CHP) matched for age and gender. Only patients with 24h ABP >=130/80 mm Hg were included. BHP were n=555, 47±12 years, 51% women, BMI=28±8 Kg/m2, 7% smokers; CHP were n=620, 50±13 years, 50% women, BMI=27±5 Kg/m2,

18% smokers (p<0.02). Versus CHP, BHP showed higher 24h, daytime and nightime BP values and lower nightime BP fall (in %) in almost all decades of age distribution (Table2, * p<0.001 vs BHPts). Percent-age of dyslipidemia and diabetes did not differ between groups. Heart rate 24-h was significantly higher in BHP vs CHP only for 20-30 and 31-40 years. Differences between BHPts and CHPts were maintained signifi-cant when calculations were done separately for both men and women.

ConCluSionSOur data suggest that untreated Africans BHP present systematically a higher ABP values and a lower nightime BP fall than untreated CHP for all spectrum of age dis-tribution. That may lead to a worse cardio-vascular prognosis in BHP as compared with CHP.

Sala PegaSo – Dr. JoÃo SaaveDra e ProF. Jorge Cotter

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avaliaçÃo DoS novoS FaC-toreS De riSCo De hiPer-troFia Do ventrÍCulo eSQuerDo em DiaBétiCoS tiPo 2 Com Doença renal

autores: ana Paula Silva, anabela guedes, ana Cabrita, ana Pinho, nelson tavares, Carlos Carneiro, ana Camacho, Pedro leão nevesnome: ana Paula Silvainstituição: Serviço de nefrologia, hospital de Faro e.P.eemail: [email protected]

reSumoO aumento da incidência da Diabetes Mel-litus (DM) por um lado e a intervenção terapêutica por outro, têm permitido um aumento na expectativa de vida do diabético, resultando numa maior incidência das com-plicações crónicas, destacando-se a doença renal crónica, que por sua vez se associa a um

risco cardiovascular acrescido. A hipertrofia do ventrículo, foi identificada como um factor de risco independente de morbi-mortalidade cardiovascular (DCV), não só na população em geral, mas no doente com doença renal. O objectivo deste estudo, foi o de analisar a eventual relação da vitamina D, da inflama-ção, PTH, da doença renal e insulino re-sistência com o índice de massa do ventrículo esquerdo (IMVE) num grupo de diabéticos tipo 2 com doença renal. Foram incluídos 50 doentes tipo 2 (f=18, m=32), com idade média de 66,9 anos e fil-trado glomerular médio (MDRD) de 50 ml/min, seguidos numa Consulta de Nefropatia Diabética. Foram analisados vários parâmetros laboratoriais, incluíndo vitamina 25OHD e insulino resistência (HOMA), da inflama-ção -interleucina 6 (IL6), factor de necrose tumoral alfa (TNFalfa) e proteína C reactiva de alta sensibilidade (PCRs)- PTH, razão microalbuminúria/creatinina, assim como o IMVE numa população diabética tipo 2 com doença renal. Num modelo de correlação de Spearman, o IMVE correlacionou-se significativamente com o TNFalfa (r=0,793 p=0,001), IL6 (r=0,823 p=0,001), PCRs (r=0,610 p=0,001), HOMA-IR (r=0,785 p= 0,001), PTH (r=0,566 p=0,001), razão microalbuminúria/creatinina (r=0,805 p=0,001) e inversamente com a vitamina D (r= - 0,837 p=0,001). No nosso estudo verificou-se que a inflama-ção, a insulino resistência, PTH, os baixos níveis de vitamina D e a presença de pro-teinúria se associam com maior IMVE. Tal como tem sido descrito em estudos anteriores poderá haver uma associação entre estes factores não clássicos e o risco do desenvolvimento de DCV em diabéticos tipo 2 com doença renal. Será importante a realização de estudos prospectivos com o objectivo de avaliar se a intervenção sobre estes factores irá permitir melhorar o prognóstico cardiovascular nestes doentes.

iD reSumo: 95

CiStatina Como marCaDor DaS alteraçõeS na PreSSÃo arterial: reSultaDoS Ba-SaiS.

autores: Flavio Ferreira morong, Juan villa, Coral martinez, nicolas roberto robles, Juan J Cuberonome: Flavio Ferreira moronginstituição: unidade de hipertensão arterial. hospital infanta Cristina. Badajozemail: [email protected]

oBJeCtivoSe sabe que a cistatina C é um marcador de risco cardiovascular e que se correlaciona com a PA medida mediante MAPA. O objetivo deste estudo é comprovar se existe relação com as mudanças da PA medida por MAPA. Apresentamos agora os resultados dos estudos iniciais.

material e métoDoSRealizamos AMPA segundo o modelo da SEH-LELHA 2007 em 38 pacientes hiper-tensos - 37 deles recebiam tratamento hipo-tensor - com uma idade média de 54.9±11,0 anos, sendo 26 do sexo masculino e 12 do sexo feminino. Em todos os casos foi medida a creatinina e cistatina sérica, aclaramento de creatinina e microalbuminúria na urina de 24 horas. O filtrado glomerular foi calculado usando a fórmula MDRD4.

reSultaDoSA PAS apenas se correlacionava com a PAD (r=0.523, p =0.001), mas não com qualquer dos outros parâmetros analisados. A pressão arterial diastólica correlacionava-se com a cistatina C (r=-0.372, p=0,022) e com o

aclaramento de creatinina (r=0, 40, p=0,016), mas não com o filtrado glomerular nem com a microalbuminúria. A PP correlacionava-se significativamente com a PAS (r=0.885, p<0.001) e quase alcançava significação estatística com a microalbuminúria (r=0.330, p=0.05).

ConCluSõeSDe acordo com as cifras basais a cistatina C correlaciona-se com a PAD, mas não com a PAS. Esta correlação, no entanto, é negativa. Serão necessários estudos mais amplos para confirmar estes dados.

iD reSumo: 23

DiSFunçÃo eréCtil e Doen-ça CoronÁria no homem hiPertenSo – uma reali-DaDe DiFerente?

autores: Francisca Caetano, inês almeida, Joana Silva, luís Paiva, hugo Coelho, Paula mota, ana Botelho, antónio leitão-marquesnome: Francisca Caetanoinstituição: Serviço de Cardiologia, Centro hospitalar de Coimbraemail: [email protected]

introDuçÃoA saúde sexual representa uma área im-portante da qualidade de vida. A disfunção eréctil (DE) é uma patologia com prevalên-cia crescente estando sub-diagnosticada. É essencialmente uma doença vascular estando frequentemente associada à Diabetes

Mellitus (DM), hipertensão arterial (HTA) e doença coronária (DC).

oBJeCtivoSComparar 2 grupos (G) de doentes (D) com DC e DE, divididos em função da presença de antecedentes de HTA, em termos clínicos, analíticos, ecocardiográficos e angiográficos. Caracterizar a DE no D com HTA.

métoDoSAnálise prospectiva de 69 D do sexo masculino (idade 58.0±10.9 anos) com DC documentada por angiografia, a quem foi feita uma avaliação da presença e severi-dade de DE através do inquérito validado International Index of Erectile Function (IIEF-5). Excluídos D sem DE. Os D com DE (IIEF-5 ≤ 21) (n=53) foram divididos em dois G: G1 – D com DE e HTA (n=41) vs G2 – D com DE sem HTA (n=12).

reSultaDoSDos 69 D avaliados, 76.8% (n=53) apresen-tavam DE, sendo esta mais frequente nos D com antecedentes de HTA (77.4%vs60%; p=0.021). A tabela 3 mostra as variáveis clínicas e analíticas que mostraram diferen-ças entre os dois G. Não houve diferenças entre os G quanto à gravidade e duração da DE; prevalência de dislipidémia, tabagismo, insuficiência cardíaca, AVC e doença renal crónica; níveis de hemoglobina e NT-pro-BNP. Observou-se uma tendência para os D do G1 terem maior número de segmentos com lesões significativas na coronariografia (2.44±1.40vs1.67±0.99; p=0.074), não ha-vendo diferenças no compromisso da função sistólica global avaliada por ecocardiografia. Nos D com HTA e DE esta surgiu de uma

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n= n= 24h-BP (mm hg)

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Dyslipidemia diabetes %

Dyslipidemia diabetes %

nightime BP fall %

nightime BP fall %

BhP ChP BhP ChP BhP ChP BhP ChP 20-30 yrs 44 37 145/88 133/85* 25/3.5 33/6.6 7.8±5.1 10.6±7.3 31-40 yrs 143 105 147/94 134/86* 37/5.5 29/4.6 9.4±6.2 10.8±6.1* 41-50 yrs 199 190 147/95 138/87* 41/6.4 47/7.8 8.8±7.1 11.4±8.7* 51-60 yrs 118 148 150/93 140/86* 53/6.8 52/8.6 9.3±7.5 11.5±8.6* 61-70 yrs 31 113 144/85 139/82* 55/10 61/7.5 8.4±7.1 11.4±6.8* >70 yrs 20 27 144/83 144/78 60/15 61/16 4.1±7.3 8.4±6.7*

Tabela 2: ID Resumo: 102

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forma progressiva em 73.5% dos casos; 81.1% dos D nunca abordou o médico sobre este problema, a maioria das vezes por ver-gonha. Apenas 15.8% foram medicados para a DE pelo seu médico assistente, enquanto 24.4% se auto-medicaram. Em 31.7% dos D com HTA, as queixas de DE surgiram primeiro que as manifestações de DC.

ConCluSõeSA DE é muito prevalente em D com HTA e DC, talvez por estes D terem associadas várias co-morbilidades e estarem medica-dos com fármacos conhecidos pelos seus efeitos deletérios na esfera sexual. Torna-se mandatória uma abordagem pró-activa do médico, falando com o seu D sobre este tema.

iD reSumo: 17

eFeito antiProteinÚriCo DoS iniBiDoreS DiretoS Da renina

autores: Ferreira morong Flavio, martínez del viejo Coral, villa Juan, robles n ro-berto, Cubero JJ.nome: Ferreira morong Flávioinstituição: unidade de hipertensão. hospi-tal infanta Cristina. Badajoz. espanha.email: [email protected]

oBJeCtivoOs inibidores diretos da renina são medica-mentos de recente introdução que parecem ser capazes de reduzir a microalbuminúria. Seu efeito antiproteinúrico ainda não foi avaliado adequadamente. Foi avaliada sua eficácia para reduzir a proteinúria associados a outros bloqueantes do eixo renina – angio-tensina.

DeSenho e métoDoSForam incluídos 55 pacientes com uma idade média de 60±11, dos quais 32,7% eram mulheres e 65% apresentavam insuficiên-cia renal. Todos os pacientes apresentavam proteinúria superior a 1g/dia apesar do tratamento combinado com IECA + ARA. Os pacientes foram dividos em 2 grupos:

SUBSTITUIÇÃO ( S), 36 pacientes, nos quais se substituiu o IECA por Aliskireno; TERAPIA TRIPLA ( TT), 19 pacientes, aos quais o aliskireno se acrescentou ao duplo bloqueio. O aliskireno foi usado em doses de 150-300 mg/dia. Dos grupos estudados 21 pacientes do grupo S e 16 do grupo TT realizaram a segunda visita.

reSultaDoSA proteinúria se reduziu somente no grupo TT aos 3 meses de seguimento: Grupo S, inicial 2,87±1,93, final 2,69±1,52 g/dia; Grupo TT, inicial 5,12±2,95, final 4,14±2,18 g/dia (p < 0,031, ANOVA). Não houve alterações estatiscamente significativas na PAS (Grupo S, inicial 133±13, final 135±18 mmHg; grupo TT, inicial 140±20, final 142±17 mmHg), nem na PAD (grupo S, inicial 74±7, final 73±7 mmHg; grupo TT, inicial 75±4, final 74±7 mmHg). Não houve incrementos no potássio sérico nem na concentração da creatinina plasmática. O tratamento foi suspendido em 2 casos por piorar a função renal , ambos pertenciam ao grupo S.

ConCluSõeSOs inibidores diretos da renina parecem ter capacidade antiproteinúrica quando se as-sociam a combinação do IECA + ARA; No entanto, esta não parece ser superior aos que estão com IECA posto que não melhoram seu efeito quando o substitui.

iD reSumo: 54

eFFeCt oF a DiPePtiDYl PeP-tiDaSe-4 inhiBitor, Sita-gliPtin, on BlooD PreS-Sure in an animal moDel oF tYPe 2 DiaBeteS With moDerate hYPertenSion

autores: edite teixeira de lemos1,2 Cristina mega1,2,3, helena vala2,3, Jorge oliveira2,3, rosa Fernandes1, Filipa mascarenhas melo1, rui Pinto4, Patrícia garrido1, José Sereno1, Frederico teixeira1, Flávio reis1

nome: edite teixeira de lemos1

instituição: 1unit of Pharmacology &

experimental Therapeutics, iBili, medi-cine Faculty, Coimbra university; 2eSav; 3educational, technologies and health Study Center, Piv; 4unit of Pharmacology and Pharmacotoxicoly, Faculty of Pharmacy, lisbon universityemail: [email protected]

introDuCtionSuccessful management of type 2 diabetes mellitus (T2DM) requires vigilance to additional conditions often associated with hyperglycemia, including overweight or obesity, dyslipidemia and hypertension, as each of them has some relationship with mi-crovascular or macrovascular complications. Because control of cardiovascular risk factors is as important as glucose control in T2DM, these risk factors need to be addressed. The incretin-based therapies, such as the dipeptidyl peptidase-4 inhibitors (DPP-4), have shown to improve glycemic control in patients with T2DM by prolonging the ac-tions of incretin hormones. The effect of low doses of sitagliptin on hypertension, arterial stiffness and low grade chronic inflamma-tion remains to be fully elucidated.This study aimed to evaluate the effects of sitagliptin on hypertension, arterial stiffness and low grade chronic inflammation in Zucker Diabetic Fatty (ZDF (fa/fa)) rats, an animal model of T2DM.

grouPS anD methoDSTwenty weeks old diabetic obese (fa/fa) ZDF male rats were treated with vehicle or sitagliptin (10 mg/kg BW/day) during 6 weeks (n=8 each).The following parameters were assessed: glycaemia, HbA1c, insulin, lipidic profile; blood pressure, pulse pressure and inflamma-tory markers (C-reactive protein (CRP-hs), Interleukin-1 beta (IL-1β and adiponectin).

reSultSSitagliptin in diabetic ZDF rats significantly prevented the blood pressure rise (systolic and diastolic) and pulse pressure and thus arterial stiffness. The positive effects observed in hemodynamic were accompained with amelioration on dysglycaemia and dyslipi-daemia. Sitagliptin also decreased the levels

of CRP-hs and IL-1β in the diabetic ani-mals; nevertheless, no significant changes on serum adiponectin contents were observed.

ConCluSionSA reduction on elevated blood pressure and on pulse pressure is associated with a signifi-cant risk reduction in cardiovascular death. Our work demonstrate, in an animal model, that sitagliptin, even in low doses, improves blood pressure and arterial stiffness, together with amelioration of low grade inflamma-tion. These results suggest a positive impact on decreasing the risk of associated long-term complications of Type 2 Diabetes. The use of low doses of sitagliptin represents a safety profile, which should further confirm this drug as a suitable for first line therapy.

aCKnoWleDgementSThe authors are very grateful to the support of Fundação Merck Sharp & Dohme.

iD reSumo: 65

StuDY oF C677t methYlene tetrahYDroFolate re-DuCtaSe (mthFr) PolYmor-PhiSm in PreeClamPSia

autores: manuel Bicho1,6, andreia matos1, Joana Ferreira1, ana Portelinha2, ana Sofia Cerdeira3, Jorge Braga3, Beliro Patrício4,5, irene rebelo2,5, Claudia marinho1,6

nome: manuel Bicho1

instituição: 1genetic laboratory, Centre of endocrinology and metabolism, lisbon medical School, 2institute for molecular and Cell Biology, university of Porto, 3Depart-ment of obstetrics, Sto antónio hospital, Porto, 4Department of obstetrics and gyne-cology, Porto med

email: [email protected]

introDuCtionMethylenetetrahydrofolate reductase (MTHFR) seems to play a role in hyperten-sion because of its influence on plasma Hcy levels. Elevated plasma Hcy has been found in hypertensive patients and showed a posi-tive correlation with blood pressure. It has been suggested that Hcy is involved in the promotion of platelet activation, hypercoagu-lability, oxidative stress, endothelial dysfunc-tion, smooth muscle cell proliferation and oxidation and peroxidation of lipids. The T allele of the C677T MTHFR polymorphism reduces its activity and inhibits the forma-tion of 5-methyltetrahydrofolate decreasing the remethylation of Hcy to methionine.

oBJeCtiveSTo associate the C677T MTHFR polymor-phism with preeclampsia and to study its relation with MPO (mieloperoxidase), NO (nitric oxide), Nitrates and Nitrites concen-trations.

materialS anD methoDSWe studied 63 women with history of preen-clampsia 3-6 years postpartum (PEW)-35.4±5.5 years; 26.9±4.8 Kg/m2 and 59 controls with no history of pregnancy com-plications (NW)-35.0±5.6 years; 25.4±4.1 Kg/m2. C677T MTHFR was studied by PCR-RFLP and biochemical parameters were measured using commercial available ELISA kits. Statistical analysis were applied to the results and statistical significance was established for p<0.05.

reSultSGenotype frequencies of C677T MTHFR were: NW (CC=45.8%; CT=44.0%; TT=10.2%) and PEW (CC=40.4%;

CT=56.4%; TT=3.2%) and showed no dif-ferences between the two studied groups (p=0.477) as happened with the distribution of MPO, NO, Nitrates and Nitrites concen-trations by C677T MTHFR polymorphism in women in general and in PEW and NW separately.

ConCluSionSAlthough C677T MTHFR plays an impor-tant role in the control of MTHFR enzyme activity and this enzyme is involved in Hcy metabolism, in this specific population, it didn’t seem to have a direct effect in the development of preeclampsia. In our study, it seems to have a decrease in TT frequency among PEW. These results may be justified if we consider that all these women took folic acid during pregnancy and that the decrease of Hcy levels by folate is more effective in homozygous for allele T.

março/aBril 2011

RESUMOS 5º cOngRESSO pORtUgUêS dE HipERtEnSãOABStRActS 5tH pORtUgUESE cOngRESS Of HypERtEnSiOn

cOMUnicAÇÕES ORAiS

D com De e hta (n=41) D com De sem hta (n=12) pidade, anos 62.7±7.9 52.7±13.7 0.031

Diabetes mellitus, % 46.3 0 0.002antecedentes de doença coronária, % 46.3 8.3 0.020

Diurético em ambulatório, % 40 8.3 0.040Beta-bloqueante em ambulatório, % 52.5 8.3 0.007eDFg - mDrD - ml/min/1.73m2 79.6±27.2 96.0±14.8 0.021

Tabela 3: ID Resumo: 23

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Page 27: Março/Abril 2011 #22

Prémio De melhor aPreSentaçÃo De PóSter

33

forma progressiva em 73.5% dos casos; 81.1% dos D nunca abordou o médico sobre este problema, a maioria das vezes por ver-gonha. Apenas 15.8% foram medicados para a DE pelo seu médico assistente, enquanto 24.4% se auto-medicaram. Em 31.7% dos D com HTA, as queixas de DE surgiram primeiro que as manifestações de DC.

ConCluSõeSA DE é muito prevalente em D com HTA e DC, talvez por estes D terem associadas várias co-morbilidades e estarem medica-dos com fármacos conhecidos pelos seus efeitos deletérios na esfera sexual. Torna-se mandatória uma abordagem pró-activa do médico, falando com o seu D sobre este tema.

iD reSumo: 17

eFeito antiProteinÚriCo DoS iniBiDoreS DiretoS Da renina

autores: Ferreira morong Flavio, martínez del viejo Coral, villa Juan, robles n ro-berto, Cubero JJ.nome: Ferreira morong Flávioinstituição: unidade de hipertensão. hospi-tal infanta Cristina. Badajoz. espanha.email: [email protected]

oBJeCtivoOs inibidores diretos da renina são medica-mentos de recente introdução que parecem ser capazes de reduzir a microalbuminúria. Seu efeito antiproteinúrico ainda não foi avaliado adequadamente. Foi avaliada sua eficácia para reduzir a proteinúria associados a outros bloqueantes do eixo renina – angio-tensina.

DeSenho e métoDoSForam incluídos 55 pacientes com uma idade média de 60±11, dos quais 32,7% eram mulheres e 65% apresentavam insuficiên-cia renal. Todos os pacientes apresentavam proteinúria superior a 1g/dia apesar do tratamento combinado com IECA + ARA. Os pacientes foram dividos em 2 grupos:

SUBSTITUIÇÃO ( S), 36 pacientes, nos quais se substituiu o IECA por Aliskireno; TERAPIA TRIPLA ( TT), 19 pacientes, aos quais o aliskireno se acrescentou ao duplo bloqueio. O aliskireno foi usado em doses de 150-300 mg/dia. Dos grupos estudados 21 pacientes do grupo S e 16 do grupo TT realizaram a segunda visita.

reSultaDoSA proteinúria se reduziu somente no grupo TT aos 3 meses de seguimento: Grupo S, inicial 2,87±1,93, final 2,69±1,52 g/dia; Grupo TT, inicial 5,12±2,95, final 4,14±2,18 g/dia (p < 0,031, ANOVA). Não houve alterações estatiscamente significativas na PAS (Grupo S, inicial 133±13, final 135±18 mmHg; grupo TT, inicial 140±20, final 142±17 mmHg), nem na PAD (grupo S, inicial 74±7, final 73±7 mmHg; grupo TT, inicial 75±4, final 74±7 mmHg). Não houve incrementos no potássio sérico nem na concentração da creatinina plasmática. O tratamento foi suspendido em 2 casos por piorar a função renal , ambos pertenciam ao grupo S.

ConCluSõeSOs inibidores diretos da renina parecem ter capacidade antiproteinúrica quando se as-sociam a combinação do IECA + ARA; No entanto, esta não parece ser superior aos que estão com IECA posto que não melhoram seu efeito quando o substitui.

iD reSumo: 54

eFFeCt oF a DiPePtiDYl PeP-tiDaSe-4 inhiBitor, Sita-gliPtin, on BlooD PreS-Sure in an animal moDel oF tYPe 2 DiaBeteS With moDerate hYPertenSion

autores: edite teixeira de lemos1,2 Cristina mega1,2,3, helena vala2,3, Jorge oliveira2,3, rosa Fernandes1, Filipa mascarenhas melo1, rui Pinto4, Patrícia garrido1, José Sereno1, Frederico teixeira1, Flávio reis1

nome: edite teixeira de lemos1

instituição: 1unit of Pharmacology &

experimental Therapeutics, iBili, medi-cine Faculty, Coimbra university; 2eSav; 3educational, technologies and health Study Center, Piv; 4unit of Pharmacology and Pharmacotoxicoly, Faculty of Pharmacy, lisbon universityemail: [email protected]

introDuCtionSuccessful management of type 2 diabetes mellitus (T2DM) requires vigilance to additional conditions often associated with hyperglycemia, including overweight or obesity, dyslipidemia and hypertension, as each of them has some relationship with mi-crovascular or macrovascular complications. Because control of cardiovascular risk factors is as important as glucose control in T2DM, these risk factors need to be addressed. The incretin-based therapies, such as the dipeptidyl peptidase-4 inhibitors (DPP-4), have shown to improve glycemic control in patients with T2DM by prolonging the ac-tions of incretin hormones. The effect of low doses of sitagliptin on hypertension, arterial stiffness and low grade chronic inflamma-tion remains to be fully elucidated.This study aimed to evaluate the effects of sitagliptin on hypertension, arterial stiffness and low grade chronic inflammation in Zucker Diabetic Fatty (ZDF (fa/fa)) rats, an animal model of T2DM.

grouPS anD methoDSTwenty weeks old diabetic obese (fa/fa) ZDF male rats were treated with vehicle or sitagliptin (10 mg/kg BW/day) during 6 weeks (n=8 each).The following parameters were assessed: glycaemia, HbA1c, insulin, lipidic profile; blood pressure, pulse pressure and inflamma-tory markers (C-reactive protein (CRP-hs), Interleukin-1 beta (IL-1β and adiponectin).

reSultSSitagliptin in diabetic ZDF rats significantly prevented the blood pressure rise (systolic and diastolic) and pulse pressure and thus arterial stiffness. The positive effects observed in hemodynamic were accompained with amelioration on dysglycaemia and dyslipi-daemia. Sitagliptin also decreased the levels

of CRP-hs and IL-1β in the diabetic ani-mals; nevertheless, no significant changes on serum adiponectin contents were observed.

ConCluSionSA reduction on elevated blood pressure and on pulse pressure is associated with a signifi-cant risk reduction in cardiovascular death. Our work demonstrate, in an animal model, that sitagliptin, even in low doses, improves blood pressure and arterial stiffness, together with amelioration of low grade inflamma-tion. These results suggest a positive impact on decreasing the risk of associated long-term complications of Type 2 Diabetes. The use of low doses of sitagliptin represents a safety profile, which should further confirm this drug as a suitable for first line therapy.

aCKnoWleDgementSThe authors are very grateful to the support of Fundação Merck Sharp & Dohme.

iD reSumo: 65

StuDY oF C677t methYlene tetrahYDroFolate re-DuCtaSe (mthFr) PolYmor-PhiSm in PreeClamPSia

autores: manuel Bicho1,6, andreia matos1, Joana Ferreira1, ana Portelinha2, ana Sofia Cerdeira3, Jorge Braga3, Beliro Patrício4,5, irene rebelo2,5, Claudia marinho1,6

nome: manuel Bicho1

instituição: 1genetic laboratory, Centre of endocrinology and metabolism, lisbon medical School, 2institute for molecular and Cell Biology, university of Porto, 3Depart-ment of obstetrics, Sto antónio hospital, Porto, 4Department of obstetrics and gyne-cology, Porto med

email: [email protected]

introDuCtionMethylenetetrahydrofolate reductase (MTHFR) seems to play a role in hyperten-sion because of its influence on plasma Hcy levels. Elevated plasma Hcy has been found in hypertensive patients and showed a posi-tive correlation with blood pressure. It has been suggested that Hcy is involved in the promotion of platelet activation, hypercoagu-lability, oxidative stress, endothelial dysfunc-tion, smooth muscle cell proliferation and oxidation and peroxidation of lipids. The T allele of the C677T MTHFR polymorphism reduces its activity and inhibits the forma-tion of 5-methyltetrahydrofolate decreasing the remethylation of Hcy to methionine.

oBJeCtiveSTo associate the C677T MTHFR polymor-phism with preeclampsia and to study its relation with MPO (mieloperoxidase), NO (nitric oxide), Nitrates and Nitrites concen-trations.

materialS anD methoDSWe studied 63 women with history of preen-clampsia 3-6 years postpartum (PEW)-35.4±5.5 years; 26.9±4.8 Kg/m2 and 59 controls with no history of pregnancy com-plications (NW)-35.0±5.6 years; 25.4±4.1 Kg/m2. C677T MTHFR was studied by PCR-RFLP and biochemical parameters were measured using commercial available ELISA kits. Statistical analysis were applied to the results and statistical significance was established for p<0.05.

reSultSGenotype frequencies of C677T MTHFR were: NW (CC=45.8%; CT=44.0%; TT=10.2%) and PEW (CC=40.4%;

CT=56.4%; TT=3.2%) and showed no dif-ferences between the two studied groups (p=0.477) as happened with the distribution of MPO, NO, Nitrates and Nitrites concen-trations by C677T MTHFR polymorphism in women in general and in PEW and NW separately.

ConCluSionSAlthough C677T MTHFR plays an impor-tant role in the control of MTHFR enzyme activity and this enzyme is involved in Hcy metabolism, in this specific population, it didn’t seem to have a direct effect in the development of preeclampsia. In our study, it seems to have a decrease in TT frequency among PEW. These results may be justified if we consider that all these women took folic acid during pregnancy and that the decrease of Hcy levels by folate is more effective in homozygous for allele T.

SetemBro/outuBro 2010

D com De e hta (n=41) D com De sem hta (n=12) pidade, anos 62.7±7.9 52.7±13.7 0.031

Diabetes mellitus, % 46.3 0 0.002antecedentes de doença coronária, % 46.3 8.3 0.020

Diurético em ambulatório, % 40 8.3 0.040Beta-bloqueante em ambulatório, % 52.5 8.3 0.007eDFg - mDrD - ml/min/1.73m2 79.6±27.2 96.0±14.8 0.021

Tabela 3: ID Resumo: 23

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Page 28: Março/Abril 2011 #22

naCionais:

Xii Congresso Português de endocrinologia e 62ªreunião anual da sPedM27 a 30 de Janeiro de 2011Centro de Congressos de Tróia

5º Congresso Português do avC3 a 5 de Fevereiro de 2011Centro de Congressos Porto Palácio Hotel – Porto

5º Congresso Português de Hipertensão17 a 20 de Fevereiro de 2011Tivoli Marinotel – Vilamoura

XXv Congresso Português de nefrologia30 de Março a 2 de Abril de 2011Tivoli Marinotel – Vilamoura

XXXii Congresso Português de Cardiologia8 a 10 de Abril de 2011Centro de Congressos de Lisboa (Antiga Fil)

17º Congresso Português de Medicina interna18 a 21 de Maio de 2011Alfândega do Porto – Porto

AGENDA 2011

Congressos naCionais e internaCionais 2011internaCionais:

aCC - american College of Cardiology 2 a 5 de Abril de 2011New Orleans – Eua

ash – american society of Hypertension21 a 24 de Maio de 2011New York – Eua

esh – european society of Hypertension17 a 20 de Junho de 2011Milão – Itália

esc – european society of Cardiology27 a 31 de Agosto de 2011Paris – França

easd – european association for the study of diabetes12 a 16 de Setembro de 2011Lisboa – Portugal

aHa - american Heart association12 a 16 de Novembro de 2011Orlando - Eua

PORTO

VILAMOURA

LISBOA

NEW YORK

MILÃO

PARIS

34 MarÇo / aBril 2011

CONGRESSOS NACIONAIS 2011

Xii Congresso Português De Endocrinologia E 62ª Reunião Anual Da Spedm27 A 30 De Janeiro De 2011Centro De Congressos De Tróia

5º Congresso Português Do Avc3 A 5 De Fevereiro De 2011Centro De Congressos Porto Palácio Hotel – Porto

5º Congresso Português De Hipertensão17 A 20 De Fevereiro De 2011Tivoli Marinotel – Vilamoura

8º Congresso Português De Diabetes27 De Fevereiro A 1 De Março De 2011Tivoli Marinotel – Vilamoura

Xxv Congresso Português De Nefrologia30 De Março A 2 De Abril De 2011Tivoli Marinotel – Vilamoura

Xxxii Congresso Português De Cardiologia8 A 10 De Abril De 2011Centro De Congressos De Lisboa (Antiga Fil)

17º Congresso Português De Medicina Interna18 A 21 De Maio De 2011Alfândega Do Porto – Porto

CONGRESSOS INTERNACIONAIS 2011

Acc – American College Of Cardiology2 A 5 De Abril De 2011New Orleans – Eua

Ash – American Society Of Hypertension21 A 24 De Maio De 2011New York – Eua

Esh – European Society Of Hypertension17 A 20 De Junho De 2011Milão – Itália

Esc – European Society Of Cardiology27 A 31 De Agosto De 2011Paris – França

Easd – European Association For The Study Of Diabetes12 A 16 De Setembro De 2011Lisboa – Portugal

Aha – American Heart Association12 A 16 De Novembro De 2011Orlando - Eua

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