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MARGENS DO RIACHO PAPICU A LAGOA DO PAPICU A Lagoa do Papicu é a nascente de onde parte o Riacho Papicu, hoje canalizado, e que corre em direção à Beira Mar após convergir para o Riacho Maceió. Outras Lagoas próximas que faziam parte do sistema hídrico Papicu – Cocó foram aterradas para a construção do Conjunto Habitacional Cidade 2000. A Lagoa do Papicu vem sofrendo intenso processo de degradação ambiental, sobretudo pela pressão com o aumento da densidade populacional no entorno. O terreno onde o corpo hídrico está situado é muito suscetível a absorver os dejetos que circulam pela infraestrutura sanitária implantada com os novos empreendimentos e, com isso, a Lagoa passa a sofrer muito com o assoreamento devido ao acúmulo de matéria orgânica que se concentra na água. Com a inauguração do Shopping Rio Mar, que fica ao lado da Lagoa, e com a urbanização do entorno desta, podemos observar que o espelho d'água está mais aparente, maior e com menos plantas aquáticas indicativas de poluição. Revitalizar o entorno de um shopping que se pretende destinado a um público de alto padrão também é uma forma de valorizar a área, de dar mais segurança ao público e de contribuir para a especulação imobiliária da região. Parte do Patrimônio Natural de Fortaleza ainda resiste por este motivo. Porque as construtoras e incorporadoras usam esse patrimônio para lucrar com ele, para atrair, construir e vender mais. Mas o impacto das construções que envolvem esses recursos não são apenas os visíveis e facilmente identificáveis. Ele, muitas vezes, está no subsolo e nem nos damos conta disso. Com o plano diretor de 1979, foi permitido para a área um adensamento populacional maior e a construção de prédios de até 12 andares. Foi aí que a situação da Lagoa do Papicu foi agravada. Segundo a Geógrafa Vanda Claudino, o aumento da impermeabilização do solo resultante das inúmeras construções no entorno, bem como a falta de conexão do esgotamento sanitário das unidades residenciais à rede sanitária central, vem reduzindo as possibilidade de subsistência da Lagoa. Isso porque quanto mais se impermeabiliza o solo, menos esse corpo hídrico será realimentado com novas águas. PATRIMÔNIO NATURAL O patrimônio cultural pode ser compreendido como o ambiente natural associado às materialidades, conhecimentos e técnicas produzidas pelo homem por intermédio, sobretudo, de suas relações de apropriação e pertencimento aos lugares nos quais vivem e à realidade que os cerca. Ele pode ser dividido, de um ponto de vista didático, para melhor compreensão, seguindo uma classificação de Carlos Lemos (2011): i) nos elementos pertencentes à natureza e ao meio ambiente, que é o Patrimônio Natural. Nesta categoria também aparece as Paisagens Culturais, protegidas desde 2009 por instrumentos formais; ii) o segundo grupo de elementos compreende as técnicas, os saberes e o saber fazer, que são os elementos não tangíveis ou intangíveis do Patrimônio Cultural, o Patrimônio Imaterial; iii) e o terceiro grupo de elementos associa os bens culturais que são o produto concreto, os objetos, artefatos e construções resultantes de uma transformação dos recursos do meio ambiente através dos saberes e técnicas empregados pelo homem, o patrimônio material ou tangível. Dentre o que foi mencionado, podemos considerar como mais importante, para este trabalho, o Patrimônio Natural. As margens do Riacho Papicu e a Lagoa que leva o mesmo nome receberam tombamento Municipal a partir da Lei 6.297/1988. Entretanto, o Rio hoje se encontra canalizado e as margens deste não são mais conhecidas. Foram cobertas, pavimentadas, impermeabilizadas. Em 1989 a Lagoa do Papicu foi transformada em Parque Ecológico por Lei Estadual. Mas as construções não param de surgir e as próprias dunas, que muito possivelmente contém os reservatórios aquíferos que mais alimentam esta lagoa, também estão sendo densamente ocupadas e impermeabilizadas.

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MARGENS DO RIACHO PAPICU

A LAGOA DO PAPICU

A Lagoa do Papicu é a nascente de onde parte o Riacho Papicu, hoje canalizado, e que corre em direção à Beira Mar após convergir para o Riacho Maceió. Outras Lagoas próximas que faziam parte do sistema hídrico Papicu – Cocó foram aterradas para a construção do Conjunto Habitacional Cidade 2000. A Lagoa do Papicu vem sofrendo intenso processo de degradação ambiental, sobretudo pela pressão com o aumento da densidade populacional no entorno. O terreno onde o corpo hídrico está situado é muito suscetível a absorver os dejetos que circulam pela infraestrutura sanitária implantada com os novos empreendimentos e, com isso, a Lagoa passa a sofrer muito com o assoreamento devido ao acúmulo de matéria orgânica que se concentra na água. Com a inauguração do Shopping Rio Mar, que fica ao lado da Lagoa, e com a urbanização do entorno desta, podemos observar que o espelho d'água está mais aparente, maior e com menos plantas aquáticas indicativas de poluição. Revitalizar o entorno de um shopping que se pretende destinado a um público de alto padrão também é uma forma de valorizar a área, de dar mais segurança ao público e de contribuir para a especulação imobiliária da região. Parte do Patrimônio Natural de Fortaleza ainda resiste por este motivo. Porque as construtoras e incorporadoras usam esse patrimônio para lucrar com ele, para atrair, construir e vender mais. Mas o impacto das construções que envolvem esses recursos não são apenas os visíveis e facilmente identificáveis. Ele, muitas vezes, está no subsolo e nem nos damos conta disso. Com o plano diretor de 1979, foi permitido para a área um adensamento populacional maior e a construção de prédios de até 12 andares. Foi aí que a situação da Lagoa do Papicu foi agravada. Segundo a Geógrafa Vanda Claudino, o aumento da impermeabilização do solo resultante das inúmeras construções no entorno, bem como a falta de conexão do esgotamento sanitário das unidades residenciais à rede sanitária central, vem reduzindo as possibilidade de subsistência da Lagoa. Isso porque quanto mais se impermeabiliza o solo, menos esse corpo hídrico será realimentado com novas águas.

PATRIMÔNIO NATURAL

O patrimônio cultural pode ser compreendido como o ambiente natural associado às materialidades, conhecimentos e técnicas produzidas pelo homem por intermédio, sobretudo, de suas relações de apropriação e pertencimento aos lugares nos quais vivem e à realidade que os cerca. Ele pode ser dividido, de um ponto de vista didático, para melhor compreensão, seguindo uma classificação de Carlos Lemos (2011): i) nos elementos pertencentes à natureza e ao meio ambiente, que é o Patrimônio Natural. Nesta categoria também aparece as Paisagens Culturais, protegidas desde 2009 por instrumentos formais; ii) o segundo grupo de elementos compreende as técnicas, os saberes e o saber fazer, que são os elementos não tangíveis ou intangíveis do Patrimônio Cultural, o Patrimônio Imaterial; iii) e o terceiro grupo de elementos associa os bens culturais que são o produto concreto, os objetos, artefatos e construções resultantes de uma transformação dos recursos do meio ambiente através dos saberes e técnicas empregados pelo homem, o patrimônio material ou tangível. Dentre o que foi mencionado, podemos considerar como mais importante, para este trabalho, o Patrimônio Natural. As margens do Riacho Papicu e a Lagoa que leva o mesmo nome receberam tombamento Municipal a partir da Lei 6.297/1988. Entretanto, o Rio hoje se encontra canalizado e as margens deste não são mais conhecidas. Foram cobertas, pavimentadas, impermeabilizadas. Em 1989 a Lagoa do Papicu foi transformada em Parque Ecológico por Lei Estadual. Mas as construções não param de surgir e as próprias dunas, que muito possivelmente contém os reservatórios aquíferos que mais alimentam esta lagoa, também estão sendo densamente ocupadas e impermeabilizadas.