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1 CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE PEDAGOGIA MARIA ALINE COSTA GOMES OS DESAFIOS DA EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA PÚBLICA DE FORTALEZA-CE FORTALEZA 2013

MARIA ALINE COSTA GOMES - faculdadescearenses.edu.br DESAFIOS DA... · realizada pesquisa bibliográfica em artigos científicos e pesquisa de campo. Na ... QUADRO 01 Estrutura do

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE PEDAGOGIA

MARIA ALINE COSTA GOMES

OS DESAFIOS DA EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA

PÚBLICA DE FORTALEZA-CE

FORTALEZA

2013

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MARIA ALINE COSTA GOMES

OS DESAFIOS DA EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA

PÚBLICA DE FORTALEZA-CE

Monografia apresentada ao curso de Pedagogia, da Faculdade Cearense, como requisito avaliativo para a obtenção do grau de Graduação.

Orientadora: Patrícia Campêlo.

FORTALEZA

2013

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MARIA ALINE COSTA GOMES

OS DESAFIOS DA EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO DE UMA ESCOLA

PÚBLICA DE FORTALEZA-CE

Monografia como pré-requisito para a obtenção do título de Licenciatura em Pedagogia, outorgado pela Faculdade Cearense, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores.

Data de aprovação: _____∕______∕______

BANCA EXAMINADORA

Profª. Ms. Patricia Campêlo do Amaral

Profª. Ms. Maria Élia Dos Santos Vieira

Prof. Ms. Humberto de Oliveira Santos Júnior

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus por ter me dado forças para chegar até aqui e me iluminado

em diversos momentos.

Ao meu esposo, o maior incentivador nessa minha caminhada, sempre ao meu lado

me ajudando e contribuindo para o meu crescimento.

A minha orientadora Patrícia Campêlo pessoa fundamental nesse processo, sempre

disposta a ajudar e contribuir para meu crescimento pessoal. Iluminou-me de

maneira especial, me incentivando a buscar novos e decisivos conhecimentos. Muito

obrigada por tudo.

A todos os professores que contribuíram de forma positiva para o aprofundamento

dos meus conhecimentos sempre com disponibilidade e atenção.

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RESUMO

Diante dos índices de evasão escolar no Brasil houve o interesse em aprofundar

esse assunto focando no tema: Os desafios da evasão escolar no ensino médio de

uma escola pública de Fortaleza. A evasão escolar vem numa crescente absurda

sendo justificada por fatores que podem ser controlados e melhorados, no entanto a

má vontade dos envolvidos (pais, direção, professores e governo) contribui para que

a mesma perdure. Para tanto o objetivo geral desta pesquisa é: Investigar a evasão

escolar nas instituições públicas, buscando encontrar formas de melhor trabalhá-la.

E os objetivos específicos são: Descrever a situação atual da evasão escolar no

Brasil; Identificar os problemas e causas existentes diante dos dados informados;

Analisar o papel da família, da escola, do professor e da comunidade no combate à

evasão escolar; Indicar sugestões para a melhoria deste problema. Para isso foi

realizada pesquisa bibliográfica em artigos científicos e pesquisa de campo. Na

pesquisa de campo utilizaram-se questionários que foram aplicados com alunos,

professores e direção de uma escola pública de Fortaleza no período da tarde. A

partir da pesquisa feita pode-se constatar que a família tem o papel de acompanhar

e incentivar a criança aos estudos, dando o suporte necessário. A escola por sua

vez tem que acompanhar os alunos no seu desenvolvimento, levando em

consideração as suas dificuldades que trazem de fora para dentro da mesma, não

deixando que os problemas possam prejudicá-los. O estado deve dar todo o suporte

necessário à escola para que seus projetos sigam em frente, podendo assim evitar

ou melhorar a evasão. Os motivos causadores são diversos como: drogas, a falta

de apoio dos familiares, trabalho, gravidez, desmotivação, dentre outros. Constatou-

se que nenhum aluno do período da tarde se evadiu da escola até o momento,

porém os professores e direção relataram que a evasão ocorre de forma significativa

no período da noite e que todos tem consciência da mesma. A diretoria joga a

responsabilidade para o poder público, procurando se eximir desta questão. Portanto

diante de tudo que foi exposto pode-se entender que um trabalho de união e

seriedade entre as principais instituições envolvidas (família, escola e governo) pode

produzir resultados satisfatórios. Também são necessários mais estudos para que

haja maior compreensão sobre o assunto e possibilidades de solução dos mesmos.

Palavras-chave: Evasão escolar; Ensino Médio; Escola Pública.

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ABSTRACT

Before the increase of school dropout in Brazil gave-if the importance of deepening

on the matter by focusing on the theme: The challenges of School Dropout in the

High School from a Public school in Fortaleza. A dropout is a growing absurd being

justified by factors that can be controlled and extinguished, however the

unwillingness of those involved (parents , school direction, teachers and government)

contributes to that it lasts. The family's role is to monitor and encourage your child to

study, giving the necessary support. The school in turn must accompany students in

their development, taking into account the difficulties that bring the outside in the

same, leaving the problems are a factor that can hurt them. The Government should

give all the necessary support to the school so that your projects go forward, and

thus prevent or improve dropout. The causes are many reasons such as: drugs, lack

of support from family, work, pregnancy, lack of motivation, among others. Therefore

the objective of this research is to investigate truancy in public institutions, seeking to

find ways to better work it. And the specific objectives are: To describe the current

truancy in Brazil; identify existing problems and causes before the reported data,

analyze the role of family, school, teacher and community in combating truancy;

Display suggestions for the improvement of this problem. Since the fact of increased

avoidance in public schools, gave up the importance of research in order to disclose

the problem of truancy, its causes and how it can improve or even prevent the

problem extends. Bibliographic search was performed in scientific articles and field

research. In the field research was used questionnaires with those involved

(students, teachers and direction) of a public school in Fortaleza in the afternoon. It

was obtained with the search results satisfactory, no student researched escaped the

school until the moment, because the research was performed in the afternoon.

Teachers and direction emphasized that the major problem is in the evening and all

are aware of circumvention. Therefore before everything that was exposed you can

understand that a work of union and seriousness between the major institutions

envolved (family, school and government) can produce satisfactory results. Also

more studies are necessary to ensure that there is greater understanding on the

subject and possibilities of solution of same.

Keywords: Truancy, High School; Public School.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

QUADRO 01 Estrutura do Sistema Educacional Brasileiro - Lei 9.394/96.............. 12QUADRO 02 Características das reformas educacionais de 1968 e 1971............. 20QUADRO 03 Dados do IBGE sobre a situação da educação no Brasil em 1999... 22FIGURA 01 Taxas de transição e de rendimento dos alunos............................... 29

QUADRO 04Taxas de aprovação e reprovação escolar em alguns países do Mercosul............................................................................................

34

QUADRO 05 Crianças fora da escola no mundo.................................................... 35QUADRO 06 Dados relativos à educação no relatório do Pnud............................. 36FIGURA 02 Demonstração de uma escola bem articulada e prazerosa.............. 43GRÁFICO 01 Quanto à faixa etária......................................................................... 47GRÁFICO 02 Quanto ao sexo................................................................................. 48GRÁFICO 03 Quanto à renda familiar..................................................................... 49GRÁFICO 04 Quanto aos motivos de abandono dos estudos................................ 49GRÁFICO 05 Quanto à satisfação com a metodologia de ensino em sala de aula 50QUADRO 07 Atividades para estimular os alunos a estarem na escola................. 51

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

INEP Instituto Nacional de Ensino e PesquisaIDH Índice de Desenvolvimento HumanoLDB Lei de Diretrizes e Bases da EducaçãoIBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IES Instituições de ensino superiorMEC Ministério da EducaçãoUNESCO Organização das Nações Unidas para a EducaçãoPNDU Programa das Nações Unidas para o DesenvolvimentoONU Organização das Nações Unidas

APEOC Associação dos professores dos estabelecimentos oficiais do CearáUNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.......................................................................................... 9

2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL..................................................................... 11

2.1Histórico................................................................................................. 14

2.2 Principais desafios da educação....................................................... 22

2.3 Perspectivas atuais da educação no Brasil...................................... 24

3 A EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL........................................................ 27

3.1 Definição e Histórico........................................................................... 29

3.2 Estatísticas........................................................................................... 34

3.3 Causas e Consequências.................................................................... 38

3.4 Escola: um lugar prazeroso?.............................................................. 42

4 METODOLOGIA....................................................................................... 45

4.1 Tipo de pesquisa.................................................................................. 45

4.2 Cenário e período de pesquisa........................................................... 45

4.3 Participantes da pesquisa................................................................... 46

4.4 Coleta de dados................................................................................... 46

4.5 Análise de dados.................................................................................. 46

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES............................................................. 48

5.1 Questionários aplicados com os alunos........................................... 48

5.2 Questionários aplicados com professores....................................... 53

5.3 Questionário aplicado com o diretor da escola................................ 56

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................... 59

REFERÊNCIAS........................................................................................... 62

APÊNDICES................................................................................................ 66

APÊNDICE A............................................................................................... 67

APÊNDICE B............................................................................................... 69

APÊNDICE C............................................................................................... 70

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1 INTRODUÇÃO

O presente projeto falará sobre a evasão escolar, abordando causas,

sujeitos envolvidos, histórico, estatísticas e a melhor forma de trabalhá-la (prevenção

e recuperação).

Quanto à evasão o foco a princípio tem se direcionado para o papel da

família e escola na vida escolar dos alunos. O objetivo não é encontrar os “culpados”

pelo problema, pois tanto a família, escola e governo têm sua parcela de falhas, mas

sim diagnosticar o centro da problemática e solucioná-lo com projetos viáveis que se

encaixe com a realidade de cada público. Percebe-se por meio de pesquisas que a

atenção não deve ser somente para os alunos que estão dentro da escola, mas

também para aqueles que se evadiram, pois esses correm o risco de se perderem

no mundo das drogas e não retornarem mais. (QUEIROZ, 2012).

Segundo o censo escolar de 2012 dois milhões de jovens estão fora do

Ensino Médio no Brasil. Os motivos são vários, desmotivação para os estudos,

preferência para o trabalho, gravidez na adolescência, drogas, exposição à

violência, dentre outros. (SINAIT, 2012).

Diante de tais fatos não se pode ficar só observando a situação agravar-

se. Os pedagogos devem se empenhar para mudar esses números o mais breve

possível. Esse trabalho não será fácil, mas o importante é que todos que estejam

diretamente ligados à educação unam-se para se possível extinguir o problema,

principalmente nas escolas públicas.

Com base nisso surgiram alguns questionamentos: Quais são as

principais causas da Evasão Escolar? Qual o verdadeiro papel da Família, Escola e

Poder Público? O que pode ser feito para recuperar os alunos que já se evadiram da

escola? O que pode ser feito para reter os alunos? A participação da comunidade

dentro da instituição é válida e importante? Professores bem preparados e bem

remunerados poderiam melhorar ou até mesmo evitar a evasão? Como se encontra

o cenário atual da evasão escolar no Brasil?

Visto o fato do aumento da evasão nas escolas públicas, deu-se a

importância da pesquisa com o intuito de transparecer a problemática da evasão

escolar, suas causas e como se pode melhorar ou até mesmo evitar que o problema

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se estenda. Não só quem trabalha com a educação, mas também toda a sociedade

tem que ficar ciente da realidade que se encontra a nossa educação, principalmente

diante de fatos que a comprovam no Brasil e em todo o mundo. Estando cientes da

situação todos poderão contribuir para a melhoria da educação.

A escolha do tema se deu para entender o porquê e como acontece o

abandono escolar, para assim tentar contribuir para o alerta do problema

principalmente nas escolas públicas de Fortaleza.

Portanto o objetivo geral desta pesquisa é: Investigar a evasão escolar

nas instituições públicas, buscando encontrar formas de melhor trabalhá-la. E os

objetivos específicos são:

• Descrever a situação atual da evasão escolar no Brasil;

• Identificar os problemas e causas existentes diante dos dados

informados;

• Analisar o papel da família, da escola, do professor e da

comunidade no combate à evasão escolar;

• Indicar sugestões para a melhoria deste problema.

A pesquisa está embasada nos seguintes autores: Okada (2012), Melo

(2009), Queiroz (2012), Leon e Menezes-Filho (2012),Padilha (2003), Miguel e

Braga (2013).

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2 A EDUCAÇÃO NO BRASIL

A educação, segundo a Constituição Federal do Brasil de 1988:

Constitui um direito social, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. A Constituição de 1988 estabelece, portanto, a base da organização educacional do País ao firmar direitos e deveres, delimitar competências e atribuições, regular o financiamento e definir princípios como: pluralismo, liberdade e gestão democrática. (DOURADO, 2005, p.4).

Como se pode perceber essa constituição trás direitos para cidadãos

estudantes, porém se tem a consciência que não é trabalhada de maneira

satisfatória e muito menos beneficia as partes envolvidas nesse processo. Quando

se fala em “preparo para a cidadania e qualificação para o trabalho” sabe-se que o

sistema não prepara o aluno para tal, principalmente quando se fala de educação

pública. Na realidade garantir direitos não significa que as partes irão cumprir com

as regras estabelecidas.

De acordo com a legislação vigente é competência dos municípios

atuarem prioritariamente na educação infantil e ensino fundamental, enquanto que

cabe aos estados assegurarem o ensino fundamental e oferecerem, prioritariamente,

o ensino médio. No caso do Distrito Federal, a lei define que este deverá

desenvolver as competências referentes aos Estados e Municípios, ou seja, oferecer

toda a Educação Básica. A União se incumbe da organização do sistema de

educação superior e do apoio técnico e financeiro aos demais entes federados.

(DOURADO, 2005, p. 9).

Toda essa estrutura pode ser visualizada no quadro abaixo.

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Quadro 01 - Estrutura do Sistema Educacional Brasileiro - Lei 9.394/96

Níveis e

Subdivisões Educação infantil

Subclassificaçã

o Duração Faixa etária

Educação

Básica

Creche 3 anos De 0 a 3 anosPré-escola 4 anos De 4 a 6 anos

Ensino fundamental

(obrigatório)

8 anos

De 7 a 14

anos

Ensino médio 3 anos

De 15 a 17

anos

Educação

Superior

Cursos e programas

(graduação, pós-

graduação) por área.

VariávelAcima de 17

anos

Fonte: Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Conforme os dados do Inep – Instituto Nacional de Ensino e Pesquisa

(2013):

Nos 192.676 estabelecimentos de educação básica do País, estão matriculados 50.545.050 alunos, sendo 42.222.831 (83,5%) em escolas públicas e 8.322.219 (16,5%) em escolas da rede privada. As redes municipais são responsáveis por quase metade das matrículas (45,9%), o equivalente a 23.224.479 alunos, seguida pela rede estadual, que atende 37% do total, 18.721.916 alunos. A rede federal, com 276.436 matrículas, participa com 0,5% do total.

Esses dados são do Censo escolar do ano de 2012 que revela o total de

matriculados no Brasil. E como se pode perceber os maiores números de matrículas

são da escola pública, que deve prezar pela qualidade de sua educação, que não

corresponde à realidade. Os 16,5% matriculados nas escolas privadas são

favorecidos em muitos aspectos, como por exemplo, nas vagas de emprego, nas

universidades públicas, com melhores notas no Enem, angariando bolsas de estudo,

além de outros benefícios. E esses favorecimentos acontecem porque a visão de

mundo que as pessoas (classe alta) têm vai muito além dos muros da escola, a sua

preparação, o incentivo, a didática, o ambiente, a dedicação que alunos e

professores tem os leva em direção aos objetivos traçados.

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Concorda-se quando Eliane da Costa Bruini em uma reportagem no Brasil

escola (2013) diz que:

(...) Espera-se que a educação no Brasil resolva, sozinha, os problemas sociais do país. No entanto, é preciso primeiro melhorar a formação dos docentes, visto que o desenvolvimento dos professores implica no desenvolvimento dos alunos e da escola.

Fala-se muito em educação nas eleições, os candidatos à eleição sabem

muito bem do que é preciso, o que precisa ser priorizado, no entanto quando passa

esse período as promessas não saem do papel e a educação continua em último

lugar. Sendo assim o foco da cobrança por uma educação boa e de qualidade passa

a ser direcionado para o professor, pois quando não se chega ao objetivo todos

cobram da primeira pessoa que está ligada diretamente a esse processo, o

professor, esquecendo-se das responsabilidades e do papel dos governantes que

são de capacitar, priorizar, valorizar os docentes para que a educação possa chegar

ao lugar de importância que deve ter em uma nação.

Um professor desmotivado não dará o seu máximo para a educação,

estará sempre forçado a trabalhar e com isso os estímulos negativos refletirão nos

principais atores da educação, os alunos. Quando se fala em todos pela educação,

não se isenta da responsabilidade os governantes, ao contrário, eles são à base de

tudo para uma evolução gradativa da educação no Brasil. (BRUINI, 2013).

Calgaro (2013) no site da UOL analisa dados do IDH (Índice de

Desenvolvimento Humano):

Ao analisar o item educação isoladamente, o Brasil subiu de 0,279 (em 1991) para 0,637(em 2010) no IDH. É a dimensão que mais avançou nos últimos anos (128,3%), puxada principalmente pelo fluxo escolar de jovens, que ficou 2,5 vezes maior em 2010 em relação a 1991. No entanto, ainda não subiu o suficiente e é a que hoje menos contribui para o IDHM(Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) do Brasil. É também o único subíndice classificado na faixa média do desenvolvimento humano.

Conforme o presidente do Inep, Luiz Cláudio Costa, observa-se que o

índice de educação atual é um dos mais difíceis para se obter bons resultados. "A

educação teve uma melhora expressiva, apesar das dificuldades. Houve um avanço

muito grande nessa área graças às políticas educacionais. É preciso levar em conta

de onde saímos e aonde chegamos." (INEP, 2013).

Realmente esse avanço pode ter ocorrido, porém ainda se observa altos

índices de analfabetismo, professores despreparados, escolas com péssimas

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infraestruturas. Ainda há muito a fazer pela educação e as políticas públicas são

fundamentais para a melhoria da educação no país.

2.1 Histórico

A educação passou por todo um processo evolutivo-histórico. Para melhor

aborda-lo a mesma será tratada de acordo com suas principais fases: a jesuítica, a

pombalina, a do império, no período republicano, na era de Vargas e da ditadura

militar aos dias atuais.

• A fase jesuítica

Conforme as diretrizes básicas ditadas por Dom João III os indígenas

passaram a ser catequizados através da fé catolicada e de instrução. Com isso

chegam quatro padres e dois irmãos jesuítas. Antes as populações indígenas não

chegavam a se escolarizar, as crianças participavam de todas as atividades tribais

até atingir sua fase adulta. (RIBEIRO, 2007, p.18).

Num contexto social a educação escolarizada só convém à pequena

nobreza e seus descendentes, onde deveria servir segundo o modelo de

colonização os interesses metropolitanos e as atividades coloniais. (RIBEIRO, 2007,

p. 20).

O primeiro plano educacional elaborado pelo padre Manoel da Nóbrega

tinha como objetivo educar tanto os indígenas como também os filhos dos colonos.

O plano de estudo foi elaborado de forma que atendesse a todos. Começava por

português, incluía a doutrina cristã, a escola de ler e escrever. Os outros

ensinamentos seriam opcionais, como o ensino de canto, música instrumental,

aprendizado profissional e agrícola, aula de gramática e viagem de estudos a

Europa. (RIBEIRO, 2007, p. 21- 22).

Pode-se perceber que desde o início da educação o plano de aula é

essencial para a organização e bom desempenho nas aulas.

Esse plano encontrou várias resistências a partir de 1556 quando

começou a vigorar as “Constituições da companhia de Jesus”, exigindo de Nóbrega

muito empenho até sua morte em 1570.

Após sua morte muda-se o plano até 1759 excluindo o “aprendizado do

canto, da música instrumental, profissional e agrícola”. O plano da companhia de

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Jesus em 1599 passa a se concentrar na cultura europeia. “Desta maneira os

colégios jesuíticos foram o instrumento de formação da elite colonial”. Os índios

serviam apenas como mão de obra. (RIBEIRO, 2007, p. 22- 23).

Como os melhores alunos eram escolhidos para cursarem teologia e

tornarem-se membros da companhia de Jesus, a única beneficiada era a própria

ordem religiosa. Sendo assim a união entre o governo português e os jesuítas foi

encerrada com a “expulsão da Companhia de Jesus de Portugal e do Brasil, em

1759”. (RIBEIRO, 2007, p. 27).

A expulsão da ordem religiosa foi para fazer melhorias na educação.

Atualmente necessita-se dessa atenção para a educação em geral, fazendo

mudanças significativas para que se possa beneficiar os atores envolvidos (alunos,

professores e escola).

• A fase pombalina

Portugal mesmo se antecipando no mercantil não chegou à indústria do

regime capitalista. Portanto “a nação que lidera este processo no transcorrer dos

séculos XVI ao XIX é a Inglaterra”, que passa a ser beneficiada pelos próprios lucros

coloniais portugueses. (RIBEIRO, 2007, p. 29).

Com o aumento do “aparelho administrativo” passou-se a exigir mais do

preparo das pessoas. As técnicas de leitura e escrita se faziam necessárias,

surgindo, com isto, a instrução primária dada na escola, que antes cabia à família.

(RIBEIRO, 2007, p. 31).

No século XVIII Portugal chega com sua Universidade de Coimbra ainda

medieval como sempre foi, o ensino jesuítico continuava deixando de lado os novos

métodos da língua latina, a filosofia moderna e a ciência. Com isso há uma

manifestação dos intelectuais portugueses apresentando um programa de

modernização para a metodologia de ensino aplicada na época. (RIBEIRO, 2007, p.

32).

Com a expulsão da Companhia de Jesus em Portugal (1759) que era

detentora do poder econômico e da educação cristã, surge o “ensino público

propriamente dito. Não mais aquele financiado pelo estado e que formava o

indivíduo para a igreja, mas sim o financiamento pelo e para o Estado.” (RIBEIRO,

2007, p. 33).

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Nesse período no ensino secundário passaram a serem estudadas as

humanidades com aula avulsas de latim, grego, filosofia e retórica. Foram exigidos

novos métodos e novos livros. (RIBEIRO, 2007, p. 34).

“No governo seguinte de D. Maria I, ocorre o movimento “Viradeira”, isto

é, o combate sistemático ao Pombalismo.” (RIBEIRO, 2007, p. 36).

• O período do império

a) O primeiro liberalismo

Em 1820 surgiram os agrupamentos políticos no país, que foram

(HILSDORF, 2007, p. 41):

• O “partido português”, dos absolutistas, e acreditavam que o poder estava no

rei;

• O “partido radical”, dos democratas, têm o povo como soberano;

• O “partido brasileiro”, dos moderados, para eles a lei era soberana.

No ano de 1824 foi promulgada uma constituição que prometia ensino

primário gratuito para todos e das ciências e artes em colégios e universidades.

(HILSDORF, 2007, p. 44).

Após três anos, exatamente em 1827 a escola primária foi para o plenário

obtendo aprovação como lei. Assim “as aulas públicas seriam avulsas de primeiras

letras de origem pombalina, para meninos e, surgia uma inovação, as meninas

também poderiam estudar”. O ensino utilizava-se da oralidade, da escrita em caixas

de areia e dos silabários impressos em quadro murais. (Ibid, 2007, p. 44).

A evolução das ferramentas de ensino trouxe muitos benefícios para o

professor, porém alguns ainda insistem em trabalhar da forma tradicional abortando

todo o fascínio que os alunos têm, por exemplo, com a tecnologia.

b) O segundo liberalismo

Os liberais em 1870 discutiam sobre uma educação moderna e livre.

Esperavam a introdução das “inovações pedagógicas” que eram associadas na

Europa e nas Américas. O ensino baseava-se na formação de trabalhadores

nacionais e estrangeiros, como também no ensino elementar: “jardins da infância,

ensino simultâneo de leitura e escrita, metodologia intuitiva, aulas noturnas de

alfabetização, etc.” (HILSDORF, 2007, p. 44).

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Um novo padrão de escolarização foi posto na sociedade brasileira na

década de 1970. Todo “um conjunto de diretrizes, métodos, procedimentos e

conteúdos modernos foi colocado em circulação e pôde ser discutido,

experimentado e aprovado.” (Ibid, 2007, p. 52).

• O período republicano

Houve algumas transformações no período de 1870-1920, que foram.

(Ibid, 2007, p. 57, 58, 59):

• A remodelação das relações de trabalho do regime escravo para o do

trabalho livre e assalariado;

• O crescimento dos setores de prestação de serviços e da pequena indústria;

• A presença forte do capital estrangeiro;

• Uma intensa circulação de novas tendências de pensamento como o

positivismo, o industrialismo e o ruralismo;

• O fim da monarquia.

Os republicanos instituíram “a educação pelo voto e pela escola”, fazendo

uma transformação evolutiva na sociedade brasileira. (HILSDORF, 2007, p. 60).

Nessa época já havia o pensamento de que a educação é um fator que

pode solucionar muitos problemas. Os republicanos davam muito valor à educação,

tanto que mudaram a história da mesma e de todos os seus métodos, pois

priorizavam a igualdade de participação e a liberdade de expressão.

A escola republicana baseava-se em algumas tendências da época:

• “Ser oferta antecipatória, na medida em que a escola era pensada como parte

de uma totalidade, de um projeto político que se antecipava ás reivindicações

de outros setores da sociedade”;

• “Ser dualista, embora fosse preciso fornecer ensino a toda sociedade, não se

tratava de oferecer todo o ensino para toda a sociedade”;

• “Ser preocupada com a extensão da escola elementar, preocupava-se com a

qualidade”. (Ibid, 2007, p. 61).

Houve uma grande reforma no período de 1890, em que o republicano

Cesário Motta Júnior, em 1893 propõe como diretriz de sua atuação:

Garantir a dignidade profissional dos mestres a partir do pleno domínio da metodologia intuitiva e da aceitação por eles do planejamento racional do sistema escolar. Cria, então, os Grupos Escolares, caracterizados pelo agrupamento das aulas avulsas primárias em um único edifício, sob uma

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única direção e com um corpo docente encarregado de classes de ensino simultâneo, progressivo e seriado dos conteúdos, reunindo crianças com o mesmo nível de aprendizagem. (HILSDORF, 2007, p. 66).

Pode-se perceber que o sistema atual de ensino tem alguns pontos em

comum propostos por Motta Júnior.

Dos anos de 1890 a 1900 os republicanos cafeicultores, recriam todo o

sistema de ensino público paulista, da escola infantil ao ensino superior, e definiram

a pedagogia que nelas seria praticada. (HILSDORF, 2007, p. 66).

Mudanças são sempre necessárias para atingir os objetivos a serem

alcançados. Durante os diferentes períodos a educação passou por mudanças

significativas, isso também ocorre na atualidade, na era da informação, com as

novas e diferentes tecnologias.

• A era Vargas

Conforme matéria no Brasil Escola (2013), Lilian Aguiar fala sobre o

governo na Era Vargas dizendo que o mesmo:

Adotou medidas controladoras, ditatoriais e paternalistas, mas também contou com aspectos modernos na industrialização do país e na inovação das políticas trabalhistas com a criação da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).

Ainda segundo Lilian Aguiar “A Era Vargas foi um período de

modernização da Nação brasileira, mas também foi um período conturbado pela”:

• Revolução Constitucionalista de 1932;

• Constituição de 1934;

• Criação da Ação Integralista Brasileira (AIB) e Aliança Nacional Libertadora

(ANL);

• Política econômica e administrativa do Estado Novo;

• Política paternalista varguista;

• Transformação social e política trabalhista com a criação da Consolidação

das Leis Trabalhistas (CLT);

• Criação do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), órgão

responsável pela censura do período;

• Constituição de 1937;

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• Consequências da Segunda Guerra Mundial;

• Decadência do Estado Novo;

• Ascensão e crise do Segundo Governo de Vargas (1950 – 1954).

Francisco Campos promoveu a reforma escolanovista de Minas Gerais

em 1927, logo após o mesmo foi nomeado Ministro da Educação e Saúde do

governo revolucionário. Em 1931 decretou a volta do ensino religioso facultativo nas

escolas públicas. (HILSDORF, 2007, p. 94).

Francisco Campos também decretou a reforma dos níveis superior e secundário do ensino, substituiu o modelo das faculdades isoladas, no secundário, o ministro desautorizou o modelo propedêutico ministrado nos cursos parcelados de preparatórios, substituindo-o pelo modelo formador, a ser ministrado em cursos regulares e seriados de cincos anos de duração (curso Ginasial a Fundamental), acrescidos de mais dois anos de preparação para o superior (curso complementar). (HILSDORF, 2007, p. 94-95).

Através do “Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova” o grupo de

renovadores liberais pôde definir uma política articulada de educação nacional e

desenhar um projeto de escola para a sociedade brasileira, cujos principais

pressupostos são:

• Inserir-se em um movimento “de 12 anos”, que visava “a reconstrução social

do país pela reconstrução da escola” por meio da ação dos especialistas em

educação;

• Considerar como finalidades da educação o direito biológico acima do direito

ou situação de classe;

• Propor uma escola adequada ao meio social, a escola socializada, vinculada

à sociedade democrática cooperativa, que ofereceria educação integral da

personalidade;

• Propor o escolanovismo como linha pedagógica dessa escola, o qual

proclamava como princípios: promover o crescimento dos alunos de dentro

para fora em respeito à sua personalidade, aos seus interesses e motivações;

• Encarar a democracia como “um programa de longos deveres”, dizendo que a

doutrina democrática somente agiria como fonte de reconstrução moral e

social mediante a tarefa permanente da educação. (HILSDORF, 2007, p. 96).

O novo estado a partir de 1935 diferencia-se do estado oligárquico da

primeira República devido a:

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• Centralização e maior autonomia do poder central em relação às forças

locais;

• Atuação econômica voltada progressivamente para promover a

industrialização;

• Atuação social tendente a proteger o trabalhador urbano, reprimindo sua

organização quando fora controle do Estado;

• Pelo papel central atribuído às forças armadas como fator de manutenção da

ordem interna e da criação da indústria de base no país. (Ibid, 2007, p.

98,99).

As “Leis Orgânicas” da nova educação ficaram organizadas dessa forma:

ensino industrial (1942); ensino secundário (1942); ensino comercial (1943); ensino

primário (1946); ensino normal (1946); ensino agrícola (1946). Essas leis “visavam à

construção de um sistema centralizado e articulado, atingindo tanto o ensino público

como o particular.” (HILSDORF, 2007, p. 101).

Quando se faz uma nova organização é imprescindível que se pense em

todas as hipóteses que possam se estender a todos e, não somente a um grupo

particular. Foi isso que ocorreu com a produção das leis orgânicas que regeram a

educação nos anos 1940.

• Da ditadura militar aos nossos dias

Foi importada dos Estados Unidos a teoria do “capital humano”, que

propunha o processo de educação escolar considerado como um investimento que

redundava em maior produtividade e, consequentemente, em melhores condições

de vida para os trabalhadores e a sociedade em geral. (HILSDORF, 2007, p. 123).

Através dessa teoria foram ofertados programas que ajudassem ao

Terceiro Mundo, colaborando no financiamento e na redefinição escolar de vários

países. Em primeiro lugar os aspectos quantitativos do sistema escolar era uma das

soluções definidas nesses programas, em segundo lugar os aspectos qualitativos.

(Ibid, 2007, p. 124).

“No Brasil o apoio veio por meio dos acordos assinados entre o Ministério

de Educação e Cultura e a agência norte-americana Agency for International

Development (USAID).” (HILSDORF, 2007, p. 124).

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Abaixo seguem as características das reformas educacionais de 1968 e

1971.

Quadro 02 - Características das reformas educacionais de 1968 e 1971:

Lei nº 4.024/61 Leis nº 5.540/68 e 5.692/71Linha liberal Linha tecnicista

Autonomia do indivíduo;

qualidade;

cultura geral; ênfase nos fins

(ideais).

Adaptação à sociedade; quantidade;

cultura profissional; ênfase nos meios

(metodologia do tipo microensino,

máquinas de ensinar, enfoque sistêmico,

tele-ensino, ensino programação, ensino à

distância e outros)Fonte: HILSDORF, 2007, p. 125.

Mesmo depois de tantos anos a linha tecnicista é a que prevalece

atualmente na educação. A tecnologia avançou e continua avançando a cada ano,

por tanto o ensino tenta acompanhar essa evolução trazendo novos métodos de

ensino, como por exemplo, a educação a distância hoje está com novas ferramentas

facilitando cada vez mais o estudo dos indivíduos, na perspectiva de facilitar o

ensino para as pessoas que buscam mais praticidade no dia a dia.

Atualmente a educação é construída a partir da Constituição 1988 e da

Lei de Diretrizes e Bases Educação de 1996 (LDB) oferecendo bons exemplos:

O primeiro refere-se ao encaminhamento dado ao ensino profissional de nível médio: a sua função precípua foi definida por ato do governo como formação para atividades produtivas. O outro exemplo vem do ensino superior, no qual a proposta de autonomia universitária do MEC traz embutida a privatização do ensino superior e a sua divisão em instituições de pesquisa e de ensino: ao conceituar as universidades públicas como “organizações sociais”, e não como órgãos de responsabilidade do Poder Público. (HILSDORF, 2007, p. 133).

Investir no ensino profissionalizante é mais rentável para o governo, pois

o aluno se forma mais rapidamente e já ingressa no mercado de trabalho. As

universidades privadas já vêm numa crescente há alguns anos contribuindo assim

para o acesso mais rápido dos jovens na educação superior.

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2.2 Principais desafios da educação

Segundo Dermeval Saviani (2000):

O grande desafio que ainda se põe para o Brasil em termos educacionais ao ingressar no século XXI, nos vem do século XIX. Trata-se da tarefa de organizar e instalar um sistema de ensino capaz de universalizar o ensino fundamental e, por esse caminho, erradicar o analfabetismo. A Constituição de 1988 estabeleceu, nas Disposições Transitórias, o prazo de dez anos para o cumprimento dessas duas metas.

Pode-se verificar que a luta pela educação vem de muitos anos atrás e,

infelizmente ainda falta muito para se combater os desafios com que se depara a

cada dia. O analfabetismo ainda é a principal etapa para ser vencida. Já se

passaram 25 anos desde a constituição e nada foi mudado, de acordo com as

pesquisas percebe-se que os dados só aumentam não só do analfabetismo, mas

também de outros problemas, tais quais: falta de profissionais capacitados, escolas

deterioradas, educação básica desestruturada, professores desvalorizados,

alimentação precária, educação seletiva, desordem, repetência, evasão, etc. Com

todos esses problemas e tantos outros é difícil focar em um só e priorizar o mais

urgente, pois todos são prioritários e tem que ser solucionados rapidamente.

(SAVIANI, 2000).

Conforme os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística de

1999 (IBGE), pode-se verificar no quadro logo abaixo a situação da educação no

ano de 1999:

Quadro 03 – Dados do IBGE sobre a situação da educação no Brasil em 1999:

Brasil e

Grandes

Regiões

Taxa de analfabetismo das

pessoas de 15 anos ou mais de

idade

Taxa de escolarização das

crianças de 7 a 14 anos de idade

Total Homens Mulheres Total Homens Mulheres

Brasil (1) 13,3 13,3 13,3 95,7 95,3 96,1

Norte (2) 11,6 11,7 11,5 95,5 95,3 95,7

Nordeste 26,6 28,7 24,6 94,1 93,2 95,0

Sudeste 7,8 6,8 8,7 96,7 96,6 96,9

Sul 7,8 7,1 8,4 96,5 96,7 96,3

Centro-Oeste 10,8 10,5 11,0 96,0 95,6 96,4Fonte: Pesquisa nacional por amostra de domicílios 1999 [CD-ROM]. Microdados. Rio de Janeiro: IBGE, 2000.

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Nos dados de 1999 era assombrosa a quantidade de analfabetos no

Nordeste quando comparado aos outros estados. Conforme o IBGE essa taxa vem

diminuindo a cada ano que passa, mas em 1999 ainda tínhamos no Brasil 12,9

milhões de analfabetos cuja metade possuía idade acima de 50 anos, o que não

diminui a responsabilidade do governo no que tange à educação.

Diante de tal fato é impressionante o desinteresse, o mau gosto, o

desprezo dos governantes perante esses dados alarmantes e toda a comunidade,

que está envolvida com a educação, tem o dever de mudar esses números com o

intuito de erradicar o analfabetismo no Brasil. Para isso se deve deixar de lado o

egoísmo, a indiferença, o individualismo, o capitalismo, etc., e lutar por um país

digno, onde todos possam se orgulhar da educação.

Outro desafio explícito é a evasão escolar que já vem assombrando a

educação há algum tempo desde a década de 1980 e, só tende a aumentar se não

for feito nada para tentar sanar o problema. (SCHWARTZMAN, 2013).

Conforme Mariana Tokarnia (2013):

No Brasil, 3,6 milhões de crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola. A maioria (2 milhões) tem entre 15 e 17 anos e deveria estar cursando o ensino médio. O déficit também é grande entre aqueles com idade entre 4 e 5 anos (1 milhão), que deveriam estar na educação infantil.

Diante desses dados logo acima, observa-se que os números são

alarmantes. Infelizmente a preocupação maior pertence aos educadores que estão

diretamente ligados ao problema, os governantes em si têm consciência da

realidade, mas não se movem para tentar mudar esse quadro.

Logo outra questão a ser pensada é se as escolas públicas estão de fato

preparando o aluno para a faculdade, para o mercado de trabalho, pois se sabe o

quanto as escolas privadas priorizam isso. Muitos se aventuram em um curso de

ensino superior e o abandonam, pois percebem que não é o que buscam, ou seja, a

insegurança, o despreparo desses jovens é constante. A busca por retorno rápido

também é relevante, então muitos partem para os cursos profissionalizantes que têm

um curto período para se inserirem o mais rápido possível no mercado deixando de

lado o tão sonhado curso de graduação. (SCHWARTZMAN, 2013).

A necessidade do trabalho muitas vezes “grita” mais alto do que a

vontade de fazer um curso superior. E os cursos profissionalizantes vêm nessa

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perspectiva de acelerar esse processo, pois só o ensino médio hoje em dia não está

mais sendo um requisito tão satisfatório. O individuo necessita vir com alguma

bagagem a mais para ingressar no emprego.

2.3 Perspectivas atuais da educação no Brasil

“Tanto a concepção tradicional de educação quanto a nova, amplamente

consolidadas, terão um lugar garantido na educação do futuro”. (GADOTTI, 2000, p.

04). A educação vem mudando e trazendo novos sistemas de ensino, como por

exemplo, a tecnologia, a socialização. O tradicionalismo não será descartado

trazendo consigo toda a base educacional ainda necessária para lidar com o

sistema. Moacir Gadotti (2000) diz que a “educação tradicional e a nova têm em

comum a concepção da educação como processo de desenvolvimento individual.”

Ou seja, ambas se completam.

Na educação internalizada Gadotti (2000, p. 05) afirma que:

No final do século XX o fenômeno da globalização deu novo impulso à ideia de uma educação igual para todos, agora não como princípio de justiça social, mas apenas como parâmetro curricular comum.

As novas tecnologias avançam significativamente, trazendo junto com

elas a educação à distância que é a grande novidade na área. Para os jovens que já

estão inseridos na era digital é fácil se adaptar a essas tecnologias, mas para os

adultos que trazem consigo o velho tradicionalismo será mais complexo aderir a

esse mundo digital. (GADOTTI, 2000, p. 05).

Pode-se refletir sobre a “cultura digital” diante de seus benefícios e seus

malefícios surgindo daí vários questionamentos, como por exemplo, a socialização

será “robotizada”? Poderá prejudicar a escrita e consequentemente os livros serão

descartados? A linguagem culta poderá ficar defasada? A individualidade se

acentuará? Dentre outros.

Quanto aos benefícios é importante considerar que: quem trabalha o dia

todo e não tem tempo para ir a uma instituição de ensino tem a possibilidade de

realizar a educação à distância, pois não necessitará se deslocar e poderá acessar a

sua aula e material de qualquer lugar, facilitando a sua vida, portanto a praticidade é

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indiscutível, além de acelerar o processo de formação do cidadão, fomenta a

vontade de estudar, etc.

Entre as novas teorias surgidas nesses últimos anos, despertaram

interesse dos educadores os chamados paradigmas holonômicos, que:

[...] pretendem restaurar a totalidade do sujeito, valorizando a sua iniciativa e a sua criatividade, valorizando o micro, a complementaridade, a convergência e a complexidade. Para eles, os paradigmas clássicos sustentam o sonho milenarista de uma sociedade plena, sem arestas, em que nada perturbaria um consenso sem fricções. [...] os paradigmas holonômicos pretendem manter, sem pretender superar, todos os elementos da complexidade da vida. (GADOTTI, 2000, p. 05).

Com essa nova teoria muda-se muitas concepções, passando a valorizar

o “EU” do ser humano e deixando de lado totalmente o tradicionalismo, enaltecendo

os valores. Sem dúvidas o aprendizado sendo trabalhado dessa forma será mais

significativo e prazeroso.

Moacir Gadotti (2000, p. 05) diz que “essas concepções não são novas,

mas hoje são lidas e analisadas com mais simpatia do que no passado”, ou seja, a

educação está buscando novas ideias, começando por essas concepções, que são

importantíssimas.

A educação do futuro para Moacir Gadotti (2000, p.07) é:

Uma educação voltada para o futuro será sempre uma educação contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado, portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que para a transmissão cultural.

A educação sem dúvidas nos dias atuais se centraliza somente no

diploma, numa educação mais rápida para a inserção no mercado de trabalho,

deixando de lado a cultura e focando somente no social. O mercado querendo ou

não exige isso da sociedade, o capitalismo tomou conta esquecendo muita das

vezes os valores, a ética, dando ênfase no materialismo.

Não se pode imaginar um futuro para a humanidade sem educadores,

assim como não se pode pensar num futuro sem poetas e filósofos. Os educadores,

numa visão emancipadora, não só transformam a informação em conhecimento e

em consciência crítica, mas também formam pessoas. (GADOTTI, 2000).

Mesmo o educador tendo toda essa importância na sociedade sabe-se

que o valor que eles merecem não é dado, não somente pelo governo, mas também,

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pelos pais, alunos, próprios professores que fazem piada da profissão e sociedade.

É triste deparar-se com essa realidade, em que há uma falta generalizada de

respeito por uma profissão tão digna. As pessoas não pensam que sem o professor

elas não vão a lugar nenhum, pois toda e qualquer formação acadêmica necessita

desse profissional.

Na carta de Paulo Freire (2001) aos professores, estão algumas ideias

importantes, dentre elas:

É que não existe ensinar sem aprender e com isto eu quero dizer mais do que diria se dissesse que o ato de ensinar exige a existência de quem ensina e de quem aprende. Quero dizer que ensinar e aprender se vão dando de tal maneira que quem ensina aprende, de um lado, porque reconhece um conhecimento antes aprendido e, de outro, porque, observada a maneira como a curiosidade do aluno aprendiz trabalha para apreender ensinando-se, sem o que não o aprende, o ensinante se ajuda a descobrir incertezas, acertos, equívocos.

Paulo Freire fomenta a ideia de quem ensina, aprende ao mesmo tempo,

ou seja, é uma troca de experiências, não necessariamente o ensino precisa ser o

culto, pois se aprende várias coisas no dia a dia sem a necessidade de se aprende

tão somente em livros, em ensinamentos tradicionais.

3 A EVASÃO ESCOLAR NO BRASIL

O Brasil já vem sofrendo com o problema da Evasão Escolar há muitos

anos, muito vem se debatendo nos últimos tempos, discussões são feitas a respeito

da problemática, tentando se achar as falhas e como pode ser solucionada essa

questão. O foco a princípio tem se direcionado para o papel da família e escola na

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vida escolar dos alunos. Percebe-se por meio de pesquisas que a atenção não deve

ser somente para os alunos que estão dentro da escola, mas também para aqueles

que se evadiram, pois esses correm o risco de se perderem no mundo das drogas e

não retornarem mais. (QUEIROZ, 2012).

De acordo com Queiroz (2012, p. 12):

Tanto a Escola quanto a Família, tem que criar mecanismos que possibilitem interagir e procurar saber os motivos pelos quais a criança está abandonando a Escola e, uma vez informada, buscar soluções, ou ao menos, tentar encontrar possibilidades de intervenção que venham impedir a evasão escolar da criança.

Como relata essa autora a escola tem o dever de procurar soluções

cabíveis para a resolução dos problemas existentes dentro de seu ambiente e

solucioná-los, para assim dar uma satisfação a toda comunidade do que está

acontecendo na instituição. Cabe aos pais ajuda-la no combate aos problemas e

juntos conseguirem os melhores resultados.

De acordo com Ferraro (1999, p. 24):

A exclusão escolar na forma de exclusão da escola compreende tanto o não acesso à escola, quanto o que habitualmente se denomina evasão da escola. Já a categoria exclusão na escola dá conta da exclusão operada dentro do processo escolar, por meio dos mecanismos de reprovação e repetência. Dessa forma, as distintas realidades captadas de forma imediata como o não acesso, a evasão, a reprovação e a repetência ganhariam unidade primeiramente sob as categorias analíticas de exclusão da escola e exclusão na escola e finalmente sob o conceito mais geral de exclusão escolar. Já não se trata simplesmente de caçar os fujões ou de puxar as orelhas dos preguiçosos!

Ferraro (1999) também ressalta a importância de dar atenção para os

alunos que ainda se encontram dentro da escola, para que assim não se perca os

mesmo. Portanto, é preciso atentar para o desenvolvimento dos alunos em sala de

aula e diagnosticar as falhas.

A evasão não existe somente no ensino básico, mas também no ensino

superior, como relata Filho et al. (2007, p. 642):

A evasão estudantil no ensino superior é um problema internacional que afeta o resultado dos sistemas educacionais. As perdas de estudantes que iniciam, mas não terminam seus cursos são desperdícios sociais, acadêmicos e econômicos. No setor público, são recursos públicos investidos sem o devido retorno. No setor privado, é uma importante perda

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de receitas. Em ambos os casos, a evasão é uma fonte de ociosidade de professores, funcionários, equipamentos e espaço físico.

A evasão nas instituições de ensino superior (IES) acontece de duas

formas segundo Filho et al. (2007, p. 642):

1. A evasão anual média mede qual a percentagem de alunos matriculados em

um sistema de ensino, em uma IES, ou em um curso que, não tendo se

formado, também não se matriculou no ano seguinte.

2. A evasão total mede o número de alunos que, tendo entrado num

determinado curso, IES ou sistema de ensino, não obteve o diploma ao final

de um certo número de anos.

Raramente as IES brasileiras têm um programa de combate à evasão,

mesmo com esses dados acima mostrados. É feito todo um trabalho de marketing

para atrair novos estudantes, porém não há nenhuma preocupação de manter esses

alunos na instituição. (FILHO et al.,2007).

Conforme a pesquisa realizada por Filho et al. (2007, p.645):

O Brasil tinha, em 2005 – data da última sinopse divulgada pelo Inep –, 2.165 IES, das quais 89,3%, ou seja, 1.934, eram privadas. A predominância é de faculdades privadas, que representam 80,24% do total de IES. Embora haja nove vezes mais IES privadas que públicas, o número de universidades privadas é quase o mesmo que o de universidades públicas.

Acredita-se que a preocupação das IES com a evasão não acontece

tanto, pois a procura atualmente por um curso superior está crescente, então se sai

de um e se entra em outro, sem prejuízos, principalmente nas instituições privadas.

Nada melhor que consultar os próprios alunos sobre as causas e motivos

da evasão. Assim pode-se estudar a melhor forma de combater os principais

problemas causados pela mesma.

Portanto, não se pode deixar que os atrativos do mundo possam levar os

alunos para uma realidade que não os ajudará a crescer intelectualmente,

profissionalmente e pessoalmente. Os professores, pais, grupo gestor e poder

público têm a obrigação de lutar para evitar a evasão e recuperar todos que se

evadiram.

3.1 Definição e Histórico

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Existe uma diferença entre abandono e evasão:

Se o aluno não conseguiu finalizar o ano letivo por excesso de faltas, costumamos dizer que abandonou o curso. No entanto, se no ano seguinte este mesmo aluno não se matricular para cursar novamente a série que abandonou, ele passa a fazer parte das estatísticas de evasão escolar. (REVISTA ESCOLA, 2013).

Ao final do ano letivo é feito um trabalho para avaliar “o aluno quanto ao

preenchimento ou não dos requisitos de aproveitamento e frequência.” Essas taxas

são calculadas de acordo com a aprovação, reprovação e de abandono, isso se

denomina “Taxas de rendimento”. (REVISTA ESCOLA, 2013).

Existe outro trabalho de avaliação em que “avaliam a progressão dos

alunos entre anos letivos consecutivos; constitui-se pelas taxas de promoção, de

repetência e de evasão.” É denominado de “Taxas de fluxo ou de transição

escolar”. (REVISTA ESCOLA, 2013).

Para entender melhor, pode-se verificar na figura abaixo:

Figura 01 – Taxas de transição e de rendimento dos alunos

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Fonte: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/entenda-taxas-transicao-escolar-rendimento-

alunos-689317.shtml

Desde os anos 20 se teve a intenção de regularizar o fluxo de alunos,

com o intuito de eliminar ou minimizar a repetência. O desafio era:

Reafirma a urgência de passar da universalização das oportunidades de acesso ao provimento de condições de permanência do aluno na escola garantindo-lhe aprendizagem efetiva e educação de qualidade. (BARRETO e MITRULIS,2001, p.103).

Não adianta passar o aluno para o ano seguinte se o mesmo não está

preparado para os novos conhecimentos da série seguinte. A mesma dificuldade

que ele está encontrando continuará se passar de ano. Portanto se for necessário

que o aluno repita a mesma série, que isso de fato aconteça.

• Anos 50

Em meados do século, o Brasil apresentava os índices de retenção mais elevados em relação a outros países da América Latina: 57,4% na passagem da 1ª para a 2ª série do ensino fundamental. Estudos realizados pela Unesco mostravam, à época, que 30% de reprovações acarretavam um acréscimo de 43% no orçamento dos sistemas de ensino.(BARRETO e MITRULIS, 2001, p.104).

Em 1954 perdiam-se muitos alunos em decorrência da repetência e

consequentemente pela evasão. “De cada 100 crianças matriculadas na 1ª série,

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apenas 16 concluíam as quatro séries do ensino primário após os quatro anos

propostos para a sua duração.” (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.104).

Na Conferência Regional Latino-Americana que ocorreu em 1956 se

discutiu sobre a educação primária gratuita e obrigatória. Foi dada ênfase no

assunto das reprovações na escola primária, com isso a promoção automática foi

apontada como medida. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.104).

Segundo Almeida Júnior, responsável pelo sistema de promoções, os

fatores que caracterizam esse sistema são:

A revisão do sistema de promoções na escola primária, com o fim de torná-lo

menos seletivo;

O estudo, com a participação do pessoal docente das escolas primárias, de

um regime de promoção baseado na idade cronológica do educando e outros

aspectos de valor pedagógico, e aplicá-lo, com caráter experimental, nos primeiros

graus da escola. (CONFERÊNCIA, 1956, p. 166 apud BARRETO e

MITRULIS,2001).

Os envolvidos diretamente com a educação reconheciam também outros

fatores prejudiciais aos alunos, quanto à retenção escolar:

A formação de classes heterogêneas quanto à idade, a humilhação da criança, o desgosto da família agiam como fatores de desestímulo à aprendizagem e entendia-se que as reprovações não exerciam nenhuma influência positiva sobre a criança. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.106).

No ano de 1958 o estado do Rio Grande do Sul deu a iniciativa e adotou o

sistema de progressão continuada, desenvolvendo classes de recuperação, para

alunos com dificuldades, podendo o mesmo retornar quando recuperado para a sua

turma de origem. (MORAIS, 1962 apud BARRETO e MITRULIS, 2001, p.106).

Recuperar o aluno muitas vezes não condiz exatamente com o significado

da palavra e muito menos com o objetivo. Algumas escolas principalmente públicas

(experiência própria) não recuperam o aluno, apenas cumprem as leis que o MEC

determina. Ao invés de ajudar os resultados só prejudica o aluno passando-o de ano

sem que o mesmo esteja pronto.

• Anos 60 e 70

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“Durante os anos 60 persistiam, porém em todo o país os pontos de

estrangulamento do ensino.” Ao final dos anos 60 três estados organizaram os

currículos propostos para a escola primária:

Pernambuco adotou a organização por níveis em 1968, rompendo com a

tradicional organização curricular por anos de escolaridade ou por séries na

escola primária.

No mesmo ano, o estado de São Paulo promoveu a reorganização do

currículo da escola primária em dois ciclos: o nível I, constituído pelas 1ª e 2ª

séries e o nível II, pelas 3ª e 4ª séries, com o exame de promoção somente

na passagem do 1º para o 2º nível e ao final deste.

Santa Catarina foi o estado onde a experiência de progressão continuada se

deu de modo mais expressivo, abrangente e duradouro. Em atenção aos

dispositivos constitucionais de 1967, que ampliavam de quatro para oito os

anos de escolaridade obrigatória. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.108).

A reorganização do currículo escolar é fundamental para beneficiar os

alunos e que sejam realizados de fato todos os objetivos. Contribuindo assim para o

enriquecimento do aprendizado.

• Anos 80

Nos anos 80 o foco estava nas variáveis presentes no contexto escolar

que estariam afetando o seu desempenho.

Passado o impacto da introdução do ciclo básico, certos procedimentos criados pelas escolas se transformaram em rotinas burocráticas terminando por constituir um registro muito pobre das efetivas avaliações dos alunos feitas pelos professores no cotidiano. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.114).

No estado do Rio de Janeiro houve a criação de escolas de tempo

integral para o ensino fundamental, esse foi um programa de governo. O objetivo era

um melhor atendimento às crianças, o currículo fundamentava-se na socialização,

com uma intenção de resgatar a cultura popular das crianças. (BARRETO e

MITRULIS, 2001, p.114).

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Atualmente o objetivo das famílias para o ensino de tempo integral é tão

somente ter um lugar para o filho ficar para poder trabalhar, isso acontece

principalmente nas escolas públicas.

Em 1994 foi introduzido na proposta curricular do estado, o bloco único.

Esse bloco tinha a semelhança do ciclo básico em relação à flexibilização do tempo

de aprender na escola. A aprendizagem era processual, cada criança construía no

seu tempo suas aprendizagens. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.114).

Esperar o tempo da criança para suas aprendizagens é essencial, pois

cada uma tem seu tempo maturacional. Cada individuo aprende de maneiras

diferentes.

O bloco único não conseguiu se manter por muito tempo, pois houve

resistência por parte dos professores:

Sobretudo por implicar um intervalo de tempo escolar muito extenso, que dificultava a manutenção de referências claras acerca dos procedimentos a serem adotados pelos diferentes professores que assumiam as classes sucessivamente. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.115).

O professor tem o papel de facilitador no processo de aprendizagem do

aluno e não dificultar essa fase. E a escola tem que se atentar para isso, não

deixando o educador interferir de modo que possa prejudicar esse processo. Muitos

profissionais da educação preferem o caminho mais curto para o ensino, no entanto

muitas vezes esse não é o melhor a se fazer e sim procurar mecanismos que

favoreçam a aprendizagem.

• Anos 90

No ano de 1992 as escolas municipais do estado de São Paulo

reorganizaram todo o ensino fundamental em ciclos:

O inicial que passava a compreender os três primeiros anos letivos;

O intermediário, os três seguintes;

E o ciclo final, as antigas 7ª e 8ª séries. (BARRETO e MITRULIS, 2001, p.116

e 117).

Visando enfrentar o fracasso escolar dentro de uma concepção assumida

como construtivista:

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Os ciclos contemplaram, de um lado, o trabalho com as especificidades de cada aluno e, de outro, permitiram organizar com maior coerência a continuidade da aprendizagem a partir de uma perspectiva interdisciplinar, bem como integrar os professores que neles atuavam. Os argumentos sobre a adequação às faixas de idade e às características de aprendizagem dos alunos foram os conhecidos. O currículo foi reinventado em cada escola, uma vez que não havia prescrições oficiais a serem seguidas. Assim como nas demais propostas, o foco da avaliação foi deslocado para o diagnóstico. Maior ênfase foi atribuída aos processos de ensino propriamente ditos, do que aos produtos da aprendizagem. (BARRETO e MITRULIS,2001, p.117).

Os ciclos de formação (denominação dada) formavam grupos de alunos

da mesma idade, tinham como ponto principal a vivência-cultural de cada idade e o

período da infância, puberdade e adolescência era bem compreendido. (Ibid, 2001,

p.117).

Segundo os autores acima citados, com a concepção do regime de ciclos

houve consequências no plano político, cultural e social. Dentre elas:

No político, a adoção dos ciclos se justificava por favorecer um processo

educativo mais aberto à heterogeneidade da população e, portanto, mais

propício à democratização do ensino.

No plano cultural, a organização por ciclos veio associada à concepção da

escola como polo de valorização, produção, divulgação e fruição da cultura.

No plano social favoreceu o desenvolvimento de sujeitos que, ao conviverem

mais ampla e respeitosamente com as variadas formas de manifestação do

outro, encontrariam espaço para afirmar a própria identidade.

A divisão por ciclos foi favorável para o amadurecimento continuo dos

alunos, contribuindo assim com os professores para a identificação de cada fase,

pois as salas estão mais homogêneas por serem da mesma idade.

3.2 Estatísticas

Segundo pesquisa feita por Maria do Pilar, da Secretária de Educação

Básica do MEC (Ministério da Educação), pelo site da rede globo (2012):

Um em cada 10 alunos entre 15 e 17 anos deixa de estudar no ensino médio. No Ensino Fundamental os índices de evasão são menores, 3,2%, mas ainda estamos atrás de outros países da América do Sul. As menores taxas de abandono estão, no Ensino Fundamental, no Uruguai (0,3%); e no Médio, na Venezuela (1%). Para Maria do Pilar Lacerda, Secretária de

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Educação Básica do MEC (Ministério da Educação), o motivo principal que leva crianças e jovens a abandonarem a escola é o fracasso escolar.

Conforme os dados acima, o abandono ocorre porque os alunos vão mal

nos estudos e não se sentem motivados a continuar. Portanto todos os

colaboradores que fazem parte da escola tem que estimula-los para que conquistem

o sucesso escolar.

Segue abaixo informações de taxas de aprovação e reprovação nos

países do Mercosul. (OKADA, 2012).

Quadro 04 - Taxas de aprovação e reprovação escolar em alguns países do Mercosul

Aprovação no

fundamental

Aprovação no

médio

Reprovação no

fundamental

Reprovação no médio

Argentina 92,3% 74,3% 6,4% 18,8%

Brasil 85,8% 77% 11% 13,1%

Chile 95,2% 90,9% 3,5% 6,3%

Paraguai 93,4% 90,9% 4,7% 6,9%

Uruguai 92% 72,7% 7,7% 20,4%

Venezuel

a

91,4% 91,9% 6,3% 7,2%

Fonte: OKADA, 2012.

Com base nesses dados pode-se verificar que no Fundamental não há

muitos problemas, a taxa de aprovação é bem satisfatória e isso significa que o

objetivo está sendo atingido. No ensino médio há uma queda no percentual de

aprovação principalmente no Brasil (77%), Uruguai (72,7%) e Argentina (74,3%).

Esses dados são de 2010 e esses números com certeza já mudaram. Se essa

situação não for solucionada rapidamente daqui a uns anos poderá ficar pior.

Estudo feito pela Organização das Nações Unidas para Educação

(UNESCO, 2012) revela que 200 milhões de jovens não terminaram o primário no

mundo. Segundo a mesma, a estimativa de atingir a meta da educação primária até

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2015 provavelmente está perdida. “Esse era um dos seis objetivos para a educação

assumidos por 164 países em 2000. Porém, não é o único que não deve ser

cumprido no prazo.”

Abaixo seguem as informações coletadas pela Unesco (2012) sobre os

números de crianças fora da escola no mundo

Quadro 05 – Crianças fora da escola no mundo

CRIANÇAS FORA DA ESCOLA NO MUNDO

País Número

Nigéria 10,5 milhões

Paquistão 5,1 milhões

Etiópia 2,4 milhões

Índia 2,3 milhões

Filipinas 1,5 milhões

Costa do Marfim 1,2 milhões

Burkina Faso 1 milhão

Níger 1 milhão

Quênia 1 milhão

Iêmen 900 mil

Máli 800 mil

África do Sul 700 mil

Demais países Cerca de 32 milhões

TOTAL Cerca de 60 milhões

FONTE: Unesco (2012)

Com os dados acima não se pode ficar apático diante da realidade

existente. Escola, pais, governantes e a própria criança/adolescente têm que

despertar para o problema e ter a vontade de mudar toda essa realidade. A escola

deve abrir as portas para a comunidade e deixar que ela dê sua opinião.

Segundo relatório de desenvolvimento realizado pelo Programa das

Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (BRASIL, 2012) em 2012, um em

cada quatro alunos que inicia o ensino fundamental no Brasil abandona a escola

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antes de completar a última série. Com a taxa de 24,3%, o Brasil tem a terceira

maior taxa de abandono escolar entre os 100 países com maior IDH (Índice de

Desenvolvimento Humano), só atrás da Bósnia Herzegovina (26,8%) e das ilhas de

São Cristovam e Névis, no Caribe (26,5%). Na América Latina, só a Guatemala

(35,2%) e Nicarágua (51,6%) possuem taxas de evasão superiores.

Quadro 06 - Dados relativos à educação no relatório do Pnud

País Posição no

ranking

IDH População

alfabetizada

População com pelo

menos ensino médio

completo

Taxa de evasão

escolar

Noruega 1º 0,955 100% 95,2% 0,5%

Austrália 2º 0,938 100% 92,2% Não informada

Estados Unidos 3º 0,937 100% 94,5% 6,9%

Holanda 4º 0,921 100% 88,9% Não informada

Alemanha 5º 0,920 100% 96,5% 4,4%

Chile 40º 0,819 98,6% 74% 2,6%

Argentina 45º 0,811 97,8% 56% 6,2%

Uruguai 51º 0,792 98,1% 49,8% 4,8%

México 61º 0,775 93,1% 53,9% 6%

Brasil 85º 0,730 90,3% 49,5% 24,3%

Fonte: Pnud/ONU

O relatório do Pnud também revelou que o Brasil tem um dos menores

tempos médios em anos de estudo entre os países da América do Sul. Segundo

dados de 2010, a escolaridade média do brasileiro era de 7,2 anos – mesma taxa do

Suriname – enquanto são esperados 14,2 anos. No continente, quem lidera esse

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índice é o Chile, com 9,7 anos de estudo por habitante, seguido da Argentina, com

9,3 anos, e da Bolívia, com 9,2 anos.

Conforme matéria no site da Associação dos professores dos

estabelecimentos oficiais do Ceará (APEOC, 2011) diz que:

O índice de abandono no Ensino Médio chega a 12% em todo o Estado. Dos 230 mil matriculados no Ensino Fundamental dos colégios municipais de Fortaleza, mais de 11 mil desistiram de estudar, um total de 5,6%.No Brasil, o percentual total de abandono no Ensino Médio - somando as escolas públicas e as particulares - é 10,3%. No Ensino Fundamental esta porcentagem é de 3,1%. Assim, com relação ao Ensino Médio, o Ceará apresenta um índice superior à média nacional, 10,6%. Juntando todas as instituições de ensino, entre privadas e públicas, Fortaleza apresenta 2,9% de abandono no Ensino Fundamental. A rede pública do Ensino Médio teve abandono, só na Capital, de 16,6%.

A matéria no site “Todos pela educação” (2013) atualiza os dados da

evasão no estado, dizendo:

No Ceará, 148.038 mil crianças e jovens entre 4 e 17 anos estão fora da escola. A maioria desses jovens tem entre 15 e 17 anos e somam 98.502 mil. Já entre as crianças de 6 a 14 anos o número é de 25.043 mil e de 4 a 5 anos, 24.493 mil.

Diante dos dados acima sobre a evasão no Estado do Ceará, pode-se

confirmar a ascendência do problema.

3.3 Causas e Consequências

Segundo estudo feito pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância

(UNICEF, 2012), em parceria com a Campanha Nacional pelo Direito à Educação, o

trabalho infantil, o fracasso escolar, as desigualdades sociais e a baixa renda

familiar são alguns dos fatores determinantes para a evasão escolar.

É assustadora a quantidade de alunos que não concluem o ensino básico

no Brasil. De acordo com dados do Censo Escolar de 2012, dois milhões de alunos

do ensino médio estão fora da escola. A explicação para tal fato é a necessidade de

trabalhar para ajudar a família e também para o seu próprio sustento. O convívio

conflituoso com a família é considerado um fator importante para a evasão, pois o

aluno deve ter o apoio necessário para os estudos. (SINAIT, 2012).

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Os atrativos que estão fora dos muros da escola são muitos, as drogas

são um deles e está “matando” todos os sonhos dos adolescentes, crianças e

famílias. O papel da escola diante dessa situação é promover campanhas que

mostrem os danos causados pelas drogas, como elas destroem uma vida, as

perdas, etc. Também se podem promover palestras dentro da instituição abordando

os temas que mais envolvem a comunidade, os problemas existentes. A mesma tem

que perceber que a escola se preocupa com todos, que luta pelas causas. Já que a

família não está perto, não está presente, a escola tem que fazer esse papel para

tentar não perder esses adolescentes para um mundo muitas vezes sem volta.

(MELO et.al., 2009).

Diante dos fatos presentes nas escolas públicas, não só em relação à

evasão, mas também em relação às condições precárias das mesmas como:

cadeiras quebradas, má alimentação, professores desmotivados, mau uso do

espaço, profissionais que não têm interesse em ajudar ao aluno etc., não se pode

fechar os olhos e fingir que nada está acontecendo, não há mais tempo para deixar

o tempo passar, soluções tem que ser estudadas e efetivadas o mais breve possível.

Conforme estudo feito sobre as causas da evasão, Melo et.al.(2009, p.05)

afirmam que existem três causas principais:

A primeira é a miopia ou desconhecimento dos gestores da política pública, restringindo a oferta de serviços educacionais. Outra é a falta de interesse intrínseco dos pais e dos alunos sobre a educação ofertada, seja pela baixa qualidade percebida ou por miopia ou desconhecimento dos seus impactos potenciais. Uma terceira é a operação de restrições de renda e do mercado de crédito que impedem as pessoas de explorar os altos retornos oferecidos pela educação no longo prazo.

Muitas vezes o aluno coloca a culpa de se evadir da escola na forma com

que o professor executa a sua aula e isso pode ser levado em consideração, pois se

o docente levar a matéria para a vida do aluno, fazendo relações, despertando o

interesse do mesmo de forma dinâmica e atrativa, o estudante se motivará para tal e

perceberá que o esforço valerá a pena. Não se pode deixar que o aluno pense que o

estudo é apenas memorizar certos conteúdos para expor em uma prova, se isso

acontecer certamente ocorrerá o desinteresse e consequentemente aos poucos o

mesmo deixará os estudos. (VASCONCELLOS, 1995, p.38 apud CERATTI, 2008,

p.04).

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Dessa forma pode-se supor que não existe uma só maneira de aprender

e uma só forma de ensinar e avaliar. Organizar atividades em grupos e promover

ações individuais respeitando as diferenças e as dificuldades de aprendizagem de

cada um, lembrando que, cada qual tem o seu tempo e capacidade de

compreensão, percebendo que o melhor caminho será sempre o da Educação.

A escola e o professor têm o papel de formar o cidadão para ser crítico e

ter suas próprias opiniões. “Homens críticos, livres e criativos até mesmo a partir de

condições sociais, políticas e econômicas adversas.” (AZANHA, 1993, p. 43 apud

CERATTI, 2008, p.15).

De acordo com uma pesquisa feita com os professores, as causas da

evasão são definidas por eles como fatores externos a escola, ligados a problemas

de ordem econômica e social. Diante desse pensamento a única arma que os

professores têm é a prática pedagógica que deve ser usada da melhor forma para

evitar a evasão. Porém, não se pode excluir totalmente a responsabilidade que estes

têm diante dessa situação. “O professor deve proporcionar a todos os seus alunos

informações, fornecendo-lhes material cultural relevante que responda aos objetivos

e conteúdos da série correspondente.” (AQUINO, 1997 apud CERATTI, 2008, p.18).

Segundo Ceratti (2008), existem três fatores determinantes do fracasso

escolar, são eles:

Psicológicos: referentes a fatores cognitivos e psicoemocionais dos alunos.

(BRASIL, 2006 apud CERATTI, 2008);

Socioculturais: relativos ao contexto social do aluno e as características de

sua família. (OLIVEIRA, 2001 apud CERATTI, 2008);

Institucionais: baseados na escola, tal como, métodos de ensino

inapropriados, currículo e as políticas públicas para a educação. (AQUINO,

1997 apud CERATTI, 2008).

Como se pode verificar a culpa não se restringe a uma pessoa ou um

grupo e sim a todos (família, escola, alunos, poder público), com isso o trabalho de

união para melhorar ou até mesmo erradicar a evasão é fundamental para o

sucesso do ensino e desenvolvimento do aluno.

A família no processo de ensino assume posição fundamental conforme

Leon e Filho (2003):

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A importância das características familiares na chance de progresso escolar é um resultado bastante consolidado nas literaturas teórica e empírica, e considerado como um dos principais fatores responsáveis pela “manutenção do ciclo intergeracional de pobreza”.

Muitos autores enfatizam a importância da base familiar no processo

ensino-aprendizagem e no progresso escolar, sem esse apoio fica difícil o trabalho

da escola para tentar evitar a evasão ou resgatar o aluno evadido.

Tentar resolver o fracasso escolar não é ficar tentando adivinhar quem é o

responsável pelo problema. A maior preocupação é o aprendizado, pois o atraso

escolar, o analfabetismo, reprovação, repetência, são fatores que interferem no

desenvolvimento pessoal e profissional. (QUEIROZ, 2012).

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e a Campanha

Nacional pelo Direito à Educação desde 2012 lançaram um programa “Todas as

crianças na escola em 2015 – Iniciativa global pelas crianças fora da escola”. No ano

de 2012 existiam 3,7 milhões de crianças e adolescentes fora da escola, atualmente

as estatísticas não foram divulgadas até o momento. (ONU, 2012).

Conforme estudo realizado pela Organização das Nações Unidas

(ONU)em 2012destaca-se a seguinte informação:

Em termos absolutos, as regiões com maior número de alunos em risco de abandono são a Nordeste (1,7 milhão de crianças) e a Sudeste (pouco mais de 1 milhão). Em termos proporcionais, as regiões com mais estudantes em risco são a Norte (18,33%) e a Nordeste (17,68%).

Diante dessa informação pode-se pensar em várias hipóteses que

expliquem o porquê da Região Nordeste ter o maior número de evasão. Seguindo o

histórico da região, a primeira explicação seria a pobreza, pois ou o aluno estuda ou

trabalha para ajudar a família; a segunda seriam as drogas, já que hoje em dia o

fácil acesso para o consumo é evidente; a terceira seria a prostituição, pois não é

preciso andar muito nas ruas para se achar meninas se prostituindo, o discurso é

sempre o mesmo, dinheiro fácil; outro fator preponderante para o fracasso escolar é

o abandono familiar, os pais não dão a importância para os estudos dos filhos,

deixando que eles façam o que quiserem. Existem outros pontos significativos para

que ocorra o abandono, porém provavelmente esses sejam os principais.

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3.4 Escola: um lugar prazeroso?

Conforme uma matéria de Elen Cristine (2013) no site Mundo Educação,

esta relata que o “ambiente escolar deve proporcionar harmonia e funcionalidade”,

não somente para os alunos, mas para todos que fazem parte da mesma,

desmitificando a ideia de que o espaço pedagógico deve ser um bom espaço

somente para a educação infantil.

Elen Cristine (2013) ainda ressalta que:

A estética é importante, porém a prioridade deve ser a sensação de bem-estar, um lugar acolhedor no qual, com o decorrer do ano letivo, realizem modificações de acordo com as necessidades das crianças e do grupo.

De acordo com Padilha (2003, p. 84) a escola necessita ser mais alegre,

bela, prazerosa, feliz, democrática, participativa e autônoma. Trabalhar com pessoas

que se sentem na obrigação de comparecer a instituição escolar é difícil, pois as

mesmas não se sentem motivadas a participarem das atividades escolares e ainda

“contaminam os demais”. Para Padilha (2003, p.85) seria melhor trabalhar na

perspectiva da “satisfação e corresponsabilidade com a elaboração do nosso

projeto” do que com a ideia de que “somos todos obrigados a realizar e a participar

do projeto da escola.”.

Para obter a alegria dentro da escola é necessário “a criação de espaços

para as relações interculturais, que respeitam a diferença na convivência direta e

intensa delas, sem subordinação de uma cultura sobre a outra.” (PADILHA, 2003, p.

87).

Num espaço bem cuidado, que valoriza as relações, que agrega valores,

que impulsiona a motivação, etc., sempre haverá pessoas que cuidarão do mesmo e

da convivência nele, pois ninguém gosta de estar em um local sujo, maltratado, com

mal cheiro. Para se sentir bem dentro da escola é necessário que todos tenham a

consciência sobre o patrimônio público, zelando pelo mesmo, deixando-o sempre

limpo e agradável para toda a comunidade. “Nenhuma conquista ou mudança

fundamental acontece gratuitamente, sem esforços, sem luta e sem conflito. Aí está

a dimensão política do ato educativo.”(PADILHA, 2003, p. 87).

Padilha (2003, p. 88) faz uma boa crítica ao sistema na perspectiva de

avanço, atualização, dinamismo:

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Cabe às redes ou aos sistemas municipal, estadual ou federal de ensino (ediríamos, de aprendizagem), atualizarem-se enquanto organizações democráticas que desejam viabilizar a transformação, a mudança das suas escolas. Por isso, precisam readequar as suas próprias estruturas, muitas vezes burocráticas. Os tempos e espaços escolares e pedagógicos passam a ser repensados com base nesta nova lógica, a partir desta nova dialogia, que admite não mais uma única forma de organização nem de aprendizagem e respeita o ritmo de cada pessoa, bem como o ritmo de cada escola.

Pensando sobre esta afirmação, sabe-se que a burocracia é inevitável,

porém não é para ser uma prioridade diante de tantas outras coisas. Pensar no bem

estar do próximo é fundamental para dar o melhor de si, bem como respeitar as

diferenças também é essencial para um melhor desenvolvimento em grupo.

O querer fazer, agir, faz a diferença em qualquer situação, nas escolas

não é diferente, precisa-se de ajuda de todos os lados, não adianta um querer e os

outros ficarem olhando sem nenhuma ação voluntária, diante disso Padilha (2003,

p.88 e 89) diz que:

Sem recursos humanos, financeiros e materiais não se faz a Escola Cidadã. E muito menos sem decisão democrática sobre a gestão desses recursos e sem vontade política dos diferentes sujeitos que optam pela sua construção nos diferentes níveis de decisão sobre política educacional.

A busca por uma escola mais justa, solidária, ativa, participativa, alegre,

dinâmica e esperançosa é constante, mas como começar essa transformação?

Padilha (2003, p. 90) responde:

Invertendo o que geralmente tem sido proposto, um caminho possível é iniciarmos organizando e provocando os diferentes encontros e vivências na escola, aos quais já nos referimos. De acordo com o ritmo de cada unidade escolar e de cada comunidade. Respeitando o seu tempo e o seu espaço, a sua experiência e o seu sonho, incentivando a realização das festas populares na escola e as diferentes manifestações artísticas, sejam elas manifestações culturais ou então processos de educação e formação continuada (tipo oficinas). Eventos tais como festivais de música, festas populares, potencializando na escola e na comunidade, por exemplo, teatro crítico, grupos folclóricos, manifestações da cultura local, trazendo a comunidade para dentro da escola, reuniões de discussão dos problemas do bairro, chamamento de todos a contribuir com a melhoria da qualidade de vida e do ambiente em que vivemos, realizar mutirões de limpeza, de coleta e seleção do lixo, construir jardins e hortas na escola e na comunidade, trabalhar com projetos de vida, com os ciclos de vida, criar situações de encontro e de mobilização comunitária, incentivar cursos na escola demandados pela comunidade e patrocinados pelo Estado em parceria com a Sociedade Civil etc.

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Acredita-se que todo grupo gestor, professores, alunos, comunidade

tenham consciência de que a escola deve passar por todas essas transformações

ditas acima, logo se sabe que muitas instituições não fazem o mínimo para uma boa

vivência em seu espaço. Não é totalmente desanimadora a realidade, existem sim

algumas escolas cidadãs que fazem toda essa dinâmica. Se todos lutarem por essas

transformações haverá alunos mais felizes e motivados a irem à escola.

Figura 02 - Demonstração de uma escola bem articulada e prazerosa

Fonte: http://professorespirambu.blogspot.com.br/2007/12/projeto-poltico-pedaggico.html

Diante desta imagem pode-se identificar o processo de interação entre as

partes que complementam a escola, ou seja, sem elas essa instituição não tem

significado.

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4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de pesquisa

Foi realizada pesquisa bibliográfica em artigos científicos e pesquisa de

campo. Segundo Lakatos:

A pesquisa bibliográfica permite compreender que, se de um lado a resolução de um problema pode ser obtida através dela, por outro, tanto a pesquisa de laboratório quanto à de campo (documentação direta) exigem, como premissa, o levantamento do estudo da questão que se propõe a analisar e solucionar. A pesquisa bibliográfica pode, portanto, ser considerada também como o primeiro passo de toda pesquisa científica. (1992, p.44).

De acordo com Marconi e Lakatos (1996), a pesquisa de campo é uma

fase que é realizada após os estudos bibliográficos, para que o pesquisador tenha

um bom conhecimento sobre o assunto, pois é nesta etapa que ele vai definir os

objetivos da pesquisa, as hipóteses, definir qual é o meio de coleta de dados e a

metodologia aplicada.

4.2 Cenário e período de pesquisa

A pesquisa foi aplicada em uma escola estadual situada em Fortaleza-CE.

Ela está localizada em uma periferia da cidade, no bairro João XXIII, porém é muito

bem cuidada esteticamente, podemos observar que todas as salas de aula têm

ventiladores, a escola dispõe de uma cozinha, refeitório, cantina, biblioteca, sala de

informática, laboratório de química, sala de planejamento, banheiros feminino e

masculino, bebedouros, sala dos professores, quadra de esportes (um pouco

deteriorada) e um amplo espaço de pátio.

A escola recebe alunos da comunidade a que pertence, do 9º ano do

ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio. A instituição tem em média

cinquenta professores distribuídos nos turnos manhã, tarde e noite e três

coordenadoras. A pesquisa foi realizada durante três dias, no período da tarde no

mês de Novembro de 2013.

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4.3 Participantes da pesquisa

Participaram da pesquisa seis professores, trinta alunos do terceiro ano

do Ensino Médio do período da tarde e o diretor da referida escola.

4.4 Coleta de dados

Por ser uma escola pública imaginou-se que o acesso aos entrevistados

não seria tão fácil, porém a coordenadora deu toda a atenção necessária deixando a

pesquisadora bem à vontade para realizar a pesquisa.

Com os alunos foram distribuídos aleatoriamente os questionários com

perguntas fechadas e abertas em duas turmas diferentes. Não houve hesitação por

parte dos mesmos quando foi explicado de que se tratava a pesquisa.

Por outro lado houve decepção com a má vontade dos professores, pois

dos trinta que se encontravam no período da tarde apenas seis responderam ao

questionário, foram deixados vinte questionários na escola por três dias e apenas

20% dos mesmos respondeu.

Por sua vez o diretor foi atencioso pedindo que deixasse o questionário

por pelo menos dois dias com ele, pois seu tempo estava um pouco restrito e assim

foi feito, após esses dias foram obtidas as respostas do mesmo.

A pesquisa tratava dos motivos da evasão, das consequências, do papel

do professor no combate a esse problema e de como a diretoria pode contribui para

evitar a evasão em sua escola. Para cada público investigado foi aplicado um

questionário. (APÊNDICE A, B e C).

4.5 Análise de dados

A análise de dados se deu de forma qualitativa e quantitativa.

De acordo com Richardson (1989) a pesquisa quantitativa é caracterizada

por:

Emprego da quantificação, tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento dessas através de técnicas estatísticas, desde as mais simples até as mais complexas.

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O método da pesquisa qualitativa segundo Richardson (1989) “Se dá à

medida que não emprega um instrumental estatístico como base na análise de um

problema, não pretendendo medir ou numerar categorias”.

Portanto os dados da pesquisa serão aqui representados na forma de

gráficos, com a utilização de percentuais, assim como na forma de discursos

coletados com os pesquisados.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados obtidos com a pesquisa quantitativa e qualitativa através de

questionários sobre a evasão escolar teve a participação dos alunos, professores e

diretor de uma escola pública de Fortaleza. Os resultados poderão ser verificados

abaixo:

5.1 Questionários aplicados com os alunos

Num primeiro momento o questionário aplicado com os alunos coletou

dados que permitiram a caracterização dos mesmos. No gráfico 01 está a

distribuição dos alunos quanto à faixa etária.

Gráfico 01 – Quanto à faixa etária

Fonte: elaboração da pesquisadora (2013).

Nesse gráfico fica claro que todos os alunos pesquisados se encontram

entre 16 e 20 anos de idade. Portanto, os mesmos estão dentro da faixa etária

adequada para o terceiro ano do Ensino Médio, ou seja, concluirão os estudos com

a idade correta.

No gráfico 02 está representada a caracterização dos alunos quanto ao

sexo.

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Gráfico 02 – Quanto ao sexo

Fonte: elaboração da pesquisadora (2013).

Diante dos dados podemos verificar que dos trinta alunos a grande parte

é do sexo feminino (77%). Vale ressaltar que o questionário foi distribuído em duas

turmas diferentes e aleatoriamente.

O gráfico 03 representa os alunos quanto à renda familiar.

Gráfico 03 – Quanto à renda familiar

Fonte: elaboração da pesquisadora (2013).

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Por serem alunos de escola pública muitos imaginam que a renda familiar

deles seja muito baixa, ou até mesmo quase nada, porém não é o que a pesquisa

mostra. Uma parcela de 7% se encontra na situação de baixa renda, os demais

ficam numa renda consideravelmente melhor para o seu sustento familiar que é de

R$ 501,00 a 1.000,00 (56%).

Dos trinta alunos entrevistados no período da tarde nenhum abandonou a

escola até o momento, nem mesmo os cinco que trabalham atualmente durante

quatro horas por dia.

A sétima pergunta do questionário se referia aos motivos que podiam

levar os alunos a abandonarem os estudos. Os resultados da mesma se encontram

no gráfico 04.

Gráfico 04 – Quanto aos motivos de abandono dos estudos

Fonte: elaboração da pesquisadora (2013).

De acordo com o gráfico 04 treze alunos (44%) responderam que

acreditam que o abandono dos estudos acontece por causa de trabalho, treze (43%)

responderam que pode ocorrer por causa de filhos, três (10%) falaram sobre a falta

de dinheiro e um (3%) escolheu a opção “outros” dizendo que a “desigualdade”

também é um fator a ser considerado. Vale resaltar que dez alunos marcaram mais

de uma opção, dentre elas o item “outros” que eles destacaram motivos

consideráveis, “falta de estrutura na educação nacional”, “falta de incentivo” e

“preguiça”.

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De acordo com os autores citados no trabalho todos os motivos

mostrados no gráfico são fatores determinantes para o problema. Segundo Ceratti

(2008) os problemas psicológicos, socioculturais e institucionais são categóricos na

evasão.

A oitava pergunta versava sobre a satisfação com a metodologia do

professor em sala de aula, o que pode ser visualizado no gráfico 05.

Gráfico 05 – Quanto à satisfação com a metodologia de ensino em sala de aula

Fonte: elaboração da pesquisadora (2013).

Dos alunos pesquisados 26 (87%) responderam que estão satisfeitos com

a metodologia aplicada pelos professores em sala de aula e 4 (13%) não estão. Os

motivos relatados pelos satisfeitos se dividem em: “Aprendizagem de novos

conteúdos”; “Ensinam muito bem”; “Boas metodologias” e “Não diferenciam escolas

públicas de particulares.” Já os motivos dos não satisfeitos se dividem em: “Faltas

excessivas de professores”; “Não compreendem os alunos”; “Falta de interesse para

ministrar as aulas.”.

Mendes (2010) apud Angélica Fonseca no site Brasil Escola (2013)

confirma a responsabilidade do professor no processo educacional:

Há consenso quanto o fracasso do ensino vernáculo no Brasil. As diversas avaliações oficiais o confirmam: não se sabe ler, não se sabe escrever. E também não se conhece a gramática tradicional. É comum ouvir dos colegas que nossos alunos não sabem o que seja sujeito e predicado. Costuma-se atribuir tal fracasso a várias causas, de diversas naturezas.

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Certamente nem todas as causas são de nossa responsabilidade. Mas raramente admite-se que as teorias e metodologias que dão suporte a esse ensino podem não ser as mais adequadas. (...) com isso aprendi algumas lições: a não ter preconceitos pelas novidades, mas a não desacreditar a tradição (...).

A última questão perguntou o que os motiva a estudar. Foram várias

respostas, dentre elas destacamos:

• “Fazer faculdade e ter um bom trabalho”;

• “Crescer na vida para sustentar a família”;

• “Nada”;

• “Ter uma vida confortável”;

• “Progredir profissionalmente”;

• “Ter mais conhecimento e visão de mundo”;

• “Estabilidade no futuro”;

• “Vontade de vencer na vida”;

• “Saber que todos os dias encontrarei ótimos professores”.

Segundo Junior Achievemento site Já Brasil (2013) dá algumas dicas de

atividades para estimular os alunos a se motivarem a estarem na escola. Seguem no

quadro abaixo:

Quadro 07 – Atividades para estimular os alunos a estarem na escola

Atividades Objetivos educacionais Conceitos e habilidades

O Jogo das Grandes Decisões Os alunos descobrem a relação entre

educação, opções de carreira e o

alcance de metas, jogando um jogo de

tabuleiro.

⋅ Êxitos.

⋅ Educação.

⋅ Opções de carreira.

⋅ Renda.

⋅ Oportunidades educacionais.

As Estatísticas mostram as

Vantagens de Permanecer na

Os alunos visualizam os níveis de

renda em relação ao nível de educação

formal das pessoas. Aprendem a

⋅ Renda média.

⋅ Escolaridade.

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Escola visualizar os custos e as vantagens de

estudar.

⋅ Custos de oportunidade.

⋅ Custos financeiros.

Desenvolvendo Meu Próprio

Orçamento

Os estudantes vivenciam as

dificuldades de viver e se sustentar

independentemente, possuindo uma

baixa escolaridade.

⋅ Custo de vida.

⋅ Orçamento mensal.

⋅ Uso dos classificados.

⋅ Salários.

⋅ Encargos.

Projetando-se Para o Futuro Os estudantes realizam um

planejamento de carreira e se

preparam para uma entrevista para

emprego.

⋅ Análise de habilidades pessoais.

⋅ Como se portar em uma entrevista

para emprego.

Debatendo Sobre Nossos

Problemas

Os estudantes trabalham em grupos

para levantar argumentos e debater

sobre a evasão escolar.

Escrevem uma carta a um amigo que

esteja pensando em abandonar a

escola.

⋅ Argumentação.

⋅ Trabalho em equipe.

Fonte:http://www.jabrasil.org.br/jabr/programas/as-vantagens-de-permanecer-na-escola

Só o querer fazer não adianta, a ação é fundamental no desenvolvimento

de qualquer projeto. Fazer pesquisas com os alunos para saber quais as principais

dificuldades deles é o primeiro passo para pensar numa estratégia de projetos, como

por exemplo, palestras, debates, cursos, para que assim possa estimula-los a se

sentirem parte ativa dentro da escola.

5.2 Questionários aplicados com professores

Ao todo seis professores responderam ao questionário sobre evasão,

seguem as ideias abordadas logo abaixo.

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Na primeira questão foi perguntado se existia preocupação com a evasão

escolar. Se sim, como ela poderia ser evitada. Todos os professores disseram que

se preocupavam com a evasão escolar principalmente no período noturno onde o

número de evadidos são maiores. Segue abaixo o que foi respondido quanto ao que

pode ser feito para que essa situação seja evitada:

• “Entender a realidade em que o aluno se encontra”;

• “Incentivando os que persistem, melhoria quanto ao tempo de encerramento

das aulas noturnas, melhorar a merenda, aulas mais atraentes e projetos

escolares”;

• “Palestras de incentivo aos estudos, com alunos e pais”;

• “Uma escola atenciosa com seus alunos”;

• “Um bom Plano Político Pedagógico que compreenda e atenda as

necessidades e que se encaixe na realidade social e cultural dos alunos”.

Conforme artigo publicado no Cefapro, Silva e Santos (2011) concordam

que o professor deve se dedicar a:

Uma educação crítica, transformadora e democrática de que Paulo Freire (2002) sempre defendeu. É preciso elevar as formas de ensinar e de aprender para que o aluno participe como sujeito ativo e consciente do processo de ensino e aprendizagem.

A segunda pergunta indagava sobre quais razões poderiam ser

consideradas em relação à dificuldade de retorno de alunos já evadidos. Segue o

que foi apontado pelos professores em relação aos alunos evadidos:

• “Não se sentem parte da escola ou até mesmo da sociedade em que vivem”;

• “Não tem motivação em casa e nem na escola”;

• “Incapacidade de acompanhar os estudos, necessidade de trabalhar”;

• “Distância da escola, gravidez”.

De acordo com Ferraro (1999) em relação ao retorno do alunos evadidos

existe “A exclusão na escola por motivos de reprovação e repetência”, o que é um

fator considerável. Já Ceratti (2008) diz que a metodologia do professor e os

problemas de ordem econômica e social também são considerados pontos

negativos para o retorno daqueles.

A terceira pergunta se refere aos principais problemas encontrados em

sala de aula. Os professores citaram:

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• “A exaustão do trabalho”;

• “Falta de materiais de qualidade, calor”;

• “Falta de base acadêmica, inversão de valores culturais e comportamentais”;

• “Indisciplina”;

• “Dispersão e desinteresse”.

A docência requer desafios, portanto Paulo Freire (2001, p. 259 e 260)

afirma que:

O fato, porém, de que ensinar ensina o ensinante a ensinar um certo conteúdo não deve significar, de modo algum, que o ensinante se aventure a ensinar sem competência para fazê-lo. Não o autoriza a ensinar o que não sabe. A responsabilidade ética, política e profissional do ensinante lhe coloca o dever de se preparar, de se capacitar, de se formar antes mesmo de iniciar sua atividade docente. Esta atividade exige que sua preparação, sua capacitação, sua formação se tornem processos permanentes. Sua experiência docente, se bem percebida e bem vivida, vai deixando claro que ela requer uma formação permanente do ensinante. Formação que se funda na análise crítica de sua prática.

De acordo com os problemas citados acima, dos seis professores

questionados três (50%) confirmam a contribuição da direção na solução dos

problemas, por outro lado três (50%) disseram que a direção não contribui devido à

falta de verbas.

Após todas essas reflexões foram dadas sugestões pelos educadores

para que se evite a evasão na escola pesquisada:

• “Tornar o ambiente agradável para ambas às partes”;

• “Conscientizar o aluno no ato da matrícula da importância da conclusão do

Ensino Médio para inserção no mercado de trabalho”;

• “Projetos culturais principalmente no período noturno, mutirões de incentivo

especialmente nos dias de menos frequências (segundas e sextas-feiras)”;

• “Exibição de filmes inseridos em projetos da escola”;

• “Fazer com que as provas e os trabalhos se tornem compromisso do aluno”;

• “Dar ao aluno propósito para estar na escola”.

Segundo Maria Barbosa coordenadora pedagógica do Centro de

Educação e Documentação para Ação Comunitária (Cedac) e consultora da Revista

Nova Escola - Gestão Escolar (2013) a escola deve fazer:

(...) o acompanhamento da frequência para que a escola possa atender com qualidade e equidade, planejar e organizar a formação e a atribuição das classes e organize as salas e para que o gestor tenha elementos para

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analisar adequadamente o movimento na instituição e o andamento do processo de ensino e aprendizagem dos alunos.

Acompanhar de perto todos os procedimentos escolares facilita a

produtividade dos envolvidos (direção, alunos e professores).

5.3 Questionário aplicado com o diretor da escola

O diretor da escola pesquisada foi claro e objetivo em suas respostas. O

mesmo tem plena consciência sobre a evasão em sua escola ao afirmar que a

mesma está relacionada ao: “(...) grande número de alunos matriculados que não

frequentam a escola ou simplesmente abandonam os estudos”.

Ao ser questionado sobre os responsáveis pelo problema, ele indica os

alunos, pais e infraestrutura.

Sabe-se que os problemas são diversos, porém tentar resolver o fracasso

escolar não é ficar tentando adivinhar quem é o responsável pelo fato. A maior

preocupação é o aprendizado. (QUEIROZ, 2012). No entanto é fácil culpar o aluno

pelo abandono, mas o desafio de diminuir os índices de evasão está no fato da

escola repensar suas práticas cotidianas.

A terceira questão perguntou quais os principais motivos da evasão na

escola pesquisada. Ele então citou alguns motivos, como:

• “Falta de interesse dos alunos pela educação”;

• “Falta de uma estrutura familiar”;

• “Falta de um atrativo na escola”.

Esses fatores apontados são significativos, mas não se pode esquecer de

que também existem fatores externos que contribuem para a evasão como citou

Noêmia Lopes na Revista Nova Escola – Gestão Escolar (2013) “a necessidade de

entrar no mercado de trabalho, doenças crônicas, drogas, gravidez”.

Quando questionado sobre o que é feito para evitar a evasão e recuperar

os evadidos, o pesquisado apontou:

• “Conscientizar os alunos através de palestras, dando ênfase na importância

da educação”;

• “Conscientizar os pais do papel deles na educação de seus filhos”;

• “Trazer para a escola atrativos para os alunos”.

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Conforme os estudos sobre a evasão, pode se verificar a importância de

um grêmio estudantil e associação de pais na escola para que o aluno se sinta parte

integrante da mesma e participe das melhorias no espaço escolar. Porém,

infelizmente na instituição de ensino pesquisada não há esses projetos.

Dando toda essa importância para ambos o Portal Educação (2013)

enfatiza a necessidade desses conselhos dentro da escola, informando sobre o

papel de cada um:

Associação de Pais e Mestres (APM) é um órgão de representação dos pais e profissionais da escola, que, em uma ação conjunta, objetivam desenvolver medidas de interesse comum, com espírito de liderança, responsabilidade, respeitando a coletividade educacional e a legislação vigente. O Grêmio Estudantil é outra forma de organização colegiada na escola. Esse colegiado, organizado e composto pelos alunos, pode ser considerado como uma das primeiras oportunidades que os jovens têm em participar de maneira organizada das decisões de uma instituição, agindo em uma perspectiva política em benefício, no caso da escola, da qualidade de ensino e de aprendizagem.

Ainda segundo o pesquisado a participação familiar é muito importante no

processo educacional para que o aluno tenha motivação e melhoria nos aspectos

cognitivos e sociais do mesmo. Pensando assim o diretor concorda que “a base de

toda educação começa em casa, através de conversas e mostrando ao filho os

mecanismos de como viver em sociedade”.

A família é a base de tudo, na educação não é diferente, refletiremos

sobre a importância da família a seguir:

[...] A aprendizagem envolve pensamento, afeto, linguagem e ação. Esses processos precisam estar em harmonia para que o sucesso seja obtido, e a família tem papel essencial e indispensável nesse processo. A família sempre desenvolveu e sempre desenvolverá expectativas com relação aos filhos. Com relação ao processo educacional, não é diferente. [...] para diferentes autores, independentemente da origem do problema, é dentro do contexto familiar que as dificuldades serão amenizadas ou multiplicadas. (POLITY, 1998 apud MIGUEL e BRAGA, 2013, p.07).

Por fim quando perguntado sobre a existência de algum projeto que tenha

dentro da escola para evitar a evasão, o mesmo relatou que para que os alunos não

busquem atrativos fora da escola são desenvolvidas “aulas mais dinâmicas,

professores capacitados com novas visões sobre a educação, motivando assim os

alunos a assistirem aula”.

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Trabalhar com ferramentas de incentivo, motivações, curiosidades é

fundamental para a evolução cognitiva e pessoal do aluno, diante disso Jussara de

Barros (graduada em Pedagogia), afirma no site Brasil Escola (2013) que:

A proposta de se trabalhar com projetos é justamente a de proporcionar um ambiente favorável ao saber. [...] Para que eles percebam que a sala de aula não é o lugar onde deve-se engolir os conteúdos passados pelos professores, mas um espaço aberto de trocas de conhecimento.Com certeza, com essa abertura, o sucesso acontecerá, pois um grupo ativo, motivado e envolvido produz muito mais do que os acostumados à passividade.

Uma sala de aula necessita de movimento para permanecer viva. Os

alunos já estão desmotivados a enfrentarem uma sala de aula tradicional, onde o

professor joga os conteúdos e cobra em seguida. Já está na hora de mudar essa

situação.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante de tudo que foi pesquisado bibliograficamente e na pesquisa de

campo pôde-se responder com clareza os questionamentos feitos.

Sabe-se que a evasão escolar tem várias vertentes que identificam os

motivos, causas e consequências para que ocorra tal fato. Para tanto podemos

constatar através dessa pesquisa que esta só aumenta e que não existe somente

um “culpado” para o problema e sim todos (pais, professores, direção, comunidade e

governo) têm uma parcela de comprometimento.

Verificou-se que o papel da família no processo educacional é

fundamental para a permanência do aluno na escola, com perspectivas de evolução

e amadurecimento durante esse processo. Para tanto a união entre família e escola

é sem dúvidas grandiosa e essencial para evitar problemas futuros. A família deve

estar cada vez mais próxima da escola e esta instituição deve se utilizar de artifícios

para fortalecer esta união, incluindo os pais em seus projetos.

O papel do professor é aguçar a curiosidade dos alunos, na perspectiva

do avanço na maturação, do desejo de ir além do conhecimento, ou seja, é ensinar a

pensar. Essa postura poderá motivar mais os alunos a permanecerem no ambiente

escolar.

O papel da direção é o olhar para o todo, sempre trabalhar com

positivismo, motivação, preparar os educadores constantemente, estar sempre

disposta a ouvir o outro e acreditar na sua equipe. Liderar não significa

autoritarismo, mas sim estar sempre à disposição de ajudar o próximo. Essa

proximidade de alunos e professores pode estimular uma ambiência mais agradável

e colhedora, estimulando o desejo de estar na escola.

A comunidade também tem sua parcela de importância no combate à

evasão que está em ajudar o desenvolvimento escolar por meio da atuação em

conselhos escolares ou equivalentes, prevendo, portanto, uma abertura maior para a

participação da comunidade externa, fomentando a presença das famílias na escola.

O papel do governo é proporcionar meios facilitadores para as escolas

possibilitando que as mesmas possam trabalhar de forma que valorizem os

professores, consequentemente com essa valorização os resultados serão obtidos

nos alunos. Além disso o investimento em infraestrutura, material pedagógico e de

apoio, além de novas metodologias de ensino e aprendizagem pode motivar mas a

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permanência dos estudantes e retorno daqueles que se evadiram. O governo é o

principal meio de melhorar a educação do país, pois o mesmo tem o poder de abrir

caminhos para o sucesso dos principais envolvidos com a educação.

Frente ao exposto ainda pode-se crer em soluções para toda essa

complexidade. Seguem abaixo:

Trabalhar com os alunos que ainda estão dentro da escola, dando suporte e

atenção a todos, sempre buscando junto à família informações do que está

acontecendo com as crianças;

Fazer um trabalho de aproximação dos professores e alunos, com o objetivo

de apoio. A ajuda do profissional não se restringe somente dentro da sala,

mas também fora dela. O intuito é o desenvolvimento da afetividade e relação

de parceria entre professores e alunos, com a direção numa posição de

mediação desse processo;

Criar projetos que tragam para dentro da escola toda a comunidade, inclusive

os pais, para que todos participem e estejam informados sobre tudo que

acontece dentro da instituição e possa dar sua opinião para a melhoria da

mesma;

Planejar estratégias para a reintegração dos alunos que abandonaram a

escola. Estimulando o desejo deles de voltarem à mesma. Disponibilizando

assim palestras motivadoras, atividades culturais, esportes, cursos

profissionalizantes, etc.

O educador deve buscar continuadamente a qualificação profissional para

que suas práticas pedagógicas não se tornem tradicionalistas e evitem o

desinteresse dos alunos.

Tornar o ambiente escolar atrativo, alegre, belo, prazeroso, feliz, democrático,

participativo e autônomo, levando assim os alunos a terem interesse de

estarem na escola sendo integrantes participativos do processo escolar. A

participação em grêmios escolares, também na elaboração de regras de

convivência no ambiente escolar pode estimular mais ainda essa

participação;

Há a necessidade de políticas públicas que respaldem um financiamento mais

efetivo da educação, com vistas para a infraestrutura, material didático e

projetos educativos na escola.

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Identificou-se através de uma pesquisa de campo que a evasão se

concentra mais no turno da noite. A turma analisada, que pertence ao turno da tarde,

não apresenta evasão. Porém é importante que a escola atente para essa questão,

pois os índices de evasão estão relacionados às drogas, analfabetismo, gravidez na

adolescência, abandono familiar, etc., como relacionado pelos pesquisados.

Portanto diante de tudo que foi exposto pode-se entender que um

trabalho de união e seriedade pode produzir resultados satisfatórios. O sinal

vermelho está aceso para as dificuldades presentes nas escolas públicas, não só

em relação à evasão, mas também nas condições precárias de infraestrutura.

Também são necessários mais estudos para que haja maior compreensão sobre o

assunto e possibilidades de solução dos mesmos.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICES

APÊNDICE A – Questionário aplicado aos alunos.

Este questionário tem como finalidade obter informações sobre os fatores que

contribuem para a evasão escolar, tema de minha monografia para a conclusão do

curso de Pedagogia da Faculdade Cearense.

Na oportunidade, agradeço a colaboração de todos que puderam contribuir com a

pesquisa.

1- Sua idade atual está entre:

( ) 16 e 20 anos

( ) 21 e 24 anos

( ) Mais de 25 anos

2- Sexo:

( ) Masculino

( ) Feminino

3- Renda familiar:

( ) até 260 reais ( ) de 261 a 500 reais ( ) de 501 a 1.000 reais

( ) acima de 1.000 reais

4- Você já abandonou a escola alguma vez?

( ) Sim

( ) Não

5- Em caso afirmativo da questão anterior, você abandonou:

( ) Para trabalhar e ajudar a família

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( ) Porque não gostava de estudar

( ) Porque não gostava das aulas

( ) Porque não aprendia nada

( ) Porque não tinha meio de transporte para chegar até a escola

( ) Por outras causas

6- Atualmente você trabalha?

( ) Sim ( ) Não Carga horária de trabalho: ______________________

7- Para você, quais os motivos que levam uma pessoa que estuda a abandonar a escola?

( ) trabalho

( ) filhos

( ) distância entre a residência e a escola

( ) falta de alimentação

( ) falta de dinheiro

( ) outros. Quais? ______________________________________________

8- Você está satisfeito (a) com a metodologia dos professores?

( ) Sim

( ) Não

Por quê? __________________________________________________________________________________________________________________________

9- O que motiva você a estudar?

__________________________________________________________________________________________________________________________

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APÊNDICE B – Questionário aplicado aos professores.

Este questionário tem como finalidade obter informações sobre os fatores que

contribuem para a evasão escolar, tema de minha monografia para a conclusão do

curso de Pedagogia da Faculdade Cearense.

Na oportunidade, agradeço a colaboração de todos que puderam contribuir com a

pesquisa.

1- Você como educador se preocupa com a evasão escolar? Se sim, como pode ser evitado?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

2- A grande maioria dos alunos evadidos não retornam para a escola, por qual razão na sua opinião.

______________________________________________________________________________________________________________________________________

3- Quais os principais problemas encontrados em suas aulas? Pode ser evitado? Como?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

4- A direção contribui para os problemas encontrados?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Para você, quais os motivos que levam os alunos abandonarem a escola?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

6- Dê sugestões para a evasão não acontecer nessa escola.

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___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

APÊNDICE C – Questionário aplicado a Direção.

Este questionário tem como finalidade obter informações sobre os fatores que

contribuem para a evasão escolar, tema de minha monografia para a conclusão do

curso de Pedagogia da Faculdade Cearense.

Na oportunidade, agradeço a colaboração de todos que puderam contribuir com a

pesquisa.

1- A gestão tem consciência sobre a evasão escolar em sua escola? Justifique.

______________________________________________________________________________________________________________________________________

2- Quem é o responsável pela evasão na escola?

( ) Alunos ( ) Pais ( ) Professores ( ) Direção ( ) Infraestrutura

( ) Outros: _________________________________

3- Quais os principais motivos da evasão nessa escola?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

4- O que é feito para evitar a evasão e recuperar os evadidos?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

5- Existe na sua escola o grêmio estudantil e associação de pais? Se sim, como eles contribuem para a melhoria da escola?

______________________________________________________________________________________________________________________________________

6- Você considera a participação da família no processo escolar significativa? Por quê?

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______________________________________________________________________________________________________________________________________

7- Existe algum projeto dentro da escola para evitar a evasão escolar? Se sim, está obtendo resultados satisfatórios? Como?

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________