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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO
DEPARTAMENTO DE CIENCIAS EXATAS E NATURAIS
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA
MARIA ALINY DE MORAIS HOLANDA
PROGRAMAS DE APOIO A USUÁRIOS DE ÁLCOOL NA CONSTRUÇÃO CIVIL:
UM ESTUDO EM EMPRESAS DE MOSSORÓ - RN
MOSSORÓ-RN
2013
MARIA ALINY DE MORAIS HOLANDA
PROGRAMAS DE APOIO A USUÁRIOS DE ÁLCOOL NA CONSTRUÇÃO CIVIL:
UM ESTUDO EM EMPRESAS DE MOSSORÓ - RN
Monografia apresentada a Universidade Federal
Rural do Semi-Árido – UFERSA, Departamento
de Ciências Ambientais e Tecnológicas para a
obtenção do título de Bacharel em Ciência e
Tecnologia.
Orientadora: Profª. Msc. Miriam Karla Rocha
MOSSORÓ-RN
2013
Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e
catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA.
H722p Holanda, Maria Aliny de Morais.
Programas de apoio a usuários de álcool na construção
civil: um estudo em empresas de Mossoró-RN / Maria Aliny de
Morais Holanda. – Mossoró, RN : 2013.
36f. : il.
Orientador: Profª. Msc. Miriam Karla Rocha.
Monografia (Graduação) – Universidade Federal Rural
do Semi-Árido, Graduação em Ciência e Tecnologia, 2013.
1. Prevenção. 2. Álcool. 3. Trabalho. 4. Construção
civil. I. Título.
CDD: 658.38
Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo
CRB-5/1033
Aos Meus pais Antonio Holanda
Sobrinho e Santana Batista de
Morais Holanda, pelo exemplo,
amor e força, e por serem os
responsáveis por tudo que consegui
e sou.
AGRADECIMENTOS
A Deus, por ser Ele o motivo maior que nos leva a seguir em frente, concedendo-nos a
capacidade e oportunidade de viver e evoluir.
A minha Mãe e meu Pai, Santana Batista de Morais Holanda e Antonio Holanda Sobrinho
pelo amor que me dedicaram a todo instante, pela formação do meu caráter e por me
colocarem sempre em primeiro plano, sempre se sacrificando e colocando meus sonhos em
primeiro lugar fazendo com que eu pudesse alcançar meus objetivos. Amo Vocês.
As Minhas Irmãs Maria Alcimeire Holanda Morais e Francisca Alida Holanda de Morais,
pelos bons e maus momentos pelo sentimento de fraternidade e pelas irmãs maravilhosas que
vocês sempre foram para mim e o melhor que Deus poderia me conceder.
Aos meus sobrinhos Lavinnya Letícia Holanda Morais, Eidan Lucas Holanda de Morais
Rodrigues, Lara Viviam Holanda Morais e Ana Cecília Holanda Morais Rodrigues. Pelo amor
pelo carinho e pela sensação única, especial e incrivelmente de ser tia. Pelos momentos em
que eu estava triste preocupada e cansada e ao ver o brilho no olhar de cada um, o sorriso
mágico e o abraço acolhedor que me dizia: Tia, eu não sei o que está se passando mas, tudo é
possível. Obrigado meus amores eu amo vocês todos muito.
A minha segunda mãe, que Deus me proporcionou a benção de ser adotada por ela Eliane
Moreira da Cunha. Uma mulher, guerreira e virtuosa, que se tornou meu exemplo de vida e de
fé. Te amo incondicionalmente.
A Manoela Enaile da Cunha, pela irmã incrível e maravilhosa que ela se tornou para mim pela
menina abençoada e iluminada que ela é e que eu tive a honra de conhecer e me tomar sua
irmã.
Ao Professor Marco Antonio Dantas de Souza e a professora Miriam Karla Rocha por terem,
confiando na minha capacidade e permitindo que eu me encaminhasse na direção certa na
busca de meus objetivos, pela dedicação e exigência, e ainda pelo exemplo como
profissionais.
A Manoel Laudimi da Cunha, pelo exemplo de homem honesto e trabalhador e um excelente
pai de família que me recebeu em sua casa como uma filha só tenho a agradecer. A Emanuel
Valério da Cunha pelo menino simples e especial que tem um jeito particular de ser, mas que
sem duvida é uma pessoa maravilhosa.
A minha amiga, Alcimara Rocha que em certos momentos já foi irmã, mãe, mas que sempre
esteve ao meu lado, em todos os momentos fácies ou difíceis sei que é sempre posso contar
com você, sempre me compreendendo e apoiando. Amo de uma forma inexplicável, gratuita e
bonita. Sem você nada teria sido como foi.
A minha amiga e futura advogada também, Gleice Barbosa pela simplicidade, alegria e
amizade que sempre me proporcionou e a companhia desde o ensino médio, mas que dura até
então e que nunca nos afastemos.
A Junior Bezerra, mais que um amigo um irmão sempre presente, por todos os momentos de
alegria e tristeza que compartilhamos, pelo modo como sempre enfrentou a vida e as
dificuldades um exemplo de persistência e alegria. Amo você.
A Laerte Rodrigues, que sempre me divertiu muito, com seu jeito de ser excêntrico e seu
coração maior que tudo, sempre disposto a me ajudar, amizade não se explica.
A os meus amigos de turma, Thales, Filipe, Elys, Kátia, Patricia, e todos os amigos próximos
ou distantes não mencionados, mas que contribuíram de forma direta ou indireta para
realização deste trabalho e a minha construção como profissional.
Aos Professores, próximos ou distantes, que dedicaram seu tempo e atenção para que eu
pudesse aprender tudo o que precisei, pela colaboração na minha formação como profissional
e como cidadã.
“No fundo, heróis, porque só os heróis
esperam e sonham.”
(Monteiro Lobato)
RESUMO
O uso abusivo de álcool é um fenômeno antigo que tem acompanhado a história da
humanidade, vem crescendo demasiadamente nos dias atuais. A magnitude deste problema
ganhou tal proporção que atualmente é um problema de saúde pública no país. O uso indevido
de álcool se reflete nos diversos segmentos da sociedade por sua relação comprovada com
problemas sociais, tais como os acidentes de trabalho. O uso do álcool é uma prática bastante
frequente na sociedade, aceita, bem como reforçada por esta. O álcool é considerado uma
droga psicotrópica e dependendo da sua usabilidade e nível de consumo, o individuo pode
desenvolver uma dependência alcoólica. O alcoolismo é um fato mundial que atinge diversas
classes sociais no mundo. Ele associado à vida daqueles que fazem uso do álcool podendo
interferir nas relações pessoais, sociais e profissionais. A ingestão de álcool por trabalhadores,
dentro de empresas é um fato que ocorre com frequência. Estudar o uso de álcool por
trabalhadores da construção civil se faz importante devido à ocorrência comum deste fato e
por este fator apresentar riscos a trabalhadores além de está ser uma área de grande risco. O
uso de álcool por estes trabalhadores durante o seu expediente é uma pratica inadequada e
perigosa que oferece grandes riscos a saúde do trabalhador bem como da oportunidade para
ocorrência de acidentes. A investigação cientifica poderá contribuir no sentido de conhecer as
diversas faces que compõem o consumo de álcool por trabalhadores da construção civil, para
lidar com a temática e na formulação e implementação de políticas internas e programas de
prevenção e tratamento dentro de empresas, com o intuito de dar assistência a estes
trabalhadores dando ênfase na reabilitação e prevenção.
Palavras-chave: Construção Civil. Álcool. Trabalho. Prevenção.
ABSTRACT
The alcohol abuse is an old phenomenon which has accompanied the history of
mankind, and that growing abuse today. The magnitude of this problem has gained such
proportion that currently is a public health problem in the country. The misuse of alcohol is
reflected in the various segments of society by their demonstrated relationship to social
problems such as accidents. The use of alcohol is a very common practice in society just
accepts and strengthened by it. Alcohol use within companies is a fact that occurs frequently.
Studying the use of alcohol by construction workers becomes important due to the common
occurrence of this fact and this factor present risks to workers as well as be is an area of great
risk. Alcohol use by these workers during their shift is an inadequate and dangerous practice
that offers great risks to worker health as well as the opportunity for accidents. Scientific
research can contribute towards meeting the diverse faces that make up the consumption of
alcohol by construction workers, to deal with the issue and the formulation and
implementation of internal policies and programs for prevention and treatment within
companies, with the aim to assist these workers.
Key-Words: Construction. Alcohol. Work.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fluxograma 1 – Estrutura do Trabalho................................................................................20
Tabela 1 – Quantidade de funcionários por empresa. .............................................................. 36
Tabela 2: Análise qualitativa do grau de maturidade das empresas quanto ao assunto
alcoolismo no ambiente de trabalho. ........................................................................................ 52
Figura 1 - Semáforo, grau de maturidade das empresas......................................................53
Tabela 3 – Atribuição de valores ao grau de maturidade das empresas..................................54
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 - Conhecimento de trabalhadores sobre as políticas das empresas. .................... 39
GRÁFICO 2 - Conhecimento de trabalhadores sobre substâncias possíveis de serem
consumidas dentro da empresa. ................................................................................................ 40
GRÁFICO 3 - O álcool já criou problemas dentro da empresa. ............................................. 40
GRÁFICO 4 – Periodicidade de acidente dentro da empresas no intervalo de um ano. .......... 41
GRÁFICO 5 – Acidentes relacionados ao uso de álcool.......................................................... 42
GRÁFICO 6 – Informação dos trabalahdores sobre os riscos do álcool. ................................. 42
GRÁFICO 7 – Frequência de alcoolismo dentro das empresas. .............................................. 43
GRÁFICO 8 – Dados sobre alcoolismo dentro das empresas. ................................................ 43
GRÁFICO 9 – Perfil de trabalhadores que já apresentaram problemas relacionados ao álcool.
.................................................................................................................................................. 44
GRÁFICO 10 – Faltas dos trabalhadores motivadas por bebidas alcoolicas. .......................... 45
GRÁFICO 11 – Demissões associadas ao uso de alcool. ........................................................ 45
GRÁFICO 12 – Realização de analise toxicologica realizada nas empresas. .......................... 46
GRÁFICO 13 – Analise toxicologica realizada nas empresas. ................................................ 47
GRÁFICO 14 – Programas Preventivos. .................................................................................. 47
GRÁFICO 15 – Eventos e Informações Sobre Alcoolismo Dentro da Empresa. .................... 48
GRÁFICO 16 – Abordagem de Programas de Consientização. ............................................... 48
GRÁFICO 18 – Programas de Reinserção Social para Dependentes quimicos ou dependestes
de álcool. ................................................................................................................................... 50
GRÁFICO 19 –Assitência Proveniente de Outras Entidades. .................................................. 50
GRÁFICO 20 – Grau de Maturidade das empresas da contrução civil de Mossoró quanto ao
alcoolismo nas empresas .......................................................................................................... 53
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DDS – Diálogo Diário de Segurança
EPC – Equipamento de Proteção Coletiva
EPI – Equipamento de Proteção Individual
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
OMS – Organização Mundial da Saúde
OIT – Organização Internacional do Trabalho
PCMAT – Programa de Condições e Meio Ambiente de Trabalho
SENAD – Secretaria Nacional Antidrogas
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SESI – Serviço Social da Indústria
SINDUSCON – Sindicato da Indústria da Construção Civil
SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 16
1.1 O USO DE ALCOOL POR TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL ..... 16
1.2 SITUAÇÃO-PROBLEMA ........................................................................................ 17
1.3 JUSTIFICATIVA ........................................................................................................... 19
1.4 OBJETIVOS ................................................................................................................... 19
1.4.1 Objetivo Geral ....................................................................................................... 19
1.4.2 Objetivos Específicos ............................................................................................. 20
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................... 20
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 22
2.1 DEFINIÇÕES ................................................................................................................. 22
2.2 O ÁLCOOL COMO UMA DROGA ............................................................................. 23
2.3 A UTILIZAÇÃO DE ÁLCOOL POR TRABALHADORES ........................................ 25
2.4 O USO DE ÁLCOOL POR TRABALHADORES PERSPECTIVA NA INDÚSTRIA
DA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................................................................. 28
2.5 PRINCIPAIS CAUSAS DA UTILIZAÇÃO DO ÁLCOOL .......................................... 30
2.6 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ÁLCOOL NAS EMPRESAS .......................... 31
3 METODOLOGIA ................................................................................................................ 34
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .............................................................................. 34
3.2 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO E COLETA DE DADOS ................................... 36
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 37
4.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL EM MOSSORÓ .................................................................. 37
4.1.1 Álcool e Ambiente de Trabalho ............................................................................ 38
4.1.2 Prevenção do Uso de Álcool Dentro da Empresa ............................................... 42
4.1.3 Prevenção e Programas Assistenciais Dentro da Empresa ................................ 46
5 CONCLUSÕES .................................................................................................................... 55
5.1 DIFICULDADES ENCONTRADAS ............................................................................ 56
5.2 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS ........................................................... 56
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 58
ANEXO A – Questionário Aplicado em Empresas ............................................................ 61
16
1 INTRODUÇÃO
1.1 O USO DE ALCOOL POR TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL
O uso de álcool pelo homem ocorre desde o início dos tempos. Com o avanço da
tecnologia e dos processos industriais o uso do álcool passou a ser indiscriminado pela
sociedade. Embora seja considerado um tipo de droga, sua utilização é permitida por lei.
Assim sendo, o álcool é considerado, uma droga lícita. Segundo SENAD (2006. p. 28) “O
álcool etílico é um produto de fermentação de carboidratos presentes em vegetais. Suas
propriedades euforizantes e intoxicantes são conhecidas desde tempos pré-históricos e
praticamente todas as culturas têm ou tiveram alguma experiência com sua utilização.”.
O uso de álcool por trabalhadores dentro ou fora do ambiente de trabalho é uma
prática comum e apresenta reflexos expressivamente negativos no desempenho do
profissional, pois esta substância desenvolve efeitos tanto físicos como psíquicos. Algumas
destas adulterações podem ser: alterações psicológicas, o desenvolvimento de dependência
química, possíveis alterações no metabolismo dentre outras doenças vinculadas ao uso
demasiado (SENAD, 2006). Além dos problemas citados o álcool também pode interferir no
convívio social, dentro do contexto família e no ambiente de trabalho.
O alcoolismo é uma síndrome que afeta grande parte da população brasileira. Isto
pode ser considerado um problema social e a participação das empresas na resolução deste
problema mostra-se fundamental. Muitas empresas optam por ignorar e tomar isto como um
problema, desfazendo o vinculo empregatício do trabalhador, pois o exercício das atividades
sobre o efeito de substâncias psicoativas são de grande risco a empresa e ao empregado,
comprometendo o desenvolvimento de suas atividades e podendo acarretar acidentes de
trabalho, afastamento do trabalhador por motivos de doença, redução da produtividade,
absenteísmo etc.
Visto o crescente desenvolvimento do alcoolismo dentro das empresas, muitas
começam a se preocupar com estas questões. Por isto o interesse em desenvolver soluções que
visam a minimização destes problemas através de programas sociais de prevenção e
assistência aos trabalhadores que desenvolvem esta patologia.
17
No âmbito do trabalho, as organizações vêm despertando seu
interesse para o desenvolvimento de estratégias e implantação de
programas preventivos ao uso indevido do álcool e outras drogas. O
que motiva estas ações são as consequências negativas trazidas à
saúde do trabalhador e à sua produção. (CARLINI apud SANTOS,
2010, p.1).
A indústria da construção civil teve um grande impulso e aceleração ao longo do
tempo devido o desenvolvimento contínuo da população, juntamente com o aumento do poder
aquisitivo nos últimos anos das famílias brasileiras. Desde 2006 este setor da indústria passou
a ser incentivado por medidas governamentais o que estimulou o seu crescimento
(ANTUNES, 2012.). Com isto esta área trabalhista se intensificou, assim como as
problemáticas ao seu respeito.
O uso de álcool por trabalhadores da indústria da construção civil é um fato que vem
ocorrendo com frequência cada vez maior.
“... algumas situações específicas do trabalho favorecem o
aumento do uso do álcool, a saber: disponibilidade do álcool; pressão
social para beber; altos ou baixos rendimentos; tensão, estresse e
perigo; volume de trabalho insuficiente ou excessivo; invisibilidade do
trabalho; pressão quanto a horários e metas; condições climáticas
adversas; isolamento social; trabalho noturno.” (SANTOS et al. 2010,
p.1)
Muitas destas situações estão presentes na indústria da construção civil. Já no caso da
construção civil o uso de álcool por parte destes trabalhadores está associado a diversos
fatores. Para Antunes, (2012), “No caso da construção civil ela pode estar ligada a redução do
sentimento de impotência contra uma instituição rígida que visa o maior beneficiário, o
patrão.” Pode ainda estar associado a problemas psicológicos ou fobias como medo que
alguns trabalhadores possuem em executar trabalhos em alturas, caso mais comum em
construção de edifícios.
1.2 SITUAÇÃO-PROBLEMA
Com o advento de novas tecnologias o crescimento populacional e a migração do
homem do campo para os grandes centros urbanos a indústria da construção civil foi um setor
que ganhou um grande impulso devido todas essa mudanças sociais. Nos últimos anos o
18
número de construções aumentou exponencialmente influenciado por diversos fatores tais
quais incentivos governamentais dentre outros.
Tendo em vista este aumento significativo à preocupação com esse setor da indústria
principalmente o setor de segurança e qualidade de vida se tornou evidente.
Há muito tempo a atrás começaram as preocupações sobre o consumo de álcool por
trabalhadores durante a sua jornada de trabalho inicialmente estas preocupações era muito
pequenas e sua aceitação era mínima uma vez que acreditavam e consideravam este tipo de
situação comum além de se ter poucos conhecimentos sobre o álcool e suas consequências.
A indústria da construção civil por ser um seguimento da indústria que oferece grande
risco de acidente devido à exposição a situações altamente perigosas está classificada como
uma empresa de grau de risco quatro, risco máximo. A combinação entre tal situação e o
consumo mesmo que mínimo de álcool é uma situação potencialmente perigosa uma vez que
o álcool por ser uma droga psicotrópica altera os estados emocionais de uma pessoa bem
como a sua coordenação motora, visão e sensibilidade. Esta associação pode vir a gerar
situações de risco e perigo assim como acidentes de proporções elevadas podendo ter apenas
ferimentos leves bem como atentar contra a vida do usuário e combina dor além de também
condenar pessoas próximas a exposição de tais riscos.
A identificação de tal situação dentro de uma empresa é fundamental para minimizar
tais riscos bem como de poder ajudar as estas pessoas que sofrem de dependência alcoólica. O
ambiente de trabalho por ser o local onde o homem moderno passa maior grande parte da sua
vida e onde ele estabelece boa parte de suas relações de convívio social é considerado um
local ideal para a iniciação de tratamentos. Pode assim ganhas ambas as parte, pois a empresa
não precisará perder o funcionário uma vez que mão de obra qualificada deste setor esta
escassa e o trabalhador possui vez receberá uma ajuda fundamental em sua recuperação
podendo vir a extinguir este problema de sua vida.
O fato é que tal concordância nem sempre ocorre, embora empresas e empregados
conheçam amplamente este problema. Em muitas vezes ambos preferem se omitir da
realidade deixando de lado este problema. Em pressas muitas vezes preferem demitir o
empregado a ter que ajuda ló bem como o trabalhador conforma se com sua situação e não
pensa em muda lá. A união mutua de ambas as partes seria então o ideal para a resolução
desta dificuldade.
19
1.3 JUSTIFICATIVA
A indústria da construção civil apresenta um número significativo de acidentes. Tal
acontecimento esta vinculado a diversos fatores dentro deste setor e um dos fatores relevantes
para a ocorrência destes acidentes está associado ao uso de álcool por parte dos seus
trabalhadores. Este uso demasiado pode ocorrer dentro ou fora do canteiro de obras. O
desenvolvimento da dependência do álcool ou uso mesmo que mínimo por parte de um
funcionário pode levar a ocorrência de acidentes de trabalhos e alterações psicológicas do
funcionário fazendo com que este descumpra as normas da empresa, como o uso de EPIs ou
EPCs, podendo colocar em risco tanto a sua segurança como a vida de outros trabalhadores.
Desta forma, o presente trabalho se justifica por buscar compreender que fatores
estimulam esses trabalhadores a utilizarem o álcool como um escudo de defesa às imposições
de situações diversas que afetam o seu cotidiano, compreendendo que fatores levam estes
colaboradores a trabalharem sobre o efeito desta droga lícita, identificando como isto ocorre
dentro da indústria da construção civil e verificando, na cidade de Mossoró, se estas empresas
possuem programas assistenciais aos trabalhadores que sofrem com este vício.
1.4 OBJETIVOS
1.4.1 Objetivo Geral
- O presente trabalho tem como objetivo principal quantificar as empresas da indústria
da construção civil em Mossoró que possuem programas de apoio á recuperação de
dependentes de álcool.
20
1.4.2 Objetivos Específicos
Compreender quais as principais causas do alcoolismo.
Compreender quais as principais causas do alcoolismo na indústria da construção civil.
Caracterizar o perfil dos trabalhadores que possuem este vício.
Identificar as principais ações e/ou programas de prevenção, fiscalização e apoio de
dependentes de álcool existentes nas empresas de construção civil da cidade de
Mossoró.
Criar semáforo para identificação do grau de maturidade das empresas com relação ao
tema pesquisado.
1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO
No capitulo 1 são apresentados os elementos introdutórios do trabalho justificativa,
objetivos geral e especifico.
No capitulo 2 é realizado a revisão da literatura do trabalho. Os temas abordados
serão: o álcool, o álcool como uma droga, a relação álcool e trabalho, álcool trabalho e a
indústria da construção civil, o uso de álcool por trabalhadores na indústria da construção civil
e por fim a prevenção e o tratamento de álcool nas empresas.
O capitulo 3 refere-se a metodologia de realização do trabalho a classificação da
pesquisa e aplicação do questionário e coleta de dados.
O capítulo 4 apresenta os resultados encontrados, discussões e conclusões a respeito
do assunto e dados obtidos baseado na metodologia encontrada no capitulo 3.
A estrutura apresentada pode ser observada pelo fluxograma1.
21
Fluxograma1 – Estrutura do Trabalho
Fonte: Autoria Propria.
22
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 DEFINIÇÕES
O álcool é um composto químico de etanol também conhecido como álcool etílico,
trata-se de um material liquido incolor e inflamável que pode ser utilizado para preparar
bebidas alcoólicas de ingestão apropriada para o consumo humano.
O álcool é uma substância lícita de variedade incontável que está presente em diversos
tipos de bebidas em todo o mundo obtidas por fermentação ou destilação da glicose presente
em cereais, raízes e frutas, é consumido unicamente por via oral.A presença do álcool na vida
humana é tão antiga quanto a sua existência.
De acordo com Maçaneiro (2002, p 21.) “O álcool, até 1250 d.C., era consumido com
um baixo teor alcoólico das bebidas fermentadas (de 10º a 20º), só então começaram a serem
destiladas, chegando estas a um teor alcoólico de 50º ou mais.”. Com a evolução do sistema
mercantil e início das grandes navegações ocorreu à disseminação do álcool e outras drogas
através do contato estabelecido entre os continentes.
O uso do álcool dentro das empresas assim como a existência deste também ocorre há
muito tempo segundo Maçaneiro (2002, p 22.) “O problema da dependência, mais
especificamente o alcoolismo nas empresas, foi apontado por volta do ano 1940, e o país que
acordou para esta problemática foi os Estados Unidos da América.”. A partir deste período o
uso de álcool na empresa passou a ter visibilidade e interesse dentro do contexto social da
empresa, pois pesquisas apontavam este fenômeno apesar de ser difícil perceber este fato,
pois, o consumo de álcool excessivo naquela época não era considerado uma doença. Os
dependentes químicos era tratados como doentes mentais em função de alterações
psicológicas que o uso de álcool desenvolve.
Um fato interessante que foi observado é que os “loucos” que faziam o uso demasiado
de bebidas alcoólicas ficavam curados quando o efeito do álcool cessava diferentemente de
outros pacientes que realmente possuíam problemas mentais. Isto passou a intrigar a
comunidade cientifica levando a descoberta do chamado vício. Somente por volta da década
de 60 e 70 é que esta descoberta passou a ganhar grandes proporções, pois, a partir daí é que
23
se começou a notar os efeitos negativos do álcool e sua influência no convívio social destas
pessoas entre familiares, escolas e trabalho. (MAÇANEIRO, 2002).
2.2 O ÁLCOOL COMO UMA DROGA
O álcool é uma substância que tem como composto principal o etanol e que está
presente em diversos tipos de bebidas daí o nome destas bebidas, que podem ser a cerveja, o
vinho, bebidas licorosas dentre outras que são provenientes da destilação ou fermentação de
açúcares, este tipo de bebida é considerado um tipo de droga. O álcool em si é considerado
uma droga psicotrópica que é depressora da atividade mental.
“Droga, segundo a Organização Mundial de Saúde, é qualquer substâncias que, não
produzida pelo organismo, tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas,
produzindo alterações em seu funcionamento” (SENAD, 2006. p. 27).
Considerado um tipo de droga o álcool está classificado como uma droga lícita já que
sua utilização é aceita em geral pela sociedade e sua venda é estimulada, embora possua
muitos efeitos negativos para seus usuários. As bebidas alcoólicas “agem no Sistema Nervoso
Central produzindo alterações de comportamento, humor e cognição, possuindo grande
propriedade reforçadora sendo, portanto, possíveis de auto-adiministração CARLINI, et al
(apud OMS. 2001, p.11)
Entre as drogas psicotrópicas, o álcool parece ser a substância mais
consumida no Brasil. A maioria dos estudos de prevalência tem sido feito em
populações que buscam assistência médica. As taxas de prevalência de abuso
de álcool nessa população variam de 20 a 50%. (PILLON E LUIS, 2004, p.
676)
SENAD, (2006) afirma que possivelmente o álcool é a única substância na qual
excesso que certamente a maioria dos adultos no mundo ocidental já fez uso ou experimentou
em porção considerável ou com certa de periodicidade durante um determinado período
durante sua vida adulta.
O uso em excesso do álcool pode trazer sérios prejuízos aos seus usuários. O
desenvolvimento de dependência física e mental é um exemplo.
24
A dependência física diz respeito a certas drogas às quais o organismo se
adapta de tal forma que faz com que, quando uma pessoa para subitamente
de usá-la, fique com um mal-estar físico muito grande. Já a dependência
psicológica ocorre quando a droga começa a ocupar um lugar muito
importante na vida de alguém, que a usa constantemente e pensa o tempo
todo em quando vai poder utilizá-la. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p.
51).
Estes tipos de dependências explicam a necessidade desta substância no organismo,
levando ao desenvolvimento de uma vontade intensa em consumir bebidas alcoólicas.
Outro fator importante a se abordar refere-se aos riscos fisiológicos provenientes do
excesso de consumo de bebidas alcoólicas. O álcool pode comprometer vários órgãos e
funções do organismo. Isto pode variar de acordo com nível de consumo por pessoa e a
tendência de resistência que cada organismo desenvolve a medida que o consumo evolui.
Outros riscos são o desenvolvimento de problemas gastrointestinais, cardiovasculares,
neurológicas, sanguíneas, dentre outras (BALTIERI, 2008).
Os efeitos agudos da síndrome alcoólica implica na forma como o álcool atua dentro
do organismo agindo diretamente nos órgãos tais como o fígado, coração, vasos e na parede
do estômago, pode ocorrer ainda intoxicação no organismo devido à ingestão de quantidades
acima do tolerável pelo organismo. Os sinais aparentes desta intoxicação podem surgir como
uma depressão no sistema nervoso central o que inicialmente provoca certo tipo de euforia
leve o que podem evoluir para tonturas, ataxia e incoordenação motora, passando para
confusão e desorientação e atingindo graus variáveis de anestesia, entre eles o estupor e o
coma estas são alguns dos efeitos maléficos desenvolvidos no sistema físico do corpo humano
além do desenvolvimento de diversos tipos de doenças.
O álcool é uma droga depressora e atua no sistema nervoso central, atingindo
diretamente o cérebro.
Os resultados de exames pos-mortem (necropsia) mostram que pacientes
com história de consumo prolongado e excessivo de álcool têm o cérebro
menor, mais leve e encolhido do que o cérebro de pessoas sem história de
alcoolismo. [...] A parte do cérebro mais afetada costuma ser o córtex pré-
frontal, a região responsável pelas funções intelectuais superiores como o
raciocínio, capacidade de abstração de conceitos e lógica. Os mesmos
estudos que investigam as imagens do cérebro identificam uma
correspondência linear entre a quantidade de álcool consumida ao longo do
tempo e a extensão do dano cortical. Quanto mais álcool mais dano. Depois
do córtex, regiões profundas seguem na lista de mais acometidas pelo álcool:
as áreas envolvidas com a memória e o cerebelo que é a parte responsável
pela coordenação motora. (MAROTE, 2004).
25
Os efeitos mais alarmantes são os mais comuns de se perceber que são as alterações
psicológicas. “[...] Nas síndromes alcoólicas pode-se encontrar quase todas as patologias
psiquiátricas: estados de euforia patológica, depressões, estados de ansiedade na abstinência,
delírios e alucinações, perda de memória e comportamento desajustado. (MAROTE, 2004).”.
O álcool pode atuar de diversas formas no sistema nervoso:
A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases
distintas: uma estimulante e outra depressora. Nos primeiros momentos, após
a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos estimulantes, como euforia,
desinibição e maior facilidade para falar. Com o passar do tempo, começam
a surgir os efeitos depressores, como falta de coordenação motora,
descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o efeito
depressor fica exacerbado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.
(MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010, p. 52).
Novamente vale ressaltar que estes efeitos podem variar de organismo para organismo
e isto depende do nível de consumo que o usuário está acostumado. Uma pessoa que tem o
costume de ingerir bebidas alcoólicas com maior frequência demora mais a sentir os efeitos
da bebida em comparação com os que não bebem ou eventualmente fazem uso desta.
2.3 A UTILIZAÇÃO DE ÁLCOOL POR TRABALHADORES
O consumo de álcool vem tomando grandes proporções a medida que as novas
condições da sociedade moderna evoluem . Esta droga vem acarretando riscos a sociedade e
se tornando um problema de saúde publica, a cada dia é possível perceber um número
crescente de pessoas que fazem uso do álcool e que se tornam dependentes dele. Este
problema pode atingir tanto a jovens como adultos que trabalham ou que fazem parte da
população economicamente ativa.
De acordo com Carrilo (2003), as consequências do uso de álcool por trabalhadores
podem ser fatais. O uso de álcool é responsável por boa parte da porcentagem de acidentes de
trabalho.
Segundo Silva et al. (2010, p.1) “Verificou-se ainda que, no Brasil, o alcoolismo é o
terceiro motivo para faltas e a causa mais frequente de acidentes no trabalho. Outros efeitos
apontados são: concessões de auxílio-doença, atrasos, queda de produtividade, conflitos
interpessoais.”
26
Estes fatos podem trazer grandes problemas para empresa bem como gerar custos ao
governo e entidades sociais conforme Carrilo (2003, p. 26) assinala:
Segundo dados do Boletim dos Alcoólicos Anônimos, os custos do
alcoolismo e problemas relacionados ao uso do álcool já alcançam 148
bilhões de pessoas, no período entre 1985 a 1992. Duas terças partes
corresponderam aos custos relacionados com a produtividade, devido às
doenças causadas pelo álcool e o absenteísmo. Os custos devido aos
acidentes com veículos foram de 9,2%, sendo que os relacionados com o uso
do álcool representam 12,7% (CARRILO, 2003. p. 26).
Os fatores que motivam um trabalhador a utilizar bebidas alcoólicas durante suas
atividades dentro da empresa são diversos. Santos, et al. (2010, p.1) afirma que, “No trabalho,
o consumo de álcool ‘auxilia’ no enfrentamento de situações perigosas e de tensões,
insensibilizando contra o que faz sofrer.”. Em sua pesquisa o autor conseguiu verificar que
existem alguns pontos que podem influenciar os trabalhadores a ingerir bebidas alcoólicas ou
situações que proporcionam o aumento deste fator que são:
Disponibilidade do álcool;
Pressão social para beber por parte de amigos ou imposição de costume;
Rendimento durante a jornada de trabalho;
Tensão, estresse e perigo; volume de trabalho;
Não reconhecimento do trabalho (invisibilidade);
Pressão para o cumprimento de horários e metas;
Condições climáticas desconfortáveis; isolamento do convívio social;
Trabalho noturno.
Estes dados constituem uma contribuição importante para que as empresas possam
verificar que situações ou condições de trabalho estão motivando estes trabalhadores ao
alcoolismo (SANTOS, 2010).
As consequências do álcool nas empresas podem ser identificadas através do
absenteísmo que é o terceiro motivo de falta por trabalhadores nas empresas, é o que mais
proporciona aposentadorias precoces e acidentes de trabalho, além de ser a oitava causa para a
concessão de auxílio doença (SANTOS, 2010). Em uma abordagem sucinta além de causar
danos físicos, mentais e morais o álcool geralmente pode causar:
27
Impontualidade, faltas constantes e injustificadas no trabalho;
Afastamento e acidentes de trabalho;
Desperdício de material devido à má qualidade da produção, que é, por sua vez,
resultado da perda da concentração, clareza visual e habilidades do funcionário
dependente;
Diminuição da produtividade e qualidade dos produtos;
Executivos tomam decisões demoradas ou erradas. Quando bebem exageradamente
em ocasiões sociais, podem divulgar assuntos sigilosos da companhia ou da empresa;
O alcoólico tem tendências megalomaníacas, o que pode fazer um alto executivo
gastar desnecessariamente;
Nas fases maníaco-depressivas, o profissional que bebe exageradamente pode perder
grandes oportunidades de trabalho;
Ocorrências disciplinares;
Licença/saúde longas e frequentes;
Aposentadorias precoces; etc.
Duarte (2006) afirma que em um estudo realizado em 1993 pela Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo, FIESP, apontou que cerca de 10 a 15% dos trabalhadores
brasileiros apresentavam dependência de álcool ou algum problema relacionado ao uso
demasiado desta droga, e as consequências deste uso indevido resulta em três vezes mais
licença medicas comparadas a outros tipos de doenças; o aumento em cinco vezes mais da
probabilidade da ocorrência de acidentes do trabalho; um total de 50% das justificativas do
absenteísmo; um acréscimo de oito vezes mais diárias hospitalares; e a necessidade por parte
de famílias em utilizar assistência medica e social das empresas três vezes maior.
Para que se possa observar e identificar o uso de álcool por trabalhadores é necessário
a adoção de um postura mais realista dentro da empresa e não tentar abafar as situações
decorrentes do uso de álcool, voltada para a diminuição dos fatores de riscos como o
investimento de ações efetivas dentro da empresa que possam minimizar esta situação ou
elimina lá (DUARTE, 2006). Santos, (2010) afirma que é possível observar a ocorrência
destas situações realizando a observâncias de alguns aspectos fundamentais que podem
denunciar o uso de álcool por trabalhadores tais como: o absenteísmo que como já
mencionado o álcool é o terceiro maior causador do absenteísmo observando sempre faltas
ocorrentes nas segundas ou logo após feriados ou sexta feira, licenças medicas; ausência
28
periódicas durante a jornada de trabalho com atraso excessivo logo após o almoço saídas em
horários mais cedo, idas frequentes ao banheiro ou áreas de descanso; queda da produtividade
a necessidade de um tempo maior para realizar uma atividade que demanda tanto tempo,
desperdício de materiais, perda ou estrago de equipamentos, dificuldade em assimilar tarefas
complexas dentre outros; mudança em hábito pessoais observada através de costumes
estranho e comportamentos inesperados como chegar bêbado após o almoço, pensamentos
vagos e falta de atenção com o trabalho; relacionamento ruim com os colegas dificuldades de
convívio social, irritabilidade com grande facilidades, agressões, e explosões de sentimentos
diversos.
2.4 O USO DE ÁLCOOL POR TRABALHADORES: PERSPECTIVA NA INDÚSTRIA DA
CONSTRUÇÃO CIVIL
No âmbito da indústria da construção civil o uso de álcool por trabalhadores é uma
situação de ocorrência frequente veremos agora como todas as situações mencionadas
anteriormente se dão dentro da realidade deste setor da indústria. As drogas lícitas ou ilícitas
sempre tiveram permissividade para atuarem dentro das indústrias bem como o álcool, em
diversas empresas principalmente nas de grande porte e aquelas que o funcionário fica alojado
em locações distantes das instalações das empresas como é o caso de indústrias de construção
onde o obra quase sempre fica distante dos centros urbanos ou até mesmo das cidades, como é
o caso das construções de estradas ou linhas férreas, hidroelétricas e outras. As “cervejinhas”
ingeridas durante o horário do almoço, no fim da tarde ou em uma roda de amigos nas sextas
ou sábados é de conhecimento da empresa, mas estas preferiam ignorar e se isto gerasse
algum tipo de acidente a solução para este “problema” seria a demissão. Dificilmente as
empresas assumiam um posicionamento de ajuda quanto a estes trabalhadores como o tempo
a necessidade de alojamentos ou canteiros foi deixando de existir e as cidades onde estas
obras se instalavam passaram a brigar estes trabalhadores e as empresas deixaram de assumir
a responsabilidade por estes trabalhadores como o já era de sua vontade. Com isto elas sabiam
que os seus trabalhadores ingeriam bebidas alcoólicas durante ou após o expediente, mas o
que realmente importava é que mesmo sobre o efeito de álcool estes trabalhadores
conseguiam exercer suas atividades, embora que isto provoque acidentes. Os acidentes
decorrentes de trabalhadores sobre o efeito de álcool ou outras drogas quase sempre é abafado
29
ou pouco investigado tentando não apontar drogas como as possíveis causas destes acidentes
(NAVARRO, 2006).
As causas do uso de álcool por trabalhadores na indústria da construção civil pode
estar associado a diversos fatores segundo Antunes (2012, p.9).
De acordo com a OIT o setor da construção civil é um dos setores que
mais apresenta problemas com a saúde e segurança no trabalho. Isso
devido à baixa instrução/escolaridade dos funcionários, a
informalidade e subcontratação nesta cadeia produtiva, a tecnologia
pouco avançada neste setor, questões socioeconômicas e culturais,
degradantes condições de trabalho no canteiro de obras, entre outros.
A OIT ainda destaca que “as estatísticas indicam que o setor possui
uma média de acidentes fatais - 0,25 por mil trabalhadores - superior à
média internacional, estimada em 0,20 mortes por mil empregados.”
Além dos casos de afastamento por acidentes responsáveis por mais
de 110 mil dias de trabalho desperdiçados por ano.
O nível de acidentes de ocorrência na construção de edifício em comparação a outros
setores é muito alto este tomou grandes proporções este fato se alastrou de tal forma que a
OIT determinou a criação de um Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na
Indústria da Construção, PCMAT, que visa a elaboração de um plano de realização de
atividades elaborado pelas empresas, construtoras que estipulam diretrizes de segurança do
trabalho para obras e atividades da construção civil, que possuem mais de 20 funcionários
(ANTUNES, 2012).
De acordo como Antunes apud (CICHINELLI 2012, p.10) “no trabalho
, a bebida é um dos maiores causadores de acidentes, pois altera muito a percepção e os
reflexos, mesmo quando consumida em pequenas doses.”. Apesar do perigo o uso de álcool
por estes trabalhadores é uma prática constante e bastante comum nos canteiros de obras, pois
para muitos trabalhadores este substância serve como uma válvula de escape para situações de
estresse, o cansaço e a falta de perspectiva profissional. Ainda segundo Antunes apud
(CICHINELLI 2012, p.11):
no canteiro de obras o trabalhador pode sofrer quedas, tonturas, usar
erroneamente os Equipamentos de Proteção Individual - EPIs, sem
dizer na falsa crença do poder provocado pelo consumo da bebida,
levando este a negligenciar o uso das EPIs. Além é claro de ficar
violento, irritadiço, vulnerável a uma serie de doença como perda de
30
memória, raciocínio confuso, falta de coordenação motora, dores e
queimação nos braços e pernas, cirrose, entre outros.
Antunes (2012) ainda comenta a o posicionamento de outros autores que falam sobre o
uso funcional de álcool por trabalhadores enfatizando que este não interfere no funcionamento
da sua vida laboral apesar do uso continuo, pois os trabalhadores não deixam de ir à empresa
e realizar suas atividades, os funcionários não se afastam da empresa e não provocam um
surto de acidentes dentro da empresa. Isto serve apenas como uma ferramenta para suportar as
imposições do seu cotidiano conferidas por suas atividades. Na construção civil este fato pode
estar associado a fatores como a redução do sentimento de impotência, a baixa alta estima
pouca valorização de mão de obra, baixa probabilidades de ascensão de carreira ou salarial,
etc. Ela comenta ainda que o álcool usado como uma forma de desinibição social e
socialização alteram as funções laborais do empregado e é vista como uma solução
temporária, mas que pode trazer grades prejuízos a saúde do trabalhador a longo prazo em sua
vida.
2.5 PRINCIPAIS CAUSAS DA UTILIZAÇÃO DO ÁLCOOL
O alcoolismo é um problema evidente de saúde publica que ganhou destaque no
mundo e está associado a diversos fatores. O uso demasiado e frequente de álcool é
considerado cada dia mais comum bem como a ocorrência do uso abusivo e associação deste
fator com o mercado de trabalho, podendo influenciar, desta forma, diretamente na vida
profissional das pessoas. O uso desmedido pode estar associado a diversos fatores, podendo
ser eles: condições de vida social, classe econômica, nível de escolaridade, desemprego dentre
outros. Sempre se atribui ao álcool a responsabilidade ou necessidade de esquecer-se de algo,
alguma coisa ou problema, sensação de encorajamento e minimizar conflitos, pois o álcool
proporciona em seus usuários estas sensações de alivio. Inúmeras são as tentativas de
compreender o alcoolismo. Alguns autores acreditam que esta síndrome está associada a um
conjunto de fatores complexos (NASCIMENTO; JUSTO, 2000). No Brasil estudos apontam
que na década de 90 a prevalência do uso de álcool por pessoas adultas varia entre 3 e 10% da
população adulta (SANTOS, 2010).
31
Muitas são as especulações para descobrir as causas do alcoolismo, alguns autores
acreditam que o ambiente social em que o individuo está inserido predispõe o
desenvolvimento do alcoolismo precoce. O ambiente familiar também é um fator
determinante. O contexto familiar e a influência de amigos contribuem para a formação de um
dependente. Estes podem ser considerados fatores iniciais. Outros fatores também podem
estar associados ao desenvolvimento do alcoolismo como: perdas múltiplas de emprego,
conflitos familiares entre amigos ou conjugue dentre outros (NASCIMENTO; JUSTO, 2000).
Na esfera psicológica é possível citar o desvio comportamental como um fator que
facilita o uso de álcool. Estes fatores são imaturidade, instabilidade, insegurança dentre
outros. O álcool funciona como um mecanismo de fuga ou refugio do individuo devido à
ocorrência destes sentimentos. Para (NASCIMENTO; JUSTO apud ALONSO-FERNADES,
2000), os alcoolistas apresentam traços em comum, traços estes que estão associados a
sentimentos de inferioridade, desamino, solidão. Estes autores mencionam que este tipo de
sentimento é insuportável e devastador e aniquila as esperanças do individuo, este tipo de
sentimento pode estar associado a frustrações pessoais diversas. O alcoolista é visto por
Nascimento e Justo (apud MELMAN, 2000) como um sujeito marcado pela insatisfação
pessoal devido ao seu contexto social ou realização pessoal ou profissional.
Dentro do contexto da indústria da construção civil o uso de álcool é favorecido por
todas estas características, pois estas podem ser consideradas causas primárias.
2.6 PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE ÁLCOOL NAS EMPRESAS
A saúde do trabalhador é um tema que vem ganhado grande destaque nas organizações
com o advento de novas tecnologias nas empresas e métodos gerenciais. Estas modificações
são decorrentes do sistema socioeconômico em que estamos inseridos. Os avanços obtidos
nos últimos 60 anos não modificaram a realidade dos acidentes de trabalho e não resolveu
problemas básicos deste sistema que leva à doenças graves e crônico-degenerativas. “De
acordo com o Ministério da Saúde, nos últimos 15 anos, o trabalho no Brasil levou pelo
menos 60.000 pessoas a morte e 300.00 a mutilações incapacitantes.” (OLIVEIRA et al.,
2010. p. 273).
32
A dependência química é uma doença progressiva que se agrava ao longo do tempo
devido à resistência psicofisiológica adquirida. Sabe-se que boa parte da população possui
algum tipo de dependência química, na qual o álcool pode ser uma destas. Com isto, pode-se
afirmar que há casos dentro de empresas, embora não haja lugar para esse tipo de situação
dentro da mesma (MAÇANEIRO, 2002). “De acordo com a Organização Mundial de Saúde
a prevalência de dependência de álcool durante a vida é de 14% na população geral e de 22%
em indivíduos com algum transtorno psiquiátrico.” (OLIVEIRA et al., 2010. p. 273).
A prevenção do abuso ou dependência de álcool na empresa tem como foco principal
o trabalhador, fundamentando-se em estratégias que visam à qualidade de vida do trabalhador,
a preservação das relações interpessoais, assegurar a produtividade e segurança no ambiente
de trabalho. A identificação dos fatores de risco associados ao surgimento de possíveis
transtornos que o álcool pode gerar dentro da empresa é fundamental bem como a realização
de programas sociais dentro da empresa que podem ser tanto preventivos como de
recuperação. A elaboração destes programas pode estar baseado na identificação dos
problemas bem como em sua prevenção.
Para a realização do planejamento de atividade de prevenção se faz necessário ter
conhecimento dos fatores ou situações que podem gerar riscos. Estas ações preventivas não
devem ser realizadas individualmente. É necessário que se parta do pressuposto que se
conhece a relação do trabalhador com a droga. Um fato importante a ser observado é que
alguns fatores podem ser de risco para alguns e não para outros, assim como a situação oposta
também pode acontecer (SENAD; SESI, 2008).
Na prevenção e implementação de programas de prevenção no trabalho não existe um
modelo adequado, nem tão pouco um modelo pior, ou melhor. Existem diversas
possibilidades de acontecimentos e o modelo a ser implementado deve se adequar a
determinada situação variando de acordo com cada caso, fazendo com que os fatores de risco
sejam minimizados e os fatores de proteção maximizados (SENAD; SESI, 2008). Neste
contexto é de grande valia a união dentro da relação empregadora ou seja o conhecimento
mútuo da empresa do seu contexto geral é fundamental para a elaboração de programas de
combate e prevenção ao alcoolismo dentro da empresa uma vez que estes programas são
bastante flexíveis e precisam estar em conformidade com a realidade da organização
Programa de prevenção não é privilegio somente de grandes corporações, ele depende
basicamente do reconhecimento por parte do empregador de que o consumo de álcool existe e
que pode vir a prejudicar a empresa e o trabalhador, afetando assim a produtividade as
relações interpessoais e a segurança do ambiente. A partir daí se torna possível identificar os
33
pontos necessários à elaboração de um programa de prevenção. O ambiente de trabalho é um
ambiente favorável à implementação de políticas preventivas e recuperadoras de portadores
de síndrome alcoólica uma vez que o trabalhador passa um tempo significativo dentro da
empresa. As políticas que podem obter um êxito maior são aquelas na qual estejam voltadas a
abordagem multidisciplinar capazes de serem abordadas por profissionais de recursos
humanos e saúde ocupacional e segurança. O envolvimento de chefias e cargos de lideranças
é primordial, pois estes são representantes legítimos dos trabalhadores e podem se articular
com agentes sociais em volta da empresa, tais como serviços da rede publica (SENAD; SESI,
2008).
A elaboração de um programa eficaz deve estar norteado por ações e estratégias de
intervenção. Os benefícios são diversos: redução do absenteísmo, aumento da produtividade,
redução do número de acidentes, dentre outros são os benefícios representativos para
empresa. Quanto ao trabalhador, podem ser citados: melhoria da qualidade de vida, acesso a
informações sobre álcool e seus efeitos, participação de programas de promoção de saúde e
segurança no trabalho, etc.
As ações de prevenção são diversas. Podem ser campanhas permanentes, que visam
informar e alertar ao trabalhador quanto aos riscos ao qual ele esta exposto, palestras, projetos
especiais projeto para públicos específicos dentre outras ações. (SENAD; SESI, 2008).
34
3 METODOLOGIA
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA
O presente trabalho trata-se de uma pesquisa cientifica de natureza descritiva e
exploratória. A pesquisa exploratória, busca investigar e entender mais e melhor sobre um
determinado tema ou fenômeno visando sempre à descoberta, o achado, a elucidação de
fenômenos ou a explicação daqueles que não eram aceitos apesar de evidentes. A exploração
representa, atualmente, um importante diferencial competitivo em termos de concorrência.
Quanto à pesquisa descritiva trata-se de um estudo ou análise, registro e a interpretação dos
fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador, tem como finalidade observar,
registrar e analisar os fenômenos ou sistemas técnicos (GIL, 2008).
Segundo Gil (1991), o aspecto exploratório caracteriza-se por uma visão geral, do
tipo aproximativa, acerca de determinado fato e o descritivo, pela descrição das características
de uma determinada população ou fenômeno, ou mesmo o estabelecimento de relações entre
variáveis.
Dados os objetivos específicos da pesquisa, adotou-se, quanto às fontes de
informação, a pesquisa baseada em bibliografia. “A pesquisa bibliográfica é aquela que se
realiza a partir de registros disponível, decorrente de pesquisas anteriores, em documentos
impressos, como livros, artigos, teses etc. Utiliza-se de dados ou de categorias teóricas já
trabalhados por outros pesquisadores e devidamente registrados.” ( SEVERINO 1941, p.
122).
A pesquisa baseada em bibliografia foi realizada no início dos trabalhos e foram
levantados dados a respeito do álcool como uma droga, do alcoolismo e sua relação com
trabalhadores, o uso de álcool por trabalhadores na construção civil, as causas deste fato
decorrente nas empresas e finalmente a prevenção e tratamento do uso de álcool nas
empresas.
Esta fase da pesquisa consiste em um levantamento de dados e informações precisas
e necessárias para a construção, elaboração e fundamentação teórica do trabalho, abordando
assuntos como alcoolismo, alcoolismo e trabalho e alcoolismo trabalho e construção civil.
35
Quanto à abordagem do problema de pesquisa, este trabalho pode ser conceituado
como uma pesquisa qualitativa. A pesquisa qualitativa para Lakatos e Marconi apud
Richardson (2010, p.271) “pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão
detalhada dos significados e características situacionais apresentadas pelos entrevistados, em
lugar da produção de medidas quantitativas de características ou comportamentos”.
O estudo qualitativo “é o que se desenvolve numa situação natural; é rico em dados
descritivos, tem um plano aberto e flexível e focaliza a realidade de forma complexa e
contextualizada”. (LAKATOS; MARCONI apud MENGA 2010, p.271). A lógica de base
deste trabalho estrutura-se em torno de conceitos fundamentais como alcoolismo, risco que
esta síndrome causa aos trabalhadores da construção civil e qual o posicionamento das
empresas de Mossoró quanto a este assunto.
Finalmente, quanto aos procedimentos de coleta, o estudo pode ser classificado como
um Estudo de Caso. De acordo com Severino, (2007) o estudo de caso consiste na
representação de um conjunto de casos análogos. Sua coleta de dados e analise geralmente
ocorrem da mesma forma que nas pesquisas de campo, em geral.
O instrumento de coleta utilizado para o Estudo de Caso foi um questionário
estruturado.
Questionário corresponde a uma técnica de coleta de dados utilizada
em pesquisas de campo que envolve a observação direta da realidade
(diferentemente da pesquisa bibliográfica e documental) de forma
extensiva, razão pela qual está intrinsecamente associada aos métodos
subordinados a abordagem quantitativa. É resultado da formulação e
aplicação de uma série de ordenada de questões e alternativas de
resposta cujo teor detalha aspectos relativos á hipótese e as variáveis
privilegiadas. (LIMA, 2008 p.71).
A entrevista realizada foi do tipo padronizada ou estruturada, que consiste em uma
abordagem com roteiro estabelecido previamente (LAKATOS; MARCONI, 2010).
O questionário elaborado continha 22 perguntas objetivas sobre alcoolismo e a
empresa, permitindo a identificação e quantificação de quantas e quais empresas de Mossoró
do setor da construção civil possuem programas assistências ao trabalhador portador de
síndrome alcoólica.
Ao obter todas as informações necessárias para o tratamento dos dados com as
informações coletadas. Foram expressas em gráficos e após a quantificação dos dados foi
possível elaborar um tabela que tem como base a idéia de um semáforo atribuindo aspectos
36
positivos negativos ou de atenção para algumas das 22 questões do questionário aplicado
presente no Anexo A, com a quantificação destes dados foi possível montar um semáforo que
visa apresentar o grau de maturidade das empresas quanto ao tema abordado.
3.2 APLICAÇÃO DE QUESTIONÁRIO E COLETA DE DADOS
Das 42 empresas cadastradas no SINDUSCON- Mossoró (Sindicato da Indústria da
Construção Civil de Mossoró) a pesquisa foi realizada apenas em 10 destas empresas de
Mossoró uma vez que foram adotados critérios de seleção para obtenção de dados. Estas
empresas foram selecionadas em função do número de funcionários atuantes, observando o
mínimo de 100 funcionários e por sua representatividade neste seguimento da indústria dentro
da cidade. A tabela a seguir apresa o panorama do quadro de funcionários nas empresas
entrevistadas.
Tabela 1 – Quantidade de funcionários por empresa.
EMPRESA FUNCIONÁRIOS
A 127
B 183
C 112
D 123
E 107
F 202
G 230
H 418
I 104
J 500
Fonte: Autoria Própria.
Outra importante questão inerente à pesquisa foi analisar as empresas que possuíam
programas e verificar qual o panorama destas neste sentido, analisando como essa gestão pode
melhorar o desempenho da empresa e empregados e verificar qual o seu atual perfil.
Intrinsecamente ligada a essa questão, foi abordada outra, que foi identificar se as empresas
37
possuíam programas e projetos ligados a outras entidades sociais que podem auxiliar no
desenvolvimento de políticas internas de conscientização visando saber como o contingente
de empresas está sendo beneficiado.
A obtenção de dados consistiu em aplicar um questionário em cada empresa com um
membro do setor administrativo que possuísse conhecimento generalizado sobre a empresa .
O objetivo foi verificar quais as empresas que possuíam programa assistencial aos
trabalhadores usuários de álcool durante sua estadia na obra, qual o posicionamento da
empresa regional sobre o uso de álcool na empresa e verificar se existe alguma que possui
programa de apoio para recuperação de dependentes de álcool, e verificação de analise
toxicológica
Os dados obtidos foram processados, verificando análises comparativas com o
referencial teórico.Foram estabelecidos também semáforos para avaliação qualitativa e
quantitativa dos dados, com o intuito de observar o grau de maturidade das empresas da
construção civil de Mossoró em relação ao tema.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 A CONSTRUÇÃO CIVIL EM MOSSORÓ
Considerada a segunda maior cidade no estado do Rio Grande do Norte, Mossoró
possui uma área de 2.108,9 Km, representando 3,9 % da área do Estado. As economias
majoritárias e predominantes nesta região são o petróleo, a fruticultura e o sal. A produção de
sal contribui com 50% da produção salineira do país, a cidade possui mais de 3500 poços de
petróleo, produzindo 47 mil barris/dia. Esses elementos colocam o município como o segundo
colocado na produção de petróleo no país, o primeiro lugar na produção em terra. Sua
economia ainda é fortemente influenciada pelo setor da construção civil devido à presença de
uma unidade fabril produtora de cimento com pólo industrial em fase de construção também
abrigando indústrias de produção de cerâmicas (TAVARES, 2006). Nos últimos anos o setor
38
da construção civil teve um impulso significativo em sua atuação levando assim a justificar a
existência do presente trabalho.
Através da aplicação de questionário em dez empresas da construção civil de Mossoró
empresas estas que são consideradas as de maior porte por apresentar o maior número de
trabalhadores em seu quadro de funcionários e por apresentar representação significativa na
economia da cidade. Foi possível realizar a coleta de dados sobre alcoolismo e a indústria da
construção civil de Mossoró, podendo assim verificar qual o posicionamento das empresas
diante de tal situação bem como verificar se estas possuem programas assistenciais aos
trabalhadores que sofrem de dependência química e como estas lidam com estas situações no
contexto da empresa.
4.1.1 Álcool e Ambiente de Trabalho
O ambiente de trabalho é o local onde o homem moderno passar grande parte de sua
vida útil e neste local ocorre a maioria das relações sociais destas pessoas. Pesquisas apontam
que homens e mulheres entre 20 e 50 anos de idade são os maiores consumidores de álcool e
outras drogas esse período representa o auge da idade produtiva de um ser humano; (SESI,
2006). Estes dados juntamente com os da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na
qual cerca de 10% e 12% da população economicamente ativa com idade superior a 14 anos
possuem problemas relacionadas ao consumo excessivo de álcool e outras drogas, apresentam
o cenário atual do consumo de álcool no país.
No contexto empresarial o trabalhador que consome álcool durante a sua jornada de
trabalho possui 3,6 mais chances de causar acidentes dentro da empresa, 2,5 vezes mais
chances de faltar ao trabalho, utiliza-se três vezes mais de benefícios médicos e a sua
capacidade produtiva é reduzida em 67%. Além disso, é punido 7 vezes mais e é considerado
um trabalhador que reclama mais durante a realização de suas atividades. Isso afeta suas
relações interpessoais na empresa (SENAD; SESI, 2008).
É necessária uma postura mais realista da empresa que promovam a diminuição dos
fatores de risco e ações concretas que promovam qualidade de vida, saúde e segurança no
trabalho, uma vez que a detecção de problemas ligados ao consumo de álcool é considerada
complexa. (SENAD; SESI, 2008).
39
O consumo de álcool dentro das empresas apesar de ser ilícito é uma prática constante
e pode estar associada a diversos fatores. Conhecer as políticas da empresa é um fator
primordial e de relevância para o bom funcionamento da mesma, bem como para
conscientizar o trabalhador sobre quais as normas são devidas e como os mesmos devem atuar
dentro da empresa.
Na verificação da coleta de dados foi possível perceber que 100% das empresas
estudadas afirmaram que os trabalhadores estão cientes das normas da empresa (Gráfico 1).
GRÁFICO 1 - Conhecimento de trabalhadores sobre as políticas das empresas.
Fonte: Autoria Própria.
Conhecer as politicas da empresa implica em estar em contato com as normas destas
bem como estar ciente da conduta profissional do trabalhador. O consumo de alcool é um tipo
de conduta indevida dentro da empresa embora alguns trabalhadores realizem esta prática.
Este tipo de conduta implica em estar ciente de quais substâncias podem ser levadas ao local
de trabalho e quais podem ser consumidas durante o horário de trabalho. O Gráfico 2 mostra
que 100% das empresas afirma que seus trabalhadores estão cientes desta norma.
40
GRÁFICO 2 - Conhecimento de trabalhadores sobre substâncias possíveis de serem
consumidas dentro da empresa.
Fonte: Autoria Própria.
Como visto, a indústria da construção civil apresenta riscos de acidente muito
elevados - Grau de risco 4, conforme a Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). O uso de alcool potencializa o risco de acidente nestas empresas. Navarro,
(2006, p 3) afirma que: “O acidente de trabalho é o resultado de um momento construido ao
longo de um tempo, ou resultado de ações repetitivas.”. A ocorrencia de alcoolismo dentro
deste seguimento também é considerada uma prática comum. O Gráfico 3 apresenta que 30%
das empresas já tiveram problemas referentes a esta situação.
GRÁFICO 3 - O álcool já criou problemas dentro da empresa.
41
Fonte: Autoria Própria.
Mesmo com a incidencia de 30% das empresas já terem problemas relacionados ao
uso de bebidas alcoolicas, os Gráficos 4 e 5 apresentam que a incidencia de acidentes dentro
das empresas são muito pequenas e que, mesmo assim, em nenhuma delas ocorreram
acidentes relacionados ao álcool. O gráfico 4 mostra que o número de acidentes dentro da
empresa em um intervalo de um ano com afastamento do funcionario ou sem está entre 0 e 5
em 100% das empresas.
GRÁFICO 4 – Periodicidade de acidente dentro da empresas no intervalo de um ano.
Fonte: Autoria Própria.
O grafico 5 mostra que em 100% das empresas não foram registrados ou não
ocorreram acidentes de trabalho dentro da empresa relacionado ao uso de álcool.
42
GRÁFICO 5 – Acidentes relacionados ao uso de álcool.
Fonte: Autoria Própria.
4.1.2 Prevenção do Uso de Álcool Dentro da Empresa
Estar ciente do risco do álcool e dos riscos ao consumi-lo é um fator primordial e
considerado de eficiência na prevenção do uso de álcool dentro das empresas. O Gráfico 6
demonstra que 90% das empresas acreditam que os trabalhadores estão bem informados sobre
os riscos do álcool e apenas 10% acreditam que não.
GRÁFICO 6 – Informação dos trabalahdores sobre os riscos do álcool.
43
Fonte: Autoria Própria.
Ao indagar as empresas sobre a ocorrencia de alcoolismo na empresa apenas 10%
afirmaram que sim que é frequente o alcoolismo nas empresas é o que mostra o gráfico 7.
GRÁFICO 7 – Frequência de alcoolismo dentro das empresas.
Fonte: Autoria Própria.
Uma parcela considerada muito pequena (10%) também afirmou que possui registros
estatísticos ou documentos que registram dados referentes ao alcoolismo dentro da empresa.
(Gráfico 8).
GRÁFICO 8 – Dados sobre alcoolismo dentro das empresas.
Fonte: Autoria Própria.
44
O perfil dos trabalhadores que apresentaram problemas referentes ao uso de álcool
dentro das empresas foi considerado 100% masculino (Gráfico 9).
GRÁFICO 9 – Perfil de trabalhadores que já apresentaram problemas relacionados ao álcool.
Fonte: Autoria Própria.
O uso de álcool dentro de empresas esta diretamente relacionado ao problema de
absenteísmo. Sendo assim, indagou-se às empresas sobre a falta destes trabalhadores e se
estas estavam relacionadas ao uso de álcool (período de doze meses). Estes dados são
apresentados no Gráfico 10, onde em 80% das empresas neste período já houve faltas de
trabalhadores motivados pela bebida alcoólica e 20% informaram não saber se as faltas
estavam relacionadas a este problema.
45
GRÁFICO 10 – Faltas dos trabalhadores motivadas por bebidas alcoolicas.
Fonte: Autoria Própria.
A falta constante de trabalhadores motiva os empregadores a demitirem o funcionario.
O Gráfico 11 apresenta se já houve demissoes associadas ao uso de alcool: 30% das empresas
afirmaram que não; em 60% dos casos as empresas afirmaram que sim; e 10% informaram
que não sabiam. Vale resaltar que em algumas empresas houve relatos que em alguns casos, a
empresa tentou manter o trabalhador em seu quadro de funcionarios por ser um bom
trabalhador e por ser dificil encontrar mão de obra qualifcada neste setor da indústria.
GRÁFICO 11 – Demissões associadas ao uso de alcool.
Fonte: Autoria Própria.
46
4.1.3 Prevenção e Programas Assistenciais Dentro da Empresa
A detecção do uso de álcool dentro de empresas, apesar de notória no comportamento
social de um trabalhador, deve ser confirmada por meio de exames de análise toxicológica.
Em vista disso coube a indagação quanto à realização do exame. (Gráfico 12).
GRÁFICO 12 – Realização de analise toxicologica realizada nas empresas.
Fonte: Autoria Própria.
As empresas afirmaram que este tipo de analise só é realizada em caso de acidentes
10% e como exames de rotina em outras 10%. Como o em todas a empresas não foram
registrados casos de acidentes relacionados ao uso de álcool como apresenta o gráfico 5 e o
índice de acidentes encontrados em um periode de um ano é relativamente baixo comparado
ao risco que esse tipo de profissão oferece. As empresas afirmaram em 20% dos casos que os
trabalhadores sabem quando este tipo de análise deve ser realizada em outros 20% as
empresas afirmaram não saber se os funcionários estão cientes ou não de tal informação os
60% afirmaram que os seu trabalhadores não tem conhecimentos sobre este tipo de exames
uma vez que o índice de acidente é muito baixo e que não ou nunca foram realizados estes
procedimentos dentro da empresa é o que mostra o gráfico 13.
47
GRÁFICO 13 – Analise toxicológica realizada nas empresas.
Fonte: Autoria Própria
Após a verificação da analise toxicológica, questionou-se sobre programas
assistenciais e programas preventivos existentes e mantidos pela empresa. O Gráfico 14
apresenta que apenas 30% das empresas possuem programas assistenciais.
GRÁFICO 14 – Programas Preventivos.
Fonte: Autoria Própria.
Sobre quais eventos são abordados o tema Alcoolismo, 70% das empresas afirmaram
que o tema é sempre abordado em Semanas Internas de Prevenção de Acidentes de Trabalho -
SIPAT , Diálogo Diario de Seguranças - DDS, ou palestras. O restante (30%) informou que
este tema é abordado de forma eventual.
48
GRÁFICO 15 – Eventos e Informações Sobre Alcoolismo Dentro da Empresa.
Fonte: Autoria Própria.
Uma vez que as empresas informaram sobre a abordagem do tema alcoolismo e como
ele é abordado dentro da empresa, por ser um seguimento onde existe uma pirâmide
hierárquica dentro da mesma onde encontram se trabalhadores de qualificação profissional e
cargos distintos as empresas afirmaram em 100% dos casos que os programas de assistenciais
de informação e conscientização atingem todos os funcionários das empresas desde cargos da
alta administração até os trabalhadores de frente de obra é o que apresenta o gráfico 16.
GRÁFICO 16 – Abordagem de Programas de Consientização.
49
Fonte: Autoria Própria – 2013
Quando questionadas quanto a programas assistências à trabalhadores com problemas
relacionados ao consumo de álcool, 40% das empresas respondeu que possui, programas
assistenciais específicos e 60% das empresas pesquisadas não possui tais programas (Gráfico
17).
GRÁFICO 17 – Programas Assistencial a Trabalhadores com Problemas referentes ao
consumo de alcool.
Fonte: Autoria Própria.
Dentre as empresas que responderam possuir programas assitenciais, apenas uma
empresa possuía programa de reiserção social para trabalhadores que estão em fase de
tratamento de dependecia quimica ou relacionados ao álcool. Em 90% das empresas não
existe este tipo de programa (Gráfico 18). Embora pouco utilizado os programas de reeiserção
social como visto vem se tornando cada vez mais uma medida mais frequente por empresas,
uma vez que esta começaram a ter a percepção de os problemas referentes ao alcoolismo é
uma questão social e que a empresa é o local onde a grande maioria dos trabalhadores passam
boa parte do seu dia. É nas empressas onde se estabelecem a maior parte das relações sociais
dos funcionarios. O convivio com outros trabalhadores e a motivação de possuir um emprego,
remuneração e estabilidade são fatores que comtribuem positivamente na recuperação de
dependentes.
50
GRÁFICO 18 – Programas de Reinserção Social para Dependentes quimicos ou dependestes
de álcool.
Fonte: Autoria Própria
Gráfico 19 apresenta o panorama ”ASSITENCIA PROVENIENTE DE OUTRAS
ENTIDADES”, uma vez que o apoio comunitário e social é fundamental para o
desenvolvimento de programas de conscientização e tratamento de dependentes. Três
empresas (30%) afirmaram que são auxiliadas por outras entidades tais quais como o Serviço
Social da Indústria – SESI e Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI unidades
locais. Uma empresa (10%) não sabia informar e as demais (60%) afirmaram que não são
auxiliadas.
GRÁFICO 19 –Assitência Proveniente de Outras Entidades.
Fonte: Autoria Própria
51
Este levantamento de dados foi essencial para a verificação da existência de programas
sociais de abordagem, tratamento e conscientização do alcoolismo dentro das empresas da
construção civil nas empresas de Mossoró segunda maior cidade do estado do Rio Grande do
Norte.
Ao observar a os dados obtidos é possível identificar que as empresas deste segmento
não possuem programas, apenas ações pontuais e isoladas.
No decorrer da pesquisa, foi possível observar contradições diante daquelas que
afirmavam possuir programas de assistência para recuperação de dependentes de álcool, mas
optavam pela demissão do funcionário uma vez descoberta a existência do problema. A
demissão baseava-se em causas diversas.
É possível que a ausência de dados relacionados ao problema (90% das empresas
afirmaram não possuir dados estatísticos sobre o alcoolismo dentro da empresas – Gráfico 8),
seja reflexo desta descaracterização das causas de demissão de funcionários, o que
impossibilita a realização de levantamentos históricos dentro das empresas
A falta de dados impede o diagnóstico preciso do problema, impossibilita a correlação
entre o alcoolismo e os acidentes ocorridos no ambiente de trabalho, e dificulta ações e
medidas efetivas de combate ao alcoolismo.
A Tabela 2, a seguir, resume através de semáforos os dados levantados no questionário
e expressa qualitativamente a maturidade das empresas em relação ao tema. As 10 empresas
foram classificadas de A a J e as respostas foram identificadas pelas cores “VERDE”,
“AMARELO”, “VERMELHO”, conforme aspectos positivos observados na identificação e
prevenção do uso de álcool no ambiente de trabalho. Na leitura da tabela, o significado das
cores para algumas questões apresenta-se invertido. As exceções estão devidamente
identificadas.
52
Tabela 2: Análise qualitativa do grau de maturidade das empresas quanto ao assunto
alcoolismo no ambiente de trabalho.
Empresa QUESTÃO
2 3 4 6* 7 8 9 11 12 13** 14 15 16* 17* 18 19 20 21 22
A
B
C
D
E
F
G
H
I
J
Fonte: Autoria Própria
* Nestes itens o sim representa um aspecto negativo.
** O intem 13 é dependente do item 12, paras as questões que consideraram o item 12 “vermelho” ou
“amarelo” o 13 foi considerado “vermelho”.
Ao obeservar a Tabela 2 é importante resaltar a prevalência do aspecto positivo nas
questões dois e três. Na questão 12 que se refere a análise toxicologica nas empresas, apenas
duas empresas realizam e em outras duas não souberam informar. No item 15 somente uma
empresa afirmou possuir dados sobre alcoolismo.
A questão 16 trata da existência de alcoolismo nas empresas. É interessante observar
que apenas uma empresa afirmou ter a ocorrência de alcoolismo com frenquência. A questão
17, entretanto, contrasta com a questão 16 pois embora as empresas afimem que não existe
alcoolismo frequente na empresa, cinco das empresas que responderam positivamente ao item
16 já demitiram trabalhadores devido ao uso de álcool pelos mesmos.
Na questão 21 nenhuma empresa possui programas de reinserção social e na questão
22, apenas três empresas buscam ou são auxiliadas por outras entidades sociais que tratam de
questões como o alcoolismo.
Após a verificação de dados encontrados na Tabela 2, foi possível realizar um
levantamento de dados e quantificar as ações das empresas de acordo com o seu grau de
maturidade com relação ao tema. As condições impostas foram: para cada célula verde foi
atribuído um ponto (+1) por ser um aspecto positivo; as células vermelhas simbolizam
53
aspectos negativos, por isso foi atribuído o valor de (-1); e o amarelo indica estado de atenção
ou indiferente assumindo o valor 0 (zero).
Tabela 3 – Atribuição de valores ao grau de maturidade das empresas.
Empresa 1 -1 0 TOTAL
A 8 11 0 -3
B 10 9 0 1
C 9 10 0 -1
D 8 11 0 -3
E 10 7 2 -3
F 9 10 0 -1
G 9 9 1 0
H 10 6 3 4
I 14 5 0 9
J 7 10 2 -3
Fonte: Autoria própria
Após a atribuição de cada valor, foi realizado o somatório das questões para
identificação do grau de maturidade da empresa. O Gráfico 20 mostra esta realidade.
GRÁFICO 20 – Grau de Maturidade das empresas da contrução civil de Mossoró quanto ao
alcoolismo nas empresas
54
Fonte: Autoria Própria
A Figura 1 representa, em termos percentuais, o quantitativo dos dados obtidos no
Gráfico 20 e na Tabela 2. Esta figura mostra que 70% das empresas possuem aspectos
negativos sobre a questão de alcoolismo nas empresas e o uso de programas assistenciais.
Figura 1: Semáforo, grau de maturidade das empresas.
Fonte: Autoria Própria.
A partir da figura 1 é possível perceber que as empresas estão em estado de alerta uma
vez que 60% das empresas apresentaram aspecto negativo referente ao tema alcoolismo nas
empresas, 10% apenas estão indiferentes ao assunto e apenas 30% apresentaram aspecto
positivo, ou seja apenas essas estão mais bem preparadas para enfrentas situações ou casos de
alcoolismo nas empresas ou estão mais preocupadas a estas questões.
60%
%
10%
30%
55
5 CONCLUSÕES
O uso de álcool por trabalhadores é uma prática considerada comum, uma vez que o
álcool, apesar de ser considerado um tipo de droga, possui aceitação social e muitas vezes são
incentivadas e disseminadas culturalmente pela sociedade. Sua utilização pode ser
considerada tão antiga quanto à existência humana.
A combinação álcool e trabalho é considerada inapropriada, uma vez que o álcool
altera as capacidades funcionais dos trabalhadores. Desta forma, justifica-se a necessidade
deste estudo sobre o uso de álcool por trabalhadores da construção civil, assim como a
verificação das empresas que possuem programas assistenciais a estes trabalhadores
Outra importante questão inerente à pesquisa foi analisar as empresas que possuíam
programas de prevenção ao uso de álcool, procurando entender como estes programas podem
melhorar a gestão e o desempenho da empresa e empregados. Intrinsecamente ligada a essa
questão, foi abordada outra, que foi identificar se as empresas possuíam programas e projetos
ligados a outras entidades sociais que pudessem auxiliar no desenvolvimento de políticas
internas de conscientização.
Observando os dados foi possível concluir que o problema é real e que as organizações
estão cientes de sua existência, mas não o admitem e não existem ações efetivas ou programas
institucionais que visem à redução ou eliminação do mesmo. O problema em questão é tratado
em uma abordagem ampla, inclusos em outras situações de segurança. Não existem
programas direcionados e exclusivos para tratar do assunto. Outro aspecto observado é que ao
ser identificado um funcionário com problemas de alcoolismo, ele é simplesmente demitido,
sendo utilizadas justificativas diversas.
A realização de exames para a verificação do uso de álcool é pouco efetiva e em
muitos relatos apenas se dizia que não ocorriam acidentes relacionados ao uso de álcool e que
este tipo de análise não era feita. Por isso, muitos trabalhadores talvez não possuíssem
conhecimentos sobre o exame de análise toxicológica.
O percentual de empresas que estavam sendo auxiliadas por outras entidades também
é considerado baixo, uma vez que no estudo proposto e realizado foi mencionado que este
tipo de situação do uso de álcool dentro de empresas está quebrando paradigmas e a sua
resolução não se limita mais às fronteiras da empresa, A ajuda de organizações e comunidades
se tornou essencial.
56
Constatou-se através da pesquisa bibliográfica que o crescimento populacional e a
migração do homem para as cidades influenciaram significativamente o crescimento da
indústria da construção civil. A medida que esse mercado se desenvolveu extensamente um
problema cresceu associado a ele: o alcoolismo de trabalhadores da indústria da construção
civil. Constatou-se também que o uso de álcool por trabalhadores pode estar associado a
diversos fatores como, as condições de trabalho, baixos salários, enfrentamento de situações
de risco, que são situações que produzem medo ao trabalhador. Todos estes fatores
influenciam ou “justificam” o alcoolismo na indústria da construção civil.
A indústria da construção civil é considerada uma das atividades de maior
probabilidade de ocorrência de acidentes. Associada ao álcool, uma droga psicotrópica que
altera as percepções do trabalhador, pode aumentar significativamente as chances de acidentes
nas empresas.A intensificação de políticas de qualidade de vida dentro das empresas,
campanhas de trabalho seguro, e implantação de programas que identifiquem e ofereçam
ajuda para resolver o problema podem minimizar o risco de acidentes, além de contribuir para
melhoria da qualidade de vida do trabalhador, tanto no trabalho quanto em sua vida privada.
5.1 DIFICULDADES ENCONTRADAS
Um desafio para o pesquisador neste tipo de estudo foi averiguar os arranjos
institucionais, as atitudes os objetivos e as reais situações empresariais neste contexto, uma
vez que, em alguns casos, as organizações preferem mascarar a sua real situação. Neste
sentido o processamento de dados se torna mais complexo, pois em alguns casos, as
organizações se contradizem ao responder o questionário.
5.2 SUGESTÃO PARA TRABALHOS FUTUROS
Ao longo do trabalho, foram identificadas oportunidades que não puderam ser
contempladas, seja pela falta de tempo hábil para sua realização, seja pelas limitações de
escopo existentes. Recomendam-se então como pesquisas para trabalhos futuros:
57
Pesquisar a utilização de outras drogas pelos trabalhadores da construção civil em
Mossoró.
Realizar um levantamento dos trabalhadores da construção civil de Mossoró que sejam
dependentes químicos.
Pesquisar os fatores que influenciam o uso de álcool por trabalhadores na construção
civil em Mossoró.
58
REFERÊNCIAS
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59
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SENAD.; SESI. Prevenção ao Uso de Álcool e Outras Drogas no Ambiente de Trabalho:
Conhecer para Ajudar. Florianópolis, 2008. 169 p. Disponível em:
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Públicas Para o Meio Ambiente da Cidade De Mossoró-RN. In: ASSOCIAÇÃO NACIONAL
DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE. 2006, Brasília.
60
Disponível em:< http://www.anppas.org.br/encontro_anual/encontro3/arquivos/TP272-
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OLIVEIRA et al. Risco Para Depressão, Ansiedade e Alcoolismo Entre Trabalhadores
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Disponível em:<http://www.fen.ufg.br/revista/v12/n2/pdf/v12n2a07.pdf>. Acesso em: 02 Jul.
2013.
61
ANEXO A – Questionário Aplicado em Empresas
Questionário para Coleta dos Dados
Identificação
Nome da empresa:
Endereço:
Contato:
Email:
1. Qual o ramo principal de atuação da empresa dentro da construção civil?
( ) construção de residencial
( ) Infra estrutura
( ) Barragens, pontes ou estradas
( ) Saneamento
2. Os trabalhadores da empresa possuem plenos conhecimentos sobre as políticas da
empresa?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
3. Os trabalhadores estão cientes de quais as substancias que podem ser trazidas ao
ambiente de trabalho bem como quais podem ser consumidas no horário de trabalho?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
4. A bebida já criou problemas na empresa?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
5. Qual a periodicidade de acidentes (com afastamento e sem afastamento) por ano dentro
da empresa
( ) n > 20
( ) 15 < n < 20
62
( ) 10 < n < 15
( ) 5 < n < 10
( ) 0 < n < 5
6. Já ocorreu algum tipo de acidente relacionado com o uso de álcool?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
7. Nos eventos que a empresa realiza como SIPAT, palestras, DDS, cursos etc. o tema
“Alcoolismo” é abordado?
( ) Sempre
( ) Eventualmente
( ) Não sabe
8. Todos os funcionários da empresa estão inseridos em programas de conscientização e
informação, ou seja, estes programas atingem desde os trabalhadores de frente de obra
até a Alta Direção?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
9. A empresa considera que o seus trabalhadores estão bem informados sobre os riscos e
consequências do uso de álcool?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
10. Qual o perfil do trabalhador em sua maioria que usa ou já fez uso de álcool na empresa?
( ) Homem
( ) Mulher
11. A empresa realiza analise toxicológica para a verificação do uso de álcool por
trabalhadores?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
12. A legislação brasileira regulamenta a realização de exames de analise toxicológica, esta
regulamentação pode estar sujeita a restrições e proibições. De acordo com esta
63
informação: os trabalhadores estão informados sobre as condições nas quais eles devem
se submeter à análise toxicológica e quando isto será necessário?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
Se a resposta do item 12 for sim, responda o item 13. Caso contrário, avance para o
item 14.
13. Em que tipo de situação é realizada esta analise toxicológica?
( ) Em caso de acidente
( ) Exames de Rotina
( ) Não sabe
14. Algum funcionário faltou ao serviço, durante os últimos doze meses, por causa da bebida?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
15. A empresa possui dados sobre alcoolismo? Estatística, registros, documentos dentre
outros.
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
16. É frequente a ocorrência de alcoolismo por parte de trabalhadores dentro da empresa?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
17. Já houve demissões associadas ao uso de álcool dentro da empresa?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
18. A empresa possui programa preventivo como a inclusão e analise toxicológica para
trabalhadores referentes ao uso de álcool?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
19. A empresa possui programa assistencial a trabalhadores que apresentam problemas
relacionados uso de álcool?
64
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
20. Os trabalhadores estão informados sobre as políticas de assistência que a empresa possui
e quando como devem procurá-la?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
21. A empresa possui algum programa de reinserção social ao trabalhador que esta em fase
de tratamento de dependência química ou que já se envolveu com álcool?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe
22. A empresa possui algum programa integrado a outra entidade ou fundação que trata das
questões relacionadas ao uso de álcool?
( ) Sim
( ) Não
( ) Não sabe