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0 UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA THAÍS DA SILVA BRAGA ANÁLISE ERGONÔMICA DOS TRABALHADORES RESPONSÁVEIS PELA PAVIMENTAÇÃO DAS CALÇADAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO MOSSORÓ RN 2013

THAÍS DA SILVA BRAGA - ufersa.edu.br - BCT/TCC... · Construção civil. 2. Ergonomia. 3. Trabalhadores da UFERSA. I. Título. ... Os postos de trabalho na construção civil são

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA

THAÍS DA SILVA BRAGA

ANÁLISE ERGONÔMICA DOS TRABALHADORES RESPONSÁVEIS PELA

PAVIMENTAÇÃO DAS CALÇADAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL

DO SEMI-ÁRIDO

MOSSORÓ – RN

2013

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THAÍS DA SILVA BRAGA

ANÁLISE ERGONÔMICA DOS TRABALHADORES RESPONSÁVEIS PELA

PAVIMENTAÇÃO DAS CALÇADAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL

DO SEMI-ÁRIDO

Monografia apresentada à Universidade

Federal Rural do Semi-Árido – UFERSA,

Departamento de Ciências Ambientais e

Tecnológicas para a obtenção do título de

Bacharel em Ciência e Tecnologia.

Orientador: Prof. Msc. Marco Antônio

Dantas de Souza - UFERSA

MOSSORÓ

SETEMBRO – 2013

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Ficha catalográfica preparada pelo setor de classificação e

catalogação da Biblioteca “Orlando Teixeira” da UFERSA.

B813a Braga, Thaís da Silva.

Análise ergonômica dos trabalhadores responsáveis pela

pavimentação das calçadas da Universidade Federal Rural

do Semi-Árido / Thaís da Silva Braga. – Mossoró, RN :

2013

67f. : il.

Orientador: Profº. Msc. Marco Antônio Dantas de Souza.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal Rural

do Semi-Árido, Graduação em Ciência e Tecnologia, 2013.

1. Construção civil. 2. Ergonomia. 3. Trabalhadores da

UFERSA. I. Título.

CDD: 620.82

Bibliotecária: Marilene Santos de Araújo

CRB-5/1033

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a minha família, em

especial aos meus pais, Francisco Erivando

Alves Braga e Cristina Margarete da Silva, e

a minha irmã, Emanuelle da Silva Braga,

que nunca mediram esforços para me

oferecer uma educação de qualidade, sempre

me apoiando e me encorajando a enfrentar

os percalços encontrados pelo caminho.

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AGRADECIMENTOS

Ao fim de mais uma etapa da minha vida, recordo-me de todas as pessoas a quem

ressalto reconhecimento, pois uma grande e fundamental parcela da realização desse

sonho concretizou-se com a contribuição de cada uma delas, seja direta ou

indiretamente. Saibam que foram vocês que me incentivaram e me deram esperança

para que neste momento findasse essa etapa tão importante pra mim.

Agradeço primeiramente a Deus, fonte de sabedoria e fé, pelo dom da vida e pela

proteção diária. Sou grata também a ele pela maravilhosa família e pela oportunidade de

ingressar em uma faculdade federal e me permitir continuar em busca do sonho de me

tornar uma excelente profissional da construção civil.

Aos meus pais, Francisco Erivando Alves Braga e Cristina Margarete da Silva, por toda

a confiança depositada, pelo apoio em todas as minhas decisões, pela motivação e

incentivo para enfrentar os desafios encontrados em meu caminho, e pelas muitas vezes

que abdicaram dos seus sonhos para que eu pudesse realizar o meu.

A minha irmã, Emanuelle da Silva Braga, por todo carinho, apoio e pelos momentos de

alegrias que passamos juntas.

A toda a minha família, avós, tios e primos, por todo incentivo, auxílio e apoio dados

durante esses anos de faculdade.

Ao meu namorado, Erisvaldo da Silva de Queiroz, pelo carinho, pela paciência, por me

ajudar a superar os momentos difíceis passados no decorrer desses anos de graduação e

por compreender que esta é uma etapa de grande importância em minha vida.

Aos meus colegas de curso que estiveram sempre ao meu lado me motivando a não

desistir do curso.

Aos meus grandes amigos André, Camila, Daniela, Evely e Franciele por

compreenderem meu sumiço, mas que sempre tiveram por perto dispostos a me ajudar,

ouvindo minhas angústias e dividindo momentos alegres.

A todos os professores do curso de Bacharelado em Ciência e Tecnologia da

Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), que foram tão importantes na

minha vida acadêmica e no desenvolvimento desta monografia.

Ao meu orientador, Prof. Msc. Marco Souza Dantas, pela paciência na orientação,

incentivo, exigência, ensinamentos e amizade, que tornaram possível a conclusão desta

monografia.

A todos aqueles que de alguma forma estiveram e estão próximos de mim, fazendo esta

vida valer cada vez mais a pena.

Meus sinceros agradecimentos!

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"Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo

para a vitória é o desejo de vencer."

(Mahatma Gandhi)

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RESUMO

A aplicação da ergonomia tem por finalidade realizar uma adaptação de forma

confortável e produtiva entre o trabalhador e seu posto de trabalhado fazendo com que

sejam minimizados os riscos ergonômicos e as cargas de trabalho, que haja uma

prevenção contra os agentes osteomusculares responsáveis pelo comprometimento da

saúde dos trabalhadores, além de adequar o posto de trabalho de acordo com as

características antropométricas e biomecânicas dos operários. Esta monografia foi

realizada por meio de um estudo de caso no canteiro de obras da Universidade Federal

Rural do Semi-Árido, com respeito à atividade da construção das calçadas dessa

instituição. O projeto se dá através de uma pesquisa de campo fundamentada em um

referencial teórico, com pesquisa bibliográfica e documental, de modo que houvesse

uma interligação entre as normas regulamentadoras existentes e os referenciais teóricos

para identificar os riscos ergonômicos oriundos da atividade de construção das calçadas

da UFERSA. Para a execução desse estudo de caso foram utilizados métodos e técnicas

científicas. Foi realizada ainda a observação dos trabalhadores, registrada por meio de

fotografias. A partir da observação e registros, foram utilizados alguns métodos de

análise ergonômica, tais como: Método OWAS e o Questionário Nórdico. Com base

nos dados obtidos no questionário nórdico foi possível perceber quais as regiões do

corpo dos trabalhadores são mais afetadas com a realização da atividade de construção

das calçadas. Ao término da pesquisa concluiu-se que os trabalhadores não estão

trabalhando segundo os parâmetros ergonômicos recomendados, ou seja, de forma

segura e satisfatória para o seu bem-estar.

Palavras-chave: Construção civil, Ergonomia, Trabalhadores da UFERSA.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema OWAS para análise das posturas................................................................. 40

Figura 2: Análise das posturas de combinações variáveis. ....................................................... 41

Figura 3: Questionário Nórdico dos sintomas musculoesqueléticos. ....................................... 43

Figura 4:Assentamento dos blocos de concreto (CAMPUS LESTE). ..................................... 49

Figura 5: Assentamento dos blocos de concreto (CAMPUS OESTE). .................................... 49

Figura 6: Construção do meio-fio (guias)................................................................................. 50

Figura 7: Transporte dos blocos de concreto (2 kg) ................................................................. 50

Figura 8: Cortes dos blocos de concreto ................................................................................... 51

Figura 9: Transporte dos blocos para contrução das guias ....................................................... 51

Figura 10: Composição do código do método OWAS para o transporte dos blocos de

concreto. ................................................................................................................................... 54

Figura 11: Composição do código do método OWAS para a construção do meio-fio. ........... 55

Figura 12: Composição do código do método OWAS para o aterramento e compactação

do terreno .................................................................................................................................. 56

Figura 13: Composição do código do método OWAS para o assentamento dos blocos de

concreto .................................................................................................................................... 57

Figura 14: Análise postural, através do método OWAS, da figura 14. .................................... 58

Figura 15: Análise postural, através do método OWAS, da figura 15. .................................... 59

Figura 16: Análise postural, através do método OWAS, da figura 16. .................................... 59

Figura 17: Análise postual, através do método OWAS, da figura 17. ..................................... 60

Figura 18: Questionário nórdico respondido pelos trabalhadores. ........................................... 66

Figura 19: Questionário nórdico dos sistemas musculoesqueléticos preenchido pelos

trabalhadores. ............................................................................................................................ 67

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1:Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 7 dias ............................................... 45

Gráfico 2: Partes do corpo afetadas nos últimos 7 dias. .......................................................... 45

Gráfico 3: Partes do corpo afetadas nos últimos 12 meses...................................................... 46

Gráfico 4: Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 12 meses. ......................................... 47

Gráfico 5: Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 7 dias e nos últimos 12 meses ......... 47

Gráfico 6: Trabalhadores afastados nos últimos 12 meses. ..................................................... 48

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1: Análise da postura X tarefa do operário ............................................................. 60

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LISTA DE SIGLAS

AET - Análise Ergonômica do Trabalho;

DORT - Doenças Ocupacionais Relacionadas ao Trabalho;

EPI - Equipamento de Proteção Individual;

EPC - Equipamento de Proteção Coletiva;

LER - Lesões por Esforço Repetitivo;

OWAS - Ovako Postura do Trabalho Analisando o Sistema

UFERSA - Universidade Federal Rural do Semi-Árido.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 13

1.1. Situação-Problema .......................................................................................................... 14

1.2. Objetivos ........................................................................................................................... 14

1.2.1. Objetivo Geral ................................................................................................................ 14

1.2.2. Objetivos Específicos ..................................................................................................... 15

1.3. Delimitação de Escopo .................................................................................................... 15

1.4. Justificativa ...................................................................................................................... 16

1.5. Estrutura do Trabalho .................................................................................................... 18

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................................................... 19

2.1 Ergonomia ......................................................................................................................... 19

2.1.1 Conceitos e Objetivos ...................................................................................................... 19

2.1.2 Origem e Evolução .......................................................................................................... 20

2.2 Análise Ergonômica do Trabalho (AET) ....................................................................... 20

2.3 Riscos Ergonômicos .......................................................................................................... 23

2.4 Doenças Ocupacionais ...................................................................................................... 24

2.5 Antropometria .................................................................................................................. 26

2.6 Organismo Humano ......................................................................................................... 29

2.6.1 Coluna Vertebral.............................................................................................................. 29

2.6.2 Lombalgia ........................................................................................................................ 30

2.7 Biomecânica Ocupacional ................................................................................................ 31

2.7.1 Trabalho Estático e Dinâmico ......................................................................................... 32

2.7.2 Dores Musculares ............................................................................................................ 33

2.7.3 Posturas do Corpo ............................................................................................................ 34

2.7.4 Levantamento e Transporte de Cargas ............................................................................ 35

3. METODOLOGIA ............................................................................................................... 37

3.1 Método OWAS .................................................................................................................. 38

3.2 Questionário Nórdico ....................................................................................................... 42

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..................................................................................... 44

4.1 Resultados do Questionário Nórdico .............................................................................. 44

4.2Comentários ....................................................................................................................... 52

4.3 Descrição da Atividade do Trabalhador ........................................................................ 52

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4.3.1 Aplicação do Método OWAS nas atividades realizadas pelos trabalhadores ................. 54

4.4 Resultado da Aplicação do Método OWAS ................................................................... 58

4.5 Comentários e Sugestões .................................................................................................. 61

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 63

APÊNDICE A ......................................................................................................................... 66

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1 INTRODUÇÃO

O setor da construção civil vem crescendo significativamente no Brasil.

Esse ramo possui importante papel na sociedade devido ao fato de ser um dos setores

que mais gera empregos em nosso país. Esse crescimento propiciou um aumento

significativo de demanda por mão de obra para a realização das mais distintas

atividades. Esta mão de obra caracteriza-se por um baixo grau de qualificação devido ao

pouco treinamento, conscientização e informação que os trabalhadores recebem. Isso

proporciona uma exposição às condições de trabalho adversas e a doenças ou acidentes

ocupacionais.

As principais causas desses acidentes de trabalho ocorrem, normalmente,

devido às condições ambientais a que estão expostos os trabalhadores e aos seus

aspectos físicos e psicológicos, envolvendo ainda aspectos comportamentais (fatores

humanos). Isto poderia ser evitado se as empresas tivessem desenvolvido e

implementado desde seu processo de planejamento, financiamento, gerenciamento e

execução, programas de segurança e saúde no trabalho, além de dar uma atenção maior

à educação e treinamento de seus funcionários.

Os postos de trabalho na construção civil são móveis, pouco

estruturados e grande parte das tarefas é executada ao ar livre, sob sol

e chuvas, o que expõe os trabalhadores a condições desfavoráveis de

trabalho. Ainda conforme o mesmo autor, os pedreiros inclinam-se

mais de 1000 vezes ao dia para pegar tijolo, pegar argamassa com a

colher e fazer os assentamentos. (IIDA, 2005 p. 550)

Além disso, o processo produtivo da atividade civil é predominantemente

manual, submetendo o trabalhador a diversos graus de esforço físico. Com o passar do

tempo, a rotina de trabalho fará com que o trabalhador assuma posturas inadequadas e,

ainda, poderá desencadear sérios problemas de saúde devido às tarefas contínuas, aos

esforços repetitivos, utilização de materiais inadequados ou ao ambiente impróprio para

o trabalho.

As empresas têm percebido a necessidade de aumentar a segurança de seus

funcionários e, consequentemente, diminuir os gastos extras com mão de obra ausente

ou com a correção de danos causados aos funcionários que não possuíam condições

devidas de segurança. Assim, surge a necessidade de se estudar os aspectos

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ergonômicos das atividades executadas, a fim de definir mecanismos de controle

eficientes que preservem a integridade física e mental do trabalhador.

A aplicação da ergonomia tem por finalidade realizar uma adaptação de

forma confortável e produtiva entre o trabalhador e seu posto de trabalhado fazendo

com que sejam minimizados os riscos ergonômicos e as cargas de trabalho, que haja

uma prevenção contra os agentes osteomusculares responsáveis pelo comprometimento

da saúde dos trabalhadores, além de adequar o posto de trabalho de acordo com as

características antropométricas e biomecânicas dos operários.

É importante ainda correlacionar os estudos sobre a ergonomia com a norma

reguladora que trata sobre a interação trabalhador-ambiente de trabalho, a NR 17. Essa

norma regulamentadora apresenta parâmetros que permitem adaptações do ambiente de

trabalho às características psicofisiológicas do trabalhador, proporcionando maior

conforto, maior segurança, menor risco de propensão às doenças ocupacionais e melhor

desempenho.

Além disso, busca-se propor adaptações ergonômicas para as tarefas

realizadas de modo inadequado, a fim de diminuir os erros e os riscos de lesões;

adequando as tarefas à carga horária correta e ao posto de trabalho.

1.1 Situação-Problema

Diante do exposto, o presente trabalho busca responder a seguinte questão:

as condições de trabalho dos profissionais elencados para pavimentação de

calçadas da UFERSA atendem às exigências ergonômicas estabelecidas pelas

normas e estudos existentes?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar os principais riscos ergonômicos encontrados no posto de trabalho

da construção das calçadas da UFERSA, avaliando as variações posturais dos

trabalhadores e os efeitos no sistema músculo-esquelético, viabilizando assim soluções

corretivas e preventivas dos fatores que possam ameaçar a integridade dos

trabalhadores.

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1.2.2 Objetivos Específicos

O estudo se propõe especificamente à:

1. Verificar se os trabalhadores recebem treinamento ou instruções satisfatórias

quanto aos métodos de trabalho e riscos aos quais estão expostos;

2. Verificar se o ambiente de trabalho atende aos padrões antropométricos

exigidos;

3. Averiguar a existência de risco postural do trabalhador decorrente da atividade

realizada, verificando se há relatos de dores osteomusculares.

1.3 Delimitações de Escopo

O estudo em questão limita-se a identificar e analisar os riscos ergonômicos

relacionados à construção das calçadas da instituição de ensino UFERSA, observando a

situação de trabalho do profissional, registrando-se os dados de postura por meio de

fotografias, aplicando um questionário (questionário nórdico) para identificação de

reclamações osteomusculares e analisando a atividade com a ajuda de software

específico (método OWAS).

Os resultados são discutidos com relação a este estudo de caso

especificamente, não podendo ser generalizáveis. O método utilizado, este sim, pode ser

reaplicável.

Tendo em vista que o escopo do trabalho será apenas analisar a atividade

dos trabalhadores na construção das calçadas, esta pesquisa restringe-se às etapas de

construção do meio-fio, aterramento e compactação do terreno, e transporte de cargas e

assentamento dos blocos de concreto, pois são as principais etapas onde se tem o

envolvimento deste trabalhador.

Não compõe o escopo deste trabalho a análise dos demais riscos: físicos,

químicos, biológicos e de acidentes.

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1.4 Justificativa

O aquecimento econômico proporcionou uma expansão no setor da

construção civil, ampliando o contingente de mão-de-obra e fortalecendo ainda mais a

atividade econômica de nosso país. Entretanto, essa ascensão trouxe consigo

consequências negativas, uma vez que a atividade da construção civil tem como

característica um índice elevado de acidentes, ocupando a terceira posição no ranking

nacional, de acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2012).

Dentre os riscos encontrados no ambiente de trabalho encontra-se o Risco

Ergonômico. Este é responsável por uma variedade considerável de doenças

ocupacionais, pois de acordo com FERNANDES et al. (1989), “envolve como agentes

o esforço físico intenso, levantamento e transporte de cargas pesadas e exigência da

postura inapropriada”. Esses acidentes são decorrentes das condições inadequadas do

ambiente de trabalho, da falta de treinamento e da escassez do conhecimento sobre os

riscos ergonômicos relacionados às suas atividades. O ambiente de trabalho

ergonomicamente incorreto pode desencadear tanto o adoecimento físico como mental

dos trabalhadores.

Os trabalhadores encontram-se, diariamente, expostos a atividade ao ar

livre, sofrendo com as interferências dos fatores climáticos (sol ou chuva), e ainda

realizando o seu trabalho em condições antropométricas e biomecânicas inapropriadas

para a realização dessa atividade.

O setor da construção civil possui tarefas árduas e com alto grau de

complexibilidade, devido as mais diversificadas atividades, realizadas por trabalhadores

que possuem pouco ou nenhum treinamento prévio da tarefa que vai executar. Além

disso, o canteiro de obra exige do trabalhador movimentos repetitivos e manuseio de

cargas, o que dificulta padrões posturais corretos, acarretando o uso constante e

repetitivo da musculatura e deixando o trabalhador sensível ao aparecimento de doenças

ocupacionais.

Segundo Oliveira, Adissi e Araújo (2004),

na construção civil existe uma multiplicidade de fatores que predispõe

o operário às condições de trabalho desfavoráveis, tais como

instalações inadequadas, falta de uso de equipamentos de proteção,

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falta de treinamentos, má organização do ambiente de trabalho, dentre

outros. OLIVEIRA, ADISSI E ARAÚJO (2004).

Pontes, Xavier e Kovaleski (2004) descrevem que “identificar e dar o

tratamento adequado aos riscos ambientais na organização é evitar incalculáveis

prejuízos que afetam centenas de empresas e incapacitam milhares de trabalhadores

todos os anos no Brasil”.

No entanto, este não é o único problema presente na construção. É

importante ressaltar que grande parte dos trabalhadores não tem a noção dos riscos aos

quais estão expostos, fazendo com que os mesmos sejam subestimados. Esse fato vem

por exigir ainda mais dos empregadores, efetuando treinamento, evidenciando os modos

de prevenção dessas doenças ocupacionais, fiscalizando e obrigando o uso adequado

dos EPI’s e dos EPC’s, além de conscientizar os mesmos dos riscos oriundos do

ambiente de trabalho.

Por essas razões, é muito importante a aplicação dos conceitos de

ergonomia nos canteiros de obra, pois esta tem a finalidade de adaptar o trabalho ao

homem, aplicando teorias, princípios, dados e métodos a projetos que visam melhorar o

bem-estar humano e a performance global dos sistemas.

A otimização das interações trabalhador e ambiente de trabalho trazem

consequências favoráveis para grupos distintos. Ao grupo dos trabalhadores, a

ergonomia propicia melhores aspectos para a realização do trabalho, pois esta diminui

os riscos de lesões e doenças ocupacionais e da carga de trabalho, adequam o local de

trabalho conforme as condições das tarefas realizadas, principalmente com respeito à

segurança, a saúde e ao conforto dos trabalhadores. Já para o grupo organizacional, a

ergonomia melhora a produção, diminui os custos oriundos da ausência de

trabalhadores acidentados, aumenta o lucro da empresa e minimiza os erros. É de suma

relevância que a ideia da qualidade de vida do trabalhador esteja presente no ambiente

de trabalho.

Com isso, o presente estudo se justifica por analisar os riscos ergonômicos

na atividade de construção das calçadas da UFERSA, identificando falhas posturais dos

trabalhadores, além de queixas de dores musculares, com o objetivo de proporcionar

melhorias nas condições de trabalho, promover a saúde e a manutenção da integridade

física dos mesmos.

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1.5 Estrutura do trabalho

O trabalho está organizado da seguinte forma:

O capitulo 1 apresenta o tema da pesquisa, a situação problema, o objetivo geral

e os objetivos específicos, a delimitação de escopo, a justificativa e a estrutura

do trabalho.

O capitulo 2 apresenta a revisão da literatura, abordando os seguintes temas:

ergonomia, análise ergonômica do trabalho, risco ergonômico, doenças

ocupacionais, antropometria, organismo humano e biomecânica ocupacional.

O capítulo 3 aborda a metodologia utilizada na execução do trabalho,

apresentando a classificação da pesquisa, os métodos de coletas utilizados

(Método OWAS e Questionário Nórdico), a interpretação dos dados e estudo de

caso.

O capítulo 4 mostra os resultados obtidos na aplicação do questionário nórdico e

no método OWAS, através do software ERGOLÂDIA®., análise e discussões

do mesmo, comentários e sugestões.

O capítulo 5 apresenta as considerações obtidas com a realização desta

monografia e as sugestões para trabalhos.

No final do trabalho são apresentadas as referências bibliográficas e os

apêndices pertinentes.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Ergonomia

2.1.1 Conceitos e Objetivos

A Ergonomia é a ciência que estuda o trabalho em relação ao ambiente em

que é desenvolvido e a quem desenvolve. Trata-se da adequação e ou adaptação das

condições de trabalho às características dos trabalhadores, visando evitar acidentes ou

doenças ocupacionais.

Em termos mais gerais, podemos dizer que é “a ciência do trabalho e

envolve as pessoas que o fazem, a forma como é feito, as ferramentas que elas usam, os

lugares em que eles trabalham e os aspectos psicossociais das situações de trabalho”

(PHEASANT, 1998).

Dul e Weerdmeester (2004, p. 2) assinalam que:

A ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos

corporais (sentados, em pé, empurrando, puxando e levantando

cargas), fatores ambientais (ruídos, vibrações, iluminação, clima,

agentes químicos), relações entre mostradores e controles, bem como

cargos e tarefas (tarefas adequadas, interessantes). As conjugações

adequadas desses fatores permitem projetar ambientes seguros,

saudáveis, confortáveis e eficientes, tanto no trabalho quanto na vida

cotidiana. DUL e WEERDMEESTER (2004, p. 2).

Para a realização dos seus objetivos a ergonomia estuda uma diversidade de

fatores que influenciam no desempenho do sistema produtivo e procura reduzir as

consequências nocivas ao trabalhador, que segundo IIDA (1991), são:

O homem e suas características físicas, fisiológicas e psicológicas; a

máquina que constituem todas as ferramentas, mobiliário,

equipamento e instalações; o ambiente que contempla a temperatura,

ruídos, vibrações, luz, cores, etc.; a informação que se refere ao

sistema de transmissão das informações; a organização que constitui

todos os elementos citados no sistema produtivo considerando

horários, turnos e equipes; e as consequências do trabalho onde

entram as questões relacionadas com os erros e acidentes além da

fadiga e o estresse (IIDA, 1991).

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O objetivo da ergonomia é investigar os aspectos de trabalho que possam

causar desconforto aos trabalhadores, e propor modificações nas condições de trabalho.

Além de promover uma melhoria significativa na eficiência, produtividade, segurança,

saúde nos postos e a diminuição da penosidade humana.

Como afirma FALZON (1996),

O objetivo da ergonomia está voltado ao estudo das condições

de trabalho que não apenas evitem a degradação da saúde, mas,

também, favoreçam a construção da saúde. Esta perspectiva

ativa é incapaz de ser focalizada prioritariamente pela

ergonomia. Na maioria das vezes, ela é focalizada sobre uma

visão instantânea do indivíduo. (FALZON, 1996)

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) é a principal metodologia de

investigação da Ergonomia. A AET se fundamenta no referencial teórico da Ergonomia

da Atividade e visa confrontar o trabalho prescrito aos trabalhadores e as condições de

sua execução com o trabalho realmente desenvolvido por eles. (GUÉRIN et al., 2001).

2.1.2 Origem e Evolução

A ergonomia teve sua origem na data de 12 de julho de 1949, onde se reuniu

pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas e pesquisadores interessados em

discutir e formalizar a existência de um novo ramo de aplicação interdisciplinar da

ciência. Entretanto, o neologismo ergonomia só surgiu na segunda reunião, realizada no

dia 16 de fevereiro de 1950, formado pelos termos gregos ergon que significa trabalho e

nomos, que significa regras, leis naturais Murrell (1965) apud IIDA (2005).

O termo ergonomia foi adotado nos principais países europeus, substituindo

antigas denominações como fisiologia do trabalho e psicologia do trabalho. Nos Estados

Unidos adotou-se a denominação human factors (fatores humanos), mas ergonomia já é

aceita como seu sinônimo, naquele país. (IIDA, 2005)

2.2 Análise Ergonômica do Trabalho (AET)

O desenvolvimento de um bom trabalho depende diretamente de um

conjunto harmonioso composto pelo trabalhador, equipamentos e locais adequados para

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realização de tarefas. Estes fatores integrados, determinarão um melhor desempenho das

atividades, bem como, uma melhor utilização dos recursos disponíveis (Proença et al.,

1996).

Assim, através da Análise Ergonômica do Trabalho é possível, não somente

categorizar as atividades dos trabalhadores, como também estabelecer a narração dessas

atividades permitindo, consequentemente, modificar o trabalho ao modificar a tarefa

buscando a adaptação do trabalho ao homem (Montmollin, 1982). A mesma tarefa

realizada por diferentes trabalhadores, nem sempre é realizada segundo um único

protocolo.

A Análise Ergonômica do Trabalho foi desenvolvida por pesquisadores

franceses, visando identificar as falhas do sistema produtivo e dessa forma estabelecer

soluções que sejam coerentes com a legislação vigente e com as normas

regulamentadoras.

Conforme afirma Güérin et al. (2001), a compreensão da Análise

Ergonômica do Trabalho (AET) é um meio que permite:

• Conhecer melhor e explicar melhor as relações entre as condições de realização da

produção e a saúde dos trabalhadores;

• Propor pistas de reflexão úteis para a concepção das situações de trabalho; e

• Melhorar a organização dos sistemas sociotécnicos, a gestão dos recursos humanos e,

em consequência, o desempenho da empresa em seu todo.

O mesmo autor afirma que o método da Análise Ergonômica do Trabalho se

desdobra em cinco etapas: análise da demanda; análise da tarefa; análise da atividade;

diagnóstico e recomendações.

Análise da Demanda- É a justificativa de um problema ou um situação

problema no qual necessite da ação ergonômica para que seja solucionado.

(IIDA, 2005)

Análise da Tarefa- É a diferença entre o conjunto de objetivos prescritos no

qual o trabalhador deve cumprir e a tarefa que está sendo executada. (IIDA,

2005)

Análise da Atividade- É aquela relacionada com o modo com que o trabalhador

se comporta na realização de suas tarefas. Ou seja, o procedimento que o

trabalhador segue para alcançar todos os objetivos que lhe foram atribuídos.

(IIDA, 2005)

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Formulação do Diagnóstico- É a etapa que identificamos as causas que

provocaram o problema que é descrito na demanda. Ele se refere a diversos

fatores relacionados ao trabalho e à empresa que influenciam na atividade do

trabalho. (IIDA, 2005)

Recomendações Ergonômicas- São as providências ou recomendações que

deverão ser tomadas a fim de solucionar o problema. Tais recomendações devem

ser claramente especificadas, detalhando ao máximo cada etapa necessária para

a resolução do problema. (IIDA, 2005)

A Análise Ergonômica do Trabalho (AET) tem por objetivo aplicar os

conhecimentos a respeito da ergonomia na análise, no diagnóstico e na correção de um

sistema real de trabalho. (IIDA, 2005)

Essa análise se baseia no estudo dos movimentos corporais do ser humano,

necessários para executar uma tarefa, e na medida do tempo gasto em cada um desses

movimentos. O objetivo da Análise Ergonômica do Trabalho é proporcionar melhorias

efetivas das condições de trabalho, promover o desenvolvimento pessoal dos

trabalhadores e aprimorar a qualidade do produto final. Em outras palavras ela

soluciona exigências de melhorias nas condições de trabalho (saúde e segurança) e

melhorias na eficiência econômica do sistema produtivo (produtividade). (IIDA, 2005)

Esta análise pretende mostrar a amplitude global da tarefa, abrangendo o

posto de trabalho, a carga cognitiva, a organização do trabalho, os ritmos e a postura.

Dessa forma, a análise não estará limitada apenas ao posto de trabalho, mas também “as

características do ambiente (principalmente quanto ao conforto térmico, conforto

acústico e iluminação), [...] do método de trabalho, [...] do sistema de trabalho e análise

cognitiva do trabalho” (Couto 1995, p.374).

O enfoque ergonômico tende a desenvolver postos de trabalhos que

reduzem as existências biomecânicas e cognitivas, procurando colocar

o operador em uma boa postura de trabalho. Os objetos a serem

manipulados ficam dentro da área de alcance dos movimentos

corporais. As informações colocam-se em posições que facilitem a sua

percepção. (IIDA, 2005).

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23

2.3 Riscos Ergonômicos

Os riscos ergonômicos são aqueles decorrentes de esforços físicos intensos,

manuseio e transporte de cargas pesadas, trabalho repetitivo, trabalho monótono,

jornadas prolongadas, postura inadequada, ou seja, situações que causam estresse

psíquico, de acordo com o Ministério da Saúde (2008).

O risco ergonômico na construção civil é encontrado nos mais diferenciados

lugares e responsável por causar danos a saúde do indivíduo, ocasionando

principalmente Distúrbios Osteomusculares (DORT).

A grande maioria desses riscos são provenientes de condições irregulares de

trabalho, do pouco ou nenhum treinamento dos trabalhadores, bem como da escassez do

conhecimento com respeito à ergonomia.

MELO apud MESQUITA (1998) define riscos do trabalho, também

chamados riscos profissionais, como sendo

Os agentes presentes nos locais de trabalho, decorrentes de precárias

condições, que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar do

trabalhador, podendo ser relativos ao processo operacional (riscos

operacionais) ou ao local de trabalho (riscos ambientais). (MELO

apud MESQUITA, 1998).

“Destaca-se que um dos riscos mais encontrados dentro de canteiros de

obras é o risco ergonômico. Tal risco atinge praticamente todos os trabalhadores, e

principalmente os serventes” (ARAÙJO, 1996).

Os riscos ergonômicos estão relacionados com fatores fisiológicos e

psicológicos inerentes a execução das atividades profissionais. Estes riscos podem

produzir alterações no organismo com relação ao estado emocional dos trabalhadores,

comprometendo a saúde, segurança e produtividade. Os riscos ergonômicos mais

frequentes na construção civil, na opinião de FERNANDES et al. (1989), são:

“levantamento e transporte manual de peso, ritmo excessivo de trabalho, monotomia,

repetitividade, postura e jornada de trabalho”.

FERNADES et al (1989) afirma ainda que “estes riscos podem gerar fadiga,

problemas na coluna do operário, perda de produtividade, incidência de erros na

execução do trabalho, absenteísmo, doenças ocupacionais e dores físicas”. Com a

continuação destas tarefas, o operário, poderá interromper suas atividades

periodicamente ou definitivamente.

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Além dos riscos ergonômicos devemos levar em consideração outro tipo de

risco de acidente, o risco social. Segundo RODRIGUES (1995),

este risco é decorrente da forma de organização do trabalho adotada

na empresa, que pode comprometer a preservação da saúde: o

emprego de turnos de trabalho alternados, divisão excessiva do

trabalho, jornada de trabalho e intensificação do ritmo de trabalho são

apenas alguns exemplos. RODRIGUES (1995).

A exposição a esses riscos podem ser mitigadas através da disseminação das

recomendações sobre a tomada de posturas corretas e alongamentos, conscientização,

educação e treinamentos, substituição de mobílias inapropriadas, organização do

trabalho e uso correto de EPI’s.

2.4 Doenças Ocupacionais

A atividade no canteiro de obras exige constantemente manuseio de cargas

pesadas e movimentos repetitivos, o que impossibilita a adoção dos padrões posturais

corretos, ocasionando o uso excessivo da musculatura. Esse fator faz com que a grande

maioria dos trabalhadores fique sujeita a contrair uma série de doenças diretamente

relacionadas à sua ocupação.

Doenças ocupacionais são um conjunto de doenças que alteram a saúde

física e ou mental dos trabalhadores, sendo estas adquiridas durante o exercício do

trabalho à serviço da empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que

causa a redução permanente ou temporária da capacidade para o trabalho. (Repórter

Brasil, 2007)

O risco de propensão às doenças é mais comum nas atividades em que se

exige um esforço exacerbado do trabalhador, em que haja movimentos repetitivos ou

em situações de estresse contínuas. Elas podem ser adquiridas através da exposição do

trabalhador a agentes físicos, químicos, biológicos ou radioativos, em situação acima do

limite permitido por lei, sem a utilização de roupas e ou equipamentos de proteção

coletiva ou individual compatíveis com o risco exposto.

As doenças ocupacionais geram perdas significativas não somente para o

próprio trabalhador, mas para a indústria da construção civil como um todo, uma vez

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que estas causam afastamentos temporários e até definitivos, prejudicando na produção

da empresa.

A preservação da saúde ocupacional é de suma importância, pois garante

aos trabalhadores a saúde, o conforto e o bem-estar, como também contribui para a

produtividade, motivação e satisfação no trabalho.

O esforço quando aplicado de modo contínuo, repetitivo, com materiais

inadequados e postos de trabalho não adaptados ao trabalhador, geram os distúrbios

osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT).

As LER/DORT são responsáveis pela alteração das estruturas

osteomusculares, como tendões, articulações, músculos e nervos, provocando irritações

e inflamações dos mesmos. A LER é causada por esforços contínuos e repetitivos com

consequente sobrecarga no sistema musculoesquelético, enquanto os distúrbios são

oriundos dos excessos nas atividades laborativas.

As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares

Relacionados ao Trabalho (DORT), referem-se aos distúrbios ou doenças do sistema

músculo-esquelético, principalmente pescoço e membros superiores, relacionados,

comprovadamente ao trabalho (KUORINKA e FORCIER, 1995).

Segundo Couto (1998) “as LER/DORT se apresentam como: tenossinovite,

síndrome do túnel do carpo, tendinite, bursite, miosite, síndrome cervico-branquial,

ombro doloroso, lombalgia e outras patologias associadas a fadiga muscular (que

ocorrem principalmente no ombro e pescoço)”. Dentre estas, a lombalgia é a lesão mais

queixada pelos trabalhadores de todas as áreas, principalmente daqueles que

desempenham profissões que envolvem levantamento, sustentação e transporte de

cargas.

Kiesler e Finholt (1988) relacionam os fatores ocupacionais a LER/DORT

nos membros superiores:

características posturais assumidas no trabalho, equipamentos

inadequados, ausência de pausa durante a jornada de trabalho,

insatisfação no trabalho e treinamentos inadequados, estresses

mecânico localizado, movimentos vibratórios, temperaturas frias,

nível de esforço empregado, quantidade e frequência da atividade

repetitiva, postura e tempo de repouso. KIESLER e FINHOLT (1988).

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Segundo MAENO(2006),

São danos decorrentes da utilização excessiva, imposta ao sistema

músculo esquelético, e da falta de tempo para recuperação.

Caracterizam-se pela ocorrência de vários sintomas concomitantes ou

não, de aparecimento insidioso, geralmente nos membros superiores,

tais como dor, parestesia, sensação de peso e fadiga (MAENO et al.,

2006).

As LER/DORT instalam-se lentamente no organismo humano e muitas

vezes passam despercebidas. Ao serem detectadas, pode existir um severo

comprometimento das áreas afetadas.

Felizmente as moléstias profissionais, em grande parcela, podem ser

facilmente evitadas, desde que sejam tomados alguns cuidados essenciais. Essas

medidas são simples, no entanto se usadas da maneira correta, podem livrar muitos

trabalhadores de diversos problemas de saúde.

Dentre esses cuidados destaca-se como o principal, o uso correto dos

equipamentos de proteção. Além disso, a empresa pode fazer uso da análise ergonômica

do trabalho, avaliando as condições físicas do local e do exame médico, duas outras

grandes ferramentas de prevenção.

É extremamente relevante que o trabalhador saiba identificar os sinais de

seu corpo, de modo que seja perceptível o início de qualquer desconforto. Os sintomas

mais comuns, que requerem a procura por um médico, são cansaço excessivo,

desconforto após a jornada de trabalho, inchaço, formigamento dos pés e das mãos,

sensação de choque nas mãos, dor nas mãos e perda dos movimentos das mãos.

Além disso, outro fator determinante que tem sido sugerido na indústria nos

últimos anos são as intervenções ergonômicas que buscam a diminuição das lesões e da

otimização das tarefas laborais.

2.5 Antropometria

A antropometria é uma ciência onde a ergonomia faz uso das medidas do

corpo humano e das medidas dos instrumentos do trabalho de modo a proporcionar

conforto e saúde ao trabalhador. Sua utilização tem sido crescente por conta da

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necessidade de adequar os instrumentos, os espaços e o ambiente de trabalho à anatomia

humana.

Segundo Pheasant (1998), “a antropometria é o ramo das Ciências Sociais

que lida com as medidas do corpo humano, particularmente com as medidas do

tamanho e a forma”.

As medidas antropométricas estão diretamente relacionadas com o alcance

dos movimentos corporais e as posturas adotadas pelos trabalhadores no ambiente de

trabalho. Conforme afirmam Dul e Weerdmeester (2004, p. 10) “a antropometria ocupa-

se das dimensões e proporções do corpo humano”.

Uma das grandes aplicabilidades das medidas antropométricas na

ergonomia, senão a principal, é na projeção ou dimensionamento do espaço de trabalho.

IIDA (1991), define espaço de trabalho como sendo “o local imaginário necessário para

realizar os movimentos requeridos no trabalho”.

O imaginário torna-se real após o levantamento antropométrico,

proporcionando o máximo de conforto músculo-articular e mínimo de riscos

ergonômicos. No entanto, a maioria das ocupações da vida moderna desenvolve-se em

espaços relativamente pequenos com o trabalhador em pé ou sentado, realizando

movimentos relativamente maiores com os membros do que com o corpo e onde devem

ser considerados vários fatores como: postura, tipo de atividade manual e o vestuário.

As medidas antropométricas nos fornece uma gama de informações

pertinentes com respeito à avaliação dos instrumentos e postos de trabalho, bem como

da adequação dos mesmos as características corporais dos trabalhadores.

Segundo Silva et al (2006),

O levantamento antropométrico de determinada população é um

instrumento importante em estudos ergonômicos, fornecendo

subsídios para dimensionar e avaliar máquinas, equipamentos,

ferramentas e postos de trabalho, ainda sendo utilizada para verificar a

adequação deles às características antropométricas dos trabalhadores,

dentro de critérios ergonômicos adequados para que a atividade

realizada não se torne fator de danos à saúde e desconforto ao

trabalhador. SILVA et al (2006).

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Seguindo a mesma linha de pensamento, Minetti et al (2002) descrevem

que,

as medidas antropométricas são dados de bases essenciais para a

concepção de um posto que satisfaça ergonomicamente os

trabalhadores, pois só a partir das dimensões dos indivíduos é que se

pode definir o dimensionamento adequado, tanto da máquina de

trabalho como da atividade envolvida, visando à segurança, à

eficiência e o conforto do trabalhador. MINETTI et al (2002)

A obtenção das medidas antropométricas é de vital relevância para as

empresas, pois geram melhorias no posto de trabalho e promove o desenvolvimento de

novos produtos, sendo estes coerentes com a anatomia humana alcançando os três

parâmetros essenciais da ergonomia: conforto, saúde e segurança.

O dimensionamento dos postos de trabalho e dos instrumentos deveria ser

feito individualmente para atender as características de cada trabalhador, no entanto isso

seria inviável devido a grande diversidade de indivíduos atenuantes no ambiente de

trabalho. Conforme Silva et al (2006) “os levantamentos antropométricos são realizados

para atender às faixas da população, podendo ser realizados para o tipo médio,

indivíduos extremos e um indivíduo especificamente”.

De acordo com Dul e Weerdmeester (2004, p. 11) os princípios

antropométricos que interessam a ergonomia são:

Considere as diferenças individuais do corpo;

Use tabelas antropométricas adequadas.

Com respeito ao segundo princípio, o autor menciona as tabelas

antropométricas que apresentam dimensões do corpo, pesos e alcances dos movimentos,

referem-se sempre a uma determinada população e nem sempre podem ser aplicadas a

outras populações.

Essa afirmação permite constatar que as populações se apresentam de forma

heterogênea, sendo necessárias medidas específicas para cada população que venha ser

estudada. Dessa forma, para se fazer as medições antropométricas deve-se levar em

consideração fatores que influenciam diretamente neste processo, que são: raça, sexo,

idade, cor, classe social, condições ambientais e natureza do trabalho.

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Sempre que possível e justificável, deve-se realizar as medidas

antropométricas da população para a qual está sendo projetado um produto ou

equipamento, pois equipamentos fora das características dos usuários podem levar a

estresse desnecessário e até provocar acidentes graves. “Normalmente as medidas

antropométricas são representadas pela média e o desvio padrão, porém a utilidade

dessas medidas depende do tipo de projeto em que vão ser aplicadas” (IIDA, 1991).

Segundo Minetti et al (2002) “para obtermos as medidas antropométricas

necessárias devemos utilizar dois tipos de recursos usados na antropometria: a

antropometria estática e a antropometria dinâmica”.

Na antropometria estática são consideradas as medidas das dimensões do

corpo quando o indivíduo encontra-se em postura neutra, sem movimentar-se. Já na

antropometria dinâmica são consideradas as medidas dos segmentos corporais em

movimento. Ela estuda os limites de movimentos de cada parte do corpo, cuidando para

que cada pessoa possa mover-se sem haver solicitação de esforço físico além do

necessário, com segurança e preservando a saúde através da postura e dos movimentos

adequados ao trabalhar. Através desse recurso obtêm-se informações relacionadas aos

ângulos das articulações, os alcances, as posturas naturais e confortáveis. IIDA (2005)

cita ainda a antropometria funcional que “são aquelas relacionadas com a execução de

tarefas específicas, sendo que cada parte do corpo não se move isoladamente, mas existe

uma conjunção de diversos movimentos para realizar uma função”.

Dessa forma, devemos utilizar medições antropométricas específicas para a

população estudada e para a atividade desenvolvida, para que almejemos os objetivos

esperados.

2.6 Organismo Humano

2.6.1 Coluna Vertebral

A coluna vertebral é uma estrutura óssea constituída de 33 vértebras

empilhadas, uma sobre as outras. Classificam-se em cinco grupos. De cima para baixo:

7 vértebras se localizam no pescoço e se chamam cervicais; 12 estão na região do tórax

e se chamam torácicas ou dorsais; 5 estão na região no abdômen e se chamam lombares;

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abaixo, 5 estão fundidas e formam o sacro e as 4 da extremidade inferior são pouco

desenvolvidas e constituem o cóccix. Estas 9 últimas vértebras fixas situam-se na região

da bacia e se chamam também de sacrococcigeanas. (IIDA, 2005)

Para equilibrar-se a coluna apresenta várias curvaturas consideradas

fisiológicas. São elas: cervical (convexa ventralmente - lordose), torácica (côncava

ventralmente – cifose) e lombar (convexa ventralmente – lordose).

A coluna vertebral é uma das partes mais frágeis do corpo humano, e por

essa razão ela está sujeita a uma série de deformações, podendo ser congênitas (obtidas

desde o nascimento) ou adquiridas no decorrer da vida por diversas razões, como a má

postura, esforço físico intenso, deficiência da musculatura de sustentação entre outras.

As principais anormalidades da coluna são a cifose, a lordose e a escoliose.

Cifose- É o aumento da convexidade, acentuando-se a curva para frente na

região torácica, correspondendo ao cocurda. A cifose acentua-se nas pessoas

mais idosas. (IIDA, 2005)

Lordose- Corresponde ao aumento da concavidade posterior da curvatura na

região cervical ou lombar, acompanhado por uma inclinação dos quadris para

frente. (IIDA, 2005)

Escoliose- É um desvio lateral da coluna. A pessoa vista de frente ou de costas

pende para um dos lados, para direita ou para a esquerda. (IIDA, 2005)

As pessoas portadoras dessas anomalias não estão impedidas de trabalhar,

no entanto, dependendo do grau em que elas se encontram é recomendável evitar

esforços físicos exagerados, cargas pesadas ou posturas inadequadas.

2.6.2 Lombalgia

“Lombalgia é uma dor que ocorre na região lombar da coluna vertebral. Os

números de faltas ao trabalho, devido a essa doença, ultrapassam o câncer, o AVC e a

AIDS. Ele é um problema Médico e Econômico por seus elevados custos sociais”.

(MÁSCULO e VIDAL, 2011)

O tipo mais comum ocorre quando um trabalhador permanece por um bom

tempo em uma mesma posição, com a cabeça inclinada para frente. Ela pode ser

aliviada com mudanças constantes de postura, levantando-se e sentando-se.

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Segundo IIDA, 2005,

Os casos mais agravantes de lombalgia provocam fortes dores e

podem incapacitar a pessoa para o trabalho, durante períodos de 3 a 10

dias. Dependendo do grau de gravidade, esse período pode estender-se

para 15 a 30 dias ou até meses. Geralmente são causadas pela

distensão dos músculos e ligamentos das vértebras ou movimentos

bruscos de torção. A situação tende a agravar-se nas pessoas que têm a

musculatura dorsal pouco desenvolvida e aquelas que ultrapassaram

os 40 anos, quando os discos tendem a degenerar-se. (IIDA, 2005)

As lombalgias podem ser prevenidas com a prática frequente de exercícios

físicos que irão fortalecer a musculatura e com a adoção de posturas adequadas durante

o levantamento ou transporte de cargas.

2.7 Biomecânica Ocupacional

A biomecânica é o ramo da Biologia responsável por estudar as estruturas e

as funções fisiológicas dos organismos, investigando o movimento sob os aspectos

mecânicos, suas causas e seus efeitos no corpo.

Segundo Lippert (2003, p. 52) a biomecânica, “envolve agregar os

princípios e métodos da mecânica e aplicá-los a estrutura e função do corpo humano”.

Quando estes conceitos relacionam-se ao ambiente laboral enquadram-se, então, na

biomecânica ocupacional.

A Biomecânica Ocupacional é a área da biomecânica geral que possui como

objeto de estudo o universo organizacional, que se ocupa dos movimentos corporais e

forças relacionadas ao trabalho. Assim, preocupa-se especialmente com as interações

físicos do trabalhador, com as ferramentas, máquinas, posto de trabalho visando

aumentar a performance e minimizar os distúrbios musculoesqueléticos. Esta analisa

basicamente a questão das posturas corporais no trabalho, a aplicação de forças, bem

como as suas consequências. (VANÍCOLA, M.C; MASSETO, S. T.; MENDES E. F.,

2004).

Segundo Chaffin e Anderson apud Salvendy (1997) a biomecânica

ocupacional é o estudo da interação física dos trabalhadores com seus instrumentos,

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máquinas e materiais para aumentar a performance, enquanto minimiza os riscos de

lesões músculo-esqueléticas.

Para IIDA (1990),

A biomecânica ocupacional analisa basicamente a questão das

posturas corporais no trabalho e aplicação de forças, as quais estão

relacionadas ao tipo de trabalho muscular (estático ou dinâmico) e aos

tipos de alavancas existentes no corpo humano na execução dos

movimentos. IIDA (1990).

O estudo da biomecânica nos permite relacionar as leis físicas da mecânica

com o corpo humano, de acordo com a Portopédia (2013). Dessa forma, podemos

compreender como reagem as articulações, os ligamentos e os músculos aos estímulos

recebidos na realização das atividades, principalmente quando relacionados a postura e

aos movimentos.

A biomecânica ocupacional utiliza-se de alguns métodos para determinar as

limitações e capacitações humanas para a realização das tarefas laborais sem que haja

risco de lesões, tais como: a análise das propriedades biomecânicas do aparelho

locomotor, como as posturas dinâmicas, a mobilidade articular e a força muscular.

(VANÍCOLA, M.C; MASSETO, S. T.; MENDES E. F., 2004).

2.7.1 Trabalho Estático e Dinâmico

O trabalho muscular pode ser dividido em dois grupos: o trabalho muscular

estático e o trabalho muscular dinâmico. O trabalho muscular estático é aquele que não

possui movimentos articulares, ou seja, aquele que produz contrações contínuas de

alguns músculos para manter uma certa posição. No trabalho muscular dinâmico existe

movimentação articular durante sua realização. (IIDA, 2005)

Segundo Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) “o trabalho estático

caracteriza-se por um estado de contração prolongada da musculatura, o que geralmente

implica um trabalho de manutenção de postura”.

Um trabalho estático quando aplicado 50 % da força máxima pode durar

cerca de um minuto, enquanto que as aplicações com níveis inferiores a 20% da força

máxima permitem uma contração muscular estática por um tempo maior. (IIDA, 2005)

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Grandjean (1998) afirma que "muitos autores recomendam que a carga

estática não deva superar aos 8% da força máxima, quando os esforços precisam ser

realizados diariamente, durante várias horas". Caso essa carga ultrapasse os 20% da

força máxima, e for executada durante muito tempo provocará dores e sinais de fadiga.

De acordo com Kroemer e Grandjean (2005, p. 15) “o trabalho dinâmico

caracteriza-se pela alternância de contração e extensão, portanto, por tensão e

relaxamento. Há mudança no comprimento do músculo, geralmente de forma rítmica”.

O trabalho dinâmico é aquele em que há contração e relaxamentos

alternados dos músculos, como nas tarefas de caminhar, serrar, martelar. Esse tipo de

movimento funciona como uma bomba hidráulica, onde ativa a circulação nos capilares,

aumento em 20% o volume de sangue circulado, quando se comparado à situação de

repouso. Dessa forma, o músculo passa a receber mais oxigênio, aumentando a sua

resistência à fadiga. (IIDA, 2005)

Por isso, é de suma importância que o trabalho estático seja evitado sempre

que possível. Nas situações onde isso não seja viável é necessário que haja mudanças de

posturas, melhorando posicionamento das ferramentas, e/ou providenciando alguns

apoios de modo que sejam reduzidas as contrações estáticas do músculo.

2.7.2 Dores Musculares

“A dor é uma sensação perceptiva e subjetiva, de etiologia variada, que cria

impotência funcional, medo, comprometimento psicológico e que se traduz na

diminuição da qualidade de vida do ser humano”. (GABRIEL et al, 2001)

Como afirma IIDA, 2005,

A dor é causada pela acumulação de subprodutos do metabolismo

interior dos músculos. Isso ocorre nas contrações musculares

superiores da capacidade circulatória em remover os subprodutos do

metabolismo. Ocorre, sobretudo, nos trabalhos estáticos, porque eles

prejudicam a circulação sanguínea nos vasos capilares. (IIDA, 2005)

As dores são causadas, na maioria das vezes, com a realização dos trabalhos

estáticos, uma vez que os mesmos dificultam a circulação sanguínea nos vasos

capilares. O mesmo autor afirma ainda, que:

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34

As dores são causadas principalmente pelo manuseio de cargas

pesadas ou quando exigem posturas inadequadas, como a torção da

coluna. Outras atividades como puxar e empurrar, carregar cargas

também podem causar as dores. Essas dores podem ocorrer também

com o alongamento excessivo e inflamação dos músculos, tendões e

articulações. São associadas geralmente a forças, posturas e repetições

exageradas dos movimentos. (IIDA, 2005)

2.7.3 Posturas do Corpo

Parte de nossa vida passamos no ambiente laboral. Por essa razão devemos

notar que este tempo está estritamente ligado a nossa saúde. A postura adotada para a

realização de diversas atividades está intimamente relacionada com o aparecimento de

diversas patologias que podem vim a reduzir ou comprometer a qualidade de vida tanto

laboral como social.

Para minimizarem-se estas situações objetiva-se no meio produtivo uma

postura ideal. Segundo Kendall (1990, p. 316) “a postura padrão deve ser o tipo de

postura que envolve uma quantidade mínima de esforço e sobrecarga e conduz a

eficiência máxima do uso do corpo”.

Postura é a organização de variados segmentos corporais no espaço.

Para a adequação na ergonomia deve-se considerar a postura de

trabalho. As inadequações no layout do posto de trabalho, dimensões

antropométricas levam o trabalhador a realizar posturas forçam e

prejudicam a estrutura corporal do trabalhador. O mais importante é

que a melhor postura a ser utilizada pelo trabalhador é a que ele

escolhe livremente e que pode variar ao longo do tempo. (MÁSCULO

e VIDAL, 2011)

Postura é o estudo do posicionamento relativo de partes do corpo, como

cabeça, tronco e membros, no espaço. a boa postura é extremamente importante para a

realização do trabalho sem estresse e desconforto.

A importância da boa postura no trabalho tem sido recomendada desde o

início do século XVIII, quando Ramazzini (1999), descreveu, em 1700, as

consequências danosas de "certos movimentos violentos e irregulares e posturas

inadequadas para o artesão".

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35

2.7.4 Levantamento e Transporte de cargas

“O levantamento de cargas é responsável por grande parte dos traumas

musculares entre os trabalhadores. Aproximadamente 60% dos problemas musculares

são causados por levantamento de cargas, e 20% puxando ou empurrando-as”, afirma

BRIDGER (2003).

Isso tem ocorrido principalmente devido à grande variação individual das

capacidades físicas, treinamentos inexistentes ou ineficientes e frequentes substituições

de trabalhadores homens por mulheres. Torna-se, então, necessário conhecer a

capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as tarefas e

máquinas sejam corretamente dimensionadas dentro dos limites.

A carga provoca dois tipos de reações corporais. Em primeiro lugar, o

aumento do peso provoca uma sobrecarga fisiológica nos músculos da

coluna e dos membros superiores. Segundo, o contato entre a carga e o

corpo pode provocar estresse postural. As duas causas podem

provocar desconforto, fadiga e dores. O segundo ponto é estudado

pela ergonomia, com o objetivo de projetar métodos mais eficientes

para o transporte de cargas, reduzindo os gastos energéticos e os

problemas musculoesqueléticos. (IIDA, 2005)

O transporte e o levantamento de cargas afetam o corpo de duas formas

distintas. A primeira provoca uma sobrecarga nos músculos da coluna vertebral e dos

membros superiores, já a segunda gera um estresse na postura do trabalhador.

Segundo afirma MÁSCULO e VIDAL (2011)

A parte do corpo humano mais afetada pelo levantamento de pesos é a

musculatura dorsal, por causa da estrutura da coluna vertebral. Dessa

forma são propostas algumas regras: manter a carga mais próxima

possível do corpo; evitar flexionar ou girar lateralmente a coluna

durante o levantamento da carga. A utilização da musculatura dos

membros inferiores, pelo método de agachamento, é o mais

recomendado. (MÁSCULO e VIDAL, 2011)

A coluna dorsal é a parte do corpo mais prejudicada pelo levantamento de

pesos. Por essa razão é necessário tomar algumas medidas para manter a integridade da

musculatura, sendo uma delas: flexionar a coluna ao levantar a carga.

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IIDA (2005) afirma que,

Durante o transporte manual de cargas a coluna vertebral deve ser

mantida também, ao máximo possível, na vertical. Deve-se também

evitar pesos muito distantes do corpo ou cargas assimétricas, que

tendem a provocar momento (no sentido da física), exigindo um

esforço adicional da musculatura dorsal para manter o equilíbrio.

IIDA (2005)

Neste capítulo foram estabelecidas as bases conceituais para o diagnóstico,

avaliação, prevenção e controle para trabalhos que envolvem levantamento e transporte

de cargas, bem como adoções de posturas inadequadas.

A seguir, será apresentada a metodologia utilizada para avaliação do

trabalho realizado pelos funcionários responsáveis pela pavimentação das vias públicas

da universidade.

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3 METODOLOGIA

Esta monografia foi realizada por meio de um estudo de caso no canteiro de

obras da Universidade Federal Rural do Semi-Árido, com respeito à atividade da

construção das calçadas dessa instituição. Esta pesquisa refere-se à análise dos riscos

ergonômicos aos quais os trabalhadores estão sujeitos na realização desta atividade.

Em relação a seus objetivos é descritiva, pois descreve as características e as

condições do trabalho dos trabalhadores da construção civil. Essa descrição

proporcionará uma avaliação das posturas e dos movimentos críticos, classificando-os e

discriminando-os quanto ao seu grau de risco ergonômico.

“Pesquisas que têm em sua estrutura o estudo de caso há predominância de

um forte cunho descritivo”, segundo afirma Martins (2002). Assim, a observação é

utilizada para identificar os riscos inerentes à integridade psicofisiológica dos

trabalhadores responsáveis pela construção das calçadas do canteiro de obra

mencionado anteriormente.

Segundo Cezar Coelho (p. 03), “Estudo de Caso enquadra-se como uma

abordagem qualitativa e é frequentemente utilizado para coleta de dados na área de

estudos organizacionais” o que ressalva ainda mais a nossa escolha por este método, já

que a finalidade do nosso estudo é mostrar a realidade e enfatizar os riscos ergonômicos

enfrentados pelos trabalhadores na construção das calçadas.

O projeto se dá através de uma pesquisa de campo fundamentada em um

referencial teórico, com pesquisa bibliográfica e documental, de modo que houvesse

uma interligação entre as normas regulamentadores existentes e os referenciais teóricos

para identificar os riscos ergonômicos oriundos da atividade de construção das calçadas

da UFERSA.

Com respeito aos procedimentos realizados para a abordagem e obtenção

dos resultados, se classifica como uma pesquisa de caráter misto, pois é composta tanto

por pesquisas qualitativas como por pesquisas quantitativas, referindo-se ao aspecto

antropométrico e biomecânico dos trabalhadores.

Para a execução desse estudo de caso foram utilizados métodos e técnicas

científicas de modo que pudéssemos perceber a complexibilidade do trabalho humano e

decompor os fatores observáveis como a postura, a exploração visual, os esforços

físicos e os deslocamentos que os trabalhadores realizam com essa atividade.

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As técnicas utilizadas foram de caráter objetivo e subjetivo. A observação

do posto de trabalho é o principal método direto utilizado na Ergonomia, pois nos

permite abordar de um modo amplo a atividade no trabalho. Por esse motivo foi

realizada uma observação simples e direta dos trabalhadores.

Conforme afirma Gil (1999, p. 111):

A observação simples é aquela em que o pesquisador permanece

alheio a comunidade, grupo ou situação que pretende estudar, observa

de maneira espontânea os fatos que aí ocorrem. A melhor forma de

fazer essa observação foi associando-a a filmagens e registros

fotográficos de modo que fosse caracterizado o exercício

desenvolvido no processo de construção das calçadas e a análise dos

movimentos corporais, principalmente os que envolvem a coluna

vertebral realizados pelos trabalhadores. GIL (1999, p. 111)

Em se tratando das técnicas subjetivas foi aplicado um questionário nórdico

com os trabalhadores, uma vez que este se refere ao discurso do operador, pois estes

sabem a situação real de trabalho.

A consideração do discurso do operador é uma fonte de dados indispensável

à Ergonomia. A linguagem, segundo MONTMOLLIN (1984),“é a expressão direta dos

processos cognitivos utilizados pelo operador para realizar uma tarefa”.

A observação visual dos trabalhadores em seu posto de trabalho será

realizada por meio de fotografias, que é de grande importância para o estudo proposto

pois permite constatar efetivamente as posturas adotadas pelos trabalhadores nas

atividades desenvolvidas diariamente.

Após a realização desses métodos e técnicas de pesquisas espera-se ser

possível sugerir adaptações aos postos de trabalhos para que sejam mais adequadas à

preservação e manutenção da integridade física e psíquica dos trabalhadores.

Para análise das questões posturais registradas em fotografias foi utilizado o

Método OWAS, componente do software para análises ergonômicas ERGOLÂDIA®.

3.1 Método OWAS

O método OWAS (Ovako Postura do Trabalho Analisando o Sistema) é um

sistema prático de registro, desenvolvido por três pesquisadores finlandeses (Karhu,

Kansi e Kuorinka, 1977), com o objetivo de realizar uma análise ergonômica das

posturas de trabalho na indústria siderúrgica, afirma Karhu et al., (1997). De acordo

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com IIDA (2005) “o procedimento se iniciou com uma análise fotográfica, com isso,

obtendo 72 posturas típicas, que resultaram em várias combinações do dorso, braço e

pernas”.

Esse método surgiu com a preocupação principal de identificar e avaliar as

posturas inadequadas durante a realização de uma tarefa, que juntamente com outros

fatores determinam o aparecimento de problemas musculoesqueléticos, acarretando nas

dificuldades para a realização do trabalho, absenteísmo e gastos adicionais ao processo

de produção.

Na aplicação do método OWAS a atividade é subdividida em várias fases e

consequentemente categorizada para a análise das posturas. Na análise das atividades

em que haja levantamento manual de cargas as posturas são identificadas e

categorizadas de acordo com o sacrifício ao qual o trabalhador impõe, embora não seja

o enfoque principal do método. Não são considerados aspectos como vibração e

dispêndio energético. Posteriormente as posturas são analisadas e mapeadas a partir da

observação dos registros fotográficos e filmagens do indivíduo em uma situação de

trabalho.

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Figura 1: Sistema OWAS para análise das posturas.

Fonte: IIDA, 2005.

“Cada postura tem uma descrição que é feita por um código de seis dígitos

que representam posições do dorso, braços, pernas e carga”. KARHU, KANSI e

KUORINKA (1977) apud IIDA (2005).

O método avalia as posturas considerando a percepção dos trabalhadores

em relação às consequências, e a análise dos ergonomistas classificando em quatro

grupos de recomendações para ações corretivas em diferentes escala de tempo:

Categoria 1: postura normal que dispensa cuidados (exceto em casos

excepcionais);

Categoria 2: postura deverá ser verificada durante a próxima revisão de

rotina de trabalho;

Categoria 3: postura que deve merecer atenção a curto prazo;

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Categoria 4: postura que deve merecer atenção imediata.

Figura 2: Análise das posturas de combinação variáveis.

Fonte: IIDA, 2005.

O sistema OWAS se baseia na amostragem da atividade em intervalos

variáveis ou constantes, verificando a frequência e o tempo que é gasto em cada postura.

São consideradas as posições das costas, braços, pernas, o uso de força e a fase da

atividade onde são atribuídos valores em um código de seis dígitos. Tendo por

característica a divisão em seis dígitos: o primeiro dígito indica a posição das costas; o

segundo, a dos braços; o terceiro, por sua vez, a das pernas; o quarto, indica o uso da

força; o quinto e sexto dígitos, por fim, indicando a fase de trabalho. WILSON e

CORLETT (1977) apud IIDA (2005).

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3.2 Questionário Nórdico

De acordo com IIDA (2005),

o questionário nórdico foi desenvolvido para auto-

preenchimento. Nele há um desenho dividindo o corpo humano

em 9 partes, no qual os trabalhadores devem responder "não" ou

"sim" para três situações envolvendo essas divisões. (IIDA,

2005, p 173)

O questionário é aplicado juntamente com uma carta que explica os

objetivos da realização do levantamento e solicita a participação de todos. Ela é seguida

por um bloco de caracterização do sujeito, pedindo-se para indicar o sexo, idade,

lateralidade (destro, canhoto ou ambidestro).

O questionário é válido quando se deseja fazer um levantamento

contundente dos dados necessários sobre os problemas posturais, sendo rápido e de

baixo custo. Esse método pode ser aplicado também para detectar inicialmente as

situações que necessitam de análises mais abrangentes e de medidas corretivas.

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Figura 3: Questionário Nórdico dos sintomas musculoesqueléticos.

Fonte: IIDA, 2005.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Resultados do questionário nórdico

Com base nos dados obtidos no questionário nórdico foi possível perceber

quais as regiões do corpo dos trabalhadores são mais afetadas com a realização da

atividade de construção das calçadas.

A entrevista foi realizada com 35 (trinta e cinco) trabalhadores de uma

população de 60 (sessenta), uma vez que apenas esses se encontram presente no dia em

que foi aplicado o questionário, os demais já havia cumprindo as suas atividades e

foram eventualmente transferidos para os outros campus da instituição de ensino.

Assim, o espaço amostral se refere a 58,33% da população real. A média de idade dos

trabalhadores entrevistados é de aproximadamente 37 anos.

A equipe de assentamento das calçadas é composta de sessenta

trabalhadores que fazem uma jornada de 44 horas semanais com intervalos para almoço

e descanso semanal aos sábados e domingos. A rotina de trabalho é realizada de

segunda a quinta das 6:30 as 11 horas da manhã e de 13:00 as 17:30 horas da tarde; nas

sextas de 6:30 as 11:00 horas da manhã e de 13:00 as 16:30 horas da tarde.

- Partes do corpo afetadas nos últimos 7 dias

Nos últimos sete dias constatou-se que dentre os entrevistados, 14

trabalhadores, cerca de 37,14%, afirmaram não sentir dor alguma. E que um único

trabalhador, cerca de 2,86%, relata sentir dores em todas as partes do corpo no decorrer

da semana (Gráfico 1).

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Gráfico 1: Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 7 dias.

Fonte: Autoria Própria.

Dos trabalhadores entrevistados apenas 5,71% se queixaram de dores nas

regiões dos tornozelos e pés, cerca de 8,57% afirmaram sentir dores nos ombros. O

pescoço, os cotovelos e quadril obtiveram 14,28% dos problemas, os punhos e as mãos,

principalmente os direitos, atingiram uma margem de 17,14% das reclamações. Outros

25,71% relataram incômodos na região dos joelhos. A maioria dos operários reclamou

de fortes dores na coluna, atingindo 31,43% e 40%, na coluna dorsal e lombar,

respectivamente (Gráfico 2).

Gráfico 2: Partes do corpo afetadas nos últimos 7 dias.

Fonte: Autoria Própria

62.86%

37.14%

0.00%

20.00%

40.00%

60.00%

80.00%

Sentiram dor Não sentiram dor

14.28%8.57%

14.28% 17.14%

31.43%40%

14.28%25.71%

5.71%

85.72%91.43%

85.72% 82.86%

68.57%60%

85.72%74.29%

94.29%

Sentiram dor Não sentiram dor

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- Partes do corpo afetadas nos últimos 12 meses

Quando o questionário admitiu um prazo de tempo maior, aproximadamente

1 (um) ano, percebeu-se que a porcentagem de dores era superior a adquirida no período

de sete dias. Apenas 8,57% continuaram se queixando de desconfortos nos tornozelos e

pés e nos cotovelos. Aproximadamente 11,43% dos entrevistados admitiram dores na

região do pescoço. Já 17,14% reclamaram de incômodos nos ombros, no quadril ou

coxas. Os punhos e mãos alcançaram 20% das reclamações dos trabalhadores. Os

joelhos foram a terceira parte do corpo com mais problemas, obtendo 28,57%. A coluna

dorsal teve 42,86% das queixas. Novamente, a coluna lombar foi computada como a

parte do corpo com mais problemas, atingindo uma marca de 54,28% (Gráfico 3).

Gráfico 3: Partes do corpo afetadas nos últimos 12 meses.

Fonte: Autoria Própria.

Dentre os trabalhadores entrevistados, apenas 31,43% não sentiram dor

alguma nos últimos doze meses (Gráfico 4).

11.43%17.14%

8.57%

20%

42.86%

54.28%

17.14%

28.57%

8.57%

88.57%82.86%

91.43%

80%

57.14%

45.72%

82.86%

71.43%

91.43%

Sentiram dor Não sentiram dor

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Gráfico 4: Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 12 meses.

Fonte: Autoria Própria.

- Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 7 dias e nos últimos 12 meses

Outro dado importante é que somente 26% dos trabalhadores entrevistados

não sentiram qualquer incômodo, desconforto ou dor em nenhuma parte do corpo.

(Gráfico 5).

Gráfico 5: Trabalhadores que sentiram dor nos últimos 7 dias e nos últimos 12 meses.

Fonte: Autoria Própria.

68.57%

31.43%

0.00%

20.00%

40.00%

60.00%

80.00%

Sentiram dor Não sentiram dor

74%

26%

Sentiram dor Não sentiram dor

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- Trabalhadores afastados nos últimos 12 meses

Gráfico 6: Trabalhadores afastados nos últimos 12 meses.

Fonte: Autoria Própria.

Vale relatar ainda que embora haja inúmeros relatos de dores, apenas quatro

trabalhadores precisaram se ausentar do trabalho nos últimos 12 (doze) meses devido a

problemas na coluna dorsal e lombar. Um, dentre os quatro trabalhadores, precisou se

afastar três vezes no mesmo ano, vítima de fortes dores na coluna.

Alguns trabalhadores relataram que adquiriram o problema físico em virtude

das atividades desenvolvidas em sua função, principalmente o calceteiro, por passar boa

parte do tempo ajoelhado, o operador da máquina compactadora, devido à pressão

exercida sobre os punhos e as mãos e o pedreiro por conta da inclinação da coluna ao

assentar os blocos de concreto.

Encontram-se abaixo as fotos usadas na realização da investigação, através

da observação em um posto de trabalho.

11.43%

88.57%

0.00%

20.00%

40.00%

60.00%

80.00%

100.00%

Foram afastados Não foram afastados

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Figura 4: Assentamento dos blocos de concreto (CAMPUS LESTE).

Fonte: Autoria Própria.

Figura 5: Assentamento dos blocos de concreto (CAMPUS OESTE).

Fonte: Autoria Própria.

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Figura 6: Construção do meio-feio (guias).

Fonte: Autoria Própria.

Figura 7: Transporte dos blocos de concreto (2kg).

Fonte: Autoria Própria.

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Figura 8: Cortes dos blocos de concreto.

Fonte: Autoria Própria.

Figura 9: Transporte dos blocos para construção das guias.

Fonte: Autoria Própria.

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4.2 Comentários

O questionário nórdico, através dos relatos dos trabalhadores, nos mostrou

que partes do corpo são mais afetadas com a realização da atividade de construção das

calçadas. Foi percebido que algumas áreas, como: colunas dorsal e lombar, joelhos,

punhos e mãos, são mais afetadas do que os demais locais, devido a prática dessa

atividade, causando maiores afastamentos.

4.3 Descrição da atividade do trabalhador

Nesta etapa do trabalho foram analisadas as atividades realizadas pelos

trabalhadores e classificadas as observações conforme o método OWAS.

A atividade de construção das calçadas realizada na UFERSA divide-se

basicamente em quatro tarefas principais, sendo elas:

a) Transporte dos blocos de concreto

A etapa do transporte consiste em retirar os tijolos de concreto para a

construção do meio-fio, que estão inicialmente agrupados em blocos contendo 30 tijolos

cada, e levá-lo para o local onde será construída a calçada. O transporte desse tijolo é

feito por um único operário e o peso equivalente do bloco é de 45 kg.. (Figura 10)

b) Construção do meio-fio (guia)

Nesta etapa o trabalhador assenta os blocos de concreto na área estipulada.

Para isso, o operário precisa do auxílio de um martelo, no qual bate três vezes por cima

do bloco para que este seja firmado no chão. Essa etapa inicial é seguida com os demais

blocos que serão colocados um ao lado do outro formando uma fileira. Em seguida é

feito o rejuntamento das peças, onde o trabalhador retira a massa do balde com a ajuda

da colher de pedreiro colocando-a entre os tijolos assentados. Logo depois é extraído o

excesso de massa ao redor do tijolo, esse excesso é devolvido ao balde. Essa tarefa é

finalizada com a conferência visual do tijolo assentado e com a verificação do prumo.

O meio-fio é construído tanto do lado esquerdo como no direito com um

espaço de aproximadamente um metro e meio entre eles. (Figura 11)

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c) Aterramento e compactação do terreno

A terceira etapa é dada pelo aterramento e compactação do terreno.

Primeiramente um caminhão despeja areia na área limitada pelas guias, em seguida o

trabalhador com o auxílio de uma pá faz o aterramento da areia de modo a deixá-la mais

plana possível. Após este passo é feita a compactação da areia com a máquina

compactadora. Esse serviço é feito duas vezes em sentidos diferentes (da esquerda para

a direita e da direita para a esquerda). (Figura 12)

d) Assentamento dos blocos de concreto

Nesta etapa é feita a fase final da atividade, o assentamento dos tijolos. Em

seu princípio o trabalhador coloca um bloco intertravado, pesando 2kg, na areia

compactada. Em seguida com a ajuda de um martelo bate três vezes sobre o tijolo para

que este seja devidamente assentado, esse processo se repete com os demais tijolos que

serão assentados ao longo da calçada. Ainda nesta etapa ocorre, quando necessário, o

corte de alguns blocos para que sejam corretamente encaixados, para isso o operário faz

uso de uma maquita. (Figura 13)

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4.3.1 Aplicação do método OWAS nas atividades realizadas pelos

trabalhadores

a) Atividade Analisada: Transporte dos blocos de concreto.

Figura 10: Composição do código do método OWAS para o transporte dos blocos de concreto.

Fonte: Autoria Própria.

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b) Atividade Analisada: Construção do meio-fio.

Figura 11: Composição do código do método OWAS para a construção do meio-fio.

Fonte: Autoria Própria.

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c) Atividade Analisada: Aterramento e compactação do terreno.

Figura 12: Composição do código do método OWAS para o aterramento e compactação do terreno.

Fonte: Autoria Própria.

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d) Atividade Analisada: Assentamento dos blocos de concreto.

Figura 13: Composição do código do método OWAS para o assentamento dos blocos de concreto.

Fonte: Autoria Própria.

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58

4.4 Resultado da aplicação do método OWAS

Após a classificação das atividades, utilizou-se o software

ERGOLÂNDIA® para avaliação e diagnóstico das atividades. O software possibilita a

inserção dos dados coletados, mediante a classificação pré-estabelecida do método

OWAS.

Ao inserir os dados, o ERGOLÂNDIA® expressa se serão ou não

necessárias medidas corretivas para adequação da atividade.

a) Transporte dos blocos de concreto

Conforme classificado anteriormente, a atividade de “transporte dos blocos

de concreto” foi classificada como 1173. Inserindo os dados no ERGOLÂNDIA®, tem-

se:

Figura 14: Análise postural, através do método OWAS, da figura 14.

Fonte: Autoria própria

b) Construção do meio-fio

A atividade “Construção de meio-fio” apresentou o resultado 2141.

Inserindo este código no ERGOLÂNDIA®, tem-se (Figura 15):

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Figura 15: Análise postural, através do método OWAS, da figura 15.

Fonte: Autoria própria

c) Aterramento e compactação do terreno

Para a atividade “Aterramento e compactação do terreno”, a classificação

foi 4131. Inserindo no ERGOLÂNDIA®, tem-se (Figura 16):

Figura 16: Análise postural, através o método OWAS, da figura 16.

Fonte: Autoria própria

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d) Assentamento dos blocos de concreto

Por último, a atividade “Assentamento dos blocos de concreto” foi

classificada como 2141. Inserindo no ERGOLÂNDIA®, tem-se (Figura 17):

Figura 17: Análise postural, através o método OWAS, da figura 17.

Fonte: Autoria própria

O Quadro 1 resume a análise dos resultados de todas as atividades,

proporcionados pelo método OWAS, informando quais atividades necessitam de

correções.

Quadro 1- Análise da postura X tarefa do operário

TAREFA Código do OWAS Medidas a serem tomadas

Transporte dos blocos

de concreto 1173

Não são necessárias medidas

corretivas

Construção do meio-fio 2141 São necessárias correções tão logo

quanto possível

Aterramento e

compactação do terreno 4131

São necessárias correções em um

futuro próximo

Assentamento dos

blocos de concreto 2141

São necessárias correções tão logo

quanto possível

Fonte: Autoria própria

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4.5 Comentários e sugestões

Foram observadas as mais distintas etapas da construção das calçadas em

que a atividade dos trabalhadores exige um grande esforço físico para o transporte,

construção do meio-fio, aterramento e compactação e assentamento dos blocos de

concreto. Também foi observado que, justamente nessas etapas, os trabalhadores

adotam posturas incorretas segundo os aspectos ergonômicos. Além do desconforto

causado por estas posturas, problemas ainda mais sérios podem ser gerados à saúde

desses trabalhadores.

Ao analisar as fotografias por meio do método OWAS e com a aplicação do

questionário nórdico, foi possível identificar quais as áreas do corpo humano que mais

propiciam problemas à saúde do trabalhador que realiza a construção das calçadas da

UFERSA. Desta forma, sugerem-se algumas medidas para que se diminua o

desconforto causado pela realização da tarefa.

Uma das propostas, embora que pelo método OWAS tenha indicado que

não era necessária a adoção de medidas preventivas, é que o transporte dos blocos de 45

kg seja feito por, pelo menos, dois trabalhadores.

Propõe-se ainda alterações na forma do assentamento dos blocos de

concreto e na construção do meio-fio, de forma que seja feito com pernas flexionadas e

coluna ereta.

Outra sugestão é a utilização de cinto lombar, para evitar possíveis casos de

lombalgia, e propor rodízios nas tarefas. Ainda: sugere-se que o processo de

aterramento do terreno seja feito com as duas pernas esticadas, tentando evitar ao

máximo a curvatura da coluna.

Finalmente, sugere-se a realização de ginástica laboral no início e no final

da jornada e trabalho, com o objetivo de fortalecer a musculatura e prevenir torções e

lombalgias.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O setor da construção civil é um dos mais importantes do nosso país, pois é

um grande gerador de empregos. Esse motivo levou ao questionamento de como os

trabalhadores realizam essa tarefa segundo os conceitos de ergonomia. Tudo isso devido

ao fato de que apesar da grande importância da construção civil, os índices de acidentes

e de doenças ocupacionais relacionadas ao trabalho ainda são elevados.

Neste trabalho foram investigadas, através da observação em um posto de

trabalho, as características do trabalho humano na construção das calçadas da instituição

de ensino UFERSA. Para tanto, foi realizada uma análise visual do processo de

construção das calçadas, o que nos permitiu avaliar as falhas presentes na atividade e,

dessa forma, fazer uso de algumas ferramentas como: o método OWAS e a aplicação de

questionário nórdico, com ênfase nas áreas mais dolorosas.

Os trabalhadores reclamaram de desconforto nas regiões da coluna lombar,

dorsal, punhos e mãos, sendo os dois primeiros os maiores causadores dos afastamentos.

O que pode ser explicado pelos movimentos repetitivos, manuseio de cargas, e

condições biomecânicas e antropométricas inapropriadas para a realização da atividade,

deixando o trabalhador sensível ao aparecimento de doenças ocupacionais e Lesões por

Esforço Repetitivo (LER).

Foi constatado também que os trabalhadores recebem um treinamento,

oferecido pela empresa, antes da realização das atividades. No entanto, na maior parte

do tempo, não executam suas funções conforme as instruções recebidas.

No decorrer da pesquisa foram observadas algumas não-conformidades,

como posturas inadequadas e movimentações de cargas pesadas. Foram sugeridas ações

como: Ginástica laboral, correção de posturas para levantamento de cargas, utilização

da cinta lombar e rodízios nas atividades.

Ao fim da pesquisa, concluiu-se que os trabalhadores não estão trabalhando

segundo parâmetros ergonômicos seguros, ou seja, de forma satisfatória para o seu bem

estar.

Os resultados dessa pesquisa podem justificar e subsidiar estudos futuros

que possibilitem o desenvolvimento de tecnologias que minimizem os riscos de doenças

e lesões nos trabalhadores que atuam na construção civil vindo, portanto, a promover-

lhes uma melhor qualidade de vida.

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APÊNDICE A: QUESTIONÁRIO NÓRDICO RESPONDIDO PELOS

TRABALHADORES

Figura 18: Questionário Nórdico respondido pelos trabalhadores.

Fonte: Autoria Própria

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Figura 19: Questionário Nórdico dos sistemas musculoesqueléticos preenchido pelos trabalhadores.

Fonte: Autoria Própria