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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE BIBLIOTECONOMIA
MARIA LUZIA ALEXANDRE DE OLIVEIRA
FOLKSONOMIA: UMA INDEXAÇÃO LIVRE E SOCIAL DAS INFORMAÇÕES NA WEB
NATAL/RN 2008
1
MARIA LUZIA ALEXANDRE DE OLIVEIRA
FOLKSONOMIA: UMA INDEXAÇÃO LIVRE E SOCIAL DAS INFORMAÇÕES NA WEB
Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia. Orientadora: Profª Drª Eliane Ferreira da Silva.
NATAL/RN 2008
2
MARIA LUZIA ALEXANDRE DE OLIVEIRA Monografia apresentada à Coordenação do Curso de Biblioteconomia, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia.
FOLKSONOMIA: UMA INDEXAÇÃO LIVRE E SOCIAL DAS INFORMAÇÕES NA
WEB
Aprovação em ______ de ________________ de ________
BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________
Profª. Drª. Eliane Ferreira da Silva Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________________________ Profª. MSc. Luciana Moreira de Carvalho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
___________________________________________________________________ Profª MSc. Renata Passos Filgueira de Carvalho
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
NATAL/RN 2008
3
Dedico este meu trabalho, Ao meus queridos pais, Agnaldo Damião de Oliveira e Maria das Graças
Alexandre de Oliveira, por todo o incentivo, dedicação e esforço que tiveram comigo
ao longo da minha vida.
4
AGRADECIMENTOS
À minha professora orientadora Eliane Ferreira da Silva, por ao longo da
minha vida acadêmica ter me incentivado as minhas pesquisas, dando-me apoio e
toda ajuda necessária para a realização das mesmas e para a conclusão deste
trabalho.
A todos os docentes do departamento de biblioteconomia, por terem sempre
se esforçado em repassar os seus preciosos conhecimentos aos seus alunos.
As minhas amigas em especial, Alessandra e Edineide, por estarem comigo
desde o começo desta caminhada ajudando-me em todos os sentidos.
Aos meus pais Agnaldo e Graça e meu irmão Agnaldo Filho, por sempre
terem acreditado no meu esforço e terem confiado nesse meu propósito de vida.
Aos meus amigos Tiago José, Gustavo Nogueira, Adriana Lima, Ceziana
Ferreira, Aniele Palhares, Fabiana Martinele, Ney Estevam, Francisco de Assis,
Elineide, Neylson, Alexandra Nanashara e Rita de Cássia por estarem sempre do
meu lado me apoiando.
As bibliotecárias Jackeline Cunha, Denise Tavares e Sônia Márcia, por
sempre terem me incentivado e repassado o seu conhecimento para minha futura
qualificação profissional.
E a todos em geral que contribuíram de alguma forma nessa minha longa
caminhada.
A todos, desejo de coração eterna gratidão.
5
Bom mesmo é ir a luta com determinação, abraçar a vida com paixão, perder com classe e vencer com ousadia, pois o triunfo pertence a quem se atreve... A vida é muita para ser insignificante.
Charles Chaplin
6
RESUMO
Aborda a relevância da informação na sociedade e destaca as suas características. Analisa o uso das folksonomias na web 2.0, bem como as suas características, vantagens e desvantagens. Expõe a web como um tipo de suporte informacional que vem sendo utilizado pelos usuários. Apresenta a web 2.0 caracterizada pelos seus processos de interatividade e colaboração em um ambiente social. Assim, teve como objetivo mostrar como os usuários estão utilizando as folksonomias nessa nova era informacional. Nesse sentido foram destacados três sites que tem como base o uso das folksonomias, são eles: o Flickr, o You Tube e o Overmundo, sendo possível assim uma maior compreensão da temática em questão. Dessa forma o presente trabalho foi elaborado, inicialmente, através de pesquisas bibliográficas, por meio de material impresso e eletrônico e, posteriormente, por meio da observação, tornando possível assim uma maior explanação sobre as folksonomias. Diante disso foi verificado que uma das soluções mais adequadas para se resolver os problemas relacionados em torno das folksonomias é a própria educação dos usuários.
Palavras-chave: Informação. Web 2.0. Folksonomia. Flickr. You Tube. Overmundo.
7
ABSTRACT
It approaches the relevance of the information in the society and detaches its characteristics. It analyzes the use of the folksonomies in web 2.0, as well as its characteristics, advantages and disadvantages. It displays the web as a type of informational support that is being used for the users. It presents the web 2.0 characterized by its processes of interactivity and contribution in a social ambient. Thus, it had as objective to show as the users are using the folksonomies in this new informational age. In this direction three sites had been detached that have as base the use of the folksonomies, they are: the Flickr, the You Tube and the Overmundo, being possible a bigger understanding of the thematic in question. This way, the present report was elaborated, initially, through bibliographical researches, by means of printed and electronic material and, later, by means of the observation, becoming possible thus a bigger explanation about the folksonomies. Ahead of this it was verified that one of the solutions more adjusted to solve the problems related around the folksonomies is the proper education of the users.
Keywords: Information. Web 2.0. Folksonomy. Flickr. You Tube. Overmundo.
8
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 9
2 O CIBERESPAÇO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO .................................... 11
2.1 Histórico ............................................................................................................. 11
2.1.1 Evolução da web ............................................................................................ 14
3 FOLKSONOMIA .................................................................................................... 20
3.1 SURGIMENTO E CARACTERÍSTICAS .............................................................. 20
3.2 INDEXAÇÃO LIVRE X INDEXAÇÃO CONTROLADA ......................................... 23
3.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS .................................................................... 25
3.3.1 Vantagens ....................................................................................................... 28
3.3.2 Desvantagens ................................................................................................. 30
4 METODOLOGIA .................................................................................................... 31
5 SITES COLABORATIVOS ..................................................................................... 33
5.1 FLICKR ................................................................................................................ 33
5.2 YOU TUBE .......................................................................................................... 39
5.3 OVERMUNDO ..................................................................................................... 42
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 49
9
1 INTRODUÇÃO
A informação vem sendo considerada pela sociedade do século 21 como um
insumo básico e essencial para toda e qualquer tomada de decisão, podendo ser
esta obtida através de vários tipos de suportes (impressos e eletrônicos). Com o
advento das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs), as mesmas
passaram a ser geradas, armazenadas e disseminadas de maneira mais rápida e
prática, permitindo assim uma interface mais dinâmica para os seus usuários.
Nesse aspecto, com o surgimento da Word Wide Web (WWW, ou
simplesmente Web) o número de informações vem crescendo de forma exponencial,
motivando assim o surgimento de outros serviços de organização e recuperação de
informações na rede. Esses novos serviços e procedimentos adotados em torno da
informação no ciberespaço começam a atrair mais olhares com o surgimento da web
2.0, conhecida também como web social, a qual Primo (2007, p. 1) a define como
sendo “[...] uma segunda geração de serviços online e caracteriza-se por
potencializar as formas de publicação, compartilhamento e organização de
informações, além de ampliar os espaços para a interação entre os participantes do
processo”.
É diante dessa nova interface entre usuários x Informação em rede que estão
inseridas as folksonomias, objeto central de estudo deste presente trabalho. Já de
maneira mais específica, será abordado: o crescimento e a evolução das
informações no ciberespaço, bem como sua relevância para a sociedade da
informação; as características das folksonomias e suas influências nos processos de
organização e recuperação das informações na web e o destaque de três sites da
web.
O interesse pela temática em questão, surgiu a partir de pesquisas relativas a
uma disciplina do curso de biblioteconomia, tendo como objetivo dar continuidade
através da elaboração desse trabalho. Nesse contexto, fazer essa abordagem sobre
as folksonomias é de extrema relevância para a sociedade num todo, uma vez que
será possível obter maiores informações sobre as mesmas, como por exemplo, um
maior entendimento sobre as suas vantagens e desvantagens. O mesmo poderá
servir também como uma fonte de informação, uma vez que são poucos os
documentos encontrados na literatura sobre as folksonomias.
10
O presente estudo foi elaborado através da consulta de materiais
bibliográficos impresso e eletrônicos. Para se ter um maior entendimento do uso das
folksonomias no ciberespaço, foram escolhidos três sites que podem ser
considerados exemplos (devido a sua popularidade entre os usuários) de como as
informações estão sendo indexadas livremente pelos usuários da web,
independentemente do seu formato digital (em diferentes extensões como .jpg, .gif,
.bmp, .png, .tif, .jpe etc) os quais são encontrados vídeos, fotos, textos etc. Dessa
forma, será possível visualizar de maneira mais clara as folksonomias ao se abordar
os presentes sites.
Em linhas gerais, o trabalho em questão foi dividido da seguinte maneira: o
segundo capítulo aborda o ciberespaço na sociedade da informação, mostrando
assim o seu histórico e a evolução da web; o terceiro contextualiza as folksonomias,
no capítulo seguinte apresenta-se a metodologia adotada para concepção da
pesquisa e no quinto capítulo é demonstrado como é feito o processo de
funcionamento dos seguintes sites: Flickr, You Tube e Overmundo. Por fim, tece-se
algumas considerações finais sobre o estudo.
11
2 O CIBERESPAÇO NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
2.1 HISTÓRICO
Desde os seus primórdios até os dias atuais, a sociedade humana vem se
preocupando em deixar registrada a sua memória, utilizando-se de distintos meios
(tabletes de argila, papiro, pergaminho, papel, computadores, etc.). Dessa maneira,
as suas informações poderão estar salvas; informações estas que de acordo com Le
Coadic (2004, p. 4) são constituídas de um:
[...] conhecimento inscrito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um simples suporte [...] comportando de um elemento de sentido. É um significado transmitido a um ser consciente por meio de uma mensagem inscrita em um suporte espacial-temporal: impresso, sinal elétrico, onda, etc. Inscrição feita graças a um sistema de signos (a linguagem), signo este que é um elemento da linguagem que associa um significante a um significado: signo alfabético, palavra sinal de pontuação.
Já o autor McGarry (1994, p. 4), elenca vários significados dados em torno do
conceito de informação, podendo ser esta:
Considerada como um quase-sinônimo do termo fato; Um reforço do que já se conhece; A liberdade de escolha ao se selecionar uma mensagem; Aquilo que é permutado com o mundo exterior e não recebido
passivamente; Definida em termos de seus efeitos no receptor; Algo que reduz a incerteza em determinada situação.
No entanto, as formas pelas quais as informações eram geradas,
armazenadas e usadas pela sociedade, começaram a sofrer profundas
transformações com a chegada da imprensa de Gutenberg em 1448 em mais ainda
com o advento das novas tecnologias de informação e comunicação (TICs). Esta
última constitui de acordo com Castells (2007, p. 67) um “[...] conjunto convergente
de tecnologias em microeletrônica, competição (software e hardware),
telecomunicações/rádio, difusão e optoeletrônica”. Segundo ainda o mesmo autor
12
citado acima, essas TICs não são constituídas de apenas simples ferramentas a
serem aplicadas, mas sim, de processos nos quais devem ser desenvolvidos.
Foi dentro desse “novo” âmbito tecnológico, que foi desenvolvido um grande
veículo comunicacional no qual era capaz de romper barreiras geográficas e
temporais, permitindo assim que a sociedade mundial pudesse estar mais conectada
uma com as outras: a internet. Esta foi desenvolvida em 1969, tendo como nome
inicial de Arpanet, sendo utilizada pela primeira vez em quatro universidades
americanas conectadas: Stanford Ressearch Institute, UCLA, UC Santa Bárbara e a
universidade de Utah (CARVALHO, 2007). No entanto, o processo de difusão da
internet na sociedade começou a ocorrer de maneira mais acelerada, com a criação
de um novo aplicativo na mesma: a World Wide Web (www, W3, ou simplesmente
WEB), sendo esta:
[...] desenvolvida a partir de 1989 no laboratório de pesquisas nucleares-CERN, www.cern.ch, em Genebra na Suíça, com o objetivo de interligar os pesquisadores de vários institutos através da internet; é sem dúvida o sistema cuja utilização mais cresce atualmente na internet [...] (ALMEIDA, 2000, p. 63).
Essa grande rede informacional formada por computadores conectados, uns
com os outros, constitui o que se conhece atualmente na sociedade da informação
como “ciberespaço”. Este termo foi “[...] inventado em 1984 por William Gilson em
seu romance científico” (LEVY, 2000, p. 92). De acordo, ainda, com Levy (2000, p.
92), esse ciberespaço é constituído de um:
[...] espaço de comunicação, aberto para interconexação mundial de computadores e das memórias dos computadores. [...] inclui o conjunto dos sistemas de comunicação eletrônicas, (aí incluídos os conjuntos de redes hertezianas e telefônicas clássicas), na medida em que transmitem informações provenientes de formas digitais ou destinadas a digitalização.
É notório que, no momento no qual um usuário está conectado nesse
ciberespaço, o mesmo poderá encontrará uma quantidade incalculável de
informações disponíveis, em diversos tipos e formatos (vídeo, texto, imagem, som,
etc.). Essas informações são vistas como metadados, na qual Breitman (c2006) as
definem como sendo dados sobre dados, podendo ser recuperada tanto no formato
convencional, como por exemplo, os catálogos manuais das bibliotecas, quanto nos
13
eletrônicos, na web. Essas mídias estarão disponíveis de forma “solta” para o
mesmo, ao comparar-se com outros tipos de serviços informacionais. Monteiro
(2006, p. 2) mostra de maneira bem clara essa diferença ao caracterizar os
processos tradicionais de organização da informação (catalogação e classificação),
como identidades fixas do conhecimento. Já no ciberespaço é promovida a ruptura
dessas identidades fixas e também da escrita linear, gerando assim uma
desterritorialização (no sentido de movimentação) da informação, e um maior
processo de interatividade. Esta é vista por Levy (2000, p. 79) como “[...] uma
participação ativa do beneficiário de uma transação da informação”.
Todas essas diferenças de processos comunicacionais podem ser
visualizadas de uma maneira mais clara e prática na figura abaixo:
Ferramenta Forma de Comunicação
Características Atores
Fala Um para um Comunicação Horizontal
Emissor e receptor na mesma hora e no mesmo local
Escrita (prensa, jornal, rádio e televisão).
Um para muitos Comunicação Vertical
Emissor e receptor em locais diferentes
Ambiente da rede
(internet, intranet, extranet e outros)
Muitos para muitos
Comunicação multidirecional.
Emissor e receptor em locais diferentes com a possibilidade de interceção
Fonte: Cavalcante e Nepomuceno (2007, p. 16)
Figura 1: Processos Comunicacionais
Diante disto, é bastante notável a quantidade diversificada de informações
que estão disponíveis na sociedade da informação, bem como os variados tipos de
suportes pelos quais essa pode ser propagada. Nesse sentido, a web pode ser
classificada como um desses suportes informacionais, entretanto essa está cada vez
mais gerando questionamentos em sua relação. Estas indagações estão sendo
ocasionadas pelo fato da mesma ser caracterizada pelas suas inesperadas
mutações, constituindo-se assim por enquanto, em três grandes gerações: a web 1.0
(origem da web) , 2.0 (web social) e 3.0 (web semântica).
14
2.1.1 Evolução da web
De acordo com Blattman e Silva (2007, p. 192) “a evolução da web possibilita
a criação de espaços cada vez mais interativos, nos quais os usuários passam a
modificar conteúdos e criar novos ambientes hipertextuais”. Essa evolução pode ser
considerada como “eras”, dando origem ao que muitos chamam de “web eras”. A
web tradicional (primeira geração da web: a 1.0), é caracterizada pelas suas páginas
estáticas, nas quais os usuários da rede não podem de maneira alguma alterá-las,
ficando assim os mesmos no papel de apenas simples consumidores passivos das
informações. Essa colocação pode ser também vista por Tapscott e Williams (2007,
p. ?) ao dizerem que “a maioria das pessoas estava confinada a papéis econômicos
relativamente limitados [...] como consumidores passivos de produtos produzidos em
massa [...]”.
A web 1.0 teria então como objetivo principal fazer apenas a conectividade
entre os computadores, permitindo assim a transferência das informações, seja esta
disposta em qualquer tipo de formato (vídeo, texto, imagem, som, etc.). Nesse
aspecto, a web 1.0 se apresentaria como uma infovia, não muito interativa com os
seus usuários, pois os mesmos não participam das etapas dos processos.
No entanto, os pesquisadores da rede virtual começaram a perceber o real
potencial que a web poderia oferecer aos seus usuários, podendo permitir assim um
maior processo de interatividade entre os mesmos. Foi pensando em atender essa
nova expectativa, que elaboraram a web 2.0, conhecida também como web social.
Essa terminologia, de acordo com Cavalcanti e Nepomuceno (2007, p. 3) foi:
[...] lançada em outubro de 2004, na conferência Web 2.0, promovida em São Francisco, EUA, pelas empresas Média Live e O’Reilly Média [...] com a finalidade de reunir, integrar e compreender uma série de fenômenos e ações que, vistos em conjunto, formavam um nova versão da internet e do ambiente de rede[...].
Entretanto, muitos são os questionamentos colocados em relação a essa era
2.0, na qual podemos ver de acordo com O’Reilly (2005, p. 1) ao falar que:
[...] o termo web 2.0, segundo se consagrou com mais de 9,5 milhões de citações no Google. Mais ainda existe um enorme desacordo sobre o que significa web 2.0, com alguns menosprezando a expressão como sendo um termo de marketing sem nenhum sentido
15
e outros conceituando-a como a nova forma convencional de conhecimento.
Para Blattmann e Silva (2007, p. 191) “as tecnologias da web 2.0 representam
uma revolução quanto a web 1.0 na maneira de gerenciar e dar sentido, ou ofertar a
informação on-line e aos repositórios de conhecimento, incluindo a informação
clínica e de pesquisa”. Os mesmos autores ainda deixam sua colocação mais nítida
ao fazerem uma comparação entre as duas webs (1.0 e 2.0), mostrado no quadro
abaixo, as principais ferramentas que caracterizam cada uma delas:
WEB 1.0 WEB 2.0 Ofoto Flickr Mp3.com Napster Britannica Wikipédia Sites pessoais Blogs Publicar Participar Sistemas fechados Wikis Taxonomia (diretórios) Folksonomia Fonte: Blattman e Silva (2007, p. 198).
Figura 2: Ferramentas que Caracterizam a WEB 1.0 e WEB 2.0
A web 2.0 pode ser chamada também, de “web social”, pois, a mesma, é
formada por um sistema aberto e colaborativo, conhecido como wiki1, no qual
permite que algumas páginas da web sejam trabalhadas de maneira aberta. Nesse
sentido os usuários da rede poderão modificar os seus conteúdos, como por
exemplo, no caso do site da Wikipédia2.
Nesse contexto, a web social vem utilizando-se do uso da inteligência coletiva
em rede como base de sua sustentação, havendo assim baixos custos econômicos
e uma maior rentabilidade. Esse tipo de inteligência, segundo Cavalcanti e
Napomuceno (2007, p. 3) faz parte de uma:
[...] nova forma de produzir conhecimento em rede, identificados por Pierre Lévy, através de conexões sociais e de ações dirigidas por
1 É um software colaborativo que permite a edição coletiva dos documentos de uma maneira simples. Em geral, não é necessário registro, e todos os usuários podem incluir, alterar ou até excluir textos, sem que haja revisão antes de as modificações serem aceitas. 2 É uma enciclopédia criada de maneira colaborativa, que não é propriedade de ninguém, e que é editada diariamente por milhares de intenautas. A mesma é considerada atualmente como dez vezes maior do que a enciclopédia Britânica, uma da mais conhecidas e usadas mundialmente.
16
comunidades que se utilizam ou se apropriam de ferramentas interativas disponíveis nos ambientes de rede (internet, intranet, extranet e outros).[...] será o resultado do compartilhamento da informação de um grupo em determinado ambiente propício, baseado em determinados fatores para a ampliação do conhecimento.
Diante desse ambiente tênue (aberto e compartilhado), a plataforma 2.0 da
web vem formando essa nova rede interativa, como pode ser percebida na figura
abaixo:
Fonte: Blattmann e Silva (2007, p. 200)
Figura 3: Características da Web 2.0
Diante de todos esses mecanismos estruturais e colaborativos, a web social
vem possibilitando aos seus usuários um ciberespaço mais dinâmico e colaborativo,
permitindo assim que o mesmo detenha na hierarquia do ciclo da informação duas
posições: a de produtor e consumidor das informações. Entretanto, toda essa
flexibilidade vem sendo considerada por alguns autores, das áreas da informação e
tecnologia, como um aspecto negativo para a sociedade. Um bom exemplo desse
tipo de idéia divergente pode ser vista na opinião de Andrew Keen, ao afirmar em
uma entrevista para uma revista, que a web 2.0 é uma “ameaça a cultura”, pois a
mesma vem criando uma falsa ilusão de que todos os usuários da rede podem ser
Posicionamento estratégico (A web como plataforma)
COMPETÊNCIAS CHAVE
Arquitetura da participação Aproveitamento da inteligência coletiva
O comportamento do usuário não está
pré-determinado
O software melhora na medida em que
mais pessoas utilizam
Fim do ciclo de liberação do
software
Confiar em seus usuários
Experiência e conhecimento pessoais dos
usuários
Modelos leves de
programação
Ênfase nos usuários, e não na
tecnologia
17
tornar autores, mais que na verdade os mesmos em questão deveriam ser acima de
tudo, primeiramente leitores. Dessa maneira, essa produção pode piorar a qualidade
da informação (Época, ago., 2007).
Já por outro lado, existem os que são aliados a estrutura da web 2.0,
acreditam assim no real potencial que a mesma pode e que vem oferecendo para a
sociedade da informação. Essa opinião é bem notável ao notar a co-relação que
Cavalcante e Nepomuceno (2007, p. [3]) entre a web social e o fenômeno dos
tsunamis:
Os elefantes pressentiram com pelo menos 30 minutos de antecedência a chegada dos tsunamis que devastaram o sudoeste asiático em dezembro de 2004. No início, todos ficaram estáticos, não mexiam a tromba, as orelhas ou o rabo. Mas em seguida, quase ao mesmo tempo, andaram para o interior, procurando terras altas, em desabalada carreira. Os donos dos animais ficaram atônitos, sem entender aquela reação, e até tentaram, em vão, conter seus arranques. Logo depois, foi o que se viu: As pessoas que correram atrás dos elefantes conseguiram se salvar, enquanto aqueles que ficaram esperando... [...] em momento de grandes crises ou mudanças, confiar na intuição pode ser a única alternativa para a sobrevivência.
Tapscott e Williams (2007, p. 11), são também favoráveis a implantação da
idéia da web 2.0 também nas empresas. Os mesmos acreditam que estas poderão
ser mais bem sucedidas ao utilizarem o crowdsourcing3, no qual faz parte de um:
“[...] modo de produção que utiliza a inteligência e o conhecimento coletivo de
voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdos, ou
desenvolver novas tecnologias”. Convém ressaltar que a inteligência coletiva pode
ser considerada como um dos principais componentes funcionais da web 2.0.
Atualmente na web, é possível perceber a presença de vários sítios nos quais
estão utilizando-se das ferramentas presentes nessa era 2.0, tais como a Wikipédia
(enciclopédia aberta e livre, podendo ser modificada por qualquer usuário que a
acesse, baseando-se no sistema wiki), Flickr (constituído de um álbum pessoal de
fotos), o You Tube (Vídeos postados), Amazon.com (loja virtual que tem por base o
3 . Como uma “terceirização às multidões”, o crowdsourcing refere-se ao ato de tomar uma tarefa tradicionalmente realizada por um funcionário ou contratado (interno), e ‘terceirizá-la’ para um grupo indefinido de pessoas, geralmente grande, promovendo um open-call à sociedade. Esse termo surgiu com a linguagem Web 2.0 que permite a navegação amigável e altamente relacionável inspirando Jeff Howe, um jornalista da revista Wired, a escrever diversos artigos relacionados em seu blog e depois consolidar os materiais no livro “Crowdsourcing: Why the Power of the Crowd is Driving the Future of Business” (Crown Business).
18
perfil de cada consumidor), dentre outros. Cavalcante e Nepomuceno (2007)
mostram de modo simplificado, como seriam essas comunidades colaborativas em
rede estando em ação:
Fonte: Cavalcante e Nepomuceno (2007)
Figura 4: As comunidades em Rede em Ação
Contudo, com a disponibilização desse sistema aberto em rede, nos quais
são os próprios usuários que inserem, organizam e alteram as suas informações,
sendo estas em alguns casos, recuperadas de maneira muitas vezes insatisfatórias,
gerando assim resultados um pouco negativos para os usuários. É pensando nessa
problemática que muitos cientistas estão desenvolvendo estudos para ajudá-los a
elaborar estratégias que possam resolver esse tipo de problema. Até fala-se no
surgimento de uma nova era da web: a web 3.0, conhecida também como web
semântica. Essa, de acordo com Tripoli (2007, p. ?), faria “[...] a organização e o uso
de maneira mais inteligente de todo o conhecimento já disponível na internet”.
A web semântica “[...] passa a dar sentido aos dados. Sistemas que
conseguiram não só apresentar o dado ou a informação, mas dá contexto a esse
dado” (WIKIRUS, 2008, p. 1). Ela foi idealizada, em 1998, pelo considerado pai da
web, o conhecido Tim Berners-Lee, embora a mesma continue permanecendo em
sua maior parte como um sonho que ainda não foi realizado (BATELLE, 2006, p.
227).
Isso vem nos demonstrando que a web é ainda um espaço muito vasto no
meio do desconhecido, tornando-se necessário a elaboração de mais pesquisas
SOCIEDADE Distribuindo Multiplicando Desenvolvendo Defendendo
Comentando Divulgando
MUDANÇAS
COMUNIDADE EM REDE
INFORMAÇÕES
19
para um maior entendimento da mesma, podendo quem sabe futuramente surgir até
mesmo uma nova web além da web semântica (web X.0).
No entanto, a sociedade da informação ainda está incluída na web 2.0 e é
dentro dela que podemos encontrar as folksonomias, objeto central de análise do
presente estudo.
20
3 FOLKSONOMIA
3.1 SURGIMENTO E CARACTERÍSTICAS
A proliferação dos serviços web 2.0 na sociedade da informação vem
permitindo aos usuários do ciberespaço, um maior processo de autonomia e
interatividade com as informações multimídias, dando origem assim, a sistemas
nunca antes pensados na história da humanidade. Muitos idealizadores e
provedores da web 2.0 que estão aderindo a esse “novo” mecanismo da rede, estão
obtendo bastante sucesso na rede mundial de informações, sendo considerados por
muitos como “ícones da web 2.0” e empreendedores, por terem acreditado nessa
nova era informacional. Pode-se ter como exemplo, de acordo com a revista Info
(2006) os criadores do:
Desenvolvido por Larry Page e Sergey Brin, em setembro de 1998.
Yahoo
Formado pelo taiwanês Yang e o americano Filo, em janeiro de 1994.
Myspace
O site foi estreado em julho de 2003 por Dewolfe e Anderson.
Del.icio.us
Schacther se tornou o ícone dos bookmarking (marcadores) em setembro de
2003.
You Tube
Criado por Chad Hurley e Steve Chen em fevereiro de 2005.
Flickr
Surgido em 2002 por Caterina Fake e Stewart Butterfield.
É diante desse contexto de interatividade e dinamismo que esses e outros
serviços estão crescendo exponencialmente na rede, havendo assim um maior
processo de adesão entre os usuários. Em alguns dos diversos sites presentes na
21
web 2.0, os usuários poderão se deparar com o uso das folksonomias, as quais de
acordo com Amstel (2007, p. 3), fazem parte de uma terminologia criada por:
[...] Thomas Vander Wal numa lista de discussão sobre arquitetura da informação em 2004 [...]. Na lista de discussão, Eric Sheid propôs o termo ‘folk classification’ e Thomas Wander Wal complementou com ‘ folksonomy’, aglutinando o termo ‘folk’ do germânico ‘povo’, e ‘taxonomy’, do grego ‘ regra de divisão’.
As folksonomias estão fazendo parte de um assunto considerado recente na
literatura, não tendo ainda por enquanto, uma conceituação única e padronizada do
seu real significado, podendo ser assim a mesma categorizada pelos estudiosos da
área em dois grupos: os que consideram a folksonomia como resultado de um
processo, produto; e os que a consideram como sendo um sistema, uma
metodologia, abordagem ou o próprio processo (CATARINO; BAPTISTA, 2007).
Em linhas gerais, as folksonomias podem ser entendidas como sendo: “[...] a
prática de permitir a qualquer pessoa, especialmente consumidores, atribuir
livremente palavras-chaves ou tags aos objetos” (VANDERLEI, 2006, p. 31). Essas
pessoas são classificadas por Gouvêa e Loh (2007), como usuários comuns que
utilizam-se da classificação livre-taxonomia, e não por usuários especialistas, pois se
estes últimos utilizam-se das ontologias.
Para Blattmann e Silva (2007, p. 207) as folksonomias são caracterizadas
como sendo uma “[...] forma relacional de categorizar e classificar informações
disponíveis na web, sejam elas representadas por meio de textos, imagens, áudio,
vídeo ou qualquer outro formato”. Elas começaram a se tornar bastante populares
na web quando foi criado em 2004 por Joshua Schachter o site do Del.icio.us., que
faz parte de um:
[...] bookmarking social, que permite o armazenamento online de bookmarks. O sistema funciona com base na folksonomia e pode ser utilizado de forma pública, permitindo que qualquer internauta possa visualizar os bookmarks ou de forma privada, para uso individual. (AQUINO, 2007, p. 309)
Como se pode ver, as folksonomias permitem que os próprios usuários da
rede façam o processo de indexação das informações, de uma maneira livre, aberta
social e não hierárquica, organizando assim as mesmas sem a necessidade de usar
22
qualquer tipo de vocabulário controlado. Os processos de uso do sistema das
folksonomias na rede poderão ser mais bem compreendidos na figura abaixo:
Fonte: Criada pela autora
Figura 5: Processos do Uso das Folksonomias
É preciso destacar também, que são várias as terminologias utilizadas em
relação ás folksonomias, tornando-se assim muitas vezes confusa a significação das
mesmas, pois na maior parte das vezes elas são usadas como sinônimos. Nesse
sentido torna-se relevante elencar alguns desses termos para se obter uma maior
compreensão da temática em questão:
Etiquetas: são conhecidas também como tags, palavras-chaves
ou rótulos. Tem como objetivo fazer o processo de identificação da
informação. Não são retiradas de nenhum tipo de vocabulário controlado,
sendo atribuídas de maneira livre pelos usuários.
Indexação: é utilizada como palavra sinônima da classificação,
conhecida também como processo de etiquetagem ou rotulagem, fazendo do
processo mental de atribuição de etiquetas pelos usuários.
Bookmarking: são considerados como marcadores ou favoritos.
Tem como objetivo organizar e marcar os links dos usuários, permitindo assim
uma maior precisão no processo de recuperação dos mesmos.
Usuário virtual
Sites da web 2.0 (Del.icio.us , Flickr, You tube, Overmundo)
Informações já disponíveis
Informação rotulada
Folksonomia -atribuição livre de palavras-chave (tags) nas informações
Posta informações (vídeos, textos imagens, sons)
23
Será através das tags colocadas nas informações multimídias pelos usuários
que se tornará possível fazer o processo de recuperação das informações.
Aquino (2008) considera as folksonomias como um novo tipo de hipertexto
que reconfigura os tais processos informacionais na web. Por sua vez, segundo
Lancaste (2004) [...] os hipertextos e as redes de hipermídia vem formando fontes de
informação que não possuem fronteiras claramente definidas.
Diante disso é possível ter uma idéia da quantidade de informações que
estão sendo inseridas e classificadas na rede pelos próprios internautas. Antes
mesmo do surgimento das folksonomias, Levý (2000, p. 11) em sua obra já
abordava essa questão da quantidade de informações virtuais e o futuro das
mesmas ao falar que:
A cada minuto que passa, novas pessoas passam a acessar a internet, novos computadores são interconectados, novas informações são injetadas na rede. Quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se torna “universal”, e menos o mundo informacional se torna totalizável.
Nesse sentido, torna-se percebível que atualmente esse mundo “universal” e
“menos totalizável” falado por Levý (2000), vem se concretizando cada vez mais na
sociedade da informação, gerado pelas constantes inovações tecnológicas em torno
do ciclo da informação (geração, transferência e uso).
3.2 INDEXAÇÃO CONTROLADA X INDEXAÇÃO LIVRE
Devido ao episódio da explosão informacional ocorrida na sociedade,
começou a surgir uma necessidade de criar estratégias nas quais pudessem
organizar aquela quantidade de informações que estavam sendo produzidas de
maneira acelerada pela mesma. Nesse sentido, foram elaborados instrumentos
universais que serviram de apoio para os profissionais da área da informação.
Permitiu-lhes assim aos mesmos que organizassem as informações de forma mais
prática e padroniza. Os bibliotecários, que são considerados como agentes
mediadores da informação, utilizam até nos dias atuais, alguns desses tipos de
24
instrumentos; tais instrumentos são conhecidos também como tipos de linguagens
de indexação, podendo ser feito assim, o tratamento temático dessas informações.
Essas linguagens, de acordo com Dias e Neves (2007, p. 23) podem ser
consideradas também como: “[...] instrumentos que vão fornecer os termos
padronizados para representar o assunto ou assuntos identificados nos documentos
analisados. Existem dois tipos principais de linguagens de indexação: as linguagens
alfabéticas e linguagens simbólicas”. Pode-se destacar como exemplos de
instrumentos de indexação as tabelas de classificação - a CDD e a CDU, os
cabeçalhos de assunto e os tesauros. Este último, de acordo com Dobedei (2002, p.
66) faz parte de um “[...] instrumento capaz de transportar conceitos e suas relações
mútuas, tal como expressos na linguagem dos documentos, em uma língua singular,
com controle de sinônimos e estruturas sintáticas simplificadas”.
No entanto, as informações disponibilizadas na rede 2.0, estão sendo
inseridas e organizadas sem a utilização de nenhum tipo de linguagem de indexação
controlada, sendo as folksonomias o tipo de vocabulário livre a ser utilizado pelos
próprios usuários do sistema. O processo de indexação de uma forma geral é
considerado por Dias e Naves (2007, p. 30) como uma “[...] operação delicada, que
ainda não obteve grandes suportes técnicos. É entendida como processo básico na
recuperação da informação”. Entretanto todo esse detalhismo e precisão são mais
vistos nos procedimentos de indexação tradicionais, que são mais utilizados em
unidades de informação como as bibliotecas por exemplo. Já no uso das
folksonomias essa preocupação não é muito aderida por parte dos “indexadores”.
Segundo Wal apud Vanderlei (2006, p. 31) o processo de indexação utilizado
nas folksonomias, podem ser dados em três tipos de elementos distintos:
A tag - é considerada como pedaços de informação separados de um
objeto, mas relacionado a ele;
Um claro entendimento do objeto que esta sendo “rotulado” e;
Uma identidade da pessoa que está rotulando esse objeto.
A mesma autora Vanderlei (2006, p. 31) comenta que esses três pontos
permitem que:
[...] qualquer pessoa possa colocar tags com informações sobre objetos para a sua própria recordação. A condição sobre identidade
25
permite a identificação individual do autor da tag, refletindo o vocabulário do usuário, o qual não é uma propriedade que tagging prevê a priori.
No entanto, Dias e Naves (2007, p. 80) descrevem como é realizado o
processo de indexação normal:
Quando analisa um texto com o objetivo de representar seu conteúdo, o indexador lê a linguagem do autor, que é a linguagem natural. Através de processos mentais, tenta extrair os conceitos contidos nos textos, para definir o mais adequado a expressar, com suas palavras (também em linguagem natural), o resultado da sua análise. Numa etapa posterior, ele vai traduzir as palavras para os termos de uma linguagem artificial, chamada de linguagem de indexação. Essas são, então, as etapas do processo de indexação e pode-se observar que, em todos os momentos, fala-se em linguagens.
Quando um bibliotecário vai indexar algum tipo de material informacional, ele
primeiramente analisa o assunto que trata aquela informação. Atribui posteriormente
os termos mais adequados de um vocabulário controlado, que permitem aos
usuários fazerem a recuperação informacional de maneira satisfatória e eficaz.
3.3 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA FOLKSONOMIA
Com a quantidade incalculável de informações na web, os usuários virtuais
muitas vezes não conseguem obter uma busca satisfatória nos sistemas de
recuperação da informação, sendo recuperado assim um índice maior de itens
inúteis do que úteis. Feitosa (2006) mostra essa relação entre os índices de
precisão4 e revocação 5 através das fórmulas abaixo:
4 É a relação entre os itens úteis e o total de itens recuperados em um sistema de busca. 5 É o índice empregado habitualmente para expressar a extensão com que todos os itens úteis são encontrados.
Cp= niu/nt
26
Onde:
Cp= coeficiente de precisão
niu= número de itens úteis
nt= número de itens recuperados
A fórmula acima representa a relação entre o total de itens úteis para o
usuário e o total de itens recuperados, denominando assim, o “índice de precisão”.
Já a relação entre o total de itens recuperados pelos usuários em uma
determinada busca e a quantidade de itens disponíveis na base de dados
pesquisada é chamada de “coeficiente de revocação”.
Onde:
Ir= índice de revocação
niu= número de itens úteis
ntu= número total de itens úteis
Feitosa (2006, p. 28) ainda aborda bem essa questão de recuperação das
informações ao falar que:
O índice de revocação e o coeficiente de precisão são grandezas diretamente proporcionais. Portanto, quanto menor for o índice de revocação, mais preciso será o resultado da pesquisa, isto é, maior será a quantidade de itens recuperados. [...] resultados satisfatórios na recuperação dependem diretamente da qualidade com que a indexação foi realizada isto é, da política de indexação utilizada, das regras usadas para a redação de resumo, da qualidade do vocabulário controlado, da qualidade da estratégia de busca, entre outros fatores.
Os usuários das redes virtuais muitas vezes realizam as suas buscas
utilizando-se de apenas simples palavras-chave para tentar assim recuperar as suas
informações; não sabendo este, porém, que alguns buscadores oferecem outras
formas para se realizar a busca. Lancaste (2004, p. 341) elenca algumas das
opções disponíveis que alguns buscadores oferecem aos seus usuários quando os
mesmos forem realizar uma determinada busca:
Ir= niu/ntu
27
Lógica boleana, inclusive recursos de encaixamento [nosting];
Truncamento; Busca com expressões; Proximidade das palavras Buscas em campos (isto é, pode limitar a
busca a um campo específico no registro, como título ou URL; Vínculos de hipertexto (isto é, buscar
páginas vinculadas a determinado URL); Busca de imagens (capacidade de
encontrar registros semelhantes a um registro já conhecido como interessante);
Consulta por exemplo (capacidade de encontrar registros semelhantes a um registro já conhecido como interessante.
Isso permite afirmar que,na maioria das vezes a recuperação informacional é
tida como insatisfatória pelo fato do usuário não utilizar todas essas potencialidades
que estão presentes nesses sistemas de busca.
Entretanto, outros questionamentos em relação à indexação e recuperação
desses recursos informacionais na web vêm sendo gerados com o advento das
folksonomias. O usuário do sistema ao inserir um item informacional baseando-se no
uso da folksonomia consegue indexar essas informações de maneira livre, adotando
o número de descritores (tags). Aquelas que acharem mais adequadas, constituindo
assim, uma “indexação colaborativa”.
Segundo Amstel (2007, p. 7) essas “[...] associações que as pessoas fazem
são diferentes porque a experiência de vida de cada uma é diferente. Porém,
quando as experiências são compartilhadas, a chance de assimilação é melhor”.
Isso é bem verdade, pois serão colocadas as tags de contextualizações diferentes,
podendo ser até mesmo, uma foto igual por exemplo. Em alguns sites utilizadores
das folksonomias, é possível perceber essa identidade cultural de cada usuário,
através dos seus descritores. Eles são abertos colocados para os outros usuários
poderem ver. Esse conjunto de descritores é denominado de “nuvem de etiquetas
(tag cloud)” e é possível exemplificar através da figura a seguir:
28
amigas amigos angel anjinho artificial autista azul baby ball banco
batista beach beautiful bebe beutifull blue bola boneca boy brasil brazil
brown bruna camera camp cars cat ccbb city clouds colegio colour
copacabana cousin curly cute day dedo dedos dia doce dog doll door
dream escola exposition
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 6: Nuvem de Etiquetas (tag cloud) de um usuário do site Flickr
As tags que estão destacadas em negrito e com o tamanho da fonte maior,
são aquelas mais utilizadas pelo usuário, permitindo assim que outros usuários
vejam-nas. Amstel (2007, p. 17) faz uma co-relação entre essas tags e a identidade
cultural ao dizer que “a escolha das etiquetas para registrar a visão do indivíduo
sobre um determinado recurso a ser catalogado é um ato de identificação com um
grupo, mesmo que o indivíduo não esteja consciente disso”.
Diante de todos esses mecanismos possíveis, com a usabilidade das
folksonomias, torna-se relevante conhecer as vantagens e desvantagens das
mesmas.
3.3.1 Vantagens
Dentre as vantagens nas quais podem estar presentes no uso das
folksonomias em um site 2.0, Catarino e Baptista (2007), destacam as seguintes:
O cunho colaborativo-social da folksonomia; há uma forma de
organizar os conteúdos dos recursos digitais da web pelos próprios usuários
que compartilham com outros as suas etiquetas, que podem ficar disponíveis
para serem ou não adotadas na classificação de um mesmo recurso por
outros usuários;
A formação automática de comunidades em torno de assuntos de
interesse na medida em que, ao utilizar serviços de folksonomia, o usuário
29
tem acesso aos outros usuários que têm os mesmos interesses identificados
através das etiquetas;
Não se tem uma regra pré-estabelecida de controle dos vocabulários;
esta pode ser vista como uma grande vantagem na medida em que os
usuários dos recursos expressam, ao rotular os conteúdos, a sua estrutura
mental em relação àquela informação. Dessa forma, há uma liberdade de
expressão que possibilita várias possibilidades de descrever um mesmo
conteúdo, respeitando assim, as diferenças culturais, interpretativas, etc.
Todos os recursos informacionais a serem etiquetados estão
disponíveis na web, podendo ser acessíveis a qualquer computador que
esteja conectado em rede (internet).
Amstel (2007, p. 20) também destaca as vantagens do uso das folksonomias,
ao comentar que:
A folksonomia demonstra ser uma estratégia viável para a classificação de informações em redes sociais, principalmente, por sua flexibilidade em acomodar a diversidade cultural que tais redes se propõem a acolher. O baixo esforço exigido para classificar as informações em relação aos benefícios individuais e sociais que ela proporciona, tornam a estratégia sedutora também para o usuário.
Isso fica demonstrado que em um ambiente mais aberto e colaborativo, a
participação dos usuários em organizar as informações torna-se o fator primordial
para esse tipo de metodologia, deixando o mesmo mais livre e menos preso em
entender as formas de organização tradicionais da informação (CDD, CDU, etc.),
pois nessa rede social isso se mostra desnecessário por um lado. Segundo Silva e
Blattmann (2007, p. 207) a finalidade de se usar as folksonomias seria em:
[...] ordenar o caos existente na web. Embora a sua característica de liberdade para classificar aponte para a idéia de uma falta de estrutura organizacional, o resultado para quem pesquisa é uma maior facilidade para encontrar termos que as demais linguagens de indexação não conseguem acompanhar em suas tabelas hierárquicas.
Entretanto as folksonomias apresentam também as suas desvantagens ao
serem utilizadas, como poderá ser visto a frente.
30
3.3.2 Desvantagens
Segundo Catarino e Baptista (2007) parece haver um consenso de que a
maior desvantagem em relação ao uso das folksonomias em um sistema aberto e
social seria realmente a falta de controle de um vocabulário, no qual o mesmo é
resultado da característica de liberdade na classificação dos conteúdos. Como foi
visto anteriormente, esse aspecto de classificação livre por um lado pode ser
considerado como uma vantagem, mas também por outro lado, torna-se
desvantagem.
Quando um usuário atribui de maneira livre as suas tags sem utilizar-se de
qualquer tipo de vocabulário controlado (tesauros, cabeçalhos de assunto, por
exemplo) com o objetivo de classificar algum tipo de informação, o mesmo poderá
classificar de forma “certa” ou “errada” essa informação; se analisarmos pelo
aspecto da busca informacional, pois o mesmo termo poderá ter diferentes
significados atribuídos pelos usuários. Isso acontece pelo fato, que segundo Gouvêa
e Loh (2007) enquadram como problemas de polissemia, sinonímia e variações
lingüísticas (conjunções verbais, plurais, de gênero), bem como problemas de erros
ortográficos multi-palavras e expressões (por exemplo, natalriograndedonorte).
Os mesmos autores também destacam a questão do uso de tags genéricas X
tags específicas, assim como algumas tags são utilizadas para interesse particular
quando na verdade deveriam ser em alguns casos determinadas com objetivo
específico. É na freqüência da tag que será determinada se ela é genérica, pessoal
ou simplesmente coletiva. Catarino e Baptista (2007) mostram que o maior desafio
no uso da folksonomias é desenvolver tipos de aplicações que possam manter o
cunho colaborativo ou social da folksonomia, porém que consiga atingir uma maior
qualidade no processo de indexação.
Diante disso, um dos métodos mais adequados nesse momento seria a
própria educação dos usuários, orientando assim que os mesmos possam adicionar
etiquetas melhores nas informações.
Sendo assim, após a abordagem baseada na revisão de literatura, faz-se
necessário expor a metodologia utilizada na elaboração do estudo, a qual será
vislumbrada no capítulo a seguir.
31
4 METODOLOGIA
Objetiva-se com o presente estudo científico, a busca das informações
necessárias para investigar o trabalho de pesquisa, com intuito de mostrar como os
usuários estão utilizando as folksonomias nessa nova era informacional.
Assim, no caso da pesquisa em questão, esta foi definida como exploratória e
descritiva, sendo a primeira por ter “como objetivo proporcionar maior familiaridade
com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses” (GIL,
2002, p. 41). Ainda nesta temática, Gil (2002, p. 42) defende que “as pesquisas
descritivas têm como objetivo primordial à descrição das características de
determinada população ou fenômeno ou, então, o estabelecimento de relações entre
variáveis”. Desse modo, a pesquisa descritiva foi utilizada, uma vez que a mesma
pôde descrever a questão de estudo, identificando na revisão de literatura subsídios
que embasem a percepção quanto ao objetivo proposto.
No que se refere ao universo e a amostra da pesquisa, foram formulados
através de três sites, para se ter um maior entendimento do uso das folksonomias no
ciberespaço, que são: Flickr, You Tube e Overmundo.
A coleta dos dados deu-se por meio da observação, a qual possibilitou um
melhor entendimento das folksonomias no ambiente digital; integralizando-as a
prática da biblioteconomia, isto é, ao fazer do bibliotecário nesse campo de atuação.
Quanto às analises, estas foram realizadas de forma qualitativa, uma vez que
fez-se uma incursão pela literatura abordada para seu melhor entendimento. Além
disso, não houve uma relação estatística, ou seja, não ocorreu mediação nem
tabulação dos dados. Assim, Vergara (2000, p. 59) explica que o tratamento de
dados “serve para diagnosticar qual o tratamento mais adequado será utilizado para
análise dos dados e, após interpretação destes dados, utilizá-los de forma
apropriada para o alcance das melhorias desejadas”.
A interpretação trata-se da capacidade de se voltar à síntese sobre os dados,
entendendo-os em relação a um todo maior, e em relação a outros estudos já
realizados na mesma área. São processos que se complementam e acontecem
como síntese, numa totalidade. Diante disto, os dados foram analisados e
explicados à luz do referencial teórico apresentado, no corpo do estudo.
32
Baseando-se nessas colocações, a seguir apresenta-se a análise dos
referidos sites citados, com intuito de responder a problemática abordada pela
pesquisa.
33
5 SITES COLABORATIVOS
Com a proliferação do uso das folksonomias no ciberespaço, vários sites da
web vêm aderindo à usabilidade e inovação das folksonomias, tornando-se assim a
sua interface mais atrativa com os internautas. Entretanto, poucos são os usuários
que sabem que usam, em muitos casos diariamente, as folksonomias, sendo a
própria terminologia algo “diferente”. Quando se é explicado do que se trata o termo
“folksonomia” é que eles percebem que envolve algo bastante simples e fácil de se
entender.
É diante desse mundo “desconhecido” das folksonomias, que se torna
necessário a seguir, a apresentação de alguns sites na web que tem como base
esse tipo de metodologia.
5.1 FLICKR
De acordo com Aquino (2008), o site Flickr foi criado por Caterina Fake e
Stewart Butterfield em 2002, sendo o mesmo caracterizado com um sistema de
publicação de fotos que se diferencia dos outros tipos de sistemas dessa categoria,
pois é um dos poucos, por enquanto, que utilizam como base as folksonomias. Esse
site pode ser classificado como um tipo de álbum virtual gratuito, no qual o usuário
ao se cadastrar no mesmo, cria a sua conta, podendo assim disponibilizar,
compartilhar, editar, cortar, corrigir, explorar e organizar as suas fotografias da
maneira que achar mais conveniente.
34
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 7: Página inicial do site do Flickr
Pode ser visto abaixo, um melhor detalhamento dos recursos que estão
disponíveis para os usuários no site do Flickr:
Compartilhamento: este poderá ser dado através de grupos que são divididos
em três categorias: os públicos (são os totalmente abertos), públicos com
restrições (apenas os convidados podem visualizar as fotos) e o privado.
Organização: são os próprios usuários que irão organizar as suas fotos,
através do uso das tags que acharem mais convenientes em colocar.
35
Correção, edição e corte das fotos: esse recurso permite deixar as fotografias
da melhor maneira que o usuário quiser, como por exemplo, retirar os olhos
vermelhos que ficam em algumas fotos.
Exploração: o Filckr permite várias opções de buscas pelas fotos.
Os usuários quando acessam o site Flickr, eles realizam as suas buscas de
maneira geral (ao clicar no link “fotos”) ou específica (ao clicar no link “grupos” ou
“pessoas”).
36
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 8: Busca Geral do Termo Completo Rio Grande do Norte
Ao ser realizado uma busca de forma geral pelo termo completo “Rio Grande
do Norte”, o sistema fez uma recuperação de 8.250 fotos que foram indexadas por
vários usuários com esse termo completo. No entanto quando se é realizado uma
outra busca de maneira geral, marcando-se a opção “tags”, o sistema recupera
apenas fotos nas quais foram indexadas com as palavras “Rio”, “Grande”, “do”,
“Norte”, devendo constar todas essas tags na mesma fotografia digital.
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 9: Busca geral das tags “Rio”, “Grande”,
37
Torna-se bastante perceptível que, ao ser utilizada a opção “buscar por tags”,
o número de fotos recuperadas foi menor que a primeira busca feita pela palavra-
chave completa, diminuindo também o número de fotos desejadas, pois as
informações recuperadas foram de maneira bastante generalizada. Dessa maneira,
o usuário encontrará o que se é conhecido bem na área da ciência da informação
como “lixo informacional”. Vale salientar que se um determinado usuário conseguir
fazer uma busca mais específica, por uma pessoa ou grupo específico, já conhecido
pelo mesmo, tornará mais fácil à recuperação das informações desejadas,
aumentando assim a seu grau de satisfação.
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 10: Busca por grupo (7 grupos encontrados com a tag biblioteconomia)
Segundo Williams e Tapscott (2007), o site do Flickr é considerado como
sendo [...] basicamente uma enorme comunidade auto-organizada de amantes da
fotografia que se reúnem em uma plataforma aberta para fornecer o próprio
entretenimento, as próprias ferramentas, e os próprios serviços. Essas
características podem ser consideradas como os agentes movedores da web social,
fazendo-nos pensar como ficarão as novas formas que serão trabalhadas no futuro
as informações na rede.
38
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 11: Grupo por pessoas (1.601 pessoas encontradas com a tag Bruna)
Além das opções de buscas gerais, tags, por grupos e por pessoas, é
permitido também aos usuários do Flickr poderem realizar as suas buscas por outros
tipos de categorias, especificando mais ainda o tipo de fotografia desejada. Dentre
essas opções, ainda é possível encontrar no site buscas por “lugares, os últimos 7
dias, este mês, as tags populares, dentre outros.
39
Fonte: http://www.flickr.com
Figura 12: Busca específica por lugares no site do Flickr
5.2 YOU TUBE
As informações multimídias atualmente crescem de forma exponencial na
esfera virtual das informações, podendo ser vista como um tipo de fonte relevante
merecedora de maiores pesquisas e estudos detalhados em torno delas. Isso é bem
percebível quando se realiza, por exemplo, uma exploração informacional no
ciberespaço. O número de sites que trabalham com esse tipo de formato é algo
significante, tornando-se assim um tipo de fonte informacional de extrema
relevância. Caetano e Falkembach (2007?) destacam o poder do vídeo como algo
lúdico e educativo, possuindo uma dimensão moderna, integrado de vários tipos de
linguagens.
Diante desse crescimento e interatividade das informações no formato de
vídeo, é que se torna possível encontrar diversos sites que trabalham com esse tipo
de informação no ciberespaço. Um dos sites que está mais sendo acessado pelos
40
internautas atualmente é o You Tube. Este foi fundado, segundo Serrano e Paiva
(2008, p. 3) em:
[...] fevereiro de 2005, sua demonstração pública ocorreu em maio, a empresa e os serviços foram inaugurados oficialmente em dezembro do mesmo ano. Chad Hurley e Steve Chen se tornaram os primeiros membros da equipe administrativa do YouTube e atualmente desempenham as funções de CEO (diretor executivo) e CTO (diretor de tecnologia), respectivamente. Em novembro de 2006, o YouTube foi adquirido pelo Google e continuou as operações, como uma subsidiária independente. De acordo com os criadores, o YouTube complementa a missão do Google de organizar as informações do mundo e torná-las acessíveis e úteis universalmente. Para assistir aos vídeos é necessário apenas ter acesso ao endereço em que estão.
Fonte: http://br.youtube.com
Fig.13: página inicial do site do You Tube
O You Tube possibilita para os seus usuários vários tipos de recursos,
podendo ser o mesmo distribuído, de acordo com Serrano e Paiva (2008) em duas
categorias:
41
Recursos funcionais: envio de vídeos para ser disponibilizado no site, ou para
o próprio usuário, através de e-mails, blogs, orkut, etc.; escolha da categoria
do vídeo (público ou aberto); sistemas de busca por palavras-chave; vídeos
em destaque; divisão dos vídeos por categorias de assuntos; a contagem e a
seleção da amostra de vídeos é dada de acordo com o número de
visualizações, entre outros).
Recursos interacionais: as listas de reprodução, são os usuários cadastrados,
através de uma conta gratuita, podem fazer a adição dos vídeos nas suas
listas pessoais, categorizando e facilitando o conteúdo já visto; a sinalização
dos vídeos. Esta opção permite aos usuários a possibilidade de sinalizar os
vídeos que são considerados impróprios, ou seja, que não esteja dentro das
regras impostas pelo próprio site. Desse modo uma vez marcado, o mesmo
será avaliado por uma comissão do site, removendo-o caso se enquadre
dentro desse tipo de categoria.; compartilhamento dos vídeos com os amigos
cadastrados; comentário dos vídeos postados e uma avaliação dos próprios
comentários; construção de comunidades de interesse comum entre os
usuários; adição de amigos; compartilhamento ativo. Nesta opção é possível
que os usuários possam saber quais são os outros usuários que estão
assistindo a um mesmo vídeo no momento, ou ver um histórico recente dos
mesmos, dentre outros.
42
Fonte: http://br.youtube.com
Figura 14: Vídeos em destaque no site do You Tube. Esses são mudados
constantemente.
5.3 OVERMUNDO
Um outro site presente na web 2.0 e que utiliza como base também as
folksonomias é o Overmundo. Na sua home page os próprios editores explicam o
real objetivo do site:
O Overmundo é um site colaborativo. Um coletivo virtual. Seu objetivo é servir de canal de expressão para a produção cultural do Brasil e de comunidades de brasileiros espalhadas pelo mundo afora tornar-se visível em toda sua diversidade. Para funcionar, ele precisa da comunidade de usuários sempre gerando conteúdos, votando, disponibilizando músicas, filmes, textos, comentando tudo e trocando informações de modo permanente. (OVERMUNDO, 2008)
O site do Overmundo é produzido pelo Instituto Overmundo, localizado no Rio
de Janeiro, produzindo assim uma relação e integração com os internautas
43
brasileiros. Uma da diferenças percebíveis nesse site é que, as publicações
colaborativas a serem enviadas pelos usuários deverão ser inseridas em uma das
quatro categorias abaixo, podendo ser vista como um tipo de folksonomia
controlada:
Overblog: para artigos, entrevistas, críticas e conteúdos em geral
(normalmente em texto, mas também em áudio ou vídeo, caso a pessoa
queira) que versem sobre fatos, acontecimentos e idéias em torno da
produção e das expressões culturais brasileiras.
Banco de Cultura: para o abrigo e difusão online de obras culturais (músicas,
poemas, narrativas, estudos, filmes, fotografias etc.) produzidas no Brasil ou
por brasileiros no exterior.
Guia: para dicas de lugares, atividades, comidas, festas e eventos regulares e
atrações em geral da vida e do cotidiano culturais das cidades de todo o
Brasil.
Agenda: para programas e eventos do calendário cultural em todo o país.
Fonte: http://www.overmundo.com.br
Figura 15: Página inicial do site do Overmundo
44
É possível ao usuário fazer uma busca refinada no Overmundo. Umas das
opções possíveis que o site oferece é a de realizar a busca através das categorias,
ou seja, determinar a área que vai ser buscada aquela determinada informação,
fazendo estas categorias parte das colaborações por assunto (música, artes
eletrônicas, cinema/vídeo, diversão literatura, cultura e sociedade artes cênicas,
artes visuais, e a opção “mais”); a busca também pode ser feita por colaboração de
estados, permitindo assim que o mesmo possa ver apenas as colaborações
produzidas na sua região. O sistema de busca disponibilizado nesse site é também
realizado através das tags para ser recuperado o conteúdo informacional.
Ao ser realizado, por exemplo, uma busca por “música” no Overmundo, o
sistema fez uma recuperação de 5.087 colaborações. Entretanto, ao se fazer uma
busca relacionada com as publicações produzidas apenas no estado do Rio Grande
do Norte, o sistema fez uma recuperação de apenas 624 colaborações, refinando-se
assim a pesquisa. Na opção “overblog” o processo de busca é mais refinada ainda,
como pode ser visto na figura abaixo:
23 colaborações
estado: Natal, RN
categoria: Música
deste estado e
categoria
estado
categoria
município
ordenação
Fonte: http://www.overmundo.com.br
Figura16: Busca refinada na opção Overblog
No site é possível também como o site do Flickr, visualizar a nuvem de tags
mais usadas pelos usuários do sistema:
45
alma amor aracaju araguaina arte artes artes-cenicas artes-plasticas artes-visuais
artesanato azuir azuir-ferreira-tavares azuir-filho azuir-poesia bahia bar bares
benny-franklin blumenau brasil brasilia campo-grande carnaval choro cinema
cinema-video comida compras conto cronica cuiaba cultura cultura-amazonica
cultura-e-sociedade cultura-popular da danca de diversao diversoes-e-arte dj do
documentario educacao esso exposicao festa festival filosofia flor folclore foto
Fonte: http://www.overmundo.com.br
Figura17: Tags mais utilizadas pelos usuários do Overmundo
Também é permitido ser realizado uma busca pelos colaboradores, podendo
ser visualizado assim, o seu perfil.
Fonte: http://www.overmundo.com.br
Figura18: Perfil dos colaboradores do Overmundo
46
47
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A informação foi e está sendo, sem dúvida, um fator fundamental na vida
humana, desde o surgimento da sociedade até os dias atuais. Entretanto a maneira
pela qual a mesma era produzida, armazenada e transferida foi mudada, devido à
adesão das TICs, fazendo-se assim necessário que o próprio homem se ajuste as
esses novos tipos de procedimentos em torno dela. A web é considerada atualmente
como um vasto espaço informacional, no qual as informações podem ser
encontradas em diversos tipos de formatos de maneira fácil e rápida em relação ao
seu acesso.
Com o surgimento da web 2.0, as informações passaram a ser geradas e
disponibilizadas de forma mais interativa com os seus usuários, permitindo que os
mesmos possam criar, alterar e organizar as mesmas da sua maneira, sem a
necessidade de qualquer análise prévia e nenhuma interseção. Esse processo de
organização livre dessas informações na web como foi visto anteriormente é
conhecido com o uso das folksonomias, permitindo assim que os usuários não
necessitem de nenhum tipo de profissional da informação, mais precisamente o
bibliotecário, para organizar as mesmas. Entretanto essa liberdade em tratar as
informações de maneira livre na web, pode ser considerada como algo positivo e
negativo, cabendo assim maiores estudos em relação à temática em questão.
Como se pôde ver, o não uso de vocabulários controlados no tratamento
informacional pode ocasionar a não recuperação das informações, uma vez que os
termos são escolhidos de maneira livre e aleatório, pelos próprios usuários da web.
Por outro lado como foi visto, a usabilidade das folksonomias vem permitindo que os
mesmos possam trabalhar as informações de maneira colaborativa em um ambiente
social, permitindo assim uma troca de valores culturais e de experiências entre os
usuários.
Parece acertado que uma das formas mais convenientes, por enquanto, para
ser trabalhado em cima dessa questão do uso das folksonomias no ciberespaço
seria a própria educação dos usuários, podendo ser assim sugerido pelo sistema
que os mesmos possam adicionar tags “melhores” mostrando igualmente a
importância na escolha de tais.
48
Para finalizar, esta pesquisa aponta a necessidade de incentivar estudos,
projetos educativos e atuação nesta área por parte dos profissionais da informação,
já que é um tema vasto, mostra-se atual e relevante e pode ser abordado de vários
aspectos. Abrindo-se assim uma nova e premente área para atuação significativa.
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