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GESTÃO P INTRODUÇÃO O presente tra modo a evidenciar a apro anos 1980, a partir de um no Brasil, a chamada re direcionar as políticas pub uma reorientação da gest pelo acirramento das priva encarecimento dos alugue restrição da concepção de de restringir o controle sob Se por um lado econômicas e políticas qu 1 Estudante de Pós-graduação. P 2 Mestre. Pontifícia Universidade PUBLICA: Discussões Acerca da Democracia Marilia Gon Evely Resumo O trabalho aqui apresentado tem como foco discussão acerca da gestão publica, no sentido sobre a apropriação das cidades por interes detrimento das garantias de cidadania. Isso restrin sociedade civil ao campo do consumo de es privatizados no âmbito das cidades. Trata-se de caráter bibliográfico, cujo intuito é tecer bases p critica acerca da gestão publica. Os resultados apontam para a necessidade de fortalecimento sociedade civil como espaço publico de fundamen a consolidação democrática. Palavras Chaves: Gestão Publica, Cidade e Demo Abstract The work presented here focuses on the presenta public management in order to contextualize t appropriation by private interests to the detriment o citizenship. This restricts the concept of civil soc consumption spaces and privatized services in bibliographical survey, which aims to make found discussion about public management. The resu suggest the need for strengthening and consolida and public space of fundamental importanc consolidation Keywords: Public Management, City and Democra abalho busca tecer uma análise sobre ges opriação das cidades por interesses privado ma lógica neoliberal. Nos paises latinos, de m eforma do Estado, consistiu na principal blicas sob a lógica do Estado mínimo. O q tão publica das cidades a interesses privad atizações dos serviços públicos, especulaçõ eis, aumento das periferias, entre outros. Is sociedade civil, à ideia de cidadão consumi bre as ações do Estado. o, a intenção neoliebral é a libertação capitali ue possam cercear a acumulação de lucro Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. madalb e Católica de São Paulo. [email protected] a nçalves Dal Bello 1 yn Secco Faquin 2 o apresentar uma o de contextualizar sses privados em nge a concepção de spaços e serviços e uma pesquisa de para uma discussão aqui apresentados e consolidação da tal importância para ocracia ation a discussion of the cities over the of the guarantees of ciety in the field of n cities. This is a dations for a critical ults presented here ation of civil society ce for democratic acy stão publica, de os, no limiar dos modo especifico estratégia para que implicou em dos, demarcado ões imobiliárias, sso levou a uma idor, na tentativa ista das amarras os, por outro, a [email protected]

Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

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Page 1: Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

GESTÃO PUBLICA

INTRODUÇÃO

O presente trabalho busca tecer uma análise sobre g

modo a evidenciar a apropriação das cidades por interesses privados, no limiar dos

anos 1980, a partir de uma lógica neoliberal. Nos paises latinos, de modo especifico

no Brasil, a chamada reforma do Estado, consistiu na principal estraté

direcionar as políticas publicas sob a lógica do Estado mínimo. O que implicou em

uma reorientação da gestão publica das cidades a interesses privados, demarcado

pelo acirramento das privatizações dos serviços públicos, especulações imobiliárias,

encarecimento dos alugueis, aumento das periferias, entre outros. Isso levou a uma

restrição da concepção de sociedade civil, à ideia de cidadão consumidor, na tentativa

de restringir o controle sobre as ações do Estado.

Se por um lado, a intenção neoliebral é a libertação capitalista das amarras

econômicas e políticas que possam cercear a acumulação de lucros, por outro, a

1 Estudante de Pós-graduação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.2 Mestre. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. [email protected]

GESTÃO PUBLICA : Discussões Acerca da Democracia

Marilia Gonçalves Dal Bello

Evelyn Secco Faquin

Resumo

O trabalho aqui apresentado tem como foco apresentar uma discussão acerca da gestão publica, no sentido de contextualizar sobre a apropriação das cidades por interesses privados em detrimento das garantias de cidadania. Isso restringe a concepção de sociedade civil ao campo do consumo de espaços e serviços privatizados no âmbito das cidades. Trata-se de uma pesquisa de caráter bibliográfico, cujo intuito é tecer bases para uma discussão critica acerca da gestão publica. Os resultados aqui apresentados apontam para a necessidade de fortalecimento e consolidação da sociedade civil como espaço publico de fundamental importância para a consolidação democrática. Palavras Chaves: Gestão Publica, Cidade e Democracia

Abstract

The work presented here focuses on the presentation a discussion of public management in order to contextualize the cities over the appropriation by private interests to the detriment of the guarantees of citizenship. This restricts the concept of civil society in the fieldconsumption spaces and privatized services in cities. This is a bibliographical survey, which aims to make foundations for a critical discussion about public management. The results presented here suggest the need for strengthening and consolidation ofand public space of fundamental importance for democratic consolidation Keywords: Public Management, City and Democracy

O presente trabalho busca tecer uma análise sobre gestão publica, de

modo a evidenciar a apropriação das cidades por interesses privados, no limiar dos

anos 1980, a partir de uma lógica neoliberal. Nos paises latinos, de modo especifico

no Brasil, a chamada reforma do Estado, consistiu na principal estraté

direcionar as políticas publicas sob a lógica do Estado mínimo. O que implicou em

uma reorientação da gestão publica das cidades a interesses privados, demarcado

pelo acirramento das privatizações dos serviços públicos, especulações imobiliárias,

encarecimento dos alugueis, aumento das periferias, entre outros. Isso levou a uma

restrição da concepção de sociedade civil, à ideia de cidadão consumidor, na tentativa

de restringir o controle sobre as ações do Estado.

Se por um lado, a intenção neoliebral é a libertação capitalista das amarras

econômicas e políticas que possam cercear a acumulação de lucros, por outro, a

graduação. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. [email protected]. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. [email protected]

emocracia

Marilia Gonçalves Dal Bello 1

Evelyn Secco Faquin 2

o tem como foco apresentar uma discussão acerca da gestão publica, no sentido de contextualizar sobre a apropriação das cidades por interesses privados em detrimento das garantias de cidadania. Isso restringe a concepção de

umo de espaços e serviços se de uma pesquisa de

caráter bibliográfico, cujo intuito é tecer bases para uma discussão critica acerca da gestão publica. Os resultados aqui apresentados

ortalecimento e consolidação da sociedade civil como espaço publico de fundamental importância para

Gestão Publica, Cidade e Democracia

here focuses on the presentation a discussion of public management in order to contextualize the cities over the appropriation by private interests to the detriment of the guarantees of citizenship. This restricts the concept of civil society in the field of consumption spaces and privatized services in cities. This is a bibliographical survey, which aims to make foundations for a critical discussion about public management. The results presented here suggest the need for strengthening and consolidation of civil society and public space of fundamental importance for democratic

Public Management, City and Democracy

estão publica, de

modo a evidenciar a apropriação das cidades por interesses privados, no limiar dos

anos 1980, a partir de uma lógica neoliberal. Nos paises latinos, de modo especifico

no Brasil, a chamada reforma do Estado, consistiu na principal estratégia para

direcionar as políticas publicas sob a lógica do Estado mínimo. O que implicou em

uma reorientação da gestão publica das cidades a interesses privados, demarcado

pelo acirramento das privatizações dos serviços públicos, especulações imobiliárias,

encarecimento dos alugueis, aumento das periferias, entre outros. Isso levou a uma

restrição da concepção de sociedade civil, à ideia de cidadão consumidor, na tentativa

Se por um lado, a intenção neoliebral é a libertação capitalista das amarras

econômicas e políticas que possam cercear a acumulação de lucros, por outro, a

[email protected]

Page 2: Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

manutenção do Estado democrático é fundamental para a legitimidade da ordem

capitalista, que tem no sufrágio universal a sua base de sustentação. A partir dessa

dinâmica contraditória do Estado democrático, entende

sociedade civil, longe de resumir

de mobilização, discussões e disputas de um conjunto heterogêneo de atores e

instituições na busca de um projeto hegemônico de classe. Neste sentido, a esfera

pública, compreendida como um espaço além do mercado e do privado constitui o

lócus privilegiado para a manifestação

políticos, seja em defesa de um projeto participativo democrático, seja de um projeto

neoliberal. A intenção é a constituição de movimentos e grupos, que ao

força e pressão, consigam introduzir na gestão

reivindicações que possam ser concretizadas no âmbito da gestão pública.

1. Gestão Social das cidades no cenário neoliberal

No século passado, a gestão publica sustentada pelo Welfare Sat

desencadeou a consolidação dos Estados

sociais e de projetos universalistas de atenção às necessidades básicas dos cidadãos

em países socialistas ou capitalistas. Por cerca de 30 anos, no pós

mundial orientado por raízes keynesianas, o pacto entre classes obteve na

combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de

pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos anos 1980, mais acentuadamente no início

dos anos 1990, o definhamento do Welfare State anuncia o desmonte da essência da

política social de direito, ou seja, seu caráter universalista e redistributivista. Nas

palavras de Netto (2001: 68):

[...] a crise do Welfare Sate explicita o fracasso do único ordenamento sócpolítico que na ordem do capital visou expressamente compatibilizar a dinâmica da acumulação e da valorização capitalista com a garantia de direitos políticos e sociais mínimos [...].

O Estado sofre um redirecionamento nas suas funções reguladoras,

expressas no encolhimento das suas funções legimitadoras, tendo em vista atender a

garantia de prosperidade do capital financeiro que regido por ondas longas com

tonalidades expansivas, e/ou de estagnação, em um movimento de tensão entre

supercumulação e crise de depressão é indispensável sem a intervenção política e o

apoio financeiro dos Estados nacionais.

A saída encontrada para que, na democracia, o capitalismo prospere sem

amarras de ordem econômica e/ou políti

manutenção do Estado democrático é fundamental para a legitimidade da ordem

e tem no sufrágio universal a sua base de sustentação. A partir dessa

dinâmica contraditória do Estado democrático, entende-se, com base em Gramsci, que

sociedade civil, longe de resumir-se à consumo, associa-se à construção de espaços

ussões e disputas de um conjunto heterogêneo de atores e

instituições na busca de um projeto hegemônico de classe. Neste sentido, a esfera

pública, compreendida como um espaço além do mercado e do privado constitui o

lócus privilegiado para a manifestação daqueles que se propõe a disputas de projetos

políticos, seja em defesa de um projeto participativo democrático, seja de um projeto

neoliberal. A intenção é a constituição de movimentos e grupos, que ao

força e pressão, consigam introduzir na gestão estatal suas demandas e

reivindicações que possam ser concretizadas no âmbito da gestão pública.

1. Gestão Social das cidades no cenário neoliberal

No século passado, a gestão publica sustentada pelo Welfare Sat

desencadeou a consolidação dos Estados-Nação, vinculados à garantia dos direitos

sociais e de projetos universalistas de atenção às necessidades básicas dos cidadãos

em países socialistas ou capitalistas. Por cerca de 30 anos, no pós-

al orientado por raízes keynesianas, o pacto entre classes obteve na

combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de

pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos anos 1980, mais acentuadamente no início

finhamento do Welfare State anuncia o desmonte da essência da

política social de direito, ou seja, seu caráter universalista e redistributivista. Nas

palavras de Netto (2001: 68):

[...] a crise do Welfare Sate explicita o fracasso do único ordenamento sócpolítico que na ordem do capital visou expressamente compatibilizar a dinâmica da acumulação e da valorização capitalista com a garantia de direitos políticos e sociais mínimos [...].

O Estado sofre um redirecionamento nas suas funções reguladoras,

ressas no encolhimento das suas funções legimitadoras, tendo em vista atender a

garantia de prosperidade do capital financeiro que regido por ondas longas com

tonalidades expansivas, e/ou de estagnação, em um movimento de tensão entre

supercumulação e crise de depressão é indispensável sem a intervenção política e o

apoio financeiro dos Estados nacionais.

A saída encontrada para que, na democracia, o capitalismo prospere sem

amarras de ordem econômica e/ou política, associa-se a passagem da legitimação da

manutenção do Estado democrático é fundamental para a legitimidade da ordem

e tem no sufrágio universal a sua base de sustentação. A partir dessa

se, com base em Gramsci, que

se à construção de espaços

ussões e disputas de um conjunto heterogêneo de atores e

instituições na busca de um projeto hegemônico de classe. Neste sentido, a esfera

pública, compreendida como um espaço além do mercado e do privado constitui o

daqueles que se propõe a disputas de projetos

políticos, seja em defesa de um projeto participativo democrático, seja de um projeto

neoliberal. A intenção é a constituição de movimentos e grupos, que ao deter poder de

estatal suas demandas e

reivindicações que possam ser concretizadas no âmbito da gestão pública.

No século passado, a gestão publica sustentada pelo Welfare Sate

Nação, vinculados à garantia dos direitos

sociais e de projetos universalistas de atenção às necessidades básicas dos cidadãos

-segunda guerra

al orientado por raízes keynesianas, o pacto entre classes obteve na

combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de

pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos anos 1980, mais acentuadamente no início

finhamento do Welfare State anuncia o desmonte da essência da

política social de direito, ou seja, seu caráter universalista e redistributivista. Nas

[...] a crise do Welfare Sate explicita o fracasso do único ordenamento sócio político que na ordem do capital visou expressamente compatibilizar a dinâmica da acumulação e da valorização capitalista com a garantia de

O Estado sofre um redirecionamento nas suas funções reguladoras,

ressas no encolhimento das suas funções legimitadoras, tendo em vista atender a

garantia de prosperidade do capital financeiro que regido por ondas longas com

tonalidades expansivas, e/ou de estagnação, em um movimento de tensão entre

supercumulação e crise de depressão é indispensável sem a intervenção política e o

A saída encontrada para que, na democracia, o capitalismo prospere sem

se a passagem da legitimação da

Page 3: Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

esfera do Estado para a esfera da sociedade civil. Entendida como tudo aquilo que

está fora da órbita do Estado, a sociedade civil é identificada com o mercado, cuja

orientação neoliberal enfatiza a diminuição es

vistas ao fortalecimento da concorrência dos mercado (Montaño,1999).

Pretende-se assim um Estado, cuja função associa

“liberdade” do mercado, ficando a área economia circunscrita ao mercado. Assim,

destina-se ainda ao Estado a provisão dos serviços sociais precarizados, voltados

para aqueles que não podem adquiri

configuração dos cidadãos clientes, ou seja, aqueles que pela inserção no mercado de

trabalho, detem poder de compra daqueles serviços ofertados de modo precário pelo

Estado.

No pensamento neoliberal, é na sociedade civil, enquanto mercado, que os

processos econômicos devem se desenvolver naturalmente, portanto onde as

empresas devem se assentar. W

sobre a gestão pública das cidades, afirmam que uma tendência conflitante com a

gestão pública alinha-se à noção de empresa como gestão gerencial/empresarial. Os

autores, ao cotejar Santos (2000) observam :

[...]A noção de empresa ocupa uma posição hegemônica no discurso contemporâneo sobre a reforma organizacional [...]. Como defendem Osborne e Galber, o governo deve ser uma empresa que promove a concorrência entre mais do que na obediência a regras, deve ocupardo que em gastadescentralizando o poder segundo mecanismos de mercado em vez dmecanismos burocráticos [...].

A partir da concepção de reforma do Estado, as cidades submetidas a uma

lógica de competitividade, conectam

distanciando-se do local. Esse fato produz uma disjunçã

território, cujos resultados se expressam pelo agravamento das expressões da

questão social. Assim é no território que se manifestam e se fazem presentes as

múltiplas e complexas evidências do aumento da insegurança social, do

de desemprego estrutural, da explosão da violência e do aprofundamento da

desigualdade social ( Wanderley; Raichelis, 2009).

Segundo Rio (2003) advogado do Movimento dos Sem Teto do Centro

MSTC, ao pontuar sobre a prevalência de interesses privados na metrópole de São

Paulo, coloca que a especulação imobiliária tem apontado para um acirrado déficit

habitacional, cuja expressão se evidencia com o inchaço das periferias, demarca

muitas vezes por áreas irregulares, pouco servidas por infra

acordo com dados do IBGE/2000, existem cerca de 420.327 domicílios vazios e

esfera do Estado para a esfera da sociedade civil. Entendida como tudo aquilo que

está fora da órbita do Estado, a sociedade civil é identificada com o mercado, cuja

orientação neoliberal enfatiza a diminuição estatal na oferta de bens e serviços, com

vistas ao fortalecimento da concorrência dos mercado (Montaño,1999).

se assim um Estado, cuja função associa-se a garantia de

“liberdade” do mercado, ficando a área economia circunscrita ao mercado. Assim,

se ainda ao Estado a provisão dos serviços sociais precarizados, voltados

para aqueles que não podem adquiri-los no mercado. Por outro lado assiste

configuração dos cidadãos clientes, ou seja, aqueles que pela inserção no mercado de

detem poder de compra daqueles serviços ofertados de modo precário pelo

No pensamento neoliberal, é na sociedade civil, enquanto mercado, que os

processos econômicos devem se desenvolver naturalmente, portanto onde as

empresas devem se assentar. Wanderley; Raichelis (2009, p.125), ao abordarem

sobre a gestão pública das cidades, afirmam que uma tendência conflitante com a

se à noção de empresa como gestão gerencial/empresarial. Os

autores, ao cotejar Santos (2000) observam :

[...]A noção de empresa ocupa uma posição hegemônica no discurso contemporâneo sobre a reforma organizacional [...]. Como defendem Osborne e Galber, o governo deve ser uma empresa que promove a concorrência entre os serviços publico centrado em objetivos e resultados mais do que na obediência a regras, deve ocupar-se mais em obter recursos do que em gasta-los; deve transformar cidadãos em consumidores, descentralizando o poder segundo mecanismos de mercado em vez dmecanismos burocráticos [...].

A partir da concepção de reforma do Estado, as cidades submetidas a uma

lógica de competitividade, conectam-se a redes internacionais de cidades e negócios,

se do local. Esse fato produz uma disjunção entre economia, sociedade e

território, cujos resultados se expressam pelo agravamento das expressões da

questão social. Assim é no território que se manifestam e se fazem presentes as

múltiplas e complexas evidências do aumento da insegurança social, do

de desemprego estrutural, da explosão da violência e do aprofundamento da

desigualdade social ( Wanderley; Raichelis, 2009).

Segundo Rio (2003) advogado do Movimento dos Sem Teto do Centro

o pontuar sobre a prevalência de interesses privados na metrópole de São

Paulo, coloca que a especulação imobiliária tem apontado para um acirrado déficit

habitacional, cuja expressão se evidencia com o inchaço das periferias, demarca

s irregulares, pouco servidas por infra-estrutura urbana. De

acordo com dados do IBGE/2000, existem cerca de 420.327 domicílios vazios e

esfera do Estado para a esfera da sociedade civil. Entendida como tudo aquilo que

está fora da órbita do Estado, a sociedade civil é identificada com o mercado, cuja

tatal na oferta de bens e serviços, com

vistas ao fortalecimento da concorrência dos mercado (Montaño,1999).

se a garantia de

“liberdade” do mercado, ficando a área economia circunscrita ao mercado. Assim,

se ainda ao Estado a provisão dos serviços sociais precarizados, voltados

los no mercado. Por outro lado assiste-se a

configuração dos cidadãos clientes, ou seja, aqueles que pela inserção no mercado de

detem poder de compra daqueles serviços ofertados de modo precário pelo

No pensamento neoliberal, é na sociedade civil, enquanto mercado, que os

processos econômicos devem se desenvolver naturalmente, portanto onde as

anderley; Raichelis (2009, p.125), ao abordarem

sobre a gestão pública das cidades, afirmam que uma tendência conflitante com a

se à noção de empresa como gestão gerencial/empresarial. Os

[...]A noção de empresa ocupa uma posição hegemônica no discurso contemporâneo sobre a reforma organizacional [...]. Como defendem Osborne e Galber, o governo deve ser uma empresa que promove a

os serviços publico centrado em objetivos e resultados se mais em obter recursos

los; deve transformar cidadãos em consumidores, descentralizando o poder segundo mecanismos de mercado em vez de

A partir da concepção de reforma do Estado, as cidades submetidas a uma

se a redes internacionais de cidades e negócios,

o entre economia, sociedade e

território, cujos resultados se expressam pelo agravamento das expressões da

questão social. Assim é no território que se manifestam e se fazem presentes as

múltiplas e complexas evidências do aumento da insegurança social, dos altos índices

de desemprego estrutural, da explosão da violência e do aprofundamento da

Segundo Rio (2003) advogado do Movimento dos Sem Teto do Centro-

o pontuar sobre a prevalência de interesses privados na metrópole de São

Paulo, coloca que a especulação imobiliária tem apontado para um acirrado déficit

habitacional, cuja expressão se evidencia com o inchaço das periferias, demarca

estrutura urbana. De

acordo com dados do IBGE/2000, existem cerca de 420.327 domicílios vazios e

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ociosos que se contrastam o aumento das moradias em regiões periféricas. Estudos

do Centro de Estudo da Metrópole em Sã

ganha uma nova favela. De 1991 a 2000, foram erguidas 464 favelas. Em média, 74

pessoas se tornavam faveladas por dia. Enquanto a população da cidade aumentou

no período (1991-2000) em 8%, o número de pessoas m

30%. A partir desse contexto Rio chama a atenção para a necessidade de

fortalecimento da luta social, tendo em vista retomar a moradia a partir de interesses

de grupos coletivos em detrimento da prevalência do setor privado.

Nas cidades, as desigualdade se expressam e produzem rearticulação de

territórios por onde circulam capitais, bens, mercadorias, serviços e também

populações em situações diversas de emprego, desemprego e exclusão do

de trabalho (Telles, 2007). Nos países periféricos, dentre os quais o Brasil, ao

contrário do que aconteceu nos países centrais, o Estado não criou condições para a

reprodução da totalidade da força de trabalho e nem estendeu ao conjunto dos

trabalhadores os direitos à cidadania. Isso contribuiu para um agravamento das

expressões da questão social, evidenciada nos anos 1990, por um amplo processo de

segregação social de grande contingentes populacionais com limitadas possibilidades

de acesso a bens e serviços urbanos e com restrita mobilidade social. Nas palavras da

autora:

As cidades passa a ser o cenário de reconfiguração dos espaços urbanos redesenhados pelo agravamento da questão social [...], pelas diferentes formas de precarização do trabalho deteriorização dos espaços coletivos, privatização dos serviços públicos, pelo estabelecimento de novas formas de segregação e violência urbana, pelos novos circuitos de pobreza e riqueza que redefinem os tradicionais modelos cent

Neste sentido, Dagnino (2006) chama a atenção para a necessidade de

retomada do projeto democrático participativo como mecanismo de contraposição ao

projeto neoliberal e retomada do Estado enquanto instância de dis

rumo à construção democrática. Embora a política pública seja regulada e

frequentemente provida pelo Estado, ela também engloba demandas, escolhas e

decisões privadas, podendo e devendo ser conf

controle democrático. Logo toda política pública compromete sim o Estado na garantia

de direitos, mas compromete também a sociedade civil na defesa da institucionalidade

legal e integridade dessa política ante os seguinte

particulares e partidários; clientelismo, submissão da política social a interesse

mercantis. Assim, é necessário que se elucide o conceito de sociedade civil, a fim de

ultrapassar a concepção mercadológica conferida pelo n

ociosos que se contrastam o aumento das moradias em regiões periféricas. Estudos

do Centro de Estudo da Metrópole em São Paulo, coloca que a cada oito dias a cidade

ganha uma nova favela. De 1991 a 2000, foram erguidas 464 favelas. Em média, 74

pessoas se tornavam faveladas por dia. Enquanto a população da cidade aumentou

2000) em 8%, o número de pessoas morando em favelas cresceu

30%. A partir desse contexto Rio chama a atenção para a necessidade de

fortalecimento da luta social, tendo em vista retomar a moradia a partir de interesses

de grupos coletivos em detrimento da prevalência do setor privado.

Nas cidades, as desigualdade se expressam e produzem rearticulação de

territórios por onde circulam capitais, bens, mercadorias, serviços e também

populações em situações diversas de emprego, desemprego e exclusão do

de trabalho (Telles, 2007). Nos países periféricos, dentre os quais o Brasil, ao

contrário do que aconteceu nos países centrais, o Estado não criou condições para a

reprodução da totalidade da força de trabalho e nem estendeu ao conjunto dos

hadores os direitos à cidadania. Isso contribuiu para um agravamento das

expressões da questão social, evidenciada nos anos 1990, por um amplo processo de

segregação social de grande contingentes populacionais com limitadas possibilidades

e serviços urbanos e com restrita mobilidade social. Nas palavras da

As cidades passa a ser o cenário de reconfiguração dos espaços urbanos redesenhados pelo agravamento da questão social [...], pelas diferentes formas de precarização do trabalho e explosão do desemprego, deteriorização dos espaços coletivos, privatização dos serviços públicos, pelo estabelecimento de novas formas de segregação e violência urbana, pelos novos circuitos de pobreza e riqueza que redefinem os tradicionais modelos centro e periferia ( Raichelis, 2007, p. 21)

Neste sentido, Dagnino (2006) chama a atenção para a necessidade de

retomada do projeto democrático participativo como mecanismo de contraposição ao

projeto neoliberal e retomada do Estado enquanto instância de disputas e conflitos

rumo à construção democrática. Embora a política pública seja regulada e

frequentemente provida pelo Estado, ela também engloba demandas, escolhas e

decisões privadas, podendo e devendo ser confrontada pelos cidadãos por meio do

controle democrático. Logo toda política pública compromete sim o Estado na garantia

de direitos, mas compromete também a sociedade civil na defesa da institucionalidade

legal e integridade dessa política ante os seguintes eventos: assédio de interesses

particulares e partidários; clientelismo, submissão da política social a interesse

mercantis. Assim, é necessário que se elucide o conceito de sociedade civil, a fim de

ultrapassar a concepção mercadológica conferida pelo neoliberalismo, que submete a

ociosos que se contrastam o aumento das moradias em regiões periféricas. Estudos

o Paulo, coloca que a cada oito dias a cidade

ganha uma nova favela. De 1991 a 2000, foram erguidas 464 favelas. Em média, 74

pessoas se tornavam faveladas por dia. Enquanto a população da cidade aumentou

orando em favelas cresceu

30%. A partir desse contexto Rio chama a atenção para a necessidade de

fortalecimento da luta social, tendo em vista retomar a moradia a partir de interesses

Nas cidades, as desigualdade se expressam e produzem rearticulação de

territórios por onde circulam capitais, bens, mercadorias, serviços e também

populações em situações diversas de emprego, desemprego e exclusão do mercado

de trabalho (Telles, 2007). Nos países periféricos, dentre os quais o Brasil, ao

contrário do que aconteceu nos países centrais, o Estado não criou condições para a

reprodução da totalidade da força de trabalho e nem estendeu ao conjunto dos

hadores os direitos à cidadania. Isso contribuiu para um agravamento das

expressões da questão social, evidenciada nos anos 1990, por um amplo processo de

segregação social de grande contingentes populacionais com limitadas possibilidades

e serviços urbanos e com restrita mobilidade social. Nas palavras da

As cidades passa a ser o cenário de reconfiguração dos espaços urbanos redesenhados pelo agravamento da questão social [...], pelas diferentes

e explosão do desemprego, deteriorização dos espaços coletivos, privatização dos serviços públicos, pelo estabelecimento de novas formas de segregação e violência urbana, pelos novos circuitos de pobreza e riqueza que redefinem os tradicionais modelos

Neste sentido, Dagnino (2006) chama a atenção para a necessidade de

retomada do projeto democrático participativo como mecanismo de contraposição ao

putas e conflitos

rumo à construção democrática. Embora a política pública seja regulada e

frequentemente provida pelo Estado, ela também engloba demandas, escolhas e

rontada pelos cidadãos por meio do

controle democrático. Logo toda política pública compromete sim o Estado na garantia

de direitos, mas compromete também a sociedade civil na defesa da institucionalidade

s eventos: assédio de interesses

particulares e partidários; clientelismo, submissão da política social a interesse

mercantis. Assim, é necessário que se elucide o conceito de sociedade civil, a fim de

eoliberalismo, que submete a

Page 5: Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

cidadania nas cidades à liberdade de consumo. A intenção é aqui resgatar o conceito

de sociedade civil, tendo em vista a valorização da inserção de sujeitos e atores na

arena democrática, junto à esfera pública, no sentido de f

mecanismo de concretização de uma gestão pública democrática.

1.2. Sociedade Civil e Gestão Publica Democrática

Segundo Carvalho (1999), por gestão social entende

ações sociais públicas, ou seja, das demandas

política social e os projetos constituem canais de resposta a essas demandas. As

prioridades contempladas pelas políticas públicas, embora decididas pelo Estado,

nascem na sociedade civil e passam a compor a agenda es

em demanda reivindicada por grupos com força e pressão capazes de introduzi

arena pública .

Por essa razão é importante aqui destacar o conceito de sociedade civil,

descrito por Coutinho (1987), a partir da concepção de Gramsci, para quem a

sociedade civil é o espaço em que se manifestam a organização e a representação de

interesses dos diferentes grupos sociais, como associações, partidos, sindicatos, entre

outros. Montaño (1999), ao reportar

marxista atrelada às realidades atuais, momento em que se presencia uma intensa

socialização política, que resultou na conquista do voto, na criação de partidos

políticos de massa e na organização si

organizações comunitárias.

Desenvolve“comitê” burguês para a opressão do proletariado. Nesse sentido, a “esfera política ´restrita´ que era própria doquanto liberais ´ampliada´, caracterizada pelo protagonismo de amplas e crescentes organizações de massa ( Montaño, 1999:50)

Assim, segundo Montaño (1999), há em Gramsci a manutenção da ideia

de Estado restrito, associado ao caráter de classe e sua função opressora, que é

superado e acrescido de novas determinações, que são: a sociedade política,

vinculada à função coercitiva; e a sociedade civil, entendida como espaço da

superestrutura, cuja busca é a hegemonia mediante o consenso. Isso, conforme Silva

(2004), implica um compromisso do Estado com a administração das demandas e

necessidades dos cidadãos mediante a oferta

estratégicos e consequentes no âmbito público, com vistas à garantia de direitos. A

gestão social é, então, entendida pelo autor, como um conjunto de estratégias

cidadania nas cidades à liberdade de consumo. A intenção é aqui resgatar o conceito

de sociedade civil, tendo em vista a valorização da inserção de sujeitos e atores na

arena democrática, junto à esfera pública, no sentido de fortalecer a participação como

mecanismo de concretização de uma gestão pública democrática.

1.2. Sociedade Civil e Gestão Publica Democrática

Segundo Carvalho (1999), por gestão social entende-se a gestão das

ações sociais públicas, ou seja, das demandas e necessidades dos cidadãos. Assim, a

política social e os projetos constituem canais de resposta a essas demandas. As

prioridades contempladas pelas políticas públicas, embora decididas pelo Estado,

nascem na sociedade civil e passam a compor a agenda estatal quando constituem

em demanda reivindicada por grupos com força e pressão capazes de introduzi

Por essa razão é importante aqui destacar o conceito de sociedade civil,

outinho (1987), a partir da concepção de Gramsci, para quem a

sociedade civil é o espaço em que se manifestam a organização e a representação de

interesses dos diferentes grupos sociais, como associações, partidos, sindicatos, entre

ao reportar-se a Gramasci, retoma a concepção de Estado

marxista atrelada às realidades atuais, momento em que se presencia uma intensa

socialização política, que resultou na conquista do voto, na criação de partidos

políticos de massa e na organização sindical e ainda nos movimentos sociais e nas

organizações comunitárias.

Desenvolve-se assim a idéia de um Estado mais abrangente do que o mero “comitê” burguês para a opressão do proletariado. Nesse sentido, a “esfera política ´restrita´ que era própria dos Estado elitistas quanto liberais – cede progressivamente lugar a uma nova esfera pública ´ampliada´, caracterizada pelo protagonismo de amplas e crescentes organizações de massa ( Montaño, 1999:50)

Assim, segundo Montaño (1999), há em Gramsci a manutenção da ideia

de Estado restrito, associado ao caráter de classe e sua função opressora, que é

superado e acrescido de novas determinações, que são: a sociedade política,

citiva; e a sociedade civil, entendida como espaço da

superestrutura, cuja busca é a hegemonia mediante o consenso. Isso, conforme Silva

(2004), implica um compromisso do Estado com a administração das demandas e

necessidades dos cidadãos mediante a oferta de política social, programas e projetos

estratégicos e consequentes no âmbito público, com vistas à garantia de direitos. A

gestão social é, então, entendida pelo autor, como um conjunto de estratégias

cidadania nas cidades à liberdade de consumo. A intenção é aqui resgatar o conceito

de sociedade civil, tendo em vista a valorização da inserção de sujeitos e atores na

ortalecer a participação como

se a gestão das

e necessidades dos cidadãos. Assim, a

política social e os projetos constituem canais de resposta a essas demandas. As

prioridades contempladas pelas políticas públicas, embora decididas pelo Estado,

tatal quando constituem-se

em demanda reivindicada por grupos com força e pressão capazes de introduzi-la na

Por essa razão é importante aqui destacar o conceito de sociedade civil,

outinho (1987), a partir da concepção de Gramsci, para quem a

sociedade civil é o espaço em que se manifestam a organização e a representação de

interesses dos diferentes grupos sociais, como associações, partidos, sindicatos, entre

se a Gramasci, retoma a concepção de Estado

marxista atrelada às realidades atuais, momento em que se presencia uma intensa

socialização política, que resultou na conquista do voto, na criação de partidos

ndical e ainda nos movimentos sociais e nas

se assim a idéia de um Estado mais abrangente do que o mero “comitê” burguês para a opressão do proletariado. Nesse sentido, a “esfera

s Estado elitistas – tanto autoritários cede progressivamente lugar a uma nova esfera pública

´ampliada´, caracterizada pelo protagonismo de amplas e crescentes

Assim, segundo Montaño (1999), há em Gramsci a manutenção da ideia

de Estado restrito, associado ao caráter de classe e sua função opressora, que é

superado e acrescido de novas determinações, que são: a sociedade política,

citiva; e a sociedade civil, entendida como espaço da

superestrutura, cuja busca é a hegemonia mediante o consenso. Isso, conforme Silva

(2004), implica um compromisso do Estado com a administração das demandas e

de política social, programas e projetos

estratégicos e consequentes no âmbito público, com vistas à garantia de direitos. A

gestão social é, então, entendida pelo autor, como um conjunto de estratégias

Page 6: Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

voltadas para a reprodução da vida social no âmbito

consumo social, de modo a não se submeter à lógica mercantil.

Ainda de acordo com Silva (2004), a política social é compreendida como

uma arena de confronto de interesses contraditórios direcionados para o acesso à

riqueza socialmente produzida. É entendida também a partir de um processo

contraditório permanente com a política econômica, uma vez que confere primazia às

necessidades sociais, enquanto esta última se volta para fomentar a acumulação e a

rentabilidade na esfera do me

Estado capitalista: criar condições que favoreçam a acumulação capitalista e articular

mecanismos de legitimação da ordem social e econômica

Para Dagnino et al (2006), a construção democrática, perme

conflitos e tensões, pressupõe a disputa de projetos políticos distintos, polarizados

pelo projeto neolieberal e democrático participativo que, ao traduzir diferentes visões

sobre a construção democrática, dotam de sentido a luta política. Neste se

autores ressaltam a importância da concepção de heterogeneidade, entendida a partir

de um conjunto de diversos atores civis, incluindo instituições como sindicatos,

associações, entre outras, que, ao dispor de diversas identidades, grande plurali

de práticas e diferentes formas de relação com o Estado, embrenham

arena de disputas, demarcada pelas correlações de forças, articulações e por

múltiplos conflitos. Em referência a Gramsci, os autores afirmam ser a sociedade civil,

fundamental para pensar o Estado, uma vez que a ação política não se limita à

sociedade política, mas é parte da própria sociedade civil, cujos atores, ao defender

projetos na esfera pública e ao desenvolver a ação coletiva, estão fazendo política,

disputando espaços de poder e orientando a política pública. Assim, a ideia de Estado

deve ultrapassar a concepção que o restringe a administração homogênea, permeada

por instituições governamentais, a fim de concebê

partidos no governo, no

entendimento se faz necessário para que se preservem as mediações entre sociedade

civil e Estado, com possibilidades de cooperação ou de confronto.

Para que a democracia tenha maiores possibilidades de se cparece ser necessária a existência de uma forte correspondência entre um projeto democrático da sociedade civil e projetos políticos afins na esfera da sociedade política (p. 38).

A construção do projeto democrático

participação da sociedade como fundante para a busca da igualdade e a

concretização da cidadania no âmbito das política públicas, associa

de desprivatização do Estado, permeável ao interesse público, por meio dos canais de

voltadas para a reprodução da vida social no âmbito dos serviços, na esfera do

consumo social, de modo a não se submeter à lógica mercantil.

Ainda de acordo com Silva (2004), a política social é compreendida como

uma arena de confronto de interesses contraditórios direcionados para o acesso à

lmente produzida. É entendida também a partir de um processo

contraditório permanente com a política econômica, uma vez que confere primazia às

necessidades sociais, enquanto esta última se volta para fomentar a acumulação e a

rentabilidade na esfera do mercado. Combinam-se, então, as duas funções básicas do

Estado capitalista: criar condições que favoreçam a acumulação capitalista e articular

mecanismos de legitimação da ordem social e econômica .

Para Dagnino et al (2006), a construção democrática, perme

conflitos e tensões, pressupõe a disputa de projetos políticos distintos, polarizados

pelo projeto neolieberal e democrático participativo que, ao traduzir diferentes visões

sobre a construção democrática, dotam de sentido a luta política. Neste se

autores ressaltam a importância da concepção de heterogeneidade, entendida a partir

de um conjunto de diversos atores civis, incluindo instituições como sindicatos,

associações, entre outras, que, ao dispor de diversas identidades, grande plurali

de práticas e diferentes formas de relação com o Estado, embrenham

arena de disputas, demarcada pelas correlações de forças, articulações e por

múltiplos conflitos. Em referência a Gramsci, os autores afirmam ser a sociedade civil,

al para pensar o Estado, uma vez que a ação política não se limita à

sociedade política, mas é parte da própria sociedade civil, cujos atores, ao defender

projetos na esfera pública e ao desenvolver a ação coletiva, estão fazendo política,

os de poder e orientando a política pública. Assim, a ideia de Estado

deve ultrapassar a concepção que o restringe a administração homogênea, permeada

por instituições governamentais, a fim de concebê-lo como espaço de inserção dos

partidos no governo, no parlamento e nos governos locais e regionais. Tal

entendimento se faz necessário para que se preservem as mediações entre sociedade

civil e Estado, com possibilidades de cooperação ou de confronto.

Para que a democracia tenha maiores possibilidades de se cparece ser necessária a existência de uma forte correspondência entre um projeto democrático da sociedade civil e projetos políticos afins na esfera da sociedade política (p. 38).

A construção do projeto democrático-participativo, ao pressupor a

participação da sociedade como fundante para a busca da igualdade e a

concretização da cidadania no âmbito das política públicas, associa-se a um processo

de desprivatização do Estado, permeável ao interesse público, por meio dos canais de

dos serviços, na esfera do

Ainda de acordo com Silva (2004), a política social é compreendida como

uma arena de confronto de interesses contraditórios direcionados para o acesso à

lmente produzida. É entendida também a partir de um processo

contraditório permanente com a política econômica, uma vez que confere primazia às

necessidades sociais, enquanto esta última se volta para fomentar a acumulação e a

se, então, as duas funções básicas do

Estado capitalista: criar condições que favoreçam a acumulação capitalista e articular

Para Dagnino et al (2006), a construção democrática, permeada por

conflitos e tensões, pressupõe a disputa de projetos políticos distintos, polarizados

pelo projeto neolieberal e democrático participativo que, ao traduzir diferentes visões

sobre a construção democrática, dotam de sentido a luta política. Neste sentido, os

autores ressaltam a importância da concepção de heterogeneidade, entendida a partir

de um conjunto de diversos atores civis, incluindo instituições como sindicatos,

associações, entre outras, que, ao dispor de diversas identidades, grande pluralidade

de práticas e diferentes formas de relação com o Estado, embrenham-se em uma

arena de disputas, demarcada pelas correlações de forças, articulações e por

múltiplos conflitos. Em referência a Gramsci, os autores afirmam ser a sociedade civil,

al para pensar o Estado, uma vez que a ação política não se limita à

sociedade política, mas é parte da própria sociedade civil, cujos atores, ao defender

projetos na esfera pública e ao desenvolver a ação coletiva, estão fazendo política,

os de poder e orientando a política pública. Assim, a ideia de Estado

deve ultrapassar a concepção que o restringe a administração homogênea, permeada

lo como espaço de inserção dos

parlamento e nos governos locais e regionais. Tal

entendimento se faz necessário para que se preservem as mediações entre sociedade

Para que a democracia tenha maiores possibilidades de se consolidar, parece ser necessária a existência de uma forte correspondência entre um projeto democrático da sociedade civil e projetos políticos afins na esfera da

participativo, ao pressupor a

participação da sociedade como fundante para a busca da igualdade e a

se a um processo

de desprivatização do Estado, permeável ao interesse público, por meio dos canais de

Page 7: Marilia Gonçalves Dal Bello Evelyn Secco Faquin · combinação entre capitalismo e democracia, políticas sociais, baseada na garantia de pleno emprego, igualdade e cidadania. Nos

participação da sociedade. Além dos espaços de participação com vistas à tomada de

decisão, Dagnino et al (2006) destacam também espaços de participação, com vistas

ao controle da sociedade sobre o Estado, como são as Ouvidorias e o Orçamento

Participativo. Durigueto (20

pública não estatal, observa os conselhos de direito como espaços de uma “cultura

democrática,” permeados por diversos atores e instituições, como as ONGs, entidades

profissionais, entre outros, os

legitimidade do direito. Dessa forma, a sociedade civil ( transmutada em esfera

pública) é vista como uma esfera que transcende a lógica estatal e privada tanto em

relação aos interesses que representa qu

organizativa (Raichelis, 2005: 94.)

Neste sentido, a defesa é para que a participação não restrinja a idéia de

cidadão consumidor pacíficos, mas para que se consolidem movimentos e

organizações da sociedade civil vo

garantia de cidadania no âmbito da construção da gestão pública democrática das

cidades.

Considerações Finais

A concepção neoliberal de gestão social, que sob o comando de um

Estado mínimo exalta o mercad

detrimento da desresponsabilização do Estado com a garantia de direitos sociais, é

aqui pensada a partir da lógica democrática em que a sociedade civil é considerada

parte fundante para pressionar o Estado a c

voltada para a garantia de políticas sociais com perspectivas universalistas e

igualitárias segundo preceitos cidadãos. Ao considerar esse contexto, o presente

trabalho aponta para a necessidade de elucidar o conceito de sociedade civil, como

parte essencial para a concretização da gestão publica das cidades , de modo a

reduzir os interesses privatistas que permeiam o Estado democrático.

Referenciais Bibliográficas

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São Paulo, 1999.

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na teoria marxista. São Paulo, Brasiliense, 1987.

sociedade. Além dos espaços de participação com vistas à tomada de

decisão, Dagnino et al (2006) destacam também espaços de participação, com vistas

ao controle da sociedade sobre o Estado, como são as Ouvidorias e o Orçamento

Participativo. Durigueto (2005), ao analisar e propor a construção de “uma nova esfera

pública não estatal, observa os conselhos de direito como espaços de uma “cultura

democrática,” permeados por diversos atores e instituições, como as ONGs, entidades

profissionais, entre outros, os quais disputam interesses de demandas, ampliando a

legitimidade do direito. Dessa forma, a sociedade civil ( transmutada em esfera

pública) é vista como uma esfera que transcende a lógica estatal e privada tanto em

relação aos interesses que representa quanto em relação à sua dinâmica político

organizativa (Raichelis, 2005: 94.)

Neste sentido, a defesa é para que a participação não restrinja a idéia de

cidadão consumidor pacíficos, mas para que se consolidem movimentos e

organizações da sociedade civil voltados para a luta pela ampliação de direitos, como

garantia de cidadania no âmbito da construção da gestão pública democrática das

A concepção neoliberal de gestão social, que sob o comando de um

Estado mínimo exalta o mercado como única alternativa para a democracia, em

detrimento da desresponsabilização do Estado com a garantia de direitos sociais, é

aqui pensada a partir da lógica democrática em que a sociedade civil é considerada

parte fundante para pressionar o Estado a consolidar uma gestão publica das cidades

voltada para a garantia de políticas sociais com perspectivas universalistas e

igualitárias segundo preceitos cidadãos. Ao considerar esse contexto, o presente

nta para a necessidade de elucidar o conceito de sociedade civil, como

parte essencial para a concretização da gestão publica das cidades , de modo a

reduzir os interesses privatistas que permeiam o Estado democrático.

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na teoria marxista. São Paulo, Brasiliense, 1987.

sociedade. Além dos espaços de participação com vistas à tomada de

decisão, Dagnino et al (2006) destacam também espaços de participação, com vistas

ao controle da sociedade sobre o Estado, como são as Ouvidorias e o Orçamento

05), ao analisar e propor a construção de “uma nova esfera

pública não estatal, observa os conselhos de direito como espaços de uma “cultura

democrática,” permeados por diversos atores e instituições, como as ONGs, entidades

quais disputam interesses de demandas, ampliando a

legitimidade do direito. Dessa forma, a sociedade civil ( transmutada em esfera

pública) é vista como uma esfera que transcende a lógica estatal e privada tanto em

anto em relação à sua dinâmica político-

Neste sentido, a defesa é para que a participação não restrinja a idéia de

cidadão consumidor pacíficos, mas para que se consolidem movimentos e

ltados para a luta pela ampliação de direitos, como

garantia de cidadania no âmbito da construção da gestão pública democrática das

A concepção neoliberal de gestão social, que sob o comando de um

o como única alternativa para a democracia, em

detrimento da desresponsabilização do Estado com a garantia de direitos sociais, é

aqui pensada a partir da lógica democrática em que a sociedade civil é considerada

onsolidar uma gestão publica das cidades

voltada para a garantia de políticas sociais com perspectivas universalistas e

igualitárias segundo preceitos cidadãos. Ao considerar esse contexto, o presente

nta para a necessidade de elucidar o conceito de sociedade civil, como

parte essencial para a concretização da gestão publica das cidades , de modo a

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