Mariologia Resumo Completo

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  • 7/22/2019 Mariologia Resumo Completo

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    MARIOLOGIA

    Aula 1Maternidade divina

    Para os cristos do sculo V era familiar a palavra Theotkos, que significa Mede Deus.

    O patriarca de Constantinopla, Nestrio (428), afirmava que Cristo era umsujeito humano, unido, mas distintodo Verbo: um homem extraordinrio, masno verdadeiro Deus. A Virgem seria ento Me de Cristo, mas no Me de Deus.

    O conclio de feso (431) declarou que a Segunda Pessoa da SantssimaTrindade, consubstancial ao Pai, assumiu uma natureza humana, de modo que anicapessoa em Cristo esta Pessoa divina. Assim a Virgem Me desta Pessoadivina, e por isso verdadeira Me de Deus.

    A pergunta que ? refere-se a uma natureza ( um pinheiro, um homem,etc.), enquanto que a pergunta quem ?se refere a uma pessoa( Pedro). Eu

    no sou antes de tudo um que, sou um quem; no sou algo, sou algum.Tenhouma natureza e souuma pessoa.

    CIC 457: Deus pode criar uma natureza humana de tal modo que o sujeitodessa natureza seja um Eu divino, uma das Pessoas da Trindade. Jesus, geradopor obra do Esprito Santo, verdadeiro homem porque tem uma natureza real eperfeitamente humana. E verdadeiro Deus, porque a pessoa que sustenta essanatureza no outra que a do Verbo divino.

    Justa e verdadeiramente se chama Maria Me de Deus, por ter concebido anatureza humana de Jesus, cuja pessoa divina. Maria d a Jesus, quer dizer, aDeus Filho, tudo o que uma me d ao seu filho. Ela , pois, sem sombra de

    dvidas, e em sentido prprio, Me de Deus Filho. O Conclio de feso(431) define, frente aos erros de Nestrio: A Santa Virgem Me de Deus, porque deu luz carnalmente o Verbo de Deus feito carne. OConclio de Calcednia(451) acrescenta que no pode chamar-se Virgem MariaMe de Deus em sentido figurado: tem que ser afirmado em sentido prprio.

    No ATh alusesao mistrio da Maternidade divina de Maria: pr-annciosde Mariaso Eva (me dos viventes), Sara, Judite, Dbora, Rute, Ester... Aparecetambm a figura da rainha-me (Betsab, me de Salomo). Vrios profetasfalam de uma Filha de Sio que representa Israel nos trs aspectos de Esposa,Me e Virgem, que se realizaro plenamente no mistrio de Maria.

    No NTa maternidade divina de Maria afirma-se implcitamente,sempre que sefala dEla como Me de Jesus, o qual declarou sem margem para dvidas que Deus, coisa que entenderam muito bem os seus inimigos, que nisso viramblasfmia. Marcos chama a Jesus filho de Maria e Filho de Deus. Em Mateus eLucas emprega-se a palavra Me tanto no relato da Concepo como noNascimento.

    O NT ensina tambm explicitamenteo mistrio

    O anjo disse a Maria: O Esprito Santo descer sobre ti, e a virtude do Altssimote cobrir com a sua sombra. E, por isso mesmo, o Santo, que h-de nascer de ti,ser chamado filho de Deus. Chamar-se- Emanuel, Deus connosco.

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    Em Mt 1, 21, o Anjo anuncia a Josque Jesus salvar o seu povo, expressoque no AT se reserva a Deus; e que o salvar dos seus pecados, poder que seatribui s a Deus.

    Em Lc 1, 43, Isabel chama a Maria a me do meu Senhor. Os judeuschamavam a Deusseu Senhor.

    Os Padresmuito perto do ensino dos Apstolos, como Santo Incio de Antioqua(+107), falam da maternidadede Maria. Destacam-se So Justino (+165), SantoIreneu (+202), Tertuliano (+220/230), Santo Hiplito (+235).

    Orgenes(+ 253) o primeiro que nos fala da feliz frmula Theotkos (Mede Deus), que encontra mos depois em autores to importantes como SantoAtansio, So Ddimo, So Gregrio de Nisa, So Cirilo de Jerusalm, SantoEpifnio de Salamina, So Joo Damasceno. O termo latinoequivalente encontra-se em Santo Ambrsio, So Jernimo e outros.

    So Toms: Pelo facto de ser Me de Deus, tem uma dignidade em certomodo infinita, por causa do bem infinito que Deus. (...) No se pode imaginar

    uma dignidade maior, como se no pode imaginar coisa maior que Deus (ST I, q.25). Ela a nicaque junto com Deus Pai pode dizer ao Filho de Deus: Tu smeu Filho (ST III, q. 103).

    No se pode considerar a Virgem revestida de uma dignidade divina. Masmais que Ela s Deus (cfr. So Josemaria, Caminho 496).

    Joo Paulo II insistiu na frmula: Filha de Deus Pai, Me de Deus Filho,Esposade Deus Esprito Santo (Redemptoris Mater, 8).

    Aula 2Imaculada Conceio

    Entre os privilgios que Deus outorgou Virgem Maria, em ateno suaexcelsa dignidade de Mede Deus e em virtude dos mritos de seu Filho, destaca-se o da sua Imaculada Conceio, reconhecido pela Igreja desde os seuscomeos e definido como dogma de f a 8 de Dezembro de 1854 pelo Papa Pio IXna BulaIneffabilis Deus.

    Declaramos, pronunciamos e definimos que a doutrina que sustenta que aSantssima Virgem Maria, no primeiro instante da sua Concepo foi, por graasingular e privilgio do Deus omnipotente, em previso dos mritos de Jesus Cristo,Salvador do gnero humano, preservada imune de toda a mancha de culpaoriginal, foi revelada por Deus e, portanto, deve ser firme e constantementeacreditada por todosos fiis.

    Imune de toda a mancha de culpa original: a Igreja confessa que Maria emnenhum momento e de nenhum modo foi atingida pelo pecado original que setransmite por gerao humanidade desde os nossos primeiros pais. Pio XIIacrescenta que quando se fala de Maria, nem sequer se deve pr aquesto de se teve ou no algum pecado, por diminuto que se possa pensar,

    posto que transporta consigo a dignidade e santidade maiores depois das deCristo. (...) to pura e to santa que no pode conceber-se maiorpureza depoisda de Deus (Fulgens corona,08.09.1953).

    Sentena certa: livre da concupiscnciadesde a sua concepo. A imunidade concedida a Maria uma graa de Deus todo-poderoso queconstitui um privilgio singular. Deus interpe-se entre Maria e o pecado para

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    que este nem sequer lhe toque por um instante. um privilgio extraordinrioconcedido que havia de ser Me de Deus.

    Esta verdade no foi obtida como uma concluso deduzida a partir daRevelao, ou pela sua associao com alguma outra verdade revelada, mastrata-se de uma verdade formalmente revelada por Deus. Atravs da histriatem havido progresso no conhecimento e explicao, mas a verdade era conhecida

    desde os comeosda Igreja como divinamente revelada.

    Anunciao (Lc 1, 28): A expresso cheia de graa traduz a palavra gregakexaritomene, a qual um particpio passivo. Assim pois, para expressar commais exactido o matiz do termo grego, no se deveria dizer simplesmente cheiade graa, mas sim feita cheia de graa ou cumulada de graa, o qual indicariaclaramente que se trata de um dom dado por Deus Virgem. O termo (...)expressa a imagem de uma graa perfeita e duradouraque implica plenitude(Joo Paulo II, Audincia geral, 08.05.1996).

    Os Padresdizem que as palavras de Isabel a Maria, na Visitao(bendita stu entre as mulheres e bendito o fruto do teu ventre), do a entender que Maria

    foi a sede de todasas graas divinas e que foi adornada com todosos carismas doEsprito Santo, at ao ponto de nuncater estado sob o poder do mal.

    Protoevangelho: Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tuadescendncia e a dela. Ela te ferir a cabea, e tu lhe ferirs o calcanhar. ( Gn 3,15). No texto hebraico, quem pisa a cabea da serpente a descndencia damulher.

    Pio XII, Fulgens corona: Ora, se, por algum tempo, a bem-aventuradavirgem Maria fosse privada da graa divina, como inquinada, na sua concepo,pela mancha hereditria do pecado, ao menos naquele momento, emborabrevssimo, no haveria entre ela e a serpente aquela perptua inimizade de

    que se fala, desde a mais antiga tradio at solene definio da ImaculadaConceio, mas, ao contrrio, haveria certasujeio.

    A doutrina da Imaculada encontrou certa resistncia no Ocidente. Houvesantos, como Agostinho, Bernardo, Alberto Magno, Boaventura e Toms de Aquino,que aquando afirmavam a exmia santidade de Maria, resistiam a proclamar oprivilgio da Imaculada. No percebiam como concili-lo com a universalidadedaRedeno operada por Cristo.

    Soluo: Maria no uma criatura isenta de redeno. a primeira redimidapor Cristo e foi-o de um modo eminente em ateno aos mritos de Jesus CristoSalvador do gnero humano. Duns Escoto distingue a redeno liberativa detodos ns, daredeno preventiva de Maria.

    Indicaes do Magistrio sobre a Imaculada

    Mt 1, 18-25Sixto IV, nos anos 1476 e 1483, aprovou a Festa e o Ofcio daImaculada Conceio, proibindo classificar como hertica a sentena favorvel Imacuculada. Inocncio VIII, em 1489, aprova a invocao da ImaculadaConceio. Trento, em 1546, declara que no inteno sua incluir neste decreto,em que se trata do pecado original, bem-aventurada e imaculada Virgem Maria,Me de Deus. So Pio V inclui no Brevirio o oficio da Imaculada. Paulo V, em1616, probe ensinar publicamente a sentena anti imaculista. Gregrio XV, em1612, probe-o privadamente. Alexandre VII, em 1661, publica uma constituiosobre a Imaculada. Clemente XI, em 1708 estendeu a festa da Imaculada, como

    festa de preceito a toda a Igreja Universal.

    Privilgios includos na plenitude da graa, 1

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    Os Padres descartam no s qualquer espcie de pecado na Me de Deus,tambm a julgam alheia a toda a imperfeiovoluntria, at ao ponto de negarnEla qualquer acto imperfeito ou remisso de caridade. Entendem que, de nenhummodo, esteve inclinada para o mal.

    A possibilidade de fazer o mal um sinal, mas tambm uma imperfeio daliberdade. O verdadeiro exerccio da liberdade consiste em eleger o bem porquenos d na gana. A graa sana a vontade livre. Onde h plenitude de graa, hplenitude de vontade s e, portanto, plenitude de liberdade. Por isso aSantssima Virgem foi librrimaem todos os momentos.

    Privilgios includos na plenitude da graa, 2

    A Virgem Maria esteve sujeita dor. Santssima sem sombra de pecado, maspassvel e mortal, partcipe da knosisde seu Filho, padeceu ao corredimir comCristo. Uma espada atravessou a sua alma (anncio de Simeo). O privilgio daImaculada, longe de subtrair a dor de Maria, aumentoun Ela a sua capacidade de

    sofrimento.

    Desde a sua concepoa Virgem superior em graa a todasas criaturas,includos os anjos. Mas no era uma graa infinita: cresceuao longo da sua vida,especialmente na Encarnao, ao p da Cruz e no Pentecostes. Alm disso, o amorrecproco entre o Filho e a Me seria causa ininterrupta de aumento de Graapara Ela.

    Aula 3Virgindade de Maria

    Maternidade e virgindade so alternativas da mulher, que se excluem pornatureza, que Deus quer reunir milagrosamente na sua Me. Os textos maisantigos chamam a Maria A Virgem, e desde os primeiros sculos, A sempreVirgem. Trs aspectos do dogma: virgem antes do parto, no parto e depoisdoparto.

    Antes do parto: O dogma afirma que Nossa Senhora concebeu Jesus, noporobra de varo, mas por obra do Esprito Santo. Cumpriu-se assim a profeciadeIsaas: uma virgemconceber e dar luz um filho, que ser chamado Emmanuel(Deus connosco) (Is 7, 14). No Credorezamos assim: Creio em um s SenhorJesus Cristo (...). E por obra e graa do Esprito Santonasceu da Virgem Mara(em latim: exMaria Virgine).

    No parto: Longe de depreciar a integridade do corpo de sua Me, Jesusdeixou--a intacta ao nascer. Este prodgio um milagre da divina omnipotncia.Ilustrao clssica: nasceu como a luz do sol que passa atravs de um cristal, semo romper nem manchar.

    Depois do parto: Esta porta h-de estar fechada para sempre, no se abrirnem entrar por ela homem algum, porque entrou por ela Yahv (Ez 44, 1-2). OsPadres aplicam estas palavras virgindade perptuade Maria.

    Santo Agostinho, Sermo 186: Maria foi Virgem ao concebero seu Filho,Virgem durante o parto,(...) Virgem depoisdo parto, sempre Virgem.

    Os irmos de Jesus nos Evangelhos

    O hebreu e o arameu necessitamde termos diferentespara designar diversosgraus de parentesco. Lot chamado irmo de Abrao em Gn 13, 8e 14, 14.16, e

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    sobrinho em Gn 12, 5e 14h, 12. Labo chamado irmo de Jacob em Gn 29,15, quando era irmo de sua me(Gn 29, 10).

    Mc 6, 3d uma listade irmos de Jesus, entre eles Tiago e Jos, que por Mc15, 40e Jo 19, 25sabemos que eram filhos de Maria de Cleofs.

    Se Jesus tivesse tido outros irmos, no se entenderiam bem as Suas palavrasna Cruzconfiando a sua Me ao seu discpulo Joo.

    Pensou-se tambm negar a virgindade de Maria porque Jesus Cristo chamadoprimognito, em Lc 2, 7. Mas esta palavra significa filho no precedido poroutro, e prescindeda existncia doutros filhos. O primognito estava tambmvinculado com prescries da leijudaica, e a cada filho nicose aplicavam estasprescries para o primognito.

    Mt 1, 18-25faz a interpretao de Is 7, 14(a virgemconcebeu e deu luzum filho, que ser chamado Emmanuel, isto , Deus connosco). E nagenealogiade Jesus, Mt 1, 16, em lugar de dizer Jos gerou Jesus, diz Jos,Esposo de Maria, da qual nasceuJesus, que chamado Cristo

    Mt 1, 20afirma que o Anjo do Senhor revelou a Jos que o concebido nEla(Maria) do Esprito Santo.

    Na Anunciao (Lc 1, 26-38), a pergunta de Maria Como se far isso, pois euno conheo homem? interpretada pelos autores catlicos como a vontade deMaria de permanecer virgem j antesdo anncio do anjo.

    So Marcosnunca menciona Jos, o esposo de Maria, mas chama a Jesus ofilho de Maria

    No prlogo do evangelho de So Joo, algumas vozes autorizadas, como SantoIreneu e Tertuliano, apresentam Jo 1, 13em particular, quer dizer, Ele que nonasceu do sangue nem da vontade da carne, nem do querer do homem, mas deDeus, o que seria testemunho da gerao virginalde Jesus.

    As frmulas de f dos Padrespostulam a afirmao do nascimento virginal deJesus; e, a partir do sculo IV, utilizam o ttulo de sempre Virgem ao falar deMaria.

    A virgindade de Maria est presente numa larga srie de testemunhos doMagistrio da Igreja, desde o Smbolo apostlico at Lumen gentium doVaticano II, e Joo Paulo II.

    Conclio de Latro (649), c. 3: Se algum,segundo os Santos Padres, noconfessa que prpria e verdadeiramente Me de Deus a santa e sempre virgemeimaculada Maria, j que concebeu nos ltimos tempos sem smen, do EspritoSanto, o prprio Deus-Verbo (...) e que deu luz sem corrupo, permanecendoa sua virgindade indissolvel mesmo depois do parto, seja condenado. Vertambm.

    Paulo IV,Const.Cum quorundam (1555).

    O olhar da f, unido ao conjunto da Revelao, pode descobrir as razesmisteriosas pelas quais Deus, no seu desgnio salvfico, quis que seu Filhonascesse de uma virgem. Estas razes referem-se tanto pessoa e missoredentora de Cristo como aceitao por Maria desta misso para com os

    homens (CIC 502).

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    CIC 503: A virgindade de Maria manifesta a iniciativa absoluta de Deus naEncarnao. CIC 504: Jesus foi concebido por obra do Esprito Santo no seio daVirgem Maria porque Ele o Novo Adoque inaugura a nova criao. CIC 505:

    Jesus, o novo Ado, inaugura pela sua concepo virginal o novo nascimentodosfilhos de adopono Esprito Santo pela f.

    Maria virgem porque a sua virgindade o sinal da sua fno adulterada pordvida alguma e da Sua entrega total vontade de Deus. A sua f que a fazchegar a ser a me do Salvador: Mais bem-aventurada Maria ao receber a Cristopela fdo que ao conceber no seu seio a carnede Cristo (Santo Agostinho,Desancta virginitate 3,3)(CIC 506

    CIC 507: Maria ao mesmo tempo virgem e me porque ela a figura e amais perfeitarealizao da Igreja. A igreja mepois que gera para uma vidanova e imortal os filhos concebidos pelo Esprito Santo e nascidos de Deus.Tambm a virgemque guarda ntegra e pura a fidelidade prometida ao Esposo.

    Aula 4Assuno

    Pio XII, Munificentissimus Deus, 01.11.1950: Pronunciamos, declaramos edefinimos ser dogma divinamente revelado: que a Imaculada Me de Deus, sempreVirgem Maria, cumprido o curso da sua vida terrena, foi assunta em corpo ealmapara a glria celeste.

    A assuno produz-se por virtude de Deus. O dogma significa que para aVirgem Maria no se adiaat ao fim dos tempos a glorificao do seu corpo, comosuceder com os outros fiis, e que o seu corpo no sofreu a decomposiocadavrica.

    Pio XII quis prescindir, na definio dogmtica, da questo sobre a morte deMaria na frmula definitoria: baoquis defini-la. Muitos Padres apresentam a morte de Maria como um acto de amor que alevou at ao seu divino Filho para compartilhar com Ele a vida imortal.

    Gn 3, 15: Eu porei a inimizade entre ti e a mulher.... Cristo, Novo Ado,obtem o triunfo definitivo sobre a antiga serpente, associado intimamente NovaEva, Maria. O triunfo triplo: sobre o pecado, sobre a concupiscncia e sobre amorte. A primeira redimidafoi libertada da morte semelhana de Cristo.

    Lc 1, 28: Cheia de graa. A graa redunda em toda a pessoa, unidade dealma e corpo. plenitude da graadeve corresponder a plenitude de glria, napessoa inteira.

    Ap 12, 1: A Mulher vestida de sol. Uma mulhervestida de Sol, ou seja, imersana luz de Deus, que a habita porque Ela habita n' Ele. (...) Os Cus e a Terrafundiram-se. Debaixo dos ps, a Lua, como sinal de que o efmero e mortal foisuperado, e que a transitoriedade das coisas foi convertida em existnciaperdurvel. E a constelao que a coroa significa salvao (Bento XVI,Angelus, 16.08.2006).

    Como Cristoressuscitou de entre os mortos com o seu corpo glorioso e subiuao cu, assim tambm a Virgem Santssima, a Ele associada plenamente, foielevada glria celestial com toda a sua pessoa. Tambm nisso a Me seguiu maisde perto o seu Filho e nos precedeu a todos ns (Bento XVI, Angelus,

    15.08.2005).

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    A participaoda Virgem na vitriade Cristo no poderia considerar-se plenasem a glorificao corporal antecipada de Maria.

    A maternidade divina, que fez do corpo de Maria a morada imaculada doSenhor, funda o seu destino glorioso (Joo Paulo II, Audincia geral,09.07.1997).

    Se Ado e Eva introduziram no mundo a morteda alma (pecado) e a do corpo,Cristo e Maria foram causa de vida para a alma (graa) e para o corpo (ressur- -reio).

    Harmonia da Assuno com o dogma da Imaculada: se a ressurreio otriunfo e o trofu da redeno, a uma redeno preventiva e anticipadacorresponder uma anticipadaressurreio.

    Harmonia com a Maternidade virginal: a verdade do parto virginal proclama odecreto divino de preservar em absoluto a integridade corporalda Me de Deus.

    Harmonia com o amor de Cristo por Sua Me

    Como nos teramos comportado, se tivssemos podido escolher a nossa me?Julgo que teramos escolhido a que temos, enchendo-a de todas as graas. Foi oque Cristo fez, pois sendo Omnipotente, Sapientssimo e o prprio Amor, seu poderrealizou todo o seu querer (...). Os telogos formularam com frequncia umargumento semelhante, tentando compreender de algum modo o significado dessecmulo de graas de que se encontra revestida Maria e que culmina com aAssunoaos cus. Dizem:convinha, Deus podia faz-lo, e por isso o fez (SoJosemaria, Cristo que passa, 171).

    A Assuno de Maria o argumento ou prova de que todos os fiis dos quais aVirgem Santssima Me, estaro um dia com os seus corpos glorificadosjunto a

    Cristo glorioso. O nosso futuro no utpico. uma realidade existente emCristo e Maria.

    Contemplando Maria Assunta, o cristo aprende a descobrir o valor do seuprprio corpoe a custodi-lo como templo de Deus, espera da ressurreio eglorificao da vida eterna bem-aventurada.

    Aula 5Realeza de Maria

    Lumen gentium, 59: A Virgem Imaculada, preservada imune de toda manchade culpaoriginal, terminado o curso da vida terrena,foi assunta glria em alma e corpocelestial e enaltecida pelo Senhor como Rainha do Universo, para que seassemelhasse mais plenamente a seu Filho, Senhor dos que dominam e vencedordo pecado e da morte.

    Lc 1, 43: Isabel, ao ouvir a saudao da Virgem, exclama: Donde a mim estadita, que venha ter comigo a me do meu Senhor?. como dizer a Senhora, aRainha.

    Os Padres viram Mariana mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos seusps, e uma coroa de doze estrelas sobre sua cabea (Ap 12, 1).

    Cristo Reino s porque Filho de Deus, mas tambmporque RedentorMaria Rainhano s porque Me de Deus, mas tambmporque, associadacomo nova Eva ao novo Ado, cooperou na obra da redeno do gnero humano.

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    Maria reina com o poder da orao. Com o amor de Filha de Deus Pai, com oamor de Me de Dios Filho e com o amor de Esposa de Deus Esprito Santo,reunidos num s corao.

    Maria invocada na Igreja com os ttulos de Advogada, Auxiliadora, Socorro,Mediadora. E chama-se a Omnipotncia Suplicante.

    Inmeros Padres, como, por exemplo, Santo Efrn, So Gregorio Nacianceno,Orgenes, So Joo Damasceno, So Jernimo, Santo Andrs Cretense, SantoEpifnio, etc., proclamam Maria Rainha, Dona, Senhora.

    Liturgia: A Igreja latina entoa a Salve Regina, as antfonas Ave Reginacaelorum e Regina caeli laetare. Destacam as Ladainhaslauretanas com muitasinvocaes a Maria como Rainha, e o quinto mistrio glorioso doRosrio.Iconografia.

    Muitos Papas chamam a Maria Rainha. Pio XIIdedicou a encclica Ad CoeliReginam (1954) inteiraa este mistrio. Joo Paulo II insiste em que Maria Rainha universal(Redemptoris Mater).

    Cristo Rei, no s porque Filho de Deus, mas tambmporque Redentor.Maria Rainha, no s porque Me de Deus, mas tambmporque, associadacomo nova Eva ao novo Ado, cooperou na obra da redeno do gnero humano.

    Maria reina com o poder da orao. Com o amor de Filha de Deus Pai, com oamor de Me de Deus Filho e com o amor de Esposa de Deus Esprito Santo,reunidos num s corao.

    Maria invocada na Igreja com os ttulos de Advogada, Auxiliadora, Socorro,Mediadora. E chama-se a Omnipotncia Suplicante.

    Aula 6Cooperao na santificao

    Pode-se falar da corredenoda Virgem Maria. A identificao com o seu Filho,no h dvida, abarca desde o princpio todo o plano de salvao. Foi junto Cruzde Jesus, onde com particular intensidade exerceu a sua misso corredentora.

    Arnaldo de Chartres (s. XII): Uma foi a vontade de Cristo e de Maria;ambos ofereciam a Deus um mesmoholocausto: Maria, com sangue no corao;Cristo, com sangue na carne.

    Movida por un imenso amor por ns, ofereceu Ela prpria o seu Filho divinajustia para nos receber como filhos (Leo XIII, Iucunda semper). Por nsmorre Jesus e por nssofre Maria. Colaborou com seu Filho para nos fazer filhosde Deuse tambm - por desgnio divino - filhos seus.

    Quando Deus disse profeticamente serpente (o Maligno): Eu porei inimizadeentre ti e a mulher, entre a tua descendncia e a sua, que te esmagar acabea(Gn 3, 15), est a colocarjuntoso futuro Vencedor de Satans e a Mulher,e esta Mulher, em concreto, Maria. Deus pensou desde toda a Eternidade emMaria como unum com Cristo Cabea da humanidade redimida.

    Satansserviu-se da mulherpara arrastar Ado e os seus filhos para o abismodo pecado e da perdio. Deus servir-se- de uma mulher para realizar asmaravilhas da Encarnao e da Redeno por meio de Cristo, Verbo encarnado no

    seio de Maria.

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    A maternidade divina impe e justifica radicalmente o principio de umaparticipao ntima, intensa e omni-abrangente de Maria na inteira vida emisso do Verbo encarnado. Por si prpria esta associao coloca a Maria em todaa histriada redeno e santificao.

    Cristo a Cabea indiscutvel e nica da Igreja por direito prprio, e -oinseparavelmentede Maria como Me.

    Cristo o nico Mediador, mas quis manter junto de si, estreitamente unida,associada sua tarefa redentora e santificadora, uma Mulher. E a Mulher foiMaria, sua Me.

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    Aula 7Me e Mediadora

    Maria nossa Me, no em sentido natural, mas sim num sentido real,espiritual e mstico, porque Me de Cristo, no s do Cristo em pessoa, mas doCristo total (Cabea e membros).

    Maria, quando levava em seu ventre o Salvador, levava tambm todos aquelescuja vida estava contida na vida do Senhor. Todos quantos estvamos unidoscom Cristo, saimos do seio de Maria semelhana de um corpo unido com a suacabea. Por isso, num sentido certamente espiritual e mstico, ns somoschamados filhos de Mariae Ela Mede todos ns.

    Maria Me dos bem-aventurados do Cu de modo excelente. Me daspessoas em graa de modo perfeito. Me dos cristos em pecado mortaldemodo imperfeito, porque estes no tm vida sobrenatural completa, mas s a f. Me dos no baptizadosde modopotencialou de direito, pois est destinadaa ger-los na vida sobrenatural.

    No Me dos condenadosdo inferno, pois j no lhes pertence em absoluto aunio com Cristo. Por ser Me da Igreja, membro especial e todo singularda Igreja. A Me de Deus, por querer e dom de Deus, procria na vida da Graaos filhosde Deus. Maria no autora da Graa, mas tudo nos leva a pensar que deve haverum compromisso divinoassumido livremente por Deus, com vista interveno deMaria na obra da santificao, que a constitui em verdadeira Me, dadora da vidasobrenatural, crstica, criada pela Trindade, desde o Pai no Filho pelo EspritoSanto.

    Os homens podem ser mediadores entre Deus e os outros. uma mediaosubordinada, participada. Na Virgem d-se essencialmente maisessa mediao

    participada, pois de uma natureza especificamente superior, por ser de umanatureza materna.

    O Magistrio afirma que Maria Medianeira e Dispensadora de todas asgraas: lcitoafirmar que daquele grandioso tesouro que o Senhor trouxe (...),nadanos distribudo seno por meio de Maria, porque Deus assim o quis (LeoXIII, Octobri mense, 22.09.1891).

    Foi entregue Me de Deus toda a graa de que seu Filho Autor, para queseja Administradorade Cristo, em favor de todos os seus filhos. Todasas graciasque se comunicam a este mundo tm um processo triplo: seguindo uma ordemaltssima, comunicam-se por Deus a Cristo, por Cristo a Maria, e por Maraa ns. outra manifestao da imensidade do amor de Deus para com Maria e paraconnosco

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    Aula 8Culto e devoo

    O culto uma honra que se tributa a uma pessoa superior a ns. O cultorendido aos servidores de Deus honra ao prprio Deus, que se manifesta por eles epor eles nos atrai at Ele.

    Deus ao constituir sua Me em aura de santidade, cumulando-a de graas,expressa-nos a sua vontade de que a honremos enquanto nos seja possvel.Louvar Maria louvar o Filho, e, por Ele, a Trindade Santssima: que filho no sealegra por honrarem a sua me? Quanto mais Cristo que, sendo Deus, ama a SuaMe mais do que todos os filhos do mundo!

    Tributa-se Santssima Virgem um culto de venerao suprema(hiperdulia), devido sua eminente dignidade de Me de Deus, distinto do cultode adorao(latria) reservado a Deus, e do simples culto de venerao (dulia)prprio dos outros santos.

    A verdadeira devoo no consiste, nem num estril e passageirosentimentalismo, nem uma certa v credulidade; que procede da f, pela qualreconhecemos a excelnciada Me de Deus, pela qual somos levados a um amorfilialat nossa Me e imitaodas suas virtudes.

    Antes de tudo, sumamente conveniente que os exerccios de piedade Virgem Maria expressem claramente a nota trinitria e cristolgica que intrnseca e essencial. (...) Na Virgem Maria tudo referido a Cristo e tudodepende dEle: com vistas a Ele Deus Pai, Deus Pai a elegeu desde toda aeternidade como Me toda santae a adornou com dons do Esprito Santo que noforam concedidos a nenhum outro(Paulo VI, Marialis cultus 24).

    Alm disso, necessrio que os exerccios de piedade (...) ponham maisclaramentede manifesto o posto que ela ocupa na Igreja: o mais alto e maisprximode ns depois de Cristo. (...) O amor Igrejatraduzir-se- - em amor aMaria e vice-versa; porque uma no pode subsistir sem a outra (dem 28).

    A Igreja, para honrara Virgem Maria, celebra ao longo do ano litrgico diversasfestasmarianas. Vaticano IIexorta a que se promova o culto, especialmente olitrgico.

    O Magistrio sublinhou de modo particular duas devoes marianas: o Angeluse o Rosrio.

    Outras prticas de piedade mariana: Confrarias marianas, Escapulrio doCarmo, Ms de Maria, medalhas, sbados dedicados a Maria, peregrinaes aSanturios, consagrao ao seu Imaculado Corao, etc.

    Os frutos desta devoo mariana so incontveis.

  • 7/22/2019 Mariologia Resumo Completo

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    Aula 9So Jos

    O Magistrio sustenta que a Virgem e So Jos contrairam um verdadeiromatrimnio.Os Padres, ao referirem-se a este matrimnio, pem em relevo a providncia esabedoriadivinas ao dispor que Jesus Cristo nascera virginalmente de uma Me

    desposada.

    So Jos recebeu uma plenitudede graa proporcionada preeminncia da suamissopara a qual foi eleito eternamente pela Trindade. Com efeito, a misso deSo Jos supera a prpria ordem da graa e confina com a ordem hiposttica,constituda pelo prprio mistrio da Encarnao.

    Joo XXIII, em 1962, proclamou-o ilustre descendente de David, luz dosPatriarcas, esposo da Me de Deus, guardio da sua virgindade, pai nutrcio doFilho de Deus, vigilante defensor de Cristo, Chefe da Sagrada Famlia; foi

    justssimo, castssimo, prudentssimo, fortssimo, muito obediente, fidelssimo,espelho de pacincia, amante da pobreza, modelo de trabalhadores, honra da vida

    domstica, guardio das virgens, sustento das famlias, consolao dosdesafortunados, esperana dos enfermos, patrono dos moribundos, terror dosdemnios, protector da Santa Igreja. Ningum to grande depois da VirgemMaria.

    Parece que, depois da Anunciao, a Virgem guardou para sio grande mistrioque tinha acontecido nEla, a Encarnao do Verbo.

    A dvida de Jos no era sobre a inocncia de Maria, mas sobre o seuprprio papelno futuro daquele mistrio.

    O anjo no s lhe confirmaque o sucedido com a sua Esposa obra divina;alm disso comunica-lhe que ele tem tambm uma misso no mistrio daEncarnao: pr o nomea Jesus, o qual significa, no modo de falar bblico, que iaser o pai de Jesus segundo a lei.

    Como era pai, Jos? Tanto mais profundamente pai, quanto mais casta foi asua paternidade. A Jos no s se lhe deve o nome de pai, mas deve-se-lhe maisdo que a qualquer outro (Santo Agostinho, Sermo 51, 20).

    Festa litrgicade So Jos: Sixto IV (1476). Inocncio VIII (1486) eleva-a amaior categoria. Gregrio XV (1621) declara-a obrigatria para todo o mun- do.Proclama So Jos como patrono da Igreja universal Po IX (1871).

    Joo Paulo II dedicou-lhe uma Exortao Apostlica, Redemptoris custos(1989).

    Tratou de chegar Trindade do Cu por essa outra trindade da terra: Jesus,Maria e Jos. Esto como que mais exequveis. Jesus, que perfectus Deus eperfectus Homo. Maria, que uma mulher, a mais pura criatura, a maior: Maior doque Ela, s Deus. E Jos, que est imediatamente a seguir a Mara: limpo,varonil, prudente, inteiro (So Josemaria).

    So Jos, que note posso separarde Jesus e de Maria. So Jos, por quemtenho tido sempre devoo, mas compreendo que devo amar-te cada dia mais eproclam-lo aos quatro ventos (...). So Jos, nosso Pai e Senhor, intercede porns (dem).