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MARÇO DE 2018 Nesta Edição: Esquistossomose— A doença Situação da Esquistosso- mose em Pernambuco Resultados das Estraté- gias Adotadas Tratamento Seletivo Tratamento Coletivo O hospedeiro intermediário: Dentre as espécies consi- deradas como hospedeiros intermediários da esquistos- somose de importância epidemiológica em Pernambuco foram encontradas as espécies B. glabrata e B. stramine- a. Estes são comumente encontradas em coleções hídri- cas de água doce, tais como margens de córregos, rio, lagoa e açude. Pernambuco ainda é considerado a Unidade Federada do Brasil com maior grau de endemicidade para a esquistossomose, apresentando em 2012 uma positividade de 4,29% em 165.544 pessoas examinadas. Entre os anos de 2013 à 2017, o Estado apresentou uma média de 150 óbitos por ano, demonstrando neste mesmo período, a maior taxa de mortalidade quando comparada à Região Nordeste e ao País. É uma doença que pode apresentar-se desde formas assintomáticas até formas clínicas extremamente graves, podendo evoluir para o óbito. Objetivo: apresentar informações do padrão epide- miológico da Esquistossomose no estado de Pernam- buco: positividade de casos dentre os examinados, pessoas tratadas dentre as positivas, internações relacionadas a esse agravo por faixa etária, propor- ção de casos de acordo com a forma clínica, óbitos, taxa de mortalidade. Sobre a doença: a esquistossomose mansoni é uma doença parasitária, causada pelo trematódeo Schisto- soma mansoni. No Brasil, a Esquistossomose é co- nhecida popularmente como “xistose”, “barriga d’água” e “doença dos caramujos”. E somente três espécies são consideradas hospedeiros intermediá- rios naturais da esquistossomose: B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila. Na fase adulta, o parasita vive nos vasos sanguíneos do intestino e fígado do hospedeiro definitivo. O agente etiológico da esquis- tossomose é o Schistosoma mansoni. Esquistossomose 1 2 3 Para a definição da endemicidade dos municípios pernambucanos foi utilizado a seguinte classificação de risco: município endêmico - presença do caramujo e registro de casos humanos em mais de uma localidade; município vulnerável - presença do caramujo, mas não há registro de caso humano; município focal - presença do caramujo, porém os casos humanos situam-se em apenas uma localidade; município indene – não há presença de caramujos e nem registro de caso humano. PERFIL DO ESTADO Dos 184 municípios, mais o Distrito de Fernando de Noronha, existente em Pernambuco, 101 são classificados como endêmicos, correspondendo a 54,6%, distribuídos em 06 Regionais de Saúde (I, II, III, IV, V e XII), os quais correspondem às Mesoregiões Metropolitana, Zona da Mata e parte do Agreste; 49 municípios (24,5%) vulneráveis; 35 municípios (19,0%) focais. (Figrura 1). Figura 1: Distribuição dos municípios segundo classificação de risco de transmissão para esquistossomose, Pernambuco, 2017 Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.

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MARÇO DE 2018

Nesta Edição:

Esquistossomose— A doença

Situação da Esquistosso-mose em Pernambuco

Resultados das Estraté-gias Adotadas

• Tratamento Seletivo

• Tratamento Coletivo

O hospedeiro intermediário: Dentre as espécies consi-deradas como hospedeiros intermediários da esquistos-somose de importância epidemiológica em Pernambuco foram encontradas as espécies B. glabrata e B. stramine-a. Estes são comumente encontradas em coleções hídri-cas de água doce, tais como margens de córregos, rio, lagoa e açude.

Pernambuco ainda é considerado a Unidade Federada do Brasil com maior grau de endemicidade para a esquistossomose, apresentando em 2012 uma positividade de 4,29% em 165.544 pessoas examinadas. Entre os anos de 2013 à 2017, o Estado apresentou uma média de 150 óbitos por ano, demonstrando neste mesmo período, a maior taxa de mortalidade quando comparada à Região Nordeste e ao País. É uma doença que pode apresentar-se desde formas assintomáticas até formas clínicas extremamente graves, podendo evoluir para o óbito.

Objetivo: apresentar informações do padrão epide-miológico da Esquistossomose no estado de Pernam-buco: positividade de casos dentre os examinados, pessoas tratadas dentre as positivas, internações relacionadas a esse agravo por faixa etária, propor-ção de casos de acordo com a forma clínica, óbitos, taxa de mortalidade.

Sobre a doença: a esquistossomose mansoni é uma doença parasitária, causada pelo trematódeo Schisto-soma mansoni. No Brasil, a Esquistossomose é co-nhecida popularmente como “xistose”, “barriga d’água” e “doença dos caramujos”. E somente três espécies são consideradas hospedeiros intermediá-rios naturais da esquistossomose: B. glabrata, B. straminea e B. tenagophila. Na fase adulta, o parasita vive nos vasos sanguíneos do intestino e fígado do hospedeiro definitivo. O agente etiológico da esquis-tossomose é o Schistosoma mansoni.

Esquistossomose

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Para a definição da endemicidade dos municípios pernambucanos foi utilizado a seguinte classificação de risco: município endêmico - presença do caramujo e registro de casos humanos em mais de uma localidade; município vulnerável - presença do caramujo, mas não há registro de caso humano; município focal - presença do caramujo, porém os casos humanos situam-se em apenas uma localidade; município indene – não há presença de caramujos e nem registro de caso humano.

PERFIL DO ESTADO

Dos 184 municípios, mais o Distrito de Fernando de Noronha, existente em Pernambuco, 101 são classificados como endêmicos, correspondendo a 54,6%, distribuídos em 06 Regionais de Saúde (I, II, III, IV, V e XII), os quais correspondem às Mesoregiões Metropolitana, Zona da Mata e parte do Agreste; 49 municípios (24,5%) vulneráveis; 35 municípios (19,0%) focais. (Figrura 1).

Figura 1: Distribuição dos municípios segundo classificação de risco de transmissão para esquistossomose, Pernambuco, 2017

Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.

Page 2: MARÇO DE 2018 - portal.saude.pe.gov.brportal.saude.pe.gov.br/...esquistossomose_2017_pdf.pdf · ESQUISTOSSOMOSE 2 Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações

Dentre as formas clínicas notificadas no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), no período de 2013 à 2017, houve o predomínio da forma intestinal com uma média de 95,8 dos casos, variando entre 25,9% a 38,2% das formas clínicas notificadas no perío-do, o que pode representar uma maior detecção dos casos antes da ocorrência de complicações tardias. Quanto à forma hepato intestinal houve uma diminuição de 75,0% dos casos em 2017 quando compara-do ao ano de 2015, apresentando 68 e 17 casos, respectivamente. Quanto à informação ignorada, apesar da redução de 34,1% entre os anos de 2013 à 2017, ainda é considerado alto o percentual encontra-do, demonstrando a necessidade de maior sensibilidade dos serviços e profissionais de saúde na identificação dos casos graves da doença (Figura 3).

Figura 3: Proporção de casos de esquistossomose, segundo forma clínica. Pernambuco, 2013 à 2017*.

Fonte: SINAN/GMVEV/DGIAEVE/SEVS/SES-PE Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018. Quanto a taxa de mortalidade o Estado apresentou uma variação de 1,20 a 1,73 para 100.000 habitantes. A população feminina foi a mais acometida pela doença nos últimos três anos (2015-2017) com 248 óbitos, 31,2% a mais que a população masculina, representado uma média da taxa de mortalidade feminina também superior (1,70 x 1,40 para 100.000 habitantes) (Figura 4).

Figura 4: Taxa de Mortalidade por esquistossomose (100.000 habitan-tes), segundo sexo. Pernambuco, 2013 a 2017*

Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.

Figura 2: Internações hospitalares por esquistossomose, segundo faixa etária e ano de ocorrência. Pernambuco, 2013 à 2017*.

2 ESQUISTOSSOMOSE

Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 31/03/2018.

No período entre 2013 à 2017* a média de internamentos por esquistossomose (CID B65) no Estado foi de 39 pacientes ao ano, com maior ocorrência na faixa etária de 65 anos e mais, correspondendo a 37,8% dos internamentos nesse período. Esses dados demonstram ser decorrentes de complicações da doença, comum na fase crônica (Figura 2).

No ano de 2017, foram realizados 198.071 exames parasitológicos de fezes para diagnóstico da esquistossomose, destes 4.914 (2,5%) foram positivos e tratados 3.313 (67,4%) dos pacientes.

O índice de positividade mais elevado foi observado na 3ª Geres (5,0%), seguido da 12ª Geres (3,1%), 1ª Geres (2,4%), 2ª Geres (1,9%), 5ª Geres (1,8%) e 4ª Geres (0,5%).

Quanto ao percentual de tratamentos dos casos identificados positivos, observamos que a 4ª e 5ª Geres alcançaram um percentual acima de 80%, conforme recomendação do Ministério da Saúde, enquanto que as Geres 3ª, 12ª, 2ª e 1ª apresentaram índices de 71,9%, 64,4%, 62,7% e 52,4% respectivamente (Tabela 1).

Tabela 1: Nº de exames realizados para esquistossomose, positivos e tratados segundo Regional de Saúde, Pernambuco – 2017*.

Regional de Saúde Exames Positivos Positivos

(%) Tratados Tratamento (%)

I 42177 1002 2,4 525 52,4

II 42955 797 1,9 500 62,7

III 38.474 1.915 5,0 1377 71,9

IV 32.342 168 0,5 144 85,7

V 21.540 384 1,8 350 91,1

XII 20.583 648 3,1 417 64,4

Total 198.071 4.914 2,5 3.313 67,4

Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.

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Tabela 2: Número de óbitos por esquistossomose segundo Região de Saúde de residência. Pernambuco, 2013 à 2017*. Fonte: SIM/GMVEV/DGIAEVE/SEVS/SES-PE.

Resultados das estratégias adotadas:

Para a ação do Tratamento seletivo (TS) em 2017, 266 Unidades Básicas de Saúde em 75 municípios foram visitadas e assessoradas para a implantação do TS. Destes 240 UBS estão em funcionamento, sendo: I GERES: 102 UBS, II GERES: 41 UBS; III GERES: 63 UBS; V GE-RES: 11 UBS; e XII GERES: 23 UBS.

Após as análises realizadas, foram definidos como prioritárias para o Programa SANAR 26 municípios com 49 localidades em Pernambu-co. Nestas localidades é adotada a estratégia do tratamento coletivo com o objetivo de reduzir, num período mais rápido, a carga parasitá-ria na população bem como quebrar o ciclo de transmissão da doença. Em 44 localidades prioritárias foi realizado o tratamento coletivo (TC), com 11.803 pessoas tratadas, atingindo uma cobertura de 68,6%, destas localidades 03 estão com o TC em andamento. Não realizaram o TC 02 localidades em 2017. E outras 03 localidades não realizam o TC devido a mudança de estratégia local.

Quando comparados as médias do percentual de cobertura do tratamento da população elegível, observamos que a cobertura média tratada em 2017 foi de 68,6% nas localidades prioritárias para o TC (Tabela 3).

Tabela 3: Número de pessoas tratadas e média de cobertura do trata-mento coletivo por Região de Saúde. Pernambuco, 2017*.

Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.

A fim de verificarmos o impacto das ações desenvolvidas, e alcançar a meta do Programa SANAR para o enfrentamento da es-quistossomose de reduzir para menos de 10% a positividade nas loca-lidades prioritárias até 2018, após 04 meses da conclusão do TC são realizados inquéritos parasitológico de fezes; Foram realizados inquéri-to pós TC em 21 municípios, sendo 36 localidades finalizadas (Quadro 1).

Região de Saúde Pessoas tratadas Média da cobertura de tratamento (%)

I 3.374

II 671

III 5.547

V 109

XII 2.102

Total 11.803

Vale destacar as notificações de casos na forma aguda da doença, sugerindo a necessidade de investigar para que seja esclarecido se realmente houve surtos de esquistossomose aguda no período, visto que o Estado é endêmico para esquistossomose e a forma crônica geralmente é mais predominante.

Quanto aos óbitos por esquistossomose, Pernambuco apresenta uma média de 150 óbitos ao ano, no período entre 2013 à 2017, sendo mais freqüente na 1ª Região de Saúde, a qual possui a área com maior densidade demográfica do Estado. Vale ressaltar que os óbitos registrados em áreas não endêmicas tais como as VI, VII, VIII, X e XI GERES, possivelmente referem-se a casos infectados em situações específicas anteriores, quando esses indivíduos se expuseram a coleções hídricas de áreas de transmissão da doença (Tabela 2).

Fonte: SIM/GMVEV/DGIAEVE/SEVS/SES-PE.

Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.

Quadro 1: Número de exames realizados e percentual de positividade do inquérito pós TC, municípios prioritários segundo Regional de Saúde. Pernambuco, 2017*.

3 ESQUISTOSSOMOSE

Região de Saúde 2013 2014 2015 2016 2017*

I 87 71 83 86 59

II 17 25 24 13 11 III 23 25 22 23 13 IV 12 10 14 19 12 V 8 9 7 9 2 VI 1 1 0 1 0 VII 0 0 0 1 1 VIII 0 1 0 0 0 IX 0 0 0 0 0 X 0 0 0 1 0 XI 0 0 1 0 0 XII 11 14 10 10 13

Total 159 156 161 163 111

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Expediente: Governador de Pernambuco Paulo Henrique Saraiva Câmara Vice- governador Raul Jean Louis Henry Júnior Secretário Estadual de Saúde José Iran Costa Júnior Secretária Executiva de Vigilância em Saúde Luciana Caroline Albuquerque Superintendente de Vigilância e Controle das Doen-ças Negligenciadas/Programa SANAR José Alexandre Menezes da Silva Gerente de Prevenção, Vigilância e Controle das Doenças Negligenciadas Transmitidas por Vetores Bárbara Morgana da Silva Equipe Técnica SEVS Aluisio Augusto da Silva Ana Carina Sotero Ana Cristina Gomes da Silva Ana Virgínia Matos Sá Barreto Aymee Medeiros da Rocha Cintia Micheli Gondim de L. Brito Eline Ferreira Mendonça

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Gleice Maria dos Santos Jocemá Pedro José de Lima Jorge Luiz Cruz José Holanda dos Santos Neto Karla Alves Lizenildo Ferreira do Nascimento Michelle Caroline da Silva Santos Michelly Evangelista de Andrade Mônica Cristina Cunha Osvaldo Barbosa Neto Pietra Lemos Rafael Ferreira de França Vânia Benigno Projeto Gráfico e diagramação: Rafael Azevedo de Oliveira SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DE PERNAMBUCO Rua Dona Maria Augusta Nogueira, 519, Bongi Recife-PE, CEP: 50751-530 www.saude.pe.gov.br

sinasc

ESQUISTOSSOMOSE

Fonte: SANAR/SEVS/SES-PE. Nota: Dados sujeitos à alterações. Dados disponíveis em 05/02/2018.