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7/24/2019 Mas Já Que Estamos Nas Covas Do Mar http://slidepdf.com/reader/full/mas-ja-que-estamos-nas-covas-do-mar 1/17 “Mas já que estamos nas covas do mar..." Leia, atentamente, o seguinte excerto do Sermão de Santo António, de Pe. António Vieira, para, depois, responder às instruções formuladas com frases completas e contextualizadas !"as #$ %ue estamos nas co&as do mar, antes %ue saiamos dela, temos l$ o irmão pol&o, contra o %ual t'm suas %ueixas, e grandes, não menos %ue S. (as)lio e Santo Am*rósio. + pol&o com a%uele seu capelo na ca*eça parece um monge com a%ueles seus raios estendidos, parece uma estrela com a%uele não ter osso nem espin-a, parece a mesma *randura, a mesma mansidão. de*aixo desta apar'ncia tão modesta, ou desta -ipocrisia tão santa, testemun-am constantemente os dois grandes /outores da 0gre#a latina e grega %ue o dito pol&o 1 o maior traidor do mar. 2onsiste esta traição do pol&o primeiramente em se &estir ou pintar das mesmas cores de todas a%uelas cores a %ue est$ pegado. As cores %ue no camaleão são gala, no pol&o são mal)cia as figuras, %ue em Proteu345 são f$*ula, no pol&o são &erdade e artif)cio. Se est$ nos limos, faz6se &erde se est$ na areia, faz6se *ranco se est$ no lodo, faz6se pardo e se est$ em alguma pedra, como mais ordinariamente costuma estar, faz6se da cor da mesma pedra. da%ui %ue sucede7 Sucede %ue outro peixe, inocente da traição, &ai passando desacautelado, e o salteador %ue est$ de em*oscada dentro do seu próprio engano, lança6l-e os *raços de repente, e f$6lo prisioneiro. 8izera mais 9udas7 :ão fizera mais, por%ue nem fez tanto. 9udas a*raçou a 2risto, mas outros o prenderam o pol&o 1 o %ue a*raça e mais o %ue prende. 9udas com os *raços fez o sinal, e o pol&o dos próprios *raços faz as cordas. 9udas 1 &erdade %ue foi traidor, mas com lanternas diante traçou a traição às escuras, mas executou6a muito às claras. + pol&o, escurecendo6se a si, tira a &ista aos outros e a primeira traição e rou*o %ue faz 1 a luz, para %ue não distinga as cores. V', peixe alei&oso e &il, %ual 1 a tua maldade, pois 9udas em tua comparação #$ 1 menos traidor;< 3=5 Ve#o, Peixes, %ue pelo con-ecimento %ue tendes das terras em %ue *atem os &ossos mares, me estais respondendo e con&indo, %ue tam*1m nelas -$ falsidades, enganos, fingimentos, em*ustes, ciladas e muito maiores e mais perniciosas traições. 3=5 "as ponde os ol-os em António, &osso pregador, e &ereis nele o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da &erdade, onde nunca -ou&e dolo, fingimento ou engano. sa*ei tam*1m %ue, para -a&er tudo isto em cada um de nós, *asta&a antigamente ser portugu's, não era necess$rio ser santo. 0 4. Localize este excerto no sermão, #ustificando a resposta segundo o seu es%uema glo*al de construção. >. + orador focaliza, no primeiro par$grafo, um peixe em particular, sendo este assumido como assunto e como recetor do sermão. >.4. /elimite, no excerto, o momento em %ue este peixe 1 tomado como assunto. >.>. Aponte as marcas lingu)sticas %ue e&idenciam a presença deste como recetor do discurso. >.?. @efira, exemplificando, os tipos de sensações utilizados para a caracterização dos peixes. >.. 0dentifi%ue a tese defendida pelo orador nesse par$grafo. >.B. 9ustifi%ue a intencionalidade do orador ao referir6se à !-ipocrisia tão santa< desse peixe. >.C. 0ndi%ue um sinónimo da pala&ra su*lin-ada no excerto, reescre&endo a frase com as alterações %ue considerar necess$rias. ?. @efira duas figuras de estilo utilizadas neste excerto do sermão, explicando a respeti&a expressi&idade. . Atente no Dltimo par$grafo do excerto. .4. 0dentifi%ue os referentes das pala&ras destacadas a negrito. .>. /emonstre a expressi&idade de estruturas comparati&as presentes neste par$grafo. .?. xplicite o &alor lógico do articuladorEconector apresentado no segmento seguinte != ponde os ol-os em António, &osso pregador, e &ereis nele o mais puro exemplar da candura=< B. xpli%ue a estrat1gia do sermão proferido por Pe. António Vieira ao dirigir6se aos peixes.

Mas Já Que Estamos Nas Covas Do Mar

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7/24/2019 Mas Já Que Estamos Nas Covas Do Mar

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“Mas já que estamos nas covas do mar..."Leia, atentamente, o seguinte excerto do Sermão de Santo António, de Pe. António Vieira, para, depois,responder às instruções formuladas com frases completas e contextualizadas

!"as #$ %ue estamos nas co&as do mar, antes %ue saiamos dela, temos l$ o irmão pol&o, contra o %ual t'msuas %ueixas, e grandes, não menos %ue S. (as)lio e Santo Am*rósio. + pol&o com a%uele seu capelo naca*eça parece um monge com a%ueles seus raios estendidos, parece uma estrela com a%uele não ter ossonem espin-a, parece a mesma *randura, a mesma mansidão. de*aixo desta apar'ncia tão modesta, ou

desta -ipocrisia tão santa, testemun-am constantemente os dois grandes /outores da 0gre#a latina e grega %ueo dito pol&o 1 o maior traidor do mar. 2onsiste esta traição do pol&o primeiramente em se &estir ou pintar dasmesmas cores de todas a%uelas cores a %ue est$ pegado. As cores %ue no camaleão são gala, no pol&o sãomal)cia as figuras, %ue em Proteu345 são f$*ula, no pol&o são &erdade e artif)cio. Se est$ nos limos, faz6se&erde se est$ na areia, faz6se *ranco se est$ no lodo, faz6se pardo e se est$ em alguma pedra, como maisordinariamente costuma estar, faz6se da cor da mesma pedra. da%ui %ue sucede7 Sucede %ue outro peixe,inocente da traição, &ai passando desacautelado, e o salteador %ue est$ de em*oscada dentro do seu próprioengano, lança6l-e os *raços de repente, e f$6lo prisioneiro. 8izera mais 9udas7 :ão fizera mais, por%ue nemfez tanto. 9udas a*raçou a 2risto, mas outros o prenderam o pol&o 1 o %ue a*raça e mais o %ue prende. 9udascom os *raços fez o sinal, e o pol&o dos próprios *raços faz as cordas. 9udas 1 &erdade %ue foi traidor, mascom lanternas diante traçou a traição às escuras, mas executou6a muito às claras. + pol&o, escurecendo6se asi, tira a &ista aos outros e a primeira traição e rou*o %ue faz 1 a luz, para %ue

não distinga as cores. V', peixe alei&oso e &il, %ual 1 a tua maldade, pois 9udas em tua comparação #$ 1menos traidor;<3=5 Ve#o, Peixes, %ue pelo con-ecimento %ue tendes das terras em %ue *atem os &ossos mares, me estaisrespondendo e con&indo, %ue tam*1m nelas -$ falsidades, enganos, fingimentos, em*ustes, ciladas e muitomaiores e mais perniciosas traições. 3=5 "as ponde os ol-os em António, &osso pregador, e &ereis nele o maispuro exemplar da candura, da sinceridade e da &erdade, onde nunca -ou&e dolo, fingimento ou engano. sa*ei tam*1m %ue, para -a&er tudo isto em cada um de nós, *asta&a antigamente ser portugu's, não eranecess$rio ser santo.0

4. Localize este excerto no sermão, #ustificando a resposta segundo o seu es%uema glo*al de construção.

>. + orador focaliza, no primeiro par$grafo, um peixe em particular, sendo este assumido como assunto e comorecetor do sermão.>.4. /elimite, no excerto, o momento em %ue este peixe 1 tomado como assunto.>.>. Aponte as marcas lingu)sticas %ue e&idenciam a presença deste como recetor do discurso.>.?. @efira, exemplificando, os tipos de sensações utilizados para a caracterização dos peixes.>.. 0dentifi%ue a tese defendida pelo orador nesse par$grafo.>.B. 9ustifi%ue a intencionalidade do orador ao referir6se à !-ipocrisia tão santa< desse peixe.>.C. 0ndi%ue um sinónimo da pala&ra su*lin-ada no excerto, reescre&endo a frase com as alterações %ueconsiderar necess$rias.

?. @efira duas figuras de estilo utilizadas neste excerto do sermão, explicando a respeti&a expressi&idade.

. Atente no Dltimo par$grafo do excerto..4. 0dentifi%ue os referentes das pala&ras destacadas a negrito..>. /emonstre a expressi&idade de estruturas comparati&as presentes neste par$grafo..?. xplicite o &alor lógico do articuladorEconector apresentado no segmento seguinte!= ponde os ol-os em António, &osso pregador, e &ereis nele o mais puro exemplar da candura=<

B. xpli%ue a estrat1gia do sermão proferido por Pe. António Vieira ao dirigir6se aos peixes.

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Sermão de Santo António aos Peixes

0

L' atentamente o excerto retirado do Sermão de Santo António aos Peixes.

"as ainda %ue o 21u, e o 0nferno se não fez para &ós, irmãos peixes, aca*o, e dou fim a &ossos lou&ores, com&os dar as graças do muito %ue a#udais a ir ao 21u, e não ao 0nferno, os %ue se sustentam de &ós. Vós sois os%ue sustentais as 2artuxas 345, e os (uçacos 3>5, e todas as santas fam)lias, %ue professam mais rigorosaausteridade &ós os %ue a todos os &erdadeiros 2ristãos a#udais a le&ar a penit'ncia das Fuaresmas &ósa%ueles com %ue o mesmo 2risto feste#ou a sua P$scoa, as duas &ezes %ue comeu com seus /isc)pulosdepois de ressuscitado. Prezem6se as a&es, e os animais terrestes de fazer espl'ndidos, e custosos os*an%uetes dos ricos, e &ós gloriai6&os de ser compan-eiros do #e#um, e da a*stin'ncia dos #ustos. Gendes todos%uantos sois tanto parentesco, e simpatia com a &irtude, %ue proi*indo /eus no #e#um a peor, e mais grosseiracarne, concede o mel-or, e mais delicado peixe. posto %ue na semana só dous se c-amam &ossos 3?5nen-um dia &os 1 &edado. Hm só lugar &os deram os Astrólogos entre os Signos celestres 35, mas os %ue sóde &ós se mant'm na terra, são os %ue t'm mais seguros os lugares do 21u. nfim sois criaturas da%ueleelemento, cu#a fecundidade entre todos 1 própria do sp)rito Santo Spiritus /ominifae6cunda*at a%uas 3B5.

/eitou6&os /eus a *'nção, %ue cresc'sseis, e multiplic$sseis e para %ue o Sen-or &os confirme essa *'nção,lem*rai6&os de não falar aos po*res com o seu rem1dio. ntendei, %ue no sustento dos po*res, tendes segurosos &ossos aumentos. Gomai o exemplo nas irmãs sardin-as. Por%ue cuidais %ue as multiplica o 2riador emnDmero tão inumer$&el7 Por%ue são sustento de po*res. +s Sol-os 3C5, e os Salmões, são muito contados,por%ue ser&em à mesa dos @eis, e dos poderosos mas o peixe, %ue sustenta a fome dos po*res de 2risto, omesmo 2risto o multiplica, e aumenta. A%ueles dois peixes compan-eiros dos cinco pães do /eserto,multiplicaram tanto, %ue deram de comer a cinco mil -omens3I5. Pois se peixes mortos, %ue sustentam apo*res, multiplicam tanto, %uanto mais, e mel-or o farão os &i&os. 2rescei peixes, crescei, e multiplicai, e /eus&os confirme a sua *'nção.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes

:otas

4. :ome dado aos mosteiros dos religiosos de São (runo.

>. :ome de serra portuguesa onde se encontra&a o mosteiro da +rdem de Santa 2ruz.

?. A sexta6feira e o s$*ado, dias de a*stin'ncia em %ue não se podia comer carne.

. Signos do zod)aco.

B. Gradução + esp)rito do Sen-or fecunda&a as $guas 3J1nesis, 4.B5.

C. + mesmo %ue sol-as.

I. @efer'ncia ao milagre da multiplicação dos pães.

I

@esponde ao %uestion$rio de modo estruturado e conciso.

4. Situa o excerto acima transcrito na estrutura externa e interna da o*ra a %ue pertence.

>. 0nterpreta a frase KPrezem6se as a&es, e os animais terrestes de fazer espl'ndidos, e custosos os

*an%uetes dos ricos, e &ós gloriai6&os de ser compan-eiros do #e#um, e da a*stin'ncia dos #ustos.

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?. 0dentifica a figura de estilo presente em Kda%uele elemento, cu#a fecundidade entre todos 1 própria do

sp)rito Santo e esclarece o seu &alor expressi&o.

. /e acordo com a argumentação do autor, apresenta o moti&o pelo %ual existem sardin-as em maior nDmero

do %ue sol-os e salmões.

.4 Aprecia criticamente a lógica deste racioc)nio.

III

Funcionamento da línua

!. om#leta as a$irma%&es que se seuem com a 'i#ótese correta.

a5 :a frase K2-eg$mos agora a casa., o su#eito classifica6se como...

4. su#eito simples.

>. su#eito composto.

?. su#eito nulo su*entendido.

. su#eito nulo indeterminado.

*5 :a frase KA "aria e o 9oão são irmãos siameses., o predicado 1...

4. Ksão.

>. KA "aria e o 9oão.

?. Ksão irmãos.

. Ksão irmãos siameses.

c5 :a frase KFueres um sumo, Paulo7, o constituinte su*lin-ado desempen-a a função sint$tica de

4. su#eito simples.

>. complemento direto.

?. aposto.

. &ocati&o.

d5 :a frase K:a escola, eles encontraram a amiga da sua irmã., o complemento direto 1...

4. Ka amiga.

>. Ka amiga da sua irmã.

?. K:a escola.

. Kencontraram a amiga da sua irmã.

e5 :a frase Kles entraram no cinema pela porta principal., o constituinte su*lin-ado desempen-a a funçãosint1tica de...

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4. modificador do grupo &er*al.

>. complemento o*l)%uo.

?. complemento indireto.

. complemento direto.

f5 (a frase Kles ac-a&am6no in)nuo., o constituinte su*lin-ado desempen-a a função sint1tica de...

4. complemento direto.

>. predicati&o do su#eito.

?. predicati&o do complemento direto.

. complemento o*l)%uo.

g5 :a frase K+s meus amigos c-egaram de Paris ontem., o modificador do grupo &er*al 1...

4. Kde Paris. ,

>. Kontem.

?. Kde Paris ontem.

. Kc-egaram de Paris ontem.

-5 :a frase Kles permaneceram tranquilos., o constituinte destacado tem a função sint1tica de...

4. complemento direto.

>. complemento indireto.

?. predicati&o do su#eito.

. predicati&o do complemento direto.

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*. Fa+ corres#onder cada a$irma%ão da coluna A , 'i#ótese da coluna - que a com#leta.

A -

a5 + su#eito da frase K8ala6se na entrada no mercado decarros mais ecológicos. classifica6se como...

*5 :a frase K:a%uela noite, c-eg$mos cansad)ssimos acasa., o constituinte su*lin-ado desempen-a a funçãosint$tica de...

c5 :a frase KA casa parecia muito sossegada., oconstituintesu*lin-ado desempen-a a função sint$ticade...

d5 :a frase Kle encaixou a peça no puzzle., oconstituintesu*lin-ado desempen-a a função sint$tica

de...

e5 :a frase Kles deram6nos informações muito Dteis.,o constituinte su*lin-ado desempen-a a função sint$ticade...

f5 + su#eito da frase KM$ %uadros muito interessantesneste museu. classifica6se como...

g5 :a frase Kles entraram na casa amarela., oconstituinte su*lin-ado desempen-a a função sint$tica

de...

-5 :a frase KA Susana, a mel-or aluna da turma, te&euma nota excelente., o constituinte su*lin-adodesempen-a a função sint$tica de=

4.predicati&o do su#eito.

>. modificador restriti&o do nome.

?. su#eito nulo indeterminado.

. su#eito nulo expleti&o.

B. complemento o*l)%uo.

C. modificador do grupo &er*al.

I. complemento indireto.

N. modificador apositi&o do nome.

O. predicado.

?. Analisa sintaticamente a frase (evou cá na semana #assada.

Sermão de Santo António aos Peixes

«Vos estis sal terrae» 4Q

S. Mateus / !0

0

Vós, diz 2risto, Sen-or nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra e c-ama6l-es sal da terra,por%ue %uer %ue façam na terra o %ue faz o sal. + efeito do sal 1 impedir a corrupção mas %uando a terra se&' tão corrupta como est$ a nossa, -a&endo tantos nela %ue t'm of)cio de sal, %ual ser$, ou %ual pode ser acausa desta corrupção7 +u 1 por%ue o sal não salga, ou por%ue a terra se não deixa salgar. +u 1 por%ue o salnão salga, e os pregadores não pregam a &erdadeira doutrina ou por%ue a terra se não deixa salgar e osou&intes, sendo &erdadeira a doutrina %ue l-es dão, a não %uerem rece*er. +u 1 por%ue o sal não salga, e ospregadores dizem uma cousa e fazem outra ou por%ue a terra se não deixa salgar, e os ou&intes %uerem antesimitar o %ue eles fazem, %ue fazer o %ue dizem. +u 1 por%ue o sal não salga, e os pregadores se pregam a si enão a 2risto >Q ou por%ue a terra se não deixa salgar, e os ou&intes, em &ez de ser&ir a 2risto, ser&em a seusapetites. :ão 1 tudo isto &erdade7 Ainda mal;

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Suposto, pois, %ue ou o sal não salgue ou a terra se não deixe salgar, %ue se -$6de fazer a este sal e %ue se-$6de fazer a esta terra7 + %ue se -$6de fazer ao sal %ue não salga, 2risto o disse logo Quod si sal evanuerit,

in quo salietur? Ad nihilum valet ultra, nisi ut mittatur foras et conculcetur ab hominibus. KSe o sal perder asu*stRncia e a &irtude, e o pregador faltar à doutrina e ao exemplo, o %ue se l-e -$6de fazer, 1 lanç$6lo foracomo inDtil para %ue se#a pisado de todos. Fuem se atre&era a dizer tal cousa, se o mesmo 2risto a nãopronunciara7 Assim como não -$ %uem se#a mais digno de re&er'ncia e de ser posto so*re a ca*eça ?Q %ue opregador %ue ensina e faz o %ue de&e, assim 1 merecedor de todo o desprezo e de ser metido de*aixo dosp1s, o %ue com a pala&ra ou com a &ida prega o contr$rio.

0sto 1 o %ue se de&e fazer ao sal %ue não salga. à terra %ue se não deixa salgar, %ue se l-e -$6de fazer7 steponto não resol&eu 2risto, Sen-or nosso, no &angel-o mas temos so*re ele a resolução do nosso grandeportugu's Santo António Q, %ue -o#e cele*ramos, e a mais gal-arda e gloriosa resolução %ue nen-um santotomou. Prega&a Santo António em 0t$lia na cidade de Arimino BQ, contra os -ereges, %ue nela eram muitos ecomo erros de entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas c-egou o po&o ase le&antar contra ele e faltou pouco para %ue l-e não tirassem a &ida. Fue faria neste caso o Rnimo generosodo grande António7 Sacudiria o pó dos sapatos, como 2risto aconsel-a em outro lugar7 "as António com osp1s descalços não podia fazer esta protestação e uns p1s a %ue se não pegou nada da terra não tin-am %uesacudir. Fue faria logo7 @etirar6se6ia7 2alar6se6ia7 /issimularia7 /aria tempo ao tempo7 0sso ensinariapor&entura a prud'ncia ou a co&ardia -umana mas o zelo da glória di&ina, %ue ardia na%uele peito, não serendeu a semel-antes partidos. Pois %ue fez7 "udou somente o pDlpito e o auditório, mas não desistiu dadoutrina. /eixa as praças, &ai6se às praias deixa a terra, &ai6se ao mar, e começa a dizer a altas &ozes 9$ %ueme não %uerem ou&ir os -omens, ouçam6me os peixes. +- mara&il-as do Alt)ssimo; +- poderes do %ue criou omar e a terra; 2omeçam a fer&er as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, ospe%uenos, e postos todos por sua ordem com as ca*eças de fora da $gua, António prega&a e eles ou&iam.

I

A. L' atentamente o excerto retirado da primeira parte do Sermão de Santo António aos Peixes.

4. Granscre&e a%uilo %ue constitui o conceito predic$&el.

4.4. xplica em %ue consiste.

4.>. sta*elece a correspond'ncia entre os elementos lingu)sticos %ue constituem o conceito predic$&el

e a%uilo para %ue, metaforicamente, estes remetem.

>. @efere os moti&os %ue, segundo o orador, estão na origem da corrupção da terra.

>.4. Aponta o elemento gramatical 3referindo a respeti&a classe5 %ue sustenta a enunciação dessas

duas possi*ilidades.

?. 0ndica o moti&o %ue le&ou Santo António a pregar aos peixes.

. xplica o &alor da utilização das interrogações retóricas.

-. Assinala como &erdadeiras ou falsas as seguintes afirmações so*re o Padre António Vieira. 2orrige as

falsas.

4. António Vieira era um padre dominicano.

>. A sua &ida decorreu sempre entre Portugal e o (rasil.

?. 8oi perseguido pela 0n%uisição, mas te&e a proteção do Papa.

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. +s seus sermões eram muito concorridos.

B. + rei /. 9oão 0V te&e muito apreço por ele.

C. Acredita&a nas profecias do (andarra e interpretou6as como sendo o anDncio da ressurreição de /.

9oão 0V 3entretanto falecido5, %ue &oltaria para erguer o Fuinto 0mp1rio, o %ual seria portugu's e

unificaria o mundo.

I. Hma das suas o*ras importantes foi escrita em latim.

N. Lutou pela li*erdade dos )ndios apenas na sua #u&entude.

O. 2om a idade foi perdendo a &isão.

4. A sua &ida decorreu ao longo de poucas d1cadas do s1culo TV000.

II

!. 0ndica se as afirmações a*aixo são &erdadeiras 3V5 ou falsas 385 e, de seguida, corrige as falsas.

a. A deri&ação e a composição são processos regulares de formação de pala&ras.

*. :uma pala&ra deri&ada existe uma Dnica forma de *ase.

c. A composição resulta da #unção de um ou mais afixos a uma forma de *ase.

d. A parass)ntese 1 um dos processos de composição.

e. A parass)ntese consiste na adição simultRnea de um prefixo e de um sufixo a uma forma de *ase.

f. :a composição associam6se duas ou mais formas de *ase.

*. 0dentifica o intruso em cada al)nea, considerando o processo de formação das pala&ras de cada s1rie.

a. @GP U /V/ U JPS U 0VA U P2

*. ci*ernauta U flexissegurança U expocasa U &oc' U pre&isão

c. doping *logue U stress ecografia U sandu)c-e

d. J:@ U GA@ 6 PAL+P U +V:0 U +:H

e. ri*om*ar U c-arlatão U cacare#o U catrapum U ronronar 

f. otorrino U Go U realeza U pneu U manif 

0. Assinala a al)nea em %ue o termo su*lin-ado não exerce a função sint1tica de su#eito.

a. Ganto o Pedro como o Gelmo tra*al-am como *om*eiros.

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*. u e a min-a prima mais &el-a passamos f1rias em "oledo.

c. 2antar e dançar era o seu passatempo fa&orito.

d. 2om o Giago, os amigos raramente *arafustam.

e. 2arlota, prepara o discurso de a*ertura do festi&al.

1. 0ndica a al)nea em %ue o pronome pessoal destacado não exerce a função indicada.

a. Pedi6l'e o li&ro emprestado por dois dias. 3complemento indireto5

*. "ais logo, voc2s %uerem aparecer l$ em casa7 3su#eito5

c. + V)tor telefonou6me às duas da man-ã, 3complemento direto5

d. + @ui ol-a&a6a enternecido, 3complemento direto5

e. /iscordo completamente de ti. 3complemento o*l)%uo5

3. As frases seguintes constituem textos coesos, mas sem coer'ncia. xplica a razão da incoer'ncia em cada

caso

a. +s dois assaltantes são um trio perigos)ssimo.

*. Hm a um, todos os doentes do /r. 2ardoso l-e manifestaram coleti&amente o seu apreço

c. Hm #o&em foi assassinado ontem à noite. + seu estado inspira cuidados.

d. 8uriosos, os telespectadores correram atr$s do treinador.

e. Godos os anos, nós fazemos exames m1dicos anualmente.

 Antes, por1m, %ue &os &ades, assim como ou&istes os &ossos lou&ores, ou&i tam*1m agora as &ossasrepreensões. Ser&ir6&os6ão de confusão, #$ %ue não se#a de emenda. A primeira cousa %ue me desedifica,peixes, d &ós, 1 %ue &os comeis uns aos outros. Jrande escRndalo 1 este, mas a circunstRncia o faz aindamaior. :ão só &os comeis uns aos outros, senão %ue os grandes comem os pe%uenos. Se fora pelo contr$rio,

era menos mal. Se os pe%uenos comeram os grandes, *astara um grande para muitos pe%uenos mas comoos grandes comem os pe%uenos, não *astam cem pe%uenos, nem mil, para um só grande. +l-ai comoestran-a isto Santo Agostin-o 3....5 +s -omens, com suas m$s e per&ersas co*iças, &'m a ser como ospeixes, %ue se comem uns aos outros. 3...5 Santo Agostin-o, %ue prega&a aos -omens, para encarecer afealdade deste escRndalo, mostrou6l-o nos peixes e eu, %ue prego aos peixes, para %ue &e#ais %uão feio ea*omin$&el 1, %uero %ue o &e#ais nos -omens. +l-ai, peixes, l$ do mar para a terra. :ão, não não 1 isso o %ue&os digo. Vós &irais os ol-os para os matos e para o Sertão7 Para c$, para c$ para a 2idade 1 %ue -a&eis deol-ar. 2uidais %ue só os Gapuias se comem uns aos outros7 "uito maior açougue 1 o de c$, muito mais secomem os *rancos. Vede &ós todo a%uele *ulir, &ede &ós todo a%uele andar, &ede &ós a%uele concorrer àspraças e sair sem %uietação nem sossego7 Pois tudo a%uilo 1 andarem *uscando os -omens como -ão6decomer, e como se -ão6de comer."orreu algum deles, &ereis logo tantos so*re o miser$&el a despedaç$6lo e com'6lo. 2omem6no os -erdeiros,

comem6no os testamenteiros, comem6no os legat$rios, comem6no os credores comem6no os oficiais dosórfãos, e o dos defuntos e ausentes come6o o "1dico, %ue o curou ou a#udou a morrer come6o o sangrador%ue l-e tirou o sangue come6o a mesma mul-er, %ue de m$ &ontade l-e d$ para a mortal-a o lençol mais&el-o da casa come6o o %ue l-e a*re a co&a, o %ue l-e tange os sinos, e os %ue, cantando, o le&am a enterrarenfim, ainda o po*re defunto o não comeu a terra, e #$ o tem comido toda a terra. 3...53...5 :estas pala&ras, pelo %ue &os toca, importa, peixes, %ue ad&irtais muitas outras tantas cousas, %uantas

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são as mesmas pala&ras. /iz /eus %ue comem os -omens não só o seu po&o, senão declaradamente a suaple*e Ple*em meam, por%ue a ple*e e os ple*eus, %ue são os mais pe%uenos, os %ue menos podem e os %uemenos a&ultam na @epD*lica, estes são os comidos. não só diz %ue os comem de %ual%uer modo, senão %ueos engolem e os de&oram Fui de&orant. Por%ue os grandes %ue tem o mando das 2idades e das Pro&)ncias,não se contenta a sua fome de comer os pe%uenos um por um, ou poucos a poucos, senão %ue de&oram eengolem os po&os inteiros. 3...5 de %ue modo os de&oram e comem7 3...5 não como os outros comeres, senãocomo pão. A diferença %ue -$ entre o pão e os outros comeres, 1 %ue para a carne , -$ dias de carne, e para opeixe, dias de peixe, e para as frutas, diferentes meses do ano por1m o pão 1 comer d todos os dias, %uesempre e continuadamente se come e isto1 o %ue padecem os pe%uenos. São o pão %uotidiano dos grandes e assim como o pão se come com tudo,

assim com tudo e em tudo são comidos os miser$&eis pe%uenos, não tendo nem fazendo of)cio em %ue os nãocarreguem, em %ue os não multem, em %ue os não defraudem, em %ue os não comam, traguem e de&orem3...5Parece6&os *em isto, peixes7 3...5

Padre António Viera, Sermão de Santo António

I

46 :este excerto, Vieira &ai censurar os peixes pelos seus !&)cios<.4.46 0dentifica a razão %ue est$ na origem da primeira repreensão %ue l-es 1 dirigida.>6 /emonstra, por pala&ras tuas, %ue a atitude do Padre António Vieira 1 oposta à%uela %ue te&e Santo

 Agostin-o.?6 !Vós &irais os ol-os para os matos e para o Sertão7 Para c$, para c$ para a 2idade 1 %ue -a&eis de ol-ar.<?.46 @efere a ordem %ue Vieira d$ aos peixes no excerto anterior.?.>6 Assinala as razões %ue presidiram a essa ordem do pregador.6 !São o pão %uotidiano dos grandes e assim como o pão se come com tudo, assim com tudo e em tudo sãocomidos os miser$&eis pe%uenos.<xplica esta passagem.B6 Selecciona, no excerto, um exemplo de cada um dos seguintes recursos6apóstrofe6 met$fora6 enumeração

II

46 !Santo Agostin-o, %ue prega&a aos -omens, para encarecer a fealdade deste escRndalo, mostrou6l-o nospeixes3...54.46 2lassifica a oração su*lin-ada.4.>6 8az a an$lise sint$tica da seguinte oração !Santo Agostin-o 3...5 mostrou6l-o nos peixes<.

Sermão de Santo António

2omeçando pois, pelos &ossos lou&ores, irmãos peixes, *em &os pudera eu dizer %ue entre todas as criaturas&i&entes e sensiti&as, &ós fostes as primeiras %ue /eus criou. A &ós criou primeiro %ue as a&es do ar, a &ósprimeiro %ue aos animais da terra e a &ós primeiro %ue ao mesmo -omem. Ao -omem deu /eus a monar%uia eo dom)nio de todos os animais dos tr's elementos, e nas pro&isões em %ue o -onrou com estes poderes, osprimeiros nomeados foram os peixes Ht praesit pisci*us maris et &olatili*us caeli, et *estiis, uni&ersae%ueterrae. ntre todos os animais do "undo, os peixes são os mais e os peixes os maiores. Fue comparação t'mem nDmero as esp1cies das a&es e as dos animais terrestres com as dos peixes7 Fue comparação nagrandeza o elefante com a *aleia7 Por isso "ois1s, cronista da criação, calando os nomes de todos osanimais, só a ela nomeou pelo seu 2rea&it /eus cete grandia. os tr's mDsicos da fornal-a da (a*ilónia ocantaram tam*1m como singular entre todos (enedicite, cete et omnia %uae mo&entur in a%uis, /omino. stese outros lou&ores, estas e outras excel'ncias de &ossa geração e grandeza &os pudera dizer, ó peixes masisto 1 l$ para os -omens, %ue se deixam le&ar destas &aidades, e 1 tam*1m para os lugares em %ue tem lugar

a adulação, e não para o pDlpito.

Vindo pois, irmãos, às &ossas &irtudes, %ue são as %ue só podem dar o &erdadeiro lou&or, a primeira %ue se meoferece aos ol-os -o#e, 1 a%uela o*edi'ncia com %ue, c-amados, acudistes todos pela -onra de &osso 2riadore Sen-or, e a%uela ordem, %uietação e atenção com %ue ou&istes a pala&ra de /eus da *oca de seu ser&o António. +- grande lou&or &erdadeiramente para os peixes e grande afronta e confusão para os -omens; +s

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-omens perseguindo a António, %uerendo6o lançar da terra e ainda do "undo, se pudessem, por%ue l-esrepreendia seus &)cios, por%ue l-es não %ueria falar à &ontade e condescender com seus erros, e no mesmotempo os peixes em inumer$&el concurso acudindo à sua &oz, atentos e suspensos às suas pala&ras,escutando com sil'ncio e com sinais de admiração e assenso 3como se ti&eram entendimento5 o %ue nãoentendiam. Fuem ol-asse neste passo para o mar e para a terra, e &isse na terra os -omens tão furiosos eo*stinados e no mar os peixes tão %uietos e tão de&otos, %ue -a&ia de dizer7 Poderia cuidar %ue os peixesirracionais se tin-am con&ertido em -omens, e os -omens não em peixes, mas em feras. Aos -omens deu/eus uso de razão, e não aos peixes mas neste caso os -omens tin-am a razão sem o uso, e os peixes o usosem a razão.

"uito lou&or mereceis, peixes, por este respeito e de&oção %ue ti&estes aos pregadores da pala&ra de /eus, etanto mais %uanto não foi só esta a &ez em %ue assim o fizestes. 0a 9onas, pregador do mesmo /eus,em*arcado em um na&io, %uando se le&antou a%uela grande tempestade e como o trataram os -omens, comoo trataram os peixes7 +s -omens lançaram6no ao mar a ser comido dos peixes, e o peixe %ue o comeu, le&ou6o às praias de :)ni&e, para %ue l$ pregasse e sal&asse a%ueles -omens. poss)&el %ue os peixes a#udam àsal&ação dos -omens, e os -omens lançam ao mar os ministros da sal&ação7; Vede, peixes, e não &os &en-a&anglória, %uanto mel-ores sois %ue os -omens. +s -omens ti&eram entran-as para deitar 9onas ao mar, e opeixe recol-eu nas entran-as a 9onas, para o le&ar &i&o à terra.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

4. numere os lou&ores %ue o Padre António Vieira faz aos peixes.

>. xpli%ue por %ue razão esta parte do sermão 1 considerada uma alegoria.

?. Segundo o autor, %ue diferenças -$ entre os -omens e os peixes7

. 2omente o significado da seguinte expressão K0sto 1 l$ para os -omens, %ue se deixam le&ar destas&aidades.

B. Fue pretende o Padre António Vieira ao lou&ar as &irtudes dos peixes7

C. @efira alguns processos de %ue o autor se ser&e para tentar con&encer os seus ou&intes.

I. Atente na seguinte frase KVede, peixes, e não &os &en-a &anglória, %uanto mel-ores sois %ue os -omens.

I.4. 2lassifi%ue as formas &er*ais da frase.

I.>. xpli%ue a formação da pala&ra &anglória.

Sermão de Santo António aos Peixes

4exto

Prega&a Santo António em 0t$lia na cidade de Arimino, contra os -ereges, %ue nela eram muitos e como errosde entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas c-egou o po&o a se le&antarcontra ele e faltou pouco para %ue l-e não tirassem a &ida. Fue faria neste caso o Rnimo generoso do grande António7 Sacudiria o pó dos sapatos, como 2risto aconsel-a em outro lugar7 "as António com os p1sdescalços não podia fazer esta protestação e uns p1s a %ue se não pegou nada da terra não tin-am %uesacudir. Fue faria logo7 @etirar6se6ia7 2alar6se6ia7 /issimularia7 /aria tempo ao tempo7 0sso ensinariapor&entura a prud'ncia ou a co&ardia -umana mas o zelo da glória di&ina, %ue ardia na%uele peito, não serendeu a semel-antes partidos. Pois %ue fez7 "udou somente o pDlpito e o auditório, mas não desistiu dadoutrina. /eixa as praças, &ai6se às praias deixa a terra, &ai6se ao mar, e começa a dizer a altas &ozes 9$ %ue

me não %uerem ou&ir os -omens, ouçam6me os peixes. +- mara&il-as do Alt)ssimo; +- poderes do %ue criou omar e a terra; 2omeçam a fer&er as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, ospe%uenos, e postos todos por sua ordem com as ca*eças de fora da $gua, António prega&a e eles ou&iam.

Se a 0gre#a %uer %ue preguemos de Santo António so*re o &angel-o, d'6nos outro. Vos estis sal terrae muito *om texto para os outros santos doutores mas para Santo António &em6l-e muito curto. +s outros santos

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doutores da 0gre#a foram sal da terra Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. ste 1 o assunto %ue eutin-a para tomar -o#e. "as -$ muitos dias %ue ten-o metido no pensamento %ue, nas festas dos santos, 1mel-or pregar como eles, %ue pregar deles. Fuanto mais %ue o são da min-a doutrina, %ual%uer %ue ele se#atem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, %ue 1 força segui6la em tudo."uitas &ezes &os ten-o pregado nesta igre#a, e noutras, de man-ã e de tarde, de dia e de noite, sempre comdoutrina muito clara, muito sólida, muito &erdadeira, e a %ue mais necess$ria e importante 1 a esta terra paraemenda e reforma dos &)cios %ue a corrompem. + fruto %ue ten-o col-ido desta doutrina, e se a terra temtomado o sal, ou se tem tomado dele, &ós o sa*eis e eu por &ós o sinto.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

4. + excerto %ue aca*ou de ler pertence ao Sermão de Santo António aos Peixes escrito pelo Padre AntónioVieira. 9ustifi%ue o t)tulo do sermão.

>. xpli%ue a presença no texto da seguinte expressão KVos estis sal terrae 3Vós sois o sal da terra5.

?. @etire do texto exemplos de dois recursos de estilo e comente o seu &alor expressi&o.

. xpon-a as intenções do autor ao escre&er este sermão.

B. @efira alguns processos de %ue o Padre António Vieira se ser&e para tentar con&encer os seus ou&intes.

C. Atente na seguinte frase K"udou somente o pDlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina.

C.4. 2lassifi%ue morfologicamente as pala&ras pDlpito, não e doutrina.

C.>. xpli%ue o processo de formação da pala&ra somente.

C.?. @eescre&a a frase, colocando as formas &er*ais no pret1rito mais6%ue6perfeito.

Sermão de Santo António aos Peixes

Gen-o aca*ado, 0rmãos Peixes, os &ossos lou&ores, e repreensões, e satisfeito, como &os prometi, às duaso*rigações de sal, posto %ue do mar, e não da terra Vos estis sal terrae. Só resta fazer6&os Wua ad&ert'nciamuito necess$ria, para os %ue &i&eis nestes mares. 2omo eles são tão esparcelados4, e c-eios de *aixios,*em sa*eis %ue se perdem, e dão à costa muitos na&ios, com %ue se enri%uece o mar, e a terra se empo*rece.0mporta pois, %ue ad&irtais, %ue nesta mesma ri%ueza tendes um grande perigo, por%ue todos os %ue seapro&eitam dos *ens dos naufragantes, ficam excomungados, e malditos. sta pena de excomun-ão, %ue 1gra&)ssima, não se pXs a &ós, senão aos -omens mas tem mostrado /eus por muitas &ezes, %ue %uando osanimais cometem materialmente o %ue 1 proi*ido por esta Lei, tam*1m eles encorrem, por seu modo, naspenas dela, e no mesmo ponto começam a defin-ar, at1 %ue aca*am misera&elmente.

"andou 2risto a S. Pedro, %ue fosse pescar, e %ue na *oca do primeiro peixe, %ue tomasse ac-aria Wuamoeda, com %ue pagar certo tri*uto. Se Pedro -a&ia de tomar mais peixe %ue este, suposto %ue ele era oprimeiro do preço dele, e dos outros podia fazer o din-eiro, com %ue pagar o tri*uto, %ue era de Wua só moedade prata, e de pouco peso, com %ue mist1rio manda logo o Sen-or, %ue se tire da *oca deste peixe, e %ue se#aele o %ue morra primeiro, %ue os demais7 +ra estai atentos. +s peixes não *atem moeda> no fundo do mar,nem t'm contratos com os -omens, donde l-es possa &ir din-eiro logo a moeda, %ue este peixe tin-aengolido, era de algum na&io, %ue fizera naufr$gio na%ueles mares. %uis mostrar o Sen-or, %ue as penas,%ue S. Pedro, ou seus sucessores fulminam contra os -omens, %ue tomam os *ens dos naufragantes, tam*1mos peixes por seu modo as encorrem, morrendo primeiro %ue os outros, e com o mesmo din-eiro, %ueengoliram, atra&essado na garganta. +- %ue *oa doutrina era esta para a terra, se eu não pregara para o mar;Para os -omens não -$ mais miser$&el morte, %ue morrer com al-eio atra&essado na garganta por%ue 1pecado de %ue o mesmo S. Pedro, e o mesmo Sumo Pont)fice não pode a*sol&er. posto %ue os -omens

encorrem a morte eterna, de %ue não são capazes os peixes, eles contudo apressam a sua temporal?, comoeste caso, se materialmente, como ten-o dito, se não a*st'm dos *ens dos naufragantes.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes.

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:otas4 mares perigosos para a na&egação> não cun-am moedas? morte

I

4. Situa o texto na estrutura externa e interna da o*ra.

>. Atra&1s deste excerto, mostra %ue o sermão 1 alegórico.

?. + pregador afirma %ue só l-e falta fazer uma ad&ert'ncia.?.4 m %ue consiste7

. K"andou 2risto a S. Pedro, %ue fosse pescar, e %ue na *oca do primeiro peixe, %ue tomasse, ac-aria uamoeda 3l. O5..4 2om %ue intenção Vieira recorre a este exemplo7

B. 0dentifica o recurso estil)stico presente na frase K+- %ue *oa doutrina era esta para a Gerra, se eu nãopregara para o mar; 3l. 4I5.B.4 xplicita o seu &alor expressi&o.

C. @efere a tese em %ue assenta a argumentação do orador, neste excerto.

I. 2ontextualiza -istórico6social e politicamente este sermão.

Sermão de Santo António aos Peixes

Vós, diz 2risto, Sen-or nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra e c-ama6l-es sal da terra,por%ue %uer %ue façam na terra o %ue faz o sal. + efeito do sal 1 impedir a corrupção mas %uando a terra se&' tão corrupta como est$ a nossa, -a&endo tantos nela %ue t'm of)cio de sal, %ual ser$, ou %ual pode ser acausa desta corrupção7 +u 1 por%ue o sal não salga, ou por%ue a terra se não deixa salgar. +u 1 por%ue o salnão salga, e os pregadores não pregam a &erdadeira doutrina ou por%ue a terra se não deixa salgar e osou&intes, sendo &erdadeira a doutrina %ue l-es dão, a não %uerem rece*er. +u 1 por%ue o sal não salga, e ospregadores dizem uma cousa e fazem outra ou por%ue a terra se não deixa salgar, e os ou&intes %uerem antesimitar o %ue eles fazem, %ue fazer o %ue dizem. +u 1 por%ue o sal não salga, e os pregadores se pregam a si enão a 2risto ou por%ue a terra se não deixa salgar, e os ou&intes, em &ez de ser&ir a 2risto, ser&em a seusapetites. :ão 1 tudo isto &erdade7 Ainda mal; 3...5

Vos estis sal terrae. Ma&eis de sa*er, irmãos peixes, %ue o sal, fil-o do mar como &ós, tem duas propriedades,as %uais em &ós mesmos se experimentam conser&ar o são e preser&$6lo para %ue se não corrompa. stasmesmas propriedades tin-am as pregações do &osso pregador Santo António, como tam*1m as de&em ter asde todos os pregadores. Hma 1 lou&ar o *em, outra repreender o mal lou&ar o *em para o conser&ar e

repreender o mal para preser&ar dele. :em cuideis %ue isto pertence só aos -omens, por%ue tam*1m nospeixes tem seu lugar. Assim o diz o grande /outor da 0gre#a S. (as)lio :on carpere solum, repre-endere%uepossumus pisces, sed sunt in illis, et %uae prose%uenda sunt imitatione K:ão só -$ %ue notar, diz o Santo, e%ue repreender nos peixes, senão tam*1m %ue imitar e lou&ar. Fuando 2risto comparou a sua 0gre#a à redede pescar, Sagenae missae in mare, diz %ue os pescadores Krecol-eram os peixes *ons e lançaram fora osmaus legerunt *onos in &asa, malos autem foras miserunt. onde -$ *ons e maus, -$ %ue lou&ar e %uerepreender. Suposto isto, para %ue procedamos com clareza, di&idirei, peixes, o &osso sermão em dois pontosno primeiro lou&ar6&os6ei as &ossas &irtudes, no segundo repreender6&os6ei os &ossos &)cios. desta maneirasatisfaremos às o*rigações do sal, %ue mel-or &os est$ ou&i6las &i&os, %ue experiment$6las depois de mortos.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

4. !os estis sal terrae 1 a expressão *)*lica %ue introduz este sermão. Por%ue são os pregadores o sal daterra7

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>. /iz o autor %ue a terra est$ corrupta. Fuais são as causas desta corrupção7

?. Fue moti&os le&am o autor a pregar aos peixes7

. + sal tem duas Propriedades. 0ndi%ue6as.

B. Podemos encontrar estas duas propriedades nos pregadores7 9ustifi%ue.

C. 2omente a seguinte afirmação K:o Sermão de Santo António aos Peixes, o Padre António Vieira,descre&endo os -$*itos predominantes de algumas esp1cies marin-as, constrói &$rias alegorias, atra&1s das

%uais castiga duramente certos tipos de pecadores ou por%ue não t'm as &irtudes dos peixes ou então por%uepossuem os seus defeitos.

I. 0dentifi%ue duas figuras de estilo e comente o seu &alor expressi&o.5555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555555

Sermão de Santo António aos Peixes"as #$ %ue estamos nas co&as do mar, antes %ue saiamos delas, temos l$ o irmão pol&o, contra o %ual t'msuas %ueixas, e grandes, não menos %ue S. (as)lio e Santo Am*rósio. + pol&o com a%uele seu capelo naca*eça, parece um monge com a%ueles seus raios estendidos, parece uma estrela com a%uele não ter ossonem espin-a, parece a mesma *randura, a mesma mansidão. de*aixo desta apar'ncia tão modesta, oudesta -ipocrisia tão santa, testemun-am constantemente os dois grandes /outores da 0gre#a latina e grega,

%ue o dito pol&o 1 o maior traidor do mar. 2onsiste esta traição do pol&o primeiramente em se &estir ou pintardas mesmas cores de todas a%uelas cores a %ue est$ pegado. As cores, %ue no camaleão são gala, no pol&osão mal)cia as figuras, %ue em Proteu são f$*ula, no pol&o são &erdade e artif)cio. Se est$ nos limos, faz6se&erde se est$ na areia, faz6se *ranco se est$ no lodo, faz6se pardo e se est$ em alguma pedra, como maisordinariamente costuma estar, faz6se da cor da mesma pedra. da%ui %ue sucede7 Sucede %ue outro peixe,inocente da traição, &ai passando desacautelado, e o salteador, %ue est$ de em*oscada dentro do seu próprioengano, lança6l-e os *raços de repente, e f$6lo prisioneiro. 8izera mais 9udas7 :ão fizera mais, por%ue não feztanto. 9udas a*raçou a 2risto, mas outros o prenderam o pol&o 1 o %ue a*raça e mais o %ue prende. 9udascom os *raços fez o sinal, e o pol&o dos próprios *raços faz as cordas. 9udas 1 &erdade %ue foi traidor, mascom lanternas diante traçou a traição às escuras, mas executou6a muito às claras. + pol&o, escurecendo6se asi, tira a &ista aos outros, e a primeira traição e rou*o %ue faz, 1 a luz, para %ue não distinga as cores. V', peixealei&oso e &il, %ual 1 a tua maldade, pois 9udas em tua comparação #$ 1 menos traidor;

+- %ue excesso tão afrontoso e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da $gua,espel-o natural não só da terra, senão do mesmo c1u; L$ disse o Profeta por encarecimento, %ue Knas nu&ensdo ar at1 a $gua 1 escura Gene*rosa a%ua in nu*i*us aeris. disse nomeadamente nas nu&ens do ar, paraatri*uir a escuridade ao outro elemento, e não à $gua a %ual em seu próprio elemento 1 sempre clara, di$fanae transparente, em %ue nada se pode ocultar, enco*rir nem dissimular. %ue neste mesmo elemento se crie,se conser&e e se exercite com tanto dano do *em pD*lico um monstro tão dissimulado, tão fingido, tão astuto,tão enganoso e tão con-ecidamente traidor;

Ve#o, peixes, %ue pelo con-ecimento %ue tendes das terras em %ue *atem os &ossas mares, me estaisrespondendo e con&indo, %ue tam*1m nelas -$ falsidades, enganos, fingimentos, em*ustes, ciladas e muito

maiores e mais perniciosas traições. so*re o mesmo su#eito %ue defendeis, tam*1m podereis aplicar aossemel-antes outra propriedade muito própria mas pois &ós a calais, eu tam*1m a calo. 2om grande confusão,por1m, &os confesso tudo, e muito mais do %ue dizeis, pois não o posso negar. "as ponde os ol-os em António, &osso pregador, e &ereis nele o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da &erdade, ondenunca -ou&e dolo, fingimento ou engano. sa*ei tam*1m %ue para -a&er tudo isto em cada um de nós,*asta&a antigamente ser portugu's, não era necess$rio ser santo.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

4. Situe o excerto %ue aca*ou de ler no estrutura interna do sermão de Santo António aos Peixes.

>. xplicite as razões %ue le&aram o Padre António Vieira a dar especial desta%ue ao pol&o neste sermão.

?. xpli%ue por pala&ras suas o significado das expressões Kapar'ncia tão modesta e K-ipocrisia tão santa.

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. /iga de %ue forma o Padre António Vieira distingue o pol&o do camaleão.

B. A %uem se %uerer$ referir o autor ao falar do pol&o7 9ustifi%ue a sua resposta.

C. + autor refere6se no Dltimo par$grafo a KAntónio, &osso pregador. /iga de %ue António se trata e %ual a suaimportRncia para este sermão.

I. Atente na seguinte frase K sa*ei tam*1m %ue para -a&er tudo isto em cada um de nós, *asta&aantigamente ser portugu's.

I.4. /i&ida e classifi%ue as orações da frase.

I.>. xpli%ue a formação da pala&ra antigamente.66666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666666

Sermão de Santo António

Prega&a Santo António em 0t$lia na cidade de Arimino, contra os -ereges, %ue nela eram muitos e como errosde entendimento são dificultosos de arrancar, não só não fazia fruto o santo, mas c-egou o po&o a se le&antarcontra ele e faltou pouco para %ue l-e não tirassem a &ida. Fue faria neste caso o Rnimo generoso do grande António7 Sacudiria o pó dos sapatos, como 2risto aconsel-a em outro lugar7 "as António com os p1s

descalços não podia fazer esta protestação e uns p1s a %ue se não pegou nada da terra não tin-am %uesacudir. Fue faria logo7 @etirar6se6ia7 2alar6se6ia7 /issimularia7 /aria tempo ao tempo7 0sso ensinariapor&entura a prud'ncia ou a co&ardia -umana mas o zelo da glória di&ina, %ue ardia na%uele peito, não serendeu a semel-antes partidos. Pois %ue fez7 "udou somente o pDlpito e o auditório, mas não desistiu dadoutrina. /eixa as praças, &ai6se às praias deixa a terra, &ai6se ao mar, e começa a dizer a altas &ozes 9$ %ueme não %uerem ou&ir os -omens, ouçam6me os peixes. +- mara&il-as do Alt)ssimo; +- poderes do %ue criou omar e a terra; 2omeçam a fer&er as ondas, começam a concorrer os peixes, os grandes, os maiores, ospe%uenos, e postos todos por sua ordem com as ca*eças de fora da $gua, António prega&a e eles ou&iam.

Se a 0gre#a %uer %ue preguemos de Santo António so*re o &angel-o, d'6nos outro. Vos estis sal terrae muito *om texto para os outros santos doutores mas para Santo António &em6l-e muito curto. +s outros santosdoutores da 0gre#a foram sal da terra Santo António foi sal da terra e foi sal do mar. ste 1 o assunto %ue eutin-a para tomar -o#e. "as -$ muitos dias %ue ten-o metido no pensamento %ue, nas festas dos santos, 1mel-or pregar como eles, %ue pregar deles. Fuanto mais %ue o são da min-a doutrina, %ual%uer %ue ele se#atem tido nesta terra uma fortuna tão parecida à de Santo António em Arimino, %ue 1 força segui6la em tudo."uitas &ezes &os ten-o pregado nesta igre#a, e noutras, de man-ã e de tarde, de dia e de noite, sempre comdoutrina muito clara, muito sólida, muito &erdadeira, e a %ue mais necess$ria e importante 1 a esta terra paraemenda e reforma dos &)cios %ue a corrompem. + fruto %ue ten-o col-ido desta doutrina, e se a terra temtomado o sal, ou se tem tomado dele, &ós o sa*eis e eu por &ós o sinto.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

4. + excerto %ue aca*ou de ler pertence ao Sermão de Santo António aos Peixes escrito pelo Padre AntónioVieira. 9ustifi%ue o t)tulo do sermão.

>. xpli%ue a presença no texto da seguinte expressão KVos estis sal terrae 3Vós sois o sal da terra5.

?. @etire do texto exemplos de dois recursos de estilo e comente o seu &alor expressi&o.

. xpon-a as intenções do autor ao escre&er este sermão.

B. @efira alguns processos de %ue o Padre António Vieira se ser&e para tentar con&encer os seus ou&intes.

C. Atente na seguinte frase K"udou somente o pDlpito e o auditório, mas não desistiu da doutrina.

C.4. 2lassifi%ue morfologicamente as pala&ras pDlpito, não e doutrina.

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C.>. xpli%ue o processo de formação da pala&ra somente.

C.?. @eescre&a a frase, colocando as formas &er*ais no pret1rito mais6%ue6perfeito.

II

2rie um texto argumentati&o, partindo da sugestão do seguinte excerto do Sermão de Santo António aosPeixes KFuem %uer mais do %ue l-e con&1m, perde o %ue %uer, e o %ue tem.

Pu*licada por  Melena "aria à3s5 C> ti%uetas António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes

1.6.78

Sermão de Santo António

"as #$ %ue estamos nas co&as do mar, antes %ue saiamos delas, temos l$ o irmão pol&o, contra o %ual t'm

suas %ueixas, e grandes, não menos %ue S. (as)lio e Santo Am*rósio. + pol&o com a%uele seu capelo naca*eça, parece um monge com a%ueles seus raios estendidos, parece uma estrela com a%uele não ter ossonem espin-a, parece a mesma *randura, a mesma mansidão. de*aixo desta apar'ncia tão modesta, oudesta -ipocrisia tão santa, testemun-am constantemente os dois grandes /outores da 0gre#a latina e grega,%ue o dito pol&o 1 o maior traidor do mar. 2onsiste esta traição do pol&o primeiramente em se &estir ou pintardas mesmas cores de todas a%uelas cores a %ue est$ pegado. As cores, %ue no camaleão são gala, no pol&osão mal)cia as figuras, %ue em Proteu são f$*ula, no pol&o são &erdade e artif)cio. Se est$ nos limos, faz6se&erde se est$ na areia, faz6se *ranco se est$ no lodo, faz6se pardo e se est$ em alguma pedra, como maisordinariamente costuma estar, faz6se da cor da mesma pedra. da%ui %ue sucede7 Sucede %ue outro peixe,inocente da traição, &ai passando desacautelado, e o salteador, %ue est$ de em*oscada dentro do seu próprioengano, lança6l-e os *raços de repente, e f$6lo prisioneiro. 8izera mais 9udas7 :ão fizera mais, por%ue não feztanto. 9udas a*raçou a 2risto, mas outros o prenderam o pol&o 1 o %ue a*raça e mais o %ue prende. 9udas

com os *raços fez o sinal, e o pol&o dos próprios *raços faz as cordas. 9udas 1 &erdade %ue foi traidor, mascom lanternas diante traçou a traição às escuras, mas executou6a muito às claras. + pol&o, escurecendo6se asi, tira a &ista aos outros, e a primeira traição e rou*o %ue faz, 1 a luz, para %ue não distinga as cores. V', peixealei&oso e &il, %ual 1 a tua maldade, pois 9udas em tua comparação #$ 1 menos traidor;

+- %ue excesso tão afrontoso e tão indigno de um elemento tão puro, tão claro e tão cristalino como o da $gua,espel-o natural não só da terra, senão do mesmo c1u; L$ disse o Profeta por encarecimento, %ue Knas nu&ensdo ar at1 a $gua 1 escura Gene*rosa a%ua in nu*i*us aeris. disse nomeadamente nas nu&ens do ar, paraatri*uir a escuridade ao outro elemento, e não à $gua a %ual em seu próprio elemento 1 sempre clara, di$fanae transparente, em %ue nada se pode ocultar, enco*rir nem dissimular. %ue neste mesmo elemento se crie,se conser&e e se exercite com tanto dano do *em pD*lico um monstro tão dissimulado, tão fingido, tão astuto,tão enganoso e tão con-ecidamente traidor;

Ve#o, peixes, %ue pelo con-ecimento %ue tendes das terras em %ue *atem os &ossas mares, me estaisrespondendo e con&indo, %ue tam*1m nelas -$ falsidades, enganos, fingimentos, em*ustes, ciladas e muitomaiores e mais perniciosas traições. so*re o mesmo su#eito %ue defendeis, tam*1m podereis aplicar aossemel-antes outra propriedade muito própria mas pois &ós a calais, eu tam*1m a calo. 2om grande confusão,por1m, &os confesso tudo, e muito mais do %ue dizeis, pois não o posso negar. "as ponde os ol-os em António, &osso pregador, e &ereis nele o mais puro exemplar da candura, da sinceridade e da &erdade, ondenunca -ou&e dolo, fingimento ou engano. sa*ei tam*1m %ue para -a&er tudo isto em cada um de nós,*asta&a antigamente ser portugu's, não era necess$rio ser santo.

Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

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4. Situe o excerto %ue aca*ou de ler no estrutura interna do sermão de Santo António aos Peixes.

>. xplicite as razões %ue le&aram o Padre António Vieira a dar especial desta%ue ao pol&o neste sermão.

?. xpli%ue por pala&ras suas o significado das expressões Kapar'ncia tão modesta e K-ipocrisia tão santa.

. /iga de %ue forma o Padre António Vieira distingue o pol&o do camaleão.

B. A %uem se %uerer$ referir o autor ao falar do pol&o7 9ustifi%ue a sua resposta.

C. + autor refere6se no Dltimo par$grafo a KAntónio, &osso pregador. /iga de %ue António se trata e %ual a suaimportRncia para este sermão.

I. Atente na seguinte frase K sa*ei tam*1m %ue para -a&er tudo isto em cada um de nós, *asta&aantigamente ser portugu's.

I.4. /i&ida e classifi%ue as orações da frase.

I.>. xpli%ue a formação da pala&ra antigamente.

II

+ Padre António Vieira procurou, com este sermão, denunciar os &)cios dos -omens e le&$6los a reflectir so*rea necessidade de mudança de atitudes. :uma composição com o m$ximo de %uinze lin-as, reflicta nos &)ciosda sociedade actual e sugira formas de os corrigir.

Pu*licada por  Melena "aria à3s5 C>I ti%uetas António Vieira, Sermão de Santo António aos Peixes

*7.9.78

Sermão de Santo AntónioVós, diz 2risto, Sen-or nosso, falando com os pregadores, sois o sal da terra e c-ama6l-es sal da terra,por%ue %uer %ue façam na terra o %ue faz o sal. + efeito do sal 1 impedir a corrupção mas %uando a terra se&' tão corrupta como est$ a nossa, -a&endo tantos nela %ue t'm of)cio de sal, %ual ser$, ou %ual pode ser acausa desta corrupção7 +u 1 por%ue o sal não salga, ou por%ue a terra se não deixa salgar. +u 1 por%ue o salnão salga, e os pregadores não pregam a &erdadeira doutrina ou por%ue a terra se não deixa salgar e osou&intes, sendo &erdadeira a doutrina %ue l-es dão, a não %uerem rece*er. +u 1 por%ue o sal não salga, e ospregadores dizem uma cousa e fazem outra ou por%ue a terra se não deixa salgar, e os ou&intes %uerem antesimitar o %ue eles fazem, %ue fazer o %ue dizem. +u 1 por%ue o sal não salga, e os pregadores se pregam a si e

não a 2risto ou por%ue a terra se não deixa salgar, e os ou&intes, em &ez de ser&ir a 2risto, ser&em a seusapetites. :ão 1 tudo isto &erdade7 Ainda mal; 3...5

Vos estis sal terrae. Ma&eis de sa*er, irmãos peixes, %ue o sal, fil-o do mar como &ós, tem duas propriedades,as %uais em &ós mesmos se experimentam conser&ar o são e preser&$6lo para %ue se não corrompa. stasmesmas propriedades tin-am as pregações do &osso pregador Santo António, como tam*1m as de&em ter asde todos os pregadores. Hma 1 lou&ar o *em, outra repreender o mal lou&ar o *em para o conser&ar erepreender o mal para preser&ar dele. :em cuideis %ue isto pertence só aos -omens, por%ue tam*1m nospeixes tem seu lugar. Assim o diz o grande /outor da 0gre#a S. (as)lio :on carpere solum, repre-endere%uepossumus pisces, sed sunt in illis, et %uae prose%uenda sunt imitatione K:ão só -$ %ue notar, diz o Santo, e%ue repreender nos peixes, senão tam*1m %ue imitar e lou&ar. Fuando 2risto comparou a sua 0gre#a à redede pescar, Sagenae missae in mare, diz %ue os pescadores Krecol-eram os peixes *ons e lançaram fora os

maus legerunt *onos in &asa, malos autem foras miserunt. onde -$ *ons e maus, -$ %ue lou&ar e %uerepreender. Suposto isto, para %ue procedamos com clareza, di&idirei, peixes, o &osso sermão em dois pontosno primeiro lou&ar6&os6ei as &ossas &irtudes, no segundo repreender6&os6ei os &ossos &)cios. desta maneirasatisfaremos às o*rigações do sal, %ue mel-or &os est$ ou&i6las &i&os, %ue experiment$6las depois de mortos.

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Padre António Vieira, Sermão de Santo António

I

4. !os estis sal terrae 1 a expressão *)*lica %ue introduz este sermão. Por%ue são os pregadores o sal daterra7

>. /iz o autor %ue a terra est$ corrupta. Fuais são as causas desta corrupção7

?. Fue moti&os le&am o autor a pregar aos peixes7

. + sal tem duas Propriedades. 0ndi%ue6as.

B. Podemos encontrar estas duas propriedades nos pregadores7 9ustifi%ue.

C. 2omente a seguinte afirmação K:o Sermão de Santo António aos Peixes, o Padre António Vieira,descre&endo os -$*itos predominantes de algumas esp1cies marin-as, constrói &$rias alegorias, atra&1s das%uais castiga duramente certos tipos de pecadores ou por%ue não t'm as &irtudes dos peixes ou então por%uepossuem os seus defeitos.

I. 0dentifi%ue duas figuras de estilo e comente o seu &alor expressi&o.

II

+ Sermão de Santo António aos Peixes constitui um texto argumentati&o. nuncie as caracter)sticas desteg1nero de texto.