Mastectomia em Cadelas - Variacoes da Tecnica Segundo a Drenagem Linfatica da Cadeia Mamaria - Revisao de Literatura - Jose Ricardo Soares da Silva.PDF

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  • 1

    UNIVERSIDADE CASTELO BRANCO

    PR-REITORIA DE PESQUISA E PS-GRADUAO

    COORDENAO DE PS-GRADUAAO

    CURSO DE PS-GRADUAO "LATO SENSU" EM CLNICA CIRURGICA EM PEQUENOS

    ANIMAIS

    MASTECTOMIA EM CADELAS - VARIAES DA TCNICA SEGUNDO A DRENAGEM LINFTICA DA

    CADEIA MAMRIA - REVISO DE LITERATURA

    Jos Ricardo Soares da Silva

    Rio de Janeiro, out. 2006.

    JOS RICARDO SOARES DA SILVA

    Aluno do Curso de Especializao Lato sensu em

    Clnica Mdica e Cirrgica em Pequenos Animais

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    MASTECTOMIA EM CADELAS - VARIAES DA TCNICA SEGUNDO A DRENAGEM LINFTICA DA

    CADEIA MAMRIA - REVISO DE LITERATURA

    Rio de Janeiro, out. 2006.

    MASTECTOMIA EM CADELAS - VARIAES DA TCNICA SEGUNDO A DRENAGEM LINFTICA DA

    CADEIA MAMRIA - REVISO DE LITERATURA

    JOS RICARDO SOARES DA SILVA

    Aluno do Curso de Especializao Lato sensu em

    Clnica Mdica e Cirrgica em Pequenos Animais

    Trabalho monogrfico do curso de ps-graduao "Lato

    Sensu" em Clnica Mdica e Cirrgica em Pequenos

    Animais apresentado UCB como requisito parcial para

    a obteno de ttulo de Especialista em Clnica Mdica

    e Cirurgia de Pequenos animais, sob a orientao do

    Professor Jorge Luiz Costa Castro.

  • 3

    Foi analisado e aprovado com grau ...........

    Rio de Janeiro, .......... de ........................................ de 2006

    ............................................................................ Membro

    ............................................................................ Membro

    ............................................................................ Prof. M. Sc. Jorge Luiz Costa Castro

    Rio de Janeiro, out. 2006 ii iii

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    DEDICATRIA

    Concluir uma ps-graduao em outro

    Estado requer o apoio de muita gente. Por isso,

    dedico este trabalho aos meus pais, Divalice e

    Floriano que sempre me incentivaram a concluir

    cada etapa da minha vida profissional.

    Aos meus filhos Paulo Victor, Gabriel e

    Letcia pelo puro instinto paterno que me inspira

    querer algo cada vez melhor para eles.

    E, principalmente, quela que acredita

    em mim e teve toda a pacincia do mundo

    durante as minhas freqentes ausncias: minha

    amada esposa Karina.

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    iv

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus em primeiro lugar que me deu sade e muita fora para mais essa jornada e agradeo tambm ao meu orientador Professor Jorge Luiz Costa Castro que me incentivou no s na escolha e montagem desta monografia, mas em diversas reas da minha profisso.

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    RESUMO

    Este estudo apresenta uma breve reviso sobre a anatomia da drenagem linftica das glndulas mamrias da cadela, visando orientar os cirurgies veterinrios na tomada de deciso frente mastectomias para tratamento do cncer de mama canino.

    O cncer de mama muito comum nas cadelas. Muito destes tumores fazem metstases, em maior ou menor extenso, via sistema linftico. O tumor de mama mais freqentemente faz metstases para os linfonodos regionais e para os pulmes, embora possa acometer vrios tecidos ou rgos, como fgado, corao, rins, pele, crebro e ossos.

    Existem controvrsias sobre a direo da drenagem e sobre conexes linfticas entre as mamas. Variaes anatmicas no permitem o estabelecimento de um padro de drenagem. O conhecimento sobre a drenagem linftica particularmente importante para avaliar a possvel disseminao de clulas neoplsicas e para definir a abordagem cirrgica do paciente com cncer de mama. Diferentes tcnicas cirrgicas podem ser empregadas, como nodulectomia (ou biopsia excisional), mastectomia em bloco (ou regional) e mastectomia unilateral. A nodulectomia no indicada nos casos de tumor maligno. A mastectomia unilateral compreende a remoo de todas as mamas da mesma cadeia e os linfonodos correspondentes. A resseco em bloco envolve a exrese da mama neoplsica, as mamas com as quais possui conexes linfticas e os linfonodos correspondentes. ABSTRACT

    This study presents an abbreviation revision on the anatomy of the lymphatic drainage of the female dog's mammary glands, seeking to guide the veterinary surgeons in the socket of decision front to mastectomies for treatment of the breast canine's cancer.

    The breast cancer is very common in the female dogs. A lot of these tumors make metastasis, in large or small extension, through lymphatic system. Mamma's tumor more frequently makes metastasis for the regional lymph nodes and for the lungs, although it can attack several tissues or organs, as liver, heart, kidneys, skin, brain and bones.

    Controversies exist about the direction of the drainage and on lymphatic connections among the mammas. Anatomical variations don't allow the establishment of a drainage pattern. The knowledge on the lymphatic drainage is particularly important to evaluate the possible spread of neoplastic cells and to define the patient's surgical approach with breast cancer. Different surgical techniques can be used, as lymph node removal (or excissional biopsy), mastectomy in block (or regional) and unilateral mastectomy. The lymph node removal is not indicated in the cases of malignant tumor. The unilateral mastectomy understands the removal of all the mammas of the same chain and the corresponding lymph nodes. The removal in block involves the extirpation of the neoplastic mamma, the mammas with which it possesses lymphatic connections and the corresponding lymph nodes.

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    SUMRIO

    Pgina

    LISTA DE FIGURAS ............................................................................................ vi

    1 INTRODUO ...................................................................................................... 01

    2 REVISO DE LITERATURA ................................................................................ 03

    2.1 ANATOMIA DAS GLNDULAS MAMRIAS ............................................... 16

    2.2 FISIOLOGIA DAS GLANDULAS MAMRIAS ............................................. 19

    2.3 ETIOLOGIA ................................................................................................... 20

    2.3.1 PRINCIPIOS DA EXCISO DOS TUMORES .................................... 22

    2.3.2 HISTOPATOLOGIA ............................................................................ 22

    2.4 ABORDAGEM CLINICA .............................................................................. 23

    2.4.1 ANAMNESE ........................................................................................ 24

    2.4.2 EXAME FSICO ........................................................................... 25

    2.4.3 DIAGNSTICO ............................................................. 26

    2.4.4 AVALIAO HISTOLGICA ............................................................. 26

    2.4.5 RADIOGRAFIA ................................................................................... 27

    2.4.6 OUTROS TESTES DIAGNSTICOS .......................................... 27

    3 TRATAMENTO CLINICO CIRRGICO ................................................................ 28

    3.1 OVARIO-HISTERECTOMIA .......................................................................... 32

    4 PROGNSTICO ........................................................................... 33

    5 CONCLUSO .................................................................................. 34

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ............................................................................ 35

    v

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    LISTA DE FIGURAS

    Pgina 1 Anatomia das glndulas mamrias ................................................................... 17

    2 Radiografia torcica mostrando metstase pulmonar .................................... 27

    3 Variaes nas opes de resseco cirrgica ................................................ 29

    4 Massa tumoral em mama abdominal caudal .................................................... 30

    5 Cadela submetida a mastectomia regional unilateral .................................... 30

    6 Massa tumoral em mama abdominal caudal ................................................... 30

    7 Cadela submetida a mastectomia unilateral completa ................................... 30

    8 Sutura de pele em mastectomia em cadeia ...................................................... 31

    9 Adenocarcinoma inflamatrio na mama abdominal caudal e metstase

    cutnea ................................................................................................................

    34

    vi

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    1 INTRODUO

    Nos ltimos anos os estudos dos tumores de mama que afetam

    as fmeas caninas e felinas tm ganhado importncia, por um lado devido s

    semelhanas em alguns aspectos com os tumores da mama que acometem a

    mulher, sendo importantes aliados na compreenso dos mesmos, e por outro

    lado pela freqncia com que surgem na clnica de animais de companhia.

    Na cadela, os tumores de mama representam, sem dvida as

    leses tumorais mais freqentes, sendo de modo geral 2 a 3 vezes mais

    freqentes que na mulher. Na espcie canina, os tumores de pele so os mais

    comuns, seguidos dos mamrios, mas se considerarmos somente em cadelas,

    sobe para 50% das neoplasias (SLATTER, 1998).

    Tumores das glndulas mamrias so as neoplasias mais

    freqentes em cadelas e o terceiro em gatas, representando cerca de 42% de

    todos os tumores. A mdia de vida ao diagnosticar est entre 10 e 11 anos.

    Tumores mamrios raramente acometem machos, embora a incidncia

    estimada esteja em torno de 0 a 2.7% e a possibilidade de serem malignos

    alta. Algumas raas possuem maior risco: Poodle, Cocker Spaniel, Pastor

    Alemo, dentre outros. A incidncia baixa em raas mestias comparada com

    as puras. Em cadelas, os tumores benignos so superiores a 50%, sendo em

    sua maioria, fibroadenomas (FOSSUM, 2002).

    Os locais de metstase mais comuns dos tumores mamrios

    caninos incluem: pulmo, fgado, rins, adrenais, bao, pncreas, diafragma,

    ovrios, corao, osso, uretra e mucosa vestibular, musculatura esqueltica,

    olhos e crebro (Johnston, 1993). Em gatos, e em ces machos, quase todos

    os tumores mamrios so malignos (SLATTER, 1998).

  • 10

    De acordo com Brodey (1983, apud ZZCCARI 2001), O rpido

    desenvolvimento da glndula mamria no perodo da puberdade, atravs da

    ao estrognica gera a formao de clones de clulas alteradas, formando

    ndulos hiperplsicos.

    Existem controvrsias sobre a direo da drenagem e sobre

    conexes linfticas entre as mamas. Variaes anatmicas no permitem o

    estabelecimento de um padro de drenagem. O conhecimento sobre a

    drenagem linftica particularmente importante para avaliar a possvel

    disseminao de clulas neoplsicas e para definir a abordagem cirrgica do

    paciente com cncer de mama. Diferentes tcnicas cirrgicas podem ser

    empregadas, como nodulectomia (ou biopsia excisional), mastectomia em

    bloco (ou regional) e mastectomia unilateral. A nodulectomia no indicada

    nos casos de tumor maligno. A mastectomia unilateral compreende a remoo

    de todas as mamas da mesma cadeia e os linfonodos correspondentes. A

    resseco em bloco envolve a exrese da mama neoplsica, as mamas com

    as quais possui conexes linfticas e os linfonodos correspondentes.

    Este tem trabalho tem como objetivo relatar uma reviso de

    literatura das variaes das tcnicas preconizadas para tratamento de tumores

    de mama em cadelas baseando-se na drenagem linftica.

  • 11

    2 REVISO DE LITERATURA

    RESUMO HISTRICO DOS TUMORES MAMRIOS DA CADELA

    A presente reviso da literatura tem a finalidade de demonstrar,

    atravs das publicaes ao longo dos anos, o quanto so controvertidas as

    opinies dos diferentes pesquisadores quando tratam deste importante captulo

    da Oncologia Veterinria.

    - Fadyean (1899) foi dos primeiros a focalizar o assunto e, numa

    srie de 23 blastomas em ces, encontrou trs carcinomas da glndula

    mamria.

    - Sticker (1902) estudando 766 neoplasias em ces, consignou

    341 situaes na glndula mamria, sendo todas classificadas como

    carcinomas.

    - Petit (1903) observou 1 caso de carcinoma da glndula mamria

    de cadela, com metstases no pulmo, fgado e bao.

    - Ortschild (1905) relatou inmeros casos de blastomas mamrios

    de cadelas que continham, ao lado de elementos epiteliais, reas

    sarcamotosas.

    - Murray (1908) em uma srie de 49 crescimentos malignos em

    ces, registrou 8 carcinomas da mama.

  • 12

    - Mann (1919) fez estudo circunstanciado de um carcinoma

    mamrio em co de raa Collie. O tumor, endurecido, acometia a 3a glndula

    mamria do lado direito e o gnglio axilar satlite. A necropsia verificou

    metstases nos gnglios axilares e mediastinais, pulmo, fgado, pncreas, rins

    e supra-renal.

    - Frei (1925) ao situar a origem dos epiteliomas mamrios, disse

    serem os mais freqentes aqueles que derivam do epitlio alveolar. Comeam

    pela proliferao e hipertrofia desse epitlio, que, inicialmente cilndrico

    simples, assume forma atpica polidrica e estratificada, expandindo-se pela

    vizinhana aps a destruio da membrana prpria. O parnquima tumoral

    constitudo por massas, ora slidas, ora ocas, cistos e cordes de clulas

    epiteliais irregulares, em parte polinucleadas, de carter embrionrio,

    assentadas sobre a membrana prpria, formada por delicadssimas fibras

    conjuntivas circulares. No faltam metamorfoses regressivas, como conjuntivo

    varia muito. Os epiteliomas canaliculares contm volumosas cavidades, nas

    quais o epitlio prolifera intensamente, preenchidas por um lquido leitoso. So

    ductos galactforos aumentados. Via de regra associam-se com epiteliomas de

    origem alveolar. Ao se referir aos tumores mistos da glndula mamria, o

    patologista de Zrich disse serem s mesmos freqentes no co. So formados

    por tecido epitelial ou conjuntivo, maturo ou imaturo, sendo possveis diversas

    associaes e combinaes. A nomenclatura obedece aos tipos celulares

    encontrados.

    - Apostoleano (1935) considera que as freqentes distocias

    observadas nos partos das cadelas e morte das ninhadas representam papel

    importante na etiologia dos tumores mamrios.

  • 13

    - Feldman (1932) admitiu como sendo bastante comuns os

    carcinomas da glndula mamria da cadela; os mesmos poderiam se originar

    da pele, canais galactforos e do epitlio parenquimatoso dos alvolos. Chama

    a ateno para alteraes regressivas, freqentemente observadas nesses

    tumores, que geram, como conseqncia, fibroses, cavidades csticas,

    cartilagem e osso.

    - Ligeois (1934) estudando uma srie de 152 neoplasias em

    cadelas, encontrou 126 de localizao mamria. Considerou o 50 par de

    mamas como o mais freqentemente atingido. Na sua srie, 51 eram

    carcinomas, 24 adenocarcinomas e 9 condroosteossarcomas. Descreve outros

    tipos de sarcoma, como .carcinossarcomas, sarcoma globo-celular e sarcoma

    fusocelular. Na sua srie, apenas 19 casos eram de natureza benigna.

    - Carbonero (1935) descreveu um caso de tumor mamrio em

    cadela, o qual chamou de misto. Este era volumoso, medindo cerca de 10 cm

    de dimetro. Ao corte, apresentava reas semelhantes a acessos, cujo

    contedo era muco-purulento. Mostrava-se resistente ao corte, devido a placas

    cartilaginosas que possua. Descreveu as clulas tonsurais como sendo de

    natureza epitelial, mescladas com tecido cartilaginoso e que, s vezes, se

    mostrava completamente separado das clulas epiteliais. A cartilagem no

    apresentava qualquer caracterstica especial. No admitiu a cartilagem como

    verdadeira, assim como lhe negou origem epitelial.

    - Jackson (1936) considerou os tumores mistos da glndula

    mamria de cadela como falsos e chamou a ateno para metaplasias sseas

    que podem ocorrer, tanto no estroma como no parnquima.

    - Stalker & Schlotthauer (1936) descreveram dois casos de

    tumores mamrios em cadelas, sendo um fibrossarcoma, com metstases no

    pulmo, corao, rins, pncreas e duodeno. Chamaram a ateno para a

    necrose e calcificao do tecido tumoral.

  • 14

    - Dobberstein (1937) considerou que, nos ces, em geral, 19,78%

    das neoplasias incidem na glndula mamria. Argumentou que as

    neoformaes epiteliais so freqentes neste rgo, mas que o cncer

    verdadeiro raro; a estrutura de adenomas ou de tumores mistos,

    acrescentando que tais tumores raramente do metstases, sendo errado

    design-los como cncer.

    - De Vitta (1939) comentou que, no perodo de crescimento dos

    tumores mamrios, ocorrem alteraes regressivas, espontneas ou custa

    dos traumas. Tais alteraes resultam na completa destruio da massa

    neoplsica. A regresso pode estar representada por cistos ou abscessos

    discretos e multiloculares, os quais podem terminar em lceras ou regredir no

    perodo de anestro. Nestas neoplasmas, os componentes teciduais variam,

    predominando. ora o epitlio, ora o tecido conjuntivo; nos tumores mais

    antigos. que freqentemente se apresentam ulcerados, so encontrados,

    tambm, cartilagem e osso, ao lado de cistos, reas necrticas e abscessos.

    Tais tumores podem estar to duros pela formao ssea que oferecem grande

    dificuldade ao corte. Em 10 casos de 11 tumores estudados, este autor

    encontrou cistos foliculares ovarianos e hiperplasia glandular cstica do

    endomtrio.

    - MacClelland (1941) opinou que o estmulo dado pelo estrgeno

    resulta em proliferao do epitlio dos ductos e do estroma fibroso, no se

    notando transio para carcinomas e fibrossarcomas, mas sendo bem evidente

    a produo de cartilagem e osso.

    - Dobberstein & Mathias (1942) analisando os diferentes aspectos

    dos tumores mamrios das cadelas, sugeriram que apenas 10% dos mesmos

    so definitivamente malignos.

  • 15

    - Huggins & Moulder (1944) situaram como tipos mais comuns de

    tumores mamrios os que apresentam tecido epitelial e conjuntivo,

    freqentemente com cartilagem e osso, os de slidas massas epiteliais e os

    papilomas intracsticos. A freqncia maior desses tumores nos ces de meia

    idade ou velhos. As metstases so sempre constitudas por cistos papilferos

    carcinomatosos.

    - Biggs (1947) descreveu tumores de mama, com o epitlio

    glandular ocorrendo em estroma que pode conter msculo liso, material

    necrtico, cartilagem e osso. Estudou 9 neoplasias consideradas mistas.

    Acreditou ter a cartilagem sua origem atravs do mioepitlio mamrio.

    - Riser (1947) rotulou de mistos os tumores da glndula mamria

    da cadela e que apresentam tecido epitelial ao lado de cartilagem, osso e

    tecido mucoso.

    - Silva, Amorim & Cardoso (1947) fizeram breve relato de 22

    casos de tumores mamrios, dos quais 12 eram adenocarcinomas simples e 10

    tumores mistos. Descreveram duas metstases ganglionares e uma pulmonar.

    - Pires (1948) em 185 tumores em ces, estudados no

    Departamento de Anatomia Patolgica da Faculdade de Medicina Veterinria

    da Universidade de So Paulo, encontrou 83 de localizao mamria; destes,

    logrou estudar 75, considerando todos como malignos. Em adenocarcinomas

    papilferos, verificou tecido cartilagneo e sseo. Tais elementos, para esse

    autor, originam-se a partir das clulas epiteliais. Referiu-se s mamas mais

    atingidas pelo processo tumoral como sendo as inguinais. Observou, ainda,

    metstases pulmonares.

  • 16

    - Roncati (1948) relatou um caso de adenocarcinoma slido com

    metstases nodulares mltiplas no pulmo e pericrdio.

    - Mulligan (1949) analisando os tumores mistos da glndula

    mamria da cadela, disse que o termo misto e apropriado, no s porque a

    neoplasia derivada dos elementos ectodrmicos ou mesodrmicos, mas,

    tambm, porque observada a caracterstica heterognea do tecido epitelial,

    mioepitelial e conjuntivo, quanto proliferao. Vrios desses tumores so

    duros e neles observa-se tecido com aspecto de cartilagem hialina e, tambm,

    tecido sseo. Na srie de tumores mamrios da cadela estudados por esse

    autor, constituda por 138 casos, 47 so classificados como carcinomas, 67

    como tumores mistos, 13 como papilomas de ductos e 11 como mioepiteliomas

    (9 cancerosos e 2 no-cancerosos). Em 55 dos seus casos de tumores mistos,

    foi relatada a idade dos animais, que variou de 4 a 15 anos. Estudou, tambm,

    a localizao das mamas atingidas pelo processo tumoral, sendo que o 5o par

    apareceu com mais freqncia. Quanto ao tecido cartilaginoso nos tumores

    mistos, o processo teria sua origem na transformao da mucina, elaborada

    nos ductos e alvolos epiteliais, em substncia condride. As clulas epiteliais

    ficariam aprisionadas na substncia condride que ganharia, ento, aspecto de

    cartilagem hialina. Ocorreria metaplasia do colgeno do tecido conjuntivo, que,

    proliferando em volta dos ductos e alvolos, formaria verdadeiro tecido

    cartilaginoso e sseo. Admitiu-se real metaplasia, com a verificao de

    osteoblastos. Os alvolos mamrios apresentavam-se proliferados e as clulas

    tumorais formavam grandes cordes, aparecendo cistos revestidos ou

    desprovidos de epitlio e envoltos por tecido fibroso, com reas necrticas e

    hemorrgicas. As clulas tumorais nos tumores mistos tinham aspecto

    pseudocarcinomatoso.

    - Whitney & Newton (1949) estudaram 38 casos de tumores

    mamrios, sendo que as formas mistas, como fibradenomas, fibrocondromas e

    osteossarcomas, foram as mais freqentes.

  • 17

    - Innes (1952) chamou a ateno para a potencialidade

    metaplstica do tecido mamrio da cadela, ocorrendo quadros de mastites

    crnicas complicadas com metaplasia cartilaginosa e ssea, podendo tais

    aspectos ser confundidos com os de tumores mistos.

    - Nieberle & Cohrs (1954) consideraram como freqentes as

    neoplasias mamrias da cadela, principalmente as denominadas mistas, de

    grande interesse na patologia comparada, pela sua relao com os tumores

    mistos da partida humana. Foram encontradas, com mais freqncia, em

    cadelas velhas com mais de 7 anos de idade, sendo observadas comumente

    na regio abdominal e raramente em outras localizaes.

    - Cotchin (1954) estudando 266 tumores do sistema genital da

    cadela, encontrou 222 situados na glndula mamria. Assinalou metstases de

    adenocarcinomas mamrios no pulmo, nos ossos e em outras localizaes,

    descrevendo casos de tumores mistos, como osteocondrossarcomas.

    - Moulton (1954) afirmou que os neoplasmas mamrios

    representam a forma mais freqente de tumores na cadela, sendo muito difcil

    a sua classificao. Em 107 casos estudados, encontrou 72 tumores mistos, 27

    adenocarcinomas, 5 fibrossarcomas, 3 osteocondrossarcomas. Os tumores

    mistos consistem, para esse autor, em formas benignas, como proliferaes

    fibradenomatosas com metaplasia condride ou osteide no estroma.

    - Krook (1954) considerou bastante raros os tumores malignos da

    glndula mamria da cadela. As formas mais freqentes foram as de

    adenomas, erradamente chamados de cncer. Julgou ser difcil traar uma

    linha demarcatria entre adenomas e adenocarcinomas mamrios. Estudou a

    freqncia de metstases em 77 casos de tumores mamrios; os gnglios

    foram os mais atingidos, seguidos pelos rins, fgado, miocrdio, pulmo,

    crebro, pleura e outros rgos.

  • 18

    - Erichsen (1955-a) em um carcinoma mamrio da cadela,

    demonstrou que as clulas carcinomatosas eram capazes de produzir um tipo

    de mucina com caractersticas de um cido condroitin-sulfrico ou de

    substncia correlata, acreditando ser as clulas, no caso, de origem

    mioepitelial.

    - Erichsen (1955-b) fez estudo histoqumico de 8 tumores mistos,

    visando conhecer a origem da cartilagem nos mesmos.

    - Lumb, Carlson & Patterson (1955) relataram um caso de

    adenocarcinoma mamrio com metstases no pulmo.

    - Cotchin (1956) referiu-se s discusses a respeito da

    histognese dos tecidos responsveis pelo aspecto misto de certos tumores

    mamrios. Chamou a ateno para a alta incidncia de tumores mamrios em

    cadelas que nunca tiveram crias ou ficaram longo tempo sem t-las e naquelas

    que apresentaram freqentemente lactaes no-gravdicas.

    - Vismara (1958) em reviso de 213 casos de tumores em ces,

    encontrou 48 localizados na glndula mamria, dos quais 24 eram malignos e

    6, com metstases. Acreditava que, nos ces, a incidncia de tumores

    aumentasse com o progredir da idade.

    - Cotchin (1958) estudando 424 casos de tumores mamrios,

    encontrou 249 benignos, sendo 230 benignos complexos, constitudos por

    cistadenomas papilferos, onde tecido cartilagneo e sseo estavam presentes.

    Realizou pesquisa histoqumica, visando a conhecer a natureza da cartilagem.

    Na sua srie de tumores mamrios, 87 eram adenocarcinomas e carcinomas,

    73, sarcomas de vrios tipos e 23, tumores mistos malignos. Em 41 casos

    malignos, encontrou metstases. A idade dos animais atingidos por neoplasias

    mamrias oscilou entre 5 e 14 anos.

  • 19

    - Coluzzi (1960) procedeu prova de Allen-Doisy na urina de 21

    cadelas portadoras de afeces mamrias, obtendo resultado positivo em 10

    casos onde havia mastopatia e tumor com indcios de anterior mastopatia. Em

    11 casos onde no havia indicao histolgica da evoluo do tumor,

    encontrou, em 6 casos, a prova de Allen-Doisy positiva, e, em 5, negativa.

    - Jabara (1960) chamou a ateno para a multidiferenciao dos

    tumores mamrios da cadela, sendo as formas mais freqentes as de

    adenocarcinomas, mas ocorrendo, tambm, os carcinomas esferoidais,

    papilferos, csticos e os comedocarcinomas. Tais neoplasias, freqentemente,

    a seu ver, apresentam zonas de calcificao, de hemorragias e de necrose.

    - Bowne & Ramsey (1960) descreveram caso de tumor mamrio

    da cadela, ao qual chamaram de misto, por apresentar a metaplasia

    cartilaginosa com hiperplasia do tecido conjuntivo. O gnglio linftico inguinal

    exibia metstases epiteliais com aberrantes figuras de mitose.

    - Moulton (1961) dividiu os tumores benignos da mama da cadela

    em tumores mistos e papilomas de ductos. Considerou os tumores mistos

    como benignos, sendo a forma mais freqente de neoplasias mamrias (65%).

    Os adenocarcinomas compreenderiam -25% - e o contingente restante seria

    representado por adenomas, papilomas de ductos, mioepiteliomas e tumores

    malignos mistos. Acrescentou ser difcil a classificao dos adenocarcinomas,

    de acordo com as diversas maneiras com que se apresentam, pois certas

    formas aparecem de permeio com outras. Dividiu os adenocarcinomas em

    esquirrosos, papilferos e slidos.

    - Lombard (1961) afirmou que, dentre os animais domsticos, o

    co quem paga mais alto tributo ao cncer e a razo residiria na

    extraordinria freqncia com que as cadelas so acometidas por tumores

    mamrios.

  • 20

    - Trasher (1962) em 145 tumores de ces, relatou 34 com

    localizao mamria, sendo 10, mistos benignos, 3, mistos malignos e 1,

    teratide misto. Os restantes casos eram representados por carcinomas de

    diversos tipos, alm de adenomas, adenofibromas e lipomas.

    - Smith & Jones (1962) compilando 8.159 neoplasias em

    diferentes animais domsticos, encontraram 5.854 em ces e, dentre estas,

    934 mamrias. As formas mais freqentes de neoplasias mamrias estavam

    representadas por 520 casos de adenocarcinomas, 213 tumores mistos e 167

    adenomas. No tumor misto mamrio, os elementos epiteliais glandulares e o

    estroma fibroso tinham atributos neoplsicos de anaplasia, hipercromatismo,

    hipercelularidade e outras caractersticas de malignidade. Era muito freqente

    os elementos fibrosos sofrerem metaplasia cartilagnea ou ssea.

    - Carrara (1963) descreveu um caso de comedocarcinoma da

    glndula mamria da cadela, chamando a ateno para a necrose presente na

    poro central da formao tumoral.

    - Machado (1963) em trabalho que analisa a incidncia de

    neoplasias em animais no Brasil, estudou 580 casos de tumores da glndula

    mamria em cadelas. Estes eram representados por 420 adenocarcinomas, 99

    tumores mistos, 25 carcinomas de diversos tipos, 15 adenomas, 14 sarcomas,

    2 fibromas, 2 condromas, 2 lipomas e 1 hemangioma.

    - Lagneau (1964) discutindo a etiologia dos tumores mamrios da

    cadela, sugeriu que os traumas a que estas glndulas esto sujeitas

    representam importante papel. Acrescentou, ainda, ser a regio nferoexterna a

    mais exposta a traumas, sendo, tambm, a sede de predileo das leses

    cancerosas.

  • 21

    Na bibliografia que vai dos anos de 1895 a 1964, podemos

    verificar que as controvrsias dos autores foram persistentes, assim como

    aumentou ainda mais a complexidade sobre tais tumores.

    - Zezza Neto (1966) em tese defendida para obteno de grau de

    doutor denominada Contribuio para estudo do carcinoma mamrio da

    cadela, faz consideraes importantes sobre os diversos tipos de tumores,

    procurando esclarecer quanto malignidade e benignidade dos tumores

    mistos, grupos etrios, mamas mais atingidas pelo processo tumoral,

    metstases, raas, dependncia hormonal, classificao das neoplasias

    mamrias; faz, ainda, o autor, breves estudos histoqumicos dos cortes

    histolgicos, procurando esclarecer a gnese dos tecidos mixomatosos,

    cartilaginosos e sseos encontrados em tais tumores.

    - Geisenberger (1969) estudou 1.173 neoplasias malignas em

    ces sendo que destas, 16% estavam situadas na glndula mamria. O estudo

    foi realizado no Instituto de Patologia de Mnchen (Alemanha) no perodo de

    1951 a 1969.

    - Yanchev (1988) descreveram treze neoplasias mamrias na

    cadela, sendo 9 adenocarcinomas, 3 carcinomas e 1 sarcoma. Em nenhuma

    delas verificou a presena de partculas virais. Os estudos foram realizados na

    Bulgria.

    - Ogiluie (1989) usaram a imagem radionuclear para identificar as

    metstases sseas em cadelas portadoras de tumores malignos.

    - Van Harften (1992) comentam que as mastectomias na cadela,

  • 22

    podem-se limitar a uma glndula ou se estender remoo bilateral de toda a

    cadeia mamria, indicando a retirada conjunta dos linfonodos regionais quando

    se tratar de tumores malignos.

    - Adamu (1992) estudou 500 tumores em ces, atravs de bipsia

    entre machos e fmeas. Encontrou 60,8% de tumores malignos e 39,2% de

    tumores benignos. Nas fmeas, registrou 35,9% de tumores mamrios, nas

    seguintes raas: Boxes, Poodle, Gemam Chifras e Cocker Spaniel. Em 52

    casos dos tumores de mama observou metstases pulmonares. Os estudos

    foram realizados na Polnia, na cidade de Lublin.

    - Walter (1992) entre os anos de 1981 a 1990, estudaram 7.169

    ces com neoplasias. Elas foram a causa mortis em 1.726 dos casos (24%); as

    idades variaram entre 10,2 anos e 5,3 anos; 40% dos animais eram da raa

    Boxer. Os gnglios linfticos e a glndula mamria foram as sedes mais

    freqentes dos tumores estudados por esses autores.

    - Sautet (1992) estudaram a drenagem linftica e topografia das

    glndulas mamrias de 141 cadelas portadoras de tumores mamrios. Os

    autores propem a remoo dos tumores mamrios com a disseco do bloco

    mamrio, conjuntamente com os gnglios adjacentes.

    - Kusewitt (1992) estudaram atravs de ultramicroscopia

    eletrnica a histopatologia de estruturas fuso-celulares em carcinomas

    mamrios da cadela.

    - Boldzsar (1992) estudou neoplasmas mamrios em cadelas,

    segundo a causa e idade avanada.

    - Destexhe (1993) transplantaram fibrossarcomas mamrios em

  • 23

    ratos, em srie. Os resultados foram estudados histologicamente e imuno-

    histoquimicamente. Os autores concluram que o mtodo era importante na

    caracterizao de uma srie grande de neoplasias mamrias.

    - Wurm (1993) procederam a exames por aspirao, bipsias e

    imprinte em tumores mamrios da cadela, assim como de tumores de pele. Os

    tumores puderam ser confirmados em 57 e 65 casos.

    - Salda (1993) descreveram em 3 ces e um gato, clulas

    gigantes em carcinomas mamrios, fato bastante incomum, o que levou a

    adiantados estudos genticos.

    - Langred (1993) estudou 2 adenocarcinomas mamrios sendo

    que em um deles ocorreu embolia linftica.

    - Haudiquet (1993) estudaram em um co da raa Cocker Spaniel

    com 9 anos de idade, um carcinoma mamrio, com metstases mltiplas

    vertebrais.

  • 24

    2.1 ANATOMIA DAS GLNDULAS MAMRIAS

    Normalmente os ces possuem cinco pares de glndulas

    mamrias, e os gatos possuem quatro pares (CROUCH, 1979; EVANS,1979).

    observada distinta separao na linha mdia, entre as cadeias mamrias

    direita e esquerda. A irrigao sangunea s glndulas mamrias em ces,

    provm dos ramos esternais das artrias torcica interna, intercostal e torcica

    lateral (glndulas 1 e 2 da Fig 1); da artria epigstrica superficial cranial

    (glndula 3 da Fig 1), e das artrias epigstrica superficial caudal, epigstrica

    profunda cranial, abdominal segmentada, labial, e ilaca circunflexa profunda

    (glndulas 4 e 5). A drenagem venosa das glndulas bastante similar

    irrigao arterial, exceto que pequenas veias podem cruzar a linha mdia entre

    as glndulas direita e esquerda. Os linfticos podem cruzar a linha mdia e

    podem penetrar nas paredes abdominal e torcica. O linfonodo axilar recebe a

    drenagem linftica das glndulas 1 e 2, e o linfonodo inguinal superficial recebe

    a drenagem das glndulas 4 e 5. Os linfticos da terceira glndula mamria

    comumente drenam atravs do linfonodo axilar, mas podem drenar

    caudalmente (EVANS,1979; SLATTER, 1998) .

  • 25

    Fonte: SLATTER (1998)

    Os linfonodos inguinais superficiais, tambm chamados de

    linfonodos mamrios nas fmeas, fazem a drenagem linftica das mamas

    caudais. Esto situados na gordura inguinal entre a parede abdominal ventral e

    a mama inguinal. Geralmente encontram-se dois linfonodos, podendo haver at

    trs ou quatro. Alm das mamas, so responsveis pela drenagem da pele e

    tecido subcutneo do abdome, vulva e membro plvico. Estes linfonodos

    drenam para os ilacos mediais, na cavidade abdominal, passando atravs do

    anel inguinal (SLATTER, 1998).

    O linfonodo axilar est localizado junto ao plexo axilar, envolto em

    uma massa de gordura ventral artria toracodorsal, na regio entre a primeira

    e a segunda costelas. Este linfonodo drena as primeiras mamas craniais. Um

    segundo linfonodo pode estar presente. O linfonodo axilar tambm drena a

    pele, subcutneo e msculo cutneo do tronco, assim como a pele, subcutneo

    e parte da musculatura do membro torcico.

    Figura 1: Anatomia das glndulas mamrias A Drenagem linftica das glndulas mamrias: 1 linfonodos axilares 2 linfonodo inguinal superficial B Principal irrigao sangunea das glndulas mamrias: 3 ramos esternais da artria torcica interna 4 artria torcica lateral 5 artria epigstrica superficial cranial 6 - artria epigstrica superficial caudal 7 astria pudenta externa

  • 26

    A drenagem pode seguir para a veia jugular comum ou formar

    conexes com os troncos traqueais e ducto torcico (GETTY, 1986).

    A mama torcica cranial drena somente para o linfonodo axilar,

    atravs de um canal linftico isolado (SAUTET et al., 1992; RAHAL et al.,

    1995).

    A mama torcica caudal pode drenar apenas para o linfonodo

    axilar (RAHAL et al., 1995) ou pode drenar o axilar e/ou inguinal (SAUTET et

    al., 1992).

    A mama abdominal cranial pode drenar para o linfonodo axilar,

    inguinal ou ambos (SAUTET et al., 1992; RAHAL et al., 1995).

    A mama abdominal caudal drena apenas para o linfonodo inguinal

    (RAHAL et al., 1995) ou para o axilar e/ou inguinal (SAUTET et al., 1992).

    A mama inguinal drena apenas para o linfonodo inguinal

    (SAUTET et al., 1992; RAHAL et al., 1995).

    Existem conexes linfticas plexiformes entre as mamas torcica

    caudal e as abdominais, o que pode explicar a drenagem da mama torcica

    caudal para o linfonodo inguinal e da mama abdominal caudal para o linfonodo

    axilar (SAUTET et al., 1992).

    As duas mamas torcicas e a abdominal cranial podem drenar

    ainda para os linfonodos esternais craniais, que so pouco estudados por no

    serem acessveis cirurgia (SAUTET et al., 1992).

    Comunicaes linfticas entre as cadeias esquerda e direita no

    so observadas (SAUTET et al., 1992, RAHAL et al., 1995).

  • 27

    2.2 FISIOLOGIA DAS GLNDULAS MAMRIAS

    De acordo com Brodey (1983, apud ZZCCARI 2001), O rpido

    desenvolvimento da glndula mamria no perodo da puberdade, atravs da

    ao estrognica gera a formao de clones de clulas alteradas, formando

    ndulos hiperplsicos. Esses ndulos no podem ser diagnosticados

    clinicamente, pois apresentam em um tamanho de 1 a 4 mm de dimetro, mas

    a partir do momento em que esto expostos a fatores carcinognicos se

    transformam em neoplasia. Podemos ento concluir que os estrgenos

    induzem a formao neoplsica indiretamente, pois responsvel pelo

    desenvolvimento do epitlio e das glndulas mamrias e propicia condies

    necessrias para a mutao (TATEYAMA, 1977 apud ZACCARI, 2001).

    Acredita-se que a pseudogestao leve a formao de ndulos hiperplsicos

    ou a prpria formao da neoplasia, mas estudiosos no acreditam nessa

    relao (MOULTON, 1990 apud ZACCARI , 2001)

    Segundo Maccaw (1996), nem todos os fatores que levam a

    formao da neoplasia mamria so conhecidos, mas os principais fatores

    parece ser representados pelos hormnios estrognio e progesterona. Cadelas

    no castradas tm chances de 3 a 7 vezes maior de desenvolver neoplasia

    mamria (JONHNSTON, 1995). Cadelas castradas antes do primeiro ciclo

    estral tm 0.5% de chances de desenvolver neoplasia mamria, pois ser for

    castrada depois do primeiro ciclo estral passa para 8% de chances de

    desenvolver, a partir do segundo do ciclo estral 26% de chances. A incidncia

    de tumores aumenta com um nmero de ciclos estrais. A presena de

    receptores nos tumores sugere um papel importante dos hormnios como um

    fator para a formao das neoplasias mamrias. Nos ces 56% dos tumores

    apresentam receptores de estrognio e progesterona em tumores benignos e

    de 44% em tumores mamrios benignos ( MACCAW, 1996). A etiologia da

    formao dos tumores mamrios em ces e gatos desconhecida (KITCHEL,

    1999 apud GALERA, 2002). Segundo Waldron (2001), os hormnios no

    fatores bem discutidos sendo considerado como um dos principais fatores, mas

    no podemos esquecer de outros fatores como: genticos, ambientais e

    alteraes moleculares devido ao envelhecimento.

  • 28

    2.3 ETIOLOGIA

    Desconhece-se a causa das neoplasias mamarias, porm, cerca de

    50% dos carcinomas mamrios possuem receptores estrognicos, os outros

    50% so fibroadenomas, ou seja, tumores benignos. Pode se associar a

    administrao de progesterona com o desenvolvimento dos tumores mamrios

    nos gatos, pois os receptores tumorais felinos so progesterona positivos. Os

    ces com tumores da glndula mamaria benignos apresentam um risco de

    mais de trs vezes de desenvolver, subseqentemente uma malignidade

    mamaria de tipo celular diferente. Nos gatos, cerca de 86% dos tumores de

    mama so malignos. GILBERTSON et al. publicaram um sistema de

    classificao para os carcinomas mamrios com base em seu comportamento

    biolgico. Neste sistema, h quatro estgios histolgicos:

    Estgio 0: proliferao maligna limitada aos limites anatmicos do

    sistema ductal mamrio, i. , carcinoma "in situ".

    Estgio 1: proliferao maligna estendendo-se para alm dos limites

    anatmicos do sistema ductal mamrio, e at o estroma circunjacente,

    i., carcinoma invasivo sem invaso vascular ou linftica identificvel.

    Estgio 2: carcinoma invasivo com invaso vascular ou linftica, ou

    metstase nos linfonodos regionais.

    Estgio 3: evidncia de afeco metasttica.

  • 29

    A hiptese da etiologia viral para tumores mamrios nas fmeas

    dos carnvoros domsticos, embora no esteja completamente fora de questo,

    no tem confirmao segura nas observaes at a presente data

    (PELETEIRO, 1994; ALENZA et al., 2000).

    J a de etiologia hormonal a mais aceita, pois verifica-se

    diferenas significativas em relao ao ndice de ocorrncia tumoral, em

    cadelas e gatas castradas ou no (PELETEIRO, 1994; ALENZA et al., 2000).

    Quando a esterilizao feita antes do 1 cio, na cadela, o risco

    de ocorrncia de tumores mamrios de 0,05% , antes do 2 cio de 8% e

    aps o mesmo, a taxa de ocorrncia igual aos animais no esterilizados, ou

    seja, 26%. Na gata, quando a esterilizao se procede antes do 2 cio, o risco

    de ocorrncia de 0,06% (PELETEIRO, 1994; ALENZA et al., 2000).

    Os esterides ovarianos so considerados como um dos fatores

    etiolgicos dos tumores mamrios em cadelas e gatas, pois quase todos os

    animais afetados so fmeas e a ovariectomia precoce diminui a incidncia

    (JOHNSTON, 1993; PELETEIRO, 1994).

    A idade primeira prenhez, nmero de gestaes, ciclos estrais

    irregulares e pseudogestao so fatores contraditrios e ainda no forma

    determinadas as influncias na carcinognese mamria (JOHNSTON, 1993;

    ALENZA et al.,2000).

    Fatores nutricionais, como obesidade em idade jovem,

    alimentao caseira rica em carne bovina e suna e pobre em frango, tem sido

    relacionados com a ocorrncia de tumores mamrios (ALENZA et al.,2000).

    O diagnstico clnico deve basear-se na histria pregressa mais

    completa possvel, como a data do incio da leso, velocidade de crescimento,

    manifestaes de prurido, eliminao de secreo e dados de comportamento

    sexual (cios, gestaes e anticoncepcionais) como a realizao de exames

    laboratoriais completos (PELETEIRO, 1994; MACCAW, 1996; STONE, 1998).

  • 30

    2.3.1 PRINCPIOS DA EXCISO DE TUMORES

    O objetivo da remoo de um tumor a remoo de todas as

    clulas neoplsicas; portanto, h necessidade da remoo de margem cirrgica

    adequada de tecido normal em torno da neoplasia, como garantia de que no

    ser deixada qualquer clula neoplsica no local primrio. Estas margens

    projetam-se profundamente e tambm por todos os lados do tumor. Alguns

    tumores invasivos parecem estar encapsulados, mas na verdade possuem

    pseudocpsula composta de clulas tumorais comprimidas (WITHROW, 1989)

    2.3.2 HISTOPATOLOGIA

    Aps a cirurgia, o tumor cutneo submetido a incises, para que

    haja possibilidade de fixao completa em formalina tamponada, antes de sua

    apresentao para exame histopatolgico. importante a inciso do lado

    cutneo da massa tumoral; devemos evitar a inciso da margem cirrgica,

    porque a inciso desta parte pode desarranjar os planos teciduais de tal forma

    que se tornar difcil, para o patologista, determinar se as clulas neoplsicas

    se estendem at a margem cirrgica. Foi publicada na literatura veterinria

    uma tcnica que permite o exame de toda a margem cirrgica em cortes

    congelados (ALLEN, 1989). A exciso de tumores cutneos usando orientao

    histolgica denominada cirurgia de Mohs (em homenagem ao seu criador),

    sendo utilizada comumente na cirurgia humana, para a deteco de reas da

    margem cirrgica que esto penetradas por clulas neoplsicas. A

    necessidade de pessoal especializado e os custos elevados limitam o uso

    desta tcnica em Medicina Veterinria (ALLEN, 1989).

  • 31

    Aproximadamente 50% a 60% dos tumores mamrios caninos

    so benignos e muitos deles so fibroadenomas (JOHNSTON, 1993).. Os

    outros 40 a 50% dos tumores mamrios so malignos e 50% podem

    metastatizar (4% so sarcomas, 4% so carcinomas inflamatrios e 42% so

    adenocarcinomas) . Tumores benignos podem ser mistos (possuem

    componentes epiteliais e mesenquimais), adenomas ou tumores mesenquimais

    benignos. Adenocarcinomas so os tumores malignos mais freqentes e

    sarcomas mistos so freqentes. Sarcomas representam 5% dos tumores

    malignos e tem alto risco de metstase comparado com carcinomas

    (STRAFUSS, 1985). Valores prognsticos de marcadores biolgicos nucleares

    de neoplasias mamrias atravs da imunohistoqumica como AgNOR e Ki-67

    podem auxiliar na determinao dos ndices de proliferatio tumoral no ciclo

    celular em cadelas tratadas cirurgicamente para avaliao do comportamento

    da neoplasia mamria (BICHARD, 1998; ETTINGER,1997).

    2.4 ABORDAGEM CLNICA

    Histrico completo, registro de sexo, raa, idade, administrao

    de hormnios sexuais, fase do ciclo estral, partos, episdios de

    pseudogestao, data do aparecimento, velocidade de crescimento do tumor.

    Exame fsico para detectar outros possveis problemas de sade, cuidadosa

    palpao de todo tecido das glndulas mamrias, identificao de cada tumor,

    seu tamanho e sua fixao (na pele e tecidos profundos), consistncia, sinais

    inflamatrios e lceras, presena e caracterstica de secreo de leite. A

    ocorrncia maior nos pares caudais das glndulas mamrias. Os linfonodos

    axilares e inguinais tambm devem ser examinados; bipsia aspirativa por

    agulha fina destes ndulos pode ser til no diagnstico de metstase.

  • 32

    Para determinao do estgio clnico so necessrios radiografias

    torcicas, hemograma completo, painel bioqumico e ultra-sonografia

    abdominal.

    A hiptese da etiologia viral para tumores mamrios nas fmeas

    dos carnvoros domsticos, embora no esteja completamente fora de questo,

    no tem confirmao segura nas observaes at a presente data

    (PELETEIRO, 1994; ALENZA ect al., 2000).

    J a de etiologia hormonal a mais aceita, pois verifica-se

    diferenas significativas em relao ao ndice de ocorrncia tumoral, em

    cadelas e gatas castradas ou no (PELETEIRO, 1994; ALENZA et al., 2000).

    2.4.1 ANAMNESE

    O proprietrio pode ter notado o aparecimento do tumor ou o

    veterinrio num exame de rotina nota o aparecimento do tumor. Geralmente o

    proprietrio demora cerca de 5 meses entre notar o aparecimento da massa e

    levar ao veterinrio, principalmente em gatos. Os sinais aparecem em ces,

    geralmente aps os 6 anos de idade, e nota-se uma freqncia destes tumores

    em ces de raas esportivas (Pointers, Retrievers, Setters Ingleses e Spaniels),

    Poodles, Boston Terriers e Teckels. Acredita-se que os Chihuahuas e Boxers

    sejam raas de baixo risco.

  • 33

    2.4.2 EXAME FSICO

    Nos ces, os tumores desenvolvem-se mais freqentemente nas

    glndulas mamrias caudais. Estes podem, dependendo do estgio, serem

    pequenos, mveis, lobulares, firmes, fixos na parede corporal e ulcerados.

    Os carcinomas inflamatrios so tumores altamente agressivos e,

    geralmente, seus portadores tambm apresentam-se amplamente

    metastticos, por ocasio do diagnstico. Os ces com carcinoma inflamatrio

    apresentaro glndulas difusamente inchadas com pouca demarcao entre os

    tecidos normal e anormal, que podem ser confundidas com mastite (que s

    ocorre aps o estro, desmame ou pseudociese). Os sarcomas (fibrossarcomas,

    osteossarcomas e condrossarcomas) representam menos de 5% dos tumores

    mamrios caninos (BICHARD,1998).

    Nas gatas jovens e no castradas podem ser confundidos com

    hipertrofia mamaria, o que pode ser diferenciado pelo teste de estimulao com

    progesterona endgena ou exgena ou um exame histolgico. Os linfonodos

    felinos axilares e inguinais podem estar aumentados de volume

    (ETTINGER,1997).

    Nos ces existe uma pequena possibilidade de metstase ssea,

    3,3%, portanto caso o animal esteja claudicando ou com inchao sseo

    indicada a radiografia da rea afetada (BICHARD,1998).

  • 34

    2.4.3 DIAGNSTICO

    O plano diagnstico orienta-se determinao da extenso da

    doena e estabelecimento do estgio. A palpao permite detectar ndulos de

    0,5cm. Deve-se palpar todas as glndulas cuidadosamente a fim de sentir a

    consistncia do parnquima. O RX e a Ultra-sonografia podem detectar a

    presena de metstase.

    Para concluso do diagnstico, deve-se realizar bipsia tumoral,

    pois a citologia aspirativa no recomendada por ser um mtodo no efetivo

    para a diferenciao entre maligno e benigno (OKEEFE, 1997; MACCAW,

    1996; STONE 1998).

    2.4.4 AVALIAO HISTOLGICA

    A maioria dos tumores mamrios possuem difcil avaliao

    histolgica, no entanto til na diferenciao da hipertrofia mamaria nos gatos

    e do carcinoma inflamatrio da mastite nos ces.

  • 35

    2.4.5 RADIOGRAFIA

    Radiografias torcicas so necessrias pois entre 25 e 50% dos

    casos de neoplasias mamrias malignas fazem metstase para o trax. Caso

    estejam envolvidas as glndulas caudais, radiografe o abdmen para avaliar os

    linfonodos ilacos. Utilize tambm a ultra-sonografia abdominal para avaliao

    do tamanho e consistncia destes linfonodos, avaliao do parnquima

    heptico e esplnico (possveis metstases) (BICHARD,1998).

    Fig 2: Radiografia torcica mostrando metstase pulmonar

    Fonte: Clnica Escola Dr. Paulo Alfredo Gissoni

    2.4.6 OUTROS TESTES DIAGNSTICOS

    Caso o animal tiver que ser operado, indicado a realizao de

    um hemograma completo, perfil bioqumico e urinlise.

    Se houver evidncias de fluido pleural nas radiografias torcicas,

    aspira-se o fluido e examina-se microscopicamente.

  • 36

    3 TRATAMENTO CLNICO-CIRRGICO

    Segundo Johnston (1993) e Okeefe, (1997) relatam que na

    ausncia de metstases, a cirurgia o tratamento de escolha para tumores

    mamrios. As porcentagens de recidiva e o tempo de sobrevida no so

    afetados pelo tipo de procedimento cirrgico. Com relao gata, recomenda-

    se a mastectomia em bloco ou unilateral, uma vez que a infiltrao do linftico

    de ocorrncia comum.

    O tratamento de escolha a resseco cirrgica que inclui:

    lumpectomia, mastectomia parcial ou total, unilateral total ou bilateral. Os prs

    e contra de exciso radical e local discutida. A seleo da tcnica depende

    do tamanho do tumor, nmero de glndulas mamrias afetadas, local, fixao

    entre os tecidos anexos e estado clnico do paciente. O mtodo de remoo

    no importante para prognstico como obteno de margem limpa e nenhum

    teste comprovou melhora na sobrevida em pacientes submetidos a

    mastectomia radical. Resseco de linfonodo imperativo se a citologia revelar

    clulas tumorais. Estudos recentes indicaram que ovariosalpingohisterectomia

    concomitante a remoo de tumor mamrio prolonga a sobrevida no somente

    em pacientes com tumor benigno mas tambm em malignos. O uso de

    quimioterapia no tratamento de tumor mamrio maligno controverso e

    indicado se a paciente tem alto risco de metstase. A tcnica cirrgica a

    clssica descrita nos tratados de cirurgia, devendo lembrar sempre em manter

    uma margem de tecido normal de 1 a 2 cm da borda tumoral (BELLAH, 1993;

    FOSSUM et al., 1997).

  • 37

    Figura 3: Variaes nas opes de resseco cirrgica

    Fonte: SLATTER ( 1998)

    Lumpectomia (nodulectomia) remoo do tumor de 1 cm de tecido normal,

    sem a remoo da glndula circundante. Adequada para tumores pequeno

    (menos 5 mm), circunscrito e no-invasivo.

    Mastectomia simples remoo da glndula mamria inteira evitando o

    extravasamento do leite e linfa no interior do ferimento ( Figura 3-B ).

    Mastectomia regional estende-se ao interior das glndulas mamrias

    adjacentes. Quando 2 ou mais glndulas encontram-se neoplsicas ( Figura

    3-B,4,5 ).

    Mastectomia unilateral completa Quando mltiplas glndulas mamrias

    contm tumores, removem-se todas as glndulas do mesmo lado e o tecido

    interposto, em vez de retirar cada glndula separadamente e deixar o tecido

    entre as glndulas (Fig. 3-C,6,7).

  • 38

    Tumores de glndulas contralaterais mastectomia simples bilateral,

    regional ou completa. O fator limitante a quantidade de pele que se

    encontrar disponvel aps exciso para fechamento. No caso de ces com

    o peito relativamente raso (Yorkshires, Pequineses) e dos gatos, possvel

    mastectomia completa bilateral. No caso de ces com o peito fundo (Setter,

    Pointer), no possvel retirar glndulas craniais contralaterais com

    margens adequadas e ainda ser possvel fechar a pele. Neste tipo de co o

    ideal realizar a mastectomia bilateral em estgios. Operar um lado e aps

    2 4 semanas operar o outro lado ( Fig. 3-A ).

    Fig 4: Massa tumoral em mama Fig 5: Cadela submetida a mastectomia

    abdominal caudal regional unilateral:

    Fonte: Clnica Vet. Vida de Co Fonte: Clnica Vet. Vida de Co

    Boa Vista, Roraima Boa Vista, Roraima

    Fig 6: Massa tumoral em mama Fig 7: Cadela submetida a mastectomia

    abdominal cranial unilateral completa

    Fonte: Clnica Vet. Vida de Co Fonte: Clnica Vet. Vida de Co

    4 5

    6

    4 7

    5

  • 39

    Para determinar se a pele pode ser suturada depois da

    resseco, posicionar o animal em decbito dorsal, apreender a pele em cada

    margem lateral das glndulas mamrias, e tracionar a pele at o centro do

    abdmen, e at que os dedos se toquem. Deve haver quantidade satisfatria

    de pele para a ocluso. Assim, ser evitada a reteno deliberada de tecido

    glandular por temor de que margens amplas possam impedir a ocluso

    adequada da ferida (Fig. 8). Se isto puder ser feito, a ferida poder ser ocluda.

    A disseco bilateral similar praticada para a mastectomia unilateral,

    exceto pela preservao de pennsula triangular de pele que se estende

    caudalmente at o processo xifide (Fig. 3-A). A ocluso tem incio com suturas

    "ambulantes" / itinerantes, para o avano das margens cutneas na direo da

    linha mdia (SWAIM, 1980).

    Suturas subcuticulares so aplicadas no sentido caudocranial, e

    faz-se a aposio da pele com suturas interrompidas simples. Algumas vezes,

    h necessidade do uso de suturas com dispositivo de sustentao aplicadas

    perto do processo xifide, onde trs planos da pele esto em oposio, porque

    esta a rea sob a maior tenso. No incomum que ocorra deiscncia desta

    parte da inciso suturada. O cirurgio deve estar ciente que a ocluso da ferida

    sob excessiva tenso no compromete a respirao normal. Sob tais

    circunstncias, podem ser aconselhveis tcnicas de alvio da tenso

    (SLATTER, 1998).

    Figura 8: Sutura de pele em mastectomia em cadeia

    Fonte: SLATTER (1998)

  • 40

    3.1 OVARIO-HISTERECTOMIA

    No se demonstrou que a ovario-histerectomia realizada no

    momento da exciso tumoral altere o prognstico. Caso queira realiz-la por

    outros motivos, deve-se faz-la antes da exciso tumoral evitando-se assim a

    semeadura de clulas tumorais para a cavidade tumoral (SLATTER, 1998).

    Os esterides ovarianos so considerados como um dos fatores

    etiolgicos dos tumores mamrios em cadelas e gatas, pois quase todos os

    animais afetados so fmeas e a ovariectomia precoce diminui a incidncia

    (JOHNSTON, 1993; PELETEIRO, 1994).

    A idade primeira prenhez, nmero de gestaes, ciclos estrais

    irregulares e pseudogestao so fatores contraditrios e ainda no forma

    determinadas as influncias na carcinognese mamria (JOHNSTON, 1993;

    ALENZA et al.,2000).

    Numa pesquisa, foi dito que ces submetidos remoo de

    tumores mamrios sem que todo o tecido mamrio tivesse sido excisado

    tinham maior tendncia para sofrer tumores mamrios, em comparao com

    ces que nunca haviam sofrido este tipo de tumor (FERGUSON,1985). A

    concluso a que se chegou foi que todo o tecido mamrio devia ser removido

    (FERGUSON,1985). Entretanto, uma investigao mais recente foi incapaz de

    documentar qualquer efeito benfico da exciso do restante do tecido mamrio

    sobre o tempo de sobrevida; conseqentemente, foi recomendada a exciso de

    tumores mamrios com ampla margem cirrgica (ALLEN, 1989).

    A exciso cirrgica dos tumores mamrios deve ser recomendada para

    todos os ces e gatos, exceto quando h evidncia de afeco metasttica

    distante, ou quando est presente um carcinoma inflamatrio. Este ltimo tipo

    de tumor extremamente invasivo, e comumente estar bastante avanado

    por ocasio da realizao dos exames diagnsticos. comum a recidiva do

    carcinoma inflamatrio logo aps a exciso. A exciso do tumor local medida

    paliativa apenas quando so observadas metstases distantes

    ( SLATTER,1998).

  • 41

    4 PROGNSTICO

    Reservado para as seguintes situaes: tamanho tumoral grande

    (acima de 3 cm); invaso linftica; metstase local para linfonodos distantes;

    fixao em tecidos anexos; ulcerao; falta de positividade receptor

    estrognico; histologia anaplsica e rpido crescimento tumoral. O prognstico

    no influenciado pela extenso da resseco cirrgica. Tempo de sobrevida

    de 4 a 17 meses para animais com tumor maligno. Normalmente as metstase

    de tumor maligno ocorrem 2 anos da cirurgia (1 a 9 meses). Embora os

    pulmes sejam os locais mais freqentes de metstases, outros locais incluem

    o crebro, fgado, rins, linfonodo abdominal, corao, glndulas adrenais e

    osso (TANAKA, N. 2003) ( Fig 1, 6).

    O prognstico para cadelas com tumores benignos bom, aps a

    cirurgia, e os malignos dependem de vrios fatores que incluem o tipo e estgio

    tumoral. Em tumores malignos sem metstases, no detectadas no tempo da

    cirurgia, os animais morrem ou so eutanasiados por problemas relacionados

    ao tumor entre 1 ou 2 anos.

    De acordo com Okeef (1997), a neoplasia de mama de pior

    prognostico o carcinoma inflamatrio (Fig 6), pois o tipo de neoplasia que

    cresce rapidamente, invadem lifonodos cutneos gerando edema e

    inflamaes intensas. Ficam difusamente tumefados invadem varias glndulas,

    sendo a maioria das vezes bilaterais, podendo haver edema de membro devido

    ocluso linftica. A pele da mama afetada sempre se apresenta com eritema,

    quente, levemente endurecida, com bordas bem delimitadas lembrando at

    mesmo uma mastite (LEVER, 1999 apude CARDOSO, 2002), A recorrncia

    desse tipo de tumor ocorre logo aps o tratamento, podendo ser de um espao

    de semanas ou meses.

  • 42

    Alm disso, pode desencadear sndromes paraneoplsica, dentre

    Elas a mais comum a Coagulao intravascular disseminada (CID)

    ( STOCKHAUS et al., 1999 apud CARDOSO, 2002).

    O prognstico piora quando h presena de clulas neoplsicas

    em veias sanguneas e linfticas (OKEEFE, 1997; MACCAW, 1996; STONE

    1998).

    Fig 9: Adenocarcinoma inflamatrio na mama abdominal caudal e

    metstase cutnea.

    Fonte: Clnica Escola Dr. Paulo Alfredo Gissoni

  • 43

    5 CONCLUSO

    A partir destes dados de literatura, ao optar pela mastectomia em

    bloco para tratamento do cncer de mama em caninos, o cirurgio deve

    fundamentar sua deciso nas conexes linfticas apresentadas entre as

    diferentes glndulas e no trajeto de drenagem para os linfonodos. Desta

    maneira, minimiza-se a chance de remanescncia de clulas neoplsicas nos

    ndulos linfticos e, conseqentemente, o risco de recidiva tumoral ps-

    cirrgica.

    Estudos ainda so necessrios para elucidar os aspectos

    controversos na terapia dos tumores mamrios. Cirurgia radical ou local deve

    ser considerada caso-a-caso e a possvel desvantagem em castrar cadelas

    adultas. O uso de tamoxifeno como terapia adjuvante tambm considervel

    dado ao potencial benfico do manejo e o risco dos efeitos colaterais.

    Conhecimento da origem hormonal dos tumores mamrios provavelmente

    resultar na nova estratgia de tratamento e contribuir no entendimento da

    tumorognese das neoplasias mamrias.

  • 44

    6 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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  • 45

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