5
PERSONALIDADE 42 Mirantte PRISCILA PRADE

Matéria Mirantte

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Matéria sobre Marcello Airoldi

Citation preview

Page 1: Matéria Mirantte

PERSONALIDADE

42 Mirantte

Pr

isc

ila

Pr

ad

e

Page 2: Matéria Mirantte

Magazine 43

Airoldi: sucesso nos palcos, à frente das câmeras e nos bastidores

Ator fala sobre sua trajetória no universo da dramaturgia e dos novos desafios para este ano

Por AnA PAulA Bortoloni

O talento de Marcello Airoldi não se resume apenas a interpretar um personagem. Além de atuar, escreve e dirige espetáculos e também dá aulas de teatro. Formado pela Escola de Arte Dramática da Universidade de São Paulo (USP), ficou mais conhecido do público após fazer o ga-lanteador Gustavo na novela Viver a Vida (2009), da Rede Globo, onde vivia um bem-humorado triângulo amoroso com a mulher Betina (Letícia Spiller) e a prima dela, a jornalista Malu (Camila Morgado). Mas a sua trajetória no teatro é bem mais longa, já completa 21 anos.

A paixão pela dramaturgia pode ter surgido ainda na adolescência, quando as peças da escola eram feitas com seriedade de profissional. “Era como um compromisso ético que, desde aquela época, eu en-carava com muita responsabilidade”, lembra.

Para ele, o início não foi fácil. O salário de office-boy que recebia em Barueri, onde morava, não dava para pagar a mensalidade do primeiro curso de tea-tro. Para bancar o sonho, Airoldi trabalhava durante o dia e estudava a noite.

MarcelloMas a dedicação pela arte, aos poucos, lhe ren-

deu convites que enriqueceram sua vida profissional. No cinema, filmou recentemente o longa-metragem Onde está a felicidade?, com Carlos Alberto Riccelli, Bruna Lombardi, Dan Stulbach e Sandra Coverlloni.

Na televisão, além de Viver a Vida, fez uma participação na novela Belíssima (2005), vivendo um segurança de um shopping center. Também interpretou Adoniran Barbosa no programa Por Toda Minha Vida, que contou a história de um dos principais compositores brasileiros.

Com o Núcleo Teatro de Perto, o ator seguiu até dezembro de 2010 em viagem pelo país com as peças Um segundo e meio, de sua au-toria, e Café com Torradas, de Gero Camilo. Até o dia 27 de fevereiro, Airoldi está em car-taz no Teatro Jaraguá com a comédia britâni-ca Os Penetras, onde vive um funcionário que resolve bisbilhotar a casa do chefe junto com sua esposa.

Nesta entrevista à Mirantte, ele conta alguns de-talhes da sua carreira, fala dos projetos para 2011 e também do seu personagem na nova minissérie da Globo, Divã, sucesso do cinema adaptado para

Page 3: Matéria Mirantte

44 Mirantte

PERSONALIDADE

televisão que tem como protagonista a personagem Mercedes, vivida pela talentosa Lilia Cabral, e vai ao ar em abril. Confira!

Mirantte Magazine: O que o teatro representa para você?

Marcello airoldi: Teatro para mim é um ofí-cio de pessoas inquietas, de gente povoada de perguntas. A matéria-prima do ator é o homem, isso me interessa profundamente. O teatro é a melhor ferramenta de acesso à filosofia, política, psicologia e à humanidade do homem. “Brincar” de ser outro, sem deixar de ser eu mesmo, me traz novas descobertas a respeito do outro e de mim mesmo.

Mirantte: Na sua trajetória profissional, o humor está quase sempre presente. É uma opção ou aconteceu? É o que você mais gosta de fazer?

Marcello: O riso é uma das chaves da apro-ximação entre público e ator, e o humor é uma forma eficaz de dizer coisas fortes, de acessar a plateia. Apesar de gostar muito de comédias, não posso dizer que é minha preferência. É pra-zeroso fazer uma boa tragédia, por exemplo. O ideal é sempre interpretar personagens de todos os gêneros.

ráPidas: Família é: família amigos são: espelhos da genteUm lugar: qualquer lugar no fim da tarde com vinho e amigos. atuar é: descobrir o outro em vocêHumor é: políticoTragédia é: Medéia, Bodas de Sangue, Édi-po, Hamlet... eu admiro na dramaturgia: os novos dra-maturgos corajosos que colocam em cartaz suas peças e caras para bater.Um desafio profissional: é dirigir um filmeUm conselho para os iniciantes: sempre pensar no que você quer falar, porque falar. Nunca aquietar-seMarcello airoldi por Marcello airoldi: melhor lerem a entrevista, rsrs

Pr

isc

ila

Pr

ad

e

Page 4: Matéria Mirantte

Mirantte: Você se considera uma pessoa natural-mente engraçada?

Marcello: Não. Acho até que sou um pouco me-lancólico às vezes, meio mal humorado. De qualquer forma, o humor é um recurso presente.

Mirantte: depois de uma longa trajetória nos palcos, como foi estrear na TV? Quando isso aconteceu?

Marcello: Interpretar um personagem para a tele-visão está sendo uma experiência muito interessan-te. É um jeito muito diferente e tem sido um exercí-cio muito rico para mim. No final de 2008 gravei Por toda minha vida, homenageando Adoniran Barbosa. Depois veio Viver a Vida, com um personagem muito legal, muito bem escrito e, agora, estou gravando a minissérie Divã.

Mirantte: além de ator, você é autor, diretor e pro-fessor de teatro. O que você prefere: atuar nos pal-cos, os bastidores ou diante das câmeras?

Marcello: Gosto de todas essas funções. Aprendo muito dando aulas, é um exercício fan-tástico. É muito bom transitar por todas essas atividades, me dá condições de explorar o teatro por mais perspectivas e aprender mais. São la-dos completamente diferentes em mim, as moti-vações são diferentes. Cada área me provoca de um jeito, me realiza de uma forma.

Mirantte: como foi interpretar adoniran Barbosa em Por toda minha vida?

Marcello: Esse trabalho foi muito importante por todas as circunstâncias que o cercavam: acabamen-to técnico, direção muito cuidadosa, um roteiro fiel à biografia do compositor e humorista. Além de ter sido um grande privilégio, Adoniran é um dos princi-pais orgulhos de São Paulo e do Brasil.

Mirantte: O que mudou na sua vida após o Gustavo de Viver a vida?

Marcello: O trabalho na TV dá muita visi-bilidade. Em pouco tempo você fica popular do Oiapoque ao Chuí e até do outro lado do oceano (cheguei a dar autógrafos para portu-

gueses no aeroporto de São Paulo, por exem-plo). Isso faz com que eu me preocupe cada vez mais com a qualidade e com o conteúdo daquilo que faço.

Mirantte: Por que você acredita que o persona-gem fez tanto sucesso?

Marcello: Meu núcleo tinha muita química, acredito que isso tenha ajudado bastante. Nós protagonizávamos os momentos cômicos de uma novela muito densa e o Maneco e a dire-ção souberam tirar um bom proveito disso. Foi um encontro muito feliz, no momento certo.

Pr

isc

ila

Pr

ad

e

lUc

iaN

a s

err

a

Os penetras

Page 5: Matéria Mirantte

46 Mirantte

PERSONALIDADE

Mirantte: No teatro, você está em cartaz na comé-dia Os penetras. como é o seu personagem?

Marcello: Victor Moshka é um homem comum, proletário inglês da década de 1980. Trabalha mui-to e ganha pouco. É casado e leva uma vida sem grandes atrativos. É funcionário de uma empresa de dedetização e alimenta certa frustração por ser su-bordinado a um “velho amigo” do serviço público. A peça aborda temas como a relação de poder entre patrão empregado e as dificuldades de diálogo entre pai e filho. Mas o interessante do texto é como se dão os embates entre os personagens. Numa noite após o Natal, Moshka e sua esposa invadem a casa do patrão como ratos que aproveitam a ausência do gato para se banquetear. Mas não estão sozinhos. O dono da casa está escondido no armário ouvindo cada palavra que é dita a seu respeito. A trama se desenrola misturando climas de tensão e uma pitada de vaudeville. Victor é um personagem cômico, mas carrega consigo a densidade de alguém cujas desilu-sões e frustrações deixaram marcas profundas.

Mirantte: Qual foi o personagem que você mais gostou de interpretar? Qual deles é mais parecido com você?

Marcello: Pergunta ingrata. Rsrs. Talvez seja como responder de qual filho você gosta mais. Cada perso-nagem faz com que você se aproxime de um univer-so diferente e de formas de trabalho completamente diversas. Alguns te provocam e fazem agir mais pela intuição, outros exigem um estudo mais elaborado e racional. Essas diferenças me estimulam muito. Cada montagem sugere um caminho para o encon-tro das particularidades do personagem, da melhor maneira de interpretá-lo. De qualquer forma, o per-sonagem nasce da relação com outro personagem e, consecutivamente, do jogo entre os atores. Certa-mente os trabalhos que participei em que a relação do grupo era boa, de desafios e entrega, em que se mergulhava no espírito artístico sem medo de perder, com ambiente de generosidade e paixão, me agrada-ram mais. Um personagem que me desperta grande paixão ultimamente é o homem que interpreto no monólogo Um segundo e meio, que escrevi e tenho apresentado em vários lugares do Brasil.

Mirantte: Já recebeu convite para fazer ou-tras novelas?

Marcello: Ainda não.

Mirantte: e nas ruas, você é muito assediado pelas fãs?

Marcello: Quando a novela estava no ar sim, mas agora as coisas estão mais tranquilas. A televisão tem uma ação imediata no público. É como uma re-lação cotidiana que cria uma espécie de intimidade entre o ator e o espectador. Às vezes me cumpri-mentavam nas ruas como se eu fosse um amigo antigo. Por sorte essa relação sempre foi muito cari-nhosa e raras vezes me senti desrespeitado.

Mirantte: Qual é seu personagem na minissérie divã que estreia em abril?

Marcello: Sou o Jurandir, vizinho de Mercedes, per-sonagem de Lilia Cabral, e gerente de sua conta ban-cária. Um viúvo apaixonado e que não perde a chance de fazer seus galanteios tentando conquistá-la.

Mirantte: Quais seus projetos para 2011?Marcello: Fico em cartaz até final de feverei-

ro com Os penetras, depois viajo um pouco com a peça. Volto em cartaz com Um segundo e meio, um solo que escrevi e atuo. As outras coisas... estou acertando, melhor não falar ainda. Rsrs

Pr

isc

ila

Pr

ad

e