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RESUMO TEÓRICO 2 1) MAX WEBER Weber nasceu na Alemanha onde o positivismo teve menor repercussão. A grande influência filosófica no pensamento de weber vai ser o idealismo de Kant e Hegel. As filosofias kantiana e hegeliana preocuparam-se mais com a maneira como a razão poderia apreender o conhecimento. O conhecimento, para a filosofia alemã, é fruto da relação da razão com os objetos do mundo. Assim, o conhecimento, para Weber, não é objetivo pela simples razão ou pela racionalidade do objeto, como sustentavam os pensadores positivistas (Ex. Durkheim), mas pela forma como se conduz o ato de conhecer. Weber traz uma nova concepção de objetividade do conhecimento humano: os acontecimentos não são apenas vividos, mas também pensados e, conseqüentemente, a ciência não pode apreendê-los apenas pela sua exterioridade, mas também pela maneira como são interiorizados pelos indivíduos. 1.1 Método Compreensivo Weber, não ignorou a dimensão histórica dos acontecimentos como faziam os positivistas que acreditavam que os indivíduos estavam dissolvidos em meio às forças sociais impositivas. Segundo Weber, o caráter particular e específico de cada formação social e histórica contemporânea deve ser respeitado. O conhecimento histórico, entendido como a busca de evidências, torna-se um poderoso instrumento para o cientista social. Entretanto, Weber não achava que uma sucessão de fatos históricos fizesse sentido por si mesma. Por isso, propunha para esse trabalho o método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas. Essa atitude de compreensão é que permite ao cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social. Portanto, compreender é captar a evidência ao sentido de uma atividade. 1.2 Objeto de estudo: a ação social

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RESUMO TEÓRICO 2

1) MAX WEBER

Weber nasceu na Alemanha onde o positivismo teve menor repercussão. A grande influência filosófica no pensamento de weber vai ser o idealismo de Kant e Hegel. As filosofias kantiana e hegeliana preocuparam-se mais com a maneira como a razão poderia apreender o conhecimento. O conhecimento, para a filosofia alemã, é fruto da relação da razão com os objetos do mundo. Assim, o conhecimento, para Weber, não é objetivo pela simples razão ou pela racionalidade do objeto, como sustentavam os pensadores positivistas (Ex. Durkheim), mas pela forma como se conduz o ato de conhecer. Weber traz uma nova concepção de objetividade do conhecimento humano: os acontecimentos não são apenas vividos, mas também pensados e, conseqüentemente, a ciência não pode apreendê-los apenas pela sua exterioridade, mas também pela maneira como são interiorizados pelos indivíduos.

1.1 Método Compreensivo

Weber, não ignorou a dimensão histórica dos acontecimentos como faziam os positivistas que acreditavam que os indivíduos estavam dissolvidos em meio às forças sociais impositivas. Segundo Weber, o caráter particular e específico de cada formação social e histórica contemporânea deve ser respeitado. O conhecimento histórico, entendido como a busca de evidências, torna-se um poderoso instrumento para o cientista social.Entretanto, Weber não achava que uma sucessão de fatos históricos fizesse sentido por si mesma. Por isso, propunha para esse trabalho o método compreensivo, isto é, um esforço interpretativo do passado e de sua repercussão nas características peculiares das sociedades contemporâneas. Essa atitude de compreensão é que permite ao cientista atribuir aos fatos esparsos um sentido social. Portanto, compreender é captar a evidência ao sentido de uma atividade.

1.2 Objeto de estudo: a ação social

O ponto de partida da Sociologia de Weber não estava nas entidades coletivas, grupos ou instituições. Seu objetivo de investigação é a ação social, conduta humana dotada de sentido. Assim, o homem/indivíduo, ganhou, na teoria weberiana, significado e especificidade. O homem dá sentido à ação social social: estabelece a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.A sociologia é, para Weber, a ciência que pretende compreender, interpretar, a ação social, para dessa forma, explicar suas causas e efeitos.O conceito de ação social é, portanto, um dos mais importantes da sociologia de Weber. Ele o define como uma conduta humana (ato, omissão, permissão) dotada de um sentido subjetivo dado por quem o executa, o qual orienta seu próprio comportamento, tendo em vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou de outros que, por sua vez, podem ser “individualizados e

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conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos”.

1.3 Tipo ideal

Para compreender o sentido subjetivo que orienta ação do(s) indivíduo(s), weber constrói um modelo de desenvolvimento da conduta racional e, a partir dele, interpreta outras conexões de sentido, sejam aquelas irracional e afetivamente condicionadas ou as que sofreram influências irracionais de toda espécie, tomando-as como desvios do modelo constituído. Weber trabalha com uma elaboração limite – útil para o estudo sociológico – que chama de tipos puros ou ideais.

Os tipos puros ou ideais são referências que o cientista utiliza para compreender a realidade social, diminuindo o impacto de suas pré-noções. São modelos / instrumentos metodológicos que servem de apoio ao sociólogo para sua pesquisa. O tipo-ideal refere-se a "um quadro do pensamento", não é algo a ser alcançado, é somente um conceito limite puramente ideal, utilizado para comparar com a realidade. Tais conceitos são imagens sobre as quais construímos relações que a nossa imaginação, formada e orientada segundo a realidade, julga adequadas. Quer dizer, no tipo ideal estão expressas as pré-noções do cientista que ao utilizá-lo para comparar com a realidade, seja possível compreender a realidade em si.

1.4 Os tipos puros de ação social

As condutas humanas serão tanto mais racionalizadas quanto menor a submissão do agente aos costumes e afetos e quanto mais ele se oriente por um planejamento adequado à situação. Weber constrói quatro tipos puros de ação social: ação social racional com relação a fins, ação social racional com relação a valores, ação social afetiva, ação social tradicional.

A ação será racional com relação a fins se, para atingir um objetivo previamente definido, lança-se mão dos meios necessários ou adequados, ambos avaliados e combinados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista . Ex: A conduta científica ou uma ação econômica.

A ação será racional com relação a valores se, o agente da ação orientar-se por fins últimos, agindo de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta somente sua fidelidade a certos valores como senso de dignidade, crenças religiosas, políticas, morais, estéticas, por valores que preza, tais como a justiça, a honra, a honestidade, a fidelidade, etc... O que dá sentido à ação é sua racionalidade quanto aos valores que a guiaram. Ex: aqueles que lutam em prol dos valores que consideram indiscutíveis ou acima de quaisquer outros, como a paz, o exercício da liberdade (política, religiosa, de uso de drogas, etc.) em benefício de uma causa.

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A ação será afetiva se, o sujeito age de modo afetivo inspirado em suas emoções imediatas – vingança, ciúme, raiva, paixão – pode levar uma pessoa a magoar alguém a quem ama, a destruir algo que lhe é precioso ou a produzir uma obra de arte.

A ação será tradicional se, os hábitos e costumes arraigados levam a pessoa agir em função deles (“sempre foi assim”). Ex: batismo dos filhos, casar de branco, etc.

1.5 Relação social

É definida por Weber como uma conduta plural (de duas ou mais pessoas) reciprocamente orientada, dotada de conteúdos significativos, que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de um certo modo.Como exemplos de relações sociais temos a amizade, as trocas mercantis, as relações eróticas. O vendedor que aceita um cheque do comprador, o político que propõe a seus possíveis eleitores executar certos atos estão se baseando em probabilidades esperadas da conduta de outras pessoas.As relações sociais estão dotadas de “conteúdo significativo”. Weber refere-se ao conteúdo comunitário quando fundado num sentimento subjetivo (afetivo ou tradicional) de pertencimento mútuo que se dá entre as partes envolvidas. Já as relações sociais de características associativas apóiam-se num acordo de interesses motivados racionalmente ( seja com base em fins ou valores). Podemos encontrar na maioria das relações sociais elementos comunitários e associativos.

1.6 Tendência à racionalização

Se quiséssemos caracterizar, em uma só idéia, a marca distintiva que Weber identifica nas sociedades ocidentais contemporâneas, seria a de que o mundo tende com certeza à racionalização em todas as esferas da vida social.Quanto mais a sociedade “prospera” em termos de desenvolvimento, vão se criando novas necessidades a serem supridas, necessitando de um planejamento para cumprir essas novas necessidades mediante de um processo de organização.Um dos meios através do qual essa tendência à racionalização se atualiza nas sociedades ocidentais é a burocracia, que é uma forma de organizar a própria sociedade para que esta não entre em colapso, crise, desordem. Pode ser verificada da administração pública à gestão dos negócios privados, da Máfia à polícia, dos cuidados com a saúde às formas de lazer, escolas, clubes, partidos políticos, igrejas, etc. Portanto, Weber, acreditava que as sociedades modernas caminham no sentido de uma crescente racionalidade e burocratização ao nível de suas formas de conhecimento.

1.7 A ética protestante e o espírito do capitalismo

Weber tinha como uma de suas principais preocupações compreender as especificidades das sociedades ocidentais que levaram ao desenvolvimento do capitalismo. A presença muito significativa de protestantes de várias seitas

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entre os empresários e os trabalhadores qualificados nos países capitalistas mais industrializados sugeriu a Weber a possibilidade da existência de algum tipo de afinidade particular entre certos valores presentes na época do surgimento do capitalismo moderno e a ética protestante. Por meio da análise de obras de puritanos e de autores que disseminavam a doutrina, Weber chegou a conclusão que havia uma relação possível de se estabelecer entre a consolidação do capitalismo e a ética protestante. A partir daí, procura estabelecer seus efeitos no comportamento dos indivíduos e sobre o desenvolvimento capitalista.Weber descobre que valores do protestantismo – como a disciplina ascética, a poupança, a austeridade, a vocação, o dever e a propensão ao trabalho – atuavam de maneira decisiva sobre os indivíduos. No seio das famílias protestantes, os filhos eram criados para o ensino especializado e para o trabalho fabril, optando sempre por atividades mais adequadas à obtenção do lucro, preferindo o cálculo e os estudos técnicos ao estudo humanístico. Weber mostra a formação de uma nova mentalidade, um ethos propício ao capitalismo, em flagrante oposição ao afastamento e à atitude contemplativa do catolicismo.

2) KARL MARX

Economista, filósofo e socialista alemão, Karl Marx nasceu em Trier em 5 deMaio de 1818 e morreu em Londres a 14 de Março de 1883.Entre os primeiros trabalhos de Marx, foi antigamente considerado como o mais importante o artigo Sobre a crítica da Filosofia do direito de Hegel, em 1844, primeiro esboço da interpretação materialista da dialética hegeliana. Só em 1932 foram descobertos e editados em Moscou os Manuscritos Econômico-Filosóficos, redigidos em 1844 e deixa-os inacabados. É o esboço de um socialismo humanista, que se preocupa principalmente com a alienação do homem; sobre a compatibilidade ou não deste humanismo com o marxismo posterior, a discussão não está encerrada.

2.1 Método de investigação: materialismo histórico-dialético

2.1.1 Materialismo Dialético:

Baseado em Demócrito e Epicuro sobre o materialismo e em Heráclito sobre a dialética (do grego, dois logos, duas opiniões divergentes), Marx defende o materialismo dialético, tentando superar o pensamento de Hegel e Feuerbach.A dialética hegeliana era a dialética do idealismo (doutrina filosófica que nega a realidade individual das coisas distintas do "eu" e só lhes admite a idéia), e a dialética do materialismo (Marx) é posição filosófica que considera a matéria como a única realidade e que nega a existência da alma, de outra vida e de Deus. Hegel apresentava uma filosofia que procurava demonstrar a perfeição do que existia (divinização da estrutura vigente); Marx apresentava uma filosofia revolucionária que procurava demonstrar as contradições internas da sociedade de classes e as exigências de superação.A dialética marxista postula que as leis do pensamento correspondem às leis da realidade. A dialética não é só pensamento: é pensamento e realidade a um só tempo. Mas, a matéria e seu conteúdo histórico ditam a dialética do

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marxismo: a realidade e pensamento são contraditórios e se complementam.Assim, apesar das diversidades aparentes, escravidão, servidão e capitalismo seriam essencialmente etapas sucessivas de um processo único. A base da sociedade é a produção econômica. Sobre esta base econômica (infra-estrutura) se ergue uma superestrutura, um estado e as idéias econômicas, sociais, políticas, morais, filosóficas e artísticas.

2.1.2 Materialismo-Histórico:

Na teoria marxista, o materialismo histórico pretende a explicação da história das sociedades humanas, em todas as épocas, através dos fatos materiais, essencialmente econômicos e técnicos. A sociedade é comparada a um edifício no qual as fundações, a infra-estrutura, seriam representadas pelas forças econômicas, enquanto o edifício em si, a superestrutura, representaria as idéias, costumes, instituições (políticas, religiosas, jurídicas, etc). A propósito, Marx escreveu, na obra A Miséria da filosofia (1847): As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas. Adquirindo novas forças produtivas, os homens modificam o seu modo de produção, a maneira de ganhar a vida, modificam todas as relações sociais.Tal afirmação, defendendo rigoroso determinismo econômico em todas as sociedades humanas, foi estabelecida por Marx dentro do permanente clima de polêmica que mantiveram com seus opositores, e atenuada com a afirmativa de que existe constante interação e interdependência entre os dois níveis que compõe a estrutura social: da mesma maneira pela qual a infra-estrutura atua sobre a superestrutura, sobre os reflexos desta, embora, em última instância, sejam os fatores econômicos as condições finalmente determinantes.

2.2 Existencialismo

O que Marx mais critica é a questão de como compreender o que é o homem. Não é o ter consciência (ser racional), nem tampouco ser um animal político, que confere ao homem sua singularidade, mas ser capaz de produzir suas condições de existência, tanto material quanto ideal, que diferencia o homem.A essência do homem é não ter essência, a essência do homem é algo que ele próprio constrói, ou seja, a História.A existência precede a essência; nenhum ser humano nasce pronto, mas o homem é, em sua essência, produto do meio em que vive que é construído a partir de suas relações sociais em que cada pessoa se encontra. Assim como o homem produz o seu próprio ambiente, por outro lado, esta produção da condição de existência não é livremente escolhida, mas sim, previamente determinada. O homem pode fazer a sua História, mas não pode fazer nas condições por ele escolhidas.As relações sociais do homem são tidas pelas relações que o homem mantém com a natureza, onde desenvolve suas práticas, ou seja, o homem se constitui a partir de seu próprio trabalho, e sua sociedade se constitui a partir de suascondições materiais de produção, que dependem de fatores naturais (clima, biologia, geografia...) ou seja, relação Homem-Natureza, assim como da divisão social do trabalho, sua cultura. Logo, também há a relação Homem-Natureza- Cultura.

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2.3 A origem histórica do capitalismo

O capitalismo surge na história, por circunstâncias diversas, uma enorme quantidade de riqueza se concentra nas mãos de uns poucos indivíduos, que têm por objetivo a acumulação de lucros cada vez maiores.Uma importante mudança aconteceu quando, a partir do século XVI, o artesão, as corporações de ofício foram substituídas, respectivamente, pelo trabalho "livre" assalariado — o operário — e pela indústria.Na produção artesanal da Idade Média e do Renascimento, o trabalho mantinha em sua casa os instrumentos de produção. Aos poucos, porém, estes passaram às mãos de indivíduos enriquecidos, que organizaram oficinas. A revolução industrial introduziu inovações técnicas na produção que aceleraram o processo de separação entre o trabalhador e os instrumentos de produção. As máquinas e tudo o mais necessário ao processo produtivo — força motriz, instalações, matérias-primas — ficaram acessíveis somente aos mais ricos. Quer dizer, uma classe (burguesia) detém a propriedade privada dos meios de produção, que conseqüentemente passará a explorar a classe não detentora da propriedade privada dos meios de produção (proletariado). A partir disso, os artesãos, isolados, não podiam competir com o dinamismo dessas nascentes indústrias e do conseqüente crescimento do mercado. Com isso, multiplicou-se o número de operários "livres" expropriados, artesãos que desistiam da produção individual e empregavam-se nas indústrias, que não tendo outra alternativa para sobreviver, começaram a vender suas forças de trabalho. E assim, institui-se uma sociedade de classes (burguesia X proletariado) de interesses antagônicos que serão responsáveis por um embate permanente chamado, por Marx, de Luta de Classes.

2.4 Luta de classes

Segundo Marx, as desigualdades sociais observadas no seu tempo eram provocadas pelas relações sociais de produção do sistema capitalista, que dividem os homens em proprietários e não-proprietários dos meios de produção.As desigualdades são a base da formação das classes sociais.As relações entre os homens se caracterizam por relações de oposição, antagonismo, exploração e complementaridade entre as classes sociais. Marx identificou relações de exploração da classe dos proprietários — a burguesia — sobre a dos trabalhadores — o proletariado. Isso porque a posse dos meios de produção, sob a forma legal de propriedade privada dos meios de produção, faz com que os trabalhadores, a fim de assegurar a sobrevivência, tenham de vender sua força de trabalho ao empresário capitalista, o qual se apropria do produto do trabalho de seus operários.Essas mesmas relações são também de oposição e antagonismo, na medida em que os interesses de classe são inconciliáveis. O capitalista deseja preservar seu direito à propriedade dos meios de produção e dos produtos e à máxima exploração do trabalho operário, seja reduzindo os salários, seja ampliando a jornada de trabalho. O trabalhador, por sua vez, procura diminuir a exploração ao lutar por menor jornada de trabalho, melhores salários e participação nos lucros.

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Por outro lado, as relações entre as classes são complementares, pois uma só existe em relação à outra. Só existem proprietários porque há uma massa de despossuídos cuja única propriedade é sua força de trabalho, que precisam vender para assegurar a sobrevivência. As classes sociais são, pois, apesar de sua oposição intrínseca, complementares e interdependentes.Para Marx, a história de toda sociedade é a história da luta de classes. É por meio da luta de classes que as principais transformações estruturais são impulsionadas, por isto ela é dita o "motor da história". As divergências, oposições e antagonismos de classes estão subjacentes a toda relação social, nos mais diversos níveis da sociedade, em todos os tempos, desde o surgimento da propriedade privada.

2.5 Revolução

Para Marx os trabalhadores estariam dominados pela ideologia da classe dominante, ou seja, as idéias que eles têm do mundo e da sociedade seriam as mesmas idéias que a burguesia espalha.O capitalismo seria atingido por crises econômicas porque ele se tornou o impedimento para o desenvolvimento das forças produtivas. Seria um absurdo que a humanidade inteira se dedicasse a trabalhar e a produzir subordinada a um punhado de grandes empresários. A economia do futuro que associaria todos os homens e povos do planeta, só poderia ser uma produção controlada por todos os homens e povos. Para Marx, quanto mais o mundo se unifica economicamente mais ele necessita de socialismo.Não basta existir uma crise econômica para que haja uma revolução. O que é decisivo são as ações das classes sociais. A luta do proletariado do capitalismo não deveria se limitar à luta dos sindicatos por melhores salários e condições de vida. Ela deveria também ser a luta ideológica para que o socialismo fosse conhecido pelos trabalhadores e assumido como luta política pela tomada do poder. Neste campo, o proletariado deveria contar com uma arma fundamental, o partido político, o partido político revolucionário que tivesse uma estrutura democrática e que buscasse educar os trabalhadores e levá-los a se organizar para tomar o poder por meio de uma revolução socialista.

2.6 Mais-valiaMarx tentou demonstrar que no capitalismo sempre haveria injustiça social, e que o único jeito da burguesia ampliar sua riqueza , sua fortuna seria explorando os trabalhadores, ou seja, o capitalismo, de acordo com Marx é selvagem, pois o operário produz mais para o seu patrão do que o seu próprio custo para a sociedade, e o capitalismo se apresenta necessariamente como um regime econômico de exploração, sendo a mais-valia a lei fundamental do sistema.A mais-valia é constituída pela diferença entre o preço pelo qual o empresário compra a força de trabalho e o preço pelo qual ele vende o resultado. Desse modo, quanto menor o preço pago ao operário e quanto maior a duração da jornada de trabalho, tanto maior o lucro empresarial. Por exemplo: João trabalha em uma indústria de bolsas, 8 horas diárias e 40 horas semanais e recebe ao final de 4 semanas (1 mês), o pagamento de seu salário (R$ 240,00). Quer dizer, para cada dia trabalhado, João recebe R$ 12,00. Mas

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João produz por dia, 5 bolsas que serão vendidas por um valor de R$ 50,00 cada, portanto 250,00 referentes á venda das 5 bolsas. Os custos diários coma produção das 5 bolsas (materiais, impostos, gerenciamento, etc.) ficaram em média 100,00. Isso significa que, ao longo de um mês, o capitalista será os seguintes gastos:

– Gastos c/ a produção : 100,00 x 5 dias: 500,00 x 4 semanas: 2.000,00– Salário do trabalhador que produziu as bolsas: 240,00– Valor das vendas das bolsas: 250,00 x 5 dias: 1.250,00 x 4 semanas: 5.000,00

5.000,00 (vendas)– 2.000,00 (gastos c/ a produção)240,00 (salário)__________2.760,00 (lucro ) - expressão da mais valia.

Assim, ao final de um mês, com a produção de 100 bolsas, o capitalista terá 2.760,00 de lucro. Mas, quem produziu esse lucro? Foi o trabalhador que nesta conta aparentemente coerente, recebeu apenas 240,00 em um mês de serviço. Isso significa que, em 2 dias de serviço, o capitalista vende 10 bolsas por 500,00, gasta 200,00 c/ custos de produção, paga o salário do trabalhador 240,00 e ainda obtêm um lucro de 60,00. O restante de dias para completar um mês de serviço, o capitalista usufrui da força de trabalho sem preocupar-se com o custo de sua remuneração. Quer dizer, durante os dois primeiros dias, o trabalhador estará criando valor para si mesmo (salário), no restante dos dias, estará criando valor para o capitalista.Em síntese: A mais-valia é a expressão do grau de exploração da força de trabalho pelo capital e pode ser representada pela diferença entre o trabalho necessário à reprodução da vida do operário (o que é pago) e o trabalhoexcedente, que o trabalhador é obrigado a realizar (não pago). É o trabalho excedente que produz a mais valia; quando resulta da extensão da jornada de trabalho, produz mais valia absoluta, ao passo que produz mais valia relativa, quando resulta da potenciação da produtividade da força de trabalho, pela introdução de novas tecnologias.

2.7 AlienaçãoEconomicamente o capitalismo alienou, separou o trabalhador de seus meios de produção impondo um trabalho especializado em um ambiente de divisão social do trabalho (DST). O homem não consegue reconhecer-se enquanto produtor de toda a riqueza e enquanto classe social iludindo-se com o estado e com a democracia burguesa.O raciocínio de Marx é muito simples: ao criar algo fora de si, o operário se nega no objeto criado. É o processo de coisificação. Assim, quanto mais o mundo das coisas aumenta de valor, mais o mundo dos homens se desvaloriza.A alienação, é fruto da DST uma vez que a produção de um determinado objeto torna-se alheio ao sujeito criador.Por isso, o trabalho que é alienado (porque cria algo alheio ao sujeito criador) permanece alienado até que o valor nele incorporado pela força de trabalho

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seja apropriado integralmente pelo trabalhador. Em outras palavras, a produção representa uma negação, já que o objeto se opõe ao sujeito que o produziu. Ora, se a negação é alienação, a negação da negação é a desalienação. Ou seja, a partir do momento que o sujeito-produtor dá valor ao que produziu, ele já não está mais alienado. Porém, esse combate à alienação se faz com a práxis, uma prática criativa, crítica e transformadora no sentido de construir uma sociedade igualitária, justa socialmente.

2.8 Fetiche de mercadoria

A primeira vista, a mercadoria parece ser coisa trivial, imediatamente compreensível. Porém, com a DST que levou o trabalhador a uma condição alienante de não se reconhecer no produto de seu trabalho, a mercadoria foi adquirindo um caráter misterioso por encobrir as características sociais do próprio trabalho dos homens, apresentando- as como características materiais e propriedades sociais inerentes aos produtos do trabalho. Através dessa dissimulação, os produtos do trabalho se tornam mercadorias, coisas sociais, com propriedades perceptíveis e imperceptíveis aos sentidos. Dessa forma, a mercadoria adquire uma forma fantástica, "humana", capaz de fornecer aos consumidores mais que utilidade, assume o papel de trazer "felicidade", status, etc. As mercadorias ganham vida própria e os produtores dessas vão se tornando coisas, objetos descartáveis.

2.9 Ideologia

A ideologia é um fenômeno histórico-social decorrente do modo de produção econômico. À medida que, numa forma determinada da divisão social se estabiliza, se fixa e se repete, cada indivíduo passa a ter uma atividade determinada e exclusiva, que lhe é atribuída pelo conjunto das relações sociais, pelo estágio das forças produtivas e pela forma da propriedade. Cada um, por causa da rigidez e da repetição de seu lugar e de sua atividade, tende a considerá-los naturais. A naturalização surge sob a forma de idéias que afirmam que as coisas são como são porque é natural que assim sejam.Assim, a inversão entre causa e efeito, princípio e conseqüência, condição e condicionado leva à produção de imagem e idéias que pretendem representar a realidade. As imagens formam um imaginário social invertido — um conjunto de representações sobre os seres humanos e suas relações, sobre as coisas, sobre o bem e o mal, o justo e o injusto, os bons e os maus costumes, etc. Tomadas como idéias, essas imagens ou esse imaginário social constituem a ideologia.

2.10 Práxis

A práxis pode ser definida como uma ação política consciente transformadora ou revolucionária, em que o agente e o produto da ação são idênticos, pois o agente se exterioriza na ação produtora e no produto, ao mesmo tempo em que este interioriza uma capacidade criadora humana, ou a subjetividade.A práxis é um conceito que não se limita à esfera dos trabalhadores. As duas classes sociais podem fazer emergir a práxis, porém, as ações de cada classe possuem sentidos distintos. Enquanto a classe burguesa utiliza a práxis como

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meio de preservar sua propriedade privada dos meios de produção, os trabalhadores devem assumir a práxis como meio de superar as condições impostas pelo sistema capitalista e criar uma outra sociedade sem a divisão social do trabalho e a luta de classes. Dessa forma, a classe explorada (proletariado) constitui-se, para Marx, no mais forte agente da mudança social.

3) CULTURA

Desde a antigüidade, tem-se tentado explicar as diferenças de comportamento entre os homens, a partir das diversidades genéticas ou geográficas.As características biológicas não são determinantes das diferenças culturais: por exemplo, se uma criança brasileira for criada na França, ela crescerá como uma francesa, aprendendo a língua, os hábitos, crenças e valores dos franceses — o que vem combater a idéia de determinismo biológico.Podemos citar, ainda, o fato de que muitas atividades que são atribuídas às mulheres numa cultura são responsabilidade dos homens em outra.O ambiente físico também não explica a diversidade cultural. Por exemplo, os lapões e os esquimós vivem em ambientes muito semelhantes — os lapões habitam o norte da Europa e os esquimós o norte da América. Era de se esperar que eles tivessem comportamentos semelhantes, mas seus estilos de vida são bem diferentes. Os esquimós constroem os iglus amontoando blocos de gelo num formato de colméia e forram a casa por dentro com peles de animais.Com a ajuda do fogo, eles conseguem manter o interior da casa aquecido. Quando quer se mudar, o esquimó abandona a casa levando apenas suas coisas e constrói um novo iglu.Os lapões vivem em tendas de peles de rena. Quando desejam se mudar, eles tem que desmontar o acampamento, secar as peles e transportar tudo para o novo local. Os lapões criam renas, enquanto os esquimós apenas caçam renas. — o que vem combater a idéia de determinismo geográfico.O determinismo biológico, bem como o geográfico são idéias que no passado foram consideradas relevantes para conceituar cultura. Com o passar do tempo diversas investigações foram realizadas e chegou-se a conclusão de que estas teorias, apesar de terem sido importantes para o entendimento de algumas dimensões da natureza humana, apresentando limitações e inconsistência para o entendimento do conceito de cultura.

3.1 Cultura: um conceito antropológico

Em 1871, Edward  B  Tylor definiu cultura  da  seguinte  forma  “ este  todo complexo  que  inclui  os  conhecimentos  , as  crenças  religiosas, a  arte, a  moral  , o direito  , os  costumes  e  todas  as  outras  aptidões  e  hábitos  que  o homem  adquire  como  membro  das  sociedade”.

Essa definição de Tylor   designa  que o termo cultura engloba  tudo aquilo  que  é  relativo  ao homem, sejam  as  coisas  e/ou  os  acontecimentos;  tal conceito  realça  sua    co- extensibilidade  a  tudo  o que  é  humano. Tylor  destaca  as  idéias de  universalidade  da cultura e  de sua  multiplicidade 

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através    do espaço  e  do tempo, daí  o emprego  de  culturas, no  plural  , pelos  antropólogos.

3.2 Uma  prática  econômica  e  simbólica

Para  sobreviver  , o homem  tem de,  como  todo ser vivo  entrar  em relação com a  natureza. Mas  , como  não dispõe  de  equipamentos  biológicos  especializados  e  como  a  manutenção  da  vida  assume  um caráter  valorativo, ele  se  associa  a  outros  homens    para  realizar  essa  tarefa.  E  aí  se  descortina  o horizonte  da  ação humana  como um universos  aberto  e  infinitamente  diversificado. É aí  que, como prática  social,  o homem  desenha   o conjunto  das  suas  ações  em dois  níveis  : o  da  prática  econômica  e  o da  prática  simbólica.

É no âmbito da  prática  econômica  que  o homem  produz  coisas  que  se  transformam  em bens  materiais    e  consumíveis  para  se  manter vivo: alimento, roupa  ,  abrigo, artefatos    domésticos  , meios  de  transporte, ferramentas, etc.  Aí aparece  a  dimensão  prático – material, técnico – científica  da  ação humana.

A ação humana  não se  esgota  na  sua  dimensão  prática. O homem  também  produz  símbolos  , isto é  , valores, idéias  , leis  , linguagem, sonhos  e  fantasias.

Para  permanecer  vivo, ele  produz  bens  materiais  que  lhe  suprem  as  necessidades  corpóreas  e  biológicas. Além disso  , produz    bens  simbólicos  que  o ajudam  a  dar significado  às  suas  ações  e  às  coisas  por  ele  produzidas, bem  como  hierarquiza  e  ordena  o mundo  da  produção  , da  circulação  e  do consumo  desses  bens.

É assim que  o homem  se  liberta  da   natureza  , rompe  as  cadeias  que  o prendem à  animalidade, subtrai-se    de  uma  região  onde  tudo  se    realiza  imperativamente  pela  voz  silenciosa  do instinto  e  inaugura  o mundo da  liberdade, da  indeterminação, da  linguagem, da  educação. Numa  palavra, da cultura.

3.3 Etnocentrismo e relativismo cultural

A Antropologia, que é por excelência a ciência do homem e da cultura, é dotada de inúmeras categorias analíticas que permitem o entendimento das diferenças culturais entre os diferentes grupos, dentre as quais faz parte o etnocentrismo e relativismo.Como toda categoria analítica, o etnocentrismo possui certos princípios que o fundamenta, os quais, neste caso, estão calcados na idéia de que um determinado grupo, frente a outro, apresenta uma percepção das diferenças culturais do “outro” centrada no “eu” – o que remete a uma postura discriminatória e preconceituosa.Essa postura está associada à antropologia pré-moderna, pois nesse período a antropologia esteve focada numa visão etnocêntrica, como se percebe nas idéias apoiadas no darwinismo social e que foi amplamente utilizada para

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explicar as diferenças culturais no século XIX e, acima de tudo, justificar muitas ações colonizadoras.Porém, a partir da primeira metade do século XX, o estudo da cultura ganhou uma dimensão mais universalista, decorrente, principalmente, da contribuição de Edward B Tylor o qual designou que tudo aquilo que é relativo ao homem, sejam coisas e/ou acontecimentos explica-se pelo termo cultura. Com essa concepção, Tylor destaca as idéias de universalidade da cultura e de sua multiplicidade através do espaço e do tempo. Funda-se, então, a noção de “culturas” diferentes, as quais devem ser compreendidas em suas particularidades, descartando, assim, a idéia da superioridade de uma cultura em específico.Nesse sentido, a partir da evidência de que há uma pluralidade cultural da humanidade, pode-se compreender cada grupo humano, seus valores definidos, suas exclusivas normas de conduta e suas próprias reações psicológicas aos fenômenos do cotidiano; e também suas convenções relativas ao bem e mal, ao moral e imoral, ao belo e feio, ao certo e errado, ao justoe injusto etc. Assim, a relatividade cultural ensina que uma cultura deve ser compreendida e avaliada dentro dos seus próprios moldes e padrões, mesmo que estes pareçam estranhos e exóticos.Portanto, o relativismo cultural, outra categoria analítica da antropologia, contrário do etnocentrismo, passa a ser um importante princípio metodológico que permite ao observador ter uma visão mais adequada das culturas, cujos padrões e valores são tidos como próprios e convenientes aos seus integrantes, ou seja, as diferenças culturais só fazem sentido se analisadas dentro do próprio sistema cultural do grupo estudado – o que resulta numa interpretação inversa daquela encontrada no etnocentrismo.

3.4 Cultura popular e cultura erudita

O conceito de cultura vinculado à idéia de erudição e popular teve origem no termo alemão Kultur que relacionava a idéia de cultura com filosofia, arte, literatura, etc.Dessa forma, a cultura estaria presente somente em alguns grupos que tivesse acesso a essas informações intelectuais.A divisão dos conceitos de cultura em erudita e popular representa a própria divisão de classes sociais na sociedade capitalista: elite e trabalhadores (povo).Por meio dessa separação ideológica entre a produção cultural erudita e popular, a cultura erudita seria aquele que é produzida por uma elite (política, econômica, intelectual) que pode ter acesso ao saber associado à escrita, aos livros, ao estudo. Ela é transmitida e legitimada pela escola e confirmada pelas instituições sociais (estado, economia, religião). É a cultura tida como oficial, formal, dominante. Ex: obras de arte, poesia, teatro, música clássica, etc.A cultura popular, por sua vez, seria aquela que é produzida, como o nome mesmo diz, pelo povo, pelas classes subalternas. É tida como a cultura não-formal, a qual é transmitida oralmente de uma geração para outra e por isso apresenta um caráter tradicionalista.Ex: cantigas populares (ciranda, cirandinha), festa junina, feijoada, congada, etc.O problema da definição sobre o que seja popular ou erudito encontra-se na dinâmica da própria sociedade. Como existe um conflito entre classes sociais

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em na sociedade, esse conflito se estende à produção cultural. E como a tentativa é sempre de "amenizar o conflito", esses dois tipos de cultura mantêm um diálogo, incorporando elementos uns dos outros. Assim, a cultura popular incorpora certos elementos da cultura erudita para se legitimar e vice-versa.Essa relação conflituosa e que resulta na incorporação de certos elementos de ambas as partes é "facilitada" por um elemento mediador: a indústria cultural.

3.5 Cultura de massa e indústria cultural

O termo indústria cultural foi criado por Theodor Adorno (1903-1969) e Max Horkheimer (1895-1973), membros de um grupo de filósofos conhecido como Escola de Frankfurt. Ao fazerem a análise da atuação dos meios de comunicação de massa (que a partir de agora serão chamados pela sigla mdcm), esses autores concluíram que eles funcionavam como uma verdadeira indústria de produtos culturais, visando exclusivamente ao consumo. Conforme Adorno, a indústria cultural vende mercadorias, mas, mais do que isso, vende imagens do mundo e faz propaganda deste mundo tal qual ele é e para que ele assim permaneça.

Segundo os dois autores, a indústria cultural pretenderia integrar os consumidores das mercadorias culturais, agindo como uma ponte nociva entre a cultura erudita e a popular. Nociva porque retiraria a seriedade da primeira e a autenticidade da segunda. Adorno e Horkheimer vêem a indústria cultural como qualquer indústria, organizada em função de um público-massa - abstrato e homogeneizado - e baseada nos princípios da lucratividade.

Os meios tecnológicos tornaram possível reproduzir obras de arte em escala industrial. Para os autores, essa produção em série (por exemplo, os discos de música clássica, as reproduções de pinturas, a música erudita como pano de fundo de filmes de cinema) não democratizou a arte. Simplesmente, banalizou-a, descaracterizou-a, fazendo com que o público perdesse o senso crítico e se tornasse um consumidor passivo de todas as mercadorias anunciadas pelos mdcm.

Para Adorno, a indústria cultural tem como único objetivo a dependência e a alienação dos homens. Ao maquiar o mundo nos anúncios que veicula, ela acaba seduzindo as massas para o consumo das mercadorias culturais, a fim de que elas se esqueçam da exploração que sofrem nas relações de produção. A indústria cultural estimularia, portanto, o imobilismo.

Ao contrário de Adorno e Horkheimer, Marshall McLuhan (1911-1980) via a atuação dos mdcm de maneira otimista. Estudando principalmente a televisão, o autor acreditava que ela poderia aproximar os homens diminuindo as distâncias não apenas territoriais como sociais entre eles. O mundo iria transformar-se, então, numa espécie de "aldeia global", expressão que acabou ficando clássica entre os teóricos da comunicação.

O crítico Umberto Eco, por sua vez, faz uma distinção polêmica entre os autores dedicados ao estudo da indústria cultural. Segundo ele, esses autores

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dividem-se entre "apocalípticos" (aqueles que condenam os meios de comunicação de massa) e "integrados" (aqueles que os absolvem).

Entre os motivos para condenar os mdcm, segundo os "apocalípticos", estariam:

a veiculação que eles realizam de uma cultura homogênea (que desconsidera diferenças culturais e padroniza o público);

o seu desestímulo à sensibilidade; o estímulo publicitário (criando, junto ao público, novas necessidades de

consumo); a sua definição como simples lazer e entretenimento, desestimulando o

público a pensar, tornando-o passivo e conformista. Nesse sentido, os mdcm seriam usados para fins de controle e manutenção da sociedade capitalista.

Entre os motivos para absolver os mdcm, apontados pelos "integrados" estariam:

serem os mdcm a única fonte de informação possível a uma parcela da população que sempre esteve distante das informações;

as informações veiculadas por eles poderem contribuir para a própria formação intelectual do público;

a padronização de gosto gerada por eles funcionar como um elemento unificador das sensibilidades dos diferentes grupos. Nesse sentido, os mdcm não seriam característicos apenas da sociedade capitalista, mas de toda sociedade democrática.

EXERCÍCIOS PROPOSTOS

MAX WEBER

QUESTÃO 01

Com relação à formulação weberiana da ação social, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

1 - ( ) A ação social nasce do sentido atribuído pelo indivíduo.2 - ( ) A ação social cujo sentido é compartilhado por indivíduos constitui uma relação social.3 - ( ) A ação social sempre é motivada por um cálculo racional, visando a obtenção de determinado fim.4 - ( ) A ação social (Weber) é um conceito equivalente ao de fato social (Durkheim).

RESPOSTA: VVFF

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QUESTÃO 02

Sobre o conceito de ação social em Weber, marque para as afirmativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 ( ) A ação social é aquela na qual o indivíduo se orienta pela ação dos outros.2 ( ) Toda e qualquer ação individual implica uma relação social.3 ( ) Uma relação significativa entre ações individuais estabelece uma relação social.4 ( ) A ação social está fundada na coletividade, estabelecendo uma relação social.

RESPOSTA: VFVF

QUESTÃO 03

Sobre a ética do trabalho, conforme a sociologia de Max Weber, marque para as afirmativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 ( ) O estilo de vida normativo, com base na ética religiosa católica, possibilitou o desenvolvimento da mentalidade econômica burguesa no Ocidente.2 ( ) Há uma relação impositiva entre a ética protestante e o espírito do capitalismo no sentido do desenvolvimento da moderna economia burguesa.3 ( ) Há uma relação causal entre a ética racional protestante, fundada no trabalho, e o espírito do capitalismo, que possibilitou o desenvolvimento deste último no Ocidente.4 ( ) Há uma relação causal entre o desenvolvimento da ética religiosa protestante, fundada na contemplação, e o espírito do capitalismo, levando ao desenvolvimento deste último no Ocidente.RESPOSTA: FFVFQUESTÃO 04

Sobre a definição de ação social para Weber, marque para as afirmativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 ( ) Está fundada na coletividade, de forma a estabelecer uma relação social.2 ( ) Implica necessariamente uma relação social, prescindindo de significação.3 ( ) É um conceito de análise típico-ideal, que apresenta correspondência com a realidade histórica.4 ( ) É aquela que se orienta pela ação dos outros, sendo, portanto, reciprocamente referida.

RESPOSTA: FFVV

QUESTÃO 05

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Conforme a sociologia de Max Weber, marque para as afirmativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 ( ) A ação social é qualquer ação que o grupo social pratica, orientando-se pela própria ação e estabelecendo relações sociais significativas.2 ( ) A vida social é resultado de um conjunto de ações individuais orientadas a um determinado fim e reciprocamente referidas, estabelecendo-se, assim, as relações sociais.3 ( ) Toda ação social está condicionada por idéias de valores que são fenômenos histórico materiais.4 ( ) A vida social é resultado de um conjunto de ações coletivas, reciprocamente referidas de forma a estabelecer relações sociais.

RESPOSTA: FVFF

QUESTÃO DISCURSIVA

Max Weber cria uma tipologia da ação social, considerando as motivações

correlatas (tradicional, afetiva e racional). Com base na sociologia compreensiva deste autor clássico, disserte sobre a ação social tradicional e a

ação social racional.

RESOLUÇÃO:

Max Weber, sociólogo alemão, fundamenta sua perspectiva analítica da sociedade nos princípios do idealismo. Assim, esse autor considera que a realidade social, muito ampla e complexa, expressa a infinitude de sentidos que orientam as ações e relações sociais dos indivíduos.Assim, a análise da realidade social enquanto totalidade não é possível na visão desse sociólogo, pois os sentidos e os nexos causais das ações sociais são inesgotáveis, intermináveis. Por isso, como forma de interpretação dessa realidade, Weber pauta-se num instrumento analítico chamado tipo ideal.Dessa forma, Weber cria quatro conceitos típicos ideais limites para compreensão das ações dos indivíduos: ação social racional com relação a fins, ação social com relação a valores, ação social irracional tradicional e ação social irracional afetiva.As ações sociais serão consideradas racionais quanto mais elas se aproximarem de fins e valores, ou seja, cujos maiores elementos motivadores são objetivos previamente definidos pelo indivíduo em que o mesmo lança mão dos meios necessários para alcançá-los – mais ligada à ação de fins – e quando o indivíduo age de acordo com ou a serviço de suas próprias convicções (éticas, morais, estéticas, religiosas, políticas, etc), levando em conta somente sua fidelidade a tais valores – mais ligada à ação de valores.As condutas dos indivíduos ao se distanciarem desses dois modelos teóricos referidos acima se aproximarão mais dos modelos conceituais das condutas irracionais – tradicional e afetiva.

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A ação social tradicional, expressa, assim, exemplo de um comportamento irracional motivado predominantemente por hábitos e costumes arragaidos que levam a que se aja em função deles, ou como sempre se fez, em reação a estímulos habituais.

QUESTÃO 06

Segundo a sociologia weberiana e acerca da ação social e da relação social, marque para as afirmativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 ( ) Estão, necessariamente, definidas por um corpo diretivo, um corpo administrativo, um quadro de associados e um conjunto normativo.2( ) Revelam a influência que o tecido social exerce sobre os indivíduos, já que, por serem sociais, são de natureza coletiva e coercitiva.3 ( ) A ação social pressupõe, em grande medida, as motivações tradicionais, afetivas ou racionais dos indivíduos.4 ( ) A relação social, nascida dos sentidos compartilhados pelos indivíduos, constitui a base também das associações políticas.

RESPOSTA: FFVV

QUESTÃO 07No dia 30 de junho de 2002 – mesmo dia em que a seleção brasileira de futebol conquistou o penta - morria em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o famoso médium Chico Xavier. Seu velório atraiu nada menos que 100 mil pessoas, movidas, a maioria delas, por suas crenças na reencarnação e na comunicação com os espíritos; por suas esperanças em curas extraordinárias; por seus valores éticos, como a caridade, e, naturamente, por seus laços afetivos com o grande líder religioso. Músicas e roupas alegres, coloridas, deram ao velório um clima de festa, aparentemente incompatível com um acontecimento fúnebre. O motivo era simples: para o espiritismo kardecista não existe luto, sendo a morte vista apenas como mais uma etapa cumprida num longo processo de aperfeiçoamento do espírito. Por isso, a morte de Chico Xavier não deveria ser lamentada, apesar de sentida.

Texto adaptado da Revista IstoÉ, de 10 de julho de 2002.

Analisando os acontecimentos descritos, de acordo com a teoria de Max Weber e, considerando tais acontecimentos dotados de sentido, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1 ( ) está mais próximo das ações irracionais, predominando reações surdas a estímulos habituais, independentemente de fins conscientes.2 ( ) está mais próximo das ações racionais, predominando uma orientação consciente dos agentes, independentemente dos seus resultados.3 ( ) vincula-se a ações totalmente irracionais, implicando reações desenfreadas a estímulos não-cotidianos, independentemente de fins conscientes.4 ( ) vincula-se a ações racionais, implicando, sempre e unicamente, uma orientação consciente dos agentes quanto aos meios e fins.

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RESPOSTA: FVFF

QUESTÃO 08

Na sociologia de Max Weber, o conceito de ação social tem sido fundamental em inúmeros estudos importantes sobre as sociedades modernas. Considere as alternativas teóricas abaixo e assinale (V) verdadeira ou (F) falsa.

1 ( ) O conceito de ação social em Max Weber pretende comprovar a coerção, a interioridade, a particularidade e a generalização dos fatos sociais, a partir da conexão natural de sentidos entre a ética protestante e as imposições do capitalismo de Estado, como se vê nos EUA.

2 ( ) Para Max Weber, a Sociologia é a ciência que pretende interpretar os sentidos prováveis da ação social, suas causas, seus efeitos e suas regularidades, que se expressam na forma de usos, costumes e situações de interesse produzidos por diversos sujeitos.

3 ( ) Max Weber define ação social como uma conduta dotada de um significado subjetivo dado por um sujeito que o executa, orientando seu próprio comportamento, tendo em vista a ação de outros sujeitos conhecidos ou desconhecidos.

4 ( ) Para Max Weber, a explicação sociológica busca compreender os sentidos, o desenvolvimento e os efeitos da conduta de um ou mais indivíduos em relação a outros, ou seja, seu caráter social, se propondo a julgar a validez da ação dos sujeitos.

RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 09

Segundo as concepções de indivíduo e de sociedade na sociologia de Max Weber, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1 ( ) O indivíduo age socialmente, de acordo com as motivações e escolhas que possui e faz, podendo estar relacionadas ou a uma tradição, ou a uma devoção afetiva ou, ainda, a uma racionalidade.2 ( ) A sociedade se opõe aos indivíduos, como força exterior a eles, razão pela qual os indivíduos refletem as normas sociais vigentes.3 ( ) O gênero humano é, irremediavelmente, um ser social, condição expressa pelo fato dos homens e mulheres fazerem a história, mas sempre a partir de uma situação dada.4 ( ) O Estado capitalista nada tem a ver com as escolhas que os indivíduos fazem a partir das motivações que possuem, sendo, na verdade, a expressão das classes sociais em luta.

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RESPOSTA: VFFF

QUESTÃO 10

De acordo com o pensamento weberiano, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1 ( ) Os juízos de valor do pesquisador interferem em alguma fase do processo de investigação científica.2 ( ) A sociologia de Weber é um esforço de explicação da sociedade enquanto totalidade social.3 ( ) O objetivo da sociologia é estabelecer leis gerais explicativas da realidade social.4 ( ) A sociologia compreensiva busca apreender o sentido da ação social e de seus nexos causais.

RESPOSTA: VFFV

QUESTÃO DISCURSIVA

Estabeleça a diferença entre os conceitos de ação social e relação social na teoria sociológica de Max Weber.

RESOLUÇÃO

A ação social é definida por Weber como toda conduta humana dotada de um significado subjetivo dado por quem a executa e que orienta essa ação. Quando tal orientação tem em vista a ação – passada, presente ou futura – de outro ou de outros agentes que podem ser individualizados e conhecidos ou uma pluralidade de indivíduos indeterminados e completamente desconhecidos. Para análise das ações sociais, Weber criou quatro tipos puros: ação social racional em relação a fins, ação social racional em relação a valores, ação social afetivhhhhhha e ação social tradicional.Enquanto que a relação social caracteriza-se por ser uma conduta plural (de vários), reciprocamente orientada, dotada de conteúdos significativos que descansam na probabilidade de que se agirá socialmente de certo modo. A relação social é a probabilidade de que uma forma determinada de conduta social tenha, em algum momento, seu sentido compartilhado pelos diversos agentes numa sociedade qualquer. Como exemplos de relações sociais, temos as de hostilidade, de amizade, as trocas comerciais, etc. Os conteúdos das relações sociais podem ser tanto de cunho comunitário (fundado num sentido subjetivo – afetivo ou tradicional) como associativo(fundado num acordo de interesses motivados racionalmente – fins ou valores).

QUESTÃO 11

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Para explicar os fenômenos sociais, Weber propôs um instrumento de análise que chamou de tipo ideal. Com base nos pressupostos teóricos do autor, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1 ( ) Tipo ideal refere-se a uma construção do pensamento que permite identificar na realidade observada as manifestações dos fenômenos e compará-las.2 ( ) Tipo ideal é uma construção do pensamento que permite conceituar fenômenos e formações sociais a partir de casos particulares analisados.3 ( ) Tipo ideal é um modelo perfeito a ser buscado pelas formações sociais históricas e qualquer realidade observável.4 ( ) Tipo ideal é um modelo que tem a ver com as espécies sociais de Durkheim, exemplos de sociedades observadas em diferentes graus de complexidade.

RESPOSTA: VVFF

QUESTÃO 12SOCIOLOGIACom relação à teoria sociológica de Max Weber acerca da ação social, marque para as alternativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 - ( ) A ação social é aquela à qual o indivíduo atribui um sentido.2 - ( ) A ação social de tipo racional orienta-se pela tradição.3 - ( ) A ação social prescinde de motivação para o indivíduo.4 - ( ) A ação social afetiva funda-se na racionalidade de um determinado padrão legal.

RESPOSTA VFFF

QUESTÃO 13

Quanto às análises weberianas sobre o desencantamento do mundo e o processo de secularização, marque para as alternativas abaixo (V) verdadeira, (F) falsa ou (SO) sem opção.

1 ( ) A secularização diz respeito tanto à expropriação dos bens eclesiásticos quanto ao desencantamento do mundo.2 ( ) A perspectiva de Max Weber é evolucionista e prevê o fim da religião em uma sociedade moderna.3 ( ) A decadência do poder hierocrático seria um sentido forte da secularização.4 ( ) O desencantamento do mundo refere-se tanto à desmagificação via religião ética (os profetas, por exemplo) quanto à ciência e à tecnologia.

RESPOSTA VFVV

QUESTÃO 14

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Max Weber, sociólogo alemão, influenciado pelo idealismo, apresenta uma metodologia peculiar frente a outros cientistas sociais, principalmente, positivistas. Sobre os princípios metodológicos que guiam sua análise, leia as alternativas abaixo e classifique-as em verdadeiras (V) ou falsas (F).

1. ( ) Para Weber, é papel do sociólogo compreender os processos da experiência humana, os quais são dinâmicos e mutáveis, pois precisam ser interpretados para que se extraia deles o seu sentido.

2. ( ) Ao aplicar o método da compreensão às ações sociais, Max Weber elabora os fundamentos de uma sociologia compreensiva ou interpretativa que privilegia veementemente o indivíduo enquanto ser social.

3. ( ) Ao contrário de Durkheim, Weber não pensa que a ordem social tenha que se opor e se distinguir dos indivíduos como uma realidade exterior a eles, mas que as normas sociais se concretizam exatamente quando se manifestam em cada indivíduo sob a forma de motivação.

4. ( ) Max Weber se preocupa em analisar a maneira pela qual o meio social, através de aparelhos de coerção e da própria instituição educativa, contribui para regular, controlar e moldar permanentemente a ação social individual.

RESPOSTA: VVVF

QUESTÃO 15

Em relação a sociologia de Max Weber, julgue (V) verdadeiro ou (F) falso as questões abaixo.

1. ( ) Weber ao definir a ação social a coloca como uma conduta humana dotada de um significado subjetivo dado por que o executa, tendo em vista a ação dos outros.2. ( ) A base do relativismo weberiano se encontra na visão idealista que identifica nos fatores culturais e históricos os fundamentos para a compreensão de uma sociedade.3. ( ) A realidade social para Weber pode, de alguma maneira, ser entendida como um conjunto de fenômenos sociais gerados por nexos causais existentes independentemente dos indivíduos, dos seus motivos e de suas ações.4. ( ) Para Weber, os fenômenos sociais são derivados de uma formação ética e moral introjetada nos indivíduos por meio dos nexos causais.

RESPOSTA: VVFF

QUESTÃO DISCURSIVA

Com base no pensamento de Max Weber, explicite as características do tipo ideal enquanto recurso metodológico.

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O tipo ideal é um instrumento metodológico que serve para orientar o cientista social em sua busca de conexões causais na infinitude do real e se caracteriza pela unilateralidade, racionalidade e caráter utópico. Ao elaborar o tipo ideal, parte-se da escolha, numa realidade infinita, de alguns elementos do objeto a ser interpretado que são considerados pelo investigador os mais relevantes para a explicação. Esse processo de seleção acentua – necessariamente – certos traços e deixa de lado outros, o que confere unilateralidade ao modelo puro. Os elementos causais são relacionados pelo cientista de modo racional, embora não haja dúvida sobre a influência, de fato, de incontáveis fatores irracionais no desenvolvimento do fenômeno real. No relativo à ênfase na racionalidade, o tipo ideal só existe como utopia e não é, nem pretende ser, um reflexo da realidade complexa, muito menos um modelo do que ela deveria ser ele existe somente no plano intelectual, abstrato porque é somente uma representação da realidade.

QUESTÃO 16

Referente ao pensamento de Max Weber, avalie as sentenças abaixo e coloque (V) verdadeiro ou (F) falso.

1.( ) As ações reativas podem ser consideradas ações sociais, a diferença é a motivação dada à ação e podem ser classificadas em instintivas e imitativas.

2. ( ) A ação social pode conter mais de uma motivação, porém, é necessário levar em consideração, os motivos que ficam mais aparentes para que tenha um parâmetro de classificação em um de seus tipos.

3.( ) As ações sociais, assim como os fatos sociais, são exteriores à vontade dos indivíduos, quer dizer, o indivíduo sofre influência determinante da sociedade.

4. ( ) As relações sociais são caracterizadas por condutas plurais dotadas de conteúdos significativos e reciprocidade e podem ser classificadas em associativas e comunitárias.

RESPOSTA: FVFV

QUESTÃO 17

Sobre a perspectiva analítica de Max Weber acerca da sociedade, analise as assertivas que seguem e as classifique em (V) verdadeiras ou (F) falsas.

1.( ) Para Max Weber, a sociedade pode ser explicada a partir de suas leis de desenvolvimento natural que faz com a mesma sempre evolua, seja dinâmica.2. ( ) Os fatores históricos e culturais são imprescindíveis para que o cientista social compreenda as características de uma sociedade, uma vez que eles são produzidos pelas ações dos indivíduos.

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3. ( ) Weber elege o indivíduo como agente social e, por isso, ele é ponto de partida de sua análise social, pois a sociedade é resultado das suas ações e relações sociais que por sua vez são dotadas de sentido.4. ( ) Max Weber analisa a sociedade enquanto totalidade social pois considera que a realidade social é composta por um número de nexos causais finitos.

RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 18

As sociedades contemporâneas, na visão de Weber, estão passando por um processo de intensa racionalização. Sobre essa situação, leia as afirmativas abaixo e classifique-as em (V) verdadeiras ou (F) falsas.

1. ( ) O processo de racionalização excessiva é próprio às atividades econômicas o que exclui a possibilidade de encontrá-la em outras esferas da realidade social.2. ( ) A burocratização pode ser entendida como sendo unicamente a expressão da dominação na esfera estatal de um grupo que detém o poder político e que torna qualquer processo, lento e ineficiente. 3. ( ) O desencantamento do mundo verificado nas sociedades ocidentais traz diversas conseqüências como a valorização da arte, em todos os sentidos, uma vez que, os indivíduos passam a ter necessidade de se emocionarem a partir de elementos exteriores à sua realidade.4. ( ) Para Max Weber, na sociedade desencantada não há espaço para as religiões, isso significa que, por meio de uma indução sociológica, o autor prevê o fim da religião nas sociedades ocidentais modernas.

RESPOSTA: FFFF

QUESTÃO 19

Sobre as conclusões de Max Weber a respeito da relação entre ética protestante e espírito do capitalismo, marque (V) verdadeiro ou (F) falso para as alternativas que seguem.

1.( ) Os puritanos motivados pela ética calvinista apresentavam uma postura de restrição de consumo e acúmulo de capital o que levou Max Weber a concluir que suas práticas foram de grande relevância para a formação do capitalismo.2. ( ) As ações sociais racionais dos protestantes no século XVI estavam associadas a um objetivo que era a prosperidade econômica, distanciando-se de uma prática vinculada a valores.3. ( ) A relação entre ética protestante e espírito do capitalismo construída por Max Weber foi considerada inválida, uma vez que, suas conclusões se distanciaram do tipo-ideal capitalista.4. ( ) A ética calvinista seguida pelos puritanos baseava-se nos princípios do trabalho como vocação, disciplina moral, austeridade, ascetismo mundano o que, sem a influência de nenhum outro fator, levou a formação do capitalismo.

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RESPOSTA: VFFF

QUESTÃO 20

Com base no pensamento sociológico de Max Weber, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) A explicação sociológica busca compreender e interpretar o sentido, o desenvolvimento e os efeitos da conduta de um ou mais indivíduos referida a outro ou outros - ou seja, da ação social.2( ) As condutas humanas são tanto mais racionalizadas quanto menor for a submissão do agente aos costumes e afetos e quanto mais ele se oriente por um planejamento adequado à situação.3( ) Somente a ação com sentido pode ser compreendida pela Sociologia, a qual constrói tipos ou modelos explicativos abstratos para cuja construção levam-se em conta tanto as conexões de sentido racionais, quanto as não-racionais.4( ) A análise compreensiva das ações sociais pode ser realizada sem a necessidade de se interpretar, necessariamente, as conexões de sentido presente nas condutas dos agentes sociais.

RESPOSTA: VVVF

QUESTÃO DISCURSIVA

Max Weber estudou a conexão de sentidos que existia entre o desenvolvimento do capitalismo e a valorização do trabalho como eixo significativo da ética protestante instalada de forma notável entre os empresários e os trabalhadores na história dos EUA. Weber lembra que, para os puritanos, face à necessidade ética do trabalho a perda de tempo (..) é o primeiro e o principal de todos os pecados. A perda de tempo, através da vida social, conversas ociosas, do luxo e mesmo do sono além do necessário para a saúde – seis, no máximo oito horas por dia – é absolutamente dispensável do ponto de vista moral.

(WEBER, Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo. São Paulo: Pioneira/UNB, P.112).

O autor cita, ainda, uma das máximas de Benjamin Franklin, em meados do século XVIII, que expressa o chamado "espírito do capitalismo": Tempo é dinheiro (p. 29).

Disserte sobre a validade ou não desses argumentos para a compreensão da conduta dos empresários e dos trabalhadores da sociedade brasileira contemporânea, tendo em vista a considerável expansão das igrejas evangélicas no país.

RESOLUÇÃO:

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Segundo Max Weber, os protestantes, a partir do século XVI, nortearam as suas ações sociais tendo por base os valores éticos defendidos pela religião que professavam. Nesse sentido, procuravam dedicar seus dias de vida à religião e ao trabalho, de maneira metódica, disciplinada e ordenada, não admitindo, por conseqüência de uma crença inabalável em uma forte moral religiosa, desperdícios ou ociosidades de quaisquer naturezas, nem uma vida frívola e/ou luxuriosa. Ainda, há que se ressaltar que os protestantes estudados por Weber procuravam, invariavelmente, adotar procedimentos racionais, ou seja, calculados, formatados e padronizados no sentido de garantir o aproveitamento total do tempo e do trabalho, de acordo com o que o protestantismo pregava e sob pena de estarem pecando. Pois bem...apesar da considerável expansão das igrejas evangélicas no Brasil, não podemos considerar que os nossos empresários e trabalhadores têm dirigido as suas vidas adotando as mesmas condutas que marcavam o comportamento dos protestantes acima analisados. Em quantidade considerável, empresários e trabalhadores brasileiros, ao invés de levarem uma vida racionalmente dedicada à religião, ao trabalho metódico e disciplinado, ao ascetismo (vida simples, sem luxo) e à honestidade – como assim viviam os protestantes do século XVI – têm as suas vidas norteadas pela cultura do prazer, da valorização da riqueza e da ostentação, pela cultura do sucesso a qualquer custo e de qualquer maneira, sem maiores preocupações de ordem ética ou moral, diferentemente, portanto, do sentido com que o protestante estudado por Weber conduzia a sua vida.

KARL MARX

QUESTÃO 01

Acerca da concepção de trabalho na teoria de Karl Marx, assinale(V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

1 - ( ) O trabalho é uma atividade que o homem realiza sozinho, consigo mesmo, estritamente no nível de sua consciência.2 - ( ) O trabalho é um processo pelo qual o homem transforma, pela sua ação, o meio onde vive e também a si mesmo.3 - ( ) A relação entre homem e natureza é regulada pela natureza.4 - ( ) A relação entre homem e natureza ocorre através do trabalho.

RESPOSTA: FVFV

QUESTÃO 02

A respeito da mercantilização no capitalismo, de acordo com a teoria social de Karl Marx, assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

1 - ( ) Restringe-se ao mundo da produção material, uma vez que somente nele acontece o fetichismo.

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2 - ( ) Expressa a tendência de a mercadoria se tornar a forma determinante e predominante na produção de bens e serviços.3 - ( ) Assenta-se nas predominâncias do valor de troca sobre o valor de uso e do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto.4 - ( ) Indica que Marx reduz todos os momentos da sociedade à estrutura econômica.

RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 03

Sobre o modo de produção capitalista na concepção de Karl Marx, assinale as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F).

1 ( ) Karl Marx argumenta que o modo de produção capitalista foi constituído por forças produtivas e relações sociais de produção primitivas, estabelecidas até mesmo entre as hordas e tribos, o que tornou possível a acumulação de capital, por via do imperialismo.2 ( ) Em Karl Marx podemos entender que o conceito de forças produtivas refere-se aos modos, aos instrumentos e às habilidades acumuladas pelos homens, que possibilitam o controle das condições naturais, visando à produção econômica e social.3 ( ) Em Karl Marx podemos entender que o conceito de relações sociais de produção refere-se às diferentes formas de organização da produção, de posse e propriedade dos meios de produção, em suas formas contratuais e legalizadas do mercado formal.4 ( ) Por meio das noções de forças produtivas e de relações sociais de produção, Karl Marx quis demonstrar fenômenos que não se interligam, de tal forma que os conflitos sociais têm outras fontes, por exemplo, a autonomia agressiva da burocracia do Estado.

RESPOSTA: FVFF

QUESTÃO 04

Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para as afirmativas que se referem às práticas capitalistas como definidoras das relações sociais.

1 ( ) A relação capital-trabalho é essencialmente uma relação de exploração.2 ( ) É típico do capitalismo as empresas favorecerem os trabalhadores.3 ( ) Faz parte da lógica do capital a luta de classes.4 ( ) Não faz parte da lógica do capitalismo a acumulação de capital pelo empresário.

RESPOSTA: VFVF

QUESTÃO 05

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Sobre a produção social, assinale as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F).

1 ( ) Diz respeito às relações sociais que os homens estabelecem entre si para utilizar os meios de produção, transformando a si mesmos e a natureza.2 ( ) Corresponde às relações entre os homens no âmbito estritamente econômico, posto que a esfera econômica determina a estrutura social.3 ( ) Diz respeito às ações individuais dos homens no livre mercado, sendo este marcado pelas leis de oferta e procura.4 ( ) Corresponde a uma relação social definida pela lógica do mercado, no qual os homens orientam suas ações em um determinado sentido.RESPOSTA: VFFF

QUESTÃO DISCURSIVA

SOCIOLOGIAConsidere o fragmento.

“Em quase todas as obras de Marx há uma preocupação persistente e preponderante com o caráter das classes sociais, isto é, as condições e conseqüências dos seus antagonismos e lutas sociais na sociedade capitalista.”

IANNI, Octavio. Dialética e Capitalismo – Ensaio sobre o pensamento de Marx, Ed. Petrópolis: Vozes. 1988, P. 55.

A partir dessa citação, responda:

A) Qual é a relação, segundo Karl Marx, entre a historicidade do capitalismo e esses antagonismos? Quais são as agentes por excelência dessas lutas?B) Qual é o regime de trabalho específico, a partir do qual, no capitalismo, ocorrem tais antagonismos? Em que forma de propriedade dos meios de reprodução esse regime se estrutura?

RESOLUÇÃO

A) Em Karl Marx, a formação do capitalismo ocorreu, basicamente, a partir do processo de expropriação das condições objetivas de vida pelo qual camponeses e artesãos passaram ao longo do PeríodoModerno (XV – XVIII). Tal processo, ao desenvolver o sistema capitalista de produção, definiu, também, as duas classes fundamentais do referido sistema e as colocou em clara oposição: de um lado, a chamada burguesia, classe que passou a ser a proprietária dos meios de produção e, de outro, o chamado proletariado, classe formada pelos que, para não morrer de fome, submeteram-se à mercantilização da força-de-trabalho humana. Nesse sentido, e fazendo uso do seu método de análise da realidade social, o materialismo histórico dialético, Marx percebe a formação do modo de produção capitalista a partir de relações sociais de produção caracterizadas, em essência, pela violência da expropriação a que os produtores diretos foram submetidos por parte da nascente burguesia – processo este que, desde o início, caracteriza-se como uma luta de classes.

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B) Segundo Karl Marx, o regime de trabalho espeficífico em que ocorrem os antagonismos de classes na sociedade capitalista é aquele fundamentado em relações sociais de produção de exploração e assalariamento, em que seus agentes – burguesia e proletariado – estabelecem uma relação dialética conflituosa devido a existência da propriedade privada dos meios de produção. Esta forma de propriedade é exercida pela burguesia – classe que, no contexto do regime em questão, coloca-se como dominante ao explorar a mão-de-obra expropriada e assalariada.

QUESTÃO 06

Acerca da contradição social na teoria marxista, assinale as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F).

1 ( ) A contradição social é fruto das relações sociais de produção, posto que capitalistas e trabalhadores encontram-se em oposição em relação ao Estado e suas formas de interferência na economia.2 ( ) A contradição social é fruto da divisão desigual do trabalho social, ao opor capitalistas e trabalhadores, por possuírem interesses colidentes em relação ao processo de produção social.3 ( ) A sociedade capitalista está fundada na contradição existente entre a produção social do trabalho e a sua apropriação privada.4 ( ) O capitalismo busca a valorização do próprio capital, ao se apropriar do trabalho excedente, por meio do controle do processo de trabalho.RESPOSTA: FVVV

QUESTÃO 07

A respeito da teoria de Marx sobre ciência e tecnologia, assinale as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F).

1 ( ) A ciência e a tecnologia são os elementos que determinam o desenvolvimento do modo de produção capitalista, independentemente das relações de classe.2 ( ) A ciência e a tecnologia são os elementos que impulsionam o desenvolvimento do modo de produção capitalista no âmbito das relações de classe.3 ( ) A ciência e a tecnologia contribuem para o fortalecimento do antagonismo de classe existente no modo de produção capitalista.4 ( ) A ciência e a tecnologia não contribuem para o crescimento dos conflitos entre capital e trabalho no modo de produção capitalista.RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 08

De acordo com a teoria social de Karl Marx quanto sua análise sobre as contradições do capitalismo, assinale as afirmativas verdadeiras (V) e as falsas (F).

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1 ( ) Há uma unívoca determinação da economia sobre os demais momentos da totalidade social.2 ( ) O pleno desenvolvimento das forças produtivas fica dificultado pelas relações sociais de produção e as transformações decisivas ocorrem pela luta de classes.3 ( ) Não existe a possibilidade de progresso nas relações entre as duas classes que constituem a sociedade burguesa, como uma forma de concertação social.4 ( ) O Estado possui uma natureza pública por ser um árbitro dos conflitos sociais.RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 09

O processo de trabalho humano, que envolve uma ação planejada, os meios de trabalho e o próprio resultado do trabalho (produto final), adquire uma dupla forma no capitalismo. Com base nos pressupostos teóricos de Karl Marx em relação a essa dupla forma, analise as sentenças abaixo e assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas.

1( ) valor de troca e valor de uso, em que o valor de troca adquire maior importância em relação ao valor de uso.2 ( ) valor de uso e valor de troca em que o primeiro se refere à produção da mais-valia (lucro) e o segundo à satisfação das necessidades humanas.3( ) valor de troca e valor de uso, em que o primeiro está subordinado ao segundo.4( ) valor de uso e valor de troca, em que o primeiro visa à satisfação das necessidades humanas e o segundo à produção da mais-valia.

RESPOSTA: VFFV

QUESTÃO 10

Com base no pensamento de Karl Marx, analise as sentenças abaixo e assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas quanto ao processo de alienação (ou estranhamento) no capitalismo.

1( ) refere-se a uma dimensão inelutável de toda e qualquer sociedade humana, uma vez que o trabalho alienado é condição natural do homem.2( ) associa-se à esfera econômica, mas apresenta desdobramentos sobre os outros momentos da totalidade social.3( ) liga-se fundamentalmente ao fenômeno do Estado, porque este cria o fetichismo da mercadoria.4( ) revela, como primeira manifestação, à separação entre o produtor direto e estas dimensões: o produto do trabalho, o processo de trabalho, os outros produtores diretos, o gênero humano.

RESPOSTA: FVFV

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QUESTÃO DISCURSIVA

Disserte sobre a análise de Marx acerca das relações entre desenvolvimento capitalista industrial e movimento operário.

RESOLUÇÃO

Segundo o Manifesto Comunista, a história de todas as sociedades tem sido a história da luta de classes. A sociedade capitalista, que brotou das ruínas da sociedade feudal, não aboliu os antagonismos de classes e é caracterizada de forma predominante pela luta de classes entre dois grandes blocos: burguesia e proletariado.Com a lógica do capital em vigor, verifica-se um desenvolvimento capitalista caracterizado pela necessidade constante de mecanismos inovadores que venham proteger o capital e os interesses da classe dominante, a burguesia.Em contrapartida, com o desenvolvimento da burguesia, isto é, do capital, desenvolve-se também o proletariado, a classe dos operários modernos, que só podem viver se encontrarem trabalho e que só o encontram na medida em que este aumenta o capital. A concorrência e a necessidade de manter os interesses da classe dominante fazem que haja uma necessidade constante de desenvolvimento das forças produtivas, o que pode representar num dado momento um entrave à garantia da propriedade burguesa.O proletariado por sua vez, visto como classe oprimida, estabelece uma relação antagônica com a burguesia, e deve ser, segundo Marx, a classe verdadeiramente revolucionária, pois, os proletários não podem apoderar-se das forças produtivas sociais senão abolindo o modo e apropriação que era próprio a estas e, por conseguinte, todo modo de apropriação em vigor até hoje. Os proletários nada têm de seu a salvaguardar; sua missão é destruir todas as garantias e segurança da propriedade privada até aqui existentes.Sabe-se que a condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação da riqueza nas mãos dos particulares, a formação e o crescimento do capital e a condição de existência do capital é o trabalho assalariado. O progresso da indústria, de que a burguesia é agente passivo e inconsciente, substitui o isolamento dos trabalhadores, resultante de sua competição, por sua união revolucionária mediante a associação e a práxis política decorrente da tomada de consciência de classe para si.Portanto, o próprio desenvolvimento do capitalismo cria fatores que levam a sua inexistência ao apresentar uma lógica destrutiva de proteção ao capital e à propriedade privada dos meios de produção, assegurando, assim, espaço de luta revolucionária por parte do movimento operário para destruição do modo de produção capitalista.

QUESTÃO 11

Tendo como referência a teoria social de Karl Marx, analise as sentenças abaixo e assinale (V) para as afirmativas verdadeiras e (F) para as falsas quanto à contradição básica da sociedade capitalista.

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1( ) prevalência do valor de uso sobre o valor de troca dos bens e serviços produzidos.2( ) constituição de duas classes fundamentais, a dos proprietários privados dos meios de produção e a dos indivíduos que vendem sua força de trabalho.3( ) produção da riqueza por meio do trabalho socialmente combinado, como base para a apropriação privada do resultado desse trabalho.4( ) formação de um Estado popular, em que as políticas públicas garantam a redistribuição de renda.RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 12

O misterioso da forma da mercadoria reside no fato de que ela reflete aos homens as características sociais do seu próprio trabalho, como características objetivas dos próprios produtos do trabalho e, ao mesmo tempo, também da relação social dos produtores com o trabalho total como uma relação social existente fora deles, entre objetos.

(Adaptado: MARX, Karl. O Capital. São Paulo: Nova Cultural, 1988. p. 71.)

Com base no texto e nos pressupostos teóricos marxianos, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as afirmações a seguir.

1( ) As mercadorias, por serem objetos, são destituídas de qualquer vinculação com os seus produtores.2( ) Os trabalhadores, independentemente da maneira como produzem a mercadoria, são alijados do processo de produção.3( ) As mercadorias constituem-se em um elemento pacificador das relações entre patrões e trabalhadores.4( ) A mercadoria, no contexto do modo capitalista de produção, possui caráter fetichista, refletindo os aspectos sociais do trabalho.

RESPOSTA: FFFV

QUESTÃO 13

Considere o texto apresentado.

Em uma de suas colunas de opinião no jornal Folha de São Paulo de 02/05/2003, Clóvis Rossi refere-se à existência hoje de uma “hegemonia cultural e midiática das opiniões de gente do mundo financeiro”. Segundo esse jornalista, essa hegemonia do setor financeiro, não só no Brasil como no resto do mundo, leva os governos a optarem “por adotar políticas que não ofendam o poder real e, por extensão, a sua capacidade de gerar críticas virulentas à qualquer inovação. É mais fácil prejudicar ou deixar de atender assalariados e marginalizados em geral do que banqueiros, como é óbvio”.

Na análise sociológica marxista, o poder do dinheiro, incluindo suas projeções no plano ideológico, tem um nome: fetichismo da mercadoria. Com relação ao tema abordado, atente-se para as afirmativas abaixo e marque, em seguida, (V) verdadeira ou (F) falsa.

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1 ( )O caráter misterioso da mercadoria provém da utilidade particular que ela tem para cada indivíduo; e é, desta forma, que este avalia o próprio dinheiro.2( ) O fetichismo da mercadoria oculta a verdadeira relação entre os trabalhos particulares e o trabalho total, ao apresentá-la como uma relação objetiva entre os produtos do próprio trabalho.3( )Os produtos do trabalho humano, ao serem trocados no mercado, adquirem uma realidade socialmente homogênea, distinta da sua heterogeneidade de objetos úteis, perceptíveis aos sentidos.4( ) O caráter fetichista da mercadoria nada tem a ver com a questão do valor, pois o fetichismo é uma questão de ilusão, de se levar em conta tão somente que, hoje, o dinheiro “faz a cabeça” dos indivíduos.

RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 14

De acordo com a teoria social de Karl Marx em relação ao fetichismo da mercadoria, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas a seguir.

1( ) É resultado da predominância do trabalho abstrato sobre o trabalho concreto na sociedade em que a riqueza se configura em imensa acumulação de mercadorias.2( ) Fenômeno inerente à produção capitalista, uma vez que as relações sociais de produção ficam ocultas sob a aparência de que as mercadorias teriam uma espécie de vida própria.3( ) Realidade própria a toda e qualquer sociedade humana, uma vez que, pelo trabalho, os homens sempre exteriorizam um projeto previamente concebido com vistas a responder às suas necessidades.4( ) Desdobramento histórico-social da produção de bens e serviços em que o caráter social dos trabalhos particulares fica dissimulado sob a forma do valor.

RESPOSTA: VVFV

QUESTÃO 15

Considere a citação abaixo e, a seguir, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas abaixo quanto a concepção materialista da história formulada por Karl Marx.

... na produção social de sua existência, os homens estabelecem relações determinadas, necessárias, independentes da sua vontade, relações de

produção que correspondem a um determinado grau de desenvolvimento das forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a estrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se eleva uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem determinadas

formas de consciência social. O modo de produção da vida material condiciona o desenvolvimento da vida social, política e intelectual em geral. Não é a

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consciência dos homens que determina o seu ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência.

MARX, Karl. Contribuição para a crítica da economia política. Lisboa: Estampa, 1973. p. 28.

1( ) Marx expressa, também nessa passagem, sua concepção determinista e finalista, segundo a qual o conjunto das relações sociais reduz-se ao âmbito da produção econômica.2( ) Marx afirma que a moral, os sistemas políticos, os princípios jurídicos e as ideologias não têm vida própria diante do modo pelo qual os homens produzem e reproduzem a existência.3( ) Marx nega todo e qualquer papel ativo na história à consciência, sendo esta, antes, um mero reflexo da esfera da produção material.4( ) Marx sustenta que o ser social que pensa, que atua politicamente e que representa o seu espaço reproduz simplesmente as condições históricas vigentes, independente de sua classe social.

RESPOSTA: FVFF

QUESTÃO DISCURSIVASOConsidere a argumentação do Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx e

Friedrich Engels, e o texto abaixo para responder à questão proposta:

O que está em causa é um processo, simples ou complexo, de apropriação da natureza pelo homem, pelas formas de sua organização social (...). A dialética compreende a realidade como movimento, modificação, devir, história (...). Marx apanhou a dialética do real em sua forma mais desenvolvida. E o real é o capitalismo. Compreendeu suas principais leis de tendência. Por isso, também, é que ele faz parte dessa história. A história do capitalismo está marcada pela dialética.

IANNI, Octavio. Dialética e Capitalismo – Ensaio sobre o pensamento de Marx, Ed. Petrópolis: Vozes. 1988, P. 143-147.

De acordo com a teoria social de Marx, o capitalismo poderia ter abdicado de se mundializar, isto é, de se globalizar? Por quê?

RESOLUÇÃO

Segundo a teoria social de Karl Marx, o capitalismo não poderia ter abdicado de se mundializar, isto é, de se globalizar porque a burguesia (classe dominante detentora da propriedade privada dos meios de produção) não pode existir, ou seja, manter seus interesses, sem revolucionar, constantemente, os instrumentos de produção e, desse modo, as relações sociais de produção e, com elas, todas as relações da sociedade.Nesse sentido, a necessidade de um mercado em expansão constante para seus produtos persegue a burguesia por toda a superfície do globo. Precisa

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instalar-se em todos os lugares, estabelecer conexões em todos os lugares. Desse modo, a burguesia, por meio de sua exploração do mercado mundial, deu um caráter cosmopolita para a produção e o consumo em todos os países, justificando, assim, uma idéia de globalização como processo inevitável.

QUESTÃO 16

Uma característica notável da produção capitalista é que ela se sustenta graças ao constante aperfeiçoamento técnico e ao aumento incessante da produtividade. Condição essencial para isto é uma divisão do trabalho, que

acaba por tornar cada tarefa individual um ato abstrato e aparentemente sem qualquer relação com o produto final. Assim, a própria divisão capitalista do

trabalho, a atribuição de tarefas ou mesmo de uma atividade profissional atendem aos interesses particulares dos grupos dominantes e só

eventualmente dos produtores: seu próprio prazer está subordinado à produção.

QUINTANEIRO, Tania & outros, Um toque de clássicos: Durkheim, Marx e Weber, Belo Horizonte: Editora UFMG, 1995, p. 96.

Com base no texto acima e na teoria social de Karl Marx, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( )Trata-se de um dos argumentos da teoria marxista para a análise do caráter fetichista da mercadoria e da alienação dos indivíduos submetidos às relações sociais de produção na sociedade capitalista.2( )Trata-se de um argumento comum às teorias sociológicas de Émile Durkheim, Karl Marx e Max Weber, uma vez que os três pensadores convergem inteiramente quanto aos conceitos de indivíduo, divisão socialdo trabalho e alienação.3( )Trata-se de um argumento pertinente da teoria marxista para a análise das relações entre o indivíduo e a sociedade, uma vez que, para Karl Marx, a formação das subjetividades individuais depende das relações sociais de produção.4( )Trata-se de um argumento sociológico da teoria marxista que pressupõe o fim das subjetividades individuais e das identidades coletivas na sociedade capitalista, tendo em vista os fenômenos da globalização da economia.

RESPOSTA: VFVF

QUESTÃO 17Com base na teoria social de Karl Marx, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas que seguem quanto a idéia de alienação.1 ( ) refere-se à identidade entre os produtores e seus produtos.2 ( ) está associada à separação entre o trabalhador e o produto de seu trabalho, devido à divisão social do trabalho, e à propriedade privada dos meios de produção.3( ) relaciona-se à idéia de separação do Estado como um poder autônomo, imparcial, acima da coletividade e que a domina.

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4( ) liga-se ao fato de o trabalhador se reconhecer no produto da sua atividade mas submeter-se às condições de exploração.

RESPOSTA: FVVF

QUESTÃO 18

Sobre as relações sociais estabelecidas entre os homens no processo de produção capitalista, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas a seguir.

1( ) se caracterizam por serem relações de exploração, antagonismo e oposição.2( ) as relações estabelecidas entre as classes sociais são complementares, pois uma só existe em relação à outra.3( ) as desigualdades não constituem a base de formação das classes sociais.4( )entre o capitalista e o trabalhador há uma relação de igualdade, pois ambos são vendedores de sua força de trabalho.RESPOSTA: VVFF

QUESTÃO 19

Tendo como referência os princípios do projeto político de mudança de Marx e Engels, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( )Visto que a burguesia dispõe de recursos materiais, jurídicos, políticos e militares para conservar o poderio econômico e estatal, somente através da práxis, por meio da ação revolucionária dos trabalhadores, é possível romper com o sistema capitalista.

2( ) A burguesia se comportou historicamente como classe para si e, por isso, conseguiu seu domínio econômico, político e social, o que a torna a classe social mais preparada para utilização do aparato estatal para pôr fim à desigualdade social e à propriedade privada dos meios de produção.

3( ) A classe proletária deve se unir e organizar em prol de uma sociedade verdadeiramente democrática e igualitária caracterizada pela ausência do Estado, fim das classes sociais e socialização dos meios de produção – comunismo.

4( ) Para Marx, a classe operária pode mudar os rumos da história e acabar com a opressão capitalista a partir do momento que ela romper com a concepção de classe em si e se organizar para si através da práxis política.

RESPOSTA: VFVV

QUESTÃO 20

A respeito das conclusões de Karl Marx sobre o fetiche da mercadoria, avalie as sentenças abaixo e, em seguida, marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

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1( ) A capacidade que a mercadoria possui de encobrir, de mistificar o que existe por trás dela (luta de classes, trabalho social, mais-valia, etc.) pode ser expressa pelo que Marx chamou de “fetichismo da mercadoria”.

2( ) No capitalismo, há todo um mecanismo estrutural e também subjetivo que tenta impedir a tomada de consciência das contradições da sociedade, o que leva ao conformismo e à passividade das massas.

3( ) Os imperativos de competição, acumulação, maximização dos lucros que regem as transações econômicas não afetam as relações sociais em geral.

4( ) Como as relações entre os seres humanos são mediadas pelo processo do uso de mercadorias, as relações sociais entre pessoas não se assemelham a relações entre coisas – o fetichismo da mercadoria.

RESPOSTA: VVFF

QUESTÃO DISCURSIVA

Com base na teoria social de Karl Marx, explique por que a relação capital-trabalho no sistema capitalista não se fundamenta na efetivação equivalente de interesses entre burguesia e proletariado.

RESOLUÇÃO

A sociedade capitalista baseia-se na ideologia da igualdade, cujo parâmetro é o mercado. De um lado, está o trabalhador que oferece no mercado sua força de trabalho, de outro, o empregador que a adquire por um salário. A idéia de equivalência na troca é crucial para a estabilidade da sociedade capitalista. Os homens aparecem iguais diante da lei, do Estado, no mercado, etc., e assim eles vêem-se a si mesmos. Mas, embora o processo de venda da força de trabalho por um salário apareça como um intercâmbio entre equivalentes, o valor que o trabalhador pode produzir durante o tempo em que trabalha para aquele que o contrata é superior àquele pelo qual vende suas capacidades. Marx distingue o tempo de trabalho necessário, durante o qual se dá a reprodução do trabalhador e no qual gera o equivalente a seu salário, do tempo de trabalho excedente, período em que a atividade produtiva não cria valor para o trabalhador mas para o proprietário do capital.Em função das relações sociais de produção capitalistas, o valor que é produzido durante o tempo de trabalho excedente ou não-pago é apropriado pela burguesia. Parte desse valor extraído gratuitamente durante o processo de produção passa a integrar o próprio capital, possibilitando a acumulação crescente o que expressa o processo de mais-valia. A mais-valia expressa o grau de exploração da força de trabalho pelo capital. O que impede o trabalhador de perceber como se dá efetivamente todo esse processo é sua situação alienada. Em síntese, o trabalho apropriado pelo capital é trabalho forçado, ainda que possa parecer o resultado de uma convenção contratual livremente aceita.

CULTURA

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QUESTÃO 01

Considerando que o homem é capaz de criar cultura,assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para as afirmações abaixo.1 ( ) Faz parte da essência do conceito de cultura excluir os instintos, os reflexos inatos e quaisquer outras formas de comportamento biologicamente predeterminadas.2 ( ) Adquirindo a capacidade de projetar a experiência passada no futuro, ao pensar no que poderia ser, o homem aprendeu a ter experiência do que não tinha ainda acontecido.3 ( ) A cultura é um comportamento instintivo.4 ( ) Outras espécies, além do homem, também se empenham em expressar-se, simbolicamente, de modo sistemático e contínuo.

RESPOSTA: VVFF QUESTÃO 02

Considerando a definição do conceito de cultura como sistema simbólico, presente na obra Cultura, um conceito antropológico de Roque Laraia (1992), analise as afirmações abaixo e marque verdadeira (V) ou falsa (F).

1( ) A cultura é um fenômeno humano, sendo impossível para outros animais desenvolver a faculdade de simbolizar e transmitir os símbolos com a mesma complexidade e diversidade com que o fazem os seres humanos.2( ) A cultura é um fenômeno variado nas diversas sociedades humanas. Seu grau maior de evolução em alguns lugares e sua diversidade dependem da espécie particular de Homo sapiens sapiens encontrada em cada sociedade.3( )A cultura é um fenômeno que varia conforme o maior ou menor favorecimento dos caracteres biológicos e geográficos encontrados nas diferentes sociedades. Assim sendo, a diversidade cultural depende da maior capacidade de simbolizar o meio ambiente.4( ) A cultura de cada sociedade é formada por sistemas de símbolos que variam, mas estes se instalam em um ser dotado de unidade biológica, o homem. Por isso, ao nascer, todo ser humano está biologicamente apto para ser socializado em qualquer cultura.RESPOSTA: VFFV

QUESTÃO 03

Sobre o etnocentrismo, considere as assertivas abaixo e, em seguida, marque (V) verdadeira ou (F) falsa

1( ) É um dos fenômenos que dá origem e sustentação aos preconceitos. Trata-se de uma atitude cultural condicionada, baseada em fundamentos psicológicos sólidos e profundos de rejeição ao “outro”, culturalmente diverso.2( )Consiste em repudiar as manifestações culturais (religiosas, morais, estéticas, sociais e outras) que mais se afastam daquelas com as quais nos identificamos. Daí, a tendência que nos leva a menosprezar condutas culturalmente diversas das nossas.

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3( ) Consiste em um fenômeno praticamente universal, pois é possível perceber atitudes etnocêntricas em todas as sociedades, à medida que cada uma tem, em sua cultura particular, valores próprios que induzemà rejeição de valores diferentes.4( )É um fenômeno histórico muito particular das sociedades ocidentais, que só se desenvolveu no período do colonialismo, quando os europeus tiveram contato com africanos, sociedades indígenas da América e aborígenes australianos.RESPOSTA: VVVF

QUESTÃO 04

Tendo como referência a definição de Etnocentrismo, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas a seguir.

1( ) Refere-se ao ponto de vista que toma como referência as maneiras de agir e pensar do próprio grupo, considerando-os melhores e mais corretos.2( ) Relaciona-se ao princípio da relatividade cultural na interpretação das sociedades.3( )Associa-se a visão que parte da diversidade étnico-cultural na análise dos fenômenos da cultura.4( )Liga-se ao ponto de vista que considera a própria cultura como modelo para todas as demais.

RESPOSTA: VFFVQUESTÃO 05

Quanto o conceito de cultura na perspectiva da antropologia, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas a seguir.

1( ) A cultura diz respeito aos atributos históricos que caracterizam um povo.2( ) A cultura de um povo é determinada pelo meio natural.3( ) A cultura é herdada biologicamente e condiciona o comportamento dos povos.4( ) A cultura é uma forma de linguagem que tem origem simbólica.RESPOSTA: VFFV

QUESTÃO DISCURSIVA

OCIOLOGIAConsidere a citação abaixo e explique quais são as contribuições da idéia desuperorgânico para se pensar o conceito de cultura, a partir da primeira metade do século XX.

A preocupação de Kroeber é evitar a confusão, ainda tão comum, entre o orgânico e o cultural.

LARAIA, ROQUE DE BARROS. CULTURA, UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO.RIO DE JANEIRO: JORGE ZAHAR EDITOR 1986, P.38.

RESOLUÇÃO:

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O termo cultura possui vários significados. Dentre os vários sentidos, é de interesse da sociologia o conceito antropológico que, a partir do início do século XX, passa a ser um importante referencial no estudo das diferenças culturais, tendo como fundamento de análise o relativismo.Assim, cultura pode ser entendida como um conjunto de elementos materiais e imateriais criados pelo homem para suprir suas diversas necessidades. Essa produção é simbólica e é através dela que os seres humanos interpretam a própria realidade em que vivem. Como seu conteúdo simbólico, os diferentes agrupamentos humanos podem dar significados diferentes para uma mesma realidade, sem que, necessariamente, uma visão seja a mais correta.A cultura decorre de um processo histórico, da ação humana e, dessa forma, os homens, ao produzirem cultura, passam por um processo de desnaturalização, ou seja, ao criarem bens culturais simbólicos, se distanciam da condição natural e se aproximam da condição social e passam a ser condicionados pelo meio cultural. Assim, o ser humano, consegue dar respostas culturais às suas necessidades que vão além de suas capacidades físicas, biológicas, orgânicas, desnaturalizando, assim, também seus costumes. Nesse sentido, conclui-se que através da cultura o homem extrapola qualquer condicionante natural ou orgânico, agindo, portanto, de forma superorgânica (além do orgânico).

QUESTÃO 06

“Todo sistema cultural tem a sua própria lógica e não passa de um ato primário de etnocentrismo tentar transferir a lógica de um sistema para outro.”

LARAIA, Roque. Cultura, um conceito antropológico. 8ª ed., Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993.

Considerando o texto acima e os pressupostos antropológicos para o estudo das culturas, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas a seguir.

1( ) As sociedades tribais são tão eficientes para produzir cultura quanto qualquer outra, mesmo quando não possuem certos recursos culturais presentes em outras culturas.2( ) As sociedades selvagens são capazes de produzir cultura, mas estão mal adaptadas ao meio ambiente e, por isso, algumas nem sequer possuem o Estado.3( ) As chamadas sociedades indígenas são dotadas de recursos materiais e simbólicos eficientes para produzir cultura como qualquer outra, faltando-lhes apenas uma linguagem própria.4( ) As chamadas sociedades primitivas conseguiram produzir cultura plenamente, ao longo do processo evolutivo, quando instituíram o Estado e as instituições escolares.RESPOSTA: VFFF

QUESTÃO 07

“A indústria cultural vende Cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo

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pensar, fazê-lo ter informações novas que perturbem, mas deve devolver-lhe, com nova aparência, o que ele sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o senso-comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova [...].Dessa maneira, um conjunto de programas e publicações que poderiam ter verdadeiro significado cultural tornam-se o contrário da Cultura e de sua democratização, pois se dirigem a um público transformado em massa inculta, infantil, desinformada e passiva.” (CHAUÍ, Marilena. Filosofia. 7. ed. São Paulo: Ática, 2000. p. 330-333.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre meios de comunicação e indústria cultural, marque (V) verdadeira ou (F) falsa para as alternativas a seguir.

1( ) Por terem massificado seu público por meio da indústria cultural, os meios de comunicação vendem produtos homogeneizados.2( )Os meios de comunicação vendem produtos culturais destituídos de matizes ideológicos e políticos.3( )No contexto da indústria cultural, por meio de processos de alienação de seu público, os meios de comunicação recriam o senso comum enquanto novidade.4( ) Os produtos culturais com efetiva capacidade de democratização da cultura ganham força frente ao poder da indústria cultural na sociedade atual.

RESPOSTA: VFVF

QUESTÃO 08

De acordo com Adorno e Horkheimer a respeito da indústria cultural, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) É um instrumento privilegiado na efetivação da alienação das massas.2( ) Democratiza a cultura ao se servir de tecnologia avançada.3( ) Desempenha, contemporaneamente, função semelhante à do Estado fascista.4( ) Revela, como indústria cultural, as significações do mundo para um número maior de pessoas.RESPOSTA: VFVF

QUESTÃO 09

Sobre a visão de Adorno e Horkheimer, pertencentes à Escola de Frankfurt, quanto à indústria cultural, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) A prática da indústria cultural transfere a motivação do lucro às criações artísticas e espirituais.2( ) Ocorre uma efetiva democratização do conhecimento e da cultura.3( ) Concretiza-se a reificação entre o consumidor e os bens culturais.4( ) Supera-se a distância entre o erudito e o popular.RESPOSTA: VFVF

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QUESTÃO 10

Sobre o advento da indústria cultural e da cultura como mercadoria, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) Em princípio, a cultura como mercadoria deve ser analisada como fenômeno da industrialização, resultante da aplicação dos princípios em vigor na produção econômica geral das sociedades capitalistas, incluindo a reificação (coisificação) dos símbolos.

2( ) Os bens culturais, enquanto mercadorias industrializadas, são produzidos em séries padronizadas, no sentido de alcançar todo o espectro social de consumidores, evitando, assim, o aparecimento de produtos com acesso restrito a certos segmentos sociais.

3( ) A cultura como mercadoria industrializada não é um fenômeno historicamente determinado, uma vez que desde os primórdios da humanidade as diversas sociedades trocam bens materiais e simbólicos, como parte de seus processos de expansão social.

4( ) Os bens culturais mercantis são bens simbólicos, são expressões significantes das culturas, constituindo parte das identidades de sociedades diversas. Por isso, pacificam os povos e unificam suas linguagens e formas de sociabilidade, como se vê na globalização.

RESPOSTA: VFFF

QUESTÃO DISCURSIVA

SOCIOLOGIAA respeito da alienação e da revelação na indústria cultural, sintetize as posições da Escola de Frankfurt (notadamente Theodor Adorno e Max Horkheimer) e dos chamados integrados, segundo Umberto Eco.

RESOLUÇÃO:

Umberto Eco desenvolveu uma classificação em duas frentes de análise em torno da indústria cultural: de um lado localizam-se os apocalípticos e, de outro, os denominados integrados.Os apocalípticos caracterizam-se por uma postura crítica em relação à indústria cultural. Os integrados, inversamente, desenvolvem como elemento fundamental de sua análise um forte elogio a essa indústria.No entendimento de Adorno e Horkheimer, representantes dos apocalípticos, a indústria cultural nada mais faz do que gerar cultura como mercadoria, sem produzir esclarecimento ou qualquer outra forma de emancipação humana. Desta maneira, os produtos resultado desta indústria, expressos em propaganda e um massificado consumo cultural não refletido, contribuem para alienação humana na medida em que não revelam a real condição de opressão, subjugação e bestialização a que estão submetidas a maior parte das pessoas.

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Para Marshall Mcluhan, representante dos integrados, diferentemente da abordagem de Adorno e Horkheimer, tal indústria construiria a possibilidade de aproximação entre os seres humanos, reduzindo a distância social entre eles, na medida em que haveria uma suposta democratização do acesso à cultura.Esta democratização seria expressa na possibilidade que a indústria cultural geraria ao disponibilizar informações de maneira massificada, contribuindo assim para uma maior formação intelectual das pessoas.Desta maneira, as duas abordagens partem de um mesmo objeto para a análise, porém, com entendimentos radicalmente opostos. Para os apocalípticos, propaganda e consumo resultariam em alienação e não revelação, enquanto que para os integrados gerariam esclarecimento e revelação.

QUESTÃO 11

Leia e interprete o texto abaixo.

A indústria cultural e os meios de comunicação de massa penetram em todas as esferas da vida social, no meio urbano ou rural, na vida profissional, nas atividades religiosas, no lazer, na educação, na participação política. Tais meios de comunicação não só transmitem informações, não só apregoam mensagens. Eles também difundem maneiras de se comportar, propõem

estilos de vida, modos de organizar a vida cotidiana, de arrumar a casa, de se vestir, maneiras de falar e de escrever, de sonhar, de sofrer, de pensar, de

lutar, de amar.

SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. Coleção Primeiros Passos nº. 110, São Paulo: Brasiliense, 1983, p. 69.

Sobre o fenômeno da indústria cultural, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) A indústria cultural define-se por uma forma específica de produção simbólica, essa produção é caracterizada por grandes inversões de capital em meios de produção tecnicamente sofisticados, por trabalhadores especializados, por oferta de bens e serviços diversificados, representando parte da produção cultural dominante nas sociedades atuais.

2( ) A indústria cultural define-se por aprisionar os sujeitos sociais dominantes da produção cultural nas sociedades contemporâneas. É responsável pelo aparecimento do homem unidimensional e das massas alienadas, que não têm qualquer identidade cultural, por realizarem-se, unicamente, na sociedade de consumo.3( ) A indústria cultural e os meios de comunicação de massa são poderosos, pois controlam, de forma absoluta, todos os conteúdos das mensagens que emitem, padronizam definitivamente os sistemas simbólicos de todos os sujeitos sociais, homogeneizando e unificando a cultura global.

4( ) A indústria cultural e os meios de comunicação de massa são parte e propriedade autônoma do poder de Estado. São instrumentos de dominação

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carismática, individual e irracional para controlar os conflitos sociais, sendo impossível pensar seus produtos como parte da arte e da cultura das sociedades atuais.

RESPOSTA: VFFF

QUESTÃO 12

Quanto ao conceito de indústria cultural, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) A indústria cultural produz bens culturais como mercadorias.2( ) O objetivo da indústria cultural é estimular a capacidade crítica dos indivíduos.3( ) A indústria cultural cria a ilusão de felicidade no presente e elimina a dimensão crítica.4( )A indústria cultural ocupa o espaço de lazer do trabalhador sem lhe dar tempo para pensar sobre as condições de exploração em que vive.

RESPOSTA: VFVV

QUESTÃO 13

Sobre o mito da democracia racial no Brasil, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) O mito da democracia racial no Brasil é um fenômeno relativamente recente, mais notado a partir dos anos 30 do século XX, quando se acentuou a incorporação de valores e símbolos culturais afro-descendentes à representação dominante da identidade nacional brasileira.

2( ) O mito da democracia racial tem sido uma forma de etnocentrismo das mais notáveis no Brasil, a despeito de ser, ao mesmo tempo, das mais dissimuladas, procedendo a máxima do sociólogo Florestan Fernandes de que o brasileiro tem preconceito de ter preconceito.

3( ) O mito da democracia racial foi forjado nos anos 30 do século XX, unicamente por intelectuais envolvidos na produção simbólica da indústria cultural, principalmente da televisão. Esses intelectuais visavam atingir um público consumidor de afro-descendentes, até então totalmente excluído do consumo de produtos simbólicos.4( ) O mito da democracia racial sempre existiu no Brasil, conforme se pode observar nas literaturas de José de Alencar, Machado de Assis, Euclides da Cunha, Lima Barreto, bem como na produção sociológica do século XIX, cujo compromisso era demonstrar o valor das culturas africanas para a civilização brasileira.

RESPOSTA: VVFF

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QUESTÃO 14

Uma das controvérsias mais presentes na análise dos diferentes conjuntos culturais das sociedades contemporâneas refere-se à existência de rituais e símbolos próprios das culturas populares em oposição a outros, classificados como próprios das culturas eruditas. Sobre tal oposição, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) As culturas populares caracterizam-se por rituais e símbolos produzidos por sujeitos sociais heterogêneos e culturalmente diversos, cujas práticas, muitas vezes, são dominadas nas relações com agentes do Estado, das igrejas e das empresas.2( ) As culturas eruditas são unicamente aquelas expressões simbólicas produzidas com base nas tradições greco-romanas, resgatadas na arte do Renascimento e depois reproduzidas na Modernidade, mas que desapareceram com a Indústria Cultural.3( ) As culturas eruditas são assim classificadas por serem próprias a sujeitos sociais ilustrados, que produzem culturas com linguagens e técnicas supostamente mais sofisticadas e complexas, que as observadas nas culturas populares.4( ) As culturas populares, como expressões de sujeitos politicamente dominados nas sociedades capitalistas, têm seus rituais e símbolos apropriados pelos sujeitos dominantes, gerando as culturas populares massivas, consideradas sem erudição.

RESPOSTA: VFVV

QUESTÃO 15

Cientistas sociais reconhecidos têm apontado algumas contradições dos processos da globalização com fortes impactos sobre as identidades e culturas nacionais. Estes sugerem que ocorrem dois processos: tanto a tendência à autonomia nacional e aos particularismos culturais, que mantêm a heterogeneidade, quanto a tendência globalizante, que força a homogeneidade cultural, conforme HALL, Stuart. A Identidade cultural na pós-modernidade.Rio de Janeiro: Editora DP&A, 1999, p. 68-69.

Com base no argumento acima, analise as sentenças abaixo e marque (V) verdadeira ou (F) falsa.

1( ) As identidades nacionais estão em declínio, mas novas identidades híbridas estão surgindo, pois todas as identidades, por definição, são formadas por representações simbólicas historicamente condicionadas, face a sociedades diferentes.

2( ) As identidades nacionais sofrem certo declínio como resultado da tendência de homogeneização cultural, promovida pelo aumento da circulação de mercadorias e dos sistemas simbólicos dominantes, que são mediados pelos agentes detentores dos meios de comunicação massivos, atualmente informatizados e internacionalizados.

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3( ) As identidades nacionais e outras identidades particulares, como as de classe, de gênero, de etnia e de religião, estão sendo reelaboradas e até reforçadas como expressão de resistência à globalização e à homogeneização das culturas, demarcando uma das contradições apontadas pelos cientistas sociais.

4( ) A produção cultural apresenta uma grande heterogeneidade de sujeitos produtores e consumidores, pela propriedade e disponibilidade geral dos meios técnicos para reprodução de quaisquer sistemas simbólicos, como se comprova pelo acesso generalizado à televisão e à comunicação informatizada da Internet.

RESPOSTA: VVVF

QUESTÃO DISCURSIVA

Segundo um resumo teórico de STRINATI, Dominic. Cultura popular: uma introdução. São Paulo: Editora Hedra, 1999, p. 27):

"Podemos considerar que cultura de massa é a cultura popular produzida pelas técnicas de produção industrial e comercializada com fins lucrativos para uma massa de consumidores. É uma cultura comercial, produzida para o mercado. Seu crescimento admite um pequeno espaço para manifestações culturais como a arte e a cultura folk, incapazes de render dinheiro e não passíveis de ser produzidas em larga escala para o mercado".

Com base no conceito acima de cultura de massa, disserte sobre o período e as condições históricas em que se consolidou o processo de banalização e de descaracterização das manifestações da cultura popular no Brasil em face da indústria cultural, incluindo exemplos.

RESOLUÇÃO

Tendo por base o conceito apresentado pelo enunciado da questão, podemos afirmar o seguinte: apesar de ter se iniciado muito antes, o processo de banalização e de descaracterização das manifestações da cultura popular no Brasil consolidou-se apenas ao fim da primeira metade do século XX, após a ascensão de Getúlio Vargas ao poder e de seu projeto industrializante e modernizante para o país. Até então, a sociedade brasileira era predominantemente ruralizada e a economia do país agroexportadora, condições contrárias à possibilidade de existência de um público que possa ser caracterizado como massa e, conseqüentemente, à existência de uma cultura de massa. A chegada de Vargas ao poder significou uma mudança na estratégia de desenvolvimento econômico do Brasil, sendo, a partir desse momento, privilegiados os investimentos na produção industrial - o que, por conseqüência, intensificou os processos de formação do proletariado nacional e de urbanização do país.Não é de se estranhar, portanto, que tais transformações tenham consolidado o processo de formação de uma massa de consumidores no Brasil, fato que, por

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si só, explica o nascimento da chamada cultura de massa. Nesse sentido, devemos afirmar que a conclusão do processo de nascimento da massa e da Cultura de Massa no Brasil ocorre no contexto das transformações econômicas, sociais e políticas pelas quais o país passou na transição da República Velha para Era Vargas - sendo, inclusive, a política populista de Vargas um termômetro que nos atesta tal realidade.Embora a época de ouro do rádio brasileiro acontecesse nas décadas posteriores (40 e 50), nomes da cultura popular massificada já tinham aparecido nos anos 30: compositores como Lamartine Babo, Ari Barroso; cantores como Orlando Silva, Chico Alves, Sílvio Caldas, Araci de Almeida, Dalva de Oliveira e outros.Numa canção de João de Barro, as irmãs Aurora e Carmem Miranda cristalizaram as múltiplas funções do novo veículo de comunicação e símbolo maior da cultura de massa em seu nascimento:“Nós somos as cantoras do rádio / Levamos a vida a cantar. / De noite embalamos teu sono, / De manhã nós vamos te acordar. Nós somos as cantoras do rádio. / Nossas canções, cruzando o espaço azul, / Vão reunindo, num grande abraço,/ Corações de Norte a Sul.”