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MAURA VANESSA SILVA SOBREIRA RELIGIOSIDADE, DEPRESSÃO, ANSIEDADE E IDEAÇÃO SUICIDA ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo para obtenção do Título de Doutora em Ciências da Saúde. SÃO PAULO 2018

MAURA VANESSA SILVA SOBREIRA€¦ · Sobreira, Maura Vanessa Silva Religiosidade, depressão, ansiedade e ideação suicida entre mulhe res privadas de liberdade. / Maura Vanessa

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MAURA VANESSA SILVA SOBREIRA

RELIGIOSIDADE, DEPRESSÃO, ANSIEDADE E IDEAÇÃO

SUICIDA ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação

da Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo para obtenção do Título de

Doutora em Ciências da Saúde.

SÃO PAULO

2018

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MAURA VANESSA SILVA SOBREIRA

RELIGIOSIDADE, DEPRESSÃO, ANSIEDADE E IDEAÇÃO

SUICIDA ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE

Tese apresentada ao Curso de Pós-Graduação

da Faculdade de Ciências Médicas da Santa

Casa de São Paulo para obtenção do Título de

Doutora em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde

Orientador: Dr Ricardo Riyoiti Uchida

Co-Orientador: Dr. Quirino Cordeiro Júnior

SÃO PAULO

2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

Preparada pela Biblioteca Central da

Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo

Sobreira, Maura Vanessa Silva Religiosidade, depressão, ansiedade e ideação suicida entre mulheres privadas de liberdade. / Maura Vanessa Silva Sobreira. São Paulo, 2018.

Tese de Doutorado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Ciências da Saúde.

Área de Concentração: Ciências da Saúde Orientador: Ricardo Rioyoiti Uchida Coorientador: Quirino Cordeiro Junior

1. Ansiedade 2. Depressão 3. Mulheres 4. Prisões 5. Religião 6. Saúde mental

BC-FCMSCSP/39-18

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Aos meus pais José Luiz e Maria José, que dignamente me apresentaram a

importância da família e o caminho da honestidade e persistência.

Ao meu companheiro, Emanuel Melo por todo amor sempre dispensado a

mim, pelo apoio, força, incentivo e companheirismo.

Ao meu filho, Luiz Gabriel, que ainda não tem idade para entender o que é

uma tese, agradeço pela alegria, inocência, carinho e amor incondicional que sempre me

estimularam nos momentos difíceis.

A minhas irmãs, Raquel, Élida e Katyanne, minhas companheiras de todas as

horas.

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Não acredito que existam qualidades, valores, modos de vida especificamente femininos: seria

admitir a existência de uma natureza feminina, quer dizer, aderir a um mito inventado pelos

homens para prender as mulheres na sua condição de oprimidas. Não se trata para a mulher de

se afirmar como mulher, mas de tornarem-se seres humanos na sua integridade. Simone de Beauvoir

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AGRADECIMENTOS

A Deus, minha fonte de força para superação de dificuldades;

Aos meus familiares por todo amor, paciência e apoio incondicionais nas minhas decisões;

À Faculdade de Ciências Médicas de São Paulo por ter me acolhido durante a realização do

doutoramento, por todo aprendizado;

Ao Governo do Estado da Paraíba, através da Secretaria de Estado da Saúde pelo apoio nas

intervenções realizadas junto à equipe de saúde do sistema prisional;

À Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, minha instituição de origem, por me

provocar a continuar questionando e aprofundando os estudos;

Ao meu orientador, Profrofessor Dr. Ricardo Uchida, pela paciência, compromisso e suporte

para seguir nessa caminhada;

Aos meus colaboradores do estudo, Júnior Menezes e Eronyce Rayka, pela contribuição

efetiva, parceria e companheirismo;

À equipe de saúde do presidio Júlia Maranhão pelo acolhimento irrestrito;

E especialmente às mulheres privadas de liberdade, as quais participaram desse estudo,

gratidão pelo aprendizado e compartilhamento de suas vidas.

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ABREVIATURAS

BAI- Inventário de Ansiedade de Beck

BDI- Inventário de Depressão de Beck

CEP- Comitê de Ética em Pesquisa

CID-Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde

CNJ- Conselho Nacional de Justiça

DEPEN- Departamento Penitenciário Nacional

DSI- Escala de Ideação Suicida de Beck

DSM- Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

INFOPEN- Informação do Sistema Penitenciário

LEP- Lei de Execução Penal

OMS- Organização Mundial de Saúde

PNAISP- Política Nacional de Atenção Integral a Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade

no Sistema Prisional

PNSSP- Plano Nacional de Saúde do Sistema Penitenciário

RI- Religiosidade Intrínseca

RNO- Religiosidade Não Organizacional

RO- Religiosidade Organizacional

SPSS- Statistic Package for the Social Sciencies

SUS- Sistema Único de Saúde

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 10

1.1. Revisão de Literatura 15

1.1.1 Contexto do Sistema Penitenciário Brasileiro e Políticas Públicas de

Saúde

15

1.1.2 Mulheres privadas de liberdade e sofrimento mental 19

1.1.3 Suicídio e privação de liberdade 23

1.1.4 Religiosidade e saúde mental 25

1.2. Hipóteses de estudo 26

2. OBJETIVOS 27

3. CASUÍSTICA E MÉTODO 28

3.1. Tipo de Estudo 28

3.2. Local de Realização 28

3.3. População e Amostra 29

3.4. Instrumentos de Coleta de Dados 29

3.5. Coleta de Dados 31

3.6. Análise dos Dados 32

3.7. Considerações éticas 32

4. RESULTADOS 33

4.1. Dados Sociodemográficos 33

4.2. Dados relacionados a privação de liberdade 34

4.3. Dados sobre o histórico 36

4.4. Condições Físicas, clínicas e medicamentosa 37

4.5. Saúde Mental entre mulheres privadas de liberdade 39

4.6. Religiosidade e correlação entre ansiedade e depressão 39

4.7. Ideação suicida entre mulheres privadas de liberdade 41

4.8. Ideação suicida, ansiedade, depressão e correlação com outras variáveis 44

5. DISCUSSÃO 47

6. CONCLUSÕES 58

7. ANEXOS 60

Anexo 1 – Índice de Religiosidade da Universidade de Duke 60

Anexo 2 – Inventário de Ansiedade de Beck 62

Anexo 3 – Inventário de Depressão de Beck 64

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Anexo 4 – Escala de Ideação Suicida 68

Anexo 5 – Parecer CEP 72

Anexo 6 – Artigo Submetido 75

8 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 93

RESUMO 101

ABSTRACT 103

LISTAS E APÊNDICES 105

Lista de Tabelas 105

Apêndice A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 107

Apêndice B – Instrumento de Coleta de Dados 109

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1. INTRODUÇÃO

Embora o debate sobre o aprisionamento feminino venha acontecendo com maior

frequência nos últimos cento e cinquenta anos, acompanhando as lutas femininas por direitos

e autonomias, mudanças nas legislações e o aumento da violência na sociedade de maneira

geral, tal fato ainda desperta um sentimento de espanto na sociedade quando comparado aos

direitos masculinos.

Evidencia-se que a criminalidade e a violência se constituem em graves expressões da

questão social, atingindo diferentes grupos sociais. Neste contexto, identifica-se que a atuação

do estado vem privilegiando aspectos que reorientam as estratégias de enfrentamento

relacionadas à penalização da questão social em detrimento de ações de proteção social. Neste

sentido o aumento de atos criminais cometidos por mulheres, bem como o consequente

ingresso destas no sistema prisional brasileiro vem se constituindo em questão relevante na

sociedade atual (Rodrigues et al, 2012).

Em junho de 2016, existiam 726.712 pessoas privadas de liberdade no Brasil. Em

relação ao número de vagas, os dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN)

revela um déficit total de 358.663 mil vagas e uma taxa de ocupação média de 197,4% em

todo o país, cenário também agravado em relação ao último levantamento disponível (Depen,

2017).

Os índices atuais mostram que esmagadora maioria dos detentos do sistema

penitenciário brasileiro hoje é oriunda da parcela mais vulnerável da população. Esses sujeitos

são advindos das periferias das cidades, são pobres e possuem baixo grau de escolarização.

No caso das mulheres, as pesquisas apontam que, a maioria encontra-se no sistema

penitenciário em razão de envolvimento com o tráfico de drogas (Rodrigues et al, 2012).

Para as mulheres privadas de liberdade, a Constituição Brasileira (1988) determina

tratamento especial, com estabelecimento próprio adequado a sua necessidade e respeito a sua

condição social. A Lei de Execução Penal dispõe sobre as penitenciárias femininas,

preconizando que estes estabelecimentos devam possuir seções especiais para as gestantes, as

parturientes e para a mães com o filho até doze anos de idade. Contudo, as mulheres

brasileiras, em sua grande maioria, desconhecem seus direitos civis. Nesse sentido, as

circunstâncias de confinamento das mulheres presas e a responsabilidade do Estado pela sua

custódia direta demandam do poder público uma ação ainda mais proativa e um tratamento de

fato especializado, com o fim de garantir às mulheres encarceradas o acesso e gozo dos

direitos que lhe são assegurados pela normativa nacional e internacional (Brasil, 1984).

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A situação atual do Sistema Penitenciário brasileiro é de celas superlotadas,

precariedade e insalubridade dos presídios. Soma-se a isso, más condições de alimentação e

higiene, o sedentarismo dos presos, além do uso indiscriminado de drogas. Todos esses

fatores tornam as prisões um espaço de degradação humana. As condições de confinamento

em que se encontram as pessoas privadas de liberdade são determinantes para o bem-estar

físico e psíquico. Quando recolhidas aos estabelecimentos prisionais, as pessoas trazem

problemas de saúde, bem como transtornos mentais, que são gradualmente agravados pela

precariedade das condições de moradia, alimentação e saúde das unidades prisionais

(Rodrigues, et al, 2012; Brasil, 2017).

No que se refere à Política de Saúde, o Plano Nacional de Saúde no Sistema

Penitenciário, a partir da Portaria Interministerial nº. 1.777/2003 contempla, essencialmente, a

população recolhida em penitenciárias, presídios, colônias agrícolas e/ou agroindustriais e

hospitais de custódia e tratamento, não incluindo presos do regime aberto e presos

provisórios, recolhidos em cadeias públicas e distritos policiais (BRASIL, 2003). Em 2014, o

Mistério da Saúde do Brasil, instituiu, através da portaria Interministerial nº 1, de 2 de janeiro

de 2014, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de Liberdade

no Sistema Prisional (PNAISP), que tem como objetivo garantir o direito à saúde para todas

as pessoas privadas de liberdade, principalmente, através da melhoria da infraestrutura das

unidades básicas de saúde prisional e garantia da equipe mínima (Brasil, 2014).

A prevalência de doenças nessa população específica é maior do que na população em

geral. Segundo Watson (2004), 90% das pessoas privadas de liberdade têm problemas de

saúde mental, 80% fumam, 8% dos homens e 12% das mulheres são infectados pelos vírus

que causam as hepatites B e C, além de alguns soropositivos. Essa população possui não só

doenças associadas ao físico, mas, sobretudo, a problemas de saúde mental, os quais possuem

maior prevalência entre essa população específica (carcerária) em relação à população geral.

Entretanto, o padrão de confinamento, na maioria das unidades prisionais, revela uma

série de fatores de risco à saúde mental e física desta população, a exemplo da superlotação,

precárias condições de higiene, falta de controle da qualidade dos alimentos fornecidos,

relações violentas de poder, falta de atividades laborais e físicas, uso de drogas, entre outros.

A tais fatores, adiciona-se a precariedade da atenção à saúde dessa população, além de as

ações de promoção e prevenção e da assistência curativa prestada serem muito heterogêneas

entre as unidades federadas, variando desde a ausência absoluta até a existência de serviços

próprios. A prisão funciona como reprodutora da miséria, visto que, ao longo do período de

encarceramento, inflige perdas à mulher presa em diferentes dimensões da vida social, a

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começar pelo trabalho e pela moradia. Essa perda material tende, na maioria das vezes, a

atingir a família e, em muitos casos, a estremecer relações familiares e afetivas. A falta de

apoio familiar, as reduzidas possibilidades de trabalho, de formação profissional, de lazer e a

falta de acesso a bens materiais básicos tornam difícil a vida da detenta dentro da prisão e

quando de seu retorno à liberdade. Nesse sentido, pode-se afirmar que a prisão empobrece ou

agrava a pobreza preexistente (Lima, 2005; Rodrigues et al, 2012).

A depressão é um dos transtornos mentais presentes entre mulheres privadas de

liberdade. Em estudo realizado em Ribeirão Preto por Pinese (2009), a frequência de

depressão nesse grupo é mais alta do que o encontrado na literatura, sendo por ela identificado

através do inventário de Beck, uma predominância de 82% de detentas com sintomas

depressivos, sendo acentuado em mulheres jovens.

Embora a característica mais típica dos estados depressivos seja a proeminência dos

sentimentos de tristeza ou vazio, nem todos os pacientes relatam a sensação subjetiva de

tristeza. Muitos referem, sobretudo, a perda da capacidade de experimentar prazer nas

atividades em geral e a redução do interesse pelo ambiente. Frequentemente, associa-se à

sensação de fadiga ou perda de energia, caracterizada pela queixa de cansaço exagerado.

Alguns autores enfatizam a importância das alterações psicomotoras, em particular referindo-

se à lentificação ou retardo psicomotor. No diagnóstico da depressão, levam-se em conta:

sintomas psíquicos, fisiológicos e evidências comportamentais (Del Porto, 1999).

Conforme Lima (1999), os fatores considerados de risco seriam os eventos vitais

(mudanças identificáveis no padrão de vida que afete o bem estar do indivíduo); estresse

crônico (condições que em longo prazo trazem dificuldades, tais como dificuldades

financeiras e nas relações interpessoais, além de ameaças permanentes à segurança do

indivíduo) e, suporte social (fatores socioambientais que podem modificar o efeito de

estressores sobre as pessoas, tais como falta do cônjuge e isolamento social). Salienta-se que

todos esses fatores se encontram presentes no ambiente carcerário, reforçando a hipótese de

que o índice de depressão nesta população pode ser alto, considerando-se que a maioria dos

estudos epidemiológicos mostra uma associação entre eventos negativos e depressão maior.

A ansiedade também é considerada um estado emocional com componentes

psicológicos e fisiológicos, sendo caracterizada por sensações subjetivas de antecipação,

medo ou apreensão associada com graus de grande excitação e reatividade autônoma. É

importante ressaltar que a ansiedade faz parte dos sentimentos normais, tornando-se

patológica quando a intensidade ou frequência não corresponde à situação que a desencadeia

ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione. Essa classificação vai

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depender da situação em si das características do indivíduo e da interpretação que ele faz da

situação (Araújo et al, 2009).

Para Beck, Emery e Greenberg (1985), a predominância no fluxo dos pensamentos dos

pacientes com transtorno de ansiedade relaciona-se ao perigo. Uma vez que estes pacientes

superestimam o perigo e subestimam os recursos pessoais para lidar com as situações

perigosas, o processamento cognitivo da ansiedade encontra-se na crença de vulnerabilidade

do indivíduo, pois os próprios sintomas de ansiedade são decorrentes de uma avaliação de

perigo iminente que pode transformar-se em uma nova ameaça percebida, que por sua vez são

interpretadas como um possível sinal de lesão física ou psicológica.

Por sua vez, o suicídio é um fenômeno complexo determinado pela interação de

múltiplos fatores, entre os quais a constituição biológica do indivíduo, sua história pessoal,

seus elementos emocionais, eventos circunstanciais, bem como o meio social em que está

inserido. Nesse fenômeno social que é o suicídio existem os fatores externos e os internos. Os

fatores externos são os socioculturais. Já os internos são: a desesperança, a depressão, a

pulsão de morte, entre outros (Turecki, 2007; Minayo, 1998).

As infratoras presas podem ter sido agentes, mas, também, são pessoas vítimas da

violência. A pena de prisão reproduz a violência, as condições gerais de cumprimento das

penas deterioram-se muito, as condições sanitárias das unidades prisionais são precárias e a

saúde mental do indivíduo está sendo cada vez mais afetada. A unidade prisional é, portanto,

um ambiente do qual a violência faz parte (Negrelli, 2006).

Para Tauany et al (2012), a saúde mental tem relação com a religiosidade, existindo

diversos fatores que podem contribuir para um papel protetor da religião em relação à saúde

como: (1) a adoção de estilos de vida mais saudáveis; (2) o provimento de suporte social; (3)

o desenvolvimento de um sistema de crenças e processos cognitivos que promovem maior

aceitação de si e do próximo com promoção de resiliência e (4) condução de práticas

religiosas que aliviam o sofrimento psicológico. As relações entre religiosidade e saúde têm

sido cada vez mais investigadas e as evidências têm apontado para uma relação habitualmente

positiva entre indicadores de envolvimento religiosos e de saúde mental.

No Estado da Paraíba, a população carcerária está estimada em 11.377, sendo 615

mulheres. A capacidade instalada de vagas, refere-se a 5.241, sendo 186 feminina, distribuída

em 80 estabelecimentos penais, apenas quatro destinados a mulheres (Depen, 2017). O

crescimento da população feminina é um fenômeno recente e aponta para a necessidade de

estudos que considerem a perspectiva de gênero no ambiente prisional, garantindo que não

haja a invisibilidade das necessidades e direitos das mulheres presas.

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As mulheres aprisionadas apresentam cinco vezes mais chances de desenvolver algum

problema de saúde mental, quando comparadas à população em geral de mulheres como

transtornos de humor e uso de substâncias. O isolamento tem gerado consequências danosas

para a saúde mental das mulheres que parecem encontrar mais dificuldades que os homens

quando são obrigadas a permanecer por muito tempo isoladas (Lima, 2005).

Nesse sentido, torna-se fundamental realizar um estudo sobre religiosidade, depressão,

ansiedade e ideação suicida entre mulheres detentas no Estado da Paraíba, considerando

fatores como superlotação dos presídios, o déficit de vagas, condições sanitárias, somando-se

a isso, a implantação recente do Plano Estadual de Saúde do Sistema Penitenciário. Cabe

destacar que, no Brasil, a questão da criminalidade feminina ainda não foi suficientemente

explorada. Uma das razões, de acordo com França (2014) é pelo fato de os autores que vêm se

dedicando sobre a temática não diferenciarem a criminalidade feminina da masculina. Tal

postura é amparada pela percepção de que a participação feminina se comparada à masculina,

é praticamente invisível na criminalidade geral, uma vez que representa, aproximadamente,

apenas 6% do total de presos (França, 2014).

Mulheres privadas de liberdade cometem suicídio nos presídios. Quase dez por cento

de todas as mortes no cárcere são por auto-violência humana. O crescimento das notificações

e da busca por cuidados dos que ameaçam se matar é um fenômeno que merece atenção do

setor da saúde. É pertinente a avaliação da ideação suicida de infratoras presas (Negrelli,

2006). O conhecimento deste tema é de grande relevância para a análise da situação social

das mulheres privadas de liberdade, indivíduos presos, para a análise da saúde mental desta

parcela da população no Estado da Paraíba, para projetos de práticas preventivas do suicídio e

para o planejamento de ações de saúde mental.

Os questionamentos que emergiram para realização da pesquisa foram: Quais

características sócio-demográfico-clínicas e condição penal das mulheres privadas de

liberdade do Centro de Reeducação Feminina Maria Júlia Maranhão? Quais os índices de

religiosidade dessas mulheres e qual a relação com a saúde mental? Quais os sinais

indicativos de depressão e ansiedade e ideação suicida entre essas mulheres conforme

inventário de Beck?

Dessa forma, compreender a relação da religiosidade, saúde mental e os determinantes

do processo saúde-doença da depressão, ansiedade e suicídio, favorecerá o reconhecimento

das condições vivenciadas por estas mulheres, fornecendo subsídios para o resgate da

cidadania, dos direitos humanos e criação de condições de saúde dignas.

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1.1. REVISÃO DE LITERATURA

1.1.1 Contexto do Sistema Penitenciário Brasileiro e Políticas Públicas de Saúde

Segundo Foucault (2004), a forma prisão se constituiu fora do aparelho judiciário

quando se elaboraram por todo o corpo social, os diversos processos para repartir os

indivíduos, fixá-los, distribuí-los espacialmente e classificá-los, visando tirar deles o máximo

de tempo e de forças, treinando seus corpos, codificando seu comportamento continuamente,

mantendo-os sob uma visibilidade sem lacunas, formando em torno deles um aparelho

completo de observação, registro e anotações, produzindo sobre eles um saber que se acumula

e se centraliza. A forma geral de uma aparelhagem para tornar os indivíduos dóceis e úteis,

mediante um trabalho preciso sobre seu corpo, criou a instituição prisão antes que a lei a

definisse como pena por excelência (Benelli, 2014).

Para o estudioso Loïc Wacquant (2001), as prisões brasileiras são verdadeiros

depósitos de pobres. O autor enfatiza que com o aumento da pobreza advinda dos moldes

capitalistas, ocorre também um endurecimento na aplicação das penas a determinados grupos

sociais e, consequentemente, crescimento das taxas de encarceramento no Brasil.

Conforme dados do Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN), no ano 2016, a

população prisional brasileira ultrapassou, pela primeira vez na história, a marca de 700 mil

pessoas privadas de liberdade, o que representa um aumento da ordem de 707% em relação ao

total registrado no início da década de 1990 (Depen, 2017).

Cabe destacar que o rápido e desordenado crescimento da população prisional não

foi acompanhado pelos investimentos em reformas, ampliações e construção de presídios,

desencadeando nas prisões brasileiras grandes problemas estruturais como: celas muito

pequenas para o número de presos, construções inapropriadas e mal conservadas,

dependências sujas, pouca iluminação e ventilação, serviços internos funcionando com

pouca eficácia e os profissionais pouco habilitados para o exercício de determinadas funções

especificas desse ambiente (Depen, 2017).

As prisões como instituições totais, atingem o preso em diversas esferas da vida,

através do isolamento social e proibições produzidas por estas, constituindo-se em uma forma

de mutilação do ser, gerando uma perda de identidade, despersonalização, submissão passiva

frente a regras em decorrência de violações diretas e permanentes do corpo (Goffman, 2005).

Quando os dados apresentados são associados às precárias condições do cárcere,

surgem, então, preocupações outras que deveriam alertar para o risco de um grave problema

de saúde pública, no interior dos milhares de estabelecimentos penais do país. Risco

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confirmado pela existência de altas taxas de prevalência de doenças transmissíveis,

destacando-se, entre essas, as sexuais e as respiratórias. Essa preocupação se estende também

à elevada incidência de doenças crônicas no interior do cárcere, que tem confirmado a

modificação no perfil de saúde da população ocorrida nos últimos anos – onde a maior

ocorrência de doenças infectocontagiosas dá lugar a maior número de doenças crônico

degenerativas. Essas últimas, no interior do cárcere, sendo ocasionadas, principalmente, pelas

péssimas condições materiais e higiênicas, de nutrição e, ainda, pela pouca disponibilidade de

serviços de saúde ofertada aos internos (Depen, 2017).

As condições nos ambientes prisionais são precárias, o que afeta, principalmente, a

saúde dessas pessoas. Leis e normas têm sido criadas para dar melhores condições de vida aos

apenados, mas, muito ainda precisa ser feito. Entre os dispositivos existentes ressalta-se a

Resolução nº. 14, de 11 de novembro de 1994, do Ministério da Justiça, que dispõe sobre as

Regras Mínimas do Preso no Brasil. No que respeita o direito à saúde, Lei n. 7.210, de 11 de

julho de 1984 – Lei de Execuções Penais, no seu artigo 14, trata da assistência à saúde do

preso e do internado, dentro de uma perspectiva preventiva e curativa, compreendendo desde

o atendimento médico e farmacêutico ao odontológico. No § 3º desse artigo, assegura o

acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-parto, extensivo ao

recém-nascido (incluído pela Lei n. 11.942, de 2009) (Brasil, 2009).

Para Lima (2013) p.52 “a prisão é um mundo onde as situações são

vividas de forma intensa, onde são roubadas de seus internos a

dignidade, autonomia, autoestima e por vezes a esperança”. A autora

conclui que as diversas privações sofridas no ambiente prisional

(sociais, culturais, pessoais, emocionais, entre outras) fazem da

estadia na prisão um momento de conflitos e crises.

Tais condições sub-humanas encontradas nos ambientes carcerários reafirmam a

existência de sistema penal com caráter fortemente punitivo, onde a pena passa a exercer,

quase que unicamente a função de vingança ou apenas como privação do direito de ir e vir da

pessoa delituosa. Tal fato gera uma violação dos direitos humanos de pessoas detentas,

inclusive, no tocante ao resgate da sua cidadania, reabilitação e consequente reinserção na

sociedade, como garantido em diversos dispositivos legais (Rodrigues et al, 2012).

Contudo, emerge a incidência de um Estado penal cada vez mais forte, onde a partir de

um decréscimo cada vez maior no campo das políticas sociais que atenda à camada mais

empobrecida e marginalizada da população, cresce a condição de cerceamento da liberdade e

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do controle social, muitas vezes, com base na violência. Há uma tendência clara de

criminalização da questão social, onde situações limites que dizem respeito a toda a

sociedade, mas que atingem de forma desigual e com maior intensidade os mais pobres e

vulneráveis, são tratadas como casos de polícia ao invés de serem tratadas como casos que

demandam políticas públicas. Nessa direção a pena de privação de liberdade, no atual

contexto do Sistema Penitenciário brasileiro e diante da situação da Segurança Pública no

país, está longe de alcançar seu intento de ressocialização dos apenados e de ser condição

favorável para a diminuição da criminalidade. Ao contrário, o Sistema Penitenciário tem sido

um espaço de extrema violência institucional e a privação de liberdade em nada tem

contribuído para um decréscimo da violência socialmente instituída (Wolff, 2010; Rodrigues

et al, 2012).

No Brasil, preservar a garantia do direito à saúde de apenados é um grande desafio,

especialmente no que tange a atenção à saúde mental. Visto que a saúde nos ambientes

prisionais, ainda não contemplava na íntegra os princípios do SUS, em 2003, foi instituída a

Portaria Interministerial dos Ministérios da Saúde e da Justiça nº 1.777, de 9 de setembro

aprovando o Plano Nacional de Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), destinado a prover

a atenção integral à saúde da população prisional em unidades masculinas e feminina bem

como nas psiquiátricas (Brasil, 2003). Com o intuito de garantir a saúde dos detentos de

forma integral, o mesmo autor afirma que a PNSSP construiu diretrizes estratégicas, tais

como: prestar assistência integral resolutiva contínua e de boa qualidade às necessidades de

saúde; reduzir os agravos mais frequentes; definir e programar ações e serviços consonantes

com os princípios e diretrizes do SUS; implementar a intersetorialidade; a democratização do

conhecimento do processo saúde/doença, dentre outros.

Com base no mencionado plano, as ações e serviços da atenção básica em saúde

deverão ser organizados nas unidades penais por meio da formação de equipes

interdisciplinares responsáveis pela atenção primária do preso, ficando o acesso aos demais

níveis de atenção como item integrante dos planos operativos estaduais (Brasil, 2003).

Assim, os objetivos e princípios estabelecidos no PNSSP, do ponto de vista formal,

são consoantes com a legislação internacional acerca dos direitos humanos e, ainda, com os

princípios e diretrizes do SUS, resultando no primeiro registro histórico de uma política de

saúde específica à população confinada nas unidades prisionais nacionais.

Para Oliveira e Guimarães (2011), a relação do PNSSP com o SUS está bem

demarcada nas diretrizes estratégicas do plano, ao defender a assistência integral resolutiva,

contínua e de boa qualidade; o controle e/ou redução dos agravos mais frequentes; definição e

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implementação de ações e serviços consoantes com os princípios e diretrizes do SUS; o

estabelecimento de parcerias intersetoriais; a democratização do conhecimento do processo

saúde/doença, da organização dos serviços e da produção social da saúde; o reconhecimento

da saúde como um direito da cidadania; o efetivo exercício do controle social. De modo geral,

o plano propõe reforçar a premissa na qual as pessoas presas, independente dos delitos

praticados, mantenham os seus direitos inerentes à pessoa humana, proclamados na

Declaração dos Direitos Humanos (ONU, 1948, 1990) e na Constituição Federal,

especialmente, o direito à plena saúde, não perdendo, portanto, o direito à cidadania.

Para efetivação do Plano, cabe ao Ministério da Justiça o financiamento das

construções e reformas estruturais dos módulos de saúde e ainda a aquisição de materiais e

equipamentos. Acrescente-se, também, que o Ministério da Saúde se responsabilize pelo

fornecimento periódico de medicamentos, como também o repasse de incentivos financeiros

para a manutenção das equipes. Aos cuidados dos Estados estão as atribuições de

complementar os investimentos federais, contratar e controlar os serviços de referência sob

sua gestão (Oliveira, Guimarães, 2011).

Considerando as recomendações das últimas três Conferências Nacionais de Saúde, o

Mistério da Saúde do Brasil, instituiu em 2014, através da portaria interministerial nº1, de 2

de janeiro de 2014, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de

Liberdade no Sistema Prisional (PNAISP), que tem como objetivo garantir o direito à saúde

para todas as pessoas privadas de liberdade, principalmente, através da melhoria da

infraestrutura das unidades básicas de saúde prisionais e garantir a equipe mínima com

médico, enfermeiro, dentista, assistente social, psicólogo, técnico em enfermagem e auxiliar

em saúde bucal (Brasil, 2014).

A política foi criada para garantir o direito à saúde para todas as pessoas privadas de

liberdade no Sistema Prisional, assegurando que cada unidade prisional tenha um ponto

integrante da Rede de Atenção à Saúde do SUS, sendo estes custeados com recursos do

Ministério da Saúde repassados diretamente aos estados e municípios habilitados (Brasil,

2014).

Como ações específicas à saúde da mulher privada de liberdade, preconizadas pelo

PNSSP, estão à assistência no pré-natal e garantia do acesso das gestantes no atendimento de

intercorrências gestacionais, controle do câncer cérvico-uterino e de mama, ações para

diagnóstico e tratamento das Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s) e AIDS,

assistência à anticoncepção, imunização, assistência ao puerpério e ações de educação em

saúde (Brasil 2014).

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1.1.2 Mulheres privadas de liberdade e sofrimento mental

A questão do gênero traz particularidades para a pena de privação de liberdade,

sobretudo pelo papel social ocupado pela mulher, geralmente a função de cuidadora da

família, que fica vazio quando do ingresso desta no sistema penitenciário. Esse papel,

ocupado pela mulher no atual contexto social é uma construção histórica na relação entre os

sexos, que foi determinando nos papéis diferenciados para homens e mulheres. O percurso

histórico da mulher, tanto no espaço privado como no público, vem sendo permeado por

processos de violência de gênero, esses muitas vezes velados e naturalizados por toda a

sociedade (Rodrigues et al, 2012).

No tocante às prisões femininas, além das precárias condições gerais, também não

oferecem condições adequadas para que as mulheres mantenham estreitas as relações com os

filhos e a família, aumentando suas angústias em relação à necessidade de cumprimento do

seu papel social no grupo familiar, assim, como também, não levam em conta a necessidade

de outras condições especiais que dizem respeito ao gênero, como a atenção especial à saúde.

Ressalta-se ainda que no encarceramento feminino a supressão de direitos é ainda maior, fato

observado na escassez de políticas públicas que considerem as especificidades ligadas ao

gênero (Lopes, 2004; Mello, 2008).

A Lei de Execução Penal (Lei nº 7.210/84), assegura às mulheres o direito ao

alojamento em celas individuais e salubres, em ambientes próprios e adequados a sua

condição pessoal. Modificações ocorridas em 2009 pelas Leis nº 11.942/09 e nº 12.121/09,

determinaram que os estabelecimentos penais destinados a mulheres fossem dotados de

berçário, onde as apenadas pudessem cuidar de seus filhos, inclusive amamentá-los no

mínimo, até seis meses de idade, e ainda, possuir, exclusivamente, agentes penitenciarias do

sexo feminino (Brasil, 2009a; Brasil, 2009b).

A mulher presa gestante ou com filho de até 12 anos de idade incompletos tem direito

a requerer a substituição da prisão preventiva pela domiciliar. É o que estabelece a Lei n.

13.257, editada em dia 8 de março de 2016, que alterou artigos do Código de Processo Penal.

A mudança amplia o rol de direitos das mulheres presas no Brasil, que hoje representam 6,4%

da população carcerária do país, número que vem crescendo em ritmo muito maior do que a

população carcerária do sexo masculino (Conselho Nacional de Justiça, 2017).

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De acordo com o levantamento nacional de Informações Penitenciárias do Ministério

da Justiça (Infopen), em quinze anos (entre 2000 e 2014) a população carcerária feminina

cresceu 567,4%, chegando a 37.380 detentas. Já a média de crescimento masculino foi de

220,20% no mesmo período.

As mudanças instituídas por meio da Lei n. 13.257 ampliam os direitos já previstos na

legislação brasileira para as mulheres presas. Segundo a Cartilha da Mulher Presa, editada

pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2011, a mulher presa tinha direito a cumprir

pena em estabelecimento distinto do destinado a homens e a segurança interna das

penitenciárias femininas deve ser feita apenas por agentes do sexo feminino.

Um aspecto fundamental a ser ressaltado diz respeito ao contexto de violência que

muitas dessas mulheres vivenciaram e continuam a vivenciar, que inclui, além das agressões

físicas, sexuais e psicológicas diretamente sofridas ao longo da existência, perdas violentas de

parentes próximos e/ou de parceiros conjugais.

Assis e Constantino (2001) descrevem que existe um imaginário social construído em

torno da criminalidade feminina, que é acolhido inclusive por autoridades jurídicas. Concebe-

se que as mulheres são fortemente influenciadas por estados fisiológicos e que seus crimes

são, em grande escala, cometidos no espaço privado, já que o espaço público ainda lhes é

muito negado. Muitas vezes se envolvem em crimes passionais ou naqueles cometidos sob

violenta emoção. Quando cometem crimes de outra natureza, como a participação no tráfico

de drogas, esses estão vinculados a uma posição subalterna justificada como uma extensão

natural de suas relações afetivas. Acredita-se que participem dos delitos em número menor

que os homens e sejam postas à margem das atividades importantes. São consideradas

perigosas e não confiáveis, capazes de traição, com exceção das que passam por provas

especiais de valor. Exceção se faz somente quando se trata de lésbicas ou prostitutas, que são

identificadas como mais parecidas com os homens, mais machonas e mais habituadas à rua e

à delinquência.

Nas prisões, assim como em outras esferas sociais, são projetadas assimetrias de

gênero que produzem desigualdades nas dinâmicas do cárcere (organização da visita, vínculo

com a família, trabalho, dinâmicas internas, etc.) já apontadas em algumas pesquisas. Muitas

destas mostram que grande parte das mulheres encarceradas possuem trajetórias anteriores de

violência, vulnerabilidade e crime penalização específicas e, por isso, apresentam sofrimento

psíquico e importante sofrimento mental para os quais têm sido destinada a prática recorrente

da medicalização (Mello, 2008).

As mulheres em situação de privação de liberdade têm demandas e necessidades muito

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específicas, não podendo desprezar esse cenário quando se analisa o impacto direto e indireto

que o encarceramento as submete. Historicamente, a ótica masculina tem sido tomada como

regra para o contexto prisional, com prevalência de serviços e políticas penais direcionados

para homens, deixando em segundo plano as diversidades que compreendem a realidade

feminina, como sua orientação sexual, identidade de gênero, situação de gestação e

maternidade, entre tantas outras (Silva, 2016).

Diversos estudos comprovam a alta prevalência de desordens psíquicas em populações

privadas de liberdade, a exemplo temos o estudo desenvolvido no Reino Unido por Brughaet

e colaboradores (2005), constatando que a população carcerária possui maiores índices de

problemas mentais quando comparados à população em geral, em uma proporção de 5,2%

versus 0,4%.

Quanto à incidência de transtornos mentais (depressão e ansiedade), nessa população,

podem estar condicionados a fatores como a privação de liberdade, a mudança do ambiente

social para o confinamento e tensão. A vivência de situações adversas desencadeia em cada

indivíduo diferentes respostas e reações, algumas adaptativas e outras que os expõem a riscos

ainda maiores (Portugues, 2001).

Canazaro e Argimon (2010), mostraram alta prevalência de sintomatologia grave de

depressão entre mulheres encarceradas. O uso de drogas ilícitas como maconha, cocaína e

craque, além das lícitas como o álcool, utilizadas durante a vida em liberdade, contribuiu para

o surgimento da doença. Em verdade, diversos são os fatores que podem ser associados à

prevalência dos referidos problemas mentais, dentre eles, os sociodemográficos, baixa renda,

problemas clínicos, histórico familiar conturbado.

O estudo realizado por Fernandes e Hirdes (2006) numa penitenciária do Rio Grande

do Sul (RS) indicou diversas situações promotoras de sofrimento mental, das quais podemos

citar: tristeza pelo abandono dos familiares; culpa pela ausência na criação dos filhos; medo

pela inadequação na adaptação à cultura prisional, e despersonalização e sofrimento

antecipado sobre a vida fora da prisão frente ao estigma e a discriminação da sociedade que

não possibilitam perspectivas de trabalho fora do contexto criminal.

Outro estudo nacional mostrou uma prevalência de 31% de ideação suicida entre as

presas, sendo que 9% dessa população possuíam história prévia de tentativa de suicídio. Este

estudo constatou também sintomas depressivos em 34% das mulheres e ansiedade em 39%

(Gonçalves et al, 2010). Assim, os dados apresentados na literatura brasileira mostram uma

realidade muito pior quando comparados com estudos internacionais, exprimindo altas

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prevalências de quadros psiquiátricos na população prisional feminina.

A situação de privação imposta pelo ambiente carcerário não necessariamente atua da

mesma forma em todos os apenados. O comportamento dos indivíduos perante essas situações

irá depender da sua vulnerabilidade, a qual pode ser definida como uma predisposição para o

desenvolvimento de disfunções psicológicas ou de respostas pouco adequadas à ocasião, entre

elas possíveis respostas deprimidas ou ansiosas (Zimmerman, Arunkumar, 1994).

O estresse é um problema de saúde mental que se encontra associado a diversos outros

transtornos físicos e mentais, dentre eles a depressão. É uma resposta orgânica não específica

para situações estressoras ao organismo. Sua presença de forma moderada significa uma

normal adaptação às demandas do dia a dia, porém, quando excessivo, é uma manifestação de

sofrimento psíquico com reações físicas e emocionais e os sintomas variam dependendo da

fase em que se encontra. A vivência de estresse no ambiente prisional - agudo ou prolongado -

é especialmente relacionada a sintomas depressivos, sendo mais comum entre as novas presas

e estando relacionado ao maior risco de suicídio na prisão (Men, 2003).

Existem ainda poucos estudos sobre a saúde mental da população carcerária feminina,

principalmente, no Brasil. Em pesquisa realizada numa penitenciária feminina em São Paulo,

Almeida (1998) encontrou como sintomas mais prevalentes: insônia, ansiedade, somatização,

depressão e irritabilidade. Cerca de 77% das presas entrevistadas queixaram-se de uma

sensação contínua de mal-estar emocional.

A depressão tem se tornado destaque no campo da saúde pública, isso é refletido pelo

surpreendente número de pesquisas, colóquios e publicações destinadas a tratar este assunto,

bem como pelo alto investimento da indústria farmacológica na medicação antidepressiva.

Parece provável que nenhum fator isolado pode explicar a ocorrência desse desequilíbrio,

mas, sim, que esta seja o resultado de uma interação entre vários fatores diferentes. Seu início

e evolução estão ligados a um grande número de variáveis biológicas, históricas, ambientais e

psicológicas. Sua importância é tamanha que a Organização Mundial de Saúde (OMS) tem

alertado para o fato de que a depressão, que vem sendo considerada a quinta causa de

morbidade entre todas as doenças no mundo, passará a ocupar o segundo lugar nessa lista no

ano de 2020, se as tendências atuais da transição demográfica e epidemiológica se

mantiverem (OMS, 2001).

De acordo com Araújo et al (2009), as discussões atuais apresentam definições e

conceitos de ansiedade tanto como um sintoma quanto como uma patologia, que envolve

aspectos multifatoriais, de caráter somático ou cognitivo. Normalmente, pode manifestar-se

em circunstâncias que denotem algum perigo iminente originado por uma situação

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ameaçadora ou, simplesmente, por alterações em nosso meio ambiente, arroladas no processo

de desenvolvimento econômico, social e cultural. Neste sentido, não há como negar a

alteração no estilo de vida, rotina e hábitos devidos ao encarceramento.

1.1.3 Suicídio e Privação de Liberdade

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2006), o ato suicida “[...] é todo o ato em

que o indivíduo cause uma lesão a si mesmo, qualquer que seja o grau de intenção letal e

conhecimento do verdadeiro móvel do ato”. Já a tentativa de suicídio pode ser considerada um

ato com um resultado não fatal. Neste caso, um indivíduo inicia um comportamento não

habitual que, sem a intervenção de outros, poderá causar prejuízo para si próprio.

O suicídio é, por si só, caracterizado como consequência de uma situação de crise. Isto

porque, durante a vida, há períodos difíceis que, para algumas pessoas, são sentidos como

insuportáveis. Tal discernimento, decorre da maneira como cada indivíduo avalia, interpreta e

vivencia suas experiências individuais. Schraiber et al (2006) colocam em questão a crise da

sociabilidade como causa da violência. As autoras percebem esta crescente violência como

consequência da falência dos processos vigentes de socialização da contemporaneidade. Essa

violência presente em todos os âmbitos do nosso país afeta e altera a saúde do indivíduo,

gerando mortes e implicações de ordem física e psíquica. Por tal razão, está havendo um

aumento da discussão sobre o assunto no campo da saúde pública, considerando este

problema como uma questão emergencial, já que produz inúmeros efeitos na saúde da

população.

A Organização Mundial da Saúde (2006) relata que cerca de um milhão de pessoas

comete suicídio anualmente no planeta, e entre 10 a 20 milhões de pessoas tentam suicídio.

Isto, por sua vez, já é um fato extremamente preocupante que deve ser encarado como um

problema de saúde mundial. Em jovens de 15 a 34 anos de todo o mundo, o suicídio é uma

das três principais causas de morte. O relatório da OMS aponta, ainda, que o suicídio é uma

das principais causas de morte entre jovens, em grande parte dos países desenvolvidos e

muitos em desenvolvimento, além do que destaca que as causas destes suicídios se relacionam

a diversos fatores como, por exemplo, psicológicos, biológicos e socioculturais.

Cassorla (1984) afirma que as estatísticas sobre o número de suicídios e suas tentativas

são subestimadas, podendo não corresponder à realidade. Segundo o autor, para cada suicídio

consumado, existe o correspondente a oito ou dez tentativas.

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Para Minayo (1997), “o contrário da violência não é a não-violência, é a cidadania e a

valorização da vida humana em geral e de cada indivíduo no contexto de seu grupo”. Os

infratores presos podem ter sido agentes, mas também são pessoas vítimas da violência. A

pena de prisão reproduz a violência, as condições gerais de cumprimento das penas

deterioram-se muito, as condições sanitárias das unidades prisionais são precárias e a saúde

mental do indivíduo está sendo cada vez mais ignorada. A unidade prisional é, portanto, um

ambiente do qual a violência faz parte. Conforme Goifman (1999), o bem-estar de infratores

não é representado socialmente como algo relevante.

A ocorrência de suicídios em prisões representa um problema com sérias implicações

sociais, legais e éticas. Em princípio, seria passível pressupor que, por se tratar de um local

regido pela disciplina e pelo controle, a prisão não permitisse a ocorrência de suicídios. A

verdade, porém, é que a taxa de suicídios prisionais é superior ao da população em geral. Os

suicídios em prisões apresentam uma dinâmica específica, salvo as situações em que o

indivíduo é portador de uma patologia psicológica. Tradicionalmente, todo o sofrimento

imposto pela condição de estar preso é o bastante para a decisão de terminar com a sua vida.

Neste sentido, o risco do suicídio, pelas especiais circunstâncias, também é mais elevado entre

a população carcerária (Taborda et al, 2004). Os mesmos autores ainda destacam que

relativamente aos transtornos mentais, mais de 90% dos suicidas apresentam perturbações

mentais, no momento da sua morte. Como não há um estudo muito aprofundado no Brasil

acerca deste tema, não se podem apresentar valores corretos das estimativas.

Estudos referentes à população em geral mostram que os fatores sociais, relacionados

com o comportamento suicida – como ter passado por diferentes tipos de privações – são,

também, medidas da desvantagem social e da exclusão social. Esses fatores são encontrados

mais frequentemente nas populações encarceradas do que na população em geral, portanto, as

taxas de suicídio nas prisões tendem a ser relativamente maiores do que fora delas (Beato,

2004).

Segundo a Organização Mundial de Saúde (2006), mulheres presas, apresentam um

índice elevado de tentativa de suicídio, embora os homens sejam apontados como maioria que

concretiza o ato, segundo o mesmo relatório, mulheres que estão na cadeia tentam a se matar

cinco vezes mais do que a população feminina em geral e duas vezes mais do que os homens

presos.

As ações de avaliação da saúde mental da população carcerária são pouco enfatizadas,

uma vez que é vista como “dejeto” social que deve ser extirpado do corpo social. Destaca-se

que os processos psicossociais destes indivíduos estão extremamente afetados, portanto, esse

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contexto social pode ser propício à presença de ideação suicida entre os mesmos. Muitos

presos cometem suicídio nos presídios. Quase dez por cento de todas as mortes no cárcere são

por auto-violência humana. O crescimento das notificações e da busca por cuidados dos que

ameaçam se matar é um fenômeno que merece atenção do setor da saúde (Adorno, 1998).

1.1.4 Religiosidade e Saúde mental

A maioria dos estudos indica que a religiosidade é um aspecto determinante da vida

humana e que, geralmente, tem uma associação positiva com boa saúde mental, promovendo

a qualidade de vida (Murakami, Campos, 2012).

Estudos revelam que existe consenso entre cientistas sociais e filósofos de que a

religião é um importante fator de significação e ordenação da vida, sendo fundamental em

momentos de maior impacto na vida das pessoas. Algumas pesquisas demonstraram ainda que

existem dois tipos de religiosidade, a intrínseca e a extrínseca. Na religiosidade intrínseca o

indivíduo realmente acredita e procura viver sua fé. Na extrínseca, a religião é um meio para

atingir outros fins, como por exemplo, uma conversão com finalidade de casamento, ou por

status, ou porque é boa para os negócios e está relacionada à intolerância e ao preconceito

(Murakami, Campos, 2012).

A interface entre religião e saúde tem causado modificações na medicina,

principalmente, na psiquiatria. Podem ser observadas modificações no Manual Diagnóstico e

Estatístico de Transtornos Mentais (DSM – IV), da American Psychiatric Association,

incluindo inovações na abordagem de temas culturais e religiosos ou espirituais (Murakami,

Campos, 2012).

Para Saad, Battistella (2001), a influência positiva da religiosidade sobre a saúde pode

ser causada devido à mobilização de energias e iniciativas extremamente positivas, que

fortalecem o indivíduo, fazendo com que ele tenha condições de lidar mais eficazmente com

suas condições, incentivando-o a aceitar a terapia. Desse modo, ele passa a apresentar

potencial ilimitado para melhorar a sua qualidade de vida. A religiosidade implica em uma

mobilização de energia positiva, a fé. As pessoas que têm fé sentem-se mais fortes para

enfrentar dificuldades e continuar a lutar pela sua sobrevivência, acreditando que serão

curadas dos seus males.

A influência da religiosidade sobre a saúde mental é um fenômeno resultante de vários

fatores como: estilo de vida, suporte social, um sistema de crenças, práticas religiosas, formas

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de expressar estresse, direção e orientação espiritual. Stroppa e Moreira Almeida (2008)

demonstram que muitos estudos apontam em seus resultados que maiores níveis de

envolvimento religioso estão associados positivamente a indicadores de bem-estar

psicológico, como satisfação com a vida, afeto positivo e moral elevado, felicidade, melhor

saúde física e mental.

Panzini e Bandeira (2005) dizem que vários estudos de saúde pública demonstram que

pessoas que apresentam envolvimento religioso têm menor probabilidade de apresentar

comportamentos de risco, como violência, delinquência e crime, o uso e abuso de substâncias

que criam dependência como álcool e outras drogas.

Segundo Pargament et al. (1998), a eficácia no enfrentamento a determinados

estressores pode estar correlacionada com a integração de crenças, emoções, relacionamentos

e valores, na resposta da pessoa a esses estressores. Os resultados negativos do enfrentamento

são aqueles que apontam para uma quebra da integração interna, perda de valores religiosos,

fortes sentimentos de raiva de Deus, dúvida ou confusão no seu sistema de crenças.

A religiosidade ocupa um lugar importante na vida de muitas presidiárias e altera de

alguma forma a pesada rotina da unidade prisional. Diversos grupos religiosos de diferentes

tradições fazem seus cultos e estudos doutrinários com as internas. A oferta de cultos,

encontros e celebrações não decorre apenas de um direito assegurado por lei, que garante ao

preso o atendimento religioso solicitado, mas, também, da crença generalizada de que a

religiosidade e a espiritualidade podem trazer benefícios psíquicos e sociais para os presos e

contribuírem para a tranquilidade da unidade carcerária e a reabilitação de alguns detentos. A

religiosidade, juntamente com outros fatores como trabalho, estudo, possibilidade de

manutenção dos vínculos familiares, parece contribuir para um melhor ajustamento do

indivíduo à realidade e para a superação de situações difíceis como a experiência do

aprisionamento e da vida numa prisão de segurança máxima (Almeida, 1998).

1.2 HIPÓTESES DO ESTUDO

Como hipóteses defende-se que: 1) A privação de liberdade e a religião/religiosidade

interferem no processo de saúde-doença mental; 2) A depressão e ansiedade estão presentes

entre as mulheres privadas de liberdade; 3) Existe ideação suicida entre mulheres privadas de

liberdade.

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2. OBJETIVOS

1. Identificar o perfil de mulheres privadas de liberdade no Estado da PB;

2. Analisar a religiosidade entre mulheres privadas de liberdade e relacionar com a saúde

mental;

3. Analisar os sinais indicativos da depressão e ansiedade, correlacionando com outras

variáveis;

4. Avaliar a ideação suicida de mulheres privadas de liberdade, correlacionando com

outras variáveis.

3. CASUÍSTICA E MÉTODO

3.1 Tipo de Estudo

Trata-se de um estudo de delineamento transversal, descritivo com abordagem

quantitativa. Ressalta-se que os estudos descritivos visam observar, registrar, analisar e

correlacionar fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los.

3.2. Local de Realização

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O estudo foi realizado na cidade de João Pessoa, capital do estado da Paraíba, que tem

uma área territorial de 211.474 km² e de acordo com o último censo realizado pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, no ano de 2010, dispõe de uma população de

723.515 habitantes vivendo predominantemente na área urbana.

O Estado da Paraíba possui quatro unidades prisionais para mulheres: O Centro de

Reeducação Maria Júlia Maranhão em João Pessoa, a Penitenciária feminina de Campina

Grande, a Penitenciária Romero Nóbrega em Patos e a Penitenciária feminina de Cajazeiras.

A pesquisa foi realizada na penitenciária de maior concentração de população

feminina encarcerada do Estado da Paraíba, a Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão,

localizada no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB, que

abriga presas de todo o Estado, acolhendo 70% da população carcerária feminina paraibana.

A Penitenciária Feminina apresenta superlotação, contando com capacidade para 98 presas,

distribuída em dois pavilhões (1 e 2), cerca de 10 celas e quando da realização do estudo,

apresentava população de 449 mulheres presidiárias (151 presas provisórias, 47 do

semiaberto, 29 do aberto, 121“domiciliares” e 101 sentenciadas).

O Plano Estadual de Atenção Integral à Saúde do Sistema Penitenciário, vem sendo

executado através de uma equipe de saúde que atua desde 2012 sob regime ambulatorial, 20

horas semanais na Casa de Reeducação constituída de médica, enfermeiro, assistente social,

dentista, técnico em enfermagem, técnico de consultório dentário e psicólogo. A equipe

realiza ações curativas nas instalações físicas, bem como ações de educação em saúde e de

promoção à saúde e prevenção a agravos, a saber: imunização, testagem rápida para

HIV/sífilis/hepatites virais; acompanhamento gestacional, acompanhamento de hipertensos e

diabéticos, entre outros agravos à saúde. Em caso que necessite exames e encaminhamento

aos especialistas, as detentas aguardam o agendamento que, geralmente, vem se dando de

forma demorada pela Central de Regulação Municipal. As instalações físicas dificultam a

prestação de cuidados da equipe de saúde, bem como as condições de higiene e alimentação.

3.3. População

A população do estudo correspondeu a todas as mulheres privadas de liberdade que

cumprem pena na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão, totalizando 449 presidiárias.

Contudo, para participar do estudo foram considerados os seguintes critérios de inclusão: 1)

estar em situação provisória ou sentenciada; 2) aceitar participar do estudo no momento da

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coleta de dados. Como critérios de exclusão foram considerados: 1) apresentar dificuldade

cognitiva que impossibilite a participação no momento da entrevista; 2) não aceitar assinar o

TCLE.

Dessa forma, das 252 mulheres que estavam em regime provisório ou sentenciadas

199 participaram do estudo, correspondendo a 78,9% das mulheres encarceradas no regime

fechado na instituição.

3.4. Instrumento de Coleta de Dados

Para coleta de dados foram utilizados cinco instrumentos, sendo quatro com validação

no Brasil (escalas) e um construído pela pesquisadora para a população estudada

(questionário): 1) Questionário de identificação do perfil sócio-demográfico-clinico das

mulheres (Apêndice B) e 2) Escala de Religiosidade de Duke- DUREL (Anexo 1); 3) BDI-

Inventário Beck de Depressão (Anexo 2); 4) BAI – Inventário Beck de Ansiedade (Anexo 3) e

5) BSI-Escala de Ideação Suicida Beck (Anexo 4).

- Escala de Religiosidade de Duke- DUREL

A DUREL possui cinco itens que captam três das dimensões de religiosidade que mais

se relacionam com desfechos em saúde: organizacional (RO), não organizacional (RNO) e

religiosidade intrínseca (RI).Os primeiros dois itens abordam RO e RNO, foram extraídos de

grandes estudos epidemiológicos realizados nos Estados Unidos e se mostraram relacionados

a indicadores de saúde física, mental e suporte social. Os outros itens se referem à RI e são os

três itens da escala de RI de Hoge que melhor se relacionam coma pontuação total nesta

escala e com suporte social e desfechos em saúde (Koenig et al., 1997). Na análise dos

resultados da DUREL, as pontuações nas três dimensões (RO, RNO e RI) foram analisadas

separadamente e os escores dessas três dimensões não foram somados em um escore total.

Considerando a importância de Beck no estudo das cognições disfuncionais e sua

preocupação com o desenvolvimento e validação de instrumentos que propiciassem maior

consistência e adequação diagnóstica, três instrumentos da sua escala foram utilizados. As

escalas incluem a escolha de alternativas que descrevem o que o sujeito tem sentido na última

semana, inclusive na data da aplicação. A intenção é que ele aponte um traço mais persistente

e não apenas do estado de humor do dia em que foi administrada a escala. Ambas são escalas

de auto-relato (Araújo et al, 2009).

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-BDI- Inventário Beck de Depressão

Compreende uma escala de 21 itens, cada um com quatro alternativas, indicando graus

crescentes de depressão, centrando-se em assertivas que expressam, além de sintomas físicos,

cognições típicas de pacientes deprimidos. Os itens se referem à tristeza, pessimismo,

sentimento de fracasso, insatisfação, culpa, punição, auto-aversão, autoacusações, ideias

suicidas, choro, irritabilidade, retraimento social, indecisão, mudança na autoimagem,

dificuldade de trabalhar, insônia, fatigabilidade, perda de apetite, perda de peso, preocupações

com a saúde, perda da libido. O nível de depressão é classificado de acordo com a pontuação

total obtida: de 0 a 11 = mínimo, de 12 a19 = leve, de 20 a 35 = moderado e de 36 a 63 =

grave (Pereira et al, 2009).

-BAI – Inventário Beck de Ansiedade

Contém 21 itens, cada um com quatro alternativas, indicando graus crescentes de cada

sintoma. Os itens são referentes à dormência ou formigamento, sensação de calor, tremores

nas pernas, incapacidade de relaxar, medo que aconteça o pior, atordoamento ou tontura,

palpitação ou aceleração do coração, dificuldade de equilíbrio, sentimento aterrorizado,

nervosismo, sensação de sufocação, tremores nas mãos, tremores no corpo, medo de perder o

controle, dificuldade de respirar, medo de morrer, comportamento assustado, indigestão ou

desconforto no abdômen, sensação de desmaio, rosto afogueado e suor. O nível de ansiedade

é classificado como: de 0a 10 = mínimo, 11 a 19 = leve, 20 a 30 = moderado, 31 a 63 = grave.

-BSI-Escala de Ideação Suicida Beck (BSI)

Tem por finalidade medir a extensão do desejo de morrer e de tentar suicídio. É

constituída por 21 itens, cada um com três alternativas de resposta (0 a 2), que avaliam três

dimensões da ideação suicida: ativa, passiva e tentativa prévia de suicídio. Caso a pontuação

total seja equivalente a seis ou mais, a ideação suicida é considerada clinicamente

significante.

Os primeiros 19 itens refletem gradações da gravidade de desejos, atitudes e planos

suicidas. Os dois últimos itens possuem caráter meramente informativo e informam o número

de tentativas prévias de suicídio e a seriedade da intenção de morrer, na última delas. Este

instrumento não pode prever um suicídio eventual, mas aponta para a existência de risco de

suicídio entre os que apresentam ideação suicida.

3.5. Coleta de Dados

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31

Inicialmente foi feito contato prévio com a direção da Instituição e equipe de saúde da

unidade prisional, após autorização do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), os dados foram

coletados no local definido, individualmente, sendo o preenchimento dos instrumentos feitos

pela pesquisadora, após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e

esclarecimento das detentas.

A equipe, previamente treinada, constituiu- se por um auxiliar de pesquisa (estudante

de psicologia), uma psicóloga que trabalha na Casa Prisional e a pesquisadora, a qual

capacitou os entrevistadores. A pesquisa foi aplicada individualmente em forma de entrevista

estruturada pela psicóloga. A coleta individual, considerou os procedimentos de segurança

dos presídios que não permitem a realização de pesquisas com mais de uma apenada, além

disso, o alto índice de analfabetismo presente na população carcerária impossibilitaria o

preenchimento dos instrumentos pelos participantes.

As mulheres encarceradas foram convidadas individualmente à sala de atendimento

psicológico, todas as mulheres recolhidas na casa de reeducação, com o intuito de esclarecer o

objetivo e a metodologia da pesquisa a cada participante. Com cada uma destas foi realizada

uma única sessão, ocasião em que os cinco instrumentos foram aplicados com tempo

estimado de 50 minutos.

Os casos identificados de depressão, ansiedade e ideação suicida foram apresentados à

equipe de saúde do sistema prisional para prestação de cuidados junto às mulheres

presidiárias. Além disso, após organização dos resultados da pesquisa, foi realizada reunião

com equipe e direção do presidio para construção de plano de intervenção a partir dos

problemas identificados.

3.6. Análise dos Dados

Os dados foram digitados (codificados e em alguns casos agrupados) em uma planilha

eletrônica do programa Excel versão 2010, e posteriormente tratados estatisticamente com o

software Statistica Package for the Social Sciences (SPSS) para Windows, versão 20.0. Os

resultados obtidos foram analisados por meio de técnicas de estatística descritiva e inferencial.

A amostra foi descrita estatisticamente em suas características gerais, diante

análise das distribuições de frequência das variáveis dependentes e independentes.

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Realizou-se a análise através da regressão logística binária e aplicação de teste de

Fisher’s.

Os métodos de regressão tornaram-se um componente integral de qualquer análise de

dados relacionada à descrição da relação entre uma variável de resposta e uma ou mais

variáveis explicativas. É comum que a variável de resultado seja discreta, assumindo dois

valores possíveis. Ao longo da última década, o modelo de regressão logística foi usado em

muitos campos, o método padrão de análise nesta situação (Hosmer, Lemeshow, 2000).

3.7. Considerações Éticas

Na realização da pesquisa foram considerados os requisitos apresentados pela

Resolução 466/2012, relativa à pesquisa com seres humanos, privilegiando a dignidade e

respeito pelos sujeitos da pesquisa (Brasil, 2012). Dessa forma, foram observados os aspectos

relacionados à privacidade e os direitos do participante de participar por livre e espontânea

vontade, podendo desistir em qualquer momento ou ter acesso a todo o conteúdo deste

trabalho. O projeto de pesquisa foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa,

sendo aprovado através da emissão do parecer nº. 1.092.050 de 2015. Salienta-se ainda, que

todos os participantes foram informados e esclarecidos sobre a temática e o caráter científico

da pesquisa e assinarão o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

4. RESULTADOS

4.1. Dados sociodemográficos

Visando atender o objetivo de apresentar a caracterização sociodemográfica das

participantes do estudo, foi realizada a tabulação das variáveis, dessa forma a tabela 1,

apresenta os principais dados sociodemográficos das pesquisadas, cabe destacar que os dados

foram coletados entre o período de março de 2016 a março de 2018. De acordo com o perfil

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das mulheres privadas de liberdade estudadas, apesar de existirem mulheres com idade

mínima de 18 anos e máxima de 64 anos, a média de idade das participantes foi

aproximadamente de 30 anos, com desvio padrão de 8,7 anos, onde a concentração maior

delas se encontra com idade entre 18 a 34 anos, 77,4%. Quando identificado a raça/cor dessas

mulheres, foi possível observar uma certa igualdade na distribuição com: branca (39,2%),

preta (32,7%) e parda (28,1%). Entretanto, considerando que a população preta e parda,

correspondem a população negra, temos uma predominância significativa de 60,8%. A

respeito da escolaridade dessas mulheres, é possível verificar que 74,4% delas possuem no

máximo o ensino fundamental completo. Na questão da religião, 94,5% se consideram cristãs,

no tocante à renda familiar 76,9% afirmaram que não recebiam mais do que um salário

mínimo. Ao serem questionadas sobre o estado civil, 45,2% referiu estar solteira e 45,2% em

união estável.

TABELA 1. Distribuição sócio-demográficas das mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão

localizada no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade

de João Pessoa – PB. (n = 199)

Dados Sócio-demográficos n %

Faixa Etária

18 a 34 anos 154 77,4

35 a 49 anos 36 18,1

acima de 50 anos 9 4,5

Raça/Cor

Branca 78 39,2

Preta 65 32,7

Parda 56 28,1

Escolaridade

Analfabeta 9 4,5

Ensino Fundamental 139 69,8

Ensino Médio 43 21,7

Ensino Superior 8 4,0

Continuação

Dados Sócio-demográficos n %

Estado Civil

Solteira 90 45,2

Casada 11 5,5

Separada 8 4,1

União Estável 90 45,2

Religião

Cristã 188 94,5

Não Cristã 9 4,5

Não Informado 2 1,0

Renda Familiar

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34

Até 1 salário mínimo 153 76,9

2 a 3 salários mínimos 39 19,6

Acima de 3 salários mínimos 7 3,5

Total 199 100,0

4.2.Dados relacionados à privação de liberdade

Na tabela 2, evidencia-se que a população pesquisada é constituída por 53,3% de

presas provisórias que aguardam decisão da Justiça a respeito do processo criminal pelo

qual estão respondendo e, 46% de presas condenadas. Um percentual de 41,7% das

mulheres tem história de aprisionamento anterior. Das sentenciadas, a maioria deverá

cumprir pena de 5 a 10 anos (41,9%), sendo que 39,8% das entrevistadas cumpriram até

25% da pena e 38,7% entre 25% - 50% da sentença. Com relação ao delito praticado, a

maioria responde por tráfico de drogas, seguido de roubo, homicídio e furto.

TABELA 2. Distribuição da situação penal das mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão

localizada no Complexo Penitenciário de Mangabeira na

cidade de João Pessoa – PB. (n = 199)

Dados situação penal n %

Condenação?

Sim 92 46,2

Não 106 53,3

Não Informado 1 0,5

Prisões Anteriores?

Sim 83 41,7

Não 113 56,8

Não informado 3 1,5

Continuação

Dados situação penal n %

Tempo de condenação (n=93)

02 |----- 05 anos 5 5,4

05 |----- 10 anos 39 41,9

10 |----- 15 anos 29 31,1

15 |----- 20 anos 9 9,7

20 |----- 30 anos 9 9,7

Não informado 2 2,2

Tempo de pena cumprida (n=93)

0% |----- 25% da pena 37 39,8

25% |------ 50% da pena 36 38,7

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50% |------ 75% da pena 15 16,1

75% |------ 100% da pena 3 3,2

Não informado 2 2,2

Total 199 100,0

No tocante às condições de convívio, a tabela 3 revela que 50,8% possuem

companheiro, contudo 62,4% está privado de liberdade, o que pode estar associado ao

percentual significativo de mulheres que não recebem visita 33,7%. A maioria das mulheres

presas não desenvolvem atividades de trabalho 74,5% e não recebem beneficio 76%.

TABELA 3. Distribuição das condições de convívios das mulheres

privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia

Maranhão localizada no Complexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB. (n = 199)

Dados de Convívio n %

Convivência

Só 98 49,2

Companheiro(a) 101 50,8

Recebe visita?

Sim 131 65,8

Não 67 33,7

Não informado 01 0,5

Companheiro(a) Privado(a) de liberdade

(n=101)

Sim 63 62,4

Não 37 36,6

Não informado 01 1,0

Inserção em Atividades de Trabalho

Sim 51 25,5

Não 149 74,5

Continuação

Dados de Convívio n %

Recebe algum tipo de Benefício

Sim 47 23,6

Não 152 76,4

Total 199 100,0

4.3.Dados sobre o histórico

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Referente ao histórico das mulheres pesquisadas, a tabela 04 revela que 45,2% das

mulheres tiveram agressão física anterior ao aprisionamento e 13,6% das mulheres têm

história de agressão sexual. No tocante ao suicídio na família 7% afirmaram ter histórico,

sendo que 33,7% das entrevistas já tentaram suicídio. Quando perguntado sobre o período em

que tentaram o suicídio, 38,8% relatou que foi a mais de 5 anos.

Referente ao acompanhamento psicológico, apenas 17,6% afirmaram ter algum

suporte psicológico e apenas 3,5% referiu acompanhamento psiquiátrico.

TABELA 4. Distribuição do histórico das mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão

localizada no Complexo Penitenciário de Mangabeira na

cidade de João Pessoa – PB. (n = 199)

Dados sobre Histórico n %

História de Agressão Física Anterior

Sim 90 45,2

Não 109 54,8

História de Agressão Sexual Anterior

Sim 27 13,6

Não 123 61,8

Não informado 49 24,6

História de Suicídio na Família

Sim 14 7,0

Não 184 92,5

Não informado 1 0,5

Acompanhamento Psiquiátrico

Sim 7 3,5

Não 139 69,8

Não informado 53 26,7

Continuação

Dados sobre Histórico n %

Acompanhamento Psicológico

Sim 35 17,6

Não 110 55,3

Não informado 54 27,1

Tentativa de Suicídio

Sim 67 33,7

Não 132 66,3

Tempo de Tentativa de Suicídio (n=67)

Menos de 1 ano 12 17,9

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37

1 ano |--- 2 anos 12 17,9

2 anos |--- 5 anos 17 25,4

5 anos ou mais 26 38,8

Total 199 100,0

4.4.Condições Físicas, Clínica e Medicamentosa

Ao analisar as informações clínicas das apenadas, 46,7% demonstraram estar fora do

peso considerado ideal, sendo 10 (5,0%) apenadas abaixo do peso e 83 (41,7%) entre

levemente acima do peso a um grau de obesidade mórbida. Somente 19,1% delas,

responderam sentir falta de apetite. Com relação a horas de sono, destacou-se o alto

percentual para apenadas que dorme menos de 7 horas, chegando a 40,2%. Ao perguntar

sobre atividade sexual, 76,4% das apenadas informaram não ter nenhuma atividade. 56,8%

responderam fazer uso de cigarros no seu dia a dia. Com relação a presença de alguma

deficiência, somente 3 (1,5%) informaram possuir.

A tabela 05 revela que, 149 (aproximadamente 75,0%) responderam se fazem uso ou

não de drogas, dentre eles, 99 (50,0%) afirmaram fazer uso de drogas. Ao ser perguntado

sobre uso de medicamento, somente 25,1% responderam que sim. E em relação a uso de

psicofármaco, 15,6% disseram que fazem uso, sendo destes a maioria se referir a ansiolíticos

e antidepressivos, especialmente o benzodiazepínico, diazepam e o antidepressivo tricíclico,

amitriptilina. No tocante ao tempo de uso de psicotrópicos, 38,7% revelou usar por mais de 5

anos.

TABELA 5. Distribuição das condições físicas, clinicas e

medicamentoso das mulheres privadas de liberdade na Casa

de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João

Pessoa – PB. (n = 199)

Dados Clínicos n %

Índice de Massa Corporal

Abaixo do peso 10 5,0

Peso Ideal 106 53,3

Levemente acima do peso 51 25,6

Obesidade grau I 24 12,1

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Obesidade grau II (severa) 6 3,0

Obesidade grau III (Mórbida) 2 1,0

Alteração Alimentar

Falta de apetite 38 19,1

Não 161 80,9

Horas de Sono

De 3 as 7 horas 80 40,2

De 7 as 9 horas 84 42,2

Acima das 9 horas 34 17,1

Não informado 1 0,5

Atividade Sexual

Sim 46 23,1

Não 152 76,4

Não Informado 1 0,5

Deficiência

Visual 1 0,5

Auditiva 1 0,5

Física 1 0,5

Nenhuma 196 98,5

Tabagismo

Não 87 43,7

01 a 10 cigarros 42 21,1

10 a 20 cigarros 54 27,7

mais de 20 cigarros 16 8,0

Faz uso de drogas

Sim 99 49,8

Não 50 25,1

Não Informado 50 25,1

Continuação

Dados Clínicos n %

Uso de Medicamentos

Sim 50 25,1

Não 149 74,9

Faz uso de Psicofármacos

Sim 31 15,5

Não 167 84,0

Não Informado 1 0,5

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Tempo de uso do Psicofármacos (n=31)

Menos de 1 ano 5 16,1

1 ano |--- 2 anos 5 16,1

2 anos |--- 3 anos 4 12,9

3 anos |--- 5 anos 2 6,5

5 anos ou mais 12 38,7

Não informado 3 9,7

Total 199 100,0

4.5.Saúde mental entre mulheres privadas de liberdade

A tabela 6 demonstra o resultado da aplicação do Inventário de Beck, revelando baixa

prevalência de sinais ansiosos, moderado a grave (7%). No entanto, a tabela 7, apresenta

significativos sinais de depressão, sendo classificadas como moderado e grave 22,5% das

entrevistadas. Aqui no estudo usaremos o termo com sintomas para essas mulheres, e sem

sintomas para as que apresentaram classificação mínima e leve.

TABELA 6. Distribuição da ansiedade, conforme escala de

Beck entre das mulheres privadas de liberdade na

Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão

localizada no Complexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB. (n =

199)

Escala n %

Mínimo 113 56,8

Leve 72 36,2

Moderado 12 6,0

Grave 2 1,0

Total 199 100,0

TABELA 7. Distribuição da depressão, conforme escala de Beck

entre das mulheres privadas de liberdade na Casa de

Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de

João Pessoa – PB. (n = 199)

Escala n %

Mínimo 67 33,7

Leve 87 43,7

Moderado 42 21,1

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40

Grave 3 1,5

Total 199 100,0

4.6.Religiosidade entre privadas de liberdade

No tocante à religiosidade das entrevistadas, conforme Índice de Religiosidade de

Duke, pode-se verificar que em relação à religiosidade organizacional, as entrevistadas têm

uma frequência significativa da resposta pelo menos uma vez por semana, totalizando 73,9%.

Cabe destacar que na unidade dispõe-se de um espaço religioso.

TABELA 8. Distribuição da frequência a igreja, templo ou outro

encontro religioso, conforme inventário de Ducke

entre as mulheres privadas de liberdade na Casa de

Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de

João Pessoa – PB. (n =199)

Classificação n %

Mais do que uma vez por semana 25 12,6

Uma vez por semana 122 61,3

Duas a três vezes por mês 24 12,1

Algumas vezes por ano 11 5,5

Nunca 17 8,5

Total 199 100,0

Referente à religiosidade não organizacional, a tabela revela os mesmos índices à

religiosidade organizacional, totalizando 73, 9% da resposta pelo menos uma vez por semana,

conforme evidenciado pela tabela 9.

TABELA 9. Distribuição da frequência da dedicação do tempo a

atividades religiosas individuais, como preces, rezas,

meditações, leitura da bíblia ou de outros textos

religiosos, conforme inventário de Ducke, entre as mulheres

privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia

Maranhão localizada no Complexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB. (n = 199)

Classificação n %

Mais do que uma vez ao dia 23 11,6

Diariamente 124 62,3

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Duas ou mais vezes por semana 21 10,6

Uma vez por semana 8 4,0

Poucas vezes por mês 5 2,5

Raramente ou nunca 18 9,0

Total 199 100,0

A tabela 10 destaca as respostas referentes à religiosidade intrínseca, relacionado aos

sistemas de crenças individuais e a postura perante o mesmo. As respostas aos

questionamentos sobre a presença de deus (pergunta 3) e esforço para viver na religião

(pergunta 5) revelaram estar bem presente na vida das entrevistadas 83% e 74,9%,

respectivamente, quando somado as duas classificações iniciais. No entanto, a resposta a

pergunta 4 acerca sobre a interferência das crenças religiosas na forma de viver evidencia um

distanciamento das crenças nas posturas diárias, totalizando 49,8% quando somada as

alternativas em geral não é verdade e não é verdade.

TABELA 10. Distribuição da frequência das respostas as perguntas 3,4,5 do

instrumento de avaliação de índice de Religiosidade de Duke aplicado

entre as mulheres privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria

Júlia Maranhão localizada no Complexo Penitenciário de Mangabeira

na cidade de João Pessoa – PB. (n = 199)

Classificação Pergunta (3) Pergunta (4) Pergunta (5)

n % n % n %

Totalmente verdade para mim 83 41,7 18 9,0 29 14,6

Em geral é verdade 94 47,3 63 31,7 120 60,3

Não estou certo 15 7,5 19 9,5 19 9,5

Em geral não é verdade 6 3,0 58 29,2 20 10,1

Não é verdade 1 0,5 41 20,6 11 5,5

Total 199 100,0 199 100,0 199 100,0

Pergunta (3): Em minha vida, eu sinto a presença de Deus (ou do Espirito Santo)

Pergunta (4): As minhas crenças religiosas estão realmente por trás de toda a minha maneira de viver

Pergunta (5): Eu me esforço muito para viver a minha religião em todos os aspectos da vida

4.7.Ideação suicida entre mulheres privadas de liberdade

Após o preenchimento da escala de ideação suicida, apenas 5,5% das entrevistas

apresentou ideação suicida clinicamente significante, embora 33,5% referiu tentativa de

suicídio anterior conforme apresentado na tabela 11.

TABELA 11. Distribuição da frequência de Ideação

suicida entre as mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria

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Júlia Maranhão localizada no Complexo

Penitenciário de Mangabeira na cidade de

João Pessoa – PB. (n = 199)

Ideação suicida n %

Sim 11 5,5

Não 188 94,5

Total 199 100,0

Quando relacionada à ideação suicida, as variáveis de histórico do paciente

distribuídas entre as mulheres com ideação suicida clinicamente significativa e sem ideação

suicida, na tabela 12 percebe-se um percentual diferenciado entre presas com histórico de

agressão física anterior (81,8%), não referiram ter acompanhamento psiquiátrico, com baixo

percentual de relato de acompanhamento psicológico entre aquelas com sintomas de

depressão (27,3%), mesmo com alta frequência de tentativa de suicídio (90,9%). Quando

realizado o teste exato de Fisher’s para verificar a relação entre os dados sobre histórico e a

Ideação Suicida, somente não foi encontrado nenhuma relação significativa na condição de

acompanhamento psiquiátrico e psicológico.

No que se refere à ideação suicida, as variáveis da situação penal distribuído entre as

mulheres apenadas, na tabela 13 verifica-se que das mulheres que tiveram ideação suicida

clinicamente significativas, 27,3% já possuem a condenação confirmada, com tempo de

reclusão entre 5 a 20 anos. Quando perguntadas a respeito dela já terem sido presas

anteriormente, daquelas que demonstraram ideação suicida, 36,4% afirmaram que sim. 90,9%

das apenadas com sintomas de ideação suicida não possui inserção em atividades de trabalho

e não recebem algum tipo de benefício. O teste exato de Fisher’s para os dados de situação

penal mostrou que nenhuma das variáveis tiveram relação significativas com a ideação

suicida.

TABELA 12. Relação entre ideação suicida, histórico entre as mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa –

PB. (n = 199)

Dados sobre

histórico

Ideação suicida

Clinicamente significativa

Ausência de Ideação

suicida

Teste exato

de Fisher's

(p<0,05) n % n %

História de Agressão Física Anterior

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Sim 9 81,8 81 43,1 0,025

Não 2 18,2 107 56,9

História de Agressão Sexual Anterior

Sim 4 36,4 23 12,2 0,035

Não 4 36,4 119 63,3

Não informado 3 27,3 46 24,5

História de Suicídio na Família

Sim 4 36,4 10 5,3 0,004

Não 7 63,6 177 94,1

Não informado 0 0,0 1 0,5

Acompanhamento Psiquiátrico

Sim 0 0,0 7 3,7 1,00

Não 8 72,7 131 69,7

Não informado 3 27,3 50 26,6

Acompanhamento Psicológico

Sim 3 27,3 32 17 0,400

Não 5 45,5 105 55,9

Não informado 3 27,3 51 27,1

Tentativa de Suicídio

Sim 10 90,9 57 30,3 <0,001

Não 1 9,1 131 69,7

TABELA 13. Relação entre ideação suicida e situação penal entre as mulheres privadas

de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

(n = 199)

Dados situação penal

Ideação suicida

Clinicamente

significativa

Ausência de

Ideação suicida

Teste

exato de

Fisher's

(p<0,05) n % n %

Condenação?

Sim 3 27,3 89 47,3

0,227

Não 8 72,7 98 52,1

Não Informado 0 0,0 1 0,5

Continuação

Dados situação penal

Ideação suicida

Clinicamente

significativa

Ausência de

Ideação suicida

Teste

exato de

Fisher's

(p<0,05) n % n %

Prisões Anteriores?

Sim 4 36,4 79 42,0 0,762

Não 7 63,6 106 56,4

Não informado 0 0,0 3 1,6

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44

Inserção em Atividades de Trabalho

Sim 1 9,1 49 26,1

0,297

Não 10 90,9 139 73,9

Recebe algum tipo de Benefício

Sim 1 9,1 46 24,5

0,464

Não 10 90,9 142 75,5

Tempo de condenação (n=93)

02 |----- 05 anos 0 0,0 5 5,6

-

05 |----- 10 anos 1 33,3 38 42,2

10 |----- 15 anos 1 33,3 28 31,1

15 |----- 20 anos 1 33,3 8 8,9

20 |----- 30 anos 0 0,0 9 10,0

Não informado 0 0,0 2 2,2

Tempo de pena cumprida (n=93)

0% |----- 25% da pena 1 33,3 36 40,0

-

25% |------ 50% da pena 1 33,3 35 38,9

50% |------ 75% da pena 1 33,3 14 15,6

75% |------ 100% da pena 0 0,0 3 3,3

Não informado 0 0,0 2 2,2

Total 11 100,0 188 100,0 -

4.8.Ideação Suicida, Ansiedade, depressão e correlação com outras variáveis

Com o intuito de verificar se existe a chance das variáveis independentes

(sociodemográficos, dados criminais, dados sobre o aprisionamento, dados sobre históricos e

condições clinicas) terem influências como fatores de risco para o desenvolvimento da

sintomatologia de ansiedade, depressão e ideação suicida, foi realizado a regressão logística

binária.

Na tabela 14, a razão de chance para mulheres cristãs foi de 0,09 vezes maior de

desenvolver ideação de suicida em relação às mulheres não cristãs, o que significa que

mulheres não cristãs têm aproximadamente 11 vezes mais chance de desenvolver ideação

suicida do que as mulheres cristãs. Para o fato de possuir histórico de agressão física, as

chances de as presidiárias desenvolverem sintomas de ideação suicida foram de 6 vezes a

mais do que não teve histórico. Já o fato de possuir histórico de agressão sexual, quando

analisado somente as que informaram se já tinham tido algum histórico de agressão, é

possível ver que a chance de elas desenvolverem sintomas de ideação foram de 5 vezes a mais

do que não teve histórico.

Ressalta-se que as chances de desenvolvimento de ideação suicida são maiores quando

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45

observado o histórico de suicídio familiar das mulheres apenadas e o fato de terem tentado o

suicídio. Para os históricos de suicídio na família, as chances são de 10 vezes a mais do que as

que não possuem histórico de suicídio na família, já para o caso de ter tentado o suicídio, a

razão de chance é 23 vezes maior em relação as que não tentaram suicídio.

TABELA 14. Análise de regressão logística bivariada entre as

variáveis e os sintomas gerais de ideação suicida.

Variável OR (IC95%) Valor de p

Faixa Etária 0,74 (0,27-2,02) 0,560

Escolaridade 1,72 (0,54-5,46) 0,361

Religião 0,09 (0,02-0,42) 0,002

Condenação 0,41 (0,11-1,61) 0,202

Agressão Sexual anterior 5,17 (1,21-22,19) 0,027

Agressão física anterior 5,94 (1,25-28,26) 0,025

Suicídio na família 10,11 (2,54-40,36) 0,001

Tentativa de suicídio 22,98 (2,87-183,78) 0,003 .

De acordo com a tabela 15, as variáveis que tiveram indicação significativa para o

aumento da probabilidade de desenvolvimento da sintomatologia de ansiedade foram:

religião, histórico de agressão física anterior, histórico de suicídio na família e tentativa de

suicídio. Assim, as mulheres privadas de liberdade que têm histórico de agressão física

anterior, possuem aproximadamente 3 vezes mais chance de desenvolver sintomatologia de

ansiedade grave quando comparado com quem não possui histórico. O mesmo foi observado

para as mulheres que tinham histórico de suicídio na família ou que tenha tentado o suicídio.

Onde, para ambos, a chance de desenvolver sintomatologia de ansiedade grave foi de

aproximadamente 5 vezes mais do que para apenadas que não possuíam histórico ou tenham

tentado o suicídio. Para o caso da religião, foi observado que a chance de as mulheres

privadas de liberdade que indicaram ser cristãs, possuíam 0,13 mais chance de apresentar

sintomas de ansiedade grave em relação a quem não se considerava cristã. Ou seja, as

apenadas que descreveram não ser cristãs têm aproximadamente 8 vezes mais chance de

desenvolver sintomas de ansiedade do que as que descreveram ser cristãs.

TABELA 15. Análise de regressão logística bivariada entre as

variáveis e os sintomas gerais de ansiedade.

Page 46: MAURA VANESSA SILVA SOBREIRA€¦ · Sobreira, Maura Vanessa Silva Religiosidade, depressão, ansiedade e ideação suicida entre mulhe res privadas de liberdade. / Maura Vanessa

46

Variável OR (IC95%) Valor de p

Faixa Etária 0,75 (0,31-1,86) 0,537

Escolaridade 0,90 (0,37-2,19) 0,831

Religião 0,13 (0,03-0,57) 0,007

Condenação 0,62 (0,20-1,92) 0,406

Agressão Sexual anterior 1,89 (0,35-10,29) 0,463

Agressão física anterior 3,28 (0,99-10,85) 0,051

Suicídio na família 4,75 (1,14-19,78) 0,032

Tentativa de suicídio 5,16 (1,69-18,65) 0,005

Quando realizado a regressão logística ao fato de possuir sintomas gerais de

depressão, foi possível ver na tabela 16 que além das variáveis religião, histórico de suicídio

na família e tentativa de suicídio, demonstraram relação significativa. As variáveis, faixa

etária, escolaridade e condenação também evidenciaram relação significativa com a

sintomatologia de depressão grave. Com relação a faixa etária, verificou-se que as mulheres

que possuíam idade inferior a 35 anos, possuíam 0,55 mais chance de desenvolver sintomas

de depressão grave do que as de idade maiores de 35 anos. Para a variável escolaridade,

demonstra que quanto menor for a escolaridade, maior são as chances de desenvolver

sintomas de depressão. Um fato curioso foi com relação à variável condenação, a qual as

mulheres que ainda não tiveram a condenação definida têm 2 vezes mais chance de

desenvolver sintomas de depressão grave em relação às que já foram condenadas.

Como observado no caso da sintomatologia de ansiedade, as mulheres que se

consideram cristãs têm 0,22 mais chance de desenvolver sintomas de depressão quando

comparado com as mulheres que não se consideram cristãs. O mesmo ocorreu para as

variáveis histórico de suicídio na família e o fato de ter tentado suicídio, onde aquelas que

apresentaram histórico de suicídio na família ou tentaram suicídio, tinham, respectivamente, 4

e 3 vezes mais chances de obter sintomas de depressão quando comparados com ao fato de

não possuir histórico de suicídio ou ter tentado.

TABELA 16. Análise de regressão logística bivariada entre as variáveis e

os sintomas gerais de depressão.

Variável OR (IC95%) Valor de p

Faixa Etária 0,55 (0,31-0,96) 0,036

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47

Escolaridade 2,18 (1,12-4,23) 0,022

Religião 0,22 (0,06-0,84) 0,027

Condenação 0,49 (0,25-0,99) 0,047

Agressão Sexual anterior 1,65 (0,65-4,21) 0,294

Agressão física anterior 1,36 (0,70-2,64) 0,368

Suicídio na família 3,84 (1,27-11,62) 0,017

Tentativa de suicídio 2,95 (1,49-5,84) 0,002

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48

5. DISCUSSÃO

O estudo evidenciou que o perfil de encarcerados da maior unidade prisional feminina

na Paraíba esta relacionada a um contexto societário revelador de fissuras em relação à

distribuição de renda e justiça social. Do mesmo modo, retrata os processos de violência e

discriminação em relação ao gênero existentes fora do universo da prisão. Essas questões,

porém, tornam-se ainda mais complexas e cruéis quando somadas aos demais condicionantes

existentes no interior do cárcere no cumprimento das medidas de privação de liberdade e se

apresentam na forma de adoecimento mental.

Conforme última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, no Brasil as mulheres

constituem a maioria da população, totalizando cerca de 103,5 milhões de indivíduos,

equivalente a 51,4% da população total. Cabe destacar que, a faixa etária com maior

contingente populacional esteve no intervalo de 20 – 29 anos, com cerca de 17,2 milhões de

indivíduos (Brasil, 2011). Conforme DEPEN (2016) ao observar a participação dos jovens na

população brasileira total, é possível afirmar que esta faixa etária está acentuadamente

representada no sistema prisional: a população entre 18 e 29 anos representa 18% da

população total no Brasil e 55% da população no sistema prisional no mesmo ano. No estudo

realizado, verificamos que 77,0% das mulheres entrevistas se encontram com idade entre 18 a

34 anos, dado superior à média apresentada pelo DEPEN (2016).

A comprovação de que a população prisional feminina vem se mantendo entre 18 a 34

anos no “período economicamente ativo da vida”, é preocupante, uma vez que, demonstra

uma fragilidade na estrutura social da população e uma escassez/ausência de oportunidades no

mercado de trabalho. A exposição dessas mulheres a situações de vulnerabilidade social como

a baixa renda, pouca escolaridade, falta de oportunidades para exercerem uma profissão, vem

contribuindo com a entrada das mulheres no mundo do crime e com a sua reincidência no

sistema prisional, visto que, o contexto onde estão inseridas, dificulta o exercício de

atividades laborais economicamente produtivas e o possível melhoramento das condições de

vida, induzindo-as a entrada em práticas criminosas.

No tocante à raça/cor, somando as entrevistadas que referiram preta e parda, temos 61%

de mulheres negras. No último relatório da INFOPEN Mulher (DEPEN, 2014), em relação à

raça, cor ou etnia, destaca-se a proporção de mulheres negras presas (67%) – duas em cada

três presas são negras. Na população brasileira em geral a proporção de negros é de 51%,

segundo dados do IBGE. Percebe-se que as mulheres negras, ainda continuam mais

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49

vulneráveis, o que infere num significativo percentual elevado de aprisionamento das

mesmas.

Referente à escolaridade, os dados da pesquisa revelam baixa escolaridade, visto que no

máximo (21,7%) apresentam ensino médio completo. Esses dados corroboram com o relatório

do DEPEN (2014), que discorre que enquanto na população brasileira total cerca de 32% das

pessoas completou o ensino médio, apenas 8% da população prisional total o concluiu.

Para Butler (2010) encarcerar os pobres, além de ser uma forma de segregação, também é

uma maneira de exercer um controle sobre as suas existências e de domesticar os seus corpos.

As pessoas marcadas, sejam por sua cor/raça e/ou pela sua classe, são as que estão também

mais expostas ao encarceramento. São as vidas que valem menos frente às outras existências.

As vidas menos protegidas, mais expostas às situações de vulnerabilidade, ininteligíveis e que

oferecem perigo. Essas mulheres negras e pobres, podem ser pensadas como as vidas que não

são dignas de luto.

Quanto ao estado civil, a metade referiu ser solteira, e o que pode ter relação o que pela

alta concentração de jovens no sistema prisional. Porém outro ponto relevante a ser levado em

consideração é o abandono conjugal, muito comum entre as mulheres encarceradas. Estudos

específicos com a população carcerária confirma esses achados, apontando que grande parte

da amostra de mulheres encarceradas vem das camadas mais baixas da sociedade, com baixa

escolaridade, negras e solteiras (Canazaro, Argimon, 2010).

Parece ser consenso entre os autores que estudam a situação carcerária brasileira que a

maior parte dessa população é formada por indivíduos oriundos principalmente dos

segmentos sociais marcados pela exclusão social, política e econômica. Por meio de algumas

peculiaridades da mulher presa, descritas neste estudo, pode-se supor que ela está em uma

posição social e econômica desfavorável, baixa qualificação profissional e trabalhos de baixa

rentabilidade (até um salário mínimo).

Quanto à religião 94,5% se consideram cristãs, Berger (1995), também entende a religião

como uma defesa importante contra a anomia social e também como poderosa força de

reprodução social.

As mulheres entrevistadas na sua maioria ainda estão no aguardo de sua condenação,

embora a maioria das condenadas tem histórico significativo de prisão anterior e o expressivo

número (22,1%) de penas de prisão de até dez anos e 36, 5 % cumpriram no máximo até 50%

da pena. Esse dado de pena de prisão, revela a persistência da mesma como medida

sancionatória, inclusive para os casos de crimes menos graves, impactando de forma mais

geral o total da população de mulheres encarceradas no Brasil.

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50

A pesquisa mostrou que a prevalência de reincidência das internas esteve presente em

41,7% das participantes. Essa prevalência elevada é observada em outros estudos, podendo

sugerir a ineficácia do sistema prisional brasileiro em ofertar atividades que qualifiquem a

presa de modo que aumentem as possibilidades de reintegração social e laboral após a

liberdade, como também, do Estado, que não fornece subsídios para a reinserção de ex-

detentas (Pinese, 2009; Silva, 2016).

Com relação ao delito praticado, a maioria responde por tráfico de drogas, seguido de

roubo, homicídio e furto. Com as modificações sociais, culturais e econômicas ocorridas nas

últimas décadas, ocorreram também mudanças nos tipos de delitos femininos, porém, estes

ainda são predominantemente crimes não violentos. Essa alta prevalência de infração dos

artigos ligados às drogas é padrão descrito em diversos estudos nacionais voltados para essa

área (Mello, 2008; Silva, 2016).

O machismo impera nas relações imersas no mundo do tráfico de drogas, onde o

exercício da dominação do homem sobre a mulher é tão forte que essas são usadas, muitas

vezes, com o seu consentimento, como objeto de porte, transporte e venda de entorpecentes,

visando apenas proteção do parceiro, deixando a mulher muito mais exposta a prisionalização.

Por vezes, quando o homem se encontra em privação de liberdade, as mulheres assumem

grande parte dos negócios ilícitos por ordem direta dos parceiros mesmo dentro da prisão ou de

forma espontânea como método para provimento econômico do sustento da família (Lima,

2013; Silva, 2016).

No estudo de França (2014), realizado no mesmo cenário da pesquisa em tela, destaca

que apesar de observarmos um aumento na criminalidade feminina, os dados mais recentes

mostram que não houve uma elevação tão substancial da participação das mulheres no rol dos

crimes comumente praticados pelos homens, revelando que o crescimento da criminalidade

feminina pode ter relação muito mais com a dinâmica proporcionada pelo tráfico de drogas do

que por uma maior disposição das mulheres para cometer crimes.

No tocante ao convívio, evidencia-se o número alto de companheiros (as) privadas de

liberdade (62,4%). Contudo, a existência de visitas para as presas ainda é considerável,

embora as visitas íntimas ou ainda as práticas de atividades sexuais foram referidas em apenas

23,5% da amostra.

Esse período de reclusão afastadas da sociedade e, consequentemente, da família, leva a

presa a vivenciar um enfraquecimento das relações familiares afetivas, que é potencializado

pelo preconceito e estigma social. Essa associação de eventos pode culminar em uma redução

ou ausência no número de visitas às mulheres presas, devendo- se adotar medidas para que

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51

esse vínculo seja mantido e fortalecido, uma vez que, configura-se em um importante fator

para eficaz ressocialização.

Destaca-se a baixa inserção em atividades laborais no presídio. Ressalta-se que a Lei de

Execução Penal - LEP (Lei. 7.210 de 1984), traz em seu art. 28 que “O trabalho do

condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e

produtiva”, sendo assim, a atividade laboral na prisão apresenta como objetivo a

ressocialização do interno. Ainda sobre a LEP, o art. 126, § 1º descreve a possibilidade de o

preso abater, do cômputo temporal da pena privativa de liberdade, os dias efetivamente

trabalhados durante o seu encarceramento, na proporção, de três dias de trabalho por um de

pena. Contudo, mesmo com as vantagens apresentadas anteriormente, existe nos presídios

brasileiros uma baixa adesão ao trabalho. Outro ponto descrito na literatura como responsável

pela baixa adesão aos trabalhos laborais, pode ser reflexo da reduzida remuneração oferecida

aos detentos. O art. 29, § 1º, da Lei de Execução Penal profere que a remuneração do

condenado não deve ser inferior a três quartos do salário mínimo (Silva, 2016).

No serviço estudado, as atividades ofertadas às internas relacionam-se às atividades

laborais executadas nas dependências do estabelecimento penitenciário e sob a direção deste,

como: serviços de cozinha, limpeza, lavanderia, zeladoria e os trabalhos profissionalizantes

(artesanato- produção de bonecas). Cabe considerar que os trabalhos são tidos como pouco

atrativos e sem caráter ressocializador, visando muitas vezes à contenção de gastos com a

contratação de pessoal especializado.

Os resultados do presente estudo revelam uma alta prevalência de história de violência

fisica, e presença também de violência sexual. A violência sofrida pela mulher é confirmada

por um outro estudo o qual menciona que 70% da amostra reportaram vitimização direta

(Canazaro;Argimon,2010). Ressalta-se que um percentual considerável apresenta história de

tentativa de suicídio (33,5%), destes uma parcela significativa no período maior que 5 anos,

(38,8%). Considerando que 41,9% das presas possuem o tempo de condenação entre 5 e 10

anos, e que 78,5% cumpriu no máximo 50% de sua pena, pelos achados do estudo, sugere-se

que a tentativa de suicídio esteve mais presente nos anos iniciais de reclusão, que pode estar

relacionado as mudanças impostas pelo processo inicial de privação de liberdade.

A violência tem sido considerada como um agravante da saúde e, por isto, diversos

autores têm debatido sobre a probabilidade e as dificuldades de preveni-la e de incluí-la no

campo da saúde pública (Minayo e Souza, 1999). Schraiber et al (2006) colocam em questão

a crise da sociabilidade como causa da violência. As autoras percebem esta crescente

violência como consequência da falência dos processos vigentes de socialização da

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52

contemporaneidade. Essa violência presente em todos os âmbitos do nosso país afeta e altera a

saúde do indivíduo, gerando mortes e implicações de ordem física e psíquica. Assim, o

suicídio é considerado como uma autodestruição, uma auto-violência humana, consciente ou

inconsciente.

Este cenário de crescimento da violência contra a mulher exige uma ampla mobilização

das políticas públicas, com a articulação de suas redes e serviços para a prevenção, o

atendimento, a proteção e a reabilitação de suas vítimas, o que se configura, na atualidade,

como um imenso desafio a ser transposto.

No que se refere à violência no interior das prisões, são comuns os abusos e castigos

físicos por parte dos próprios agentes penitenciários ou entre os próprios presos que

constroem uma rede de poder paralelo no interior das penitenciárias. Há também os abusos e

violência sexual, muito comuns no interior das prisões. Outra violação bastante comum em

relação as presas é a demora na concessão de benefícios e de concessão de progressão de

regime quando do direito destes a essas condições. Ainda, no que tange a questão do trabalho,

a maioria das detentas ficam ociosas e não realizam nenhuma atividade, contribuindo ainda

mais para o aumento da violência no interior do cárcere, além de terem tolhido seu direito ao

trabalho o que poderia contribuir para a redução da sua pena e fazê-las auferir uma renda e

mantendo ativa sua capacidade laborativa (Rodrigues, et al, 2012).

As políticas prisionais muitas vezes ignoram as necessidades especiais e de saúde das

mulheres encarceradas. A saúde é um direito humano fundamental, especialmente para os

indivíduos detidos sob a custódia do Estado. Os direitos das mulheres na prisão são os

mesmos dos homens, mas a mulher raramente tem igual acesso a esses direitos. Os sistemas

prisionais foram projetados principalmente para os homens, que constituem mais de 95% da

população carcerária na maioria dos países, fazendo com que a estrutura dos

estabelecimentos, as normas e os procedimentos prisionais muitas vezes não atendam às

necessidades de saúde das mulheres (Brasil, 2008). Os dados sobre a situação e os cuidados

de saúde das mulheres na prisão são raros e, quando existentes, não são específicos para o

gênero.

No levantamento realizado, o sobrepeso verificado nas encarceradas foi menor quando

comparado com a população em geral, enquanto a prevalência de obesidade foi semelhante,

condição essa também verificada em outros estudos (Scherer et al., 2011). O sobrepeso, a

obesidade e a inatividade física são importantes fatores de risco para doenças crônicas não

transmissíveis. Além disso, as mulheres apresentaram padrão de sono prejudicado.

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53

No que se refere ao consumo de cigarros, a proporção de fumantes nas entrevistadas foi

significativa. Cabe ressaltar que as medidas de controle implementadas nos últimos 20 anos já

se traduzem em diminuição da prevalência do tabagismo e de doenças relacionadas ao tabaco,

porém, o mesmo não ocorre dentro das instituições prisionais do país (Silva, 2016).

Embora a instituição estudada, tenha equipe de saúde que atua 20 horas semanais, com

presença de psicóloga, a maioria das mulheres (55%) referiram não dispor de

acompanhamento psicológico. Por não dispor de suporte psiquiátrico na unidade, o

acompanhamento por esse profissional ainda mais desafiador, dessa forma o

acompanhamento é mínimo (4%). O sistema prisional também deve ser entendido como uma

possibilidade de tratamento psicoterapêutico para as detentas, articulado com a criação de

programas de saúde pública. Dessa forma, os sintomas de ansiedade e depressão poderiam ser

minimizados e as presas estariam mais preparadas para retornar à vida em sociedade. No

tocante a uso de medicamentos psicofármacos, 15,5% referiu fazer uso e a 38,7% desses faz

uso por período prolongado, o que remete a uma fragilidade no acompanhamento

especializado dessas pacientes (psiquiatria).

Os psicofármacos inicialmente foram introduzidos com a finalidade de possibilitar ao

sujeito menor sofrimento e uma maior integração à sociedade. Contudo, para Rozemberg

(1994), a medicação sozinha não se mostrará eficaz para a solução do conflito apresentado,

uma vez que não se investigou fatores sociais e subjetivos. O sujeito permanecerá “doente

crônico” e seu conflito poderá ser entendido como “doença incurável”. Dessa maneira, os

sintomas que ainda se apresentam ao sujeito serão controlados através de novas receitas

médicas – algumas das quais ainda a serem desenvolvidas.

Os achados em relação ao uso de drogas estão de acordo com os encontrados em prisões

americanas, onde mais de 70% relatam história de uso de drogas nas prisões federais e mais

de 80%, nas prisões estaduais e locais. Exames toxicológicos de urina, realizados no ano de

1999 em prisões americanas, mostraram testes positivos em 67% das mulheres e 64% dos

homens para uso recente de drogas ilegais (U.S Departament of Justice , 2002).

Além disso, alguns desses dados podem estar subestimados e a prevalência ser ainda mais

elevada. Muitas participantes podem não ter relatado histórias de violência ou ter negado o

envolvimento com drogas e álcool com receio de que a pesquisa pudesse lhes causar algum

prejuízo no tocante a sua situação jurídica. Neste estudo, parte significativa da amostra era de

presas não sentenciadas que aguardam a investigação final. Outra parcela, que são mulheres

condenadas, passa por uma avaliação final, durante a qual, muitas vezes, é solicitada uma

avaliação psicológica judicial para verificar se as apenadas estão preparadas para o retorno à

Page 54: MAURA VANESSA SILVA SOBREIRA€¦ · Sobreira, Maura Vanessa Silva Religiosidade, depressão, ansiedade e ideação suicida entre mulhe res privadas de liberdade. / Maura Vanessa

54

vida em sociedade. Embora os objetivos do estudo tenham sido esclarecidos, algumas

mulheres podem ter associado que este estudo teria interferência no processo investigativo.

Quando presa, a mulher passa por uma mudança brusca nas normatizações sociais, sendo

imposto a elas ajustamento de conduta prisional, sendo nessa fase comum, no que diz respeito

à saúde mental, o aparecimento de tensão e ansiedade. Dentro das prisões, com o afastamento

social e a submissão constante advindas das relações de poder e dominação, sintomas de

transtornos mentais como ansiedade, insônia, estresse, humor depressivo, dentre outros,

tendem a ser potencializados, associando-se a situações que potencializam suas

vulnerabilidades, estes podem culminar no aparecimento de transtornos mentais graves e

severos (Silva, 20016). No tocante à depressão, as encarceradas apresentaram conforme

Inventário de Beck frequência significativa com sinais indicativos de depressão (moderada e

grave).

A Classificação Internacional de Doenças - CID-10 (2008) classifica um quadro

depressivo quando o indivíduo apresenta um rebaixamento do humor, redução da energia e

diminuição da atividade, alteração da capacidade de experimentar o prazer, perda de interesse,

diminuição da capacidade de concentração, associadas em geral à fadiga, mesmo após um

esforço mínimo. Observam-se em geral problemas do sono e diminuição do apetite. Existe

quase sempre uma diminuição da autoestima e da autoconfiança e frequentemente ideias de

culpabilidade e ou de indignidade, mesmo nas formas leves. O humor depressivo varia pouco

de dia para dia ou segundo as circunstâncias e pode se acompanhar de sintomas ditos

"somáticos", por exemplo, perda de interesse ou prazer, despertar matinal precoce, várias

horas antes da hora habitual de despertar, agravamento matinal da depressão, lentidão

psicomotora, agitação, perda de apetite, perda de peso e perda da libido. O número e a

gravidade dos sintomas permitem determinar três graus de um episódio depressivo: leve,

moderado e grave (Araújo et al, 2009).

Os achados do Inventário de Beck depressão, confirmam que os determinantes para o

desencadeamento da depressão são as interpretações feitas pelas pessoas desses eventos.

Retomam-se também as afirmações de Beck et al (1982) que defendem que o conteúdo dos

pensamentos dos indivíduos depressivos apresenta uma tendência para interpretar os

acontecimentos de forma negativista. Ou seja, as interpretações seriam os determinantes na

produção das emoções negativas experiência das, constituindo-se, desta forma, o cárcere

como uma experiência individualizada.

Em relação à ansiedade, pode-se constatar que existe uma maior frequência no nível

"mínimo", o que pode ser explicado, pela relação entre a ocorrência de eventos de vida

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estressores e o surgimento de sintomas depressivos, sendo que, no entanto, poucos dados são

encontrados na literatura em relação a sintomas ansiosos frente a estes eventos. Os autores

sugerem que mais estudos de enfoque etiológico sejam realizados, avaliando a relação causal

entre a exposição a diferentes eventos de vida estressores e o surgimento de sintomas de

ansiedade (Amorin, Sirgo, 1999).

Diversos estudos apontam que a religiosidade é um fator de proteção emocional.

Poucos estudos foram encontrados a respeito da religiosidade relacionada à população

prisional. Contudo, também no contexto carcerário a religiosidade parece atuar como fator de

integridade emocional tanto para homens como para mulheres que cumprem penas, de modo

que o suporte religioso parece auxiliar os sujeitos a enfrentar as mazelas características da

condição do cárcere quanto à questão da religiosidade como fator protetor (Moraes,

Dalgalarrondo, 2006). Além da religiosidade, outros fatores como estudo, trabalho,

conservação dos vínculos com a família, colaboram para uma favorável adaptação do

prisioneiro a sociedade.

A alta incidência de mulheres presas envolvidas com atividades religiosas,

evidenciada nesse estudo (pelo menos uma vez por semana, totalizando 73,9%.), é consoante

com outras pesquisas, como apontado por Levitt, Loper (2009), em que 70.3% das mulheres

presas reportaram alguma participação em atividade religiosa.

Sugere-se que a religiosidade pode atuar como um meio de reorganização da vida

dentro da prisão promovendo novas configurações de proteção e de percepção da identidade,

além de servir como uma linguagem da qual as presas podem fazer uso para atenuar conflitos

decorrentes da própria situação de encarceramento, permitindo-lhes circular em busca de

elementos culturais bastante diferentes e por vezes contraditórios, libertando-as das amarras

de uma identidade engessada no contexto do crime (Carvalho, 1991).

Alguns autores definem suicídio como crise psicológica representada pela inabilidade

individual de resolver os problemas. Esta crise associa-se, ainda, a um estado de desequilíbrio

emocional, geralmente proporcionado por grandes mudanças que o indivíduo considera como

impossíveis de serem assimiladas. Assim, o processo resulta em aumento da ansiedade, bem

como da percepção da impossibilidade de resolução do conflito. Surgem, então, sentimentos

de desamparo que impedem a consideração de alternativas ou a tomada de atitudes que

modifiquem a situação (Aguillera, 1993; Negrelli, 2006).

Conforme Feijó (1998), suicídio não pode ser separado da tentativa de suicídio. Para o

autor, a tentativa fracassada não invalida a intenção real de morte. A sobrevivência pode ser

obtida com a chegada, a tempo, de socorro ou pelo uso, por parte do sujeito, de meios não tão

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agressivos para causar sua morte. A falta de habilidade psíquica e motora para realizar o ato

também pode frustrar uma tentativa de suicídio. O autor refere, ainda, que a tentativa de

suicídio pode ser compreendida como um pedido de socorro. Por utilizar um método fatal,

porém, o indivíduo não consegue se arrepender.

A ideação suicida pode ser considerada o primeiro marcador de risco suicida. Quando

persistente, evolui frequentemente para comportamentos suicidários com final fatal (Negrelli,

2006). O estudo revelou relação significativa entre religião e ideação suicida, chamando a

atenção para a alta probabilidade de mulheres não cristãs em desenvolverem

(aproximadamente 11 vezes mais chance de desenvolver do que as mulheres cristãs). Cabe

ressaltar que no cristianismo o suicídio sempre foi condenado. Segundo esta visão, a vida

pertence a Deus.

Para São Tomás de Aquino, o suicídio era o pior dos crimes. Somente Deus poderia

tirar aquilo que deu ao homem – sua vida. Esta era considerada um dom divino. Na Idade

Média Cristã, o ato de se matar configurava-se um sacrilégio. A partir da Revolução Francesa,

o suicídio assumiu um caráter mais oculto, passando a ser compreendido como uma

transgressão, um sinal de patologia. Com o surgimento do Renascimento - séculos XV e XVI

d.C. -, houve o despertar da formação científica e a teoria da loucura passou a ser elaborada

sob a influência do organicismo e da doutrina sobre as faculdades da alma ou da mente. Para

Foucault, o período entre o final do século XIX e o início do século XX marcou o debate em

torno da questão crime e loucura. O saber médico conduziu à mudança na explicação, baseada

no determinismo hereditário e no neurofisiologismo. A filosofia moderna, a partir do embate

decorrente do dualismo cartesiano, originou as concepções organicista e idealista da doença

mental. A partir do século XIX, a etiologia da doença mental passou pela ordem física e

biológica e pela influência das teorias de enfoque psicológico e social, através da Psicanálise e

do Marxismo. No século XX, o criminoso passou a ser analisado física e psiquicamente, ou

seja, como um ser biopsicológico, que necessita de tratamento (Negrelli, 2006).

O suicídio deve ser abordado como uma dimensão que integra um possível contínuo

de comportamentos que pode partir de pensamentos de autodestruição, passando por ameaças,

tentativas de suicídio e finalmente a concretização do ato fatal. Nesse sentido, a pessoa, como

membro de um grupo com o qual compartilha significados, quando atenta contra a sua vida,

está inserindo a narrativa da experiência da crise suicida no repertório de histórias do sistema

familiar. Essa experiência de crise tende a alterar a intensidade dos vínculos emocionais na

família e desta com o seu ambiente, limitando a capacidade em distinguir territórios, ideias,

pessoas, experiências, umas das outras. Famílias inseridas no contexto da crise suicida

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precisam de auxílio para que possam reconstruir-se como um sistema de apoio e proteção

(Turecky, 1999). O estudo revelou que apenas 5,5% das entrevistas apresentou ideação

suicida clinicamente significante, embora 33,5% referiu tentativa de suicídio anterior, e

apontou que as mulheres com históricos de suicídio na família, as chances são de 10 vezes a

mais do que as que não possuem histórico de suicídio na família.

Conforme Brasil (2005), estudos em diferentes regiões do mundo têm demonstrado

que na quase totalidade dos suicídios os indivíduos estavam padecendo de um transtorno

mental. No entanto, o estudo revelou baixo percentual de acompanhamento psicológico entre

aquelas com sintomas de depressão (27,3%) mesmo com alta frequência de tentativa de

suicídio (90,9%). Além disso, 90,9% das apenadas com sintomas de ideação suicida não

possui inserção em atividades de trabalho e não recebem algum tipo de benefício, o que indica

a necessidade de um maior investimento no sistema prisional, no sentido de ampliar e

qualificar os serviços de saúde, com o intuito de fornecer a essa parcela da população um

tratamento adequado, com especial ênfase ao atendimento à mulher encarcerada.

Estando presente a possibilidade de diversos fatores desencadeadores da depressão e

da ansiedade e considerando a situação restritiva em que vivem as presas, o estudo revelou

relação entre ansiedade e agressão física anterior, as que possuem esse histórico apresentam,

aproximadamente três vezes mais chances de desenvolver sintomatologia de ansiedade grave

quando comparado com quem não possui. No que diz respeito à etiologia dos transtornos de

ansiedade, segundo Barbosa e Gaião (2001), pode-se concluir que se trata de uma conduta de

inadaptação predisposta por fatores de ordem ambiental e biológicos. Ainda de acordo com os

autores, parece haver uma hegemonia a respeito da etiologia e fatores desencadeantes da

ansiedade, pois, desde criança, o indivíduo frente a situações estressoras, como separação dos

pais e/ou violência doméstica, pode desencadear reações inadequadas compatíveis com a

ansiedade. Essas reações são mantidas e possivelmente agravadas por uma combinação das

cognições de experiências passadas e pelo componente biológico.

O aumento da probabilidade de desenvolver ansiedade e depressão entre presas

também está relacionado a aspectos da religiosidade organizacional, sendo revelado no estudo

que as mulheres cristãs têm menos chance de desenvolver sintomas que as não cristãs.

Estudos epidemiológicos indicam a influência de fatores religiosos sobre um conjunto

diversificado de resultados, incluindo drogas, depressão, etilismo, comportamento

delinquente, suicídio e certos diagnósticos psiquiátricos (Moraes, Dalgalarrondo, 2006).

Poucos estudos no Brasil abordaram a saúde mental em população carcerária e a

relacionaram com a religiosidade. Em uma pesquisa realizada com 358 mulheres encarceradas

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em São Paulo, uma maior religiosidade pessoal, associou-se a menor frequência de transtorno

mental à análise bivariada, embora o resultado não tenha se mantido no modelo multivariado

(Moraes, Dalgalarrondo, 2006).

Observou-se ainda que as variáveis, histórico de suicídio na família, tentativa de

suicídio, faixa etária, escolaridade e condenação, podem ser consideradas fatores de risco por

aumentarem a chance de desenvolver a depressão entre as presas estudadas. Segundo

Chachamovich et al (2009), a associação entre o quadro clínico de depressão e

comportamento suicida têm sido vastamente descritos por diversos autores. Tais achados, de

acordo com estes autores, parecem ser confirmados em diferentes estudos epidemiológicos

sobre a associação entre depressão e o risco de suicídio. No estudo realizado, aquelas presas

que apresentaram histórico de suicídio na família ou tentaram suicídio, tinham

respectivamente, 4 e 3 vezes mais chance de apresentar sintomas de depressão.

Cabe destacar ainda que, foi evidenciado neste trabalho, que menores níveis

educacionais estão associados a maior ocorrência de depressão, em consonância com outros

estudos conduzidos no Brasil. Sabe-se que tanto a escolaridade quanto o nível econômico são

importantes marcadores socioeconômicos. Estudos relatam que a pobreza pode ser um

determinante na explicação do aumento dos índices de depressão, pois eles estão associados a

condições sociais como desemprego, baixo nível de instrução, baixa qualidade de moradia e

alimentação inadequada (Silva, 2016). Tais condições, exclusivas ou combinadas, podem

favorecer o desenvolvimento de um estado de desesperança que tem como efeito imediato a

redução da capacidade para lidar com situações estressoras de maneira adequada, reduzindo a

disposição para suportar acontecimentos adversos e frustrantes.

Com relação à situação jurídica das presas do estudo, notou-se que a maioria se

encontrava em regime disciplinar provisório, resultado de um crescimento rápido do número

de mulheres sendo presas e da inexpressiva assistência jurídica que estas recebem. Essas

mulheres têm duas vezes mais chance de desenvolver sintomas de depressão moderada e

grave em relação às que já foram condenadas.

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6. CONCLUSÕES

As prisões brasileiras são marcadas por um conjunto de carências de natureza estrutural e

processual que afetam de forma direta os resultados produzidos em relação à pretendida

ressocialização dos reclusos e a sua saúde. As ações de saúde pública para a população em

geral e para a carcerária, em especial, representam um direito de cidadania. Na situação de

encarceramento contribuem para a ressocialização do indivíduo.

O conhecimento das condições de funcionamento das instituições prisionais, em especial,

as que abrigam mulheres, é importante para fundamentar a reflexão sobre a situação de

mulheres em cumprimento de pena – que costuma permanecer obscura e silenciosa –, de

modo a permitir a adoção de medidas para, se não solucionar, ao menos, contribuir

substancialmente para a melhoria da realidade atual.

O perfil sociodemográfico das presas estudadas revelou que a maioria é composta de

mulheres jovens, pardas e negras, solteiras e com baixa escolaridade e história de

envolvimento com as drogas, seja pelo uso ou pelo tráfico. Este é o retrato de muitas jovens

brasileiras que vivem em situação de desestruturação familiar, social e econômica. A

fragilidade das políticas públicas na garantia de educação de qualidade, moradia, lazer,

saneamento básico, alimentação, qualificação profissional e oferta de trabalho dificulta o

alcance de um lugar com vida digna na sociedade.

Ademais, notou-se que como características ligadas ao perfil jurídico-criminal, o

envolvimento com o tráfico de drogas e a associação ao tráfico, sobrepõe-se a todas as outras

causas do aprisionamento feminino, reforçando o caráter de crimes realizados por mulheres,

configuram-se como não violentos, assim como encontrado na literatura pertinente. No

tocante a atividades de ressocialização, apenas pouca parcela das mulheres exercem

atividades ressocializadoras como trabalho.

No tocante à saúde mental das presas, a pesquisa evidenciou: significativos sinais de

depressão, sendo classificadas como moderado e grave 22,5% das entrevistadas; apenas 5,5%

das entrevistas apresentou ideação suicida clinicamente significante, embora 33,5% referiu

tentativa de suicídio anterior, e apontou que as mulheres com históricos de suicídio na família,

as chances são de 10 vezes a mais do que as que não possuem histórico de suicídio na família,

e baixo percentual de relato de acompanhamento psicológico entre aquelas com sintomas de

depressão (27,3%) mesmo com alta frequência de tentativa de suicídio (90,9%). Além disso,

revelou associação entre ansiedade, depressão e religião, histórico de suicídio na família e

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tentativa de suicídio. E, por fim, a significativa relação das variáveis, faixa etária,

escolaridade e condenação com a sintomatologia de depressão moderada e grave.

Acreditamos que esses resultados podem fornecer elementos para futuras intervenções

no sistema prisional e para a elaboração de políticas públicas de saúde com especial ênfase à

saúde mental. Os dados apresentados à equipe de saúde da casa de detenção remeteram a uma

agenda de planejamento e avaliação, sendo construído projeto de intervenção, constituído de

ações assistenciais voltadas às mulheres envolvendo a equipe, contratação de psiquiatra,

articulação intersetorial para oferta de medidas ressocializadoras, e agenda de qualificações

para a equipe de saúde compreender melhor as estratégias de manejo as situações de

sofrimento mental.

Destacamos ainda que a atenção à saúde das pessoas privadas de liberdade é um

direito a ser garantido. No entanto, para além do diagnóstico e atenção aos problemas de

saúde mental e outras demandas de saúde da população carcerária, o próprio sistema

penitenciário precisa ser repensado, pois são muitos os elementos desse universo que se

configuram como fatores de risco ao adoecimento: superlotação, condições das celas,

ociosidade, alimentação inadequada, entre outros fatores. Na forma como está constituído, o

sistema prisional, frequentemente, contribui para o aprofundamento das múltiplas exclusões

vivenciadas pelos reclusos antes do encarceramento.

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DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Religiosidade, Depressão, Ansiedade e Ideação Suicida entre Mulheres privadas de liberdade.

7. ANEXOS

ANEXO 1- Índice de Religiosidade da Universidade Duke

(1) Com que frequência você vai a uma igreja, templo ou outro encontro religioso?

1. Mais do que uma vez por semana

2. Uma vez por semana

3. Duas a três vezes por mês

4. Algumas vezes por ano

5. Uma vez por ano ou menos

6. Nunca

(2) Com que frequência você dedica o seu tempo a atividades religiosas individuais, como preces,

rezas, meditações, leitura da bíblia ou de outros textos religiosos?

1. Mais do que uma vez ao dia

2. Diariamente

3. Duas ou mais vezes por semana

4. Uma vez por semana

5. Poucas vezes por mês

6. Raramente ou nunca

A seção seguinte contém três frases a respeito de crenças ou experiências religiosas. Por favor, anote o

quanto cada frase se aplica a você.

(3)Em minha vida, eu sinto a presença de Deus (ou do Espírito Santo).

1. Totalmente verdade para mim

2. Em geral é verdade

3. Não estou certo

4. Em geral não é verdade

5. Não é verdade

(4)As minhas crenças religiosas estão realmente por trás de toda a minha maneira de viver.

1. Totalmente verdade para mim

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2. Em geral é verdade

3. Não estou certo

4. Em geral não é verdade

5. Não é verdade

(5)Eu me esforço muito para viver a minha religião em todos os aspectos da vida.

1. Totalmente verdade para mim

2. Em geral é verdade

3. Não estou certo

4. Em geral não é verdade

5. Não é verdade

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ANEXO 2- INVENTÁRIO DE ANSIEDADE DE BECK

Iniciais:_______________________________________________ Idade:_____________

Data: _____/_____/_____

Abaixo está uma lista de sintomas comuns de ansiedade. Por favor, leia cuidadosamente cada item da

lista. Identifique o quanto você tem sido incomodado por cada sintoma durante a última semana,

incluindo hoje, colocando um “x” no espaço correspondente, na mesma linha de cada sintoma.

Absolutamente

não

Levemente

Não me

incomodou

muito

Moderadamente

Foi muito

desagradável, mas

pude suportar

Gravemente

Dificilmente

pude suportar

1. Dormência ou formigamento

2. Sensação de calor

3. Tremores nas pernas

4. Incapaz de relaxar

5. Medo que aconteça o pior

6. Atordoado ou tonto

7. Palpitação ou aceleração do coração

8. Sem equilíbrio

9. Aterrorizado

10. Nervoso

11. Sensação de sufocação

12. Tremores nas mãos

13. Trêmulo

14. Medo de perder o controle

15. Dificuldade de respirar

16. Medo de morrer

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17. Assustado

18. Indigestão ou desconforto no abdômen

19. Sensação de desmaio

20. Rosto afogueado

21. Suor (não devido ao calor)

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ANEXO 3- INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO DE BECK

Nome:_______________________________________________ Idade:_____________ Data:

_____/_____/_____

Este questionário consiste em 21 grupos de afirmações. Depois de ler cuidadosamente cada grupo,

faça um círculo em torno do número (0, 1, 2 ou 3) próximo à afirmação, em cada grupo, que descreve

melhor a maneira que você tem se sentido na última semana, incluindo hoje. Se várias afirmações

num grupo parecerem se aplicar igualmente bem, faça um círculo em cada uma. Tome cuidado de ler

todas as afirmações, em cada grupo, antes de fazer sua escolha.

1 0 Não me sinto triste

1 Eu me sinto triste

2 Estou sempre triste e não consigo sair disto

3 Estou tão triste ou infeliz que não consigo

suportar

7 0 Não me sinto decepcionado comigo

mesmo

1 Estou decepcionado comigo mesmo

2 Estou enojado de mim

3 Eu me odeio

2 0 Não estou especialmente desanimado

quanto ao futuro

1 Eu me sinto desanimado quanto ao futuro

2 Acho que nada tenho a esperar

3 Acho o futuro sem esperanças e tenho a

impressão de que as coisas não podem

melhorar

8 0 Não me sinto de qualquer modo pior

que os outros

1 Sou crítico em relação a mim por

minhas fraquezas ou erros

2 Eu me culpo sempre por minhas falhas

3 Eu me culpo por tudo de mal que

acontece

3 0 Não me sinto um fracasso

1 Acho que fracassei mais do que uma pessoa

comum

2 Quando olho pra trás, na minha vida, tudo o

que posso ver é um monte de fracassos

9 0 Não tenho quaisquer ideias de me

matar

1 Tenho ideias de me matar, mas não as

executaria

2 Gostaria de me matar

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3 Acho que, como pessoa, sou um completo

fracasso

3 Eu me mataria se tivesse oportunidade

4

0 Tenho tanto prazer em tudo como antes

1 Não sinto mais prazer nas coisas como antes

2 Não encontro um prazer real em mais nada

3 Estou insatisfeito ou aborrecido com tudo

10 0 Não choro mais que o habitual

1 Choro mais agora do que costumava

2 Agora, choro o tempo todo

3 Costumava ser capaz de chorar, mas

agora não consigo, mesmo que o

queria

5

0 Não me sinto especialmente culpado

1 Eu me sinto culpado grande parte do tempo

2 Eu me sinto culpado na maior parte do

tempo

3 Eu me sinto sempre culpado

11 0 Não sou mais irritado agora do que já

fui

1 Fico aborrecido ou irritado mais

facilmente do que costumava

2 Agora, eu me sinto irritado o tempo

todo

3 Não me irrito mais com coisas que

costumavam me irritar

6

0 Não acho que esteja sendo punido

1 Acho que posso ser punido

2 Creio que vou ser punido

3 Acho que estou sendo punido

12 0 Não perdi o interesse pelas outras

pessoas

1 Estou menos interessado pelas outras

pessoas do que costumava estar

2 Perdi a maior parte do meu interesse

pelas outras pessoas

3 Perdi todo o interesse pelas outras

pessoas

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13 0 Tomo decisões tão bem quanto antes

1 Adio as tomadas de decisões mais do que

costumava

2 Tenho mais dificuldades de tomar decisões

do que antes

3 Absolutamente não consigo mais tomar

decisões

18 0 O meu apetite não está pior do que o

habitual

1 Meu apetite não é tão bom como

costumava ser

2 Meu apetite é muito pior agora

3 Absolutamente não tenho mais apetite

14 0 Não acho que de qualquer modo pareço pior

do que antes

1 Estou preocupado em estar parecendo velho

ou sem atrativo

2 Acho que há mudanças permanentes na

minha aparência, que me fazem parecer sem

atrativo

3 Acredito que pareço feio

19 0 Não tenho perdido muito peso se é que

perdi algum recentemente

1 Perdi mais do que 2 quilos e meio

2 Perdi mais do que 5 quilos

3 Perdi mais do que 7 quilos

Estou tentando perder peso de propósito,

comendo menos: Sim _____ Não _____

15

0 Posso trabalhar tão bem quanto antes

1 É preciso algum esforço extra para fazer

alguma coisa

2 Tenho que me esforçar muito para fazer

alguma coisa

3 Não consigo mais fazer qualquer trabalho

20 0 Não estou mais preocupado com a

minha saúde do que o habitual

1 Estou preocupado com problemas

físicos, tais como dores, indisposição

do estômago ou constipação

2 Estou muito preocupado com

problemas físicos e é difícil pensar em

outra coisa

3 Estou tão preocupado com meus

problemas físicos que não consigo

pensar em qualquer outra coisa

16 0 Consigo dormir tão bem como o habitual

1 Não durmo tão bem como costumava

2 Acordo 1 a 2 horas mais cedo do que

habitualmente e acho difícil voltar a dormir

21 0 Não notei qualquer mudança recente no

meu interesse por sexo

1 Estou menos interessado por sexo do

que costumava

2 Estou muito menos interessado por

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3 Acordo várias horas mais cedo do que

costumava e não consigo voltar a dormir

sexo agora

3 Perdi completamente o interesse por

sexo

17 0 Não fico mais cansado do que o habitual

1 Fico cansado mais facilmente do que

costumava

2 Fico cansado em fazer qualquer coisa

3 Estou cansado demais para fazer qualquer

coisa

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ANEXO 4 - ESCALA DE IDEAÇÃO SUICIDA

ANEXO 4- ESCALA DE IDEAÇÃO SUICIDA

Dia da entrevista: ____/____/_______

I - Características de Atitude em Relação a Viver/Morrer

1.Desejo de viver. ( )

0) Moderado a forte.

1) Fraco.

2) Nenhum.

2. Desejo de morrer( )

0. Nenhum

1. Fraco

2. Moderado a forte

3. Razões para viver/morrer( )

0. Para viver superam para morrer.

1. Aproximadamente igual.

2. Para morrer superam para viver.

4. Desejo de fazer tentativa ativa de suicídio( )

0. Nenhum.

1. Fraco.

2. Moderado a forte.

5. Tentativa suicida passiva( )

0. Tomaria precauções para salvar a vida.

1. Deixaria a vida/morte para o acaso (por exemplo, atravessar descuidadamente uma rua em

movimento).

2. Evitaria medidas necessárias para salvar ou manter a vida (por exemplo, diabético deixando

de tomar insulina).

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Se os códigos para os itens 4 e 5 for “0”, pule as seções II, III e IV e insira “8” – “Não aplicável”

em cada um dos espaços em branco destinados à indicação do código.

II - Características de Ideação/Desejo Suicida

6. Duração( )

0. Períodos breves

1. Períodos mais longos

2. Contínuo (crônico) ou quase contínuo

7. Frequência ( )

0. Rara, ocasional

1. Intermitente

2. Persistente ou contínua

8. Atitude Face à Ideação/Desejo ( )

0. Rejeição

1. Ambivalente, indiferente

2. Aceitação

9. Controle sobre a ação Suicida/Desejo de Agir( )

0. Tem senso de controle

1. Inseguro de controle

2. Não tem senso de controle

10. Impedimentos à tentativa ativa (por exemplo, família, religião, ferimento sério, embora mal

sucedido, irreversível) ( )

0. Não se suicidaria devido a um impedimento.

1. Alguma preocupação com os impedimentos.

2. Preocupação mínima ou nenhuma com os impedimentos.

11. Razão para tentativa ponderada ( )

0. Manipular o ambiente, obter atenção, vingar-se.

1. Combinação de “0” e “2”.

2. Escape, por um fim, resolver problemas.

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III - Características da Tentativa Ponderada

12. Método: Especificidade/Planejamento ( )

0. Não considerado.

1. Considerado, mas detalhes não trabalhados.

2. Detalhes trabalhados/bem formulados.

13. Método: Disponibilidade/Oportunidade ( )

0. Método não disponível; nenhuma oportunidade.

1. Método requereria tempo/esforço; oportunidade não realmente disponível.

2a. Método e oportunidade disponíveis.

2b. Oportunidade ou disponibilidade futuras ou do método antecipadas.

14. Senso de “capacidade” para realizar a tentativa ( )

0. Nenhum, fraco demais, com medo incompetente.

1. Inseguro da coragem e competência.

2. Seguro da competência, coragem.

15. Expectativa/previsão da tentativa real( )

0. Nenhuma.

1. Incerto, não seguro.

2. Sim.

IV - Atualização da Tentativa Ponderada

16. Preparo real( )

0. Nenhum.

1. Parcial (por exemplo, começar a juntar comprimidos).

2. Completo (por exemplo, tinha pílulas, lâminas de barbear, revolver carregado).

17. Bilhete suicida ( )

0. Nenhum.

1. Começou mas não terminou ou deixou no lugar; apenas pensou acerca disso.

2. Completou, deixou no lugar.

18. Atos finais em antecipação à morte (seguro, testamento, presentes, etc.)( )

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0. Nenhuma.

1. Pensou a respeito e tomou algumas providências.

2. Fez planos definidos ou completou providências.

19. Disfarce/ocultação da tentativa ponderada ( )

0. Revelou ideias abertamente.

1. Deteve-se de revelar.

2. Tentou enganar-se, ocultar, mentir.

V - Fatores Históricos

20. Tentativas de suicídio anteriores ( )

0. Nenhuma.

1. Uma.

2. Mais de uma

21. Intenção de morrer associada à última tentativa( )

(se N/A insira “8”)

0. Baixa.

1. Moderada, ambivalente, insegura.

2. Alta.

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ANEXO 5- PARECER CEP

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ANEXO 6- ARTIGO SUBMETIDO

DEPRESSION, SUICIDAL IDEATION AND RELIGIOSITY IN WOMEN DEPRIVED OF

LIBERTY

ABSTRACT

In most Brazilian prison units, a series of risk factors to mental health is found in the prison

population. This study analyzed the signs of depression, correlating them to other variables;

the religiosity in women deprived of liberty as related to mental health; and evaluated suicidal

ideation in imprisoned offenders. It is a descriptive, quantitative study, conducted in the Maria

Julia Maranhao Reeducation House in Joao Pessoa with the 199 prisoners who met the

inclusion criteria, using four instruments for data collection. The data was analyzed through

SPSS, accomplished with variable crossing through binary logistic regression. The studied

women are mostly brown and black young women, single, with a low level of education and a

background of involvement with drugs, either by use or trafficking. With regards to mental

health, the survey evidenced significant signs of depression, classified as moderate and severe

(22,5%); only 5,5% showed clinically significant suicidal ideation, although 33,5% mentioned

a previous suicidal attempt; it showed that for women with a suicidal story in the family, the

chances are 10 time bigger than for those without that story. The study also showed the its

relation to religiosity, and the significant association of age, education and conviction with the

symptomatology of severe depression. The attention to health for people deprived of liberty is

a guaranteed right; however, the penitentiary system itself must be rethought, since there are

plenty of elements in this universe that are configured as illness risk factors.

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INTRODUCTION

In Brazil, the serious problems that characterize the penitentiary system have been

growing in proportion to the increase in the imprisonment rates, thus relating to the precarious

physical conditions offered by jails and prisons, the shortage of places, the absolute

noxiousness in the imprisonment units, commonly characterized as “deposits of human

beings”, added to the prevalence of a culture of intense institutional violence that, besides

widely using practices such as torture, and the legitimation for the formation and acting of

criminal organizations inside the prisons, aggravating institutional violence, and the

suppression of rights and guarantees for the individuals deprived of liberty1.

In June 2016, there were 726.712 people deprived of liberty in Brazil. As to the

number of places, data from the National Penitentiary Department (DEPEN) reveal a shortage

of 358.663 places and an average occupancy rate of 197,4% all over the country, a scenario

aggravated in comparison to the previous available survey2.

The confinement conditions in which people deprived of liberty are become

determinant for their physical and psychical well-being. When they are gathered in prisons,

people bring health problems as well as mental disorders, that are gradually aggravated by the

precarious conditions of living, feeding and health in the prison units3.

As to health policies, the Health National Plan in the Penitentiary System, through the

Portaria Interministerial 1.777/2003, contemplates essentially the population gathered in

penitentiaries, prisons, agricultural/agroindustrial colonies and custody and treatment

hospitals, not including prisoners in the open regime and provisional prisoners in the public

jails and police districts4. In May 2014, the Ministry of Health of Brazil instituted, through the

Portaria Interministerial 1 (2 Jan 2014) the Nacional Policy for Integral Health Attention for

People Deprived of Liberty in the Prison System (PNAISP), aiming at guaranteeing the right

to health for all people deprived of liberty, mainly through the improvement of the

infrastructure of the basic health prison units and the guarantee of a minimum team5.

The prevalence of diseases in that specific population is greater than in the general

population. Estimations point that 90% of prisoners have mental health problems, 80%

smoke, 8% of men and 12% of women are infected by the viruses that provoke B and C

hepatitis, besides HIV seropositivity. This population has not only diseases related to the

physical, but above all problems of mental health, with a bigger prevalence in this specific

(prison) population with respect to general population6.

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Depression is one of the present mental disorders in women deprived of liberty. In a

study conducted in Ribeirao Preto, the rate of depression in this group is the highest we find

in the literature, identified through Beck’s Depression Inventory, with a predominance of 82%

for depressive symptoms in the imprisoned women, a number accentuated in young women7.

Imprisoned offenders may have been agent of violence, but they are also victims of it.

The imprisonment reproduces violence, the general conditions for punishment compliance are

very much deteriorated, sanitary conditions in prison units are precarious and the mental

health of the individual is being progressively more affected. The prison unit, therefore, is an

environment of which violence is part.

Mental health is related with religiosity, there being a diversity of factors that may

contribute to a protective role in religion with respect to health such as: (1) the adoption of

more healthy lifestyles; (2) the provision of social support; (3) the development of a system of

beliefs and cognitive processes that promote greater acceptance of the self and the other, with

the promotion of resilience; and (4) the conduction of religious practices that alleviate

psychological suffering. The relations between religiosity and health have been increasingly

investigated and the evidences have been pointing to a habitual positive relation between the

indexes of religious involvement and mental health8.

In the State of Paraiba, the total prison population is estimated to 11.377, the number

of women being 615. The installed capacity of places is for 5.241, 186 of that for women,

distributed in 80 prison establishment, only 4 of those being destined to women9.

Imprisoned women show five times greater chances of developing some mental health

problem in comparison to the general women population with mood disorders and use of

drugs. Isolation have provoked damaging consequences for mental health in women, who

seem to have more difficulty than men when they are bound to stay isolated for long10.

In this sense, it is fundamental to perform a study on religiosity, depression, anxiety

and suicidal ideation in imprisoned women in the State of Paraiba, considering factors such as

overcrowding of prisons, shortage of places, sanitary conditions, all that added to the

implantation of the recent State Plan for the Penitentiary Health System.

Women deprived of liberty commit suicide in prison. Almost ten percent of the deaths

in prison are due to self-inflicted human violence. The growth of notifications and the search

for care for those who threaten to kill themselves is a phenomenon that deserves attention

from the sector of health. The evaluation of suicidal ideation in the convicted offenders is

pertinent. The knowledge on this subject has great relevance for the analysis of the social

situation of women deprived of liberty, imprisoned individuals, for the analysis of mental

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health in this portion of the population in the State of Paraiba, and for projects of preventive

practices of suicide and the planning of mental health actions in communities.

Questions that emerged for the conduction of this research were: What are the social,

demographic and clinic characteristics and the penal condition of women deprived of liberty

in the Maria Julia Maranhao Female Reeducation Center? What are the indexes of religiosity

of those women and their relationship to mental health? What are the signs of depression and

suicidal ideation in women according to Beck’s Inventory?

Thus, the objective is: identifying the profile of women deprived of liberty in the state

of Paraiba; analyzing religiosity in women deprived of liberty, relating it to mental health;

analyzing signs of depression, correlating them to other variables; and evaluating suicidal

ideation in women deprived of liberty.

CASUISTRY AND METHOD

It is a study with transversal, descriptive lineation, with a quantitative approach of

applied nature. The study was conducted in the city of Joao Pessoa, in the state of Paraiba, in

the penitentiary with the highest concentration of imprisoned female population in the state:

the Maria Julia Maranhao Reeducation House, located in the Mangabeira Penitentiary

Complex. The Female Penitentiary is overcrowded, as its capacity is for 98 women

distributed in 02 pavilions (1 and 2), about 10 cells, but during the performance of the study,

its population was of 449 imprisoned women (151 provisionally imprisoned, 47 in the semi-

open regime, 29 in the open regime, 121 in the house regime and 101 sentenced).

The population of the study corresponded to all women deprived of liberty serving a

sentence in the Maria Julia Maranhao Reeducation House, totalizing 449 imprisoned women.

However, to participate in the study, the following inclusion criteria were considered: 1) to be

in the provisory regime or sentenced; 2) to accept participating in the study in the moment of

the data collection. Exclusion criteria considered were: 1) to be in semi-open or open regime;

2) not accept to participate in the survey. Thus, the total number of 252 women were in

provisory regime or sentenced, from which 199 participated in the study, corresponding to

79,3% incarcerated women in the closed regime in that institution.

For the data collection, the following five instruments were used: 1) Questionnaire for

social, demographic and clinic identification of the women; 2) Duke University Religion

Index (DUREL); 3) Beck’s Depression Inventory (BDI); 4) and Beck Scale for Suicide

Ideation (BSS).

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An initial contact was made with the institution’s direction and the prison unit’s health

team. After authorization from the Research Ethics Committee (CEP), the data were collected

in the defined location, individually, the filling of the instruments being done by the

researcher, after the signing of the Free and Informed Consent Form (TCLE) and the

informing of the imprisoned women.

The team, previously trained, was constituted by a research assistant (psychology

student), a psychologist working in the Prison House, and the researcher who trained the

interviewers. The data collection occurred in the months of March 2016 to March 2017,

inviting individually to the room for psychological treatment all women imprisoned in the

Reeducation House, aiming at clarifying the object and the research method for each

participant. A single session was realized with each participant, in which the five instruments

were applied, during 50 minutes in average.

The identified cases of depression and suicidal ideation were presented to the prison

unit’s health team for the care provision for the imprisoned women.

The data were typed (codified and, in some cases, aggrouped) in an electronic sheet in

the Excel 2010 software, and later statistically treated in the Statistical Package for the Social

Sciences (SPSS) 20.0 software for Windows.

The sample was statistically described and the analysis of rate distributions in

dependent and independent variables was done. The analysis was realized through binary

logistic regression.

Logistic regression is a statistical technique that aims at modelling, through a set of

observations, the “logistic” relation between a dichotomous response variable and a series

numeric explanatory (continuous, discrete) or categorical variables11.

The research project was submitted for the evaluation of the Research Ethics

Committee, being approved through the emission of the report n. 1.092.050 of 2015. All

participants were informed on the subject matter and the scientific character of the research

and signed the Free and Informed Consent Form (TCLE).

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RESULTS

According to the profile of women deprived of liberty in the state of Paraiba, although

there are women with ages ranging from 18 to 64 years old, 77.0% of them are between 18

and 34 years old. As to their ethnic identification of these women, a certain equality of

distribution of white (39.0%), black (32.5%) and brown (28.5%). However, considering black

and brown population corresponding to the black population, there is a significant

predominance of 61%. Regarding their schooling, it was possible to verify that 74.0% of

concluded up to the basic education. As to religion, 94.5% are identify themselves as

Christian. As to family income, 76.5% declared they do not receive more than a minimum

wage. When questioned on their civil state, 45% said they were single and 45% in a stable

union.

The sample was constituted by 53.5% provisory imprisoned women waiting for the

judicial sentence on the criminal process to which they respond, and 46% were already

condemned. 41.5% were previously imprisoned. Among the already sentened women, most of

them must serve a sentence ranging from 5 to 15 years (34%), considering that 18.5% of the

interviewees served already 25% of their sentence and 18.5% between 25% and 50% of their

sentence. As to the practiced offense, most responds for drug trafficking, followed by robbery,

homicide and theft.

With regards to the living conditions, reports showed that 50,8% of them have a

companion, although 62.4% of them is deprived of liberty, which may be associated with the

significant rate of women who do not receive any visit (33.7%). Most imprisoned women do

not develop working activities (74.5%) and do not receive any benefit (76%).

As to the surveyed women’s background, there is a homosexual background in 29.5%

of the women, 45.5% of the women suffered physical aggression before the imprisonment,

and 13.5% of the women suffered sexual aggression before. As to suicide in their family, 7%

reported affirmatively, and 33.5% of the interviewees have already tried it.

When they were questioned on psychological follow-up, only 18% declared to receive

any psychological follow-up and only 4% declared psychiatric follow-up.

Analyzing the clinic data from the imprisoned women, 46.5% were considered to be

out of the ideal weight, 10 of them (5.0%) being under the ideal weight and 83 (41.5%) of

them being between slightly overweight and a degree of morbid obesity. Only 19.5% of them

mentioned they felt loss of appetite. As to their sleep hours, a high percentage of the

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imprisoned women (40.5%) sleeps less than 7 hours. As to their sexual activity, 76% of them

informed they have no sexual activity. 66.5% said they smoke in their daily life.

As to the clinical drug data, 150 (75.0%) answered they answered if they do or do not

use drugs, and 100 of them (50.0%) affirmed they do. Only 25% answered they make use of

medicine. And regarding the use of psychoactive drug, 15,5% answered they use them, mostly

referring to anxiolytics and antidepressants, specially benzodiazepine, diazepam and the

tricyclic antidepressant, amitriptyline. As to the time of use of psychotropic drugs, most

revealed a use period longer than six months.

Regarding Beck’s Depression Inventory, as to significant signs of depression, 22.5%

of the interviewees’ condition being classified as moderate or severe. In this study, we will

use the expression “with symptom” for these women, and “without symptom” for those

classified as minimal or low.

As to the interviewee’s religiosity, according to the Duke University Religion Index, it

was possible to verify that with respect organizational and non-organizational religiosity, the

interviewees have a significant frequency of the “at least once a week” answer, totalizing

73.9%. It must be highlighted that the unit has an available religious space.

As to intrinsic religiosity, related to the individual system of belief and posture before

it, the answers to the questions on the presence of God (question 3) and effort to live in

religion (question 5) revealed to be very present in the life of the interviewees, 83% and

74.9% respectively when the two initial classifications are added up. However, the answers to

the question 4, on the interference of the religious beliefs on lifestyle, reveal distancing

between beliefs and daily postures, totalizing 49.8% when the alternatives “generally not

true” and “not true” are added up.

After filling the suicidal ideation scale, only 5.5% of the interviewees showed

clinically significant suicidal ideation, although 33.5% repported a previous suicide attempt.

Crossing the suicidal ideation with the variables from the patient’s background

distributed among women with and without clinically significant suicidal ideation, in table 1 it

is possible to perceive a differentiated percentage in imprisoned women with a background in

previously suffered physical aggression (81.8%), showing no psychiatric follow-up, low

percentage report of psychological follow-up in those with symptoms of depression (27.3%),

even with a high frequency of suicide attempt (90.9%).

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Table I– Relation between suicidal ideation and background in women deprived of liberty in the Maria Julia Maranhao

Reeducation House, located in Mangabeira Penitentiary Complex, in the city of Joao Pessoa, Paraiba

Data from background

Clinically significant

Suicidal ideation

Absence of suicidal

ideation

N % n %

History of previous physical aggression

Yes 9 81.8 81 43.1

No 2 18.2 107 56.9

History of previous sexual aggression

Yes 4 36.4 23 12.2

No 4 36.4 119 63.3

Not informed 3 27.3 46 24.5

History of suicide in the family

Yes 4 36.4 10 5.3

No 7 63.6 177 94.1

Not informed 0 0.0 1 0.5

Psychiatric follow-up

Yes 0 0.0 7 3.7

No 8 72.7 131 69.7

Not informed 3 27.3 50 26.6

Psychological follow-up

Yes 3 27.3 32 17.0

No 5 45.5 105 55.9

Not informed 3 27.3 51 27.1

Suicide attempt

Yes 10 90.9 57 30.3

No 1 9.1 131 69.7

Total 11 100.0 188 100.0

With regards to suicidal ideation, the variables of the penal situation distributed among

imprisoned women, in table 1 it is verifiable that among women that had clinically significant

suicidal ideation, 27.3% already have a confirmed condemnation, with a reclusion time

ranging from 5 to 20 years, some of them having already served between 50% and 75% of

their sentences. When asked if they had been imprisoned before, 36.4% of those with suicidal

ideation answered yes. 90.9% of the imprisoned women with symptoms of suicidal ideation

are not inserted into working activities and do not receive any benefit.

In table 2, a chance ratio for Christian women was 0.09 bigger to develop suicidal

ideation than non-Christian women, which means non-Christian women have approximately

11 times bigger chances of developing suicidal ideation than Christian women. Women with a

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history of physical aggression chances to develop symptoms of suicidal ideation were 6 times

bigger than those without that history.

It is emphasized that chances of developing suicidal ideation are bigger one observes

the history of suicide in the family of the imprisoned women and the fact that they have tried

suicide. Chances for those with history of suicide in the family are 10 times bigger than those

without that history of suicide in the family; for those who have tried the suicide, chances are

22 bigger than for those who have not.

Table II – Analysis of bivariate logistic regression between the variables and the general symptoms of suicidal ideation.

Variable O.R. (95%CI) P-value

Religion 0.09 (0.02-0.42) 0.002

Previous physical aggression 5.94 (1.25-28.26) 0.025

Suicide in the family 10.11 (2.54-40.36) 0.001

Attempt of suicide 22.98 (2.87-183.78) 0.003

Binary logistic regression was realized in order to verify the chances of independent

variables having influence as risk factors for the development of the symptomatology of

depression and suicidal ideation.

After the logistic regression, taking into account the presence of general symptoms of

depression, it was possible in table 3 to see that besides the variables, also religion, history of

suicide in the family and suicide attempt showed significant relation. Age, schooling and

condemnation variables also evidence significant relation with the symptomatology of severe

depression. With respect to age, it was verified that women over 35 years old had 0.55 more

chances of developing severe depression symptoms than those over 35.

For the schooling variable, the table shows that the lesser the schooling, the greater the

chances of developing symptoms of depression. An odd fact was found with respect to the

condemnation variable, in which women who had not yet received their definitive

condemnation have 2 times more chances of developing symptoms of severe depression in

comparison to those who had already been condemned.

Women that identify themselves as Christian have 0.22 more chances of developing

symptoms of depression in comparison with women who do not consider themselves

Christian. The same occurred with the variables history of suicide in the family and suicide

attempt, in which those that presented a history of suicide in the family or had tried suicide

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had, respectively, 4 and 3 times higher chances of developing symptoms of depression in

comparison to those who did not have that histories.

Table III – Analysis of bivariate logistic regression between the variables and the general symptoms of depression.

Variable O.R. (95%CI) P-value

Age 0.55 (0.31-0.96) 0.036

Schooling 2.18 (1.12-4.23) 0.022

Religion 0.22 (0.06-0.84) 0.027

Condemnation 0.49 (0.25-0.99) 0.047

Suicide in the family 3.84 (1.27-11.62) 0.017

Suicide attempt 2.95 (1.49-5.84) 0.002

DISCUSSION

According to data from the World Female Imprisonment List, a report produced by the

Institute for Criminal Policy Research at Birkbeck, University of London, there are more than

700.000 imprisoned women in penal establishments all around the world. In absolute

numbers, in 2014 Brazil had the fifth biggest population of incarcerated women in the world,

under United States (205.400 imprisoned women), China (103.766), Russia (53.304) and

Thailand (44.751)12.

Considering the evolution of the imprisonment rates of men and women comparted to

the national population unaggregated by gender, it is possible to affirm that if the rhythm of

growth in the total prison population in Brazil is accelerated and dissonant with the more

recent tendencies of countries that historically invested in policies of mass incarceration,

when one visualizes specifically the evolution of the population of women in the prison

system, this ever deeper movement of incarceration is even more striking. While the total rate

of imprisonment increased 119% between 2000 and 2014, the rate of imprisonment of women

increased 460% in the period, jumping from 6.5 imprisoned women for every 100 thousand

women in 2000 to 36.4 women in 2014. In Paraiba, during the same period (2000 to 2014),

the increase corresponded to 92% for the female population12.

Observing the participation of young adults in the total Brazilian population, it is possible

to affirm that this age is sharply represented in the prison system: the population between 18

and 29 years old represent 18% of the total population in Brazil and 55% of the population in

the prison system in the same year. In the conducted study, we verified that 77.0% of the

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interviewed women are between 18 and 34 years old, a superior number in comparison to the

average showed by DEPEN9.

The exposition of those women to situations of social vulnerability such as low rate, low

schooling, lack of opportunity to exercise their profession, have been contributing to women’s

entry to the world of crime and with their relapse to the prison system, since the context in

which they are inserted hamper the access to economically productive working activities and

to the possible improvement of their life conditions, inducing them to the entry to criminal

practices.

With respect to ethnicity, adding up the interviewees that identified as black and brown,

we had 61% black women. Regarding schooling, the data from the survey showed low

schooling, since they studied up to middle education at most (74%). These data agree with the

report from DEPEN, which assert that while circa 32% of the total Brazilian population have

completed middle education, only 8% of the total prison population concluded it.

There seems to be a consensus among authors that study the Brazilian prison situation

that the majority of that population is formed by individuals mainly from social segments

marked by social, political and economical exclusion. By means of some peculiarities of the

imprisoned woman, described in this study, it is possible to suppose that she is in a

unfavorable social and economic position, low professional qualification and low income jobs

(up to one minimum wage).

As to religion, 94.5% identify as Christian, showing the importance of highlighting that

religion is understood both as an important defense against social anomy and as a powerful

force of social reproduction13.

Most interviewed women are still waiting for their condemnation, although most of the

condemned women have a significant history of previous prison, and an expressive number

(22.1%) of the imprisonment sentences for up to ten years, and 36.5% served up to 50% of

their sentences. This data on prison punishment reveals its persistence as sanctioning measure,

including cases of less serious crimes, impacting more generally the total population of

incarcerated women in Brazil.

The research showed that the prevalence of recidivism of the imprisoned women was

present in 41.7% of the participants. This high prevalence is observed in other studies and

may suggest the ineffectiveness of the Brazilian prison system in offering activities that

qualify the imprisoned women to increases the possibilities of social and labor reintegration

after release, as well as of the State, which does not provide subsidies for the former

detainees’ reintegration.

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With respect to the delict practiced, the majority responds for drug trafficking,

followed by robbery, homicide and theft. With the social, cultural and economic changes

that occurred in the last decades, there have also been changes in the types of crimes

committed by women, but these are still predominantly nonviolent crimes. This high

prevalence of drug-related crimes is described in several national studies focusing the

area14.

Male chauvinism prevails in relations immersed in the world of drug trafficking,

where the exercise of male domination over woman is so strong that they are often used

with their consent as an object for carrying, transporting and selling narcotics, aiming

only at the protection of the partner, leaving the woman much more exposed to

imprisonment14.

This period of reclusion away from society, and consequently from the family, leads the

imprisoned woman to experience a weakening of affective family relations, which is

potentialized by prejudice and social stigma. This association of events can culminate in the

reduction or absence of visits to women prisoners, and measures must be taken to maintain

and strengthen this link, since it is an important factor for effective socialization.

It is important mentioning the low insertion in work activities in prison. In the service

studied, activities offered to the imprisoned women are related to the work activities executed

in the prison establishment and under its direction, such as: kitchen services, cleaning,

laundry, janitorial and professionalizing works (handicraft, production of dolls). It should be

considered that the works are considered as unattractive and without a resocializing character,

often aiming at containing expenses with the hiring of specialized personnel.

The results of the present study reveal a high prevalence of history of physical violence,

and also the presence of sexual violence. Violence suffered by the woman is also confirmed

by another study which mentions that 70% of the sample reported direct victimization15. It is

noteworthy that a considerable percentage presents a history of attempted suicide (33.5%),

and that 7% have a history of suicide in the family.

Violence has been considered as an aggravating factor for health and, therefore, several

authors have debated on the probability and difficulties of preventing it and of including it in

the field of public health16. It is understood as a cause of violence the crisis of sociability,

perceiving this growing violence as a consequence of the bankruptcy of contemporary

processes of socialization. This violence, present in all spheres of our country, affects and

alters the health of the individual, generating deaths and physical and psychic implications17.

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Thus, suicide is considered as a self-destruction, a human self-violence, conscious or

unconscious.

This scenario of growing violence against women requires a wide mobilization of public

policies, with the articulation of their networks and services for the prevention, care,

protection and rehabilitation of the victims, which is nowadays an immense challenge to be

transposed.

Although the studied institution has a health team working 20 weekly hours, with the

presence of a psychologist, most women (55%) reported not having psychological follow-up.

Since there is no psychiatric follow-up in the unit, the follow-up by this professional is even

harder, so that follow-up is minimal (4%).

Drug-related findings are in line with those found in American prisons, where more than

70% report drug use history in federal prisons and more than 80% in state and local prisons.

Urine toxicology tests conducted in 1999 in American prisons showed positive tests in 67% of

women and 64% of men for recent use of illegal drugs18.

In addition, some of these data may be underestimated and the prevalence even higher.

Many participants may not have reported stories of violence or denied involvement with drugs

and alcohol, fearing that the research might harm them with respect to their juridical situation.

In this study, a significant part of the sample was from non-sentenced prisoners awaiting the

final investigation. Another part, which is condemned women, goes through a final

evaluation, during which a judicial psychological evaluation is often requested to verify if the

victims are prepared for a return to life in society. Although the objectives of the study have

been clarified, some women may have associated this study with interference in the

investigative process.

Regarding depression, the women under reeducation presented, according to the Beck

Inventory, a significant frequency of signs of depression (moderate and severe). The factors

considered to be of risk would be vital events (identifiable changes in the standard of living

that affect the individual's well-being); stress (such as financial difficulties and interpersonal

relationships, as well as permanent threats to the individual's safety) and social support (socio-

environmental factors that can modify the effect of stressors on people, such as lack of spouse

and social isolation)19. It should be noted that all these factors are found in the prison

environment, reinforcing the hypothesis that the depression rate in this population may be

high, considering that most epidemiological studies show an association between negative

events and major depression.

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Several studies point out that religiosity is a factor of emotional protection. Few

studies have been found regarding religiosity related to the prison population. However, also

in the prison context, religiosity seems to act as a factor of emotional integrity for both men

and women who serve sentences, so that the religious support seems to help the subjects to

face the maladies characteristic of the prison condition, religiosity working as a protective

factor20. Besides religiosity, other factors such as study, work and preservation of bonds with

the family contribute to a favorable adaptation of the prisoner to society.

The high incidence of female prisoners involved in religious activities, as evidenced in

this study (at least once a week, totaling 73.9%.), is consistent with other studies, in which

70.3% of female inmates reported some participation in religious activity21.

Suicidal ideation may be considered the first marker of suicidal risk. When persistent,

it often evolves into suicidal behaviors with fatal ending. The study revealed a significant

relation between religion and suicidal ideation, calling attention to a high probability of non-

Christian women developing it (approximately 11 times more likely to develop than Christian

women).

The study revealed that only 5.5% of the interviews presented clinically significant

suicidal ideation, although 33.5% reported previous suicide attempt, and pointed out that

women with suicide histories in the family, the chances are 10 times bigger than for those

who have no family history of suicide. According to Brazil (2005), studies in different regions

of the world have shown that, in almost all suicides, individuals were suffering from a mental

disorder. However, the study revealed a low percentage of psychological follow-up among

those with symptoms of depression (27.3%), even with a high frequency of attempted suicide

(90.9%). In addition, 90.9% of patients with symptoms of suicidal ideation are not included in

work activities and do not receive any kind of benefit, indicating the need for greater

investment in the prison system to expand and qualify the services with a view to providing

this part of the population with adequate treatment, with special emphasis on the care for

incarcerated women.

The increase in the probability of developing depression among prisoners is also

related to aspects of organizational religiosity, the study revealing that Christian women are

less likely to develop symptoms than non-Christian ones. Few studies in Brazil have

addressed mental health in the prison population and related it to religiosity. In a study of 358

women incarcerated in São Paulo, greater personal religiosity was associated with a lower

frequency of mental disorder in the bivariate analysis, although the result was not maintained

in the multivariate model20.

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It was also observed that the variables, suicide family history, suicide attempt, age,

schooling and condemnation can be considered risk factors since they increase the chance of

developing depression among the studied prisoners. In the study, those prisoners who had a

family suicide or attempted suicide were 4 and 3 times more likely to present symptoms of

depression, respectively.

It should also be noted that, in this study, lower levels of education are associated with

greater occurrence of depression, in line with other studies conducted in Brazil. It is known

that both schooling and the economic level are important socioeconomic markers.

Regarding the juridical situation of the prisoners of the study, it was noted that the

majority were in provisional disciplinary regime, as a result of a rapid increase in the number

of women being arrested and the inexpressive legal assistance they receive, these women

having 2 times more chances to develop symptoms of severe depression than those that have

already been condemned

FINAL CONSIDERATIONS

Brazilian prisons are marked by a set of deficiencies of structural and processual nature

that directly affect the results produced in relation to the intended resocialization of the

imprisoned and their health. Public health actions for the population in general and for the

prison population in special represent a right to citizenship. In the situation of incarceration,

they contribute for the resocialization of the individual.

The socio-demographic profile of the studied women in reeducation revealed that the

majority is composed by young, brown and black, single women, with low schooling, history

of involvement with drugs, either by use or trafficking. That is situation of many Brazilian

Young women, living in situation of family, social economic de-structuration. Besides, it was

noted that as traits linked to the juridical-criminal profile, involvement and association with

drug trafficking surpass all other causes of female imprisonment, reinforcing the notion that

crimes performed by women are nonviolent, as found in the pertinent literature. As

resocialization activities, only a small number of women perform resocializing activities such

as work.

Regarding the imprisoned women’s mental health, the survey showed significant signs

of depression, classified as moderate or severe in 22.5% of the interviewees; only 5.5% of the

interviewees showed clinically significant suicidal ideation, although 33.5% mentioned a past

suicide attempt, also indicating that for women with a history of suicide in the family, chances

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of suicidal ideation are 10 times higher than for those without that story; a low percentage of

report of psychological follow-up for those with symptoms of depression (27.3%) even with a

high frequency of suicide attempt (90.9%). Besides it revealed an association between the

variables age, schooling and condemnation with the symptomatology of severe depression.

We believe these results may provide elements for future interventions in the prison

system and the elaboration of public health policies, with a special emphasis for mental

health. We highlight also that attention to health of people deprived of liberty is a right to be

guaranteed. However, beyond diagnosis and attention for problems of mental health and other

demands of the prison population health, the penitentiary system itself must be rethought, for

many elements in that universe are risk factors for illness: overcrowding, cell conditions,

idleness, inadequate feeding, among others. The way it is constituted, the prison system often

contributes to the deepening of the multiple exclusions experience by the imprisoned before

imprisonment.

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102

RESUMO

SOBREIRA, M.V.S. RELIGIOSIDADE, DEPRESSAO, ANSIEDADE E IDEAÇÃO

SUICIDA ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE, 2018. 111f. Tese

(Doutorado em Ciências da Saúde) –Faculdade de Ciências Médicas- Santa Casa de São

Paulo, São Paulo, 2018.

Introdução: Nas unidades prisionais do Brasil, em sua grande maioria são encontradas uma

série de fatores de risco à saúde mental e física da população carcerária. Ressalta-se que as

condições de confinamento em que se encontram as pessoas privadas de liberdade são

determinantes para o bem-estar físico e psíquico. Somando-se a essa questão no que se refere

as mulheres aprisionadas, estudos apontam que estas apresentam cinco vezes mais chances de

desenvolver algum problema de saúde mental quando comparadas a população geral de

mulheres com transtornos de humor e uso de substâncias. Atualmente, as relações entre

religiosidade e saúde – física e/ou mental – vêm sendo crescentemente investigadas. A maior

parte dos estudos indica que a religiosidade é habitualmente um fator de proteção contra o

desenvolvimento de transtornos mentais. Muitos presos cometem suicídio nos presídios.

Quase dez por cento de todas as mortes no cárcere são por auto-violência humana. O

crescimento das notificações e da busca por cuidados dos que ameaçam se matar é um

fenômeno que merece atenção do setor da saúde. Objetivos: O estudo buscou identificar o

perfil de mulheres privadas de liberdade no Estado da PB; analisar a religiosidade entre

mulheres privadas de liberdade e relacionar com a saúde mental; analisar os sinais indicativos

da depressão e ansiedade, correlacionando com outras variáveis, e por fim avaliar a ideação

suicida de infratoras presas. Casuística e Método: Trata-se de um estudo descritivo,

quantitativo, realizado na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo

Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB. Participaram do estudo, as

mulheres que atenderem os critérios de inclusão, totalizando 199. Foram utilizados cinco

instrumentos de coleta de dados: questionário sócio-demográfico-clínico, os inventários de

BECK de ansiedade, depressão, escala de ideação suicida e escala de religiosidade da DUKE.

Os dados foram analisados, de forma estatística através do SPSS e obtida as frequências dos

dados, bem como cruzamento de variáveis através da regressão logística binária. Foram

consideradas as observâncias éticas referente a pesquisa cientifica, sendo a pesquisa

submetida ao Comitê de Ética em Pesquisa e aprovada através do parecer n. 1.092.050 de

2015. Resultados e Discussão: O perfil sociodemográfico das mulheres estudadas revelou

que a maioria são jovens, pardas e negras, solteiras, com baixa escolaridade e história de

envolvimento com as drogas, seja pelo uso ou pelo tráfico. Este é o retrato de muitas jovens

brasileiras, que vivem em situação de desestruturação familiar, social e econômica. No

tocante a saúde mental das presas, a pesquisa evidenciou: significativos sinais de depressão,

sendo classificadas como moderado e grave 22,5% das entrevistadas; apenas 5,5% das

entrevistas apresentou ideação suicida clinicamente significante, embora 33,5% referiu

tentativa de suicídio anterior, e apontou que nas mulheres com históricos de suicídio na

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103

família, as chances são de 10 vezes a mais do que as que não possuem histórico de suicídio na

família; baixo percentual de relato de acompanhamento psicológico entre aquelas com

sintomas de depressão (27,3%) mesmo com alta frequência de tentativa de suicídio (90,9%).

Além disso, revelou associação entre ansiedade, depressão e religião, histórico de suicídio na

família e tentativa de suicídio. E por fim, a significativa relação das variáveis, faixa etária,

escolaridade e condenação com a sintomatologia de depressão grave. Considerações Finais:

A atenção à saúde das pessoas privadas de liberdade é um direito a ser garantido. No entanto,

para além do diagnóstico e atenção aos problemas de saúde mental e outras demandas de

saúde da população carcerária, o próprio sistema penitenciário precisa ser repensado, pois são

muitos os elementos desse universo que se configuram como fatores de risco ao adoecimento:

superlotação, condições das celas, ociosidade, falta de acompanhamento pela da equipe de

saúde, entre outros fatores.

Palavras-Chave: Ansiedade. Depressão. Mulheres. Prisão. Religião. Saúde Mental.

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104

ABSTRACT

SOBREIRA, M.V.S. RELIGIOSITY, DEPRESSION, ANXIETY AND SUICIDAL

IDEATION IN WOMEN DEPRIVED OF LIBERTY, 2018. 111f. Thesis (Doctorate in

Health Sciences) – Medical Sciences College – Sao Paulo Holy House, Sao Paulo, 2018.

Introduction: In most prison units in Brazil, a series of risk factors for the mental and

physical health of the prison population are found. It should be emphasized that the

confinement conditions to which persons deprived of their liberty are subject are decisive for

the physical and psychological well-being. Adding to this question, with regard to imprisoned

women, studies show that they are five times more likely to develop a mental health problem

than the general population of women with mood disorders and substance use. Currently, the

relations between religiosity and health – physical and / or mental – has been increasingly

investigated. Most studies indicate that religiosity is usually a protective factor against the

development of mental disorders. Many prisoners commit suicide. Nearly ten percent of all

deaths in prison are cause by human self-violence. The growth of notifications and the search

for care of those who threaten to kill themselves is a phenomenon that deserves attention from

the health sector. Objectives: The study sought to identify the profile of women deprived of

their liberty in the state of Paraiba; to analyze religiosity among women deprived of their

liberty and relate it to mental health; to analyze the signs of depression and anxiety,

correlating with other variables, and finally to evaluate the suicidal ideation of imprisoned

offenders. Casuistry and Method: This is a descriptive, quantitative study carried out at the

Maria Julia Maranhao Reeducation House located in the Mangabeira Penitentiary Complex in

the city of João Pessoa, Paraiba. Participants were women who met the inclusion criteria,

totaling 199. Five data collection instruments were used: a socio-demographic-clinical

questionnaire, Beck’s Inventories for anxiety, depression and suicide ideation scale, and

Duke’s religiosity scale. The data were analyzed statistically through SPSS and the data

frequencies were obtained, as well as the crossing of variables through binary logistic

regression. The ethical observances regarding scientific research were considered, and the

research was submitted to the Research Ethics Committee and approved through technical

advice no. 1,092,050 in 2015. Results and discussion: The sociodemographic profile of the

studied women revealed that the majority are young, brown and black, single, with low

schooling and history of involvement with drugs, either by use or trafficking. This is the

portrait of many Brazilian young women, who live in situations of family, social and

economic disruption. Concerning the mental health of the prisoners, the research showed:

significant signs of depression, being classified as moderate and severe for 22.5% of the

interviewees; only 5.5% of the interviews presented clinically significant suicidal ideation,

although 33.5% reported a previous suicide attempt, and showed that in women with a family

suicide history, the chances are 10 times higher than for those who do not history of suicide in

the family; low percentage of psychological follow-up reporting among those with symptoms

of depression (27.3%) even with a high frequency of attempted suicide (90.9%). In addition,

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105

he revealed an association between anxiety, depression and religion, a history of suicide in the

family and attempted suicide. And finally, the significant relationship of variables, age,

schooling and condemnation with the symptomatology of severe depression. Final

considerations: The health care of persons deprived of their liberty is a right to be

guaranteed. However, in addition to diagnosis and attention to mental health problems and

other health demands from the prison population, the prison system itself must be rethought,

since many elements of this universe are configured as risk factors for illness: overcrowding,

conditions of the cells, idleness, lack of follow-up by the health team, among other factors.

Key words: Anxiety. Depression. Women. Prision. Religiosity. Mental health.

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LISTAS E APÊNDICES

LISTA DE TABELAS

Tabela 01 Distribuição sócio-demográficas das mulheres privadas de liberdade na Casa de

Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Comp lexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB, 2018.

Tabela 02 Distribuição da situação penal das mulheres privadas de liberdade na Casa de

Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 03 Distribuição das condições de convívios das mulheres privadas de liberdade na

Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo

Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 04 Distribuição do histórico das mulheres privadas de liberdade na Casa de

Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 05 Distribuição das condições físicas, clínicas e medicamentosa das mulheres

privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada

no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB

Tabela 06 Distribuição da ansiedade, conforme escala de Beck entre das mulheres

privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada

no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 07 Distribuição da depressão, conforme escala de Beck entre das mulheres

privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada

no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 08

Distribuição da frequência a igreja, templo ou outro encontro religioso,

conforme inventário de Ducke entre as mulheres privadas de liberdade na Casa

de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo Penitenciário de

Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

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107

Tabela 09

Distribuição da frequência da dedicação do tempo a atividades religiosas

individuais, como preces, rezas, meditações, leitura da bíblia ou de outros textos

religiosos, conforme inventário de Ducke, entre as mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 10

Distribuição da frequência das respostas as perguntas 3,4,5 do instrumento de

avaliação de índice de Religiosidade de Duke aplicado entre as mulheres

privadas de liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada

no Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 11 Distribuição da frequência de Ideação suicida entre as mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB.

Tabela 12 Relação entre ideação suicida, histórico entre as mulheres privadas de liberdade

na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no Complexo

Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB

Tabela 13 Relação entre ideação suicida e situação penal entre as mulheres privadas de

liberdade na Casa de Reeducação Maria Júlia Maranhão localizada no

Complexo Penitenciário de Mangabeira na cidade de João Pessoa – PB

Tabela 14 Análise de regressão logística bivariada entre as variáveis e os sintomas gerais

de ideação suicida.

Tabela 15 Análise de regressão logística bivariada entre as variáveis e os sintomas gerais

de ansiedade.

Tabela 16 Análise de regressão logística bivariada entre as variáveis e os sintomas gerais

de depressão.

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APENDICE A

APÊNDICE A

APÊNDICE A

APÊNDICE A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Bom dia (boa tarde ou noite), meu nome é Maura Vanessa Silva Sobreira, eu sou

discente do Programa de Doutorado de Ciências da Saúde da Faculdade de Ciências Medicas

da Santa Casa de São Paulo e a Sra. está sendo convidada, como voluntária a participar da

pesquisa intitulada “RELIGIOSIDADE, DEPRESSAO, ANSIEDADE E IDEAÇÃO

SUICIDA ENTRE MULHERES PRIVADAS DE LIBERDADE.

Os objetivos dessas pesquisas são: identificar o perfil de mulheres privadas de

liberdade no Estado da PB; analisar a religiosidade entre mulheres privadas de liberdade e

relacionar com a saúde mental; analisar os sinais indicativos da depressão e ansiedade,

correlacionando com outras variáveis, e por fim avaliar a ideação suicida de infratoras presas.

Os dados serão coletados da seguinte forma: o Sr. (a) irá responder cinco

instrumentos acerca de questões referentes religiosidade, ansiedade, depressão e suicídio.

DESCONFORTOS, RISCOS E BENEFÍCIOS: Não haverá desconforto ou risco mínimo

previsível para o (a) Sr. (a) que se submeter à coleta dos dados, tendo em vista tratar-se apenas

de respostas a um questionário, onde não haverá identificação individualizada e os dados da

coletividade serão tratados com padrões éticos (conforme Resolução CNS 466/12) e científicos,

sendo justificável a realização do estudo porque através da análise dos resultados obtidos será

possível identificar sinais de depressão e permitindo assim a articulação com a equipe de

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO

DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Religiosidade, Depressão, Ansiedade e Ideação Suicida entre Mulheres privadas de liberdade.

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Rubrica do participante

Rubrica do pesquisador responsável

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Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável

Rubrica do participante Rubrica do pesquisador responsável

Página 2 de 2

saúde, almejando a prestação de cuidados a sra..

FORMA DE ACOMPANHAMENTO E ASSINTÊNCIA: A participação da Sra. nessa

pesquisa não implica necessidade de acompanhamento e/ou assistência posterior, tendo em

vista que a presente pesquisa não tem a finalidade de revelar q ue s t i oname nt os

específicos para o senhor, e sim identificar fatores gerais da população estudada. Além

disso, como no questionário não há dados específicos de identificação da Sra. a exemplo de

nome, CPF, RG, etc., não será possível identificá-lo posteriormente de forma individualizada.

GARANTIA DE ESCLARECIMENTO, LIBERDADE DE RECUSA E GARANTIA DE

SIGILO: A Sra. será esclarecida sobre a pesquisa em qualquer aspecto que desejar. A Sra. é

livre para recusar-se a participar, retirar seu consentimento ou interromper a participação a

qualquer momento. A sua participação é voluntária e a recusa em participar não irá acarretar

qualquer penalidade ou perda de prestação de serviços aqui no estabelecimento. Os

pesquisadores irão tratar a sua identidade com padrões profissionais de sigilo. Os resultados da

pesquisa permanecerão confidenciais podendo ser utilizados apenas para a execução dessa

pesquisa. Você não será citada nominalmente ou por qualquer outro meio, que o identifique

individualmente, em nenhuma publicação que possa resultar deste estudo. Uma cópia deste

consentimento informado, assinada pelo Sra. na última folha e rubricado nas demais, ficará

sob a responsabilidade do pesquisador responsável e outra será fornecida a Sra.

CUSTOS DA PARTICIPAÇÃO, RESSARCIMENTO E INDENIZAÇÃO POR

EVENTUAIS DANOS: A participação no estudo não acarretará custos para Sra. Não é

previsível dano decorrente dessa pesquisa a Sra. e caso haja algum, ocorrerá ressarcimento e

indenização conforme previsto.

DECLARAÇÃO DO PARTICIPANTE OU DO RESPONSÁVEL PELO

PARTICIPANTE: Eu, __________________________________________________, fui

informada dos objetivos da pesquisa acima de maneira clara e detalhada e esclareci todas

minhas dúvidas. O (a) pesquisador (a) certificou-me de que todos

os dados desta pesquisa serão confidenciais, no que se refere a minha identificação

individualizada, e deverão ser tornados públicos através de algum meio. Ele compromete-se,

também, seguir os padrões éticos definidos na Resolução CNS 466/12. Também sei que em

caso de dúvidas poderei contatar Maura Vanessa Silva Sobreira, através do telefone (83)

91150014 e e-mail: [email protected] ou o professor orientador Além disso, fui

informado que em caso de dúvidas com respeito aos aspectos éticos deste estudo poderei

consultar o Comitê de Ética em Pesquisa.

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/ /

Nome Assinatura do Responsável Data

/ /

Nome Assinatura do Pesquisador Data

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111

APÊNDICE B

Instrumento de Coleta de Dados

1) DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS:

1.1 Idade________

1.2 Raça/cor________

1.3 Estado civil ( ) solteira ( ) casada ( ) viúva ( ) separada

1.4 Convivência ( ) só ( ) companheiro (a)

1.5 Escolaridade _____________________________

1.6 Profissão / ocupação anterior ______________________________

1.7 Procedência (município) ______________________________________

1.8 Moradia ( ) própria ( ) alugada

1. 9 Religião ________________________________________________________

1.10 Recebe visita ( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo de quem? ( ) filhos ( ) amigos ( ) companheiro (a) ( ) outros familiares

1.11 Renda familiar total: ( ) até um salário mínimo ( ) 2 a 3 salários mínimos ( ) acima de 3

salários mínimos

1.12 Companheiro (a) privado (a) de liberdade: ( ) sim ( ) não

2) CONDIÇÕES FÍSICAS E CLINICAS:

2.1 Peso: Altura: IMC:

2.2 Alterações alimentares: ________________________

2.3 Horas de sono por dia: ____________________

2.4 Atividade Física: ( ) sim ( ) não. Quais ______________

2.5 Doenças pré-existentes: ( ) diabetes ( ) hipertensão ( ) cardíaca ( ) doenças mentais ( )

outras ___________________________________________

2.6 Deficiências: ( ) física ( ) auditiva ( ) visual ( ) intelectual ( ) múltipla

2.7 Gestações: ( ) anterior ( ) atual. Total___________________

2.8 Filhos: ( ) vivos _____ ( ) morto ________

No caso de filho (s) morto (s) qual a idade? Causa da morte?

___________________________________________________________________________

2.9 Abortos: ( ) sim ( ) não. Total ______________ causas __________________

2.10 Uso de drogas: ( ) sim ( ) não. Quais _________________________________

FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS DA SANTA CASA DE SÃO PAULO

DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE

Religiosidade, Depressão, Ansiedade e Ideação Suicida entre Mulheres privadas de liberdade.

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Tabagismo: ( ) sim ( ) não.

Quantidade diária de cigarros: _______________

2.11 História anterior de alcoolismo: ( ) sim ( ) não

2.12 Atividade sexual: ( ) sim ( ) não

2.13 História de agressão física/sexual anterior: ( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo qual agressor: ( ) desconhecido ( ) companheiro (a) ( ) familiar

2.14 Uso de medicamento: ( ) sim ( ) não. Quais ________________________

2.15 Uso de psicofármacos: ( ) sim ( ) não . Quais ________________________

Em caso afirmativo qual tempo de uso do psicofármaco: _______________

2.16 Automedicação: ( ) sim ( ) não

2.17 Acompanhamento psicólogo: ( ) sim ( ) não

2.18 Acompanhamento psiquiatra ( ) sim ( ) não

2.17 História de suicídio na família: ( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo qual familiar? __________________________

2.18 Tentativa de suicídio: ( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo há quanto tempo? __________________________

3) SITUAÇÃO PENAL:

3.1 Artigo infringido -

3.2 Condenação: ( ) sim ( ) não

3.3 Tempo de condenação: _____________

3.4 Tempo de pena cumprida: ___________

1.3 Prisões anteriores: ( ) sim ( ) não

4) ESTRATÉGIAS DE RESSOCIALIZAÇÃO:

4.1 Inserção em atividades de trabalho: ( ) sim ( ) não

4.2 Recebe algum tipo de beneficio: ( ) sim ( ) não

Em caso afirmativo qual valor?