LEGISLAÇÃO PROFISSIONAL DO ARQUITETO E URBANISTA (JOSÉ MARCELO SOBREIRA)

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Legislação completa sobre a profissão de Arquiteto e Urbanista.

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ARQUITETURA E URBANISMO

LEGISLAO PROFISSIONAL DO ARQUITETO E URBANISTA

Autor: JOS MARCELO SOBREIRA

SUMRIO

INTRODUO ................................................................................................................................ 4 Formao Acadmica ................................................................................................................ 5 Histrico da Profisso no Brasil ................................................................................................. 6

OBJETIVOS DESTE TRABALHO ....................................................................................................... 7

LEGISLAO DO EXERCCIO PROFISSIONAL .................................................................................. 8 Leis Federais .............................................................................................................................. 8 Decretos Leis Federais............................................................................................................... 9 Resolues CONFEA .................................................................................................................. 9 Decises Normativas ............................................................................................................... 12 Decises Plenrias ................................................................................................................... 12

ANLISE DA LEGISLAO APRESENTADA .................................................................................... 13

ATRIBUIES PROFISSIONAIS ..................................................................................................... 14 Decreto Federal n 23.569/33 ................................................................................................ 14 Lei n 5.194 de 23/12/1966 .................................................................................................... 15 Resoluo n 218 do CONFEA de 29/06/1973 ........................................................................ 15 Resoluo n 1.010 (22/08/2005) ........................................................................................... 16 Lei no 12.378, de 31 de dezembro de 2010 ............................................................................ 18

INFRAES PROFISSIONAIS ......................................................................................................... 19

RESPONSABILIDADES DOS ARQUITETOS E URBANISTAS ............................................................ 20 Tcnica .................................................................................................................................... 20 Civil .......................................................................................................................................... 21 Danos a Terceiros .................................................................................................................... 21 Dos Materiais .......................................................................................................................... 22 Contratual ............................................................................................................................... 22 Penal ou Criminal .................................................................................................................... 22 Administrativa ......................................................................................................................... 23 Trabalhista ............................................................................................................................... 23 Objetiva ................................................................................................................................... 24

LEI 12.378 DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010 ................................................................................... 25 Sobre as Atribuies................................................................................................................ 25 Conflitos de Competncia ....................................................................................................... 28 Atuao Restrita do Arquiteto ................................................................................................ 29 Associao Entre Profissionais ................................................................................................ 30 Restrio dos Termos Arquitetura e Urbanismo .............................................................. 30 Especificidade em Coautorias ................................................................................................. 30 Registro de Responsabilidade Tcnica (RRT) .......................................................................... 31

CONCLUSO ................................................................................................................................ 33

FONTES DE PESQUISA.................................................................................................................. 34

INTRODUO

Um arquiteto o profissional responsvel pelo projeto, superviso e execuo de obras de arquitetura. Embora esta seja sua principal atividade, o campo de atuao de um arquiteto envolve todas as reas correlatas ao controle e desenho do espao habitado, como o urbanismo, o paisagismo, e diversas formas de design. Na maior parte dos pases do mundo a legislao exige que para que algum possa ser considerado um arquiteto, este deve possuir um diploma de nvel superior.

No Brasil A profisso de arquitetura no Brasil regularizada e fiscalizada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil (CAU/BR) e pelos conselhos regionais (CAUs). A implantao deste Conselho ainda est em andamento, uma vez que sua lei foi promulgada em 31 de dezembro ltimo. At ento, estas atribuies cabiam, e ainda cabem, ao Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia e pelos seus Conselhos Regionais (CREAs), os quais determinam que apenas profissionais que possuam o diploma de bacharelado em Arquitetura e Urbanismo podem exercer a profisso e autodenominar-se arquitetos e urbanistas. A profisso regulamentada como sendo a de Arquiteto e Urbanista, no sendo reconhecida por parte do Conselho (e, em extenso, por parte do poder pblico) a formao separada das duas disciplinas. Os primeiros CREAs foram fundados na dcada de 1930, juntamente da regulamentao da profisso. O sistema de regulamentao profissional foi oficializado em 1933, atravs da fundao do primeiro CREA no Rio de Janeiro. Porm, a profisso existe formalmente no pas desde a fundao da Escola Nacional de Belas Artes, tambm no Rio de Janeiro, no incio do sculo XIX. Anteriormente, no existia formao oficial de arquitetos no pas, de forma que os profissionais existentes ou haviam

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estudado na Europa ou foram aprendizes de Corporaes de Ofcios ou de indivduos isolados (existiram tambm os auto-didatas, como Aleijadinho). Devido no regulamentao de diversas profisses correlatas arquitetura, so normalmente os arquitetos os profissionais responsveis por projetos de arquitetura da paisagem e design.

Formao Acadmica Assim como a atividade profissional regulamentada, tambm so os cursos superiores de Arquitetura e Urbanismo. J houve a definio de um currculo mnimo por parte do Ministrio da Educao. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao eliminou esse "currculo mnimo", criando as chamadas "diretrizes curriculares", concedendo autonomia aos cursos para definirem o perfil do profissional que formaro, e diminuindo a carga horria. Nota-se que o ensino bastante heterogneo quando se comparam diferentes regies do pas. Com o "currculo mnimo", o curso tinha obrigatoriamente a durao mnima de cinco anos, composto por pelo menos 3.600 horas de aula. Algumas escolas, porm, considerando esta carga horria insuficiente (especialmente as faculdades mais tradicionais), estabeleceram cursos com durao mnima de mais de 5.000 horas. A diminuio da carga horria , geralmente, considerada pelos profissionais como potenciadora de desqualificao dos futuros arquiteto, ainda mais quando estes tm de competir com arquitetos de outras procedncias, como a Europa, onde se est a aplicar o Tratado de Bolonha. Os cursos costumam ser caracterizados por uma parte das disciplinas voltadas "simulao prtica da profisso" (atravs das disciplinas de projeto arquitetnico), uma parte fundamentao histrico-terica e outra s disciplinas ligadas aos aspectos tecnolgicos da atividade. A legislao determina, porm, uma diviso baseada em disciplinas de fundamentao (composta por disciplinas nas reas de esttica, desenho, plstica, histria da arte, entre outras), de profissionalizao (composta por disciplinas de projeto, planejamento urbano, teoria da arquitetura, paisagismo, histria da arquitetura, construo civil, entre outras) e de um trabalho final de graduao, de natureza interdisciplinar. Diferente5 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

de outros pases, o estgio profissional no obrigatrio, o que considerado por diversos crticos uma falha da legislao. Alm disso, so comuns as crticas ao sistema pelo seu pouco compromisso quilo que chamado de "reais interesses do mercado".

Histrico da Profisso no Brasil A consolidao do profissional arquiteto e urbanista no Brasil se deu efetivamente com a consolidao das escolas de arquitetura. Durante o sculo XIX, a maior parte dos profissionais possua formao de engenheiro-arquiteto (figura profissional histrica, relacionada com a arquitetura ecltica). Arquitetos formados no contexto das escolas de Belas-Artes eram relativamente poucos, devido atuao isolada da Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Durante a dcada de 1930 a profisso passou por um primeiro momento de valorizao com a criao dos CREAs (Conselhos regionais de Engenharia e Arquitetura). A partir da dcada de 1950 consolidam-se as escolas de arquitetura e urbanismo, cujos currculos eram influenciados pela arquitetura moderna, e elas se difundiram nas dcadas seguintes. A atuao profissional passou por diferentes perfis durante este percurso. At meados da dcada de 1970 o arquiteto caracterizava-se essencialmente como profissional liberal, trabalhando em autonomia ou em sociedade em escritrios ou atelis. A partir da h um aumento do nmero de profissionais que se tornam trabalhadores assalariados, envolvidos com o contexto do milagre econmico, da burocracia estatal do Regime Militar e das grandes empresas de engenharia que foram criadas pelas novas demandas surgidas com os investimentos governamentais em infraestrutura. Com a crise econmica surgida na dcada de 1980 e o desmonte das estruturas estatais, tal contexto sofrer igualmente um desmonte. Nas dcadas de 1980 e 90 surgiram tambm formas de atuao relacionadas com cooperativas de arquitetos e organizaes no-governamentais. A atuao liberal, porm, considerada um mercado saturado nas grandes metrpoles.

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OBJETIVOS DESTE TRABALHO

Listar todas as leis, decretos e resolues (ou o mximo possvel deles) relacionadas prtica profissional do Arquiteto e Urbanista;

Fazer anlise da legislao apresentada bem como sua influncia no contexto profissional, infraes, principalmente enfim, deveres, referindo-se direitos e s responsabilidades profissionais, campo de atuao, atribuies profissionais, profissionais. prticas

Apresentar e comentar a Lei 12.378 de 31 de dezembro de 2010, que Regulamenta o exerccio da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e d outras providncias.

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LEGISLAO DO EXERCCIO PROFISSIONAL

Leis Federais Lei n 4.950-A, de 22/04/66, que dispe sobre a remunerao de profissionais diplomados em Engenharia, Arquitetura, Agronomia, Qumica e Veterinria; Lei n 5.194, de 24/12/66, que regula o exerccio das profisses de Engenheiro, Arquiteto e Agrnomo; Lei n 6.496 de 07/12/77, que institui a ART Anotao de Responsabilidade Tcnica e cria a Mtua de Assistncia Profissional; Lei n 6.838 de 29/10/80, que dispe sobre o prazo prescricional para a punibilidade de profissional liberal, por falta sujeita a processo disciplinar, a ser aplicada por rgo competente; Lei n 6.839 de 31/10/80, que dispe sobre o Registro de Empresas nas entidades fiscalizadoras do exerccio profissional; Lei n 7.410, de 27/11/85, que dispe sobre a especializao de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurana do Trabalho; Lei n 8.078 de 11/09/90 que dispe sobre a proteo do consumidor; Lei n 12.378 de 31/12/2010, que Regulamenta o exerccio da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e d outras providncias;

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Decretos Leis Federais Decreto-Lei n 8.620, de 10 de janeiro de 1946, que dispe sobre a regulamentao do exerccio das profisses de Engenheiro, de Arquiteto e de Agrimensor, regida pelo Decreto n 23.569, de 11 de dezembro de 1933; Decreto n 23.569, art. 30, de 11 de dezembro de 1933, que regula o exerccio das profisses de Engenheiro, de Arquiteto e de Agrimensor; Decreto n 92.530, de 9 de abril de 1986, que regulamenta a Lei n 7.410, de 27 de novembro de 1985, que dispe sobre a especializao de Engenheiros e Arquitetos em Engenharia de Segurana do Trabalho, a profisso de tcnico de segurana do trabalho;

Resolues CONFEA Resoluo n 218 (art. 2), de 29 de junho de 1973, que discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, da Arquitetura e da Agronomia; Resoluo n 218 (art. 21), de 29 de junho de 1973, que discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Urbanismo). Resoluo n 229, de 27 de Junho de 1975, que dispe sobre a regularizao dos trabalhos de Engenharia, Arquitetura e Agronomia iniciados ou concludos sem a participao efetiva de responsvel tcnico; Resoluo n 262, de 28 de julho de 1979, que dispe sobre as atribuies dos tcnicos de 2 grau, nas reas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia;9 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

Resoluo n 282, de 24 de agosto de 1983, que dispe sobre o uso obrigatrio do ttulo profissional e o nmero da carteira do Crea nos documentos de carter tcnico e tcnico cientfico;

Resoluo n 317, de 31 de outubro de 1986, que dispe sobre o registro de Acervo Tcnico dos profissionais;

Resoluo n 336, de 27 de outubro de 1989, que dispe sobre o registro de pessoas jurdicas nos CREAs;

Resoluo n 345, de 27 de julho de 1990, que dispe quanto ao exerccio profissional de nvel superior das atividades de Engenharia de Avaliaes e Percias de Engenharia;

Resoluo n 359, de 31 de julho de 1991, que dispe sobre o exerccio profissional, o registro e as atividades do Engenheiro de Segurana do Trabalho;

Resoluo n 361, de 10 de dezembro de 1991, que dispe sobre a conceituao de projeto bsico em consultoria de Engenharia, Arquitetura e Agronomia;

Resoluo n 394, de 17 de maro de 1995, que dispe sobre procedimentos para o registro de atividade cuja ART no se fez na poca devida no CREA;

Resoluo n 397, de 11 de agosto de 1995, que dispe sobre a fiscalizao do cumprimento do salrio mnimo profissional;

Resoluo n 413, de 27 de junho de 1997, que dispe sobre o visto de pessoa jurdica;

Resoluo n 425, de 18/12/98, que dispe sobre a Anotao de Responsabilidade Tcnica ART;

Resoluo n 430, de 13 de agosto de 1999, que relaciona cargos e funes da administrao pblica direta da Unio, dos Estados, do

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Distrito Federal e dos Municpios, cujo exerccio privativo de profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia; Resoluo n 427, de 27 de novembro de 1999, que dispe sobre a ART relativa s atividades dos Engenheiros e Arquitetos especialistas em Engenharia de Segurana do Trabalho; Resoluo n 453, de 15 de dezembro de 2000, que estabelece normas para o registro de obras intelectuais no CONFEA; Resoluo n 1002, de 26 de novembro de 2002, que adota o novo Cdigo de tica Profissional e seus procedimentos; Resoluo n 1004, de 27 de junho de 2003, que aprova o regulamento para a conduo do Processo tico Disciplinar; Resoluo n 1010, de 22 de agosto de 2005, que dispe sobre a regulamentao da atribuio de ttulos profissionais, atividades, competncias e caracterizao do mbito de atuao dos profissionais inseridos no Sistema CONFEA/CREA para efeito de fiscalizao do exerccio profissional; Resoluo n 0515 de 30 de setembro de 2010 que fixa os valores das anuidades de pessoas fsicas a serem pagas aos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Creas, e d outras providncias; Resoluo n 0516 de 30 de setembro de 2010 que fixa os valores das anuidades de pessoas jurdicas a serem pagas aos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia Creas, e d outras providncias; Resoluo n 0517 de 30 de setembro de 2010 que fixa os valores de registro de ART e d outras providncias; Resoluo n 0518 de 30 de setembro de 2010 que fixa os valores de servios e multas a serem pagos pelas pessoas fsicas e jurdicas ao11 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia - CONFEA e aos Conselhos Regionais de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CREAs, e d outras providncias;

Decises Normativas Deciso Normativa n 020/86, que dispe sobre os servios de concretagem e sua Anotao de Responsabilidade Tcnica - ART; Deciso Normativa n 034, de 9 de maio de 1990, que dispe quanto ao exerccio profissional de nvel superior das atividades de Engenharia de Avaliaes e Percias de Engenharia; Deciso Normativa n 047, de 16 de dezembro de 1992, que dispe sobre as atividades de parcelamento de solo urbano, as competncias para execut-las; Deciso Normativa Confea n 032, de 14 de dezembro de 1988, que estabelece atribuies em projetos, execuo e manuteno de central de gs (distribuio em edificaes);

Decises Plenrias PL 0266/2007, que dispe sobre a Anotao de ttulo de Arquiteto e Urbanista aos egressos de cursos de Arquitetura e Urbanismo, formados a partir de 1973; PL 0484/2004, que estabelece critrios a serem adotados pelos Regionais no que se refere a concesso de atribuies profissionais com base no contido nos Decretos n 23.196/33 e 23.569/33.

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ANLISE DA LEGISLAO APRESENTADA

Fora a legislao apresentada, existem muitas outras to importantes quanto. O profissional Arquiteto e Urbanista, no seu convvio profissional, ultrapassa diariamente o cdigo profissional, uma vez que ele pode atuar como chefe ou empregado (fazendo-se lembrar das leis trabalhistas), como scio de um escritrio, onde j adentraria na parte de constituio de empresas, a conhecida pessoa jurdica no Brasil alm de participar de processos licitatrios, cabendo ento, a lei das licitaes. Alm de tudo isso, o Arquiteto e Urbanista detm deveres e direitos como profissional e cidado, alm de estarem condicionados a inmeros cdigos municipais, resolues tcnicas de reas especficas em que circunstancialmente estejam trabalhando (como no caso de um projeto de uma Unidade Bsica de Sade, que possui toda uma normatizao predeterminada), resolues ambientais, etc. Existe tambm a questo penal, j que o Arquiteto pode ser responsvel por um projeto ou construo passvel de dano e que, por ventura, venha a causar prejuzos.

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ATRIBUIES PROFISSIONAIS

Tudo aquilo que a legislao faculta ao arquiteto realizar, dentro de sua qualificao adquirida na universidade, foram definidas ao longo do tempo por leis especficas que vigoraram at que outra a substitusse. Os profissionais so assim regulamentados pela legislao que est em vigor quando do seu registro no Conselho Profissional. As legislaes supervenientes no podem nunca limitar as atribuies alm do estabelecido na sua lei original, podendo apenas estender esses limites. As leis que concederam atribuies so as seguintes:

Decreto Federal n 23.569/33 As atribuies foram definidas em seu artigo 30: Art. 30 Consideram-se da atribuio do arquiteto ou

engenheiroarquiteto: a) estudo, projeto, direo, fiscalizao e construo de edifcios, com todas as suas obras complementares; b) o estudo, projeto, direo, fiscalizao e construo das obras que tenham carter essencialmente artstico ou monumental; c) o projeto, direo e fiscalizao dos servios de urbanismo; d) o projeto, direo e fiscalizao das obras de arquitetura paisagstica; e) o projeto, direo e fiscalizao das obras de grande decorao arquitetnica; f) a arquitetura legal, nos assuntos mencionados nas alneas "a" a "c" deste Artigo;14 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

g)

percias e arbitramentos relativos matria de que tratam as alneas anteriores.

Lei n 5.194 de 23/12/1966 Regulamenta genericamente em seus artigos 1 e 7 (e pargrafo nico) atividades e atribuies dos profissionais vinculados ao Sistema Profissional. O artigo 27, alinea c e f (alm de seu pargrafo nico), atribui ao CONFEA o poder de regulamentar a Lei atravs de Resolues.

Resoluo n 218 do CONFEA de 29/06/1973 Discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Estabelece em seu artigo 1 as atividades referentes s seguintes competncias: Art. 2 - Compete ao ARQUITETO OU ENGENHEIRO ARQUITETO: I - o desempenho das atividades 01 a 18 do artigo 1 desta Resoluo, referentes a edificaes, conjuntos arquitetnicos e monumentos, arquitetura paisagstica e de interiores; planejamento fsico, local, urbano e regional; seus servios afins e correlatos. (As atividades citadas no Art 1 so as mesmas discriminadas no Art 5 da Resoluo 1010 a seguir). Art. 21 - Compete ao URBANISTA: I - o desempenho das atividades 01 a 12 e 14 a 18 do artigo 1 desta Resoluo, referentes a desenvolvimento urbano e regional, paisagismo e trnsito; seus servios afins e correlatos.

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Resoluo n 1.010 (22/08/2005) Ementa: Dispe sobre a regulamentao da atribuio de ttulos profissionais, atividades, competncias e caracterizao do mbito de atuao dos profissionais inseridos no Sistema CONFEA/CREA, para efeito de fiscalizao do exerccio profissional. Entrar em vigor em 2007, a partir do estabelecimento pelo Confea dos critrios para a padronizao dos procedimentos mencionados no 1 do art. 8 desta Resoluo - RETIFICAO do inciso X do art. 2 e 4 do art. 10, publicado no D.O.U de 21 de setembro de 2005 Seo 3, pg. 99. Art. 5 Para efeito de fiscalizao do exerccio profissional dos diplomados no mbito das profisses inseridas no Sistema CONFEA/CREA, em todos os seus respectivos nveis de formao, ficam designadas as seguintes atividades, que podero ser atribudas de forma integral ou parcial, em seu conjunto ou separadamente, observadas as disposies gerais e limitaes estabelecidas nos arts. 7, 8, 9, 10 e 11 e seus pargrafos, desta Resoluo: Atividade 01 - Gesto, superviso, coordenao, orientao tcnica; Atividade 02 - Coleta de dados, estudo, planejamento, projeto, especificao; Atividade 03 - Estudo de viabilidade tcnico-econmica e ambiental; Atividade 04 - Assistncia, assessoria, consultoria; Atividade 05 - Direo de obra ou servio tcnico; Atividade 06 - Vistoria, percia, avaliao, monitoramento, laudo, parecer tcnico, auditoria, arbitragem; Atividade 07 - Desempenho de cargo ou funo tcnica; Atividade 08 - Treinamento, ensino, pesquisa, desenvolvimento, anlise, experimentao, ensaio, divulgao tcnica, extenso; Atividade 09 - Elaborao de oramento; Atividade 10 - Padronizao, mensurao, controle de qualidade;16 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

Atividade 11 - Execuo de obra ou servio tcnico; Atividade 12 - Fiscalizao de obra ou servio tcnico; Atividade 13 - Produo tcnica e especializada; Atividade 14 - Conduo de servio tcnico; Atividade 15 - Conduo de equipe de instalao, montagem, operao, reparo ou manuteno; Atividade 16 - Execuo de instalao, montagem, operao, reparo ou manuteno; Atividade 17 Operao, manuteno de equipamento ou instalao; Atividade 18 - Execuo de desenho tcnico. Pargrafo nico. As definies das atividades referidas no caput deste artigo encontram-se no glossrio constante do Anexo I desta Resoluo.

ANEXO I CATEGORIA ARQUITETURA E URBANISMO O campo nico de atuao profissional da Categoria Arquitetura e Urbanismo caracterizado a partir da natureza da prpria profisso, refletida nas Diretrizes Curriculares que dispem sobre a formao do profissional arquiteto e urbanista. Os ncleos de conhecimentos de fundamentao, e de conhecimentos profissionais, estabelecidos nas Diretrizes Curriculares contribuem para a sistematizao desse campo nico de atuao profissional da categoria conforme exposto nos tpicos apresentados a seguir. CAMPO DE ATUAO PROFISSIONAL NO MBITO DA

ARQUITETURA E URBANISMO

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Arquitetura Arquitetura das Edificaes Paisagismo Arquitetura de Interiores Patrimnio Cultural Tecnologia da Construo Topografia Materiais Sistemas Construtivos e Estruturais Instalaes Conforto Ambiental Urbanismo Planejamento Urbano e Regional Meio Ambiente

Lei no 12.378, de 31 de dezembro de 2010 Regulamenta o exerccio da Arquitetura e Urbanismo; cria o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR e os Conselhos de Arquitetura e Urbanismo dos Estados e do Distrito Federal - CAUs; e d outras providncias. Ser tratada numa seo mais frente deste trabalho.

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INFRAES PROFISSIONAIS

O profissional da Arquitetura e Urbanismo deve atuar na profisso tendo o conhecimento da legislao vigente, para que no venha a praticar atos que caracterizem infraes sujeitas a penalidades que devem ser aplicadas por seu Conselho Profissional. Para conhecimento bsico, estas so as principais infraes nas atividades dos profissionais da Arquitetura e Urbanismo: Exerccio Ilegal da Profisso Profissional ou Pessoa Jurdica sem registro no CREA Exorbitncia de atribuio Acobertamento profissional Profissional ou Pessoa Jurdica com registro suspenso ou cancelado Falta de ART Anotao de Responsabilidade Tcnica Falta de placa visvel ao pblico na obra Ausncia de Registro de Profissional e de Pessoa Jurdica Ausncia de Visto de Profissional ou de Pessoa Jurdica Ausncia do Ttulo Profissional no trabalho tcnico executado por profissional ou pelo corpo tcnico de pessoa jurdica Utilizao ou modificao de Projeto sem o consentimento do Autor

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RESPONSABILIDADES DOS ARQUITETOS E URBANISTAS

Tcnica Segundo a legislao do Sistema CONFEA/CREAs que dispe sobre a obrigatoriedade de profissional tcnico e legalmente habilitado para o exerccio no s da Arquitetura e Urbanismo, mas de todos as outras profisses regulamentadas por ele seja em nvel superior ou 2 grau tcnico. Por isso, a Lei 6.496, de 07 de dezembro de 1977, instituiu a Anotao de Responsabilidade Tcnica (ART), disciplinada na Resoluo 425/98 do CONFEA. Segundo essas normas, os servios relativos s profisses vinculadas ao Sistema s podero ser iniciados aps o registro das respectivas ARTs. esse documento que define, perante a lei, os profissionais que respondem tecnicamente pelas atividades relativas aos planos, projetos, obras ou outros servios. No caso da arquitetura, por exemplo, quem realizou o projeto arquitetnico, o projeto de arquitetura de interiores, paisagismo, urbanismo, fiscalizao, execuo. O exerccio profissional sem qualidade e responsabilidade garantidas, sem o devido registro, revelando descaso e desrespeito para com os demais profissionais e para com os clientes, em desacordo com a lei, em especial Lei n 5.194/66 e Resoluo n 1.002/02 do Confea Cdigo de tica Profissional, originaram a instaurao de processos tico-disciplinares no Conselho Regional no qual profissional est registrado. As penalidades aplicveis so sempre incidentes pessoa fsica e variam de acordo com a gravidade e/ou reincidncia da falta, ou do conjunto da sua trajetria, podendo consistir em: advertncia reservada, censura pblica, multa, suspenso temporria do exerccio profissional at o cancelamento definitivo do registro, segundo o artigo 71 da Lei 5.194/66. O cumprimento da legislao de especial interesse da profisso ponto crucial da responsabilidade tcnica e tica. Especialmente, podemos citar a Lei 5.194/66, a Lei 9.610/98, as leis urbansticas e ambientais municipais, estaduais e20 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

nacionais. O descumprimento destas ltimas, especialmente daquelas com grande legitimidade e apelo social, comprometeria a atuao profissional dos arquitetos e urbanistas.

Civil aquela que impe a quem causar um dano a obrigao de repar-lo. Esta reparao deve ser a mais ampla possvel, abrangendo aquilo o que a pessoa lesada efetivamente perdeu e, tambm, o que ela comprovadamente deixou de ganhar. A responsabilidade civil por determinada obra, princpio, de acordo com o Cdigo Civil Brasileiro, pode ser cobrada pelo prazo de at cinco anos, a contar da data em que a obra foi entregue, concluda ou aceita como concluda pelo profissional, podendo, em alguns casos, estender-se por at vinte anos, se comprovada a culpa do profissional pela ocorrncia. Dentro da responsabilidade civil, de acordo com as circunstncias de cada caso concreto, podero ser includos os seguintes itens: responsabilidade por danos causados a vizinhos e responsabilidade por danos ocasionados a terceiros.

Danos a Terceiros muito comum na construo civil a constatao de danos a vizinhos, em virtude da vibrao de estaqueamentos, recalques em fundaes, quedas de materiais desde pontos altos, rudos excessivos continuados, causao de vetores de doenas e outros. Os danos resultantes desses incidentes devem ser reparados, pois cabe ao profissional tomar todas as providncias necessrias para que seja preservada a segurana, a sade e o sossego de terceiros. Cumpre destacar que os prejuzos causados so de responsabilidade do profissional e do proprietrio, solidariamente, podendo o lesado acionar tanto um como o outro. A responsabilidade estende-se, tambm, solidariamente, ao subempreiteiro, naquilo em que for autor ou co-autor da leso.

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Dos Materiais A escolha dos materiais a serem especificados nos planos e projetos, e empregados nas obras de arquitetura e urbanismo, da competncia exclusiva do profissional. Logo, por medida de precauo, tornou-se habitual fazer a especificao desses materiais atravs do Memorial Descritivo, determinando tipo, marca e peculiaridades outras, dentro dos critrios exigveis de segurana. Quando o material no estiver de acordo com a especificao, ou dentro dos critrios de segurana, o profissional deve rejeit-lo, sob pena de responder por qualquer dano futuro. Documentos garantidores da qualidade das especificaes dos processos das manufaturas so sempre necessrios para evitar a responsabilizao pelo mau desempenho de materiais de construo, tanto nas estruturas, instalaes ou acabamentos.

Contratual Pelo contrato firmado entre as partes para a execuo de um determinado trabalho, sendo fixados os direitos e obrigaes de cada uma. essencial a assinatura de contratos a cada servio prestado em arquitetura e urbanismo. Modelos de contratos podem ser obtidos no seu sindicato.

Penal ou Criminal Decorre de fatos considerados crimes. Neste campo merecem destaque: desabamento queda de construo em virtude de fator humano; desmoronamento resulta da natureza; incndio quando provocado por sobrecarga eltrica.

Todas essas ocorrncias e outras aplicveis s demais modalidades de profissionais regidos pelo CREA so incriminveis, havendo ou no leso corporal, desde que se caracterize perigo vida ou propriedade. Por isso, cabe ao profissional, no exerccio de sua atividade, prever todas as situaes que podem22 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

ocorrer a curto, mdio e longo prazos, para que fique isento de qualquer ao penal. Caso haja leso corporal grave ou morte, dever ser instaurado processo criminal e neste caso a existncia de fotos dos progressos da obra e outros documentos, relatrios de vistoria e anotaes no Livro de Obras podem ser elementos-chave para os devidos esclarecimentos.

Administrativa Resulta das restries impostas pelos rgos pblicos, atravs do Cdigo de Obras, legislao ambiental, legislao de proteo cultural, Cdigo de guas e Esgotos, Normas Tcnicas, Regulamentos Profissionais, Plano Diretor e outros. Essas normas legais impem condies e criam responsabilidades para o profissional, cabendo a ele, portanto, o cumprimento das leis especficas a sua atividade, sob pena, inclusive, de infringir o cdigo do consumidor ou de denuncia pelo cliente a ouvidorias pblicas, podendo levar tambm a processo tico e a penalidades profissionais.

Trabalhista A matria regulada pelas Leis Trabalhistas em vigor. Resulta das relaes dos empregadores com os empregados, trabalhadores na arquitetura e urbanismo, que compreendem: direito ao trabalho, remunerao, frias, descanso semanal e indenizaes, inclusive, as consequncias de acidentes que prejudicam a integridade fsica do trabalhador. O profissional s assume esse tipo de responsabilidade quando dirigir empreitadas como empresrio, ou seja contratar empregados, pessoalmente ou atravs de seu representante ou representante da empresa, com papel passado ou no. Nas obras contratadas por administrao, o profissional estar isento destas responsabilidades de tipo trabalhista, desde que o proprietrio, ou empresa por sua iniciativa, assuma os encargos da contratao dos operrios.

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Objetiva Estabelecida pelo Cdigo de Defesa do Consumidor Artigos 12 e 14. Resultante das relaes de consumo, envolvendo o fornecedor de produtos e de servios (pessoa fsica e jurdica) e o consumidor, assegura direitos consagrados pela Lei 8.078, que dispe sobre a Proteo ao Consumidor. O Cdigo responde a uma antiga aspirao da sociedade, visando a garantia de proteo no aspecto econmico, detalhando quais so esses direitos e a forma como pretende-se viabilizar essa proteo. A responsabilidade profissional est, mais do que nunca, estabelecida atravs do Cdigo de Defesa e Proteo ao Consumidor, pois coloca em questo a efetiva participao preventiva e consciente dos profissionais. Portanto, fundamental que o profissional esteja atento obrigatoriedade de observncia s Normas Tcnicas e execuo de oramento prvio de projeto completo, com especificao correta de qualidade, garantia contratual (contrato escrito) e legal (ART). Uma infrao ao Cdigo de Defesa e Proteo ao Consumidor coloca o profissional (pessoa fsica e jurdica) em julgamento, com possibilidade de rito sumarssimo, inverso do nus da prova e com assistncia jurdica gratuita ao consumidor, provocando, assim, a obrigao de sua obedincia.

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LEI 12.378 DE 31 DE DEZEMBRO DE 2010

Com a promulgao e a iminente vigncia da Lei 12.378 de 31 de dezembro de 2010, que veio a regulamentar o exerccio profissional do Arquiteto e do Urbanista e criar o Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil CAU/BR, h, portanto, a necessidade de se destacar as alteraes quanto a atuao do profissional da Arquitetura e Urbanismo, at ento, norteada pela Lei 5.194 de 24 de Dezembro de 1966. A vigncia da nova lei imediata para criao do CAU/BR enquanto que os demais dispositivos entraro em vigor aps a posse dos Conselheiros do referido Conselho, que dever acontecer no prazo mximo de um ano., logo, at instaurao dos CAUs regionais a situao atual permanecer inclume.

Sobre as Atribuies Na prtica profissional, as atividades de arquitetura e engenharia continuaro a manter a mesma harmonia de trabalho, apenas havendo rgo de classe diverso. O novo regulamento do CAU praticamente reproduz todas as atribuies com pequenas incluses: Art. 2- As atividades e atribuies do arquiteto e urbanista consistem em: I - superviso, coordenao, gesto e orientao tcnica; II - coleta de dados, estudo, planejamento, projeto e especificao; III - estudo de viabilidade tcnica e ambiental; IV - assistncia tcnica, assessoria e consultoria; V - direo de obras e de servio tcnico; VI - vistoria, percia, avaliao, monitoramento, laudo, parecer tcnico, auditoria e arbitragem;25 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

VII - desempenho de cargo e funo tcnica; VIII - treinamento, ensino, pesquisa e extenso universitria; IX - desenvolvimento, anlise, experimentao, ensaio, padronizao, mensurao e controle de qualidade; X - elaborao de oramento; XI - produo e divulgao tcnica especializada; e XII - execuo, fiscalizao e conduo de obra, instalao e servio tcnico. Entre as diferenas da Lei 5.194/66, do Regulamento 218/73 com a nova Lei 12.378/2010, h a pequenas alteraes, como na Atividade 03, que agora passa a ser um estudo de viabilidade tcnica e ambiental. Na Atividade 06, alm das existentes, se acrescentou as atividades de monitoramento e de auditoria, os quais no havia a sua previso na Resoluo 218/73. Mas apesar da singela mudana nestes pontos, a Lei 12.378/2010 vem a trazer uma conquista h muito tempo batalhada pelos arquitetos e urbanistas, bem como as entidades ligados a estes, que a possibilidade de poder diferenciar a sua atuao profissional em relao aos da engenharia no sistema CREA/CONFEA que rene mais de 200 espcies de profissionais. Neste sentido, no pargrafo nico do mesmo Art. 2 e seus incisos da Lei 12.378/2010, onde especifica as demais atividades do Arquiteto e Urbanista traz: Pargrafo nico. As atividades de que trata este artigo aplicam-se aos seguintes campos de atuao no setor: I - da Arquitetura e Urbanismo, concepo e execuo de projetos; II - da Arquitetura de Interiores, concepo e execuo de projetos de ambientes; III - da Arquitetura Paisagstica, concepo e execuo de projetos para espaos externos, livres e abertos, privados ou pblicos, como26 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

parques e praas, considerados isoladamente ou em sistemas, dentro de vrias escalas, inclusive a territorial; IV - do Patrimnio Histrico Cultural e Artstico, arquitetnico, urbanstico, paisagstico, monumentos, restauro, prticas de projeto e solues tecnolgicas para reutilizao, reabilitao, reconstruo, preservao, conservao, restauro e valorizao de edificaes, conjuntos e cidades; V - do Planejamento Urbano e Regional, planejamento fsicoterritorial, planos de interveno no espao urbano, metropolitano e regional fundamentados nos sistemas de infraestrutura, saneamento bsico e ambiental, sistema virio, sinalizao, trfego e trnsito urbano e rural, acessibilidade, gesto territorial e ambiental, parcelamento do solo, loteamento, desmembramento, remembramento, arruamento, planejamento urbano, plano diretor, traado de cidades, desenho urbano, sistema virio, trfego e trnsito urbano e rural, inventrio urbano e regional, assentamentos humanos e requalificao em reas urbanas e rurais; VI - da Topografia, elaborao e interpretao de levantamentos topogrficos cadastrais para a realizao de projetos de arquitetura, de urbanismo e de paisagismo, foto-interpretao, leitura, interpretao e anlise de dados e informaes topogrficas e sensoriamento remoto; VII - da Tecnologia e resistncia dos materiais, dos elementos e produtos de construo, patologias e recuperaes; VIII dos sistemas construtivos e estruturais, estruturas,

desenvolvimento de estruturas e aplicao tecnolgica de estruturas; IX - de instalaes e equipamentos referentes arquitetura e urbanismo;

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X - do Conforto Ambiental, tcnicas referentes ao estabelecimento de condies climticas, acsticas, lumnicas e ergonmicas, para a concepo, organizao e construo dos espaos; XI - do Meio Ambiente, Estudo e Avaliao dos Impactos Ambientais, Licenciamento Ambiental, Utilizao Racional dos Recursos Disponveis e Desenvolvimento Sustentvel.

Conflitos de Competncia Com a especificao do Art. 2 da Lei 12.378/2010, que uma transcrio do Anexo da Resoluo 1.010/2001 do CONFEA, estas atividades so exclusivas de Arquiteto e Urbanista, certamente haver conflitos de competncia com profissionais da engenharia. J antevendo esta situao, a nova disposio legal da Lei 12.378/2010, traz que: Art. 3 - Os campos da atuao profissional para o exerccio da arquitetura e urbanismo so definidos a partir das diretrizes curriculares nacionais que dispem sobre a formao do profissional arquiteto e urbanista nas quais os ncleos de conhecimentos de fundamentao e de conhecimentos profissionais caracterizam a unidade de atuao profissional. 1 - O Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil - CAU/BR especificar, atentando para o disposto no caput, as reas de atuao privativas dos arquitetos e urbanistas e as reas de atuao compartilhadas com outras profisses regulamentadas. 2 - Sero consideradas privativas de profissional especializado as reas de atuao nas quais a ausncia de formao superior exponha o usurio do servio a qualquer risco ou danos materiais segurana, sade ou ao meio ambiente. 3 - No exerccio de atividades em reas de atuao compartilhadas com outras reas profissionais, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo28 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

- CAU do Estado ou do Distrito Federal fiscalizar o exerccio profissional da Arquitetura e Urbanismo. 4 - Na hiptese de as normas do CAU/BR sobre o campo de atuao de arquitetos e urbanistas contradizerem normas de outro Conselho profissional, a controvrsia ser resolvida por meio de resoluo conjunta de ambos os conselhos. 5- Enquanto no editada a resoluo conjunta de que trata o 4 ou, em caso de impasse, at que seja resolvida a controvrsia, por arbitragem ou judicialmente, ser aplicada a norma do Conselho que garanta ao profissional a maior margem de atuao. Estes conflitos certamente surgiro a partir da efetiva criao dos CAUs, e o resultado desta situao somente poder ser analisado com o surgimento dos casos concretos e que certamente no sero poucos.

Atuao Restrita do Arquiteto mais uma conquista dos Arquitetos e Urbanistas poderem a partir de agora, tomar decises de acordo com a sua realidade profissional, algo que antes no era possvel, j que outros profissionais no ligados a sua atividade, traziam decises nas reas da arquitetura e urbanismo. Tambm, se o engenheiro atuar em atividades restritas ao Arquiteto ou Urbanista, ou atuar como se este fosse, estar exercendo ilegalmente a profisso: Art. 7- Exerce ilegalmente a profisso de arquiteto e urbanista a pessoa fsica ou jurdica que realizar atos ou prestar servios, pblicos ou privados, privativos dos profissionais de que trata esta Lei ou, ainda, que, mesmo no realizando atos privativos, se apresenta como arquiteto e urbanista ou como pessoa jurdica que atue na rea de arquitetura e urbanismo sem registro no CAU.

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Associao Entre Profissionais Ser permitida a associao do Arquiteto e Urbanista com outros profissionais para a formao de pessoa jurdica para prestao de servios: Art. 10 - Os arquitetos e urbanistas, juntamente com outros profissionais, poder-se-o reunir em sociedade de prestao de servios de arquitetura e urbanismo, nos termos das normas de direito privado, desta Lei e do Regimento Geral do CAU/BR.

Restrio dos Termos Arquitetura e Urbanismo Importante observar, que muitas empresas de engenharia utilizam a expresso de Arquitetura ou Urbanismo na sua denominao de razo social ou nome fantasia, mas muitas vezes no h estes profissionais na sociedade ou contratados como efetivos. Agora obrigatrio para estas empresas, que tenham em seu quadro societrio ou como empregados registrados, o profissional da arquitetura e urbanismo: Art. 11 - vedado o uso das expresses arquitetura ou urbanismo ou designao similar na razo social ou no nome fantasia de sociedade que no possuir arquiteto e urbanista entre os scios com poder de gesto ou entre os empregados permanentes.

Especificidade em Coautorias A nova disposio vem desde j, regulamentar a disposio quanto a coautoria e corresponsabilidade de projetos realizados por mais de um arquiteto ou urbanista, ou sociedades destas, devendo a partir de agora, ser especificado a cota que cada um responde. Art. 14 () Pargrafo nico. Quando se tratar de atividade desenvolvida por mais de um arquiteto e urbanista ou por mais de uma sociedade de30 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

prestao de servios de arquitetura e urbanismo e no sendo especificados diferentes nveis de responsabilidade, todos sero considerados indistintamente coautores e corresponsveis.

Registro de Responsabilidade Tcnica (RRT) Outra novidade o Registro de Responsabilidade Tcnica - RRT, que vem a substituir a ART, mas apenas para as atividades de Arquiteto e Urbanista privadas ou compartilhadas. Quando da atividade desenvolvida for exclusiva de engenharia, ainda se deve recolher a ART. Art. 45 - Toda realizao de trabalho de competncia privativa ou de atuao compartilhadas com outras profisses regulamentadas ser objeto de Registro de Responsabilidade Tcnica - RRT. 1- Ato do CAU/BR detalhar as hipteses de obrigatoriedade da RRT. 2 - O arquiteto e urbanista poder realizar RRT, mesmo fora das hipteses de obrigatoriedade, como meio de comprovao da autoria e registro de acervo. Art. 46 - O RRT define os responsveis tcnicos pelo empreendimento de arquitetura e urbanismo, a partir da definio da autoria e da coautoria dos servios. Art. 47 - O RRT ser efetuado pelo profissional ou pela pessoa jurdica responsvel, por intermdio de seu profissional habilitado legalmente no CAU. Art. 48 - No ser efetuado RRT sem o prvio recolhimento da Taxa de RRT pela pessoa fsica do profissional ou pela pessoa jurdica responsvel. Art. 49 - O valor da Taxa de RRT , em todas as hipteses, de R$ 60,00 (sessenta reais).31 Jos Marcelo Sobreira - Legislao Profissional do Arquiteto e Urbanista

Pargrafo nico. O valor referido no caput ser atualizado, anualmente, de acordo com a variao integral do ndice Nacional de Preos ao Consumidor - INPC, calculado pela Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica - IBGE, nos termos de ato do CAU/BR. Art. 50 - A falta do RRT sujeitar o profissional ou a empresa responsvel, sem prejuzo da responsabilizao pessoal pela violao tica e da obrigatoriedade da paralisao do trabalho at a regularizao da situao, multa de 300% (trezentos por cento) sobre o valor da Taxa de RRT no paga corrigida, a partir da autuao, com base na variao da Taxa Referencial do Sistema Especial de Liquidao e de Custdia - SELIC, acumulada mensalmente, at o ltimo dia do ms anterior ao da devoluo dos recursos, acrescido este montante de 1% (um por cento) no ms de efetivao do pagamento. Pargrafo nico. No se aplica o disposto no caput no caso de trabalho realizado em resposta a situao de emergncia se o profissional ou a pessoa jurdica diligenciar, assim que possvel, na regularizao da situao.

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CONCLUSO

Por fim, esperamos que a criao do CAU no venha criar um atrito com os engenheiros, j que muitos membros do CREA entendem a necessidade e benefcios da criao do CAU, visto o apoio que as entidades ligadas arquitetura e urbanismo tiveram dos engenheiros no movimento que criou o CAU. Tambm, o Brasil era o nico pas da Amrica Latina que ainda no possua um conselho exclusivo para os arquitetos e urbanista e que ainda, uma profisso de carter mundial, com a existncia da Unio Internacional de Arquitetos UIA, entidade com reconhecimento mundial. Certamente haver algumas resistncias para aceitar a nova

regulamentao por ambas as partes, engenheiros, arquitetos e urbanistas devero conversar muito e com o passar do tempo poderemos analisar melhor a efetividade da Lei 12.378/2010 e do novo conselho. importante que o CONFEA e o CAU/BR especifiquem de forma precisa e objetiva as atribuies e campos de atuao destes profissionais, com o fim de exterminar as dvidas pertinentes. Destaca-se que algumas questes sero objeto de discusses mais adiante, como a duplicidade de registro nos respectivos conselhos (CAU E CREA), as exigncias de qualificao tcnica nos processos licitatrios, em virtude da execuo de projetos executivos, dentre outras. Por fim, com esta nova lei dos Arquitetos e Urbanistas aguarda-se o desenvolvimento, aperfeioamento e valorizao dos profissionais de arquitetura e urbanismo.

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FONTES DE PESQUISA

Anotaes das aulas e arquivos disponibilizados pelo Professor Fritz M. M. Moura;

Decretos Leis, Leis, Resolues e Decises do CONFEA de domnio pblico; Manual do Exerccio Profissional, CREA-RJ, Volume 1, Primeira Edio, Outubro de 2009;

Site do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CONFEA: www.confea.org.br

Site do Instituto de Arquitetos do Brasil IAB: www.iab.org.br Site do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil www.cau.org.br Site do JusBrasil: http://www.jusbrasil.com.br

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