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CHH História _________________________________________________________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________________________ SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 7 *MÓDULO 1* Sociedade Minorias O peso da diferença A perseguição aos diferentes é uma constante histórica: os gregos já discriminavam todos os outros povos, a quem consideravam bárbaros. Os espartanos, que dominaram a Grécia antiga entre os séculos V e IV a.C., cultuavam a imagem do soldado atlético e obediente. Quem não se encaixava nesse modelo estava sujeito à escravidão e até a execução: crianças deficientes ou doentes eram mortas ao nascer. Os romanos, notórios por fazer de escravos os povos que dominavam, foram hostis com todos os povos da Europa Ocidental, norte da África e Ásia Menor. Na Idade Média, eram perseguidos os que discordavam da Igreja Católica, uma prática mantida pela Inquisição até o século XIX e que matou milhares de pessoas. Muitas das vítimas eram judeus, chamados de cristãos-novos (recém-convertidos ao catolicismo). O ressentimento contra os judeus aumentou na virada do século XIX para o XX, quando o antissemitismo dividiu a elite intelectual europeia. Em 1933, chegou ao poder na Alemanha o regime nazista, que tinha como pilares o racismo, o antissemitismo, o pangermanismo (união dos povos germânicos) e a eugenia (“melhoramentoda raça), além do totalitarismo e o anticomunismo. Ainda no século XX, um regime abertamente racista, o apartheid na África do Sul, se manteve no poder por 42 anos. Nos Estados Unidos, apenas em 1963 foram concedidos direitos iguais a negros que eram segregados em partes do país. E a chamada “limpeza étnica” também voltou a assombrar na Bósnia, Chechênia, Iraque, Congo, Sudão e em outros pontos do mundo. Limpeza étnica Exemplos recentes de conflitos e regimes racistas que vitimaram milhões RUANDA Quando: 1994 Vítimas: tútsis Motivação: guerra civil e racismo Métodos: civis armados de facões e porretes Número de mortos: 800.000 Quando chegaram ao país, os belgas encontraram uma sociedade dividida entre camponeses hutus pobres e pastores tútsis prósperos. Para garantirem sua dominação, fizeram dos tútsis a aristocracia ruandesa. Em 1959, hutus se rebelaram e, em 1962, assumiram o poder. A violência se agravou em 1990, com a criação da Frente Patriótica Ruandesa (FPR), por tútsis exilados em Uganda. Quando o presidente Jouvenal Habyarimana morreu, em 1994, a população passou a ser bombardeada com informações de um complô tútsi, o que levou à execução de 75% dos tútsis que viviam em Ruanda. CAMBOJA Quando: de 1975 a 1979 Vítimas: chineses, muçulmanos e vietnamitas, entre outras minorias Motivação: eliminar etnias Métodos: execuções a bala e mortes por fome e excesso de trabalho Número de mortos: 215.000 chineses, 90.000 muçulmanos e 20.000 vietnamitas Preferimos matar dez amigos a deixar vivo um só inimigo”, dizia Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, a ala mais radical do Partido Comunista local, que tomou o poder em 1975. Em quatro anos, o regime executou 1,7 milhão de seus 8 milhões de habitantes. A maior parte dos mortos era da mesma etnia khmer e só morreu por causa do estado de paranoia e eliminação sistemática dos adversários implantado pelo regime cambojano. Na dúvida de quem era amigo ou inimigo, Pol Pot mandava eliminar todos. BÓSNIA Quando: de 1991 a 1999 Vítimas: bósnios, sérvios, croatas e kosovares Motivação: conflitos nacionalistas e movimentos separatistas Métodos: ataques militares e estupros Número de mortos: 300.000 O conflito nos Bálcãs entre muçulmanos e católicos, sérvios e croatas, sérvios e albaneses tem mais de 200 anos. Apenas nas quatro décadas em que o general ditador Josip Broz Tito unificou esses povos sob a bandeira da antiga Iugoslávia, houve certo entendimento. Com a morte de Tito, em 1980, a Eslovênia, a Croácia e a Bósnia declararam independência. Em 1990, o sérvio Slobodan Milosevic passou a eliminar os croatas. Os croatas fizeram o mesmo na Sérvia e na Bósnia. E muçulmanos bósnios atacaram croatas e sérvios. Manipulados pela propaganda nacionalista, cada um dos povos acreditava apenas responder à ameaça inimiga. ________________________________________________ Anotações*

*MÓDULO 1* · CHH História _____

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CHH História _________________________________________________________________________________________________________________________

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 7

*MÓDULO 1*

Sociedade – Minorias

O peso da diferença

A perseguição aos diferentes é uma constante

histórica: os gregos já discriminavam todos os outros

povos, a quem consideravam bárbaros. Os espartanos,

que dominaram a Grécia antiga entre os séculos V e IV

a.C., cultuavam a imagem do soldado atlético e

obediente. Quem não se encaixava nesse modelo estava

sujeito à escravidão e até a execução: crianças

deficientes ou doentes eram mortas ao nascer.

Os romanos, notórios por fazer de escravos os povos

que dominavam, foram hostis com todos os povos da

Europa Ocidental, norte da África e Ásia Menor. Na Idade

Média, eram perseguidos os que discordavam da Igreja

Católica, uma prática mantida pela Inquisição até o

século XIX e que matou milhares de pessoas. Muitas das

vítimas eram judeus, chamados de cristãos-novos

(recém-convertidos ao catolicismo). O ressentimento

contra os judeus aumentou na virada do século XIX para

o XX, quando o antissemitismo dividiu a elite intelectual

europeia. Em 1933, chegou ao poder na Alemanha o

regime nazista, que tinha como pilares o racismo, o

antissemitismo, o pangermanismo (união dos povos

germânicos) e a eugenia (“melhoramento” da raça), além

do totalitarismo e o anticomunismo.

Ainda no século XX, um regime abertamente racista, o

apartheid na África do Sul, se manteve no poder por 42

anos. Nos Estados Unidos, apenas em 1963 foram

concedidos direitos iguais a negros que eram segregados

em partes do país. E a chamada “limpeza étnica”

também voltou a assombrar na Bósnia, Chechênia,

Iraque, Congo, Sudão e em outros pontos do mundo.

Limpeza étnica

Exemplos recentes de conflitos e regimes racistas que vitimaram milhões

RUANDA

Quando: 1994

Vítimas: tútsis

Motivação: guerra civil e

racismo

Métodos: civis armados de facões e porretes

Número de mortos: 800.000

Quando chegaram ao país, os belgas encontraram uma

sociedade dividida entre camponeses hutus pobres e

pastores tútsis prósperos. Para garantirem sua

dominação, fizeram dos tútsis a aristocracia ruandesa.

Em 1959, hutus se rebelaram e, em 1962, assumiram o

poder. A violência se agravou em 1990, com a criação da

Frente Patriótica Ruandesa (FPR), por tútsis exilados em

Uganda. Quando o presidente Jouvenal Habyarimana

morreu, em 1994, a população passou a ser

bombardeada com informações de um complô tútsi, o

que levou à execução de 75% dos tútsis que viviam em

Ruanda.

CAMBOJA

Quando: de 1975 a 1979

Vítimas: chineses,

muçulmanos e vietnamitas,

entre outras minorias

Motivação: eliminar etnias

Métodos: execuções a bala e mortes por fome e

excesso de trabalho

Número de mortos: 215.000 chineses, 90.000

muçulmanos e 20.000 vietnamitas

“Preferimos matar dez amigos a deixar vivo um só

inimigo”, dizia Pol Pot, líder do Khmer Vermelho, a ala

mais radical do Partido Comunista local, que tomou o

poder em 1975. Em quatro anos, o regime executou 1,7

milhão de seus 8 milhões de habitantes. A maior parte

dos mortos era da mesma etnia khmer e só morreu por

causa do estado de paranoia e eliminação sistemática

dos adversários implantado pelo regime cambojano. Na

dúvida de quem era amigo ou inimigo, Pol Pot mandava

eliminar todos.

BÓSNIA

Quando: de 1991 a 1999

Vítimas: bósnios, sérvios,

croatas e kosovares

Motivação: conflitos

nacionalistas e movimentos separatistas

Métodos: ataques militares e estupros

Número de mortos: 300.000

O conflito nos Bálcãs entre muçulmanos e católicos,

sérvios e croatas, sérvios e albaneses tem mais de 200

anos. Apenas nas quatro décadas em que o general

ditador Josip Broz Tito unificou esses povos sob a

bandeira da antiga Iugoslávia, houve certo entendimento.

Com a morte de Tito, em 1980, a Eslovênia, a Croácia e

a Bósnia declararam independência. Em 1990, o sérvio

Slobodan Milosevic passou a eliminar os croatas. Os

croatas fizeram o mesmo na Sérvia e na Bósnia. E

muçulmanos bósnios atacaram croatas e sérvios.

Manipulados pela propaganda nacionalista, cada um dos

povos acreditava apenas responder à ameaça inimiga.

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 8

Aceito, renegado, aceito novamente

O homossexualismo era aceito na Antiguidade. A recriminação surgiu com o cristianismo

Século VIII a.C.

Um dos primeiros conjuntos de

leis do mundo, o Código

Hammurabi, da Mesopotâmia, do

século VIII a.C., cita os

prostitutos e prostitutas usados

em rituais religiosos – e que

tinham direito a privilégios

especiais. JSP / ISTOCK PHOTO

Séculos XX a.C. a IV d.C.

As relações entre um homem

mais velho e outro mais jovem

eram normais e incentivadas na

Grécia e em Roma. O mesmo não

valia para dois homens da mesma

idade – quando isso acontecia,

eles eram perseguidos.

FABIANA BERTONE

Séculos IV a XIV

O cristianismo tornou-se a religião

oficial do Império Romano no século

IV e, com ele, veio uma crescente

aversão ao prazer e ao riso. A

homossexualidade foi tratada como

antinatural. REPRODUÇÃO

Século XIV

O resgate dos valores clássicos

ocasionou o retorno do gosto pela

forma masculina. Mas, após a

Peste Negra, entre 1347 e 1351, os

sodomitas foram acusados de

causar os males da sociedade. REPRODUÇÃO

Século XIX

A Inglaterra condenava à forca os

acusados de sodomia. Em 1861, o

país trocou a forca por pena de dez

anos de trabalhos forçados. O

escritor Oscar Wilde cumpriu dois

anos dessa pena depois de ser

condenado por prática de

homossexualismo. REPRODUÇÃO

Século XX

A luta pelos direitos dos gays

ganhou força nos anos 70, mas a

homofobia permaneceu sendo

expressada – muitas vezes com

violência física, herança de um

passado marcado por formas

recorrentes de intolerância. ZU1U / DREAMSTIME

O racismo e a intolerância causaram diversos

massacres e injustiças no decorrer da história, dos

gregos e romanos aos tempos atuais.

Genocídio é o termo aplicado para se referir ao

massacre sistemático de um povo, visando a sua

extinção. Foi o que ocorreu com os judeus na

Alemanha nazista, com os armênios sob jugo turco

em 1915 e com tútsis massacrados por hutus em

Ruanda, em 1994.

Durante a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha

nazista perseguiu minorias que não correspondiam a

seu ideal de raça ariana ou raça pura. Além de 6

milhões de judeus, foram executados ciganos,

homossexuais, presos, deficientes, militantes

políticos e outros grupos étnicos e religiosos.

Os homossexuais sofreram perseguição com a

expansão do cristianismo. Em alguns países, foram

presos e condenados à morte.

O apartheid, regime que durou de 1948 a 1994,

restringia os direitos dos não brancos na África do

Sul. Nelson Mandela passou 27 anos preso por lutar

pelos direitos dos negros em seu país e se tornou

presidente depois de ser libertado.

Elaborada por Gilberto Freyre, a ideia de democracia

racial – isto é, que não há racismo no Brasil ou que

ele é insignificante – é um mito. Além do racismo que

não aparece nas estatísticas, há o fato de que

negros e pardos ganham menos do que os brancos,

têm menor grau de escolaridade e ocupam menos

cargos de gerência.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões 1 e 2.

À espera de um salvador

Darfur, no Sudão, cenário de um genocídio silencioso, é um lugar sem lei

O mundo ignora ou finge ignorar que Darfur, no

Sudão, é cenário de uma guerra de extermínio contra

uma população indefesa. O mesmo mundo que se

apieda de um filhote de urso-polar abandonado pela mãe

no zoológico de Berlim fecha os olhos para as centenas

de milhares de crianças subnutridas dos 130 campos de

refugiados de Darfur, no oeste sudanês. Desde a

independência do Império Britânico, em 1956, o norte do

país detém o monopólio do poder político e econômico,

concentrado na capital, Cartum. A partir de 2003, quando

eclodiu o conflito entre o governo do ditador Omar

al-Bashir e rebeldes de Darfur, intensificou-se a matança

indiscriminada de cidadãos que não pertencem à etnia

que se intitula “árabe”. Uma matança selvagem, seja por

meio de fuzilamentos sumários, seja por meio da fome

imposta pelo isolamento.

Darfur é dividida em três estados – do Norte, do Sul e

do Oeste –, que representam quase um sexto do território

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 9

do Sudão, o maior país da África. Hoje, quase metade

dos seus 6 milhões de habitantes vive em aglomerações

humanas improvisadas. Outros 2 milhões ainda não

deixaram suas aldeias, mas foram afetados pela

destruição de lavouras ou pela morte de familiares. Com

a justificativa de combater rebeldes que lutam contra o

regime, o governo do Sudão bombardeia aldeias e apoia

os janjaweeds, milícias autoproclamadas árabes cuja

missão é limpar Darfur de outras etnias. Ao todo, já

morreram 300.000 pessoas.

O número de combatentes e civis mortos de maneira

violenta caiu nos últimos anos, mas não são as

estatísticas que configuram um genocídio.

Há 60 anos, a Organização das Nações Unidas

definiu como crime internacional a tentativa de destruir a

totalidade ou parte de um grupo nacional, étnico, racial

ou religioso. Segundo o texto da ONU, não é preciso

haver assassinatos em massa para que um crime seja

classificado como genocídio. Impor condições de vida

subumanas a um grupo de pessoas semelhantes entre

si, com o objetivo de levar à sua destruição física,

também se enquadra nessa classificação. É o que ocorre

em Darfur.

Os campos de refugiados são verdadeiras bombas

populacionais: a maioria continua recebendo milhares de

pessoas por ano. Elas buscam desesperadamente um

lugar onde possam ter alguma sensação de segurança,

por menor que seja. Nos campos, não há espaço para

plantar ou manter uma criação numerosa de bodes e

camelos. “Tenho uma pequena plantação a três horas de

caminhada”, diz Tigani Suleiman, 55 anos, refugiado que

consegue com isso obter uma renda equivalente a 2

dólares por dia. Outros homens tentam algum

subemprego nas cidades e as mulheres recolhem lenha

para vender, sob o risco de serem estupradas nos

arredores do campo.

Só mesmo a ajuda humanitária tem atenuado o drama

dos refugiados. Graças a ela, a taxa de desnutrição caiu

pela metade nos últimos anos. Atuam na região

dezesseis agências da ONU e 85 ONGs, que prestam

serviços como atendimento de saúde e distribuição de

comida. Para cada 366 habitantes de Darfur, há um

trabalhador humanitário.

Veja, 24/12/2008 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Com base no texto, sintetize as origens do conflito no

Sudão.

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.2. (AED-SP)

Por que a ONU considera que não é preciso haver

assassinatos em massa para que se configure um

genocídio?

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.3. (INEP-MEC)

A viagem levou uns 20 minutos. O caminhão parou;

via-se um grande portão e, em cima do portão, uma frase

bem iluminada (cuja lembrança ainda hoje me atormenta

nos sonhos): “Arbeit macht frei” – o trabalho liberta.

Descemos, fazem-nos entrar numa sala ampla, nua e

fracamente aquecida. Que sede! O leve zumbido da água

nos canos da calefação nos enlouquece: faz quatro dias

que não bebemos nada.

LEVI, Primo. É isto um homem? Rio de Janeiro:

Rocco, 1988, p. 20.

A descrição acima – de um prisioneiro chegando a

Auschwitz – revela angústia e horror. Os campos de

concentração nazistas eram:

(A) lugares de reabilitação de doentes mentais,

criminosos comuns e prisioneiros políticos.

(B) instalados apenas na Alemanha e, neles, foram

alojados, durante a Segunda Guerra Mundial, judeus,

homossexuais e comunistas.

(C) lugares de execução sumária e imediata de inimigos

nacionais alemães e de pessoas que se recusavam

a trabalhar.

(D) instalados para acolher os imigrantes que, vindos da

Europa Oriental, tentavam penetrar no território do

Terceiro Reich sem autorização.

(E) lugares onde os considerados indesejáveis eram

submetidos a humilhações, trabalhos forçados ou

execuções em massa.

.4. (UNICAMP-SP)

O primeiro recenseamento geral do Império foi realizado

em 1872. Nos recenseamentos parciais anteriores, não

se perguntava sobre a cor da população. O censo de

1872, ao inserir essa informação, indica uma mudança,

orientada por um entendimento do conceito de raça que

ancorava a cor em um suporte pretensamente mais

rígido. Com a crise da escravidão e do regime

monárquico, que levou ao enfraquecimento dos pilares

da distinção social, a cor e a raça tornavam-se

necessárias.

Adaptado de Ivana Stolze Lima, Cores, Marcas e Falas:

Sentidos da Mestiçagem no Império do Brasil. Rio de

Janeiro: Arquivo Nacional, 2003, p. 109-121.

A partir do enunciado, podemos concluir que há um uso

político na maneira de classificar a população, já que:

(A) o conceito de raça permitia classificar a população a

partir de um critério mais objetivo e exato do que a

cor, o que era necessário em um momento de

transição para um novo regime.

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(B) no final do Império, o enfraquecimento dos pilares da

distinção social era causado pelo fim da escravidão.

Nesse contexto, ao perguntar sobre a raça da

população, o censo permitiria elaborar políticas

visando à inclusão social dos ex-escravos.

(C) a introdução do conceito de raça no censo devia-se a

uma concepção, difundida após 1870, que propunha

a organização da sociedade a partir de critérios

objetivos e científicos, o que levaria a uma maior

igualdade social.

(D) no final do Império, a associação entre a cor da pele

e o conceito de raça criava um novo critério de

exclusão social, capaz de substituir as formas de

distinção que eram próprias da sociedade escravista

e monárquica em crise.

.5. (ENEM-MEC)

O artigo 402 do Código Penal Brasileiro de 1890 dizia:

Fazer nas ruas e praças exercícios de agilidade e

destreza corporal, conhecidos como capoeiragem: andar

em correrias, com armas ou instrumentos capazes de

produzir lesão corporal, provocando tumulto ou

desordens.

Pena: Prisão de dois a seis meses.

SOARES, C. A Negregada instituição: os capoeiras no Rio de Janeiro:

1850-1890. Rio de Janeiro: Secretaria de Cultura, 1994 (adaptado).

O artigo do primeiro Código Penal Republicano naturaliza

medidas socialmente excludentes. Nesse contexto, tal

regulamento expressava

(A) a manutenção de parte da legislação do Império com

vistas ao controle da criminalidade urbana.

(B) a política de eliminação das diferenças e das

desigualdades sociais, com o extermínio dos pobres.

(C) o caráter disciplinador de uma sociedade

industrializada, desejosa de um equilíbrio entre

progresso e civilização.

(D) a criminalização de práticas culturais e a persistência

de valores que vinculavam certos grupos ao passado

de escravidão.

(E) o poder do regime escravista, que mantinha os

negros como categoria social inferior, discriminada e

segregada.

.6. (INEP-MEC)

Sobre a intolerância racial nas Américas nos anos 1950 e

1960, pode-se afirmar que:

(A) leis segregacionistas no sul dos Estados Unidos

forçaram os negros a usar instalações públicas e

frequentar escolas à parte.

(B) a Lei dos Direitos Civis nos Estados Unidos agravou,

em 1963, a segregação racial.

(C) a discriminação racial é uma característica norte-

-americana. No Brasil, há integração das etnias e

democracia racial.

(D) a organização paramilitar denominada Panteras

Negras originou-se no Brasil, como resistência à

opressão dos brancos.

(E) nos países de passado escravocrata, o preconceito

racial tornou-se importante incentivo à política de

integração étnica.

.7. (UNICAMP-SP)

No século XIX, surgiu um novo modo de explicar as

diferenças entre os povos: o racismo. Mas, se os arianos

originaram tanto os povos da Índia quanto os da Europa,

o que justificaria o domínio dos ingleses sobre a Índia? A

suposta explicação é que os arianos da Índia se

enfraqueceram na miscigenação com os aborígenes.

Mas por que essa ideia não foi aplicada no sentido

oposto? Ou seja: por que os arianos da Índia não

aperfeiçoaram aquela raça em vez de se

enfraquecerem?

Adaptado de Anthony Pagden, Povos e Impérios.

Rio de Janeiro: Objetiva, 2002, p. 188-94.

Segundo o texto, podemos concluir que o pensamento

racista do século XIX:

(A) era incoerente, pois os britânicos se consideravam

superiores aos indianos, porém ambos possuíam a

mesma origem racial; além disso, o racismo não

explicava por que a miscigenação enfraqueceu as

raças superiores e não fortaleceu as inferiores.

(B) era um modo de explicar as diferenças entre os

povos pela miscigenação, que poderia levar tanto ao

fortalecimento dos povos inferiores quanto ao

enfraquecimento dos superiores.

(C) era incoerente porque explicava a superioridade e o

domínio dos ingleses sobre os indianos pelo fato de

ambos terem a mesma origem em povos arianos;

porém não explicava por que a miscigenação não

fortaleceu as raças consideradas superiores.

(D) era uma forma de legitimar o domínio dos ingleses

sobre os indianos a partir de suas diferentes origens

raciais; porém não explicava por que a miscigenação

entre ingleses e indianos não levara ao

aperfeiçoamento das raças consideradas inferiores.

********** ATIVIDADES 2 **********

C1 Compreender os elementos culturais que constituem as identidades.

H1 Interpretar historicamente e/ou geograficamente fontes documentais acerca de aspectos da cultura.

.8. (ENEM-MEC)

O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes

construções de concreto e as estações de metrô, e cada

dia se torna mais presente nas grandes metrópoles

mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de

Nova lorque. É formado por três elementos: a música (o

rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No

hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como

uma forma de resistência política.

Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop

afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 11

político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros.

Apesar de ser um movimento originário das periferias

norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil,

onde se instalou com certa naturalidade – o que, no

entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha

sofrido influências locais. O movimento no Brasil é

híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido

com capoeira e grafite de cores muito vivas.

Adaptado de Ciência e Cultura, 2004.

De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação

artística tipicamente urbana, que tem como principais

características

(A) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter

nacionalista.

(B) a alienação política e a preocupação com o conflito

de gerações.

(C) a afirmação dos socialmente excluídos e a

combinação de linguagens.

(D) a integração de diferentes classes sociais e a

exaltação do progresso.

(E) a valorização da natureza e o compromisso com os

ideais norte-americanos.

H2 Analisar a produção da memória pelas sociedades humanas.

.9. (ENEM-MEC)

A cafeicultura atingiu a província de São Paulo,

adentrando a região do Vale do Paraíba paulista.

Cidades como Areias e Bananal tornaram-se, após os

anos 1850, as mais ricas vilas da província. Na Fazenda

Resgate, em Bananal: “... São 21 quartos, dos quais

cinco são alcovas, onde as moças dormiam vigiadas

pelos pais. Sua sala de visitas é adornada em estilo

rococó.

[...] Pertencia a Manoel de Aguiar Vallim, a Resgate

chegou a produzir 1% da riqueza nacional. Na época, a

fazenda era quase autossuficiente. Só importava sal e

peixe salgado. Produzia anil, fumo, açúcar mascavo e

algodão, com o qual se teciam as roupas usadas pelos

escravos.

[...] Longe de manter a Resgate para o próprio deleite,

Braga (atual proprietário da fazenda) permite que grupos

de estudantes visitem o casarão... ‘Eu me considero uma

espécie de fiel depositário da Resgate. Acho justo que as

pessoas tenham acesso à memória do país’.”

Ângela Pimenta. Pá na memória. Revista Veja,

24/4/1996, edição 1441, p. 122-125.

Pode-se considerar que:

I. a Fazenda Resgate é um patrimônio histórico

representativo do período de grande riqueza

obtida com a cafeicultura na região.

II. a decadência da Fazenda Resgate relaciona-se

com o descaso do poder público com o

patrimônio cultural nacional.

III. a preservação da Fazenda Resgate ocorre

devido à importância que o seu atual proprietário

concede a ela, pois é parte da memória do

desenvolvimento econômico do país.

Dentre essas afirmações,

(A) somente I e II estão corretas.

(B) somente I e III estão corretas.

(C) somente II e III estão corretas.

(D) I, II e III estão corretas.

(E) somente a III está correta.

H3 Associar as manifestações culturais do presente aos seus processos históricos.

.10. (ENEM-MEC)

A identidade negra não surge da tomada de

consciência de uma diferença de pigmentação ou de uma

diferença biológica entre populações negras e brancas

e(ou) negras e amarelas. Ela resulta de um longo

processo histórico que começa com o descobrimento, no

século XV, do continente africano e de seus habitantes

pelos navegadores portugueses, descobrimento esse

que abriu o caminho às relações mercantilistas com a

África, ao tráfico negreiro, à escravidão e, enfim, à

colonização do continente africano e de seus povos.

K. Munanga. Algumas considerações sobre a diversidade e a

identidade negra no Brasil. In: Diversidade na educação:

reflexões e experiências. Brasília:

Semtec/MEC, 2003, p. 37.

Com relação ao assunto tratado no texto, é correto

afirmar que

(A) a colonização da África pelos europeus foi

simultânea ao descobrimento desse continente.

(B) a existência de lucrativo comércio na África levou os

portugueses a desenvolverem esse continente.

(C) o surgimento do tráfico negreiro foi posterior ao início

da escravidão no Brasil.

(D) a exploração da África decorreu do movimento de

expansão europeia do início da Idade Moderna.

(E) a colonização da África antecedeu as relações

comerciais entre esse continente e a Europa.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 2*

Cultura – Religiões

O caminho para um só Deus

Criar deuses diferentes foi uma maneira de os povos

da Pré-História e da Antiguidade tentarem entender e

explicar os fenômenos da natureza e os ciclos da vida.

Cultuar o deus da chuva era uma forma de pedir

proteção em tempos de seca, por exemplo. O culto a

muitos deuses é chamado de politeísmo. Vários povos

europeus, africanos, asiáticos e americanos (como os

índios brasileiros) tinham cultos animistas (em louvor aos

elementos da natureza).

Assim como os gregos o foram antes deles, os

romanos eram politeístas e se dedicavam aos rituais

religiosos. Todas as casas possuíam um cômodo

reservado para as oferendas e orações aos deuses.

Além das divindades de origem estrangeira (muitas delas

gregas), o próprio imperador, no período imperial, era um

deus a ser cultuado. No fim do período republicano

(séculos V a I a.C.), já era comum a crença em vida após

a morte, uma doutrina que seria fundamental dentro do

cristianismo prestes a surgir entre os hebreus, então

dominados por Roma.

Os hebreus foram o primeiro povo a abandonar o

poIiteísmo e a crer em uma divindade única e maior.

Embora não tenha valor científico, a saga dos hebreus é

narrada no Velho Testamento desde suas origens na

Mesopotâmia até suas constantes mudanças entre

Canaã ou Palestina (hoje Israel) e o Egito, entre os anos

2000 a.C. e 1500 a.C. Os hebreus conseguiram formar

Israel por volta de 1010 a.C., reino que teve como

soberanos Saul, Davi e Salomão. Quando os romanos

destruíram Jerusalém, no século I, teve início a grande

Diáspora, ou seja, a dispersão dos judeus pelo mundo.

Eles viveram em grupos separados por 2.000 anos, até a

criação do Estado de Israel, apenas em 1948. O

sentimento de pertencer a uma só nação foi possível

apenas em razão de sua forte crença religiosa e do fato

de acreditarem que a Palestina estava destinada a eles

por vontade divina.

Com alguns ensinamentos morais em comum com o

judaísmo, já então consolidado entre os hebreus, o

cristianismo se baseou nas pregações de um hebreu,

Jesus Cristo, transmitidas por seus apóstolos. A nova

religião se difundiu aos poucos entre os romanos, mas

seus seguidores foram perseguidos por não aceitarem o

caráter divino do imperador e serem considerados

subversivos. No século II, com o império já em

decadência e sofrendo invasões bárbaras, o número de

cristãos aumentou consideravelmente. Em 313, o

imperador Constantino se converteu ao cristianismo e

deu liberdade religiosa aos romanos, no chamado Edito

de Milão. Em 380, Teodósio I tornou essa a religião

oficial do império. Quinze anos depois, Teodósio dividiu o

império em dois, o do Ocidente, em Roma, e o do

Oriente, em Constantinopla. O primeiro seria a base da

Igreja Católica Apostólica Romana; o segundo seria o

Império Bizantino, que a partir de 1054 seria regido pela

Igreja Ortodoxa, fundada com a separação do

cristianismo. Essa divisão, conhecida como Cisma do

Oriente, ocorreu por motivos de doutrina.

A Idade Média europeia viveu sob a força do

teocentrismo: Deus é o centro e a explicação para tudo.

Com o apoio do império e dos bárbaros convertidos, a

Igreja Católica passou a acumular terras e fortunas. Com

tanto poder nas mãos, as autoridades católicas fizeram

de tudo para aumentá-lo ainda mais, recebendo doações

e benesses dos novos reinos que se formavam em troca

de confortos e garantias espirituais. Os sacerdotes

muitas vezes usavam como pretexto o suposto combate

à heresia (prática contrária à doutrina da Igreja) para

obter mais poder ou enfraquecer aqueles que não

contribuíam com a Igreja. O símbolo máximo dessa

repressão foi a instauração, no século XIII, dos tribunais

do Santo Ofício, ou Inquisição.

As invasões na Europa

diminuíram a partir do

século XI e, na mesma

época, a Igreja conseguiu

reduzir os conflitos entre os

senhores feudais. A Europa

entrou em relativo período

de paz e segurança,

mantido também sob as

rígidas e violentas normas

da Inquisição. A agricultura

prosperou e a população

aumentou, fazendo com

que os nobres e a Igreja

ambicionassem mais

espaço e poder, o que os

levaria às Cruzadas. REPRODUÇÃO

Papiro do século II chamado P52, que contém trechos, em grego, do Evangelho Segundo João

O homem desenvolveu crenças e religiões desde a

Pré-História para tentar explicar fenômenos da

natureza e do ciclo da vida.

Os hebreus foram os primeiros a desenvolver uma

religião monoteísta (crente em um Deus único).

Depois vieram os cristãos e os islâmicos.

O Império Romano, a princípio, sufocava a fé cristã,

mas ela ganhou força e, no século IV, virou a religião

oficial dos romanos.

A Idade Média viu o fortalecimento financeiro e

político da Igreja Católica, que, por meio de

iniciativas como as Cruzadas e a Inquisição,

procurou ampliar seu poder e manter seus fiéis.

Vários movimentos de cisão da Igreja Católica

ganharam força a partir do século XVI, criando

religiões denominadas protestantes.

A fé islâmica ou muçulmana começou no século VII,

período no qual viveu o profeta Maomé, e unificou

tribos árabes antes inimigas.

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Maomé foi não apenas um profeta, mas também

general e líder político. Conquistou pessoalmente a

cidade de Meca, que se tornou a cidade mais

sagrada para os muçulmanos.

O sionismo foi o movimento entre os judeus para

colonizar a Palestina e fundar um país próprio. Israel

foi criado em 1948, então com o respaldo da ONU,

mas encontrou imediata resistência dos vizinhos

árabes.

O nacionalismo árabe surgiu no século XX como

movimento de independência dos povos islâmicos e

tinha caráter secular e mesmo antirreligioso.

O Islã radical surgiu no século XX como movimento

de independência dos povos árabes e tinha caráter

secular e mesmo antirreligioso.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões de 1 a 3.

Quem foi Maomé

Profeta e fundador do islamismo, ele também exerceu o papel de líder político e militar

Maomé, o profeta máximo do Islã, teve três fases em

sua vida: de comerciante, profeta e profeta-general.

Nascido com o nome Muhammad Ibn Abdullah, em 570,

na cidade de Meca (na atual Arábia Saudita), perdeu a

mãe aos 6 anos e seu pai antes de nascer. Foi criado

pelo tio Abu Talib e desde cedo começou a trabalhar com

comércio. Sua família era influente e bem relacionada e,

aos 25 anos, casou-se com uma rica comerciante,

Cadija, então com 40 anos. O casamento duraria 24

anos.

Maomé tinha contato com cristãos e judeus, que

conviviam com pagãos na Arábia da época. Aos 40 anos,

quando meditava numa caverna, afirmou ter recebido a

visita do arcanjo Gabriel, que passou a lhe revelar a

palavra de Deus. Analfabeto, o profeta não escreveu ele

mesmo os versos, mas seus seguidores fizeram isso em

qualquer material disponível, como folhas de palmeira.

Compilados após sua morte, os textos formam o Corão.

Na fase de Meca, os versos eram brandos e falavam

principalmente contra a avareza e a obrigação de ajudar

os pobres. Quando, no entanto, Maomé passou a

condenar os ídolos pagãos no templo central de Meca,

criou animosidades em torno de si e de seu clã.

Em 619, morreu Cadija, que deixou a Maomé seis

filhos, entre eles dois homens, que morreriam antes dele.

Casou-se novamente, com duas mulheres ao mesmo

tempo. Uma delas, Aisha, tinha 7 anos. Aisha seria uma

figura importante para o Islã, ao recoletar os versos do

Corão e liderar uma disputa política que separaria xiitas e

sunitas.

Em 9 de setembro de 622, Maomé fugiu de Meca,

perseguido pelos pagãos. Esse fato é considerado tão

importante que é a data inicial do calendário islâmico.

Instalou-se na cidade de Medina, onde conseguiu

converter muitos seguidores. Aos 52 anos, era não

apenas um profeta, mas um líder político e militar.

Maomé reagia a ataques de tribos rivais com seu

exército e passou a conquistar cidades. Em 630, tomou

Meca. Ordenou a destruição de todos os ídolos do

templo pagão, deixando apenas uma pedra preta.

Segundo Maomé, a pedra datava da época de Adão e

Eva e havia ficado preta em razão dos pecados dos

homens. Em volta dessa pedra foi construída a Caaba, o

templo que é o lugar mais sagrado para os islâmicos.

Se os versos da fase de Meca eram relativamente

“paz e amor”, os versos da fase de Medina tornaram-se

mais militaristas. Desse período data o Verso da Espada

(Corão 9:5), que afirma: “Mas quando os meses

sagrados houverem transcorrido, matai os idólatras

(564), onde quer que os acheis; capturai-os, acossai-os e

espreitai-os; porém, caso se arrependam, observem a

oração e paguem o zakat, abri-Ihes o caminho. Sabei

que Deus é Indulgente, Misericordiosíssimo”, um

preferido dos radicais contemporâneos.

Em Medina, Maomé casou-se várias vezes, chegando

a ter 10 mulheres ao mesmo tempo – para os demais

homens, o limite estabelecido era quatro. Além do Corão,

os Hadiths, diversos livros que contam sua vida, são

também sagrados aos islâmicos. Esses exemplos e as

revelações no Corão estabelecem os preceitos que

formam a Sharia, as leis islâmicas.

Maomé não deixou filhos homens, o que, ao morrer

em 632, aos 62 anos, causou sérios problemas de

sucessão no império que havia criado. Dessa sucessão

conflituosa nasceu a divisão entre xiitas e sunitas.

Superinteressante, São Paulo, mar. 2010.

.1. (AED-SP)

Antes de se tornar profeta, Maomé teve outra atividade

profissional. Qual foi ela?

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___________________________________________________

.2. (AED-SP)

Qual é a data inicial do calendário islâmico e por quê?

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.3. (AED-SP)

Maomé mudou profundamente a política de sua terra

natal. Como?

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.4. (ENEM-MEC)

“A burca não é um símbolo religioso, é um símbolo da

subjugação, da subjugação das mulheres. Quero dizer

solenemente que não será bem-recebida em nosso

território.”

Nicolas Sarkozy, presidente da França.

estadao.com.br, 22/6/2009.

Deputados que integram a Comissão Parlamentar

encarregada de analisar o uso da burca na França

propuseram a proibição de todos os tipos de véus

islâmicos integrais nos serviços públicos. (...) A resolução

prevê a proibição do uso de tais vestimentas nos serviços

públicos – hospitais, transportes, escolas públicas e

outras instalações do governo.

Folha Online, 26/1/2010.

Com base nos textos acima e em seus conhecimentos,

assinale a afirmação correta sobre o assunto.

(A) O governo francês proibiu as práticas rituais

islâmicas em todo o território nacional.

(B) Apesar da obrigatoriedade do uso da burca se

originar de preocupações morais, o presidente

francês a considera um traje religioso.

(C) A maioria dos Estados nacionais do Ocidente,

inclusive a França, optou pela adoção de políticas de

repressão à diversidade religiosa.

(D) As tensões políticas e culturais na França cresceram

nas últimas décadas com o aumento do fluxo

imigratório de populações islâmicas.

(E) A intolerância religiosa dos franceses, fruto da

Revolução de 1789, impede a aceitação do

islamismo e do judaísmo na França.

.5. (INEP-MEC)

Maomé, nascido em Meca, na Arábia, insatisfeito com o

paganismo, declarou ter visto o anjo Gabriel, que lhe

apresentara um texto com a ordem de recitá-lo.

Considerando-se então o último e maior de todos os

profetas, Maomé promoveu a conversão das tribos da

Arábia. A era muçulmana caracterizou-se pela:

(A) divisão das esferas de poder político e de poder

religioso, constituindo um Estado laico, mas no qual

a Igreja assumia um lugar privilegiado.

(B) expansão territorial do Islã, que se fez inclusive à

custa do Império Persa e do Império Bizantino,

enfraquecidos por graves crises internas.

(C) conversão forçada dos povos conquistados à nova

religião do Islã, com a proibição dos cultos judeus e

cristãos e o confisco de terras.

(D) rejeição total à assimilação da cultura dos povos

conquistados e das culturas antigas, em nome da

verdadeira compreensão da palavra de Deus.

(E) proibição das concentrações urbanas, do comércio e

da geração de novas técnicas de trabalho,

considerados contrários aos preceitos do Corão.

.6. (VUNESP)

“[Na Idade Média] Homens e mulheres gostavam

muito de festas. Isso vinha, geralmente, tanto das velhas

tradições pagãs (...), quanto da liturgia cristã.”

Jacques Le Goff. A Idade Média Explicada

aos Meus Filhos, 2007.

Sobre essas festas medievais, podemos dizer que:

(A) muitos relatos do cotidiano medieval indicam que

havia um confronto entre as festas de origem pagã e

as criadas pelo cristianismo.

(B) os torneios eram as principais festas e rompiam as

distinções sociais entre senhores e servos, que,

montados em cavalos, se divertiam juntos.

(C) a Igreja Católica apoiava todo tipo de comemoração

popular, mesmo quando se tratava do culto a alguma

divindade pagã.

(D) as festas rurais representavam sempre as relações

sociais presentes no campo, com a encenação do

ritual de sagração de cavaleiros.

(E) religiosos e nobres preferiam as festas privadas e

pagãs, recusando-se a participar dos grandes

eventos públicos cristãos.

.7. (ENEM-MEC)

Preparando seu livro sobre o imperador Adriano,

Marguerite Yourcenar encontrou numa carta de Flaubert

esta frase: “Quando os deuses tinham deixado de existir

e o Cristo ainda não viera, houve um momento único na

história, entre Cícero e Marco Aurélio, em que o homem

ficou sozinho”. Os deuses pagãos nunca deixaram de

existir, mesmo com o triunfo cristão, e Roma não era o

mundo, mas, no breve momento de solidão flagrado por

Flaubert, o homem ocidental se viu livre da metafísica – e

não gostou, claro. Quem quer ficar sozinho num mundo

que não domina e mal compreende, sem o apoio e o

consolo de uma teologia, qualquer teologia?

Luís Fernando Veríssimo. Banquete com os Deuses.

O cristianismo, após ter sido durante muito tempo

combatido pelo Império Romano, tornou-se sua religião

oficial no século IV. O reconhecimento do cristianismo

pelo Império Romano corresponde:

(A) ao Concílio Ecumênico, que aboliu os cultos pagãos

e promoveu a expansão do cristianismo.

(B) ao Edito de Milão, que concedeu liberdade de culto

aos cristãos e proibiu as perseguições.

(C) à Pax Romana, que pôs fim aos conflitos religiosos e

atestou a hegemonia do cristianismo na Europa.

(D) ao Concílio de Trento, que sistematizou e tornou

obrigatório o ensino do cristianismo em todo o

Império.

(E) ao Triunvirato, que conferiu poder político a bispos e

considerou heresia qualquer outra crença religiosa.

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.8. (INEP-MEC)

A compreensão do mundo por meio da religião é uma

disposição que traduz o pensamento medieval, cujo

pressuposto é:

(A) o antropocentrismo: a valorização do homem como

centro do Universo e a crença no caráter divino da

natureza humana.

(B) a escolástica: a busca da salvação através do

conhecimento da filosofia clássica e da assimilação

do paganismo.

(C) o panteísmo: a defesa da convivência harmônica de

fé e razão, uma vez que o Universo, infinito, é parte

da substância divina.

(D) o positivismo: submissão do homem aos dogmas

instituídos pela Igreja e não questionamento das leis

divinas.

(E) o teocentrismo: concepção predominante na

produção intelectual e artística medieval, que

considera Deus o centro do Universo.

********** ATIVIDADES 2 **********

H4 Comparar pontos de vista expressos em diferentes fontes sobre determinado aspecto da cultura.

.9. (ENEM-MEC)

Usamos um calendário que tem como ponto inicial o

nascimento de Cristo. Assim, o ano de 2002 marca o

tempo transcorrido desde o nascimento de Jesus. O

marco inicial do calendário muçulmano é a fuga do

profeta Maomé da cidade de Meca para Medina.

Pode-se afirmar que os calendários muçulmano e cristão

estão organizados a partir de uma referência

(A) política.

(B) religiosa.

(C) econômica.

(D) militar.

(E) social.

H5

Identificar as manifestações ou representações da diversidade do patrimônio cultural e artístico em diferentes sociedades.

.10. (ENEM-MEC)

A Festa do Divino foi instituída em Portugal nos

primeiros anos do século XIV pela rainha Isabel, mulher

de D. Diniz, quando construiu a igreja do Espírito Santo

em Alenquer. No Brasil, popularizou-se no século XVI e é

celebrada ainda no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas

Gerais, Paraná, Santa Catarina, Maranhão, Amazonas,

Espírito Santo e Goiás, com missa cantada, procissão,

leilão de prendas e as manifestações folclóricas

peculiares de cada região. Na preparação da festa

realiza-se uma folia, com a bandeira do Divino, para

arrecadar fundos, e são armados coretos, palanques e

um trono para o imperador do Divino. Trata-se de uma

criança ou adulto que, durante a festa, exerce poderes

majestáticos, chegando até a libertar presos comuns em

algumas regiões de Portugal e do Brasil.

www.terrabrasileira.net/folclore/regioes/6ritos/divino.html

De acordo com o texto, sobre a Festa do Divino, conclui-

-se que

(A) foi criada no Brasil em homenagem à rainha Isabel

de Portugal.

(B) é herança da cultura europeia cristã trazida pelos

colonizadores.

(C) descaracterizou-se ao incorporar manifestações

folclóricas.

(D) servia para arrecadar fundos ao imperador em

Portugal.

(E) as manifestações folclóricas incorporadas à Festa do

Divino estão relacionadas à família real.

.11. (ENEM-MEC)

Pintura rupestre da Toca do Pajaú – PI. www.betocelli.com

A pintura rupestre acima, que é um patrimônio cultural

brasileiro, expressa

(A) o conflito entre os povos indígenas e os europeus

durante o processo de colonização do Brasil.

(B) a organização social e política de um povo indígena

e a hierarquia entre seus membros.

(C) aspectos da vida cotidiana de grupos que viveram

durante a chamada pré-história do Brasil.

(D) os rituais que envolvem sacrifícios de grandes

dinossauros atualmente extintos.

(E) a constante guerra entre diferentes grupos

paleoíndios da América durante o período colonial.

________________________________________________ *Anotações*

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*MÓDULO 3*

Sociedade – Mulheres

Rainhas do lar

A divisão do trabalho moldou a maneira como as

sociedades humanas se fizeram e também a forma como

as pessoas se organizaram em sua vida privada. Por

causa da gestação e da amamentação, à mulher coube o

cuidado com os filhos e com os trabalhos em casa ou

próximos dela (como a colheita e o manuseio dos

alimentos). O homem, que podia se distanciar e estava

sempre apto ao trabalho, foi adquirindo funções de

comando e atribuições como participar de batalhas. A

sociedade patriarcal, baseada no poder do homem, foi a

base de quase todas as civilizações desde a Antiguidade.

No mundo antigo e feudal, os homens sempre

estiveram nos cargos de comando, com raras exceções –

como Cleópatra, cogovernante do Egito no século I a.C.,

ou a imperatriz bizantina Irene (século IX). Em muitas

cidades-Estado da Grécia, as mulheres não tinham

direitos políticos e as crianças só ficavam sob seus

cuidados quando pequenas – assim que chegavam à

idade de receber educação, por volta dos 7 anos, eram

entregues aos tutores e professores, todos homens.

Entre os romanos, o homem detinha tanto poder que

podia aceitar ou rejeitar um filho, condenando-o algumas

vezes a uma vida de escravidão ou morte. A rejeição era

comum entre crianças do sexo feminino e aquelas com

deficiências. O primogênito (filho mais velho) tinha

privilégios especiais em várias sociedades, como direito

maior à herança e até a uma porção maior de comida. Na

Idade Média, muitos primogênitos herdavam sozinhos as

terras do pai, virando suseranos (o senhor feudal), e

transformavam os irmãos em vassalos (nobres que

deviam ser fiéis ao suserano e prestar-lhe serviços). A

sociedade era patriarcal (girava em torno do chefe de

família) e as mulheres, desprovidas de direitos,

dependiam dos pais, irmãos e marido.

A vida em família durante a Idade Média girava em

torno das obrigações com a Igreja e com o trabalho no

campo. A expectativa de vida era baixa (em torno de 30

anos) e a mortalidade infantil, altíssima (em torno de

45%), em parte devido ao desconhecimento da

importância da higiene para evitar doenças que

vitimavam mais facilmente os mais frágeis. No século IX,

os bispos carolíngios redigiram tratados regularizando o

casamento e dando alguns direitos às mulheres (como o

de não apanhar dos homens) e às crianças (elas eram

uma dádiva e deviam ser aceitas pelos pais). Em

algumas regiões da Europa, monastérios formavam

escolas e abrigavam órfãos e filhos de camponeses, que

assim eram alfabetizados e educados. Essa benesse era

dada aos meninos e jovens do sexo masculino e era

muito restrita, já que mais de 90% da população era

analfabeta.

A Idade Moderna teve mulheres poderosas, como

Isabel I de Castela, que, com o marido, Fernando II de

Aragão, formou o casal mais poderoso do século XV, os

Reis Católicos da Espanha. Também foi marcante a

passagem pelo poder da rainha Elizabeth I, da Inglaterra

(século XVII), soberana em uma época de ebulição

política e cultural em seu país (o escritor William

Shakespeare ganhou fama nesse período). Eram

mulheres da nobreza e com acesso à educação, e foram

exceções numa linha do tempo essencialmente

masculina.

A mulher permaneceu relegada aos bastidores do

poder até muito recentemente. A Revolução Industrial do

século XVIII tirou-a de casa e do campo e a colocou nas

fábricas (muitas vezes, com os filhos). No século XIX, as

mulheres assumiram novos postos nas áreas de

educação e saúde (enfermagem), mas ainda não podiam

votar. O primeiro país a conceder o sufrágio (direito a

voto) feminino foi a Nova Zelândia, em 1893. A Inglaterra

teve um longo movimento sufragista, com protestos,

prisões e até uma morte, e regularizou o voto depois da

Primeira Guerra Mundial, em 1918. Pouco mais de 60

anos depois, o país

elegeria uma mulher

para o cargo de

primeira-ministra,

Margareth Thatcher,

que governou em

conjunto com outra

rainha Elizabeth (II). No

Brasil, as mulheres

puderam votar a partir

de 1932, mas só as

casadas (com

autorização do marido)

e as viúvas e solteiras

que tivessem renda

própria. REPRODUÇÃO

Elizabeth I: uma mulher no poder inglês no século XVII

A divisão de tarefas dentro da família levou o homem

a cuidar da provisão de alimentos e bens, enquanto

a mulher ficou encarregada de cuidar da prole e do

lar.

Nas sociedades patriarcais, vigentes na Idade Média

europeia e no Brasil colonial, todos deviam obedecer

ao chefe da família. Até a divisão de herança

privilegiava apenas os homens.

Até o Renascimento, a educação era ligada a temas

religiosos e, fora do clero e da nobreza, poucos eram

letrados.

A educação das crianças passou a ser considerada

pelas classes mais altas a partir dos séculos XVII e

XVIII. Crianças proletárias trabalhavam na lavoura,

nas minas e fábricas desde muito cedo, por volta dos

6 ou 7 anos.

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O século XX viu o surgimento de várias conquistas

femininas, como o sufrágio (direito ao voto) nas

primeiras décadas e a revolução sexual na década

de 1960, catalisada, entre outros fatores, pelo

desenvolvimento da pílula anticoncepcional.

As mulheres representam quase metade da força de

trabalho do Brasil, mas ganham menos que os

homens para exercer funções iguais.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para as questões 1 e 2.

Elas chegaram lá

O Brasil está sendo comandado por uma mulher. Muitas famílias também

A batalha diária da

múltipla jornada feminina

tem surtido efeito:

as mulheres ganharam

espaço no mercado de

trabalho em praticamente

todos os setores – e

muitas já exibem o maior

salário da casa. De acordo

com estudo divulgado em

setembro pelo Instituto

Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), 25,7%

das mulheres têm hoje

salário igual ou maior que

o do marido no Brasil.

Esse percentual faz parte de um universo de 13 milhões

de casais, nos quais o homem é apontado como chefe da

casa e a mulher também trabalha. O Brasil tem ainda

mais 5 milhões de casais nos quais a mulher é

apresentada como chefe.

Os tempos de “Amélia” estão, definitivamente, ficando

para trás. O termo ficou famoso como sinônimo de

“mulher do lar” por causa do samba Ai, que Saudades da

Amélia, de Mário Lago e Ataulfo Alves. Lançada em

1941, a música ressaltava as virtudes de uma mulher que

se dedicava de corpo e alma ao bem-estar do marido.

Livres da sombra da submissão, muitas mulheres de hoje

não querem se dedicar exclusivamente às tarefas

domésticas e não esperam, em contrapartida, que caiba

sempre ao homem a tarefa de pagar a conta do

restaurante.

Muitos homens ainda não lidam muito bem com essa

nova realidade. Nessa briga de saldos bancários, quem

acaba pagando a conta muitas vezes é a harmonia

conjugal. Coordenadora administrativa de uma empresa

de planos de saúde de São Paulo, Cláudia Donegati, de

44 anos, tinha um salário quase igual ao do marido até

receber uma promoção. O contracheque engordou,

Cláudia ficou satisfeita com o reconhecimento

profissional, mas acabou arranjando dor de cabeça em

casa.

“Lembro que na época meu marido se sentiu

inferiorizado com a situação e o relacionamento deu uma

boa balançada”, conta. Foram três anos de muita

conversa e ajuda de terapia até reverter a situação.

Uma das consequências mais comuns – e polêmicas

– da superioridade profissional feminina é que a mulher

passa a esperar que o homem assuma parte das tarefas

domésticas. O poder financeiro também dá a ela o direito

de tomar algumas decisões que tradicionalmente são do

marido – a marca do carro, por exemplo. “O homem,

culturalmente, cresce para ter poder, copiando o modelo

do pai e do avô. Quando vê que na casa dele está sendo

diferente, ele se pergunta o que está fazendo de errado”,

afirma a consultora Neli Barboza.

Você S/A Especial, 1/12/2010 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Amélia é o símbolo da dona de casa dedicada aos

afazeres domésticos e submissa ao marido. Por que

esse estereótipo tem se tornado menos comum na

sociedade brasileira?

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.2. (AED-SP)

Por que muitos homens têm dificuldades para aceitar que

as mulheres ganhem mais do que eles?

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

.3. (ENEM-MEC)

Texto 1:

Durante a Idade Média europeia, as estratégias

matrimoniais organizavam e sustentavam as relações

sociais. O casamento era antes de tudo um pacto entre

famílias. Nesse ato, a mulher era ao mesmo tempo

doada e recebida, como um ser passivo. Sua principal

virtude, dentro e fora do casamento, deveria ser a

obediência, a submissão. Solteira, era identificada

sempre como “filia” de, “soror” de. Casada, passava a ser

personificada como “uxor” de. Filha, irmã, esposa: os

homens deviam ser sua referência.

MACEDO, José Rivair. A Mulher na Idade Média. 5.ª ed.

São Paulo: Contexto, 2002 (com adaptações).

Texto 2:

“O que as revistas femininas aconselhavam às

leitoras:

[...] – A mulher deve fazer o marido descansar nas

horas vagas, nada de incomodá-lo com serviços

domésticos. (Jornal das Moças, 1959).

AFP

Eleita com 55,7 milhões de votos, Dilma Rousseff é a

primeira mulher na Presidência do Brasil

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 18

– Se o seu marido fuma, não arrume brigas pelo

simples fato de cair cinzas no tapete. Tenha cinzeiros

espalhados por toda a casa. (Jornal das Moças, 1957).

– O lugar de mulher é no lar, o trabalho fora de casa

masculiniza. (Querida, 1955). [...].”

In: COTRIM, Gilberto. História e Consciência

do Brasil. 7.ª ed. São Paulo: Saraiva, 1999.

Com base na leitura comparativa dos textos, constata-se

que:

(A) o patriarcalismo medieval europeu influenciou,

durante muito tempo, a cultura brasileira, tendo em

comum a valorização da submissão feminina.

(B) a ideologia patriarcal da Europa renascentista foi

absorvida, sem alterações, pela sociedade brasileira

na ditadura militar.

(C) o Direito Romano, desde a Antiguidade, submeteu a

mulher a uma inferioridade legal, que vigora na atual

legislação brasileira.

(D) as mulheres não possuíam direitos civis, tanto na

Europa, na Idade Moderna, quanto no Brasil, na

segunda metade do século XX.

(E) o papel feminino está subordinado, nas duas

conjunturas históricas, coisificando a mulher, contudo

não existe a discriminação de gênero na sociedade

brasileira atual.

.4. (INEP-MEC)

“Entre Adão e Deus, no paraíso, não havia mais que

uma mulher; ela, porém, não encontrou um momento de

descanso enquanto não conseguiu lançar seu marido

para fora do jardim das delícias e condenar Cristo ao

tormento da cruz.”

VITRY, Jacques. Apud GIORDANI, Mário C. História do

Mundo Feudal. Petrópolis, Vozes, vol. 2, 1983, p. 210.

Analisando o texto de Jacques Vitry, um autor do século

XVIII, e o papel da mulher nas sociedades da

Antiguidade, na Idade Média e na Idade Moderna,

assinale a proposição falsa:

(A) Na maioria das sociedades da Antiguidade, com

exceção da egípcia (onde algumas mulheres tiveram

papel de relevo), a mulher tinha pouca importância,

sendo considerada, frequentemente, uma

propriedade.

(B) Como podemos perceber no texto, o preconceito

contra as mulheres foi reforçado na Idade Média.

(C) A visão preconceituosa do autor, em relação à

mulher, é tão grande que atribui a ela a expulsão do

homem do paraíso e, até mesmo, a condenação de

Cristo à morte na cruz.

(D) Em alguns momentos da História da Europa, a

mulher foi identificada como encarnação do mal.

Muitas delas foram perseguidas, condenadas por

“heresias e bruxaria”.

(E) Com o advento da imprensa, o desenvolvimento

urbano e a disseminação das ideias liberais, as

mulheres, gradativamente, passaram a ter condições

iguais às dos homens. Já no início da Idade

Moderna, na Inglaterra e na França, conseguiram o

direito ao voto e o de serem eleitas para a Câmara

dos Comuns (Inglaterra) e para a Convenção

Nacional (França).

.5. (ENEM-MEC)

Os dados da tabela mostram uma tendência de

diminuição, no Brasil, do número de filhos por mulher.

Evolução das Taxas de Fecundidade

Época Número de filhos por mulher

Século XIX 7

1960 6,2

1980 4,01

1991 2,9

1996 2,32

Fonte: IBGE, contagem da população de 1996.

Dentre as alternativas, a que melhor explica essa

tendência é:

(A) Eficiência da política demográfica oficial por meio de

campanhas publicitárias.

(B) Introdução de legislações específicas que

desestimulam casamentos precoces.

(C) Mudança na legislação que normatiza as relações de

trabalho, suspendendo incentivos para trabalhadoras

com mais de dois filhos.

(D) Aumento significativo de esterilidade decorrente de

fatores ambientais.

(E) Maior esclarecimento da população e maior

participação feminina no mercado de trabalho.

.6. (ENEM-MEC)

A tabela apresenta a taxa de desemprego, em

percentuais, dos jovens entre 15 e 24 anos, estratificada

com base em diferentes categorias.

Região Homens Mulheres

Norte 15,3 23,8

Nordeste 10,7 18,8

Centro-Oeste 13,3 20,6

Sul 11,6 19,4

Sudeste 16,9 25,7

Grau de Instrução

Menos de 1 ano 7,4 16,1

De 1 a 3 anos 8,9 16,4

De 4 a 7 anos 15,1 22,8

De 8 a 10 anos 17,8 27,8

De 11 a 14 anos 12,6 19,6

Mais de 15 anos 11,0 7,3

Fonte: PNAD/IBGE, 1998.

Considerando apenas os dados anteriores e analisando

as características de candidatos a emprego, é possível

concluir que teriam menor chance de consegui-lo:

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(A) mulheres, concluintes do Ensino Médio, moradoras

da cidade de São Paulo.

(B) mulheres, concluintes de curso superior, moradoras

da cidade do Rio de Janeiro.

(C) homens, com curso de pós-graduação, moradores

de Manaus.

(D) homens, com dois anos de Ensino Fundamental,

moradores de Recife.

(E) mulheres, com Ensino Médio incompleto, moradoras

de Belo Horizonte.

********** ATIVIDADES 2 **********

C3

Compreender a produção e o papel histórico das instituições sociais, políticas e econômicas, associando-as aos diferentes grupos, conflitos e movimentos sociais.

H11 Identificar registros de práticas de grupos sociais no tempo e no espaço.

.7. (ENEM-MEC)

Um grupo de estudantes, saindo de uma escola,

observou uma pessoa catando latinhas de alumínio

jogadas na calçada. Um deles considerou curioso que a

falta de civilidade de quem deixa lixo pelas ruas acaba

sendo útil para a subsistência de um desempregado.

Outro estudante comentou o significado econômico da

sucata recolhida, pois ouvira dizer que a maior parte do

alumínio das latas estaria sendo reciclada. Tentando

sintetizar o que estava sendo observado, um terceiro

estudante fez três anotações, que apresentou em aula no

dia seguinte:

I. A catação de latinhas é prejudicial à indústria de

alumínio.

II. A situação observada nas ruas revela uma

condição de duplo desequilíbrio: do ser humano

com a natureza e dos seres humanos entre si.

III. Atividades humanas resultantes de problemas

sociais e ambientais podem gerar reflexos

(refletir) na economia.

Dessas afirmações, você tenderia a concordar, apenas,

com

(A) I e II.

(B) I e III.

(C) II e III.

(D) II.

(E) III.

H12 Analisar o papel da Justiça como instituição na organização das sociedades.

.8. (ENEM-MEC)

O texto refere-se às terras indígenas.

A criação dessas áreas tem como finalidade proteger

e garantir a sobrevivência dos grupos indígenas. Elas

são controladas pela Funai. No entanto, parte dessas

terras ainda não está demarcada, o que facilita a entrada

nessas áreas e sua utilização para outras atividades

como a agropecuária, a mineração, a extração de

madeiras, a construção de hidrelétricas e rodovias.

Muitos grupos indígenas abandonam suas terras,

encontrando sérios problemas para sua sobrevivência.

Adaptado de www.ibge.gov.br

Além da Funai e dos índios, estão envolvidos no

processo de demarcação de terras indígenas

(A) grupos dos sem-terra e comerciantes.

(B) empresários e governos.

(C) grileiros e ambulantes.

(D) embaixadas estrangeiras e comerciantes.

(E) desempregados e industriais.

H13 Analisar a atuação dos movimentos sociais que contribuíram para mudanças ou rupturas em processos de disputa pelo poder.

.9. (ENEM-MEC)

Leia as citações.

Constituição de 1937

Dos direitos sociais

Art. 139 – A greve e o lock-out são declarados recursos

antissociais nocivos ao trabalho e ao capital e

incompatíveis com os superiores interesses da produção

nacional.

Constituição de 1988

Dos direitos sociais

Art. 9.º – É assegurado o direito de greve, competindo

aos trabalhadores decidir sobre os interesses que devam

por meio dele defender.

Analisando as citações às referidas Constituições, é

possível afirmar que o direito de greve

(A) ajudou a desenvolver a indústria nacional a partir de

1937, durante a ditadura Vargas.

(B) foi uma conquista social recente, no contexto da

ditadura militar dos anos 1960, período de

conquistas democráticas.

(C) foi proibido durante a ditadura Vargas e conquistado

em 1988, em um contexto de abertura democrática.

(D) permitiu às categorias profissionais realizarem a

greve de acordo com sua vontade, tanto em 1937

quanto em 1988.

(E) é permitido pelas duas Constituições, desde que

esteja de acordo com os superiores interesses

nacionais.

________________________________________________ *Anotações*

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 20

*MÓDULO 4*

Cultura – Choque

O Ocidente conhece o Oriente

O período entre a ascensão de Alexandre ao poder

(336 a.C.) e o domínio da Grécia pelos romanos (146

a.C.) é chamado de Helenístico. Durante esses dois

séculos, os gregos expandiram seu território, o que levou

a um encontro com a cultura oriental.

Alexandre assumiu o poder aos 20 anos, após o

assassinato de seu pai, Filipe II. Quando Alexandre

nasceu, seu pai, um governante da Macedônia (norte da

Grécia), havia acabado de conquistar as outras cidades-

-Estado, então bastante enfraquecidas por guerras

constantes entre atenienses e espartanos, e unificou a

Grécia sob um governo único. O jovem Alexandre herdou

um grande território – mas queria mais. Sua maior

batalha foi travada para conquistar o reino da Pérsia, sob

governo de Dario III. Nos combates, mostrou seu talento

para dirigir exércitos e criar novas armas. Anexou a Síria,

a Fenícia, a Palestina, o Egito e a Mesopotâmia.

Educado pelo filósofo grego Aristóteles, Alexandre

difundia a cultura grega conforme expandia o império. Ao

chegar ao Egito, fundou uma cidade para substituir

Atenas como centro de saber da época: batizada de

Alexandria, ela passou a ser o mais importante centro do

Mediterrâneo antes do domínio de Roma. A cidade tinha

uma das maiores bibliotecas da Antiguidade, que reunia

grande parte do conhecimento da época. Foi em

Alexandria que Aristarco de Samos propôs pioneiramente

que a Terra gira ao redor do Sol; que Euclides abriu uma

escola de matemática; que Herófilo, o pai da anatomia,

estudou o cérebro e os ritmos do pulso. Um dos

estudantes de Alexandria foi Arquimedes, cuja

contribuição para a humanidade em matemática e física

inclui o aperfeiçoamento do sistema numérico e a

invenção da alavanca e da roldana móvel.

Além do Egito e da Pérsia, Alexandre e seus exércitos

foram além, atravessando a Ásia Menor e chegando ao

rio Indo, na Índia. Nunca um grupo ocidental havia ido tão

longe e levado a cultura grega (sua língua, a educação, a

filosofia e a religião), o que gerou uma simbiose com os

costumes locais. Aparentemente, Alexandre gostaria de

avançar mais, mas seus homens, longe de casa havia

vários anos, ameaçaram um motim caso não

retornassem para a Grécia.

Na volta, Alexandre parou na Mesopotâmia e morreu,

aos 32 anos, de uma febre desconhecida. A Macedônia

foi dividida entre três generais – Alexandre, o Grande,

não deixou herdeiros declarados. O Império Macedônio

sobreviveu mais de um século graças aos laços de

cultura e comércio iniciados por Alexandre. Mas Roma já

ascendia e dominaria a Macedônia em 148 a.C.,

anexando a Grécia dois anos depois.

EDITORA MOL

Fonte: José Arruda e Nelson Piletti. Toda a História. 3.ª ed. São Paulo: Ática, 2009, p. 7.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 21

O macedônio Alexandre, o Grande, que assumiu o

poder aos 20 anos e morreu aos 32, no século IV

a.C., ampliou as possessões gregas ao incorporar o

Império Persa e terras da Ásia Menor, numa intensa

troca marcada pelo intercâmbio cultural entre

dominadores e dominados.

Os romanos chamavam de bárbaros (forma

pejorativa de defini-los como “não civilizados”) as

etnias que viviam fora de suas fronteiras e que as

invadiam. Hunos, godos, anglos e saxões são alguns

desses povos, que levaram à derrocada do Império

Romano e formaram novas culturas, misturando

romanos e outros povos.

No século XIX, os europeus usaram seu poder militar

e financeiro para ocupar nações na Ásia e na África.

O neocolonialismo redividiu a África de acordo com

interesses europeus, prejudicando seriamente várias

nações e suas culturas. Os movimentos de ocupação

em busca de riqueza provocaram diversas guerras.

Na Índia, os colonizadores ingleses enfrentaram a

(vitoriosa) resistência pacífica de Mahatma Gandhi e

seus seguidores nas primeiras décadas do século

XX. O país acabou por conquistar a independência,

em 1947.

Para dominar a China, os ingleses deflagraram (e

venceram) a Guerra do Ópio, no século XIX. O país

teve um extenso território colonizado por europeus,

russos, norte-americanos e japoneses. Hoje, realiza

um grande esforço de modernização, crescimento

econômico e aumento da influência política no

cenário internacional, sem deixar de lado as

tradições de uma cultura de 5.000 anos de história.

********** ATIVIDADES 1 **********

Texto para a questão 1.

Admirável mundo novo

Orgulhosos de sua civilização milenar, os chineses crescem em ritmo vertiginoso e buscam a liderança no cenário internacional

Pense num país. Um país de cultura milenar e que se

transformou radicalmente nos últimos tempos. Pense na

capital desse país, que sofreu a maior mudança de sua

longa história em apenas dez anos – os últimos dez

anos. Pequim, China, você certamente pensou. Assim, é

natural Pequim reivindicar um lugar que já ocupou – ou

pretendeu ocupar –, no começo do século XV, como

“capital do universo”. A China, que vive há três décadas

um crescimento econômico estupendo, 10% ao ano em

média, agora se abre para o turismo e o olhar

estrangeiro. Destruiu e reconstruiu bairros e bairros.

Fincou arranha-céus impressionantes, boa parte deles

com a assinatura de arquitetos ocidentais badalados. Viu

sua indústria automobilística explodir, suas malhas viária

e metroviária fermentar, seu aeroporto duplicar e tornar-

-se o maior do mundo. Ficou para trás, muito para trás, a

cidade cheia de lavouras chegando aos limites da Praça

da Paz Celestial, uma imagem que um estrangeiro veria

30 anos atrás.

Se Pequim hoje começa a lembrar Tóquio e Nova

York, consegue (ainda) manter vivas suas diferenças. Os

prédios não têm os 4.º, 14.º, 24.º, 34.º andares porque o

4 é um número associado à morte. Os casais, que só

podem ter um único filho – ou dois, excepcionalmente –,

programam o nascimento de olho no horóscopo.

Popularíssima é a medicina tradicional chinesa, da

acupuntura às receitas de chá e à aplicação de ventosas

nas costas. E a terrível e decana censura do governo

comunista, que controla toda a imprensa nacional, os

filmes em cartaz nos cinemas e a internet, ignora

solenemente a pirataria, outro traço cultural que resiste.

Os chineses consideram-se pais da cultura e da

filosofia orientais. Converse com um local e ele

prontamente repetirá o que aprendeu em idade escolar:

esta é a civilização mais antiga do mundo, com 5.000

anos. O alfabeto é praticamente impenetrável para

forasteiros – são “apenas” cerca de 20.000 ideogramas.

Os chineses orgulham-se disso e passam horas

escrevendo os caracteres na calçada. Acredita-se que a

elegância da escrita denote o grau de instrução. Mais

sinais da cultura chinesa aparecem pelas ruas. No sul de

Pequim, o Parque Tiantan Gongyuan reúne respeitáveis

senhores que fazem tai chi chuan e cantam e dançam

em grupo, ao ar livre. O parque fica ao lado do famoso

Templo do Céu, onde os grandes imperadores ofereciam

sacrifícios em prol de boas colheitas na primavera.

No norte de Pequim, na área montanhosa, está uma

seção da Muralha da China, uma das Sete Novas

Maravilhas do Mundo. Com mais de 6.000 quilômetros de

extensão, ela começou a ser erguida no século III a.C.

para evitar as invasões da Mongólia e agregou quase um

quarto da população (militares, prisioneiros e campônios)

na obra. Hoje é tomada pelo turismo de massa e por uma

massa ainda maior de vendedores ambulantes.

A grande obra-prima da China imperial é a Cidade

Proibida, bem no centro de Pequim, ao lado da Praça da

Paz Celestial. Foi construída para marcar a transferência

de poder de Nanquim para Pequim, no século XV, e

abrigou as dinastias Ming e Qing, que sobreviveram no

poder até 1912. Era “uma cidade dentro de outra”.

Ninguém entrava lá sem autorização – daí o nome –,

embora houvesse espaço de sobra. O palácio tem quase

9.000 cômodos, entre os recintos do imperador e os

edifícios ao redor. O lugar sobreviveu ao saque dos

japoneses em 1931 e às tentativas de demolição durante

os anos 1960, com a chamada Revolução Cultural.

Ali em frente, a célebre Praça da Paz Celestial (ou

Tian’anmen) conecta o passado com o presente. Palco

das grandes cerimônias cívicas, virou uma “Praça

Vermelha” com o triunfo dos comunistas, em 1949. Ao

longo das décadas, foi usada para demonstrações de

força, culminando com o banho de sangue de 1989, em

resposta à manifestação dos estudantes. Uma das

maiores praças do mundo, pode comportar até 500.000

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pessoas e é a morada eterna de Mao Tsé-tung. Foi ele

quem, em 1966, deu início à Revolução Cultural chinesa,

um movimento que estimulava os jovens a se engajar no

comunismo e a rejeitar modelos externos e que, na

prática, fechou escolas e perseguiu intelectuais. Se vivo,

Mao não reconheceria – e possivelmente não aprovaria –

o que Pequim se tornou. Mas, pelas artes da história, ele

continua ali, notavelmente sólido, concreto e ululante –

como todos os novíssimos cartões-postais da cidade.

Viagem & Turismo, jun. 2008 (com adaptações).

.1. (AED-SP)

Por que os chineses se orgulham de sua cultura?

Ofereça subsídios para comprovar essa ideia.

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.2. (INEP-MEC)

Questiona-se atualmente qual o fôlego do

desenvolvimentismo do peculiar socialismo chinês e se

suas reformulações econômicas exigirão iguais

mudanças políticas, dando os contornos a uma

verdadeira “glasnost” chinesa.

VICENTlNO, Cláudio e SCALZARETTO, Reinaldo. Cenário Mundial.

A Nova Ordem Internacional. São Paulo: Scipione, 1992.

Tomando como referência a citação acima, assinale a

alternativa correta:

(A) Embora sejam reconhecidos os avanços no plano

econômico, politicamente o governo chinês mantém

o centralismo e o autoritarismo, tal como se verificou

em Pequim no massacre da Praça da Paz Celestial.

Naquele momento, os estudantes lutavam contra a

influência cultural norte-americana, contra as

privatizações e pelo fortalecimento do Partido

Comunista Chinês.

(B) A base das reformas econômicas na China, a partir

da década de 1980, foi a criação de uma economia

mercantil planificada, com investimentos na

importação de tecnologia e abertura para empresas

estrangeiras, aproveitando o potencial da farta mão

de obra e do excelente mercado consumidor.

(C) Em função da supervalorização da mão de obra, com

os altos salários pagos aos operários chineses, e da

concorrência da exportação de produtos agrícolas

feita por Taiwan, os produtos chineses ficaram

restritos ao comércio com o sudeste asiático.

(D) A devolução de Hong Kong pelos ingleses à China

foi fruto de intensos conflitos que envolveram

recentemente os dois países, culminando com a

implantação de eleições livres e a formação de uma

bolsa de valores naquela região.

.3. (ENEM-MEC)

O dissidente chinês Liu Xiaobo obteve, nesta sexta-

-feira, o Prêmio Nobel da Paz 2010, devido ao uso da

não violência na defesa dos direitos humanos, no seu

país natal. A China reagiu duramente, qualificando a

decisão de uma “blasfêmia” ao próprio prêmio.

Folha de S. Paulo, 8/10/2010.

A conquista do Prêmio Nobel pelo ativista chinês, que

participou das manifestações ocorridas na Praça da Paz

Celestial, em Pequim, e duramente reprimidas pelo

governo em 1989, deixa claras as contradições com as

quais a China depara no início do século XXI, porque:

I. a abertura econômica, a partir de 1978, acabou

com o coletivismo dos tempos maoístas e foi

responsável pelo crescimento do PIB chinês,

favorecido pelos investimentos estrangeiros no

país.

II. ao assumir o governo, Deng Xiaoping combinou

abertura econômica com totalitarismo político e,

mesmo constatando o crescimento desigual no

interior da China, tem resolvido os impasses

políticos por meio de negociações pacíficas.

III. o paradoxo entre o totalitarismo político e a

adoção de liberdade de mercado na China tem

desgastado as instituições de poder, que

recorrem ao exercício da força para conservar o

poder diante de um país influenciado pela

economia de mercado.

É correto afirmar que:

(A) somente I está correta.

(B) somente II está correta.

(C) somente I e II estão corretas.

(D) somente I e III estão corretas.

(E) I, II e III estão corretas.

.4. (FUVEST-SP)

Sobre as invasões dos “bárbaros” na Europa Ocidental,

ocorridas entre os séculos III e IX, é correto afirmar que:

(A) foi uma ocupação militar violenta que, causando

destruição e barbárie, acarretou a ruína das

instituições romanas.

(B) se, por um lado, causaram destruição e morte, por

outro contribuíram, decisivamente, para o

nascimento de uma nova civilização, a da Europa

Cristã.

(C) apesar dos estragos causados, a Europa conseguiu,

afinal, conter os bárbaros, derrotando-os

militarmente e, sem solução de continuidade,

absorveu e integrou os seus remanescentes.

(D) se não fossem elas, o Império Romano não teria

desaparecido, pois, superada a crise do século III,

passou a dispor de uma estrutura socioeconômica

dinâmica e de uma constituição política centralizada.

(E) os godos foram os povos menos importantes, pois

quase não deixaram marcas de sua presença.

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 23

.5. (FUVEST-SP)

“África vive (...) prisioneira de um passado inventado por

outros.”

Mia Couto, Um retrato sem moldura, in Leila Hernandez, A África

na Sala de Aula. São Paulo: Selo Negro, 2005, p. 11.

A frase acima se justifica porque:

(A) os movimentos de independência na África foram

patrocinados pelos países imperialistas, com o

objetivo de garantir a exploração econômica do

continente.

(B) os distintos povos da África preferem negar suas

origens étnicas e culturais, pois não há espaço, no

mundo de hoje, para a defesa da identidade cultural

africana.

(C) a colonização britânica do litoral atlântico da África

provocou a definitiva associação do continente à

escravidão e sua submissão aos projetos de

hegemonia europeia no Ocidente.

(D) os atuais conflitos dentro do continente são

comandados por potências estrangeiras,

interessadas em dividir a África para explorar mais

facilmente suas riquezas.

(E) a maioria das divisões políticas da África definidas

pelos colonizadores se manteve, em linhas gerais,

mesmo após os movimentos de independência.

.6. (INEP-MEC)

Observe a figura a seguir.

ESTÚDIO PINGADO

Essas marcas representam:

(A) a expansão do agronegócio.

(B) o poderio da robótica.

(C) a vulgarização da internet.

(D) o fortalecimento do mercado interno.

(E) a mundialização do capital.

.7. (ENEM-MEC)

“O espaço geográfico é o resultado das

transformações introduzidas pela Revolução Industrial.

(...) O desenvolvimento científico e tecnológico é

revertido em novos produtos (...) e redução de custos,

permitindo (...) maior capacidade de competição.”

orbita.starmedia.com/geoplanetbr/industria.html

No contexto da citação acima, é correto afirmar que:

(A) as principais atividades da indústria são as que

transformam matérias-primas em produtos

manufaturados.

(B) a tecnologia provoca a substituição de humanos por

robôs.

(C) um setor considerado de ponta, nesta fase técnico-

-científico-informacional, é a biotecnologia.

(D) o avanço da engenharia genética tem possibilitado a

seleção das características genéticas das pessoas.

(E) o avanço técnico-científico na indústria atinge com

igual intensidade as diferentes sociedades.

********** ATIVIDADES 2 **********

H14

Comparar diferentes pontos de vista, presentes em textos analíticos e interpretativos, sobre situação ou fatos de natureza histórico-geográfica acerca das instituições sociais, políticas e econômicas.

.8. (ENEM-MEC)

Em um confronto entre policiais e camelôs no centro de

São Paulo, foram colhidos por um repórter de TV dois

depoimentos: o do proprietário de uma loja e o de um

camelô.

Depoimento 1

“Esta situação está ficando insustentável. Não há

lugar para os pedestres circularem livremente pela

calçada e isso prejudica meus negócios. O preço dos

produtos desses camelôs é uma afronta, porque, como

não pagam impostos e só trabalham com mercadorias

contrabandeadas ou roubadas, não há concorrência que

resista.”

Proprietário de uma loja na região central de São Paulo.

Depoimento 2

“Eu era metalúrgico, e fui demitido. O que antes eu

fazia, hoje um monte de máquinas faz no meu lugar. Eu

não consigo arrumar outro emprego, porque as outras

fábricas também estão demitindo. A crise está muito

brava. Peguei meu Fundo de Garantia e apostei tudo

nisso. Monto minha barraca onde tem mais gente

passando pra poder faturar um pouco e sustentar minha

família.”

Vendedor ambulante do centro de São Paulo.

Page 18: *MÓDULO 1* · CHH História _____

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SEE-AC Coordenação de Ensino Médio CHH História 24

Os depoimentos indicam que

(A) a crise econômica e o desemprego prejudicam

proprietários e trabalhadores.

(B) os comerciantes são os únicos prejudicados pela

crise do desemprego.

(C) a crise econômica pode ser resolvida pelo comércio

dos camelôs.

(D) donos das lojas e camelôs estão unidos contra a

crise.

(E) os camelôs são os únicos prejudicados pela crise

uma vez que os comerciantes são os detentores dos

capitais.

H15 Avaliar criticamente conflitos culturais, sociais, políticos, econômicos ou ambientais ao longo da história.

.9. (ENEM-MEC)

À medida que os europeus se apropriavam das terras do

continente americano, intensificaram-se os conflitos com

os ameríndios. As ofensivas dos europeus aos povos

indígenas acabaram por contribuir para a resolução do

problema de mão de obra.

Pode-se afirmar que as relações entre os conquistadores

europeus e os ameríndios foram marcadas pelo(a)

(A) respeito ao modo de vida dos indígenas.

(B) disposição do ameríndio a submeter-se ao europeu.

(C) integração entre europeus e ameríndios.

(D) exploração da mão de obra indígena.

(E) ausência de reações violentas contra os

colonizadores.

.10. (ENEM-MEC)

Leia o texto e observe a charge.

Mais do que a chegada dos colonos, é a escravização

que desintegra o modo de vida das tribos indígenas. Eles

morrem com centenas de doenças transmitidas pelos

brancos. Só na Bahia, em 1563, uma epidemia de varíola

mata cerca de 30 mil índios.

Fonte: NOVAIS, Carlos Eduardo e LOBO, César. História do Brasil para principiantes, 1999.

Utilizando o texto e a charge, escolha a opção correta

acerca da transformação da vida dos índios na Bahia

após a chegada dos portugueses ao Brasil no século

XVI.

(A) Nos primeiros encontros com os europeus, os índios

já tinham conhecimento dos perigos à saúde que o

contato com os colonizadores ocasionaria.

(B) A charge revela que os índios eram seguidores dos

portugueses e não questionavam os aspectos

negativos do contato com os europeus.

(C) A escravidão dos índios dessa região foi imposta

pelos portugueses e aceita pacificamente pelos

índios.

(D) A colonização europeia da América desorganizou o

modo de vida das populações indígenas e

disseminou doenças.

(E) Os colonizadores tratavam com respeito os

indígenas que logo com eles se aliaram nos

trabalhos agrícolas.

________________________________________________ *Anotações*